Características Literárias de Caio Fernando Abreu

Click here to load reader

download Características Literárias de Caio Fernando Abreu

of 23

Transcript of Características Literárias de Caio Fernando Abreu

Slide 1

Morangos MofadosCaio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu

O perodo literrio aps o Modernismo chamado de Ps-Modernismo, no qual observamos poesia e prosa em ngulos convergentes. Enquanto o Concretismo consolidava suas caractersticas na poesia, a prosa ps-modernista seguia por diferentes estilos, marcada por tendncias diversas: regionalista, urbana, intimista, poltica, realista-fantstica, alm de crnicas e contos.O ps-modernismo, como expresso literria vive sobre o signo da multiplicidade, um monte de estilos, convivendo sem briga num mesmo saco, no h mais hierarquia, (...) E, claro, no h frmula nica. Por isso, joias ps-modernas pintam bem diferentes umas das outras, por toda parte. Autores como Joo Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Adlia Prado, Lya Luft, Hilda Hilst, Virginia Woolf, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Caio Fernando Abreu, destacam-se por possurem esse estilo, onde vemos claramente atitudes modernistas, umas estabilizadas e sedimentadas, outras intensificadas e redimensionadas, mas que, sem dvida, podem ser reconhecidas na sua diferena, tornando esse estilo eminentemente autntico.Principais autores e Obras- Ariano Suassuna - (1927) Auto da compadecida; A pena e a lei; O santo e a porca (teatro)- Clarice Lispector (1925-1977) - Perto do corao Selvagem; O lustre; A ma no escuro; Laos de famlia; A legio estrangeira; A paixo segundo G. H.; gua viva; A via crucis do corpo; A hora da estrela; Um sopro de vida- Ferreira Gullar (1930) - A luta corporal; Joo Boa-Morte; Dentro da noite veloz; Cabra marcado para morrer; Poema sujo (poesia)- Geir Campos (1924) - Rosa dos rumos; Canto claro; Operrio do canto (poesia)- Guimares Rosa - (1908-1967) - Sagarana; Corpo de Baile; Grande Serto: veredas; Primeiras estrias; Tutamia; Terceiras estrias; Estas estrias- Joo Cabral de Melo Neto (1920) - Pedra do sono; O engenheiro; Psicologia da composio; Fbula de Anfion e Antiode; O co sem plumas; O rio; Morte e vida severina; Uma faca s lmina; Quaderna; A educao pela pedra; Auto do frade; Agrestes; Crime de la Calle relator

- Jorge Andrade (1922-1984) - A moratria; Vereda da salvao; A escada; Os ossos do baro; Senhora da boca do lixo; Rasto atrs; Milagre na cela (teatro)- Ldo Ivo - (1924) - O caminho sem aventura; A morte do Brasil; Ninho de cobra; As alianas; O sobrinho do general; A noite misteriosa (poesia); Use a passagem subterrnea (conto) - Mauro Mota - (1912-1984) - Canto ao meio; Elegias (poesia)- Nelson Rodrigues - (1912-1980) - Vestido de noiva; Perdoa-me por me trares; lbum de famlia; Os sete gatinhos; Viva porm honesta; Bonitinha mas ordinria; A falecida; Boca de ouro; Beijo no asfalto; Toda nudez ser castigada; A serpente (teatro); O casamento (romance)

- Pricles Eugnio da Silva Ramos - (1919) - Sol sem tempo; Lamentao floral (poesia)- Adlia Prado (1936) - Bagagem; O corao disparado; Terra de Santa Cruz (poesia); Cacos para um vitral; Os componentes da banda (prosa)- Hilda Hilst (1930) - Balada de Alzira; Ode fragmentria; Sete cantos do poeta para o anjo; Cantares de pedra e predileo (poesia)- Dalton Trevisan - (1925) - O vampiro de Curitiba; Desastres do amor; Guerra conjugal; A trombeta do anjo vingador; Lincha tarado; Cemitrio de elefantes (contos)- Rubem Fonseca (1925) - A coleira do co; Lcia McCartney; Feliz ano novo; O caso Morel; O cobrador; A grande arte; Os prisioneiros; Bufo e Spallanzani (prosa)- Caio Fernando de Abreu - (1948) - Morangos mofados; Tringulo das guas (prosa)

BiografiaCaio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo eescritor brasileiro.

Apontado como um dos expoentes de sua gerao, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econmico e bem pessoal, fala de sexo, demedo, de morte e, principalmente, de angustiante solido. Apresenta uma viso dramtica do mundo moderno e considerado um "fotgrafo da fragmentao contempornea"Caio Fernando Abreu estudou Letras e Artes Cnicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde foi colega de Joo Gilberto Noll. No entanto, ele abandonou ambos os cursos para trabalhar como jornalista de revistas de entretenimento, tais como Nova, Manchete, Veja e Pop, alm de colaborar com os jornais Correio do Povo, Zero Hora, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.

Em 1968, perseguido pelo Departamento de Ordem Poltica e Social (DOPS), Caio refugiou-se no stio de uma amiga, a escritora Hilda Hilst, em Campinas, So Paulo. No incio da dcada de 1970, ele se exilou por um ano na Europa, morando, respectivamente, na Espanha, na Sucia, nos Pases Baixos, na Inglaterra e na Frana.

Em 1974, Caio Fernando Abreu retornou a Porto Alegre. Chegou a ser visto na Rua da Praia usando brincos nas duas orelhas e uma bata de veludo, com o cabelo pintado de vermelho. Em 1983, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1985, para So Paulo. A convite da Casa dos Escritores Estrangeiros, ele voltou Frana em 1994, regressando ao Brasil no mesmo ano, ao descobrir-se portador do vrus HIV.

Em 1995, Caio Fernando Abreu se tornou patrono da 41. Feira do Livro de Porto Alegre.

Um ano depois, Caio Fernando Abreu voltou a viver novamente com seus pais, tempo durante o qual se dedicaria jardinagem, cuidando de roseiras. Faleceu em 25 de fevereiro de 1996,Hospital Me de Deus em Porto Alegre, no mesmo dia em que Mrio de Andrade. Seus restos mortais jazem no Cemitrio So Miguel e Almas.[1]

BibliografiaSemana de Artes ModernasInventrio do Irremedivel, contos;Limite Branco, romance;O Ovo Apunhalado, contos;Pedras de Calcut, contos;Morangos Mofados, contos;Tringulo das guas, novelas;As Frangas, novela infanto-juvenil;Os Drages no conhecem o Paraso, contos;A Maldio do Vale Negro, pea teatral;Onde Andar Dulce Veiga?, romance;Bien loin de Marienbad, novela;Ovelhas Negras, contos;Mel & Girassis, antologia;Estranhos Estrangeiros, contos;Pequenas Epifanias, crnicas;Teatro Completo;Cartas, correspondncia;Dov' finita Dulce Veiga, romance;Molto lontano da Marienbad, contos;I Draghi non conoscono il Paradiso, contos;Pra sempre teu, Caio F.TeatroO Homem e a ManchaZona ContaminadaTraduoA Arte da Guerra, de Sun Tzu, 1995 (com Miriam Paglia).A Balada do Caf Triste, de Carson McCullers, 1991.

Enredo

Morangos Mofados, Caio Fernando Abreu (Contos. Editora Brasiliense; So Paulo; 6 edio; 145 pginas, 1985). Como cenas rpidas de um trailer narrando histrias em busca de um sentido para o mundo. Ao fundo, msicas (rock, blues, tango, MPB) ajudam na composio do cenrio, embalado em ritmo quase cinematogrfico. Imagens explodem em palavras lapidadas, manifestadas em dores, angustias, fracassos, encontros e desencontros, esperanas, enfim, milhes de sentimentos misturados, costurados em pequenas teias a formar um enorme mosaico de emoes que marcou uma poca. E ainda continua a identificar geraes e geraes que se sucedem aps o lanamento apotetico da obra.Dividida em trs partes, Morangos Mofados , sem dvida, a composio mais conhecida de Caio Fernando Abreu. A primeira parte, intitulada

O Mofo Narra a queda de valores, dos amores, a solido, a fragilidade humana, a embriagues, o consumo de drogas, o desespero, o desamor, a dor na forma mais fria e crua. Escrita de forma precisa, quase cirrgica, Caio vai nos apresentando uma srie de personagens annimos, que ao final se personifica em uma nica pessoa: o autor? Ou, quem sabe, at mesmo qualquer um de ns.O gosto amargo da derrota, cheirando a mofo, a vmito, a vodca barata, a cigarros. Uma melodia sentimentalmente melanclica ao fundo. Escurido e desencontros. O gosto da solido esculpida em delrios da alma. Encravada em labirintos tortuosos e escuros de forma magistral. A sensao idntica sada de uma montanha-russa.

Os MorangosAqui, uma paz tranquilizadora invade de forma mgica a alma das personagens. Como se a existncia de um final feliz fosse possvel e breve, ou como se a vida fosse menos pesada. O doce levemente cido do morango fundindo na lngua, mostrando um belo dia de sol aps uma tempestade. Mas o doce d espao para a acidez, transformando pedaos de magias em mgoas e solido. Enquanto o dente fere o vermelho brilhoso do morango, na boca permanece o gosto azedo do preconceito, do medo, dos sonhos perdidos, das utopias transformadas em contas bancrias. O enjoo natural dos abusos. Dos delrios causados pelo excesso de cocana

Histrias envolvendo vagabundos (gira mundos), hippies sem destinos, loucos, comunistas, yupes desenfreados, compulsivos, sargentos, preconceitos, estupidez, falta de amor. Dos sonhos de uma gerao apodrecendo na latrina comum. Das vidas apodrecendo em latrinas ftidas comuns. A paz to perto e to distante que os rpidos movimentos de nossos olhos no conseguem captar. Tampouco poderiam.Morangos MofadosA terceira parte. Com os olhos fechados, ouo Let me take you down, cause Im going to Strawberry Fields. Nothing is real and nothing to get hungabout. Strawberry Fields forever. Como se eu estivesse em um universo paralelo, um refgio, um abrigo, uma morada longe, mas dentro, do caos urbano. Uma espcie de esconderijo para se abrigar da chuva txica, ou dos desatinos do corao. Enquanto imagens explodem diante de nossos olhos cansados, ao fundo, o som dos Beatles vai levemente aumentando, aumentando

Caio nos deixa com a boca aberta, o livro nas mos e o pensamento longe, imaginando: E se a vida fosse diferente? Para ler e reler sempre que a saudade ou a dor falar mais alto. Os morangos mofados, como estrangeiro em sua terra natal, ou girassis no inverno enfeitando os pastos da Rssia, ou uma Guerra Santa O cheiro e o gosto do mofo ultrapassam toda a simbologia potica do morango.Caractersticas literrias de Caio Fernando AbreuGosto por ambientes urbanosTemtica da solidoMergulho na subjetividadeProsa introspectiva,irnica e reveladora.Escrita mergulhada em astrologia e esoterismoNarrativa ansiosa,revelando o mal-estar da vida.

Interesse pela metafsica.Uso de elementos mitolgicos,simblicos e astrolgicos.Uso da linguagem potica.Utilizao de personagens isoladas do mundo e prisioneiras delas mesmas.Obras que evidenciam uma crtica social.Potica considerada como ps-moderna.Autor que transforma a Literatura como espao de reflexo,de busca de si mesmo e do outro,em busca da compreenso da existncia e de seu lugar no universo.

Caractersticas da obra Morangos MofadosLiteratura construda a partir de fragmentosApresenta temas como o homoerotismo e a represso poltica. Ruptura com os modos tradicionais de composio.Obra que questiona ideologias e preconceitos existentes na sociedade.Evidencia o vazio existencial do autor.

Obra que prima pela liberdade individualNos contos abre espao para vozes marginalizadas e excntricas.Obra de estrutura heterognea, em um constante entrecruzamento de formas, estilos e linguagens.Sensibilidade artstica ao desvendar minuciosamente os sentimentos.