CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS...

69
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS, CELULARES E DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM AMOSTRAS DE LEITE DE TANQUE COMUNITÁRIO Viviane de Souza Médica Veterinária JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL 2006

Transcript of CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS...

Page 1: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS,

CELULARES E DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS

EM AMOSTRAS DE LEITE DE TANQUE COMUNITÁRIO

Viviane de Souza

Médica Veterinária

JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL

2006

Page 2: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE

MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS,

CELULARES E DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS

EM AMOSTRAS DE LEITE DE TANQUE COMUNITÁRIO

Viviane de Souza

Orientador: Prof. Dr. Antonio Nader Filho

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte

das exigências para a obtenção do título de Mestre em

Medicina Veterinária (Medicina Veterinária Preventiva).

JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL

Julho de 2006

Page 3: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

VIVIANE DE SOUZA – nascida na cidade de Uberaba – Minas Gerais, em 18 de

Julho de 1979. Médica Veterinária, formada pela Universidade Federal de Uberlândia,

no ano de 2003. Concluiu o curso de Pós-graduação “Lato-Sensu” em Processamento

e controle de qualidade em carne, leite, ovos e pescado, pela Universidade Federal de

Lavras, no ano de 2005. Atualmente, trabalhando no Instituto Mineiro de Agropecuária,

na cidade de Sacramento – Minas Gerais e é mestranda do programa de Medicina

Veterinária, no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal,

pertencente à Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – Campus de Jaboticabal, sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Nader

Filho.

Page 4: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

DEDICO ...DEDICO ...

Aos meus pais , Joel e Jos ina, pelo apoio incondicional e por todos os

valiosos ens inamentos . Vocês são referências absolutas de hones tidade,

sensatez, coragem e amor .

À minha irmã Ver a, por me incentivar e acreditar na minha força de

trabalho. Por ser compreens iva, amiga e sempre presente nos momentos de

minha vida.

OFEREÇOOFEREÇO ... ...

À minha irmã Valér ia

Aos meus irmãos Joelcio e Joel

Aos cunhados Alice, Gilber t o G. e Gilber t o F .

Aos meus sobr inhos T hyago, Vít or e L ucas

À minha sobr inha e afi lhada L or ena

A Deus , por sempre iluminar meu caminho

Page 5: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

AGRADEÇO ...AGRADEÇO ...

Ao meu or ient ador , P r of . D r . Ant onio Nader F i lho, pela or ientação

segura durante a realização des te trabalho, pelo exemplo, pelos

ens inamentos transmitidos e, pr incipalmente, pela confiança em mim

depos itada.

Ao P r of . D r . Os w aldo Dur ival R os s i Júnior , pela amizade, pelo

incentivo e pelo exemplo de profis s ionalismo.

Ao P r of . D r . L u iz Augus t o do Amar al, pelas valiosas s uges tões para

a conclusão do presente trabalho.

Ao P r of . D r . E dmar S oar es Nicolau, pela par ticipação na banca

examinadora, e pela s ignificativa contr ibuição na conclusão do trabalho.

Ao P r of . D r . Gener T adeu P er eir a, pela aj uda na execução das

análises es tatís ticas .

À F aculdade de Ciências Agr ár ias e Vet er inár ias – UNES P –

Campus de Jaboticabal, pela opor tunidade do cur s o de P ós -gr aduação em

Medicina Vet er inár ia.

Aos pr ofes s or es e f uncionár ios do Depar t ament o de Medicina

Vet er inár ia P r event iva e R epr odução Animal por todos os

ens inamentos .

À F AP E S P pelo aux íl io financeiro disponibilizado durante o

exper imento.

À CAP E S , pela concessão da bolsa de es tudos .

Ao P r of . D r . P aulo Domingues F r ancis co e ao P r of . D r . H él io

L angoni, pela pres teza na realização da contagem de células somáticas .

Ao meu padr inho Mar cel e minha madr inha Mar ize Cer chi, pelo apoio

cons tante em meus es tudos , e pela opor tunidade de realizar as análises do

exper imento, no laboratór io do Laticínio S cala, em S acramento-MG.

Page 6: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

Aos produtores rurais integrantes do tanque comunitár io da

Gameleir a – S acr ament o-MG, em especial à famíl ia do S r . P aulo

Január io da Cos t a, por tornar pos s ível a realização des ta pesquisa.

À L i la, pela amizade s incera, pelos conselhos e ens inamentos .

Ao amigo Diba, pela convivência e conver sas descontraídas .

À Mar ci lene, Cida, Neide, T ida, P adr inho Cels o pelo aux íl io na

execução das análises . Muito obr igada pelo espaço cedido no laboratór io.

Às minhas eternas amigas Débor a e Ayumi... obr igada pelas diver sas

s ituações que passamos juntas (o CD do Juanes será inesquecível!). Vocês

foram fundamentais nes ta fase da minha vida. Agradeço a Deus por ter

colocado pessoas como vocês em meu caminho.

À minha quer ida irmã-amiga F er nanda Malva... não há palavras

suficientes para descrever nos sa amizade. Você foi minha amiga em todos os

momentos . S aiba que pode contar comigo para o que precisar . T orço muito

pelo seu sucesso!!! !

Ao meu irmão-amigo L uciano... obr igada pelo companheir ismo e

solicitude. Você é uma pessoa muito especial! ! !

Aos amigos Ana L ígia, Ana Mar ia, B r una, Car ol, Cr is t ianne,

Daniela, D r .I van, F ábio, F er nanda R ez ende, F laviane, I ucif , Jos i ,

K ar ina, K el ly, L ena, L udmil la, Mar celo, Mar co, Mar ia Abadia, Mar í l ia,

Michele, Nat acha, P at r ícia De Mar chi, P at r ícia S chiavet t o, P ol iana,

R achel, R enat a B oavent ur a, R enat a B onini , R ogélio, T al i t a, T haís ,

T ut i .... Vocês fazem par te des ta conquis ta!!!

Page 7: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 2

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 16

1. Características das propriedades rurais e da população bovina ......... 16

2. Colheita das amostras de leite cru em tanque comunitário .................. 16

3. Análises físico-químicas do leite .......................................................... 17

3.1. Determinação da acidez titulável .................................................. 17

3.2. Densidade .................................................................................... 18

3.3. Ponto crioscópico ......................................................................... 18

3.4. Teor de gordura ............................................................................ 18

3.5. Determinação do extrato seco total .............................................. 18

3.6. Determinação do extrato seco desengordurado .......................... 19

4. Contagem de microrganismos mesófilos e psicrotróficos .................... 19

5. Contagem de células somáticas ........................................................... 20

6. Detecção de resíduos de antibióticos ................................................... 20

6.1. SNAP ß-lactam Test e SNAP Tetracyclin Test.......................... 20

6.2. Delvotest® SP/SP MINI ................................................................ 22

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 23

1. Análises físico-químicas ....................................................................... 23

2. Análises microbiológicas - microrganismos mesófilos e psicrotróficos 27

3. Contagem de células somáticas ........................................................... 34

4. Detecção de resíduos de antibióticos ................................................... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 37

CONCLUSÕES ........................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 39

APÊNDICE .................................................................................................. 48

Page 8: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

SUMÁRIO DE TABELAS

Tabelas Página

1. Requisitos físico-químicos do leite cru refrigerado: segundo a InstruçãoNormativa nº 51 (BRASIL, 2002)..............................................................

5

2. Requisitos microbiológicos e de CCS do leite cru refrigerado, segundoa Instrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002).........................................

6

3. Valores médios dos componentes físico-químicos das 72 amostras deleite cru provenientes das 09 (nove) propriedades rurais queentregavam leite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.......................................................................

23

4. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões físico-químicos distribuídos de acordo com as 09 (nove) propriedades ruraisque entregavam o produto no tanque de expansão comunitário emSacramento-MG, 2005............................................................................

25

5. Valores médios dos componentes físico-químicos das 12 amostras deleite cru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades ruraisque entregavam leite no tanque de expansão comunitário,Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005..................................................

26

6. Valores médios das populações de microrganismos mesófilos e depsicrotróficos das 72 amostras de leite cru provenientes das 09 (nove)propriedades rurais que entregavam leite no tanque de expansãocomunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005..............................

27

7. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões parapopulações de microrganismos mesófilos distribuídos de acordo comas 09 (nove) propriedades rurais que entregavam o produto no tanquede expansão comunitário, em Sacramento-MG, 2005............................

28

8. Valores médios das populações de microrganismos mesófilos e depsicrotróficos das 12 amostras de leite cru provenientes do leite deconjunto das 09 propriedades rurais que entregavam leite no tanquede expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de2005........................................................................................................

31

Page 9: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

9. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões parapopulações de microrganismos mesófilos distribuídos de acordo comos diferentes momentos, provenientes do leite de conjunto das 09(nove) propriedades rurais que entregavam o produto no tanque deexpansão comunitário, em Sacramento-MG, 2005 ................................

32

10. Valores médios das contagens de células somáticas das 72 amostrasde leite cru provenientes das 09 (nove) propriedades rurais queentregavam leite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005 ......................................................................

34

11. Valores médios das contagens de células somáticas das 12 amostrasde leite cru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedadesrurais que entregavam leite no tanque de expansão comunitário,Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005 .................................................

35

Page 10: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

SUMÁRIO DE FIGURAS

Figuras Página

1. Demonstração de resultado negativo no Kit SNAP Test ....................... 21

2. Demonstração de resultado positivo no Kit SNAP Test ......................... 22

Page 11: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS, CELULARES E

DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM AMOSTRAS DE LEITE DE

TANQUE COMUNITÁRIO

RESUMO - O processo de adoção da refrigeração do leite na fazenda como

prática para manter a qualidade inicial do leite tem ocorrido nos últimos anos no Brasil

de forma rápida. A implementação e obrigatoriedade deste processo possibilitaram o

uso de tanques comunitários por pequenos produtores, os quais são instalados em uma

propriedade e recebe o leite das propriedades vizinhas, para que os mesmos pudessem

permanecer na atividade. Neste trabalho foi avaliado as características físico-químicas,

microbiológicas, celulares e detecção de resíduos de antibióticos, do leite de nove

propriedades, assim como do leite de conjunto destas propriedades, entregues em um

tanque comunitário localizado no município de Sacramento-MG. As amostras foram

obtidas em dois dias consecutivos, uma vez que o produto contido no tanque era

enviado ao estabelecimento industrial em dias alternados, portanto, a cada 48 horas,

durante os meses de Abril a Julho de 2005. Os resultados verificados permitem concluir

que o uso de tanque comunitário pode proporcionar a obtenção de leite com qualidade

físico-química, microbiológica e celular, atendendo os limites propostos pela legislação

vigente desde que obedecidas as normas de boas práticas de produção.

Palavras-chave: leite cru, tanque comunitário, contagem padrão de bactérias,

psicrotróficos, células somáticas.

Page 12: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

CELULAR, MICROBIOLOGICAL AND PHYSICAL-CHEMICAL CHARACTERISTICS,

AND DETECTION OF RESIDUES OF ANTIBIOTICS IN SAMPLES OF MILK OF

COMMUNITARY REFRIGERATION RESERVOIRS

SUMMARY – The adoption process of cooling the milk on the farm as a practice

for maintain the initial quality of the milk has been going on the latest years in Brazil,

quickly. Both implementation and mandatoriness of this process enabled the use of

communitary reservoirs which are expanded container in a propriety being fed witch milk

proved by the therd party so that they were capable of keeping on doing the same

activity. This work had the cellular, microbiological and physical-chemical characteristics

and also the presence of residues of the antibiotics, from the milk originated from nine

farms, as well as the mix milk these proprieties delivered into a comumunitary reservoirs

located in the municipal county of Sacramento, State of Minas Gerais. The samples

were collected into two consecutive days, as the product held in the container was

conveyed to the industrial sector at alternate days, and as such, at each 48 hours,

during the months of April through July 2005. The results obtained allowed to conclude

that the utilization of a communitary reservoirs can offer the acquisition of physical-

chemical based milk, microbiota and cellular, assisting the limits proposed by the

effective legilstation, provided that the best practices of production are obeyed.

Key-words: raw milk, communitary reservoirs, total counting of bacteria, psychotropics,

somatic cells.

Page 13: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

1. INTRODUÇÃO

Com a globalização da economia, a qualidade do leite passou a ser uma das

principais preocupações da indústria leiteira. Este fato acarretou mudanças nos

processos produtivos destacando-se principalmente a exigência de refrigeração do leite

nas propriedades rurais, fato este que deu início ao sistema denominado de

granelização.

A implementação e obrigatoriedade do processo de refrigeração do leite na

propriedade rural possibilitaram o uso de tanques comunitários por pequenos

produtores em várias regiões do país para que os mesmos pudessem permanecer na

atividade, de modo a reduzir a comercialização do leite informal. Esses tanques são

instalados em uma propriedade e recebe o leite de outras propriedades.

A exigência da refrigeração nas propriedades rurais trouxe um enorme benefício

à qualidade do leite, uma vez que reduziu drasticamente a proliferação de

microrganismos mesófilos e a conseqüente acidificação do produto. Todavia, sabe-se

que este procedimento tem proporcionado de forma seletiva a proliferação de

microrganismos psicrotróficos, ou seja daqueles que se desenvolvem em temperaturas

abaixo de 7ºC.

Diante das poucas informações disponíveis sobre a qualidade do leite produzido

neste novo sistema, idealizou-se o presente trabalho com os objetivos de:

a) Conhecer as características físico-químicas e celulares através da

determinação dos valores da acidez titulável, densidade, crioscopia, teor de gordura,

extrato seco total, extrato seco desengordurado e do número de células somáticas;

b) Conhecer as características microbiológicas através da determinação do

número de microrganismos heterotróficos mesófilos e psicrotróficos viáveis;

c) Investigar a presença de resíduos de antibióticos no leite cru proveniente

de 09 propriedades rurais situadas na região da Gameleira município de Sacramento-

MG, assim como do leite de conjunto destas propriedades contido em um tanque

comunitário.

Page 14: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

2

2. REVISÃO DE LITERATURA

O sistema agroindustrial do leite é um dos mais importantes no agronegócio

brasileiro, sendo esta atividade praticada em mais de um milhão de propriedades rurais,

onde estima-se que estejam envolvidos somente na produção primária 3,6 milhões de

pessoas (MARTINS, 2003).

No cenário mundial, o Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,3% da

produção mundial. Em 2002 a produção foi de 21,1 bilhões de litros e o volume do leite

produzido na maioria das propriedades rurais não chegou a 250 litros/dia (RIBEIRO &

TEIXEIRA, 2000).

Estatísticas mostram que no país há aproximadamente 4,8 milhões de

estabelecimentos rurais, dos quais cerca de 85% podem ser considerados de produção

familiar, onde a pecuária de leite constitui-se em uma das principais atividades

(ZOCCAL, 2004).

A região do país com maior produção de leite é a Sudeste, com destaque para o

Estado de Minas Gerais que representa 29,4% da produção nacional, com 6 bilhões de

litros, 4,41 milhões de vacas ordenhadas, com produtividade de 2.000 litros/vaca/ano

(6,6 litros/vaca/dia) e com 280 mil produtores (SANTOS, 2002). Deve-se assinalar,

contudo, que em 20% das propriedades leiteiras do Estado de Minas Gerais, o volume

produzido não ultrapassa 50 litros/dia (RIBEIRO &TEIXEIRA, 2000).

O trabalho realizado por ZOCCAL (2004) na região da Zona da Mata de Minas

Gerais com 50 produtores, mostrou que a média de produção diária de leite situa-se em

torno de 93 litros, com apenas 3% de diferença entre o período das águas e o da seca,

sendo que 62% das propriedades resfriavam o leite em tanques comunitários.

A pecuária leiteira vem sendo marcada por um intenso processo de

modernização, seleção e especialização da produção, com significativas mudanças nos

sistemas de armazenamento e transporte, sendo o resfriamento e a granelização do

leite, tendências irreversíveis na produção (SANTOS & FONSECA, 2003).

Page 15: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

3

O transporte do leite a granel, faz parte de estratégias que beneficiam: os

produtores, com a redução dos custos do frete, flexibilidade nos horários de ordenha e

aumento de produtividade; as indústrias, com a redução dos custos com insumos e mão

de obra para limpeza dos latões; e os consumidores, com a melhoria do produto

(RIBEIRO & TEIXEIRA, 2000).

Números do agronegócio do leite no Brasil mostram que há, aproximadamente,

903 indústrias de laticínios (SIF), 281 cooperativas e 1.019 miniusinas como indústrias

processadoras. Em se tratando de coleta a granel nos laticínios, 8% possuem todo leite

captado a granel, 35% possuem mais de 50% do leite a granel, 23% possuem menos

de 50% do leite a granel e 24% dos laticínios não recebem a granel. Já, nas

cooperativas, os números diferem consideravelmente sendo que 5% possuem todo leite

captado a granel, 10% possuem 50% do leite a granel, 23% possuem menos de 50%

do leite a granel e 62% das cooperativas não recebem a granel (SANTOS, 2002).

A coleta a granel é realizada em caminhões isotérmicos, em dias alternados, e

vem substituindo gradativamente a coleta em latões, de modo a modernizar e agilizar a

recepção da matéria prima pelas indústrias, gerando economia de mão de obra e

transporte, bem como diminuindo as perdas por acidificação do leite (MENDONÇA et

al., 2001b).

Segundo a Instrução Normativa n°51 de 18 de setembro de 2002 (BRASIL,

2002), o processo de coleta de leite cru a granel consiste em recolher o produto em

caminhões isotérmicos construídos internamente de aço inoxidável, através de mangote

flexível e bomba sanitária, acionada pela energia elétrica da propriedade rural, pelo

sistema de transmissão ou caixa de câmbio do próprio caminhão, diretamente do

tanque de refrigeração por expansão direta ou dos latões contidos nos refrigeradores

de imersão. O tanque de refrigeração por expansão direta deve ser dimensionado de

modo tal que permita refrigerar o leite até temperatura igual ou inferior a 7°C no tempo

máximo de 3 horas após o término da ordenha, independentemente de sua capacidade.

Considerando que dentro desse novo cenário de modernização da coleta de

leite, a palavra-chave é racionalização com otimização do processo, potencialmente as

indústrias captadoras de leite optam pelo fechamento ou cancelamento de linhas de

Page 16: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

4

leite deficitárias ou que geram baixa eficiência, especialmente aquelas mais distantes

das fábricas, ou de difícil acesso para os caminhões e compostas por produtores que

apresentam pequena escala de produção (SANTOS & FONSECA, 2003).

Sendo assim, no momento em que a legislação era discutida, falou-se que

milhares de produtores poderiam sair da atividade por não terem condições de se

ajustar à norma e encontrarem dificuldades em adquirir resfriadores individualmente,

devido a seu alto custo. Para evitar esse problema, a norma criou a possibilidade dos

mesmos resfriarem o leite em tanques comunitários (tanques em regime de

condomínio), formando associações de produtores utilizando um único tanque de

expansão o qual é instalado em uma propriedade e recebe leite de outras propriedades.

Dessa forma, o investimento fica pulverizado entre vários pequenos produtores, o que

viabiliza a permanência deles na atividade e reduz a comercialização do leite informal e

a ocorrência do êxodo rural (NEIVA, 2003; SANTOS & FONSECA, 2003; RIBEIRO &

TEIXEIRA, 2000).

Para que a utilização de tanques comunitários seja organizada, três

componentes básicos devem ser adotados: interesses comuns, gestão participativa e

relações interpessoais de confiança. Assim, a associação pode produzir resultados que

melhorem a vida das pessoas, da comunidade e dos negócios do grupo (BRITO &

DINIZ, 2005).

Segundo esses mesmos autores, estudos recentes mostram que, do ponto de

vista financeiro, os investimentos em tanques de 250 litros não são recomendáveis,

além do fato de que com menos de 50 litros de leite/dia não há lucratividade suficiente

que remunere o gasto necessário para adquirir um tanque de refrigeração

Alguns dos problemas operacionais limitantes no sistema de condomínio são as

análises de qualidade do leite do tanque. Uma vez que o tanque passa a ser a unidade

de coleta de leite, fica difícil estabelecer critérios específicos para cada produtor que

contribui com um pequeno volume para um determinado tanque. Por exemplo, se for

detectado resíduos de antibiótico no leite do tanque, todo o volume vai ser considerado

como positivo para resíduos de antibióticos. Portanto, o condomínio exige um nível de

Page 17: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

5

responsabilidade e interação muito grande por parte do grupo proprietário do tanque

(FONSECA, 1998).

A maior resistência das indústrias de laticínios em adquirir leite de tanques de

expansão comunitários está relacionada à possível baixa qualidade do produto. Porém,

segundo BRITO & DINIZ (2005), adotando-se procedimentos simples e de baixo custo,

pode-se produzir leite com qualidade utilizando-se este sistema.

O leite produzido neste sistema deve seguir os requisitos físico-químicos,

microbiológicos, de contagem de células somáticas e de resíduos químicos conforme

estabelecido pela Instrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002), relacionados nas Tabelas

1 e 2.

Tabela 1. Requisitos físico-químicos do leite cru refrigerado: segundo a InstruçãoNormativa nº 51 (BRASIL, 2002).

REQUISITOS LIMITES

Matéria Gorda: g/100 g Teor original: com mínimo de 3,0

Densidade relativa a 15ºC : g/mL 1,028 a 1,034

Acidez titulável: g de ácido lático/100 mL 0,14 a 0,18

Extrato seco desengordurado: g/100 g Mínimo de 8,4

Índice crioscópico máximo -0,530ºH (HORTVET)

Page 18: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

6

Tabela 2. Requisitos microbiológicos e de CCS do leite cru refrigerado, segundo aInstrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002).

REQUISITOS

LIMITES*

Período 1** Período 2*** Período 3****

Contagem padrão emplacas (CPP),expressa em UFC/mL Máximo 1,0 x 106 Máximo de 7,5 x 105 Máximo de 3,0 x 105

Contagem de CélulasSomáticas (CCS),expressa em CS/mL

Máximo 1,0 x 106 Máximo de 7,5 x 105 Máximo de 4,0 x 105

Temperatura máximade conservação doleite, 7ºC napropriedaderural/tanquecomunitário e 10ºC noestabelecimentoprocessador

* Limites estabelecidos para leite de conjunto

** De 01.07.2005 até 01.07.2008 para a região Sudeste

*** De 01.07.2008 até 01.07.2011 para a região Sudeste

**** A partir de 01.07.2011 para a região Sudeste

Embora não haja normas regulamentares sobre a distância das propriedades até

o tanque, esta distância deve ser a menor possível, para facilitar a entrega imediata do

leite no tanque, após a ordenha (BRITO & DINIZ, 2005).

Segundo FONSECA (1998), é importante que o transporte de cada unidade

produtora até o tanque se dê imediatamente após a ordenha, pois caso contrário, a

proliferação bacteriana vai ser intensa nas primeiras horas, antes do resfriamento, o

que compromete a qualidade de todo o leite do tanque.

A Instrução Normativa n°51 (BRASIL, 2002) cita que não é permitido acumular,

em determinada propriedade rural, a produção de mais de uma ordenha para enviá-la

uma única vez por dia ao tanque comunitário, sendo que a capacidade do tanque de

refrigeração para uso coletivo deve ser dimensionada de modo a propiciar condições

Page 19: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

7

mais adequadas de operacionalização do sistema, particularmente no que diz respeito

à velocidade de refrigeração da matéria-prima.

BRITO et al. (2003), analisaram amostras de leite de 22 tanques comunitários

pertencentes a 14 associações de produtores de Zona da Mata do Estado de Minas

Gerais, durante um período de 16 meses. Um total de 410 produtores entregavam o

leite nos tanques, com produção aproximada de 25 mil litros/dia na época seca. O

número de produtores por tanque variou de 12 a 39. Observaram que somente 69

amostras de um total de 345 (20%) apresentaram contagens totais de bactérias abaixo

de 106 UFC/mL, o padrão estabelecido pela Instrução Normativa nº 51. As contagens

de bactérias psicrotróficas indicaram deficiências na higiene da ordenha, possivelmente

associadas à sujeira de tetos e do ambiente dos animais e à má qualidade da água.

Segundo BUENO et al. (2004), a baixa qualidade do leite armazenado em

tanques de uso coletivo, em comparação com a do leite armazenado em tanques de

uso individual, deve-se ao acúmulo de falhas individuais nos procedimentos de ordenha

e à dificuldade de redução da temperatura nos tanques. Essa dificuldade deve-se

principalmente ao fato de que os leites quentes oriundos dos diversos produtores são

transportados em latões, chegam em horários diferentes ao tanque coletivo e são

adicionados ao volume refrigerado. Tal prática eleva a temperatura do leite

armazenado, que permanece muito tempo em temperatura elevada.

Uma vez que o uso de tanques comunitários tem sido amplamente difundido,

atendendo ao requisito de refrigeração, é importante conhecer a qualidade higiênica do

leite armazenado nestas condições visto que é influenciada principalmente pelo estado

sanitário do rebanho, manejo dos animais e dos equipamentos durante a ordenha, e a

presença de microrganismos, resíduos de drogas e odores estranhos (BRITO & BRITO,

1998).

A obtenção de leite com qualidade depende de programas específicos que

contemplem os diversos fatores que podem influenciar na composição físico-química,

microbiológica e celular. Assim sendo, a maior parte dos países tem buscado executar

programas de pagamento por qualidade, baseando-se no nível de contaminação

Page 20: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

8

microbiana, contagem de células somáticas, teores de gordura e de sólidos não

gordurosos, presença de inibidores e outros parâmetros (MENDONÇA et al., 2001a).

Após a saída do leite do interior do úbere, as principais fontes de contaminação

por bactérias são representadas pelas superfícies internas do equipamento de ordenha,

do tanque de expansão, dos latões para transporte e pela água empregada na limpeza

dos equipamentos e utensílios de ordenha (COUSIN, 1982).

A temperatura de armazenamento e transporte do leite cru interfere diretamente

na contagem total de microrganismos, e o resfriamento imediato em tanques de

expansão e a coleta a granel em caminhões com tanque isotérmico tem tido grande

enfoque para manutenção da qualidade do leite cru (FONTES et al., 2002) visto que, os

microrganismos contaminantes podem causar alterações físico-químicas e sensoriais,

além de problemas econômicos e de saúde pública, limitando a durabilidade do leite e

seus derivados (PICININ et al., 2001).

A prática de estocagem do leite cru sob refrigeração, imediatamente após a

ordenha, com posterior coleta e transporte em caminhões-tanque isotérmicos, tem

reduzido o número de bactérias mesofílicas. Sabe-se que estes microrganismos são

capazes de multiplicar entre 10 e 45°C sendo a temperatura ideal em torno de 30°C, de

modo a provocar acidificação do leite pelo acúmulo de ácido lático resultante da

fermentação da lactose (SANTOS & FONSECA, 2001; BRITO & DIAS, 1998;

CELESTINO et al., 1996).

Entretanto, com o uso destes equipamentos e a manutenção do leite cru em

temperaturas de refrigeração por períodos longos pode ocasionar problemas de

qualidade para a indústria de laticínios associados à multiplicação e à atividade

metabólica de microrganismos psicrotróficos (COUSIN, 1982; SANTOS & FONSECA,

2001). Essas bactérias se multiplicam em temperaturas abaixo de 7°C, embora a

temperatura ótima de desenvolvimento se situe entre 20 e 30°C (JEFREY, 1990; BRITO

& BRITO, 1998). Neste sentido, sabe-se que grande parte dos psicrotróficos

encontrados no leite e derivados são provenientes do solo, água, ar, poeira, vegetação

e fezes (COUSIN, 1982).

Page 21: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

9

Os microrganismos psicrotróficos encontrados no leite são na maioria Gram-

negativos, podendo os Gram-positivos estarem presentes em menor quantidade

(COUSIN, 1982; APHA, 2001). Os principais gêneros de bactérias psicrotróficas

encontrados no leite são: Achromobacter, Acinetobacter, Alcaligenes, Flavobacterium e

Pseudomonas (Gram-negativos) e Bacillus e Clostridium (Gram-positivos). Essas

bactérias são eliminadas pela pasteurização, mas algumas enzimas, produzidas pelas

bactérias Gram-negativas, e os esporos, produzidos pelas Gram-positivas, são

resistentes ao calor e causam problemas (BRITO & BRITO, 1998).

Segundo BRITO & BRITO (1998), os dois grupos de enzimas mais importantes

produzidos pelas bactérias psicrotróficas são as proteases e a lipases, que podem atuar

no leite cru estocado e também no leite pasteurizado e seus derivados. Estas enzimas

comprometem a qualidade destes produtos quando as contagens de psicrotróficos

atingem 106 UFC/mL, de modo a provocar alterações do sabor e odor do leite, bem

como a perda de consistência na formação do coágulo para fabricação de queijo e

gelatinização do leite longa vida (COUSIN, 1982).

Alguns estudos têm evidenciado altas contagens de psicrotróficos, na ordem de

105 a 108 UFC/mL em leite cru refrigerado (MENDONÇA et al., 2001c).

Grande parte dos testes de predição de vida de prateleira de produtos lácteos

são baseados na detecção de psicrotróficos, pois estes microrganismos e suas enzimas

são também os principais causadores da redução da vida de prateleira destes produtos

(PEREIRA JÚNIOR et al., 2001).

Ainda que durante a pasteurização do leite, a grande maioria dos psicrotróficos

seja destruída, este tratamento térmico tem pouco efeito sobre a atividade das enzimas

produzidas por estes microrganismos, pois estas enzimas são consideradas

termorresistentes (SANTOS & FONSECA, 2003).

As proteases são as enzimas que causam maior impacto econômico negativo na

industrialização do leite, por atuar diretamente sobre a caseína e causar sabor amargo

no leite ou nos derivados lácteos. Já, a lipase, é responsável pelo sabor rançoso do

leite devido a liberação de ácidos graxos de cadeia curta (BRITO & BRITO, 1998).

Page 22: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

10

Segundo SOARES & PRATA (2004), a alta correlação entre a contagem de

psicrotróficos e a contagem total de microrganismos mostra que a imensa maioria dos

psicrotróficos enumerados com característica proteolítica é, na verdade, composta por

microrganismos mesófilos que se adaptaram à condição oferecida pelos tanques de

refrigeração. Tal fato pode estar relacionado à negligência nos procedimentos de

higiene de ordenha, que leva à contaminação do leite com uma microbiota diversa,

capaz de se adaptar às condições encontradas nos tanques de refrigeração e pelo

longo tempo de armazenamento do leite cru em tanques mal higienizados, que favorece

ainda mais essa condição.

No Brasil, a proposta de nova legislação do Ministério da Agricultura e do

Abastecimento (BRASIL, 2002), que trata do aperfeiçoamento e da modernização dos

requerimentos técnicos para o leite e os produtos lácteos, estabelece um máximo de

106 UFC/mL de bactérias para o leite cru resfriado a partir de Julho de 2005 para as

regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e a partir de Julho de 2007 para as regiões

Nordeste e Norte. Este valor deverá reduzir gradualmente a cada três anos, de modo

que em 2011 a contagem total de bactérias deverá ser de 105 UFC/mL para produtores

individuais e 3 x 105 UFC/mL para o leite de conjunto.

Segundo OLIVEIRA et al. (1999), em condições ideais de higiene na ordenha, a

contagem bacteriana total inicial do leite situa-se em torno de 103 a 9,0 x 103 UFC/mL,

sendo que após a obtenção, os principais fatores responsáveis pelo aumento deste

valor, incluem a temperatura de armazenagem do produto e o tempo decorrido até o

seu beneficiamento. Por sua vez, a carga microbiana inicial está entre outros fatores,

diretamente associada à limpeza dos utensílios utilizados para retirada,

acondicionamento e transporte do leite.

Segundo BRITO et al. (2003), a avaliação microbiológica é um parâmetro

importante para a determinação da qualidade do leite cru, pois indica as condições de

higiene em que o leite foi obtido e armazenado, desde o processo de ordenha até o

consumo.

O número de bactérias aeróbias mesófilas viáveis expresso em unidades

formadoras de colônias (UFC) por mililitro (mL), constitui-se em um índice adequado

Page 23: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

11

para avaliar a qualidade da matéria-prima utilizada, a higiene da manipulação, a área

de processamento e as condições de transporte e estocagem (FONTES et al., 2002).

Dentre as diversas atividades de controle da qualidade do leite há a prevenção

de fraudes ou adulterações do produto “in natura”, mediante a adoção de parâmetros

físico-químicos, como acidez, densidade a 15º C, índice crioscópico, percentual de

gordura e de extrato seco desengordurado (ESD) (OLIVEIRA et al.,1999).

Para os laticínios os conteúdos de gordura, proteína, lactose, extrato seco total

(EST) e de extrato seco desengordurado (ESD), são critérios utilizados para

remuneração dos produtores, destino da matéria-prima dentro dos processamentos e

para previsão de rendimento industrial (NEVES et al., 2004).

O índice crioscópico do leite é um parâmetro físico-químico que pode determinar

fraude por aguagem (WOLFSCHOON-POMBO et al., 1986). A adição de água ao leite é

fraude reconhecida mundialmente e altera a qualidade e a aceitação do produto e

derivados pelo consumidor. Esta prática existe em proporções variáveis, de acordo com

a região, ou mesmo com o grau de conscientização do produtor rural (FONSECA et al.,

1995). Reduz de forma significativa o valor nutritivo do leite, por alterar a relação dos

seus constituintes, diminuindo o rendimento industrial e elevando os riscos de

contaminação microbiana e consequentemente provocando perdas econômicas

(ALVES et al., 2004).

A acidez é um parâmetro utilizado para determinar indiretamente a qualidade

microbiológica do leite, já que a ação de bactérias que desdobram a lactose em ácido

láctico causa uma redução do pH e pode trazer a inadequação do produto para a

industrialização. Ela pode ser avaliada pelo teste Dornic que visa a determinação da

concentração do ácido lático, podendo indicar qualidade inadequada da matéria prima,

sendo que a legislação atual considera normal o leite que apresenta valores entre 0,14

e 0,18 g de ácido lático/100mL (FONSECA & SANTOS, 2000).

A prova de redutase utilizada até então como parâmetro da avaliação do estado

higiênico-sanitário do leite cru, através do estabelecimento de uma relação entre o

tempo de redução do azul de metileno e o número de bactérias presentes, possui

limitações quanto à variação da capacidade redutora de diferentes microrganismos; por

Page 24: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

12

exemplo, alguns Streptococcus causadores da mastite bovina não reduzem o azul de

metileno (NADER FILHO et al., 1983), e os psicrotróficos que apresentam menor poder

de redução do corante, podendo aumentar o tempo de redução, sugerindo um leite de

boa qualidade mesmo estando presente um elevado número de bactérias (SOUZA et

al., 1999).

NASCIMENTO & SOUZA (2002), observaram que a prova da redutase não deve

ser utilizada como única análise para verificar a qualidade microbiológica do leite cru,

visto que há uma grande variação na capacidade redutora do azul de metileno pelos

diferentes grupos de microrganismos, principalmente pelos psicrotróficos. Os referidos

autores observaram que não há correlação entre as contagens de psicrotróficos e o

tempo mínimo da prova de redutase, confirmando o menor poder de redução do azul de

metileno por este grupo.

O preenchimento de todos os critérios desejáveis de qualidade depende de um

programa de saúde para o rebanho, baseado principalmente em medidas de

prevenção, adoção de práticas de higiene adequadas antes, durante e após a ordenha,

e de conservação e transporte do leite em condições de higiene e temperatura

adequadas (BRITO & BRITO, 2003).

Nesse contexto, a mastite é considerada a principal enfermidade causadora de

problemas higiênicos do leite. Essa importância se deve à presença de microrganismos

e suas toxinas, assim como a resposta inflamatória do úbere e suas conseqüências

(aumento de células somáticas e alterações dos componentes do leite) e à veiculação

de resíduos de drogas (antibióticos e quimioterápicos), pelo uso inadequado ou da não

observação do prazo de retirada do leite do consumo durante e após o tratamento

(BRITO & BRITO, 1998).

Segundo BRITO (2001), o leite de vaca com mastite apresenta teores de lactose,

caseína, gordura, cálcio e fósforo menores que o leite normal. Ao mesmo tempo

aumentam os teores de cloreto, sódio, o potencial para rancificação e o número de

leucócitos (células somáticas), de forma indesejável.

A contagem de células somáticas (CCS) do leite é considerada o principal

indicador da qualidade, pois é capaz de detectar anormalidades que indicam alterações

Page 25: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

13

nas qualidades microbiológicas, físico-química e nutricional do produto. Esta

investigação pode ser efetuada diretamente no leite do tanque de expansão ou no leite

de animais individualmente, com a colheita sendo realizada nos quartos glandulares

separadamente (RUEGG, 2001b).

Vários fatores fisiológicos e ambientais podem influenciar na contagem de

células somáticas (CCS) no leite, entre eles: o estágio da lactação, idade da vaca,

número de lactações, estação do ano, práticas de manejo, qualidade da ordenha,

alimentação e intervalos entre as ordenhas. Diante do exposto, o controle da mastite

deve se basear na adoção de estratégias de prevenção, entre as quais se incluem a

higienização na prática da ordenha, o uso correto da ordenhadeira, a disponibilidade de

alojamentos limpos e secos, a administração de programas de nutrição saudável e a

devida identificação e tratamento de vacas com mastite subclínica e clínica (RUEGG,

2001a).

Os antibióticos são freqüentemente usados para tratamento de mastite ou de

outras infecções das vacas leiteiras. Conseqüentemente, o leite secretado por esses

animais, durante, e por um certo período, após o tratamento, pode conter resíduos

dessas substâncias (BRITO & DIAS, 1998).

A presença ou ausência de antibióticos faz parte dos quesitos de qualidade

química do leite, interferindo com a produção e qualidade de derivados lácteos, uma

vez que podem provocar transtornos na capacidade de acidificação do leite

(TORNADIJO et al., 1998).

Os impactos decorrentes da presença de resíduos de antibióticos na cadeia

alimentar humana incluem a modificação da microbiota intestinal, com possível

desenvolvimento de resistências aos antibióticos, alergias e intoxicações. Na indústria,

eles interferem com a multiplicação de microrganismos que promovem a coagulação do

leite, alterando os produtos derivados (PORTO et al., 2002).

Os novos regulamentos para a produção, identidade e qualidade do leite

propostos na Instrução normativa nº 51, prevêem a monitorização dos resíduos de

antibióticos no leite de todas as propriedades rurais, a ser realizada mensalmente pelos

Page 26: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

14

laboratórios credenciados à Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade

do Leite (DURR et al., 2002).

A maioria dos testes comerciais disponíveis são qualitativos ou semi-

quantitativos, sendo classificados como testes de triagem. Por definição, o teste de

triagem deve fornecer uma indicação segura e confiável da ausência de resíduos na

amostra investigada. Desse modo deve possuir um limite de detecção abaixo do limite

máximo de resíduo permitido para cada antibiótico (BRITO, 2000).

O método SNAP é do tipo qualitativo, uma vez que não quantifica os resíduos

presentes nas amostras. Apenas aponta a ocorrência, dentro dos níveis de detecção do

próprio teste, considerado sensível. Pode ser utilizado como um método de triagem de

amostras positivas, pois é rápido, de fácil leitura e passível de ser usado para avaliação

de resíduos em leite de consumo, atuando na seleção prévia de resultados positivos

dentro de um pool de amostras a serem quantificadas (ROSÁRIO, 2002).

Os kits de detecção SNAP® da IDEXX são do tipo enzimático, onde o antibiótico

é capturado por uma proteína ligante (binding protein) numa matriz com um suporte

sólido absorvente, localizado em uma unidade plástica moldada. A presença de

antibióticos na amostra resulta no desenvolvimento de um spot colorido, que é

comparado com um spot controle, este último oriundo de uma concentração conhecida,

podendo assim, determinar-se o nível de antibiótico da amostra. O teste é feito em duas

fases de incubação, em um bloco de aquecimento a 45º ± 5º C: na primeira fase

aquece-se o dispositivo SNAP enquanto prepara-se a amostra de leite em um tubo,

contendo um pellet de reagente. A mistura do leite com o pellet deve ser mantida

aquecida por alguns minutos, e só então introduzida no dispositivo, que também é

mantido incubado, com um tempo total de análise de dez minutos por amostra. A

comparação entre as cores dos spots pode ser feita visualmente, ou através de

instrumentos (usando um aparelho específico – SNAP Image Reader) que fornecem

interpretações numéricas dos resultados visuais (BELL et al., 1995). Assim sendo, estes

testes fornecem respostas do tipo “sim ou não”, ou seja, as alterações observadas

permitem interpretar se há ou não determinado resíduo na amostra avaliada,

constituindo-se um teste qualitativo (ROSÁRIO, 2002).

Page 27: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

15

Segundo TRONCO (1997), o método do Delvotest baseia-se no princípio da

multiplicação do microrganismo, na diminuição do pH do leite e na modificação de cor

do indicador. Consiste em um kit de ampolas contendo esporos do Bacillus

stearothermophilus var. calidolactis, nutrientes e indicador de pH (púrpura de

bromocresol). A interpretação é feita a partir da observação da coloração, sendo

considerado positivo, quando não for observado o desenvolvimento do microrganismo,

permanecendo, portanto, a cor violácea-púrpura. É caracterizado como negativo

quando a solução adquirir coloração amarela, indicando, portanto, a ocorrência de

desenvolvimento de microrganismos, já que a modificação de cor do indicador decorre

da redução do valor de pH.

Partindo dessa atual realidade e diante das poucas informações disponíveis

sobre a qualidade do leite produzido neste novo sistema, idealizou-se o presente

estudo.

Page 28: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

16

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Características das propriedades rurais e da população bovina

Foram analisadas 72 amostras de leite cru provenientes de 09 propriedades

rurais situadas na região da Gameleira, município de Sacramento-MG, assim como 12

amostras do leite conjunto destas propriedades contido em um tanque comunitário com

capacidade para 3.000 L. A produção diária total do leite dos 09 produtores era de

aproximadamente 1.400 L. A menor e maior produção diária de leite por produtor era de

44 e 506 litros, respectivamente.

Entre as propriedades objeto desta investigação, 07 realizavam a ordenha

manualmente, uma vez ao dia, enquanto que nas 02 propriedades restantes, a ordenha

era efetuada mecanicamente através do sistema “balde ao pé”. Em uma destas, a

ordenha era realizada duas vezes ao dia, a qual foi acompanhada por um dia, para

observação dos procedimentos de higiene adotados pelo produtor.

O rebanho bovino nas propriedades era constituído por animais mestiços em sua

maioria e a alimentação baseava-se em pastagens.

3.2. Colheita das amostras de leite cru em tanque comunitário

As amostras foram obtidas durante o período de Abril a Julho de 2005, sendo

cada amostragem efetuada em dois dias consecutivos, uma vez que o produto contido

no tanque era enviado ao estabelecimento industrial em dias alternados, portanto a

cada 48 horas.

Assim sendo, após a realização da prova do alizarol a 74°GL, eram colhidas no

momento da entrega, amostras individuais diretamente do latão de leite de cada

propriedade, assim como do produto da mistura do leite de todas as propriedades,

colhido no tanque comunitário.

Page 29: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

17

Decorridos 24 horas, procedia-se a colheita de amostra do leite contido no

tanque comunitário, antes que houvesse novo transvase do leite oriundo de cada

propriedade.

Em seguida, repetia-se o procedimento das colheitas de amostras de leite

oriundo de cada propriedade e do leite de mistura de todas as propriedades, conforme

descrito anteriormente.

As amostras foram colhidas após constante homogeneização, em três

recipientes previamente esterilizados – um frasco com aproximadamente 300 mL para

análises físico-químicas, um frasco com aproximadamente 30 mL para análises

microbiológicas e outro com aproximadamente 30 mL contendo o conservante

Bronopol® para a realização da contagem de células somáticas. Após a colheita as

amostras foram identificadas e acondicionadas em caixa isotérmica contendo gelo e

transportadas para o laboratório de microbiologia do Laticínio Scala, Unidade I, em

Sacramento-MG, para a realização das análises.

3.3. Análises físico-químicas do leite

3.3.1. Determinação da acidez titulável

Foram colocados 10 mL de leite e três a cinco gotas de uma solução alcoólica de

fenolftaleína a 2% em um béquer com capacidade para 25 mL. Paralelamente, em uma

bureta graduada, foram colocados cerca de 25 mL de solução de hidróxido de sódio

(N/9). A titulação foi efetuada pelo gotejamento da solução de hidróxido de sódio ao

leite contendo fenolftaleína, até o aparecimento de ligeira tonalidade rósea persistente.

O volume de hidróxido de sódio gasto durante o processo de titulação foi multiplicado

por 10 e o resultado obtido correspondeu ao grau de acidez titulável da amostra

analisada (BRASIL, 1981).

Page 30: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

18

3.3.2. Densidade

Providenciou-se a colocação de 250 mL de leite em uma proveta, tendo-se o

cuidado de evitar a formação de espuma, de acordo com a técnica recomendada pelo

Ministério da Agricultura (BRASIL, 1981). Em seguida, mergulhou-se o

termolactodensímetro, sendo a leitura do valor da densidade efetuada ao nível do leite.

Simultaneamente, foi anotada a temperatura observada na escala superior do aparelho.

Quando esta temperatura foi diferente de 15°C, efetuou-se a correção do valor da

densidade pelo uso de uma tabela apropriada.

3.3.3. Ponto Crioscópico

A determinação do ponto crioscópico do leite foi realizada utilizando-se

lactocrioscópio eletrônico modelo 312 L (Laktron, Londrina, Paraná, Brasil). Após a

calibração do aparelho com soluções padrões de sacarose a 7% e 10%, foram

colocados em tubos de ensaio cerca de dois mililitros de leite, sendo estes levados ao

aparelho para a determinação do ponto de congelamento de leite (BRASIL, 1981).

3.3.4. Teor de gordura

Realizou-se a determinação eletrônica do teor de gordura pelo Milko-Tester®,

modelo mk 3.2 (Itr, Esteio, Rio Grande do Sul, Brasil), calibrado pelo método

convencional de Gerber. Para a execução da prova era feita a homogeneização do leite

e o frasco da amostra a ser analisado era acoplado junto ao coletor localizado na lateral

externa do aparelho. Em seguida, ao entrarem em contato uma vareta de nível e o leite,

era acionado o mecanismo iniciador do processo de análise. A leitura final era efetuada

em um visor digital localizado na parte superior do aparelho.

3.3.5. Determinação do Extrato Seco Total

Efetuou-se a determinação do extrato seco total (EST) com o calculador de

Ackermann (Gerber Instruments – K. Schneider & Co. Ag.). O referido calculador

constituía-se de dois discos superpostos, sendo um móvel, com graduações

correspondentes à densidade e o outro fixo, com graduações correspondentes ao teor

Page 31: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

19

de gordura (mais interna) e ao EST (mais externa). Para a determinação do EST, fazia-

se coincidir o valor da densidade com o valor do teor de gordura obtido. Assim, o

ponteiro indicador existente no primeiro disco apontava o valor do EST (BRASIL, 1981).

3.3.6. Determinação do Extrato Seco Desengordurado

O extrato seco desengordurado (ESD) foi calculado pela subtração do resultado

do teor de gordura, do resultado do extrato seco total, obtido pela metodologia descrita

anteriormente (BRASIL, 1981).

3.4. Contagem de microrganismos mesófilos e psicrotróficos viáveis

(APHA, 2001).

Para a execução desta análise, após a homogeneização das amostras do leite

cru obtidas nos latões de cada propriedade e no tanque de refrigeração comunitário,

foram preparadas diluições de 10-1 até 10-6, empregando-se como diluente água

peptonada a 0,1% (MERCK). Em seguida, 1 mL de cada diluição foi depositado no

fundo de placas de Petri esterilizadas, em duplicata. Em seguida, foram adicionados

aproximadamente 15 a 17 mL de ágar padrão para contagem (PCA) (DIFCO),

previamente fundido e resfriado a 45ºC.

Após a homogeneização e solidificação do ágar em temperatura ambiente, uma

das placas foi incubada em estufa a 35ºC por 48 horas para contagem da população de

mesófilos aeróbios, e a outra foi incubada a 7°C por 10 dias em incubadora tipo B.O.D.,

para a contagem da população de psicrotróficos. As contagens foram realizadas em

contador de colônias, segundo a técnica padrão, em placas com 25 a 250 colônias. As

colônias contadas nas placas foram multiplicadas pelo fator de diluição das placas

correspondentes, fornecendo o número de microrganismos mesófilos e psicrotróficos

por mL de leite.

Page 32: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

20

3.5. Contagem de células somáticas

As amostras foram colhidas em recipientes próprios contendo o conservante

bronopol® (2-bromo-2-nitropropano-1,3-diol) e enviadas ao Departamento de Higiene

Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Unesp, Campus de Botucatu, onde as contagens de células somáticas foram realizadas

no aparelho Somacount TM 300* (Bentley Analytical Instruments for the Dairy Industry).

A técnica eletrônica baseia-se no princípio de citometria de fluxo, no qual os

núcleos corados de células isoladas e deslocadas foram determinados através da

objetiva do microscópio por um líquido de escorrimento laminar (CECALAIT, 1993).

3.6. Detecção de resíduos de antibióticos

Para a realização deste teste, foram colhidas no tanque comunitário, amostras do

leite do conjunto das 09 propriedades, em dois dias consecutivos, as quais foram

submetidas a três métodos para detecção de resíduos de antibióticos dos grupos

tetracicilinas e beta-lactâmicos: Método do Delvotest® SP/SP MINI, Método Snap®

Tetraciclina e Snap® Beta-lactâmico.

Caso ocorressem resultados positivos, seriam colhidas amostras individuais do

leite oriundo de cada propriedade aplicando-se, para tanto, os mesmos métodos de

detecção de resíduos de antibióticos.

3.6.1. SNAP ß-lactam Test e SNAP Tetracyclin Test

Com o auxílio da pipeta que acompanhava o kit, uma homogeneização era feita e

retirava-se amostra de 450±50 µL de leite (volume que atingia a linha indicadora na

própria pipeta), a qual era inserida no tubo contendo o pellet de reagente. Em seguida,

agitava-se delicadamente o tubo para a completa dissolução do pellet e incubava-se,

por 5 a 6 minutos, para o teste ß-lactam e por 2 a 3 minutos para o teste Tetracyclin, na

mesma estufa onde eram mantidos incubados os SNAP® a 45 ± 5º C.

Page 33: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

21

Após os períodos considerados, todo o conteúdo do tubo era vertido sobre o

“local da amostra” no SNAP® , e o ativador era acionado após o desaparecimento do

círculo de ativação. Decorridos 4 minutos para o teste ß-lactam e 7 minutos para o

Tetracyclin, efetuava-se a imediata leitura das cores resultantes. Segundo as

explicações consideradas na bula do produto, o resultado era considerado negativo se

o círculo da amostra apresentasse coloração azul igual ou mais escura que o controle,

ou seja, a proteína ligante não “capturou” nenhum resíduo de antibiótico, conforme

demonstrado na Figura 1.

Figura 1. Demonstração de resultado negativo no Kit SNAP Test

A positividade do teste era evidenciada quando o círculo da amostra apresentava

uma tonalidade azul mais clara que a do controle, fato este que significava que o

resíduo de antibiótico havia sido capturado pela proteína ligante.

Caso houvesse o desaparecimento da tonalidade azul, este achado evidenciava

não apenas a positividade da prova, como também, a presença de elevados níveis de

resíduos de antibióticos na amostra analisada, conforme pode ser observado na Figura

2.

RReessuullttaaddooss NNeeggaattiivvooss

Page 34: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

22

RReessuullttaaddooss PPoossiittiivvooss

Figura 2. Demonstração de resultado positivo no Kit SNAP Test

3.6.2. Delvotest® SP/SP MINI

O Delvotest-SP foi realizado seguindo as instruções de fabricante. Desse modo,

adotava-se o seguinte procedimento:

Adicionava-se 0,1 mL de leite nas ampolas do Delvotest contendo Bacillus

stearotermophilus. O conjunto, juntamente com o meio de cultivo, que incorporava um

indicador de pH, era colocado num incubador com temperatura entre 63,5º C e 64,5º C

por 2:30 a 3:00 horas.

A ausência de mudança de cor do indicador (cor roxa) mostrava que o Bacillus

stearotermophilus não havia se multiplicado devido à presença de inibidores e o

resultado era considerado positivo. A mudança parcial da coloração indicava um

resultado suspeito e a viragem total de roxo para amarelo indicava a negatividade da

prova, isto é, a amostra estava livre de inibidores e Bacillus stearotermophilus se

multiplicou causando acidificação da amostra.

Page 35: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análises físico-químicas

Os dados inseridos na Tabela 3 mostram a distribuição dos valores médios

obtidos da acidez, densidade, gordura, índice crioscópico, EST e ESD das 72 amostras

de leite cru provenientes das 09 propriedades rurais estudadas durante o experimento.

Tabela 3. Valores médios* dos componentes físico-químicos das 72 amostras de leitecru provenientes das 09 (nove) propriedades rurais que entregavam leite notanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Propriedades Acidez

**

Densidade

(g/mL)***

Gordura

(g/100g)

Crioscopia

(ºH)****

EST

(g/100g)

ESD

(g/100g)

1 0,16 1,032 3,1 -0,548 12,07 8,962 0,16 1,031 3,6 -0,544 12,51 8,863 0,16 1,031 4,0 -0,539 12,90 8,854 0,16 1,031 3,8 -0,543 12,67 8,875 0,15 1,031 4,6 -0,545 13,61 8,936 0,15 1,030 3,9 -0,534 12,58 8,637 0,16 1,031 3,4 -0,549 12,29 9,008 0,16 1,032 2,8 -0,548 11,75 8,869 0,17 1,032 4,0 -0,533 13,24 9,22

*média aritmética

**g de ácido lático/100 mL ***Densidade relativa a 15º C **** ºH (HORTVET)

Page 36: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

24

Os valores médios das diferentes determinações físico-químicas inseridas na

Tabela 3, revelam que apenas o valor do teor de gordura obtido nas amostras da

propriedade 8 apresentou-se fora dos padrões legais. Por outro lado, na Tabela 4,

verifica-se que das oito determinações do teor de gordura efetuadas nas amostras de

leite dessa propriedade, 6 (75%) apresentaram-se abaixo do padrão exigido pela

Instrução Normativa nº 51. Acredita-se que este achado talvez possa ser atribuído a

favorável ocorrência de falhas na alimentação dos animais lactantes.

A análise dos dados inseridos na Tabela 4 mostra, também, que de acordo com

os requisitos físico-químicos propostos pela Instrução Normativa nº 51, uma amostra de

leite oriunda da propriedade 6 apresentou índice crioscópico superior ao padrão, assim

como o valor de densidade e do ESD abaixo do mínimo permitido, indicando, portanto,

a ocorrência de fraude por adição de água.

FARIAS et al. (2005), em estudo conduzido na Zona da Mata de Minas Gerais,

observaram que das 60 amostras colhidas, 3 (5%) apresentaram fraudes por adição de

água, achado superior ao obtido neste trabalho. Neste sentido, sabe-se que a

ocorrência de fraude no leite por adição de água reduz de forma significativa seu valor

nutritivo, procedimento este que além de prejudicar a qualidade microbiológica do

produto, reflete a falta de comprometimento com a produção de leite com qualidade.

Os dados da Tabela 4 evidenciam ainda que, 10 (13,9%) amostras mostraram-se

em desacordo com pelo menos um dos requisitos físico-químicos constantes na

Instrução Normativa nº 51, visto que uma mesma amostra apresentou variações na

densidade, crioscopia e ESD. Tais achados diferem dos obtidos por VERAS et al.

(2002), que analisando 72 amostras de leite cru procedentes de duas propriedades,

observaram que todas apresentaram-se dentro dos padrões estabelecidos pela

legislação.

Page 37: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

25

Tabela 4. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões físico-químicos* distribuídos de acordo com as 09 (nove) propriedades rurais queentregavam o produto no tanque de expansão comunitário, em Sacramento-MG, 2005.

Acidez Densidade

(g/mL)

Gordura

(g/100g)

Crioscopia

(ºH)

EST

(g/100g)

ESD

(g/100g)

Propriedades

FP % FP % FP % FP % FP % FP %1 - - - - - - - - - - - -2 - - - - - - - - - - - -3 - - - - - - - - - - - -4 - - - - - - - - - - - -5 - - - - - - - - - - - -6 - - 1 1,4 - - 1 1,4 - - 1 1,47 - - - - 2 2,8 - - - - - -8 - - - - 6 8,4 - - - - - -9 - - - - - - 1 1,4 - - - -

Total - - 1 1,4 8 11,2 2 2,8 - - 1 1,4

FP= fora dos padrões

* Instrução Normativa n° 51 de 19/09/2002 (BRASIL, 2002).

Os valores médios dos componentes físico-químicos das 12 amostras de leite

cru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais estão contidos na

Tabela 5.

Page 38: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

26

Tabela 5. Valores médios* dos componentes físico-químicos das 12 amostras de leitecru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais queentregavam leite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abrila Julho de 2005.

Momentos Acidez

**

Densidade

(g/mL)***

Gordura

(g/100g)

Crioscopia

(ºH)****

EST

(g/100g)

ESD

(g/100g)

0 0,16 1,031 3,6 -0,546 12,51 8,8824 horas 0,16 1,032 3,6 -0,548 12,80 9,15

Remontagem 0,16 1,031 3,5 -0,544 12,45 8,93

*média aritmética

**g de ácido lático/100 mL ***Densidade relativa a 15º C **** ºH (HORTVET)

Os valores médios das diferentes determinações físico-químicas inseridos na

Tabela 5 revelam que as 12 amostras de leite de conjunto analisadas durante o

experimento, também apresentaram-se de acordo com o proposto pela Instrução

Normativa n° 51, para os requisitos físico-químicos.

Desse modo verifica-se a influência do fator diluição, visto que

independentemente de algumas amostras individuais de cada propriedade

apresentarem variações, o leite de conjunto apresentava os componentes físico-

químicos dentro da normalidade.

BRITO et al. (2003) ao analisarem 335 amostras do leite de 22 tanques

comunitários na região da Zona da Mata, observaram a ocorrência de uma (0,3%)

amostra com valor de densidade relativa; 48 (14,3%) com valores de acidez titulável e

15 (4,6%) amostras com valores do índice crioscópico fora dos padrões legais.

Page 39: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

27

4.2. Análises microbiológicas - microrganismos mesófilos e psicrotróficos

Na Tabela 6 estão apresentados os valores médios observados para a contagem

de microrganismos mesófilos e psicrotróficos das 72 amostras de leite cru provenientes

das 09 propriedades rurais durante os meses de Abril a Julho.

Tabela 6. Valores médios* das populações de microrganismos mesófilos e depsicrotróficos das 72 amostras de leite cru provenientes das 09 (nove)propriedades rurais que entregavam leite no tanque de expansão comunitário,Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

* média geométrica

De acordo com os valores médios das populações de microrganismos mesófilos

inseridos na Tabela 6, observa-se que a propriedade 1, com maior média de produção

de litros de leite/dia, apresentou maiores contagens de microrganismos mesófilos

independentemente de possuir ordenha mecânica. Acredita-se que os procedimentos

Propriedades

Média daprodução

diária(litros de

leite)

Microrganismosmesófilos

(UFC/mL)

Microrganismospsicrotróficos

(UFC/mL)Redutase

(horas)

1506 1,5 x 106 2,0 x 104 3:00

2100 1,2 x 104 4,6 x 103 3:30

3115 4,2 x 104 6,7 x 103 4:00

4297 8,0 x 104 8,8 x 103 3:30

544 2,3 x 104 3,3 x 103 5:00

690 1,8 x 105 6,1 x 103 5:00

738 1,2 x 105 6,4 x 104 3:00

8216 2,6 x 104 1,1 x 104 4:00

978 1,2 x 104 2,7 x 103 5:00

Page 40: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

28

usuais de higiene durante a ordenha, limpeza e sanitização dos utensílios e

equipamentos desta propriedade, não estivessem sendo praticados adequadamente.

A propriedade 8, também utilizava ordenha mecânica e as contagens médias de

microrganismos mesófilos se mantiveram baixas, demonstrando a preocupação do

produtor com a higiene da ordenhadeira, assim como a higienização dos utensílios.

A análise dos dados inseridos na Tabela 7 mostra que das 72 amostras de leite

cru analisadas, provenientes das 09 propriedades rurais, 66 (91,6%) apresentaram

contagens padrão de bactérias abaixo de 106 UFC/mL, o padrão estabelecido pela IN nº

51, enquanto que 6 (8,4%) apresentaram-se acima dos padrões.

Tabela 7. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões parapopulações de microrganismos mesófilos distribuídos de acordo com as 09(nove) propriedades rurais que entregavam o produto no tanque de expansãocomunitário, em Sacramento-MG, 2005.

Propriedades Microganismos Mesófios

FP % 1 5 7,02 - -3 - -4 - -5 - -6 - -7 1 1,48 - -9 - -

Total 6 8,4

FP= fora dos padrões

* Instrução Normativa n° 51 de 19/09/2002 (BRASIL, 2002).

Page 41: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

29

Os valores obtidos na contagem padrão de bactérias variaram de 6,2 x 102 a 2,2

x 107 UFC/mL.

Trabalho realizado por BRITO et al. (2002), acompanhando a qualidade

microbiológica do leite produzido por doze rebanhos leiteiros localizados em sete

municípios da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, observaram que as médias

geométricas das contagens padrão de bactérias foram abaixo de 6,5 x 105 UFC/mL em

nove rebanhos e acima de 1,0 x 106 UFC/mL em três rebanhos. Esses resultados foram

superiores aos obtidos no presente estudo.

SOUTO et al. (2005), ao analisarem 9 amostras de leite cru de propriedades

leiteiras localizadas no Estado de São Paulo, obtiveram 8 (88,8%) amostras com

contagens inferiores a 1,0 x 106 UFC/mL e uma amostra (11,2%) acima do padrão

estabelecido pela legislação.

CERQUEIRA et al. (1994), em trabalho realizado em Belo Horizonte, com 96

amostras de leite cru, e PONSANO et al. (2004) analisando amostras individuais de

leite cru, coletadas diretamente dos latões de 12 propriedades que abasteciam um

tanque de expansão comunitário na região de Araçatuba-SP, obtiveram média de 4,5 x

106 UFC/mL e 9,5 x 105 UFC/mL respectivamente. Esses valores foram superiores aos

obtidos nesse estudo.

No presente trabalho, os valores obtidos na contagem de microrganismos

psicrotróficos variaram de 3,2 x 102 a 9,6 x 105 UFC/mL.

De acordo com os valores médios das contagens de microrganismos

psicrotróficos inseridos na Tabela 6, observa-se que a propriedade 7, que possuía

menor produção diária de leite, apresentou a maior média geométrica nas contagens de

microrganismos psicrotróficos. De certa forma, independentemente da pequena

quantidade de leite produzido e do fator diluição ocorrido, o leite dessa propriedade

estava contribuindo para depreciar a qualidade do leite de conjunto do tanque

comunitário. A presença desses microrganismos, bem como o longo tempo de

armazenamento do leite, favoreceram ainda mais essa condição.

Contagens elevadas de microrganismos psicrotróficos estão associadas à

limpeza inadequada dos equipamentos de ordenha e do tanque de expansão,

Page 42: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

30

resfriamento lento do leite ou estocagem por longos períodos. Além de ordenha de

vacas com tetos sujos ou deficiências nos procedimentos de higienização do úbere

antes da ordenha e qualidade não satisfatória da água (MURPHY, 1997). Apesar da

legislação brasileira não estabelecer limites de tolerância para esses microrganismos,

sabe-se que as boas práticas na obtenção do leite devem ser adotadas visto que

muitos desses microrganismos produzem lipases e proteases termorresistentes que

causam sabor amargo e rançoso no leite e derivados, dificultando a aceitação dos

produtos no mercado interno e externo (SANTOS & BERGMANN, 2003).

Segundo MURPHY (1997), em programas de pagamento por qualidade do leite,

são consideradas satisfatórias as contagens de microrganismos psicrotróficos menores

ou iguais a 5 x 103 UFC/mL; contagens médias entre 5 x 103 e 3 x 104 UFC/mL e

elevadas, acima de 3,0 x 104 UFC/mL. Considerando esses valores, no presente

estudo três propriedades apresentaram contagens satisfatórias, cinco propriedades

apresentaram contagens médias e uma propriedade apresentou contagens elevadas.

SANTOS & BERGMANN (2003), ao analisarem 125 amostras de leite da região

serrana do Estado de Santa Catarina, obtiveram contagens médias de psicrotróficos de

2,1 x 106 UFC/mL, valor superior ao obtido nesse trabalho.

O uso intensivo da refrigeração provoca uma seleção gradativa dos

microrganismos do leite para o grupo dos psicrotróficos. Assim, um grande número de

espécies antes consideradas estritamente mesófilas já estão sendo incluídas também

entre os psicrotróficos (ROQUE et al., 2003). Neste sentido, a AMERICAN PUBLIC

HEALTH ASSOCIATION (2001) define o grupo de microrganismos psicrotróficos como

sendo um subgrupo dos mesófilos (COUSIN et al., 1992). Portanto, o emprego de

baixas temperaturas de estocagem do leite cru por tempo limitado não é o suficiente

para a produção e conservação de um leite com baixa contagem microbiana, devendo

ser aliada a boas práticas higiênicas para se controlar a presença de psicrotróficos

(NERO et al., 2005).

NASCIMENTO & SOUZA (2002) observaram o mesmo, visto que ambas

contagens aumentaram de forma semelhante, sendo, portanto, condizente com a

tendência de predomínio das bactérias psicrotróficas no leite resfriado.

Page 43: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

31

Os valores médios das contagens de microrganismos mesófilos e de

psicrotróficos das 12 amostras de leite cru provenientes do leite de conjunto das 09

propriedades rurais estão contidos na Tabela 8.

Tabela 8. Valores médios* das populações de microrganismos mesófilos e depsicrotróficos das 12 amostras de leite cru provenientes do leite de conjuntodas 09 propriedades rurais que entregavam leite no tanque de expansãocomunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Momentos Quantidade deleite

armazenado (L)

Microrganismosmesófilos

(UFC/mL)

Microrganismospsicrotróficos

(UFC/mL)

Redutase

(horas)

0 1.484 2,3 x 105 3,7 x 104 03:3024 horas 1.484 2,1 x 105 2,9 x 105 04:00

Remontagem 2.968 3,3 x 105 3,8 x 104 04:30

* média geométrica

A análise dos dados inseridos na Tabela 9 mostra que das 12 amostras

analisadas provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais, 11 (91,6%)

apresentaram contagens padrão de bactérias abaixo de 106 UFC/mL, conforme

estabelecido pela IN nº 51, enquanto que apenas 01 (8,4%) apresentou-se fora dos

referidos padrões.

Page 44: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

32

Tabela 9. Número e percentual de amostras de leite cru fora dos padrões parapopulações de microrganismos mesófilos distribuídos de acordo com osdiferentes momentos, provenientes do leite de conjunto das 09 (nove)propriedades rurais que entregavam o produto no tanque de expansãocomunitário, em Sacramento-MG, 2005.

Amostras nos diferentes Momentos Microrganismos Mesófilos

(UFC/mL)

FP %

0- -

24 horas- -

Remontagem1 8,4

Total1 8,4

Tais achados evidenciaram que a qualidade microbiológica do leite objeto desta

investigação, foi muito superior a observada por BRITO et al. (2003) na Zona da Mata

Mineira. Estes autores verificaram que entre as 335 amostras dos 22 tanques

comunitários estudados, apenas 69 (20%) apresentaram contagens abaixo de 106

UFC/mL.

A elevada (91,6%) ocorrência de amostras com contagens de microrganismos

mesófilos abaixo de 106 UFC/mL verificada neste trabalho talvez possa ser atribuída a

proximidade existente entre o tanque comunitário e as 09 propriedades estudadas que,

segundo BRITO et al. (2003), este fato contribui para a rápida entrega do leite de modo

a controlar a multiplicação microbiana, principalmente nos meses mais quentes do ano.

A média geométrica de todas as contagens de microrganismos mesófilos obtidas

entre as 12 amostras analisadas, foi de 1,8 x 105 UFC/mL. Este achado foi semelhante

ao obtido por PONSANO et al. (2004) que ao analisarem amostras do leite de conjunto

provenientes de 12 propriedades que abasteciam um tanque de expansão comunitário

na região de Araçatuba-SP, obtiveram média de 1,3 x 105 UFC/mL para a contagem

global de bactérias. Esta qualidade microbiológica dentro dos limites propostos pela

Instrução Normativa nº 51, provavelmente possa ser explicada pelo fato de que o

sistema de uso deste tanque comunitário, objeto do presente estudo, era praticamente

Page 45: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

33

familiar visto que apenas um dos produtores não fazia parte da família, de modo que

havia uma relação de confiança entre eles, já que possuíam interesses comuns.

Deve-se assinalar que a média geométrica das contagens de microrganismos

mesófilos obtidos neste trabalho foi muito inferior à observada por CERQUEIRA et al.

(2004) em trabalho realizado em Minas Gerais e BUENO et al. (2004) e MESQUITA et

al. (2002) em trabalhos realizados no Estado de Goiás, que apresentaram valores

médios da ordem de 1,1 x 106 UFC/mL; 5,5 x 106 UFC/mL e 5,7 x 106 UFC/mL

respectivamente.

O comportamento das 12 amostras analisadas provenientes do leite de conjunto

das 09 propriedades rurais nos diferentes momentos de colheita (momento da entrega,

24 horas e momento de remontagem) reflete a interação dos fatores tempo x

temperatura. Ao proporcionar o abaixamento na temperatura do leite logo após a

ordenha, menor foi a população bacteriana.

No presente estudo, a média geométrica de microrganismos psicrotróficos obtida

de todas as amostras do leite de conjunto analisadas foi de 7,4 x 104 UFC/mL.

BRITO et al. (2003) observaram que entre os 22 tanques comunitários

acompanhados durante o experimento, o tanque que apresentou melhor qualidade

microbiológica para microrganismos psicrotróficos, obteve média geométrica de 1,0 x

105 UFC/mL.

Considerando as escalas estabelecidas por MURPHY (1997) conforme citado

anteriormente, das 12 amostras analisadas do leite de conjunto, 2 amostras

apresentaram populações médias (entre 5 x 103 e 3 x 104 UFC/mL) e 10 amostras

apresentaram populações elevadas (acima de 3 x 104 UFC/mL).

Page 46: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

34

4.3. Contagem de Células Somáticas

Na Tabela 10 estão apresentados os valores médios observados para a

contagem de células somáticas das 72 amostras de leite cru provenientes das 09

propriedades rurais, durante o experimento.

Tabela 10. Valores médios* das contagens de células somáticas das 72 amostras deleite cru provenientes das 09 (nove) propriedades rurais que entregavam leiteno tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

* média geométrica

O valor médio das determinações de CCS/mL das 72 amostras analisadas foi de

149.700 estando, portanto, de acordo com a Instrução Normativa nº 51, uma vez que

todas as amostras atenderam aos padrões estabelecidos para CCS.

A análise dos dados inseridos na Tabela 10 mostra que as CCS se mantiveram

baixas embora tenha sido verificado maiores contagens de microrganismos mesófilos

na propriedade 1, indicando, portanto, precária condição higiênica. Talvez este fato

Propriedades

Média da produção diária(litros de leite)

Contagem de células somáticas

(CCS/mL)

1506 148.000

2100 142.000

3115 206.000

4297 198.000

544 228.000

690 369.000

738 49.000

8216 121.000

978 88.000

Page 47: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

35

possa ser explicado pela maior preocupação do produtor com o estado sanitário do

rebanho, minimizando assim a ocorrência de mastites.

A média geométrica das contagens de células somáticas obtidas neste trabalho

foi inferior à obtida por NASCIMENTO et al. (2003) em Sergipe, BRITO et al. (2002) na

Zona da Mata de Minas Gerais e PRADA SILVA et al. (2000) em Piracicaba, que

verificaram médias de 464.000 CS/mL, 559.000 CS/mL e 489.000 CS/mL

respectivamente.

Os valores médios das contagens de células somáticas das 12 amostras de leite

cru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais estão contidos na

Tabela 11.

Tabela 11. Valores médios* das contagens de células somáticas das 12 amostras deleite cru provenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais queentregavam leite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abrila Julho de 2005.

Momentos

Média da produção diária

(litros de leite)

Contagem de células somáticas(CCS/mL)

0 1.484 192.00024 horas 1.484 193.000

Remontagem 2.968 173.000* média geométrica

A média geométrica das contagens de células somáticas obtidas neste trabalho

foi de 187.000 CS/mL, valor este inferior ao obtido por CERQUEIRA et al. (2004),

BRITO et al. (2003) e PONSANO et al. (2004), que verificaram médias de 500.000

CS/mL, 485.000 CS/mL e 465.000 CS/mL respectivamente, ao analisarem amostras de

leite obtidas em tanques de expansão comunitário.

Os resultados verificados para contagem de células somáticas demonstram os

cuidados dos produtores em relação à sanidade do rebanho, principalmente com a

glândula mamária, fato que provavelmente pode justificar a baixa ocorrência de

mastites nos rebanhos estudados.

Page 48: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

36

4.4. Detecção de resíduos de antibióticos

Não foi detectada a presença de resíduos de antibióticos entre as 12 amostras

do leite de conjunto das 09 propriedades. Acredita-se que este achado possa ser

justificado pelo razoável controle higiênico-sanitário do rebanho, o qual foi expresso,

principalmente pelas baixas contagens de células somáticas do leite. Idênticas

observações foram realizadas por PONSANO et al. (2004) em trabalho realizado na

região de Araçatuba-SP.

Por outro lado, NASCIMENTO et al. (2003), COSTA et al. (1999), BARREIRA et

al. (2005) e KOIDE & GIROTO (2004) verificaram a ocorrência de amostras com

resíduos de antibióticos, cujos valores encontrados foram de 16,6%, 6,90%, 7,54% e

1,68%, respectivamente. Os autores acreditam que tais achados possam ser explicados

pela elevada ocorrência de células somáticas no rebanho, indicando mastite, com

conseqüente uso indiscriminado de antibióticos como tratamento.

Page 49: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualidade físico-química, microbiológica e celular apresentada pelo leite,

provavelmente possa ser explicada pelo fato de que o sistema de uso do tanque

comunitário, objeto do presente estudo, era praticamente familiar, visto que apenas um

dos produtores não possuía qualquer grau de parentesco com os demais, de modo que

havia uma relação de confiança entre eles, já que possuíam interesses comuns.

Acredita-se que houve uma preocupação conjunta com a qualidade do leite,

representado pelo comprometimento do grupo com a higiene e a entrega imediata do

produto no tanque comunitário após a ordenha, fato este que viabilizou a obtenção de

um produto dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

Assim sendo, depreende-se que a prática do resfriamento do leite na

propriedade, quando acompanhada das normas de boas práticas de produção,

incluindo controle sanitário do rebanho, principalmente a mastite, pode reduzir o uso de

medicamentos para o tratamento desta enfermidade e, conseqüentemente, a

possibilidade de veiculação de resíduos no leite, de modo a proporcionar a obtenção de

um produto de melhor qualidade.

Acredita-se que a formação de uma associação organizada com constante

integração entre os produtores, indústria, centros de pesquisa e órgãos fiscalizadores,

possa contribuir para a padronização de procedimentos que permitam a obtenção de

matéria-prima de reconhecida qualidade.

Page 50: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

38

6. CONCLUSÕES

Os resultados verificados no presente estudo, permitem concluir que o uso de

tanque comunitário pode proporcionar a obtenção de leite com qualidade físico-química,

microbiológica e celular, atendendo os limites propostos pela legislação vigente, desde

que obedecidas as normas de boas práticas de produção.

Page 51: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

39

7. REFERÊNCIAS*

ALVES, C. et al. Avaliação da influência do conservante bronopol na determinação do

índice crioscópico do leite cru. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 21.,

2004, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2004. p.482-484.

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Committee on Microbiological Methods

for Foods. Compendium of methods for the microbiological examination of foods.

3. ed. Washington: American Public Health Association, 2001. 1219p.

BARREIRA, V.B.; et al. Pesquisa de resíduos de antibióticos em amostras de leite da

Cooperativa Regional Agropecuária de Macuco, município de Macuco, Estado do Rio

de Janeiro. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 22., 2005, Juiz de Fora.

Anais... Juiz de Fora: Templo. 2005. p.91-93.

BELL, C. et al. An evaluation of IDEXX SNAP test for the detection of ß-lactams

antibiotics in ex-farm milks. Netherlands Milk Journal, Wageningen, n.49, p.15-25,

1995.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Inspeção de Produtos de

Origem Animal. Métodos analíticos oficiais para controle de produtos de origem

animal e seus ingredientes: II-Métodos físico-químicos. Brasília. 1981.174p.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa n.51, de 18 de Setembro de

2002. Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade, Qualidade, Coleta e

Transporte de Leite. Brasília; 2002. 48p. (Instrução Normativa n.51, 2002).

* De acordo com as Normas NBR 6023:2002

Page 52: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

40

BRITO, J.R.F.; BRITO, M.A.V.P. Conceitos básicos da qualidade do leite.2003.

Disponível em: http://www.mastite.com.br/artigo06.htm. Acesso em: 22 maio 2004.

BRITO, J.R.F.; DIAS, J.C. (Ed). Conceitos básicos da qualidade. In: __. A qualidade do

leite. Juiz de Fora: Embrapa-CNPGL, São Paulo. 1998. p.59-66.

BRITO, J.R.F.B.; BRITO, M.A.V.P. Qualidade higiênica do leite. Juiz de Fora:

Embrapa-CNPGL-ADT, 1998.17p. (Documentos, 62).

BRITO, M.A.V.P. et al. Qualidade do leite armazenado em tanques de refrigeração

comunitários. In: ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS, PROCESSUAIS E DE

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PRODUÇÃO DE LEITE EM BASES SUSTENTÁVEIS.

Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2003, cap.2.

BRITO, M.A.V.P. Qualidade do leite a partir de detalhes. Balde Branco, São Paulo,

n.37, p.66-74, 2001.

BRITO, M.A.V.P. Resíduos de antimicrobianos no leite. Juiz de Fora: Embrapa-

CNPGL, 2000. 28p. (Circular técnica 60).

BRITO, M.A.V.P.; BRITO, J.R.F.; PORTUGAL, J.A.B. Identificação de contaminantes

bacterianos no leite cru de tanques de refrigeração. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 19., 2002, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2002. p.83-88.

BRITO, M.A.V.P.; DINIZ, F.H. Tanques comunitários: Qualidade aos pequenos. Balde

Branco, São Paulo, n.489A, p.40-42, 2005.

BUENO, V.F.F. et al. Influência da temperatura de armazenamento e do sistema de

utilização do tanque de expansão sobre a qualidade microbiológica do leite cru. Higiene

Alimentar, São Paulo, v.18, n.124, p.62-67, 2004.

Page 53: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

41

CECALAIT (Centre D’études et de Controle des Analyses em Industrie Laitière) La lettre

de CECALAIT, n.7, 1993.

CELESTINO, E.L. et al. The effects of refrigerated storage on the quality of raw milk.

The Australian Journal of Dairy Technology, Australia, v.51, p.59-63, 1996.

CERQUEIRA, M.M.O.P. et al. Características microbiológicas de leite cru e beneficiado

em Belo Horizonte (MG). Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo

Horizonte, v.46, n.6, p.713-721, 1994.

CERQUEIRA, M.M.O.P. et al. Composição, contagem bacteriana total, de células

somáticas e de Staphylococcus sp em leite cru segundo tipo de ordenha e tanque

refrigerados. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO LEITE, 1., 2004,

Passo Fundo. Anais eletrônico... [CD-ROM], Passo Fundo:2004.

COSTA, E. O. et al. Presença de resíduos de antibióticos no leite de pequena mistura

de propriedades leiteiras. Napgama, São Paulo, v.2, n.1, p.10-13, 1999.

COUSIN, M.A. et al. Psychrotrophic Microorganisms. In: Compendium of Methods for

the Microbiological Examination of Foods. 3. ed. Washington, 1992. cap. 9, 153-168.

COUSIN, M.A. Presence and activity of psychrotrophic microorganisms in milk and dairy

products: a review. Journal of Food Protection, Ames, v.45, n.2, p.172-207, 1982.

DURR, J.W. et al. Resíduos de ß-Lactâmicos em leite cru no Rio Grande do Sul. In:

CONGRESSO PANAMERICANO DE QUALIDADE DO LEITE E CONTROLE DE

MASTITE, 2., 2002, Ribeirão Preto. Anais eletrônicos... [CD-ROM], Ribeirão Preto:

Instituto Fernando Costa, 2002.

Page 54: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

42

FARIAS, A.X. et al. Verificação da ocorrência de fraude aquosa em leite cru. In:

CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 22., 2005, Juiz de Fora. Anais... Juiz de

Fora: Templo. 2005. p.169-170.

FONSECA, L.F.L. Leite a granel: modelo moderno de estocagem e transporte. Leite &

Derivados, São Paulo, v. 7, n.40, p.16-21, 1998.

FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do leite e controle de mastite. São

Paulo, 2000. 175p.

FONSECA, L.M. et al. Índice crioscópico do leite. Cadernos Técnicos da Escola de

Veterinária UFMG, Belo Horizonte, n.13, p.73-83, 1995.

FONTES, A.C.L; CASTRO, P.R.S.de; BRANDÃO, S.C.C. Avaliação do uso da redutase

para determinação da qualidade do leite coletado a granel. In: CONGRESSO

NACIONAL DE LATICÍNIOS, 19., 2002, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo.

2002. p.47-52.

JEFREY, D.C. Microorganisms and refrigeration temperatures. Dairy, Food and

Environmental Sanitation, Desmoines, v.10, n.4, p.192-194, 1990.

KOIDE, E.M.; GIROTO, J.M. Verificação da presença de resíduos de antibióticos no

leite in natura na região dos Campos Gerais – Paraná. In: CONGRESSO NACIONAL

DE LATICÍNIOS, 21., 2004, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2004. p.436-

438.

MARTINS, M.C. Agronegócio do leite. Informe econômico do leite, Juiz de Fora, Ano

3, n.3, p.2, 2003.

Page 55: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

43

MENDONÇA, A.H. et al. Qualidade físico-química de leite cru resfriado: comparação de

diferentes procedimentos e locais de coleta. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 18., 2001, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2001a. p.276-282.

MENDONÇA, A.H. et al. Estudo de fatores que influenciam a qualidade do leite cru,

submetido à coleta a granel. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 18., 2001,

Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2001b. p.289-293.

MENDONÇA, A.H. et al. Qualidade microbiológica de leite cru resfriado: comparação de

diferentes procedimentos e locais de coleta. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 18., 2001, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2001c. p.282-288.

MESQUITA, A.J. et al. Milk quality in bulk tanks of community and individual use, in

Goiás State - Brazil. In: CONGRESSO PANAMERICANO DE QUALIDADE DO LEITE

E CONTROLE DE MASTITE, 2., 2002, Ribeirão Preto. Anais eletrônicos... [CD-ROM],

Ribeirão Preto: Instituto Fernando Costa, 2002.

MURPHY, S. Raw milk bactéria tests: Standard plate counts, preliminary incubation

counts, lab pasteurized count, and coliform count. What do they mean for your farm? In:

NATIONAL MASTITIS COUNCIL REGIONAL MEETING, 1997. Syracuse.

Proceedings...1997. p.34-42.

NADER FILHO, A. et al. Estudo comparativo entre a prova de redutase, contagem

padrão em placas e contagem leucocitária. II. Leite “in natura” procedente de vacas não

reagentes ao California Mastitis Test (CMT). Revista do Instituto de Laticínios

Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.38, n.230, p.19-22, 1983.

NASCIMENTO, I.R. et al. Avaliação da qualidade da matéria-prima destinada a

produção de derivados de leite – Estado de Sergipe. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 20., 2003, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2003. p.216-219.

Page 56: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

44

NASCIMENTO, M.S.; SOUZA, P.A. Estudo da correlação linear entre a contagem

padrão em placa, a contagem de psicrotróficos e a prova de redutase em leite cru

refrigerado. Higiene Alimentar, São Paulo, v.16, n.97, p.81-86, 2002.

NEIVA, R. Tanques comunitários podem ajudar pequeno produtor a produzir leite com

qualidade.2003. Disponível em: http://www.cnpgl.embrapa.br/noticias/especial03.php.

Acesso em: 20 maio 2004.

NERO, L.A. et al. Leite cru de quatro regiões leiteiras brasileiras: perspectivas de

atendimento dos requisitos microbiológicos estabelecidos pela Instrução Normativa nº

51. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.25, n.1, p.191-195, 2005.

NEVES, M.V.O. et al. Parâmetros físico-químicos e contagem de células somáticas de

leite cru individual do Estado de Minas Gerais - Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 21., 2004, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2004. p.239-242.

OLIVEIRA, C.A.F. et al. Aspectos relacionados à produção, que influenciam a qualidade

do leite, Higiene Alimentar, São Paulo, v.13, n.62, p.10-16, 1999.

PEREIRA JÚNIOR, F.N. et al. Comparação de métodos utilizados para a enumeração

de microrganismos psicrotróficos em leite cru. In: CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 18., 2001, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2001. p.334-339.

PICININ, L.C.A. et al. Qualidade microbiológica e pesquisa de inibidores em leite cru

resfriado. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 18., 2001, Juiz de Fora.

Anais... Juiz de Fora: Templo. 2001. p.311-321.

Page 57: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

45

PONSANO, E.H.G. et al. Adequação do leite produzido na região de Araçatuba aos

padrões preconizados pela IN 51/2002 – MAPA. Parte 2 – Leite Individual. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO LEITE, 1., 2004, Passo Fundo.

Anais eletrônico... [CD-ROM], Passo Fundo:2004.

PORTO, C.R. et al. Ocorrência de resíduos de antibióticos beta-lactâmicos no leite cru

entregue à indústria na região sudeste do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO

NACIONAL DE LATICÍNIOS, 19., 2002, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo.

2002. p.313-316.

PRADA SILVA et al. Efeito do nível de células somáticas sobre os constituintes do leite:

II – lactose e sólidos totais. Brazilian Journal of Veterinary Research, São Paulo,

v.37, n.4, p.330-333, 2000.

RIBEIRO, M.T.; TEIXEIRA, S.R.L Qualidade do leite em tanques de expansão

individuais ou comunitários. Glória Rural, Rio de Janeiro, v.3, n.38, p.28-35, 2000.

ROQUE, R.A. et al. Quantificação de microrganismos psicrotróficos em leites

pasteurizados tipos B e C, comercializados na cidade de São Paulo, SP. Higiene

Alimentar, São Paulo, v.17, n.112, p.59-68, 2003.

ROSÁRIO, T.R. Avaliação da presença de resíduos de antibióticos no leite

comercializado no município de Pirassununga, SP. 2002. 89 p. Dissertação

Mestrado – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de

São Paulo, Pirassununga.

RUEGG, P.L. Vacinas para mastite: como avaliar sua eficácia. In: Curso novos

enfoques na produção e reprodução de bovinos, 5., 2001, Uberlândia. Anais...

Botucatu: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São

Paulo/CONAPEC Junior, 2001a. p.6-11.

Page 58: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

46

RUEGG, P.L. Contagem de células somáticas como ferramenta para avaliação, controle

e tratamento de mastite. In: Curso novos enfoques na produção e reprodução de

bovinos, 5., 2001, Uberlândia. Anais... Botucatu: Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia, Universidade de São Paulo/CONAPEC Junior, 2001b. p.25-33.

SANTOS, D.; BERGMANN, G.P. Influência da temperatura durante o transporte, sobre

a qualidade microbiológica do leite cru. III – Psicrotróficos. Higiene Alimentar, São

Paulo, v.17, n.111, p.86-91, 2003.

SANTOS, J.A. Leite: um produto que ainda move o Estado de Minas. Leite &

Derivados, São Paulo, n.65, p.52-75, 2002.

SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. Granelização e resfriamento do leite e seu impacto

sobre a qualidade. Leite & Derivados, São Paulo, n.71, p.35-44, 2003.

SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. Importância e efeito de bactérias psicrotróficas sobre

a qualidade do leite. Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.82, p.13-19, 2001.

SOARES, P.V.; PRATA, L.F. Estimativa rápida da carga de microrganismos

psicrotróficos em leite cru refrigerado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUALIDADE

DO LEITE, 1., 2004, Passo Fundo. Anais eletrônico... [CD-ROM], Passo Fundo:2004.

SOUTO, L.I.M. et al. Contagem padrão em placas (CPP) de microrganismos mesófilos

em leite cru de propriedades leiteiras no Estado de São Paulo, Brasil. In: CONGRESSO

LATINO-AMERICANO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS, 2. CONGRESSO

BRASILEIRO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS, 8. ENCONTRO NACIONAL DE

CENTROS DE ZOONOSES, 1., 2005, Búzios. Anais eletrônicos... [CD-ROM], Búzios:

ed. 130, 2005.

Page 59: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

47

SOUZA, M.R. et al. Avaliação da qualidade do leite resfriado, estocado em

propriedades rurais por 48h e recebido por uma indústria de laticínios. In:

CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 16., 1999, Juiz de Fora. Anais... Juiz de

Fora: Templo. 1999. p.238-241.

TORNADIJO, M.E. et al. La calidade de la leche destinada a la fabricación de queso:

calidade química. Ciencia e Tecnología Alimentaria, v.2, n.2, p.79-91, 1998.

TRONCO, V.M. Antibióticos no leite. In: MANUAL PARA INSPEÇÃO DA QUALIDADE

DO LEITE. Santa Maria: UFSM. 1997. cap. 8.

VERAS, J.F. et al. Monitoramento da qualidade do leite cru e da higienização de tetos,

equipamentos e utensílios. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 19., 2002,

Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Templo. 2002. p.307-311.

WOLFSCHOON-POMBO et al. Sobre a crioscopia do leite. Revista do Instituto de

Laticínos Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.41, n.246, p.3-9, 1986.

ZOCCAL, R. Pesquisa radiografa produção familiar. Revista DBO: Mundo do Leite,

São Paulo, n.8, p.32-33, 2004.

Page 60: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

48

APÊNDICE

Page 61: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

49

Tabela 1. Valores dos componentes físico-químicos das 72 amostras de leite cruprovenientes das 09 (nove) propriedades rurais que entregavam leite no tanque deexpansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Propriedades Acidez*

Densidade(g/mL)**

Gordura(g/100g)

Crioscopia(ºH)***

EST(g/100g)

ESD(g/100g)

1 17 1.032 3,1 -0,547 12,05 8,951 17 1.032 3,3 -0,542 12,35 9,051 17 1.031 3,0 -0,544 11,64 8,641 17 1.031 3,0 -0,546 11,78 8,781 17 1.033 2,7 -0,553 11,87 9,171 17 1.031 3,0 -0,555 11,82 8,821 16 1.033 3,3 -0,552 12,55 9,251 16 1.032 3,4 -0,549 12,45 9,052 16 1.032 3,8 -0,543 12,88 9,082 16 1.032 3,7 -0,543 12,70 9,002 15 1.030 3,8 -0,542 12,48 8,682 16 1.030 4,1 -0,549 12,88 8,782 18 1.030 3,3 -0,546 11,90 8,602 16 1.031 3,2 -0,546 12,05 8,852 16 1.031 3,4 -0,544 12,16 8,762 16 1.032 3,9 -0,544 13,05 9,153 16 1.030 4,2 -0,538 13,03 8,833 17 1.032 4,2 -0,542 13,50 9,303 18 1.031 4,0 -0,537 12,83 8,833 18 1.030 4,2 -0,537 12,95 8,753 17 1.030 3,9 -0,541 12,62 8,723 16 1.031 3,5 -0,540 12,22 8,723 15 1.031 4,5 -0,539 13,45 8,953 16 1.030 4,0 -0,538 12,67 8,674 15 1.031 4,0 -0,554 12,97 8,974 16 1.031 4,1 -0,554 13,17 9,074 16 1.031 3,7 -0,554 12,48 8,784 16 1.031 4,1 -0,554 13,17 9,074 17 1.031 3,7 -0,554 12,62 8,924 17 1.031 3,5 -0,554 12,22 8,724 16 1.030 3,7 -0,554 12,36 8,664 16 1.031 3,6 -0,554 12,40 8,805 16 1.032 4,8 -0,555 14,10 9,305 16 1.031 4,7 -0,540 13,80 9,105 16 1.030 4,4 -0,539 13,24 8,845 15 1.031 4,7 -0,544 13,64 8,945 14 1.030 4,4 -0,546 13,18 8,785 14 1.030 4,9 -0,552 13,83 8,935 14 1.030 4,7 -0,543 13,49 8,795 15 1.030 4,8 -0,548 13,60 8,806 16 1.029 4,9 -0,540 13,52 8,626 16 1.032 4,1 -0,535 13,26 9,166 15 1.031 4,4 -0,543 13,39 8,996 14 1.026 3,5 -0,484 11,07 7,576 17 1.031 3,7 -0,548 12,58 8,88

Page 62: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

50

6 17 1.030 3,7 -0,546 12,22 8,526 16 1.031 3,5 -0,538 12,23 8,736 16 1.030 3,8 -0,541 12,44 8,647 16 1.031 4,1 -0,549 13,14 9,047 18 1.032 3,8 -0,557 13,04 9,247 17 1.033 3,8 -0,551 13,11 9,317 16 1.031 3,6 -0,546 12,35 8,757 17 1.030 2,9 -0,553 11,47 8,577 15 1.030 3,1 -0,547 11,70 8,607 16 1.032 2,9 -0,549 11,81 9,817 15 1.031 3,0 -0,547 11,73 8,738 16 1.032 2,8 -0,546 11,65 8,858 17 1.033 3,0 -0,554 12,13 9,138 17 1.032 2,9 -0,547 11,76 8,868 18 1.032 2,7 -0,551 11,71 9,018 16 1.032 2,8 -0,548 11,63 8,838 16 1.031 2,9 -0,548 11,70 8,808 15 1.030 2,8 -0,545 11,26 8,468 15 1.032 3,2 -0,552 12,16 8,969 16 1.033 3,9 -0,549 13,25 9,359 16 1.032 3,6 -0,547 12,80 9,209 18 1.032 3,9 -0,547 12,94 9,049 18 1.031 4,3 -0,547 13,17 8,879 18 1.032 4,2 -0,561 13,45 9,259 17 1.032 4,1 -0,556 13,20 9,109 16 1.033 4,1 -0,559 13,50 9,409 17 1.034 4,0 -0,558 13,62 9,62

*g de ácido lático/100 mL **Densidade relativa a 15º C ** ºH (HORTVET)

Page 63: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

51

Tabela 2. Valores dos componentes físico-químicos das 12 amostras de leite cruprovenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais que entregavamleite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de2005.

Momentos Acidez*

Densidade(g/mL)**

Gordura(g/100g)

Crioscopia(ºH)***

EST(g/100g)

ESD(g/100g)

0 16 1.031 3,6 -0,546 12,62 8,920 16 1.031 3,6 -0,543 12,50 8,900 17 1.031 3,5 -0,549 12,36 8,860 16 1.031 3,7 -0,546 12,56 8,86

24 horas 16 1.032 3,8 -0,544 12,93 9,1324 horas 17 1.032 3,5 -0,556 12,52 9,0224 horas 17 1.032 3,6 -0,546 12,80 9,2024 horas 16 1.033 3,7 -0,547 12,96 9,26

Remontagem 16 1.032 3,7 -0,542 12,75 9,05Remontagem 17 1.031 3,5 -0,543 12,40 8,80Remontagem 17 1.032 3,2 -0,548 12,12 8,92Remontagem 16 1.031 3,6 -0,546 12,55 8,95

*g de ácido lático/100 mL **Densidade relativa a 15º C ** ºH (HORTVET)

Page 64: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

52

Tabela 3. Valores das populações de microrganismos mesófilos e de psicrotróficos das72 amostras de leite cru provenientes das 09 (nove) propriedades rurais queentregavam leite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abrila Julho de 2005.

Propriedades Microrganismosmesófilos

(UFC/mL)

Microrganismospsicrotróficos

(UFC/mL)

Redutase (horas)

1 4,8 x 104 1,0 x 104 4:001 2,1 x 107 8,7 x 104 1:301 1,5 x 105 1,8 x 104 3:301 6,1 x 104 6,9 x 103 5:001 2,2 x 107 2,0 x 104 1:301 4,4 x 106 2,7 x 104 3:001 5,8 x 106 2,2 x 104 4:301 6,3 x 106 1,9 x 104 3:002 2,3 x 104 2,2 x 104 4:002 1,9 x 104 6,6 x 103 4:002 6,3 x 103 1,9 x 103 4:002 4,2 x 104 4,2 x 103 5:002 1,1 x 104 3,3 x 103 4:002 1,1 x 104 1,0 x 103 4:302 6,7 x 103 1,3 x 104 3:302 3,1 x 103 3,2 x 103 3:303 1,8 x 104 5,1 x 104 4:303 6,2 x 104 1,1 x 104 4:003 1,3 x 104 8,4 x 103 4:303 1,3 x 105 8,7 x 102 4:003 1,8 x 105 1,0 x 104 3:003 1,2 x 104 5,6 x 102 3:303 6,1 x 104 1,1 x 104 5:003 4,0 x 104 1,4 x 104 4:304 4,1 x 104 1,0 x 104 3:304 4,8 x 104 7,5 x 102 4:004 9,6 x 104 4,7 x 103 4:304 6,2 x 104 7,6 x 103 5:304 1,5 x 105 7,0 x 104 3:004 1,6 x 105 8,7 x 103 2:304 5,3 x 104 1,5 x 104 3:304 1,1 x 105 1,3 x 104 5:005 2,6 x 104 1,6 x 104 4:305 3,5 x 104 9,3 x 103 5:005 2,0 x 104 1,3 x 104 5:005 6,8 x 104 8,4 x 103 2:305 3,8 x 103 5,8 x 102 5:005 4,6 x 103 6,3 x 102 6:005 6,4 x 104 6,5 x 102 4:305 6,4 x 104 3,6 x 103 5:006 3,6 x 105 1,0 x 104 4:306 6,7 x 105 5,2 x 104 5:00

Page 65: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

53

6 1,9 x 104 1,1 x 103 5:306 3,2 x 105 3,6 x 103 5:306 1,2 x 105 7,6 x 103 4:306 5,2 x 105 7,7 x 102 3:006 1,1 x 105 1,2 x 104 5:006 9,7 x 104 1,0 x 104 5:007 2,0 x 105 8,5 x 104 2:307 3,7 x 104 4,1 x 104 4:307 1,2 x 105 4,2 x 104 4:307 1,0 x 105 3,7 x 103 2:307 2,0 x 107 9,5 x 104 1:307 9,2 x 105 6,3 x 103 2:307 8,3 x 103 8,7 x 105 3:007 2,0 x 103 9,6 x 105 2:308 4,3 x 104 7,5 x 103 4:008 1,1 x 104 7,3 x 103 4:308 6,1 x 103 5,6 x 103 3:308 8,9 x 104 2,0 x 104 3:308 7,0 x 104 1,8 x 104 3:008 6,6 x 103 8,7 x 103 3:308 3,2 x 104 1,3 x 104 4:308 4,9 x 104 2,1 x 104 3:309 1,5 x 104 5,0 x 103 4:309 1,6 x 104 1,8 x 103 3:309 1,1 x 104 7,5 x 103 5:309 4,1 x 104 4,1 x 103 5:309 6,2 x 102 3,2 x 102 5:009 1,1 x 104 4,2 x 102 6:009 3,5 x 104 8,1 x 103 5:009 1,1 x 104 7,7 x 103 5:00

Page 66: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

54

Tabela 4. Valores das populações de microrganismos mesófilos e de psicrotróficos das12 amostras de leite cru provenientes do leite de conjunto das 09propriedades rurais que entregavam leite no tanque de expansão comunitário,Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Momentos Microrganismosmesófilos

(UFC/mL)

Microrganismospsicrotróficos

(UFC/mL)Redutase

(horas)

0 1,3 x 105 6,5 x 104 04:000 6,2 x 104 1,0 x 104 03:300 9,5 x 105 6,0 x 104 03:000 3,7 x 105 4,5 x 104 04:00

24 horas 1,0 x 105 4,6 x 104 05:0024 horas 1,8 x 105 1,5 x 106 04:0024 horas 6,2 x 105 8,2 x 104 03:0024 horas 1,8 x 105 1,1 x 106 04:30

Remontagem 1,8 x 105 5,5 x 104 04:30Remontagem 9,2 x 104 3,8 x 104 05:30Remontagem 1,3 x 106 1,0 x 104 03:00Remontagem 5,7 x 105 8,7 x 104 04:30

Page 67: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

55

Tabela 5. Valores das contagens de células somáticas das 72 amostras de leite cruprovenientes das 09 (nove) propriedades rurais que entregavam leite notanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Propriedades Contagem de células somáticas

(CS/mL)

1 103.0001 172.0001 205.0001 121.0001 172.0001 138.0001 163.0001 129.0002 182.0002 140.0002 199.0002 190.0002 185.0002 91.0002 102.0002 99.0003 144.0003 141.0003 215.0003 205.0003 228.0003 55.0003 579.0003 484.0004 407.0004 138.0004 167.0004 451.0004 268.0004 100.0004 165.0004 126.0005 135.0005 135.0005 125.0005 155.0005 359.0005 347.0005 298.0005 267.0006 432.0006 472.0006 358.0006 342.000

Page 68: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

56

6 214.0006 394.0006 516.0006 311.0007 67.0007 42.0007 56.0007 46.0007 34.0007 41.0007 60.0007 55.0008 104.0008 124.0008 383.0008 81.0008 57.0008 111.0008 181.0008 96.0009 61.0009 60.0009 56.0009 79.0009 213.0009 189.0009 93.0009 55.000

Page 69: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS ...javali.fcav.unesp.br/sgcd/Home/download/pgtrabs/mvp/m/2704.pdf · Valores médios das populações de microrganismos mesófilos

57

Tabela 6. Valores das contagens de células somáticas das 12 amostras de leite cruprovenientes do leite de conjunto das 09 propriedades rurais que entregavamleite no tanque de expansão comunitário, Sacramento-MG, Abril a Julho de 2005.

Momentos Contagem de células somáticas

(CS/mL)

0 220.0000 215.0000 144.0000 197.000

24 horas 222.00024 horas 197.00024 horas 157.00024 horas 202.000

Remontagem 172.000Remontagem 187.000Remontagem 145.000Remontagem 191.000