Capítulo VIII Verificação final · Capítulo VIII Verificação final Parte 2 respaldo à...

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36 Apoio Instalações de média tensão – ABNT NBR 14039 Por Marcus Possi* Como já abordado no capítulo “Verificação final – Parte 1” – publicado na edição 65, de junho de 2011 –, sua função básica é orientar as equipes e os profissionais na validação das instalações elétricas construídas ou em manutenção. Dessa forma, o conjunto de verificações e ensaios a serem realizados, mesmo que de forma indireta, devem guardar a segurança tanto das pessoas, como das instalações e dos processos operacionais e produtivos, tendo o máximo de garantia ao ser humano, ao patrimônio e ao negócio da organização. A inspeção visual, tema abordado anteriormente, inicia o processo de validação das boas condições de uma instalação elétrica, seguida do complemento e bateria de ensaios e testes aplicados, antes da liberação para os serviços em segurança. A NR 10 do Ministério do Trabalho e Emprego não define quais ensaios devem ser realizados, mas aponta para as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes. Temos o item 10.4.6 – ensaios e testes elétricos laboratoriais, de campo e de comissionamento de instalações elétricas. Ensaios – prescrições gerais Antes de essa norma ser elaborada, as melhores práticas apontavam para uma etapa dos serviços realizados nas instalações elétricas de média e alta tensão, em particular, nas concessionárias de energia, que era normalmente chamada de comissionamento. Nessa etapa, um grupo específico de profissionais dedicados realizava uma bateria de ensaios e verificações para emitir a documentação que daria o Capítulo VIII Verificação final Parte 2 respaldo à liberação para colocação em serviço dos equipamentos e instalações. Esse mesmo conjunto de ensaios e procedimentos era realizado em menor escala ao final de manutenções parciais ou de pequenas ampliações, mesmo quando os serviços eram feitos apenas para mudanças e inclusões de proteções de sistemas. Atualmente, isso ainda é mantido e a norma ABNT NBR 14039 já registra os ensaios que devem ser realizados, ainda que em condições mínimas, para as instalações de um modo geral. É muito importante registrar que a comissão que apoiou a redação da norma deixou evidente que existem ensaios específicos definidos pelos fabricantes de equipamentos que devem ser levados em consideração e serão comentados a seguir. A norma ABNT NBR 14039 prevê que devam existir em registro no mínimo os seguintes ensaios: Continuidade elétrica dos condutores de proteção e das ligações equipotenciais principais e suplementares Resistência de isolamento da instalação elétrica Ensaio de tensão aplicada Ensaio para determinação da resistência de aterramento Ensaios recomendados pelos fabricantes dos equipamentos Ensaios de funcionamento Deve-se destacar aqui uma advertência muito oportuna. O ensaio das partes isoladas, ou de cada um dos equipamentos, não substitui, nem pode ser considerado como o ensaio da instalação elétrica após montagem ou reparo.

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Por Marcus Possi*

Como já abordadono capítulo “Verificaçãofinal

– Parte 1” – publicado na edição 65, de junho de

2011–, sua funçãobásicaéorientarasequipeseos

profissionais na validação das instalações elétricas

construídas ou em manutenção. Dessa forma, o

conjuntodeverificaçõeseensaiosaseremrealizados,

mesmo que de forma indireta, devem guardar a

segurança tanto das pessoas, como das instalações

e dos processos operacionais e produtivos, tendo o

máximodegarantiaaoserhumano,aopatrimônioe

aonegóciodaorganização.

A inspeçãovisual, temaabordadoanteriormente,

iniciaoprocessodevalidaçãodasboascondiçõesde

uma instalação elétrica, seguida do complemento e

bateriadeensaiosetestesaplicados,antesdaliberação

paraosserviçosemsegurança.

A NR 10 do Ministério do Trabalho e Emprego

não define quais ensaios devem ser realizados, mas

apontaparaasnormas técnicasoficiaisestabelecidas

pelos órgãos competentes. Temos o item 10.4.6 –

ensaiosetesteselétricoslaboratoriais,decampoede

comissionamentodeinstalaçõeselétricas.

Ensaios – prescrições gerais Antes de essa norma ser elaborada, as melhores

práticas apontavam para uma etapa dos serviços

realizados nas instalações elétricas de média e alta

tensão,emparticular,nasconcessionáriasdeenergia,

queeranormalmentechamadadecomissionamento.

Nessa etapa, um grupo específico de profissionais

dedicados realizava uma bateria de ensaios e

verificaçõesparaemitiradocumentaçãoquedariao

Capítulo VIII

Verificação final Parte 2

respaldo à liberação para colocação em serviço dos

equipamentoseinstalações.

Essemesmoconjuntodeensaioseprocedimentos

era realizado em menor escala ao final de

manutenções parciais ou de pequenas ampliações,

mesmoquandoosserviçoseramfeitosapenaspara

mudanças e inclusões de proteções de sistemas.

Atualmente, issoaindaémantidoeanormaABNT

NBR 14039 já registra os ensaios que devem ser

realizados, ainda que em condições mínimas,

para as instalações de um modo geral. É muito

importante registrar que a comissão que apoiou a

redação da norma deixou evidente que existem

ensaios específicos definidos pelos fabricantes

de equipamentos que devem ser levados em

consideraçãoeserãocomentadosaseguir.

A norma ABNT NBR 14039 prevê que devam

existiremregistronomínimoosseguintesensaios:

• Continuidadeelétricadoscondutoresdeproteçãoe

dasligaçõesequipotenciaisprincipaisesuplementares

• Resistênciadeisolamentodainstalaçãoelétrica

• Ensaiodetensãoaplicada

• Ensaioparadeterminaçãodaresistênciadeaterramento

• Ensaiosrecomendadospelosfabricantesdosequipamentos

• Ensaiosdefuncionamento

Deve-se destacar aqui uma advertência muito

oportuna. O ensaio das partes isoladas, ou de cada

um dos equipamentos, não substitui, nem pode ser

consideradocomooensaiodainstalaçãoelétricaapós

montagemoureparo.

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1. Por diversas vezes se verificou que, embora os equipamentos

utilizadosnainstalaçãopossuíssemníveisdeisolamentoadequados

oudentrodelimitesetolerâncias,apósasuamontagememposição

finaleinterligaçõesaosistemaelétrico,oresultadodessenívelde

isolamentoeraprecárioouabaixodoslimitesestabelecidos;

2. Os ensaios de um equipamento antes de seu transporte do

localdearmazenagemaolocalde instalaçãoeapós,mostrou-se

depreciado;

3. Os ensaios de um equipamento antes de sua montagem

completadaeapós,mostrou-sedepreciado;

4.Osensaiosdeumequipamentooudeumainstalaçãoconcluída

após um espaço de tempo maior que 30 dias mostraram-se

depreciados por conta da não energização ou de condições

agressivasnãoprevistas.

Dessaforma,arealizaçãodeumabateriadeensaiosaofinal

dos procedimentos de montagem ou de manutenção se mostra

imperiosa, e descrita na norma, mas não invalida a realização

de ensaios emmomentos distintos com o objetivo demanter o

processodegarantiadaqualidadenosserviçosdeengenhariade

construçãooumanutenção.Nocaso1acima,detectou-sefalhasde

montagem,desoluçãotécnicaoudemalusodeequipamentosde

conexão.Nocaso2,detectaram-seproblemasdetransportecom

danos internosnãovisíveis.Nocaso3,verificaram-seproblemas

na montagem, esquecimento de ferramentas no interior do

equipamento ou atémesmo dano ao isolante ou partes internas

e móveis dos acionamentos e mecanismos. Por fim, no caso 4

apresentado,pode-sepordiversasvezesconstatarvíciosocultos,

condições inadequadas de preservação ou até mesmo falha em

projetosdeequipamentos.

Continuidade elétrica dos condutores de proteção Um dos maiores desafios da equipe de testes é entender

o significado desse termo da norma, assim como prover sua

realização.Acontinuidadedoscondutoresdeproteçãopodeser

resumida na seguinte frase: o aterramento principal, os trechos

deconexãoentreequipamentosemalhasdeterra,asligaçõesde

equipotencialização previstas em projetos não só existem, mas

tambémfuncionamouestãoligadaseletricamenteentresi.Amalha

deaterramentodeveserconstruídaemontada,aindaquenaetapa

deconstruçãocivil,porprofissionaisqueentendamsuaimportância

evalorparaasinstalações.Isso,comcerteza,aumentaráocustode

suainstalação,masdeve-segarantirqueaspreocupaçõesirãoalém

dasimplespreocupaçãocomofurtodemateriais,contemplaráa

garantia da qualidade das conexões,mecânicas ou exotérmicas.

Elasserãoenterradaseoacessovisualfugirádacapacidadevisual

dosinspetores,daíaimportânciadadocumentaçãopreservadae

dosregistrosformais.

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Os trechos que levam os “condutores de aterramento” ou

de equipotencialização do subsolo para fora, agora já visíveis,

devemserverificadosnãoapenasnasua“existência”comonasua

conexãomecânicaeelétrica.Anormamencionaqueoensaiode

continuidadedeveserrealizadocomumafontedetensãoqueem

vaziotenhaentre4Ve24V,sendoesselimitesuperiorespecificado

pelasegurançaecorrentedeensaiodeveserde,nomínimo,0,2

A.Aaplicaçãodecorrente,oucomumentefalando,a“injeçãode

corrente”emumdoscondutoresdeacessoàmalha,bemcomoa

coletadecorrenteporoutrocondutorjádemonstradeformamuito

simplesoprocessodeverificaçãodacontinuidade.

É importante ressaltar que essa fonte de tensão deve ser

independente da fonte de energia da concessionária ou estar

eletricamente isolada dela por conta do retorno de energia por

“terra”emoutroponto,mascarandoosresultadosdoteste.

Resistência de isolamento da instalação A resistência de isolamento significa o valor encontrado de

“resistênciaelétrica”doequipamentoemsuaspartescomfinsde

isolamento,nascondiçõesdetensãoaplicadadevalorinferiorou

não à nominal que, pormedição de corrente elétrica diminuta,

resultaráemumcálculoindiretocomumvalorôhmico.

Essevalordeverásercomparadocomparâmetrosoureferências

geraisque,apósanálise,dirão seoequipamento resistiráauma

aplicação de tensão nominal plena sem comprometimento de

sua integridade.Esteensaio temoobjetivodegarantir,pormeio

devaloresaplicadosdetensãoreduzida,oisolamentodaspartes

vivasentresieà terra.Esse resultadovemexpressoemmilhares

deΩ (ohm), normalmente vinculadoa limitesde aceitaçãopara

energizaçãoecolocaçãoemserviço.

Osvaloresderesistênciadeisolamentovariamsensivelmente,

dependendodoprojetodoequipamento,domeioisolanteusado,

da temperatura e dos outros fatores.Comuma simplesmedição

semvaloresdereferência,geralmente,pode-severificarseexistem

falhas(curtosentreumenrolamentoemassa)noisolamento.

Seu resultado pode ser utilizado para verificar se as partes

isolantes absorveramumidade. Para isso existem vários critérios,

baseados em fórmulas empíricas ou dados estatísticos. Esses

ensaiosqueenvolvem isolamentoecorrentesde fugadevemser

efetuadosdentrodecondiçõescontroladas,oqueenvolvetambém

limitesparaaumidaderelativadoar.

Valores consideravelmente mais baixos, desde que estáveis

Figura 1 – Continuidade elétrica dos condutores de proteção.

solo solo

cabo

de

ligação

cabo

de

ligação

solo

em relação às medidas anteriores em condições idênticas, não

indicam necessariamente irregularidades no isolamento, embora

seja aconselhável tentar elevar a resistência por secagem nos

casosdos transformadores. Poroutro lado, valoresmais altosdo

queobtidospeloscritériosacima,nãorepresentamumagarantia

quanto ao comportamento do isolamento se forem inferiores

aos valores obtidos em medições anteriores com condições

idênticas. Exceções clássicas são os valores encontrados para os

transformadoresisoladosemóleoaskarel.

Desse ensaio, ou melhor, de seus resultados, pode-se ainda

registrar os Índices dePolarização eAbsorção, cuja finalidade é

proverdadosparaacompanhamentodavidaútiloudoprocesso

de secagemdeumequipamentooumesmoespecificamenteum

transformador.Essaresistênciadevesermedidaentreoscondutores

vivos,tomadosdoisadois;eentrecadacondutorvivoeaterra.

Ensaio de tensão aplicada Este ensaio deve ser realizado em equipamento construído

oumontadono local da instalação, de acordo comométodoe

os valores limites de ensaio descritos nas normas aplicáveis ao

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equipamento ou recomendados pelo seu fabricante. Quando,

de modo geral, esse ensaio submete o equipamento à tensão

de trabalho e à frequência industrial, deve-se observar, por uma

fontedecapacidadelimitada,areaçãodesseequipamentoe,em

eventuaisdescargasdestrutivas,manterodanoemníveisaceitáveis

desegurança.

Alémdisso,deveserexecutadocomoequipamentomontado

emsuaposiçãofinaldetrabalho,mantendo-setodasasconexões

isoladas, excetuando-se o caso específico nos manuais de

instalações. Quando orientado pelo fabricante do equipamento,

as condições e valores devem ser seguidos para a garantia de

submissão a stress e danos os materiais construtivos. Um caso

típicosãooscabosdeenergia,oscabosnovoseoscabosjáem

uso,quepossuemregrasevaloresdistintos.

Ensaios para determinação da resistência de aterramento

Esteensaiodeveserrealizadotodavezquehouverinstalação

ouampliaçãodemalhasdeterravisandoagarantiroatendimento

dosvaloresprevistosemprojeto.

Para a realização desse ensaio, todos os cuidados referentes

à segurança devem ser tomados, principalmente no caso de

ampliações nas instalações em operação, que exigem, muitas

vezes,odesligamentototaldasinstalações.

Ensaios recomendados pelos fabricantes dos equipamentos

Um fato que não se pode deixar de considerar é que não

há dois equipamentos iguais, quando se trata de fabricantes

diferentes. Nem que os modelos sejam correspondidos nas

características de trabalho ou de sistema, essa premissa é

verdadeira.Daíhouveapreocupaçãodeapresentaresseitemna

redaçãodanormaemquestão.Todososequipamentosdevem

sofrera inspeçãodesuamontagemcombasenas informações

fornecidaspelosseusfabricantes.Noscatálogosoufolhetosde

testes e ensaios, pode ser verificada a necessidade de ensaios

especiaisnosequipamentosque fazemparte integrantedasua

aprovaçãoparaenergização.

Sãomuitovariadosedegrandeextensãoosensaiosapontados

pelosfabricantes,masvamosaquicitaralgunssomentequedispomos

notemaprincipaldessetrabalho.

Ensaios do óleo isolanteEsteensaiorefere-seàavaliaçãodoestadodoóleoisolante,quando

esteéusadocomomeioisolanteelétrico,normalmenteaplicável

a transformadores, reatores indutivos, disjuntores e chaves

seccionadoras. Muitas características foram acumuladamente

destrinchadasemestudoeconhecimentodesseelementoisolante

aolongodotempo.Ascaracterísticasdesseelementosedividem

emcaracterísticasfísicasequímicas,asaber:

•Testesderigidezdielétricadoóleoisolante

Define-se a rigidez dielétrica de ummaterial como amaior

tensão que um dielétrico pode suportar sem perfurar quando

submetidoacertascondiçõespreestabelecidas.

Paraesseensaioénecessárioentenderqueoóleoisolantepode

terorigensdiversascomoasuacondiçãodeNOVOouUSADO,

ouaindadesuaorigemNAFTENICOouPARAFINICO.Arigidez

dielétrica é a propriedade de um dielétrico de se opor a uma

descargadisruptivaeémedidapelogradientedepotencialsobo

qualseproduzessadescarga.Otestederigidezdielétricarevela

a presença de agentes contaminantes, tais como água, sujeira e

partículascondutorasnoóleo,sendoquea tensãoderupturado

dielétricodeumlíquidoisolanteéimportanteparaaavaliaçãoda

capacidadedesuportaresforçoselétricossemfalhar.

Uma rigidez dielétrica alta indica a capacidade do óleo de

resistiraesforçoselétricossemfalhar.Fatorescomotemperatura,

umidadeatmosféricaepartículas estranhas, comopódecarvão,

fiapos,partículasdepapelemadeira,corrosão,etc.,reduzemou

alteramconsideravelmenteovalordarigidezdielétrica.Podemos

dizer que a umidade é a mais comum e que as propriedades

elétricasdosisolantesdiminuemcomopassardotempo.Aágua

dissolvidaapenaspodeserdetectadaportesteselétricoseanálises

químicasesópodeserextraídaporaquecimentoavácuo.

•Ensaiodecromatografiadegases

Esteensaiodeterminaaconcentraçãodosgasesdissolvidosno

óleomineralisolante.Porcontadedescargasinternasentreespiras,

desgastes de meio isolante papel, ou ainda desgaste do verniz

isolanteoudecalços,verifica-se,aolongodotempo,aformação

degasesemequipamentoselétricosimersosemóleoisolante.Pode

tambémsedardevidoaoprocessodeenvelhecimentonaturaldos

equipamentos.Assim como um exame de sangue, por meio da

análisedoselementos(gases)dissolvidosdentrodoóleo,épossível

detectar ou diagnóstico o que acontece dentro do equipamento

semnecessariamentedesmontá-lo.

Estatécnicatemsereveladoextremamenteútilnamanutenção

de equipamentos elétricos imersos em óleo isolante, principalmente

transformadores,umavezquesehácomprovadoqueagrandemaioria

dasfalhasemtransformadoresseprocessadeformalentaeprogressiva.

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Falamosaquidemanutençõespreventivasepreditivas.Ométodoestá

baseadonanaturezaenaquantidaderelativadegasesproduzidapela

decomposiçãodoóleoemateriaissólidossobasdiferentescondições

dedefeito.Seuestudoéextensoemereceatençãodosespecialistasque

trabalhamnãosócomamanutençãodosequipamentos,mastambém

comsuamontagem.Umdosmétodosmaisusadoséopropostopelo

IEC/IEEEeadaptadopelaABNTnanormaNBR7274/1982.

Outrasreferênciaspodemserencontradasem:

•IEC567–GuidefortheSamplingofGasesandOilfromOil-filled

ElectricalEquipmentandfortheAnalysisofFreeandDissolvedGases.

•IEC599–InterpretationoftheAnalysisofGasesinTransformersand

otherOil-filledElectricalEquipmentinService

•ABNTNBR7070–Guiaparaamostragemdegaseseóleoem

transformadoreseanálisedosgaseslivresdissolvidos.Quandoos

gasesencontradossãoinflamáveis,conclui-secommuitaprecisão

eacertodapresençadedescargaselétricasouesforçostérmicosno

interiordoequipamento.

•Análisefísicoquímica

Outrabateriadeensaiosmuitosignificativaqueéefetuadano

óleoisolanteéoconjuntodeverificaçõesdecontaminantesque

existemdentrodeumaamostra.Aorigemdessecontaminanteé

muitoextensae,quandoseapresentamnosresultados,permite

verificar não só o agente contaminante como também sua

origem e consequência direta ao equipamento. A lista seguir

ilustraagamadessesensaiospossíveiseaquidestacoo“Teor

deFurfuraldeídos”comoumensaiode“ponta”natecnologiade

análisedecontaminantesparaefeitodemanutençõespreditivas.

Ensaios químicos

Ensaios físicos

Ensaios Elétricos

Cloretos e sulfatos inorgâniCos

enxofre Corrosivo

enxofre total

teor de Carbono aromátiCo

Ponto de anilina

teor de água

ÍndiCe de neutralização (iat)borra (iat)fator de dissiPação a 90 °C (iat) ÍndiCe de neutralização (iat) 2

Cor

ÍndiCe de refração

Peso esPeCÍfiCo ou densidade

Ponto de fluidez

Ponto de fulgor e Combustão

tensão interfaCial

teor de asCarel (PCb)teor de inibidor de oxidação dbPCvisCosidade CinemátiCa a 20 °C visCosidade CinemátiCa a 40 °C visCosidade CinemátiCa a 100 °C

fator de PotênCia a 25 °C fator de PotênCia a 100 °C fator de dissiPação a 90 °C rigidez dielétriCa (disCo)rigidez dielétriCa (vde)rigidez dielétriCa (eletro agulha / esfera)

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Ensaio de tempos de operação Essesensaiossãoaplicáveisadisjuntoresouchaveautomáticas

de manobra e são chamados também de ensaios de tempo

e oscilografia. Esse ensaio verifica se os tempos de operação

ou movimento mecânico das partes móveis estão adequados

e compatíveis com aqueles que foram definidos em projeto e

montagemdosequipamentosdemanobra,visandoagarantirque

suaoperaçãoestejadefatodentrodaspremissasoriginais,sendo

importantíssimaspara a garantiadedesempenhoda extinçãode

arcosououtrascaracterísticaselétricas.

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Contato

ms11

A

B

C

Quandoestamosinspecionandodisjuntoresdemédiaealta

tensão, por serem equipamentos de grande responsabilidade

no esquema de proteção dos circuitos elétricos, começa a

fazer algum sentido conferirmos se os tempos de abertura e

fechamento previstos em catálogo de fábrica estão corretos

e dentro das tolerâncias de segurança. O estudo da proteção

associada e sua coordenação exigemque os tempos previstos

em manuais e placas sejam reais para a garantia da sua

seletividade e coordenação. Em instalações em que existem

subestaçõesprincipaisalimentandosubestaçõessecundárias,é

essencialqueostemposprevistosparaatuaçãoeeliminaçãode

falhasejamgarantidosepartedessagarantiaéconseguidacom

aconfirmaçãodostemposdeatuaçãodeaberturaefechamento

desses equipamentos. A medição com o oscilógrafo satisfaz

todos os requisitos exigidos, motivo pelo qual considera-se

apenas estemétodo para esse ensaio.Os tempos de abertura,

fechamento e discordância de fases devem ser analisados a

partir das informações contidas no catalogo do fabricante do

disjuntor,sendoqueesteensaiopodedeterminarseocircuitode

antibombeamentododisjuntorestáoperandoadequadamente.

Durante este ensaio, verifica-se também a simultaneidade

de ação dos contatos, ou seja, a exatidão das manobras de

fechamento e de abertura de um disjuntor ou chave. Essa

exatidãoesimultaneidadereduzemosriscosoperacionaissobre

os quais se expõem os outros equipamentos e até mesmo o

próprio operador.No caso das seccionadoras e equipamentos

deacionamentoconjunto– tripolares –,deve serobservadoo

sincronismoemqueoscontatossãofechadosouabertos.Certos

equipamentos e circuitos não possuem tolerância de serem

energizados por duas fases, enquanto aguardam a terceira ser

operada, causando sobrecargas momentâneas e outros efeitos

transitóriosnegativos.

•Ensaiosderesistênciadecontatoselétricos

Este ensaio é aplicável a disjuntores, seccionadores

e barramentos ou outras conexões de alta capacidade de

corrente.Eletemoobjetivodegarantir,pelaaplicaçãodeuma

correnteelétricaealeituradovalordaquedadetensãolocal,

a resistência existente nos contatos de um equipamento de

chaveamentooubarramentodeenergia.Essaquedadetensão,

normalmente ocasionada por fontes de corrente contínua,

estabelecepormeiodaaplicaçãodiretadaleideΩovalorda

qualidadedocontatoelétricodaspartesenvolvidas.

Osfabricantesdosdiversosequipamentosapresentamseus

valores típicos de fábrica e normalmente são enquadrados

dentro de valores limites definidos por normas específicas

de equipamentos. Ummaior valor de resistência de contato

significa dizer uma maior dissipação de calor (0,24 r I2t)

naquele ponto. Enfatiza-se que ‘r’ no caso é a resistência de

contatolocal.Umdesgastedoscontatosquersejaporagressão

física ou mesmo por desgaste natural da interrupção das

correntes nominais oude falta sempre agravamas condições

detrabalhodeumequipamento,cujafunçãobásicaégarantir

abertura e interrupção de circuito. Os ensaios efetuados no

iníciodeumainstalação,ouseja,antesdaentradaemoperação

dos equipamentos, registram principalmente o estado desses

equipamentossemmenosprezarareferênciaparaseuhistórico

futuro e corroboram os valores originais que o fabricante do

equipamentodefinecomoadequado.Aresistênciadecontato,

quando em instalações com potências em barramentos da

ordemde10MVA,éparticularmenteinteressantepararegistro

everificaçõesnoquediz respeitoàanálisedaqualidadedas

conexõeselétricas,nãosódaspartesvivascomotambémdas

interligaçõesdefiosterraeneutro.

Os equipamentos de chaveamento que interrompem a

carga e, em particular, as correntes de curto-circuito devem

sofrer atenção especial. É fundamental para disjuntores e

chavesaóleoqueoperemsobcargaoregistrodessesvalores

esuacomparaçãocomosvaloresdo fabricanteemcatálogo.

Quando a inspeção é feita em equipamentos que estejam

em operação, o uso de dispositivos que analisam o calor e

a distância também são muito utilizados. Esse ensaio deve

ser feito com o equipamento desenergizado como se pode

facilmenteimaginar,mas,comomedidapreventivaeindicativa

desseestado,temosoensaiodetemperaturadolocalcomoum

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ensaioque,pormeioindiretoeadistância,evidenciaovalor

calóricoproduzidonolocal.Essevalorapontacomfrequência

parauma“resistênciadecontatoruimouinadequado”.

•Ensaiodetensãoaplicada

É aplicável a cabos elétricos de força, equipamentos

isoladosavácuoeagásSF6e temoobjetivodesubmetero

equipamentoà tensãode trabalho,à frequência industrialou

outra em corrente contínua ou alternada, observando, dessa

forma, por uma fontede capacidade limitada a reaçãodesse

equipamentoe, emeventuaisdescargasdestrutivas,mantero

dano emníveis aceitáveis de segurança.Deve ser executado

comoequipamentomontadoemsuaposiçãofinaldetrabalho,

mantendo-setodasasconexõesisoladas,excetuando-seocaso

específico nos manuais de instalações. Quando aplicada a

cabos de força, essa tensão é definida em norma e/ou pelos

catálogosdosfabricantesespecificamenteparacabosnovose

em serviço. Quando o isolamento é provido por câmara de

vácuooudegásSF6,esseensaiochegaaserfundamentalpor

contadanãolinearidadedosparâmetrosdemediçãodoteste.

•Aferiçãoeparametrizaçãoderelésdeproteção

Aproteçãodeuma instalaçãoelétrica se fazporelementos

quedevem“sentir”asalteraçõesdasgrandezaspreestabelecidas

e, a partir de tempos e tolerâncias, acionar os dispositivos

interruptores. As grandezas, as tolerâncias e os tempos são

elementos conhecidos em projetos e implementados por

ocasiãodesuainstalaçãoemcampo.Issosignificadizerqueno

momentodeumaosrelésindiretosdevemsertestadosinclusive

em simulações e funções de proteção e os transformadores de

potencialecorrentedevemseranalisadosatéoníveldesuaclasse

deexatidão.Oprojetoesuamemóriadecálculoemparticular

sãoessenciaisnessatarefa.Acartadeajusteeasreferênciasde

projetosãooselementosdeentradaparaesseprocesso.

Ensaios de funcionamento A norma menciona literalmente que “As montagens dos

quadros,acionamentos,controles,intertravamentos,comandos,

etc., devem ser submetidas a um ensaio de funcionamento

para verificar se o conjunto está corretamente montado,

ajustado e instalado em conformidade com esta norma e

filosofia operacional de projeto.” Isso se deve ao fato de, se

possuímos todas as partes previstas a funcionar atendendo a

umacondiçãooperacionaldeprojeto,apenasasimulaçãode

suascondiçõesdiversasdemanobraeusoéquegarantirãode

fato sua conformidade com o proposto. É necessário incluir

esseitemnalistadeensaiosdainstalaçãoe,decertaforma,ao

seufinalparasóentãoliberá-laparauso.

Nas instalações elétricas de média tensão, o isolamento

entreoelementohumano–operador–eosequipamentosde

manobrasefazmaisquenecessárioecadavezmaissefazcomo

seudistanciamentofísicoouautomatizado.Essacaracterística

obriga ao projeto desses equipamentos possuir dispositivos

de manobras articulados, pivotados ou, ainda, estendidos.

No caso das chaves seccionadoras, as lâminas de energia,

submetidasàmédiatensãosãoacionadasindividualmenteou

simultaneamenteporvarasdemanobrasoudeacionamentos

mecânicosmontadosemestruturas isoladosentresi.Nocaso

de disjuntores, o acesso às partes vivas se faz por alavancas

internas e molas sempre carregadas ou manobradas por

operadores e por dispositivos externos também isolados.

Na troca de relação de transformação sob carga ou não dos

transformadores de potência, as alavancas volantes e outros

elementos móveis também se destacam pelo seu isolamento

daspartesenergizadasemrelaçãoaoelementohumano.

Todasessasilustraçõesservempararegistrarqueseexistir

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*MaRCus Possi é engenheiro eletricista e diretor da Ecthos C&D. Possui

cerca de 20 anos de experiência na construção e gerenciamento de obras de

subestações e usinas em média e alta tensão no Rio de Janeiro. É secretário da

norma aBNT NBR 14039 – instalações de Média Tensão de 1KV até 36,2 kV.

a leitura dos artigos deverá ser complementada pelo fórum e sempre prever que

o esgotamento do assunto não ocorra. o fórum pode ser acessado em www.

osetoreletrico.com.br, no link dedicado a este fascículo, ou ainda no site http://

ecthos.nucleoead.net/moodle/login/index.php. Participe!

Continua na próxima ediçãoConfira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br

Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail [email protected]

elementos de comando e ação dentro de uma instalação

elétrica, esses devem ser inspecionados na extensão de sua

operacionalidade e travamentosmecânicos.A quantidade de

manobrasporcombinaçõeseobjetivosémuitogrande,assim

comoaexistênciade intertravamentosmecânicoseelétricos,

mas todos esses elementos citados até aqui justificam esse

ensaio.Somentecomaverificaçãodessefuncionamentoéque

garantimosqueoprojetooriginalfoiatendidoemsuaproposta.

Outra citação: “Os dispositivos de proteção devem ser

submetidos a ensaios de funcionamento, se necessários e

aplicáveis, para verificar se estão corretamente instalados

e ajustados.”. Isso faz parte complementar da verificação de

proteção das instalações (relés de proteção).O acionamento

do relé isoladamente, sem a sua ação sobre o equipamento,

deveserestudado,demodoagarantirqueelesejatestadocom

todaa integridadedocircuito,atuandonosequipamentosde

potência para comprovar sua atuação.Deve ser considerado

umerrograveotesteisoladodessesequipamentos.

A“listadeverificação”agoraestácompletapelosensaios

deequipamentoseensaiosfuncionais.

InspeçãoVisual+EnsaiosElétricos+EnsaiosdeFuncionamento.

Fechamos assim o processo de qualidade das manutenções

e montagens em instalações elétricas, aqui de media e alta

tensão.Aqualidadenãoseconsegueao finaldoprocessode

montagem como foi abordado no texto, mas o Caípitulo 7

mostraasreferênciasbásicasemínimasparaesseatendimento.

Como comentado em todos os artigos, proponho uma

abordagem isolada, integrada e sempre aplicada a casos

práticos para a garantia da continuidade das discussões

no fórum estabelecido após início do lançamento de cada

periódico. A leitura dos artigos deverá ser complementada

pelo fórum,enunca seesgotar comoa “verdade”absolutae

inequívoca.