Capex Parte Utilizar

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica & Escola de Química Programa de Engenharia Ambiental Marcio Azevedo dos Santos FERRAMENTA DE ANÁLISE DE RISCOS EM PROJETOS DE CAPITAL CONSIDERANDO CONCEITOS DE CONFIABILIDADE HUMANA E ENGENHARIA DE RESILIÊNCIA Rio de Janeiro 2012

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politcnica & Escola de Qumica Programa de Engenharia Ambiental Marcio Azevedo dos Santos FERRAMENTA DE ANLISE DE RISCOS EM PROJETOS DE CAPITAL CONSIDERANDO CONCEITOS DE CONFIABILIDADE HUMANA E ENGENHARIA DE RESILINCIA Rio de Janeiro 2012 UFRJ Marcio Azevedo dos Santos FERRAMENTA DE ANLISE DE RISCOS EM PROJETOS DE CAPITAL CONSIDERANDO CONCEITOS DE CONFIABILIDADE HUMANA E ENGENHARIA DE RESILINCIA DissertaodeMestradoapresentadaaoPrograma deEngenhariaAmbiental,EscolaPolitcnica& EscoladeQumicadaUniversidadeFederaldoRio deJaneiro,comopartedosrequisitosnecessrios obtenodottulodeMestreemEngenharia Ambiental. Orientadores:Isaac Jos Antonio Luquetti dos Santos Maria Egle Cordeiro Setti Rio de Janeiro 2012 DOS Santos, Marcio Azevedo.Ferramenta de Anlise de Riscos em Projetos de Capital Considerando Conceitos de Confiabilidade Humana e Engenharia de Resilincia / Marcio Azevedo dos Santos. 2012. 114 f. : 30 il. Dissertao (mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica e Escola de Qumica. Programa de Engenharia Ambiental, Rio de Janeiro, 2012. Orientadores:IsaacJosAntonioLuquettidosSantoseMariaEgleCordeiro Setti. 1. Sade e Segurana. 2. Projetos de Capital. 3. Confiabilidade Humana.4. Engenharia de Resilincia. I. Santos, Isaac. Setti, Maria Egle. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politcnica & Escola de Qumica. III. Ferramenta de Anlise de Riscos em Projetos de Capital Considerando Conceitos de Confiabilidade Humana e Engenharia de Resilincia. UFRJ FERRAMENTA DE ANLISE DE RISCOS EM PROJETOS: ABORDAGEM CENTRADA EM CONFIABILIDADE HUMANA E RESILINCIA Marcio Azevedo dos Santos Orientadores: Isaac Jos Antonio Luquetti dos Santos; Maria Egle Cordeiro Setti DissertaodeMestradoapresentadaaoProgramade EngenhariaAmbiental,EscolaPolitcnica&Escolade Qumica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como partedosrequisitosnecessriosobtenodottulode Mestre em Engenharia Ambiental. Aprovada pela Banca: _________________________________________________________________ Presidente, Prof. Isaac Jos Antonio Luquetti dos Santos, D. Sc., PEA/UFRJ _______________________________________________ Prof. Maria Egle Cordeiro Setti, D. Sc., ANP/PRH-41 _____________________________________________________ Prof. Paulo Victor Rodrigues de Carvalho, D. Sc., PEA/UFRJ _________________________________________________ Prof. Ubirajara Aluzio de Oliveira Mattos, D. Sc., UERJ _________________________________________________ Prof. Fernando Toledo Ferraz, D. Sc., UFF Rio de Janeiro 2012 AGRADECIMENTOS Aosorientadores,professorIsaacJosAntonioLuquettidosSantoseprofessoraMariaEgle CordeiroSetti,pelaateno,compreenso,incentivoecrticas,quecontriburamao desenvolvimento deste trabalho; Aosmeuslderes,peloincentivoeflexibilidadeparaocumprimentopormimdetodosos compromissos necessrios obteno deste ttulo; Aos meus pais, Walter e Maria do Carmo, pelo apoio e exemplo de vida; Aos meus irmos, Gustavo e Luciana, pela sinceridade; A Valesca, pelo amor, apoio incondicional e, principalmente, pela compreenso nas horas em que no estive presente; A todos que de alguma maneira colaboraram para que este sonho se tornasse realidade. RESUMO DOSSANTOS,MarcioAzevedo.FerramentadeAnlisedeRiscosemProjetosde CapitalConsiderandoConceitosdeConfiabilidadeHumanaeEngenhariade Resilincia.RiodeJaneiro,2012.Dissertao(Mestrado)ProgramadeEngenharia Ambiental, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. Oprocessodeprojetodemegaempreendimentos,tecnicamentedenominadosprojetosde capital,temsidoobjetodebastanteatenoporpartedegrandesempresas.Contudo,os critrios tradicionais para avaliao de riscos em projetos de engenharia so, prioritariamente, baseados em fatores econmicos e produtivos, relegando ou omitindo os eventuais danos que possam ocasionar segurana dos trabalhadores e das instalaes. Sabendo-se que projetistas tmumpapelfundamentaleminfluenciaraseguranadotrabalhadordaconstruoede modoacontribuirparaaconcepodeumprojetomaisseguro,estetrabalhovempropora incluso de elementos centrados na Confiabilidade Humana e na Engenharia de Resilincia a umaferramentadeanlisederiscosaplicadanafasededesenvolvimentodeprojetosde capital em uma empresa de minerao. O estudo de caso exploratrio utilizou uma ferramenta deanlisederiscosbaseadanosconceitosdaindustrializaodaconstruo,ouseja,pr-fabricao,pr-montagememodularizao.Oteste-pilotodaversomodificadada ferramentaapresentouumincrementonoresultadofinalquepassoude2,15para2,28 devidoincorporaodosquesitosrelacionadosaosaspectosdeconfiabilidadehumanae engenhariaderesilincia.EmrelaoaoresultadofinaldaCategoriaSegurana,ovalor passou de 3,75 para 4,67, fazendo com que a relevncia desta categoria, que antes era de 25,1%, viesse a ser 29,4% da nota final. Isto demonstrou que, mais do que a indicao de uma tendnciapositivadeindustrializaodaconstruo,foramagregadossubsdiosimportantes relacionadosconfiabilidadehumanaeengenhariaderesilinciaquepassaroaser considerados durante a concepo de futuros projetos de capital.

Palavras-chave: sade e segurana; projetos de capital; confiabilidade humana; engenharia de resilincia. ABSTRACT DOSSANTOS,MarcioAzevedo.FerramentadeAnlisedeRiscosemProjetosde CapitalConsiderandoConceitosdeConfiabilidadeHumanaeEngenhariade Resilincia.RiodeJaneiro,2012.Dissertao(Mestrado)ProgramadeEngenharia Ambiental, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. Thedesignprocessofmegaenterprisesprojects,technicallydenominatedcapitalprojects, hasbeenthesubjectofmuchattentionbylargecompanies.However,thetraditionalcriteria forriskevaluationinengineeringprojectsareprimarilybasedoneconomicandproductive factorsrelegatingoromittinganydamagethatmightleadtotheworkerssafetyandtothe facilities. Knowing that designers have a key role in influencing the safety of the construction worker and, in order to contribute to the conception of a safer project, this work proposes the inclusion of elements centered in the human reliability and in the resilience engineering asa riskassessmenttoolappliedatthedevelopmentstageofacapitalprojectinamining company.Theexploratorycasestudywasbasedonariskanalysistoolwithbasisonthe concepts of construction industrialization pre-fabrication, pre-assembly and modularization.The pilot test of the modified version of the tool in a sample scope of an interprise showed an increaseinthefinalresultfrom"2.15"to"2.28"duetotheincorporationofthequestions relatedtoaspectsofhumanreliabilityandresilienceengineering.Regardingtheoutcomeof the"Security"category,thevaluewentfrom"3.75"to"4.67",makingtherelevanceofthis category,whichbeforewas25.1%,wouldbe29.4%ofthefinalscore.Itshowedthatmore thantheindicationofapositivetrendofconstructionindustrialization,itaddsimportant subsidiesrelatedtohumanreliabilityandresilienceengineeringwhichwillbetakeninto consideration by the project team during future capital projects design. Key-words: health & safety; capital projects; human reliability; resilience engineering. ndice de Figuras Figura 1 Curva de Influncia Tempo/Segurana19 Figura 2 - Grau de influncia e gastos nos projetos ao longo do tempo24 Figura 3 Fases do FEL25 Figura 4 Conceito da Metodologia FEL25 Figura 5 Matriz de Riscos58 Figura 6 Planilha de APR62 Figura 7 Planilha de HAZOP69 Figura 8 Tela Inicial71 Figura 9 Tela de Introduo72 Figura 10 Categoria de avaliao Prazo73 Figura 11 Categoria de avaliao Custo73 Figura 12 - Categoria de avaliao Mo de Obra - Categoria de avaliao Mo de Obra 74 Figura 13 - Categoria de avaliao Segurana75 Figura 14 - Categoria de avaliao Atributos do Local75 Figura 15 - Categoria de avaliao Sistemas Eletromecnicos76 Figura 16 - Categoria de avaliao Tipos de Projeto e Contrato76 Figura 17 Categoria de avaliao Projeto77 Figura 18 - Categoria de avaliao Requisitos de Transporte e Elevao de Cargas78 Figura 19 Categoria de avaliao Capacidade de Fornecedores78 Figura 20 Fatores de ponderao79 Figura 21 Exemplo de categoria de avaliao80 Figura 22 - Exemplo de resultados81 Figura 23 Relatrio de extremos (pontos fortes)83 Figura 24 Relatrio de extremos (pontos fracos)83 Figura 25 Categoria Segurana da Ferramenta CII Strategic Decision Tool for PPMOF Level 286 Figura 26 - Categoria Segurana (verso modificada)97 Figura 27 Resultados Aplicao da verso original da ferramenta100 Figura 28 Resultado da Categoria Segurana (verso original)101 Figura 29 Resultados Aplicao da verso modificada da ferramenta102 Figura 30 Resultado da Categoria Segurana (verso modificada)103 ndice de Tabelas Tabela 1 Tcnicas de Anlise de Risco31 Tabela 2 Classificao dos tipos fundamentais de erro em funo das etapas37 Tabela 3 As variaes de desempenho no nvel das regras38 Tabela 4 - Parmetros de projeto para viabilidade de modularizao49 Tabela 5 Categorias de Frequncia para ART, APR e HAZOP55 Tabela 6 Categorias de Severidade56 Tabela 7 Critrios de Deciso58 Tabela 8 Tipos de Anlise de Segurana e Operabilidade das Operaes64 Tabela 9 Caractersticas dos Especialistas Selecionados88 Lista de Siglas ACHAnlise da Confiabilidade Humana APPAnlise Preliminar de Perigos APRAnlise Preliminar de Riscos ARTAnlise de Risco da Tarefa CADComputer-Aided Design CapExCapital Expenditure CCDCondies Comuns de Desempenho CHPtDConstruction Prevention through Design CIIConstruction Industry Institute DFCSDesigning for Constrution Worker Safety DFSDesign for Safety DNVDet Norske Veritas EMRExperience Modification Rating FADFatores que Afetam o Desempenho humano FELFront Ending Loading HAZOPAnlise de Riscos e Operabilidade IPA Independent Project Analysis MODEX Modularization Expert NIOSHNational Institute for Occupational Safety and Health NOHSCNational Occupational Health and Safety Commission OSHAOccupational Safety and Health Administration PMBOKProject Management Body of Knowledge PMIProject Management Institute PPMOFPrefabrication, Preassembly, Modularization, and Off-Site Fabrication TFTaxa de Frequncia TGTaxa de Gravidade Sumrio 1INTRODUO15 1.1O Contexto do estudo15 1.2Formulao da situao-problema16 1.3Objetivo18 1.3.1Objetivo Geral18 1.3.2Objetivo Especfico18 1.4Relevncia do trabalho19 1.5Metodologia20 1.6Estrutura do trabalho22 2PREVENO DE RISCOS NA FASE DE PROJETOS23 2.1Metodologia Front-End Loading (FEL)23 2.2A preveno de riscos atravs do projeto26 2.3A importncia do gerenciamento dos riscos nos empreendimentos27 3TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS30 3.1Anlise de riscos30 3.1.1Anlise preliminar de riscos e anlise preliminar de perigos31 3.1.2Anlise de Riscos e Operabilidade (Hazop)32 4CONFIABILIDADE HUMANA E ENGENHARIA DE RESILINCIA34 4.1Confiabilidade Humana34 4.1.1Modelo de Rasmussen35 4.1.2Taxonomia de Swain35 4.1.3Abordagem de Reason36 4.2Engenharia de Resilincia39 4.2.1Indicadores de desempenho reativos41 4.2.2Indicadores de desempenho proativos43 4.2.3Indicadores de Resilincia43 5INDUSTRIALIZAO DA CONSTRUO45 5.1Ferramenta Computacional para Avaliao da Viabilidade de Aplicao do Processo de Industrializao da Construo47 5.1.1Custo49 5.1.2Cronograma50 5.1.3Qualidade50 5.1.4Segurana51 5.1.5Transporte51 5.2Desenvolvimento da Ferramenta Informatizada52 6ANLISE DE RISCOS EM UMA EMPRESA DE MINERAO54 6.1Anlise Preliminar de Riscos em uma empresa de minerao59 6.2HAZOP em uma empresa de minerao63 6.3Seleo da estratgia do mtodo construtivo como ferramenta de anlise de riscos na fase de desenvolvimento de projetos de capital em uma empresa de minerao69 6.3.1Caractersticas, Premissas e Requisitos do Projeto70 6.4Aplicao da Ferramenta de Seleo da Estratgia do Mtodo Construtivo71 6.4.1Fatores de Ponderao72 6.4.2Forma de Avaliao79 6.4.3Interpretao dos Resultados81 7FERRAMENTA DE SELEO DA ESTRATGIA DO MTODO CONSTITUTIVO - ESTUDO DE CASO85 7.1Etapa 1: Descrio dos Aspectos de Segurana abordados pela Ferramenta de Seleo da Estratgia do Mtodo Construtivo CII (Strategic Decision Tool for PPMOF Level 2)85 7.2Etapa 2: Identificao de um Grupo de Especialistas87 7.3Etapa 3: Confeco de um Questionrio para Avaliao da Ferramenta de Seleo da Estratgia do Mtodo Construtivo Aplicada Fase de Desenvolvimento de Projetos de Capital em uma Empresa de Minerao 90 7.4Etapa 4: Aplicao do Questionrio90 7.5Etapa 5: Anlise dos Dados90 7.6Etapa 6: Definio das Propostas de Melhorias Ferramenta de Seleo da Estratgia do Mtodo Construtivo 91 7.6.1Os Aspectos de Confiabilidade Humana92 7.6.2Os Aspectos da Engenharia de Resilincia94 7.7Etapa 7: Validao das Melhorias95 7.8Etapa8:InclusodasMelhoriasPropostasFerramentadeSeleoda Estratgia do Mtodo Construtivo 96 7.9Etapa 6: Testes de Aceitao98 7.9.1Aplicao da verso original da ferramenta98 7.9.2Aplicao da verso modificada da ferramenta100 8CONCLUSES E PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS104 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS106 GLOSSRIO112 APNDICES113 15 1 INTRODUO 1.1 O Contexto do Estudo Odesenvolvimentodeprojetoseoseugerenciamentosoaaplicaodeconhecimentos, habilidades,ferramentasetcnicasafimdeatenderosobjetivosdoprojeto,gerenciamento essebaseadonomenorprazo,comomenorcusto,otimizandoousodos recursos,dentroda qualidade combinada, correndo menos riscos e satisfazendo todas as partes interessadas. Oprocessodeprojetodemegaempreendimentos,tecnicamentedenominadosprojetosde capital, tem sido objeto de bastante ateno porparte degrandesempresas. Especial nfase temsidodadaamtodosdegestodoprocessodeprojetodessesempreendimentos,emais ainda ao que se refere s etapas iniciais, nas quais se desenvolvem os estudos estratgicos e a definiodaviabilidadeeatratividadedonegcio,adefiniopreliminardoscustosedo CapitalExpenditure(CapEx),agestodosriscoseaanlisepreliminardasalternativasde engenharia para esses empreendimentos. O fato de estarem normalmente orientados a setores industriais como o da minerao, energia, petrleo, gs, etc., caracterizados por umalto grau de complexidade, faz com que a gesto de projetos envolva a criao de um equilbrio entre as demandasdeescopo,tempo,custo,operabilidade,seguranaebomrelacionamentocomo cliente.Osucessonagestodeumprojetoestrelacionadoaoalcancedosseguintes objetivos: entrega dentro do prazo previsto, dentro do custo orado, com nvel de desempenho eseguranaadequado,aceitaopelocliente,atendimentodeformacontroladasmudanas de escopo com respeito cultura da organizao e ao meio ambiente. Cerca de 30% (trinta por cento) dos problemas que ocorrem nas obras so decorrentes de um projetomaldesenvolvido,sobretudonasuafasedeconcepo.Osreflexosiroaparecer durante a execuo do empreendimento (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2012).Umavezquesedecideavanarnasetapasdeconcepodessesempreendimentos,emgeral utilizam-se modelos de gesto do processo de projeto (modelos de referncia) formalizados e, em muitos casos, padronizados. So mtodos que podem apresentar uma estrutura conceitual semelhanteetapadepr-projetao,utilizadaemalgunsmodelosdegestodo desenvolvimento de produtos em outros segmentos industriais (ROMANO, 2006). Nessecontexto,opresentetrabalhoapresentaumdosmtodoscomumenteutilizadospela indstriademineraonaetapadepr-planejamentodeprojetosdecapital,oFrontEnd 16 Loading (FEL) e realiza um estudo sobre uma das ferramentas de anlise de riscos aplicada na fasededesenvolvimentodeempreendimentosdeprojetosdecapitalemumaempresade minerao,contemplandoaindaconceitosapregoadospelaConfiabilidadeHumanae Engenharia de Resilincia. 1.2 Formulao da situao-problema Asmudanasquevmocorrendonocontextosocial,econmico,polticoetecnolgicono mundo e no Brasil impem s empresas a necessidade de novas estratgias esugerem que os modelosdegestotradicionaisnososuficientespararesponderaosnovosdesafiosque surgemacadadia.Emtodosossegmentosindustriaisagestodaseguranaesadeno trabalhobuscanaprevenoseuenfoqueprincipal,realizandosempreintervenespara impediroucorrigirosdesvioseasnoconformidadesdoprocesso,evitando,assim,as consequncias indesejveis que podem, em ltima instncia, representar o acidente. Os custos dos acidentes podem ser de grandes propores, ou at mesmo incalculveis, visto que a vida humananotempreo.Assimsendo,asempresaslentamentepassamaacreditarquea competitividade e o lucro no so os nicos elementos fundamentais para a sua organizao e demonstram, atravs da busca da melhoria contnua de suas prticas operacionais, processos e sistemas, a preocupao com as questes da segurana do ambiente de trabalho. Apesar disso, oscritriostradicionaisparaavaliaoderiscosemprojetosdeengenhariaaindaso, prioritariamente,baseadosemfatoreseconmicoseprodutivos,limitando-seanlisede custo-benefcio do empreendimento e relegandoou omitindo os eventuais danos que possam ocasionarseguranadostrabalhadoresedasinstalaes.Dentrodestecontexto,projetistas tmumpapelfundamentaleminfluenciaraseguranadotrabalhadordaconstruo (GAMBATESEyHINZE,1999).Engenheiros-projetistaseprojetistaspodeminfluenciar positivamente a segurana nas fases de construo, montagem e operao, bem como para as atividadesdemanuteno,atravsdaintegraodoconceitodesegurananosprocessosde concepo de projetos. A qualidade assegurada do projeto sempre se destacou nas fases de execuo como uma ao mantida pelo uso de mecanismos de controle e de mtodos especficos de anlise e soluo de problemas resultantes das atividades do projeto. 17 Ocarterreativoadotadoemprojetosdeengenharia,isto,correoe/ouadequaode instalaeseequipamentosparaatendimentoarequisitosdesegurananasfasesde construo,montagemeoperao,elevamoscustosdoempreendimentoeavulnerabilidade operacional. Behm (2006) demonstrou pelaanlise de 450 relatrios de mortes e leses incapacitantes de trabalhadoresdaconstruocivildocumentadospelaOccupationalSafetyandHealth AdministrationOSHAeNationalInstituteforOccupationalSafetyandHealth-NIOSH que,seaseguranativessesidoabordadanafasedeconcepodosprojetosdosrespectivos empreendimentos,osincidentespoderiamtersidoevitados.Atravsdeummodelode investigaodesenvolvidoparaestapesquisa,oautordescobriuqueem151casos(cercade umterodospesquisados),osriscosquecontriburamparaoincidentepoderiamtersido eliminadosoureduzidosseasmedidasdeseguranativessemsidoaplicadasnaconcepo dos projetos. Considerar-se- incidente como evento relacionado ao trabalho no qual uma leso ou doena (independentementedagravidade)oufatalidadeocorreuoupoderiaterocorrido(Norma OSHA18001:2007).Assim,umacidenteumincidentequeresultouemleso,doenaou fatalidadeeumincidentenoqualnoocorreleso,oufatalidadepodetambmser denominadoum"quaseacidente","quaseperda","ocorrnciaanormal"ou"ocorrncia perigosa". Outroestudorealizadoem2003sobreosfatorescausaisdeacidentesnafasedeconstruo avaliouopapeldoprofissionaldeprojeto.Verificou-seascausasde100(cem)acidentesna construonoReinoUnido,edescobriramqueosprojetospoderiamterreduzidoorisco associado com os acidentes em quase metade dos casos (BEHM, 2006, p. 1). Relatrios de anlise de 224 fatalidades foram revistos (NIOSH, 2004) e foi determinada uma conexocomoconceitoprojetovoltadoparaaseguranadaconstruo.Osresultados mostraram que 42% das mortes estavam associadas ao conceito, ou seja, o risco associado que contribuiu para o incidente teria sido reduzido ou eliminado se o conceito de projeto voltado para a segurana da construo tivesse sido utilizado (BEHM, 2005).AFundaoEuropeiaparaaMelhoriadasCondiesdeVidaedeTrabalho (EUROFOUND),empesquisade1991,concluiuquecercade60%dosacidentesfataisna construo decorriam de decises preliminares fase de construo (BEHM, 2005, p. 591). 18 1.3 Objetivo 1.3.1 Objetivo Geral Apresentepesquisatemcomoobjetivogeralproporainclusodeelementoscentradosna Confiabilidade Humana e na Engenharia de Resilincia a uma ferramenta de anlise de riscos aplicada na fase de desenvolvimento de projetos de capital em uma empresa de minerao. 1.3.2 Objetivo Especfico Para o alcance da inteno da proposta supramencionada, os objetivos especficos buscam: Identificar,pormeiodeumarevisobibliogrfica,novasabordagensdegestode segurana nas fases de desenvolvimento de projetos de engenharia; Mapearasetapasdociclodevidadeumprojetodecapitalemumaempresade minerao,enfatizandoafasededesenvolvimento,descrevendoumaferramentade anlise de risco atualmente utilizada; Avaliar e propor melhorias em uma ferramenta de anlise de riscos aplicada fase de desenvolvimento de projetos de capital em uma empresa de minerao, atravs de uma abordagemquecontemple,tambm,osconceitosdaConfiabilidadeHumanaeda Engenharia de Resilincia. Comocontribuioaoconhecimentoespera-se,comasdiscussespropostasnapresente pesquisa,aconsolidaodeumaferramentamodificada,queconduzaaoincrementodeum conjuntoderequisitosdesegurana,centradosemConfiabilidadeHumanaeEngenhariade Resilincia,aoprocessodeanlisederiscos,aplicadoduranteaconcepode empreendimentos de projetos de capital. 19 1.4 Relevncia do trabalho O presente projeto de pesquisa se justifica pelo fato de que a situao ideal que a segurana nasfasesdeconstruoemontagem,assimcomoasegurananaoperaode empreendimentos industriais seja uma considerao principal nas fases de projeto conceitual e preliminar (BEHM, 2005). A curva de grau de influncia na segurana da construo ao longo dotempo,apresentadanaFigura1,ilustraqueporosignificantedacapacidadede influenciarasegurananasobrasdeconstruoperdidaquandosuaconsiderao permanece ausente at a fase de construo. Figura 1 Curva de Influncia Tempo/Segurana Fonte: Szymberski, 1997 Comoavisopredominantedegestodasegurananaconstruoemontagemde empreendimentosindustriaisdeatrasaroplanejamentoeexecuodasaesdesegurana atqueafasedeconstruorealmentecomece,acapacidadeparaefetivamenteprojetar visando a eliminao, preveno e reduo dos riscos no plenamente realizada. 20 Asprincipaiscontribuiesvislumbradasnestapesquisa,referem-seotimizaodeuma ferramentadeanlisederiscos,demodoapermitirqueadecisoacercadomtodo construtivoaseradotadonaexecuodeprojetosdecapitalemumaempresademinerao agregue uma abordagem que contemple tambm os conceitos da Confiabilidade Humana e da EngenhariadeResilincia.AaplicaodeconceitosdaConfiabilidadeHumanavisa contribuirparaareduodesituaesdeerroprovveledefatoresquepoderiam proporcionarfalhasnodesempenhodastarefasematividadesrealizadasdurantea implantaodeumprojeto.Adicionalmente,aintegraodeconceitosdaEngenhariade Resilinciasejustificapelofatodebuscaratribuirmaiorcapacidadedeantecipaodos problemas relacionados com a gesto de segurana. Com isso, espera-se o incremento de um conjuntoderequisitosdeseguranaaoprocessodeanlisederiscosaplicadoduranteo desenvolvimentodeprojetosdecapital,minimizandoassimosriscosduranteasetapasde construo e montagem do empreendimento.

1.5 Metodologia Considerandoasuanatureza,trata-sedeumapesquisaaplicada,poisobjetivagerar conhecimentosparaaaplicaoprtica,dirigidasoluodeproblemasespecficos relacionados s fases de construo e montagem de empreendimentos industriais no que tange incorporaoderequisitosdeseguranaesadeaseremaplicadosdesdeaconcepode projetos de engenharia. Daperspectivadaabordagemdoproblema,umapesquisaqualitativa,poisconsistena anliseeinterpretaodereferenciaistcnicosenormativos,dedadosedeinformaes disponveisnaliteraturaeemprticasdeimplantaodeprojetoemumaempresade minerao, no requerendo, para tanto, o uso de mtodos e tcnicas estatsticas. Sobongulodeseusobjetivos,umapesquisaexploratria,poisvisaproporcionarmaior familiaridadecomoproblemacomvistasatorn-loexplcito,envolvendoolevantamento bibliogrfico. Buscou-se,inicialmente,estruturarotrabalhoderevisobibliogrficaapartirdaleiturade diversosautores,buscandocorrelacion-losdeformasistmica,definindo,buscandoe relacionando diversos temas relacionados ao problema, a fim de possibilitar uma base terica inicial.21 A dissertao tem como proposta principal atingir os seguintes objetivos:Mapearasetapasdociclodevidadeumprojetodecapitalemumaempresade minerao,enfatizandoafasededesenvolvimentoedescrevendoumaferramentade anlise de risco atualmente utilizada; Avaliarepropormelhoriasnaferramentadeanlisederiscosaplicadafasede desenvolvimento de projetos de capital em uma empresa de minerao, atravs de uma abordagemquecontemple,tambm,osconceitosdaConfiabilidadeHumanaeda Engenharia de Resilincia. Visandoavaliaraferramentadeanlisederiscoseidentificaroportunidadesdemelhoria, foi aplicado um questionrio a um grupode especialistasem gesto de projetos de capital, sendoquetodoseleseramfuncionriosdaempresademinerao.Osespecialistasforam escolhidosdemaneiraaconstituirumgrupomultidisciplinar,ouseja,foramidentificados especialistasdediferentesdisciplinasqueintegramodesenvolvimentodeumprojetode capital,taiscomo:planejamento,engenharia,suprimentos,oramentoecustos,sadee segurana, meio ambiente. Cada um deles possua certo grau de familiaridade e experincia naaplicaodaFerramentadeSeleodaEstratgiadoMtodoConstrutivo.Antesda aplicao do questionrio, os especialistas foram informados de que se tratava da realizao de uma pesquisa que seria parte integrante da elaborao de uma dissertao de mestrado e cujos objetivos foram claramente explicitados a cada um dos especialistas consultados. Dos 25 (vinte e cinco) especialistas que receberam o questionrio da pesquisa atravs de correio eletrnico, 12 (doze) especialistas responderam pesquisa. Os especialistas foram indicados pela Diretoria de Gesto de Projetos de Capital da empresa. Considerandotantoascontribuiesdosresultadosdapesquisarealizadajuntoaos especialistasquantoosconceitosdaconfiabilidadehumanaedaengenhariaderesilincia estudados,foiapresentadaumapropostadeintegraodeelementosCategoria SeguranadaFerramentadeSeleodaEstratgiadoMtodoConstrutivo.Emseguida, foirealizadaumareuniocomos12(doze)especialistasparaapresentao,discussoe validaodosquesitospropostos.Todososespecialistasforamunnimesemvalidara incluso de todas as 8 (oito) questes Categoria Segurana da ferramenta. Apartirdaversooriginaldaferramenta,foidesenvolvidaumaversomodificadada FerramentadeSeleodaEstratgiadoMtodoConstrutivo,queintegraasquestes propostasdeformaaproporcionarumaabordagemmaisampladosaspectosdesadee segurana,considerandotambmelementosdeconfiabilidadehumanaedeengenhariade resilincia.22 Em seguida, foi realizado um teste-piloto, visando comparar a aplicao das duas verses da ferramentaemumescopoespecficodeumempreendimentodeprojetosdecapital,como objetivodeavaliarograudeotimizaodaferramentadeseleodaestratgiadomtodo construtivo.Aaplicaofoirealizadaem2(dois)workshopscomduraode8(oito)horas cada, sendo que no primeiro deles foi feita a aplicao da verso original da ferramenta e no segundofoiaplicadaaversomodificada.Os12(doze)especialistasformaramogrupoque realizou a aplicao de ambas verses da ferramenta ao escopo amostral de empreendimento escolhido, visto se tratar de um escopo familiar aos especialistas.Por ltimo foram apresentados e discutidos os resultados e formuladas as concluses acerca do que foi verificado atravs do estudo de caso. 1.6 Estrutura do trabalho O captulo 1 contempla a apresentao do contexto e o problema da pesquisa, juntamente com os objetivos gerais e especficos, a relevncia e a estrutura da dissertao. Os captulos 2, 3, 4 e 5 apresentam a reviso bibliogrfica. No captulo 2 descrita a estrutura da Metodologia Front Ending Loading - FEL, os conceitos de preveno de riscos atravs do projetoeaimportnciadogerenciamentoderiscosnosempreendimentos.Ocaptulo3 contemplaastcnicasdeanlisederiscos.Ocaptulo4apresentaosconceitosbsicosde ConfiabilidadeHumanaeEngenhariadeResilincia.Jocaptulo5apresentaosconceitos envolvidos na industrializao da construo.Nocaptulo6soapresentadasastcnicasdeanliseegerenciamentoderiscosdesadee seguranautilizadasemumaempresademinerao,aqualserviudebaseparaoestudode caso exploratrio.Ocaptulo7apresentaoestudodecasoexploratrio,realizadoemumaempresade minerao,equecontemplouodesenvolvimentodapropostadeinclusodemelhoriasem umaferramentadeanlisederiscos,aplicadafasededesenvolvimentodeprojetosde capital,atravsdeumaabordagemcentradanosconceitosdaconfiabilidadehumanaeda engenharia de resilincia. No captulo 8 so apresentados, analisados e discutidos os principais resultados e concluses do estudo de caso. 23 2 PREVENO DE RISCOS NA FASE DE PROJETOS 2.1 Metodologia Front-End Loading (FEL) O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) define projeto como sendo um esforo temporrioempreendidoparacriarumproduto,servioouresultadoexclusivo(PMI,2004). Adefiniodeprojetoenglobatrscaractersticasprincipais:temporrio,elaborao progressiva e produtos, servios ou resultados exclusivos. OIndependentProjectAnalysisIPA,organizaoamericanavoltadaparaanlise quantitativadaeficciadeprojetosdecapital,possuiedesenvolvebancosdedados detalhados de forma parametrizada, contendo dados do ciclo de vida doprojeto, desde a sua concepoataoperao.Osdadossousadosparadesenvolverferramentasdeanlise estatsticaquepermitecompararodesempenhodeprojetosnassuasvriasreas,como anlisesdecusto,efetividadedeequipeeintegrao,entreoutras.OIPAcaracterizaociclo de vida do projeto dividindo-o nas fases/processos: Front-End Loading, Execuo e Operao. OFront-EndLoading(FEL)umametodologiaqueobjetivaadefiniodetalhadadeum projetodecapitalnafasededesenvolvimento,comafinalidadedeminimizarosriscose maximizaraconfianadosinvestidoresemseusucesso.Estametodologiatorna-seum instrumentoeficazdecisoexecutiva,namedidaemqueconfereprevisibilidade, responsabilidade, transparncia e competitividade aos empreendimentos. AmetodologiaFELdivideaetapadedesenvolvimentoemtrsfasesdistintas(FEL1 Anlise do Negcio, FEL 2 Seleo da Alternativa e FEL 3 Planejamento da Construo), com gates (Portes) de passagem de transio de uma fase para outra. A metodologia FEL est alinhada com os conceitos do Project Management Institute, uma vez queasnovereasdeconhecimentodoPMBOKestopresentesnosprodutosentregveis previstos entre o incio de FEL 1 e concluso de FEL 3. O objetivo identificar o conjunto de conhecimentosemgerenciamentodeprojetos,paraaumentaraschancesdesucessodestes, diferenciando-seumdooutroapenasestruturalmente,jqueoPMIestruturadopor disciplinas e o FEL por fases, com um conjunto de produtos associados a cada uma delas. Cadafasepossuiumconjuntoclarodeprodutosassociados.Estesprodutosprecisamser finalizadosparaoinciodaprximafase.Estadisciplina,autoimpostasobreosistemade projetos, resulta na implementao de um processo que pode ser reproduzido e estar sujeito a 24 verificaes peridicas dos requisitos de segurana, nas diversas fases de desenvolvimento e execuo do empreendimento. DuranteasetapasdoFEL,osgastosrelacionadosaodesenvolvimentodoempreendimento sode5%a10%dovalortotaldoprojetoeopoderdeinflunciadosgestoresdo empreendimento sobre as decises que podero impactar o custo total superior a 90%, visto que as definies so formuladas nessa etapa. Aps o incio da construo, o quadro inverte: osgastosaumentamconsideravelmenteeainflunciasobreoprojetodiminui.Ogrficoda figura 2 mostra a importncia da fase de desenvolvimento para o ciclo de vida do projeto. Figura 2 - Grau de influncia e gastos nos projetos ao longo do tempo Fonte: IPA, 2004 NametodologiaFEL,astrsfasesdedesenvolvimentodoempreendimentososequenciais. Cadaumadelaspossuiumconjuntodeprodutosquedeveroserdesenvolvidospelaequipe do projeto antes do incio da prxima fase. Estes produtos so orientadores, mas no exaurem todas as demandas dos projetos. Estas trs fases devem garantir que o projeto esteja progredindo de acordo com o planejado e que o escopo e o objetivo do mesmo se mantenham alinhados com a estratgia corporativa. As fases do FEL esto esquematizadas na figura 3. 25 Figura 3 Fases do FEL Fonte: Material Interno, 2011 A etapa inicial, FEL 1, visa identificar, desenvolver e avaliar a oportunidade de investimento por meio da anlise da atratividade do negcio.A etapa intermediria, FEL 2, implica na seleo da melhor alternativa conceitual apresentada na etapa anterior, chegando-se a uma melhor definio do escopo e dos critrios e restries para o desenvolvimento do projeto. A fase final da etapa de pr-planejamento, FEL 3, refina osparmetrosdeprojetoealternativasdeengenhariadefinidasnasetapasanteriores, preparando o projeto para sua aprovao com relao ao escopo, custos, prazos e parmetros associados rentabilidade. O conceito da Metodologia FEL baseia-se no processo de validao por etapas. Ao trmino de cada estgio de desenvolvimento, o projeto submetido para validao (portes), na qual so verificadososprodutosdesenvolvidosemcadaetapaerecomendandoprosseguirparaa prxima fase, conforme mostrado na figura 4 abaixo. Figura 4 Conceito da Metodologia FEL Fonte: Material Interno, 2011 Emsntese,FEL1implicanadefiniodoescopoeosobjetivosdoempreendimento,bem comoumaestimativainicialdomontantedeinvestimentos,prevendoumafaixadevariao docustodoempreendimentoquevariaentre-25%e+40%,almdaanlisedaviabilidade do negcio, atravs do clculo dos principais indicadores. 26 AetapaFEL2implicanaanlisedassoluestecnolgicaseconstrutivasassociadasao empreendimento,terminandocomaseleodeumadessassoluesecomasdefinies bsicas das instalaes, incluindo as edificaes. Nafasefinaldaetapadepr-planejamento(FEL3),refina-seasoluodeengenharia selecionada em FEL 2. Com esse refinamento da soluo de engenharia e o desenvolvimento dos projetos bsicos prev-se uma variao no custo do empreendimento entre -10% e +10%, alm da consolidao do principias indicadores de viabilidade do negcio. 2.2 A preveno de riscos atravs do projeto O conceito de projeto voltado para segurana da construo definido como a considerao, nafasedeconcepodeumprojeto,daseguranaduranteaconstruodoempreendimento (BEHM,2005).Nessesentido,algumasvariaesacercadoconceitoforamidentificadasna bibliografia consultada e so a seguir apresentadas. OconceitodePrevenoatravsdoProjeto(PreventionthroughDesign-PtD)definido com como sendo enfrentar as necessidades de segurana e sade no processo de projeto para evitarouminimizarosriscosrelacionadoscomotrabalhoeosriscosassociadoscoma construo,fabricao,uso,manutenoedisposiodeinstalaes,materiaise equipamentos (NIOSH, 2004). Tem-setambmoconceitodePrevenodosPerigosnaConstruoatravsdoProjeto (Construction Hazards Prevention through Design - CHPtD) que definido como o processo emqueosprofissionaisdeprojeto(ouseja,engenheirosearquitetos)explicitamente consideram a segurana dos trabalhadores da construo ao projetar uma instalao (TOOLE y GAMBATESE, 2008). Outro conceito o chamado de Projetando para a Segurana (Design for Safety - DFS), que oprocessoformalqueincluiaanlisederisconoinciodeumprojeto(HAGAN,2001). Este processo comea com a identificao dos perigos. Medidas de engenharia so aplicadas para eliminar os perigos ou reduzi-los. UmaextensodoprocessodeDFS(DesignforSafety)paraprojetosdeconstruo denominadaProjetandoparaSeguranadoTrabalhadordaConstruo(Designingfor ConstrutionWorkerSafety-DFCS).ODFCSaplicvelaoprojetodeumedifcio, instalaoouestrutura.Esteprocessonotratademtodosparatornaraconstruomais 27 segura,mascomofazerumprojetomaisseguro.Porexemplo,autilizaodesistemasde proteo contra quedas no parte do processo de DFCS. O DFCS considera a influncia das decisesdeconcepodeprojeto,quepodemeliminaroureduzirsignificativamentea necessidadedesistemasdeproteocontraquedasduranteaconstruoemanuteno. Requer a habilidade de identificar os riscos potenciais para os trabalhadores, associados com a construo, na fase de concepo de um projeto.Em1985,aOrganizaoInternacionaldoTrabalho(OIT)reconheceuanecessidadede profissionais de projeto estarem envolvidos e considerarem a segurana da construo em seu trabalho.Elesrecomendaramquefosselevadaemconsideraopelosresponsveispelo projeto,aseguranadostrabalhadoresempregadosparaergueredifcioseoutrasobrasde engenharia civil (ILO, 1985). A OSHA, no mesmo ano, comeou a reconhecer o impacto do profissionaldeprojetonaseguranadaconstruo.Comentriosdodiretor-adjuntoda OSHAsConstructionDirectorateapoiaramoentendimentodequeaagnciareconheceo impacto que um projetista tem na segurana do canteiro de obras. NaEuropa,desdeoadventodaTemporaryandMobileConstructionSitesDirective,de 1992, obrigaes foram colocadas sobre profissionais de projeto. Em resposta a esta diretiva, oReinoUnidoaprovoualeicomRegulamentossobreProjetoeGestodaConstruo (Constrution Design & Management CDM), que se tornou efetiva em 1995.Almdisso,aFranaaprovouregulamentao,determinandoumavisoholsticada seguranadaconstruo,incluindooprojeto(L'OrganismeProfessionneldePrventiondu Btiment et des Travaux Publics - OPPBTP, 2002) e outros pases europeus seguiram, a partir da,regulamentossemelhantes.Estesregulamentosestabeleceramrequisitosdesadee seguranaparaostrabalhadoresdaconstruoaserematendidospelosprofissionaisde projeto. 2.3 A importncia do gerenciamento dos riscos nos empreendimentos DeacordocomoGuiaparaSistemasdeGestodeSadeeSeguranaIndustrialBritish Standard8800,1996,perigodefinidocomoumafonteousituaocompotencialde provocardanosemtermosdeferimentoshumanosouproblemasdesade,danos propriedade, ao ambiente, ou uma combinao destes fatores. Esteguia tambm define risco 28 comoacombinaodaprobabilidadeeconsequnciadeocorrerumeventoperigoso especificado. Oprocessodegerenciamentoderiscospodeserentendidocomoautilizaodosrecursos humanos,materiais,financeirosetecnolgicosdeformapreventiva,comobjetivodeevitar acidentesquepossamcausardanossadedostrabalhadoreseimpactosambientais,sendo necessriaaidentificaodosriscos,planejamentodeaesdebloqueio,aespreventivas, controle e monitoramento e anlise crtica para melhoria contnua e aprendizado.Dessa forma, pode-se entender que o gerenciamento dos riscos comea no projeto, atravs da identificaodospossveisdesviosdeprocessos,condiesinseguras,camadasdeproteo contra falhas, falhas combinadas e possveis efeitos dos danos causados por um acidente.Oprojetodeumempreendimentodegrandeporteenglobafasesimportantes,comoo desenvolvimento conceitual, a anlise das alternativas e o detalhamento, sendo que para cada uma delas existem requisitos de segurana que devem ser atendidos. Nestecontexto,Cameronetal.(2004),recomendamumprocessodevalidaoporportes (gates) que considerea anlise de aspectos crticos do projeto, como pontos chave duranteo seuciclodevida.Istogarantequetudoquefoiplanejadoestejaconcludo,antesdeavanar paraoprximoestgio,auxiliandonadefiniodemetasmaisconcretasatravsdo gerenciamentoderiscos.Averificaodosrequisitosdesadeeseguranadevefazerparte destas revises dos portes de validao. Osriscosdesadeeseguranafazempartedetodososdemaisriscosdoprojetoea implementaodeumprocessodereviso,atravsdeportesdevalidao,podefornecer mecanismosparagerenciarfatoresquepossamgerarcustoseprazosadicionais,almde prover mecanismos para gerenciar os riscos de sade e segurana. A falta de planejamento traz incertezas para o projeto, tais como mudanas a serem realizadas no estgio de construo e montagem, resultando em prazo e custo extra.AadoodoconceitoFront-End-Loadingnogerenciamentodeprojetosdeengenharia minimizaopotencialdemudanasdeltimahoraatravsdeumplanejamentoabrangentee tambm pode reduzir a probabilidade de acidentes.SegundoBaldwin(2006),oplanejamentodesegurananafasedeprojetobsico reconhecido como a base principal do processo de segurana na construo, por mais de uma dcada.NafasedeConstruoeMontagem,ouseja,duranteaimplantaodoempreendimento,a proteo dos trabalhadores significativamente influenciada por decises que foram tomadas nasfasesdeplanejamentoeprojeto.Algunsplanosdeengenhariaeconstruopodemse 29 tornar difceis e perigosos de serem efetivamente implementados quando elaborados sem uma anlise abrangente de segurana.As ferramentas de anlise de riscos so utilizadas para a realizao de um exame sistemtico de todos os riscos de sade e segurana associados aos processos e atividades desenvolvidos em instalaes industriais.Oefetivoplanejamentoeimplementaodagestodeseguranaesadeem empreendimentosdeengenhariacontribui,emadioaoutrosimportantesfatores,paraque os projetos sejam entregues no prazo, sem custos adicionais e sem expectativas de acidentes e danos sade dos trabalhadores envolvidos na implantao do empreendimento. Aorganizaodeumsistemaeficazdegestodeseguranaesadenotrabalhopode minimizar a probabilidade de ocorrncia de acidentes, pois ir possibilitar a identificao das falhas latentes e implementar mecanismos de controle, isto , barreiras capazes de dificultar a combinaodeeventosquesematerializam,podendoresultaremacidentes.Aanlise sistemticadosriscosdeveserutilizadaparaseanteciparaosproblemaseassimgarantira segurana das atividades e operaes. Atravsdautilizaodeferramentasdeanlisederiscospossveldimensionar qualitativamenteosriscosdeacidentesedoenasdetrabalho,levantandoaexistnciaea efetividadedassalvaguardaseassimpropormelhoriasparareduzirosriscosanveis aceitveis. 30 3 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS 3.1 Anlise de Riscos As tcnicas de anlise de risco possibilitam a identificao dos perigos, aspectos e desvios de processo,quepossamafetarasadeeseguranadostrabalhadores,omeioambienteea qualidade dos produtos. Entendem-se riscos como a combinao entre a probabilidade de um eventoindesejadoeaconsequnciadomesmo,sendooriscoclassificadoemcategorias distintas,dependendodaseveridadedosdanoscausadosedafrequncia.Existemvrias classificaes de risco, porm o importante adotar uma poltica clara para gerenciar aqueles classificados como catastrficos e crticos e manter sobre controle os riscos moderados. Para realizarumaanlisederiscosnecessrioqueoprocessosejamapeadoparaquesepossa entender as interfaces internas e externas e o fluxo de produtos, tecnolgico e humano (DNV, 2003). Paraidentificarosperigos,aspectosambientaisepossveisdesviosdeprocesso,qualificare quantific-losemtermosdeconsequncias,sefaznecessriaautilizaodastcnicasde anlisederiscoquepodemsercaracterizadascomodedutivasouindutivas(CALIXTO, 2005).Astcnicasdedutivaspartemdoperigo,aspectoambientaloudesviodeprocessoparaas causaseconsequncias,comoobjetivodeproporaesmitigadoras.Astcnicasindutivas so o contrrio, investigam os possveis efeitos de um evento desejado, partindo de um desvio deprocessooueventoindesejadoparaavaliarascausaseconsequncias,paraproporaes mitigadoras. As tcnicas dedutivas e indutivas podem ser qualitativas e quantitativas. As tcnicas qualitativas so assim denominadas porque grande parte de suas informaes so baseadasnaexperinciaeconhecimentodosenvolvidosnoprocessoanalisado.Apesarde, algumas vezes, serem utilizados bancos de dados para se definir a frequncia ou probabilidade doseventosindesejados,aseveridadedetaiseventosnocalculada,podendoogrupode anlise adotar uma postura conservadora ou pessimista em relao a essa classificao. Astcnicasquantitativasbuscammensuraravulnerabilidadedareaanalisadaea consequncia em termos de danos fsicos para as pessoas dentro e fora da organizao, danos materiaiseaomeioambiente.Paraisso,existemmodelosmatemticosesimuladoresque utilizamdadosdecamporelativosaequipamentos,condiesambientaisevariveisque 31 possibilitemrepresentar,omaisprximodarealidade,osdanoscausadosporeventos indesejados.Assim, as tcnicas de anlise de risco podem ser definidas como mostra a tabela 1. Tabela 1 Tcnicas de Anlise de Risco Fonte: Calixto, 2005 Aseguirsoapresentadososconceitosdastcnicasdeanlisederiscoqueso mencionadas neste trabalho. 3.1.1 Anlise Preliminar de Riscos e Anlise Preliminar de Perigos Aanlisepreliminarderisco(APR)foiutilizadainicialmentenareamilitar,para identificaoderiscosemsistemasdemsseisqueutilizavamcombustvellquido, envolvendoperigodeexplosoeincndio,sendoumaformadeprevenoegarantiada aplicaodosprocedimentos.Naindstria,aAPRutilizadaemprocessosantesda realizaodeatividadesqueenvolvamsituaesquepossamcausaracidentesgraveseem projetos para identificao dos perigos nos diversos sistemas e subsistemas. Existe diferena entre Anlise Preliminar de Risco (APR) e Anlise Preliminar de Perigo (APP), sendo que, no primeirocaso,almdeavaliarosperigosexistentesfeitaumaqualificaodosriscos, atravsdaqualificaodasfrequnciasouprobabilidadedeexposioaosperigoseda gravidadedasconsequnciasdosacidentesaomeioambienteesadedostrabalhadores (DNV,2003).Pode-severificar,emalgunscasos,aanlisepreliminardetarefa,podendo haverqualificaodoriscoouno,sendoutilizadaparatarefasespecficascomobjetivode prevenoaosriscosenvolvidosnastarefas.AAPRumtcnicadeanlisederisco 32 qualitativo-dedutiva, ou seja, ela inicia na identificao dos perigos, sendo avaliadas as causas erespectivasconsequncias,qualificadososriscosepropostasmedidasparabloqueioe controle dos riscos. AAPRpodeseraplicadaemqualquerfasedoprojeto,sendomaisadequadaapartirdo projetobsicoesendonecessriasatualizaeserevisesdaanliseacadamudanae detalhamento do projeto. Para realizar a APR necessrio um coordenador que conhea, alm da tcnica, os conceitos de perigo e danos, pois comum haver confuso desses conceitos que podemcomprometerasrecomendaessugeridasnaanlise.Almdocoordenador,so necessrios especialistas de reas operacionais relacionadas ao empreendimento, para avaliar a operacionalidade das aes propostas.A APP pode ser feita com focos em segurana ou meio ambiente. A melhor opo ser feita de maneira integrada, considerando os dois aspectos, porm necessrio que os participantes tenham uma viso ampla, o que no ocorre em muitos casos (DNV, 2003).AAPRtemcomoprincipaisvantagensapossibilidadedeparticipaodeumgrupo multidisciplinar, a utilizao de pouco tempo para anlise na maioria dos casos e simplicidade daaplicaodatcnica,podendoserutilizadaemreasoperacionaisdeformapreventiva, antes da realizao das tarefas. As desvantagens so a dependncia da percepo dos perigos no processo ou projeto por parte dos envolvidos que, no caso de esquecimento de um perigo, pode acarretar um acidente, por no haver ao de controle ou bloqueio. Outra desvantagem a utilizao de uma outra anlise feita para um processo, atividade, projeto ou tarefa parecida ou, no mesmo caso, em outro perodo, no havendo nesse caso, discusso sobre os perigos e consequentementeconscientizaodaimportnciadasaesebloqueio,sendoapenaso cumprimento de uma exigncia gerencial. 3.1.2 Anlise de Riscos e Operabilidade (Hazop) OmtodoHazopfoiintroduzidoinicialmentepelosengenheirosdaempresainglesaICI Chemicals na metade dos anos 70. Uma vez verificadas as causas e as consequncias de cada tipodedesvio,estatcnicaprocurapropormedidasparaeliminar,mitigaroucontrolarat nveis aceitveis o risco, ou quem sabe at sanar o problema de operabilidade do processo. uma tcnica estruturada em palavras guias, desvios, causas, consequncias e recomendaes, eatcnicamaisformalizadaemtermosdemetodologia,sendonecessrioexperinciae 33 conhecimentonaaplicao,paraumaanlisedeprocessodeprojetos(Dupont,2004).Isso exigeumcoordenadorqueconheaatcnica,almderepresentantesdaoperao,processo, manuteno,instrumentaoeprojeto.AvantagemdoHazopametodologiargidaque obrigaaavaliartodooprocessoatravsdadefiniodosns,ouseja,limitesaserem avaliadosnosprocessosestabelecidosnosdesenhosdeengenharia,dependendodo entendimentodogrupoarespeitodospossveisefeitos,causasetiposdeprodutos. interessantequeadefiniodosnssejafeitajuntocomaequipedeHazop,devidoao conhecimento dos representantes de processo, operao e projeto. As desvantagens do Hazop soamonotoniadatcnicaquesegue,desvioadesvio,osdiversosequipamentosque pertencemaosnsdefinidos,adesconsideraodefalhascombinadaseoexcessodefoco dadoaoprocesso,quepodedeixarpassarquestesimportantesrelativassadeeaomeio ambiente.OprincipaldesafiodoHazopmanterasdiscussesdaequipevoltadaspara identificaesdasconsequnciasdosdesvioserecomendaes(Dupont,2004).Existeuma tendncia natural das equipes discutirem processo sem muitas vezes agregar valor anlise do Hazop, porm essas discusses so necessrias para garantir a qualidade das recomendaes. 34 4 CONFIABILIDADE HUMANA E ENGENHARIA DE RESILINCIA 4.1 Confiabilidade Humana Confiabilidadehumanaaprobabilidadedequeumapessoarealizedemaneirasatisfatria uma tarefa exigida pelo sistema em um perodo de tempo determinado, sem realizar uma outra ao que possa degradar o sistema (SWAIN, 1976; CELLIER, 1990; DE KEISER, 2005).A anlisedaconfiabilidadehumanaumaferramentautilizadaparamelhorarodesempenho humanoeestimaraconfiabilidadehumana.Estaanlisefornecetantoinformaes qualitativascomoquantitativas.Asinformaesqualitativasidentificamasaescrticas, aeserrneas(nodesejadas),situaesdeerroprovvelequaisquerfatoresquepoderiam proporcionar falhas no desempenho de qualquer ao. As informaes quantitativas fornecem estimativasnumricasdaprobabilidadedequeumatarefaserdesenvolvidademaneira incorreta ou de que aes no desejadas sero realizadas. AAnlisedeConfiabilidadeHumanaseiniciounofinaldadcadade50,quandoalguns especialistas perceberam a influncia do fator humano no desempenho dos sistemas. Assim, destacam-se as primeiras iniciativas, como:Em 1958 Williams sugere que a confiabilidade humana deve passar a ser considerada nos modelos de confiabilidade existentes;Em 1960 estudos mostram que parte das falhas dos equipamentos so causadas por falha humana;Em 1962 foi iniciada a criao de bancos de dados de falhas humanas;Em1972,InstituteofElectricalandElectronicsEngineers(IEEE)publicouumaedio sobre confiabilidade humana;Na anlise da confiabilidade humana algumas questes devem ser respondidas: O que pode dar errado e quais as consequncias;Qual a possibilidade de dar errado;Quais os fatores que influenciam o desempenho humano;Como reduzir a probabilidade de falhar. Asfalhashumanasresultamdeprocessosmentais,taiscomo,oesquecimento,afaltade ateno,obaixonveldemotivao,afaltadecuidado,aneglignciaeaimprudncia (Reason, 2000). 35 Existem diversas formas de classificar o erro humano baseadas nesta concepo. 4.1.1 Modelo de Rasmussen Rasmussen (1976; AMALBERTI, 1996, 1980; FADIER, 1994, 1986, 1987) decompe a atividade humana em trs tipos de comportamento, baseados: nos automatismos (Skill) permite a execuo de trabalhos rotineiros com um baixo nvel de ateno. Por exerccio repetido, o operador adquire a capacidade de realizar uma tarefa, por vezes complexa, de modo automtico (exemplo: conduo de um automvel); nasregras(Rule)caracteriza-sepelautilizaodeprocedimentos,dediretivas memorizadas,implicandoumcontroleatencional(emboracertasregraspossamencadear-se quaseautomaticamente).Estasregrassoadquiridasempiricamenteouprescritas(oralmente ouporescrito).particularmentefrequentenagestodesituaesdelicadasouacidentais, exigindo um nvel de compreenso mais elevado do que as atividades rotineiras; nosconhecimentos(Knowledge)surgeemsituaescompletamentenovas,emqueo operadortemqueidentificarosobjetivosaalcanar,aestratgiaaseguir.Esteprocesso necessitadeumarepresentaocognitivadosistema,apartirdeprincpiosjadquiridose transferveis,bemcomodeumaavaliaoantecipadadoresultado.Requer,porvezes,a produodesoluesoriginais,sendoporissoatividadesmaislentasefortemente consumidoras de recursos. AclebreclassificaoSRK(Skill-Rule-Knowledge)correspondeaumadiminuiodos nveisdefamiliaridadecomatarefaeaumaumentodosnveisdeconhecimento,podendo umamesmasituaoserapreendidasegundoostrsnveis,tudodependedaperciado operador(RASMUSSEN,1980;FADIER,1994;RASMUSSEN,1983;SANDOM& HARVEY, 2004). 4.1.2 Taxonomia de Swain OautorSwain(1976;CELLIER,1990,1983;DEKEISER,2005)estabeleceuma classificao baseada em cinco tipos de erro que primam pela objetividade: 36 omissooindivduonoexecutaumadasetapasdatarefaque,segundoasua organizao de trabalho, teria de ser realizada; execuo a tarefa no realizada tal como est prevista pela organizao; desvioooperadorintroduzumaaoquenofazpartedatarefaprevistapela organizao; sequnciaacontecequandohalteraodaordemcorretaderealizaodatarefa prevista; prazo a tarefa realizada antes ou depois do tempo previsto pela organizao. A taxonomia de Swain permite comparar a ocorrncia de erros durante a execuo de tarefas diferentes(CELLIER,1990)mas,apesardesermuitoutilizada,noestlivredecrticas, destacando-seduas.Aprimeira,dizrespeitoconfianaexcessivadadanoodetarefa prescritapelaorganizaodetrabalho,ouseja,limitativoadotarumatarefacomonorma semseteremcontaascircunstnciasemqueestarealizada.Asegunda,refere-seao processoimplcitonoerro,isto,esteprocessonosereduzexecuodeumaao,visto quealgumas etapas do raciocnio podem estar erradas e o ato ser correto, assim como podem existiraesincorretasimediatamentecorrigidaspeloindivduoquenodeixamqualquer vestgio. A classificao de Swain no pode, pois, aplicar-se sem a realizao de uma reflexo profunda e uma anlise detalhada da situao de trabalho (DE KEISER, 2005). 4.1.3 Abordagem de Reason AabordagemdeReason,emgrandeparte,inspiradanaobradeRasmussen(DEKEISER, 2005).Oautor(REASON,1993)propeumaclassificaobaseadanosmecanismos cognitivos implicados na produo do erro, distinguindo tipo de erro de forma de erro. ParaReason(1993)otermotipodeerroestassociadoorigempresumveldoerro, situando-se entreas etapas que vo desde a concepo execuo da sequncia deaes,as quais podem ser classificadas em trs grandes categorias: a planificao, o armazenamento e a execuo. Aplanificaoabrangediversosprocessosqueidentificamoobjetivoaatingireosmeios necessrios.Geralmenteosplanosnosoexecutadosdeimediato,peloquesesucedeuma fase de armazenamento com durao varivel entre a formulao das aes desejadas e a sua 37 execuo. A etapa de execuo engloba os processos implicados na entrada em ao do plano memorizado. Assim,asfalhaseoslapsostmlugarquandoasaesseafastamdaintenodevido deficincia na execuo. Por outro lado, os enganos surgem quando as aes se desenvolvem segundo um plano inadequado para atingir o objetivo desejado. A tabela seguinte apresenta as relaes entre as trs etapas e os tipos fundamentais de erro. Tabela 2 Classificao dos tipos fundamentais de erro em funo das etapas ETAPA COGNITIVA TIPO FUNDAMENTAL DE ERRO Planificao Enganos Armazenamento Lapsos Execuo Falhas Fonte: Reason, 1993 Enganos (Mistakes):- Ocorrem no modo baseado no conhecimento; - Ocorrem no modo baseado em regras: tarefa envolve seguir procedimentos; Deslizes (Slips) ou Lapsos (Lapses):- Ocorrem no modo baseado nas habilidades (Skill); - As intenes so corretas; - Lapso: Deixar de realizar uma ao no tempo certo; - Ocorrem em situaes de estresse ou distraes. Falhas ou Violaes:- No seguir deliberadamente os procedimentos.- Violaes so desvios de operao segura, prticas, procedimentos, normas ou regras. 38 SegundoReason(1993),enquantoqueostiposdeerroestoconceitualmenteligadoss etapas e aos mecanismos cognitivos subjacentes, as formas de erro correspondem a repeties de falhas que surgem, qualquer que seja o tipo de atividade cognitiva ou de erro. Isto significa que as formas de erro podem encontrar-se nos enganos, nos lapsos e nas falhas propriamente ditas. Alm disso, as formas de erro so de tal maneira dispersas que pouco provvel que a sua ocorrncia esteja apenas relacionada com a falha de uma s entidade cognitiva. DeacordocomReason(1993),adistinoentrefalhaseenganosinsuficientepara contemplartodosostiposdeerro.Daanlisedediversoserros,verificouquealguns apresentam propriedades de ambas as categorias, sendo difcil situ-los nesta classificao. Os tipos de erro podem ser classificados dentro de cada um desses trs nveis de desempenho.No nvel da habilidade, os erros podem ser classificados em deslizes de ateno ou lapsos de memria.Osdeslizessereferemafalhasdeatenoepercepoemaesobservveis, enquantooslapsossoeventosinternos,geralmenteenvolvendofalhasdememria (REASON, 1990). No nvel das regras, Reason (1997) apresenta uma classificao que relaciona o resultado do desempenhocomotipoderegrautilizado(Tabela4).Contudo,humaimportantesituao no contemplada na Tabela 1; a incorreta, porm bem sucedida, violao de boas regras. Tabela 3 As variaes de desempenho no nvel das regras Fonte: REASON, 1997 O sucesso individual de reduzir o tempo de ciclo por ter deliberadamente ignorado uma regra projetada para maximizar a segurana constitui uma violao recompensada psicologicamente (REASON et al, 1998).Umaperguntacomumparacaracterizarodesempenhononveldasregrasseo procedimentoouregraestavadisponvel.Emboraqualqueratividadetenhaumpotencialde risco, no necessariamente possvel e, muitas vezes, nem desejvel, estabelecer regras para cobrirtodososaspectosdaproduoesegurana.Portanto,impossvelantecipartodasas combinaesdeperigoseseusrespectivoscenrios,demodoquesemprehaversituaes com ms regras ou at mesmo sem regras (REASON et al, 1998). 39 Outra caracterstica dos procedimentos de segurana que os mesmos, normalmente, probem aesquetenhamimplicadoemrecentesincidentes,sejamquase-acidentesouacidentes. Contudo,aolongodotempo,essasadiesvosetornandorestritivas,podendoreduziras aespermitidasparaumnvelmenordoqueonecessrioparaexecutaratarefa.Assim, muitas violaes so geradas pela superespecificao. Entretanto, particularmente no caso de sistemascomplexos(porexemplo,usinasnucleares),temsidoobservadoquehrara recorrnciadeacidenteseassim,rapidamente,ostrabalhadoresnotamqueasviolaes isoladasnocostumamlevaraacidentesidnticosaosjocorridosenoresultamem penalidade (REASON, 1990).

4.2 Engenharia de Resilincia Aintroduodenovastecnologiasedenovasformasdegestoimpactamnaformade realizao do trabalho. As exigncias por aumento de produtividade e a adoo de novas formas de tecnologia e de conhecimentos so alguns dos fatores que modificaram o mundo do trabalho e criaram novas formas de erros e acidentes nas organizaes (DEKKER, 2002). Um dos exemplos de mudana, nas ltimas dcadas, foi a transio do modelo de organizao taylorista-fordistaparaummodelodeflexibilizaodaproduo,baseadonosprincpiosdo SistemaToyotadeProduo.Estamudanaimplicouemexignciascomo multifuncionalidade, participaoe interao dostrabalhadores com sistemas automatizados, no qual o trabalhador no mais solicitado apenas para operar mquinas manualmente, mas a perceber sinais e a interpretar dados (GUIMARES, 2004). Estas mudanas organizacionais e defilosofiadeproduotambmocorreramnosetordemineraoeforamagravadas,nos anos noventa, pelas polticas econmicas e estratgicas do pas.Estudostradicionaisemgestodeseguranacostumamdiscutirosriscoseasfalhascomo resultadosdadeterioraododesempenhonormaldasorganizaes.Apesardepossurem modelos poderosos e um conjunto de sistemas para apoiarem seus processos, a maioria desses mtodosagregaperspectivasinadequadasparalidarcomacomplexidadedoseventosque ocorrem nos sistemas modernos (SHERIDAN, 2008; WREATHALL, 2006). Nessecontexto,manteraprodutividadeegarantiraseguranaindustrialtmsetornadoum desafio.Emboraesforostenhamsidogeradosnocombateaosacidentesocupacionais,as melhoriasnosndicesdeseguranatmatingidoumplat.Paraexplicarporquetais 40 melhorias no tm apresentado resultados satisfatrios, Abdelhamid et al. (2003) sugerem que omododeficientedecompreensodosacidentessejaumfatordeterminante.Noentanto,a maneirapelaqualosacidentessoabordadosrefleteomodocomoaorganizaoentendeo problema,ouseja,refleteasuaculturaorganizacional(HOLLNAGEL,2004).At recentemente,oacidenteeraanalisadonointuitodebuscarumculpado,transformadoem estatsticaparaefeitoslegais,ouestudadoparadesenvolverumsistemaprescritivode prevenoumpoucomelhor.Mashoje,asteoriasmaismodernas(DEKKER,2004; AMALBERTI,1996;HOLLNAGEL,2004;HOLLNAGELetal.,2006)enfatizamquea segurananopodeserentendidacomoumapropriedadedosistemabaseadaapenasna adesoaregrasetabulaodeestatsticasdeacidentes,mascomoumacaracterstica dinmica ligada ao seu comportamento. Assim, ao invs de focar apenas nos erros e falhas, a empresa deve atentar para o sucesso das suas equipes, principalmente quando tudo pressiona emdireoaoinsucesso.Oquefazcomqueestasequipessejamresilientesapontodese recuperar facilmente de erros e, at mesmo, no deixar que eles ocorram? Aprendendo com o sucessodaquelesgruposquelidamcomacomplexidadeeavariabilidade,mesmosob presso,aempresapodemelhorarodesempenhodasequipesmenosresilientese,assim, aumentar a segurana e o desempenho da empresa como um todo. Conceituadacomoacapacidadedeumsistemaemmanter-seouretomarrapidamentesua estabilidadeinicial,permitindoacontinuaodasoperaesdepoisdeumincidenteou estressesignificativo(WOODSeWREATHALL,2003),aresilinciapodeseruma propriedadeestendidaparatodasasreasorganizacionais.Nocontextodagestode segurana,aEngenhariadeResilinciaumnovoparadigmaqueseconcentraementender comoaspessoas,sobpresso,lidamcomacomplexidadeeavariabilidadedeumsistemae aindaobtmsucessoquandoascondiesestoadversas(HOLLNAGELetal.,2006).Esta idiacorroboraAmalberti(1996),queafirmaquenasorganizaesdealtaconfiabilidade,a chavedasuaultra-seguranaseconcentrarianosestudosdosacertosdostrabalhadorese noemseusfracassos,umavezqueosacidentesquasenoocorremnestasorganizaes. Portanto, o sintoma de disfunes do sistema no a ocorrncia final do erro, mas a falta de capacidade para a sua deteco e antecipao das suas consequncias. Asorganizaespodemtornar-semaisresilientesquandogestoresnosdiversosnveis hierrquicos possuem informaes de como as atividades esto sendo executadas, de modo a oferecerosrecursosnecessriosspessoasparaseadaptaremetomaremdecisesem situaesinesperadasenodesejadas,mantendoofluxodeumaproduoeficazeem segurana (HOLLNAGEL, 2008). 41 4.2.1 Indicadores de desempenho reativos SegundoaNationalOccupationalHealthandSafetyCommissionNOHSC(1999),os indicadores reativos consistem em medidas das perdas relativas sade e segurana e medem normalmente a quantidade de acidentes e doenas e suas implicaes em termos de custo. So caractersticastpicasdessesindicadores:a)facilidadedecoleta;b)facilidadede interpretao; c) ligao bvia com o desempenho de segurana; d) facilidade de comparao e e) contribuio para identificar tendncias. A abordagem reativa a base da maioria dos procedimentos e regras utilizados na melhoria da segurana do trabalhador. O ser humano costuma aprender por meio das experincias, sendo possvelaprendermuitoatravsdosacidentesocorridos(RASMUSSENetal.,1994).Por exemplo,comosugestoparaexploraropotencialdosdadosreativos,LevitteSamelson (1994) recomendam classificar as leses em diversas categorias, tais como: por parte do corpo atingida, por tipo de leso, pelo tempo que o trabalhador est na atividade ou pela funo do trabalhador. Emvriospasesalegislaoobrigaacoletadeindicadoresreativos.NoBrasil,aNR-4da Portaria 3.214 do Ministrio do Trabalho e Empregoestabelecea obrigatoriedade de clculo dedoisindicadoresdecarterreativo:taxadegravidade(TG)etaxadefrequncia(TF)de acidentes. NosEUA,osprmiosdesegurodeacidentesdetrabalhosocalculadosapartirdeum parmetroconhecidocomotaxademodificaodeexperincia(ExperienceModification Rating-EMR),queamedidamaisutilizadanaquelepasparaacomparaodo desempenho de segurana entre empresas. Em termos sucintos, o EMR calculado a partir de umataxamdiadeacidentesdosetor,sobreaqualseaplicaumcoeficientequerefleteo histricodeacidentesdaempresa.Emborasejabastanteutilizado,muitosprofissionaisda rea de segurana no entendem o procedimento de clculo do EMR, devido complexidade domesmo.Comoconsequnciadisso,torna-sedifcilparaasempresasidentificarasaes prioritriasquepoderiamdiminuirseuscustoscomseguros(EVERETTeTHOMPSON, 1995). Umabaixataxadeacidentes,mesmoporumlongoperododeanos,nogarantiadeque riscosestosendoefetivamentecontrolados,nemvaiasseguraraausnciadeacidentesno futuro.Issoparticularmentecertonasorganizaesemquehumapequenaprobabilidade 42 de acidentes, mas ondegrandes perigos esto presentes. Nesse caso, o histrico de acidentes pode ser um indicador pouco confivel do desempenho da segurana (LINDSAY, 1992). Osindicadoresreativosapresentamalgumasimportanteslimitaes(BEA,1998;NOHSC, 1999;REASON,2000;SHAWeBLEWETT,2000):a)medemasfalhas,noosucesso;b) oscilamaleatoriamente;c)refletemosucessodasmedidasdeseguranaempreendidasno passadoed)medemodesempenhoindividualdotrabalhador,demodoquenoconseguem retratar o desempenho do ambiente de trabalho. Outra limitao se refere ao aumento da carga de trabalho que, isoladamente, pode contribuir paraoaumentodonmerodeacidentes.Assim,reitera-sequeoindicadorsempredeveser avaliadosobaticadonmerodehomens-horatrabalhadas.Aduraodoafastamento tambmnodependesomentedagravidadedalesooudoena,sendoinfluenciadatambm por outros fatores, tais como falta de motivao ou a falta de assistncia por parte da empresa (DE CICCO, 1988). 4.2.2 Indicadores de desempenho proativos DeacordocomorelatriodaNationalOccupationalHealthandSafetyCommission- NOHSC(1999),asmedidasproativasfocamemavaliaroquoefetivamenteumaempresa est executando o monitoramento dos processospara produzir bons resultados em termos de sadeesegurana.Essesindicadorespodemserutilizadosparamedirarelevnciados sistemas de gesto de sade e segurana, gesto de processos e conformidade com prticas de sade e segurana no ambiente de trabalho. Emparticular,amediodeindicadoresproativospreferencialmenteemtemporealouo maisprximopossveldisso-fundamental,vistoqueosindicadoresreativossomente medemodesempenhopassadodaseguranaesade(WREATHALL,2006).Aabordagem proativaanalisaosistemaantesqueelefalhe,emumatentativadeidentificarcomopoderia falhar no futuro (BEA, 1998). Ao contrrio das medidas reativas, as medidas proativas lidam com dados das situaes atuais deseguranaegeramocomprometimentocomospadresdedesempenhoeobjetivos,com ativa participao de todos os nveis de gerncia (SHAW e BLEWETT, 1995). Asvantagensdeutilizarindicadoresproativosdesadeeseguranaemvezdeindicadores reativos incluem: (a) retroalimentao do desempenho antes do dano, doena ou ocorrncia de 43 acidentese(b)aprovisodosmecanismosimediatosdaretroalimentaocomdadosda situao atual de segurana a respeito da gesto de sade e segurana (SHAW e BLEWETT, 1995; REASON, 1997; NOHSC, 1999). Em termos de exemplos de indicadores proativos, NOHSC (1999) sugere vrios, tais como o nmerodeauditoriasdeseguranaconduzidas,aporcentagemdenoconformidades identificadas e corrigidas em consequncia de uma auditoria de segurana e a porcentagem de trabalhadores que receberam treinamento de Segurana e Sade no Trabalho. 4.2.3 Indicadores de Resilincia A gesto de resilincia visa estabelecer um ambiente de monitorao / controle pr-ativos na segurana das organizaes. Dessa forma, os fatores que podem interferir na segurana devem serconstantementeacessadosparaevitaraocorrnciadeincidentes/acidentes.Acriaode indicadores preditivos (que propiciem uma viso antecipatria) imprescindvel para alcanar esses objetivos e evitara identificao de problemas e a adoo deaes corretivas somente aps a deteco de falhas produtivas (WREATHALL et al., 2006). Odesenvolvimentodeindicadoresdeveocorreremetapas(nveisdeabstrao),ondeos componentes so refinados seguidamente atconseguiraspectos passveis de serem medidos demodosatisfatrio(STOLKER;KARYDAS;ROUVROYE,2008).Oprojetode indicadoresnoumatarefasimples,poisenvolveaconsideraodevriosaspectoscomo capturar, estruturar, avaliar, visualizar e analisar dados e tomar decises acerca do evento que se deseja medir, alm de possuir quantidade adequada de mtricas, simplicidade de avaliao, clculo e anlise (EPRI, 2006; WREATHALL, 2006). Aindaqueascaractersticasdossistemasprecisemserespecificadas,Wreathall(2006) destaca as necessidades de compreenso do trabalho executado (e no como imaginado), alm dapercepoorganizacionaldoseudesempenhoemrelaoaosaspectosquelheconferem segurana e dos recursos que estas possuem disponveis para as suas aes. Osindicadoresdevemrefletirumconjuntodefatoresorganizacionaisqueinfluenciama execuodasatividades.Paraadefiniodosindicadoresutilizam-seaportesdaengenharia de resilincia (WREATHALL, 2006) e outros fatores que consideram as principais fraquezas latentes que emergem nas organizaes: comunicao, instalaes e equipamentos, atividades degruposeinterfacesdetrabalho,condiodemateriais,planejamentoeagendamento, 44 polticas,procedimentosedocumentao,papiseresponsabilidades,estruturadastarefas,e treinamento e experincia. 45 5 INDUSTRIALIZAO DA CONSTRUO Recentesavanosemtecnologiasdeprojetoedeinformao,combinadoscomnfase crescente na otimizao das metodologias de construo visando otimizar custo, cronograma e questes de sade e segurana, vm indicando que o uso de pr-fabricao, pr-montagem e modularizao tm se mostrado mais viveis. Os principais fatores que influenciam a tomada dedecisosobreautilizaodaindustrializaodaconstruotmtambmseampliadoe modificado,incluindonovastecnologiaseumambientedemudananaconstruo.Alm disso,dentreosproblemasrelacionadosaquestesdesegurananaimplantaodeprojetos de capital, pode-se destacar:Elevado contingente de mo-de-obra; Prazos insuficientes levando a altas jornadas de trabalho; Condies inseguras de trabalho; Baixa qualificao das empresas e da mo de obra; Vrias movimentaes de materiais e equipamentos no canteiro; Interferncia nas reas operacionais; Quantidade elevada de frentes de trabalho. Emcontrapartida,dentreosbenefciospotenciaisdaaplicaodasestratgiasde industrializaodaconstruoparaminimizarosriscosseguranaduranteasetapasde implantao de projetos, cabe citar:Reduo da mo-de-obra no canteiro (racionalizao/mecanizao); Reduo de movimentaes de materiais e equipamentos no canteiro de obras; Menor interferncia nas reas operacionais; Possvel reduo de incidentes e acidentes (atravs da menor exposio e ambiente com melhores condies de segurana); Eliminao de etapas de obra (acabamentos, montagens, instalaes,etc.).Aimplementaobemsucedidadaindustrializaodaconstruorequerumaanlise sistemticaeprocessodedecisoparaavaliarospotenciaisbenefciosebarreirasparaa utilizao desses mtodos em projetos. AequipedeinvestigaodoInstitutodaIndstriadaConstruo(ConstructionIndustry InstituteCII),emcontinuidadeaesforosanterioresdepesquisa,identificouoestadoda artedasprticasdeindustrializaodaconstruoedesenvolveucritriosdedecisopara 46 ajudarasequipesdeprojeto,aoconsiderarpossvelautilizaodaindustrializaoda construo em seus projetos (HAAS; FAGERLUND, 2002). Nodesenvolvimentodaestruturadedeciso,aequipedepesquisadeufocoidentificao dos requisitos para o uso efetivo da industrializao da construo em projetos industriais. A pesquisapreliminarapresentadanesterelatriocontinuou,ainda,aestruturarotrabalhoe desenvolv-lo em uma ferramenta informatizada. Industrializao da construo no deve ser aplicadaaqualquerprojeto,maspodetrazergrandesmelhoriasdedesempenhoparaosque maisseadequamaestametodologia.Aindstriadaconstruocivilpodeaplicara experinciademuitosespecialistasparaaindustrializaodeseusprojetoseperceberos benefcios do uso da industrializao da construo. Pr-fabricao,pr-montagememodularizaosoestratgiasquetmopotencialde:(1) reduzirsignificativamenteaduraodoprojeto,(2)melhoraraprodutividade,(3)reduziras necessidades de trabalho e custos, e (4) ter um impacto positivo sobre a cadeia de problemas desuprimentos.Coletivamenteconhecidoscomoindustrializaodaconstruo,cadaum maisoumenosaplicvelemcondiesespecficas.IndustrializaodaConstruofoi desenvolvidapeloCIIcomoumafora-tarefadeconstrutibilidadeparaofereceruma oportunidade substancial para melhorar o desempenho do projeto e superardesafios externos einternosdeprojeto,comolocaladversoecondieslocais,afaltademodeobra qualificadaecronogramaexigente,entreoutros(TATUMet.al.,1987).Emumestudodo CentrodeEstudosdaIndstriadaConstruodaUniversidadedoTexas,estimou-sequea utilizaodepr-fabricaodepr-montagemaumentoucercade90%aolongodosltimos quinze anos (EICKMANN, 1999). O estudo foi baseado em um extenso levantamento de mais de 27 profissionais da construo. Influnciasrecentesdatecnologiadainformaoincluemavanosnagestodacadeiade suprimentos.Asaplicaesindustriaismaiscomunsincluemconjuntosestruturais, tubulaes,cablagensemdulospr-moldadosdeconcreto.Emboraestasejaumaideia ambiciosa,agoratecnicamentevivel.Acapacidadeeusobenficodatecnologiada informaoemprojetosdeconstruoestoavanandorapidamente.Essacapacidadede desenvolvermodelosCADqueincluemoconhecimentonecessrioparaousoda industrializao da construo junto com a engenharia, aquisio e construo de informao sobretodososcomponentesdeumaplantaumagrandevantagemparaousopotencialde modularizaoepr-montagem.Porsuanatureza,aindustrializaodaconstruocontm maisinterfacesfsicaseorganizacionais,proporcionandooportunidadesdemelhoriaatravs 47 da automao possvel com CAD e outras tecnologias de informao (HAAS; FAGERLUND, 2002). Mudanasnoclimaatualdaindstriadaconstruotambmsealinhambemcomos conceitosdaindustrializaodaconstruo,justificandoaindamaisosatuaiscenriosque refletemessasmudanas.Aatualescassezdemodeobraadequadaehabilidadespodem potencialmentesergerenciadas,atcertoponto,pelaindustrializaodaconstruo.nfase crescentenoscustos,seguranaecontroledocronogramadosprojetostambmpodemser potencialmente gerenciadas pela industrializao da construo. Adequadatomadadedecisoemrelaoindustrializaodaconstruoexigeaincluso dessastecnologias,bemcomoosrespectivosimpactosdosfatoresqueinfluenciama conduo ou impedimento da execuo do projeto. Enquanto algumas empresas tm utilizado comsucessomtodosdeindustrializaodaconstruo,aculturaglobaldaindstriaainda noreconheceutotalmenteopotencialparamelhoriasdoprojeto.Comeandocomum conjunto de estruturas de deciso abrangentes, desenvolvidas atravs daanlise dos mtodos jutilizados,adifusodeumaferramentaatravsdoconsrciodeconstrutoresdoCII, projetistas e empreiteiros, pode fornecer os subsdios que a indstria precisa para estabelecer a industrializao da construo como uma boa prtica. As principais reas de industrializao daconstruoincluemtubulao,montagensestruturaiseequipamentos(HAAS; FAGERLUND, 2002). 5.1 Ferramenta Computacional para Avaliao da Viabilidade de Aplicao do Processo de Industrializao da Construo Situaesoportunaseinvestigaespreliminarestambmcaracterizaramsucessonatomada dedecisoquantoindustrializaodaconstruo.Adecisodeadotarindustrializaoda construo deve ser feita no incio do planejamento do projeto. Uma das desvantagens o fato dequeoescopodoprojetodeveserbemdefinido.Adecisodaindustrializaoda construopodesermaisapropriadaquandofeitaomaisprximopossveldoinciodo projeto. Ainvestigaopreliminarenvolveanlisesqualitativase/ouquantitativasmaiscriteriosase uso de novos mtodos. 48 ComoresultadodavisoadquiridaapartirdoestudoCIInofinaldadcadade1980,uma ferramentadesoftwareparamodularizaodetomadadedecisochamadoMODEXfoi desenvolvida.Osoftware,tambmconhecidocomoModularizationExpert,foicriadopara permitirqueasequipesdeprojetoavaliassemaviabilidadedautilizaodeindustrializao da construo em projetos industriais (HAAS; FAGERLUND, 2002). Incorporando fatores importantes identificados pela equipe de pesquisa em sua arquitetura de sistema,osoftwareforneceutrsnveisdeanlisedeviabilidadeparaousurio.Estes incluramtriagem,viabilidadeeanliseeconmica.Oprocessodetriageminicialuma rpidaavaliao,exigindoomnimodeinformaoparadeterminaropotencialgeralpara modularizao.Seoprojetopossuideterminadopotencial,oprogramaprosseguecomo estudodetalhadodeviabilidadeeanliseeconmica.Atributosdoprojetoparaestaseo incluemalocalizaodaplanta,fatoresambientais,aorganizao,ascaractersticasdas plantas, o risco do projeto e condies de trabalho (CII, 1992). Posteriormente,estudosavaliaramautilizaodeMODEXatravsdetestescomdadosdo projeto.Aescolhadedesenvolverosoftwarecomoumsistemaespecialistafoiconsiderada adequada,dadaafacilidadedeusodesistemasespecialistas,acapacidadedelidarcoma incertezaeadequaodosistemaparaproblemasdomundoreal(MURTAZAetal.,1993). TambmtrabalhosposterioresidentificaramMODEXcomoumadasmelhoresprticasno processo de deciso para industrializao da construo industrial (MULVA, 1996). Outrossoftwarestambmforamproduzidosutilizandoosdadoscoletadospelafora-tarefa CII.Alm do sistemaespecialista MODEX, algumas pesquisas foram realizadas sobre o uso deredesneuraisetecnologiamultimdia,paraauxiliarnoprocessodecisrio.Umprograma usouumaredeneuralmulticamadadeauto-organizao,juntamentecomosdadosda pesquisaCIIparadeterminaronveldemodularizaoparaserusadoemumprojeto.O sistemafoidefinidoparaser80%precisoquandotestadocomdadosdedezprojetos.Os resultados iniciais concluram que as redes neurais podem produzir a preciso necessria para tomada de deciso (MURTAZA, 1994). Outro sistema incorporou a tecnologia de multimdia com os dados do projeto da fora-tarefa CII.OSistemadeSuporteMultimdiaDeciso(MaintenanceDecisionSupportSystem- MDSS)adotaosdadosdoprojetocombinadoscomosistemaMODEX.Osistemaconsiste emquatromdulos.Ummduloincluicritriosparatomadadedecisoefatoresde ponderao. O segundo mdulo contm o banco de dados de informaes sobre o projeto para ocasoemquesto.Oterceiromduloincluiumabasededadosgrfica,comfotografiase imagenssobreasinformaesdoprojeto,taiscomoascondiesdolocaleroteamentode 49 transporte.Oquartomdulousaumgrupodealgoritmodedecisoparadeterminaruma soluo (VANEGAS; HASTAK, 1995). Deemer(1996)identificouosfatoresdaTabela5,quandoseconsideraousode modularizao. Tabela 4 - Parmetros de projeto para viabilidade de modularizao Custo global Projeto detalhado Cronograma Contratos Segurana Fabricao Operacionalidade e Manuteno Transporte Qualidade Construo Impacto sobre o ambiente local Sigilo Condies de Negociao Fonte: Deemer, 1996 Apartirdessesprojetos,pesquisadoresacadmicoseprofissionaisdaindstriatmsido capazesdeidentificarosdirecionadores,benefcioseimpedimentosnautilizaode industrializaodaconstruo.Todosestesaspectosafetamoprocessodecisrioe apresentamimpactoparaaadequadadeterminaodombitodeindustrializaoda construo.Custo,cronograma,qualidade,seguranaetransportesofatoresquedevemser considerados na industrializao da construo (HAAS; FAGERLUND, 2002). 5.1.1 Custo Aeconomiadecustosconsisteprincipalmentenasdiferenasentreocustodotrabalhode campo em comparao com os ganhos de produtividade de uma oficina de fabricao, mesmo considerandooscustosdesuportenecessriosparaatividadesexecutadasforadolocalda construo.UmestudodoCIIdeobrasindustriaisconstatouque,emalgunscasos,a estimativa de reduo de custos foi de 10% para o custo global do projeto e 25% para custos 50 no local de trabalho (TATUM etal., 1987). As redues de custos foram atribudas reduo docustodotrabalhoexterno.Aprodutividadedaoficinadefabricaofrequentemente melhordoqueocampoporcausadecondiescontroladas,supervisomaisprximae acesso mais fcil s ferramentas e equipamentos. 5.1.2 Cronograma Cronogramamuitasvezesimpulsionaousodemuitasformasdeindustrializaoda construo.Aumentodeprodutividadeeatividadenosequenciadassoformastpicasde melhorar cronograma com industrializao da construo. Ganhos em relao programao sopossveisatravsdodeslocamentodetrabalhoparalocaisforadolocaldemaior produtividade. Um estudo na rea de construo de edifcio estimou uma reduo no trabalho no local de 40-50%, juntamente com cronogramas reduzidos devido a caminhos crticos mais curtos (WARSAZAWSKI, 1990). 5.1.3 Qualidade Industrializaodaconstruopodesermovidaporrequisitosdequalidade.Fabricar componentesforadolocaldeexecuodosprojetospermitetambmumcontrolede qualidade superior, devido s condies de fabricao controladas, nas quais os componentes soconstrudos.Estruturasmetlicasqueforammontadasnolocalestavamsujeitass condiesclimticasetomaramespaoparaamontagem.Estruturaspr-fabricadaspodem ser montadas em uma oficina de fabricao sob condies controladas e depois enviados para o site do projeto. A qualidade aumenta devido s condies controladas sob cuja construo realizada.51 5.1.4 Segurana Com a industrializao da construo, os trabalhadores enfrentam uma menor exposio e as empresastmmaisoportunidadesparadiminuirosriscosrelacionadosseguranano trabalho. A industrializao da construo pode reduzir o tempo de exposio a trabalhos em altura,operaesperigosaseatividadesdeconstruosobrepostas.Trabalhadoresdentrode umaoficinadefabricaonosoafetadospelatemperatura,ventos,chuvasoucondies climticasextremas.Umavezquegrandepartedaindustrializaodaconstruofeitaao nvel do solo, o uso de cintos de segurana pelos trabalhadores so menos necessrios e pode-seconcentrarmaisnotrabalho.Menostrabalhadoresnolocaltambmsetraduzemreduo do congestionamento de atividades e da exposio a operaes em curso. 5.1.5 Transporte Alogsticadetransportedesempenhaumgrandepapelnadeterminaodaviabilidadede industrializaodaconstruo.Limitaesdetamanhoepeso,restriesderotasede licenciamento e disponibilidade de guindastes esto entre as consideraes a serem feitas para acoordenaodaconstruo.Rodovias,ferroviasetransporteaquticotambmapresentam limitaes.Adisponibilidadedestesmtodospodeditarotipodeindustrializaoda construoselecionada.Oacessoaquaviriopodepermitirquegrandesunidadesmodulares sejamtransportadas,enquantooacessolimitadoaestradaspoderestringiraindustrializao daconstruoparaestruturasmenoresoucomponentespr-fabricados.Comohtendncias nosentidodaindstriaparaumamaiorutilizaodeindustrializaodaconstruo, necessidadesdeplanejamentorelacionadasacargasdegrandeportetambmiroaumentar (HORNADAY, 1992).52 5.2 Desenvolvimento da Ferramenta Informatizada Foi realizada pesquisa pelo CII para desenvolver uma ferramenta informatizada para uso por diversos profissionais da indstria da construopara auxiliar na avaliao da viabilidade de PPMOFPrefabrication,Preassembly,Modularization,andOff-SiteFabrication(pr-fabricao,pr-montagem,modularizaoefabricaoforadolocal)emumprojeto industrial (HAAS; FAGERLUND, 2002). As concluses esto resumidas abaixo: Decises sobre a aplicao do PPMOF so de natureza subjetiva, que geralmente so feitas noinciodeplanejamentodoanteprojeto.Elassomuitasvezesbaseadasemexperincia interna difcil de captar sob a forma de regras ou padres. A investigao preliminar mostrou queasdecisesrelacionadasmodularizaoepr-montagemcomplexassotipicamente baseadasnaavaliaodeespecialistassobregrandesfatoresemnveldeplaneamento estratgico, enquanto que outros nveis de PPMOF so decididos com base em consideraes da unidade de custo posteriormente no nvel ttico. necessrio o desenvolvimento de uma ferramenta informatizada para facilitar a avaliao daaplicabilidadedoPPMOFanvelestratgico,comopartedoprocessodetomadade decisoglobaldePPMOF.Oprocessodetomadadedecisoglobalenvolveumespectrode potenciais escolhas de implementao em vez de uma deciso "tudo ou nada". Odesenvolvimentodaferramentapropostafoipropcioparaatenderaoparadigmade tomada de deciso atual da indstria ao avaliar a viabilidade de PPMOF. O beta teste da ferramenta-prottipo foi desenvolvido atravs de um processo iterativo para validarasuautilidade,facilidadedeusoeeficcianoprocessodecisrioparaPPMOF. Usurios potenciais na indstria descobriram que a ferramenta poderia trazer todos os fatores associados com a deciso sobre PPMOF para a avaliao. Mais pesquisas devem ser realizadas para avaliar a eficcia da ferramenta. A avaliao deve estarpreocupadacomovaloragregadoparafacilitaremelhoraroprocessodetomadade decisoeacomunicaointerpessoal,aoinvsdebasear-senosbenefciosmonetrios geradospelaferramenta.Osresultadosdessaavaliaopodem,ento,serretro-alimentados para o processo de desenvolvimento. A"verificao"tcnicadaferramentadesenvolvidatambmdeveserconduzidapara determinar a sua preciso, integridade funcional e consistncia lgica, quando uma quantidade significativadedadossetornadisponvel.Osdadosaseremcoletadosdevemincluirpesos das categorias dos fatores ou porcentagens dos pesos dos fatores, a pontuao final, o nvel de 53 definiodoprojetonomomentodatomadadedecisesdoPPMOFemedidasde desempenho do projeto. A estrutura de deciso e a ferramenta devem ser adaptadas para outras reas da indstria da construo(porexemplo,construocivil)quepodemsebeneficiardousodePPMOF.O processo de desenvolvimento de tal ferramenta pode merecer uma metodologia semelhante adotada na pesquisa. Aanlisedenveltticodoquadrodetomadadedecisodeveserdesenvolvidae,em seguida,convertidaemumaferramentadesoftwareparaajudara:(1)desenvolveropes especficas aplicveis s decises PPMOF de execuo, (2) determinar custo, cronograma e o impacto do trabalho, e (3) avaliar o risco associado a cada opo.UmmduloeducacionalparaauxiliaraindstrianaimplementaodoPPMOFdeveser desenvolvidoeincorporadoaoutrosmdulosrelevantes,taiscomoconstrutibilidadedo projeto e planejamento do anteprojeto. 54 6 ANLISE DE RISCOS EM UMA EMPRESA DE MINERAO Apresenta-se,aseguir,astcnicasdeanlisederiscosestabelecidasemprocedimentos internosdaempresademineraoparaaplicaoaolongodociclodevidado empreendimento. Aolongodociclodevidadasinstalaes,osriscosexistentessodiferentese,portanto, exigem a adoo de diferentes tcnicas e critrios para sua avaliao.Ociclodevidateminciocomaanlisedoinvestimentodeumanovainstalaooua aquisiodeumajexistente,econcludocomasuadesmontagemedestinaofinaldos seus resduos e equipamentos ou alienao.Paraasanlisesderiscofoidefinidocritriodeaceitabilidadebaseadonamatrizderisco, apresentadanaFigura5,quecombinacategoriasdeseveridadeefrequncia,indicadasnas Tabelas 6 e 7. Deacordocomametodologiaestabelecida,cadacenriodeacidenteidentificado classificado de acordo com a sua categoria de frequncia e de severidade, que fornecem uma indicaoqualitativadafrequnciaesperadadeocorrnciaedograudeseveridadedas consequncias de cada um dos cenrios identificados. Cadacategoriadefrequnciaapresentaumpesoassociado,conformeapresentadonaTabela 6. Este peso, multiplicado pelo peso relacionado categoria de severidade (Tabela 7), permite escalonarosnveisderiscoobtidosnaMatrizdeRiscos,comodefinidonaFigura5. Conforme os resultados da anlise de risco devem ser indicadas recomendaes, responsveis e prazo de concluso, de acordo com o critrio de deciso (Tabela 8). As recomendaes sugeridas, em conjunto e em comum acordo, devero ser medidas capazes dediminuiraprobabilidadedeocorrnciadoseventosacidentaise/ouamagnitudedesuas consequncias.Taismedidaspoderoabrangeralteraesdeprojetodeinstalaes,de procedimentosdeoperao,segurana,inspeo,manutenoerevisodosplanosde emergncias locais das unidades operacionais etc., considerando-se o seguinte: - Seguir a hierarquia de controle; - Devero ser especficas para as instalaes e baseadas nas concluses do estudo; -Nocitarmedidashabitualmenteadotadas,quejestejamincorporadassinstalaes atravs de suas normas, rotinas e procedimentos de operao e manuteno usuais. Asrecomendaesdeveroserrelacionadasconsiderando-seoscenriosdeacidentespor ordem de prioridade. Sugere-se que estas medidas sejam apresentadas em forma matricial. 55 Tabela 5 Categorias de Frequncia para ART, APR e HAZOP Fonte: Material Interno, 2008 56 Tabela 6 Categorias de Severidade 57 Tabela 6 Categorias de Severidade (continuao) Fonte: Material Interno, 2008 58 Figura 5 Matriz de Riscos Fonte: Material Interno, 2008 Tabela 7 Critrios de Deciso Fonte: Material Interno, 2008 Todososcenriosclassificadoscomoriscomdio,altoemuitoaltodeverotersua classificaodefrequnciaeseveridadereavaliada,considerandoqueasrecomendaes propostas sero implementadas. Emfunodasignificnciadoscenrios,devem-senegociarassolueseprazoscomas reasenvolvidaseestabelecerumPlanodeGesto,devendoserpriorizadasasaes conforme critrio de deciso. 59 OResponsvelTcnicoporAnliseeGerenciamentodeRiscosdeSadeeSeguranaede Meio Ambiente dever validar junto s gerncias os nomes dos responsveis para a realizao das recomendaes e sugestes que foram indicadas pela equipe de anlise de riscos. A unidade operacional deve definir a sistemtica para acompanhamento das recomendaes e sugestesoriundasdasanlises.Asrecomendaesesugestesdevemseracompanhadasa cada mudana de fase do projeto e mensalmente para unidades em operao. 6.1 Anlise Preliminar de Riscos em uma empresa de minerao A Anlise Preliminar de Riscos (APR) a tcnica bsica de anlise para avaliao dos riscos de processo e operao de equipamentos. O critrio de aceitabilidade de riscos definido para a APRdeterminaranecessidadedeaespreventivasoumitigadorasdoscenrios identificados. A metodologia de APR compreende a execuo das seguintes tarefas: - Definio das fronteiras das instalaes analisadas; - Coleta de informaes sobre as instalaes, a regio e as caractersticas das substncias pe-rigosas envolvidas; - Definio dos mdulos de anlise; -RealizaodaAPRpropriamentedita(preenchimentodaplanilhaparacadamdulode anlise); -Elaboraodasestatsticasdoscenriosporcategoriasdefrequnciaedeseveridadeeda lista de sugestes geradas no estudo; - Anlise dos resultados e preparao do relatrio. OescopodaAPRabrangetodasassituaesderiscocujascausastenhamorigemnas instalaesanalisadas,englobandotantoasfalhasintrnsecasdecomponentesousistemas, como falhas humanas, principalmente aquelas decorrentes de falhas nos procedimentos ou na execuo deles. Devero ser consideradas unidades de processo, estocagem, dutos, terminais, subestaes, utilidades, entre outras instalaes que possam representar risco segurana das pessoaseinstalaeseaomeioambiente.Ficamexcludasdaanliseassituaesderisco causadas por agentes externos, tais como: quedas de avies, de helicpteros ou de meteoritos, terremotoseinundaes(excetuando-sebarragens).Taiseventosexternosforamexcludos por serem as suas frequncias de ocorrncia consideradas extremamente remotas.60 Arealizaodaanlisepropriamenteditafeitaatravsdopreenchimentodeumaplanilha comasinformaesnecessriasavaliaoderiscosparacadamdulodeanlise.Paraa realizao da APR utilizada a planilha apresentada na Figura 6. O cabealho desta planilha identifica a instalao (unidade de anlise) e subsistema (macroprocesso / processo) que esto sendo analisados e o mdulo escolhido.Esta planilha contm 13 colunas, as quais so preenchidas conforme a descrio apresentada a seguir: 1 coluna: SITUAO DE RISCO Estacolunacontmassituaesderiscoidentificadasparaomdulodeanliseemestudo. De uma forma geral, as situaes de risco so eventos que tm potencial para causar danos s instalaes e/ou equipamentos, aos operadores / pblico e ao meio ambiente. As situaes de riscoquedeveroserconsideradasnasanlisesvariamemfunodotipodeinstalao, operao ou equipamento analisado. 2 coluna: CAUSAS Ascausasgenricasdecadasituaoderiscosodiscriminadasnestacoluna.Estascausas envolvemtantofalhasintrnsecasdeequipamentos(falhasmecnicas,falhasde instrumentao, vazamentos e outras) como erros humanos de operao e manuteno. Estas causassoavaliadasseparadamenteparacadacondiooperacionaldeinteresse(operao normal, partida, parada, ou outra condio de interesse). Cada condio operacional avaliada dar origem a um conjunto especfico de cenrios. 3 coluna: BARREIRAS DE PROTEO Nestacolunaseroidentificadasasbarreirasdeproteoexistentesnosistema,relacionadas tantocomascausasidentificadascomocomosefeitosrelatados,quepossamsignificar reduonafrequnciaeseveridadedoscenriosemanlise.Soexemplosdeprotees:a existncia de procedimentos de operao, sistemas de segurana, sistemas de deteco de gs e chama, entre outras. 4 coluna: TIPOS DE EFEITOOs possveis tipos de efeito relacionados a cada situao de risco identificada so listados nes-ta coluna, sendo divididos em: 61 - Efeitos para a Sade eSegurana (decorrentesde exposies de pessoas a doses agudas de fluxotrmico,produtostxicos,nveiselevadosdesobrepress