Cap 2 - Equilibrio Acido-basico

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    QQUUÍÍMMIICCAA AANNAALLÍÍTTIICCAA EE IINNOORRGGÂÂNNIICCAA AAVVAANNÇÇAADDAA 

    22  – – EEQQUUIILLÍÍBBRRIIOO Á ÁCCIIDDOO--BB Á ÁSSIICCOO 

    22..11 IIoonniizzaaççããoo ddaa Á Ágguuaa 

     A água é um eletrólito extremamente fraco, que se ioniza em

    extensão diminuta.

     A ionização da água envolve a transferência de um próton de

    uma molécula a uma segunda.

     A auto-ionização da água (ou autoprotólise) produz íon

    hidrogênio hidratado e íon hidroxila.

    H2O + H2O H3O+  + OH – 

    O íon hidratado é chamado de íon hidrônio; nele o próton

    transferido se acha ligado à molécula de água através de ligação

    covalente dativa, que envolve um dos pares de elétrons nãocompartilhados do oxigênio.

    O íon hidrônio é notavelmente estável; a energia requerida para

    dissociar completamente H3O+ em H2O e H+ é, aproximadamente,

    três vezes a requerida para romper a maior das ligações

    covalentes.

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     Assim, essencialmente, não existem prótons simples nas

    soluções aquosas. (Por uma questão de conveniência, o íon

    hidrônio/H3O+ será representado de forma simplificada por H+).

    Recentemente, foi postulado a espécie H3O+. 3H2O para explicar

    certas propriedades das soluções aquosas de ácidos fortes. As

    três moléculas de água se ligam ao íon hidrônio através de

    ligações hidrogênicas (chamadas de hidratação primária), como

    mostra a Figura 2.1.

    Figura 2.1  – Molécula hidratada do íon hidrônio

    Essas ligações são cerca de dez vezes mais fracas do que as

    ligações covalentes usuais, mas são mais fortes do que as

    ligações hidrogênicas que unem as moléculas de água emagregados maiores.

    O

    H

    O

    HH

    HH OO

    H

    HH

    H  

     

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    Elas se mantêm intactas à temperatura ambiente, portanto, a

    menor unidade em que existe um íon hidrônio hidratado é H9O4+ 

     Através da auto-ionização da água podemos determinar a

    constante de auto-ionização ou de autoprotólise da água em

    termos de atividade:

    H2O + H2O H3O+  + OH – 

    Logo:

    22

    3

    O)(H

    OHOHKa

    aa   

      (2.1)

    Esta equação pode ser simplificada, desde que se leve em conta

    à convenção termodinâmica segundo a qual a atividade de um

    solvente em solução diluída é, aproximadamente, igual à

    unidade. Então, tem-se:

     

    OHOHw 3K   aa   (2.2)

    Kw  = constante de auto-ionização ou de autoprotólise,

    comumente chamada produto iônico da água.

     A expressão:

    ]][OHO[HK'   3w

      (2.3)

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    é o produto iônico da água em termos de concentração. A

    relação entre Kw e K’w é dada por:

     

    OHOHw 3K   aa  

    )(]][OHO[HKOHOH3w 3

     

            

    )(K'KOHOHww 3

               (2.4)

    Em água pura, os coeficientes de atividadeOH3

         eOH

         são

    praticamente iguais à unidade e, portanto, K’w  é muito

    aproximadamente igual a Kw. Então,

    ]][OHO[HKK'   3ww

      (2.5)

    Logo, o produto iônico da água é dado, freqüentemente, em

    termos do seu logaritmo tomado com sinal negativo:

    pKw = - log Kw (2.6)

    O valor de Kw  pode ser calculado a partir de dados de

    condutância da água pura.

     A condutância específica da água pura, isto é, a condutância de

    um cubo de 1cm de aresta é 5,54x10-8 S cm-1 a 25ºC.

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     A condutância equivalente dos íons H3O+  e OH-, nas fracas

    concentrações destas espécies na água, podem ser

    consideradas como igual aos valores das condutâncias

    equivalentes em diluição infinita, que são 349,8 e 199,1 S cm2,

    respectivamente.

     A condutância equivalente total será 349,8 + 199,1 = 548,9 S

    cm2. Portanto, 1 cm3 de água contém:

    310

    2

    18

    cmpor grama.eq101,01xScm548,9

    Scm10x5,54

     

     

    de íons H3O+ e OH-. Ambos os íons sendo univalentes, segue-se

    que equivalentes-gramas e íons-gramas são idênticos. Portanto,

    as concentrações dos íons H3O+  e OH-, na água pura a 25ºC,

    são:

    [H3O+] = [OH-] = 1,01x10-10 íon-grama /cm3 

    ou [H3O+] = [OH-] = 1,01x10-7 íon-grama /L ou dm3 

    Então, de acordo com a Eq. (2.5), tem-se:

    Kw = (1,01x10-7)2 

    Kw = 1,008x10-14 mol2 L-2  a 25ºC

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     A ionização da água é um processo endotérmico, cuja extensão,

    por conseguinte, aumenta com a elevação da temperatura. A

    Tabela 2.1 apresenta os valores do produto iônico da água para

    diferentes temperaturas, conforme Harnede e Robinson.

    Tabela 2.1  – Produto iônico da água a várias temperaturas

    T (ºC) Kw x 10-14  pKw 

    0 0,114 14,944

    5 0,185 14,734

    10 0,292 14,535

    15 0,450 14,346

    20 0,681 14,167

    25 1,008 13,997

    30 1,469 13,833

    35 2,088 13,680

    40 2,917 13,535

    45 4,018 13,396

    50 5,149 13,262

    55 5,474 13,137

    60 9,615 13,017

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    Na água pura, as concentrações dos íons H3O+ e OH- são iguais

    e, portanto, a concentração de cada um é igual à raiz quadrada

    do produto iônico da água:

    w3   K][OH]O[H       (2.7)

    Em torno de 25ºC, o produto iônico da água é, aproximadamente,

    10-14 mol2 L-2 e, para muitos fins, as concentrações dos íons H3O+ 

    e OH-

      podem ser consideradas aproximadamente iguais a 10-7

     íon-grama por litro.

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    22..22 TTeeoor r iiaa PPr r oottôônniiccaa ddooss Á Ácciiddooss ee BBaasseess 

    Historicamente, a classificação de certas substâncias como

    ácidos ou bases tem sua origem na observação de algumas

    propriedades características que aqueles compostos conferem às

    suas soluções aquosas.

    Várias teorias têm sido propostas para responder “o que é um

    ácido e uma base?”. 

    Destas, uma das mais antigas e significativas é a proposta pelo

    cientista sueco Svante Arrhenius (1859-1927) que define ácido

    como uma substância contendo hidrogênio que se dissocia para

    produzir íons hidrogênio e base como uma substância contendo

    hidroxila que se dissocia para produzir íons hidroxila em soluçãoaquosa.

    Em 1923 foi apresentada a Teoria de Brönsted-Lowry da

    transferência de prótons, pelo químico dinamarquês J.N.

    Brönsted (1897-1947) e pelo químico inglês T.M Lowry (1874-

    1936).

    No modelo de Brönsted-Lowry, os ácidos são espécies químicas

    moleculares ou iônicas capazes de doar próton, e as bases,

    espécies químicas moleculares ou iônicas que podem fixar

    prótons.

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    Enquanto a Teoria de Arrhenius é restrita às soluções aquosas, o

    conceito de Brönsted-Lowry tem aplicação em todos os meios e

    torna-se a teoria mais importante quando se estuda a química

    das substâncias em soluções não-aquosas.

    Um conceito mais geral de ácidos e bases, foi apresentado por

    Gilbert N. Lewis (1875-1946). A Teoria de Lewis amplia a maneira

    pela qual uma substância tendo um par de elétrons não-

    emparelhados reage numa reação ácido-base.

    Esta teoria define uma base como qualquer substância que tem

    um par de elétrons não-emparelhados (doador de par de

    elétrons) e ácido numa substância que pode aceitar um par de

    elétrons.

    Na reação a seguir o H+ é um ácido de Lewis e o NH3 uma base

    de Lewis:

    H   + N

    H

    HH   N

    H

    HHH

     ÁCIDO BASE 

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    Segundo a Teoria de Lewis, outras substâncias não-doadoras de

    prótons (por exemplo, BF3) comportam-se como ácidos:

     As três teorias estão resumidamente na Tabela 2.2.

    Tabela 2.2  –  Resumo das definições de ácido-base de acordo

    com as teorias de Arrhenius, Brönsted-Lowry e Lewis.

    Teoria Ácido Base

     Arrhenius

    Substância contendohidrogênio e queproduz íon H+ emsolução aquosa.

    Substância contendohidrogênio e queproduz íon OH- emsolução aquosa.

    Brönsted-Lowry

    Doador de prótons

    (H+).

    Receptor de prótons

    (H+).

    Lewis

    Qualquer espéciecapaz de se ligar aum par de elétronsnão emparelhados(receptor de pareletrônico)

    Qualquer espécieque tenha um par deelétrons nãoemparlehados(doador de pareletrônico)

    B

    F

    F

    F

    + N

    H

    H

    H   B

    F

    F

    NF

    H

    H

    H

     ÁCIDO BASE  

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    22..33  – – CCoonnssttaannttee ddee IIoonniizzaaççããoo ddee Á Ácciiddooss ee BBaasseess 

    22..33..11 FFoor r ççaass ddee Á Ácciiddooss ee BBaasseess 

     A extensão com que um ácido ou uma base se ionizam em

    solução aquosa varia grandemente.

     Assim, a ionização do ácido clorídrico em água é praticamente

    completa; diz-se que o ácido clorídrico é um ácido forte em

    solução aquosa.

    O ácido acético, entretanto, se ioniza em muito menor extensão;

    é um ácido fraco em solução aquosa.

     Assim, as forças dos ácidos HSO4-, CH3COOH e H2CO3  podem

    ser comparadas com base na extensão com que se dissociam

    em água:

    HSO4-  + H2O H3O+  + SO4-2 

    CH3COOH + H2O H3O+  + CH3COO- 

    H2CO3  + H2O H3O+  + HCO3-

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    Semelhante, a comparação das forças de bases em soluções

    aquosas torna a água como ácido de referência:

    NH3  + H2O NH4+  + OH- 

    C5H5N + H2O C5H5NH+  + OH- 

    C5H5NH2  + H2O C6H5NH3+

      + OH

    -

     

    Isso significa que as forças de ácidos e bases, em um solvente

    como a água, podem ser convenientemente comparadas por

    meio de suas respectivas constantes de ionização.

     As constantes de ionização dos ácidos anteriormente citados

    são:

    2

    2

    4

    2

    43a   10x1,2

    ][HSO

    ]][SOO[HK  

     

    5

    3

    33a   10x1,8COOH][CH

    ]COO][CHO[HK  

     

    7

    32

    33a   10x,]CO[H

    ]][HCOO[HK

     

      64  

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    É evidente que quanto maior o valor numérico de Ka, tanto maior

    a tendência do ácido para ceder prótons, isto é, maior a força do

    ácido. A ordem dos ácidos, segundo suas forças decrescentes

    são: HSO4- > CH3COOH > H2CO3.

    De modo semelhante, têm-se as seguintes expressões para as

    constantes de ionização das bases mencionadas:

    Quanto maior o valor numérico de Kb, mais forte a base; portanto,

    as bases referidas obedecem à seguinte ordem de suas forças

    decrescente: NH3 > C5H5N > C6H5NH2.

    É importante observar que não é possível estabelecer as forças

    relativas de ácidos ou bases fortes em relação à água.

    Neste solvente, os ácidos HCl, HNO3  e HClO4  aparentam ser

    igualmente fortes, pois todos eles se ionizam completamente e

    dão origem ao íon H3O+. A água não tem capacidade para

    diferenciar as forças dos ácidos fortes e exercer, em relação aos

    mesmos, um efeito nivelador.

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    Todavia, as forças relativas dos ácidos HCl, HNO3  e HClO4

    podem ser evidenciadas com relação a solventes menos básicos

    do que a água, em que eles se ionizam menos completamente.

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    22..44 RReellaaççããoo eennttr r ee aass ccoonnssttaanntteess ddee iioonniizzaaççããoo KKaa ee KKbb ddee uumm ppaar r  

    ccoonn j juuggaaddoo 

    Para a ionização de um ácido fraco HB, pode-se escrever a

    equação

    HB + H2O H3O+  + B 

    Em que HB  e B  são um par conjugado segundo o conceito de

    Brönsted-Lowry, com as cargas não especificadas para efeito de

    generalização. A constante de ionização do ácido é:

    B][H][B]O[HK   3a

     

    Semelhantemente, para a ionização de uma base fraca

    B  + H2O HB  + OH-

     

    a constante de ionização é dada por

    [B]][HB][OH

    K

    b  

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    É possível estabelecer uma relação simples entre as constantes

    de ionização Ka  e Kb  de um par conjugado. De acordo com a

    constante de auto-ionização da água, tem-se [OH-] = Kw /  [H3O-].

    Entrando com este valor na equação anterior, resulta

    ]O[B][H

    K[HB]K

    3

    w

    b  

    Ora, [HB]/[B][H3O+] = 1/Ka. Portanto, em geral, para um par ácido-

    básico, tem-se

    a

    w

    K

    KK  

    b   ou Ka  x  Kb = Kw 

    Com base nas definições

    pKa = -log Ka 

    pKb = -log Kb 

    Tem-se, finalmente:

    pKa + pKb = pKw 

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    22..55 EEssccaallaa ddee ppHH 

     As soluções aquosas possuem, ao mesmo tempo, íons hidrônio e

    hidróxido. O produto iônico da água é constante para uma dada

    temperatura.

    ][OHK

    ]O[H   w3  

     

    ]O[HK

    ][OH3

    w

     

     A constância do produto iônico da água permite caracterizar as

    soluções aquosas tanto pela concentração do íon hidrônio, como

    pela concentração do íon hidróxido. Por exemplo, para uma

    solução de HCl 0,001M a 25ºC, tem-se:

    [H3

    O

    +

    ] = 10

    -3

      e [OH

    -

    ] = 10

    -14

    /10

    -3

     = 10

    -11

     

     Analogamente, para uma solução de NaOH 0,001M, ter-se-á:

    [OH-] = 10-3  e [H3O+] = 10-14/10-3 = 10-11 

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     As concentrações de íons hidrônio nas soluções aquosas podem

    variar entre limites muito largos. A faixa das concentrações mais

    encontradas na prática estende-se de 1 a 10-14M. A fim de evitar

    o uso incômodo de numerosas decimais, Sörensen introduziu a

    escala de pH, definida pelas seguintes relações:

    ]O[H1

    log]Olog[HpH3

    3  

     

     A escala de pH é uma escala invertida com relação às

    concentrações de íon hidrônio; em outras palavras, quanto maior

    a concentração do íon hidrônio, menor o correspondente pH. Na

    faixa das concentrações de íons hidrônio acima referida como a

    mais corrente, o pH estende-se de 0 a 14.

     As soluções com pH < 7  são soluções ácidas; nelas a

    concentração de íon hidrônio excede a de íon hidróxido.

     As soluções com pH > 7  são básicas; nelas prevalece, ao

    contrário, a concentração de íon hidróxido.

     As soluções com pH = 7 são soluções neutras; as concentrações

    dos íons hidrônio e hidróxido são idênticas.

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     A equação anterior permite converter a concentração molar de

    íon hidrônio em pH e vice-versa. Assim, para uma solução com

    [H3O+] = 2,0 x 10-14, acha-se:

    pH = -log2,0 x 10-4 = log 104  – log 2,0

    = 4,0 – 0,3 = 3,7

    Para ilustrar, a transformação inversa, seja o caso de uma

    solução com pH 4,7. Então,

    ]O[H1

    log4,7pH3

     

    5,01x104,7antilog]O[H

    1   4

    3

     

    54

    3

    10x2,0

    5,01x10

    1

    ]O[H

    1  

       

    Semelhantemente, a concentração de íon hidróxido pode ser

    expressa em uma escala de pOH baseada na definição:

    pOH = -log[OH-]

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    Como em uma solução aquosa [H3O+][OH-] = -logKw, temos

    w3   logK]log[OH]Olog[H 

     

     

    Levando em conta as definições de pH, pOH e pKw, resulta:

    pH + pOH = pKw 

    Em outras palavras, a soma de pH e pOH, para uma solução

    aquosa, deve ser igual a pKw. Para 25ºC, pKw = 14. Então,

    pH + pOH = 14

    Portanto,

    pH = 14 - pOH

    pOH = 14 - pH

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    22..66 CCoonncceennttr r aaççõõeess ddee ÍÍoonn HHiiddr r ôônniioo oouu HHiiddr r óóxxiiddoo eemm SSoolluuççõõeess ddee 

     Á Ácciiddooss,, BBaasseess ee SSaaiiss 

    22..66..11 SSoolluuççõõeess ddee Á Ácciiddooss oouu BBaasseess FFoor r tteess 

    Um ácido forte se ioniza completamente, o que dá origem ao

    ácido conjugado do solvente, o íon hidrônio H3O+. As bases

    fortes, como NaOH, são compostos iônicos no estado sólido, e a

    dissolução em água envolve a simples separação dos íons pré-

    existentes.

     Assim sendo, o cálculo do pH das soluções aquosas de ácidos

    ou bases fortes é bastante simples; as concentrações dos íons

    H3O+ e OH-, no caso de soluções diluídas, podem ser calculadas

    diretamente a partir da concentração molar total (ou analítica) do

    soluto.

    Entretanto, no caso de soluções extremamente diluídas, é

    preciso considerar também a contribuição em íons H3O+  e OH- 

    oferecida pela auto-ionização da água.

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    E E  x  x eemm p pl l oo 11:: 

    Calcular o pH de uma solução HCl 0,005M. A ionização sendo

    completa tem-se: 

    [H3O+] = 5 x 10-3 mol L-1 

    pH = -log(5 x 10-3) = 2,32 

    E E  x  x eemm p pl l oo 2 2 :: 

    Calcular o pH de uma solução Ca(OH)2   3,2 x 10 -3

    M. Como um

    mol do soluto fornece dois moles de íon OH -, resulta: 

    [OH-] = 2 x 3,2 x 10-3 = 6,4 x 10-3 mol L-1 

    pOH = -log(6,4 x 10

    -3

    ) = 2,19

    pH = 14 - 2,19 = 11,81 

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    É fácil estabelecer uma relação geral entre a concentração de íon

    hidrônio de uma solução de um ácido forte e a concentração

    analítica do soluto, aplicável, inclusive quando a solução,

    suficientemente diluída, torna necessário considerar a parte de

    íons H3O+ originários da auto-ionização da água.

    Para uma solução de um ácido completamente ionizado, com

    concentração analítica Ca, as duas equações requeridas para

    definir as concentrações [H3O+] e [OH-] são o do produto iônico

    da água

    [H3O

    +

    ] [OH

    -

    ] = Kw 

    e a do balanço protônico

    [H3O+] = Ca + [OH-]

    De acordo com a equação acima, a concentração total de H3O+ é

    a soma da concentração de H3O+  fornecida pelo soluto (igual a

    Ca) mais a concentração de H3O+ produzida pela auto-ionização

    da água (necessariamente igual à de OH-).

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    Então relacionando-se as duas equações, obtém-se:

    [H3O+] ([H3O+] - Ca) = Kw 

    que é uma equação quadrática em [H3O+]:

    [H3O+]2 - Ca [H3O+] - Kw = 0

    E E  x  x eemm p pl l oo 33:: 

    Calcular o pH de uma solução HCl 2,00 x 10 -8 M. 

    [H3O+]2  – 2,00 x 10-8 [H3O+] - 1,00 x 10-14 = 0

    Portanto,

    M10x1,1052

    )10x4,0010x(4,0010x2,00]O[H   7

    2114168

    3

     

    Onde, pH = 6,96 

    (Apenas uma das raízes da equação quadrática foi considerada

    pois o resultado par [H3O+] deve ser real e positivo).

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    Tabela 2.3 – Avaliação da equação quadrática em [H3O+]

    Ca  [H3O+] -logCa  pH

    1 1 0 0

    10-1  10-1  1,000 1,000

    10-3

      10-3

      3,000 3,00010-5  10-5  5,000 5,000

    10-6  1,010 x 10-6  6,000 5,996

    5 x 10-7  5,193 x 10-7  6,301 6,284

    10-7  1,618 x 10-7  7,000 6,791

    5 x 10-8

      1,281 x 10-7

      7,301 6,8932 x 10-8  1,105 x 10-7  7,699 6,957

    10-8  1,051 x 10-7  8,000 6,978

    5 x 10-9  1,025 x 10-7  8,301 6,989

    2 x 10-9  1,011 x 10-7  8,699 6,995

    1 x 10-9

      1,001 x 10-7

      9,000 6,9996

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     As concentrações de íons H3O+ ou OH- de soluções de uma base

    forte, como NaOH, podem ser calculadas semelhantemente. No

    caso tem-se:

    Cb + [H3O+] = [OH-]

    em que Cb  é a concentração molar da base forte. Pode-se

    escrever

    Cb + [H3O+] = Kw/[H3O+]

    Portanto,

    [H3O+]2  – Cb [H3O+] - Kw = 0

    que pode ser escrita também em termos de [OH-]:

    [OH-

    ]2

      – Cb [OH-

    ] - Kw = 0

    Esta equação é aplicável dentro dos mesmos limites de

    concentração que a equação quadrática em [H3O+].