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Camila Severo Porciuncula
INTERAO JORNAL-LEITOR: ESTUDO DO DIRIO DE SANTA MARIA
NA PGINA DO FACEBOOK
Santa Maria, RS
2015
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Camila Severo Porciuncula
INTERAO JORNAL-LEITOR: ESTUDO DO DIRIO DE SANTA MARIA
NA PGINA DO FACEBOOK
Trabalho Final de Graduao (TFG) apresentado ao Curso de Jornalismo rea de
Cincias Sociais, do Centro Universitrio Franciscano, como requisito parcial para
obteno do grau de Jornalista Bacharel em Jornalismo.
Orientador: Prof. Antonio Fausto Neto
Santa Maria, RS
2015
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Camila Severo Porciuncula
INTERAO JORNAL-LEITOR: ESTUDO DO DIRIO DE SANTA MARIA
NA PGINA DO FACEBOOK
Trabalho Final de Graduao (TFG) apresentado ao Curso de Jornalismo rea de
Cincias Sociais, do Centro Universitrio Franciscano, como requisito parcial para
obteno do grau de Jornalista Bacharel em Jornalismo.
__________________________________________________
Prof. Antonio Fausto Neto Orientador (UNIFRA)
__________________________________________________
Prof. Mauricio Dias (UNIFRA)
__________________________________________________ Prof. Sione Gomes (UNIFRA)
Aprovado em ....... de ...................................................... de ..........................
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AGRADECIMENTOS
No sei bem ao certo em qual momento da minha vida fiz a escolha do curso que
determinaria a minha profisso. Acredito que pela curiosidade e anseio, de querer saber
um pouco de tudo e de conhecer outras realidades, ento a denominao comunicao
social me fez enxergar novos caminho para o futuro.
Quando penso em agradecimentos, muitas pessoas acabam tomando conta da
minha lembrana. Em primeiro lugar a minha me Nara, pessoa que nunca mediu
esforos para eu estar onde estou hoje. Nela me espelhei e aprendi a ser essa pessoa de
responsabilidades e forte que sou hoje. Essa vitria para ela. Ao pai Antonio, que
mesmo no falando muito de seus sentimentos, sempre consegui sentir a fora e o
orgulho que sente por mim. Aos meus irmos Bruna e Mateus, obrigada por fazerem
parte da minha vida, amo vocs.
Agradeo a minha prima, amiga e parceira Roberta, que durante a minha
trajetria de concluso sempre esteve ao meu lado, me incentivando e acreditando em
mim.
Tambm agradeo a minha eterna amiga Letcia, que foi de grande importncia
para a concluso da minha monografia, tanto na parte emocional, apoiando quando
precisei me aconselhando a seguir os meus medos, como tambm na parte de reviso do
contedo deste trabalho. Sem dvida voc sempre estar no meu corao.
Agradeo a todos os meus amigos e familiares que de todas as maneiras
possveis estiveram presente durante meus estudos. Vocs foram essenciais quando
precisei de risos, abraos, apoio, enfim, obrigado.
No posso deixar de agradecer ao meu orientador Prof. Fausto, pessoa que eu
no conhecia, mas que hoje sou imensamente grata. Suas orientaes e aconselhamentos
foram de grande importncia para a finalizao da minha formao.
E por fim, agradeo ao meu companheiro, amigo e namorado Joo. Obrigado
por sempre estar ao meu lado diante de tantos obstculos. Apesar da minha angstia e
estresse nunca me abandonou, sempre me deu coragem e acreditou em mim para eu ser
o que sou hoje. Te amo.
Assim, finalizo as minhas homenagens com a certeza que hoje concluo uma
etapa da minha vida da maneira mais realizada que poderia ser e com a vontade de
continuar a conquistar ainda mais na minha carreira profissional.
Obrigada!
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RESUMO:
Esta monografia prope-se a estudar as relaes entre jornal X leitor, atravs da
pgina online do Dirio de Santa Maria, no mbito do universo da rede social Facebook.
Buscando descrever as estratgias de apropriao de contedos da pgina por parte do
leitor, segundo anlise feita em universo de leitores que possuem iniciao com as
ferramentas digitais. Assim, o problema de pesquisa centrou-se em discutir a seguinte
questo: Como os leitores atribuem sentidos aos contedos de notcias postadas na
pgina online do Dirio de Santa Maria, na rede social Facebook?. Desta forma, o
trabalho se organizou metodologicamente da seguinte forma: Na primeira parte, a
pesquisa envolveu a construo de um captulo de reviso de literatura, trazendo como
principal discusso a aproximao entre jornal e leitor nesse novo universo digital ; no
segundo momento esbocei sobre a construo do quadro terico trazendo conceitos
fortes que ajudaram a ir adiante na construo da anlise do objeto e no terceiro captulo
realizei a anlise emprica da pgina, na qual tive como resultados a utilizao de
ferramentas que a internet disponibiliza passa a ser um grande aliado para essa interao
acontecer. Destacando todas as formas de apropriaes dos leitores a todos os contedos
ofertados na pgina.
PALAVRAS-CHAVE:
Jornalismo Digital; Jornalismo e Leitor; Interao; Apropriao
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SUMRIO
1 INTRODUO ........................................................................................................ 7
2 REVISO DE LITERATURA - VISITANDO O OBJETO, NA FORMA DE
TEMAS DE ESTUDOS ............................................................................................ 11
3 QUADRO TERICO - O JORNALISMO NA AMBINCIA DA
MIDIATIZAO ..................................................................................................... 21
3.1 REFLETINDO OS CONCEITOS...................................................................... 22
3.2 O JORNALISMO DE MDIAS DIGITAIS NAS REDAES ......................... 32
4 AS ESTRATGIAS DE INTERAO JORNAL-LEITOR NO FACEBOOK .. 35
4.1 APRESENTAO DO FACEBOOK DO JORNAL DIRIO DE SANTA
MARIA. .................................................................................................................. 36
4.2 AMBIENTE DE INTERAO FACEBOOK ................................................. 39
4.3 CARACTERSTICAS DO AMBIENTE DO FACEBOOK ............................... 41
4.4 O DIRIO NO FACEBOOK ............................................................................ 45
4.5 UM CASE POLMICO/ MELHOR CASO POLMICO .................................. 56
4.6 OUVINDO OS LEITORES ............................................................................... 60
4.7 CONCLUSES DO CAPTULO ...................................................................... 62
5. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................ 64
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 67
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1 INTRODUO
Esse trabalho proposto visa estudar as relaes entre jornal e leitor, a partir de
um estudo da pgina digital do jornal Dirio de Santa Maria, especificamente a partir da
pergunta de como o primeiro se apropria da edio digital do jornal, em termos de
estratgias de leituras que se baseia na aproximao entre o jornal e o leitor neste
ambiente da internet. Nossa investigao foi iniciada, como primeiro momento, atravs
de um trabalho de pr observao junto pgina online do Dirio de Santa Maria
realizando no final de 2014 e incio de 2015 esta etapa que nos proporcionou o
mapeamento de alguns dados que nos levaram a formulao do problema, que resulta
atravs da seguinte problemtica: Como os leitores atribuem sentidos aos contedos de
notcias postadas na pgina online do Dirio de Santa Maria, na rede social Facebook?
A pesquisa visa observar relaes entre os dois universos, utilizando-se de vrios
procedimentos de pesquisa objetivando conhecer como leitor desenvolve relaes com o
com o jornal na forma digital, a partir de apropriaes de vrias naturezas.
Destacando que os leitores tem atitudes proativas face pgina, significa
tambm que eles tem modos de acesso ao seu universo, bem como de tratar o material
jornalstico nela inserido. Noutras palavras, os leitores tm diferentes processos,
procedimentos e estratgias de contatar a pgina, algo que norteado por suas
motivaes e que so, porm distintas, de um leitor a outro. Seguindo os mais diversos
caminhos, o leitor uma espcie de editor que se auto permite selecionar fragmentos
de contedos da pgina que nela so ofertados, constituindo assim, cada um, a sua
respectiva pgina.
Ao longo do trabalho, algumas referncias envolvem o estudo das relaes do
leitor com o jornalismo digital. Neste contexto, foram trabalhadas visando apresentar o
melhor entendimento desse cenrio. No contexto do processo observacional
desenvolvido, dentro as fontes necessrias para a elaborao da monografia, destacam-
se tanto fontes primrias, no caso jornalistas e leitores, bem como fontes secundrias,
como referncias bibliogrficas, documentos, alm de outros processos que vo ser
utilizados em termos de anlise.
Sobre o tema proposto define-se a partir das relaes entre leitores e jornal, no
mbito do jornalismo digital, algo que merece de nossa parte um estudo de caso da
referida pgina, por se entender que mergulhando no funcionamento destas interaes
que podemos conhecer melhor os modos como os leitores do a pgina uma outra
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fisionomia que passa por seus prprios conceitos. Assim, nosso estudo parte de um tema
maior, jornalismo e leitor, especificamente, as reaes que travam no universo no qual
se produz a atualidade jornalstica e que se manifestam nos contedos da pgina do
Dirio de Santa Maria, na rede social Facebook.
Detalhando um pouco mais o problema de pesquisa, elegemos estudar: como os
leitores apropriam-se dos contedos das notcias postadas pela pgina do Dirio de
Santa Maria, na rede social Facebook? E, como os leitores atribuem sentidos aos
contedos de notcias postadas na pgina? Sabemos que de modo geral, como os
leitores utilizam a pgina para se apropriar da notcia, segundo a realizao de leituras
nas quais expressam opinies e outras manifestaes sobre os contedos jornalsticos
expressos nas publicaes. Em funo desta referncia, elegemos como objetivo geral
estudar as relaes entre o jornalismo e os leitores no contexto da ambincia digital,
atravs do estudo de caso DSM x Leitor, visando mapear as iniciativas tomadas pelo
leitor para dar a atualidade feita pelo jornal, revelando suas prprias interperetaes.
Como objetivos especficos tivemos como meta, descrever segundo tcnicas de
observaes, como os leitores intervm sobre o contedo das notcias postadas pela
pgina do Dirio, na rede social Facebook. Tambm, estudar informaes que mostrem
como se realiza o processo de apropriao do leitor com a pgina, resultando em suas
estratgias de apropriao de contedo. E alm destes dois, levantar a questo de como
os leitores atribuem sentidos aos contedos de notcias postadas na pgina online do
Dirio de Santa Maria, na rede social Facebook.
Assim, a presente monografia justifica-se por se tratar de um tema atual
principalmente no contexto em que se produz novas formas de jornalismo, como o
carter digital. Conforme indicamos anteriormente, realizamos uma pr observao
durante alguns meses sobre a pgina online do Dirio de Santa Maria no Facebook,
etapa esta que nos gerou o interesse de querer entender como os seguidores da pgina
estabelecem contato com seus contedos, especialmente quais sentidos que eles do as
notcias publicadas e quais so os possveis efeitos das mesmas sobre seus
comportamentos, ao se exporem ao contato com o jornal.
Conforme j mencionado, a metodologia aqui utilizada inspira-se em princpios
da pesquisa qualitativa. O que entendemos por metodologia qualitativa? Segundo
Goldenberg:
Consiste em descries detalhadas de situaes com o objetivo de
compreender os indivduos em seus prprios termos. (...) ela rene um
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tema e questo representativos, tem uma singularidade de uma questo
importante, requer criatividade do pesquisador para com temas que
so complexos e muitas vezes difceis de serem pesquisados. A
metodologia qualitativa ao reunir um fato complexo e a experincia e
sensibilidade do pesquisador auxilia a refletir e propicia um novo
olhar sobre o mundo: um olhar cientfico, curioso e criativo (2011,
p. 9; 53; 54).
Diferentemente de outros trabalhos, no fizemos um captulo especfico nesta
monografia, usualmente chamado metodologia empregada. Evitamos este
procedimento por entender que todo o processo de produo dessa monografia, diz tudo
sobre esse objeto, est atravessado pela presena de muitas tcnicas de pesquisa, de
inspirao da metodologia qualitativa. Por exemplo: utilizamos as tcnicas da pesquisa
documental que se manifestam nos captulos 2 e 3 quando recorremos a arquivos para
justamente dialogar com o universo cientfico no qual o tema e os conceitos afins
haviam sido trabalhados.
Da utilizao desta tcnica resulta a eleio de outras tcnicas como, por
exemplo, os processos observacionais que foram usados para nos ajudar a examinar a
relao jornal/leitor no mbito do Facebook.
Deslocamos para o interior deste ambiente, descrevendo sua organizao e
funcionamento; a estrutura dos subconjuntos Facebook, jornal e leitores-;
descrevemos as estratgias tanto os leitores quanto do jornal realizam para ingressar na
pgina, mas, sobretudo estabelecerem contatos. Esse trabalho de observao nos ajudou
a compreender, inclusive, como os leitores se apropriam dos contedos postados na/da
pgina, dando-lhes outros sentidos, conforme veremos no captulo 4. Por fim,
utilizamos de maneira sinttica e superficial um breve exerccio de entrevistas que
mapeou algumas opinies de leitores sobre a pgina, algo que no podemos aprofundar
em virtude dos fatores de cronograma.
O processo metodolgico se produz, por colocamos esse processo em
funcionamento reunindo tcnicas distintas para estudar o nosso problema de pesquisa,.
Em sntese a metodologia utilizada contempla vrias tcnicas de carter
qualitativo, a partir de pr observao conforme feita. Para o captulo 2, na reviso de
literatura nos valemos de documentao mapeada atravs de levantamentos e de leituras
de obras sobre o assunto, visando conhecer possveis estgios de trabalhos que trariam
referncias sobre a questo. No captulo 3 elegemos alguns conceitos extrados do
captulo anterior, que discute nosso problema de pesquisa. Tais conceitos visam ajudar
na problematizao do trabalho do prximo captulo de analises das relaes entre
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leitor/pgina. Em seguida, no captulo 4, fizemos, a partir da pgina do Dirio de Santa
Maria no Facebook, entrevistas com jornalistas e leitores, observando, principalmente,
os processos de acesso e apropriao da pgina, por parte dos leitores. Em relao s
entrevistas ouvimos um pequeno nmero de leitores com o objetivo de obter a sua
percepo sobre essa relao.
Em alguns momentos ouvimos tambm jornalistas responsveis pela pgina,
mas os materiais gerados nestes contatos no foram alm de impresses gerais, ao lado
de alguns dados que esto diludos ao longo do texto, quanto coleta de informaes.
Entretanto, inferi que devido ao volume de trabalho com que os jornalistas lidam nessas
rotinas lhes impossibilitam reconhecer uma srie de fatos que destacam e valorizam esta
interao, pois no possuem opinies conclusivas, certamente pela dificuldade que tem
de pensar nesses problemas de um modo metdico. Chama ateno o fato de ser uma
experincia que ainda est em curso de estruturao, requerendo mais profissionais.
Uma das maiores motivaes por escolher esse tema de pesquisa foi devido a
minha identificao com o meio digital. A partir deste princpio, a escolha do jornal
Dirio de Santa Maria, no ambiente da pgina do Facebook, se deu pelo fato de ser um
local onde h grande concentrao de pblico. Tendo em vista os usurios da rede social
que visualizam todos os contedos variados e aqueles que esto na busca de temas
especficos que passam a seguir a pgina como um veculo de informao, ambas
caminham junto no espao do facebook.
Depois das pr-observaes obtidas, optou-se por analisar essa ambincia de
interao e aproximao entre dois universos, de um lado, o jornal que passa a abrir o
seu espao para os novos leitores digitais, de outro, os leitores que passam a se tornar
mais ativo no espao de um jornal digital.
De maneira a facilitar o entendimento e leitura das imagens e grficos inseridos
ao longo do trabalho, explico os mesmos foram numerados, acompanhados com textos
indicando cada item com a sua devida explicao.
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2 REVISO DE LITERATURA - VISITANDO O OBJETO, NA
FORMA DE TEMAS DE ESTUDOS
Este captulo traz uma reviso bibliogrfica que se apia no contexto e fontes
acadmicas, sobre as relaes mdia jornalstica digital x leitor. Para tanto, realizamos
buscas e pesquisas a junto a livros, artigos, arquivos, materiais da internet, etc., junto as
quais identificamos argumentos, pontos de vistas, formulaes e outras anlises sobre o
tema da nossa monografia.
A contribuio dos autores pesquisados serve para a identificao de referncias
situadas em seus trabalhos, algo que possibilita a construo de parte desta monografia.
Assim, durante as leituras visitamos os materiais investigados, possibilitando que nos
sentssemos em companhia dos muitos autores e seus diferentes pontos de vista.
Faremos assim, um estado da arte sobre estas relaes acima apontadas.
As novas tecnologias digitais, hoje no mbito da internet, possibilitaram uma
grande evoluo na comunicao. Isso visto diante das inmeras possibilidades que a
internet causou na relao entre jornal/leitor, facilitando essa interao. Veremos esta
questo segundo alguns autores1. que ajudam a afirmar essa transformao na esfera
online.
A web revolucionou o mercado de trabalho, principalmente, os produtores de
informao. Tambm produziu um grande impacto nas profisses tradicionalmente
ligadas comunicao e o que vemos uma grande interatividade ligada s indivduos
que se comunicam e se informam pela web. Para Gradim (2003, p.97), neste contexto,
O jornalismo se designa em uma atividade profissional que compreende em apurar,
buscar e organizar as informaes sob um modo de notcia a ser divulgada publicamente
seja ele por qualquer meio de comunicao em massa. A partir da noo sobre
webjornalismo o autor identifica que geralmente o veculo mais utilizado atualmente
para se informar atravs da web, que se caracteriza por haver mais atualidades,
constante atualizao, veracidade, interao, proximidade, entre outros, que acabam
tornando o leitor mais prximo do jornalismo. A partir desse primeiro entendimento que
temos sob o jornalismo na web. percebemos as mais diversas possibilidades de
1 Para ser possvel tal mtodo, utilizaram-se autores como base conforme cito agora: Joo
Messias Canavilhas, Natalia Raimondo Anselmino, Fernando da Silva Firmino, Jos Luiz Braga e Jairo
Ferreira, foram de suma importncia para a delimitao do meu tema, assim como outros citados da
bibliografia que me ajudaram a discutir conceitos ligados ao jornalismo digital e interao.
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interao por parte do leitor, permitindo que o mesmo possa se apropriar da notcia das
mais diversas formas de expresso, utilizando todos os recursos da nova web.
Com base nesses argumentos, sabemos que a nova era virtual, alm de adaptar
os novos meios de comunicao, tambm teve uma grande mudana na forma de
socializao do leitor. Essa comunicao tornou-se mais do que uma inovao
tecnolgica, pois transformou o processo informativo do ser humano dando um novo
sentido para expressar suas opinies e sentidos ao mundo. Neste momento o jornalismo
trabalha a favor da proximidade, com novos mtodos, linguagens, visando atrair a
ateno e, por tanto desenvolver novas formas de relaes com leitores, neste contexto
de concorrncia.
O jornal, enquanto um objeto ofertado pelas formas digitais demonstra muito
mais preocupao em criar contedos que respondam as necessidades dos usurios,
construindo com ele uma nova rotina que se funda em uma nova oferta de servios e
expectativas do seu consumo. Como por exemplo, oferta de servios, enquanto
informaes utilitrias, (trnsito, banco de dados, clima, locais, etc.) que causam mais
interesse no do leitor. Isso faz com que o leitor sinta que todo o contedo feito
diretamente para atend-lo. Canavilhas (2001) traz uma definio sobre mudanas e
transformaes desse novo espao:
A mxima "ns escrevemos, vocs lem" pertence ao passado. Numa
sociedade com acesso a mltiplas fontes de informao e com
crescente esprito crtico, a possibilidade de interaco directa com o
produtor de notcias ou opinies um forte trunfo a explorar pelo
webjornalismo. (CANAVILHAS, 2001, p. 2).
Isso impacta diretamente aos veculos noticiosos que anteriormente construam
informaes para o impresso, a notcia do ontem, e hoje j esto sendo levadas para o
contedo online, refazendo todas as prticas jornalsticas. Com isso, o veculo acaba
selecionando outros diferentes tipos de pblico, fontes, temas e publicaes. O dever do
jornal continua o mesmo, de informar com veracidade, imparcialidade e iseno do fato,
mesmo que esse novo meio de apresentao de contedo esteja em mutao. Tendo que
cumprir com seu dever com o pblico e com a informao independente das mudanas.
Ou seja, vemos a uma migrao de consumidores que querem a mesma notcia de
sempre, mas agora ela passa a ser instantnea.
Junto com essas oportunidades que a web possibilita ao jornalismo, ela aparece
inmeras caractersticas para a construo da notcia, como as melhorias de pesquisas,
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maiores acessos a informaes e de fontes, mais espao para as matrias, melhores
condies de interagir com o leitor, dentre outras particularidades.
Essas novas formas de interao entre o jornalismo e a web so imediatas, por
isso a notcia deve sair do processo engessado e se transformar em um contedo que
permita o novo webleitor a consumir o contedo segundo seus prprios interesses .
Canavilhas (2001), afirma ainda que:
No webjornalismo a notcia deve ser encarada como o princpio de
algo e no o fim em si prprio. Deve funcionar apenas como o "tiro de
partida para uma discusso com os leitores. Para alm da introduo
de diferentes pontos de vista enriquecer a notcia, um maior nmero
de comentrios corresponde a um maior nmero de visitas, o que
apreciado pelos leitores. (CANAVILHAS, 2001, p. 2-3).
O autor refora o contexto sobre uma pesquisa realizada pelo Media Effects
Research Laboratory2 sobre o efeito multido
3, onde o mesmo revela que os leitores
se mostram atrados por notcias que apresentam um grande nmero de visitas ou
comentrios. Porm, apesar de terem encontrado esse histrico grande de acessos, resta
dizer que as condies de acesso aos leitores para os comentrios na sua maior parte
eram regulamentadas.
Na experincia realizada, os participantes foram convidados a ler
notcias seleccionadas por um editor de notcias de um jornal, por um
computador (escolha aleatria) e por outros intervenientes no estudo.
Convidados a classificar os contedos das notcias analisadas quanto
confiabilidade/credibilidade, os participantes valorizaram em primeiro
lugar as notcias seleccionadas pelos outros utilizadores.
(CANAVILHAS, 2001, p. 3).
Segundo este estudo, prope-se que as pessoas eram atradas por notcias com o
recurso de interatividade e a elementos adicionais (vdeos, som, udio, fotos, etc.),
mesmo que os contedos no fossem to importantes e relevantes. Isso remete a
pensarmos que cada veculo de informao deve se adequar ao seu pblico, gerando
formas de contatos com ele. No contexto da web a edio do jornal no se limita em
juntar a notcia apurada e colocar alguns elementos multimdia necessrio apresentar a
notcia de um modo que o leitor possa explor-la de uma forma pessoal e com isso
2 O Laboratrio de Pesquisa de Mdia Effects alojados na Escola de Comunicaes na Universidade Penn
State uma instalao dedicada a realizar pesquisas empricas sobre os efeitos psicolgicos de
tecnologias de comunicao e psicologia de mdia. 3 Na experincia realizada, os participantes foram convidados a ler notcias seleccionadas por um editor
de notcias de um jornal, por um computador (escolha aleatria) e por outros intervenientes no estudo.
Convidados a classificar os contedos das notcias analisadas quanto confiabilidade/credibilidade, os
participantes valorizaram em primeiro lugar as notcias seleccionadas pelos outros utilizadores.
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acredita-se que o leitor cr na importncia da interao na notcia, tornando assim um
seletor do seu prprio contedo.
O jornalismo se apropriou da tecnologia como uma ferramenta indispensvel de
trabalho, neste contexto do mundo digital. De tal modo que a notcia passa a ser
construda de qualquer lugar, onde ela estiver acontecendo, por diferentes tipos de
tecnologia de transmisso e que no esto, portanto, somente dentro de uma redao.
Esse novo meio de produzir o contedo jornalstico se tornou cada vez mais acessado
pelo pblico, pois o jornalismo online afetado diretamente pela notcia, quem a produz
e o seu destinatrio.
Um exemplo dessas modificaes do jornalismo a estrutura de como feita a
notcia, visto que a pirmide invertida base, segundo velho formato. Em relao
produo da notcia, porm na verso digital ela no faz o menor sentido. De acordo
com Canavilhas (2001 p. 3), a construo da notcia dada a partir de pequenos blocos
e textos que se ligam entre si. Um primeiro texto introduz o essencial da notcia estando
os restantes blocos de informao disponveis por hiperligao.
O autor ainda refora que os veculos de informao mais comuns como o caso
da televiso, rdio e o jornal impresso causavam no receptor as possibilidades de se
apropriar da linguagem oferecida no convencional. J a internet, no caso o
webjornalismo, traz diversas ferramentas de inovao, mantendo o mesmo objetivo de
outras plataformas que a informao.
Com base ainda nesse contexto, Canavilhas (2001), assinala sobre as mudanas
que o jornalismo vive atualmente, uma das mais significativas no mbito da internet,
pois diz respeito ao encontro das mais diversas ferramentas multimdias. Essa nova
tendncia de construir e consumir o jornalismo atravs da web se justifica por haver um
grande pblico que se alimenta de todas as novas tecnologias instantneas. Isso quer
dizer que o mercado necessita de novos contedos de informao que levem em conta
referncias da web e estejam frente as novas tecnologias consumidas.
Para ajudar a refletir ainda sobre o objetivo do captulo, citamos o Murad, que
apresenta em seus estudos duas palavras chaves que so importantes para se
compreender o tema tecnologia digital no jornalismo: digitalizao e interatividade
(MURAD, 1999, p. 2).
A digitalizao por sua vez trouxe diversas melhorias para os meios de
comunicao. Uma delas a multiplicao de contedos que possibilitou compartilhar
em rede a notcia e junto com ela a prpria opinio de quem o associa a outras redes. A
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internet constitui em universo de redes interligadas, unindo assim diversas pessoas
atravs de seus computadores, tornando mais fcil o compartilhamento das notcias e de
suas interpretaes. Conforme Murad:
A possibilidade de utilizar recursos como textos, fotos, imagens,
mapas e udio, integrando-os na mesma mensagem, bem como de
conectar, por meio do hipertexto, a matria a informaes de arquivo
e/ou complementares disponveis na home do prprio veculo ou em
outro site, sem dvida, incrementam a produo. (MURAD, 1999, p.
6).
Diante dessas inmeras mutaes que a internet vem trazendo em termos de
comunicao, ainda um grande desafio para se saber utilizar as ferramentas digitais
ofertadas que possibilitam uma grande atrao para o leitor se manter conectado e ativo
em cada pgina da internet.
Essas transformaes fizeram o jornalismo vivenciar uma nova rotina, onde at
hoje todos os meios de informao esto transpassando para esse novo formato de jornal
e leitor digital
Como j comentado, as tecnologias esto em constante evoluo, onde
anteriormente no era permitido o leitor se apropriar do que lhe era ofertado, agora no
novo universo digital o leitor deixa de ser somente consumidor passivo, se tornando
ativo e fazendo parte da construo da notcia atravs das mais diversas ferramentas de
interao e participao que a web lhe oferece.
Ainda que as mdias tradicionais estejam presentes para alguns consumidores,
esse novo universo digital se torna uma incgnita colocando os veculos de informao
a repensarem o modelo em que jornal e leitor, se beneficiem de todas as potencialidades
ofertadas.
Conforme a concepo de Kucinski (2012), uma matria jornalstica hoje deixou
de ser a palavra final de um fato, agora ela o primeiro passo para uma grande
discusso. A notcia passa a ser mais visualizada e repassada na medida em que existam
mais comentrios e opinies adversas pelos leitores, a partir dessas discusses ela se
torna polmica pelo seu grau de acessos e no pelo contedo. Segundo o ponto de vista
de Kucinski, que afirma:
O novo organizador no mais o sindicato, nem o partido poltica, o
Facebook. O mobilizador o Twitter, o conscientizador o wikileaks
e a A e a Al Jazeera; a direo geogrfica do comcio dada pelo
Google Earth. As palavras de ordens no so impressas em panfletos,
so digitadas em mensagens de celular. A reunio no leva meses para
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ser organizada, ela surge como que por gerao espontnea, de um dia
para o outro (KUCINSKI, 2012, p. 13).
Observa-se que as transformaes so muitas e sem dvida elas ainda esto em
curso. Mas a apropriao de redes sociais no formato jornalstico o novo cenrio entre
jornalistas, fontes e audincia. Na esfera atual, o modo de fazer de notcia se inovou em
meio a tanta transformao, e claro que somado ao fazer notcia, as empresas so
foradas a se adaptarem e se reinventarem para garantir a sua sobrevivncia no
mercado.
O jornalismo digital se tornou uma palavra-chave nas redaes e a grande
questo como conectar e fidelizar esse grande pblico que hoje se v cercado de
opes no mundo digital. Alm do grande atrativo que o consumidor tem na esfera
online como imagens, udio, vdeo, grficos, entre outros, o produtor desse contedo se
v obrigado a incorporar esses novos mtodos e se inserir nas plataformas da sociedade
contempornea.
Em funo das transformaes comentadas anteriormente, Murad nos diz que
As mudanas que vimos atingem a pesquisa, a produo e a difuso
da notcia. E possibilitam outras formas de relacionamento entre leitor
e jornalista, exigindo a redefinio de tcnicas. O novo quadro
demanda, assim, alterao no perfil do profissional de informao.
(MURAD, 1999, p. 1).
Nesse contexto, o formato contemporneo passa a ser fundamental no processo
de produo em uma redao jornalstica digital. Assim que se insere o novo conjunto
de jornalistas em uma s notcia que se une em um s contedo utilizado.
O autor ainda refora que o leitor adota facilmente as novas geraes da forma
mais natural, passando a se apropriar, de consumir e se comunicar com a notcia. Na
medida em que a notcia acessada em instantes com um simples boto do teclado, ela
repassada para centenas de amigos em sua rede, assim esses outros usurios fazem o
mesmo.
Esse novo processo de convergncia provoca uma nova alternativa de fazer o
jornalismo, onde o novo conjunto de profissionais que passam a ter novas concepes
afetam diretamente na produo e distribuio da notcia.
Citamos aqui a contribuio de Anselmino (2014) para enfatizar a ideia da
ligao atual entre o jornal digital e o leitor, no contexto latino americano. A autora
desenvolveu um estudo nos anos de 2014, sobre a relao entre a imprensa online e o
tipo de leitor. Afirma que:
17
[...] no final de 2010 e incio de 2011, comeou a marcar uma nova
referncia em reflexes sobre a participao do pblico na imprensa,
motivados, neste caso, pelo fortalecimento da rea que permite aos leitores comentar o contedo de notcias, bem como pela fora do
impacto da turbulncia produzida por sites de redes sociais
(ANSELMINO, 2014, p. 184).4
Desta forma, sabemos que a fora das novas redes no contexto do jornalismo
teve uma grande influncia para aproximao de novos leitores que no eram mais
atrados pelo modo esttico que o jornalismo se situava.
Atravs desse cenrio, conforme Anselmino, foi possvel observar, no mbito
do sistema de meios de comunicao, uma srie de alteraes s formas clssicas da
imprensa a respeito especialmente a maneira pela qual ela construda relacionamento
dirio / leitor. (ANSELMINO, 2014, p.184)
isso que temos observado ao longo da pesquisa, como o jornal est absorvendo
esse cuidado de aproximar o leitor digital a notcia, segundo o novo formato. Um
fenmeno que passou a ser to significativo para o leitor que agora se torna cada vez
mais ativo da informao, tornando-se produtores, compartilhando tanto a informao
como o seu discurso opinativo.
Para Bowman (2003), uma vez mais poderoso, o pblico on-line tem o poder de
tornar-se um participante ativo na criao e divulgao de notcias e informaes5.
Com base nisso acredita-se que o leitor controlador da audincia de cada notcia,
quando ele passa a consumir e se apropriar da informao, atravs das ferramentas
disponveis na web.
Segundo ainda a concepo de Martinez (2005), os jornais e sites de notcias
tornaram-se mais geis e treinados para lidar com as crescentes demandas desse novo
contexto online do jornalismo.
A participao dos usurios como "criadores" de contedo na Internet
abrange mltiplas realidades que podem aderir a um nvel rigoroso
interpessoal, ou ter uma vocao de " produo pblica " , a fim de
partilhar ideias , opinies , informaes e conhecimentos entre todos
potenciais usurios da rede, graas s possibilidades abertas pelo novo
ambiente de mdia que permite que vrios caminhos de comunicao (MARTNEZ, 2005, p. 270).
4 Traduo livre. 5 Traduo livre.
18
Isso se faz necessrio no momento em que o novo pblico leitor comea a se
inserir no ambiente do novo jornalismo digital e, para tanto, novas plataformas so
reinventadas para atrair novos consumidores de notcias.
A partir disso, sabemos que a internet possibilita mltiplas atividades tais como:
personalizao, seleo de contedo, multiplicao, entre outras.
Desta forma percebe-se que o ambiente da comunicao bastante
caracterizado, espao onde recebe todas as mdias e oferece para seus usurios novas
percepes e oportunidades de acesso a informao em diversos formatos, por isso que
chamamos de uma rede interativa.
Diante desse contexto, conforme Martnez,
o desenvolvimento tecnolgico da Internet levou possibilidade de
que qualquer um, com um computador, acesso Internet, com
mnimas habilidades tcnicas e, acima de tudo, a motivao para faz-
lo poderia tornar-se um produtor de contedo na Web. (MARTNEZ,
2005, p. 269)
Essa perspectiva traz um entendimento sobre o uso de mdia na informao, que
vai alm de escolher o que se quer consumir, mas tambm, uma capacidade maior de
criar o seu prprio contedo. Para o jornalismo esta uma dinmica e complexa infra-
estrutura de uma mobilidade ampliada com diferentes capacidades e apropriaes.
De acordo com Quadros (2005, p. 4), existe uma comunicao plural de se
comunicar na internet um para um, muitos para muitos, muitos para um e tambm de
um para muitos que possibilita a participao efetiva de um pblico outrora passivo e
recentemente pseudoativo. Acredita ainda que existem poucos jornais que mantenham
uma interao com o seu leitor, mas diante de um leque de possibilidades que os leitores
possuem eles acabam se tornando ativos e visveis nesse espao.
As novas tecnologias provocam um novo cenrio para o jornalismo na web.
Segundo Bardoel e Deuze (2000), citado por Palacios (2002, p. 2) Ao estudar as
caractersticas do jornalismo desenvolvido para a Web, apontam quatro elementos:
Interactividade, Customizao de contedo, Hipertextualidade e Multimidialidade.
Conforme estudos de Palacios (1999, p.2)
com a mesma preocupao, estabelece cinco caractersticas: Multimidialidade/Convergncia, Interactividade, Hipertextualidade,
Personalizao e Memria. Cabe ainda acrescentar a Instantaneidade
do Acesso, possibilitando a Actualizao Contnua do material informativo como mais uma caracterstica do Webjornalismo.
19
Estas reflexes levam a considerar que o mercado ainda est aceitando e se
adequando as novas formas de comunicao entre jornal e leitor. Cada veculo de
informao passa a apostar nas suas ferramentas de multimdia, para que produza mais
acessibilidade para ambos. visvel que essas transformaes no modelo
comunicacional estejam se expandindo cada vez mais, por conseqncia disso, as
pessoas passam a se adaptar rapidamente ao meio digital, esse movimento o que as
mdias tradicionais notam nesse novo quadro.
A caracterstica que trazemos como exemplo no nosso contexto a
Interactividade, segundo a concepo de Bardoel e Deuze (2000), citado por Palacios
(2002).
A notcia online possui a capacidade de fazer com que o leitor/utente
sinta-se mais directamente parte do processo jornalstico. Isto pode
acontecer de diversas maneiras: pela troca de e-mails entre leitores e
jornalistas, atravs da disponibilizao da opinio dos leitores, como
feito em sites que abrigam fruns de discusses, atravs de chats com
jornalistas, etc. (PALACIOS, 2002, p. 3).
Estas questes podero provocar diferentes maneiras de interatividade atravs
das diferentes plataformas de acesso entre os leitores e jornalistas. Quando um
computador ou outro recurso de acesso, conectado internet, passa a acessar ao
contedo jornalstico, resulta que o usurio passa a manter uma relao com a
informao atravs de todas as ferramentas disponibilizadas pela web.
Ainda sobre as novas plataformas de implementao de mdias que surgem,
juntam-se ao impresso, ao rdio, televiso, aos sites web e s redes sociais. E dessa
forma os usurios se sentem potencialmente aptos a realizar apropriaes da notcia em
um fluxo mais peculiar. Essa concepo ajuda a entender o contexto da convergncia
jornalstica, permitindo o entendimento da atualidade entre o leitor e o jornalismo que
acaba sendo marcada pela possibilidade de um novo tipo de troca de informaes.
Vemos que a produo jornalstica est presente em diversos formatos
miditicos, onde so criados, editados, distribudos, compartilhados, entre outros, por
usurios e organizaes. Dentre outras representaes notrio o uso dessa nova
ferramenta para a aproximao do novo leitor, e essa relao entre o contedo que agora
dinmico passa a ser mais explorada. Essa dinamicidade passa a ser desafiadora para
as redaes jornalsticas ao enfrentarem as transformaes da internet.
Conforme Figaro (2014), no sculo XXI o carter comercial do jornalismo
tende a se aprofundar para atender no mais a mdia idealizada de um pblico alvo,
20
leitor, cidado; e sim voltar-se a capturar o leitor-consumidor personalizado com
produtos customizados.
Pensar no jornalismo na atualidade exige avanar para podermos compreender
melhor esse futuro que est incerto ainda, mas que conhecemos na multiplicidade do
jornalismo, principalmente nos grupos de comunicao e no fluxo das redes. Cabe ao
novo jornalismo unir as inovaes com novas estratgias para manter o seu novo
pblico seguidor que hoje passa a ser digital.
Nesse contexto em que nos aprofundamos deixado em evidncia que o
contrato que a mdia tem com o seu pblico leitor de relacionamento de interao,
onde de um lado os acontecimentos jornalsticos so ofertados e de outro so
consumidos e espalhados. Nesse ponto, analisamos essas estratgias de aproximao
usadas pelos veculos de informao e isso pode acabar afetando todos os meios, tanto o
profissional como o novo consumidor.
21
3 QUADRO TERICO - O JORNALISMO NA AMBINCIA DA
MIDIATIZAO
Em primeiro momento irei deslocar para o presente captulo alguns conceitos j
utilizados no captulo anterior que sero teis para o desenvolvimento do meu quadro
terico. Mostrando as mais diversas transformaes que o jornalismo percorre dia a dia,
construindo um jornalismo contemporneo voltado tecnologia digital que estabelece
essa aproximao em tempo real de jornal e leitor no mbito da internet atual. Para isso
caminho com alguns autores que melhor explicam essa nova realidade.
Com base nesse contexto, Canavilhas (2001), assinala a respeito das mudanas
que o jornalismo vive atualmente, uma das mais significativas no mbito da internet,
sobre tudo o encontro das mais diversas ferramentas multimdias. Essa nova tendncia
de construir e consumir o jornalismo atravs da web se justifica por haver um amplo
pblico que se alimenta de todas as novas tecnologias instantneas, o que significa dizer
que o mercado necessita de novos contedos de informao voltados especialmente para
a web.
Na redao, onde o jornalismo feito no somente para o impresso, mas agora
em migrao para o digital, a internet tornou-se ferramenta indispensvel. Uma das
grandes questes desse novo cenrio de como se conectar e fidelizar esse imenso
pblico que hoje se v cercado de opes no mundo digital. Por exemplo, visto que
grande parte dos veculos de informao atualmente que so impresso, possuem suas
pginas online ou em redes sociais, em muitos dos casos passaram a s produzir
contedo para a plataforma online. Isso se d alm do longo atrativo que o consumidor
tem na esfera online como, imagens, udio, vdeo, grficos, entre outros, o produtor
desse contedo se v obrigado a incorporar esses novos elementos e se inserir nas
plataformas da sociedade contempornea.
Em funo das transformaes comentadas anteriormente, trazemos Murad
(1999) para dizer que esse novo quadro tecnolgico demanda de alteraes no novo
profissional, pois as mudanas que vimos atingem a pesquisa, a produo e a difuso
da notcia. E possibilitam outras formas de relacionamento entre leitor e jornalista,
exigindo a redefinio de tcnicas. (MURAD, 1999, p. 1).
Nesse contexto, o formato contemporneo passa a ser fundamental no processo
de produo em uma redao jornalstica digital. Um novo formado de fazer o
22
jornalismo para um novo cenrio que o jornalismo digital afetado diretamente no
novo modelo de profissional.
Diante desse contexto, o desenvolvimento tecnolgico da Internet levou
possibilidade de que qualquer um, com um computador, acesso Internet, com mnimas
habilidades tcnicas e, acima de tudo, a motivao para faz-lo poderia tornar-se um
produtor de contedo na Web. (MARTNEZ, 2005, p. 269). Para o jornalismo esta
uma dinmica e complexa infra-estrutura de uma mobilidade ampliada com diferentes
capacidades e apropriaes.
Com isso, introduzo a seguir alguns autores que iro me acompanhar no
desenvolvimento do tema da minha monografia, onde iremos refletir sobre alguns
conceitos e em seguida discutirei o conceito de midiatizao para depois trabalhar o
conceito de interao. Para discutir com esses trs conceitos iremos apoiar-se de um
lado em autores que trabalham essa questo, bem como tambm alguns outros j vistos
no captulo 2. Mantendo o objetivo central de situar sobre essa nova ambincia digital
em que a sociedade vive. Mais especificamente mostrando a importncia da relao em
que o jornal tem com o leitor em tempo real.
3.1 REFLETINDO OS CONCEITOS
A midiatizao a cada dia se torna um conceito essencial para descrever a atual
mudana no cenrio comunicacional e no jornalismo. Um conceito chave que ajuda a
compreender a expanso que a tecnologia tem sobre a atividade da comunicao. Esta
toma fora cada vez mais em um mbito mais geral. Vamos usar nesse trabalho tal
conceito para compreender, por exemplo, as relaes entre jornal e leitor.
Acredita-se que esse rpido desenvolvimento da tecnologia, como web, sites de
relacionamento, redes sociais, entre outros, tem repercutido para nos ajudar a
compreender o conceito de midiatizao.
Fausto (2006) diz que a midiatizao se manifesta em diversas prticas sociais
(educativas, polticas, familiares, religiosas, etc.) e que reflete tambm na vida de cada
indivduo na sociedade. O autor ainda faz um comentrio sobre esse aspecto dizendo:
A midiatizao situa-se em processos e contextos histricos e tambm em percursos de desenvolvimento de alta complexidade que impe a
necessidade de considerar mecanismos de explicao que so
atualizados nos movimentos desses prprios processos histricos, e
23
nos quais se passa o desenvolvimento das tcnicas, dos processos e
das prticas de comunicao. (FAUSTO, 2006, p. 3)
Conforme as palavras do autor apresentada essa definio sobre midiatizao,
vemos que h um sentido prximo que o da ambincia, nesse sentido Gomes (2015)
lana uma explicao sobre ela:
[...] o deslocamento gradativo de uma sociedade dos meios para uma
sociedade em midiatizao. No primeiro caso, o que se privilegia so
os meios nas suas individualidades, observados na condio de dispositivos tecnolgicos de comunicao. No segundo, o aspecto
preponderante a viso sistemtica da sociedade e da criao de uma
ambincia nova, expressa no que se entende por midiatizao.
Considera-se que a sociedade hoje, em vias de midiatizao, est
produzindo um novo modo de ser no mundo. (GOMES, 2015, p. 18).
Observamos que a midiatizao afeta todos os campos da sociedade, uma vez
que esta passa a se adaptar a novos modos de produzir e de fazer circular a informao.
Ainda de acordo com Gomes (2015, p. 20) podemos interpretar de diferentes maneiras
essa realidade todas partindo do fato de que a sociedade se constitui de fluxos de
comunicao. O contedo da comunicao a expresso da vida dessa sociedade:
passado, presente, futuro, histrias, sonhos, etc.
Os meios de comunicao na sua diversidade afetam diretamente a vida dos
indivduos de uma sociedade, isso incluindo todas as suas vivncias e avanos,
interagindo para a construo do sentido.
Para tanto, nos valemos da explicao que Gomes (2015) faz sobre a
importncia dos meios na organizao desta ambincia. Ele lembra que
so os meios eletrnicos que desempenham o papel de dispositivos
enunciadores da informao. Nela se percebe um processo de
significao, que contempla a construo do discurso de suas diversas configuraes tanto construes verbais como no verbais (por
imagens, gestos e aes). (GOMES, 2015, p. 21).
Sendo uma instncia essencial para a sociedade, a mdia escolhe os modos de se
comunicar levando em conta os aspectos aqui destacados.
Admite-se que um dos efeitos da midiatizao sobre o processo social
justamente a transformao na qualidade das conversaes, das interaes e nas prprias
relaes que envolvem os indivduos. Tambm destacam-se possveis contribuies das
mdias para a evoluo do desenvolvimento humano.
Com o surgimento da tecnologia digital as interaes aumentaram colaborando
para a estruturao de uma nova ambincia na sociedade. A partir disso, a sociedade
24
contempornea passou a se relacionar mediante uso intensivo de dispositivos
tecnolgicos. O indivduo passa a construir um novo modelo de viver segundo novas
dinmicas geradas por tecnologias nesta nova realidade digital.
Alm de dialogar com Gomes (2015) trazemos tambm algumas ideias de
Fausto (2006) sobre a noo de midiatizao. Segundo este, a midiatizao enseja a
formao de uma nova ambincia atravs de mecanismos que afetam o pensar, gostos e
padres. Tais aspectos tecnolgicos miditicos fazem aparecer novas formas de
comportamentos alterando a organizao social. Apenas reiterando, o autor diz ainda
que trata-se de uma nova forma de ambiente sociedade da informao e da
comunicao que mediante tecnologia, dispositivos e linguagens trata de produzir um
outro conceito de comunicao. (FAUSTO, 2006, p. 4).
Os mecanismos da midiatizao geram uma nova forma de funcionamento da
sociedade principalmente novos modelos de interao. Ela faz um longo caminho
exercendo a influncia muito grande sobre as maneiras de consumir da sociedade atual,
especialmente no seu modo de pensar, agir e se expressar.
A mdia passa a ser compreendida como uma nova forma de cultura que origina
novos sentidos no processo da comunicao, especialmente com as novas formas
virtuais. O que faz com que essa nova sociedade midiatizada, na qual existem as
diversas ferramentas novas de tecnologia, passam a fazer parte da rotina de cada
indivduo em todas as situaes. Assim, a cada novo elemento que surge na mdia,
novas estruturas de linguagem e de interao iro surgir.
Fausto afirma que Isso sugere que esquemas de servios de comunicao se
estruturem no mundo dos usurios, como possibilidade de se construir um ritual
alternativo ao protocolo comunicativo institucional. (FAUSTO, 2006, p. 14).
O autor tambm comenta sobre esse novo cenrio entre leitor e jornal e vice-
versa. Um retrato do novo profissional que acaba passando por diversas transformaes
junto com esse novo pblico que surge sempre conectado com a informao oferecida.
Um lugar onde exista uma interao digital a todo instante.
nesse contexto atual que entramos nessa nova forma do jornal/mdia de criar
um novo vnculo com o seu leitor. A cada ano que passa ocorrem diversas
transformaes enquanto novas formas de atrair a confiana e da fidelizao do leitor.
So velhos e novos hbitos que se comunicam nesse processo de apropriao da nova
estrutura de mdia, se dando eles nas redaes como mundo do leitor. O autor traz um
comentrio que explica a questo:
25
Sem dvida, que a mdia jornalstica persiste como um lugar
importante e sobre o qual a sociedade deposita credibilidade,
justamente por ser um sistema que trabalha a reduo de complexidades produzidas por outros sistemas, dando forma e
produzindo intelegibilidades aquilo que parece discontnuo e sem
nexos. (FAUSTO, 2006, p. 47).
Consideramos que todas as mdias utilizam formas de afetao nas prticas
sociais, atravs de discursos com os quais se comunica com seu pblico leitor. Forma-se
nova ambincia que sem dvida passa a afetar diretamente todos os meios e agora
jornalista e leitor desenvolvem formas de interao.
Acredita-se que a sociedade construda a partir do que os meios de informao
reproduzem na realidade e isso acontece atravs de dispositivos e de diversas operaes,
nas quais acabam aumentando os processos de interao. Ocorrem duas abordagens com
essa ligao sobre produo/consumo e o acesso, onde visto hoje essa maior ligao
de participao entre o jornalista e o pblico diretamente impulsionado pelas novas
tecnologias.
Esse novo cenrio visvel quando a informao dada pelo jornal e o seu
consumidor passa a se comportar diante da notcia informada, nas palavras do autor:
tais afetaes miditicas sobre os demais campos so de mltiplas ordens, mas para fins destes comentrios, retm-se apenas o fato de
que a ambincia miditica passa a dar forma vida espao-temporal
dos campos sociais, repercutindo sobre seus modos de expresso.
(FAUSTO, 2006, p.51).
A midiatizao torna a sociedade em rede, uma vez que ela no mais a mesma
quando h uma mudana nesse novo ambiente de interao, onde existem espaos de
dilogo, afetaes, expresses, etc. O tempo digital est presente mais que nunca nas
novas estruturas jornalsticas e do pblico conectado, sempre visando um futuro
imediato.
O que vemos que a midiatizao em que vivemos ultrapassa todas as formas de
pensar e agir dos indivduos da sociedade e que ela afeta em todos os sentidos, seja na
economia, poltica, cultura, comportamentos e expresses. E isso nos leva a pensar no
poder que construmos a tal ponto de alcanar esse modelo de participar e consumir
ao mesmo tempo.
Numa tentativa de explicar melhor que, a midiatizao no se trata de um
conceito isolado, mas de um conjunto de relaes complexas entre os emissores e
receptores, nos apoiamos em um grfico abaixo de Ferreira (2007), para explicar esse
novo cenrio.
26
Grfico 1. Visualizando o processo de midiatizao
Fonte: (FERREIRA, 2007, p. 2).
O grfico acima procura mostrar os diferentes fluxos que envolvem o
funcionamento da midiatizao via dispositivos (DISP) os processos sociais (PS) e os
processos comunicacionais (PC) numa atividade de contatos onde todos se
correspondem, segundo fluxos que os liga, um ao outro. Significa que tais mediaes
fazem com que todos os segmentos se afetam de modo tal que processos sociais e
processos comunicacionais se interpenetrem justamente, atravs do trabalho dos
dispositivos tcnicos.
O autor do grfico faz um caminho bastante longo para nos possibilitar a sua
compreenso. Para tanto, segundo ele mesmo diz
Essas perspectivas decorrem de que a superao de lugares de senso
comum solicita, portanto, conhecimento das cincias sociais, teorias
do signo e filosofia, que, inclusive, tambm esto na origem do debate
sobre a especificidade da comunicao, enquanto processo de
constituio de novos sentidos da vida. (FERREIRA , 2007, p.4).
A compreenso do modelo de Ferreira (2007) dada por vrias teorias -
cincias sociais, teorias do signo e filosofia-, que ajudam ao leitor a compreender a
formao e funcionamento desta ambincia comunicacional, particulamente os fluxos
aqui mostrados.
Vale lembrar que a comunicao conversacional sendo ela verbal, no-verbal ou
de outras formas de compartilhamento, tambm se manifesta nos fluxos do grfico
acima exposto.
27
Parece-nos que para se entender o grfico proposto por Ferreira essencial a
compreenso do conceito de dispositivo, especialmente em seu aspecto tcnico, pois
este quem promove os fluxos entre processos sociais e processos de comunicao. O
prprio autor quem nos diz que o dispositivo um lugar de interaes entre trs
universos: uma tecnologia, um sistema de relaes sociais e um sistema de
representaes. (FERREIRA, 2006, p.138).
O grfico do autor ainda mostra que a relao entre velhos e novos meios est
assegurada neste modelo, ou seja, as tecnologias estariam ai contempladas sejam elas
nas modalidades mais antigas, bem como aquelas da web.
Pensando sobre a noo de midiatizao Ferreira nos diz que:
Para compreender a midiatizao, o conceito deve focar os
dispositivos miditicos, sendo o segundo termo desnecessrio quando
se trata de compreender os processos de comunicao. Somente nos
dispositivos miditicos, se explicita, com toda a fora, as dimenses
constitutivas especficas da midiatizao, embora no sejam apenas "eles" que configurem o que , por diferenciao histrica e social, os
processos de midiatizao. (FERREIRA, 2007, p.7).
No campo da comunicao vale lembrar que o chamado dispositivo miditico se
refere a instncia de dilogo entre o que est disposto, por exemplo, na web e leitores
que fazem o uso desses dispositivos visando o acesso a contedos miditicos.
Concluda minhas observaes sobre o conceito de ambincia e midiatizao,
desenvolvo agora algumas ideias sobre o conceito de interao, pois ele nos parece
assunto central para estudo das anlises das relaes dos leitores com os jornais,
conforme faremos no prximo captulo. Seguem abaixo algumas observaes.
Conforme Thompson (1995), Tornou-se comum de dizer que a comunicao
uma forma de ao. Sabendo o alcance da comunicao em todas as reas
profissionais, podemos analisar a dimenso do quanto os indivduos esto em interao
e socializao. O autor fala da comunicao mediada, mostrando a mdia com seu
contexto simblico e ao mesmo tempo no cenrio atual. O autor traz um comentrio que
explica a questo:
A dificuldade, neste segundo tipo de interao, reside no elemento da
ambigidade na comunicao/informao recebida. Alm disso,
faltam referenciais imprescindveis para diminuio do rudo. Ao
estreitar o leque de deixas simblicas, as interaes mediadas
fornecem aos participantes poucos dispositivos simblicos para a
reduo da ambigidade na comunicao. Por isso as interaes
28
mediadas tm um carter mais aberto do que as interaes face a
face. (THOMPSON, 1995, p. 79)
O entendimento da mensagem se d a maior aceitao gerada na comunicao
digital. A comunicao caracterizada pelas diversas formas que atingem a sociedade
envolvendo o setor de produo, transmisso e recepo como o autor fala em cada
setor a mensagem transmitida atravs da forma simblica, variando de indivduo para
indivduo. Compreendendo a interao mediada ela mais direta e facilitada uma vez
que no exista face a face, mas s mais uma das diversas formas de relaes humanas
podendo elas existirem em qualquer momento ou lugar onde haja interao.
Para valorizar o conceito de interao, e efeitos deste sobre as noes de
ambincia e de midiatizao buscamos em Braga (2006) alguns fundamentos sobre a
atividade da midiatizao, da perspectiva das interaes, estas causadas pelos processos
de comunicao especialmente a centralidade da mdia na construo da atividade
comunicacional contempornea.
De acordo com Braga (2006) a definio sobre interao diz que as interaes
so o lugar de ocorrncia da comunicao. Mostra assim a importncia dessa
caracterstica presente em todo o meio comunicacional.
Nos tempos atuais buscamos o entendimento do relacionamento e interao
entre meios e entre esses e os indivduos. Sabemos que todos os meios se comunicam
entre si, porm isso no est bem definido ainda. Mas j sabido que existem formas de
interao entre o jornal e leitor e isto nos direciona a estudar cada vez mais as razes
que levam ao aprofundamento dessas ligaes entre eles.
Tratando das interaes jornal e leitor, Braga (2006) nos diz que novos meios
no substituem necessariamente os velhos meios conforme se supe e at mesmo a se
decretar a morte dos velhos meios, como o caso da televiso broadcasting. Pelo
contrrio ao invs de substituir uns aos outros, eles se adquam entre segundo novos
desenhos que incluem, parcialmente, o anterior.
Sendo assim, todos os processos de modernizao e adaptao que a mdia sofre
a cada instante no permitem que o anterior seja apagado, mas fazendo com que novas
tcnicas surjam para agregar aos meios e processos de comunicao existentes.
Oferecendo assim diversas possibilidades para a midiatizao executar coisas que at no
momento no foram possveis de ser realizadas.
29
Atravs desse cenrio Braga (2006) enfatiza a ideia de que fica evidente que a
sociedade se constri diferentemente, conforme os processos interacionais a que dar
mais relevncia e hegemonia. (BRAGA, 2006, p. 12).
Conforme o autor, isso quer dizer que a sociedade prevalece em torno de uma
cultura escrita, ou seja, toda a interao social que vemos de diversos modos atravs
de referncia a palavras impressas (livros, jornais, etc.), todas as formas de agir e pensar
da sociedade diretamente ou indiretamente, so sustentadas atravs dessa cultura.
A constante transformao no mbito da tecnologia digital, com o surgimento de
diversas ferramentas que despertam para uma melhor interao, de uma outra maneira,
sobretudo o da sua qualidade, especialmente quando se fala da relao entre jornal e
leitor.
Como o nosso trabalho diz respeito sobre o jornalismo e o leitor no quadro do
mundo digital, procuramos destacar a importncia que tem alguns aspectos desse novo
formato para explicar essa nova interao.
Para exemplificar como se manifesta essas novas interaes entre leitor e
jornalismo, ilustramos esse conceito para mostrar como essa relao ocorre no ambiente
da comunicao. E para tanto, trazemos exemplos claros do mbito do jornalismo em
seu formato digital, compreendendo como dispositivo mvel que favorecido pela
midiatizao a criar novos ambientes jornalsticos, novas prticas e sobretudo novas
possibilidades de leitura e leitor se contatarem.
O que j sabido que os dispositivos mveis vem se modernizando a cada ano,
isso ocorre junto com as diversas transformaes da midiatizao. As ferramentas e
caractersticas que os dispositivos mveis trazem para a sociedade so elementos
fundamentais para os novos modelos de jornalismo que estamos passando. Partimos da
premissa que esses produtos digitais inovadores potencializam mais essa interao com
suas ferramentas que vo alm da produo para a web ou mdia impressa construindo
novos sentidos. Visto de um lado do trabalho de profissionais e por outro que atinge e
traz mais para perto outro pblico.
O jornalismo mvel sem dvida um conceito que est sempre em conexo com
o campo da comunicao. Algo que assim ressaltado por Firmino:
A motivao para a delimitao da proposta advm da identificao
do fenmeno da mobilidade com a emergncia de novas formas de
produo, distribuio e consumo de notcias atravs de plataformas
mveis como smartphones, tablets, e-reader e todo o ecossistema
30
mvel que se estrutura nos tempos atuais movidos pelo processo de
convergncia e de comunicao mvel. (FIRMINO, 2015, p. 7).
Se formos comparar a informao com cada indivduo, pode-se dizer que
estamos sempre em constante movimento e transformao. Uma evoluo de objetos,
pessoas e envolvimento, uma nova era de contedos mveis.
Firmino define jornalismo mvel como uma modalidade de prtica e de
consumo de notcias atravs de tecnologias mveis (dispositivos mveis).
Compreendido como informao transportada para jornais e revistas, meios eletrnicos
como rdios e TV. (FIRMINO, 2015, p. 9).
Uma nova cultura de mobilidade em um contexto de convergncia de
multiplataformas. Onde o novo modelo de reprter passa a viver na prtica
contempornea uma transmisso de contedo de informao mais rpida e instantnea.
O jornalismo mvel passa a ser um grande protagonista da histria, o que diz Firmino:
Entre essas esferas, o jornalismo mvel exerce seu protagonismo no
cenrio tanto nas estratgias das organizaes jornalsticas quanto na
mdia cidad com as apropriaes da "redao mvel" para o processo de apurao, produo e distribuio de contedos por redes mveis
digitais ou por meio de compartilhamento via redes sociais e
aplicativos de estreming de contedos audiovisuais. (FIRMINO, 2015,
p. 12)
Gerando essa nova relao entre jornalismo e mobilidade com o acesso
informao, a internet proporciona uma expanso desse jornalismo digital que se torna
cada vez mais ligado ao jornalismo cidado. Os dispositivos mveis so um meio de
maior influncia que existe hoje, objeto que se encaixa no contexto da midiatizao em
que vivemos. Nesta perspectiva, Canavilhas (2014, p. 7) nos explica esse cenrio: A
inovao no jornalismo para dispositivos mveis suscita questes relacionadas indutoras
de novos processos de interao e sensorialidades para os contedos jornalsticos.
A mobilidade do jornalismo dada nesse conjunto da sociedade digital, o fato
do jornalismo mvel leva o leitor de um formato a outro, permitindo que o leitor leia na
verso digital e ainda possibilitando que haja dilogo entre ele e o jornal.
Segundo Machado, citado por (CANAVILHAS, 2014, p. 13):
A inovao no jornalismo um fenmeno que se volta para o
jornalismo como uma indstria e que se centra na busca de solues
conceituais ou tecnolgicas capazes de, ao mesmo tempo, maximizar a produo e atender s demandas sociais por informao de qualidade e
instantaneidade, ao menor custo possvel, em consonncia com o rigor
das melhores condutas profissionais e acessvel por todos os meios
disponveis. (MACHADO, 2010, p. 67)
31
No campo da comunicao, toda ao causa transformao e isso acaba gerando
produtos inovadores, principalmente os comunicacionais de produo, circulao,
consumo e recepo de novos formatos de contedos. Esse contexto to grande que
nele se manifestam atravs desses produtos inovadores que so os aplicativos
jornalsticos desenvolvidos especificamente para dispositivos mveis, como
smartphones e tablets de acordo com suas especificidades. Uma instncia no qual se
manifesta essa nova marca de consumir a mdia, na medida em que a partir disso todas
as prticas que envolvem a comunicao passam por essa influncia.
Um dos exemplos que o autor comenta o da funcionalidade dos dispositivos
como o caso do GPS6. Um aplicativo que tem inmeras funcionalidades, por exemplo,
a de localizao de mapa por satlite, uma funo que se redirecionada ao jornalismo
digital, ou seja, o jornalismo hiperlocal ou de proximidade. Isso possvel pelo modo de
personalizao de localidade do prprio aparelho quando ativo o recurso de
geolocalizao, a interface do aplicativo mostra as notcias relacionadas regio direto
do acesso. Para Canavilhas (2014), o jornalismo mvel tem caractersticas bem
definidas, mas com diversas particularidades.
O jornalismo mvel se caracteriza pela mobilidade e pela portabilidade, mas ao mesmo tempo por invocar novas qualidades de
interao e de estmulos sensoriais, atravs da interface tctil e das
demais funcionalidades incorporadas aos dispositivos mveis.
(CANAVILHAS, 2014, p. 34).
Acreditamos que no novo modelo de jornalismo digital que surge no existe
padres de notcias, por exemplo, pode-se usar imagens, vdeos, nmeros de caracteres,
tudo no passa de um experimento de apropriao, uma vez que jornal e leitor ainda
caminham juntos nesse novo formato.
Principalmente quando o assunto jornal e leitor, tem provocado
significativamente novos processos de interao, por exemplo, causando uma melhor
distribuio de informao entre plos conectados - jornal e leitor. Isso acontece quando
quem recebe as informaes acaba deixando o modelo antigo de recepo de
informao e indo, levando consigo outros indivduos para novos padres de produo,
distribuio e consumo de produtos de informao.
Seguindo esse ponto de vista trazemos tambm Antunes para dizer que:
6 sigla de Global Positioning System que significa sistema de posicionamento global, em portugus.
GPS um sistema de navegao por satlite com um aparelho mvel que envia informaes sobre a
posio de algo em qualquer horrio e em qualquer condio climtica. Fonte:
http://www.significados.com.br/
32
A comunicao mediada por computador viabiliza um modelo
comunicacional de mo dupla alicerado na interao, com processos
nos quais todos os envolvidos atuam ativamente. As possibilidades abertas pela internet estimulam a troca de mensagens pelos dois plos,
reduzindo consideravelmente a superioridade do emissor e
transformando o receptor em um interagente. Emerge, com isso, no
contexto das novas mdias, a necessidade da interatividade, termo
largamente difundido e apropriado, na atualidade, pelos mais diversos
mercados e produtos miditicos. (ANTUNES, 2011, p. 2).
Completando a ideia do novo modelo de fazer o jornalismo, vimos que a
comunicao uma via de mo dupla como falam os autores. Diz isso quando destaca a
existncia de um momento no qual se d interao entre quem produz a informao para
a web e quem navega no mesmo momento. Percebe-se que as diversas ferramentas que
a internet oferece para o que nela circula, sejam adequadas e podem favorecer novas
formas de contatos entre leitor e jornal.
esse fluxo de mudanas contnuas no mbito da interao que procuramos
estudar em nossa monografia, pois a interao envolve linguagens e estratgias de oferta
e de apropriaes por parte daqueles que a consomem. Sendo essas transformaes que
nos fazem refletir os novos meios em que o jornalismo se encontra.
Um modelo de comunicao em que as duas partes se conectam, faz com que
organizaes sejam reformuladas onde passam a se adequar aos novos padres.
3.2 O JORNALISMO DE MDIAS DIGITAIS NAS REDAES
A partir desse contexto podemos dizer que um dos efeitos da midiatizao nessa
nova ambincia o novo modelo profissional.
A crescente mudana dos produtos e processos miditicos tm provocado
significativas variaes no somente na sociedade, mas principalmente para jornalistas
sendo a principal influncia nos processos que envolvem suas relaes com as notcias e
na sua oferta aos leitores. Esses avanos obrigaram o reprter a se remodelar de acordo
com as novas tcnicas de distribuio e circulao de informao. Veculos de
informao como televiso, rdio, impresso acabam desenvolvendo novos padres nos
seus processos de produo e nas suas relaes com os leitores.
33
Trazemos Mielniczuk (2003), citado por (LAMMEL, 2012, p. 23) prope uma
classificao dividida em trs momentos: o webjornalismo7 de primeira gerao (ou fase
da transposio), o webjornalismo de segunda gerao (ou fase da metfora) e o
webjornalismo de terceira gerao.
So momentos desse pequeno perodo em que a recente histria do jornalismo
digital comea a se ambientar pela rede. Mas ainda falta a nossa compreenso de at que
ponto essa nova estrutura afeta a cultura do jornalismo? Com esse crescimento das
tecnologias mveis s rotinas de produo de um jornal passam a ser movidas por
dinmicas instantneas, uma vez que anteriormente o hoje era produzido hoje e
publicado e lido amanh, e hoje o novo reprter passa a apurar, editar e compartilhar no
mesmo instante.
Seguindo essa perspectiva, Lammel afirma que:
As caractersticas que diferenciam o jornalismo digital no
apareceram de uma hora para a outra. As potencialidades foram descobertas e postas em prtica de forma gradual, de acordo com a
evoluo da web. Enquanto tais caractersticas ainda no eram
exploradas, os profissionais jornalistas tendiam a repetir na web os
formatos e linguagens dos suportes tradicionais a que eram
costumados a produzir. (LAMMEL, 2012, p. 23).
O jornalismo para a web um estado atual e que est sendo explorado tanto
pelos jornalistas profissionais como pelos internautas. Por isso, o jornalismo sozinho
no o suficiente para produzir essa nova ambincia. O jornalismo hoje no completo
se no h um jornalista informando e um leitor consumindo e espalhando, ao mesmo
tempo a informao. As mudanas dos softwares atualmente promovem mudanas na
comunicao, seja do ponto de vista da sua forma ou no seu contedo.
Canavilhas comenta sobre as formas de interpretar as tecnologias que surgem,
O choque entre as diferentes concepes e abordagens de cada rea atribui pratica jornalstica. Bem como s noes de notcia,
informao e comunicao, conduzem a uma srie questes que so
essenciais para se compreender o futuro do jornalismo.
(CANAVILHAS, 2014, p. 87).
O jornalismo mvel passa a ser caracterizar nas suas produes de fazer o
jornalismo, devido a esse novo meio de tecnologias e de estratgias que trazem novas
formas de rotinas nas redaes e consequentemente no seu consumo das notcias.
7 No texto em questo, a autora decidiu por adotar o termo webjornalismo, que tratamos aqui como
sinnimo de jornalismo digital.
34
Sabemos que o universo das redaes mudou, assim como a nova maneira de consumir
a notcia tambm passou a ser lida apenas com um toque na tela de um dispositivo
mvel.
Essa nova ambincia que visvel pelo novo leitor que surge, com novas
necessidades de buscar, filtrar, organizar e distribuir a informao. Com isso, passamos
a identificar esse novo modo de trabalho do jornalista. Ainda com Lammel (2012),
podemos apontar para indcios de uma nova gerao de produtos jornalsticos, em que
os jornalistas no apenas inserem as caractersticas do jornalismo digital em seus
produtos, mas tambm experimentam novas narrativas e diferentes suportes alm da
web. (LAMMEL, 2012, p. 36).
Um cenrio onde o mundo digital oferta a informao em tempo real. Aquele
jornalismo com informaes e caracterizao de sempre, continuam sendo o mesmo,
uma vez que agora passamos a se adequar a novas plataformas, modalidades e em
tempo real. A partir disso, surge, maior audincia e interao e assim o jornalismo acaba
ganhando mais fora do que o habitual.
Concluindo esse captulo, podemos admitir que a midiatizao produz muitas
novas interaes, seja na organizao social, seja ainda em todas as prticas sociais,
especialmente aquelas que envolvem a realidade dos meios de comunicao, como as
do jornalismo e o mundo do seu leitorado conforme estudamos aqui.
A sociedade midiatizada, vive transformaes e isso gera um novo perfil de
indivduo, especialmente de profissionais do jornalismo e de usurios do jornalismo.
Essas relaes e ligaes que surgem entre jornal e leitor fazem com que a sociedade
contempornea usufrua dessa conexo para que se tenham novas possibilidades de
informao e, particularmente esta nova ambincia faz surgir o jornalismo midiatizado,
suas novas relaes com o leitor que so ensejadas por novos produtos, como a pgina
que vou estudar.
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4 AS ESTRATGIAS DE INTERAO JORNAL-LEITOR NO
Pretendemos com este captulo evidenciar a descrio das estratgias de
interao que a rede social mantm com o seu leitor. De modo a descrever seu aspecto
fsico bem como suas caractersticas mais relevantes para a apropriao de internautas
aos seus contedos.
Para isso, foram feitas observaes de publicaes nas quais envolvessem todos
os aspectos de interao jornal/leitor vistos na pgina do jornal, durante toda a
construo desta monografia. A partir disso, analisamos tambm todo o processo de
construo das notcias no interior da redao do jornal, bem como editores e redatores,
entre outros profissionais.
Antes de descrever as caractersticas dos processos de interao entre jornal e
leitor, mencionaremos alguns aspectos que dizem respeito insero da pgina do
Dirio no ambiente digital, pois como sabemos, ela tem acesso inicial, a um ambiente
virtual mais vasto que o do facebook.
Este um site e servio de rede social que foi lanado em 4 de fevereiro de
2004, operado e de propriedade privada do americano Mark Zuckerberg. Em 4 de
outubro de 2012, o Facebook atingiu a marca de 1 bilho de usurios ativos, em mdia
316.455 pessoas se cadastram, por dia, na rede social, desde sua criao, sendo por isso
a maior rede social em todo o mundo8. Abaixo apresento algumas de suas
caractersticas.
O sistema de cadastramento que vale para instituies e indivduos funciona da
seguinte forma: o usurio deve registrar seus dados ao utilizar o site como, por exemplo,
nome, sobrenome, data de nascimento, sexo e e-mail. Qualquer pessoa com a idade
mnima de 13 anos pode se registrar, aps isso, o seu perfil criado podendo adicionar
seus amigos, trocar mensagens, seguir pginas, participar de grupos de seu interesse,
categorizar seus amigos por listas como, por exemplo, colegas de trabalho ou
famlia, entre outras atividades permitidas por esta rede social.
O Facebook um ambiente de visita que aloja uma multiplicidade de pginas e
de instituies jornalsticas ou no, bem como, de atores individuais. Ele se torna uma
realidade miditica porque para ele que convergem todos os veculos de informao e
seus receptivos consumidores/leitores dando origem assim a uma espcie de contexto
8 Fonte: Folha de So Paulo, 2012.
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comunicacional especfico. essa convergncia de fatores que torna o Facebook
naquilo que se afirmou em tempos em uma espcie de estado.
4.1 APRESENTAO DO FACEBOOK DO JORNAL DIRIO DE SANTA MARIA.
A pgina do Dirio no Facebook tem como funo publicar notas de notcias que
acontecem em Santa Maria e regio de maneira atualizada. Essas podem compreender
vrias editorias: policial, esporte, entretenimento, entre outras. Cada editoria
constituda por um grupo de profissionais especficos.
A respeito das notcias publicadas na pgina do jornal na rede social, elas so
apuradas pelos reprteres da editoria online e inseridas no site do jornal. A partir do
mural de recados do Facebook, o jornal publica esta mesma notcia com o link da
matria completa reproduzida no seu espao digital. A partir disso que os leitores
passam a visualiz-las, podendo assim ler, curtir, compartilhar e comentar via pgina da
rede social.
Nesta pesquisa, abordamos a relao da pgina do Dirio no Facebook, mas
importante que ns tenhamos uma imagem de como o ambiente do jornal na sua
verso grfica. Pois, h aspectos que articulam tal verso com a outra, de natureza
digital.
Na imagem (1) a seguir, temos um aspecto geral da redao do jornal
envolvendo certamente o seu formato impresso e digital, que agrupa todos os seus
servios editoriais. Isso parece evidenciar que o Dirio optou por uma redao
unificada.
No diagrama logo abaixo da fotografia, faremos um detalhamento da estrutura
da redao com aspectos gerais j mostrados (imagem 1).
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Imagem 1: Aspecto da redao
Fonte: foto feita pela autora na redao do jornal Dirio de Santa Maria
No diagrama seguinte (Grfico 2), temos um detalhamento da estruturao da
redao. Envolve uma diviso que abrange dois subconjuntos do lado direito, os meios
em que o jornal trabalha. J ao lado esquerdo, temos os servios internos da redao que
contemplam tanto a verso impressa como digital.
Grfico 2: Disposio do ambiente da redao
Fonte: Fonte elaborada pela autora
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Com uma descrio sucinta do funcionamento da redao e da pgina, notamos
que habitualmente a pgina rene vrios tipos de editorias que cobrem vrios contedos
como: poltica, economia, cultura, polcia, entretenimento, etc. Observamos que nem
todos os assuntos vinculados nas editorias so publicados nas duas modalidades, mesmo
sendo os layouts semelhantes no impresso e no digital. Isso acontece pelo critrio de
noticiabilidade que o jornal adota, ou seja, ao dar notcias factuais, a cada notcia
ruim, vinda da editoria policial, selecionada trs boas que venham da editoria de
entretenimento. Vale lembrar que esses critrios foram retirados da entrevista feita pela
editora do jornal, no qual explicou as expresses ruim e boa. Essas so uma das
caractersticas que distinguem as verses online e impresso.
Um dos padres mais notveis do digital a possibilidade de estar em constante
atualizao dos fatos, pois a cada 20 minutos so postadas notcias factuais. O jornal
optou pela distribuio das postagens dessa forma devido ao fato dos usurios alegarem
que a pgina estava apresentando um formato muito agressivo e violento. Algo que
levou aos internautas dizer que o jornal estava priorizando apenas este tipo de notcia.
Quanto aos administradores da pgina, sabido que o acompanhamento do
acesso ao leitor relativo a cada matria. A cada publicao, possvel identificar
quantas curtidas foram feitas, nmero de comentrios, alcance e visualizaes das
mesmas. Porm esse acompanhamento feito apenas pelo jornal.
A pgina contempla por meio dos seus contedos noticiados vrios pblicos
como, por exemplo, h pessoas que seguem a pgina para saber contedos sobre o
trnsito, outras procuram a parte de eventos culturais da cidade, j outras querem saber
sobre a segurana da cidade, entre outros. Conforme dados levantados pela editora do
jornal digital, a maioria de leitores so mulheres na faixa entre 22 a 35 anos de idade.
Sobre o sistema de participao dos leitores, pode-se dizer que a pgina obtm
seguidores a partir do momento em que um usurio da rede social passa a curtir a
fanpage do jornal. Isso possvel quando o leitor est no Facebook e realiza uma busca
por pessoas, coisas e locais na barra de procura da rede social, localizada no espao
superior esquerdo. Por meio desta busca, o internauta passa a acompanhar no seu feed
de notcias tudo o que postado na pgina.
Como consequncia, o leitor digital tem a autonomia de curtir, compartilhar e
inclusive comentar sobre as postagens. E medida que ele acha necessrio, pode
participar escrevendo comentrios. Para acessar aos comentrios, o ingresso do leitor
aberto, ou seja, assim que o mesmo comea a seguir a fanpage do jornal, pode
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livremente curtir, comentar e compartilhar as matrias postadas, tornando-se um
seguidor da pgina.
Ainda sobre a interao jornal e leitor, o jornal, pela rede social, procura
responder aos comentrios quando existe alguma dvida sobre a matria, como local,
data ou horrio de acontecimento. Existe tambm uma grande interao de mensagens
privadas com o jornal. A editora que coordena a pgina diz que, quando possvel, todas
as mensagens so respondidas, de modo que muitas vezes so pedidos, reclamaes,
envio de fotos ou at mesmo uma mensagem de saudaes. O jornal tem alguns
cuidados quanto aos comentrios, sendo excludos todos os que contm xingamentos ou
palavras ofensivas.
Os ambientes jornalsticos como a redao, raramente, so estudados, embora
saibamos que eles so uma fonte inesgotvel de dados para estudos sobre as rotinas
produtivas, as interaes entre jornalistas, do modo como eles pensam de relaes entre
leitores
4.2 AMBIENTE DE INTERAO FACEBOOK-
A pgina gratuita para os usurios, sendo tambm proveniente de publicidade,
incluindo propagandas, destaques patrocinados no feed de notcias e grupos. Isso
significa que qualquer pessoa ou empresa pode criar sua pgina possibilitando qualquer
tipo de publicao, sendo pessoal ou profissional.
Partimos para um ambiente de interao de rede social o Facebook local
onde todos passam a ser produtores, consumidores e receptores de contedos. Por
exemplo, todo usurio tem a possibilidade de colocar sua opinio ou expresso na rede,
alm de ler e se apropriar de tudo que publicado a partir de sua rede de contatos. A
web, tendo esse local de interao entre milhares de usurios, tambm oferta um espao
de chat, postagem de todos os tipos de arquivos de mdia, eventos, enquetes, entre
outros.
H exemplos de outros sites, essa pgina ingressa no espao pblico por meio da
mediao do Facebook, conforme a imagem 3, mostramos onde ela passa a se encontrar
e interagir com os leitores tambm inseridos na rede.
Para que possamos entender o funcionamento desta pgina na rede social
comeamos com as informaes gerais. Feito isso mostramos que essa articulao da
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pgina com os leitores um ambiente complexo o qual rene a pgina do Facebook em
azul (Grfico 3) que recebe usurios no seu contexto esquerda, a partir da flecha 1.
A pgina do jornal Dirio de Santa Maria, como mostra no grfico, um dos
exemplos de utilizador da rede social. J na direita vemos um conjunto de pgina de
usurios/leitores que passam a contatar com a do jornal, como indicamos na flecha 2. A
pgina dos usurios migra de um a outro ambiente externo, conforme vimos para a
pgina do facebook. Essa pgina, como um todo, estamos chamando de zona de
contatos, pois na mesma se d a interao da pgina do Facebook com a do jornal e dos
usurios e leitores. A segunda interao diz respeito ao contato que ocorre entre as
pginas do jornal e dos leitores. sobre esse ngulo que ns vamos concentrar nossas
observaes.
Grfico 3: Triplo contato: Facebook, Pgina e Leitor
Fonte: elaborado pela autora
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4.3 CARACTERSTICAS DO AMBIENTE DO FACEBOOK
A pgina principal do Facebook (Imagem 2) padro para todos os usurios,
sendo ela uma pgina horizontal (orientao em paisagem) com cor predominante azul,
que rene um conjunto de tpicos e links. Abaixo explicaremos todas as funes do
mural de acordo com a numerao de itens existentes na imagem.
Imagem 2: A pgina do Facebook
Fonte: elaborado pela autora a partir da pgina do Facebook do Dirio de Santa Maria
A pgina composta da seguinte estrutura:
O nmero 1 indica o espao no qual se busca endereos, pginas e/ou usurios,
alm do nome do perfil dos usurios ou pgina e barra de notificaes.
De cima para baixo, no setor vertical, temos os links que envolvem: nome do
usurio ou pgina (2); em seguida observamos a funo editar perfil, onde aps o click
possvel editar todas as informaes do usurio. Logo abaixo vemos o item Favoritos,
que contm as opes de visualizar o Feed de Notcias, o qual representa todas as
notificaes do mural de cada usurio.