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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE MÚSICA
RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
CAMARGO GUARNIERI, O
MODERNISMO NACIONAL E AS PEÇAS
BRASILEIRAS PARA O FAGOTE
MARCOS VINÍCIUS TAVEIRA
SÃO PAULO
AGOSTO/2013
2
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE MÚSICA
CAMARGO GUARNIERI, O
MODERNISMO NACIONAL E AS PEÇAS
BRASILEIRAS PARA O FAGOTE
Aluno:
MARCOS VINÍCIUS TAVEIRA – Bolsista RUSP
Orientador:
PROF. DR. FÁBIO CURY
SÃO PAULO
AGOSTO/2013
3
INDÍCE
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 4
2. OBJETIVOS .................................................................................................. 5
3. METODOLOGIA ............................................................................................ 6
4. RESULTADOS .............................................................................................. 8
5. ANÁLISES ..................................................................................................... 8
5.1 O QUINTETO DE SOPROS ......................................................................... 10
5.2 O REPERTÓRIO PARA FAGOTE NA MÚSICA BRASILEIRA ...................... 11
6. CONCLUSÕES FINAIS ............................................................................... 22
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 26
4
1. INTRODUÇÃO
Inicialmente, a ideia foi realizar o levantamento de repertório para o trio
não convencional de sopros, contendo a flauta, o oboé e o fagote, formação
original do grupo: “Trio Cantabile” do qual o autor é membro fundador. Todavia,
no decorrer do trabalho, o autor, fiel a sua trajetória intelectual, observou a
necessidade de direcionar esse levantamento de repertório para obras
brasileiras, envolvendo o modernismo nacional e compositores ligados a Mário
de Andrade.
Com a expansão do “Trio Cantabile” para o “Cantabile Ensemble”,
atualmente um quinteto de sopros (flauta, oboé, clarineta, fagote e trompa) com
piano, houve um recorte de nosso objeto de estudo para obras de
compositores brasileiros envolvendo o fagote e os outros instrumentos citados,
visando a futuras apresentações do referido grupo com as obras pesquisadas.
O pressuposto levantado em trabalho anterior, de conclusão de curso,
no qual foi investigado o retorno da educação musical escolar (TAVEIRA,
2010), discutia sobre a necessidade do ensino de música formal.
Complementando o raciocínio defendido nesse trabalho, verificamos que, para
a formação dos instrumentistas em geral, além do ensino formal, é necessária
a inserção do músico em grupos como orquestras, bandas e formações
camerísticas. É no âmbito das formações camerísticas, pois, que se situa a
presente pesquisa.
Uma vez que já existem trabalhos específicos sobre a obra de Francisco
Mignone e Heitor Villa-Lobos em razoável quantidade, julgamos pertinente
5
priorizar o enfoque para a obra do compositor M. Camargo Guarnieri, ao qual
número notadamente inferior de trabalhos acadêmicos foi dedicado.
Sobre Mignone, os trabalhos que serviram como base são
BARRENECHEA (2001) e MEDEIROS (1995). Para citação das obras de Villa-
Lobos, foi realizada consulta à Enciclopédia da Música Brasileira (1998). Ao
passo que, para as reflexões e citação das obras de Guarnieri, a base foi Cury
(2011), ABRAHIM (2010), VERHAALEN (2001) e WERNET (2009).
Os três compositores em questão estiveram ligados a Mário de Andrade
e ao modernismo nacional. O repertório para fagote por eles produzido torna-se
ainda mais significativo quando comparado à produção internacional
consagrada, tanto sob a ótica da quantidade quanto da qualidade. Além do
levantamento e da listagem de obras, esse trabalho traz algumas reflexões
sobre as formações envolvendo o fagote.
2. OBJETIVOS
Alinhado com a cultura de valorização da produção nacional de Mário de
Andrade, o trabalho teve como objetivos:
Efetuar levantamento de repertório para a formação camerística
contendo sexteto - com quinteto de sopros (flauta, oboé, clarineta, fagote
e trompa) e piano – no todo ou parcial, para incrementar as atividades
do “Cantabile Ensemble”, nome atual do “Trio Cantabile”;
Aprofundar o conhecimento relacionado à obra dos compositores
brasileiros envolvendo o fagote e assim promover um maior interesse
delas através da reflexão das ideias musicais e composições,
6
principalmente a dos autores brasileiros ligados ao modernismo e a ao
pensamento modernista proposto por Mário de Andrade;
Contribuir para produção de publicações em área com enorme carência,
e assim, aumentar a produção científica na área. Existem poucas
pesquisas e trabalhos que tratam das obras dos compositores brasileiros
e suas peças para fagote.
Contribuir para a divulgação da música brasileira nacionalista e do
trabalho dos compositores em questão, esperando com isso que haja
aumento de execuções e gravações fonográficas. Levantar aspectos que
possam auxiliar no aumento de concertos e itens que os impedem ou
dificultam seu acontecimento, ou seja, difundir o repertório para essas
formações, auxiliando outros grupos já existentes e fomentar a criação
de grupos com essas formações camerísticas. Esse é o tipo de música
que diferencia o intérprete brasileiro, frente aos intérpretes estrangeiros.
3. METODOLOGIA
Os três grandes compositores nacionalistas, Villa-Lobos, Mignone e
Guarnieri e suas obras para fagote solo, fagote solista com orquestra ou fagote
na música de câmara inspiraram diretamente algumas obras acadêmicas. Em
consulta à CAPES1, em 12 de setembro de 2012, constatamos a existência de
10 obras de mestrado ou doutorado, das quais uma considerável parte
interessou diretamente à presente pesquisa. Além disso, prosseguindo com
1 http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses
7
nosso levantamento bibliográfico, tivemos a oportunidade de consultar outros
trabalhos acadêmicos e artigos, de autores brasileiros ou estrangeiros,
aludindo a esses mesmos compositores. Nesses títulos pudemos encontrar
informações bastante preciosas tanto no que tange à literatura específica para
fagote e às características estilísticas das composições quanto aos dados
biográficos dos músicos.
Observa-se uma crescente na produção de trabalhos acadêmicos que
envolvem a vida e a obra de Camargo Guarnieri. Dentre os trabalhos
defendidos na USP sobre esse autor, um é de 2010 e outros dois são de 2011.
Os outros dois compositores, Mignone e Villa-Lobos, inspiraram trabalhos
acadêmicos anteriores. Isso mostra que os pesquisadores brasileiros têm
percebido cada vez mais a urgência de trabalhos sobre Guarnieri e o presente
projeto acompanha essa tendência.
Análise de bibliografia:
Sobre Guarnieri (sendo fundamental para levantamento de dados
biográficos e informações sobre as obras):
VERHAALEN (2001) e WERNET (2009).
Sobre Mignone e Villa-Lobos:
BARRENECHEA (2001), MEDEIROS (1995) e Enciclopédia da Música
Brasileira (1998).
Fonte que relaciona o fagote e a literatura musical brasileira:
PETRI (1999).
8
Fontes relacionadas à música brasileira:
MARIZ (1983) e NEVES (1981).
Fontes que situam o trabalho no universo de pesquisas existentes:
ABRAHIM (2010); CURY (2011-1); FREIRE (1984); e LOUREIRO (1991).
4. RESULTADOS
Os compositores escreveram, excetuando-se as obras orquestrais,
peças envolvendo o fagote da seguinte forma:
Villa-Lobos: 13 (treze) obras
Mignone: 33 (trinta e três) obras (conforme MEDEIROS, 1995,
excetuando-se a redução para piano do Concertino) acrescido de 4
obras (três quartetos, sendo duas transcrições e Uratáu: o pássaro
fantástico, citados em BARRENECHEA, 2001 e não constante em
MEDEIROS, 1995), totalizando 37 (trinta e sete) obras.
Guarnieri: 6 (seis) obras, sendo uma delas interdita.
5. ANÁLISES
Duas situações foram marcantes para a defesa da música de câmara
como necessidade formativa do músico. A primeira delas remonta ao ano de
2005, quando o presente autor, em parceria com o flautista Rafael Fuchigami e
o oboísta Ricardo Barbosa, inicia suas atividades camerísticas na cidade de
São José do Rio Preto-SP, então local de residência dos membros, formando
um trio de madeiras atípico. Surge assim, o “Trio Cantabile”.
9
Durante toda a trajetória do grupo, a maior dificuldade encontrada por
seus membros foi a pouca disponibilidade de repertório para essa formação
específica. Um dos motivos deriva da formação clássica e mais comum para
instrumentos de madeiras, constituído por: flauta, oboé, clarineta, fagote e
trompa. Outras formações também são recorrentes, como o trio de palhetas
com clarineta, oboé e fagote ou duos para oboé e fagote. Entretanto, apesar
do caráter relativamente inusitado da formação e do repertório escasso, o “Trio
Cantabile” permaneceu em sua configuração inicial até haver a inclusão de um
quarto membro, o pianista Vinícius Bota, em apresentação do dia 12/03/2012
no CMU/ECA/USP.
No decorrer da pesquisa, o grupo foi alterado novamente, adaptando-se
à participação do piano. O grupo acabou seguindo um caminho natural e se
transformou em uma formação mais convencional: quinteto de sopros (flauta,
oboé, clarineta, fagote e trompa) com piano. Nessa altura a atuação do
ensemble passou a se integrar no ambiente acadêmico, na medida em que
passou a ser formado por alunos e ex-alunos do departamento de música da
USP.
Apesar da necessidade de pesquisar repertório para trio de flauta, oboé
e fagote tenha surgido com o “Trio Cantabile”, foi observado, na sequência,
também a carência de pesquisas e publicações na área de música de câmara,
envolvendo o fagote. Essa escassez se deve, principalmente, à proximidade
temporal da criação dos cursos de pós-graduação, pois as pesquisas na área
ganham força substancial somente a partir da implantação desses cursos.
Consta que “os primeiros Cursos de Mestrado em Música são criados na UFRJ
10
em 1980 e no Conservatório Brasileiro de Música, em 1982. O 3º Mestrado em
Música do país foi implantado em 1987, na UFRGS.” (LOUREIRO, 2001, p.
75). Outros cursos foram criados posteriormente, conforme aponta o artigo
citado.
5.1 O QUINTETO DE SOPROS
O quinteto de sopros (flauta, oboé, clarineta, fagote e trompa) como
combinação camerística, remonta ao fim do século XVIII. Franz Anton Rosseti
(1750-1792) foi pioneiro na escrita para a formação. Anton Reicha (1770-1836)
e Franz Danzi (1763-1826), conforme BARRENECHEA (2004) foram
importantes para a consolidação. Em consulta a KOENIGSBECK (1994) não
constam obras originais para quinteto de sopros, de compositores
internacionalmente renomados, como J. Haydn, L. V. Beethoven ou W. A.
Mozart. Da mesma forma, o repertório envolvendo o fagote em formações
camerísticas, nesses compositores, é escassa e há pouca quantidade de obras
nos compositores de maior projeção na literatura dos séculos XVII, XVIII e XIX.
No Brasil, importantes compositores do século XX escreveram para
quinteto, dentre eles os três importantes para o repertório de fagote: Villa-
Lobos, Francisco Mignone e Camargo Guarnieri. Outros compositores a
escrever para essa formação são: Radamés Gnatalli, Lorenzo Fernandes,
Claudio Santoro, Osvaldo Lacerda, Brenno Blauth, José Vieira Brandão, Edino
Krieger, Ernst Mahle, Ronaldo Miranda, Marlos Nobre, Ricardo Tacuchian,
Mário Tavares, José Siqueira, Sergio Vasconcellos Correia, Lindembergue
Cardoso (Conforme BARRENECHEA-2001 e Discografia do Quinteto Villa-
11
Lobos2).
5.2 O REPERTÓRIO PARA FAGOTE NA MÚSICA BRASILEIRA
Em geral, a produção para fagote como solista ou na música de câmara
não é muito extensa, se comparada a outros instrumentos. Dentro desse
campo árido, grande parte das composições foram realizadas no século XX.
Conforme consulta a KOENIGSBECK (1994), dentre os compositores
importantes para a literatura do instrumento, nesse período, estão Eugène
Bozza, Jean Françaix, André Jolivet, Karlheinz Stockhausen, Darius Milhaud,
Luciano Berio, Paul Hindemith e Henri Tomasi, dentre outros, depois de um
século (XIX) praticamente infértil para o instrumento.
Se comparado com o piano ou o violino, o fagote possui uma literatura
bastante restrita. Historicamente, os compositores, por razões diversas que
ultrapassam o interesse do presente trabalho, se debruçaram na escrita para
piano solo ou para o instrumento no âmbito da música de câmara. O mesmo
ocorre com o violino e os instrumentos da família das cordas. Muito se
escreveu para violino ou violoncelo solo, trios, quartetos, e outras formações.
De forma diversa a outros períodos e outros contextos, na música
brasileira do século XX, existe uma marcante quantidade de obras envolvendo
o fagote. Ou seja, nesse universo de escassez, a música brasileira se mostra
notavelmente generosa com o instrumento. Referimo-nos a obras para fagote
solo, fagote solista e orquestra e fagote na música de câmara (com piano e
com combinações diversas).
2 Consulta realizada no site do grupo: http://www.quintetovillalobos.com.br em 03/05/2013.
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No país, muitos compositores apresentam em sua literatura obras para
fagote. PETRI (1999) apresenta trinta e seis peças de compositores brasileiros
para fagote solo, com recorte temporal de 1954 a 1999. Observa-se, na lista
apresentada pela autora, os nomes de importantes compositores, como
Gilberto Mendes, Ernani Aguiar, José Siqueira, Aylton Escobar, Cláudio
Santoro, Osvaldo Lacerda, dentre outros. Além dos importantes compositores,
existem outras obras na literatura brasileira que incluem o fagote como solista
ou em música de câmara, como as Nove variações para fagote e orquestra de
cordas de Lindemberg Cardoso, e outras peças de Antônio Ribeiro, André
Mehmari, Ernest Mahle, Ernani Aguiar, Almeida Prado, Aylton Escolbar e
outros. No entanto, existe carência de publicações sobre as obras dos referidos
autores, bem como de catálogos das mesmas. Juntamente com
Francisco Mignone, importante nome que aparece em PETRI (1999), outros
dois compositores escreveram de forma bastante significativa para o
instrumento, apesar de não apresentarem literatura para fagote solo. São eles:
Heitor Villa-Lobos e M. Camargo Guarnieri. Algumas das peças brasileiras para
fagote escritas pelos três compositores tornaram-se fundamentais dentro do
repertório de fagotistas do mundo todo.
As peças de Villa-Lobos, de forma geral, são bastante difundidas
internacionalmente. Para o fagote não é diferente. A sua Ciranda das sete
notas é um bom exemplo. Além de inúmeros concertos por todo o mundo e
através de instrumentistas das mais variadas nacionalidades, conta com um
bom número de registros fonográficos3. O número de textos envolvendo o autor
3 Existem gravações de Fábio Cury, Noel Devos, Turkovic e Azzolini, conforme entrevista
realizada com o Prof. Dr. Fábio Cury.
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e suas obras é o mais abrangente, se comparado com os outros compositores
aqui aprofundados. Por esse motivo, aqui são apresentados somente alguns
dados superficiais e suas obras são listadas.
Suas obras envolvendo o fagote, extraídas da obra completa de Villa-
Lobos, apresentada na Enciclopédia da Música Brasileira (p. 820-823), são:
Data Obra
1914 OCTETO (Dança Negra), para flauta, clarineta, fagote, dois violinos, violoncelo, piano e contrabaixo
1921 TRIO para oboé, clarineta e fagote
1923 NONETO, para flauta, oboé, clarineta, sax-alto, fagote, celesta, harpa. piano, percussão e coro misto
1924 CHOROS 7 (Setimino), para flauta, oboé, clarineta, sax-alto, fagote, violino, violoncelo e tantã
1925 CHOROS 3 (Pica-pau), para clarineta, sax-alto, fagote, três trompas, trombone e coro masculino
1928 QUATUOR, para flauta, oboé, clarineta e fagote
QUINTETO EM FORMA DE CHOROS, para flauta, oboé, clarineta, corne-inglês (ou trompa) e fagote
1933 CORRUPIO, para fagote e quinteto de cordas
CIRANDA DAS SETE NOTAS, para fagote e orquestra de cordas
1938 BACHIANAS BRASILEIRAS 6, para flauta e fagote
1943 DANÇA DE RODA, para coro a duas vozes, quinteto de cordas e fagote
1953 FANTASIA CONCERTANTE, para clarineta, fagote e piano
1957 DUO para oboé e fagote
O nome de Francisco Mignone, nas suas obras de forma geral, embora
ainda não tenha internacionalmente a mesma projeção de Villa-Lobos, entre os
fagotistas é bastante conhecido, ou seja, a difusão de suas obras para fagote
apresenta um grande interesse em fagotistas de todo o mundo, aparecendo
com frequência crescente em concertos. Afinal, este é o compositor de uma
das mais vastas obras para o instrumento de que se tem notícia: a já muito
14
conhecida e divulgada série de 16 valsas para fagote solo4 aliadas a um
grande número de peças camerísticas para fagote em duos, trios e quartetos
de fagotes que se agrega à música de câmara com outros instrumentos,
conforme constatado em KOENIGSBECK (1994). Outras importantes obras
envolvendo o instrumento, em sua função de solista da orquestra, com duas
peças: o Concertino para fagote e orquestra5 e o Concertino para fagote,
clarinete e orquestra, a primeira delas, à semelhança da Ciranda, de Villa-
Lobos, também já com adesão de muitos fagotistas de todo mundo,
encontrando-se disponível em gravações fonográficas e sendo requisitada em
importantes concursos.
Das obras de Mignone, MEDEIROS (1995) apresenta a seguinte tabela:
Fagote solo
16 Valsas para fagote solo (1980)
Fagote e canto (soprano)
Assombração (1961)
Canto dos negros (1976)
Canção da mamãe paupérrima (1976)
Pinhão quente (1976)
Quando na roça anoitece (1976)
Fagote e piano
Concertino (redução de orquestra)
Duo de fagotes
1ª sonata para dois fagotes (1966-7)
2ª sonata para dois fagotes (1966-7) - (composta sob técnicas seriais)
Clarineta e fagote
Valsas Brasileiras 5, 8 e 11
Invenção para clarineta em si b. e fagote (1961)
Passacaglia para clarineta em si b. e fagote (1968)
Quartetos de fagote
4 A obra foi gravada por Fábio Cury e aguarda ocasião para ser lançada, conforme entrevista
realizada com o mesmo.
5 A obra foi executada por Alexandre Silvério, principal fagotista da OSESP, por essa mesma
orquestra em meados de 2005, conforme entrevista com o mesmo.
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Tetrafonia e variações em busca de um tema para 4 fagotes (1967)
Quatro peças brasileiras (1983)
Serenata bem acabada
Serenata humorística
Minuetto
Sarabanda do meu jeito
Mais uma lenda
Oboé e fagote
Impossible lullaby (1968)
Flauta e fagote
Invenção (1961)
Trio de palhetas
Sonata a Tre (1967)
Quatro sinfonias: para um trio de oboé, clarineta e fagote (1968)
Quintetos
Quinteto nº 1 (1960)
Quinteto de sopro nº 2 (1960)
Ária para quinteto de sopros (1961) (compostos sob técnicas seriais)
Sextetos
Sexteto para piano e quinteto de sopros n º1 (1935)
Sexteto para piano e quinteto de sopros n º 2 (1970)
Sexteto para piano e quinteto de sopros nº 3 (1977)
Concertos
Concertino para fagote e pequena orquestra (1957)
Concertino para clarineta e fagote (1980)
Seresta (original para cello) (1935)
Para completar a tabela apresentada, BARRENECHEA (2001):
DATA TÍTULO INSTRUMENTAÇÃO
1961 Invenção flauta e fagote
Quarteto para instrumentos de madeira flauta, oboé, clarineta e fagote
3ª Seresta (transc.) flauta, oboé, clarineta e fagote
Baianinha (transc.) flauta, oboé, clarineta e fagote
1 º Quinteto de sopros quinteto de sopros
2 º Quinteto de sopros quinteto de sopros
Ária quinteto de sopros
DATA TÍTULO INSTRUMENTAÇÃO
1935 1º Sexteto quinteto de sopros e piano
1944 Uratáu: o pássaro fantástico piccolo, flauta, clarineta em Mib, fagote e piano à quatro mãos
1970 2º Sexteto quinteto de sopros e piano
16
1977 3º Sexteto - 6 Prelúdios e um Enigma quinteto de sopros e piano
Observação: a tabela é apresentada de forma parcial, excetuando-se obras que não contenham o fagote.
Entretanto, a obra para fagote de M. Camargo Guarnieri, tanto para
música de câmara, como o Choro para fagote e orquestra de câmara, de 1991
(o sétimo e último Choro escrito por ele para instrumento solo e orquestra), é,
portanto, mais recente que as obras de Mignone e Villa-Lobos, e ainda não
desfruta do mesmo status e interesse, tanto no Brasil quanto no exterior,
levando a crer que ainda não houve tempo para a divulgação e apreciação das
qualidades das obras. Desafortunadamente, não existem registros de execução
desse Choro fora do Brasil. Essa constatação não reflete a grandeza e
genialidade do compositor e seu Choro certamente ocupará lugar de destaque
dentro da literatura para o instrumento.
É fácil constatar que tal fato não reflete os inúmeros prêmios vencidos
pelo compositor, muitos deles internacionais, nem tampouco o status
conseguido por ele, dentro e fora do país. Parte desse respeito pode ser
observado na fundação de dois importantes grupos em sua homenagem, ainda
em vida, a saber: o Coral Paulistano, fundado em 1935; e a OSUSP (Orquestra
Sinfônica da USP), em 1975, ambos com nomeação de M. Camargo Guarnieri
à frente, segundo WERNET (2009).
Guarnieri é um dos principais nomes da composição. Segundo MARIZ
(1983) o compositor é considerado por muitos o mais importante dos
compositores brasileiros ou, parafraseando NEVES (1981), o compositor mais
importante pelo conjunto da obra, do nacionalismo modernista. Dentre os
muitos concursos que venceu no Brasil e no exterior, na Europa e nos Estados
17
Unidos, se destaca o último, no final de 1992, poucos dias antes de sua morte,
o prêmio Gabriela Mistral, oferecido pela OEA em Washington, Estado Unidos,
como Maior Músico das Três Américas, conforme aponta VERHAALEN, 2001.
Alguns aspectos contribuem para a pequena quantidade de execuções
do Choro para fagote e orquestra de câmara. A peça em questão, foi revista,
com a colaboração do fagotista Fábio Cury, pelo compositor e professor
Antônio Ribeiro, discípulo de Guarnieri, e teve sua primeira gravação com
aquele, exímio intérprete, solando frente à Amazonas Filarmônica, em 2008,
através de apoio do governo do Estado de São Paulo, no Programa de Apoio à
Cultura (PROAC). O projeto aprovado com o título Velhas e novas cirandas:
música brasileira para fagote e orquestra é lançado em 2010 contendo a obra
final de Guarnieri e a citada Ciranda das Sete Notas de Villa-lobos, além de
outras peças nacionais. O autor ressalta que surgiu a ideia de registrar a obra,
em virtude do contato inicial frente à OSUSP e assim “nasceu a ideia de uma
pesquisa mais aprofundada que pudesse divulgar a peça, visando a alçá-la a
um posto mais condizente com seu mérito e sua relevância.” (CURY, 2011-1,
p.15).
Segundo CURY (2011-1), esta foi a última obra significativa escrita por
Guarnieri, encomendada pela Secretaria Estadual de Cultura com o intuito,
entre outros, de ajudá-lo financeiramente, uma vez que seu filho havia sofrido
um terrível acidente que lhe pusera em delicada posição econômica. Assim, ela
foi escrita no fim da vida do autor, em um momento em que sua saúde já se
encontrava debilitada. Testemunha desse período foi seu último discípulo, o
18
compositor e professor Antônio Ribeiro, que esteve a seu lado durante todo o
processo de composição.
No momento da estreia da peça, em 1994, mais de um ano após o
falecimento do compositor, foram constatados inúmeros problemas no
manuscrito, como falta de compassos, erros de nota, dentre outros. Por esta
razão, Antônio Ribeiro fez a edição da partitura, concluindo-a para a sua
segunda execução, de Fábio Cury, à frente da OSUSP, em 2003. CURY (2011-
1) afirma que outra edição surge, em 2006, dentro da série Criadores do Brasil
da OSESP, cuja revisão musicológica é de Thomas Hansen, que, além de
empregar o manuscrito final da peça, fez também uso de esboços que se
encontram no IEB-USP.
Ainda em seu trabalho de doutorado, CURY o enfoca principalmente nas
questões interpretativas que envolvem a obra. A tese defendida, discute, sobre
o prisma da interpretação, as peculiaridades da música brasileira e, sobretudo,
as particularidades que a distinguem na sua performance. Ele se propõe a
comparar a linguagem composicional e a escrita do ponto de vista fagotístico
com aquela empregada em outras peças do repertório nacional e internacional,
visando à criação de parâmetros musicais que possam subsidiar a elaboração
de uma interpretação criteriosa e coerente. Para o autor,
“se por um lado parece bastante claro que exista, na prática, uma performance característica dos músicos brasileiros, que muitas vezes não pode ser depreendida pela simples e estrita observância da notação musical; por outro, são exíguos os trabalhos acadêmicos que versam sobre o assunto.” (CURY, 2011-2, p.1)
Retomando a questão da edição de obras, assim como com o Choro
para fagote de Guarnieri, acontece com muitas obras de compositores
19
brasileiros contemporâneos ou anteriores a ele, sendo que muitas delas não
são editadas e se perdem, como grande parte da produção do padre José
Maurício Nunes Garcia, cuja obra ou as traças devoraram ou continua
inutilizada em manuscritos” (ANDRADE, 1980, p.166).
Ao trazer a fala de Mário de Andrade, vale ressaltar que sua importância
para a consolidação da música nacionalista brasileira no começo do século XX.
Em ANDRADE (1928), é defendida a utilização dos elementos populares e
folclóricos, bem como as influências recebidas no país, como única forma de
conferir à música nacional seu caráter particularmente brasileiro. Nesse ensaio,
ele aponta constâncias da música nacional especialmente nos seguintes
parâmetros: a) ritmo, mostrando como a herança musical africana, em sua
tentativa de se encaixar à notação europeia, acaba gerando polirritmias ou
sincopas; b) melodia, com suas linhas frequentemente descendentes, uso de
modos com sétima menor, padrões de notas repetidas, frases que repousam
insistentemente sobre a mediante etc.; c) no contraponto, descrevendo, por
exemplo, o uso do baixo melódico do choro ou as linhas improvisadas dos
chorões (ANDRADE, 1928, p. 31-52). A explanação dele sobre as
particularidades da música brasileira e a observação dos intérpretes nacionais
na performance de sua própria música nos levam a destacar a flexibilidade
rítmica e a acentuação como pontos-chave dentro de uma interpretação
autenticamente brasileira.
Uma questão importante é o porquê do emprego da palavra Choro para
nomear a obra de Guarnieri para fagote e orquestra. A princípio essa
terminologia levaria a acreditar ser uma tentativa de retratar o gênero popular
20
choro. No entanto, tanto Guarnieri quanto Villa-Lobos, sendo esse o primeiro a
empregar o termo para designar sua série de obras dos anos 20, não usaram a
palavra com esse intuito. Ambos, ainda que com motivações bastante
diferentes, usaram o nome para mostrar o caráter distintamente nacional de
suas composições e, com isso, poderiam lançar mão de elementos de qualquer
uma das vertentes da música nacional, não se restringindo somente ao gênero
popular choro.
Esse modelo de composição visava “à aceitação e à projeção nos meios
vanguardistas da Paris dos anos 20 só século passado” (CURY, 2011-1, p. 31)
cidade onde residiu no referido período. O caráter multifacetado de sua série
de Choros comprova a intenção de livremente espelhar a música brasileira em
toda a sua abrangência de gêneros e estilos e não só o gênero choro. Villa-
Lobos compôs seus Choros para diversas formações camerísticas ou
orquestrais.
No caso de Guarnieri, o termo é empregado em dois momentos
distintos, com propósitos diferentes também. Em sua juventude, “o título foi
atribuído a um grupo de 6 peças com instrumentação variada” (CURY, 2011-1,
p.32), possivelmente inspirados pela série villa-lobiana. Contudo, os Choros de
Guarnieri, compostos a partir de 1951, sempre foram obras dedicadas a um
instrumento solista e orquestra que, apesar da denominação diferente, não
apresentam mudanças significativas se comparadas aos concertos dele,
todavia, conferindo uma conotação nacional para um formato universal. Diante
desse fato e da época em que esta série de obras se inicia (um ano antes, em
1950, Guarnieri havia publicado a sua polêmica Carta aberta aos músicos e
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críticos do Brasil, na qual veementemente critica a disseminação da música
serial no país), novamente, não existe a intenção única de retratar ou parodiar
o choro popular, ainda que algumas de suas características certamente
estejam presentes nas composições de Guarnieri.
Sem outras obras solistas para fagote, as composições dele, envolvendo
o fagote na música de câmara são:
- Da fase inicial (anterior ao contato com Mário de Andrade):
“Quinteto (GG/OI-130R), para flauta, oboé, clarinete em sib, fagote e
corne em Fá” (ABRAHIM, 2010, p.167) - o restante das obras do
período mesclam o piano com instrumentos solistas como violino,
violoncelo flauta e voz - a obra para piano ainda permeia a produção do
exímio compositor por toda a sua vida, com produção raramente inferior
a uma por ano, conforme aponta FREIRE (1984) em seu catálogo das
obras para piano, posterior a 1928.
- Da fase posterior ao contato com Mário de Andrade, segundo CURY
(2011-1) e LOUREIRO (1991), existem: o Choro no 1 (1929) para flauta,
clarineta, fagote – chocalho e cuíca ou cavaquinho e tambor; o Choro no 2
(1929) para flauta, clarineta, fagote, cavaquinho, reco-reco com ou sem
chocalho; Choro no 3 (1929) para quinteto de sopros; e Choro Flor do
Tremembé (1937) para flauta, clarineta, saxofone alto, fagote, trompa,
trompete, trombone, harpa, piano, cavaquinho, quarteto de cordas e
percussão (chocalho, reco-reco, cuíca, agogô). Não existem informações
sobre edições de todas as partituras das obras em questão, nem
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tampouco sobre registros fonográficos - apesar da quantidade
aparentemente pequena envolvendo o fagote, conforme relatado, é
importante salientar que o compositor tinha apreço especial pelo fagote e
não escreveu mais, nem antes, peças solo para fagote por falta de
circunstância. Esse apreço é evidenciado nos inúmeros solos importantes
em suas obras orquestrais.
De forma esquemática, através do cruzamento de dados constrantes em
ABRAHIM (2010), FREIRE (1984), CURY (2011-1) e LOUREIRO (1991), as
obras de Guarnieri são:
Ano Nome da obra formação
1991
Choro (em forma de concerto) fagote, harpa e orquestra de câmara
* Quinteto (GG/OI-130R) flauta, oboé, clarinete em sib, fagote e corne em Fá
1929 Choro no 1
flauta, clarineta, fagote – chocalho e cuíca ou cavaquinho e tambor
1929 Choro no 2
flauta, clarineta, fagote, cavaquinho, reco-reco com ou sem chocalho
1929 Choro nº 3 quinteto de sopros
1937
Choro Flor do Tremembé
flauta, clarineta, saxofone alto, fagote, trompa, trompete, trombone, harpa, piano, cavaquinho, quarteto de cordas e percussão (chocalho, reco-reco, cuíca, agogô).
*informação de ano não disponível.
6. CONCLUSÕES FINAIS
Mário de Andrade defendeu de forma incisiva a consolidação da música
brasileira, com caráter nacionalista. Devotou esforços e grande parte da sua
vida para tal intento. Influenciou e auxiliou diversos compositores para a
utilização dos elementos populares e folclóricos como caminho para conferir à
identidade nacional em suas obras.
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Apesar da grande quantidade de obras brasileiras escritas para o fagote
solo, fagote solista o fagote no âmbito da música de câmara, existe pouca
quantidade de execuções das obras, bem como uma quantidade limitada de
registros fonográficos.
É marcante a necessidade de trabalhos de pesquisa para aprofundar os
motivos limitadores da difusão das obras. Os resultados aqui presentes situam-
se em um universo pouco explorado e merecedor de maior aprofundamento.
Um dos pontos importantes, para trabalhos vindouros, é a nivelação das obras,
ou seja, diferenciá-las pelo grau de dificuldade na execução.
De forma inicial, os entraves encontrados para aumentar a propagação
das obras são:
1. Falta de edição das obras e dificuldade de localização das mesmas:
A maior parte das obras para música de câmara dos compositores ligados a
Mario de Andrade e ao modernismo brasileiro não foi editada e seus
originais e cópias encontram-se exclusivamente em bibliotecas ou acervos
pessoais, correndo risco de serem perdidas, como ocorreram com inúmeras
obras de compositores mundialmente difundidos, como W. A. Mozart e J. S.
Bach e aqui no Brasil com Nunes Garcia. A exceção à regra é parte da obra
de Villa-Lobos que foi editada no exterior, principalmente pela Max Esching
de Paris. Durante a pesquisa atual, houve o intento de levantar as obras em
questão. O entrave se deu por existir a dispersão dita a pouco. Varias obras
do Mignone encontram-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, mas
precisam de autorização da esposa para a realização de cópias. Esse
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procedimento que permite o acesso às obras, tanto para o referido
compositor, bem como para Villa-Lobos e Guarneri, envolveria um ônus não
previsto anteriormente e por esse motivo foi descartada a possibilidade.
Algumas obras foram localizadas por outras vias. Delas, interessa
diretamente para um passo acadêmico posterior, o sexteto nº 1 de Mignone.
Essa apresenta uma edição bastante precária.
2. Obrigatoriedade do pagamento de direitos autorais para execuções:
Como a maior parte das obras dos referidos compositores foram elaboradas
recentemente, a execução delas prevê o pagamento dos direitos;
3. Preferência por compositores estrangeiros e obras antigas e de
compositores já consagrados e não brasileiros:
4. Dificuldade técnica de execução:
Muitos estudantes não possuem o nível de exigência para a execução das
obras – o nível de dificuldade das obras, como dito anteriormente, é outro
aspecto para trabalhos posteriores;
5. Pouca exigência de formação de grupos de música de câmara nas
instituições de ensino – assim como os itens anteriores, esse não foi
foco do presente trabalho.
Foi observado ainda, que historicamente, obras de compositores não tão
consagrados também não tiveram sucesso na quantidade de execuções e, de
certa forma, caíram no esquecimento, como são as obras dos compositores
importantes para a formação do quinteto de sopros: Reicha, Rosseti e Danzi.
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Felizmente, o mesmo não ocorre no Brasil. Os compositores brasileiros mais
prestigiados nacional ou internacionalmente escreveram obras contendo o
fagote. Seja com Villa-Lobos, o mais reconhecido de forma universal, seja com
Mignone, que escreveu maior literatura para o instrumento nas diversas
possibilidades de enfoque aqui presentes, seja com Guarnieri, aquele que foi
altamente premiado, inúmeras obras aguardam seu lugar de maior prestígio,
tanto na quantidade de execuções quanto nos estudos científicos que permitam
um maior aprofundamento delas.
Essas obras precisam agregar os currículos das escolas de música e,
assim, participar da formação dos fagotistas brasileiros. As obras listadas
anteriormente, de Mignone, com destaque para as 16 Valsas para fagote solo
(1979-81 Segundo PETRI, 1999); o Concertino para fagote e pequena
orquestra (1957); e o Concertino para clarineta, fagote e orquestra (1980); bem
como os sextetos para piano e quinteto de sopros e as outras obras, do total de
37 obras envolvendo o fagote e as obras de Villa-Lobos, com destaque para a
Ciranda das Sete Notas (1933) para fagote e orquestra de cordas; o Choro no 3
(1925) para clarinete, saxofone, fagote, três trompas, trombones e coro
masculino a capella; o Choro no 7 (Settimino) para flauta, oboé, clarineta, sax,
fagote, violino, violoncelo e tam-tam; Bachiana no 6 para flauta e fagote; o
quinteto em forma de Choros (1928) para flauta, oboé, corne-inglês (ou
trompa), clarinete e fagote; Trio op. 21 (1921) para oboé, clarineta e fagote: e o
duo para oboé e fagote (1957) também merecem essa atenção.
Com as obras de Guarnieri não é diferente. O compositor foi
imensamente premiado e, assim, internacionalmente reconhecido, ainda em
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vida. Sua obra merece lugar de destaque. Seja na sua peça para fagote solista
e orquestra, seja nas suas obras camerísticas. Ainda existe muito a ser
explorado na prática, ou seja, em apresentações, bem como em textos
acadêmicos.
Como resultado prático do presente trabalho, o sexteto “Cantabile
Ensemble” iniciou seus trabalhos para executar o sexteto nº 1, de 1935, de
Mignone com o objetivo de trabalhar, na sequencia, outras obras aqui
apontadas. A obra foi escolhida devido à nova formação do “Cantabile
Ensemble” e devido ao insucesso na localização de todas as obras elencadas.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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revisada e ampliada - São Paulo: Art Editora, 1998.
FREIRE, Helena Puglia. The piano sonatinas and sonata of Camargo Guarnieri. Tese (Doutorado) – School of Music, Indiana University, Indiana, 1984. KOENIGSBECK, Bodo. Bassoon Bibliography. Monteux, France: Musica Rara, 1994. LOUREIRO, A. M. A. O ensino de música na escola fundamental: Um estudo exploratório. Dissertação (mestrado), PUC/Minas, Belo Horizonte , 2001. LOUREIRO, Maurício Alves. The clarinet in the brazilian chôro with an analysis of the Chôro para clarineta e orquestra (Chôro para clarineta e orquestra) by Camargo Guarnieri. Tese (doutorado), University of Iowa, 1991.
MARIZ, Vasco. História da música no Brasil. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
MEDEIROS, Elione Alves. Uma abordagem técnica e interpretativa das 16 valsas para fagote solo de Francisco Mignone. Dissertação (mestrado) - Universidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995.
NEVES, Jose Maria. Musica Contemporânea Brasileira. 1ª edição. São Paulo: Ricordi – 1981.
PETRI, Ariane. Obras de compositores brasileiros para fagote solo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
TAVEIRA, Marcos Vinícius. Educação musical escolar: da concepção posta a concepção necessária. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade do Estado de São Paulo, São José do Rio Preto, São Paulo, 2010. VERHAALEN, Marion. Camargo Guarnieri expressões de uma vida. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo / Imprensa Oficial do Estado, 2001. WERNET, Klaus. Camargo Guarnieri: memórias e reflexões sobre a música no Brasil. São Paulo: Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, 2009.