CALVINO era Pós-milenista?

Kenneth L. Gentry, Jr.

Tradução e adaptação textual por César Francisco Raymundo

Revista Cristã_________

Última Chamada

Coleção Vários Autores

____________ Calvino era Pós-milenista? Kenneth L. Gentry, Jr. Título original: Calvin’s Postmillennialism? Blog: www.postmillennialworldview.com/ Acessado em 22 de Novembro de 2019 ________ Revista Cristã Última Chamada publicada com a devida autorização e com todos os direitos reservados no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sob nº 236.908. Editor César Francisco Raymundo E-mail: ultimachamada@bol.com.br Site: www.revistacrista.org Londrina, Paraná, Novembro de 2019.

Índice

Sobre o autor 07

Apresentação 08 O significado de Pós-milenismo 09

1. Calvino era Pós-milenista? 12 Isaías 19:18: “Naquele dia, haverá cinco cidades.” 13

2. Naquele dia haverá um altar no meio da terra do Egito (Isaías 19:19) 18 E ele lhes enviará um Salvador (Isaías 19:20) 21 E o Senhor será conhecido pelos egípcios (Isaías 19:21) 22

3. Isaías 19:18 em diante é uma profecia encorajadora... 27 E o Senhor será conhecido pelos egípcios (Isaías 19:21) 27 Os egípcios devem saber 28 E farão votos ao Senhor, e os cumprirão 28 Portanto, Jeová ferirá o Egito (Isaías 19:22) 31 Pois eles se voltarão para o Senhor 32 E vai curá-los 33 Naquele dia (Isaías 19:23) 34

4. Naquele dia Israel 36

Israel será a terceira bênção 37 Porque o Senhor dos exércitos o abençoará (Isaías 19:25) 37

Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos 37 E Israel, minha herança 38

Obras importantes para pesquisa... 39

Sobre o autor

Kenneth L. Gentry, Jr., Th.D., é um

pastor, escritor, palestrante e

conferencista conservador reformado.

Nasceu e cresceu em Chattanooga,

Tennessee. Obteve o seu título de

Mestre em Divindade (M.Div.) no

Reformed Theological Seminary e o

Mestre (Th.M.) e Doutor em Teologia

(Th.D.) no Whitefield Theological

Seminary. Ele é o Diretor do

NiceneCouncil.com e pastor na

Reformed Presbyterian Church, General

Assembly. É casado (desde 1971) e

tem três filhos e cinco netos.

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Apresentação

É lamentável que o teólogo francês e grande reformador protestante, João Calvino, seja apenas lembrado pela doutrina da predestinação ou pelo chamado “calvinismo”. Calvino foi um grande e perspicaz escritor, produziu comentários sobre a maioria dos livros da Bíblia, tanto do Novo como do Antigo Testamentos.

Embora muitos amilenistas dizem que Calvino foi um amilenista, alguns de seus escritos desmentem tal ideia. É o que nos oferece este estudo elaborado pelo Dr. Kenneth Gentry, Jr. O Dr. Gentry nos mostra como o comentário de Calvino sobre Isaías 19:18-25 contém “um forte incentivo à esperança pós-milenista”.

De acordo com a visão de mundo de muitos evangélicos, o fato de muitos calvinistas crerem na esperança pós-milenista significa que a mesma seria falsa. Mas, mesmo que você não goste de Calvino ou do calvinismo, esta leitura é indispensável para lhe abrir os olhos acerca da esperança pós-milenista.

Lembremos sempre das palavras do apóstolo Paulo: “Examinai tudo: abraçai o que é bom” (1ª Tessalonicenses 5:21).

Boa leitura!

César Francisco Raymundo Editor da

Revista Crista Última Chamada

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O significado de Pós-milenismo

É uma posição teológica sobre as “últimas coisas” segundo a qual estamos vivendo o período do Reino milenar de Cristo conforme Apocalipse 20:1-6. A era da igreja até a Segundo vinda de Cristo equivalem aos “mil anos” do Reino de Cristo, sendo estes apenas um número simbólico para representar esse período.

1. O pós-milenismo sustenta que o Reino de Deus está sendo agora estendido no mundo através da pregação do Evangelho e da obra salvadora do Espírito Santo.

2. Depois de muito tempo de pregação e discipulado das nações, o mundo será finalmente Cristianizado e desfrutará de um período de bênçãos e paz conforme o Salmo 22:27-31 e Isaías 2:24.

3. Durante este período da era milenar da igreja, o Senhor Jesus reina colocando um a um os seus inimigos debaixo de seus pés, sendo o último inimigo a morte (1ª Coríntios 15:24-26).

4. O Senhor não descerá dos Céus enquanto esse processo de restauração não estiver concluído (Atos 3:20-21).

5. Com toda a autoridade de Cristo como suporte, cabe à igreja terminar a obra de evangelização e discipulado de todas as nações (Mateus 28:19-20).

6. Quando estiver completando o período milenar, Satanás será solto novamente para num curto período de tempo seduzir as

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nações, mas imediatamente Jesus virá trazendo a ressurreição, o Juízo final e a vitória definitiva sobre o mal (Apocalipse 20:7-10).

7. Todos os críticos do pós-milenismo acusam que essa posição vem sofrendo repetidos revezes ao longo da história. Para isto, citam o caso das duas grandes guerras mundiais como demonstração de que a presente era está mui distante do Milênio descrito pelos santos profetas. Também afirmam que jamais houve um século tão violento como o século 20. O grande problema dos críticos é que:

a. Eles não entendem daquilo que refutam.

b. Também nem entendem as parábolas de Cristo. A parábola do grão de mostarda mostra claramente que “o reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda”, que depois de crescido, torna-se a maior das hortaliças “e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos” (Mateus 13:31-32). O que Jesus ensina é que o processo de crescimento e expansão do Reino no mundo, é como o crescimento de uma árvore, ou seja, seu crescimento é gradual, progressivo. A árvore passa pelas intempéries do tempo, frio, calor, ventos, ervas daninhas, mas no fim ela chega a ficar grande. Assim é com o Reino de Deus na história em que o mesmo passa por altos e baixos até atingir seu ápice.

c. É importante que fique claro que a perda de adeptos que o Pós-milenismo sofreu depois das duas grandes guerras mundiais, foi por causa da ocasião, e não por causa de hermenêutica bíblica. A fé de muitos pode vacilar em determinados momentos de intensa tribulação. Isto vale para qualquer escola de pensamento dentro da escatologia.

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8. O cristão pós-milenista que crê na vitória do Reino de Deus ainda antes da vinda de Cristo, deve ter como hino o trecho final da oração de Habacuque (Habacuque 3:17-20), bem como em mente o Salmo 46 para não se basear nas notícias dos jornais como fazem os críticos do pós-milenismo.

9. Por fim, “o pós-milenismo é um sistema escatológico otimista que acredita que o reino de Cristo está presente na história e irá gradualmente ganhar uma influência dominante sobre os homens e as nações, assim como o evangelho faz progressos mais completos pelo mundo” (Kenneth L. Gentry, Jr.).1

__________ Notas:

1. Dicionário de Escatologia do Preterismo, pg. 117. César Francisco Raymundo. 2ª edição ampliada de Novembro de 2019 - Revista Cristã Última Chamada - Edição Especial Nº 025. Site: www.revistacrista.org

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1 Calvino era Pós-milenista?

Neste artigo e nos seguintes, citarei o comentário de João Calvino sobre Isaías 19:18–25. Encontramos em sua exposição um forte incentivo à esperança pós-milenista. Antes de começar a citar Calvino, citarei Isaías, já que ele é quase tão bom quanto Calvino! Esteja ciente, eu estou citando a NASB1 [New American Standard Bible] que Calvino se recusou a usar.

“Naquele dia, haverá cinco cidades na terra do Egito que falarão a língua de Canaã e farão juramento ao Senhor dos Exércitos; uma delas se chamará Cidade do Sol. Naquele dia, o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor na sua fronteira. Servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos na terra do Egito; ao Senhor clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador e defensor que os há de livrar. O Senhor se dará a conhecer ao Egito, e os egípcios conhecerão o Senhor naquele dia; sim, eles o adorarão com sacrifícios e ofertas de manjares, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão. Ferirá o Senhor os egípcios, ferirá, mas os curará; converter-se-ão ao Senhor, e ele lhes atenderá as orações e os curará.

__________ Notas:

1. Embora o Dr. Gentry use a versão bíblica da NASB, aqui, como tradutor, uso a ARA (Almeida Revista e Atualizada).

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Naquele dia, haverá estrada do Egito até à Assíria, os assírios irão ao Egito, e os egípcios, à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra; porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança”. (Isaías 19:18-25)

Agora vamos ver o que Calvino nos diz.

Isaías 19:18:

“Naquele dia, haverá cinco cidades”.

Depois de ter ameaçado os egípcios, e ao mesmo tempo explicado a razão do julgamento divino, ele os conforta e promete a misericórdia de Deus. Ele declara que eles serão parcialmente restaurados e recuperará uma condição próspera e florescente; pois ele diz que das seis cidades cinco serão salvas e apenas uma perecerá. Ele já havia predito uma terrível destruição para todo o reino, para que ninguém que examine a previsão anterior possa pensar em outra coisa senão uma condição que é remédio passado. Ele, portanto, promete que essa restauração será realizada pela extraordinária bondade de Deus, de modo que será uma espécie de acréscimo à redenção da Igreja, ou uma grande medida da graça de Deus, quando o Redentor for enviado. A maneira de expressão é um tanto obscura, mas se a observarmos com cuidado, não haverá dificuldade no significado; pois o profeta significa que apenas a sexta parte das cidades será destruída e que o restante será salvo. A dificuldade está na palavra

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haheres. Alguns leem hacheres isto é, “do sol”, mas confundiram a letra hebraica he com a letra cheth, que se assemelha a ela. Aqueles que o explicam “o sol”, pensam que o profeta falou de Heliópolis; mas isso não concorda com o contexto; e ele não promete apenas que cinco cidades seriam restauradas (por quão desprezível seria essa restauração!), mas geralmente, que cinco em cada seis cidades seriam salvas. Sabemos que as cidades do Egito eram muito numerosas. Não menciono as fábulas dos antigos e daqueles que lhes designaram vinte mil cidades. Mas ainda, deve ter havido um grande número de cidades em um país tão celebrado, em um reino tão florescente e populoso, com um clima tão ameno e temperado. Suponhamos então que houvesse mil cidades, ou um pouco mais. Ele diz que apenas a sexta parte perecerá, que o restante será restaurado, de modo que poucas serão destruídas. Pelo que se segue, é evidente que essa restauração deve ser entendida como relacionada ao culto. “...falarão a língua de Canaã”. Com a palavra falar, ele quer dizer a língua, participando do todo. Ele expressa o acordo deles com o povo de Deus e a fé pela qual eles farão profissão do nome de Deus; pois pela língua ele descreve metaforicamente a confissão. Uma vez que havia apenas uma língua que reconheceu e professou o Deus verdadeiro, ou seja, a língua da nação que habitava a terra de Canaã, é evidente que por essa língua deve significar acordo na religião. É habitual empregar esses modos de expressão, “falarão a mesma língua” ou “fala uma língua diferente”, quando pretendemos descrever concordância ou diversidade de opinião. Mas, ao mesmo tempo, é preciso lembrar que nem todo tipo de acordo é suficiente, como se os homens formassem uma conspiração sobre a adoração que preferiam, mas se concordassem com a verdade que foi revelada aos pais. Ele não diz apenas que os egípcios falarão a mesma língua, mas que falarão

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a língua de Canaã. Eles devem ter mudado de idioma e adotado o que Deus havia santificado; não que o dialeto fosse mais santo, mas é elogiado por conter a doutrina da verdade. Isso deve ser cuidadosamente observado, para que possamos entender qual é o verdadeiro método de concordância. Devemos, por todos os meios, buscar a harmonia, mas devemos ver em que condições a obtemos; pois não devemos procurar um caminho intermediário, como é feito por aqueles que derrubam a religião e, ainda assim, desejam ser considerados pacificadores. Fora com línguas tão inconstantes e mutáveis! Que a verdade em si seja preservada, que não pode ser contida senão na palavra. Quem quer que decida concordar, deixe-o falar conosco, mas afaste-se de todo aquele que a corromper, escolha que idioma ele pode. Vamos respeitar firmemente isso. Portanto, será impossível para os egípcios falar a língua de Canaã até que eles tenham renunciado à sua própria língua, isto é, até que tenham renunciado a todas as superstições. Alguns referem isso à era de Ptolomeu, mas é um absurdo. E jurando pelo Senhor dos exércitos. Primeiro, empregando uma figura de linguagem na qual uma parte é tomada para o todo, ele mostra que a conversa deles será santa, exibindo uma única classe deles, pois jurando é que eles farão a profissão que adoram o verdadeiro Deus. Também pode ser lido, jurando ao Senhor, ou, pelo Senhor, pois [a letra hebraica] lamed geralmente significa “por”. Se lermos “o Senhor”, o significado será que eles prometerão obediência a ele, e que por um juramento solene, como quando qualquer nação promete fidelidade ao seu príncipe; como se ele tivesse dito, “reconhecerá a autoridade de Deus e se submeterá ao seu governo”. Mas, como outra leitura foi aprovada de maneira mais geral, eu a adoto de bom grado; pois, como uma

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parte da adoração a Deus está jurando, participando da totalidade, como eu disse, descreve adequadamente toda a adoração a Deus. Novamente, “pelo Senhor” geralmente significa testemunhar que ele é o verdadeiro Deus (Deuteronômio 6:13). Em uma palavra, denota um acordo perfeito com a Igreja de Deus. Portanto, devemos aprender que a confissão externa é uma parte necessária da verdadeira adoração a Deus; pois se alguém quiser manter sua fé calada em seu coração, terá apenas uma consideração fria por ela (Romanos 10:9). A verdadeira fé explode em confissão e nos estimula a tal ponto que realmente professamos o que sentimos interiormente. “Para mim”, diz o Senhor em outra passagem, “todo joelho se dobrará e toda língua jurará” (Isaías 45:23). Consequentemente, deve haver uma adoração externa e uma profissão externa onde quer que a fé habite. Também deve ser observado que aquelas coisas que pertencem à adoração a Deus não devem ser aplicadas a nenhum outro propósito e, portanto, é uma profanação de um juramento se jurarmos por qualquer outra. Está escrito: “e pelo seu nome [do Senhor] jurarás” (Deuteronômio 6:13). Consequentemente, ele é insultado e roubado de sua honra, se o nome de santos ou de qualquer criatura for empregado em juramento. Seja observado da mesma forma com que juramentos de solenidade devem ser feitos; pois se jurando professamos adorar a Deus. “Alguém será chamada cidade de desolação”. Quando ele dedica à destruição a cada sexta cidade, ele quer dizer que todos os que não são convertidos a Deus, a fim de adorá-lo, perecem sem esperança de salvação; pois ele contrasta as cidades do Egito, que começarão a reconhecer Deus com as que estão destinadas à destruição. Onde a adoração a Deus está faltando, nada além de

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destruição pode ficar para trás. [A palavra hebraica] heres denota execração e maldição, que é seguida por ruína e morte eterna.

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2 Naquele dia haverá um altar no

meio da terra do Egito

(Isaías 19:19)

Isaías continua o que ele havia dito no versículo anterior e afirma mais claramente que o aspecto do Egito será renovado, porque lá a verdadeira religião florescerá, a pura adoração a Deus será estabelecida e todas as superstições cairão no chão. Ele emprega a palavra altar para denotar, como um sinal, a adoração a Deus; pois sacrifícios e oblações eram atos externos de piedade. No meio do Egito, ele se refere à parte principal de todo o reino, como se tivesse dito “a própria metrópole” ou “o próprio coração do reino”. E uma coluna ao Senhor. Não se suponha que por coluna se entendam imagens que se assemelham a homens ou a santos; mas memoriais de piedade; pois ele quer dizer que serão marcas semelhantes às que apontam os limites dos reinos, e que dessa maneira os sinais serão evidentes, para dar a conhecer a todos os homens que Deus domina esta nação. E, de fato, geralmente acontece que uma nação verdadeiramente convertida a Deus, depois de deixar de lado ídolos e superstições, estabelece

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abertamente sinais da verdadeira religião, para que todos saibam que a adoração a Deus é puramente observada nela. Josefo relata (Ant. 13:3:1) que Onias perverteu essa passagem, quando fugiu para Ptolomeu Philometor, a quem ele convenceu de que seria vantajoso erguer um altar ali, sobre o qual os judeus que habitavam naquele país poderiam sacrificar; e ele apresentou esta passagem, alegando que o que o Profeta havia predito deveria ser realizado. O sacerdote perverso e ambicioso convenceu o rei a fazer isso, apesar de ter sido abertamente oposto pelos judeus; pois o rei olhava para sua própria vantagem e aquele canalha, que fora privado de sua posição, procurava obter honra e progresso adicionais; para que nenhum pedido pudesse impedir a execução daquele conselho perverso. Mas Isaías simplesmente descreve a adoração pura de Deus sob a figura de sinais que estavam então em uso; pois ele está de olho na própria era e nos homens com quem teve que fazer. Mas não menos insolentemente os doutores papistas de hoje torcem uma passagem em Malaquias para defender o sacrifício da Missa. Quando ele diz que “pura oblação será oferecida a Deus em todos os lugares” (Malaquias 1:11), eles inferem que é um sacrifício diferente dos antigos, porque os bois e as ovelhas não precisam mais ser sacrificados e, portanto, é a missa. Um argumento espirituoso e engenhoso de verdade! Agora, é evidente que, na figura legal, Malaquias não descreve nada além da pura adoração a Deus, como Isaías faz aqui; e devemos observar cuidadosamente essas formas de expressão, frequentemente empregadas pelos profetas. Isso será explicado claramente por uma passagem em Joel, que citaremos como exemplo. “...vossos filhos e vossas filhas

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profetizarão...”, diz ele, “vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (Joel 2:28.) Pedro mostra (Atos 2:16) que essa previsão foi cumprida, quando os apóstolos falaram várias línguas através da inspiração do Espírito Santo. Tendo sido homens sem instrução, começaram a se qualificar para declarar os mistérios de Deus. Naquela ocasião, não percebemos para que se pensasse que Pedro citou essa passagem de maneira inadequada; mas é evidente que Joel não descreve nada além de profecia, e com o objetivo de adorná-la, ele mencionou “sonhos”, por meio dos quais o Senhor antigamente mantinha comunicação com os profetas (Números 12:6). Ele manteve em vista o costume comum daquela época; pois, caso contrário, os judeus teriam achado difícil compreender os dons do Espírito que naquela época eram desconhecidos. Tendo sido criados sob a instrução preparatória da Lei, eles não podiam subir mais do que onde eram conduzidos por sacrifícios, cerimônias, sacramentos e sinais. Então os profetas se dirigiram a eles quando crianças, que não deveriam ter nada diante deles, além do que podem aprender em um estilo caseiro, pelos costumes e pela experiência. Essa doutrina nos revelará várias passagens, cuja obscuridade pode levar a muita hesitação. É claro que o Profeta fala do reino de Cristo, e que essas coisas não foram cumpridas antes de sua vinda. Devemos, portanto, tirar as sombras e olhar para a realidade das coisas, para que pelo altar possamos entender um verdadeiro e sincero chamado a Deus. Mas por esses sinais o Profeta também mostra que a adoração a Deus não pode ser mantida sem atos externos de devoção, embora não tenhamos o direito de estabelecer regras para eles. Afaste-se das invenções dos homens, para que possamos ouvir somente a Deus sobre esse assunto.

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E ele lhes enviará um Salvador (Isaías 19:20)

Não podemos servir a Deus, a menos que ele primeiro nos conceda sua graça; pois ninguém se dedicará a Deus até que seja atraído pela sua bondade e o abraça com todo o coração. Ele deve, portanto, chamar-nos antes que o invoquemos; não podemos ter acesso até que ele nos convide primeiro. Anteriormente, ele mostrou que eles devem ser subjugados por várias aflições, a fim de se submeterem a Deus, e agora ele repete a mesma coisa; pois os homens nunca negam a si mesmos e abandonam as loucuras ociosas além do flagelo que os compele a render obediência. Mas ele também acrescenta outro tipo de convite, que, tendo experimentado a bondade de Deus, eles se aproximarão Dele. Eles clamarão ao Senhor. O grito de que ele fala procede da fé, pois eles nunca recorreriam a esse refúgio até terem sido atraídos e deliciados pela bondade de Deus. Quando o Senhor promete que enviará um Salvador, por cuja mão os egípcios serão libertados, isso não pode significar outro senão Cristo; pois o Egito não foi libertado de suas angústias antes que a doutrina de Cristo o atingisse. Lemos sobre várias mudanças que esse país sofreu por quatrocentos anos, guerras estrangeiras e civis pelas quais foi desperdiçado e quase destruído; mas quando estaríamos prontos para pensar que está totalmente arruinado, eis! que é convertido ao Senhor e é resgatado das mãos de inimigos e tiranos. Assim Cristo libertou aquele país, quando ele começou a conhecê-lO. Da mesma maneira, devemos ser levados ao conhecimento e adoração de Deus, que, onde sofremos várias aflições, podemos aprender que a salvação é encontrada somente nele. Gostaria que o mundo aprendesse agora esta lição, tendo

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sofrido tantas calamidades que parece estar à beira da ruína! Pois qual pode ser o problema senão que ele perecerá ou pelo arrependimento reconhecerá que foi justamente punido por tão grande iniquidade? Para que ele possa libertá-los. Quando ele acrescenta essas palavras, devemos extrair delas uma doutrina proveitosa, que Deus nos assiste por meio de Cristo, por cuja agência ele deu libertação ao seu próprio povo desde o princípio. Ele sempre foi o Mediador, por cuja intercessão todas as bênçãos foram obtidas de Deus Pai; e agora que ele foi revelado, aprendamos que nada pode ser obtido de Deus senão por meio dele.

E o Senhor será conhecido pelos egípcios (Isaías 19:21)

Isaías agora acrescenta o que era mais importante; pois não podemos adorar ao Senhor, ou invocá-lo, até que primeiro o reconheçamos ser nosso Pai. “Como” diz Paulo, “eles invocam a quem não conhecem?” (Romanos 10:14). Não podemos ser participantes dos dons de Deus para nossa salvação sem antes ter o verdadeiro conhecimento, que é pela fé. Ele, portanto, acrescenta corretamente o conhecimento de Deus como fundamento de toda religião ou a chave que nos abre a porta do reino celestial. Agora, não pode haver conhecimento sem doutrina; e, portanto, inferir que Deus desaprova todos os tipos de adoração falsa; pois ele não pode aprovar nada que não seja guiado pelo conhecimento, que brota da audição da doutrina verdadeira e pura. Qualquer que seja o artifício que os homens possam criar de suas próprias mentes, eles nunca obterão com ela a verdadeira adoração a Deus.

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Os egípcios devem saber. Não é sem razão que ele menciona duas vezes esse conhecimento. Uma questão de tão grande importância não deve ser deixada de lado; pois ocupa o lugar principal, e sem ele não há nada que possa ser chamado apropriadamente de adoração. E fará sacrifício e oblação. Esta passagem deve ser explicada da mesma maneira que a primeira, na qual ele mencionou um altar. Qual teria sido o uso de sacrifícios após a manifestação de Cristo? Portanto, ele descreve metaforicamente a confissão de fé e o chamado a Deus, que se seguiu à pregação do evangelho. Aqui ele inclui tudo o que foi oferecido a Deus - bestas mortas, pão, frutos de todas as descrições e tudo o que foi adequado para expressar gratidão. Mas devemos prestar atenção à diferença entre o Antigo e o Novo Testamento e, sob as sombras das cerimônias, devemos entender o significado de “adoração” da qual Paulo fala (Romanos 12:1). “...e farão votos ao Senhor, e os cumprirão”. O que ele acrescenta sobre os votos também faz parte da adoração a Deus. Os judeus estavam acostumados a expressar sua gratidão a Deus por votos e, especialmente, prestavam ações de graças por um voto solene, quando haviam recebido de Deus qualquer bênção extraordinária. Também por vontade própria, quando alguém o fez, fez votos em várias ocasiões (Deuteronômio 12:6). E, no entanto, toda pessoa não tinha a liberdade de fazer este ou aquele voto de acordo com seu próprio prazer; mas uma regra foi estabelecida (Números 30:3). Seja o que for que seja a esse respeito, é evidente que, pela palavra votos, o profeta não significa nada além de adoração a Deus, à qual os egípcios se devotaram depois de aprenderem com a palavra de Deus; mas ele menciona

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os atos de devoção pelos quais os judeus fizeram profissão do verdadeiro culto e religião. Portanto, os papistas traçam um argumento para provar que tudo o que juramos a Deus deve ser realizado; mas, como eles fazem votos aleatoriamente e sem nenhum exercício de julgamento, essa passagem não ajuda em nada a defender seu erro. Isaías prediz o que os egípcios farão, depois de ter abraçado e seguido as instruções dadas por Deus. Da mesma maneira, quando Davi exorta o povo a fazer e cumprir seus votos (Salmos 76:11), eles pensam que ele está do lado deles; mas não os exorta a fazer votos ilegais e precipitados (Eclesiastes 5:2). Sempre permanece em vigor a lei dos votos, que não temos a liberdade de transgredir, a saber, a palavra de Deus, pela qual aprendemos o que ele exige de nós e o que ele deseja que sempre façamos. Nunca recebemos permissão para fazer o que quisermos, porque estamos muito dispostos a ir em excesso, e tomar todo tipo de liberdade em relação a Deus, e porque agimos com mais imprudência em relação a ele do que se tivéssemos que lidar com homens. Era, portanto, necessário que os homens fossem submetidos a alguma restrição para impedi-los de tomar tão grandes liberdades no culto a Deus e à religião. Sendo assim, é evidente que Deus não permite nada além do que é agradável à sua lei, e que ele rejeita tudo o mais como inaceitável e supersticioso. O que um homem prometeu por sua própria vontade, e sem o apoio da palavra, não pode ser obrigatório. Se ele o realiza, ofende duplamente; primeiro, jurando impulsivamente, como se estivesse brincando com Deus; e, em segundo lugar, ao executar suas resoluções de maneira ímpia e precipitada, quando ele deveria preferir tê-las de lado e se arrepender. Até agora, portanto, qualquer homem é obrigado por

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votos, que deve, pelo contrário, voltar atrás e reconhecer sua imprecisão pecaminosa. Agora, se alguém perguntar sobre os votos dos papistas, será fácil mostrar que eles não recebem apoio da palavra de Deus. Se aquelas coisas que eles aplaudem e consideram lícitas, como os votos dos monges, são ilegais e perversas, que opinião devemos formar do resto? Eles prometem o celibato perpétuo, como se fosse indiscriminadamente permitido a todos; mas sabemos que o dom da continência não é um dom comum e não é prometido a todos, nem mesmo àqueles que em outros aspectos são dotados de graças extraordinárias. Abraão foi eminente por fé, firmeza, mansidão e santidade, e ainda assim não possuía esse dom (Gênesis 11:29). O próprio Cristo, quando os apóstolos elogiaram em voz alta esse estado de celibato, testemunhou que isso não é dado a todos (Mateus 19:11). Paulo declara a mesma coisa (1ª Coríntios 7:7). Todo aquele que, portanto, não possui esse dom de continência, se ele o faz, faz algo errado e será justamente punido por sua imprudência. Por isso, surgiram terríveis casos de falta de castidade, pelos quais Deus justamente puniu os papistas por essa presunção. Da mesma forma, prometem pobreza, como se nada tivessem, embora tenham abundância de tudo além de outros homens. Isso não é uma zombaria aberta contra Deus? A obediência que eles prometem é cheia de engano; porque eles sacodem o jugo de Cristo, para que se tornem escravos dos homens. Outros juram peregrinações, abster-se de comer carne, observar dias e outras coisas cheias de superstição. Outros prometem a Deus brinquedos e bugigangas, como se estivessem lidando com uma criança. Teríamos vergonha de agir assim, ou de seguir uma linha de conduta em relação aos homens, entre os quais nada é

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resolvido até que tenha sido acordado em ambos os lados por consentimento mútuo. Muito menos é lícito tentar algo na adoração a Deus, exceto o que foi declarado por sua palavra. Que tipo de adoração será, se o julgamento de Deus não tiver peso conosco, e se cedermos apenas à vontade dos homens? Será possível que isso possa agradar a Deus? Não será “adoração à vontade”, que Paulo censura tão severamente (Colossenses 2:23)? Em vão, portanto, os que fazem tais votos se gabam de servir a Deus; e em vão eles tentam encontrar apoio nesta passagem; pois o Senhor abomina esse tipo de adoração.

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3 Isaías 19:18 em diante é uma

profecia encorajadora...

Isaías 19:18 em diante é uma profecia encorajadora que relaciona a esperança pós-milenar do evangelho que conquista o mundo. Isso mostra que o evangelho ainda sobrecarregará os inimigos históricos de Deus. A exposição de Calvino dessa passagem é extremamente útil para incentivar a perspectiva pós-milenista. Eu continuo citando o material de Calvino, começando agora com Isaías 19:21.

E o Senhor será conhecido pelos egípcios (Isaías 19:21).

Isaías agora acrescenta o que era mais importante; pois não podemos adorar ao Senhor, ou invocá-lo, até que primeiro o reconheçamos ser nosso Pai. “Como” diz Paulo, “eles podem invocar a quem não conhecem?” (Romanos 10:14.) Não podemos ser participantes dos dons de Deus para nossa salvação sem antes ter o conhecimento verdadeiro, que é pela fé. Ele, portanto, acrescenta corretamente o conhecimento de Deus como fundamento de toda religião ou a chave que nos abre a porta do reino celestial. Agora, não pode haver conhecimento sem doutrina; e, portanto, inferir que Deus desaprova todos os tipos

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de adoração falsa; pois ele não pode aprovar nada que não seja guiado pelo conhecimento, que brota da audição da doutrina verdadeira e pura. Qualquer que seja o artifício que os homens possam criar de suas próprias mentes, eles nunca obterão com ela a verdadeira adoração a Deus.

Os egípcios devem saber Não é sem razão que ele menciona duas vezes esse conhecimento. Uma questão de tão grande importância não deve ser deixada de lado; pois ocupa o lugar principal, e sem ele não há nada que possa ser chamado apropriadamente de adoração. E fará sacrifício e oblação. Esta passagem deve ser explicada da mesma maneira que a primeira, na qual ele mencionou um altar. Qual teria sido o uso de sacrifícios após a manifestação de Cristo? Portanto, ele descreve metaforicamente a confissão de fé e o chamado a Deus, que se seguiu à pregação do evangelho. Aqui ele inclui tudo o que foi oferecido a Deus - bestas mortas, pão, frutos de todas as descrições e tudo o que foi adequado para expressar gratidão. Mas devemos prestar atenção à diferença entre o Antigo e o Novo Testamento e, sob as sombras das cerimônias, devemos entender o significado de “adoração” da qual Paulo fala (Romanos 12:1).

E farão votos ao Senhor, e os cumprirão. O que ele acrescenta sobre os votos também faz parte da adoração a Deus. Os judeus estavam acostumados a expressar sua gratidão a Deus por votos e, especialmente, prestavam ações de graças por um voto solene, quando haviam recebido de Deus

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qualquer bênção extraordinária. Também por vontade própria, quando alguém optou por fazê-lo, fez votos em várias ocasiões (Deuteronômio 12:6). E, no entanto, toda pessoa não tinha a liberdade de fazer este ou aquele voto de acordo com seu próprio prazer; mas uma regra foi estabelecida (Número 30:3). Seja o que for que seja a esse respeito, é evidente que, pela palavra votos, o profeta não significa nada além de adoração a Deus, à qual os egípcios se devotarão depois de aprenderem com a palavra de Deus; mas ele menciona os atos de devoção pelos quais os judeus fizeram profissão do verdadeiro culto e religião. Portanto, os papistas traçam um argumento para provar que tudo o que juramos a Deus deve ser realizado; mas, como eles fazem votos aleatoriamente e sem nenhum exercício de julgamento, essa passagem não ajuda em nada a defender seu erro. Isaías prediz o que os egípcios farão, depois de ter abraçado e seguido as instruções dadas por Deus. Da mesma maneira, quando Davi exorta o povo a fazer e cumprir seus votos (Salmo 76:11), eles pensam que ele está do lado deles; mas não os exorta a fazer votos ilegais e precipitados (Eclesiastes 5:2). Sempre permanece em vigor a lei dos votos, que não temos a liberdade de transgredir, a saber, a palavra de Deus, pela qual aprendemos o que ele exige de nós e o que ele deseja que façamos sempre. Nunca recebemos permissão para fazer o que quisermos, porque estamos muito dispostos a ir em excesso, e tomar todo tipo de liberdade em relação a Deus, e porque agimos com mais imprudência em relação a ele do que se tivéssemos que lidar com homens. Era, portanto, necessário que os homens fossem submetidos a alguma restrição para impedi-los de tomar tão grandes liberdades no culto a Deus e à religião.

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Sendo assim, é evidente que Deus não permite nada além do que é agradável à sua lei, e que ele rejeita tudo o mais como inaceitável e supersticioso. O que um homem prometeu por sua própria vontade, e sem o apoio da palavra, não pode ser obrigatório. Se ele o realiza, ofende duplamente; primeiro, jurando impulsivamente, como se estivesse brincando com Deus; e, em segundo lugar, ao executar suas resoluções de maneira ímpia e precipitada, quando ele deveria preferir tê-las de lado e se arrepender. Até agora, portanto, qualquer homem é obrigado por votos, que deve, pelo contrário, voltar atrás e reconhecer sua imprecisão pecaminosa. Agora, se alguém perguntar sobre os votos dos papistas, será fácil mostrar que eles não recebem apoio da palavra de Deus. Se aquelas coisas que eles aplaudem e consideram lícitas, como os votos dos monges, são ilegais e perversas, que opinião devemos formar do resto? Eles prometem o celibato perpétuo, como se fosse indiscriminadamente permitido a todos; mas sabemos que o dom da continência não é um dom comum e não é prometido a todos, nem mesmo àqueles que em outros aspectos são dotados de graças extraordinárias. Abraão foi eminente por fé, firmeza, mansidão e santidade, e ainda assim não possuía esse dom (Gênesis 11:29). O próprio Cristo, quando os apóstolos elogiaram em voz alta esse estado de celibato, testemunhou que isso não é dado a todos (Mateus 19:11). Paulo declara a mesma coisa (1ª Coríntios 7:7). Todo aquele que, portanto, não possui esse dom de continência, se ele o faz, faz algo errado e será justamente punido por sua imprudência. Por isso, surgiram terríveis casos de falta de castidade, pelos quais Deus justamente puniu os papistas por essa presunção.

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Da mesma forma, prometem pobreza, como se nada tivessem, embora tenham abundância de tudo além de outros homens. Isso não é uma zombaria aberta de Deus? A obediência que eles prometem é cheia de engano; porque eles sacudem o jugo de Cristo, para que se tornem escravos dos homens. Outros juram peregrinações, abster-se de comer carne, observar dias e outras coisas cheias de superstição. Outros prometem a Deus brinquedos e bugigangas, como se estivessem lidando com uma criança. Teríamos vergonha de agir assim, ou de seguir uma linha de conduta em relação aos homens, entre os quais nada é resolvido até que tenha sido acordado em ambos os lados por consentimento mútuo. Muito menos é lícito tentar algo na adoração a Deus, exceto o que foi declarado por sua palavra. Que tipo de adoração será, se o julgamento de Deus não tiver peso conosco, e se cedermos apenas à vontade dos homens? Será possível que isso possa agradar a Deus? Não será “adoração à vontade”, que Paulo censura tão severamente? (Colossenses 2:23). Em vão, portanto, os que fazem tais votos se gabam de servir a Deus; e em vão eles tentam encontrar apoio nesta passagem; pois o Senhor abomina esse tipo de adoração.

Portanto, Jeová ferirá o Egito (Isaías 19:22)

Pelo que já foi dito, o profeta tira a conclusão de que o castigo que ele mencionou será vantajoso para os egípcios, porque será uma preparação para a conversão deles; como se ele tivesse dito que será para o bem do Egito que o Senhor o castigará. Aqueles que traduzem as palavras, “ferirão com uma ferida que pode ser curada” interpretam mal essa passagem e enfraquecem bastante o significado do profeta; pois significa que as feridas lhes serão

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vantajosas e que, por meio dessas feridas, o Senhor os trará de volta. Portanto, devemos concluir que não devemos nos recusar a ser castigados por Deus, pois isso é feito para nosso benefício (Provérbios 3:11; Hebreus 12:5). Isenção de punição acarretaria uma disposição para pecar com menos controle. Como os homens são extremamente propensos a dar lugar a suas próprias inclinações, sempre que Deus os poupa um pouco, é necessário, por esse motivo, que o Senhor impeça esse perigo, o que ele faz com castigos e açoites, que nos excitam e despertam o arrependimento. Um exemplo notável disso é exibido aqui no Egito, que abundava em superstições e iniquidades, e foi além de todas as nações em idolatria, e ainda experimentou a misericórdia de Deus.

Pois eles se voltarão para o Senhor. Devemos atender à maneira de sua realização, ou seja, sua conversão a Deus. É a explicação da cláusula anterior; como se ele tivesse dito, “curará os egípcios, porque eles serão convertidos”. O vav [letra hebraica] copulativo significa. Portanto, inferimos que se pode dizer que a conversão é uma ressurreição da morte eterna. Estamos completamente arruinados enquanto nos afastamos de Deus; mas quando somos convertidos, retornamos a seu favor e somos libertados da morte; não que merecemos o favor de Deus pelo nosso arrependimento, mas porque dessa maneira Deus nos eleva, por assim dizer, da morte para a vida. Ao arrependimento é acrescentada uma promessa, da qual concluímos, que quando nos arrependemos sinceramente, em vão não imploramos perdão. Agora, quando o profeta diz que o Senhor será gentil e reconciliado com os egípcios, ele ao mesmo tempo mostra: que assim que forem convertidos, obterão perdão. Portanto, será uma verdadeira

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conversão quando for seguida por um chamado a Deus. Mas sem fé (Romanos 10:14) é impossível invocar a Deus; pois até os ímpios podem reconhecer o pecado; mas ninguém recorrerá à misericórdia de Deus, ou obterá reconciliação, até que seja movido por um verdadeiro sentimento de arrependimento, que também é acompanhado pela fé.

E vai curá-los. Ele não repete o que havia dito, que Deus ataca para curar; mas ele promete curar em outro sentido, isto é, que Deus deixará de infligir punições. A cura anterior, que ele mencionou um pouco antes, era interna; mas o último refere-se a listras e feridas. Em suma, ele quer dizer que será um remédio rápido para todas as suas angústias. Depois de ter sido reconciliado com Deus, não há nada em nós que exija castigo; pois de onde vem a punição, mas por culpa? E quando a culpa é perdoada, a isenção da punição se seguirá rapidamente. E se formos castigados, é uma evidência de que ainda não estamos suficientemente preparados para o arrependimento. Em uma palavra, lembremo-nos desta ordem, que o profeta nos aponta; primeiro, que listras preparam os homens para o arrependimento; segundo, que são curados, porque são libertos da destruição eterna; terceiro, quando são levados ao conhecimento de sua culpa, obtêm perdão; quarto, que Deus é gracioso e reconciliado com eles; quinto, esses castigos cessam depois de obterem perdão de Deus. Não há homem que não deva reconhecer em si mesmo o que Isaías aqui declara a respeito dos egípcios, nos quais o Senhor dá um exemplo ao mundo inteiro.

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Naquele dia (Isaías 19:23)

O profeta agora prediz que o Senhor difundirá sua bondade por todo o mundo; como se ele tivesse dito, “não será trancado em um canto, ou conhecido exclusivamente, como antigamente, por uma única nação”. Aqui ele fala de duas nações que eram os inimigos mais inveterados da Igreja, e que apareceram estar mais longe do que qualquer outro do reino de Deus; pois muito mais se poderia esperar de nações distantes, porque as nações aqui mencionadas fizeram guerra abertamente com Deus e perseguiram sua Igreja. E se o Senhor é tão misericordioso com os inimigos mortais da Igreja, que perdoa e os adota como filhos dele, qual será o caso de outras nações? Essa profecia inclui, portanto, o chamado de todas as nações. Deve haver uma estrada. Agora, quando ele diz que, em consequência de uma estrada ter sido aberta, haverá acesso mútuo para que eles possam se visitar, ele descreve as relações fraternas. Sabemos que os egípcios mantiveram guerras quase incessantes com os assírios e nutriram um ódio inveterado um pelo outro. Ele agora prediz que o Senhor mudará suas disposições e as reconciliará, de modo que eles tenham comunicações mútuas, entrando e saindo, em consequência de abrirem as estradas que antes estavam fechadas. Aqui devemos observar o que anteriormente observamos no quarto versículo do segundo capítulo, a saber, que quando os homens se reconciliam com Deus, é igualmente apropriado que eles apreciem a bondade fraternal entre si. Conflitos, brigas, disputas, ódio, e a malícia devem cessar quando Deus forem pacificados. Portanto, não é de admirar que ele diga que está aberta uma estrada para o Egito para

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os assírios; mas isso deve, sem dúvida, ser referido ao reino de Cristo, pois não lemos que os egípcios estavam em pé de amistoso com os assírios até depois de conhecerem a Cristo. E os egípcios servirão aos assírios (ou, com os assírios). Esta cláusula pode ser traduzida como “sirva a Deus”; mas como o nome de Deus não é expresso aqui, pode se referir aos assírios, o que também é apontado pela partícula [hebraica] eth. Portanto, pode ser explicado assim. Aqueles que antes arderam com o desejo de ferir um ao outro serão mudados em suas disposições e desejarão mostrar bondade. Em resumo, o fruto do verdadeiro arrependimento será evidenciado, pois aqueles que antes se afligiam em guerras mútuas prestam ajuda mútua. E essa opinião concordará muito bem com as palavras do profeta com as quais eles estão conectados. No entanto, não deixo de lado uma outra interpretação que é quase universalmente adotada, a saber, “que anteriormente adoravam outros deuses, a partir de agora reconhecerão um Deus, e concordarei com a mesma confissão de fé”. Deixo todos a adotar a interpretação que ele achar melhor. Se a última interpretação for preferida, o profeta faz o amor fraternal fluir da piedade, como de sua fonte.

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4 Naquele dia Israel

Esta é a parte final da exposição de Calvino dos últimos versículos de Isaías 19, que apresentam uma esperança pós-milenista. Isaías conclui a promessa que ele olhou brevemente, de que os egípcios e assírios, assim como Israel, serão abençoados (Isaías 19:24). Antigamente, a graça de Deus era, em certa medida, confinada a Israel, porque com essa nação somente o Senhor havia feito convênio. O Senhor estendeu uma corda sobre Jacó (Deuteronômio 32:9), como Moisés fala; e Davi diz: “Ele não fez isso a nenhuma nação, e não lhes deu conhecimento dos seus juízos” (Salmo 147:20). Em uma palavra, a bênção de Deus residia apenas na Judéia, mas ele diz que será compartilhada com os egípcios e assírios, sob cujo nome ele inclui também o resto das nações. Ele não os menciona com o objetivo de mostrar respeito, mas porque eles eram inimigos constantes de Deus, e pareciam estar mais afastados dele e mais afastados da esperança de favor do que todos os outros. Consequentemente, embora ele não tivesse adotado ninguém além dos filhos de Abraão, ele agora queria ser

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chamado, sem distinção, “pai de todas as nações”. (Gênesis 17:7; Êxodo 19:5; Deuteronômio 7:6).

Israel será a terceira bênção Alguns o fazem, Israel será o terceiro que eu não aprovo; pois o adjetivo do gênero feminino deve ser interpretado com o substantivo [hebraico] berachah, “bênção”, e bênção significa aqui uma forma ou padrão de bênção.

Porque o Senhor dos exércitos o abençoará (Isaías 19:25)

Ele atribui uma razão e explica a declaração anterior; pois ele mostra que, através da bondade imerecida de Deus, os assírios e egípcios serão admitidos em comunhão com o povo escolhido de Deus. Como se ele tivesse dito: “esses títulos pertencem exclusivamente a Israel, eles serão conferidos a outras nações que o Senhor adotou como suas”. Existe uma relação mútua entre Deus e seu povo, de modo que aqueles que são chamado por sua boca “povo santo” (Êxodo 19: 6), em troca, pode justamente chamá-lo de Deus. No entanto, essa designação é concedida indiscriminadamente a egípcios e assírios.

Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos

Embora o Profeta pretendesse descrever as nações estrangeiras como associadas aos judeus que pertenceram à casa de Deus, ele ainda emprega as marcas mais apropriadas para descrever os

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graus. Ao chamar os egípcios de “povo de Deus”, ele quer dizer que eles compartilharão da honra que Deus se dignou conceder de maneira peculiar somente aos judeus. Quando ele chama os assírios de obra de suas mãos, ele os distingue pelo título peculiar à sua Igreja. Em outro lugar, observamos que a Igreja é chamada de “obra” de Deus (Efésios 2:10), porque pelo espírito de regeneração os crentes são criados novamente, de modo a carregar a imagem de Deus. Assim, ele quer dizer que somos “obra das mãos de Deus”, não tanto quanto somos criados para ser homens, mas na medida em que aqueles que são separados do mundo e se tornam novas criaturas, são criados novamente para uma nova vida.

E Israel, minha herança

Quando ele vem a Israel, ele o investe com sua prerrogativa, ou seja, que ele é a herança de Deus, de modo que, entre os novos irmãos, ele ainda detém o posto e a honra do primogênito. A palavra herança sugere a ideia de algum tipo de superioridade; e, de fato, a aliança que o Senhor fez primeiro com eles, lhes concedeu o privilégio que não pode ser anulada por sua ingratidão; pois “os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento”, como Paulo declara (Romanos 11:29), que mostra que na casa de Deus eles são os primogênitos (Efésios 2:12). Embora, portanto, a graça de Deus esteja agora mais amplamente difundida, eles ainda mantêm a posição mais alta, não por mérito próprio, mas pela firmeza das promessas.

__________ Nota do Gentry: - Assim, termina a exposição de João Calvino. Seja aquecido e cheio! E enquanto você estiver nisso, vá, e não peque mais.

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Obras importantes

para pesquisa

Imagine um guia simples, prático e objetivo sobre o qual um leigo possa ser iniciado no Preterismo? Esta é a proposta do e-book "Guia para iniciantes do Preterismo" escrito por Gary DeMar. Neste e-book, o leitor encontrará um texto altamente elucidativo, notas explicativas, ilustrações e um entendimento geral sobre o que é a profecia bíblica e o Apocalipse. Também possui uma lista de grandes obras para consulta para aprofundamento no Preterismo. Este e-book é altamente recomendado e é leitura obrigatória para aqueles que desejam iniciar seus conhecimentos para entender o Preterismo.

Link: www.revistacrista.org/literatura_guia_para-iniciantes_do_preterismo.html

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.A maioria de todo o discurso atual sobre o fim do mundo e a vinda de Cristo é retirado de Mateus capítulo 24. É neste capítulo que Cristo falou dos oito sinais de sua "vinda", tais como guerras, rumores de guerras, fomes, pestes, terremotos, evangelho sendo pregado em todas as nações e o amor se esfriando. O problema é que nem sempre os cristãos acreditaram que Mateus 24 seja uma referência ao fim do mundo e a vinda de Cristo. Pelo contrário, Mateus 24 fala não sobre o fim do mundo físico, mas sobre o fim da era judaica e a destruição do templo e Jerusalém e sobre a vinda de Jesus em julgamento contra Israel, eventos estes que ocorreram no ano 70 d.C. quando muitos discípulos ainda estavam vivos. Nesse e-book o leitor terá um estudo detalhado e um comentário versículo por versículo sobre o que Jesus de fato ensinou em Mateus 24.

Link: www.revistacrista.org/literatura_Revista023.html

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É com satisfação que apresentamos o primeiro e mais completo Comentário Preterista sobre o Apocalipse nunca antes publicado no Brasil. Nunca antes na história do país tivemos um comentário completo sobre o Apocalipse do ponto de vista preterista. Nele são comentados todos os 404 versículos do Apocalipse. Este comentário é composto de Introdução, Evidências Internas e Externas sobre a data do Apocalipse, além de que é comentado minuciosa, exegética, histórica e gramaticalmente cada capítulo do Apocalipse. São mais de 500 páginas com conteúdo espiritualmente enriquecedor. É um fato inédito que pela primeira vez vamos ter uma literatura que combata o que erronemanente tem sido ensinado sobre o Apocalipse nos últimos dois séculos. Sem ficção, sem fantasia e com muita base firmada em Cristo é que preparamos essa obra.

Link: www.revistacrista.org/literatura_Comentario_Preterista_sobre_o_Apocalipse_

Volume_Unico.html

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