Caiacao Sobre Alvenaria

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    RAADVAD CENTERET

    Raadvad 40, 2800 Lyngby, Danmark Tlf: 45 80 79 08 Fax: 45 50 52 07 e-mail: [email protected] webmaster: [email protected]

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    CAIAO SOBRE ALVENARIA Por Soren Vadstrup, Arquitecto m.a.a., Director do centro

    CONTEDOS

    1. Materiais

    2. Mistura da gua de cal

    3. Requisitos de tempo e de temperatura

    4. Requisitos sobre a base

    5. Ferramentas para a caiao

    6. Preparao da base

    7. 1 demo

    8. 2 e 3 demos

    9. Tratamento de acabamento

    10. Outros assuntos

    11. Manuteno da caiao

    12. Propriedades e experincias da caiao

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    1. Materiais

    Cal

    A cal fabricada pelo aquecimento de pedra calcria natural (carbonato de clcio CaCO3) num forno, a 900 1000 C. Aps este aquecimento (calcinao), a chamada cal viva (CaO) apagada com gua, para produzir cal em pasta (hidrxido de clcio Ca(OH)2). A cal em pasta ento crivada para lhe serem retirados os grumos no desfeitos ou outros materiais estranhos, e posta coberta por gua num tanque para amadurecer.

    Esta cal em pasta molhada e desfeita pode ser misturada com areia de diversas grossuras /

    dimenses de gro para se produzirem argamassas de cal ou estuques, que na realidade so o mesmo, mas usados de forma diferente. A cal em pasta tambm pode ser misturada com gua 1:5 para com ela se fazer um tratamento superficial fino : a Caiao.

    Este lquido vai ser sempre branco tal como cal em pasta e a cal, e portanto chamado de leite

    de cal. Se lhe foram adicionadas certas cores (pigmentos diludos em gua), transforma-se em leite de cal colorido, ou tinta de cal.

    O endurecimento da cal acontece atravs de uma carbonatao, um processo qumico com o

    dixido carbnico atmosfrico, e tambm com a gua que um solvente importante. Este processo forma carbonato de clcio a pedra calcria original.

    gua de cal Se armazenarmos a cal em pasta bem misturada com gua (1:5) durante 24 horas, a cal no

    dissolvida ir depositar-se no fundo, sob a forma de um sedimento branco com gua transparente por cima. Esta gua transparente gua saturada com cal (hidrxido de clcio puro Ca(OH)2), visvel por ter uma ligeira tonalidade azulada. Chama-se a isto de gua de cal, que pode ser recolhida e usada na preparao da base que vai ser caiada, ou para uma demo de acabamento e fixao de uma caiao.

    A gua de cal tambm pode ser usada para a consolidao de rebocos de cal ou de

    argamassas de cal fracos, velhos e degradados. gua A gua a usar deve ser gua limpa da torneira. Pigmentos para a caiao colorida Se a caiao tiver que ser colorida, o leite de cal natural, normal no pigmentado adicionado

    com pigmentos resistentes cal (xido vermelho, ocre amarelo, terra de Siena bruta ou queimada, negro de fumo, sombra bruta ou queimada, verde-terra ou azul de azurite, azul Egpcio, etc.) na proporo mxima de 7% de cores (em volume) para o leite de cal colorido j acabado. Antes de se misturar o leite de cal (cal em pasta e gua 1:5), os pigmentos devem ser dissolvidos em gua ou em gua de cal at formarem uma massa espessa e bem misturada, durante 24 horas.

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    2. Mistura da gua de cal

    A cal em pasta, usada em qualquer caiao deve ficar coberta por gua e a amadurecer dentro do tanque no mnimo durante 2 anos, por forma a que fique suficientemente fina para o fim em vista.

    O leite de cal deve ser produzido pelo menos na vspera da sua aplicao. Mistura-se 1 parte

    de cal apagada (com o mnimo de 2 anos) com 5 a 6 partes de gua. Esta mistura deve atingir uma concentrao de 15%. A mistura ento bem agitada, por exemplo com um agitador mecnico. Antes de ser usada, deve-se agitar o leite de cal cuidadosamente outra vez, e tambm se deve agitar este lquido frequentemente, durante a sua aplicao.

    O leite de cal deve ser sempre armazenado num ambiente que no congele, e tambm sob uma

    tampa que vede o ar. Se o leite de cal congelar, o lquido ficar granuloso e no deve ser usado. Se uma membrana fina de calcrio endurecido recobrir o leite de cal armazenado, causada pela influncia do ar, deve ser retirada antes da utilizao. 3. Requisitos de tempo e de temperatura

    A caiao deve ser executada, em circunstncias ideais, com uma humidade relativa do ar entre 65% a 75%. A temperatura deve ser no mnimo de + 5 C e no mximo de + 15 a 18 C. A caiao nunca deve ser feita sob sol directo ou sobre alvenarias h muito tempo aquecidas pelo sol. Os melhores resultados conseguem-se pela caiao feita de manh cedo ou sob tempo constantemente nublado. Outra possibilidade a de se fazer um andaime totalmente coberto, possivelmente com algumas vasilhas com gua a evaporar.

    Na Dinamarca, os perodos tradicionais para se caiar so desde Maro at meados de Maio, e

    depois desde Setembro at meados de Novembro. Nunca no vero nem no inverno, a menos que se use uma andaime totalmente coberto com os respectivos recipientes com gua a ser evaporada e com aquecimento. 4. Requisitos sobre a base

    A base, na qual se quer caiar com resultados optimizados, deve :

    1. Alvenaria velha de, pelo menos, 3 semanas, e feita com tijolos amarelos ou vermelhos de superfcie nem muito spera nem muito lisa. A alvenaria no deve ter sido limpa / lavada com cidos.

    2. Estuques e rebocos velhos de, pelo menos, 3 semanas, e feitos com argamassa de cal area ou cal hidrulica, sem a adio de qualquer p de cimento. O estuque pode ser eventualmente colorido na mesma cor que a caiao.

    3. Pedra calcria, mrmore, arenito calcrio, etc. com superfcies ligeiramente speras 7 rugosas.

    Com resultados menos brilhantes, pode-se caiar sobre :

    4. Construes em terra cuja superfcie seja adequada, preparada e humedecida antes da caiao.

    5. Estuques de cimento velhos de 50 anos que tenham uma superfcie muito porosa bem humedecida para este fim.

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    6. Madeira serrada, tosca cuidadosamente humedecida previamente. 7. Arenito ou granito, de superfcie spera / rugosa, tambm bem humedecida.

    No se pode caiar sobre :

    8. Rebocos / estuques novos de argamassas de cimento, beto, eternite, etc. 9. Tijolos, telhas, terracota com superfcies muito lisas, e tambm ardsias. 10. Alvenarias saturadas com ou com vestgios de humidade ascendente, sais

    higroscpicos, ferrugem, alcatro, poeiras, etc. 5. Ferramentas para a caiao

    As ferramentas certas para a caiao de grandes superfcies so trinchas grandes e largas com cerda animal, de vaca ou de porco. Para pormenores mais pequenos podem-se usar trinchas mais pequenas, tambm com cerda animal. 6. Preparao da base

    Antes da caiao, a base tem que ser preparada com uma demo de gua de cal, mas antes de se aplicar esta gua de cal, muito importante que essa base seja bem humedecida com gua normal. Isto pode ser feito com uma trincha grande e larga ou com uma mangueira provida de um bico adequado. A base deve estar to humedecida que a gua fique parada e brilhante sobre a sua superfcie, durante alguns segundos, quando se aplicar mais gua com a trincha larga.

    Imediatamente aps o humedecimento com gua corrente, a base tratada com uma boa

    demo de gua de cal, aplicada com a trincha e bem esfregada em todos os cantos e reentrncias dessa base. 7. 1 demo

    A primeira demo com leite de cal aplicada 24 horas aps o humedecimento e o tratamento com gua de cal, porque essa gua de cal tem que carbonatar. J se referiu que o lquido para a caiao deve ser misturado e preparado no dia anterior caiao.

    Se a base tiver secado, o que frequentemente o caso, deve ser molhada outra vez com gua

    corrente, para se obter uma condio hmida, conforme descrita em Preparao da base. A caiao aplicada com uma trincha de caiador numa demo / camada to fina quanto

    possvel. A caiao tambm bem esfregada nos cantos e reentrncias da base, cruzando-se as pinceladas. Aps aplicada uma rea adequada de caiao, a sua superfcie regularizada com ligeiras pinceladas horizontais e paralelas da trincha.

    importante agitar-se o lquido da caiao entre cada demo. A trincha apenas ligeiramente

    mergulhada no balde antes da aplicao, para se evitarem cordas compridas de caiao, feitas pela trincha sobre a parede, durante essa aplicao.

    Tambm importante que a aplicao da caiao seja feita num processo molhado em cima de

    molhado, sem paragens a meio. As interrupes naturais devem ser feitas aos cantos das paredes,

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    nos plintos, nas cornijas e noutras bordaduras naturais da fachada. Alm disso, as tbuas dos andaimes no podem provocar a menor imagem sobre a superfcie caiada.

    Aps a primeira demo, a caiao tem que carbonatar durante 12 a 24 horas antes do resto do

    tratamento. 8. 2 e 3 demos

    Se a base tiver secado entre a primeira e a segunda demos, deve ser molhada novamente com gua corrente. Por forma a no se ferir ou fazer escorrer a recm aplicada demo de caiao, a gua aplicada, desta vez, por borrifos cuidadosos com a trincha, ou por rega com a mangueira mas com um bico muito suave.

    A seguir, a segunda demo aplicada da mesma maneira que a primeira, ou seja, por uma

    demo muito fina, mas desta vez com mo leve sem se esfregarem nem cruzarem as pinceladas. Tambm esta demo deve repousar durante 12 a 24 horas, antes da terceira demo.

    Quando se aplica uma caiao colorida sobre alvenaria ou reboco, habitual aplicar-se a

    primeira demo em branco (caiao branca), antes de 2 a 3 demos de caiao colorida, j que a cor branca ir brilhar um pouco atravs das demos coloridas.

    A terceira demo, e se necessrias a quarta e a quinta demos, se a caiao no estiver a

    formar uma camada com recobrimento completamente satisfatrio, aplicada exactamente da mesma maneira que a segunda demo. 9. Tratamento de acabamento

    Aps umas adicionais 12 a 24 horas, a caiao fixada com uma fina demo de gua de cal. Isto pode ser feito por asperso, embora no perturbando a caiao que foi feita com tanto cuidado. 10. Outros assuntos

    Os embasamentos horizontais, as decoraes, as estruturas de madeira, etc. que no devem ser caiadas na mesma cor, ou que no podem ser manchadas pela caiao, podem ser recobertas com uma fina demo de aguada de argila ou de barro vermelho, especialmente preparada. Aps a caiao, a aguada de argila escovada e soprada.

    Normalmente, a caiao no deve ser misturada com nenhuns aditivos tais como a casena, a

    manteiga, a cola, etc. para se melhorarem as propriedades dessa caiao. Estes materiais alteram a importante ligao da caiao, de uma avanada ligao qumica para uma pura colagem. No entanto, e em certos casos, esta disposio pode ser apropriada, mas nunca em todos. 11. Manuteno da caiao

    Quando a caiao parecer gasta, e a alvenaria ou os rebocos estiverem intactos e em boa

    forma, o revestimento por caiao pode ser mantido, mais ou menos da mesma maneira como se fez a caiao nova.

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    Antes, importante que se removam as demos soltas, bem como partes ou placas de demos antigas. A forma mais eficiente de o fazer mo, com um raspador metlico. Depois, todas as sujidades, poeiras, crescimentos de algas, etc., devem ser cuidadosamente removidas da superfcie, por exemplo com uma escova de arame ou uma vassoura dura.

    Se a caiao consistir em mais que 25 demos, ou for mais espessa que 1 a 2 mm,

    recomenda-se que seja removida toda a caiao antiga por razes tcnicas, com um cuidadoso jacto de areia de baixa presso, deixando-se uma amostra de metro quadrado intocado, por exemplo logo debaixo da cornija, por motivos de documentao histrica.

    Por outro lado, o procedimento de manuteno quase o mesmo que acrescentar-se uma

    caiao nova : humedecimento adequado com gua corrente, tratamento com gua de cal, secagem at ao dia seguinte, humedecimento, primeira demo muito fina de leite de cal, secagem at ao dia seguinte, possvel humedecimento e aplicao da terceira demo muito fina de leite de cal, secagem at ao dia seguinte, humedecimento e fixao da superfcie com gua de cal.

    12. Propriedades e experincias da caiao

    As propriedades da caiao, comparadas com as da tinta plstica, das tintas de silicatos, etc. tm sido muito frequentemente discutidas. A 3 mais importantes propriedades tcnicas da caiao, que a tornam o mais apropriado tratamento superficial para as alvenarias, so :

    1. Temos uma muito longa experincia com caiao, protegendo as alvenarias de uma forma

    perfeita, e permitindo s construes respirarem e eliminarem a humidade. 2. A caiao um material muito fraco, e portanto mais adequado para os materiais

    enfraquecidos e deteriorados dos edifcios antigos, do que muitos dos materiais modernos mais fortes.

    3. muito fcil e simples (e barato) de fazer a manuteno da caiao. Ao contrrio dos tratamentos superficiais modernos, mais resistentes, a caiao no necessita que se removam (dispendiosamente) todas as demos anteriores antes / quando se faz a manuteno / adio de novas demos.

    Muitas pessoas gostam da caiao, por causa da bela e inultrapassvel viso e textura da sua

    superfcie. As 3 limitaes e desvantagens da caiao so as muito rgidas exigncias de exposio ao

    tempo, de temperatura e de condies de humidade durante a sua aplicao, as estritas exigncias de mo-de-obra experiente e a exigncia de uma base sem defeitos, seca e sem cimento.

    A experincia sobre caiaes correctamente executadas de necessitarem de manuteno ou

    reaplicao entre 5 a 8 anos, em muitos casos entre 8 a 10 anos. A caiao parcialmente deslavada durante estes anos, o que tem como efeito que as superfcies lavadas pela chuva ficam bastante limpas de poeiras e outras sujidades.

    Traduo e edio por Antnio de Borja Arajo, Engenheiro Civil, IST.

    CAIAO SOBRE ALVENARIAPor Soren Vadstrup, Arquitecto m.a.a., Director do centroCONTEDOSCalgua de calPigmentos para a caiao colorida