CADERNO DE RESUMOS SIMPÓSIO INTERNACIONAL: RELIGIÕES PARA ...

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INSS 2176-1337 CADERNO DE RESUMOS SIMPÓSIO INTERNACIONAL: RELIGIÕES PARA A PAZ OU PARA A GUERRA? Diálogos Transdisciplinares Belo Horizonte Minas Gerais – Brasil 2015

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INSS 2176-1337

CADERNO DE RESUMOS

SIMPÓSIO INTERNACIONAL:

RELIGIÕES PARA A PAZ OU PARA A GUERRA? Diálogos Transdisciplinares

Belo Horizonte

Minas Gerais – Brasil

2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE JESUÍTA DE FILOSOFIA E TEOLOGIA

CADERNO DE RESUMOS:

SIMPÓSIO INTERNACIONAL PUC Minas – FAJE:

RELIGIÕES PARA A PAZ OU PARA A GUERRA? Diálogos Transdisciplinares

XI Simpósio Internacional Filosófico e Teológico da FAJE

VI Simpósio Internacional das Ciências da Religião

I Simpósio Internacional das Relações Internacionais

Belo Horizonte

Minas Gerais – Brasil

2015

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Comissão Organizadora Prof. Dr. Álvaro Mendonça Pimentel – Coordenador (FAJE) Prof. Dr. Delmar Cardoso (FAJE) Prof. Dr. Geraldo Luiz De Mori (FAJE) Prof. Dr. Jaldemir Vitório (FAJE) Prof. Dr. Leonardo César Souza Ramos (PUC Minas) Prof. Dr. Marco Heleno Barreto (FAJE) Prof. Dr. Roberlei Panasiewicz (PUC Minas) Prof. Dr. Rodrigo Coppe Caldeira (PUC Minas) Comitê Científico Prof. Dr. Ângelo Cardita (Université de Laval, Canadá) Prof. Dr. Danny Zahreddine (PUC Minas) Prof. Dr. Édil Carvalho Guedes Filho (FAJE) Prof. Dr. Elton Vitoriano Ribeiro (FAJE) Prof. Dr. Hugo Caín Gudiel García (UCA, El Salvador) Prof. Dr. João J. Vila-Chã (PUG, Roma) Prof. Dr. João Manuel C. R. Duque (Universidade Católica Portuguesa, Portugal) Prof. Dr. Jorge Costadoat (Universidad Católica de Chile, Chile) Prof. Dr. Luis Carlos Susin (PUC RS) Prof. Dr. Luiz Martinez (Université Catholique de Louvain, França) Profa. Dra. Mercedes García Bachmann (ISEDET, Argentina) Secretaria Executiva Celso Messias de Oliveira (FAJE) Daniele Batemarque Guamarães (PUC Minas) Dênia Ferreira Campolina Corrêa (PUC Minas) Dranda Patrícia Simone do Prado (PUC Minas)

Organização e realização PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia Apoio CAPES CNPq FAPEMIG Patrocínio: Editoras: Editora Paulus, Editora Puc Minas, Editora Vozes, Livraria Rocha

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SUMÁRIO

1. O Simpósio ................................................................................................................................ 4

2. Instituições Promotoras ............................................................................................................ 4

FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia ..................................................................... 4

PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ............................................ 5

3. Justificativa ............................................................................................................................... 7

4. Objetivos ................................................................................................................................... 8

5. Metodologia .............................................................................................................................. 8

6. Destinatários ............................................................................................................................. 9

7. Comunicações ........................................................................................................................... 9

7.1 Filosofia ............................................................................................................................... 9

7.2 Teologia .............................................................................................................................. 16

7.3 Relações Internacionais ..................................................................................................... 23

7.4 Ciências da Religião .......................................................................................................... 27

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1. O SIMPÓSIO

A religião é uma dimensão necessária da experiência humana, mas, ao mesmo tempo, perigosa.

Necessária porque nos oferece sentido para a vida e para a morte, mediando as relações do ser humano com

o mundo e com os outros. Perigosa porque, entendida como fundamento da condição humana, pode levar a

viver e a morrer pelo outro e, também, a destruí-lo. Estas duas faces da religião trazem à tona as incertezas

da humanidade e revelam como, das profundezas de uma vida virtuosa, podem emergir os monstros e os

fantasmas mais tenebrosos.

Neste contexto, é fundamental compreender as relações entre religião e modernidade. Nesta se configura um

tipo de ordem social na qual a dimensão religiosa é relegada, cada vez mais, à esfera privada. Concomitante

a esta dinâmica, as religiões se globalizam e, paradoxalmente, perdem a primazia em face aos processos de

secularização que caracterizariam a ordem social.

Ora, a secularização não se deu nos termos previstos pela razão moderna. Percebe-se também, em um

movimento clivado de tensões, diálogos e antíteses, a emergência de dinâmicas “pós-seculares”, de

“retorno” do sagrado, de formas múltiplas e complexas que, muitas vezes engendradas pela própria

secularização, não colaboram para a paz. Pelo contrário, incitam movimentos e ações de ódio,

estranhamento e conflitos, desde o nível local ao nível global, envolvendo indivíduos, grupos sociais, povos

e Estados.

Não obstante, a religião não é algo monocromático. Comporta uma miríade de matizes, desde os conflitos e

estranhamentos, até a tolerância e a compaixão. Da paz à guerra, da cooperação ao conflito, é possível

identificar uma variada gama de elementos para os quais o entendimento da religião, em perspectiva

transdisciplinar, se faz necessário.

Esta é a proposta do Simpósio Religiões para a paz ou para a guerra? Um diálogo

transdisciplinar (FAJE/PUC Minas): realizar uma ampla reflexão que contribua para o entendimento de

dinâmicas relevantes que não se esgotam localmente, mas cujas consequências são percebidas nos mais

diversos níveis – local, regional, internacional, global.

2. INSTITUIÇÕES PROMOTORAS

FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia

A Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE, é desde 2005 a denominação do Centro de Estudos

Superiores da Companhia de Jesus –CES -, presente em Belo Horizonte como instituição de ensino superior

desde 1982. Credenciada pelo Ministério da Educação através da Portaria nº 3.383 de 17/10/2005 (D.O.U.

18/10/05), a IES é constituída pelos Departamentos de Filosofia, com bacharelado e licenciatura

(reconhecidos pela Portaria ministerial nº 164 de 22 de fevereiro de 1996 – D.O.U. 23/02/1996, primeiro

lugar no país no ENADE de 2008), e mestrado (reconhecido pela CAPES pela Portaria nº 1.919 de

03/06/2005 e avaliado com nota 3), e de Teologia, com bacharelado (autorizado pela Portaria nº 264 de

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19/06/2006), mestrado (reconhecido pela CAPES mediante Portaria nº 1432 de 02/02/1999 – D. O. U.

03/02/1992, confirmada para os triênios seguintes mediante as Portarias nº 2.530 de 04/09/2002 e nº 2.878

de 24/08/2005, avaliado pela CAPES com nota 5) e doutorado (reconhecido pela CAPES desde 2002 pela

mesma Portaria nº 2.878 de 24/08/2005). A FAJE foi muito bem avaliada no último IGC, sendo 1º lugar em

Minas Gerais, tendo dado uma contribuição expressiva nas áreas de sua especialidade. Ela é mantida pela

Associação Jesuíta de Educação e Assistência Social – AJEAS -, entidade civil sem fins lucrativos e de

caráter filantrópico, sediada em Belo Horizonte, através de sua filial, o Instituto Técnico Vocacional Santo

Inácio (CNPJ 17.211.202/003-47).

PUC Minas – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião

O Mestrado em Ciências da Religião da PUC Minas iniciou suas atividades em 2008, tendo sido

recomendado pela Portaria MEC nº87, publicada no DOU em 18/01/2008, conforme Parecer CES/CNE

277/2007 de 17/01/2008, pág.s 30-33.

O Mestrado foi antecedido por uma larga trajetória de atividades de ensino, pesquisa e extensão no campo

da teologia, da filosofia e da formação para quadros do Ensino Religioso.

O histórico de formação em Cultura Religiosa em todos os cursos da PUC Minas merece destaque como

importante campo de discussão sobre o fenômeno religioso na universidade, ponto de partida na trajetória

acadêmica de vários docentes que hoje atuam no programa.

Igualmente importante foi o trabalho docente nas disciplinas de Filosofia I e II nos vários cursos da PUC

Minas, bem como as atividades docentes no Curso de Filosofia, de Teologia e de Pedagogia – naquela época

com uma oferta em Aprofundamento em Ensino Religioso. As atividades de ensino, pesquisa e extensão

nestes cursos, bem como a constituição de grupos de estudo, orientações de TCC e a pesquisa em IC,

financiada pela PUC Minas (FIP/PROBIC) com apoio das agências de fomento (FAPEMIG e CNPq/Pibic),

favoreceram o amadurecimento da proposta que se formalizou como Projeto de Mestrado em Ciências da

Religião.

Contudo, deve-se ainda fazer menção neste breve relato, a alguns elementos importantes da historiografia do

Programa para caracterizar o cenário no qual surgiu a proposta. Destacam-se as atividades do Núcleo de

Estudos em Teologia – NET PUC Minas – centro de debates que reúne os vários setores da Universidade

discute nos Ciclos (semestrais) de Palestras e Debates, os vários temas relacionados ao binômio religião e

sociedade. O Núcleo de Estudos Sócio-Políticos – NESP e o Instituto Superior de Pastoral – ISPAL, bem

como o importante banco de dados do Centro Georeferenciado de Informações Pastorais e Religiosas –

CEGIPAR desenvolvem trabalhos que demonstram o compromisso com a missão da universidade neste

campo de trabalhos, reflexões e projetos. Por fim, destacar os trabalhos da comissão editorial da REVISTA

HORIZONTE – REVISTA DE ESTUDOS DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DA PUC Minas,

que vem procurando reunir os trabalhos de relevância na área desde 1997, quando estava vinculada ao acima

mencionado NET. A estas atividades acrescente-se a trajetória de vários docentes na organização e

participação em vários eventos da área, alguns em parceria com a ANPOF – GT FILOSOFIA DA

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RELIGIÃO, SOTER, ABHR, ANPUH-MG, ABHO, FONAPER, entre outras, como campo importante de

maturação da proposta.

O Mestrado foi antecedido ainda por um curso lato sensu, ainda existente, que favoreceu a nucleação final

do corpo docente e a formação dos primeiros quadros discentes do programa. O lato sensu foi oferecido pelo

PREPES, entre 1995 e 2001, como Curso de Especialização em Ensino Religioso e, pelo Instituto de

Educação Continuada – IEC, a partir de 2005, como Curso de Especialização em Ciências da Religião. A

iniciativa vem formando quadros especializados na pesquisa e reflexão sobre o ensino religioso e em

Ciências da Religião no Estado de Minas Gerais e, especialmente, na Região Metropolitana de Belo

Horizonte.

O Mestrado em Ciências da Religião da PUC Minas está vinculado ao Instituto de Filosofia e Teologia Dom

João Resende Costa – IDJ. O Instituto reúne o conjunto da formação filosófica, teológica, pastoral, em

Cultura Religiosa e em Ciências da Religião na Universidade. Até o final de 2009, antes de sua

reformulação, aprovada no final do ano pelo Conselho Universitário, o IDJ contava com 45 professores e

235 alunos – excetuando-se o conjunto dos quase 60 mil alunos da PUC Minas que são atendidos pelas

atividades desenvolvidas pelos seus vários setores de ensino, pesquisa e extensão.

PUC Minas – Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais

O Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI) pretende atender às demandas geradas

pela crescente centralidade das relações internacionais no mundo contemporâneo bem como às necessidades

de formação ética e profissional manifestadas pela sociedade brasileira. Assim, objetiva-se atender às

especificidades desse campo de conhecimento e aos parâmetros que norteiam a filosofia institucional da

PUC Minas.

A constituição do campo de investigação em Relações Internacionais implica a construção de um território

disputado por vertentes teóricas distintas, responsáveis por demarcações do campo, formulação de

problemas e construção de objetos muitas vezes de difícil apreensão empírica. Entender, estudar e interpretar

as Relações Internacionais contemporâneas torna-se, assim, um processo que exige fundamentação teórica

consistente, que permita a realização das conexões necessárias a partir de um escopo analítico solidamente

construído no interior do espectro disciplinar das Ciências Sociais e confrontado permanentemente com o

diálogo interdisciplinar.

3. JUSTIFICATIVA

A questão fundamental que inspira o Simpósio encontra-se estampada no seu próprio título: “Religiões para

a guerra ou para a paz?” A dupla possibilidade aqui aludida radica-se na natureza mesma da religião:

mediação necessária das relações do ser humano com o mundo e com os outros, ela é necessariamente

afetada pela ambiguidade própria da condição humana, que tanto pode se elevar à plena e universal

afirmação da humanidade, como também sucumbir à vertigem de sua negação destruidora.

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A partir dessa questão abrem-se várias vias de reflexão. Por isso, como deixa claro o subtítulo do Simpósio,

propõe-se um diálogo transdisciplinar entre Filosofia, Teologia, Ciências da Religião e Relações

Internacionais, como forma de abordagem capaz de abarcar a complexidade de dimensões e perspectivas

constitutivas do fenômeno religioso no mundo contemporâneo. A programação do Simpósio foi planejada

para viabilizar esse diálogo.

Conforme tradição consolidada em nossos Simpósios, as pesquisas apresentadas serão publicadas em meio

eletrônico e disponibilizadas aos participantes, permitindo assim a divulgação dos resultados da reflexão

proposta bem como o seu ulterior aprofundamento.

A relevância do evento proposto, que justifica o pedido de apoio financeiro para a sua realização, poderia ser

resumida em alguns pontos: a) trata de um tema de extrema importância e atualidade no cenário amplo da

realidade contemporânea; b) promove a troca de experiências e diálogo entre diversas instituições de ensino

superior, por meio de diferentes Programas de Pós-Graduação; c) contribui para a formação acadêmica dos

discentes participantes; d) realiza a publicação, em meio eletrônico, das conferências, comunicações e

artigos dos pesquisadores participantes do Simpósio; e) fomenta o diálogo transdisciplinar, com a convicção

de que somente uma reflexão abrangente dessa natureza permite uma ação consequente e justa, capaz de

fazer frente aos desafios urgentes que brotam da complexa realidade humana em nosso tempo.

4. OBJETIVOS

– Analisar as imagens de Deus (teologias) subjacentes às distintas religiões e sua capacidade de promover a

paz e o entendimento entre os povos;

- Refletir sobre as relações entre razão, violência e religiosidade no horizonte da modernidade;

- Investigar as possibilidades de tolerância e diálogo em um contexto de pluralismo religioso e de

fundamentalismos geradores de conflito;

- Explorar as ambiguidades das crenças religiosas e seus múltiplos desdobramentos no âmbito internacional.

5. METODOLOGIA

As atividades do Simpósio serão distribuídas de forma igualitária entre as áreas de conhecimento da

Filosofia, Teologia, Ciências da Religião e Relações Internacionais. Na abertura do evento, uma conferência

sobre o tema “Religiões para a paz e para a guerra: um retrato de nossos tempos” oferecerá o enquadramento

mais amplo, dentro do qual as demais atividades virão se situar. Em seguida, quatro conferências

transdisciplinares se articularão em torno de dois eixos: “Religião e Paz” e “Religião e Guerra”. As

conferências serão distribuídas em quatro mesas, duas conferências por eixo com a presença de um

debatedor. Assim, para o primeiro eixo teremos os temas “Pluralismo religioso e tolerância” e “Ética

religiosa e conflitos internacionais”; para o segundo, os temas serão “Fundamentalismos e violência” e

“Imagens de Deus e diálogos”. Cada um dos quatro programas envolvidos no evento ficará responsável por

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uma conferência transdisciplinar, e a indicação de debatedores será feita por um programa diferente,

garantindo assim a transdisciplinaridade almejada. Um conjunto de seminários monotemáticos, versando

sobre aspectos do tema em foco, será oferecido a pequenos grupos, para aprofundar as muitas vertentes do

tema. As comunicações oferecerão aos pesquisadores e demais participantes a oportunidade de compartilhar

o resultado de seus trabalhos, como contribuição para enriquecer a reflexão. Uma programação detalhada

será, oportunamente, divulgada.

Para a apresentação das Comunicações, os expositores disporão de 30 minutos, sendo 20 minutos reservados

para a exposição, seguidos de 10 minutos de debate.

As Comunicações serão selecionadas, em função dos resumos propostos, pelo Comitê Científico, mantendo-

se total anonimato a respeito dos autores. Só serão examinados os resumos que obedeçam às normas abaixo

fixadas (ver item 4). O título e o autor, somente das Comunicações que forem selecionadas, serão

divulgados no site do evento, até 17/08/2015, sendo a aprovação transmitida aos respectivos autores por e-

mail ou pelo site do evento.

Os textos completos devem ser postados até a data limite de 30/09/2015, e serão divulgados em versão

eletrônica (CD dos Anais).

Previsão do número de trabalhos inscritos. 80

6. DESTINATÁRIOS

Docentes, discentes e pesquisadores interessados na problemática Religião, Guerra, Paz e Conflitos.

7. COMUNICAÇÕES

7.1 FILOSOFIA

1. O sentido do conceito "religião" na obra Totalidade e infinito de Emmanuel Levinas João Paulo Rodrigues Pereira

Mestrando em Filosofia pela FAJE FAPEMIG

[email protected]

Este trabalho tem como objetivo desenvolver o sentido do conceito religião na obra Totalidade e infinito de Emmanuel Levinas. Em Totalidade e infinito o termo religião significa a relação do eu com o outro que não desemboca em nenhum tipo de participação e de totalidade. Neste sentido, religião é relação ética que se opõe à totalidade da filosofia. Esta reduz toda alteridade à identidade, que reduz o outro ao mesmo. Religião é sinônimo de relação sem violência em que o rosto de outrem anuncia "tu não matarás" e, deste modo, incumbindo-me a responsabilidade por sua vida. A religião será pensada a partir da ideia de separação que exprime a própria multiplicidade em detrimento da violência da totalidade. A separação expressa, por um lado, a relação onde o eu se mantém eu, sem se despersonalizar, como acontece na participação em que o eu se dissolve no todo. Por outro lado, o outro permanece outro, sem que sua alteridade seja reduzida à identidade do eu. Assim a religião é uma relação não violenta em que as partes permanecem separadas, expressando a própria multiplicidade. Essa relação é possível não como conhecimento, mas como desejo do infinito. Desejo diferente de necessidade, já que o desejável simplesmente cava a fome, pois o rosto, que é a própria significação do infinito, sempre me escapa – inapreensível. Portanto, o sentido do termo religião, em

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Totalidade e infinito, é relação com outrem que não é precedida de conhecimento, mas de responsabilidade por outrem.

Palavras-chave: Religião. Totalidade. Infinito. Rosto.

2. Religião, paz e bem em Levinas Klinger Scoralick

Mestre em Ciências da Religião (UFJF) e mestrando em Filosofia FAJE CAPES

[email protected]

Em 1975 Emmanuel Levinas publicou um artigo intitulado "Deus e a filosofia". O texto expressa seu posicionamento sobre o tema do infinito (Deus) e sua importância para se por fim aos enlaces da representação e da imanência do pensar, origem da totalidade e de toda violência possível ao outro. Sob uma reflexão aguda daquilo que constitui a relação à transcendência, Levinas persegue uma narrativa desde a interrogação retirada do Êxodo: "quem somos nós?". É pelo evento da aproximação do próximo, e não do semelhante, que a religião se realiza. A vinda de Deus à ideia, ao pensamento desperta a responsabilidade ou a humanidade do humano ao ponto de uma doação sem reservas do eu-para-o-outro (substituição). Deus entra no jogo das palavras a partir do acontecimento da subjetividade como templo da transcendência. Para além da perspectiva do diálogo e das tematizações sobre Deus, o discurso religioso em Levinas indica uma escatologia da paz que se consolida pela expressão "eis-me aqui", instante ético. Esta análise tem como objetivo descrever a composição da irrupção da ideia de Deus e suas implicações na filosofia de Levinas, significação do além da essência e da socialidade fraterna.

Palavras-chave: Levinas. Religião. Alteridade. Deus. Ética.

3. A fenomenologia da alteridade como caminho para uma compreensão da revelação cristã em Edith Stein

Paulo Roberto Oliveira

Mestre em Filosofia pela FAJE Chefe do Departamento de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ao Direito do Curso de Direito da Unidade

Diamantina / UEMG [email protected]

A formação filosófica da pensadora em questão é a fenomenologia de Edmund Husserl, na qual, entre os anos de 1913 e 1916, na Universidade de Göttingen, Edith Stein assimila rapidamente o método fenomenológico. A cultura e a vida espiritual de Stein se defrontam com tamanha grandeza metodológica. A princípio, o desafio dessa pesquisa consiste em articular o pensamento da autora acerca da religião cristã na sua relação com a fenomenologia, na busca de uma religião que possa ter um caráter humanista, como se caracteriza a revelação cristológica. O tema da alteridade visto pelo método fenomenológico é de grande relevância para Stein no período de estudo em Göttingen, sendo retomado pela jovem E. Stein em sua tese de doutorado, publicada com o título Zum Problem der Einfühlung (o problema da empatia). Desse modo, mostraremos que a religião pura, sem passar pelo crivo da filosofia, torna-se um perigo para a humanidade na medida em que não consegue pensar de forma correta a realidade do ente. Um Deus puramente transcendente é um equívoco existencial, tornando-o distante dos anseios do homem. Portanto, revisaremos a obra de Stein e o método fenomenológico, perfazendo um breve estudo sobre os modelos de religiões e teologias que sobrepõem o divino; posteriormente, refletiremos sobre “o outro” na perspectiva fenomenológica. Com isso, conseguimos demonstrar a verdadeira essência do cristianismo: “o amor ao próximo”.

Palavras-chave: Revelação Cristã. Alteridade. Fenomenologia.

4. A fundação de um reino de Deus na Terra e a questão da (in) dispensabilidade das religiões históricas na filosofia kantiana da religião

Julian Batista Guimarães

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Mestre em Filosofia FAJE CAPES

[email protected]

O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir o papel que Kant concede às religiões históricas (compreendidas sob a denominação geral de “igreja visível”), no processo que o filósofo chama de “fundação de um reino de Deus na terra”, tal como apresentado na parte III da obra A Religião nos limites da simples razão. Para isso apresentar-se-á a distinção kantiana entre religião histórica e religião racional e seus correspondentes (fé histórica e fé religiosa pura, fé eclesial e fé racional pura), bem como o conceito de comunidade ética enquanto povo de Deus sob leis éticas. Tal conceito de uma igreja invisível, enquanto ideia, não é objeto de experiência possível, mas serve de arquétipo àquelas (igrejas) que devem ser fundadas pelos homens. Assim, a igreja visível, enquanto união efetiva dos homens num todo que concorda com aquele ideal, é interpretada como veículo que traz consigo um princípio de aproximação contínua à pura fé religiosa ou religião racional. Por fim, discutiremos a questão da dispensabilidade (ou não) das religiões históricas, implicada na interpretação kantiana, que pode ser resumida nos seguintes termos: à fé religiosa pura se há de acrescentar sempre uma fé histórica (eclesial) como uma parte essencial, ou a fé eclesial, como simples meio condutor, poderá transformar-se progressivamente em fé religiosa pura?

Palavras-chave: Kant. Religião racional. Religião histórica. Fé eclesial.

5. Fundamentação da sociedade política e da comunidade eclesiástica em John Locke

Victor Bacelete Miranda Mestrando em Filosofia pela FAJE

Graduando em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo Bacharel em Direito pela Escola Superior Dom Helder Câmara

[email protected]

O presente artigo é uma investigação acerca dos fundamentos que sustentam a separação entre Igreja e Estado na modernidade. O objetivo é esclarecer sobre quais argumentos o filósofo John Locke (1632-1704) apoia sua tese de que a competência das comunidades políticas não deve ultrapassar os limites civis e alcançar a esfera eclesiástica. Para tanto, se divide em dois momentos, (I) o estudo das comunidades religiosas e (II) a análise das sociedades civis. Em cada um destes preocupa-se em responder, respectivamente, em que consiste a verdadeira igreja de Cristo e quais são as atribuições do Estado enquanto garantidor da liberdade humana. A investigação se concentra na obra Carta sobre a tolerância do filósofo inglês, datada de 1685. Conclui que as comunidades eclesiásticas, enquanto união espontânea e voluntária de homens, devem responsabilizar-se exclusivamente pela salvação das almas, enquanto que as sociedades políticas carecem limitar-se aos assuntos mundanos. Contudo, ambas podem, harmonicamente, versar acerca dos artigos de fé práticos.

Palavras-chave: Modernidade. John Locke. Estado. Igreja, Tolerância.

6. O desejo de continuidade do ser enquanto alicerce da tolerância religiosa

Hugo Estevam Moraes de Sousa Doutorando em Filosofia UFRJ

CAPES [email protected]

O presente trabalho tem em vista tratar a tolerância religiosa a partir das perspectivas sobre o sagrado adotada por Bataille. Partiremos de seus conceitos fundamentais sobre descontinuidade e desejo de continuidade do ser com o erotismo do sagrado, que é por onde se dá a dimensão mística do homem. Tais elementos são fundamentais para estabelecer um elo entre as diferentes religiões, o que possibilita a tolerância a partir dessas experiências comuns. Partindo desse fio condutor, será dada uma atenção especial à primeira espécie de opiniões e ações do homem, espaço esse do culto divino, apresentada por John Locke em seu Ensaio sobre a Tolerância. O empirista inglês afirma neste texto que é plausível reivindicar uma tolerância irrestrita nesta classe de opiniões por serem puramente especulativas e se darem no interior da relação entre um determinado indivíduo e Deus sem provocar distorção na convivência com os homens. Considerando isso, tentaremos identificar neste ponto que a interioridade com Deus, independente da forma de culto que Lhe pode ser prestado, carrega consigo o desejo de continuidade do ser que funda a experiência

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com o sagrado tal qual defendido por Bataille. É tendo raízes neste aspecto fundante que pode ser reivindicada uma tolerância irrestrita. É preciso atentar aqui que os conceitos de Locke e Bataille estão sendo tomados como auxiliares para poder pensar de maneira mais original como é possível a dimensão da tolerância religiosa. Por isso não consideramos em questão as diferenças entre os autores trabalhados.

Palavras-chave: Tolerância. Continuidade. Morte. Sagrado.

7. Liberdade e engajamento político: uma análise das revoltas populares de junho de 2013 no Brasil à luz da filosofia sartriana

Fernando Magnun Corrêa

Filosofia PUC MG [email protected]

Durante o fim do primeiro semestre de 2013 ocorreram no Brasil diversas manifestações de cunho político nas quais um grande número de reivindicações populares se fez ver pelas ruas do país. As manifestações exigiam desde a queda da tarifa do transporte público até o fim de um projeto de emenda constitucional. Várias pessoas de diversas classes sociais saíram às ruas para levar suas reivindicações e exigências para os três poderes da república. Tais ondas de protesto, quando se espalharam pelo país, trouxeram para o cenário do debate político muitas questões relevantes a serem analisadas, inclusive religiosas. Dentre elas, destaca-se a forte reivindicação de demandas laicas e o uso da violência pelos manifestantes para colocar em prática as suas exigências, em especial, o que se chamou de tática black blocs. Paralelamente a isto, temos na filosofia existencialista sartriana um exemplo de como a atuação na vida política da cidade é fundamental para a efetivação da liberdade do indivíduo. Fazendo um caminho entre os conceitos de “liberdade” e “engajamento político” de Sartre, nosso objetivo neste trabalho é traçar algumas relações entre estes conceitos filosóficos e as organizações que se criaram dentro dos protestos.

Palavras-chave: Contraterrorismo. Existencialismo. Liberdade. Engajamento político. Black Blocs.

8. O fundamentalismo religioso como forma posterior do niilismo à luz do pensamento de Nietzsche

Bruno Vignoli

Mestre em Ciências da Religião PUC MG Graduado em Filosofia PUC MG

CAPES [email protected]

No pensamento de Friedrich Nietzsche, niilismo significa inicialmente crise de valores. Esta crise está relacionada aos sentidos ilusórios que norteiam a vida, projetados pelo homem ocidental em no mínimo dois aspectos. Primeiro, como um tipo de negação da vida que tenta responder à falta de sentido através de uma metafísica de duplicação de mundo, como nos casos do platonismo e do cristianismo. Segundo, após a morte de Deus e a derrocada do mundo da verdade, como reação de um novo ethos da modernidade. Além disso, o niilismo ganhou contornos radicais após sua consumação no ocidente. É o que Nietzsche chamou de niilismo passivo e niilismo ativo. Recentemente temos observado a propagação do fundamentalismo religioso. Em sentindo amplo, podemos defini-lo como a tentativa de restabelecer o fundamento das crenças religiosas e metafísicas perdidas ao longo da história e ainda como a pretensão de que os princípios de sua fé sejam generalizados para toda a sociedade. Ora, por um lado, o niilismo passivo tem como característica a debilidade psicológica, que tenta conservar o caráter religioso. Por outro lado, o niilismo ativo é o aumento da força de destruição. Assim sendo, neste trabalho confrontaremos estas perspectivas do niilismo em Nietzsche e alguns aspectos do fundamentalismo religioso, com o intuito de compreendermos como o fundamentalismo religioso pode ser visto como forma posterior do niilismo, uma vez que suas ações estão pautadas na necessidade de restabelecimento da certeza e do fundamento e, ao mesmo tempo, na negação do diferente e no combate ao culpado pela desvalorização.

Palavras-chave: Fundamentalismo religioso. Niilismo. Morte de Deus.

9. Quadros teóricos: um possível caminho para o diálogo inter-religioso

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Jordan de Souza Medeiros

Mestrando em Filosofia pela FAJE CAPES

[email protected]

O objetivo da comunicação é apresentar uma proposta metodológica para o diálogo inter-religioso. Atualmente, o diálogo entre religiões, seja no seu âmbito próprio ou no âmbito político, geralmente é infrutífero, e muitas vezes ele termina em cenários de intolerância. O nosso trabalho pretende mostrar que há um desacordo genuíno por parte dos proponentes desse diálogo. O conceito-chave para demonstrar isso é o de quadro teórico. Defendemos que as partes partem de quadros teóricos distintos, os quais possuem uma estrutura conceitual de compreender e explicar a realidade diversa um do outro. O desconhecimento dos pressupostos semânticos e ontológicos do quadro teórico da outra parte do debate pode levar a se encarar a posição do outro meramente como irracional. Por mais que os termos utilizados pareçam ser os mesmos, os significados não são. Isso gera uma má compreensão mútua e cria obstáculos para um diálogo frutífero. Desse modo, o nosso trabalho irá apresentar, primeiramente, a noção de quadros teóricos e em seguida como essa noção pode contribuir para o estabelecimento de um diálogo inter-religioso real.

Palavras-chave: Quadros teóricos. Diálogo inter-religioso. Metaética.

10. Em nome do Senhor: o poder religioso e a construção cultural do Estado.

Cézar Cardoso de Souza Neto Pós-Graduação em Direito UFMG

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Diego Vinícius Vieira Pós- Graduação em Direito UFMG [email protected]

Este texto traz como tema filosófico-político uma reflexão da religião enquanto expressão de poder e suas consequências. Nesse sentido, tem como objetivo uma análise da religião enquanto manifestação cultural frente à diversidade religiosa, a dicotomia entre a bondade e a intransigência em nome da fé e os conflitos surgidos no campo religioso e, especialmente, na política. O problema da intolerância e a violência em nome do sagrado, cerceando a liberdade religiosa. Assim, através da leitura de textos filosóficos, teológicos e, sobretudo, sociológicos e antropológicos, visando elaborar esta reflexão, que se mostra indispensável no contexto atual. Analisando a dimensão política e o interesse por parte das religiões de impor seus valores morais e religiosos como fundamentos de questões e decisões legais, aproveitando de que apesar de o Estado ser laico, a população não o é. Daí a insistência em influenciar as decisões do poder público, em uma simbiose entre poder divino e terrestre. Esta complexa relação poder religioso e poder civil no Brasil, envolvendo tradições culturais e sociais nas quais o Estado está inserido e constituído historicamente é o campo por onde se desenvolve esta análise. Como conclusão, mostra-se a importância do diálogo inter-religioso e o estabelecimento de limites ao fundamentalismo, como garantia de liberdade e tolerância, estruturada no respeito e possibilitando uma convivência fraterna.

Palavras-chave: Filosofia. Cultura. Religião. Política. Estado.

11. A estrutura humana de receptividade da fé, segundo Jean Ladrière, e sua relação com a construção da paz entre as religiões

Carlos Henrique Machado de Paiva

Mestrando em Filosofia FAJE CAPES

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De acordo com o pensamento do filósofo Jean Ladrière, o ser humano possui em si mesmo uma estrutura de receptividade da fé e esta compreensão pode contribuir para uma experiência de relação pacífica entre as diversas religiões. Assim, pretende-se entender de que modo Ladrière afirma a dimensão ética da existência humana como essa estrutura de receptividade da fé e, a partir disso, avaliar suas implicações no âmbito das relações entre as religiões. Compreendendo-se, num primeiro momento, essa reflexão de Ladrière, presente

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na obra A fé cristã e o destino da razão, será possível, em seguida, relacionar tal concepção a posturas radicalistas como o racionalismo e o fideísmo, que não favorecem a paz, e, por fim, contemplar um horizonte de paz entre as religiões que pode ser fruto de uma vivência da fé, enquanto instauradora de sentido à existência humana e enquanto aberta ao mundo e à sua diversidade, promotora do diálogo e da comunhão entre os seres humanos.

Palavras-chave: Receptividade da fé. Dimensão ética. Paz.

12. Crítica à modernidade: por uma Desconstrução do Conceito de Autonomia

Francisco Alvarenga Junnior Graduando em Filosofia ISTA

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A presente comunicação busca analisar de forma crítica o conceito de autonomia nascente na modernidade. O termo foi introduzido por Kant para designar a independência da vontade em relação a qualquer desejo ou objeto de desejo e sua capacidade de determinar-se em conformidade com uma lei própria. Kant contrapõe a autonomia à heteronomia, em que a vontade é determinada pelos objetos da faculdade de desejar. Na primeira parte será feita uma apresentação geral do conceito de autonomia na teoria filosófica moderna. Após essa apresentação, se desenrolará uma análise que terá como plano de fundo a teoria do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche. Com isso, pretende-se, após uma reflexão genealógica, compreender até que ponto tal conceito esteve presente de fato na sociedade moderna e como era concebido por diferentes linhas filosóficas modernas, como, por exemplo, o empirismo e o racionalismo. A partir daí, pensaremos seus frutos na sociedade contemporânea, tendo como uma possível conclusão a afirmação de que a autonomia nunca passou de um conceito, belíssimo por sinal, como tantos outros, podendo ser visto como uma utopia, ou mesmo, uma ilusão humana.

Palavras-chave: Autonomia. Genealogia. Modernidade. Nietzsche.

13. A religião mínima e os desafios da religião na hipermodernidade Fabiano Veliq

Doutor em Psicologia pela PUC Minas Graduado em Filosofia pela UFMG

[email protected] O conceito de religião mínima foi proposta por Mikhail Epstein em 1982 e desenvolvida em um segundo artigo de 1999 e se caracteriza por ser uma resposta ao ateísmo e ao processo de secularização. A análise proposta por Epstein visa mostrar que o ateísmo soviético, ao tentar eliminar toda forma de religião, acaba promovendo um ressurgimento de um novo tipo de religiosidade na cultura russa. Esse novo tipo de espiritualidade tem uma visão diferente sobre Deus, pois o vê não mais dentro de uma estrutura teísta, mas como algo que estaria além de qualquer tipo de simbolização. A noção de Deus como ausência é vista como capaz de sintetizar em parte essa nova percepção de Deus em nosso tempo e, ao mesmo tempo, de permitir uma vivência religiosa mais aberta. A religião mínima seria, então, uma espiritualidade pós-ateísta que se caracterizaria por uma fé pura e simples, sem classificações ou características denominacionais. A presente comunicação visa explicitar o conceito de religião mínima proposto por Epstein e mostrar o seu alcance para pensarmos os desafios da Religião na hipermodernidade.

Palavras-chave: Religião mínima. Pós-teísmo. Espiritualidade. Ateísmo. Hipermodernidade.

14. A possibilidade de um diálogo inter-religioso a partir do conceito de Quadro referencial teórico José Carlos Sant'Anna

Graduação em Filosofia FAJE [email protected]

A religião é um fenômeno que acompanhou todas as sociedades e culturas, adquirindo, assim, uma importância central em toda a história. No entanto, apesar de quase todas as religiões utilizarem a palavra ‘Deus’ (e/ou ‘deuses’) para designar um Ser supremo como fonte de uma peculiar experiência religiosa, o fenômeno religioso assume as mais diversas formas e configurações como representação desse Ser. É justamente nesse ponto que se impõe uma tarefa de importância central para o filósofo: como interpretar filosoficamente a pluralidade das religiões e dos fenômenos religiosos? Para isso, utilizar-se-á o

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conceito de quadro referencial teórico, do filósofo Lorenz B. Puntel, da obra Estrutura e Ser, para conferir sentido e justificação para as estruturas internas do discurso religioso, a saber, estruturas formais, semânticas e ontológicas. E, além de fornecer precisão filosófica para uma perspectiva compreensiva do fenômeno religioso, o conceito de quadro referencial teórico, juntamente com o conceito de verdade semântico-ontológica, em que a verdade é apresentada sempre relativa ao seu quadro teórico, torna-se uma ferramenta que contribui imensamente para o diálogo inter-religioso e transdisciplinar. Diante do atual cenário religioso, em que há várias marcas negativas disseminadas pelo fundamentalismo e intolerância, esses conceitos filosóficos apresentam-se como essenciais para promover o entendimento entre povos e culturas diversas. Portanto, o objetivo dessa comunicação é explicitar a possibilidade de um diálogo autêntico e substancial entre as diversas religiões através de um conceito estritamente filosófico.

Palavras-Chave: Quadro referencial teórico. Diálogo inter-religioso. Fenômeno religioso.

15. Habermas e a resolução de conflitos religiosos em sociedades pós-seculares Sérgio Murilo Rodrigues

Doutorando em Filosofia UCM Espanha, Professor de Filosofia PUC Minas FIP/PUC MINAS

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Esta pesquisa pretende apresentar e analisar a pertinência das posições assumidas por Jürgen Habermas a respeito da tradução e inclusão de conteúdos religiosos na esfera pública política das sociedades pós-seculares para a resolução de conflitos religiosos dentro de Estados democráticos de Direito. O objetivo é mostrar como podem ser evitadas respostas violentas de conflitos acerca de questões políticas controversas de interesse público, que podem levar a uma situação de “guerra religiosa” entre crentes e não-crentes e entre crentes de diferentes tradições religiosas através do uso da razão pública e de um procedimento de tradução cooperativa de conteúdos religiosos, que utilizam a perspectiva de uma inclusão social por via de processos de aprendizagem social. Dentro do marco teórico da filosofia habermasiana, serão utilizadas principalmente as obras Direito e Democracia (2003), Entre naturalismo e religião (2007), Fé e saber (2013) e Nachmetaphysisches Denken II (2012). Em nossa conclusão, pretendemos mostrar as vantagens da posição filosófica de Habermas em comparação à estratégia do Proviso de John Rawls, mostrando ser a primeira a mais adequada para lidar com as tensões sociais geradas pelos conflitos entre os ideais de vida boa intrínsecos às visões de mundo das diferentes formas de vida religiosa e das comunidades não-religiosas, principalmente aqueles relacionados aos direitos fundamentais.

Palavras-Chave: Habermas. Pós-secular. Religião. Esfera pública. Razão pública

16. Voegelin versus Kelsen: história, política e religião

Philippe Oliveira de Almeida Doutorando em Direito UFMG

FAPEMIG; CAPES [email protected]

O objetivo de nosso trabalho é reconstruir o debate travado, nos albores do século XX, entre Eric Voegelin e Hans Kelsen, em torno da ideia de secularização. O fim da Belle Époque e a crise do imperialismo oitocentista, decorrentes da Primeira Guerra Mundial, levaram a intelectualidade europeia a uma revisão do projeto moderno de laicização. Muitos viam, na Grande Guerra, o resultado do desmantelamento da Cristandade e da expansão do humanismo ateu. A relação entre religião e política será objeto de controvérsia, que dividirá crentes e não-crentes. Voegelin, ex-pupilo de Kelsen, atribuirá ao positivismo jurídico parcela substancial da culpa pela fragmentação político-ideológica do Ocidente moderno. A seu juízo, o relativismo moral encampado pelas teorias políticas e jurídicas modernas pavimentaria o caminho para o desenvolvimento dos nacionalismos e de ideologias autoritárias e totalitárias. Kelsen, em contrapartida, verá nessas doutrinas a reminiscência de cosmovisões religiosas, que devem ser definitivamente extirpadas do debate público para que a democracia floresça. A tensão entre Voegelin e

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Kelsen é emblema do conflito entre duas propostas hermenêuticas opostas, que se mantém, ainda hoje, no imaginário ocidental: a tese da história religiosa do político e a tese da história política do religioso (que tem seus mais ilustres representantes em, respectivamente, Karl Löwith e Hans Blumenberg). A religião freou ou catalisou o nacionalismo e o totalitarismo? O humanismo ateu estimulou ou obstaculizou a paz na Europa? É esse o cerne do embate entre Voegelin e Kelsen – cujos argumentos centrais procuramos recuperar.

Palavras-chave: Voegelin; Kelsen; secularização

17. A paz como valor: É possível cultivar a paz, dentro da sociedade atual?

Júlio Cesar Rodrigues Mestre em Ciências da Religião PUC Minas

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Friedrich Nietzsche, através do olhar de Paul Valadier – professor das Faculdades Jesuítas de Paris. O pensamento valadieriano se ampara em uma interpretação do niilismo, não apenas como um “destruidor” de qualquer conceito, mas como o desafio contínuo de refazer e reinterpretar os valores de cada sociedade. Por isso, nessa visão, Nietzsche não é o precursor de um ateísmo contemporâneo, mas um ratificador da necessidade constante de se relativizar todo e qualquer absolutismo, visando construir constantemente valores significativos e coerentes com o tempo em que se encontram. Nesse contexto, se encaixa a religião – como “religare” da significação do ser humano com a divindade – e não apenas como uma instituição secular. Por isso, a paz não é apenas uma contingência, mas a constituição da própria essência, sempre repensada e redefinida como fundamento de uma “boa” vida que cada ser humano busca alcançar. Objetiva-se assim, entender a relação positiva e possível entre o niilismo, a secularização e a própria religião. Compreender ainda que o movimento da contemporaneidade não é um inimigo, mas um contexto que necessita de reinterpretação e recontextualização constante, típicos de uma genealogia nietzschiana. A metodologia utilizada foi a da revisão bibliográfica, capaz de ampliar os horizontes. E as conclusões ainda que parciais e provisórias entendem que a pertinência de todo o processo não é apenas a formulação de novos valores, mas sim a compreensão do sentido a ser dado para cada intenção e ação.

Palavras-Chave: Niilismo. Religião. Valores. Nietzsche. Genealogia

7.2 TEOLOGIA

1. Princípio de comunhão: caminho de inserção dos primeiros cristãos no Império Romano

Leonardo Henrique Piacente Mestrando em Ciências da Religião PUC Campinas

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O princípio da koinonia foi essencial nas Comunidades cristãs nos três primeiros séculos, pois, além de significar comunhão e fraternidade, expressava algo novo e independente: a unanimidade e unidade levada a efeito pelo Espírito. Baseado nesse princípio, os cristãos trouxeram às instituições antigas, uma nova forma de organização, na qual as relações eram baseadas na comunhão fraterna. Essa nova forma de vivência penetrou nas diversas estruturas e organizações do Império Romano. A vivência solidária e fraterna dos cristãos foi o diferencial responsável não só pelo crescimento e expansão das Comunidades, mas também pela sua valorização e adesão de muitos. Nela, não havia separação: a pessoa é um todo, ou seja, vida e fé se encontram num conjunto harmonioso. O objetivo dessa pesquisa é analisar o princípio de comunhão como constitutivo das primeiras Comunidades cristãs e este como base do seu estabelecimento dentro do Império Romano. A metodologia será qualitativa, tendo como base um método bibliográfico exploratório e a hermenêutica das fontes e dos textos. Portanto, buscar-se-á mostrar que o encontro entre Comunidades

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cristãs e Império Romano, mesmo conflitivo, teve possibilidade de ocorrer em virtude do testemunho de comunhão aprendido do Mestre Jesus e testemunhado pelos seus seguidores.

Palavras-chave: Igreja Primitiva, Comunhão, Império Romano.

2. Espiritualidade não religiosa e crítica social na obra “série bíblica” de Portinari

Ceci Maria Costa Baptista Mariani Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião e professora da Faculdade de Teologia da PUC-

Campinas. Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP, Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção.

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Bíblia, espiritualidade não religiosa e crítica social são termos que configuram uma estranha combinação. O artista Cândido Portinari (1903-1962) – agnóstico e comunista – foi, entretanto, capaz dessa proeza. Em vários trabalhos, mas especialmente nos painéis que compõem a sua “Série Bíblica”, encontramos crítica e denúncia da violência humana, expressa a partir de uma espiritualidade profunda e não religiosa. Composta sob o impacto da Segunda Guerra Mundial, e influenciada pela linguagem cubista de Picasso (Guernica), a obra parece retratar e denunciar o holocausto através de cenas bíblicas destacadas do Antigo e Novo Testamento. As oito telas que compõem a “Série Bíblica” tematizam o sofrimento humano. Fazem referências à figuras paradigmáticas do judaísmo: à angústia de Abraão diante de Isaac prestes a ser sacrificado, ao pranto de Jeremias, ao sofrimento inconformado de Jó, ao choro inconsolável de Raquel, ao desespero da mãe que suplica a Salomão que poupe a vida de sua criança, à Marta que chora a morte do irmão e pede a ressurreição de Lázaro e à ira das mães, “último baluarte”, uma tela, cuja referência bíblica não se pode identificar imediatamente e que mostra mulheres em luta física pela defesa dos filhos. Essa comunicação, inserida no contexto mais amplo de um estudo sobre a dimensão crítica da mística e tendo como referencial teórico a fenomenologia do fenômeno místico de Juan Martín Velasco, visa através de metodologia bibliográfica exploratória, fazer a leitura interpretativa dos painéis, ressaltando os sinais da espiritualidade profunda presente na obra.

Palavras-chave: Espiritualidade não religiosa, Série Bíblica, Cândido Portinari, Crítica social, Sofrimento humano

3. Diálogo entre a Bioética de Juan Masiá Clavel e Religiões

Jorge Luiz Gray Gomes Doutorando pela FAJE

FAPEMIG [email protected]

Juan Masiá Clavel, um bioeticista relevante, apresenta uma bioética em diálogo com o mundo atual. Sua clareza e facilidade de pensar e escrever assuntos bioéticos, trazem questionamentos e reflexões sobre a maneira de se fazer bioética numa realidade cercada de secularização, religiões, morais e sociedades civis que ainda precisam sair das imposições experimentadas para um real diálogo com o que surge de novo e de diferente. As religiões na maioria das vezes tendem para conservar seus costumes, suas morais, seus dogmatismos. Porém, nas situações conflitantes e muitas vezes de guerra, o que se torna mais racional e de fé é o diálogo, não só para minimizar as reações radicais de violência como também para não excluir o que já se torna realidade em várias culturas, inclusive nas teocracias ou poderíamos dizer nas sociedades onde a religião comanda o político-econômico e social. Masiá na sua sutileza e leveza de aproximar as realidades vigentes e a bioética, favorece um diálogo e uma abertura para com o novo e diferente para que a inclusão seja uma forma de “amar a Deus sobre todas as coisas” e o antropológico seja visto como “imagem e semelhança a Deus”.

Palavras-chave: Diálogo, Bioética, Religiões, Masiá.

4. O pluralismo religioso: desafios às religiões Evaldo Apolinário

Mestre em Ciências da Religião (PUC Minas), em 2015. Graduado em Filosofia e Teologia. Possui especialização em Ensino Religioso pela PUC Minas. Atualmente é coordenador Pedagógico pastoral do Colégio Santa Maria em Contagem- MG

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A consciência do pluralismo religioso, seus desafios às religiões, suas exigências e seus questionamentos, têm crescido muito na realidade do mundo de hoje, na sociedade atual. Estamos num mundo globalizado e diverso. Diante de uma realidade caracterizada pelo pluralismo religioso, não há mais condições de uma perspectiva de “entrincheiramento”, de fixação num único itinerário, sem se dar conta da singularidade e da riqueza de outros a não ser numa atitude de fechamento. Na esteira dessa concepção alinham-se vários autores defendendo o diálogo inter-religioso como princípio de que nenhuma Religião deve fechar-se em si, apegando-se em sua verdade última, apagando a singularidade e a verdade das outras. Como conviver com o diferente, com a crença alheia, dialogar, sem negar a própria cultura e tradição religiosa? A metodologia utilizada para desenvolver esta comunicação será a pesquisa teórica bibliográfica. Para essa discussão tomaremos como referência as posições dos autores, André Torres Queiruga, Claude Geffré, Faustino Teixeira, Jacques Dupuis e Roberlei Panasiewicz, que apresentam o respeito e a tolerância religiosa como bases para a construção do diálogo inter-religioso. Objetiva-se refletir a respeito do pluralismo religioso, seus desafios e efeitos. Procuraremos identificar quais as tentativas tomadas pelas tradições religiosas que favoreceram a abertura do diálogo e de aceitação do outro e do diferente.

Palavras-chave: Pluralismo religioso, Diálogo, Religião, Identidade religiosa

5. “Vai e procede tu de igual modo”: por uma aproximação entre a ética samaritana e a economia do dom em Paul Ricoeur

Daniel Ribeiro de Almeida Chacon Mestrando Faje

CAPES [email protected]

Frederico Soares de Almeida

Mestre em filosofia FAJE [email protected]

O objetivo da presente comunicação consiste em realizar uma aproximação entre a ética expressa na perícope de Lucas 10, 25-37 e a noção de economia do dom em Paul Ricoeur. Mediante o cenário bélico do extremismo religioso, a pergunta pelo lugar do outro na experiência do crente se faz fundamental. Com efeito, no decurso da perícope analisada, Jesus atribui um novo significado às relações humanas, propondo uma ética de transformação em meio a um contexto permeado de preconceitos étnicos e religiosos, em que o próximo era vítima da violência e do desprezo promovido por um sistema religioso legalista e desumanizador. Ricoeur, por conseguinte, irrompe como um importante filósofo contemporâneo que reinterpretou a Regra de Ouro, expondo a lógica da economia do dom (dádiva) como correção da lógica da equivalência. Dessa forma, Ricoeur sublinhou o amor como norteador moral das relações humanas. Nesse sentido, pretende-se destacar as afinidades eletivas entre ambas as referências. O método utilizado neste labor acadêmico será a revisão bibliográfica. A presente pesquisa remonta à uma análise da obra Nas Fronteiras da Filosofia de Paul Ricoeur. Ainda, por razões metodológicas, o percurso exegético acerca da perícope de Lucas 10, 25-37 será realizado a partir do método histórico-crítico.

Palavras-chave: Ética Samaritana, Economia do Dom, Religião, Ricoeur

6. “Vós, pois, quem dizeis que eu sou?”: a religiosidade proposta por satã X a proposta pelo Messias-servidor

Flávia Luiza Gomes Mestre em Ciências da Religião pela PUC-MG; Especialista em Teologia Bíblica pela FATE-BH

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A comunicação propõe apontar, através da análise da perícope de Marcos 8,22-38;9,1, perspectivas evangélicas para a catequese da vivência religiosa. É nesse ponto, iniciando a quarta parte de Marcos, que Jesus se dedica a instruir seus discípulos no intuito de extirpar-lhes a cegueira em relação à sua pessoa e missão, para que não se conformem em opositores do projeto divino enquanto adeptos da proposta satânica no seguimento religioso. Mediante a confissão de Pedro, que afirma ser Jesus o Messias, seguida da rejeição de um Messias-servidor a caminho da cruz, apercebe-se a formulação de um paradigma às avessas do

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encarnado pelo nazareno. Jesus repreende Pedro dizendo que ele é satã, impelindo num chamamento para caminhar atrás e não se interpor a traçar a rota do Messias. Marcos, escrito com o projeto literário de narrar a história de Jesus com finalidade catequética, objetiva mostrar que o crucificado que propõe amor incondicional e não se apresenta como figura régia para restaurar os destinos políticos de Israel, é o Filho de Deus. O conflito vivenciado se refere ao messianismo encarnado por Jesus em contrapartida à visão triunfalista, bélica, do judaísmo corrente no desejo de aplacar seus detratores políticos que na afirmativa de Pedro redundaria em declarar que a revolução encontrava-se às portas. Além da literalidade, nos tempos hodiernos muitos têm entrevisto várias “revoluções e guerras” em nome do Cristo. Refletir sobre atuais confissões a respeito da identidade de Jesus por meio de práticas, posturas religiosas emergentes é tarefa urgente no meio da cristandade.

Palavras-chave: Jesus, Religião, Messias, Seguimento, Paz

7. O sentido da fé na contemporaneidade

Sheyla Souza Rocha Mestranda em Ciências da Religião PUC Minas

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Para João Batista Libanio, “não há fé fora do contexto cultural em que vivemos. O universo cultural marca-nos a fé”. Winnicott visualiza que a fé está “ligada com a significação global da existência em cada homem”. Outros autores mostram outros sentidos importantes. Juan Luis Segundo pensa que a fé ajuda a suportar as contradições da natureza do ser humano; Erick Fromm diz que a fé “dá sentido à vida” ou é a “tomada de posição básica diante da vida”. O ser humano contemporâneo busca fundamentar tudo na racionalidade. Nesse contexto, como fica a fé? O objetivo desta Comunicação é contextualizar o sentido da fé e torná-lo relevante. Será que o sentido da fé tem-se desvirtuado assim como as religiões têm se multiplicado? Mesmo neste contexto atual de ideologias antropocêntricas, a fé permanece, seja de natureza religiosa ou antropológica.

Palavras-chave: Contemporaneidade, Fé, Sentido, Vida

8. A religião, lugar para a mais alta expressão do amor de Deus à humanidade Francilaide Queiroz Ronsi

Pós-doutoranda em Ciências da Religião pela UNICAP CAPES

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A nossa reflexão parte da nova concepção da revelação que acontece maieuticamente na trajetória humana, em que procura resguardar a liberdade de Deus, sem perder a sua novidade na história humana. A revelação deixa de adquirir um caráter de ‘ditado divino’ e forte sentido fundamentalista para assumir um novo entendimento, um ‘dar-se conta’ da presença de Deus ‘sempre aí’, que, maieuticamente na história, revela-se ao homem, sem distinção de tradição cultural ou religiosa. Esta compreensão favorece novas perspectivas para o encontro real entre as várias tradições religiosas. Como veremos, essa nova maneira de conceber a revelação possibilitou compreender a ‘particularidade’ como necessidade da realização histórica, abrindo um novo caminho e novas possibilidades. Segundo Andrés Torres Queiruga, a partir desta nova compreensão, com a constatação da universal presença reveladora e salvífica de Deus, pode-se eliminar toda ideia de favoritismo, e as religiões poderão ser apreciadas como verdadeiras pela medida com que cada uma capta, a seu modo, em sua história e cultura, esta Presença.

Palavras-chave: Revelação, Religião, História, Maiêutica

9. Compreender as semelhanças nas diferenças: aproximações ético-teológicas para um diálogo religioso comprometido com a paz

Tiago de Freitas Lopes Doutorando em Teologia pela FAJE

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A teologia cristã e a ética filosófica possuem como valor inegociável a prática de uma vida pacífica e o respeito pela diferença de outrem. Dessa maneira, a compreensão das semelhanças nas diferenças pode orientar um diálogo religioso e direcioná-lo à paz. Para sustentar essas reflexões, serão consideradas

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ponderações do teólogo David Tracy sobre a possibilidade do diálogo religioso entre diferentes culturas e experiências religiosas. Este trabalho está desenvolvido em três partes, quais sejam: a situação de pluralidade no mundo contemporâneo e os desafios para um diálogo entre as religiões; a conversação entre os clássicos da cultura e os clássicos religiosos como um ponto de partida para o diálogo, e uma reflexão final, que apresenta a ética unida à teologia como um caminho para a paz dentro do diálogo religioso.

Palavras-chave: Diálogo religioso, conversação, semelhanças nas diferenças, ética, clássicos religiosos

10. A guerra santa: uma doutrina bíblica? Neemias de Oliveira

Mestrado FAJE [email protected]

Em Números 31,3 Deus ordenou que Moisés saísse para uma guerra sem tréguas “contra os madianitas e [executassem] a vingança do Senhor contra eles”. A guerra terminou com a vitória esmagadora de Israel sobre o inimigo. Seja qual for o caso, a batalha de Israel contra Madiã pertence a uma categoria: “guerra santa”. A presente comunicação tem por objetivo apresentar uma exposição dos textos bíblicos que de algum modo sugerem a temática da “guerra santa” e sua análise a partir da obra de Roland: Historia antígua de Israel, na qual entende ser melhor chamá-las de guerras religiosas, e não guerras santas, apontando para o fato de quão perigoso pode ser a interpretação literal das Escrituras.

Palavras-chave: Guerra Santa, Doutrina Bíblica, Ideologia religiosa da guerra santa

11. A Sociedade São Vicente de Paulo e a manutenção da paz Itamar ary sacramento santos

PUC Minas [email protected]

O objetivo desta Comunicação é discutir e refletir se houve e há contribuição da Sociedade São Vicente de Paulo – SSVP, na figura dos Vicentinos, à manutenção da paz na sociedade. Dentre as formas de demonstrar o compromisso com os pobres e tentar manter a quietude na sociedade onde atuam, eles ajudam materialmente e praticam visitas semanais às casas dos assistidos. Vale lembrar que a caridade disseminada pela SSVP não é uma ação assistencialista. O intuito dos vicentinos é sempre promover uma ação transformadora na vida do necessitado, objetivando assim, uma inclusão social. O propósito é sempre mudar o destino do assistido trazendo a ele uma ajuda espiritual, material e principalmente libertadora, tendo como meta uma cidadania plena do indivíduo. Outra forma de contribuição para a transformação da sociedade são as Obras Unidas, através de hospitais, clubes de serviços, creches, escolas, entre outros. Na busca da construção de um mundo mais justo, fraterno, com justiça social, os Vicentinos participam de uma ação que acaba por contribuir por trazer a ordem na sociedade.

Palavras chaves: paz; justiça social; transformação social; caridade

12. Em diálogo: a reconciliação cristã para Dom Luciano e o perdão para Ricoeur

Virginia Albuquerque de Castro Buarque Doutora em História UFRJ; Professora do Departamento de História da UFOP

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Durante seus 30 anos de episcopado (1976-2006) junto às Arquidioceses de São Paulo e Mariana, dom Luciano Mendes de Almeida inúmeras vezes mencionou a importância que conferia à reconciliação, tão crucial, em seu entender, como a partilha, para a constituição de uma subjetividade e de uma relação sociopolítica de perfil cristão. Mas o significado por ele atribuído à reconciliação era dotado de particular radicalidade: para dom Luciano, ela implicava não somente na ausência de retaliação do mal cometido, mas principalmente na prática do bem (ou, ao menos, de um querer bem) àqueles que causaram o sofrimento. Com isso, apregoava dom Luciano, o cristão deixa de reduzir sujeitos ou grupos ao delito que cometeram, para neles vislumbrar a miséria da condição humana, a qual, sob condições bem diversas, ele também porta,

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o que torna a todos carentes da misericórdia divina. Ademais, conclui dom Luciano, a violência não dilui a dor, apenas a desdobra, replicando-a na vida de tantas outras pessoas, enquanto a reconciliação, por sua inerente gratuidade amorosa, viabiliza um recomeço, metáfora da ressurreição. Esta comunicação tem por objetivo pontuar convergências e singularidades entre o sentido da reconciliação para dom Luciano e a concepção de perdão para Paul Ricoeur, tomando como fonte privilegiada os escritos de ambos sobre a temática. Como fundamentação teórico-metodológica, a reflexão apoia-se na reflexão de Michel de Certeau sobre a performatividade do religioso e do ato de crer na história

Palavras-chave: Dom Luciano Mendes de Almeida, Paul Ricoeur, Reconciliação, Perdão

13. “Para mim o importante é o outro”. A primazia do outro no testemunho de Dom Luciano Mendes de Almeida

Francesco Sorrentino Pontifício Instituto das Missões Exteriores - PIME

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A comunicação, baseada em pesquisa bibliográfica, visa apresentar, de forma explicativa, um traço marcante da vida e do pensamento de Dom Luciano Mendes de Almeida, isto é, a ilimitada abertura à alteridade. Tal abertura não teve geração espontânea. Com efeito, foi a primeira lição aprendida desde a infância em casa e, sucessivamente, consolidada na Companhia de Jesus através da espiritualidade inaciana. Finalmente, foi aprofundada na tese doutoral em Filosofia a partir da teoria de conhecimento do outro de Santo Tomás de Aquino. Para Dom Luciano, o verdadeiro amor cristão exige a descoberta do valor do outro e a consideração do outro como alguém superior a mim. Portanto, o semelhante, seja quem for, deve ser descoberto, conhecido e amado. Nesse sentido, a perspectiva do bispo jesuíta oferece uma válida contribuição teológica para a convivência pacífica no atual contexto de pluralismo cultural-religioso, no qual, longe de qualquer tolerância superficial, deve-se chegar à verdadeira apreciação do diferente.

Palavras-chave: Dom Luciano, Outro, Convivência pacífica

14. É possível pensar a salvação na Pós-Modernidade? René Armand Dentz Junior

Doutorando em Teologia FAJE CAPES

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A pós-modernidade desafia o cristianismo. A ênfase em outro mundo tornou-se prerrogativa cristã, advinda do platonismo. Sem Deus, tudo carece de sentido, pois o ser humano que aqui é referido vive para Deus e procura n´Ele a saída para todos os seus sofrimentos. Sofre-se, sente-se aliviado tendo em vista uma vida futura; se sofre, o faz também em nome de Deus. Se não há mais esperança em Deus, então os cristãos ficaram órfãos e perdidos e, desse modo, justifica-se o mais belo silogismo que conclui pela perdição cristã. O que lhes amparava em suas limitações era justamente a grandiosidade e a infinitude do Deus que fez o mundo. A vida eterna no além, agora, torna-se utopia, isto é, etimologicamente: “em lugar algum”. A vida, a “verdadeira”, que seria num além e que não conheceria mais a corrupção da carne está totalmente destruída pelo anúncio do homem louco: “Deus está morto!” Se existe uma transcendência, essa só pode acontecer na própria imanência. No entanto, não é possível que o racionalismo também ocupe o lugar de Deus para dar lugar ao homem puramente racional. A “morte de Deus” é a morte contra um “monoteísmo”, é a luta contra a metafísica da verdade e, com isso, busca-se o aniquilamento da metafísica. O saber pós-moderno se interessa pelos indecidíveis, nos limites da precisão do controle; pelos quanta; pelos conflitos de informação não completa; pelas catástrofes físicas; pelos paradoxos paradigmáticos e pelo descontínuo. Ou seja, não se propõe a produzir o conhecido, mas o desconhecido; e a legitimação deste saber não se dá mais pela dialética do Espírito nem tampouco pela emancipação da humanidade. O saber está mais para o caráter imprevisível das descobertas.

Palavras-chave: Pós-Modernidade; Dom; Fundamento; Morte de Deus; Desconstrução.

15. Religiões e Reconhecimento: a diversidade religiosa como caminho da paz mundial

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Luciano Gomes dos Santos Doutorando em Direito na PUCMinas

Doutorando em Teologia FAJE CAPES

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A presente comunicação visa analisar o tema das religiões e reconhecimento, considerando a diversidade religiosa como caminho da paz mundial. As religiões possuem por natureza a mediação das relações do ser humano com o mundo, com a alteridade e o sagrado. Nos últimos anos, ocorreu crescente número de novas religiões em todo mundo. Observamos também, que aumentou a intolerância religiosa, as práticas fundamentalistas e por consequência, a intolerância religiosa, a violência e a morte da alteridade. O fundamento de toda religião por essência é o amor em nome de um fundamento universal. Diante da diversidade religiosa é necessário assumir a dimensão do reconhecimento por meio das relações do afeto, do direito e da solidariedade, conforme as contribuições do filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth. Haverá paz mundial entre as religiões no reconhecimento da diversidade religiosa por meio da experiência intersubjetiva. A falta de reconhecimento entre as diversas identidades religiosas promove relações de desrespeito como: (1) maus tratos e violação, atingindo a integridade física da pessoa; (2) privação de direito e exclusão, afetando a integridade social; por fim, (3) degradação e ofensa, ameaçando a honra e a dignidade do indivíduo. Todas as religiões são chamadas a construir a paz na diversidade religiosa e fazer da religião espaço do reconhecimento.

Palavras-chave: Religiões, Reconhecimento, Diversidade Religiosa, Paz.

16. Literatura poética nas Sagradas Escrituras: um auxílio no encontro do homem com Deus Alisson José da Silva Esteves Pereira

Centro Universitário Claretiano [email protected]

O homem, ao longo da história, sempre ficou intrigado e curioso para conhecer um pouco do ser divino. Quando Moisés estabeleceu a crença em um só Deus e narrou a mão do Criador sobre a criação de todas as coisas e todos os seres viventes, o povo que antes andava desolado, sem rumo e sem perspectiva de vida, passou a nortear sua vida na crença e na proteção desse Deus onipotente que Moisés afirmou estar sempre presente no meio daqueles que o clamassem. Com o tempo, para não perder os preceitos religiosos e a ligação com Deus, surgiram os textos Sagrados como uma forma de se perpetuar tudo aquilo que se sabia de Deus, recebendo o nome de Bíblia ou Sagradas Escrituras. Em meio aos preciosos textos sagrados norteadores dos fiéis monoteístas, existem algumas composições poéticas lindíssimas que descrevem, por intermédio das figuras de linguagem, a face de Deus, os clamores e pedidos do povo a Ele, bem como a explicação do seu amor divino e um diálogo do homem com Deus. Devido a isso, neste presente trabalho, buscar-se-á selecionar alguns poemas Sagrados para narrar o encontro do homem com Deus por intermédio deles, bem como explicar a importância poética dos mesmo.

Palavras chave: Homem, Deus, Sagradas Escrituras, Poesia

17. Fé e razão, como a razão pode explicar Deus, sem levar ao ceticismo Rafael Antonio Faraone Dutra

Mestrando Teologia PUC São Paulo [email protected]

José de Souza Paim

Mestrando Teologia PUC São Paulo

A sociedade está em constante transformação, ocasionada pela mudança na mentalidade das pessoas, que com o tempo sentem a necessidade e aprenderam a questionar, desde as coisas mais simples da vida, como também as mais complexas, que antigamente eram impostas e aceitas por todos. Com o tempo, algo que virou objeto de indagação é a fé. Através da razão, são feitas diversas perguntas com o objetivo de desvendar melhor os mistérios da fé. É certo que tais questionamentos produzem evolução e amadurecimento na construção do pensamento, porém até que ponto essa fé é benéfica, ou tende a levar a um ceticismo? O tema deste trabalho é fé e razão, visando explorar até onde é conciliável os dois caminharem juntos, sem que a razão interfira negativamente. Como objetivo, trata-se de explorar quais os

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benefícios que a razão traz para a fé, e quais os impactos negativos que ela pode produzir, além de definir o que é fé e razão, demonstrando como ao longo do tempo, a razão passou a fazer parte da sociedade. Nossa metodologia será bibliográfica. Teremos como fonte a obra de TIMOTHY KELLER. A fé na era do ceticismo. Como a razão explica Deus. Como conclusão, tentaremos mostrar que razão e fé são duas realidades que não se opõem, mas devem caminhar juntas na busca da verdade.

Palavras-chave: Fé, Razão, Ceticismo

7.3 RELAÇÕES INTERNACIONAIS

1. As religiões como “forças profundas" nas relações internacionais Evanildo Costeski

Doutor em Filosofia Universidade Federal do Ceará

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A Teoria das Relações Internacionais sempre foi vista como uma disciplina “ateia”, distante das experiências religiosas. Atualmente, a situação está mudando. Não se pode ignorar mais a importância das religiões nas Relações Internacionais. Mas as teorias clássicas estão preparadas para acolher as religiões em suas análises? Tradicionalmente, o Realismo se concentra mais sobre as forças materiais; o Construtivismo, ao defender que a estrutura é constituída pelo homem, poderia dar um espaço mais determinante ao fator religioso, mas poucos teóricos têm feito isso. O mesmo pode ser dito da Escola Inglesa. Já para os marxistas, a religião sempre foi vista como “ópio do povo”. Na presente comunicação, optamos em explorar o conceito de forces profondes, desenvolvido pelo historiador francês Pierre Renouvin (1893-1974). É verdade que Renouvin evitou pensar positivamente a religião como um tipo de force profonde específica. Ele considera ser praticamente impossível compreender historicamente o sagrado religioso. Todavia, como salientou Robert Frank (1944), ao se falar da religião, não se deve focar apenas no aspecto transcendental da fé. A religião faz parte da cultura humana e, como tal, não pode ser desprezada pelo historiador das Relações Internacionais. O conceito de force profonde pode apresentar a religião tanto em seu aspecto positivo como negativo. Na presente análise, buscaremos salientar os valores humanos e universais das religiões. Entretanto, como já foi dito, o campo religioso extrapola os limites da ciência histórica, por isso tentaremos manter sempre a dialética entre o sagrado e o profano.

Palavras-chave: Religião. Relações Internacionais. Valores universais.

2. A ummah islâmica como comunidade imaginada dos crentes: uma leitura possível (?) Patrícia Simone do Prado

Doutoranda em Relações Internacionais – PUC Minas CAPES

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O que seria uma nação imaginada? Todo tipo de ordenamento pode ser considerado ou classificado como nação? O que faz um agrupamento de pessoas ligadas a uma identidade do tipo étnica-religiosa ser chamada de nação? Seria possível pensar em uma nação universal a partir desse tipo de agrupamento étnico? E como pensar uma comunidade universal do tipo religiosa dentro de uma comunidade local e política? A comunidade dos crentes (ummah), se forma a partir de um ideário transcendental onde os ordenamentos tanto da vida pública quanto privada estão acima dos ditames mundanos. Fundamentado em um tipo de sistema monocrático, a religião islâmica (din) concebe a soberania sendo um poder do governo de Deus e Sua lei (Sharia) um código moral e ético que deve ser seguido. Mas como pensar tais concepções de mundo em estados-nação constituído por democracias liberais seculares?

O presente trabalho tem como objetivo compreender a ideia que fundamenta a ummah islâmica e verificar até que ponto ela se aproxima da ideia de comunidade imaginada segundo a perspectiva proposta por Benedict Anderson. Para tanto, o trabalho será dividido em 3 partes: na primeira trabalhar-se-á algumas ideias centrais sobre comunidade imaginada, a segunda parte pretende-se aplicar esses conceitos em uma

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espécie de estudo comparativo entre comunidade imaginadas e ummah (comunidade dos crentes). A terceira parte propõe-se a ser um espaço de discussão sobre as implicações que tal ideário pode fazer surgir diante dos desafios propostos pela ideia que fundamenta as comunidades imaginadas modernas.

Palavras-chave: Comunidade. Ummah. Islã. Nação.

3. Genocídio e Religião: a caça dos Yazidis feita pelo ISIS Rafaela Santos de Paula

PUC Minas [email protected]

No dia nove de dezembro de 1948, a ONU promoveu a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Através da aprovação e da ratificação da mesma, os países membros da ONU passam a ser sancionados caso cometam esse ato e se comprometem a prevenir e evitar que esse ato aconteça ao redor do mundo. Contudo, em meados de 2014, o Estado Islâmico declarou na Síria e no Iraque um califado, e a população que não se rende e se converte à crença islâmica é morto ou escravizado. Foram muitos os ataques às minorias étnicas e religiosas, mas o caso dos Yazidis foi um verdadeiro genocídio. Esse trabalho apresenta e analisa os recentes acontecimentos referentes ao genocídio dos Yazidis, minoria étnica e religiosa residente no norte do Iraque, feito pelo ISIS; e responder a seguinte pergunta: quais são as possíveis medidas para evitar a continuação desse genocídio? Para realizar esse trabalho, serão feitas análises sobre as causas desse genocídio através de uma revisão bibliográfica de livros, artigos e reportagens. As medidas estudadas que podem ser tomadas imediatamente para esse caso são refugiar a população perseguida em outro país, conter o exército do Estado Islâmico com a intervenção humanitária da ONU e sanções brandas, como econômicas e políticas.

Palavras-chave: Genocídio. Religião. Yazidis. ISIS. ONU

4. A questão religiosa das disputas palestino-israelenses Paulo Vinícius Faria Pereira

Graduando em Ciências Sociais e Teologia – PUC Minas [email protected]

Judeus e muçulmanos representam dois grupos das três religiões monoteístas e, além disso, ambas as devoções religiosas são baseadas em um livro sagrado, respectivamente, a Torá e o Alcorão. Mas, no caso da região Palestina em que compartilham o mesmo território, o qual está sob situação de tensão em relação aos verdadeiros detentores da terra, cada um tem uma justificativa, profundamente enraizada, que pode ser provada porque está escrita, não em documento ou acordo comum de paz, mas em seus livros sagrados. A partir disso propõe-se apresentar o cenário de conflito entre Israel e Palestina sob o viés religioso, procurando destacar seus principais conflitos e justificativas quanto à permanência no território ocupado. Para estudar a História do conflito entre Palestina e Israel é necessário partir de uma oração principal e de duas orações subordinadas, como propõe Lotfallah Soliman (1990), e a abordagem de cada uma dependerá da conjuntura do momento, sendo que a oração principal trata do tema da Promessa. Nesse sentido, a investigação histórico-religiosa acerca do conflito partirá da oração principal. Por fim, serão expostos os caminhos para paz que deve ser buscado pelas religiões ali presentes: Islamismo, Judaísmo e Cristianismo e como podem trabalhar juntos pelo fim do conflito baseado em suas religiões.

Palavras-chave: Religião. Conflito. Israel. Palestina.

5. Islã: passado – presente

Vera Lúcia Maia Marques Doutora em Sociologia UFMG

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Etimologicamente, a palavra Islã deriva da raiz “slm”, que significa “paz”. Entretanto, tem-se feito a ligação do Islã com a “guerra santa” desde os primórdios da religião. Por isso, o que proponho nesta comunicação será uma reflexão sobre os aspectos fundacionais do Islã, sua expansão e o radicalismo que se apresenta nos dias que correm. Para tal, proponho uma retrospecção aos traços mais gerais do Islã, desde o seu aparecimento através das revelações ao Profeta Muhammad, sua expansão, através das conquistas iniciadas

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pelo próprio Profeta e pelos Califas que o seguiram, não esquecendo-se o Gharb al-Andalus, importante na história passada e presente dos muçulmanos na Península Ibérica e de Portugal que, por vezes, identificam o Islã como “não estrangeiro”. E, finalmente, em consequência dos radicalismos que temos visto frequentemente, os muçulmanos têm se deparado com dificuldades que culminam em islamofobia, dando passagem à complicada relação de inclusão e exclusão em diferentes espectros da vida social e política e diferentes ordem de grandeza e gravidade também na região que compreendia o Gharb al-Andalus, principal foco das minhas investigações.

Palavras-chave: Islã. Muçulmanos. Radicalismo

6. A oposição à Declaração pela Descriminalização Global da Atividade LGBT de 2008 por países muçulmanos

Caio Jardim-Sousa UFMG

MEC/FNDE

Direitos LGBT têm sido debatidos no âmbito das relações internacionais e dentro de governos de forma intensa neste século. Inúmeras tentativas foram travadas ao se produzirem documentos internacionais como declarações ou cartas que reconhecem contextos e dão recomendações quanto a direitos que devem (ou não) ser preservados nos países em que a situação destes grupos é mais precária. Além da Carta de Yoyakarta, assinada em reunião da Comissão Internacional de Juristas, em 2006, a Organização das Nações Unidas em sua Assembleia Geral buscou passar um documento reconhecendo os direitos universais das populações LGBT, recebendo apoio de 66 países. Este documento recebeu a oposição de 57 membros da AGNU, grande parte membros da Organização da Conferência Islâmica (OCI). Este trabalho busca, a partir da análise do documento contrário à Declaração pela Descriminalização Global da atividade LGBT, traçar os pontos principais que aparecem como justificativa para opor-se à tentativa de elaborar tal declaração, um uso bem articulado e estratégico de princípios das relações internacionais frente a um lobby majoritariamente composto por países ocidentais às medidas tomadas por governos na África e na Ásia, com destaque para países muçulmanos.

Palavras-chave: Organização da Conferência Islâmica; direitos LGBT; Organização das Nações Unidas; descriminalização LGBT; Assembleia Geral das Nações Unidas

7. Soberania e religião: uma genealogia

Wagner Martins dos Santos Mestrando em Relações Internacionais – PUC Minas

[email protected]

Esta pesquisa, tendo em vista a importância dos estudos acerca da soberania para as Ciências Sociais, analisa os acontecimentos históricos que levaram a uma mudança contextual, levando a religião a deixar de ser diretamente vinculada à soberania e passar a ser subordinada ao ‘governo dos homens’. Sobretudo pretendemos entender as condições sob as quais se permitiu que houvesse essa ruptura, crucial para a evolução do direito no mundo ocidental, bem como para as novas abordagens acerca de uma hierarquia política interna que servisse aos interesses do povo, e não sob o comando de uma divindade responsável por delegar, na terra, seus legítimos representantes. Para tanto, a metodologia a ser empregada será a análise genealógica, capaz de revelar as condições que permitiram os seres humanos, enquanto agentes políticos, decidirem seguir outros rumos em suas ações políticas. O estudo acerca da soberania e sua relação com a religião, mais do que uma análise, nos orientará a compreender a gênese de um conceito que perpassa áreas que vão desde a filosofia às relações internacionais e que continua em constante mutação, haja vista obedecer às interações humanas, servindo como base para contendas jurídicas e constantes relações de guerra e paz entre as nações.

Palavras-chave: Soberania. Religião. Genealogia.

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8. Conflito Israel Palestina: o fundamentalismo religioso no eterno imbróglio...

Isabel Carolina Reis Crosara Graduanda em Relações Internacionais – PUC Minas

[email protected] O conflito entre israelenses e palestinos hoje é predominantemente determinado por fatores políticos, econômicos, militares e estratégicos, mas ainda mantem seu resquício de motivação religiosa inicial. O papel do governo de Israel e do Hamas no quadro político atual será ressaltado como expressão do fundamentalismo religioso. Com base na teoria da Escola Inglesa das relações internacionais, e em plano metodológico progressivo, compreensivo-interpretativista, será possível concluir que, tal qual seu início implicou em mudanças constitutivas sociais, sua solução deverá passar por mudanças no mesmo nível. Para o desenvolvimento do trabalho proposto foi realizada pesquisa bibliográfica em base de dados/periódicos disponível, associando textos de referência e para-didáticos necessários a introdução, contextualização e embasamento teórico do conflito Palavras-chave: Israel. Palestina. Fundamentalismo. Religião. Política.

9. O Curdistão segundo elas: uma análise do papel das mulheres curdas na construção da nação e na luta armada contra o Estado Islâmico

Ana Elisa Pereira

PUC Minas [email protected]

Raphael Moreira

UNIBH [email protected]

O presente trabalho vem apresentar um histórico da condição do povo curdo, que se encontra atualmente em conflito direto com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), a fim de contextualizar a presença das mulheres curdas na linha de frente na defesa de seus territórios e seus compatriotas. A atuação das mesmas nos últimos enfrentamentos tem causado desordem e deserção nas linhas de combate do EI, devido à crença dos extremistas de que caso sejam mortos por mulheres, sofrerão desonra e perderão as benesses do Paraíso. A luz das contribuições de autoras que trabalham com os temas relacionados a mulheres envolvidas em conflitos armados, como Laura Sjoberg e Laura Mcleod, busca-se analisar a conjuntura atual da mulher na sociedade curda. Ao mesmo tempo, ponderar os papéis que desempenham no campo de batalha e na construção do Curdistão, que atravessa um processo conflituoso com sua nação subdividida em múltiplos territórios, e seu povo, que já sofre os mais variados tipos de perseguições, inclusive tendo padecido a um genocídio perpetrado pelo Estado iraquiano.

Palavras-chave: Curdos. Mulheres combatentes. Curdistão. Estado Islâmico

10. Mutabilidade da Instituição Familiar

Guilherme Gonçalves Mélo Universidade de São Paulo

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Caliel Calves da Costa Universidade de São Paulo

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Correntemente vive-se um período de grande dinamização e problematizações jurídicas do que é a instituição familiar devido às recorrentes mutações de configuração dessa organização social. Ao mesmo tempo, milenares instituições religiosas também modificam suas estruturas de atuação e mesmo abordagens teológicas visando uma maior integração com a sociedade atual e suas necessidades. Considerando esse panorama se faz necessária à produção de uma literatura que explicite essa problemática de forma clara,

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confrontando-a com dados empíricos e um arcabouço histórico consistente das transformações políticas, econômicas, educacionais, sociais e religiosas sofridas nas sociedades mundiais no século XX e início do século XXI. Objetivando uma maior compreensão da dinâmica social vigente entre os objetos estudados. Esta pesquisa, ainda em andamento, consiste em uma análise conjuntural de como os sistemas religiosos, políticos e socioeconômica interferem na estrutura da instituição familiar, em sua mutabilidade e pluralidade de arranjos. Para analisar a mutabilidade da instituição familiar (variável dependente), foi criado um índice e seu cálculo foi realizado através da coleta de dados da base World Value Survey. Os dados das variáveis independentes foram colhidos das bases de dados: World Value Survey, Polity IV, United Nation Development Programme e Freedom House. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi a regressão linear e regressão múltipla que permite mensurar a relação entre os dois tipos de variáveis (dependente e independente). O assunto, em sua acentuada complexidade e numerosos fatores a serem analisados, pede especial atenção, em tempos como os atuais, em que uma miscelânea de acontecimentos e processos se dão de modo concomitante transformando a instituição familiar e sua diversas multifaces e colocando sua mutação como causa de desestruturação ou cismas sociais. Palavras-chave: Família; Religião; Mutabilidade; Política; Brasil

7.4 CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

1. Para quem estou orando? O elogio da vontade ou a busca da alteridade

Jacqueline Crepaldi Souza

Mestranda em Ciências da Religião PUC Minas [email protected]

Na teologia, a hermenêutica tenta descobrir a maneira correta de interpretar os textos bíblicos. Sua origem vem de Hermes, o poderoso deus da linguagem. Assim também a hermenêutica tem poder de fazer uma interpretação chegar às trevas, à luz ou a lugar algum. Vários autores buscam o sentido mais profundo e espiritual dos textos e objetos sagrados. Essa busca é ainda mais necessária no trabalho com jovens, pois, estando expostos a um contexto social em que o elogio da vontade é que conta, correm o risco de um vazio interpretativo que não leva a lugar algum. Nesse artigo, a proposta é responder à questão de como interpretar o sentido do aspecto religioso para esse público. Sabendo que esses jovens são alunos de uma escola Católica em Belo Horizonte, tentaremos perceber como os professores da escola respondem ao ensino da interpretação religiosa com propostas de trabalhos interdisciplinares. Uma dessas propostas foi a visita de um grupo de alunos à cidade de Ouro Preto e a posterior construção de oratórios numa perspectiva moderna do elogio da vontade que se sobrepôs à descoberta da alteridade. Propomos a releitura de Claude Geffré, Roberlei Panasiewicz e Emmanuel Levinas numa visão de diálogo e interlocução. Nosso objetivo é identificar linguagem e conceitos religiosos que desemboquem numa hermenêutica que vá além do elogio da vontade e que seja basilar para os jovens: a busca da alteridade.

Palavras-chave: Hermenêutica, oratórios, jovens, vontade, alteridade

2. Ensino Religioso: ferramenta educacional para a promoção da paz

Mateus Oliveira Sousa Mestrando em Ciências da Religião PUC-Minas

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Esta Comunicação apresenta, de maneira sintética, alguns contributos da matéria “Ensino Religioso”, ministrada no mestrado da Ciências da Religião, Puc-Minas, para o eixo temático “Fundamentalismos e Violência”. A metodologia utilizada é a da pesquisa bibliográfica. O escopo é demonstrar como o Ensino Religioso pode contribuir para a formação educacional de cidadãos, educandos que saibam entender e agir contra as forças de aniquilamento do homem advindas da falta de visão pluralista. Forças que não dão legitimidade à existência da alteridade e do lugar do outro. As conclusões vão no sentido de reafirmar o papel do Ensino Religioso de refletir sobre o sentido, as certezas assim como as quebras das certezas. Ainda,

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como pode dar um contributo positivo contra o forte apelo psicológico do fundamentalismo que deságua na violência. Nesse sentido, o Ensino Religioso, no papel de ferramenta social de formação, propicia os instrumentos epistemológicos para a promoção da paz e para a mediação de relações conflituosas que sejam baseadas em uma racionalidade religiosa que se arvore como padrão absoluto.

Palavras-chave: Ensino Religioso; Alteridade; Pluralismo; Paz.

3. O Ensino Religioso na Escola: Diálogos para a Paz em Tempos de Conflitos

Guilherme Neto Ferreira de Oliveira Mestrando em Teologia EST

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O presente trabalho tem como objetivo problematizar a contribuição do ensino religioso enquanto possibilidade de produção de outros modos de viver frente aos casos crescentes de violência no cotidiano escolar. Pretende também problematizar a produção da violência na escola, buscando analisar de que forma o ensino religioso em sua relação com outras disciplinas - educação, teologia, sociologia, filosofia e demais disciplinas afins - pode contribuir para a proposição de um diálogo que afirme a diversidade e o respeito às diferenças culturais no âmbito educacional, levando-se em consideração a autonomia do educando e sua participação ativa na construção de sua própria história. Busca-se compreender em que sentido o ensino religioso pode vir a ser um espaço de liberdade onde a capacidade de conviver, se expressar e respeitar as diferenças faça parte da vida do estudante, não somente no âmbito escolar, como também em seu trânsito pelas demais esferas da sociedade. Assim, esse trabalho pretende abordar a relevância do Ensino Religioso frente aos desafios colocados à escola na atualidade.

Palavras-chave: Ensino religioso. Violência. Diversidade

4. A “Guerra Espiritual” no Brasil: apropriações do imaginário religioso popular no meio neopentecostal

Matheus Gomes

Mestrando Ciências da Religião PUC Minas CAPES

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O imaginário brasileiro, impregnado por uma disputa entre as forças do “bem” e do “mal”, fez com que a formação neopentecostal que aqui se difundiu buscasse esse dualismo com o objetivo de atrair fiéis. Enfatizando a disputa espiritual na forma de uma “guerra” em seus discursos, o neopentecostalismo foi capaz de organizar o imaginário religioso brasileiro, encontrando em algumas parcelas da sociedade a ressonância de sua mensagem. Essa sistematização do imaginário religioso, que encontra na “Guerra Espiritual” a forma de se manifestar no meio neopentecostal, traz também consigo as tensões presentes no meio cultural-religioso. O objetivo principal é demonstrar a repercussão no meio social da adaptação do imaginário religioso brasileiro dentro daquilo que é denominado de “guerra contra os demônios” no neopentecostalismo. Para tanto, a presente proposta terá como base uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo que fundamente essa ideia de apropriação do imaginário. O discurso do neopentencostalismo adaptou-se a uma realidade onde a desigualdade e mazelas sociais são transformadas pela “Batalha Espiritual” em causas primordiais do sofrimento que acomete os indivíduos e os impede de prosperar.

Palavras-chave: Imaginário religioso. Apropriação. “Guerra Espiritual". Neopentecostalismo. Discurso religioso

5. Religião e magia no senso religioso contemporâneo: estudo sobre Marcel Mauss

Tatiane Aparecida de Almeida Mestranda Ciências da Religião PUC Minas

CAPES

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Essa comunicação tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa de mestrado desta acadêmica intitulado Religião e magia no senso religioso contemporâneo. Este projeto tem como propósito realizar um estudo teórico de natureza básica, tendo como foco central os estudos realizados por Marcel Mauss referentes à temática da magia. O sociólogo e antropólogo Marcel Mauss desenvolveu um estudo relevante e esclarecedor referente à temática da magia na obra Esboço de uma teoria geral da magia, obra à qual recorremos para identificarmos os elementos constitutivos da magia, que, segundo o autor, são: o mágico, os atos (ritos) mágicos, e as representações mágicas. Nesta linha, propomos também evidenciar na dissertação, como tem se desdobrado a relação entre religião e magia realizando um estudo comparativo básico entre uma e outra, e, a partir desse estudo, analisaremos seus impactos no cenário religioso atual evidenciando como esta relação pode estar se constituindo como uma das características do senso religioso contemporâneo. Aspecto este que está relacionado à busca do indivíduo por uma espiritualidade que procura garantir soluções rápidas para seus dilemas vivenciais, e que, por esse motivo, recorre a rituais mágicos esperando obter dele resultados quase que instantâneos. O ritual mágico tem como uma de suas características a ação imediata sobre o objetivo que se almeja e a utilização de materiais como portadores de poder.

Palavras-chave: Religião. Magia. Senso religioso contemporâneo. Marcel Mauss

6. Violência simbólica – gladiadores neopentecostais em arenas midiáticas

Maurílio Ribeiro da Silva Mestrando em Ciências da Religião PUC Minas

CAPES [email protected]

A disputa pelo mercado religioso no Brasil foi marcada no início dos anos 90 pela concorrência entre católicos e protestantes. As pregações do protestantismo clássico e do pentecostalismo de primeira onda, baseadas no caráter carismático dos tele/radioevangelistas, apresentavam um discurso soteriológico de caráter moral/acético. A partir do avanço do movimento neopentecostal e sua inserção na cultura das mídias e cultura de mercado, as religiões afro-brasileiras tornaram-se o novo alvo. O caráter triunfalista do discurso neopentecostal assegurava que encostos, mal olhados e despachos dessas religiões seriam responsáveis por doenças, pobrezas e mazelas do dia a dia. A violência simbólica estava intimamente ligada aos discursos inflamados dos pregadores neopentecostais. A partir de dissidências no movimento neopentecostal, as disputas pelo mercado religioso crescente foram intensificadas. O discurso religioso midiático se tornou palco de acirradas acusações, denúncias e detratações. As igrejas dissidentes passaram a ser denominadas concorrentes. No ano de 2015, durante um culto televisivo, uma pessoa supostamente possessa, declarou que uma igreja concorrente e seu líder pertenciam ao demônio e que estariam enganando seus fiéis. Percebe-se que o campo social delimitado pelo neopentecostalismo brasileiro tem sido bombardeado por um discurso de ódio. Esse discurso alcança outros bolsões sociais em virtude da utilização dos meios de mídia, causando não a promoção da paz, mas, da violência e do ódio. Esse trabalho busca, através da análise bibliográfica e análise dos discursos das principais igrejas neopentecostais brasileiras, demonstrar que a violência simbólica é, atualmente, parte integrante dos discursos neopentecostais brasileiros. Surgem, portanto, novas arenas e novos gladiadores nessa batalha midiática de vida ou morte pelos mercados religiosos.

Palavras-chave: Violência simbólica, neopentecostalismo, discurso religioso, midiático

7. Aspectos da devoção a Nossa Senhora de Guadalupe no contexto da colonização espanhola do México no séc. XVI: confronto e aceitação

Alex Kiefer da Silva

Mestrando em Ciências da Religião PUC MINAS CAPES

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A tradição secular que narra a história das aparições da Virgem Maria de Guadalupe na colina de Tepeyac, no México, em 1531, deu origem a uma das mais fortes e bem consolidadas devoções marianas de todos os tempos. Este trabalho pretende apresentar o início da devoção no período compreendido entre 1531 e 1561,

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que se seguiu ao seu surgimento, evidenciando as bases que a originaram. Aqui serão considerados no contexto histórico da devoção guadalupana o papel da Igreja Católica, da Coroa Espanhola e dos povos nativos Astecas na composição do forte hibridismo cultural que a caracterizou. Pelo viés do discurso inter-religioso busca-se compreender os processos de mediação que permearam o projeto de catequese dos povos indígenas, que teve no culto da Virgem de Guadalupe seu expoente máximo. Evidencia o impacto inicial da catequese sobre os povos indígenas, confrontando o cristianismo com a sua religião ancestral. Ao mesmo tempo, analisa os aspectos de aceitação e negação da nova devoção dentro da própria Igreja. A investigação se desenvolve sobre a pesquisa bibliográfica que contempla pressupostos teóricos de Panasiewicz, Benítez, Gruzinski e Soustelle, dentre outros autores que são referência nos estudos de ciências da religião, história das religiões e história da arte.

Palavras-chave: Nossa Senhora de Guadalupe. Discurso inter-religioso. Colonização. Devoção. Hibridismo cultural

8. As interfaces entre violência, paz e religião Dr. Reinaldo Arruda Pereira

Faculdade Batista de Minas Gerais Curso de Teologia e Coordenação Pedagógica da IES

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Nas sociedades contemporâneas violência, paz e religião constituem-se como verdadeiro desafio à ética e à consciência moral de cada um e de todos os seres humanos. Violência, paz e religião foram e ainda são práticas sociais e, portanto, não são conceitos teóricos e abstratos. A partir de uma abordagem transdisciplinar - As interfaces entre violência, paz e religião - é tema deste estudo. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, com ênfase nos aspectos bibliográficos e teórico-conceituais, que foram balizados por uma discussão em sala de aula sobre terrorismo e religião. O objetivo do trabalho é ressaltar que a prática da violência, do terrorismo e da guerra, e não importa o seu componente religioso ou político, é contra a vida e contrária à ética humanizadora e convivencial. Com esta constatação, a experiência da paz e da pacificação passam a ser o alvo da sociedade e das diferentes religiões, exigindo cotidianamente a exaltação não mais da violência, da guerra e da destruição, mas do encontro fraterno, acolhedor e solidário entre homens, mulheres e religiões.

Palavras-chave: Guerra. Violência. Paz. Religiões

9. TICs nas Religiões: o discurso religioso no cyberespaço na perspectiva dialógica de Mikhail Bakhtin

Rogério Tiago Miguel

Mestrando em Ciências da Religião. PUC Minas CAPES

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O uso de tecnologias digitais nas religiões se estabelece como um potencial que extrapola as limitações clássicas do sistema de comunicação, reconfigura a tríade emissor-receptor-mensagem, em um novo paradigma que abre espaços, estabelecendo novos significados na relação entre os sujeitos. Este novo paradigma, permite que o processo de comunicação entre o emissor e o receptor se estabeleça pela interação. Esta interação se configura no diálogo e possibilita a presença de interferências. Diante disso, percebe-se uma necessidade na reconfiguração do modelo comunicacional existente nas estruturas religiosas. Esta comunicação pretende encontrar caminhos que justifiquem a inserção de tecnologias digitais às práticas religiosas e a partir das propostas de linguagem de Mikhail Bakhtin fornecer bases que justifiquem a interação entre o emissor e o receptor no fazer religioso como uma nova forma de manipulação da linguagem. Esta proposta interativa se justifica a partir do momento em que ao usar as tecnologias digitais o enunciador penetra no universo da interatividade e o receptor, em sua prática religiosa (missas, cultos, orações, rezas, consultas mediúnicas, meditações, etc.) se torna um sujeito ativo e participativo do discurso religioso. Esta articulação acontece na fronteira, espaço de grandes conflitos e tensões. É na fronteira onde se pretende desenvolver a dinâmica do discurso onde o “Eu” e o “Tu” se compreendem mutuamente evitando conflitos sociais e ideológicos e até religiosos. Este último reconfigura-se neste espaço como reflexo ideológico dogmático e fundamentalista radical não dialógico.

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Palavras-chave: Religioso, Discurso, TICs, interatividade, interação

10. Paradigma pós-religional e teologia do pluralismo religioso: uma leitura a partir de Marià Corbí

Dr. Roberlei Panasiewicz

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião PUC Minas – Departamento Ciências da Religião

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Há mudanças epistemológicas em curso nas sociedades com propostas axiológicas novas. A humanidade está em grande encruzilhada em vários campos do saber, nas relações sociais e na organização da vida pessoal. Para Marià Corbí, houve a passagem da sociedade pré-industrial para a industrial e agora, sobretudo nos países desenvolvidos, passagem da primeira para a segunda grande industrialização. Há passagem de estruturas axiológicas estáticas (pré-industrial), orientadas pelos mitos, antepassados sagrados ou pelos próprios deuses tendo seu referencial epistemológico “fora”, porém, demarcavam as sociedades de forma absoluta; para sociedades dinâmicas, do conhecimento e de inovação constante (segunda industrialização). Estas são sociedades que vivem de criar continuamente conhecimentos científicos e tecnológicos, portanto, tudo em contínuo movimento. Há eliminação de todo rastro de organização hierarquizada, pois bloqueia a criatividade e as transformações e perda de referências de sistemas absolutos, tanto sagrados quanto naturais ou científicos. Emerge a compreensão de que o destino global está nas próprias mãos. Esta nova sociedade propõe o mergulho na experiência absoluta da realidade sem religião. O cultivo desta espiritualidade é denominado de “espiritualidade leiga”. O que propõe estas novas estruturas axiológicas? Como este novo paradigma desafia a teologia do pluralismo religioso? Apresentar esta teoria em curso e seus desafios à teologia do pluralismo religioso é o objetivo desta comunicação.

Palavras-chave: Paradigma pós-religional. Teologia do pluralismo religioso. Marià Corbí.

11. E se “religião” fosse algo novo? Um caminho para se perceberem manifestações de amor e ódio embutidas nos discursos religiosos

Thiago Santos Pinheiro

Doutorando em Teologia FAJE CAPES

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O principal objetivo dessa comunicação é abordar o ódio e o amor humano detrás dos discursos religiosos. Pretende-se fugir ao tipo dissertativo e propor uma situação hipotética, em forma narrativa, em que um visitante extraterrestre, em missão à Terra, descobre a palavra “religião”. Uma vez que tal termo ocorrera em um contexto crítico, o visitante supõe que seja algo importante e empreita uma pesquisa para saber o que é religião. Como nunca antes tivera tido contato com nada que se relacionasse a tal palavra, ele lança um olhar virgem para as manifestações religiosas, especialmente no que tange à sua polissemia: ou seja, o amor e o ódio nos que se davam a algum credo. Pretende-se chegar a conclusões que destacam pelo menos três possibilidades. Em primeiro lugar, que o indivíduo é o grande fautor ou fonte de atrocidades e também de boas obras, e a religião em si é um canal, a despeito de ela possuir mais possibilidades de expressar o amor do que o ódio. Em segundo lugar, que a intenção positiva por detrás da religião se desdobra em meios de vida e de morte, e essa mesma intenção positiva está por detrás da ciência e possui consequências similares à religião. Em terceiro lugar, há um convite ao diálogo autocrítico, ou seja, interpelar o indivíduo a perceber o discurso de ódio em sua própria religião, denunciá-lo e dar as mãos aos de outras religiões que proferem discurso de amor.

Palavras-chave: Polissemia da Religião. Amor. Ódio. Diálogo

12. A atuação dos deputados federais evangélicos: apontamentos sobre a relação entre democracia e conservadorismo moral

José Carlos Freire

Mestre em Filosofia

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Professor Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri –UFVJM [email protected]

O trabalho tem como tema a atuação dos deputados federais evangélicos no período de 2013 a 2015. O objetivo geral é compreender de que maneira esta atuação se relaciona com a democracia. Como objetivos específicos apresentam-se: a) verificar o posicionamento dos deputados evangélicos quanto aos temas aborto e homoafetividade; b) analisar em que medida os valores religiosos defendidos por deputados evangélicos resultam em formulação, aprovação ou reprovação de projetos de lei relacionados a estes temas. Foram tomados dois casos específicos: a tramitação do Projeto de Lei 03/2013, que tratou do aborto, e o ato de repúdio dos deputados à Parada Gay, realizado no plenário da Câmara no dia 10/06/2015. Como metodologia foram utilizadas: análise documental dos relatórios e arquivos da Câmara dos Deputados e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias; análise de discurso dos parlamentares; e exame de reportagens da imprensa secular e da imprensa específica ligada a esses religiosos e suas igrejas. A conclusão do trabalho é que a atuação dos deputados evangélicos precisa ser compreendida numa dupla articulação: da mesma maneira que faz avançar a democracia mediante a participação de diversos atores no jogo parlamentar ela também faz aflorar um ideário cristão conservador que encontra grande ressonância em uma parcela significativa da população brasileira.

Palavras-chave: Deputados evangélicos. Democracia. Conservadorismo

13. Ação pastoral no cuidado às pessoas em condição de rua: uma contribuição da religião para a paz na cidade

Rômulo Anderson Matias Ferreira Mestrando em Ciências das Religiões vinculado ao PPGCR/UFPB. Graduado em Teologia pelo Seminário Teológico

Betel Brasileiro. Bacharel em Ciências Contábeis pela UFPB [email protected]

A cidade, como produto da cultura humana, permite realizar um conjunto de observações sobre o homem que nela vive e suas dimensões. O ajuntamento humano na cidade requer uma compreensão dos motivos que geram a tensão e limites na convivência urbana, a qual confina em torres aconchegantes alguns homens, e relega outros ao terreno desprotegido das ruas. Aqueles encontrados no segundo grupo recebem a denominação de “pessoas em condição de rua”, vivendo o cotidiano urbano em disputa pelo espaço, comida, e abrigo, mas também sofrendo a ação da violência, da proximidade das drogas e outros riscos inerentes à cidade. A ação pastoral de igrejas, por meio de grupos de voluntários, consiste em práticas de atenção sobre as pessoas em condição de rua que, de forma complementar à ação governamental, age no cuidado do homem no sentido da integralidade, oferecendo-lhe o suprimento de necessidades materiais, emocionais e espirituais. Na metodologia, utilizou-se uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa, por meio de entrevistas e análise com pessoas que voluntariamente atuam em pastorais eclesiásticas evangélicas da cidade de João Pessoa-PB. Como resultado, os voluntários que servem no cuidado pastoral às pessoas em condição de rua atribuem à religião que professam o seu dever de cuidar do próximo, acreditando na mudança da condição humana e espiritual das pessoas de rua por meio do exercício da fé cristã que lhes é anunciada juntamente com a assistência social imediata, e esperando que essas ações promovam a paz urbana, pela redução o estado de tensão social.

Palavras-chave: Ação pastoral; Pessoas em condição de rua; Voluntários; Tensão urbana

14. A Bhagavad-Gītā e a criteriologia inter-religiosa de Hans Küng: limites e proximidades

Marco Antonio Lara Mestrando em Ciências da Religião PUC Minas

CAPES [email protected]

Visando a possibilidade de pensar uma criteriologia à própria obra hindu, a Bhagavad-gītā (Canção do Senhor Supremo), um dos documentos filosófico-religiosos mais importantes do sânscrito e de toda a literatura indiana clássica. E a fim de estabelecermos um diálogo e possíveis paralelos com a perspectiva do canône inserido na antiguidade oriental, introduzirei o teólogo suíço e ecumênico Hans Küng (1928 -), juntamente com sua teoria de “criteriologia inter-religiosa”, ou seu empenho de estabelecer parâmetros na dimensão ecumênica e no diálogo inter-religioso, como estabelecido em sua obra: Projeto de ética mundial

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(Projekt Weltethos – 1990), onde é traçada uma “estratégia ecumênica” que seja ao mesmo tempo “crítica, autocrítica e fiel às origens”, uma reflexão para o “tempo de hoje”, que contempla os desafios de hoje, no esforço de “dar as razões” da esperança da humanidade. Por meio da devida revisão bibliográfica, utilizaremos do método indutivo, para ulteriormente, efetivarmos uma análise de texto na narrativa aplicando o crivo da criteriologia künguiana como ferramenta hermenêutica em um diálogo com o texto védico, com o intuito de verificar se a estrutura e as características da obra se aproximam das exigências da “criteriologia” künguiana; suas proximidades e distâncias, se esta obra pode ser atuante, participativa e contribuinte para a formulação de um ethos mundial de paz universal e para discussão entre as religiões de forma positiva e que preservem a humanidade como propõe Hans Küng.

Palavras-chave:

15. Senso religioso contemporâneo: estudo do processo de individualização da crença a partir de Danièle Hervieu-Léger

Cassiana Matos de Moura

Mestranda em Ciências da Religião CAPES

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Essa comunicação tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa de mestrado desta acadêmica intitulado Senso religioso contemporâneo: estudo do processo de individualização da crença a partir de Danièle Hervieu-Léger. Este projeto tem como propósito realizar um estudo teórico de natureza básica, tendo como foco central os estudos realizados pela socióloga francesa Danièle Hervieu-Léger em torno da temática da individualização da crença. Os estudos de Hervieu-Léger se esbarram constantemente nesta temática que é tão relevante para a situação religiosa da contemporaneidade. Desde a sua principal obra traduzida ao português O peregrino e o convertido: a religião em movimento, às obras mais densas como La religión, hilo de memória, La religion en miettes ou la question des sectes, para citar umas poucas. Visamos encontrar nas obras da autora elementos que nos ajudem a descrever o processo de individualização da crença; bem como, apresentar os impactos deste processo na movimentação religiosa e nas novas formas de pertencimento religioso; na fragmentação religiosa e na crise de sentido; na crise da memória religiosa. Nesta direção, por fim, propomos evidenciar o processo de individualização da crença, considerando os seus impactos, como uma das características do senso religioso contemporâneo.

Palavras-chave: Individualização da crença. Senso religioso contemporâneo. Danièle Hervieu-Léger

16. Aglomeração das igrejas pentecostais: um estudo de caso na Avenida Nova York no bairro Capelinha – Betim/MG

Dr. Flávio Senra

Professor do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas. Coordenador do Projeto Senso religioso e contemporaneidade. Edital Universal 2013

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Bruna Thamires Silva Leite Graduanda em Geografia

CNPQ [email protected]

Essa comunicação tem como objetivo apresentar o referencial teórico do projeto de iniciação científica intitulado Aglomeração das igrejas pentecostais: um estudo de caso na Avenida Nova York no bairro Capelinha – Betim/MG, o qual encontra-se vinculado ao projeto Senso religioso e contemporaneidade. Análise e georeferenciamento da filiação religiosa da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Como o estudo retrata a aglomeração das igrejas pentecostais em um bairro da periferia do município de Betim, a geografia urbana oferece subsídios para o conhecimento do processo de urbanização, metropolização e organização interna desse fenômeno. Esta perspectiva ajuda a esclarecer o processo de crescimento urbano e a transformação que ocorreu no Brasil. De país agrário e rural, o Brasil se transformou em um país mais urbano e industrial, o que provocou mudanças no cenário político, econômico, social e religioso.

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Particularmente, sobre a dimensão religiosa, os dados recentes do Censo Demográfico do IBGE destacam a diminuição do percentual de católicos e da população rural e, em contrapartida, o crescimento da população urbana e a população de evangélicos. Como o processo de ocupação da cidade é excludente e representa o palco da acumulação e reprodução do capital, fato esse que acaba direcionando a população com menor poder aquisitivo para áreas periféricas, compreende-se que tal conjuntura justifica até certo ponto a presença pentecostal na periferia. A comunicação evidenciará a noção de coesão, a qual destaca o movimento que leva atividades ou serviços a se localizarem juntas em uma determinada área com oferta de um determinado produto. Aplicado ao contexto da aglomeração de igrejas pentecostais no bairro Capelinha, a noção de coesão sugere a existência de um cluster religioso naquele lugar. Tal hipótese se sustenta a partir dos estudos de Roberto Correa, aprofundado por Hélio Oliveira, e Walter Cristaller, desenvolvido por David Clark. A apresentação destacará a) a questão da geografia da religião; b) a questão da metropolização; c) a presença do pentecostalismo no espaço urbano do bairro Capelinha.

Palavras-chave: Palavras-chave: Geografia da Religião. Metropolização. Pentecostalismo

17. Cristianismo não religioso de Gianni Vattimo: pensar enfraquecidamente como condição para o diálogo entre o cristianismo e outras religiões

Sandson Almeida Rotterdan

Mestre em Ciências da Religião PUC Minas FAPEMIG

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O cristianismo, na história ocidental, construiu-se como religião hegemônica e, como tal, pretensa detentora da Verdade e da moral, baseada em um fundamento eterno, Deus, e guardado como depósito infalível da Verdade. A secularização, como processo de abandono do cristianismo como definidor do modus vivendi, possibilita que na contemporaneidade emerja como tempo em que as diversidades são visibilizadas e a afirmação dos discursos absolutos parece insustentável. Dessa maneira, o cristianismo não religioso, concebido a partir do pensiero debole, apresenta-se como possibilidade de interpretação da fé cristã de modo não absoluto e abre caminho para o reconhecimento do cristianismo em sua historicidade e parcialidade discursiva e como um discurso entre os demais. A comunicação tem como objetivo discutir a construção enfraquecida do cristianismo não religioso apresenta-se como uma condição para se construir um diálogo entre o cristianismo e as demais tradições religiosas. Como metodologia utilizou-se a bibliografia referente ao tema que já tinha sido consultada durante o mestrado em ciências da religião e também a revisão de dados bibliográficos já levantados.

Palavras-chave: Pensiero debole. Cristianismo não religioso. Diálogo inter-religioso

18. Uma miopia cultural. O movimento espiritualista do kardecismo e da umbanda num diálogo inclusivo de fé com outras tradições religiosas

Antonio Carlos Coelho

PUC Minas [email protected]

Num espaço cultural em que a diversificação das tradições religiosas se enfatiza em seus métodos salvíficos exclusivistas, o diálogo inter-religioso se mostra ainda incapaz de almejar seu objetivo fim de partilhar experiências de fé e de comunhão espiritual. Propõe-se a observar o diálogo inter-religioso dentro do espaço público do Espiritismo, codificado por Alan Kardec, e da Umbanda, por meio de seus componentes afro-brasileiros. Procedeu-se a observação dos trabalhos, num primeiro momento com os médiuns e num segundo com seus mentores, identificando suas posições quanto ao sentido de Fé e cogitando possível abertura que contribuam para um diálogo inter-religioso. O presente estudo não excluirá dr sua análise, a participação dos consulentes nestes templos religiosos que o buscam para sanar suas preocupações e respostas a seus dilemas. A pesquisa terá um cunho qualitativo, de caráter exploratório, com orientação analítico-descritiva, mediante entrevistas semi-estruturadas com questões em aberto, iniciadas após prévia aprovação e consentimento oral dos entrevistados. Os sujeitos em pesquisa são os participantes, médiuns e administradores de Centros Espíritas da região metropolitana de Belo Horizonte/MG. Com o resultado dos dados consolidados, buscaremos observar a conceituação da Fé, analisar os aspectos comuns e díspares das tradições kardecista e

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umbandista, buscando intermediações destes mundos que nos possibilitam afirmar a existência de um caminho para um diálogo inter-religioso entre as variadas denominações religiosas. Por fim, as medidas sugeridas para a presente análise visam balizar igualdades e desigualdades entre estas religiões e que tais nuances não são impossibilidade para um encontro e aproximação com variadas Tradições Religiosas.

Palavras-chave: Espiritismo. Kardecismo. Umbanda. Diálogo. Inter-religioso

19. A paz num contexto de intolerância: contribuições das Ciências da Religião

Paulo Agostinho Nogueira Baptista Doutor e Mestre em Ciências da Religião (UFJF), pós-doutorado em Demografia (CEDEPLAR/UFMG)

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A sociedade contemporânea produziu inúmeros avanços tecnológicos, muito conhecimento, nas diversas áreas, abriu horizontes de encontro e convivência entre os diferentes, mas também não deixou de produzir conflitos, exclusões e intolerâncias. A condição humana, como afirmam diversos autores (MORIN, BOFF), é ambígua. Nela convivem o demens e o sapiens, a demência e a sabedoria. A visão religiosa cristã utilizou e utiliza outras categorias para falar a mesma coisa: o ser humano é santo e pecador. Vivemos, portanto, sempre enfrentando enormes desafios, de toda natureza: econômicos, sociais, políticos, culturais, religiosos e ambientais. Para certa visão idealista esperava-se que entre essas instituições, que trabalham com o “sagrado”, a situação fosse diferente. Porém, como construção social, elas participam em tudo da condição humana, inclusive na capacidade de criar pontes e ideais utópicos. Convive-se com um aparente paradoxo: as diferenças têm sido hoje objeto de disputas e exclusões, justamente no momento no qual o mundo vive, quase que totalmente globalizado. Há um processo de afirmação identitária que contrasta com a solidariedade, o local com o global. Será que isso não é contraditório com a paz e com os próprios fundamentos de seus livros ou tradições orais, suas teologias e espiritualidades? A paz é ou deveria ser anseio fundamental de todas as tradições religiões. E ela se traduz de muitas formas: não-violência ativa, justiça, solidariedade e amor. O objetivo desta comunicação é refletir sobre o desafio de se viver a paz em meio à intolerância, verificando como as Ciências da Religião podem ajudar nesse processo. Um dos caminhos trilhados por diversos líderes religiosos foi o da “não-violência”. Busca-se, assim, discutir como é possível alcançar a paz através da dialogação, como forma e estratégia articuladora e pedagógica de transformação e enfrentamento dos desafios atuais, escolhendo o diálogo como práxis e testemunho de encontro pacífico e integrador.

Palavras-chave: Paz, não-violência, dialogação, diálogo inter-religioso. Ciências da Religião.

20. A dualidade do crente: uma análise a partir do livro As Formas Elementares da Vida Religiosa, de Emile Durkheim

Erielton Souza Martins Mestrando em Ciências da Religião - PUC MINAS

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O presente trabalho apresenta de forma breve uma análise do livro As Formas Elementares da Vida Religiosa, do sociólogo Emile Durkheim. Dividido em três partes este artigo aborda na primeira seção ideias relacionadas ao crente e sua fé, cuja ótica os levam a crer que a verdadeira função da religião é ajudá-los a viver, agir e obter mais forças para suportar as dificuldades humanas através da fé; no segundo, o foco recai sobre as crenças cercadas pelo místico, por histórias dignas de fascinação e temor; a terceira parte relata sobre aspectos da dualidade presentes na vida do fiel religioso que luta contra os aspectos duplos contidos em sua natureza, buscando a sobreposição constante do bem sobre o mal. Devido à abrangência do tema procurou-se dar um destaque à fé cristã, mais especificamente às vertentes evangélica e católica em seu modo de ver e agir a partir de sua fé, ao invés de utilizar outras crenças mencionadas na obra pelo autor; esse trabalho, porém, corrobora com a visão durkheiminiana e das Ciências da Religião de que todas as religiões contêm, à sua maneira, a verdade. E no meio de tantas denominações, o cristianismo também é provedor de uma “força” capaz de levar os seus adeptos à crença em algo a mais, a fim de prepará-los para viverem melhor nesta e numa próxima vida. A pesquisa ocorreu através de revisão bibliográfica, utilizando os métodos histórico e comparativo. Tendo como objetivo abordar ideias relacionadas à dualidade existente na vida humana e também em suas mitologias.

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Palavras-chave: Dualidade, crença e religião

21. Afirmação do “candomblé bantu”: uma análise sobre as articulações do movimento afro-religioso

Mariana Ramos de Morais Doutorado em Ciências Sociais PUC Minas

CAPES [email protected]

A gradativa incorporação do paradigma multiculturalista nas políticas públicas brasileiras, principalmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, tem influenciado a forma como o movimento afro-religioso se organiza e apresenta sua agenda. Nesta comunicação, analiso como se dá tal influência a partir de um caso específico: a busca empreendida por sacerdotisas e sacerdotes pela afirmação de uma modalidade de culto, qual seja, o candomblé de tradição banta, nomeado por eles como “candomblé bantu”. Trata-se de uma tradição que ao longo do século XX foi representada como “degenerada” por parte da literatura especializada, contrastando com a pretensa “pureza” imputada ao candomblé de tradição nagô, à qual se vincula a maioria dos terreiros alçados a patrimônio nacional. Desde meados da década de 1990, no entanto, começaram a ser criadas entidades representativas do candomblé de tradição banta que, na atualidade, têm participado do processo de formulação de políticas públicas, incidindo, inclusive, em ações patrimoniais.

Palavras-chave: Candomblé. Movimento afro-religioso. Políticas públicas.

22. A religião como ação pedagógica no tratamento e reinserção social de dependentes químicos

Elenise Maria Galúcio dos Santos Bacharel em Pedagogia pelo Centro Universitário Luterano de Santarém- CEULS/ULBRA

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Iarani Augusta Galúcio Lauxen Assistente Social, Mestre em Teologia, Doutoranda em Teologia pela Faculdade EST-RS

CAPES PROEX [email protected]

A religião ao longo da história passa por um processo de superação do seu papel regulador, da ação meramente doutrinária pautada na evangelização tradicional, passando a ser convidada para o exercício de uma práxis educativa que legitime seu papel social na sociedade, pela preservação da vida. Neste sentido, o estudo tem como objetivo identificar a religião como uma dimensão humana necessária a ser considerada no tratamento e reinserção social de dependentes químicos. Para tal, realizou-se pesquisa empírica junto a jovens dependentes químicos em recuperação em um Centro de Tratamento em Dependência Química e Alcoolismo, situado na cidade de São Leopoldo-RS. Um ensaio que apresenta experiências do trabalho religioso como ação pedagógica no tratamento e na elaboração do projeto de reinserção social de jovens adictos em recuperação. A práxis educativa não deve se restringir apenas em ações pedagógicas, mas apresenta-se aberta a transformações conforme as realidades e os objetivos comuns da comunidade, apresentando a intencionalidade política da ação em formar para a cidadania, comunhão da comunidade de fé, dando sentido a preservação e a promoção da vida sem drogas e por uma cultura pela paz.

Palavras-chave: Religião. Ação Pedagógica. Reinserção Social. Dependentes químicos

23. A Espanha das três culturas e a proposta inter-religiosa de Ramon Llul

Salustiano Alvarez Gomez Professor PUC Minas e FUMEC

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Este texto reflete alguns aspectos da experiência histórica (dos séculos VIII a XV) entre judeus, cristãos e islâmicos na Península Ibérica, chamada de Sefarad, Hispania e Al-Andalus respectivamente. É clara a influência na cultura espanhola das três religiões. Tiveram necessariamente que integrar-se no seu espaço e tempo, mas suas diferenças provocaram mais dificuldades e rejeições do que facilidades e aceitações. De

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qualquer forma houve momentos de boa convivência, mostrados em símbolos arquitetônicos, cooperação nas construções religiosas e urbanas, participação de intelectuais e gestores na educação e na administração pública e, especialmente, a Escola de Tradutores de Toledo. Houve de fato manifestações de tolerância e convivência, mas também manifestações de desagregação, perseguições, imposições, proibições, guetos, portas fechadas para separação de bairros e tantas outras. Diante deste panorama, Raimundo Llul, no seu livro, escrito em 1276, titulado O gentil e os três sábios, apresenta uma proposta de convivência inter-religiosa e intercultural proporcionada por um “gentil”, em termos atuais, um ateu, que buscando o sentido da vida, conversa com sábios das três culturas e propõe construir uma sociedade pacífica que se fundamente no que tem de comum e superem diferenças. Antes de chegar a esta proposta, analisamos brevemente alguns grupos e subgrupos étnicos e ideológicos que integraram esta época e outras tentativas de superação de conflitos.

Palavras-chave: Palavras chave: Diálogo inter-religioso. Hispanismo. História das Religiões. Ramon Llul.

24. A arte religiosa da Índia como instrumento de diálogo e apreciação da alteridade em um contexto intercultural

Karen Cristine Veloso Martins

Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG [email protected]

Este trabalho trata de como a arte da Índia, fundamentada em princípios religiosos, atua como instrumento de diálogo entre diferentes povos e crenças, proporcionando uma apreciação da alteridade. As diferenças estéticas ou externas nas artes são motivo de apreço e admiração. E seu sentimento fundamental, o de devoção, rendição ou glorificação, em se tratando de arte sagrada, é comum a todos os povos. Desta maneira, esta comunicação fala da coexistência de expressões diversas – partindo da expressão artística e indo à religiosa, já que se trata de uma arte sacra - utilizando textos fundamentais da arte indiana que preveem a existência de públicos heterogêneos, de estudos de casos de praticantes da arte indiana pertencentes a diferentes religiões e crenças, bem como através da análise da recepção do público não-hindu às performances tradicionais indianas. Busca-se mostrar, através deste trabalho e fazendo um paralelo entre arte e religião, como é possível cultivar uma estima pelas diferenças externas, fruto da diversidade cultural, geográfica ou temporal. Isto é possível ao se compreender que os aspectos fundamentais são semelhantes e de tamanha grandeza que se manifestam nesta rica diversidade. Tal visão gera não apenas tolerância, mas verdadeira admiração, fazendo com que as diferenças deixem de ser obstáculos e motivo de afastamento para se tornarem instrumento de aproximação e entendimento.

Palavras-chave: Arte. Índia. Interculturalidade. Diálogo religioso

25. A (in) tolerância religiosa na telenovela: evangélicos e católicos em Cúmplices de um resgate

Rafael Barbosa Fialho Martins

Mestrando em Comunicação Social – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) CAPES

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Hideide Brito Torres Doutoranda em Estudos Literários – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

CAPES [email protected]

O trabalho analisa a abordagem da telenovela Cúmplices de um resgate (SBT, 2015) em relação à (in) tolerância religiosa. A trama traz o conflito entre católicos e evangélicos a partir dos núcleos de Padre Lutero e Pastor Augusto, que concorrem pela influência religiosa no Vilarejo dos Sonhos. Analisamos as cenas referentes à campanha de doações aos pobres, na qual os evangélicos arrecadam mais que os católicos, que ficam revoltados. A situação leva à discussão entre os fiéis dos dois segmentos e traz à tona as representações de cada um deles. Embora a telenovela seja uma obra fictícia, ela apresenta uma promessa de realidade: consiste numa dramatização e representação da vida cotidiana. “Este aspecto de veracidade é

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exatamente o que os telespectadores esperam do gênero” (ANDRADE, 2003, p. 58). Para apreciação das cenas, lançamos mão de uma metodologia que combina procedimentos da análise de composição dos personagens e foco narrativo (BACCEGA, 2012) e da dimensão estética (cenários, figurinos e trabalho de câmera, cf. BUTLER, 2010). Conclui-se que as alteridades entre as duas religiões são expressas a partir da performance dos personagens e da cenografia. Por exemplo, no caso dos evangélicos, a novela vale-se de estereótipos expressos pelo figurino (saias e cabelos grandes) e pela performance dos atores, que se comportam mais pacificamente e externam mais sua fé e vinculação religiosa. Embora a trama ainda esteja em andamento, pode-se dizer que até o período delimitado pela pesquisa, Pastor Augusto e seus fiéis são representados de modo mais favorável à tolerância do que os católicos.

Palavras-chave: (In)tolerância religiosa. Telenovela. Cúmplices de um resgate. Católicos. Evangélicos.

26. O catolicismo mineiro e o golpe civil-militar de 1964

Dr. Wellington Teodoro Silva Maria Luisa Braga Botelho – PUC Minas

Bolsista de Iniciação Científica FAPEMIG Projeto desenvolvido com apoio da FAPEMIG

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Essa comunicação apresentará resultados de pesquisa sobre o catolicismo e o golpe civil-militar de 1964 em Belo Horizonte, Norte de Minas e Zona da Mata. Pesquisamos em arquivos públicos, eclesiásticos e pessoais nas cidades de Montes Claros, Juiz de Fora e Belo Horizonte. Por meio dos documentos elaboramos uma interpretação sobre os modos como a política foi significada a partir do ambiente de sentidos e significados do catolicismo. Houve ativa participação de católicos em todo o amplo gradiente político daquele momento que se constituiu em um dos mais dramáticos da vida republicana brasileira. Descobrimos um duplo movimento: 1) a partir do lugar religioso elaboravam-se compreensões sobre a política da nação e 2) a partir do lugar propriamente político (parlamento, por exemplo) elaborava-se uma compreensão da religião ideal para nação. Esse duplo movimento revela que a história das relações entre o cristianismo e a política no Brasil possui uma densidade e complexidade maior do que as nossas Ciências das Religiões, Teologia e historiografia trataram até o momento.

Palavras-chave: Religião e política. Igreja Católica. Golpe de 1964

27. As manifestações religiosas de Matriz Africana e a eleição da vida responsável como saída frente à intolerância religiosa

Guaraci Maximiano Santos

Mestre em Ciências da Religião PUC Minas [email protected]

As relações entre as religiosidades de matriz africana se apresentam com certo grau de complexidade. A intolerância religiosa configura-se por agressões e cerceamentos à liberdade de culto implícita e explicitamente. Diante disso, propomo-nos investigar como esses segmentos religiosos, a partir de seus seguidores e dirigentes, têm buscado saídas para seus impasses cotidianos frente à intransigência religiosa na cidade de Belo Horizonte e região metropolitana. Acreditamos que a vida responsável por meio do diálogo inter-religioso seja o pilar para a construção de dispositivos pertinentes para o tratamento da intolerância religiosa. Nessa perspectiva, a pesquisa pautou-se no método fenomenológico de investigação e hermenêutico de análise, concomitantemente, com as teorias afins ao tema. E possibilitou inferirmos que as saídas para a questão da intolerância religiosa sofrida pelas manifestações religiosas de matriz africana pautam-se, dentre outras possibilidades, na vida responsável, por elas promovida, a seus seguidores.

Palavras-chave: Manifestações Religiosas de Matriz Africana; Raul R. A. Altuna; Intolerância Religiosa; Viktor E. Frankl; Vida Responsável.