Caderno de Apoio a Pratica Pedagogica Lendas Indigenas e Africanas

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LENDAS INDÍGENAS E AFRICANAS ED. INFANTIL/CICLOS DE APRENDIZAGEM I E II / EJA APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA

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LENDAS INDÍGENAS E AFRICANAS

ED. INFANTIL/CICLOS DE APRENDIZAGEM I E II / EJA

APOIO

À PRÁTICA

PEDAGÓGICA

Prefeito da Cidade de Salvador JOÃO HENRIQUE DE BARRADAS CARNEIRO Secretário Municipal da Educação e Cultura NEY CAMPELLO Coordenadora de Ensino E Apoio Pedagógico ANA SUELI PINHO Equipe Técnica da Edição Original (1996) Coordenação da Elaboração dos Cadernos Kadja Cristina Grimaldi Guedes Consultoria Maria Esther Pacheco Soub Sistematização Antônia Maria de Souza Ribeiro Maria de Lourdes Nova Barboza Elizabete Regina da Silva Monteiro Edição Atualizada (2007) Daniela Fernanda da Hora Correia Coordenação da reedição dos Cadernos Maria de Lourdes Nova Barboza

A reedição deste caderno atende aos objetivos da SMEC em dar

suporte didático/pedagógico às atividades de sala de aula.

Esta publicação destina-se exclusivamente para uso pedagógico nas escolas Municipais de Salvador, sendo vedada a sua comercialização. A reprodução total ou parcial deverá ser autorizada pela Secretaria Municipal da Educação e Cultura de Salvador.

APRESENTAÇÃO

É com muita satisfação que a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico - CENAP – apresenta aos professores do Sistema Municipal de Ensino, a reedição dos Cadernos de Apoio à Prática Pedagógica. Nascidos em 1996, de um trabalho de vanguarda que conectava a teoria à prática da sala de aula das escolas municipais, tais cadernos procuravam ser – e certamente ainda são – um instrumento estratégico da nossa luta diária para aumentar os índices de desempenho acadêmico dos alunos da Rede Municipal de Ensino de Salvador. Os Cadernos de Apoio à Prática Pedagógica apresentam vários blocos de sugestões com diferentes gêneros textuais e algumas atividades voltadas para aquisição da base alfabética e ortográfica dos alunos, subsidiando os professores no seu saber-fazer pedagógico.

Acreditamos que quanto mais investirmos na formação continuada, na prática reflexiva, na pesquisa de soluções originais, mais será possível uma progressiva redefinição do nosso ofício de professor, no sentido de uma maior profissionalização. Atualizamos e publicamos esses cadernos, apostando no potencial criativo dos professores, tendo em vista o bem comum de todas as crianças, jovens e adultos que freqüentam as escolas municipais de Salvador. Sucesso professor, é o que lhe desejamos! Ana Sueli Pinho Coordenadora da CENAP

LENDAS

São narrativas fantasiosas transmitidas pela tradição oral através dos tempos. Na maioria das vezes, surgem a partir de fatos verdadeiros que procuram explicar fenômenos não entendidos pelo homem. Ou seja, explicar pela imaginação, de forma misteriosa, aquilo que não se consegue pela razão. As personagens das lendas nem sempre são seres humanos, existem elementos da flora e da fauna, seres mágicos, monstros, pessoas e seres fantásticos. A característica da lenda é ser oral. Não se conhece autor dessas narrativas: é cultura popular, daí a razão por que há tantas versões numa mesma história contada em regiões diferentes. No Brasil, de norte a sul, há uma fertilidade de lendas, cada qual com sua tônica regional. Dessa maneira, os costumes, valores e cultura de um povo, podem ser estudados através da análise de suas lendas. Pelo conhecimento se combate o preconceito. Por isso, estudar e compreender a diversidade cultural dos povos é um caminho seguro para estabelecer entre os alunos o sentido de respeito ao próximo, seja este o colega de classe ou um indivíduo de outra etnia, região ou religião. Com base na leitura das lendas, o professor poderá mostrar ao aluno, diferentes e encantadoras visões de mundo, pontos de vista que revelam a identidade cultural de quem mantém viva a tradição dos povos. OBJETIVOS

• Explorar recursos da oralidade e da escrita; • Estimular a expressão criativa; • Ampliar o volume de escrita e o universo vocabular; • Desenvolver a percepção de alteridade; • Identificar e respeitar as diferenças entre as várias culturas existentes; • Identificar as características marcantes desse tipo de texto; • Apropriar-se do uso literário da linguagem utilizando estratégias de coesão:

pronominalização, substituição lexical e especialmente conectivos. ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS

• Conversação sobre o tema, perguntando aos estudantes que tipo de lendas eles conhecem em nossa sociedade ou em outras;

• Explicação sobre a história que conhecerão a seguir e uma lenda (indígena ou africana) e que as lendas são histórias que explicam fenômenos da natureza de forma criativa que nos mostram uma visão muito peculiar da cultura de determinado povo;

• Investigação sobre o modo de vida desses povos (ao conversar com os alunos sobre as diferenças culturais, você desperta a percepção da alteridade, o reconhecimento da identidade do outro);

• Apresentação, através de leitura, da lenda (destaque as referências aos elementos da natureza);

• Realização do reconto da narração (individualmente, em grupo); • Realização em grupo de uma atividade artística para representar a narração; • Produção de desenhos que representem a lenda; • Organização de uma exposição; • Execução de reescrita coletiva (o professor é o escriba) à proporção que os

alunos estiverem fazendo o reconto; • Realização de reescrita em dupla; • Revisão da reescrita pelo professor; • Proposição de alternância de papéis (em dupla um aluno escreve enquanto o

outro dita); • Revisão da reescrita pelos alunos; • Execução de reescrita individual.

AVALIAÇÃO A avaliação é um ato diagnóstico contínuo que serve de subsídio para uma tomada de decisão na perspectiva da construção da trajetória do desenvolvimento do educando e apoio ao educador na práxis pedagógica. Nessa perspectiva, a avaliação funciona como instrumento que possibilita ao professor ressignificar a prática docente a partir dos resultados alcançados com os alunos, ou seja, o resultado é sempre o início do planejamento de intervenções posteriores. Sugerimos a utilização do instrumento avaliativo apresentado a seguir, para acompanhamento do desempenho dos seus alunos e replanejamento de suas ações.

Avaliação – Produção Textual Modalidade: Lendas

TÓPICOS DE REVISÃO

Sim

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• O texto produzido corresponde ao tema proposto? • Foi produzido o suficiente para o desenvolvimento das idéias? • O texto apresenta clareza? • O texto apresenta seqüência lógica

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• Apresenta Título? • O texto caracteriza-se como uma prosa/ narrativa? • Apresenta fatos históricos com superstições e crendices • Apresenta personagens mágicos e fantásticos, típicos do gênero lenda? • Apresenta características de lugar onde o fato aconteceu? • Apresenta o elemento quando? • Apresenta suspense / aventura? • O texto está escrito na 3ª pessoa? • Apresenta seqüência cronológica?

Est

rutu

ra

Est

étic

a

• O texto foi escrito respeitando as linhas? • A letra empregada é legível? • O texto é legível, ainda que com borrões e rasuras? • O texto apresenta margem dos dois lados da página? • Há marcação adequada de parágrafo no corpo do texto?

Est

rutu

ra

Lin

güís

tica

De uma forma geral o aluno: • Escreve convencionalmente as palavras? • Apresenta separação silábica quando necessário? • Acentua adequadamente as palavras ? • Emprega a pontuação que facilita a leitura e compreensão do texto? • Usa letras maiúsculas e minúsculas adequadamente? • Emprega o vocabulário de maneira adequada? • Apresenta concordância nominal? • Apresenta concordância verbal?

LENDAS INDÍGENAS

O CANTOR DAS MATAS O Irapuru é o cantor das florestas amazônicas. È um pássaro que tem um canto tão lindo, tão melodiosos que os outros pássaros ficam quietos e silenciosos, só para ouví-lo. O irapuru tem a cor verde-oliva e a cauda avermelhada. Quando começa a cantar, toda a mata parece emudecer para ouvir seus gorjeios maravilhosos. Por isso, os sertanejos acham que esse pássaro é um ser sobrenatural. Aliás, irapuru quer dizer pássaro que não é pássaro. Depois de morto, seu corpo é considerado um talismã, que dá felicidade a quem o possui. A lenda do irapuru é interessante. Dizem que, no sul do Brasil, havia uma tribo de índios, cujo cacique era amado por duas moças muito bonitas. Não sabendo qual escolher, o jovem cacique prometeu casar-se com aquela que tivesse melhor pontaria. Aceita a prova, as duas índias atiraram as flechas, mas só uma acertou o alvo. Essa, casou-se com o chefe da tribo. A outra, chamada Oribici chorou tanto que suas lágrimas formaram uma fonte e um córrego. Pediu ela a Tupã que a transformasse num passarinho para poder visitar o cacique sem ser reconhecida.Tupã fez-lhe a vontade. Mas, verificando que o cacique amava a sua esposa, Oribici resolveu abandonar aqueles lugares. E voou para o Norte do Brasil, indo parar nas matas da Amazônia. Para consolá-la, Tupã deu-lhe um canto melodioso. Por isso, ela vive a cantar para esquecer suas mágoas. E os outros pássaros, quando encontram o irapuru, ficam calados, para ouvir suas notas maviosas. Um poeta brasileiro exprimiu sua admiração pelo canto da irapuru nestes versos: O que mais no fenômeno me espanta É ainda existir um pássaro no mundo Que fica a escutar quando outro canta! A LENDA DOS DIAMANTES Há muito tempo, numa taba de índios que ficava perto do rio, morava um casal muito feliz. O nome do marido era Itagiba, que quer dizer braço forte. Ele era um guerreiro forte e corajoso. A mulher chamava-se Potira. Potira quer dizer flor e ela era mesmo bonita como uma flor. Um dia começou uma guerra contra outra tribo de índios. Itagiba teve que partir para a guerra, junto com os outros guerreiros de sua tribo. Ele ficou muito triste quando teve que se despedir e deixar a sua mulher. Potira ficou na margem do rio acompanhando com os olhos a canoa em que ia Itagiba. Potira quase que não agüentava sua tristeza, mas não derramou uma só lágrima. Passaram-se muitos dias e Itagiba não voltava. Todos os dias a índia Potira ia para a margem do rio esperar a volta do marido. Ela estava com muitas saudades dele. Até que um dia, alguns índios voltaram para a taba e contaram para Potira que Itagiba tinha morrido.

A índia Potira então chorou muito. Ela passou o resto da vida na beira do rio, chorando de saudade. As lágrimas brilhantes de Potira foram-se misturando com a areia do rio. O sofrimento da índia foi tão grande que o deus Tupã ficou impressionado. E para que todos se lembrassem do grande amor de Potira,Tupã transformou suas lágrimas em diamantes. É por isso que os mineiros encontraram os diamantes misturados no cascalho dos rios. O brilho dessas pedras faz lembrar as lágrimas de saudade da índia Potira. O CORPO DE MANI Há muitos anos, a filha de tuxaua de uma tribo deu à luz uma menina alva como o leite. O chefe resolveu matar a menina no dia seguinte. Mas, à noite, apareceu-lhe em sonho um homem branco, que lhe afirmou ser a moça inocente. E ameaçou-o com um castigo terrível se ele matasse a própria filha. Por isso, o tuxaua nada fez. A criança recebeu o nome de Mani. E, logo depois que nasceu, começou a falar e andar. Era tão linda quanto inteligente e boa. Os índios a adoravam. Mas a menina não viveu muito tempo. Antes de completar um ano, morreu sem ter adoecido. O tuxaua mandou enterrá-la na própria maloca. Todos os dias, os índios regavam a sepultura, segundo antigo costume da tribo. Sobre a cova de Mani nasceu, pouco tempo depois, uma planta desconhecida. Quando a planta deu flores e frutos, os pássaros que os vinham comer ficavam embriagados. Um dia, a terra fendeu-se ao pé da planta e surgiram as raízes. Os índios as colheram e, tirando a sua casca, notaram que eram brancas como o corpo de Mani. Acreditando ser um milagre de Tupã, os índios comeram essas raízes e fizeram com as mesmas um vinho delicioso. Daí por diante, os índios cultivaram essa planta maravilhosa. E deram-lhe um nome muito bonito: manioca ou mandioca que quer dizer corpo de Mani. Eis como o poeta Lindolfo Xavier conta, em versos, a lenda da mandioca: Mani, loura criança que nascera De uma virgem, por todos admirada, Foi cedo numa cova sepultada, E a mãe saudosa o pranto ali vertera. Ao rebentar o ardor da primavera, Surgiu da cova uma árvore encantada, De tão longa raiz, que triturada, Toda uma tribo a carne lhe comera. Da túbera uma tão maravilhosa Bebida dentro em pouco se inventara, Que a tribo toda se embriagou radiosa. A lenda se espalhou festiva e clara E a mandioca tornou-se a milagrosa Fênix americana excelsa e rara!

IARA, A MÃE D’ÁGUA Há muitos anos, vivia nas margens do rio Amazonas a tribo dos índios Manaus. O filho do cacique era um moço muito bonito chamado Jaraguari. Ele era forte, respeitado e corajoso. Ele era um moço muito alegre. Mas um dia, todos perceberam que ele estava ficando triste e pensativo. Todas as tardes ele pegava sua canoa, ia embora sozinho pelo rio e só voltava à meia-noite. A mãe de Jaraguari começou a ficar preocupada com ele e perguntou: - Meu filho, que pescaria é essa, até meia-noite? Por que você anda tão triste? Jaraguari ficou quieto, mas depois respondeu: -Minha mãe, eu vi uma mulher muito linda nadando no meio das flores, na beira do rio. Os olhos dela parecem pedras verdes e os cabelos são da cor do ouro. Ela canta mais bonito do que o uirapuru. A mãe de Jaraguari começou a chorar e pediu gritando: - Meu filho, foge dessa mulher. Ela é a Iara. Se você não fugir, ela vai te matar! Jaraguari não disse nada e saiu. No dia seguinte, à tardinha, ele pegou sua canoa e foi embora de novo pelo rio. De repente começou uma gritaria dos índios que estavam pescando na beira do rio, chamando todo mundo pra ver uma coisa. E todos viram Iara com jaraguari na canoa. Depois disso nunca mais Jaraguari apareceu. A LENDA DAS CATARATAS Há muito tempo, os índios Caingangues moravam nas margens do rio Iguaçu. Eles acreditavam em Tupã, rei dos deuses, e em Mboi, que era um deus filho de Tupã. O deus Mboi aparecia como uma cobra enorme. O cacique da tribo tinha uma filha muito bonita, chamada Naipi. Naipi era tão linda que as águas do rio Iguaçu até paravam quando a índia se olhava nelas. Nessa tribo, eles escolhiam as moças mais bonitas para passarem à vida inteira cuidando do culto de Mboi. Naipi era uma das escolhidas e por isso não podia se casar. Acontece que nessa tribo havia um moço guerreiro que estava apaixonado por Naipi. Ele era bonito como sol e chama-se Tarobá. Quando chegou o dia da festa do deus Mboi, os guerreiros dançaram muito alegres e quase todos ficaram bêbados de tanto tomar cauim. Tarobá aproveitou a confusão da festa para fugir com Naipi. Eles fugiram numa canoa e a correnteza levou os dois, rios abaixo. Mboi ficou furioso quando percebeu que os dois fugiram. Então ele entrou pela terra e abriu uma fenda na rocha. Aí surgiu a cachoeira. A canoa foi arrastada pelas águas e caiu na cachoeira. Mboi transformou Naipi numa rocha no meio da cachoeira. Tarobá virou uma árvore que fica bem na beira do abismo da cachoeira. Dizem que debaixo dessa árvore está a entrada de uma gruta. E dentro dessa gruta fica Mboi vigiando Tarobá e Naipi, transformados em árvore e rocha.

A CRIAÇÃO DA NOITE No princípio não havia noite. Só existia o dia. A noite estava guardada no fundo das águas. Aconteceu, porém que a filha da Cobra Grande se casou e disse ao marido: - Meu marido, está com muita vontade de ver a noite. - Minha mulher, há somente o dia, respondeu ele. - A noite existe, sim! Meu pai guarda-a no fundo do rio. Mande seus criados buscá-la. Os criados embarcaram numa canoa e partiram em busca da noite. Chegando à casa de Cobra Grande, transmitiram o desejo da filha. Receberam então um coco de tucumã com o seguinte aviso: - Muito cuidado com este coco. Se ele abrir tudo ficará escuro e todas as coisas se perderão. No meio do caminho os criados ouviram, dentro do coco, um barulho assim xé-xé-xé...tém-tém-tém...

Era o ruído dos sapos e dos grilos, que cantam na noite. Mas os criados não sabiam disso e, cheios de curiosidade, abriram o coco de tucumã. Nesse momento tudo escureceu. A moça em sua casa disse a seu marido: - Seus criados soltaram a noite. Agora não teremos mais dia, e todas as coisas se perderão. Então todas as coisas que estavam na floresta se transformaram em animais e pássaros. E as coisas que estavam espalhadas pelo rio transformaram-se em peixes e patos. O marido da filha de Cobra Grande ficou espantado. E perguntou à esposa: - Que faremos? Precisamos salvar o dia! - A moça arrancou, então, um fio dos seus cabelos, dizendo: - Não tenhas receio. Com este fio vou separar o dia e a noite. Feche os olhos ... Pronto!... Agora pode abrir os olhos. Repare: a madrugada já vem chegando. Os pássaros cantam alegres, anunciando o sol. Mas quando os criados voltaram, a filha de Cobra Grande ficou furiosa. E os transformou em macacos, como castigo por sua infidelidade. Assim nasceu a noite. O CASTIGO DO JAPIM O Japim vivia no céu, cantando para Tupã. Quando o chefe dos deuses queria dormir, chamava o Japim e ele cantava até que seu senhor dormisse. Certa vez, os índios ficaram muito tristes, por causa de uma peste terrível que havia atacado as tribos. Resolveram implorar a Tupã que os levassem para o céu, onde não há doenças nem tristezas. É claro que não foram atendidos. Mas Tupã enviou o Japim a terra para consolá-los. Com seu canto maravilhoso, o Japim expulsou a peste e fez desaparecer as tristezas dos índios. Eles voltaram ao trabalho e ficaram, de novo, tranqüilos, e felizes. Por isso, pediram a Tupã que lhes desse o Japim. Desta vez o chefe dos deuses os atendeu. O Japim ficou então muito orgulhoso. Julgou-se dono da floresta. E passou a imitar o canto dos pássaros por zombaria. Resolveram estes queixarem-se a Tupã. O deus dos

índios mandou chamar o Japim e censurou-o severamente. Mas o danado do passarinho não se emendou. E continuou a imitar o canto dos outros pássaros. Tupã ficou indignado e disse para o Japim: - De hoje em diante, perderás o teu canto e só poderás imitar o canto das outras aves. Além disso, todos os pássaros hão de te odiar e de te perseguir. E foi o que aconteceu. O Japim passou a ser atacado pelas outras aves, que lhe destruíram o ninho e os filhotes. Resolveu então o Japim, pedir auxílio às vespas. Estas ficaram com pena do pássaro e disseram: - Não te aflijas, amigo Japim. Farás teu ninho perto de nossas casas, e coitado daquele que se atrever a destruí-lo. Nós o mataremos com nossas ferroadas. E desde então, o Japim constrói seu ninho junto da casa das vespas. Ele perdeu seu canto, mas pode criar seus filhotes. O MISTÉRIO DO BOTO Uma formosa índia casara-se com um guerreiro desconhecido. Dele tivera um filho. Um dia notou que seu marido tinha uma cauda de peixe, escondida sob a tanga de penas. Ficou curiosa e perguntou-lhe: - Por que usa uma coisa tão feia? - Isto é o que falta nas pessoas que se afogam, respondeu o índio, irritado. Dizendo essas palavras saiu da palhoça em que vivia e nunca mais voltou. A índia ficou desesperada. Passava os dias e as noites à beira do rio chorando e lamentando a sua triste sorte. Levava sempre, às costas, seu pequeno filho. Houve um dia em que suas lágrimas foram tão abundantes que encheram o rio e o fizeram transbordar. As águas cresceram e arrastaram consigo a índia e o filho. Na manhã seguinte, os índios que pescavam viram, com espanto, um boto empurrando para a margem do rio dois corpos. Era o guerreiro desconhecido, que devolvia à tribo cadáveres da sua esposa e do seu filho. Desde então, os botos adquiriram o costume de empurrar, para as margens dos rios e igarapés, os cadáveres das pessoas que morrem afogadas. LENDAS AFRICANAS Pierre Verger, a quem se deve a cuidadosa coleta das lendas aqui apresentadas, viveu durante dezessete anos, em sucessivas viagens desde 1948, pelas bandas ocidentais da África, em terras Iorubas. Tornou-se Babalaô em Kêtu, por volta de 1950, e foi por essa época que recebeu do seu mestre Oluwo o nome de Fatumbi: “Aquele que nasceu de novo pela graça de Ifá”. Algumas das lendas aqui reunidas já são conhecidas,é o caso, por exemplo, da história de Oxum, onde ela aparece exigindo a oferenda de Nkan. Outras, entretanto, são desconhecidas e, neste caso, poderíamos incluir as lendas de Oxossi e de Oxaguian em que se propõe, inclusive, a etimologia dos nomes desses orixás. A história de Ogum explica ao leitor as razões pelas quais o deus do ferro é conhecido pelos nomes de Oum Mejê, Ogum Alakarô e Ogum Onirê. As origens históricas prováveis de Xangô, de Iemanjá e de Obaluaê são indicadas nas três lendas referentes a esses orixás. Orunmilá, que preside a adivinhação, não é propriamente um orixá, mas o autor o inclui no conjunto das lendas porque ele aparece ao lado dos orixás e participa de suas aventuras. Uma destas lendas mostra sua

rivalidade com Ossain, o senhor das virtudes das folhas e plantas medicinais e litúrgicas, refletindo a disputa pela prioridade entre adivinhos e curandeiros. A “Briga entre Oxalá e Exu” é narrada com humor num estilo que lembra o de Amos Tutuola em livros repletos de fantasia, como” O Bêbado da Selva”, onde as aventuras são inspiradas nas mesmas fontes tradicionais que as lendas publicadas a seguir. OSSAIN, O senhor das folhas Ossain receberá de Olodumaré o segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria as doenças e os acidentes. Eles dependiam de Ossain para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas. Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e imperioso, irritado por esta desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar a Ossain à propriedade das folhas. Falou dos planos à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos. Explicou-lhe que, em certos dias Ossain pendurava, num galho de Iroko, uma cabeça contendo suas filhas mais poderosas. Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias”, disse-lhe Xangô. Iansã aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou as grandes rajadas, Levando o telhado das casas, Arrancando as árvores, Quebrando tudo por onde passava e, O fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram. Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas, Mas, Ossain permaneceu senhor do segredo de suas virtudes E das palavras que devem ser pronunciadas Para provocar sua ação. E, assim, continuou a reinar sobre as plantas Como senhor absoluto. Graças ao poder (axé) que possui sobre elas. IEMANJÁ Odô Iyá, Yemanjá Ataramagbá ajejê Iodô, ajejê nilê! Iemanjá era a filha de OloKum, a deusa do mar. Ela tornou-se, em Ifé, a esposa de Olofim-Odudua, com o qual teve dez filhos. Estas crianças receberam nomes simbólicos e tornaram-se todas orixás. Um deles foi chamado Oxumaré, o Arco-Íres, “aqueles –que-se-desloca-com-achuva-e-retém-o-fogo-nos-seus-punhos”.

Outro tinha o nome de Xangô, o Trovão, “aquele –que-se-destaca-com-a chuva-e-revela-seus-segredos”. De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos. Cansada de sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu em direção ao “entardecer-da-terra”, Como os iorubas designam o Oeste, Chegando a Abeokutá. Ao norte de Abeokutá, vivia Okere, rei de Xaki. Iemanjá aceitou, mas, impondo uma condição, disse-lhe: “Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios.” Okere desejou-a e propôs-lhe casamento. Iemanjá aceitou, mas, impondo uma condição, disse-lhe: “Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios.” Okere, gentil e polido, tratava Iemanjá com consideração e respeito. Mas, um dia, ele bebeu vinho de palma em excesso. Voltou para casa bêbado e titubeante. Ele não sabia mais o que fazia. Ele não sabia mais o que dizia. Tropeçando em Iemanjá, esta chamou de bêbado e imprestável. Okere, vexado, gritou: “Você com seus seios compridos e balouçante! Você, com seus seios grandes e trêmulos!” “Iemanjá, ofendida, fugiu em disparada. Certa vez, antes do seu primeiro casamento, Iemanjá recebera de sua mãe, Olokum, Uma garrafa contendo uma porção mágica, pois, dissera-lhe esta: “Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã. Em caso de necessidade, quebre as garrafas, jogando-a no chão.” Em sua fuga Iemanjá tropeçou e caiu. A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio. As águas tumultuosas desse rio levaram Iemanjá Em direção ao oceano, residência de sua mãe Olokum. Okere, contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher. Querendo-lhe barrar-lhe o caminho, ele transformou-se em uma colina, Chamada ainda hoje Okere, e colocou-se em seu caminho. Iemanjá quis passar pela sua direita, Okere deslocou-se para sua direita. Iemanjá quis passar para a sua esquerda, Okere deslocou-se para a sua esquerda. Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa materna, Chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos. Kawo Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi o Rei de Kossô! “Saudemos o Rei Xangô, saudemos o Rei de Kossô! Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder. Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos, Um prato de “amalá”, preparado com farinha de inhame, e Um prato de “gbeguiri”, feito com feijão e cebola.

E declarou que, no dia seguinte, Iemanjá encontraria por onde passar. Neste dia, Xangô desfez todos os nós que prendiam as amarras da chuva. Começaram a aparecer nuvens dos lados da manhã e da tarde do dia. Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do dia. Quando todos eles estavam reunidos, chegou Xangô com seu raio. Ouviu-se então: Kakara rá rá rá... Ele havia lançado seu raio sobre a colina Okere. Ela abriu-se em duas e, suichchch... Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokum. Aí ficou e recusa-se, desde então, à voltar a terra. Seus filhos chamaram-na e saúdam-na: “Odô Iyá, a Mãe do rio, ela não volta mais. Iemanjá a rainha das águas, que usa roupas cobertas de pérolas.” Ela tem filhos no mundo inteiro. Iemanjá está em todo lugar, aonde o mar vem bater-se com suas ondas espumantes. Seus filhos fazem-lhe oferendas para acalmá - la e agradá-la. Odô Iyá, Yemanjá Ataramagbá Ajejê Iodo, ajejê nilê! “Mãe das águas, Iemanjá, que estendeu-se ao longe na amplidão. Paz nas águas! Paz na casa!” OXOSSI Okê! Olofin era um rei africano da terra de Ifé, lugar de origem de todos os iorubas. Cada ano, na época da colheita, Olofin comemorava, em seu reino, a Festa dos Inhames. Ninguém no país podia comer dos novos inhames antes da festa. Chegando o dia, o rei instalava-se no pátio do seu palácio. Suas mulheres sentavam-se a sua direita, Seus ministros sentavam-se atrás dele, agitando leques e espanta-moscas E os tambores soavam para saudá-lo. As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma. Elas comemoravam e brincavam. De repente, um enorme pássaro voou sobre a festa. O pássaro voava à direita e voava à esquerda... Até que veio pousar sobre o teto do palácio. A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras, Furiosas porque não foram também convidadas para a festa. O pássaro causava espanto a todos! Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa direita cobria o lado esquerdo do palácio, sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio, as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça, cobria o portal de entrada. As pessoas, assustadas, comentavam: “Ah! Que esquisita surpresa?” “Eh! De onde veio este desmancha-prazer?”

“Ih! O que veio fazer aqui?” “Oh! Bicho feio de dar dó!” “Uh! Sinistro que nem urubu!” “Como nos livraremos dele?” “Vamos rápido chamar os caçadores mais hábeis do reino.” De Ido, trouxeram Oxotogun, o “Caçador das vintes flechas”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte flechas. Oxotogum afirmou: “Que me cortem a cabeça se eu não o matar!” E lançou suas vinte flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro. O rei o mandou prender. De Ilarê, apresentou-se a Oxotadotá, mas nenhuma atingiu o pássaro. O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas cinqüenta flechas; Oxotadotá afirmou: “Que exterminem toda a minha família se eu não o matar.” Lançou suas cinqüentas flechas e nenhuma atingiu o pássaro. O rei o mandou prender. De Ilarê, apresentou-se a Oxotaotá, o “Caçador de uma só flecha”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua única flecha. Oxotokanxoxô afirmou: “Que me cortem em pedaços se eu não o matar!” Ouvindo isto, a mãe de Oxotokanxoxô, que não tinha outros filhos, Foi rápido consultar um babaloâ, o adivinho, e saber o que fazer para ajudar seu único filho. “Ah!” – disse-lhe o babaloâ. “Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza.” E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradece às feiticeiras. A mãe sacrificou então uma galinha, abrindo-lhe o peito E foi rápido colocar na estrada, gritando três vezes: “Que o peito do pássaro aceite este presente!” Foi no momento exato que Oxotokanxoxô atirava sua única flecha. O feitiço pronunciado pela mãe do caçador chegou ao grande pássaro. Ele quis receber a oferenda e relaxou o encanto que o protegera até então. A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno peito. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu. A notícia espalhou-se: “Foi Oxotokanxoxô, o” Caçador de uma só flecha”, que matou o pássaro! O rei lhe fez uma promessa, se ele o conseguisse! Ele ganhará a metade de sua fortuna! Todas as riquezas do reino serão divididas ao meio, E uma metade será dada a Oxotokanxoxô!” Os três caçadores foram soltos da prisão e, como recompensa, Oxotogun, o “Caçador das vintes flechas” ofereceu a Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios; Oxotogí, “Caçador das quarentas flechas”, ofereceu-lhe quarenta sacos; Oxotadotá, o “Caçador das cinqüentas flechas”, ofereceram-lhe cinqüenta. E todos cantaram para Oxotokanxoxô. O babalaô, também, juntou-se a eles cantando e batendo em seu agogô: “Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!!!” “ O caçador Oxo é popular!”

E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado Oxowusi. “Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!! OIÁ – IANSÃ Êpa Heyi! Ogun foi um dia caçar na floresta. Ele ficou na espreita e logo viu um búfalo em sua direção. Ogum avaliou logo a distância que os separava e preparou-se para matar o animal com a sua espada. Mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e se despir de sua pele. Desta pele saiu uma linda mulher. Era Iansã vestida com elegância, coberta de belos panos, um turbante luxuoso amarrado à cabeça e ornada de colares e braceletes. Iansã enrolou sua pele e seus chifres, fez uma trouxa e escondeu num formigueiro. Partiu em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade, sem desconfiar que Ogum tivesse visto tudo. Assim que Iansã partiu, Ogun apoderou-se da trouxa, foi para casa, guardou no celeiro de milho e seguiu também para o mercado. Lá, ele encontrou a bela mulher e cortejou-a. Iansã era bela, muito bela, era a mais bela mulher do mundo. Sua beleza era tal que, se um homem a visse, logo a desejaria. Ogum foi subjugado e pediu-a em casamento. Iansã apenas sorriu e recusou sem apelo. Ogum insistiu e disse-lhe que há esperaria. Ele não duvidava que ela aceitasse. Iansã voltou à floresta e não encontrou seus chifres nem sua pele. “Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer?” Iansã voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava. Ela perguntou-lhe o que havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro. Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele. Iansã não se deixou enganar e disse-lhe: “ Eu sei que você sabe que sou animal. Eu sei que você escondeu minha pele e meus chifres. Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo. Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa. Mas, existem certas regras de conduta para comigo. Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da sua casa. Ninguém poderá me dizer” Você é um animal! Ninguém deverá utilizar cascas de dendê para fazer fogo. Ninguém poderá rolar um pião, pelo chão da casa.” Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã. Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se.

Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã, nem insultá-la. A vida organizou-se. Ogum saía para caçar ou cultivar o campo. Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres. Ela deu a luz a uma criança, depois uma segunda e uma terceira... Ela deu à luz nove crianças. Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã. Cada vez mais enciumadas e hostis, elas decidiram desvendar o mistério da origem de Iansã. Uma delas conseguiu embriagar Ogum com vinho de palma. Ogum não conseguiu mais controlar suas palavras e revelou o segredo. Contou que Iansã era, na realidade, um animal; Que sua pele e seus chifres estavam escondidos no celeiro do milho. Ogum recomenda-lhes ainda: “Sobretudo não procurem vê-los, pois isto a amedrontará. Não lhe digam jamais que é um animal!” Depois disso, logo que Ogum saía para o campo, as mulheres insultavam Iansã. “Você é um animal! Você é um animal!!” Elas cantavam enquanto faziam os trabalhos de casa: “Coma e beba, pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho!” Um dia, todas as mulheres saíram para o mercado. Iansã aproveitou e correu para o celeiro. Abriu a porta e bem no fundo, sob grandes espigas de milho, Encontrou sua pele e seus chifres Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia. Cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele. Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando. Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas. Com grandes chifradas, Iansã rasgou-lhes a barriga, Pisou sobre os corpos e rodou-a no mar. Iansã poupou seus próprios filhos que a seguiram chorando e dizendo: “Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma? Nossa mãe, nossa mãe! Que será de nós? O búfalo os consolou, roçando seu corpo carinhosamente no deles e dizendo-lhes: “Eu vou voltar para a floresta; lá não é um bom lugar para vocês. Mas, vou lhes deixar uma lembrança.” Retirou seus chifres, entregou-lhes e continuou: “Quando qualquer perigo lhes ameaçar, Quando vocês precisarem de meus conselhos, Esfreguem estes chifres um no outro. em qualquer lugar que estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los.” Eis porque dois chifres de búfalo são sempre colocados no altar de Iansã.

OLUFIN-ODUDUA CRIA O MUNDO EM LUGAR DE OXALÁ Olodumaré, o Deus Supremo, residia no além. No além de um mundo que não exista ainda. Ele aí vivia arrodeado de seiscentos Imalés, as divindades criadas por ele. Duzentos Imalés permaneciam a sua direita. Quatrocentos Imalés permaneciam à sua esquerda. Dos primeiros, pouco falaremos. Eles eram maus, orgulhosos, desleais e mentirosos. Eles discutiam e lutavam sem parar. Olodumaré não tinha mais um minuto de descanso. Num instante de impaciência e de cólera, ele devolveu ao nada todos os Imalés da direita. Todos, menos Ogum. Ogum, o valente guerreiro. O homem louco dos músculos de aço que, tendo água em casa, lava-se com sangue! E o colocou como guia dos quatrocentos Imalés da esquerda. Um dia deste passado longínquo, Olodumaré os convocou e disse: “Eu vou criar um outro lugar. Um lugar que será para vocês. Vocês, aí, serão numerosos. Cada um será um chefe e terá um lugar para si. Cada um terá seu poder e seu trabalho próprios.” Deu a todos o que necessitariam e criou, com perfeição, tudo o que prometera. Olodumaré reúne, então, num só lugar, Os quatrocentos e um Imáles. Orunmilá Eleri-Ipin, o testemunho do destino, Mantém-se a seu lado. Todos os Imalés deverão pedir-lhe a palavra. Ele mostrará, a cada um deles, o caminho a seguir. O primeiro a responder é Obatalá, o rei do pano branco, Chamado também Oxalá, o “Grande Orixá”. Ele é a segunda pessoa de Olodumaré. É a ele que Olodumaré encarrega de criar o mundo, E lhe dá os poderes (abá e axé) do mundo (é por esta razão que é saudado com a expressão” Alabalaxé”). Obatalá os examina, coloca um sob o boné E o outro dentro do seu saco. O saco da criação, que Olodumaré lhe confia. Antes de partir, ela vai a Orunmilá pedir-lhe a palavra, O caminho que ele deverá seguir e o que deverá fazer. Orunmilá lhe diz: “Olodumaré lhe confiou à criação de um outro lugar. Faça uma oferenda para ser capaz de realizá-la e para que a realize com perfeição.” Obatalá, que é muito obstinado, respondeu:

“Oh, Orunmilá! A missão que tens, nós te demos, foi por nós decidido, antes que fosses criado! Olodumaré e eu, Oxalá! Olodumaré, que é Deus Supremo, me envie em missão. Eu, sua segunda pessoa. Tu, Orunmilá, me dizes agora, que devo fazer oferendas, para ser capaz de realizar meu trabalho com sucesso! Que acontecerá se não faço oferendas? Oferendas para a missão que vou realizar? Eu, portador do poder (abá e axé), Alabalaxé! Mas, por quê? Que necessidade de fazer oferendas?” Obatalá contradiz Orunmilá. Ele tapa os ouvidos, recusando-se a escutar, e não faz as oferendas. Todos os outros Imalés vão consultar Orunmilá. Este escolhe, para cada um deles, uma oferenda determinada. Olofin- Odudua é o que mais se evidencia. É uma espécie de obatalá. As ele não tem posição nem reputação comparáveis a de Oxalá. Orunmilá responde: “Si tu fores capaz de fazer a oferenda que vou indicar, este mundo que criarei, ele será teu. Lá, tu serás o chefe!” Olofin pergunta qual é a oferenda. Orunmilá lhe diz que ofereça quatrocentas mil correntes. Que ofereça, ainda, quatrocentos mil búzios. Olofin-Odudua faz a oferenda completa. Chegou o dia de criar o mundo. Obatalá chama todos os outros Imalés. Eles começam a caminhar e se vão. Já na estrada, eles chegam à fronteira do além. Exu é o guardião (onibode) desta fronteira E o mensageiro dos outros deuses. Obatalá recusa-se a fazer oferendas neste lugar, Para que a viagem seja feliz. Exu aponta uma cabacinha mágica para Obatalá. A sede começa a atormentá-lo. Ele vê um dendezeiro. Agita seu cajado de estanho (oparaxô) e se serve dele para perfumar o tronco da palmeira. O vinho escorre copiosamente. Oxalá se aproxima e bebe a vontade. Ele está plenamente satisfeito, mas fica embriagado. Ele não sabe em que lugar está, nem o que faz. O sono o invade e ele adormece a beira da estrada. Dorme profundamente e ronca.

Todos os outros Imalés sentam-se à sua volta. Respeitosamente, eles não ousam acordá-lo. Esperam que ele acorde espontaneamente. De repente, Olofin – Odudua levanta-se e Apanha o saco da criação, caída ao lado Obatalá. Ele volta a Olodumaré e diz: “A pessoa que fizeste nosso chefe, Aquele a quem entregaste o poder de criar, Bebe muito vinho de dendê, Ele perdeu o saco da criação. Eu o trouxe de volta!” Olodumaré responde: “Ah! Se assim é, Tu que encontraste o saco da criação, toma-o, vá criar o mundo! Então, Olofin-Odudua volta aos Imáles reunidos. Toma as quatrocentas mil correntes e, Ainda no além, amarra-as a uma estaca. Ele desce até a extremidade da última corrente, De onde vê uma extensão d’agua sem limites. Ele abre o saco da criação. Escorre daí uma substância estranha de cor marrom. Esta substância forma um montículo na superfície da água. É terra! A galinha de cinco garras voa e Vai pousar sobre o montículo. Ela cisca a terra e a espalha sobre a superfície das águas. A terra se forma e vai se alargando cada vez mais. Odudua grita: “Ilé nfé!” (“a terra se expande”), que veio a ser o nome da cidade santa de Ilê Ifé. Olofin-Odudua coloca o camaleão da oferenda sobre a terra. Este anda sobre ela com passos cautelosos. Odudua só Ousa descer Porque está atado na ponta da corrente. A terra reside e ele a caminha. Seu olhar não pode alcançar os limites. Todos os outros Imalés estão ainda no além. Odudua os convida a descer sobre a terra. Apenas alguns deles o seguem; Os demais permanecem sentados à volta de Obatalá adormecido. Obatalá acorda, enfim. Ele constata que o saco da criação lhe foi roubado. “Ah! Quem ousou fazer este furto?.” Ele entende o que ocorreu. Encolerizado, Obatalá volta a Olodumaré e se queixa do roubo do qual foi vítima. Olodumaré lhe pergunta: “Que fizeste para adormecer assim?” As pessoas desta época não mentiam jamais.

Obatalá, responde com sinceridade: “Eu vi uma palmeira de dendê, Furei o seu tronco com o meu opaxarô. Deste furo começou a sair água. Dela eu tomei e me adormeci.” “Ah! Diz Olodumaré,” não beba mais, nunca mais, desta água. O que fizeste foi grave!” Por esta razão, o vinho de dendê é proibido a Oxalá E a seus descendentes até hoje em dia. Olodumaré declarou: “Não tenho criado a terra, tu criarás todos os seres vivos: os homens, os animais, os pássaros e as árvores.” BRIGA ENTRE OXALÁ E EXÚ Oxalá e Exu discutiam a respeito de quem era o mais antigo deles. Exu, decididamente, insistiu ser o mais velho. Oxalá, decididamente também, proclamava com veemência que já estava no mundo quando Exu fora criado. O desentendimento entre eles era tal que foram convidados a lutarem entre si, diante dos outros Imalés, reunidos numa assembléia. Ifá foi consultado pelos adversários e foram, ambos, orientados a fazer oferendas. Oxalá fez as oferendas prescritas. Exu negligenciou a prescrição. O dia da luta chegou. Oxalá apoiado em seu poder. Exu contando com a magia mortal e a força dos seus talismãs. Todos os Imalés estavam reunidos na praça de Ifé. Oxalá deu uma palmada em Exu e Boom! Exu caiu sentado, machucado. Os Imalés gritaram: “Êpa!” Exu se sacudiu e levantou-se. Oxalá bateu-lhe sobre a cabeça E ele tornou-se anão. Os Imalés gritaram juntos: “Êpa!” Exu sacudiu-se e recuperou seu tamanho. Oxalá tomou a cabeça de Exu e sacudiu-a com violência. A cabeça de Exu tornou-se enorme, maior que o seu corpo. Os Imalés gritaram juntos: “Êpa!” Exu esfregou a cabeça com as mãos

E esta recuperou seu tamanho natural. Os Imalés disseram: “Esta bem! Que Exu mostre, por sua vez, seu poder sobre Oxalá Exu caminhava pra lá e pra cá. Ele bateu na própria cabeça e dela extraiu uma pequena cabaça. Ele a abriu repentinamente e a virou, na direção de Oxalá. Uma nuvem de fumaça branca saiu da cabaça e descoloriu Oxalá. Os Imalés gritaram juntos: “Êpa” Oxalá esfregou-se, tentando readquirir sua antiga cor. Mas foi em vão. Ele falou: “Está bem!” Oxalá desfez o turbante enrolado sobre sua cabeça e, daí, tirou o seu poder (axé). Tocou com ele sua boca e chamou Exu. Exu respondeu com um sim. Oxalá ordenou-lhe: “Venha aqui !” Exu aproximou-se. Oxalá continuou: “Traga sua cabacinha.” Exu entregou nas mãos de Oxalá. Este a tomou firmemente e a jogou no seu saco. Os Imalés exclamaram: “Êpa!” E disseram: “Oxalá é, sem dúvida, o senhor do poder (axé). O senhor da iniciativa e do poder (alabalaxé). Tu és maior que o Exu. Tu és maior que Exu. Tu és maior que todos os orixás. O poder de Oxalá ultrapassa o dos demais. Exu não tem mais poder a exercer. Oxalá tomou a cabaça que ele utilizava para o seu poder.” É esta cabaça que Oxalá utiliza para transformar os seres humanos em albinos, fazendo assim os brancos, até hoje. OXUM Orê Yeyê ô! Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre. Este metal era muito precioso, antigamente, na terra do iorubás. Só uma mulher elegante possuía jóias de cobre pesadas. Oxum era cliente dos comerciantes de cobre.

Omiro wanram wanran omi ro! “A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!” Oxum lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Oxum foi à segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Oba. Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro. Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as ligava. Oxum não toleraria uma tal ousadia! Quando ela está em fúria, ela leva para longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio. Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para guerra. Por infelicidade, tinha que atravessar o rio Num dia em que este estava encolerizado. Olowu fex a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal formuladfa. Ele declarou: “Se você baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar vencedor, prometo a você nkan rere”, isto é, boas coisas. Oxum compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela baixou o nível das águas e Olowu continuou sua expedição. Quando ele voltou, algum tempo depois, Vitorioso e com um espólio considerável, Novamente encontrou Oxum com o humor perturbado. O rio estava turbulento e com suas águas agitadas, Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, As nkan rere prometidas: Tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos, mel de abelhas e pratos de mulukum, iguaria onde suavemente misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as margens. Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia. Olowu obrigado a submeter-se e jogar nas águas a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio. Oxum, escrupulosamente, devolveu o recém-nascido dizendo: “É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!” As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra. O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de sua filha, indignado declarou: “Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio, que eu a dei em casamento a Olowu!” Ele guerreou com o genro e o expulsou do país. O Rio Oxum passa em um lugar onde suas águas são sempre abundantes.

Por esta razão é que Larô, o primeiro rei deste lugar, aí instalou-se E fez um pacto de aliança com Oxum. Na época em que chegou, uma de suas filhas fora se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia seguinte, soberbamente vestida, E declarou que Oxum a havia bem acvoplhid no fundo do rio. Larô, para mostrar sua gratidão, veio trazer-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas proximidades do lugar onde estava Larô. O peixe cuspiu água, que Larô recolheu numa cabaça e bebeu, Fazendo assim, um pacto com o rio. Em seguida, ele estendeu sua mão sobre a água. E o grande peixe saltou sobre ela. Isto é dito em Ioruba: Atewo gba ejá. O que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar. Ataojá declarou então: “Oxum gbô!” “Oxum está em estado de maturidade, suas águas são abundantes.” Dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, aí, grandes festas em comemoração a todos estes acontecimentos. Xangô Kawo Kabiyesi lê!Xangô Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro Cujo corpo era preto à direita e branco à esquerda Homem valente à direita Homem valente à esquerda Homem valente em casa Homem valente na guerra Oranian foi o fundador do reino Oyá, na terra dos iorubas. Durante suas guerras, ele passava sempre por Empê, um território Tapá, também chamado Nupê. Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian e deu-lhe, também sua filha em casamento. Dessa união nasceu um filho vigoroso e forte, chamado Xangô. Durante sua infância, em Tapá, Xangô só pensava em encrenca. Encolerizava-se facilmente, era impaciente, adorava dar ordens e não tolerava nenhuma reclamação. Xangô só gostava de brincadeiras de guerra e de briga. Comandava os pivetes da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores. Crescido, seu caráter valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas. Xangô tinha um oxé – machado de duas laminas; Tinha também um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo. Nele encontrava-se os elementos do seu poder ou axé: aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar assim seus adversários, e as pedras de raio com as quais ele destruía as casas de seus inimigos.

O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Aí chegando, as pessoas assustadas disseram: “Quem é este perigoso personagem?” “Ele é brutal e petulante!” “Não o queremos entre nós!” “Ele vai atormentar-nos!” “Ele vai maltratar-nos!” “Ele vai espalhar a desordem na cidade!” “Não o queremos entre nós!” Mas Xangô os ameaçou com seu oxé. Sua respiração virou fogo e ele destruiu algumas casas com sua pedras de raio. Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando: Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi Xangô Oba Kossô!

“Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô!”

Quando Xangô tornou-se rei de Kossô, ele pôs-se à obra. Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam, Xangô fazia as coisas com alma e dignidade. Ele realizava trabalhos úteis à comunidade. Mas esta vida calma não convinha a Xangô. Ele adorava viagens e as aventuras. Assim, partiu novamente e chegou à cidade do Ire, onde morava Ogum. Ogum o terrível guerreiro, Ogum o poderoso ferreiro. Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades. Ela ajudava Ogum em suas atividades. Todas manhãs, Iansã o acompanhava à forja e carregava, para ele, as ferramentas. Era ela, ainda, que acionava os sopradores, para atiçar o fogo. O vento soprava e fazia: fuku, fuku, fuku E Ogum batia sobre a bigorna: beng, beng, beng... Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar. Iansã, sua primeira mulher, bonita e ciumenta. Oxum, sua segunda mulher, coquete e dengosa. Oba, sua terceira mulher, robusta e trabalhadora. Sete anos mais tarde, foi o fim do seu reino: Xangô acompanhado de Iansã, subira a colina de Igbeti, cuja vista dominava seu palácio de cem colunas de bronze. Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios Baoummm!!!

A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio! Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros. Tudo havia desaparecido, fulminado, espalhado e reduzido a cinzas. Xangô, desesperado, seguido apenas por Iansã, voltou para Tapá. Entretanto, chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza. Xangô bateu violentamente com os pés no chão e afundou-se terra adentro. Iansã, solidária, fez o mesmo em Irá. Oxum e Oba transformaram-se em rios e todos tornaram-se orixás. Xangô, orixá do trovão, Kawô Kabiyesi lê! Iansã, orixá da tempestade, Êpa Keyi Oiá!

Oxun, orixá das águas doces, Ore Yeyê ô!

REFERENCIAS

BRASIL. ALMANAQUE. Programa Alfa Dois. MEC/ Fundação Carlos Chagas. São Paulo, 1978. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria,análise,didática. São Paulo: Ática,

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JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas,

1996.

JOLIBERT, Josette. Formando Crianças Produtoras de Textos.Porto Alegre: Artes

Médicas, 1996.

SANTOS, Theobaldo Miranda. Mitos e Lendas do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1995. VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas Africanas dos Orixás.São Paulo : Corrupio, 1999.