C om o lançamento da Revista da Economia Flu- minense, o ... · 3 Cadeias produtivas do...

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1 Rosinha Garotinho Governadora do Estado do Rio de Janeiro om o lançamento da Revista da Economia Flu- minense, o Governo do Estado do Rio de Janeiro cumpre mais uma vez seu papel de articulador do diálogo entre o poder público e a sociedade. Graças ao seu incentivo, tornou-se realidade o projeto de um órgão de divulgação que tem como característica básica o trabalho conjunto envolvendo instituições, a área acadêmica, entidades privadas e organizações do terceiro setor. A revista, com edições trimestrais, se destina a ser veículo permanente de coleta e disseminação de informações, análises, estudos, indicadores, programas, projetos, teses ou reflexões que tenham como foco a economia, a população e o território do nosso estado. A época do lançamento da publicação é das mais oportunas, por coincidir com os debates no Congresso Nacional sobre as reformas dos sistemas tributário e da Previdência Social. Elas influirão decisivamente na vida do cidadão, assim como no equilíbrio das contas públicas e na capacidade de estados e municípios enfrentarem seus desafios sociais. A Revista da Economia Fluminense está oferecendo à sociedade um espaço onde esses temas, e outros que digam respeito à vida econômica da nossa população, possam ser discutidos, analisados e tor- nados públicos, lançando, quem sabe, um pouco mais de oxigênio sobre o debate econômico. Nesse primeiro número, que oferece um sobrevôo panorâmico sobre a economia fluminense, são abordadas questões relativas a pobreza, desigualdades de renda, transportes coletivos, balança comercial, arranjos produtivos e tecnologias aplicadas. A publicação também oferece páginas permanentes de acompanhamento e análise conjuntural, contendo séries estatísticas e indi- cadores econômicos. C Foto: Rogério SantanaFoto: Antonio Pinheiro

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Rosinha GarotinhoGovernadora do Estado do Rio de Janeiro

om o lançamento da Revista da Economia Flu-minense, o Governo do Estado do Rio deJaneiro cumpre mais uma vez seu papel de

articulador do diálogo entre o poder público e asociedade. Graças ao seu incentivo, tornou-serealidade o projeto de um órgão de divulgação quetem como característica básica o trabalho conjuntoenvolvendo instituições, a área acadêmica, entidadesprivadas e organizações do terceiro setor. A revista,com edições trimestrais, se destina a ser veículopermanente de coleta e disseminação deinformações, análises, estudos, indicadores,programas, projetos, teses ou reflexões que tenhamcomo foco a economia, a população e o territóriodo nosso estado.

A época do lançamento da publicação é das maisoportunas, por coincidir com os debates noCongresso Nacional sobre as reformas dos sistemastributário e da Previdência Social. Elas influirãodecisivamente na vida do cidadão, assim como noequilíbrio das contas públicas e na capacidade deestados e municípios enfrentarem seus desafiossociais.

A Revista da Economia Fluminense está oferecendoà sociedade um espaço onde esses temas, e outrosque digam respeito à vida econômica da nossapopulação, possam ser discutidos, analisados e tor-nados públicos, lançando, quem sabe, um poucomais de oxigênio sobre o debate econômico.

Nesse primeiro número, que oferece um sobrevôopanorâmico sobre a economia fluminense, sãoabordadas questões relativas a pobreza,desigualdades de renda, transportes coletivos,balança comercial, arranjos produtivos e tecnologiasaplicadas. A publicação também oferece páginaspermanentes de acompanhamento e análiseconjuntural, contendo séries estatísticas e indi-cadores econômicos.

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Palácio Guanabara, Anexo,Palácio Guanabara, Anexo,Palácio Guanabara, Anexo,Palácio Guanabara, Anexo,Palácio Guanabara, Anexo,Rua Pinheiro Machado, s/nº,Rua Pinheiro Machado, s/nº,Rua Pinheiro Machado, s/nº,Rua Pinheiro Machado, s/nº,Rua Pinheiro Machado, s/nº,Laranjeiras, Cep. 22238-900Laranjeiras, Cep. 22238-900Laranjeiras, Cep. 22238-900Laranjeiras, Cep. 22238-900Laranjeiras, Cep. 22238-900Rio de Janeiro, RJRio de Janeiro, RJRio de Janeiro, RJRio de Janeiro, RJRio de Janeiro, RJTTTTTel. (21) 2299 5362 / 5363el. (21) 2299 5362 / 5363el. (21) 2299 5362 / 5363el. (21) 2299 5362 / 5363el. (21) 2299 5362 / 5363Fax. (21) 2552 5381Fax. (21) 2552 5381Fax. (21) 2552 5381Fax. (21) 2552 5381Fax. (21) 2552 5381eeeee-mail:-mail:-mail:-mail:-mail: [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected]:homepage:homepage:homepage:homepage: http://www http://www http://www http://www http://www.cide.rj.gov.cide.rj.gov.cide.rj.gov.cide.rj.gov.cide.rj.gov.br.br.br.br.br

Fundação CIDECentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de JaneiroDados do Rio de Janeiro

Governo do Estado do Rio deGoverno do Estado do Rio deGoverno do Estado do Rio deGoverno do Estado do Rio deGoverno do Estado do Rio deJ ane i roJ ane i roJ ane i roJ ane i roJ ane i roRosângela Rosinha Garotinho BarrosAssed Matheus de Oliveira

SEDETSEDETSEDETSEDETSEDET - Secretaria de Estado deSecretaria de Estado deSecretaria de Estado deSecretaria de Estado deSecretaria de Estado deDesenvolvimento Econômico eDesenvolvimento Econômico eDesenvolvimento Econômico eDesenvolvimento Econômico eDesenvolvimento Econômico eTTTTTurismourismourismourismourismoSecretário: Tito Ryff

CIDECIDECIDECIDECIDE - Centro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eCentro de Informações eDados do RioDados do RioDados do RioDados do RioDados do Rio de Janeirode Janeirode Janeirode Janeirode JaneiroDiretor Executivo: Ranulfo Vidigal

UFF - Universidade FederalUFF - Universidade FederalUFF - Universidade FederalUFF - Universidade FederalUFF - Universidade FederalF luminenseF luminenseF luminenseF luminenseF luminenseFaculdade de EconomiaFaculdade de EconomiaFaculdade de EconomiaFaculdade de EconomiaFaculdade de EconomiaDiretora: Ruth Helena Dweck

Conselho Editorial :Conselho Editorial :Conselho Editorial :Conselho Editorial :Conselho Editorial :Sérgio Besserman, Luiz RobertoCunha, Renata La Rovere, AspásiaCamargo, Jorge Brito, Inês Patrício eAngela Fontes

Editores Executivos:Editores Executivos:Editores Executivos:Editores Executivos:Editores Executivos:Adolfo Freire e Eduardo Duprat

Coordenação Geral:Coordenação Geral:Coordenação Geral:Coordenação Geral:Coordenação Geral: HenriqueGurvitz

Equipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe Técnica::::: Ana C. Andrade,Armando de Souza Filho, RicardoWillye, Sandra Maria Borges e SeráfitaAzeredo

Jornal ista Responsável:Jornal ista Responsável:Jornal ista Responsável:Jornal ista Responsável:Jornal ista Responsável:Maria Cândida Lima

Projeto gráf icoProjeto gráf icoProjeto gráf icoProjeto gráf icoProjeto gráf icoSandra Fioretti

Diagramação:Diagramação:Diagramação:Diagramação:Diagramação:Tatiana Duffrayer

I lus t raçãoI lus t raçãoI lus t raçãoI lus t raçãoI lus t raçãoJoão Semeraro

Tiragem: Tiragem: Tiragem: Tiragem: Tiragem: 4.000 exemplares

A Rev i s t a de Economia A Rev i s t a de Economia A Rev i s t a de Economia A Rev i s t a de Economia A Rev i s t a de Economia F l um inense é um e spaço de d i vu l g a ção deF l um inense é um e spaço de d i vu l g a ção deF l um inense é um e spaço de d i vu l g a ção deF l um inense é um e spaço de d i vu l g a ção deF l um inense é um e spaço de d i vu l g a ção deinformações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado.informações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado.informações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado.informações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado.informações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado.

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CadeiasCadeiasCadeiasCadeiasCadeiasprodutivasprodutivasprodutivasprodutivasprodutivasdo Agronegóciodo Agronegóciodo Agronegóciodo Agronegóciodo AgronegócioFluminenseFluminenseFluminenseFluminenseFluminenseChristino Áureo

Página16A contradição doA contradição doA contradição doA contradição doA contradição doServiço deServiço deServiço deServiço deServiço deTTTTTransporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivona Rna Rna Rna Rna RegiãoegiãoegiãoegiãoegiãoMetropolitana doMetropolitana doMetropolitana doMetropolitana doMetropolitana doRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRuth Helena DweckJulianna Pinheiro deSouza

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O Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de Janeiroe o Esforçoe o Esforçoe o Esforçoe o Esforçoe o EsforçoExportadorExportadorExportadorExportadorExportadorLuciana Costa Marquesde Sá

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32O DesenvolvimentoSustentável e aAgenda 21 comoVocação do RioAspasia Camargo

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Pesquisas Realizadaspelo InstitutoFecomércio – RJOutubro de 2003

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O DinamismoEconômico do Estadodo Rio de JaneiroRanufo VidigalDaniel SassonHenrique Gurvitz

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IndicadoresEconômicos do Estadodo Rio de Janeiro

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Editorial

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Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff: “Este contigentede economistas, deprofissionais qualificados, eo conhecimento acumuladoem relação à economia regional sãopequenas em relação aos desafios que nóstemos que enfrentar”

EF - O que o senhoracha da iniciativa daFundação CIDE depensar, editar e pu-

blicar a Revista de EconomiaFluminense?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff - Eu acho uma iniciativaextremamente importante. Nestemundo globalizado, a questão dodesenvolvimento regional se coloca deforma cada vez mais urgente, é grandeo número de regiões no mundo inteiroque procuram estabelecer processosde desenvolvimento e se inserir deforma competitiva nas suas economiasnacionais e na economia do mundo.Conhecer os mecanismos, o poten-cial, e até mesmo as fraquezas daeconomia fluminense, discuti-las, elevar esse conhecimento ao públicoespecializado e ao público em geral, éfundamental para que nós possamosfazer com que o processo de desen-volvimento econômico do Estado sejaefetivamente democrático e parti-cipativo.

REF –O senhor acredita, então,que esta revista, de uma certaforma, preenche uma lacunaque existe, ausência de infor-mação sobre a economia flumi-nense?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – É porque, inclusive, o Riode Janeiro tem os melhores econo-mistas do Brasil. Temos grandesescolas de Economia, como a Funda-ção Getúlio Vargas, nós temos a PUC,assim como a Universidade FederalFluminense, a UFRJ, a CândidoMendes. Temos um grande contin-gente de economistas, com excelenteformação, e grandes escolas for-madoras de economistas, e econo-mistas que, na verdade, foram sempretreinados para tratarem das questõesnacionais. O Rio de Janeiro sofre muitodessa síndrome de capital da República,ex-capital da República, e os seuseconomistas se voltam desde cedopara tratar das questões de interessenacional, muitos, inclusive, participaramdo Governo Federal como coordena-dores de políticas nacionais. Muitasvezes nós não adquirimos conhe-cimento especializado e qualificado emrelação à economia regional, à econo-mia do Estado do Rio de Janeiro.Existem núcleos hoje em dia que estãose desenvolvendo nesta área, mas,ainda assim, este contingente deeconomistas, de profissionais qualifica-dos, e o conhecimento acumulado emrelação à economia regional sãopequenos em relação aos desafios quenós temos que enfrentar.

REF – Quais são as prioridadesda sua Secretaria, na realidade,as prioridades do Governo doEstado para o setor de desen-volvimento econômico?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Olha, eu digo sempre quenós temos aqui cinco objetivos estra-tégicos que foram definidos na épocado Governo Garotinho, quando seelaborou o plano de governo na fasede campanha e depois na fase detransição, quando se apurou o planode governo. Esses objetivos são:- a ampliação da base econômica doEstado do Rio de Janeiro, ou seja, aampliação da base industrial, com osurgimento de novas indústrias, comoo pólo gás-químico, a indústria automo-tiva, a indústria eletroeletrônica e assimpor diante. Existem lacunas na estruturaindustrial do Rio de Janeiro queprecisam ser preenchidas.

a recuperação dos setorestradicionais da economia fluminense,que em grande parte são absorvedoresde mão de obra, setores caracterizadospela presença de capital nacional,importante tradicionalmente. São asindústrias naval; a indústria têxtil, aindústria moveleira; a de confecçõesque está ligada à indústria têxtil; a demármore granito e assim por diante.Acrescentando valor e fazendo com

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que se tornem competitivas e semodernizem, isto está sendo conse-guido.

a interiorização do desenvol-vimento econômico, que vem sendoalcançada com a identificação dasvocações regionais, e o incentivo àconstrução de pólos ou arranjosprodutivos locais. Isto foi feito para afruticultura (região norte-noroeste);para o pólo mármore-granito (regiãonoroeste); para a indústria de confec-ções, moda íntima (região serrana deFriburgo); para o pólo de alta-tecnologia(Petrópolis) e para o pólo moveleiro,tanto em Duque de Caxias quanto emSaquarema; também a identificação dasvocações turísticas como a CostaVerde, a Costa do Sol ou Região dosLagos. Este processo de interiorizaçãotem sido alcançado com apoio institu-cional, com apoio de incentivos fiscais,incentivos financeiros e com a atraçãode investimentos. O resultado tem sidomuito positivo.

a preparação do Rio de Janeiropara a economia do século XXI, que écaracterizada pela economia da cultura,do entretenimento, do lazer, doturismo, da informação - da geração,disseminação e difusão de informação.O Rio de Janeiro tem uma vocaçãoenorme para isso. Para tanto, criamosuma Superintendência da Economia daCultura, e temos desenvolvido, junto àSecretaria de Cultura, uma série deiniciativas no sentido de promover acultura. O programa de apoio ao cin-ema, o apoio à indústria fonográfica, oapoio à indústria editorial e gráfica, aidentificação da cadeia produtiva dacultura e também com o desenvol-vimento e a promoção do turismo e aatração de investimentos nesta área.Outra economia também importanteé a do esporte, temos aí os Jogos Pan-americanos. O Governo do Estado estámuito ativo na sua promoção, não sópelo seu lado de promoção de turismo,

mas também pelo seu lado de fomentoà atividade produtiva, acredita que estaé uma oportunidade única para atrairinvestimentos e desenvolver o turismono Estado.

aumentar a eficiência da baselogística do Estado do Rio de Janeiro,melhorando a qualidade da infra-estrutura e da logística. Para isto, maisuma vez, nós temos também procu-rado desenvolver parcerias com outrosórgãos do Governo do Estado, com o

DER, com a SEIG e com a Secretariade Energia, Indústria Naval e Petróleo.Com a SEIMP, temos investimentosem geração de energia, desenvol-vimento em logística portuária, e oaproveitamento da logística portuáriacom o objetivo de estimular a implan-tação de indústrias na retroárea deSepetiba. A questão das tele-comuni-cações é também fundamental. Atraím-os grandes empresas nesta área etemos dado incentivos ao desenvol-vimento deste setor. Junto com atecnologia da informação, aprovamosvários projetos como o Rio Info - com

o objetivo de desenvolver a capacidadede geração de software e de fabricaçãode equipamentos de hardware no Riode Janeiro; o Inovação Rio e o RioConhecimento – que é um Conselhoque se reúne para ver quais são asformas mais adequadas de promovera inserção da economia do Rio deJaneiro na sociedade de informação.

REF – O que se observa diantedeste quadro que o senhorapresentou, é que à frente daSecretaria de DesenvolvimentoEconômico e Turismo, o senhortem uma visão bastante ino-vadora, no entendimento e noconhecimento da realidade decada município. O senhor atri-bui isto a sua formação comoeconomista ou a sua longa ex-periência enfrentando, e resol-vendo, os problemas e osdesafios inerentes ao cargo deSecretário de Estado?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Eu acho que isso se devemuito à minha formação como econo-mista, mas se deve também, à minhaformação universitária. Eu me formeina França, e o francês tem umaobsessão por uma coisa que eles cha-mam de “le plan”, e que eles semprerecomendam para qualquer trabalhoque se vai desenvolver - você tem quesaber o que você quer dizer; quais sãoos argumentos que você tem a seufavor; qual é a conclusão que você querchegar; você tem que delimitar oproblema e examina-lo em toda a suaabrangência. Esta sistemática, estetreinamento que é muito “cartesiano”,moldou muito a minha maneira de veras coisas e de pensar.

REF – Além dos objetivosestratégicos, quais são osinstrumentos que o senhordispõe, hoje, para a realização

Neste governo daRosinha avançamossubstancialmente nosprimeiros meses. Nósfizemos váriosprojetos, programassetoriais, ampliamosa gama deprogramas de apoiode incentivo, tantofinanceiro quanto fis-cal, e graças a isso,conseguimos atrairum grande númerode empresas,gerando emprego erenda aqui no Estadodo Rio de Janeiro.

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desses objetivos?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Este ano avançamos muitono sentido de nos dotarmos deinstrumentos necessários para fomen-tar o desenvolvimento. Neste gover-no da Rosinha avançamos substancial-mente nos primeiros meses. Nósfizemos vários projetos, programassetoriais, ampliamos a gama de pro-gramas de apoio de incentivo, tantofinanceiro quanto fiscal, e graças a isso,conseguimos atrair um grande númerode empresas, gerando emprego erenda aqui no Estado do Rio de Janeiro.Existem dois momentos que sãoimportantes: além dos programas deincentivos financeiros e fiscais, apro-vamos a Agência de Fomento, noBanco Central, que deve começar aoperar no começo do ano; e a RedeEstadual de Desenvolvimento Econô-mico, que foi aprovada recentementepor decreto da Governadora. Entãonós temos hoje três instrumentos quesão três vetores poderosos parapromover o desenvolvimento eco-nômico: os Incentivos Financeiros eFiscais; a Rede de DesenvolvimentoEconômico, envolvendo a participaçãode entidades privadas, das Prefeituras(treinamento de agentes locais dedesenvolvimento, disseminação dainformação de estudos de projetos,difusão das vantagens comparativas decada região, as suas oportunidades deinvestimentos e de negócios) e aAgência de Fomentos que vai repassarrecursos do BNDES, têm recursospróprios, capital próprio, que vai estarvoltado para financiamento de médiase pequenas empresas. E o últimoinstrumento, que também é impor-tante, é o estabelecimento de parcerias,porque, ao contrário do que existiaantigamente, o papel do Estado hojenão é mais investir, ele mesmo, eminfra-estrutura, em produção, ouparticipar como acionista em empreen-

dimentos industriais. O papel do Estadohoje é interagir com o setor privado ecom as universidades. Eu digo sempreque o desenvolvimento tem um tripé:o Governo (setor público); o setorprivado e as universidades (no sentidotecnológico). É isto que a gente tentaativar e promover neste intercâmbio.

REF – O senhor poderia daruma visão dos Estados limítro-fes, Minas Gerais, São Paulo eEspírito Santo, nesta questãodos incentivos fiscais?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – A luta é muito desigualsobre vários aspectos. O primeirodeles é que Minas Gerais e EspíritoSanto dispõem de legislações espe-cíficas, ou tem os benefícios delegislações específicas do governo Fed-eral, da União, que dão vantagenscomparativas em relação ao Estado doRio de Janeiro. Por exemplo, em MinasGerais uma boa parte do territórioestadual está dentro dos limites daSUDENE se beneficiando com osincentivos fiscais, em termos deImposto de Renda e de Imposto sobrea Produção Industrial. O Espírito Santotambém tem a mesma coisa: tem umaparcela do seu território que é abran-gido pela SUDENE e, além disso, temo FUNRES – Fundo de RecuperaçãoEconômica e Social do Espírito Santo,que também concede incentivos fiscaiscom relação aos tributos federais.Então o que acontece é que o Rio deJaneiro se vê prejudicado por estaconcorrência, digamos “desleal”. Parte-se do pressuposto que o Espírito Santoe Minas Gerais têm áreas de pobrezaque o Rio de Janeiro não tem, o quenão é verdade. Vou dar um exemplo,uma indústria têxtil que se instala emPirapora, em Minas Gerais, temincentivos fiscais da SUDENE, umaindústria que queira se instalar noEspírito Santo vai ter o apoio do

FUNRES. Então, muitas empresas que,até por razões de logística, de infra-estrutura e de qualificação de mão deobra, teriam interesse em se fixar naRegião Norte do Estado, resolvem irpara o lado de lá da fronteira e se instalarno Espírito Santo por que tem essasvantagens. Por outro lado, MinasGerais tem um banco de desenvol-vimento, o BDMG, que em umacarteira de um bilhão de reais definanciamento, e o Rio de Janeiro já nãotem mais um banco de desenvol-vimento. O BD-Rio foi extinto e oBanerj foi privatizado. Além disso, tantoMinas Gerais quanto o Espírito Santo,concedem incentivos fiscais há muitosanos para atração e implantação deempreendimentos. No caso do Es-pírito Santo, há o incentivo ao desem-barque/embarque, a importação/exportação de mercadorias pelo Porto,fazendo com que boa parte das mer-cadorias que se destinam ao mercadodo Rio de Janeiro sejam desem-barcadas lá, principalmente no Porto deVitória. Se formos ao Lidador aqui nocentro da cidade, que vende uma boaquantidade de produtos importados,encontraremos vinho chileno, patêfrancês e muitos outros produtos quese destinam ao mercado do Rio deJaneiro; e que são vendidos aqui emmaior quantidade que no EspíritoSanto, encontraremos todos eles comindicação de que foram importadospelo Porto de Vitória. Ora, a Lidadorestá a quinhentos metros do Porto doRio de Janeiro. Esse incentivo existehá trinta anos no Espírito Santo, e agora,quando nós tomamos a iniciativa defazer uma legislação semelhante a essa,dando incentivos também a produ-tização do Porto do Rio de Janeiro, masmuito menos importantes do que osincentivos que foram dados peloEspírito Santo, houve uma gritaria geral,em protesto, como se nós estivésse-mos aí iniciando uma guerra fiscal no

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que diz respeito à atividade portuária.Nós sofremos essa concorrência hámuito tempo. Então, tanto do pontode vista dos instrumentos que eles têmà disposição, no que diz respeito àAdministração Estadual, quanto notocante ao tratamento que eles têmem termos de legislação federal, elessão realmente concorrentes difíceis.

REF –... e quanto a São Paulo?

TTTTTito Rito Rito Rito Rito Ryffyffyffyffyff – São Paulo um poucomenos, embora se beneficie sobreoutros aspectos, porque os governosforam constituídos, em grande parte,por políticos ou representantes doEstado de São Paulo, os famosos“paulistérios”, tanto do FernandoHenrique Cardoso quanto do Lula.Boa parte dos investimentos em infra-estrutura e logística, a destinação derecursos federais do BNDES, os re-passes do Banco do Brasil e da CaixaEconômica Federal, foram destinadosem São Paulo. Então, São Paulo hojese beneficia muito mais de financia-mentos e investimentos federais doque o Rio de Janeiro. Isto, eviden-temente, tem um efeito positivo emtermos de competitividade.

REF - Seria isso uma falta deinformação sobre a situaçãoreal do Estado? Quer dizer,como mostram os dados, osindicadores econômicos, exis-tem bolsões de pobreza edesigualdades, não é umarealidade homogênea...

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Eu concordo, não é umarealidade homogênea! E mesmoagora quando se diz, por exemplo,quando a Governadora defendeu quea Região Noroeste fosse incluída noFundo de Desenvolvimento Regional,que está sendo contemplado nestaReforma Tributária, houve um Senador

do Nordeste que disse, “... mas como,agora vamos combater a pobreza emIpanema e Leblon?”. Temos em SãoFrancisco de Itabapoana níveis depobreza tão alarmantes quanto os doNordeste, até superiores aos de muitascidades do Nordeste. Não acho quehaja somente um desconhecimento, háum preconceito em relação ao Rio deJaneiro, voltando à questão anterior. Éum conjunto de circunstâncias ou defatores, sendo que este aí é certamenteum pouco de inveja pelo fato do Rio deJaneiro ter sido capital da República du-rante muito tempo e ser, ainda, o Estadoque tem maior projeção nacional, maiordivulgação no exterior. Desperta umpouco de ciúmes, como quem dizassim: não, o Rio de Janeiro já teveatenção por muito tempo, agora estána hora de nós termos um pouquinhodessa atenção.

REF – O senhor tem, também,sob sua responsabilidade oTurismo. Quais as vocações doRio nesta área?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Quando eu cheguei aquihavia em elaboração, em gestação hámuitos e muitos anos, o famoso PlanoDiretor de Turismo. Essa era umaexigência constitucional. Quando oconstituinte estadual, em 1989, apro-vou a Constituição do Estado, esta-beleceu como obrigação do PoderExecutivo apresentar um Plano Diretorde Turismo, não sei se com fixação deprazo, mas você imagina que isso foiem 1989, eu cheguei aqui em 1998com Garotinho, já tinham se passadonove anos e o Plano não estava aindaconcluído. Então, nós colocamos comouma questão de honra terminar oPlano, concluí-lo, e o fizemos por voltade 2001. Desde então, o Plano Diretorde Turismo passou a ser para nós umaespécie de bússola, de norte: orientaas nossas ações. Mas não apenas isso,

esse Plano orienta também nas açõesdo setor privado, o que deve ser oinvestimento em desenvolvimento. Eletem cinco eixos, um deles investi-mento em Recursos Humanos, infra-estrutura, promoção, a criação denovos produtos, e assim por diante,enfim, uma série de questões consi-deradas estratégicas para o desen-volvimento do Turismo no Estado doRio de Janeiro. A partir deste Plano,nós temos procurado fazer uma açãoque a visa mostrar toda a diversidadedos atrativos turísticos do Rio deJaneiro. O Estado do Rio de Janeironunca foi vendido na sua totalidade, oque se vendia no exterior era a cidadedo Rio de Janeiro, e mesmo assim, oque se vendia, basicamente, era oturismo de sol e mar com alguns íconesturísticos que são conhecidos interna-cionalmente e que são objeto de visi-tação obrigatória do turista, como oPão de Açúcar, o Corcovado, oMaracanã, a Floresta da Tijuca. Aspessoas vêm para dois eventos aolongo do ano, o Carnaval e o Reveillon,mas não há um turismo a ser oferecidoao longo de todo o ano e mostrandotoda a diversidade turística do Estado.A nossa preocupação é essa: emprimeiro lugar mostrar que além daCidade do Rio de Janeiro existemoutros destinos turísticos igualmenteimportantes e atraentes, como porexemplo, a Cidade Imperial de Petró-polis, Búzios, Cabo Frio, Arraial doCabo, a Região dos Lagos na suatotalidade, a Costa Verde com Parati eAngra dos Reis e o circuito dasFazendas de Café. Alguns dessespontos citados já são destinos nacionaise já estão se tornando destinosinternacionais, como Búzios para osturistas argentinos, mas em geral aspessoas vêem para a Cidade do Rio deJaneiro, é natural que seja assim. Maso que queremos é que, ao virem paracá, elas saibam que existem outros

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destinos que podem ser complemen-tares a sua visita. Estamos oferecendouma variedade de atrativos turísticoscomo o turismo de cultura, lazer,entretenimento, a qualidade da gastro-nomia (sua diversidade), o turismoecológico, o turismo rural, o turismode aventura, o turismo esportivo que éimportante, o turismo de eventos quevem crescendo muito. Estamosprocurando mostrar que existem outraspossibilidades de turismo no Rio deJaneiro além daquela visita tradicional.Eu digo sempre o seguinte: ninguémvem ao Rio para subir duas vezes aoPão de Açúcar ou Corcovado, assimcomo ninguém vai a Paris para subirduas vezes a Torre Eiffel, as pessoasvoltam porque estabelecem umarelação de amor com a cidade. Comose estabelece a relação de amor com acidade? É conhecendo o seu dia-a-dia,sua cultura, seu lazer, seu entrete-nimento, a sua gente, a hospitalidade,o espetáculo das ruas, o Teatro dasRuas que Carlos Lacerda dizia que aindaera o teatro mais apaixonante em Paris- sentar num café e ver as pessoaspassarem com seus hábitos próprios,com a sua maneira de vestir, e com ascoisas que acontecem nas ruas. O Riode Janeiro é uma cidade que tem esseencanto, quando se vai num fim desemana ao Parque do Flamengo, se vêessa atividade toda. Muitas vezes euvejo um turista que está caminhandona praia de Ipanema parar e ficar dez,quinze minutos olhando um espetáculoque, provavelmente, só existe ali, queé o “futevôlei”, uma invenção nossa.Essa relação de amor com a cidade ecom os demais destinos turísticos, éque faz o turista voltar. Eu acho que agente tem que começar a aprender avender isso e não apenas a visita...

REF – Como está a relaçãoturismo e segurança?Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Uma coisa interessante é

quando se pergunta ao turista se elequer voltar. 96% dos turistas dizem quesim, estão dispostos a voltar. O índicede satisfação é altíssimo. Se tivesse umproblema de segurança que afetassetão fortemente os turistas, eles nãoteriam esta disposição de voltar.Quando se pergunta quais são osproblemas que eles identificaram, asegurança aparece em quinto lugar. Emprimeiro vem a sujeira das ruas; depoisa presença da miséria nas ruas - o turistanão quer ver isso, não quer ver criançapedindo esmola, passando fome oumendigos na rua, ser assediado quandoestá comendo num restaurante poruma criança que está com fome; aterceira questão é a falta de sinalizaçãoturística, não só na cidade, mas o Estadoé muito mal sinalizado em termos deinformação para ao turista; em quartolugar vem um outro item que mesurpreendeu nas pesquisas, é a dificul-dade de comunicação com seus paísesde origem, e nós interpretamos issonão como uma dificuldade para secomunicar no Rio de Janeiro, daqui sefala para qualquer lugar do mundo, nãoé um problema de telecomunicações,entendemos que seja muito cara e difícila comunicação no hotel, e muitas vezeso turista gostaria de se comunicar deoutra forma: faltam centros de internet,você anda pela cidade do Rio e nãosabe identificar um internet-café parase comunicar de maneira barata e nãose tem mais centrais telefônicas comoantigamente e que eram facilmenteidentificáveis. Bem, segurança sóaparece depois, mas o que eu achoque prejudica, e não vou dizer que nãohá problemas de segurança, há e estãosendo enfrentados, não é nem even-tualmente o fato de um turista ou outroser vítima de uma violência, mas oalarde que a imprensa faz em relação àquestão da criminalidade no Rio deJaneiro. Isso prejudica fortemente oturismo internacional, sobretudo nos

mercados emissores de língua portu-guesa. O sonho de todo brasileiro, denorte a sul, de leste a oeste, é conhecero Rio de Janeiro, como o americanosonha em conhecer Nova Iorque, ofrancês conhecer Paris etc. Criou-se aimagem de que o Rio de Janeiro é acidade mais violenta do país, e asestatísticas mostram que não é isso nemde longe. Eu diria que o turismo ésensível a duas variáveis, a questão dasegurança e a questão do meio ambien-te, essas duas variáveis têm que seradministradas de forma muito compe-tente para que a médio e longo prazoo turismo cresça. A tendência doturismo no Rio de Janeiro é manifes-tamente crescente, vira e mexe acon-tece um episódio que pode repercutire ter algum efeito, mas esse efeito, emgeral, é passageiro.

REF – Existem ações conjuntascom as demais Secretarias?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Com a Secretaria deSegurança o entrosamento é perfeito,neste Governo foi instituído do Bata-lhão de Policiamento Turístico –BPTUR, a Delegacia de Atendimentoao Turista, foi feito o Zona Sul Legal, opoliciamento das vias expressas, dasvias especiais como a Linha Vermelhae a Linha Amarela, os pontos devisitação turística tiveram seu policia-mento reforçado. Nessa área desegurança houve um investimentomuito grande destinado a melhorar ascondições de segurança para o turistade uma forma geral.

REF – O Brasil lá fora é muitoconhecido no meio científico,principalmente entre os físicose cosmólogos que já tiveramalgumas indicações a prêmios,mas, efetivamente, nunca fo-mos indicados para o PrêmioNobel de Economia como ago-

Entrevista

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ra, com a indicação de CelsoFurtado. Como o Tito Ryffeconomista vê esta indicação,e como isto pode beneficiar,melhorar ou impactar a socie-dade brasileira, a economiabrasileira e os economistas?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – A outorga do PrêmioNobel ao Celso Furtado seria doistipos de reconhecimento diferentes.Primeiro, o reconhecimento à pessoado Celso Furtado, pelo economistaque ele é, pelo trabalho que desen-volveu ao longo do tempo, os temasque abordou. Seria o reconhecimentoao seu trabalho científico, acadêmico;à formação de mais de uma geraçãode economistas; ao ter destacado osub-desenvolvimento econômicocomo um processo diferenciado, eque, portanto, precisa ter umaestratégia de combate ou superaçãodiferenciada. Dos economistas quetrataram a questão do sub-desenvol-vimento, ele talvez tenha sido o quemelhor demonstrou que o sub-desen-volvimento é um processo particulare que não se deve imaginar que suasuperação é uma questão de tempo,e que os países sub-desenvolvidoshoje estão num estágio pelo qual jápassaram os países desenvolvidos. Eledemonstrou isso muito bem. Esteprimeiro reconhecimento é, então,um reconhecimento a sua produçãointelectual. Em segundo, seria tam-bém, um reconhecimento ao desen-volvimento de teses e temas que aindasão muito atuais. O problema damiséria, da desigualdade em termosde sub-desenvolvimento é cada vezmais atual. Seria não só o reconheci-mento ao trabalho intelectual, mas oreconhecimento pela Academia Suecade Ciências de que este tema é aindaum tema relevante, que mereceestudos e ser enfrentado.REF – O senhor publicou um

livro de contos, pretende con-tinuar escrevendo, publicar umoutro livro, que não de temaeconômico?

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Essa é uma boa pergunta.Outro dia eu estava vendo um filme queme tocou muito que mostra a históriade uma jornalista que acaba escrevendoum livro sobre um caçador de orquí-deas, que enfrenta toda a espécie deperigos para achar e ver uma deter-minada orquídea. É uma parábola a

respeito da paixão na vida, da fixaçãoetc. Evidentemente, às vezes, levamoscerto tempo para encontrar nossaspaixões, é natural. Eu acho que se eupudesse hoje definir o que seria umapaixão, uma coisa que eu gostaria deme dedicar, diria a literatura. A literaturapreenche muitas das minhas necessi-dades psicológicas. Foi uma experiên-cia extremamente gratificante escreverum livro de contos, não tenho tidotempo ultimamente, não posso escre-ver, mas eu gostaria de ter, às vezes,coragem de largar tudo e me dedicar aesta paixão. Espero que ainda tenhatempo, a vida é feita de etapas, a etapaagora é participar do Governo e ajudara Rosinha e o Garotinho a construíremseus projetos políticos, isso é importan-te também, faz parte da minha forma-ção, da minha trajetória, da minhahistória familiar e tenho me dedicado aisso. Não largo o sonho de um belo

dia poder me dedicar, mais fortemente,à literatura, é algo que me dá muitasatisfação! Com certeza!

REF – Tito Ryff por Tito Ryff.

Tito RyffTito RyffTito RyffTito RyffTito Ryff – Ah! Isso é difícil... nãosei. Uma vez alguém me definiu, medisse alguma coisa que me chocoumuito de imediato e depois procuroume explicar para amenizar o choqueque havia provocado. Esse amigo medisse: “Tito você é uma pessoa muitovaidosa, você é a pessoa mais vaidosaque eu conheço”. Fiquei chocadoporque não me julgo uma pessoavaidosa e perguntei o que ele queiradizer com isso. E ele disse: “Você évaidoso porque você acha que temalguém lá em cima olhando para você”.Eu achei que ele acertou em cheio. Issoé engraçado, eu não sou religioso, nãotenho religião, agora eu tenho asensação sempre que tem alguémolhando para mim, como eu vou mecomportar. Eu acho que é a família, numprimeiro momento. Quando vejo,quando olho para a minha vida mepergunto se poderia ser de outraforma, talvez não... Mas, se você meperguntar se meu pai ou minha mãeeram pessoas autoritárias, digo quenão. Pelo exemplo e pela forma deser, me condicionaram muito. Então,seja pela presença deles, seja pelamística que se construiu em torno deles- pelo comportamento que tiveram aolongo da vida, seja porque eu acreditoque há um sentido moral na existência,ou alguém lá de cima olhando para nós,que eu não sei, exatamente, quem é.Eu tenho essa sensação! Talvez sejauma coisa de orgulho sim, mas, umorgulho benfazejo!

As pessoas vêm paradois eventos ao longodo ano, o Carnaval eo Reveillon, mas nãohá um turismo a seroferecido ao longo detodo o ano emostrando toda adiversidade turísticado Estado.

Tito Bruno Bandeira Ryff -Tito Bruno Bandeira Ryff -Tito Bruno Bandeira Ryff -Tito Bruno Bandeira Ryff -Tito Bruno Bandeira Ryff -Secretário de Estado de DesenvolvimentoEconômico e Turismo

Entrevista

10

objetivo deste artigo é analisar a problemática do desenvolvimento do sistema

local de inovação de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro.

O estudo do sistema local de inovação permite compreender em que medida

uma configuração produtiva local tem condições de desenvolvimento sustentável.

A configuração produtiva local (CPL) é definida como conjuntos de atividades, de

produção, comércio e serviços, situados em espaços de proximidade mais ou menos

delimitada e empreendidos por empresas de pequeno porte, eventualmente estru-

turadas em torno de empresas maiores (Fauré e Hasenclever, 2000, p. 9).

Pretende-se mostrar que o crescimento das atividades de ensino e pesquisa

constitui uma importante oportunidade para o desenvolvimento do sistema local

de inovação em Campos. O principal desafio se encontra na natureza da interação

entre as atividades de pequisa e as atividades produtivas locais. O artigo apresentará

elementos de reflexão apontando possíveis soluções para estes desafios.

A construção de umA construção de umA construção de umA construção de umA construção de umsistema local de inovação:sistema local de inovação:sistema local de inovação:sistema local de inovação:sistema local de inovação:

o caso de Campos doso caso de Campos doso caso de Campos doso caso de Campos doso caso de Campos dosGoytacazesGoytacazesGoytacazesGoytacazesGoytacazes

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Por Renata Lèbre La RovereFoto

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11

Espaço A

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1. Sistema local de inovaçãoe desenvolvimento regional

O sistema local de inovação podeser definido como o sistema de atores(firmas, organizações e agênciasgovernamentais) cuja interação con-diciona o desempenho da atividadeinovadora (Gregersen e Johnson,1997, p.20). Os fatores mais relevan-tes para a inovação num determinadosistema são a sua base de conhe-cimento, as interações entre os agentese a capacidade de transformar oconhecimento tácito em vantagemcompetitiva (Albagli, 2001, p.4).

A constituição do sistema de ino-vação é importante porque, apesar daaglomeração das empresas em umaregião propiciar possibilidades de ob-tenção de economias externas e deredução de custos de transação (Autant-Bernard, 1999, p.15), o desenvolvi-mento de uma região calcado apenasnestas economias pode não ser sus-tentável. Conforme observado porSalas et al.(1999, p.2), o aumento darenda per capita de uma região depen-de da habilidade da região não apenasde renovar continuamente sua ofertade fatores produtivos como capital hu-mano e capital físico, como tambémda sua capacidade de gerar conheci-mento. Mytelka e Farinelli (2000, p.2)observam que existem três elemen-tos importantes para o processo deinovação de agentes locais: o proces-so de geração de conhecimento, o en-cadeamento entre as atividades pro-dutivas e de pesquisa e o investimentoem inovação.

Outro elemento importante parao desenvolvimento regional é o graude desenvolvimento do seu capital so-cial, que pode ser definido como oconjunto de recursos individuais ecoletivos que resultam de um trabalhoem rede e são institucionalizadosatravés do conhecimento e reconhe-

cimento mútuo dos agentes envolvidos(Cooke e Wills, 1999, p.222). Osistema local de inovação permite odesenvolvimento do capital social aofornecer as condições para o estabele-cimento de parcerias voltadas para ainovação entre empresas e instituições.Como observado por Landabaso et al.(1999, p.461), a competitividade deempresas pequenas depende nãoapenas da qualidade de suas parceriascom instituições de pesquisa e detreinamento vizinhas como princi-palmente da qualidade do relacionamen-to das empresas com instituições locaisde apoio à inovação.

O desenvolvimento de um sistemade inovação eficiente, entretanto,enfrenta uma série de obstáculos,sobretudo em regiões menos desen-volvidas economicamente. Nestas, abaixa capacidade das firmas de identificarnecessidades de inovação, a falta deinstituições capazes de identificar estasnecessidades, a falta de instituiçõesdifusoras de tecnologia, os fracos laçosde cooperação e a falta de uma culturaempreendedora são obstáculos impor-tantes à constituição de um sistema deinovação. Além disso, um sistemafinanceiro pouco desenvolvido, empre-sas voltadas para mercados tradicionaise com produção familiar e uma estru-tura pública inadequada às necessida-des de inovação são outros elementosque dificultam o desenvolvimento dosistema local de inovação (Landabasoet al., 1999, p.465). Finalmente, aaglomeração de empresas num sistemaprodutivo local por si só não favorece aatividade inovadora. Como observadopor Audrestch (1999, p.9), as principaisvantagens da aglomeração para aatividade inovadora das empresaslocalizadas num sistema produtivo vêmda possibilidade de compartilhamentoda infra-estrutura voltada para a inovaçãoe de circulação do conhecimento tácito.Entretanto, a importância do conheci-

mento tácito para a atividade inovadoradepende do ciclo de vida da indústria,tendendo a ser maior em indústriasemergentes. Desta forma, empresasde sistemas produtivos locais ondepredomina a produção de bens cujociclo de vida já está consolidado terãodificuldades em identificar benefíciosadvindos do compartilhamento deconhecimento tácito presente emsistemas locais de inovação.

Assim, para que empresas de umaconfiguração produtiva local tenhamsucesso no estabelecimento de parce-rias voltadas para a inovação, tanto comoutras empresas quanto com institui-ções, é necessário um processo dereconhecimento de problemas epotencialidades da CPL, a construçãode uma agenda de mudanças e aimplementação de mudanças voltadasà superação dos obstáculos men-cionados acima (Haddad, 2002, p. 8-10).

22222. Necessidades para a cons-trução de um sistema de inova-ção local em Campos dosGoytacazes: características daCPL e projetos de apoio

Campos dos Goytacazes se locali-za no norte do estado do Rio de Janei-ro, e tem hoje cerca de 406 mil habi-tantes, de acordo com dados do IBGE.A configuração produtiva local temcomo principal vocação a produçãoagrícola. Durante muito tempo o culti-vo predominante foi a cana-de-açúcar.De acordo com entrevistas, as ativida-des industriais desenvolvidas em Cam-pos são limitadas, uma vez que a pro-ximidade da região ao estado do Espí-rito Santo, que tem uma política indus-trial ativa baseada em incentivos fiscais,faz com que muitos empresários nati-vos da região acabem optando por de-senvolver atividades neste estado. Asatividades ligadas à extração de petró-

Estudo Científico

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leo, que vem se expandindo na baciade Campos, trouxeram um importan-te impulso ao desenvolvimento da re-gião através dos royalties. Entretanto,as firmas relacionadas a esta atividadeestão em sua maioria localizadas nomunicípio de Macaé.

Atualmente a economia de Cam-pos dos Goytacazes é caracterizada porum grande número de microempre-sas. De acordo com os dados daRelação Anual de Informações Sociaisdo Ministério do Trabalho (RAIS) de2001, 85,5% dos 3.228 estabele-cimentos do município são microestabelecimentos (até 9 empregados).As atividades econômicas mais impor-tantes no que se refere ao número deestabelecimentos são a agropecuária(646 estabelecimentos), a construçãocivil (251 estabelecimentos) e acerâmica (105 estabelecimentos).

No que se refere ao emprego,destacam-se também as atividades deconstrução civil, (3.228 empregados),agropecuária (2.553 empregados) e decerâmica (2.930 empregados). Outraatividade econômica do município quegera um número significativo deempregos é a fabricação de alimentose bebidas. As entrevistas que realiza-mos indicaram também atividadesconsideradas importantes para asinstituições da CPL, a fabricação deroupas e de móveis.

Assim, as principais necessidadesda configuração produtiva local no quese refere à construção de um sistemalocal de inovação estão relacionadas àmelhoria do seu capital humano e aodesenvolvimento de estruturas depesquisa relacionadas às suas principaisvocações econômicas, a saber: agricul-tura, alimentos, cerâmica, confecçõese móveis. Além disso, a lógica dosprojetos de apoio condiciona asnecessidades do sistema local deinovação, como será observado napróxima seção.

2. Os projetos de apoio aodesenvolvimento local

Há projetos de apoio locais paratodas as atividades mencionadas naseção 1, sendo que os principaisprojetos de apoio ao desenvolvimentode Campos estão voltados à implanta-ção de um Pólo de Fruticultura Irrigadana região norte e noroeste. Estesprojetos são o Pólo de FruticulturaIrrigada (conduzido pela FIRJAN, emparceria com o SEBRAE e a FAERJ) e oFRUTIFICAR (executado pelo governodo estado).

A implantação de novas atividadesprodutivas numa região marcada poruma longa crise econômica é umgrande desafio. No caso da fruticultura,trata-se de produzir novos produtos(frutas) para novos mercados (mer-cado internacional e nacional de frutasfrescas e processadas), utilizandonovos processos produtivos (irrigação)numa região onde o capital socialencontra-se debilitado, o tecido produ-tivo é composto por uma maioria depequenos e médios empreendimentose as novas atividades exigem compe-tências e uma cultura empresarial que aregião ainda necessita construir.

A fruticultura irrigada é o melhorexemplo da nova dinâmica tecnológicae concorrencial das atividades agro-in-dustriais. Martinelli e Camargo mostram(Martinelli e Camargo, 2002, p.267)como o crescimento da demanda in-ternacional de frutas frescas levou àconstituição de cadeias globais, que têmna introdução de novas variedades, naadequação dos produtos ao gosto dosconsumidores e na eficiência logística,o diferencial que permite o acesso aosmercados mais rentáveis .

Muitas dessas novas tecnologiaspodem ser obtidas no mercado, mas arapidez com que as inovações se su-cedem determina uma importante van-tagem econômica às empresas e regi-

ões inovadoras. Nesse novo contex-to dos mercados agrícolas e agro-in-dustriais, em particular o da fruticultura,a capacidade regional de inovação tor-na-se um fator estratégico para o de-senvolvimento. No caso de Campos,depois de décadas comercializandoseus produtos em mercados admi-nistrados pelo governo ou de alcanceapenas regional, a CPL não possuiestruturas modernas de conservaçãoe comercialização de seus produtos etem pouco conhecimento das caracte-rísticas e exigências dos novos merca-dos que se propõe alcançar.

Além disso, as competências e sa-beres exigidos pela fruticultura são no-vos para os produtores de Campos.Apesar destes terem conhecimentoacumulado em fruticultura tradicional(maracujá, abacaxi e goiaba em particu-lar) e agricultura irrigada (Paes, 1999,p.118), este conhecimento se encon-tra disperso. De fato, Azevedo e Paes(Azevedo, 2002, p.21; Paes, 1999,p.27) mostram como a longa crise daeconomia da região norte fluminense,onde Campos se situa, afetou o capitalsocial da região. Os atores econômicosse descapitalizaram, a estrutura regio-nal de pesquisa se desarticulou, e o re-fúgio em estratégias empresariais de-fensivas reforçou comportamentos in-dividualistas e práticas oportunistas. As-sim, como os mecanismos de desen-volvimento internos à região se enfra-queceram e a região permaneceu de-pendente das dinâmicas externas, cons-tituindo um ambiente pouco favorávelao desenvolvimento de um sistemalocal de inovação em Campos.

3. A capacidade de geração deconhecimento em Campos

Recentemente, Campos vem ex-perimentando um crescimento expres-sivo do número de matrículas e cursosde nível superior. Entre 1999 e 2001,

Estudo Científico

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o número de matrículas cresceu em43,5% (ver gráfico 1) e vários novoscursos de pós-graduação foram cria-dos. Entretanto, para que o conheci-mento gerado possa se transformarefetivamente em instrumento de de-senvolvimento regional, torna-se ne-cessário uma interação sistemática en-tre empresas e instituições de pesqui-sa. Em outras palavras, o capital socialda região precisa se desenvolver paraque os benefícios da geração de co-nhecimento possam ser plenamenteaproveitados.

Gráfico 1: Evolução do nº de matrículas no ensino superior 1999/2001 – Campos dos Goytacazes

Fonte: CIDE e pesquisa de campo

14000

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0

Total de Matrículas

1 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 9

2 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 0

2 0 0 12 0 0 12 0 0 12 0 0 12 0 0 1

O desenvolvimento do capital so-cial constitui-se, ainda, em um desafioa ser enfrentado e vencido. Camposé o município interiorano com maiordensidade de unidades de ensino su-

perior e pesquisa do Estado do Rio deJaneiro e maior número de matrículasno ensino superior, como mostra atabela 1(pág. anterior).

Tabela 1: Municípios fluminenses com mais de 2000 Matrículas no Ensino Superior em 1999

MunicípioMunicípioMunicípioMunicípioMunicípio

Rio de Janeiro

Niterói

Duque de Caxias

Campos dos Goytacazes

São Gonçalo

Nova Iguaçu

Itaguaí

Petrópolis

Barra Mansa

Nova Friburgo

Volta Redonda

Itaperuna

Vassouras

Valença

Total das matrículasno Estado

CentrosCentrosCentrosCentrosCentrosUniversitáriosUniversitáriosUniversitáriosUniversitáriosUniversitários

17949

1043

4030

1770

24792

EstabelecimentosEstabelecimentosEstabelecimentosEstabelecimentosEstabelecimentosIsoladosIsoladosIsoladosIsoladosIsolados

21897

1042

1409

(2º) 3502

149

836

1132

1238

833

31345

FaculdadesFaculdadesFaculdadesFaculdadesFaculdadesIntegradasIntegradasIntegradasIntegradasIntegradas

11348

890

2435

18456

UniversidadesUniversidadesUniversidadesUniversidadesUniversidades

115787

25978

8637

(8º) 3958

6584

5752

5129

4262

2230

261

2090

2607

181651

Fonte: CIDEFonte: CIDEFonte: CIDEFonte: CIDEFonte: CIDE

TTTTTotalotalotalotalotal

166981

28953

10046

7460

6584

5901

5129

5098

4030

3362

3269

2923

2607

2435

263704

A expansão do ensino superiorteve início nos anos 90, a partir da cri-ação da Universidade Estadual do Nor-te Fluminense (UENF). A criação daUENF consolida um núcleo público de

Estudo Científico

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pesquisa, que agrega também o CEFET- Campos, e os campi da UniversidadeFederal Fluminense e da UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro. A essenúcleo público se juntam, posterior-mente, três universidades privadas :UCAM, UNIVERSO e Estácio de Sá.Estas, embora centradas na oferta decursos universitários, começam tam-bém a desenvolver estruturas de pes-quisa, particularmente sobre o desen-volvimento regional.

Embora o ensino superior venhaexperimentando um crescimentoexpressivo nos últimos tempos, a in-teração entre esse potencial de pesquisae capacitação e as atividades econômicasé frágil. De fato, a expansão das ma-trículas no ensino superior não estárespondendo às necessidades da CPL.Apesar do baixo grau de escolaridadeda população, que possui em suamaioria apenas quatro anos de estudoformal e da potencial carência deprofessores, as profissões relacionadasà educação são pouco procuradas. Alémdisso, os cursos de graduação relacio-nados às vocações econômicas locais(nas áreas de agricultura, veterinária,engenharia, produção e construção)representaram em 2000 apenas 5%do total das matrículas (ver gráfico 2).

No que se refere aos cursos depós-graduação, percebe-se tambémnestes a precariedade de seus laçoscom o tecido econômico. Dos 24cursos oferecidos por universidadespúblicas e privadas, apenas cinco cursosestão relacionados às vocações da CPL:biotecnologia, engenharia e ciência dosmateriais, economia empresarial,produção vegetal e produção animal.Outros dois respondem a necessi-dades: regionais: engenharia de reserva-tório e de exploração e gestão empre-sarial da indústria do petróleo. Delineia-se neste ponto, portanto, um potenciallimitador.

Apesar da crise do setor sucro-

e a animação de um sistema local deinovação. Mas necessitam vencer asmarcas do longo período de crise: faltade foco de muitas linhas de pesquisadesenvolvidas dentro das instituições,pouca experiência de parcerias e ten-dência ao trabalho isolado nas institui-ções.

Algumas iniciativas recentes permi-tem um relativo otimismo na supera-ção desses problemas. As universida-des da região (CEFET, UFF, UNIVER-SO, UFRRJ e UENF ) constituíramuma rede de pesquisa que teve comoseu primeiro produto um diagnósticodas principais cadeias produtivas regio-nais. Merecem destaque, também, aproposta de criação da Plataformatecnológica da Fruticultura Irrigada, a partirda Secretaria Estadual de Ciência eTecnologia, visando a construção de ins-tâncias de articulação entre os setoresprodutivos e de pesquisa. Finalmente,existem as iniciativas de articulação en-tre fruticultores, empresas da cadeia pro-dutiva e instituições de pesquisa desen-volvidas pela FIRJAN regional.

ConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoNos propusemos, no quadro

deste artigo, a identificar alguns dosdesafios ao desenvolvimento daconfiguração produtiva local de Cam-pos dos Goytacazes, objeto de váriosprojetos de revitalização econômica.

alcooleiro ter determinado o enfraque-cimento e marginalização da estruturaregional de pesquisa, a região ainda apre-senta um potencial de pesquisa superi-or ao de outras regiões do interior doestado. Além das universidades acimamencionadas, estão presentes emCampos a PESAGRO e a Tecnorte, quedesenvolvem pesquisas sobre fruticul-tura, cana de açúcar e irrigação. A re-gião também possui instituições de pes-quisa voltadas às questões do desen-volvimento regional e da gestão em-presarial : a Fundação para o Desen-volvimento do Norte Fluminense(FUNDENOR) e o Instituto de Pes-quisas da prefeitura de Campos.

Entretanto, algumas importantesfragilidades necessitam ser superadas,para que a região se dote de um siste-ma local de pesquisa, a saber: a fraque-za da pesquisa empresarial, a falta dearticulação entre instituições de pesqui-sa e a fragilidade da organização dosprodutores. A pesquisa empresarial seressente da limitada internalização da ca-deia da fruticultura e do pequeno porteda maioria de seus empreendimentos.Entrevistas realizadas na região mostramtambém a fragilidade dos laços entreempresas e instituições locais de pes-quisa. As instituições locais de pesqui-sa, em particular a UENF e a PESAGRO,têm condições de iniciar a articulação

Gráfico 2: Distribuição de matrículas em ensino superior poráreas de conhecimento em Campos dos Goytacazes - 2000

49%49%49%49%49%

2 %2 %2 %2 %2 %7 %7 %7 %7 %7 %

23%23%23%23%23%

3 %3 %3 %3 %3 %

16%16%16%16%16%

Agricultura e veterináriaAgricultura e veterináriaAgricultura e veterináriaAgricultura e veterináriaAgricultura e veterinária

Ciências, matemática eCiências, matemática eCiências, matemática eCiências, matemática eCiências, matemática ecomputaçãocomputaçãocomputaçãocomputaçãocomputação

Saúde e bem estar socialSaúde e bem estar socialSaúde e bem estar socialSaúde e bem estar socialSaúde e bem estar social

Engenharia, produção eEngenharia, produção eEngenharia, produção eEngenharia, produção eEngenharia, produção econstruçãoconstruçãoconstruçãoconstruçãoconstrução

EducaçãoEducaçãoEducaçãoEducaçãoEducação

Ciências sociais, negóciosCiências sociais, negóciosCiências sociais, negóciosCiências sociais, negóciosCiências sociais, negóciose direitoe direitoe direitoe direitoe direito

Font

e: C

IDE

Estudo Científico

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sistemática entre empresas e instituiçõesde pesquisa que consolide o sistemalocal de inovação, é prioritária.

Na mesma ordem de idéias, sugere-se a importância de uma reorientaçãodos projetos de apoio, em direção auma maior ênfase no apoio às dinâ-micas locais de desenvolvimento, emparticular através do reforço do po-tencial regional de pesquisa e do forta-lecimento dos laços de cooperaçãoentre os principais agentes envolvidospara que as vantagens competitivasgeradas não sejam apenas locacionais,mas também derivadas da geração edifusão de conhecimentos.

Notas:Notas:Notas:Notas:Notas:

1 Este artigo é uma versão resumida eatualizada do artigo intitulado “O SistemaLocal de Inovação de Campos dos Goyta-cazes, Brasil: desafios e oportunidades”,elaborado pelos autores com a participa-ção de Bruno Leonardo Barth Sobral,então assistente de pesquisa do IE/UFRJ.O artigo apresentado e está disponívelnos anais da conferência ALTEC 2003,Cidade do México, 22 a 24 de outubrode 2003.

Referências Bibliográficas:Referências Bibliográficas:Referências Bibliográficas:Referências Bibliográficas:Referências Bibliográficas:

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sEntre as diversas vocações econô-micas apresentadas pela região, demosênfase à da fruticultura irrigada, que dácontinuidade à tradicional vocaçãoagrícola e agro-industrial da região, eque é objeto de um importanteprojeto de apoio ao desenvolvimento,o Frutificar.

Na análise que desenvolvemossobre as principais características daconfiguração produtiva local e sobreas dinâmicas induzidas pelo projeto deapoio ao desenvolvimento, o reforçodas dinâmicas internas à região, apare-ce como o grande desafio a ser supe-rado. A necessidade de construção deum ambiente inovador na região, a par-tir de uma interação sistemática entreempresas e instituições de pesquisafoi o primeiro desafio apontado. Namesma ordem de idéias, indicou-seo que pode constituir-se em impor-tante fragilidade do projeto de apoioao desenvolvimento da configuraçãoprodutiva de Campos: a ênfase dadaàs dinâmicas extra regionais e a relati-va subestimação da contribuição dasdinâmicas locais para o desenvolvi-mento econômico.

A região norte fluminense possuitradição em pesquisa, e o crescimentodas instituições de pesquisa e deensino superior observado em Cam-pos pode ser o ponto de partida parao desenvolvimento do sistema localde inovação. Observamos porém emCampos um tecido econômico localfragilizado por uma longa crise econô-mica, limitações do capital social re-gional, uma estrutura produtiva cons-tituída majoritariamente por pequenosestabelecimentos e uma lógica doprojeto de revitalização da economiaregional centrada na instalação de ativi-dades que requerem conhecimentose uma cultura produtiva e empresarialque a região ainda não possui. Assim,a construção de um ambiente inovadorna região, a partir de uma interação

Estudo Científico

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Por Christino Áureo

Cadeias produtivasCadeias produtivasCadeias produtivasCadeias produtivasCadeias produtivasdo Agronegócio Fluminensedo Agronegócio Fluminensedo Agronegócio Fluminensedo Agronegócio Fluminensedo Agronegócio Fluminense

E m plena noite da zona sul carioca, no sofisticado circuito gastronômico do

Leblon, restaurantes fervilham de gente bonita e elegante. Um jovem casal

é recebido pelo maitre e conduzido à mesa. Escolhem as bebidas. Ela faz a linha

ligth e natural, opta por suco de abacaxi com hortelã, ele prefere homenagear sua

brasilidade e pede a boa e velha caipirinha. No cardápio, verdadeiras viagens

gustativas são apresentadas. Da entrada ao prato principal, um desfile de novidades

e tradições preenchem a atmosfera com aquele conjunto de pequenos prazeres,

que somente a boa mesa, emoldurada por boa companhia, é capaz de proporcionar.

Tilápias e camarões, molhos de ervas, saladas orgânicas coloridas e tenras, carnes

grelhadas, foie gras, queijos diversos, cogumelos. Sobremesa de frutas frescas e

doces artesanais, fechando com café fresquinho, passado na hora.

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À saída, uma passada rápida noquiosque da florista. Flores multico-loridas e caprichosamente arranjadasresumem a noite: perfeita!.

O texto acima não é o roteiro denenhuma novela de tv nem de sugestãoda seção de gastronomia. Vamos trataraqui da economia rural fluminense, suasespecificidades, seus diferenciais e seusimpactos sobre a renda, o trabalho e aformação de riquezas proporcionadosa partir das diversas atividades ali empre-endidas.

Porém, para melhor entender oassunto, vale a pena estabelecer aconexão com a cena descrita acima.

O jovem casal talvez não saiba, masnão muito longe dali, ainda na mesmamadrugada que se inicia, tem genteacordando cedinho e iniciando mais umdia de trabalho para garantir que todos

É um exército deprodutores eprodutoras,trabalhadores etrabalhadoras ruraisque, cada vez mais,está descobrindo queo caminho naturalpara encontrartrabalho e garantir osustento de suasfamílias é explorar oenorme potencial demercado que temos ànossa disposição.

aqueles produtos que tão bem compu-seram o cenário, possam continuarchegando aos centros de abastecimento,depois às feiras, aos supermercados, aoshortifruti, e quitandas e daí, às mesas deinúmeros lares, restaurantes e outrostantos locais destinados a saciar o apetitede milhões de cariocas e fluminenses.

É um exército de produtores e pro-dutoras, trabalhadores e trabalhadorasrurais que, cada vez mais, está desco-brindo que o caminho natural paraencontrar trabalho e garantir o sustentode suas famílias é explorar o enormepotencial de mercado que temos à nossadisposição. Um mercado tãoextraordinário, que reúne ao mesmotempo a possibilidade de um consumoqualificado, segmentado, bem repre-sentado pelos protagonistas no hipoté-tico jantar, como também pode con-templar o chamado consumo de massa,composto por itens destinados a nutriçãobásica de populações com menor poderaquisitivo, porém detentores de grandesvolumes capazes de absorver a totalidadeda produção do Estado.

Aliás, quando nos perguntam quan-do o Estado do Rio de Janeiro irá setornar auto-suficiente em alimentos,respondo, sem cerimônia, que,se tudo

correr conforme o planejado.... Nunca.Isso mesmo. A estratégia definida

para a agricultura e o agronegócio doEstado não é produzir a totalidade dositens aqui consumidos, mas somenteaqueles em que de fato somos com-petitivos. Nestes, temos a obrigação desermos os melhores e, se possível,exportarmos para outros estados epaíses.

Nos demais, haveremos de gerarrenda suficiente para importarmosnossas necessidades.

Se não temos vocação para aprodução do complexo soja, cujoparaíso reconhecido internacionalmenteé o centro-oeste brasileiro, é justo quequeiramos ser uma referência nacionalna fruticultura, por exemplo. Especial-mente, no que tange à qualidade.

Nesse segmento vale a pena ressal-tar o enorme salto qualitativo da nossaprodução.

Culturas tradicionais neste Estado ouse modernizam ou cedem lugar aoschamados cultivos emergentes, que porsua vez apresentam características maisharmônicas com o meio ambiente,viabilizando a tão desejada susten-tabilidade.

Estudos contidos no Índice deQualidade dos Municípios, o IQMVERDE II, da Fundação Cide, divulgadono último mês de junho, apontam arecuperação de 2,9% da área verde doterritório fluminense. No mesmoestudo está assinalada a assertiva de queessa recuperação somente foi possívelgraças à decadência da agricultura.

É preciso examinar de qual agri-cultura estamos falando.

De fato, o declínio verificado a partirde 1960 é precisamente o das chama-das culturas tradicionais. Em seu lugarestá surgindo um novo conjunto depossibilidades.

Em muito boa hora, aliás, a agri-cultura do Rio de Janeiro demonstra suavocação para conviver com o conceito

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de preservação ambiental.Os cultivos orgânicos ganham cada

vez mais espaço, o que fez multiplicarpor dez o número de agricultorescertificados nos últimos cinco anos.

É a perfeita junção da ecologia coma saúde e a geração de oportunidadesde trabalho.

Além da fruticultura irrigada, cujasáreas apresentam crescimento firme, jásuperando a marca de 4 mil novos hect-ares e prometendo alcançar 10 mil nospróximos três anos, ocupando mais de40 mil pessoas, aparecem com signifi-cativo destaque as atividades ligadas aoscultivos aquáticos, a chamada aqüicultura,que já desponta em vigorosos e inova-dores pólos de piscicultura e maricultura,em quase todas as regiões do Estado.Já são aproximadamente 613 pro-dutores assistidos, com produção queno último ano superou a casa de 3.500toneladas representadas pela oferta detilápias, coquiles saint jacques, rãs, entreoutras espécies.

Muito se tem comentado sobre anecessidade de agregar valor às matériasprimas agrícolas, tornando irrefutável aurgência no fortalecimento da agroin-dústria. Porém, a solução para conjugara agregação com a criação de empregosde boa qualidade está no estímulo àsagroindústrias artesanais, que repre-sentam hoje 81% do total de empresasdo setor, estimado em cerca de 1.200unidades de produção.

De base genuinamente familiar estetipo de empreendimento cumpre osdois papéis, de maneira absolutamenteexemplar, e já se notabiliza por ocuparpraticamente todos os municípios doEstado. Dali saem maravilhosas iguarias,que vão de doces a laticínios, passandopela boa e velha cachaça, carnesdefumadas, embutidos de altíssimaqualidade e diferenciação, cogumelos eervas beneficiados, vegetais minima-mente processados, entre outras.

Esse verdadeiro coquetel de opções

torna-se ainda mais atraente quando jun-tamos beleza e capacidade de geraçãode recursos representada por uma ativi-dade que esteve bastante à margem detais processos, mas que agora ocupaespaço e reconhecimento. Estamosfalando da floricultura e do cultivo deplantas ornamentais. Alastrando-se des-de a região metropolitana - com desta-que para a zona oeste da capital - ealcançando destaque absoluto na regiãoserrana, temos aí um cultivo capaz degerar até seis postos de trabalho porcada hectare cultivado, e que envolvemais de 800 produtores, propor-cionando ocupação para cerca de 4 milpessoas diretamente e que jámovimenta valores superiores a R$ 40milhões por ano.

Mesmo dentre as chamadas culturastradicionais, vemos que aquelas quesobreviveram passam por um intensoprocesso de modernização.

Assim, a cana-de-açúcar, outroramoribunda e condenada à pecha doatraso, reaparece com vigor, embaladanão só por uma momentânea recu-peração dos preços do açúcar e doálcool, mas principalmente a partir damudança de consciência do empre-sariado industrial do setor e da classeprodutora rural, que está implantandonovas lavouras, desta vez irrigadas,elevando suas produtividades e introdu-zindo novas variedades, fazendo-nosprever que a safra 2003/2004 deverásuperar a casa das 4,5 milhões detoneladas, podendo dobrar essaprodução em 4 anos.

O tradicional café vem conseguin-

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do reestruturar seu parque industrialno Estado, em direção à auto-suficiência (há dois anos industriali-závamos apenas 20% do nossoconsumo e agora superamos a casados 80%). Existe também uma novageração de cafeicultores sintonizadacom a necessidade de produzir quali-

dade para um mercado cada vez maisexigente, representado especialmentepela profusão de cafeterias e casas dogênero.

Na pecuária estamos assistindo aoresultado de intensa parceria do setorpublico com os criadores.

Tal fato tornou-se possível nãosomente pelos avanços na sanidadeanimal, com a erradicação da febre af-tosa, como também pelo melho-ramento genético, especialmente nogado leiteiro e no de corte. Estamosrecuperando nossa posição de desta-que no cenário nacional no que se refereà qualidade do rebanho. Os inúmerosleilões de animais, com quebrassucessivas de recordes de preços,confirmam a afirmativa, indicando queem menos de três anos o PIB dagenética fluminense (agregado formadopela venda de matrizes, reprodutores,sêmen e embriões), venha superar oPIB da pecuária geral (rebanhos comer-ciais para abate), reforçando a marcaqualitativa.

Especialmente no leite, vemos queembora os volumes totais estejamestabilizados no patamar anual da ordemde 460 milhões de litros, a produtividade(kg/dia), apresentou crescimento signi-ficativo da ordem de 15 % nos últimoscinco anos, e que pode ser compro-vado nos diversos concursos leiteirosrealizados no Estado, onde já se tornoucomum encontrarmos animais comprodução diária superior a 40 kg/dia.

No setor pesqueiro são claros ossinais de que o ciclo de decadência estáse revertendo. A procura por cursos naEscola Estadual de Pesca, onde se

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Christino ÁureoChristino ÁureoChristino ÁureoChristino ÁureoChristino Áureo - Secretário de Estadode Agricultura, Abastecimento, Pesca eDesenvolvimento do Interior do Rio de Janeiro

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pretende formar 8 mil alunos em trêsanos, revela que o interesse pelacapacitação está se dando em paralelocom diversos esforços para fazer comque o Rio de Janeiro recupere suaposição de destaque. O Estado já foi oprincipal produtor no país, ficandorelegado à quarta posição, depois queviu a destruição de sua indústria deconstrução naval pesqueira, a dizimaçãodos cardumes de sardinha, a degra-dação ambiental de importantes sítiosde pesca e, como golpe de misericór-dia, a perda de seu terminal para de-sembarque e comercialização, com apromessa, por parte do governo daunião, de reconstruí-lo em outro local.

Estamos em vias de retomar cadauma dessas frentes caso volte a ocorrera tão esperada sinergia entre osdiversos níveis de governo e o setorprivado envolvidos na questão.

O abastecimento da metrópolecom gêneros de consumo imediato,os chamados perecíveis - notada-damente do complexo horti - já é

realizado pelos produtores do Estado namaioria dos itens. Cerca de 2/3 do totaldas folhosas e legumes provêm delavouras aqui instaladas, revelando quevaleu a pena o esforço do governoestadual em conjunto com o Banco doBrasil, que vem desde a recriação doPrograma Moeda Verde, ampliandosucessivamente a oferta de crédito rural,que era de 17 milhões em 1998,passando para R$ 26 milhões em1999, R$ 37 milhões em 2000, R$ 62milhões em 2001 e com pequenodecréscimo em 2002, para a casa deR$ 55 milhões.

Falando em abastecimento, cabeassinalar que o conceito correto doagronegócio envolve a totalidade dacadeira de fornecimentos, o que implicaem considerar toda a operação delogística e comercialização, representadapelas diversos mercados atacadistas,centrais de abastecimento, supermer-cados e distribuidores, além de opera-dores logísticos.

Além das operações de importação

de itens como o trigo, malte e outrosque movimentam a agroindústriafluminense.

Neste sentido, estamos imple-mentando junto com a Fundação Cideo Observatório do Agronegócio, vi-sando possibilitar a exata mensuraçãodo peso relativo do setor na composi-ção do PIB, visto que a metodologiaatual, que restringe essa participação apouco menos de meio por cento, estálonge de expressar o enorme avançopelo qual vem passando o segmento.

Além disso, há que se destacar oforte impacto proporcionado na criaçãode valiosos postos de trabalho em cadauma dessas cadeias produtivas, quemuitas vezes passam desapercebidasno ambiente urbano mas que têm serevelado fundamental para o equilíbriosocial e a manutenção da qualidade devida de parcela expressiva de nossapopulação.

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A contradição do SerA contradição do SerA contradição do SerA contradição do SerA contradição do Serviçoviçoviçoviçoviçode Tde Tde Tde Tde Transporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivoransporte Coletivo

na Rna Rna Rna Rna Região Metropolitana doegião Metropolitana doegião Metropolitana doegião Metropolitana doegião Metropolitana doRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de Janeiro

PorRuth Helena Dweck

Julianna Pinheiro de Souza

transporte urbano tem sido tema de debate econômico-científico nos

últimos anos, na medida em que possibilita a integração necessária ao

desenvolvimento econômico e social. Este sistema deve racionalizar o espaço

ocupado na via pública pelo veículo com o número de passageiros transportados e

a sua velocidade média, no sentido de maximizar a capacidade de transporte

garantindo a eficiência e preservando o bem-estar ambiental. Para tal, os

especialistas recomendam a adoção dos meios de transporte que permitam a

manutenção da velocidade constante e suficientemente elevada dos veículos e o

transporte de passageiros sentados e em pé com conforto.

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O sistema de transporte públicodo Rio de Janeiro contraria esteobjetivo e vem, há algumas décadas,apresentando retrocesso tanto emtermos quantitativos quanto quali-tativos. Desde 1964, quando o“boom” do automóvel provocou aretirada de circulação dos bondes, quenaquela altura ainda transportavam 244milhões de passageiros por ano, houveuma radical mudança na matriz detransporte, com a ascensão vertiginosados ônibus e dos automóveis. Se, porum lado, as vias urbanas liberaram-sedas linhas de bondes, por outroganharam um grande número de

veículos, superlotando-as, e con-seqüentemente, deteriorando o siste-ma tanto do ponto de vista da eficiência,quanto do bem-estar ambiental. Osproblemas de lá para cá só se agra-varam: a recuperação dos trens urbanos

O sistema de transporte público do Rio deJaneiro contraria este objetivo e vem, háalgumas décadas, apresentando retrocessotanto em termos quantitativos quantoqualitativos. Desde 1964, quando o “boom” doautomóvel provocou a retirada de circulaçãodos bondes, que naquela altura aindatransportavam 244 milhões de passageiros porano, houve uma radical mudança na matrizde transporte, com a ascensão vertiginosa dosônibus e dos automóveis.

Gráfico 1 - Demanda de passageiros Trem dia útil (mil)

Os dados [gráfico 1] sugerem que esse ano, quando se iniciou oprocesso de privatização do setor transporte, representa o ponto deinflexão na tendência descendente da demanda de passageiros de trem,porém a inclinação ascendente da curva ainda é muito tênue.

em 1984/85, não se sustentou, pelocontrário houve uma deterioraçãodeste sistema, tendo a demandadiminuído de 920 mil passageiros diaem 1984, para apenas 166 mil em1998.

Demanda

Núm

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1 000800600400200

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1950 1984 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Fonte: Fluminense e Supervia

De acordo com o Plano deTransporte Metropolitano de 1994/95,a falta de investimentos neste setorimpôs como alternativa de transportede massa o sistema rodoviário. Estamodalidade não leva em conta os cus-tos sociais, como a deterioração daqualidade de vida da população e adiminuição da produtividade dos traba-lhadores, comprometendo seus

rendimentos e, em última instância, odesenvolvimento da região. Comorevela este Plano, o metrô, que surgiucomo a grande solução para a cidade,ainda é uma obra inacabada, com umdesempenho muito aquém de suapotencialidade.

O objetivo deste artigo é fazer umabreve analise do sistema de transportecoletivo da Região Metropolitana do Rio

Transporte

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de Janeiro - RMRJ, destacando o de-sempenho das quatro modalidades queo compõem: metroviário, ferroviário,rodoviário e aquaviário (sistemas debarcas e aero-barcos). Esta análise en-volve tanto o aspecto institucional, noqual se identifica a participação das dife-rentes esferas governamentais na orga-nização do setor; assim como uma ava-liação da oferta e da demanda com rela-ção à eficiência, à universalidade e à qua-lidade deste serviço na referida região.

2 - O Transporte urbano naregião metropolitana do Riode janeiro

O estado do Rio de Janeiro estálocalizado na região mais rica e dinâmicado Brasil, que juntamente com o estadode São Paulo, concentra, em um raiode 500 Km, cerca de 67% do PIBnacional. O Rio de Janeiro é a segundamaior economia do país e conta comuma população de 14,8 milhões dehabitantes. A maior parte da riquezagerada neste estado concentra-se naRegião Metropolitana, onde vivem maisde 75% da população do estado.Entretanto, o transporte público depassageiros é incompatível com adimensão desta região: embora seconstate um aumento da populaçãonos últimos seis anos1 , observa-seuma redução de 7%, no número depassageiros transportados pelos meiostradicionais, como mostra o gráfico 2.Este dado reflete, além da recessãoeconômica do período em análise, osurgimento do transporte alternativo,muitas vezes denominado de informal,clandestino, pirata etc., Esse meio detransporte se caracteriza pela utilizaçãode veículos de pequeno porte (vans ekombis), os quais realizam serviços emconcorrência com o sistema regularrodoviário, sem autorização e con-cessão de poderes concedenteslocais.2

Fonte: SECTRAN, FETRANSPOR e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro – Fundação CIDE.

De acordo com a pesquisa realizada pela Federação de Empresas de Transportesde Passageiros do Estado do Rio de Janeiro - Fetranspor, em agosto de 20023, estetransporte alternativo era responsável por 32% das viagens realizadas por dia, levandoem conta a média de 1,58 meios de transporte por usuário, conforme mostra ográfico 3.

Nenhum

Outros

Moto

Barca

Táxi

Metrô

Trem

Automóvel

Vans e kombis

Ônibus

Gráfico 3 - Meios de Transporte Utilizados pela Populaçãoda Região Metropolitana do RJ - 2002

Gráfico 2 - Demanda de Passageiros X Crescimento daPopulação Residente (milhares)

Fonte: Federação das Empresas deTransporte de Passageiros do Estadodo Rio de Janeiro -Fetranspor

3 %1 %2 %3 %

5 %9 %9 %

15 %32 %

83 %

2.1 – Antecedentes2.1 – Antecedentes2.1 – Antecedentes2.1 – Antecedentes2.1 – Antecedentes

A deterioração do sistema detransporte público urbano do Rio deJaneiro pode ser constatada em umbreve relato sobre sua constituição.Este sistema só foi introduzido nacidade por volta de 1817, nove anosapós a chegada da família real portu-guesa, com a adoção de veículospuxados a burros ou cavalos.

A partir da segunda metade doséculo XIX os trens assumem umpapel de destaque no transporte públicodo Rio de Janeiro. Com a construçãoda Estrada de Ferro Dom Pedro II, estenovo meio de transporte ofereceu,

2 Ferreira, E.A.& Orrico Filho, R. D. “Lici-tação dos Serviços de Transporte PúblicoUrbano de Passageiros” in Anais Eletrônicosdo XI Congresso Latino-americano deTransporte Público e Urbano, CLATPU, LaHabana 2001.

3 Trata-se de uma pesquisa feita pelo IBOPEencomendada pela Fetranspor junto à po-pulação 18- 24 anos da RMRJ.

1 Segundo dados do Anuário Estatístico doRio de Janeiro – do Centro de Informaçõese Dados do Estado do Rio de Janeiro -CIDE,

Transporte

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pela primeira vez, uma maneira veloze confiável, que alcançava longasdistâncias e circulava em horários pré-estabelecidos e regulares. Com oadvento da República, a Estrada deFerro Dom Pedro II passou a serdenominada Estrada de Ferro Centraldo Brasil.

Em 1870, com a permissão defuncionamento da empresa Rio deJaneiro Street Railway Company,inaugura-se os primeiros trechos daslinhas de bonde, para atender a famíliareal, ligando o Largo de São Franciscoaté o Portão da Coroa, na Quinta daBoa Vista, e em seguida, até o Caju e aTijuca. O processo de expansão dotransporte de passageiros continuou,mediante a concessão a novas empre-sas, a criação de novos trechos e aintrodução do bonde elétrico.

O primeiro trecho da Estrada deFerro Melhoramentos do Brasil foiinaugurado em 1893, tendo sidoincorporado pela Central do Brasil, em1903, com o nome de Linha Auxiliar.

Já nos anos 1930 o transporteferroviário encontrava-se em francaexpansão, culminando com a eletrifica-ção da ferrovia em 1937. Esta ex-pansão favoreceu ao surgimento debairros mais afastados do centro,conhecidos como os subúrbios daCentral do Brasil, contribuindo assimpara o desenvolvimento dos muni-cípios da Baixada Fluminense e daperiferia do Rio de Janeiro.

Na décadade 1940, o go-verno federalassumiu os en-cargos f inan-ceiros da em-presa de trensThe Leopoldina

Railway Company, administrando-a demaneira compartilhada. Na década de1950, essa companhia foi incorporadapela União e passou a denominar-se

Estrada de Ferro Leopoldina.Em 1957foi criada a Rede Ferroviária Federal -RFFSA anexando as duas grandesferrovias do Rio de Janeiro: Central doBrasil e Leopoldina, além de outraspequenas estradas de ferro de todo oBrasil.

Em 1984 houve a cisão da RFFSA,quando se transferiu a gestão dos trensurbanos de passageiros para a Com-panhia Brasileira de Trens Urbanos –CBTU. Na década seguinte foi criada aFlumitrens, e os serviços urbanos depassageiros passaram para a respon-sabilidade do governo do estado do Rio.

Com o programa estadual dedesestatização, a SuperVia, empresaformada pelo consórcio vencedor doleilão, realizado em novembro de 1998,passou a operar o transporte ferroviário,sob concessão por 25 anos, renováveispor mais 25 anos.

Em maio de 2001 a Flumitrens foiliquidada, sendo substituída pela CEN-TRAL – Cia Estadual de Engenharia deTransporte e Logística, que passou adesempenhar as atividades antesexercidas por aquela empresa.

O transporte aquaviário na Baía deGuanabara começou, regularmente,em 1835, com a criação da Companhiade Navegação de Nictheroy, empresaprivada que fazia o transporte depassageiros entre Rio e Niterói, utili-zando três embarcações. Em 1862surge a Companhia Ferry, com embar-cações mais confortáveis e luxuosasatraindo o público. Posteriormente, me-diante um processo de incorporaçãosurgiram duas empresas a CompanhiaCantareira e a Viação Fluminense. Em1945, o Governo Federal concedeu àFrota Carioca S/A, o controle acionárioda companhia de navegação Cantareira.Em 1953, foi criada uma nova empresade transporte entre Rio e Niterói [FrotaBarreto S.A.] que passou a controlar asações da Frota Carioca e da Cia.Cantareira. Nesse período este sistema

Estrada de FerroLeopoldina

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passou por um processo de mo-dernização, reduzindo o tempo detravessia para 20 minutos. Entretanto,um ciclo de greves, em função dadisputa por maiores subsídios gover-namentais e aumentos de tarifas,provocou uma reação violenta dapopulação, que depredou a Estação deNiterói, o estaleiro e até a residênciados proprietários da empresa. O entãopresidente, Juscelino Kubitscheck,desapropriou os bens da Frota Barreto,passando-a para o controle da União.O transporte passou a ser feito pelascompanhias que sobraram e embar-cações emprestadas pela Marinha.

Em 1967, o Governo Federal,dentro do programa de estatizaçãoiniciado no país, criou o Serviço deTransportes da Baía de Guanabara -STBG S.A, uma sociedade de eco-nomia mista. Dez anos depois essaempresa passou para o controle dogoverno estadual, com o nome deCompanhia de Navegação do Estadodo Rio de Janeiro - CONERJ. Emfevereiro de 1998, por iniciativa do

Governo do Estado, um consórcio deempresas privadas assume o controleacionário da CONERJ, sob regime deconcessão por 25 anos, dando origemà Barcas S/A.

Em 1968, foi criada a CompanhiaMetropolitana do Rio de Janeiro -METRÔ, vinculada a Secretaria do Es-tado de Transportes, que tem a finali-dade primordial de construir, operar eimplantar o sistema metroviário do Riode Janeiro. Este sistema foi inauguradoem março de 19794 . No início das

operações, funcionava com 4 trens de4 carros, com intervalos médios de 8minutos e contava apenas com 5estações: Praça Onze, Central, Presi-dente Vargas, Cinelândia e Glória. Nosprimeiros 10 dias, o sistema trans-portou mais de meio milhão depessoas, com uma média diária de 60mil usuários.5 Durante os 19 anos emque a operação comercial permaneceusob a responsabilidade do METRÔ,foram construídas e implantadas 15estações da Linha 1, interligandoBotafogo à Tijuca, e 9 estações da Linha2, do Estácio a Vicente de Carvalho.

2.2 - O Sistema atual2.2 - O Sistema atual2.2 - O Sistema atual2.2 - O Sistema atual2.2 - O Sistema atual

O atual sistema de transporteurbano de passageiros da RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro éformado pelos subsistemas ferroviário,

A maior parte dariqueza gerada nesteestado concentra-se naRegião Metropolitanaonde vivem mais de75% da população doestado. Entretanto otransporte público depassageiros éincompatível com adimensão desta região.

4 Na administração do governador Chagas

Freitas.5 Dados do site: www.metrorio.com.br

consultado em 23/10/03.

Metrô doRio de Janeiro

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25

Elaboração PrópriaFonte: Secretaria de Transporte do Estado do Rio de Janeiro e Agência Reguladora dos Serviços

Públicos Concedidos do Estado do Rio de Janeiro - ASEP Conjuntura Econômica da FGV – vários anos.

metroviário, rodoviário e aquaviário.O subsistema ferroviário do Rio deJaneiro, privatizado em setembro de1998, é operado pela empresaSuperVia, que pertence ao ConsórcioRiotrens, envolve 11 municípios daRegião Metropolitana do Rio deJaneiro, percorrendo uma extensão de684 Km de vias. Esta malha ferroviáriaestá distribuída através de seis ramais,partindo da estação Central do Brasil,com destino às estações de Deo-doro, Santa Cruz, Japeri, Belford Roxo,Gramacho, Saracuruna e VilaInhomirim, situadas na periferia da Re-gião Metropolitana do Rio de Janeiro.De acordo com as informações daSuperVia, hoje, esta empresa trans-porta mais de 8 milhões de pessoaspor mês, com uma média diária de350 mil passageiros, ainda muitoaquém do período do boom dotransporte ferroviário, cuja média erade mais de 900 mil passageiros/dia.

O subsistema metroviário depoisde 19 anos sob a responsabilidade daCompanhia do Metropolitano do Riode Janeiro - METRO/RJ, foi concedido,em dezembro de 1997, por umperíodo de 20 anos, o direito deexplorar este serviço ao ConsórcioOpportrans, que ficou responsávelpela operação de todo o sistema,abrangendo as duas Linhas 1 e 2.Nesse processo de concessão, apropriedade sobre o patrimônio físicopermanece sob responsabilidade doEstado, que possui ainda o poder defiscalização sobre as atividades con-cedidas. Após a concessão, coube àCompanhia do Metropolitano do Riode Janeiro - METRO/RJ6 o planeja-

mento e a construção de novas linhas,assim como o aprimoramento dosistema metroviário, de modo a asse-gurar à população carioca um transportede qualidade, moderno, eficiente eseguro.7

O transporte aquaviário de passa-geiros também foi privatizado em 1998,quando o governo do estado transferiuà iniciativa privada o controle acionárioda Companhia de Navegação do Esta-do do Rio de Janeiro - CONERJ, sobregime de concessão, pelo prazo de25 anos, renováveis. Este sistema, exe-cutado pela Companhia Barcas S A, fazas seguintes ligações: Rio-Niterói, Rio-Ilha do Governador, Rio-Paqueta,Mangaratiba-ilha Grande e Angra dos

Reis-Ilha Grande.Quanto ao transporte rodoviário

de passageiros, sua operação é mantidana grande maioria por empresas decapital privado, regulado pelo Depar-tamento de Transporte Rodoviário doestado do Rio de Janeiro – DETRO/RJ.

Após a privatização, os serviços detransporte público de passageiros daRMRJ passaram a ser operados me-diante permissão, contrato, ou con-cessão, regulamentados por um sis-tema institucional que envolve osgovernos do estado e dos municípiosque compõem esta região, além de umconjunto de instituições. Cabe aoestado a responsabilidade pela regula-

Tabela 2 - Evolução das tarifas, IGP-M e Salário - Mínimo1995 - 2003

AnoAnoAnoAnoAno

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

VVVVVar i açãoar i açãoar i açãoar i açãoar i ação

MetrôMetrôMetrôMetrôMetrô

0,45

0,60

-

1,00

1,20

-

1,30

1,47

1,88

317,78317,78317,78317,78317,78

TTTTTARIFARIFARIFARIFARIFASASASASAS

TTTTTremremremremrem

0,40

0,50

0,60

-

-

0,80

0,90

1,15

1,37

242,50242,50242,50242,50242,50

(R$)(R$)(R$)(R$)(R$)

Ba r caBa r caBa r caBa r caBa r ca

0,45

0,55

0,90

-

-

-

1,18

1,30

1,80

317,78317,78317,78317,78317,78

Ôn ibusÔn ibusÔn ibusÔn ibusÔn ibus

0,45

0,55

0,60

0,70

0,80

1,00

1,10

1,30

1,40

211,11211,11211,11211,11211,11

%

IGP-M

15,24

9,19

7,74

1,79

20,10

9,95

10,37

25,30

5,86

166,77

(R$)(R$)(R$)(R$)(R$)

SMSMSMSMSM

100,00

112,00

120,00

130,00

136,00

151,00

180,00

200,00

240,00

140,00140,00140,00140,00140,00

Tabela 1- Média de Passageiros Transportados/dia (milhares)

Modal/anosModal/anosModal/anosModal/anosModal/anos

metrô

trem

barcas

ônibus

TTTTTotalotalotalotalotal

19961996199619961996

352

250

82,5

8460

9144,59144,59144,59144,59144,5

19971997199719971997

270

203

82,9

8268

8823,98823,98823,98823,98823,9

19981998199819981998

320

166

74,1

7052

7612,17612,17612,17612,17612,1

19991999199919991999

399

236

76,7

7031

7742,77742,77742,77742,77742,7

20002000200020002000

425

285

78

7021

78097809780978097809

20012001200120012001

416

292

79

6601

73887388738873887388

20022002200220022002

417

321

61,5

6346

7145,57145,57145,57145,57145,5

Elaboração PrópriaFonte: Secretaria Estadual de Transportes do Rio de Janeiro (Sectran) e Federação das Empresas de Transportesde Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). E as concessionárias dos respectivos modais.

6 A partir de 25 de maio de 2001,Companhia de Transportes sobre Trilhosdo Estado do Rio de Janeiro - Rio Trilhos.

7 Atualmente a rede do Metrô com-preende 32 estações, sendo 17 na Linha 1(Saens Pena à Siqueira Campos) e 16 naLinha 2 (Pavuna ao Estácio) com 35,8 kmde extensão.

Transporte

26

*Ruth Helena Dweck*Ruth Helena Dweck*Ruth Helena Dweck*Ruth Helena Dweck*Ruth Helena Dweck -

Profa.Doutora da Faculdade de Economia -

UFF**Jul ianna Pinheiro de Souza**Jul ianna Pinheiro de Souza**Jul ianna Pinheiro de Souza**Jul ianna Pinheiro de Souza**Jul ianna Pinheiro de Souza -

Estudante de Economia da UFF, BolsistaPIBIC - CNPq

mentação dos modais intermunicipais,enquanto as prefeituras são respon-sáveis pelas questões relativas aostransportes municipais (ônibus, vans etáxis de linhas municipais). Entretanto,este aparato institucional não é capazde planejar e controlar adequadamentea operação deste sistema, deixandoque a oferta seja definida, em grandeparte, pelas próprias empresas. Ainexistência de uma política adequadapara o setor reflete-se na tabela 1, aqual mostra a participação ínfima dosmodais de grande capacidade e conse-qüentemente elevada produtividade[trem e metro] que cederam espaçopara os ônibus, cuja produtividade temdiminuído, principalmente a partir dasegunda metade da década de noventa.Segundo Ferreira e Orrico Fo

8, a queda

da produtividade deste subsistema severifica pela redução do IPK [índice depassageiros por quilometro] nas princi-pais capitais brasileiras, inclusive o Riode Janeiro. Esta queda está associadaao crescimento do transporte informal,que por razões diversas está absor-vendo passageiros dos outrosmodais.9

Se por um lado, o transportealternativo exerce uma concorrênciadesleal com as empresas de ônibus,provocando a perda de passageiros ede receitas e aumentando o númerode veículos em circulação, contribuindopara o congestionamento nos grandescentros urbanos. Por outro, ele podeser apenas uma resposta ao aumentoabusivo das tarifas dos meios detransporte convencionais, como revelaa tabela 2. Nessa linha, Gwilliam (2001)e Cervero (2000)10 argumentam queeste meio de transporte pode ser umestímulo à concorrência e um

10 Apud, Ferreira, E.A. & Orrico Filho,R. D. Opus cit. p. 3

11 A elas só interessa os espaços ondea elite circula.

8 Ferreira, E.A. & Orrico Filho, R. D.Opus cit. p. 2.

9 Segundo cadastramento da Prefeitu-ra Municipal do Rio de Janeiro, em marçode 2001já havia cerca de 8500 veículos depequeno porte [vans] e 7000 ônibus.

importante complemento a esseserviço em âmbito regional. Poispossibilita a ligação entre os bairrospobres e o centro da cidade, cobrandotarifas ajustadas à população de baixarenda. Como afirmam esses autores,são espaços que não interessam àsoperadoras de transporte rodoviário depassageiros11 . A tabela 2 revela que oaumento das tarifas nos quatro modaisfoi significativo, muito acima da variaçãodo IGP-M e do aumento do saláriomínimo no período 1995-2003,contrariando os contratos deconcessão.

III – ConclusãoIII – ConclusãoIII – ConclusãoIII – ConclusãoIII – Conclusão

Segundo dados da Secretaria deEstado de Transportes (SECTRAN),enquanto em 1950 os ônibus repre-sentavam 28% das viagens, em 1994ele passou a representar 78%. Obser-va-se, também, a grande presença doautomóvel, responsável por 15% dototal das viagens em 1994.

Hoje este quadro é ainda maissério: de acordo com os dados daFetranspor (agosto 2002): além dagrande presença dos ônibus, res-ponsáveis por 83% das viagens diáriase dos automóveis por 15%, surgiu ochamado transporte rodoviário alter-nativo [vans e kombis] absorvendopassageiros de todos os demais meiosde transporte, inclusive dos ônibus,realizando 32% do transporte diário.12

As conseqüências são terríveis: longosengarrafamentos, viagens que pena-lizam aqueles que moram mais afas-tados do local de trabalho.

A ausência de políticas e planosmetropolitanos de transporte e adegradação dos sistemas de grandecapacidade resultaram na perda deeficiência, comprometendo o pro-cesso de crescimento estruturado daregião. Este modelo favoreceu aoaumento das desigualdades sociais,com maiores prejuízos ao contingentepopulacional periférico e de menornível de renda. Além de contribuir paraos elevados níveis de poluição atmos-férica e sonora, concorrendo para aincidência de doenças pulmonares eauditivas e a produção do estresses,principalmente para os que dependemabsolutamente do transporte coletivo.

Os órgãos públicos acenam coma perspectiva de que o Plano Diretorde Transportes Urbanos – PDTU- queestá sendo desenvolvido pela Secretariade Estado de Transportes e pelaCompanhia Estadual de Engenharia deTransportes e Logística – CENTRALpossibilitará a racionalização do Sistemade Transportes de Passageiros naRegião Metropolitana, com a prio-rização dos investimentos na infra-estrutura necessária à integração modale intermodal. A expectativa é de queeste seja um instrumento de gestão eplanejamento do sistema de trans-porte, em caráter permanente, deforma articulada e coordenada. Se-gundo a SECTRAN, este plano deli-neará uma matriz de transporte justa,racional e eficaz, capaz de ordenar otransporte urbano visando a confi-guração de uma rede determinantepara a melhoria da qualidade de vidana Região Metropolitana do Rio deJaneiro.

12 Contrariando o movimento que seobserva no mundo desenvolvido, que jáentrou na era dos supertrens de alta velo-cidade.

Transporte

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A falta de uma política pública

atualizada para este setor tem

sido responsável pela situação

caótica do sistema de

transporte público do Rio de

Janeiro. Os veículos de

pequena capacidade e

ineficientes acabaram

ocupando o espaço destinado

ao trem e ao metrô, estes sim,

modais de grande capacidade.

28

O Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de JaneiroO Rio de Janeiroe o Esforço Exportadore o Esforço Exportadore o Esforço Exportadore o Esforço Exportadore o Esforço Exportador

Por Luciana Costa Marques de Sá

A FIRJAN lançou no início de outubro o RIO EXPORTA -

Boletim de comércio exterior do Estado do Rio de Janeiro,

um novo relatório mensal, com base em dados da FUNCEX. O objetivo

deste boletim é sistematizar as informações disponíveis e fazer um acompanhamento

mais próximo destas estatísticas, que se somam aos demais elementos de análise

do desempenho da economia de nosso Estado. Outro motivador é o desempenho

recente das exportações. As exportações do Rio vêm tornando-se mais dinâmicas,

o que tem permitido ao Estado elevar continuamente, nos últimos anos, sua

participação na pauta exportadora do país.

Neste artigo, serão descritos os principais destaques do primeiro número do RIO

EXPORTA. Na primeira parte, analisa-se a balança comercial propriamente dita. Em

seguida, serão ressaltados os principais parceiros comerciais do Estado, por países

e blocos econômicos. Finalmente, a última parte versará sobre os índices de quan-

tum e preço das exportações.

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A Balança Comercial do RJA Balança Comercial do RJA Balança Comercial do RJA Balança Comercial do RJA Balança Comercial do RJ

Em agosto, a balança comercial doEstado do Rio de Janeiro foi deficitáriaem US$ 10,2 milhões, elevando osaldo negativo acumulado em 2003para US$ 84,2 milhões. Este mês deagosto, contudo, não deve ser tomadocomo referência de tendência. A análisede uma perspectiva mais longa mostramovimento contínuo de redução dosdéficits comerciais do RJ. Com efeito,nos anos de 2000 e 2001, o déficitsituou-se na faixa dos US$ 3 bilhões,recuando para US$ 1,7 bilhões em2002. Nos últimos 12 meses, atingiuUS$ 253,7 milhões, o que permiteprojetar uma cifra abaixo de US$ 500milhões este ano.....

Este desempenho tem sido resul-tado do vigor observado nas ex-portações do Estado. Nos primeirosoito meses de 2003, o valor ex-portado pelo Rio de Janeiro totalizouUS$ 2,876 bilhões, com crescimentode 31,3% em relação ao mesmoperíodo do ano passado, enquanto amédia nacional apresentou alta de22,9%. As exportações de semi-manufaturados e manufaturadosexpandiram-se 30,7% e 33,7%, res-pectivamente, e estão por trás desteresultado do ano. Neste período de oito meses, dentre

Gráfico 1: Saldo Comercial do Rio de Janeiro (12 meses)

os produtos com maior peso na pautaexportadora estão os laminados de aço,com alta de 99,2%, que passaram arepresentar 13,0% das exportaçõesfluminenses no período. Estes pro-dutos eram responsáveis por cerca de4% das vendas ao exterior há cerca dedois anos. O petróleo, primeiro produtono ranking das exportações estaduaisnos primeiros oito meses de 2003,com participação de 38,3%, mostroudesempenho inferior ao total dasexportações fluminenses, crescendoapenas 15,4% no período. O terceiroproduto da pauta, considerando o anode 2003, foram os óleos combustíveis,que tiveram expansão de 77,8%.Outros destaques são as vendas

petróleo, o que mostra a participaçãodas empresas do Estado pertencentesa demais setores no esforço ex-portador. Os produtos manufaturadostambém apresentam elevação a partirde meados do ano passado, graças aosdemais produtos como metalúrgicos,veículos e afins e combustíveis.

Este desempenho tem sido re-sultado do vigor observado nas ex-portações do Estado. Nos primeirosoito meses de 2003, o valor exportadopelo Rio de Janeiro totalizou US$2,876 bilhões, com crescimento de31,3% em relação ao mesmo períododo ano passado, enquanto a médianacional apresentou alta de 22,9%. Asexportações de semimanufaturados emanufaturados expandiram-se 30,7%e 33,7%, respectivamente, e estão portrás deste resultado do ano.

Neste período de oito meses,dentre os produtos com maior pesona pauta exportadora estão os lami-nados de aço, com alta de 99,2%, quepassaram a representar 13,0% dasexportações fluminenses no período.Estes produtos eram responsáveis porcerca de 4% das vendas ao exterior hácerca de dois anos. O petróleo,primeiro produto no ranking dasexportações estaduais nos primeirosoito meses de 2003, com participaçãode 38,3%, mostrou desempenho in-ferior ao total das exportações flumi-nenses, crescendo apenas 15,4% noperíodo. O terceiro produto da pauta,considerando o ano de 2003, foramos óleos combustíveis, que tiveramexpansão de 77,8%. Outros des-taques são as vendas externas deautomóveis, caminhões e ônibusproduzidos nas plantas industriais doSul fluminense, contribuindo com altade 126,1%.

A análise de um período maislongo mostra que o movimento de altadas exportações iniciou-se em mea-dos de 2000, como pode ser

externas de automóveis, caminhões eônibus produzidos nas plantas industriaisdo Sul fluminense, contribuindo comalta de 126,1%.

A análise de um período mais longomostra que o movimento de alta dasexportações iniciou-se em meados de2000, como pode ser observado pelasestatísticas de 12 meses. Esta tendênciaé explicada pelo forte aumento dasexportações de produtos básicosfluminenses em relação aos demaisprodutos, por conta da elevação dasexportações de petróleo bruto. O bomdesempenho não está restrito ao

Estado do Rio de Janeiro

30

observado pelas estatísticas de 12meses. Esta tendência é explicada peloforte aumento das exportações deprodutos básicos fluminenses emrelação aos demais produtos, por contada elevação das exportações depetróleo bruto. O bom desempenhonão está restrito ao petróleo, o quemostra a participação das empresas doEstado pertencentes a demais setoresno esforço exportador. Os produtosmanufaturados também apresentamelevação a partir de meados do anopassado, graças aos demais produtoscomo metalúrgicos, veículos e afins ecombustíveis.

Evolução das Exportações do Estado do Rio de Janeirosegundo Classes de Produtos - Acumulado 12 meses

Uma das importantes conseqüên-cias do aumento das exportações doRio, a uma taxa superior à média, é oaumento da participação do Estado napauta exportadora do Brasil. No ano2000, o Rio contribuía com 3,3% dasvendas ao exterior, passando a serresponsável por 6,1% no ano 2002.Na média dos oito meses de 2003 jáse elevou para 6,3%. Um comparativocom os demais Estados exportadoresmostra que o Rio de Janeiro foi o

grande destaque, tendo registrado omaior ganho relativo no ranking dosestados exportadores11111 .....

Principais Destinos das Expor-Principais Destinos das Expor-Principais Destinos das Expor-Principais Destinos das Expor-Principais Destinos das Expor-tações do Rio de Janeirotações do Rio de Janeirotações do Rio de Janeirotações do Rio de Janeirotações do Rio de Janeiro

Os países do Nafta foram o princi-pal destino das exportações flumi-nenses nos primeiros oito meses de2003, com 28,3% de participação,graças às vendas para os EUA, querepresentaram 25,5% das vendastotais do Estado. Os principaisprodutos exportados pelo Rio deJaneiro são petróleo e derivados, quecorrespondem a 65,8% das vendas

1 Uma avaliação realizada na revista eletrônica RIO ECONÔMICO do mês de junhoevidencia estas comparações e relaciona o desempenho exportador à produçãoindustrial (disponível no site www.firjan.org.br).

exportações de petróleo e laminadosde aço. Outros países que vêmganhando espaço na relação de par-ceiros são a China e a Argentina. Noprimeiro caso, não é um movimentorestrito ao Rio de Janeiro, mas do paíscomo um todo. No segundo, oaumento das exportações para a Ar-gentina está relacionado à recuperaçãoeconômica do país.

Índices de PÍndices de PÍndices de PÍndices de PÍndices de Preço e Vreço e Vreço e Vreço e Vreço e Volume dasolume dasolume dasolume dasolume dasExportaçõesExportaçõesExportaçõesExportaçõesExportações

A abertura das estatísticas deexportação permite averiguar se a maiorvenda ao exterior representa maiorquantidade ou preço mais favorável, ouambos, como foi o caso do Rio deJaneiro. Por exemplo, muitas vezes hácasos de elevação de volumes ex-portados, que passam desapercebidospela baixa de preços nos mercadosinternacionais. A geração de índicestrimestrais de preço e volume mostra,assim, que no primeiro semestre de2003, o volume exportado peloEstado também apresentou tendênciade alta, com expansão de 25,5% emrelação ao mesmo período do anopassado, um pouco acima da médianacional, que foi de 21,8%, na mesmacomparação. Dentre as categorias deuso, destacam-se as exportações debens de capital, que cresceram 79,6%no período, influenciadas pela expansãonas exportações de veículos de carga eônibus, e as de bens de consumo nãoduráveis, que apresentaram alta de57,4%.

Observando-se os gêneros daindústria, os aumentos mais signi-ficativos se deram em: bebidas com136,7%; fumo com 156,1%; e ma-

para os EUA.Destacam-se também as ex-

portações para o Chile, país que jáocupa o terceiro lugar como destinodas exportações fluminenses. De fato,no acumulado do ano, as vendas parao Chile cresceram 89,3%, impul-sionadas pela forte elevação das

Estado do Rio de Janeiro

31

terial de transporte com 98,3%.Dentre os 5 gêneros com maiorparticipação na pauta de eeeeexportaçãoestadual, o maior crescimento de vol-ume foi do material de transporte(98,3%), seguido pela indústriamecânica (38,1%), enquanto osprodutos químicos apresentaramqueda (4,5%).

Quanto aos preços dos bensexportados pelo Rio de Janeiro, noprimeiro semestre de 2003, houvecrescimento de 26,9%, contra 4,0%da média nacional. Este desempenhotão superior do Estado em relação à

média nacional se deve à concentraçãoda pauta exportadora fluminense emprodutos siderúrgicos, petróleo ederivados e produtos químicos quetiveram forte movimento de alta depreço no primeiro semestre de 2003.

A continuidade da tendência de altadas vendas externas do Estado do Rio,inserida em um contexto de cres-cimento das exportações brasileirascomo um todo, será importante paraos próximos meses. Este desempenhocontribui, de um lado, para sustentar ademanda interna, e, por outro, parareduzir a vulnerabilidade do balanço de

pagamentos. Mesmo em cenário derecuperação da economia mundial,conforme delineado, a sustentação datendência das exportações em médioprazo depende de ações direcionadasao aumento da competitividade doproduto brasileiro, com redução daburocracia, melhoria da infra-estruturae do nível de educação da população,entre outras.

Luciana Costa Marques de SáLuciana Costa Marques de SáLuciana Costa Marques de SáLuciana Costa Marques de SáLuciana Costa Marques de Sá – chefeda Assessoria de Pesquisas Econômicas daFIRJAN

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RRRRRenda e pobreza noenda e pobreza noenda e pobreza noenda e pobreza noenda e pobreza noRio de Janeiro: um balançoRio de Janeiro: um balançoRio de Janeiro: um balançoRio de Janeiro: um balançoRio de Janeiro: um balanço

da última décadada última décadada última décadada última décadada última década

á cerca de uma década, o Rio de Janeiro resolveu reagir. As chacinas

da Candelária, de Acari e de Vigário Geral marcaram o fundo do poço

– frente ao qual a sociedade organizada e diferentes níveis de governo

resolveram reagir, através de inúmeras iniciativas: o lançamento da Campanha

da Fome do Betinho e do Movimento Viva Rio, a criação do Plano Estratégico da

Cidade do Rio de Janeiro, do Grupo Cultural Afro Reggae e do Disque Denúncia,

a implantação dos Programas Favela-Bairro e Rio Cidade etc. Todos temos na

cabeça dezenas de estórias de sucesso que aconteceram a partir dali. Mas o

balanço da década como um todo, traçado aqui a partir de dados resultantes de

tabulações especiais da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD/IBGE) de 1992

a 2002 não é dos mais animadores.

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H

PorAndré Urani

33

A evolução desta variável, como ilustra o Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1Gráfico 1, pode ser decomposta em três momentos distintos:

a) A queda registrada em 1993, resultante da forte aceleração inflacionária e do desaquecimento da economia verificados

naquele ano;

b) O forte aumento ocorrido em decorrência do Plano Real, entre 1993 e 1995;

c) A relativa estagnação a partir daí até o final do período.

Em primeiro lugar, no que diz respeito à renda real domiciliar per capita, se o comportamento do paíscomo um todo já não foi dos mais brilhantes, o do Estado do Rio de Janeiro foi ainda mais medíocre,ficando em 19o lugar entre as 27 Unidades da Federação. A tabela 1 abaixo mostra que a taxa fluminenseficou em 23%, mais de 30% abaixo da média nacional e menos de um terço do registrado pelos Estadosque mais cresceram (Piauí e Mato Grosso).

Evolução da renda real domiciliar per capita no Estado do Rio de Janeiro

Reai

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200

Reai

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200

Reai

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200

Reai

s de

set

embr

o de

200

Reai

s de

set

embr

o de

200

2 580

430

380

480

530

1992 1993 2002200119991998199719961995

AnoAnoAnoAnoAno

Fonte: IETS, a partir de tabulações especiais da PNAD/IBGE.

...para apressar o combate à pobreza e a

indigência nos próximos anos, seja no Brasil como

um todo, seja no Rio de Janeiro, será necessário não

apenas crescer mais que no passado recente, mas,

sobretudo, reduzir a desigualdade de renda.

O B

alanço de uma D

écada

34

Tabela 1Variação (%) no período 1992-2002

Brasil

Norte

Acre

Amazonas

Amapá

Pará

Rondônia

Roraima

Tocantins

Nordeste

Alagoas

Bahia

Ceará

Maranhão

Paraíba

Pernambuco

Piauí

Rio Grande do Norte

Sergipe

Centro-Oeste

Distrito Federal

Goiás

Mato Grosso do Sul

Mato Grosso

Sudeste

Espírito Santo

Minas Gerais

Rio de Janeiro

São Paulo

Sul

Paraná

Rio Grande do Sul

Santa Catarina

30.86

27.0927.0927.0927.0927.09

22.72

17.75

36.90

29.74

27.13

-23.90

56.27

33.3133.3133.3133.3133.31

8.88

24.82

43.67

37.44

58.03

37.76

72.45

31.15

17.42

41.6841.6841.6841.6841.68

54.21

23.60

33.43

69.64

30.2730.2730.2730.2730.27

58.44

35.46

23.63

29.97

32.0632.0632.0632.0632.06

56.58

20.80

22.85

Renda domiciliar

per capita

-19.42

-14.52-14.52-14.52-14.52-14.52

0.04

-7.68

-9.84

-15.04

-24.37

36.54

-24.52

-14.05-14.05-14.05-14.05-14.05

0.07

-13.35

-18.47

-9.72

-17.48

-12.25

-20.45

-23.17

-14.92

-30.54-30.54-30.54-30.54-30.54

-20.26

-28.59

-32.75

-38.00

-23.67-23.67-23.67-23.67-23.67

-36.75

-30.29

-26.24

-15.59

-32.58-32.58-32.58-32.58-32.58

-41.18

-13.46

-45.53

Proporção

de pobres

-30.87

-34.18-34.18-34.18-34.18-34.18

-15.77

-24.85

-18.64

-38.63

-24.11

157.09

-48.62

-27.89-27.89-27.89-27.89-27.89

2.37

-24.06

-38.99

-22.54

-40.63

-23.55

-33.63

-36.57

-31.88

-38.72-38.72-38.72-38.72-38.72

-11.09

-41.94

-40.31

-46.26

-33.37-33.37-33.37-33.37-33.37

-48.20

-46.46

-32.19

-18.48

-44.71-44.71-44.71-44.71-44.71

-56.81

-11.75

-64.05

Proporção

de indigentes

1.24

0.880.880 .880 .880 .88

11.73

2.25

19.30

1.89

-0.10

5.90

-5.81

0 .470 .470 .470 .470 .47

4.87

-0.46

-2.34

7.47

2.65

4.05

1.11

-3.96

-6.38

0 .950 .950 .950 .950 .95

4.23

-5.28

-3.98

10.82

2 .932 .932 .932 .932 .93

3.55

-0.97

0.39

6.88

-2.95-2.95-2.95-2.95-2.95

-1.34

2.59

-13.06

Índice

de Gini

Fonte: IETS, a partir de tabulações especiais da PNAD/IBGE.

O B

alanço de uma D

écada

35

André Urani André Urani André Urani André Urani André Urani - IETS e IE-UFRJ.

A desigualdade, medida pelo índice

de Gini, registrou um ligeiro aumento,

mas continua sendo um pouco mais

baixa que a do conjunto do país (0,56

contra 0,59) - que inclusive cresceu

um pouco mais. Mas há 11 estados

que, neste mesmo período, foram

capazes de reduzir a desigualdade -

entre os quais Santa Catarina, onde a

queda foi superior a 13%, levando

aquele estado a ser o primeiro, em

nossa história estatisticamente docu-

mentada, a atingir um Gini inferior a

0,5 (0,47 em 2002). Ou seja, uma

desigualdade ainda muito alta para os

padrões internacionais, mas não “ex-

tremamente” alta. Se, com a mesma

renda que somos capazes de gerar no

Estado do Rio de Janeiro, tivéssemos

uma desigualdade dessas, teríamos

menos da metade de pobres e

indigentes que temos hoje.

Ainda assim, graças ao (ainda que

modesto) crescimento da renda, a

pobreza e a indigência diminuíram, esta

última ligeiramente mais que a primeira.

Ainda assim, veja-se que a intensidade

da queda da indigência não foi além da

metade daquela verificada em Santa

Catarina, onde o crescimento da renda

foi ainda menor que no Rio de Janeiro.

Isso graças à já assinalada forte queda da

desigualdade que se deu naquele

Estado.

A lição resultante desta breve análise

é a de que para apressar o combate à

pobreza e a indigência nos próximos

anos, seja no Brasil como um todo,

seja no Rio de Janeiro, será necessário

não apenas crescer mais que no

passado recente, mas, sobretudo,

reduzir a desigualdade de renda.

Este último desafio é inédito para

nós fluminenses, e para quase todos

os brasileiros, mas a experiência

catarinense mostra que há um caminho

possível a ser trilhado.

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lo

36

O princípio do desenvolvimento sustentável mais do que um conceito

de caráter indutivo, identificado a uma realidade perceptível já

existente, é um preceito, dedutivo, um princípio básico e germinal

que se refere a um ideal a atingir, um compromisso com o futuro. Sua proposta

radical é que não cabe permitir que nosso estilo de vida e de desenvolvimento,

desequilibrado e perdulário, em nome dos interesses imediatos comprometa

irremediavelmente a qualidade de vida e até mesmo a sobrevivência das gerações

futuras.

Se nada puder ser feito, e se continuarmos no mesmo rumo, a espécie humana,

um pouco mais adiante,estará entregue à penúria ou ao desaparecimento. Esta é a

motivação básica do pacto geracional que exige de todos os países e de suas

principais lideranças um esforço comum para reverter as tendências à deterioração

social e ambiental, bem como as graves carências nos processos de desenvolvimento

que perpetuam a pobreza, e relegam a uma posição subalterna a maioria dos

países do mundo.

O DesenvolvimentoSustentável e a Agenda 21

como Vocação do RioPor Aspasia Camargo

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37

O compromisso com o desen-volvimento sustentável recomenda,portanto, uma drástica revisão demétodos e procedimentos, de modosde fazer, de programas e prioridades apartir de enorme mobilização emtorno de novos valores e com-portamentos, princípios e ações, bemcomo uma nova postura ética visandoa adoção de um novo paradigma dedesenvolvimento com sustentabili-dade, equilíbrio e durabilidade.

Eis uma ampla e detalhada agendade mudança para o século XXI querecobre os “principais atores”( majoractors ) e todas as instituições exis-tentes, exigindo tempo e paciência mastambém determinação e vontadepolítica visto que tais processos, estru-turais e complexos por natureza, sãorelativamente lentos. Como foi a pas-sagem da sociedade agrária para a in-dustrial, ou agora, em ritmo maisintenso, a substituição da sociedadeindustrial pelas chamadas sociedadespós-industriais, da informação e doconhecimento.

O percurso envolve atores eprocessos; informações, indicadorese diagnósticos para fins de mo-nitoramento ; além de ações e pro-postas imediatas a serem desenca-deadas nos próximos dez anos. Noinício, é preciso partir de projetosexemplares porém focados, de es-copo demonstrativo e pioneiro,monitorados por indicadores dedesempenho e formas de avaliaçãode seus impactos.

No plano maior, o caminho é oplanejamento estratégico participativocom o envolvimento direto da auto-ridade política (especialmente opresidente da República, os gover-nadores e os prefeitos) com ummáximo desejável de consenso socialpara facilitar a sua execução, o com-prometimento e a adesão crescentes.Há boas maneiras de multiplicar as

adesões. Uma delas, talvez a mais eficaz,é construir indicadores e fixar metas quepossam sensibilizar a opinião pública,tornando politicamente mais rentável oempenho da autoridade em reduzirperdas e danos. Por que eu, governadorou prefeito, iria combater o des-matamento se ninguém tomou co-nhecimento de sua ocorrência?

Outra forma cada vez mais exitosaé tornar atrativo para os empresários oinvestimento na sustentabilidade, sejaestimulando o crescimento da indústriaambiental, seja através de instrumentoseconômicos que penalizem os danosou favoreçam a sua redução através deincentivos e financiamentos. Mashistoricamente, quem define ou definiua urgência da missão e os rumos de-

pretadas pelo público interno comoextravagância ou um sonho inviável,como ocorreu no Brasil ao longo dosanos setenta e oitenta. Aos poucos,porém, as novas propostas con-quistaram as consciências e formaramopinião, mas ainda em uma fase reativae contrária à lógica do sistema pro-dutivo e da política tradicional queresistiu longo tempo em assimilar asnovas práticas e princípios em curso.

Em uma terceira fase, iniciada coma Conferência de 92 no Rio de Janei-ro, algumas mudanças estruturais ga-nharam consistência no plano interna-cional, acelerando a incorporação dosempresários, da comunidade científi-ca, da opinião púlica e da mídia. Nessacorrida rumo a um futuro melhor ga-nha quem mais souber inovar, pois éexatamente na franja da inovaçãotecnológica e gerencial que se concen-tram os diferenciais de produtividade,enquanto os que persistem na obso-lescência e no tradicionalismo são inelu-tavelmente condenados a penalidades

Nessa corrida rumo a um futuro melhor ganhaquem mais souber inovar, pois é exatamentena franja da inovação tecnológica egerencial que se concentram os diferenciaisde produtividade, enquanto os que persistemna obsolescência e no tradicionalismo sãoinelutavelmente condenados a penalidades ecrescentes prejuízos econômicos e sociais.

sejados?Em primeiro lugar, os movimentos

sociais que desbravam os primeiroscaminhos, apontando riscos, injustiçase incongruências na ordem estabelecida,como foi o caso do movimento verdeque eclodiu no final dos anos sessenta.

Em segundo lugar, as leis e instituições,influenciadas pelas Nações Unidas apartir da Conferência de Estocolmo,introduzindo na agenda internacionalnovos direito e deveres para o setorpúblico, através de mecanismos decomando e controle adequados parapenalizar os infratores e incentivarações inovadoras dentro de cada país.

Em geral, tais ações foram inter-

e crescentes prejuízos econômicos esociais.

A economia ambiental, identificadacom a nova economia, cresce, hoje,no mundo a taxas de 6% ao ano emum quadro mundial de estagnação edesemprego. No Norte da Europa aenergia renovável , especialmente aeólica, expande-se em patamares ele-vados de 18% ao ano dando o sinal

Espaço Aberto

38

habituado a conviver com o espíritocosmopolita vocalizando posições devanguarda. A missão é de extrema re-levância nacional se levamos em contaque os países hegemônicos procuramseguidamente desconsiderar os com-promissos aqui selados, tentando subs-tituí-los por documentos mais anó-dinos, alheios às aspirações de equida-

de e às “responsabilidades comuns maisdiferenciadas” que exigem um novoequilíbrio Norte-Sul.

O princípio do desenvolvimentosustentável é relativamente novo. Sur-giu furtivamente entre as liderançasambientalistas ainda nos anos setenta,mas, só foi oficialmente adotado norelatório final da Comissão Brundtland,concluído em 1987. Nessa Comis-são, convocada pelas Nações Unidas,

evidente que meio ambiente, hoje, nãoé mais o capricho de uma minoria ex-travagante mas a locomotiva de umnovo sistema produtivo em expansão.A indústria já percebeu que o terrenoé fértil e reduzir impactos ambientais éum grande negócio. Os meios de co-municação, sempre em busca de in-formações de impacto, alimentam-sede avaliações e estudos científicos queacusam a perda cres-cente e deterioraçãodos recursos natu-rais existentes.

De onde par-De onde par-De onde par-De onde par-De onde par-tiram ou partirãotiram ou partirãotiram ou partirãotiram ou partirãotiram ou partirãoas ações maisas ações maisas ações maisas ações maisas ações maiseficazes e exem-eficazes e exem-eficazes e exem-eficazes e exem-eficazes e exem-plares?plares?plares?plares?plares?

Sendo o Rio deJaneiro a cidade e oestado que abrigaramo grande pacto mun-dial pelo desenvolvi-mento sustentável,selado dentro do es-pírito do multila-teralismo e da coo-peração internacionalpor uma globalizaçãosolidária, resta saberse não cabe a nós,riodejaneirenses,misturas melhor aca-bada de fluminensese carioca, a grandemissão de refletir avanguarda e zelar pelo Espírito do Rio,que tanto reconhecimento e prestígiopode trazer para o nosso estado.

Promover a Agenda 21 e a Decla-ração do Rio, bem como outros gran-des acordos consagrados naquele mo-mento histórico, é a missão internaci-onal mais importante que cabe ao Riodesempenhar dentro da federação bra-sileira, como um traço distintivo de umestado singular que, por tradição, já está

buscava-se a aproximação entre o mo-vimento ambientalista, fortalecido pelaConferência de Estocolmo ( 1972 ) eas aspirações desenvolvimentistas dospaíses mais pobres, retratadas pela Co-missão Sul, voltada para as desigualda-des crescentes entre os países desen-volvidos, identificados com o Norte, eos países em desenvolvimento, identi-

ficados com o Sul. Mas a síntese programática

entre os ambientalistas e osdesenvolvimentistas só foi de-finitivamente consagrada naConferência do Rio de Janeirosobre Meio Ambiente e De-senvolvimento (1992) mar-cando um novo pacto interna-cional, de cunho neodesenvol-vimentista, com o aval das Na-ções Unidas. A diferença fun-damental consistia em substi-tuir o conceito de desenvolvi-mento como sinônimo puroe simples de crescimentoeconômico e de progresso.

Em contrapartida introdu-ziu-se a dimensão dasustentabilidade, partindo-seda convicção que o verdadeirodesenvolvimento precisa serdurável no tempo, mantendoe renovando os estoques derecursos naturais disponíveis,diminuindo desigualdades nosplanos nacional e internacional,mas também promovendo ainovação tecnológica, a demo-

cracia participativa, o aperfeiçoamentodos recursos humanos e institucionais.A preocupação maior não era apenascom a quantidade, mas também com aqualidade do desenvolvimento, isto é,com a qualidade de vida, fruto de mai-or sinergia e equilíbrio entre o desen-volvimento econômico e tecnológico,com a justiça social, com a proteçãoambiental e com o exercício democrá-tico da cidadania representativa e

A economia ambiental, identificadacom a nova economia, cresce, hoje,no mundo a taxas de 6% ao ano emum quadro mundial de estagnação edesemprego. No Norte da Europa aenergia renovável , especialmente aeólica, expande-se em patamares ele-vados de 18% ao ano dando o sinalevidente que meio ambiente, hoje,não é mais o capricho de uma minoriaextravagante mas a locomotiva de umnovo sistema produtivo em expansão.A indústria já percebeu que o terreno éfértil e reduzir impactos ambientais éum grande negócio. Os meios de co-municação, sempre em busca de info-rmações de impacto, alimentam-se deavaliações e estudos científicos queacusam a perda crescente e deteriora-ção dos recursos naturais existentes.

Espaço Aberto

39

participativa, aliado ao desenvolvimen-to humano e à governança no planoinstitucional.

A Agenda 21 Brasileira consagrouo princípio da sustentabilidade amplia-da como parte constitutiva do novoparadigma de desenvolvimento. Defato, garantir a durabilidade e a conti-nuidade do processo democrático étão importante quanto ampliar a soli-dariedade reduzindo desigualdades so-ciais ou produzir desenvolvimento demaior valor agregado, isto é, menosdependente de commodities como asoja bruta, cujos preços oscilam outendem a cair no mercado internacio-nal. Nesse particular, a tecnologiaambiental (biotecnologia, tratamentode resíduos, especialmente) é um fatordo “bom desenvolvimento” que nosfaria mudar de posição e passar de con-sumidor de bens e serviços a produ-tor destes mesmos bens.

Outro princípio é o da susten-tabilidade progressiva, um método denegociação que consiste em fixar me-tas mais flexíveis do que o uso abusivoe às vezes inóquo da multa, buscandoacordos temporais como os Termosde Ajuste de Conduta (TACS) quepermitam a acomodação de interes-ses e o cumprimento gradual de com-promissos assumidos. Foi com esteespírito que foram fixadas 21 progra-mas e ações para mudar o Brasil nospróximos dez anos, da mesma formaque estamos propondo para o Rio deJaneiro: 21 programas a serem incluí-dos em sua agenda de mudanças parao futuro próximo.

Diante de alguns graves proble-mas estruturais que o estado atraves-sa - problemas crônicos que vêm searrastando pelo mesmo desde a fu-são em 1975, a Agenda 21 do Estadodo Rio de Janeiro deve propor:

Como primeira ação exemplar, fa-fa-fa-fa-fa-zer a fusãozer a fusãozer a fusãozer a fusãozer a fusão que não houve e inte-

grar econômica, cultural e politicamen-te o estado, garantindo sua governançae os novos alicerces de sua identidadeainda fragmentada. Para tanto, valorizara inovação e os arranjos e as cadeiasprodutivas regionais, e implantar agên-agên-agên-agên-agên-cia de fomentocia de fomentocia de fomentocia de fomentocia de fomento do estado, estimu-lando consórcios e parcerias municipais .

Investir mais e melhor na vocaçãovocaçãovocaçãovocaçãovocaçãoecoturística e culturalecoturística e culturalecoturística e culturalecoturística e culturalecoturística e cultural do estado es-timulando a Economia da Cultura e doMeio Ambiente, roteiros turísticos so-fisticados e o usufruto de uma naturezainigualável em bases sustentáveis;

Não podemos fugir à grave questãoda segurança públicasegurança públicasegurança públicasegurança públicasegurança pública como fatorsine-qua-non de desenvolvimento comsustentabilidade. Definir as responsabi-lidades federativas, acompanhar a im-plantação do Plano Estadual de Se-Plano Estadual de Se-Plano Estadual de Se-Plano Estadual de Se-Plano Estadual de Se-gurança Pública e as delegaciasgurança Pública e as delegaciasgurança Pública e as delegaciasgurança Pública e as delegaciasgurança Pública e as delegaciaslegaislegaislegaislegaislegais, integrar as polícias reduzir a cor-rupção policial mas também a cultura daviolência familiar, na mídia e no trânsito,pela paz e o desarmamento, esta émissão que não pode ser postergada.

Fazer a inclusão socialinclusão socialinclusão socialinclusão socialinclusão social a partir devocações regionais que ampliem aatividade econômica e a oferta de em-pregos mas também através de políti-cas paliativas de renda mínima para alivi-ar os mais graves bolsões espaciais deexclusão social. Para dar maior visibili-dade e eficácia a estas políticas, elaborarcadastro único dos beneficiários e indi-cadores sociais de acompanhamento deresultados.

Criar um ICMS Robin HoodICMS Robin HoodICMS Robin HoodICMS Robin HoodICMS Robin Hood, aser redistribuído com os municípiosmais carentes e/ou com forte vocaçãoambiental em função de indicadores deesforço e de desempenho, através deavaliação periódica;.

Despoluir a baía de GuanabaraDespoluir a baía de GuanabaraDespoluir a baía de GuanabaraDespoluir a baía de GuanabaraDespoluir a baía de Guanabarae proteger o seu entorno e suae proteger o seu entorno e suae proteger o seu entorno e suae proteger o seu entorno e suae proteger o seu entorno e suapaisagem paisagem paisagem paisagem paisagem através de processos maisconsistentes de planejamento e commaior objetividade de procedimentos emaior empenho em melhorar os indi-

cadores de resultados; Promover cidades sustentáveiscidades sustentáveiscidades sustentáveiscidades sustentáveiscidades sustentáveis

com planos diretores de desenvolvi-mento sustentável . Reverter a faveliza-ção que se estende como metástasepor todos os mais nobres recursosnaturais do estado, buscando desen-volver políticas urbanas de combate aodesperdício e despertando a consci-ência ambiental pela cidadania, além dedesenvolver formas eficientes e bara-tas de inclusão social, combinandomoradia, saneamento básico e trans-portes de massa;

Realizar o planejamento estratégicoparticipativo da Bacia da Baía deSepetiba e da Ilha Grande, região por-tuária e futuro pólo metropolitano en-volvendo especialmente prefeitos, em-presas, especialistas das universida-des e lideranças sociais ;

Estimular o uso da energia reno-energia reno-energia reno-energia reno-energia reno-vávelvávelvávelvávelvável, especialmente a biomassa, aenergia eólica e solar além de usar osrecursos do petróleo para garantir odesenvolvimento das regiões deenclave, especialmente o NorteFluminense;

Proteger os recursos hídricos gra-vemente afetados, garantindo sua quan-tidade e qualidade e implantando o sis-tema de gestão integrada e participativaatravés dos Comitês de bacias e dosórgãos gestores e executivos ;

Combater o desmatamento edesmatamento edesmatamento edesmatamento edesmatamento eproteger as áreas de preserva-proteger as áreas de preserva-proteger as áreas de preserva-proteger as áreas de preserva-proteger as áreas de preserva-ção e os ecossistemas do esta-ção e os ecossistemas do esta-ção e os ecossistemas do esta-ção e os ecossistemas do esta-ção e os ecossistemas do esta-dododododo e estimular, sempre que possível,o uso industrial da madeira produzidaem florestas plantadas;

Fortalecer o programa de redu-programa de redu-programa de redu-programa de redu-programa de redu-ção de riscos, acidentes e de-ção de riscos, acidentes e de-ção de riscos, acidentes e de-ção de riscos, acidentes e de-ção de riscos, acidentes e de-sastressastressastressastressastres, conscientizando as comuni-dades em áreas sensíveis e criando umarede de instituições e funções capazesde oferecer, nas emergências, políti-cas integradas e rápidas a partir de um“gabinete de crise”“gabinete de crise”“gabinete de crise”“gabinete de crise”“gabinete de crise”, como já vêmoperando as grandes empresas.

Espaço Aberto

40

Sendo o Rio de Janeiro a cidade e oestado que abrigaram o grande pac-to mundial pelo desenvolvimento sus-tentável, selado dentro do espírito domultilateralismo e da cooperação in-ternacional psor uma globalizaçãosolidária, resta saber se não cabe anós, riodejaneirenses, misturas melhoracabada de fluminenses e carioca, agrande missão de refletir a vanguar-da e zelar pelo Espírito do Rio, quetanto reconhecimento e prestígiopode trazer para o nosso estado.

Racionalizar, modernizar e acom-panhar os licenciamentos ambientais,levantando informações de maneira sis-temática e integrada, evitando excessi-vas delongas e dispersão de esforçosdas partes interessadas.;

Melhorar a qualidade do ensi-qualidade do ensi-qualidade do ensi-qualidade do ensi-qualidade do ensi-nonononono, a gestão escolar e o aproveitamen-to do aluno, além de promover auniversalização do ensino médiouniversalização do ensino médiouniversalização do ensino médiouniversalização do ensino médiouniversalização do ensino médioe da escola em tempo integralescola em tempo integralescola em tempo integralescola em tempo integralescola em tempo integral.

Valorizar a prevençãoprevençãoprevençãoprevençãoprevenção em todasas áreas como poderoso instrumentode promoção da sustentabilidade , es-pecialmente na promoção da famíliacomo instrumento de proteção social,nas áreas da saúde e da educa-nas áreas da saúde e da educa-nas áreas da saúde e da educa-nas áreas da saúde e da educa-nas áreas da saúde e da educa-ção ambiental de massasção ambiental de massasção ambiental de massasção ambiental de massasção ambiental de massas atravésde práticas domésticas e comunitáriasde mobilização contra o lixo, a den-gue, a hanseníase, a tuberculose e ou-tras doenças endêmicas ou epidêmicas.Evitar a obesidade e promover a ali-mentação saudável através de campa-nhas por uma vida melhor.

Investir em programas de valori-valori-valori-valori-valori-zação e proteção da juventudezação e proteção da juventudezação e proteção da juventudezação e proteção da juventudezação e proteção da juventude,estimulando o espírito associativo e aação em grupo, o debate de idéias, acapacitação profissional e a vida saudá-vel como Viver Sem Drogas, Combateà Gravidez Precoce, Primeiro Empre-go ,etc.

Valorizar a qualidade de vida equalidade de vida equalidade de vida equalidade de vida equalidade de vida eas atividades produtivas na Tas atividades produtivas na Tas atividades produtivas na Tas atividades produtivas na Tas atividades produtivas na Tererererer-----ceira Idadeceira Idadeceira Idadeceira Idadeceira Idade, estimulando o asso-ciativismo e as atividades gregárias;

Integrar os programas de promo-promo-promo-promo-promo-ção da mulher e proteger a cri-ção da mulher e proteger a cri-ção da mulher e proteger a cri-ção da mulher e proteger a cri-ção da mulher e proteger a cri-ançaançaançaançaança e o adolescente, evitando portodos os meios a sua marginalizaçãosocial ;

Fazer políticas de inclusão social es-pecialmente para a comunidade ne-comunidade ne-comunidade ne-comunidade ne-comunidade ne-gragragragragra, cujos índices de desigualdade sãoflagrantemente superiores, especial-mente em um estado como o do Riode Janeiro com forte população afro-descendente;

Estimular a gricultura sustentá-a gricultura sustentá-a gricultura sustentá-a gricultura sustentá-a gricultura sustentá-velvelvelvelvel, especialmente produtos de quali-dade, com selo de qualidade e alto va-lor agregado;

Estimular a vocação internacio-vocação internacio-vocação internacio-vocação internacio-vocação internacio-nal do Rio de Janeironal do Rio de Janeironal do Rio de Janeironal do Rio de Janeironal do Rio de Janeiro, estimulandosua liderança nas áreas do comércio eserviços e sua vocalização da políticaexterna, através de grandes fóruns in-ternacionais sobre Governança Global,Globalização Solidária, Desenvolvi-mento Sustentável e Justiça Social.

Tais programas, cujo esboço inicialacabamos de delinear, precisam ser do-tados de forte legitimidade social e paratal, exigem indicadores adequados, nãoapenas na área de meio ambiente, ain-da bastante precária, como nos dife-rentes níveis em que se compõe asustentabilidade. Esta missão funda-mental, que garante acompanhamen-to, controle e credibilidade poderia en-volver diferentes instituições ligadas àRede CIDE, projetando o Rio de Ja-neiro como produtor de informaçõesaltamente qualificadas nos planos naci-onal e internacional.

Espaço Aberto

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41

Aspasia Camargo - Aspasia Camargo - Aspasia Camargo - Aspasia Camargo - Aspasia Camargo - Subsecretária da Agenda 21 da Secretaria de Integração Governa-mental do Estado do Rio de Janeiro.

42

Pesquisas Realizadas peloInstituto Fecomércio – RJ

Outubro de 2003

43

O Índice de Preços do Comércio Varejista Amplo da cidade do Rio de Janeiro voltou a apresentar variaçãopositiva em setembro de 0,68%, após dois meses em deflação, que vinha ocorrendo desde julho.Entretanto, no comparativo anual, o índice apresentou uma queda de 0,59 ponto percentual em relação asetembro de 2002 (1,28%). No acumulado do ano, o índice ficou em 6,47%.

1. Índice de Preços do Comércio Varejista Amplo – IPCV - Amplo

5,00

4,00

3,00

2,00

1,99

0,00

-1,00

0,66

0,20

1,41

1,28

1,85

4,70

2,34

1,69

1,051,41

1,64

0,17

0,06

-0,36

-0,02

0,68

jun/

02

ago/

02

ou

t/0

2o

ut/

02

ou

t/0

2o

ut/

02

ou

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2

de

z/0

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02

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2

fev/

03

fev/

03

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Grafico 1 - Índice de P - Índice de P - Índice de P - Índice de P - Índice de Preços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Varejista Amploarejista Amploarejista Amploarejista Amploarejista Amplo

Quando analisamos os resultados finais dos grupos que compõem o IPCV, observamos que a variação positiva na taxado IPCV - Amplo foi propiciada pelos grupos Saúde e Higiene Pessoal (1,33%) e Alimentação (1,11%), como

podemos observar pela tabela a seguir.

Análise por Grupo

Grafico 1 - Índice de P - Índice de P - Índice de P - Índice de P - Índice de Preços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Vreços do Comércio Varejista Amploarejista Amploarejista Amploarejista Amploarejista Amplo

1. Índice de Expectativa do Consumidor – IECApós a expressiva alta de agosto (15,70%), o IEC manteve-se em níveis elevados. Os 97,36Após a expressiva alta de agosto (15,70%), o IEC manteve-se em níveis elevados. Os 97,36Após a expressiva alta de agosto (15,70%), o IEC manteve-se em níveis elevados. Os 97,36Após a expressiva alta de agosto (15,70%), o IEC manteve-se em níveis elevados. Os 97,36Após a expressiva alta de agosto (15,70%), o IEC manteve-se em níveis elevados. Os 97,36

pontos apurados em setembro representam uma elevação de 1,60% com relação aos 95,83 pontos depontos apurados em setembro representam uma elevação de 1,60% com relação aos 95,83 pontos depontos apurados em setembro representam uma elevação de 1,60% com relação aos 95,83 pontos depontos apurados em setembro representam uma elevação de 1,60% com relação aos 95,83 pontos depontos apurados em setembro representam uma elevação de 1,60% com relação aos 95,83 pontos deagosto, sendo o melhor resultado da série desde janeiro de 2001, quando índice estava em 97,77agosto, sendo o melhor resultado da série desde janeiro de 2001, quando índice estava em 97,77agosto, sendo o melhor resultado da série desde janeiro de 2001, quando índice estava em 97,77agosto, sendo o melhor resultado da série desde janeiro de 2001, quando índice estava em 97,77agosto, sendo o melhor resultado da série desde janeiro de 2001, quando índice estava em 97,77pontos. Da mesma forma, na comparação anual (setembro de 2002) o resultado também é positivo,pontos. Da mesma forma, na comparação anual (setembro de 2002) o resultado também é positivo,pontos. Da mesma forma, na comparação anual (setembro de 2002) o resultado também é positivo,pontos. Da mesma forma, na comparação anual (setembro de 2002) o resultado também é positivo,pontos. Da mesma forma, na comparação anual (setembro de 2002) o resultado também é positivo,com alta de 8,77% com relação aos 89,51 pontos daquele mês. Além disso, como podemos observarcom alta de 8,77% com relação aos 89,51 pontos daquele mês. Além disso, como podemos observarcom alta de 8,77% com relação aos 89,51 pontos daquele mês. Além disso, como podemos observarcom alta de 8,77% com relação aos 89,51 pontos daquele mês. Além disso, como podemos observarcom alta de 8,77% com relação aos 89,51 pontos daquele mês. Além disso, como podemos observarno gráfico a seguirno gráfico a seguirno gráfico a seguirno gráfico a seguirno gráfico a seguir, o patamar alcançado pelo IEC de setembro se aproxima dos melhores níveis do, o patamar alcançado pelo IEC de setembro se aproxima dos melhores níveis do, o patamar alcançado pelo IEC de setembro se aproxima dos melhores níveis do, o patamar alcançado pelo IEC de setembro se aproxima dos melhores níveis do, o patamar alcançado pelo IEC de setembro se aproxima dos melhores níveis do

índice, observados em novembro de 2000 e janeiro de 2001, 97,84 e 97,77, respectivamente.índice, observados em novembro de 2000 e janeiro de 2001, 97,84 e 97,77, respectivamente.índice, observados em novembro de 2000 e janeiro de 2001, 97,84 e 97,77, respectivamente.índice, observados em novembro de 2000 e janeiro de 2001, 97,84 e 97,77, respectivamente.índice, observados em novembro de 2000 e janeiro de 2001, 97,84 e 97,77, respectivamente.

Pesquisa FECO

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Analisando os seus dois sub-índices, Situação Financeira Presente e Expectativas Financeiras, ambos apresentaram alta,mostrando que o consumidor fluminense está mais otimista tanto com a sua situação no presente, quanto com relação ao seufuturo.

Com relação ao presente, notamos pelo gráfico anterior que a alta de setembro veio corroborar o expressivoresultado de agosto (alta de 31,65%). Com isso, os 86,59 pontos apurados representam uma elevação de 1,33% comrelação aos 85,45 de agosto desse ano, sendo este o maior patamar desde que a série iniciou-se em julho de 2000. Aexplicação para a manutenção deste índice em níveis tão elevados em relação ao restante da série (apesar de aindarepresentar pessimismo) pode estar na consolidação da idéia de que o surto inflacionário ocorrido nos últimos meses já écoisa do passado. Isso, associado ao fato que alguns aumentos parcelados no primeiro semestre tiveram a segundaparcela paga em setembro, pode ser a explicação para que o resultado de setembro mantenha-se em um patamar

100,00

95,00

90,00

85,00

80,00

75,00

jul/0

0

ago/

00se

t/00

out/0

0

nov/

00

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00ja

n/01

fev/

01m

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1

abr/

01m

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1ju

n/01

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1

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03

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set/0

3

Grafico 2 - IEC - Fecomércio/RJ

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elevado. Assim como o resultado da Situação Financeira Presente, o sub-índice de Expectativas Financeirastambém apresentou alta. O número de 108,13 pontos representa o maior nível desde janeiro desse ano, quandoestava em 115,71 pontos. Mas, considerando que naquela época estávamos iniciando um novo governo, podemosver o resultado de setembro como o mais importante de 2003, por marcar a volta do otimismo com o futuro emum momento muito importante para o comércio, as festas de final de ano.

3 .3 .3 .3 .3 . Opinião do ComércioOpinião do ComércioOpinião do ComércioOpinião do ComércioOpinião do Comércio

O faturamento do comércio em setembro registrou queda de 5,67% em relação ao mesmo mês do ano passado, apósuma melhora em agosto, como podemos ver pelo gráfico 4.

Gráfico 4 - Faturamento no mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior

Em relação aos 26 setores pesquisados, 22 deles apresentaram reduçãoem seu faturamento. Os ramos que apresentaram as maiores quedas foram CD eAuto Peças, com perdas de, respectivamente, 17,13% e 13,11%. Apenas quatroramos apresentaram resultados positivos no faturamento, em relação a setembro de2002: Lavanderia (3,12%), Supermercado e Eletrodoméstico (ambos com alta de1,7%) e Magazine (1%).

Apesar do comércio ter apresentado queda no faturamento no mês desetembro, este resultado sinaliza uma estabilidade para o setor, podendo apresentarresultados melhores nos próximos meses, conseqüência das políticas adotadas pelogoverno de redução juros e de incentivo ao crédito, com o objetivo de incrementar asvendas e a atividade econômica.

Pesquisa FECO

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C om base em indicadores disponíveis até o mês de Agosto de 2003, e que,em seu conjunto, são relativos a setores que responderam por 68,5% do total das atividades econômicas em 2001, o PIB fluminense

apresentou, na variação acumulada, queda de 1,3%, quando comparado com igualperíodo do ano anterior. Este resultado sinaliza a primeira reversão de tendênciadesde o primeiro número do Boletim de Economia Fluminense, em que o “Pano-rama da Economia Fluminense” passou a ser publicado (dez/99). É bem verdadeque, quando da redação deste texto (10/11/2003), já se delineava uma nova reversãode tendência, indicando que já se havia atingido o “fundo do poço”. Todavia, aindanão se dispunha de séries estatísticas consistentes que permitissem uma estimativaem termos numéricos que ratificasse esta reversão.

Em que pese o desempenho positivo da Indústria Extrativa e de Transformação(0,8% de variação real), juntamente com Aluguel de Imóveis (1,3%), TransporteFerroviário (16,8%) e Transporte marítimo (1,4%), ordenados pela influência nosentido de um desempenho positivo, os demais setores apresentaram retração,que se apresentou num nível tal que impediu a preponderância dos setores comtendência ascendente. Chama a atenção o desempenho de Comunicações, quesempre vinha apresentando elevadas taxas de crescimento, sendo, inclusive, umdos principais responsáveis pela tendência expansionista da economia, desta vezregistra retração de 3,6%.

PorAna Cristina Andrade,

Armando de Souza Filho,Henrique Gurvitz e

Seráfita Azeredo Ávila

Análise da ConjunturaAnálise da ConjunturaAnálise da ConjunturaAnálise da ConjunturaAnálise da Conjuntura

Panorama da Econom

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47

O Dinamismo Econômicodo Estado do Rio de Janeirontre a década de 80 e aprimeira metade dos anos90 era comum o diag-nóstico de crise, degradação

e esvaziamento econômico, bemcomo o aprofundamento da crise so-cial e a perda de auto-estima do povofluminense.

Enquanto manteve a singularidadede Capital Federal, o Rio pôde seapropriar de recursos fiscais diversose consolidar-se na segunda posição,perdendo apenas para São Paulo. Noauge da crise, entretanto, chegou a ficarquase em posição desvantajosa comrelação ao Estado de Minas Gerais.

A partir de meados da década de90, começaram a ganhar destaque osestudos contendo a saída para a crise,que durou longos quinze anos. Ainflexão positiva pode ser observadapelo fato de que a riqueza do Estado,medida pelo seu PIB, que aumentoude forma consistente. Entre 1996 e2002 o PIB per capita cresceu 12,9%,com a forte contribuição de novas áreasde acumulação, como o Médio Paraíba(indústria metal-mecânica), o NorteFluminense (petróleo e gás) e a Regiãodos Lagos (turismo e veraneio).

O Índice de Qualidade dos Muni-cípios, publicado pela Fundação CIDEem 1998, que mede o grau deatratividade de negócios das economiaslocais, bem como os resultados pre-liminares de sua atualização (IQM II),detectam este dinamismo.

O Rio de Janeiro e Niterói lideramo dinamismo na Região Metropolitana,onde predomina a economia deserviços, cultura, turismo, lazer econhecimento, e um forte núcleo

disseminador de tendências artísticasculturais e de comportamento para opaís como um todo.

Ressalte-se, ainda, a importânciadeste núcleo metropolitano – Rio deJaneiro e Niterói –, alavancando não sóa economia de municípios próximos,como também dos demais centrosdinâmicos, através dos eixos viários queligam o Estado a outras economias doCentro-Sul do país: BR-040 (Rio-BeloHorizonte), BR-393 (ligando BarraMansa a Três Rios e Minas Gerais), BR-101 (Rio-Santos) e BR-116 (RodoviaPresidente Dutra). É interessante regis-trar que dois municípios (Barra Mansa ePiraí) situados nesta faixa tiveramcrescimento significativo na classificaçãodo IQM II.

Do núcleo metal-mecânico, do suldo Estado, destacam-se Resende(indústria automobilística), Volta Redonda(siderurgia) e Piraí (energia e alimentos),consolidando a integração do eixo Rio-São Paulo, via Vale do Paraíba, pelaexistência de uma faixa contínua demunicípios dinâmicos.

Em decorrência do avanço dosinvestimentos nas atividades de extraçãomineral na Região Norte Fluminense,estrutura-se uma nova economia re-gional, estabelecendo fluxos eco-nômicos e sociais mais amplos queenvolvem tanto os municípios pro-dutores de petróleo quanto os litorâ-neos mais próximos de Macaé.

O litoral sudeste – de Cabo Frio aMacaé – vem se firmando como umanova região no Estado do Rio de Janeiro,em decorrência do turismo e da expan-são i i i i imobiliária. No IQM II, Macaé já seposicionou à frente de Cabo Frio. Des-

de Araruama até Macaé, as alteraçõesobservadas nos valores do IQM IImostram que este último municípioestá se firmando como novo pólo noEstado.

O Município de Campos de Goy-tacazes se destaca como pólo deconhecimento do interior, pela presençado segundo maior parque universitáriodo Estado, depois da Capital, ampliadocom vistas a dar suporte à formaçãotécnica necessária às atividades petro-líferas, uma espécie de tecnopolofluminense, como definiu o Prof. DarciRibeiro, idealizador da UniversidadeEstadual do Norte Fluminense (UENF),instalada nos primeiros anos da décadade 1990.

Outro levantamento importantecompara o comportamento do PIB percapita no Estado do Rio de Janeiro parao período 1998 / 2001.

Dos 10 municípiosmais dinâmicos,todos,praticamente, estãofora da RegiãoMetropolitana,cabendo destaquepara o Município dePorto Real, ondeocorreu ainstalação doprojeto Peugeot /Citroen, comcrescimento do PIBper capita de quase300% no período.

E

Panorama da Econom

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48

Os dez maiores municípios na variação do PIB per capitaEstado do Rio de Janeiro – 1998 / 2001

A conjuntura do emprego e da renda pode ser avaliada a partir dos dados daRAIS, que para o período de 1998/2001, revelou um incremento de 3,45%,contraum crescimento populacional de 3,96% no mesmo período. No conjunto dasregiões o comportamento foi o seguinte:

Tal fato reafirma nossa tese de interiorização do desenvolvimento no Estadodo Rio de Janeiro.

Outro indicador que confirma a tesede expansão acelerada no interior doEstado é o comportamento no períodode 1998 a 2001 dos itens PessoalOcupado, Massa Salarial e SalárioMédio.

O maior incremento de PessoalOcupado foi no Norte Fluminense(+33%), associado ao petróleo; naRegião do Lagos (+29%), associadoao turismo e ao petróleo e no MédioParaíba (10%), fruto do incremento daindústria metal-mecânica.

A Massa Salarial cresceu mais no

Norte Fluminense (44%), e na Regiãodos Lagos (33%). Já o Salário Médiocresceu expressivamente no NorteFluminense (8%).

A Região Metropolitana, que aindaconcentra 70% das atividades econô-micas do Estado, apresentou resultadosmedíocres, com incremento de pessoalocupado de apenas 0,77% e queda demassa salarial e do salário médio entre3% e 4%.

Um dado que merece destaque: éque em 2001 o maior salário médiopago no Estado foi no Norte Flu-

minense (982 reais e 31 centavos),enquanto a Região Metropolitana ficavaapenas em 2º lugar (854 reais e 88centavos).

Como podemos observar, odesenvolvimento recente da EconomiaFluminense está fortemente centradono dinamismo dos setores emergentesvindos do interior do Estado do Rio deJaneiro.

Outro indicador que confirma a tesede expansão acelerada no interior doEstado é o comportamento no períodode 1998 a 2001 dos itens PessoalOcupado, Massa Salarial e SalárioMédio.

O maior incremento de PessoalOcupado foi no Norte Fluminense(+33%), associado ao petróleo; naRegião do Lagos (+29%), associadoao turismo e ao petróleo e no MédioParaíba (10%), fruto do incremento daindústria metal-mecânica.

A Massa Salarial cresceu mais noNorte Fluminense (44%), e na Regiãodos Lagos (33%). Já o Salário Médiocresceu expressivamente no NorteFluminense (8%).

A Região Metropolitana, que aindaconcentra 70% das atividades econô-micas do Estado, apresentou resultadosmedíocres, com incremento de pessoalocupado de apenas 0,77% e queda demassa salarial e do salário médio entre3% e 4%.

Um dado que merece destaque: éque em 2001 o maior salário médiopago no Estado foi no Norte Flu-minense (982 reais e 31 centavos),enquanto a Região Metropolitana ficavaapenas em 2º lugar (854 reais e 88centavos).

Como podemos observar, odesenvolvimento recente da EconomiaFluminense está fortemente centradono dinamismo dos setores emergentesvindos do interior do Estado do Rio deJaneiro.

Porto Real 296,95Cambuci 71,43Macaé 64,32Seropédica 52,11Itatiaia 38,32Rio Bonito 35,26Cachoeiras de Macacu 33,72São Pedro da Aldeia 32,47Rio das Ostras 31,96São José do Vale do Rio Preto 19,96

Município Variação %

Fonte: CIDE

REGIÃO EMPREGO FORMAL POPULAÇÃO

Metropolitana + 0,77% + 3,56Interior +14,62% + 5,23

Panorama da Econom

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Este texto foi elaborado por:Ranufo VidigalRanufo VidigalRanufo VidigalRanufo VidigalRanufo Vidigal - Diretor Executivo da Fundação CIDEDaniel Sasson - Técnico da Fundação CIDEDaniel Sasson - Técnico da Fundação CIDEDaniel Sasson - Técnico da Fundação CIDEDaniel Sasson - Técnico da Fundação CIDEDaniel Sasson - Técnico da Fundação CIDEHenrique Gurvitz - Coordenador da Base de Dados - CIDEHenrique Gurvitz - Coordenador da Base de Dados - CIDEHenrique Gurvitz - Coordenador da Base de Dados - CIDEHenrique Gurvitz - Coordenador da Base de Dados - CIDEHenrique Gurvitz - Coordenador da Base de Dados - CIDE

Variações percentuais e valor do salário médio por regiões de GovernoEstado do Rio de Janeiro – 1998 / 2001

Pessoal Ocupado

Massa Salarial

Salário Médio

Regiões Variação percentual real Valor do

salário médio (2001) – R$ 1,00

Metropolitana 0,77% - 2,81% - 3,55% 854,88

Noroeste Fluminense 9,21% 12,97% 3,44% 405,25

Norte Fluminense 33,13% 43,88% 8,08% 982,31

Serrana 6,18% 0,68% - 5,18% 518,33

Baixadas Litorâneas 29,39% 32,74% 2,59% 461,04

Médio Paraíba 10,49% 3,30% - 6,51% 697,94

Centro-Sul Fluminense 6,25% 8,83% 2,43% 453,53

Costa Verde 1,51% - 8,99% - 10,35% 681,91

Fonte CIDE

Panorama da Econom

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Fontes: IBGE/DPE/Departamento de Indústria, IBS e Petrobrás, Sind.Nac. Indústria de Cimento, LIGHT, CERJ, CENF, CEG-RIO e CEDAE

Notas:(1) Quando se tratar de índices, os valores anuais são médios.(2) Dados sujeitos a retificações(r) dados retificados

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

4.544

5.528

5.721

5.968

6.886607559627607610574570586565568499514

578529578573566511561572

-1,9-2,3

-5,7

839.733

828.079

757.180

732.935

719.65261.70857.50759.57661.30761.68658.90961.69158.88658.82861.052

58.811 59.691

62.10259.47056.66763.37857.67360.22460.40458.36058.434

0,1-0,7

-0,6

30.918

31.461

31.734

28.127

26.7092.1812.1832.1842.4342.3712.2232.0372.1712.1572.1712.3052.292

2.3882.3982.3852.1182.1392.033

-4,9-8,5

-0,9

177,14

207,80

240,24

254,17

292,60295,26264,88300,03294,14305,84299,79298,86309,98296,98304,09272,75268,56

306,25283,85308,04301,21302,47266,71303,72309,32

1,8 -0,2

0,5

3.784

3.809

3.642

3.550

3.447297255273298275265306321287326282264

254253229243257241270247

-8,6-23,1

-12,9

94,60

92,12

90,67

87,91

91,50 84,0977,2988,4089,7591,6889,0096,30

100,3494,5099,1293,7993,69

88,3881,2887,9286,2090,3689,4991,2790,26

-1,1-10,0

-1,6

5.974

6.357

6.484

5.484

6.459533493528533539521541550533561547581

560500567566576562573613560

-8,75,0

6,4

41.647

49.110

57.037

60.489

69.6835.8535.2495.9475.8326.0675.9535.9346.1565.8976.0415.4215.332

6.0835.6396.1195.9826.0095.2966.0366.195

2,60,6

0,8

Tabela 1

733.872

818.701

1.636.554

2.076.206

2.714.238233.887194.986233.889195.155213.315233.173244.401259.908250.615

258.500 206.536 189.872

237.678203.884216.037220.217207.611223.411213.155221.581209.058

-5,7-16,6

-5,2

1998 (1)

1999 (1)

2000

2001

2002JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOut

NovDez

2003JanFevMarAbrilMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações(%)No mês

No mês/mês do ano ant.

Acumulada

118,65

125,83

134,29

136,36

150,10145,63131,96150,07149,31154,09150,43155,33161,43153,50158,85145,94144,65

151,87140,31152,17148,86152,17141,13153,18154,10

-0,6 -4,5

-0,4

Indicadores IndustriaisEstado do Rio de Janeiro - 1998-2003

Período Índice da produção física (2) (r)(Base : média de 1991=100)

Produtos selecionadosConsumoaparente

de cimento (mil t)

Consumo deenergia

elétrica (Gwh)

Consumo degás encanado

(mil m3)

Consumode água(mil m3)

Indústria extrativa mineral e de transformação Construção Civil(r)

Serviços industriais de utilidade pública

IndústriaGeral

ExtrativaMineral

Indústria deTransf.

Aço bruto(mil t)

Petróleo(mil m3)

Gás natural(106 m3)

51

1998 (1)

1999 (1)

2000

2001

2002JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2003JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações(%)No mês

12 mesesNo ano

Período

Índices de PreçosBrasil e Estado do Rio de Janeiro - 1998-2003

Fontes: FGV - Fundação Getúlio Vargas e IBGE. (1) Média anual. (2) Base ago,94=100 (3) Base dez, 93 =100

146,330

162,894

185,325

204,528

232,149214,535214,927215,170216,673219,070222,872227,441232,818238,973249,042263,580

270,692

276,578280,984285,640286,815284,900282,913282,349284,105

0,6222,034,96

165,901

173,025

188,371

201,616

222,278209,153209,474220,405220,626221,075222,239222,480223,745225,061227,459231,128234,488

238,431240,557258,055260,234260,725261,327261,468268,609

2,7320,0514,55

191,505

198,404

214,524

230,743

257,497237,249237,249261,547261,547261,547261,547261,547261,547261,547261,547261,547261,547

261,547261,547296,653296,653296,653296,653296,653311,824

5,1119,2219,22

145,189

152,960

168,249

179,572

195,667187,865188,424189,389189,775190,558192,587193,007195,211197,504201,682208,075213,929

220,800224,504228,867232,663233,518234,567234,812235,965

0,4920,8810,30

170,786

180,204

194,529

208,012

225,096218,665218,419219,052220,395220,128221,196223,090224,277226,120 228,707237,977243,130

248,276252,447255,081258,092259,119258,759259,037258,902

-0,0515,446,49

1.461,158

1.538,749

1.657,334

1.788,856

1.956,0601.886,2741.893,2531.902,1521.913,7551.913,9461.927,3441.946,4251.957,5191.972,0051.994,4862.059,3062.106,259

2.158,4942.196,0522.218,8912.249,0672.265,0362.264,3562.264,8092.276,3602.285,010

0,3815,87

7,53

Índices de preçosÍndice Geral de Preçosdisponibilidade internaBR Base: ago 94 =100

Índice do custo da construção - RJBase: ago, 94 =100

Preços aoConsumidor

Média Mão -de- Obra Materiais de Construção IPC Total(2) IPCA Total(3)

Tabela 2

52

686.245

681.546

781.566

818.907

888.867105.904

69.17662.09673.55361.36272.04666.21883.24172.74976.86974.83970.814

110.84164.86868.30559.01762.40968.85867.78969.03368.559

-0,7-5,8

-4,0

1.667

1.763

1.850

1.743

1.729151130147139142124149153139

154135165

140136137150149141151142146

2,64,6

1,4

631.804

758.007

980.093

1.017.861

1.171.947118.106

98.38678.23787.44982.97376.76485.41797.904

100.129104.088114.734127.760

148.907139.247144.292144.965143.035140.622156.191147.726142.324

-3,742,1

58,4

1.782.307

1.640.554

1.842.119

2.403.626

3.655.835160.854142.097274.523261.943321.689177.230503.241349.116371.318

468.130296.333329.361

257.568384.796483.754342.167336.551349.198417.626304.912501.345

64,435,0

31,8

29.869

29.000

27.286

29.797

27.5302.0291.6682.1692.4242.3882.2362.6312.6282.511

2.6752.2311.940

1.7601.8091.6901.9472.2824.2526.7932.2252.590

16,43,1

22,5

Indicadores do ComércioEstado do Rio de Janeiro - 1998-2003

Índice nominal devendas no varejo

Rio de Janeiro

Arrecadação doICMS do comércio

varejista

Comercialização dehortigranjeiros

cereais e pescadona CEASA Gr. Rio

Arrecadação doICMS do comércio

atacadista

Exportações Importações Constituição Extinção

1998(1)

1999(1)

2000

2001

2002JanfevMarAbrMaiJunJul

AgoSet

OutNovDez

2003JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações(%)No mês

No mês/mêsdo ano

anteriorAcumulada

77,30

74,85

100,72

105,82

114,76106,70

96,02112,04102,54115,06103,79111,73113,69106,48117,33122,54169,21

114,16116,60116,70118,80122,71118,28125,17123,14

-1,68,3

10,9

4.572.497

4.357.485

4.766.431

5.306.465

5.346.947416.726332.774345.575455.047443.617266.888731.022720.836592.222345.853383.822312.564

387.990436.529306.238408.142351.560351.072400.926316.197469.305

48,4-20,8

-20,4

3.187

3.617

5.560

5.480

7.972548443600614625586653635720775772

1.001

586440435463535774

1.171335514

53,4-28,6

-3,2

Tabela 3

Período

Comércio Varejista (r) Comércio Atacadista Comércio Exterior Registro de empresasna Junta Comercial

(Base fixa 2000=100) Em mil reais (Em mil t) (r) Em mil reais (FOB - 1000 US$) (Em unidades)

Fontes: IBGE/Diretoria de Pesquisa/Departamento de Comércio e Serviços, CEASA - Central de Abastecimento, SECEX - Secretaria deComércio Exterior, JUCERJA - Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro e SEF -Secretaria de Estado de Fazenda e ControleNotas :(1) Quando se tratar de índices, os valores anuais são médios. De 1998 a 1999, o IBGE divulgava dados do faturamento docomércio varejista com base fixa=100, a partir de 2000, o novo índice passou a ser o INV com base fixa 2000=100(r). Dados retificados.

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

Indicadores Econômicos

53

1998 (1)

1999 (1)

2000

2001

2002JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2003JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações (%)No mês

No mês/mêsdo ano anterior

Acumulada

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

Indicadores de Transporte e de ComunicaçõesEstado do Rio de Janeiro - 1998-2003

Notas:(1) Total anual(2) Abrangência: Portos de Sepetiba, Forno, Niterói, Angra dos Reis e Rio de Janeiro.O Porto de Sepetiba não disponibilizou, em novembro de 2002, informações sobreimportação e exportação de carga geral. (*)(3) Abrangência: Movimentação de Cargas com origem e destino no Estado do Rio de Janeiro.(4) Abrangência: Ramais Deodoro, Santa Cruz, Japeri, Belford Roxo, Gramacho e Inhomerim(5) Abrangência: Município do Rio de Janeiro(6) Abrangência: Linhas Rio-Niterói, Rio-Paquetá, Rio-Ribeira, Mangaratiba-Abraão e Abraão-Angra(r) dados retificados(*) Em janeiro e fevereiro de 2003 os dados do Porto de Sepetiba estão incompletos e sujeitos a alterações.O Porto de Sepetiba não enviou dados referentes ao mês de março.

Fontes: Companhia Docas, RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A, SUPERVIA, FLUMITRENS, Opportrans, Barcas S.A, SMTU e TELEMAR

46.411

67.528

80.862

80.236

87.6826.4725.4416.7487.3217.4027.0537.9508.1437.730

8.586 7.430 7.405

6.8806.6056.4267.1888.2898.1718.9808.4778.779

3,613,6

8,6

86.373

106.890

113.021

109.918

110.8418.5817.6068.9659.4349.3328.7279.5739.9049.503

10.726 9.324 9.167

8.6128.8839.2118.9359.7559.2919.9479.547

10.122

6,06,5

3,3

21.497

21.718

22.173

17.796

18.8671.5721.3351.5141.5341.5611.5101.6221.6271.524

1.835 1.639 1.595

1.6801.5661.4941.5631.6551.4921.5081.3471.393

3,4-8,6

-0,7

1.192.365

1.118.603

1.036.665

968.639

910.65078.22566.84078.12477.53378.10071.62479.33679.07374.15679.76171.95975.919

616.43270.41570.11667.98967.85771.34668.46571.68768.73259.824

-13,0-19,3

-9,7

9.561

10.082

10.605

11.268

11.2391.001

871931934981932

1.077988900

881 865 878

901840897923810791905873826

-5,3-8,2

-9,9

1.960.631

2.102.186

2.046.509

2.216.011

2.333.214194.233163.668231.098194.619187.076175.725191.388204.173191.480

213.747 199.593 186.415

178.065181.664169.484180.620188.491170.419183.226174.483

-4,8-14,5

-7,5

8.124

9.052

9.627

11.107

13.3131.0651.0181.1191.1481.0821.1541.1471.0561.2061.1341.1211.063

1.0651.1091.0721.0851.0611.0631.0541.0761.057

-1,8-12,4

-3,5

Tabela 4Transporte

Marítimo (2)Transporte

Ferroviário(3)Transporte

Urbano

CargaTransportada (mil t)

Passageiros Transportados(r) PassageirosTransportados

(mil)

Consumo deÓleo diesel

(1) (m3)

PulsosTelefônicosRegistrados

(milhões)

TransporteAéreo (r)

Total(mil) Trens sub.(mil) (4)

Metrô(mil) (5)

Barcas(mil) (6)

Ônibus Mun.RJ (mil)

TransporteRodoviário

Comunicações

Total Exportada Importada

35.694

39.049

45.850

50.881

38.4523.7172.9533.3123.9044.0402.4772.5133.8003.660

2..8072.4242.845

4.1703.6792.267

-38,4-31,5

1,3

13.925

17.816

23.478

25.782

18.2111.5021.3641.2871.8172.3361.2481.2462.0541.1681.3161.0751.798

2.3512.301

639

-72,3-50,4

27,4

21.770

21.233

22.372

25.099

20.2412.2151.5892.0262.0871.7041.2281.2671.7462.4921.4911.3491.047

1.8201.3781.629

18,2-19,6

-17,2

40.170

30.889

54.809

54.990

58.4304.2883.8834.6354.5634.8984.6905.0215.3525.3055.5515.1225.121

4.734,744.472,715.363,115.378,205.755,195.770,895.954,926.180,896.186,56

0,116,6

16,8

1.346.647

1.314.739

1.252.720

1.176.644

1.128.04194.85081.22195.35095.82296.39588.91598.48098.74792.912

100.90890.35294.086

87.58787.17185.11985.54291.04587.41992.12388.10380.119

-9,1-13,8

-6,9

CargaTransportada

(mil TU)

Período

Indicadores Econômicos

54

(R$ 1.000)

Fontes: Secretaria do Tesouro Nacional - STN e Secretaria de Estado da Receita

Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

(1) Valores apurados com base na data do recolhimento, e não na do repasse financeiro(2) Deduzidos 15% para o FUNDEF.(3) Inclui recursos do FPM/FPE/IPI-EXP./LC87/96, Complementação da União e ICMS.Valores do Estado eMunicípios

ICMS (1) FPM (2) FPE (2) IPI-EXP (2)

6.320.412

7.191.172

8.080.318

9.252.080

10.273.461882.675787.661756.530789.153942.411827.099868.198997.576857.241804.533

916.077844.307

989.794943.776986.853929.797997.914831.388915.427900.802884.692

(1,8)

3,28,7

319.141

354.582

387.684

455.233

551.63948.50756.57343.29445.21851.82436.48639.89437.77541.70354.95448.20147.210

51.17953.87946.69144.45562.35443.78936.71548.166

31,2

27,57,7

68.442

70.345

83.629

82.562

101.3998.6768.2097.2409.0518.5087.9348.1718.3848.4088.8178.9049.097

10.58610.517

9.74010.859

8.4029.3918.8759.465

6,6

12,917,6

1.069.668

1.191.535

1.355.544

1.549.626

1.728.255149.118135.655131.273137.738136.514151.264150.610152.348142.077148.900148.428144.330

169.596154.071160.204174.210159.828137.238160.725151.244

-5,9

-0,710,7

Período

Indicadores de Finanças PúblicasEstado do Rio de Janeiro - 1998-2003

Transferências

FUNDEF (3)

141.806

157.055

186.112

219.019

271.05523.79627.80221.27622.22225.46917.93019.60618.56420.49527.00623.68823.201

25.27526.61423.08421.97930.82821.64918.15223.813

31,2

28,38,3

1998

1999

2000

2001

2002JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNov

Dez

2003JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações(%)No mês

No mês/mês doano anteriorAcumulada

Tabela 5

Indicadores Econômicos

55

432.308

438.264

470.858

403.16734.728

30.831 39.913 36.364 35.719 29.632

37.33233.43729.782

33.13829.83732.454

37.26533.05633.91532.48535.66530.31135.47433.83530.171

-10,81,3

1,8

265.967

280.977

267.951

250.67019.34417.08920.84920.46521.20319.34221.04021.19221.760

23.02824.82020.538

20.67020.10416.37019.53119.40519.13820.23819.90120.415

2,6-6,2

-3,6

90.998

98.323

99.500

84.8007.144

6.815 7.794

6.418 6.289 7.004

8.8937.9477.6818.1217.0073.687

7.0226.8055.2176.6676.1477.5827.4966.9117.091

2,6-7,7

-7,6

956.801

1.034.868

1.009.454

890.50071.71666.56182.57777.90177.79069.20576.50277.67477.22479.88076.24757.223

74.02076.19164.03471.68273.14972.01773.71274.67074.841

0,2-31,1

-3,4

136.492

142.095

122.181

106.9828.728

7.239 9.775 9.767 10.251 8.386

9.0499.100

10.33810.1758.9955.179

9.0548.1847.7347.9239.8609.5188.3568.7568.877

1,4-14,1

-5,3

921.648

931.816

950.034

817.85474.12060.65377.02873.07672.92760.44073.73568.37360.89069.12462.27465.214

79.37266.70367.71364.52171.80462.62470.54667.14561.642

-4,7-11,7

-2,3

136.938

137.561

122.757

98.1317.889

7.474 9.138 8.687 8.561 7.362

9.1098.2427.559

8.7738.0347.303

8.5378.3317.9977.7598.4117.6208.4047.3437.539

2,7-0,3

-2,8

96.444

91.521

96.025

86.2137.424

5.922 7.486 8.336 7.777

6.5238.0177.3296.2837.5106.2527.354

7.1765.7606.5685.7466.3005.8036.9697.3785.962

-19,2-5,1

-11,4

246.029

252.884

248.529

220.74623.47415.89619.77818.82919.98116.26118.61618.63316.57218.98716.46717.252

25.58318.95418.63617.82720.51618.10719.06517.81917.007

-4,62,6

3,3

449.408

499.301

509.567

437.09235.54334.82543.35540.10538.11332.93136.61838.65336.76337.79634.90727.483

36.59540.52634.00836.12735.99634.03336.78738.34437.728

-1,62,6

-2,0

Total Indústria Construção Civil Comércio Serviços

No mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior

DesligadoDesligadoAdmitido Admitido DesligadoAdmitido DesligadoAdmitido DesligadoAdmitido

Fontes: Ministério do Trabalho e Emprego.Notas: (r) Dados retificadosVariações percentuais

Indicadores do Nível de Emprego FormalEstado do Rio de Janeiro - 1999-2003

1999(1)

2000(1)

2001

2002JanFevMarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

2003JanFevmarAbrMaiJunJul

AgoSetOutNovDez

Variações(%)No mês

No mês/mêsano. ant.

Acumulada

Período

Tabela 6

Indicadores Econômicos