Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto
Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia das Construções
Mestrado Profissional em Construção Metálica
Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes
Ouro Preto – MG 2019
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto
Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia das Construções
Mestrado Profissional em Construção Metálica
Carlos Magno Herthel de Carvalho
Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Construção
Metálica da Escola de Minas da Universidade
Federal de Ouro Preto como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em
Construção Metálica.
Orientadora: Prof. Cláudia Maria Arcipreste, D.Sc.
Coorientador: Prof. Eduardo Marques Arantes, D.Sc.
Ouro Preto
2019
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
C331b Carvalho, Carlos Magno Herthel de. Building Information Modeling na manutenção predial e reformas deedificações hospitalares existentes [manuscrito] / Carlos Magno Herthel deCarvalho. - 2019. 145f.: il.: color; grafs; tabs.
Orientadora: Profª. Drª. Cláudia Maria Arcipreste. Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Marques Arantes.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola deMinas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-Graduação emEngenharia das Construções. Área de Concentração: Construção Metálica.
1. Building Information Modeling - BIM. 2. Hospitais - Projetos e construção. 3. Arquitetura de hospitais. 4. Hospitais - Manutenção e reparos. 5. Edifícios -Reformas. I. Arcipreste, Cláudia Maria. II. Arantes, Eduardo Marques. III.Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.
CDU: 624.014
AGRADECIMENTOS
É com muito orgulho e com muita felicidade que eu tenho a oportunidade de agradecer à todas
as pessoas que me ajudaram a concretizar uma das mais importantes conquistas da minha vida.
Todos que caminharam comigo nesses anos foram base para eu me tornar quem sou agora, tanto
profissionalmente como pessoalmente. Em especial, agradeço minha mãe Fátima Herthel, por
sempre me motivar e dar apoio em todas as áreas da minha vida, ela foi minha estrutura e uma
das pessoas fundamentais para meu êxito. Gostaria de agradecer também ao meu Pai Carlos
Magno que sempre esteve presente e me deu grande apoio. Ao meu irmão, Pablo Herthel,
agradeço por toda ajuda e dedicação, ele foi muito mais que irmão, ele foi meu melhor amigo
e conselheiro. À minha Avó Glorinha Herthel, agradeço por todo carinho e acolhimento que ela
me proporcionou e fizeram com que os momentos de tribulação se tornassem mais suaves. Não
poderia me esquecer de agradecer também aos tios Dênis, Gicélia, Sara, Cláudio, Kátia, Tânia,
Margarida, Hildebrando, Jussara, Jackson e Maria Helena; por estarem sempre comigo e por
me proporcionar apoio e cuidado. Quero agradecer também em especial a Renata Ribeiro, pelo
amor, carinho, dedicação e cuidado que me proporciona todos os dias. Agradeço aos meus
primos por caminharem junto comigo e serem tão presentes na minha vida. Agradeço a todos
meus professores que me incentivaram e foram espelho durante todo tempo, em especial,
agradeço à minha orientadora Dra. Cláudia Maria Arcipreste, que me motivou e me ajudou a
concluir essa caminhada com êxito. Ao meu coorientador Dr. Eduardo Marques Arantes por
todas as orientações e conhecimento profissional passados e, por fim e não menos especial,
agradeço aos profissionais das instituições hospitalares presentes nessa pesquisa pelo apoio no
desenvolvimento do trabalho, sem vocês nada disso seria possível. Concluo então com sinceros
agradecimentos a todos vocês!
RESUMO
Este estudo objetiva analisar a implantação do Building Information Modelling (BIM) na
etapa de manutenção predial e reformulação de edificações hospitalares existentes, e propor um
Plano de Implementação BIM, integrando e dinamizando o trabalho dos profissionais
envolvidos por meio de uma melhor organização e utilização de dados. Como objetos de estudo,
optou-se por dois hospitais de nível terciário, caracterizados por grande complexidade de seus
processos de operação, ambos localizados na cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais. A
pesquisa baseou-se no método Design Science Research e a coleta de dados foi realizada por
meio de entrevistas semiestruturadas com os profissionais responsáveis pelas edificações, com
reconhecida experiência no setor, buscando-se entender de que maneira o histórico das
edificações (planejamento, projeto e construção) e seus sistemas construtivos poderiam
interferir na implementação do BIM, para apoio aos processos de manutenção predial e
reformulação de edificações hospitalares. A partir desses dados foi elaborado um artefato
nomeado de “Proposta de Plano de Implementação e Execução BIM para Edificações
Hospitalares Existentes”, voltado para edificações assistenciais de saúde; o qual foi apresentado
aos entrevistados a fim de levantar as opiniões dos profissionais acerca de sua real viabilidade
e potencial de utilização. Como principais resultados destaca-se: (a) a necessidade de
coordenadores internos às instituições de assistência a saúde para garantir a compatibilização
de projetos e as necessidades dos hospitais junto aos prestadores de serviços terceirizados, (b)
a necessidade de se desenvolver um planejamento flexível, que possa ser utilizado em
edificações de diferentes sistemas construtivos e gerenciais, (c) e a constatação de que o BIM
ainda é entendido como uma ferramenta de representação gráfica pela grande maioria dos
profissionais, não considerando suas mudanças culturas e de processos no desenvolvimento de
empreendimentos, (d) a necessidade da alteração contratual, sendo a primeira mudança
necessária quando se opta pela implementação do BIM.
Palavras chave: BIM - Building Information Modelling, Arquitetura e Engenharia
Hospitalar, Manutenção Preditiva, Reformas.
ABSTRACT
This research aims to analyze the implementation of Building Information Modeling
(BIM) in built hospitals, and propose a BIM Implementation Plan, focusing on the maintenance
and refurbishment of the buildings by integrating and streamlining professional workers,
through better organization and use of data. Two tertiary level hospitals were selected as case
studies, due to its complex operational process, both located at the city of Belo Horizonte –
Minas Gerais, Brazil. Design Science Research was selected as the research methodology, and
semi structured interviews with key staff members with good knowledge of their field and being
responsible for the maintenances of both buildings, was used to gathering information, seeking
to understand how would the history of the buildings (planning, design and construction)
interfere in the implementation of BIM in regards to the maintenance and refurbishment
processes. An artifact named “Implementation and Execution BIM Plan Proposal for Built
Hospitals” was developed based on the data collected in the interviews and bibliographic
research. The artifact was than presented to the professionals in order to be analyzed and to
get an opinion on its potential use. The requirement of BIM Managers, linked with the hospitals,
capable of ensuring the compatibilization of projects and requirements of both institution and
outsourced service providers was highlighted as a main feature, followed by the need for a
flexible artifact that can be used in different buildings with different management and
construction solutions. It became clear that BIM is still understood as a tool for many
professionals in the civil construction, not being considered as a methodology that entirely
changes the way of developing planning, design, construction and the maintenance a building.
Consequently, this research showed that service contracts should be redeveloped according to
the requirements of the hospitals, and as such should be considered key to the implementation
of BIM.
Key words: BIM - Building Information Modelling, Hospital Architecture and
Engineering, Building Maintenance, refurbishment.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Hierarquia do processo de projeto sequencial. ........................................................ 12
Figura 2 - Processo de projeto simultâneo (Ciclo do empreendimento). ................................. 15
Figura 3 - Modelo Paramétrico ................................................................................................ 21
Figura 4 - Quantidade de informações contidas no modelo 3D de acordo com seu
desenvolvimento ...................................................................................................................... 23
Figura 5 - Retroalimentação de dados ...................................................................................... 25
Figura 6 - Rede de dados e fluxo de informações .................................................................... 28
Figura 7- Agentes envolvidos no planejamento de um empreendimento hospitalar ............... 47
Figura 8 - Etapas do projeto executivo ..................................................................................... 74
Figura 9 - Hierarquia organizacional da biblioteca de elementos BIM ................................... 77
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Nível de Desenvolvimento (Level of Development) .............................................. 22
Tabela 2 - Ranking de sucesso na utilização do BIM .............................................................. 29
Tabela 3 - Contratos da construção e suas implicações no desenvolvimento do empreendimento.
.................................................................................................................................................. 44
Tabela 4 – Hospitais (Dados Gerais) ........................................................................................ 59
Tabela 5 - Hospitais (Sistemas construtivos) ........................................................................... 60
Tabela 6 - Hospitais (Manutenção) .......................................................................................... 61
Tabela 7 - Hospitais (Reformas e ampliações recentes) .......................................................... 61
Tabela 8 - Lista de entrevistados .............................................................................................. 65
Tabela 9 - Funções dos coordenadores BIM ............................................................................ 69
Tabela 10 - Organização de projetos para coordenação ........................................................... 97
Tabela 11 - Organização de projetos arquitetônicos ................................................................ 98
Tabela 12 - Organização de projetos estruturais ...................................................................... 99
Tabela 13 - Organização de projetos hidráulicos ................................................................... 100
Tabela 14 - Organização de projetos elétricos ....................................................................... 101
Tabela 15 - Organização de projetos mecânicos .................................................................... 102
Tabela 16 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) ..................... 103
Tabela 17 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) ......................... 106
Tabela 18 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) ....................... 109
Tabela 19 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) ........................... 112
Tabela 20 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) ........................ 115
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABDEH Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício
Hospitalar
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABDI Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial
AEC Arquitetura, Engenharia e Construção
AECO Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação
AF Água Fria
AIA American institute of Architects
ASBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
AQ Água Quente
BIM Building Information Modeling
CAD Computer Aided Design
CAU Conselho de Arquitetura e Urbanismo
CBIC Câmara Brasileira da Industria da Construção
COBIe Construction Operations Building Information Exchange
CME Central de Material Esterilizado
CTI Centro de Terapia Intensiva
DB Design Build
DBB Design Bid Building
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
IFC Industry Foundation Class
IPD Integrated Project Delivery
ISO International Organization for Standardization
LAN Local Area Network
LOD Level of Development
NBR Norma Brasileira
PPP Parceria Público Privado
PA Project Alliance
SPE-IPD Single Purpose Entity Integrated Project Delivery
SUS Sistema Único de Saúde
TI Tecnologia da Informação
WAN Wide Area Network
2D Duas Dimensões
3D Três Dimensões
4D Quatro Dimensões
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
1.1 Justificativa / Problematização ......................................................................................... 3
1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 6
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 6
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 6
1.4 Estruturação do Trabalho ................................................................................................. 8
CAPÍTULO 2. PLANEJAMENTO E PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COM O USO DO BIM .......................................................................................................................... 10
2.1 Processo de Projeto .......................................................................................................... 11
2.1.1 Processo de Projeto Sequencial ....................................................................................... 11
2.1.2 Processo de Projeto Simultâneo (Engenharia Simultânea) ............................................. 14
2.2 Modelagem da Informação .............................................................................................. 17
2.2.1 Modelagem Paramétrica .................................................................................................. 20
2.2.1.1 Construction Operations Building Information Exchange (COBIe) ........................... 22
2.2.2 Interoperabilidade e Coordenação ................................................................................... 25
2.2.3 Vantagens do Uso da Modelagem Paramétrica ............................................................... 28
2.2.4 Entraves do Uso da Modelagem Paramétrica ................................................................. 30
2.2.5 Implantação do BIM em Escritórios e Empreendimentos .............................................. 31
2.3 Contratos na Construção Civil ....................................................................................... 35
2.3.1 Contratos Transacionais ou Tradicionais ........................................................................ 36
2.3.1.1 Design Bid Building (DBB) ......................................................................................... 37
2.3.1.2 Design Build (DB) ........................................................................................................ 38
2.3.2 Contratos Relacionais ...................................................................................................... 39
2.3.2.1 Project Alliance (PA) ................................................................................................... 39
2.3.2.2 Integrated Project Delivery (IPD) ................................................................................ 40
CAPÍTULO 3. MANUTENÇÃO PREDITIVA E REFORMAS DE EDIFICAÇÕES
COMPLEXAS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE .................................................................... 45
3.1 Considerações sobre os processos de desenvolvimento de empreendimentos complexos .................................................................................................................................................. 48
3.1.1 Manutenção Predial e Reformas Hospitalares ................................................................ 51
CAPÍTULO 4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 54
CAPÍTULO 5. OBJTETOS DE ESTUDOS E SUJEITOS DA PESQUISA ..................... 59
5.1 Caracterização dos objetos de pesquisa ......................................................................... 59
5.1.1 Hospital A (Público) ....................................................................................................... 62
5.1.2 Hospital B (Privado) ....................................................................................................... 63
5.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa ........................................................................ 65
CAPÍTULO 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO BIM PARA EDIFICAÇÕES HOSPITALARES EXISTENTES (ARTEFATO) ............................................................................................... 66
6.1 Determinações Contratuais ............................................................................................. 67
6.2 Determinação das Equipes .............................................................................................. 68
6.2.1 Determinação das Funções e Responsabilidades dos Coordenadores ............................ 69
Deve-se atentar ao fato de que mudanças de tecnologia e infraestrutura também serão
requisitadas quando optado pela utilização de tecnologias paramétricas de suporte a
metodologia BIM. .................................................................................................................... 70
6.3 Determinação e Definição da Infraestrutura Necessária .............................................. 70
6.3.1 Escolha dos Softwares ..................................................................................................... 71
6.3.2 Definição dos Computadores .......................................................................................... 71
6.3.3 Definição da Rede de Dados ........................................................................................... 72
6.4 Determinação do Nível de Desenvolvimento do Modelo (LOD) .................................. 72
6.5 Organização dos Projetos para Equipes e Coordenação .............................................. 73
6.5.1 Determinação de componentes a serem considerados em cada disciplina projetual ...... 75
6.5.2 Organização da Biblioteca de Componentes ................................................................... 75
6.6 Construção Digital de As Built e Treinamento da Equipe ............................................ 78
RESULTADOS ....................................................................................................................... 79
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 85
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 87
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista. ............................................................................... 96
APÊNDICE B – Organização de projetos para coordenação. ........................................... 97
APÊNDICE C – Organização de projetos arquitetônicos. ................................................. 98
APÊNDICE D – Organização de projetos estruturais. ....................................................... 99
APÊNDICE E – Organização de projetos hidráulicos. .................................................... 100
APÊNDICE F – Organização de projetos elétricos. .......................................................... 101
APÊNDICE G – Organização de projetos mecânicos ...................................................... 102
APÊNDICE H – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) ..... 103
APÊNDICE I – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) .......... 106
APÊNDICE J – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) ........ 109
APÊNDICE K – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) ............ 112
APÊNDICE L – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) ......... 115
APÊNDICE M – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A ................. 118
APÊNDICE N – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A (PPP) ....... 131
APÊNDICE O – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital B .................. 135
1
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
De longa data o mercado da construção civil brasileiro encontra-se em delicada posição.
Scheer et al., (2007) apontam que no Brasil, a desigualdade social contribui para a falta de
controle do setor construtivo, com profissionais mal ou raramente treinados para a fase de
construção, falta de controle nos processos construtivos, e de reconhecimento das atividades de
projeto, coordenação e supervisão. Isso acaba por contribuir para o desperdício de material e
dinheiro no setor construtivo.
Tal cenário impõe a necessidade de estudos que busquem contribuir para tentar reverter
essas questões de forma geral.
O campo da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) vêm passando por
alterações nos últimos anos, com a inserção de tecnologias paramétricas, e processos de
planejamento que integram todo o ciclo de atividades (projeto, construção, operação e
manutenção preditiva), como o Building Information Modeling (BIM).
O BIM pode proporcionar aos profissionais dados mais precisos e relevantes ainda nas
fases de viabilidade e estudo preliminar da edificação, comparando-se aos projetos realizados
com desenhos em duas dimensões (2D) por meio de ferramentas CAD. O BIM também
possibilita a interação e a troca de informações entre todos os envolvidos, sejam eles clientes,
projetistas, construtores, gerentes e administradores da edificação, o que o torna um diferencial
quando se faz opção por processos de trabalho mais integrados.
No caso de obras públicas, projetos integrados tem potencial para viabilizar políticas de
maior transparência e eficiência. Dessa maneira, é possível considerar de forma geral na
construção civil que o avanço dos processos de projeto a partir de tecnologias de suporte ao
projeto estão alterando de forma significativa o mercado da AECO.
Visto isso, edificações que demandam planejamento, projeto, construção, operações e
manutenções complexas e constantes, como hospitais, aeroportos, portos, etc., podem ser
amparadas por essas tecnologias e processos na busca de redução de custos e otimização de
recursos.
A implementação de modelos e processos BIM em edificações complexas ainda é pouco
estudada, principalmente em países em desenvolvimento econômico/social como o Brasil.
(BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)
Assim como na academia, a prática do uso do BIM no Brasil ainda é muito modesta, com
poucas empresas e entidades se esforçando para permanecerem atualizadas nos processos
voltados para a construção civil, com pouco amparo do governo.
2
Os estudos voltados para essas áreas têm sido mais abrangentes do que sua efetiva
utilização por arquitetos e engenheiros em geral. Não pelo fato dessas tecnologias estarem ainda
em fase de desenvolvimento inicial, haja visto que seus modelos estão cada vez mais ajustados
para a necessidade pontual de cada empreendimento, mas pelas dificuldades de aceitação, pois
seu uso pode acarretar completa mudança na infraestrutura dos escritórios, que necessitam de
computadores e uma rede de dados capaz de lidar com grande quantidade de informações, assim
como o treinamento das equipes para operá-los por meio dos processos de projeto e gestão
simultâneo dos empreendimentos. (MONTEIRO; MARTINS, 2011)
Dessa forma, Ruschel; Andrade; Morais, (2013) apontam a necessidade do ensino de
graduação nas universidades ir além da utilização de novas ferramentas, vinculando a utilização
do BIM a toda dinâmica de atuação dos diversos setores da construção civil, levando o aluno a
um entendimento completo do empreendimento e do potencial desta metodologia de trabalho.
A utilização do BIM na maioria das vezes é feita apenas como uma mudança de
ferramenta de trabalho (softwares paramétricos), não o entendendo como uma nova
metodologia que altera não somente as ferramentas, mas todo o processo de se projetar e pensar
o empreendimento. Isso leva muitas empresas e profissionais a subutilizarem tanto o processo
como a tecnologia, não alcançando os resultados esperados e, consequentemente, desistindo de
sua utilização.
Países como Estados Unidos e Reino Unido já possuem estratégias que vinculam a
atuação de escritórios da AECO com obras públicas por meio dessas novas metodologias para
diminuição de gastos do governo. Após o ano de 2014, o governo do Reino Unido determinou
que fosse requerido que todas as obras publicas fossem desenvolvidas por meio do BIM.
(BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012)
“Em suma, o BIM não apenas chegou à indústria da AEC, mas a literalmente tomou, o
que é particularmente extraordinário em uma indústria que historicamente se mostrou resistente
a mudanças.” (EASTMAN et al., 2011, p. VII, Tradução nossa) 1
Isso se dá também pela conscientização acerca dos impactos ambientais envolvidos em
todo o processo de construção e operação das edificações, levando governos a focarem cada
vez mais na qualidade e sustentabilidade ao longo do tempo de vida das edificações.
(FABRICIO, MELHADO, 2002)
1 In short, BIM has not only arrived in the AEC industry but has literally taken it over, which is particularly remarkable in an industry that has historically been notoriously resistant to change. (EASTMAN et al., 2011, p.
VII, Original)
3
De acordo com Fabricio e Melhado (2002), o problema não é apenas dos processos de
projeto, mas também está na própria valorização do trabalho de projeto que, por necessidade,
depende de uma média mínima de tempo adequada para seu desenvolvimento. A concepção de
projetos ainda é considerada apenas uma necessidade legal desvinculada da atividade de
construção, reduzida a uma quantidade desprezível de tempo para o seu desenvolvimento, o
que acarreta grandes problemas de concepção, obra e utilização.
A própria legislação brasileira voltada para obras públicas não enfatiza a qualidade do
empreendimento, distanciando-se do objeto e buscando apenas resultados imediatos por meio
de contratos transacionais, delimitando as funções dos projetistas envolvidos sem qualquer
vinculação com os processos de projeto e construção, abrindo brechas para surgimento de
muitos problemas, quando aceita a contratação baseada somente em anteprojetos
arquitetônicos. (NARDELLI; TONSO, 2014)
“Ao invés de focar a contratação de projetos e obras pelo menor preço, o Estado brasileiro
deveria contratar projetos e obras que permitissem construir edifícios e espaços públicos com
alto desempenho durante toda a sua vida útil.” (NARDELLI; TONSO, 2014, p. 410)
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) vem reforçando a importância do projeto
completo por intermédio da revisão da Lei de Licitações 8.666/1993, a fim de diminuir os gastos
da construção e de criar estratégias contra a corrupção vinculada à construção civil. O Projeto
de Lei 1292/50 busca substituir a Lei 8.666/1993 exigindo a contratação de projetos completos
em obras públicas. (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2019)
Se o uso dessa metodologia fosse mais amplamente apoiado pelo poder público, maior
transparência e controle dos processos de obras públicas poderiam ser alcançados.
Considerando que nos próximos anos a difusão de novas tecnologias e metodologias
como o BIM tendem a ganhar cada vez mais mercado, e que os novos empreendimentos sejam
realizados seguindo esses parâmetros, como poderíamos utilizar de suas vantagens em
edificações de grande complexidade existentes, como aquelas voltadas para funções
hospitalares?
1.1 Justificativa / Problematização
Na arquitetura e engenharia hospitalar – consideradas complexas devido as suas
necessidades e exigências aos cuidados da vida – a manutenção preditiva e reformulação da
edificação são fatores intrínsecos à qualidade do atendimento e ao êxito de suas funções. Um
planejamento mal feito que não considera o empreendimento como um todo – projeto à
4
operação – pode onerar consideravelmente o empreendimento a ponto de sua utilização ser
desconsiderada, levando a significativas perdas econômicas e sociais à sociedade.(LUCAS;
BULBUL; THABET, 2013)
Edificações hospitalares passam por constantes reestruturações físicas e tecnológicas,
muitas vezes consequências de alterações de normas, avanços tecnológicos no diagnóstico e
tratamento dos enfermos, ou até mesmo pela própria definição assistencial. Bueno; Caixeta;
Fabricio (2017) apontam que, no ano de 2005, de acordo com os dados da Associação Brasileira
para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), 90% das obras em edificações
hospitalares foram de readequação ou ampliação, enquanto apenas 10% foram novas
construções.
Reestruturações e ampliações de edificações assistenciais de saúde são mais complexas
do que novas construções. As variáveis de projeto e de obra (implantação, morfologia, valores
históricos, demolição, novos equipamentos, etc.) podem conflitar com a rotina do hospital
(considerando que a atividade de amparo à saúde não é interrompida), alterando o fluxo de
pacientes e de corpo técnico e, se mal planejado, podendo prejudicar a assepsia do ambiente.
(BUENO; CAIXETA; FABRICIO, 2017 apud, CARVALHO; SALGADO; BASTOS, 2009)
Apesar de toda complexidade atrelada em empreendimentos hospitalares, o processo
sequencial ainda é o mais utilizado, levando a perdas consideráveis de dinheiro e tempo, assim
como baixa qualidade do projeto. Isso pode afetar consideravelmente o ciclo de vida do
empreendimento, onerando seus custos de operação e manutenção preditiva. (CAIXETA;
FIGUEIREDO; FABRÍCIO, 2009)
S. Russell-Smith, (2011) e Manning; Messner (2008) compartilham da ideia de que
edificações voltadas para a assistência à saúde, devido à alta complexidade de suas instalações
e ao auto custo construtivo e operacional, são exemplos onde o uso do BIM pode auxiliar nos
processos, levando à melhoria das instalações e controle de gestão, o que consequentemente
poderia levar a maior qualidade no atendimento e na recuperação dos pacientes.
O uso do BIM em edificações de assistência à saúde pode melhorar não apenas a
qualidade do projeto e da construção, mas diminuir custos de operação e manutenção preditiva,
assim como maximizar suas potencialidades de utilização. (TOLEDO, 2002, p. 3)
Eadie et al., (2013) apontam que, apesar do uso do BIM estar crescendo a nível mundial,
sua utilização fica mais restrita as fases de projeto e construção, sendo apenas 8.82% do seu
uso considerado nas fazes de operação e manutenção.
5
Estudos voltados para novas metodologias como o BIM e os sistemas de projetos
integrados ganham bastante valor principalmente quando aplicados no mercado, a fim de
levantar dados e estratégias para sua implantação.
Num país carente como o nosso, em que se morre por doenças já erradicadas em outras
partes do mundo, que mantém péssimas estatísticas de saneamento básico, de
criminalidade, de acidentes de trânsito e que ainda mantém má distribuição de renda,
estudar aspectos de qualidade em saúde é sempre uma esperança, mesmo que sejam
aspectos específicos de um agrupamento de hospitais.(BITENCOURT; COSTEIRA,
2014, p. 336)
A partir dessas considerações, este trabalho busca estudar implicações relacionadas à
implementação de projetos e processos integrados assistidos pelo BIM em edificações
hospitalares existentes, através de dados relevantes à manutenção preditiva e reformulação
dessas edificações, e propor um Plano de Implementação e Execução BIM para edificações
assistenciais de saúde.
6
1.2 Objetivos
A seguir são descritos o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa.
1.2.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo geral analisar as implicações da implementação do BIM
em empreendimentos existentes, de complexidade na elaboração de projeto, construção e
operação, buscando-se desenvolver uma Proposta de Plano de Implementação do BIM para
aumentar a qualidade dos processos de manutenção preditiva e adaptação das edificações.
1.2.2 Objetivos Específicos
Essa dissertação tem como objetivos específicos:
• Estudar o uso do BIM, identificando os pontos relevantes a serem considerados em
sua implementação como suporte nos processos de manutenção preditiva e reforma de
empreendimentos hospitalares;
• Levantar informações relevantes a cerca das edificações objeto de estudos, por meio
de entrevistas semiestruturada com as equipes de manutenção predial e reforma;
• Categorizar os sistemas construtivos das edificações hospitalares, para uso na
execução da implementação BIM;
• Desenvolver e estruturar uma proposta (artefato) de Plano de Implementação e
Execução do BIM voltado para edificações hospitalares existentes;
• Identificar as vantagens e entraves na implantação do BIM em edificações existentes,
para manutenção predial e reformas.
Espera-se que a elaboração de um Plano de Implementação e Execução que abranja os
preceitos do BIM traga subsídios para o debate sobre a melhoria de qualidade na manutenção
preditiva e reformas de edificações já construídas, servindo como um norteador para a
implementação desses recursos na área hospitalar com possibilidades de ganhos significativos
para todos os envolvidos – técnicos das áreas de engenharia e arquitetura, profissionais da área
da saúde e usuários. Espera-se também que os resultados esperados possam contribuir para
outras áreas da construção civil como aeroportuária, shopping centers, hotéis, etc.
7
Ressalta-se que nessa pesquisa não serão analisadas ferramentas de apoio ao BIM,
ficando a investigação restrita aos desafios e considerações relativas a implementação desses
processos nos empreendimentos estudados, de acordo com a metodologia descrita no Capítulo
4.
8
1.4 Estruturação do Trabalho
O trabalho está estruturado em seis Capítulos, indo da introdução ao artefato, seguido dos
resultados obtidos e das considerações finais. A Introdução (Capítulo 1), discorre sobre o
tema a ser apresentado e suas diretrizes de pesquisa acadêmica; a contextualização atual do
mercado da construção civil no Brasil e no mundo, seguido de justificativa sobre o tema
apresentado. O Segundo Capitulo, “Desenvolvimento de empreendimentos”, discorre sobre a
atividade de projeto, desde a elaboração via nanquim e papel vegetal, passando pelo desenho
assistido em computador, até chegar na utilização de ferramentas de trabalho paramétricas.
Descreve-se também os processos de projeto sequencial e simultâneo, sua utilização no
mercado e suas perspectivas futuras, assim como a utilização desses processos nas fases de
operação e manutenção preditiva de edificações. Abrange também os fundamentos da
tecnologia BIM, seu embasamento em modelos paramétricos e a possibilidade de
interoperabilidade entre os profissionais envolvidos no setor, assim como a necessidade da
coordenação de projetos baseados na Engenharia Simultânea. Apresenta-se as vantagens e
desvantagens de sua utilização, e as variáveis acerca da implantação dos processos de
Engenharia Simultânea e do BIM em escritórios e empreendimento. São abordados os contratos
jurídicos utilizados na construção no Brasil e o mundo, suas implicações nos processos
licitatórios e da própria estruturação do gerenciamento dos projetos, passando de contratos
transacionais para contratos relacionais, e suas vinculações e possibilidades de abranger
pressupostos da engenharia simultânea e da tecnologia BIM.
O Terceiro Capitulo, “Manutenção e reformas de edificações complexas de assistência a saúde”, discorre sobre as variáveis relacionadas a edificações complexas, em
especialmente edificações voltadas a assistência à saúde. O capítulo aborda problemas
enfrentados em processos de planejamento, projeto, construção, manutenção preditiva e
reformas de edificações complexas, assim como o impacto causados por elas no meio ambiente.
Levanta também as possíveis vantagens nos processos de implementação da metodologia BIM
assistida por contratos denominados Integrated Project Delivery (IPD) além de sua construção.
O Quarto Capitulo, “Métodos e Modelos”, descreve os procedimentos científicos
adotados para a elaboração desse estudo, assim com defini os objetos de estudos a serem
estudados.
O Quinto Capitulo, “Objetos de Estudos e Sujeitos da Pesquisa”, descreve os
empreendimentos estudados, suas estruturações físicas e organizacionais voltadas para
9
manutenção preditiva e reformas das edificações, assim como descreve os grupos focais
exploratórios e confirmatórios utilizados nas entrevistas semiestruturas e na analise do artefato.
O Sexto Capitulo, “Proposta de plano de implementação e execução BIM para edificações hospitalares existentes (Artefato)”, é o produto gerado através dos estudos
bibliográficos, entrevistas semiestruturadas com os grupos focais exploratórios, e analise pelos
grupos focais confirmatórios. O capítulo discorre sobre as etapas necessárias para a implantação
do BIM nas edificações estudadas, sendo considerado apenas uma proposta, que pode ainda ser
validada com uma aplicação real em pesquisas futuras.
Em seguida são apresentados os resultados da pesquisa, assim como considerações
finais, que podem ser utilizadas como referenciais para próximas pesquisas que complementam
o trabalho.
10
CAPÍTULO 2. PLANEJAMENTO E PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COM O
USO DO BIM
A representação gráfica tem um importante papel na transmissão de ideias no ambiente
da arquitetura e construção. É através dela que a apresentação de um empreendimento antes de
seu tempo construído é possível.
Antes do advento do “desenho assistido por computador” (Computer Aided Design –
CAD), de forma geral, os desenhos representativos e técnicos eram feitos a mão, utilizando na
grande maioria das vezes de papel vegetal, canetas nanquins e cópias heliográficas.
Na década de 70, o avanço na tecnologia computacional proporcionou mudanças
consideráveis na atuação dos profissionais da AECO, transferindo os desenhos técnicos para o
computador, o que trazia como principal vantagem o tempo salvo em projeto, pois os erros de
desenhos agora eram facilmente corrigidos, evitando-se assim rasuras, imperfeições e
refazimentos.
Contudo, essa tecnologia pode ser considerada apenas como uma mudança de ferramenta
que otimizava o serviço, e não como uma mudança de processo, pois a “forma de desenhar”,
compatibilizar e de relacionar com os parceiros de projeto ainda continuavam a mesma.
Com a constante queda do mercado da construção civil, e a elevada complexidade das
“novas” edificações, assim como a crescente adoção de elementos industrializados na
construção de edificações; a incorporação de sistemas de trabalho baseados na Engenharia
Simultânea no campo da AECO tornou-se base de estudos para a reestruturação do mercado da
construção civil a âmbito mundial.
Como apontado por Fabricio, Márcio M.; Melhado, (2002), a indústria de manufatura
utiliza a anos os conceitos de Engenharia Simultânea para garantir um melhor controle de
qualidade de seus produtos e lucro.
A modelagem da informação é utilizada desde os estudos preliminares dos produtos,
passando pela produção, distribuição, manutenção preditiva e descarte. Isso faz com que o custo
de projeto e produção sejam minimizados e o foco no êxito do empreendimento seja maior,
assim como possibilita uma maior integração de equipes multidisciplinares e um
reconhecimento da atuação de cada um para uma homogeneização do “ambiente” de trabalho.
A produção de um edifício envolve a criação, processo intelectual e intuitivo, e a
execução, processo tecnológico e material. E nesses processos diversos profissionais
estão envolvidos, e trabalham muitas vezes concomitantemente ou mesmo em
sequência. A perfeita comunicação entre estes profissionais torna-se importante para
a boa produção do espaço construído.(MENEZES et al., 2007, p. 3)
11
Pode-se definir dessa maneira que a atividade de projeto pode ser definida e estudada
como um processo para se chegar em um determinado resultado ou “lugar”, essa definição é
explorada no próximo subcapítulo.
2.1 Processo de Projeto
Define-se como “processo” um seguimento, decurso ou conjunto de manipulações para
obtenção de um resultado; dessa maneira pode-se considerar o processo de projeto uma
determinação hierárquica e temporal da forma como ocorre um empreendimento, de sua
idealização e estudos primários à sua construção e operação.
Como apontado por Manzione et al., (2011) apesar do avanço da computação gráfica com
a inserção de ferramentas CAD como forma de assistência ao profissional, os processos de
projeto não foram alterados com a mudança dos desenhos manuscritos para os desenhos
computadorizados. As mesmas formas de trocas de dados entre os profissionais atuantes
permaneceram, assim como a compatibilização entre projetos.
Com a inserção no mercado de novas tecnologias de assistência ao projeto como
softwares de trabalho BIM, a reestruturação passa a ser mais complexa, exigindo novos
computadores, sistemas, redes, e uma nova abordagem na elaboração de projetos, com
significativas mudanças de setores e processos.
A partir daí, pode-se definir duas variáveis acerca dos processos de projeto, sendo elas o
processo de projeto sequencial, e o processos de projeto simultâneo (Engenharia Simultânea),
a serem especificados a seguir.
2.1.1 Processo de Projeto Sequencial
A forma sequencial de desenvolvimento de projetos é a mais difundida, tanto no âmbito
profissional quanto no ensino superior. Nesse processo o projeto é fragmentado, o que leva a
perdas de tempo, material, recursos e dinheiro.
“A indústria da construção é intrinsecamente fragmentada e muitas vezes poluída com a
duplicação de esforços que não agregam valor ao produto final.” (MANNING; MESSNER,
2008, p. 446, Tradução nossa) 2
2 The building industry is intrinsically fragmented and is often polluted with duplication of efforts that do not add value to the end product. (MANNING; MESSNER, 2008, p. 446, Original)
12
De acordo com Florio (2007), pode-se considerar o projeto sequencial (FIG.1) como uma
manufatura baseada em modelos fordistas, onde cada profissional tem sua atuação determinada
e que, apesar de dar subsídios aos trabalhos efetuados posteriormente, não se envolvem
diretamente um com o outro como um complemento , com o intuito de melhorar a qualidade
do produto final.
Figura 1 - Hierarquia do processo de projeto sequencial.
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
Nesse processo, a base adotada para o desenvolvimento dos projetos denominados
‘complementares” em relação ao arquitetônico é o anteprojeto, que apesar de ainda aceitar
modificações, contém informações volumétricas mais assertivas.
Todavia, deve ser notado que a denominação de projetos elétricos, hidráulicos, estruturais
e mecânicos como “complementares” incentiva a hierarquização dos serviços, causando
desmotivação dos envolvidos devido ao baixo reconhecimento do valor do serviço, assim como
maiores falhas, retrabalhos e brigas.
Projeto Arquitetônico
Estudos Preliminares
Anteprojeto
Projeto Legal
Construção
Projetos Complementares
Estrutural
Exec. Arq.
Hidráulico
Elétrico
Mecânico
Documentação
Caderno de Encargos
Memorial Descritivo
Memória de Cálculo
Quantitativos
Orçamentos
As Built
13
Os problemas relacionados frequentemente ocorrem no sistema tradicional de projeto,
e configuram obstáculos para um trabalho colaborativo em um ambiente onde o BIM
não existe, demonstrando a ineficiência do gerenciamento do processo de projeto, e
aponta para a necessidade de evolução no gerenciamento de projetos. (MANZIONE
et al., 2011, p. 258, Tradução nossa) 3
A metodologia sequencial na construção civil funcionou quando ainda não existiam tantas
especializações e ramificações dos setores atuantes, onde todos os envolvidos, apesar de suas
diferentes atuações, tinham um conhecimento mais generalista do projeto e do
empreendimento, o que ajudava no reconhecimento dos valores das outras atividades
vinculadas, levando a uma compatibilização mais intuitiva.
Como apontado por Novaes, (2001) a compatibilização dos projetos é fator essencial para
o êxito do empreendimento, assim como a diminuição de custos e gastos durante o processo de
construção e operação, evitando erros, desperdícios, retrabalhos em canteiro, e posteriormente,
após o fim das obras, evitando patologias que podem aumentar o custo ao longo da vida do
edifício.
Contudo, a compatibilização utilizando desenhos em duas dimensões é trabalhosa e
passível de erros, já que o trabalho é feito através da sobreposição de desenhos com uma
quantidade de variáveis consideráveis. Os erros na compatibilização podem elevar os custos do
empreendimento e levar a processos judiciais.
Na maioria das vezes, os projetos complementares e executivos são desenvolvidos
paralelamente a construção do empreendimento, o que acarreta grandes perdas e
incompatibilizações nas obras. Dessa forma, o As Built também fica comprometido e os
processos de operação e manutenção preditiva das edificações passam também a ser mais
custosos.
A operação das edificações também é afetada quando da utilização de processos
sequenciais e desenhos em duas dimensões, já que todas as informações são transmitidas em
papel e, muitas vezes, essas informações são omitidas ou simplesmente desprezadas e não
computadas, levando a maiores custos ao longo de vida da edificação. (EASTMAN et al., 2011;
S. RUSSELL-SMITH, 2011)
3 The related problems occur frequently in the traditional design system, and they configure obstacles to collaborative work in an environment where BIM doesn’t exist, demonstrating the inefficiency of the design management process and pointing to the need for evolution in design management. (MANZIONE et al., 2011, p.
258, Original)
14
No Brasil, de maneira geral, o projeto ainda é considerado apenas uma burocracia em
relação ao empreendimento, e não entendido como uma base para a construção que leva a
valores e tempos mais assertivos, diminuindo os custos de construção, operação e manutenção
preditiva, o que desvaloriza os serviços de arquitetura e engenharia.
A cultura de desvalorização do projeto é também apontada por Lima (2012) quando a
própria legislação permite que as licitações sejam feitas baseadas em projetos ainda em fase de
estudo preliminar ou anteprojeto, onde a precisão orçamentária ainda não existe.
O desenvolvimento e aprimoramento de ferramentas de trabalho BIM afloraram a
discussão acerca de processos diferenciados como a Engenharia Simultânea, onde a abordagem
da atividade de projetar deve ser alterada, passando-se a considerar a multidisciplinaridade e a
interoperabilidade de informações como fator essencial para o êxito dos empreendimentos. Esse
processo é descrito a seguir.
2.1.2 Processo de Projeto Simultâneo (Engenharia Simultânea)
A mudança no mercado da AECO a nível mundial passou a exigir mudanças tanto nos
processos de projeto quanto nas ferramentas utilizadas.
A globalização dos serviços foi fator essencial no aprimoramento das ferramentas de
trabalho colaborativo, que dão base a equipes em localidades diferentes (seja a nível municipal
ou continental) a trabalharem em prol de um objetivo comum; o empreendimento. (COELHO;
NOVAES, 2008)
O processo de projeto simultâneo (FIG. 2) – também conhecido como Engenharia
Simultânea – preconiza que o desenvolvimento do empreendimento seja feito por meio de
cooperação entre as partes envolvidas, de forma cíclica, a fim de diminuir os custos de maneira
geral, levando assim ao sucesso do investimento. Como levantado por S. Russell-Smith (2011),
deve-se incentivar constantemente a cooperação e a interoperabilidade de informações entre as
equipes, para a constante diminuição de custos e riscos relacionados ao empreendimento.
Nesse caso, o entendimento da hierarquização do processo sequencial é desfeito e cada
participante tem importantes contribuições a serem feitas, levando a uma mediação das
atividades e decisões que favorecem o projeto, incentivam o trabalho em equipe, e motivam os
projetistas. Como preconizado por Suzuki e Santos (2015) “um fator imprescindível de
melhoria constitui-se no maior investimento em pessoal de maneira a viabilizar o processo
como um todo.”
15
Dessa maneira, o papel do coordenador de projeto é fundamental para que o fluxo de
informações seja continuo, e para que não exista incompatibilizações e decisões não assertivas.
“A forma como ele se relaciona com os demais agentes e de como estes se inter-
relacionam depende da contratação comercial, que deve permitir a autonomia do coordenador
para que este consiga efetivamente atuar na gestão do processo de projeto.” (LIU; OLIVEIRA;
MELHADO, 2017, p. 64)
Durante o desenvolvimento de projetos que adotam o processo simultâneo, o fluxo de
informações é incentivado de forma a acontecer diariamente, com o intuito de evitar um elevado
número de informações a serem trabalhadas em reuniões esporádicas. Dessa maneira, evita-se
horas em retrabalhos, já que todos os envolvidos estão cientes das alterações feitas no projeto
quase que instantaneamente. (LICHTIG, 2005)
Figura 2 - Processo de projeto simultâneo (Ciclo do empreendimento).
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
Plano de Desenvolvimento
(programa)
Estudo Preliminar
Projetos Executivos
Analises
Documentação
Fabricação
Construção
Logīstica
Operação e Manutenção• Demolição
Renovação
16
A própria visão do cliente mudou, exigindo mais precisão tanto no projeto como na
construção, assim como o baixo custo de manutenção preditiva e operação das edificações,
assegurando uma maior rentabilidade. Essas exigências alteram de forma significante os
processos de projeto, que se fazem de forma linear ou sequencial, mas com todos os envolvidos
trabalhando de forma a colaborar com o resultado final. (COELHO; NOVAES, 2008)
A colaboração entre os prestadores de serviços leva não apenas a melhorias relacionadas
a edificação, mas também alteram o ambiente de trabalho e o reconhecimento do trabalho de
diversos agentes envolvidos, criando assim uma rede de confiabilidade que gera futuras
parcerias devido a confiança gerada no processo, assim como estimula a concorrência.
Ainda assim, como levantado por Lichtig (2005), a colaboração é elevada ao máximo
quando existe uma visão conjunta e igualitária dos participantes, a fim de desenvolverem
soluções viáveis aos problemas, o contrário de disputas internas, sejam elas hierárquicas ou de
soluções.
O treinamento e desenvolvimento das pessoas envolvidas em equipes que trabalham
de forma integrada lhes confere uma maior capacidade de entender o processo de
trabalho de outros especialistas da equipe, ao mesmo tempo que partilha
conhecimentos essenciais para o processo de trabalho colaborativo. (AMOR R., 2011,
p. 2, Tradução Nossa) 4
Diferentemente do processo sequencial, a Engenharia Simultânea consegue também
valorizar o próprio projeto, à medida que integra atividades e informações de uma forma mais
eficiente e precisa, levando a economias na fase de obra, manutenção preditiva e operação,
ainda mais quando assistida de ferramentas computacionais avançadas como o BIM.
“Isso tem um potencial de promover melhor eficiência e harmonia entre os participantes
que, no passado, se viam como adversários.” (AZHAR, 2011, p. 242, Tradução Nossa) 5
Como levantado pelo Entrevistado 1(informação verbal)6 “outra coisa que não tem jeito
de fazer é um projeto executivo ser seguido à risca (...) se você faz o laboratório antes de saber
quem vai operar as máquinas dele você tem adaptação.”
4 The training and development of integrated team members gives them an ability to understand the work processes of the other specialists on the team, along with the shared knowledge essential for integrated work processes.(AMOR R., 2011, p. 2, Original) 5 It has the potential to promote greater efficiency and harmony among players who, in the past, saw themselves as adversaries.(AZHAR, 2011, p. 242, Original) 6 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.
1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia
17
A modelagem da informação assessoria todo esse sistema de fluxo de informações, não
apenas voltando dados para os projetistas – facilitando estudos de viabilidade do
empreendimento – mas também possibilita alterações mais rápidas e automatizadas, devida a
parametrização de elementos em três dimensões que carregam consigo informações referentes
a tamanho, material, resistência, custo, etc.
Fabricio e Melhado (2002) apontam que o tempo e empenho desprendidos na criação de
um novo projeto baseado na Engenharia Simultânea acrescem em relação aos processos
sequenciais difundidos, mas que, em equivalência, o custo da construção decai, devido a maior
precisão de projeto, levando a menos erros e incompatibilizações.
Como o próprio processo de projetar é alterado, com um maior e mais preciso controle
das atividades e dos custos, a cooperação passa a exigir também diferentes abordagens
contratuais que de certa maneira distribui os riscos e lucros do empreendimento para os
colaboradores. De acordo com estudo desenvolvido por David Bryde (2012), dentre 35 estudos
de caso da utilização do BIM, 60% apontaram redução ou controle nos custos estimados.
Apesar do processo simultâneo ou mais conhecido como Engenharia Simultânea não
necessitar necessariamente do apoio de “ferramentas BIM”, a utilização dessas tecnologias
pode dinamizar esse processo, facilitando a interoperabilidade das informações e a organização
das disciplinas e profissionais necessários em edificações complexas, auxiliando no controle do
tempo e custos e, consequentemente, aumentando a precisão do empreendimento, como
mostrado a seguir.
2.2 Modelagem da Informação
Os softwares paramétricos BIM surgem da necessidade de um sistema mais dinâmico e
automatizado de assessoria à construção civil, interferindo de forma visível na atuação dos
profissionais envolvidos, alterando agora não somente a ferramenta utilizada, mas também todo
o processo de desenvolvimento do projeto.
O projeto representado em apenas duas dimensões não mais acompanha a evolução e
necessidade das edificações contemporâneas, que devido a sua alta complexidade na elaboração
dos projetos e construção, necessitam de ferramentas capazes de demonstrar e analisar o
empreendimento em 3 dimensões, gerando automaticamente dados que auxiliam as equipes de
projeto na viabilidade das escolhas tomadas.
Como levantado por Bryde; Broquetas; Volm, (2012), a rápida análise proporcionada
pelas ferramentas paramétricas e processos BIM possibilita aos projetistas a capacidade de
18
analisar diferentes possibilidades e performances do edifício ao longo de seu tempo de vida
proposto.
De acordo com Sheth; Price; Glass, (2010) a sustentabilidade também é fator essencial
para o desenvolvimento de novos processos de projeto como o BIM, funcionando como
motivadora na utilização de novas tecnologias para diminuição dos custos de operação e dos
impactos ambientais. Dessa maneira, não apenas o material, a logística e as tecnologias
energéticas são fatores essenciais na determinação de uma escala da edificação considerada
“sustentável”, mas também o próprio ciclo de vida do empreendimento, do berço ao tumulo, o
que passa a ser levado em conta quando se utiliza o BIM.
“Considerando-se a característica de softwares baseados em BIM, esses podem ser
utilizados em qualquer estágio do projeto, incluindo operação e manutenção preditiva,
entretanto, são mais efetivos quando utilizados nos estágios iniciais do projeto.” (SHETH;
PRICE; GLASS, 2010, p. 8, Tradução Nossa) 7
Como determinado por Coelho; Novaes, (2008) a parametrização dos modelos
construtivos permitem que alterações e lançamentos sejam feitos de forma dinâmica, onde uma
alteração na programação de um modelo, altera toda a documentação do projeto, seja ela
representação gráfica, quantificação, resistência, material, precificação, etc.
Dessa forma, o projeto passa a ser enxergado não apenas como uma burocracia no
desenvolvimento de novos empreendimentos, mas também como um elemento que altera a
forma como o empreendimento se comporta ao longo de sua vida útil, e proporciona subsídios
aos investidores para tomadas de decisões, sejam elas ainda em fase de projeto, ou até mesmo
nos pós obra para dinamismo na operação da edificação.
A construção da edificação em modelos de três dimensões (3D) contendo informações
não apenas volumétricas, mas de todos os sistemas nela envolvidos, e de toda a logística de sua
construção e operação, passa a servir como documento de analise “diária” para os projetistas e
investidores, sem considerar que propiciam um melhor entendimento do ambiente de trabalho
para aqueles que irão “operar” a edificação, e não possuem um entendimento espacial quando
comparado a projetos em duas dimensões.
7 Considering the characteristics of BIM based software’s, they can be used during any stage of the project including operation and maintenance however, they are very effective if used from the initial stages of a project.(SHETH; PRICE; GLASS, 2010, p. 8, Original)
19
“BIM é uma fonte de informações da edificação, formando uma base sólida para a tomada
de decisões durante seu ciclo de vida, definido desde sua concepção até sua demolição.” (S.
RUSSELL-SMITH, 2011, p. 579, Tradução Nossa) 8
O BIM consegue dessa forma, valorizar os profissionais envolvidos no desenvolvimento
do empreendimento quando consideramos que suas aptidões devem ser consideradas na escolha
das equipes de trabalho, dinamizar o processo de projeto, determinar orçamentos mais
assertivos, diminuir gastos com erros e refazimentos, melhorar a dinâmica de funcionamento
de edificações, e estender sua utilização na medida que é entendida como um “documento” de
auxilio nos processos de projeto, construção, operação e manutenção preditiva.
Merschbrock; Munkvold (2014) apontam ainda que o fluxo de informações ajuda as
equipes envolvidas a reconhecerem a importância e a tomada de decisões de cada profissional,
criando um ambiente profissional respeitado entre os projetistas.
Talvez a mudança de perspectiva mais importante do BIM seja não uma ferramenta
de automatização ou integração, mas uma ferramenta de maior especialização.
Especialização é a chave para a divisão de tarefas, que resultam em um grande
conhecimento, maior qualidade e mais criatividade. (TURK, 2016, p. 282, Tradução
Nossa)9
Considerando-se também sua utilização nos processos de logística construtiva, pode-se
prever também a diminuição dos acidentes em canteiro, já que se prognostica os impasses entre
fluxos de maquinários e pessoal.
Manzione et al., (2011) argumentam que apesar do interesse das empresas em investir no
BIM, sua aplicação é, na maioria das vezes, aplicada de forma errada e sem nenhum
entendimento das alterações envolvidas, sejam elas envolvendo a Tecnologia da Informação
(TI) ou os processos metodológicos.
Apesar de seus benefícios já bem definidos, o que ocorre regularmente é que não existe
um conhecimento difundido das alterações que o BIM impõe aos escritórios que o adota, sendo,
como apontado por Manzione et al., (2011) utilizado e entendido apenas como uma ferramenta,
e não como uma alteração completa de todo o sistema de trabalho e dos processos utilizado.
8 BIM is a shared knowledge resource for information about a facility, forming a reliable basis for decisions during its life-cycle; defined as existing from earliest conception to demolition.(S. RUSSELL-SMITH, 2011, p.
579, Original) 9 Perhaps the most important change of perspective of BIM is that it is not a tool of automation or integration but a tool of further specialization. Specialization is a key to the division of labor, which results in greater knowledge, higher quality and more creativity. (TURK, 2016, p. 282, Original)
20
Isso muitas vezes ocorre porque existe uma separação entre os ambientes acadêmicos e
os empresariais, levando a falta de conhecimento e troca entre os dois.
“É importante fomentar que o BIM não é apenas uma mudança de tecnologia, mas
também uma mudança de processos.” (EASTMAN et al., 2011, p. VII, Tradução Nossa) 10
O BIM pode ser aplicado com diferentes aprofundamentos, indo desde um estudo de
viabilidade técnica, até sua utilização na operação da edificação, podendo ser definida sua
utilização a partir do modelo contratual de IPD definido no momento das negociações.
O que propicia ao BIM esse dinamismo é a possibilidade de se lidar com dados de uma
forma mais dinâmica, sendo possível lançar de forma fácil alterações nos projetos e contar com
o imediato retorno de suas implicações em relação ao resto do projeto. Isso se faz possível
devido a possibilidade de parametrização dos elementos e das informações contidas, mais bem
definidas a seguir.
2.2.1 Modelagem Paramétrica
A base de trabalho do BIM é voltada para a parametrização de elementos construtivos.
Isso significa que cada elemento lançado em um projeto contém informações assertivas de suas
características físicas, que auxiliam e facilitam o entendimento do empreendimento por parte
dos projetistas, clientes e usuários.
Na parametrização, os elementos passam a ser considerados não mais em duas dimensões,
mas sim como elementos espaciais onde informações como tamanho, coordenadas, material,
resistência, custos e desenho técnico representativo passam a ser agregadas à sua programação
da informação (FIG.3).
10 It is important to keep in mind that BIM is not just a technology change, but also a process change.(EASTMAN
et al., 2011, p. vii, Original)
21
Figura 3 - Modelo Paramétrico
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018 – Software Autodesk Revit – Modelo (família) desenvolvido por Gerdau.
As informações contidas dinamizam o processo de projeto alterando automaticamente
todos os documentos referentes a ele, não sendo necessário revisa-lo a cada modificação feita
por parte de alguns dos projetistas envolvidos; assim como possibilita análises energéticas e
estruturais mais rápidas e assertivas. Essas informações ajudam também a equipe de projeto na
compatibilização dos projetos e a tomar decisões acerca de sua viabilidade, seja técnica ou
monetária.
O nível de precisão pode ser considerado relativo ao número de informações lançadas e
ao número de análises rodadas no projeto. Considera-se como Nível de Desenvolvimento, ou
Level of Development (LOD), as informações contidas em cada elemento ou no projeto como
um todo; quanto mais parâmetros (dados) possuir o elemento/projeto, maior é o seu LOD, como
mostrado na Tabela 1.
22
Tabela 1 - Nível de Desenvolvimento (Level of Development)
LOD 100 Modelo Esquemático
Massa conceitual da edificação com indicação de área,
altura, volume, localização e orientação. LOD 200 Modelo de Desenvolvimento
Modelo com a localização dos sistemas integrantes do
projeto com quantidade aproximada, tamanho, forma.
Informações não geométricas podem também ser
anexadas aos elementos/modelo.
LOD 300 Documentação para Construção
Modelo desenvolvidos com precisão em quantitativos,
tamanhos, forma, localização e orientação.
Informações não geométricas podem também ser
anexadas aos elementos/modelo.
LOD 400 Modelo de Construção
Modelo preciso com informações completas de
fabricação, montagem e detalhamentos. Informações
não geométricas podem também ser anexadas aos
elementos/modelo.
LOD 500 Modelo Construído (As Built)
Modelo com representação fiel a edificação
construída, contendo todos os sistemas da forma exata
a construída. Informações não geométrica podem
também ser anexadas aos elementos/modelo.
Fonte: Adaptado pelo autor. (COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM, 2013a, p. 23)
Contudo, trabalhar com uma grande variedade de informação pode alterar o tempo hábil
para o desenvolvimento do projeto (devido ao tempo para a programação, lançamento de dados
e análises) assim como pode sobrecarregar a capacidade de processamento de informações de
computadores “convencionais”, o que acaba por aumentar os custos de projeto.
A quantidade de informação lançada em um elemento e consequentemente no projeto
pode ser determinada por contrato de acordo com as necessidades do cliente e das equipes de
projetistas. (BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)
Essas informações podem também auxiliar na manutenção preditiva, dando uma base
sólida de informações rápidas e assertivas aos profissionais responsáveis. O lançamento de
dados em elementos parametrizados é ilimitado, podendo conter também informações sobre
manutenção de equipamentos, partes de reposição, etc. Esse fluxo de informações dos modelos
para os administradores e gerentes de edificações é comumente denominado de Construction
Operations Building Information Exchange (COBIe), descrito a seguir.
2.2.1.1 Construction Operations Building Information Exchange (COBIe)
Nos processos BIM, principalmente quando assistido por softwares paramétricos,
considera-se o empreendimento em relação a todo seu ciclo de vida, e não apenas voltado para
as fases de projeto e construção. Dessa forma, incluir no planejamento as fases de operação e
23
manutenção da edificação é fator primordial no planejamento e desenvolvimento do
empreendimento.
A fase de operação e manutenção (O&M) de um edifício é a fase mais longa de seu
ciclo de vida. Sempre envolvem interações sofisticadas entre os vários interessados,
instalações, profissionais, e atividades de gerenciamento, assim como obras
multifacetadas, como agendamentos, planejamento espacial, concertos, e
gerenciamento emergencial. (PENG et al., 2017, p. 1–2, Tradução Nossa)11
Para isso, são considerados os dados lançados desde o início do projeto até a conclusão
da obra, como documentação de as built e a retroalimentação de dados nas fases de manutenção
preditiva e reformas (FIG.4).
Figura 4 - Quantidade de informações contidas no modelo 3D de acordo com seu desenvolvimento
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
11 The operation and maintenance (O&M) phase of buildings is the longest phase within the lifecycle. It always involves sophisticated interactions among various stakeholders, facilities, professionals, and management activities, as well as some multifarious works, such as scheduling, space planning, repairing, and emergency managing. (PENG et al., 2017, p. 1–2, Original)
Operação e Manutenção (Analise pós ocupação)
Construção
Projetos Executivos
Anteprojeto
Estudo Preliminar
Programa
24
Independente do processo utilizado no desenvolvimento do empreendimento, ou até
mesmo de tamanho e complexidade, é comum que toda a documentação referente a edificação
(projetos executivos, memoriais, documentações legais, notas fiscais e manuais de operação)
seja entregue aos proprietários.
Essas documentações são normalmente entregues de forma física, sem nenhum “amparo”
tecnológico para a equipe de manutenção. Dessa forma, essa documentação muitas vezes não é
atualizada ou acaba por ser esquecida, não sendo consultada ou usada como base para os
procedimentos de manutenção preditiva e reformas.
Quando utilizado o BIM, o lançamento dos dados ao longo do planejamento do
empreendimento pode ser utilizado de forma automática e precisa, auxiliando os profissionais,
diminuindo os custos de manutenção, dinamizando o serviço e melhorando a qualidade do
ambiente construído. Esse vínculo das informações do modelo foi padronizado e
posteriormente denominado de COBIe.
Os profissionais responsáveis pela operação dos empreendimentos são conhecidos como
Gerentes de Instalações, tradução direta do termo em inglês Facility Management. Faroni
(2017) afirma que o gerenciamento dos espaços é facilitado pelo uso do BIM, pois as
informações relacionadas ao modelo confederado, como: “número dos espaços, descrições,
limites, áreas, perímetros, volumes, uso e status atual” são mais precisas e de fácil acesso.
Apesar da comum relação do COBIe como sendo apenas uma planilha gerada por meio
de softwares BIM, deve-se entender que COBIe é na verdade os dados incorporados pelo
modelo 3D, que podem ser transferidos para planilhas ou softwares de auxílio à operação.
O desenvolvimento de ferramentas paramétricas não é restrito apenas as fases de projeto
e construção, sendo utilizados atualmente softwares de auxílio aos processos de operação das
edificações, como o Archibus, que vincula os dados gerados nas fases de projeto e construção
(COBIe) para servirem de base nas tomadas de decisões na operação.
Os dados são lançados de acordo com a necessidade ou etapa do planejamento do
empreendimento, sendo mais completos à medida que o planejamento do empreendimento
avance. As fases de manutenção e reformulação também são geradoras de dados que alimentam
os modelos, aumentando de forma cada vez mais precisa as informações de base para gerentes
e administradores, facilitando na tomada de decisões e na correção de falhas, manutenção de
equipamentos, etc.
25
Figura 5 - Retroalimentação de dados
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
A retroalimentação contínua de dados (FIG.5) também é fator importante para analisar o
empreendimento como um todo.
Entretanto, a transferência dos dados depende de uma rede que, por vezes, pode não ser
segura, ou não transmitir os dados por completo, levando assim a uma falta de confiabilidade
na informação digital. Ainda assim, os dados são apenas transferidos da fase de projeto e
construção para as fases de operação e manutenção, não havendo um norteamento para como
esses dados devem ser utilizados nessas fases posteriores. (ANDERSON et al., 2012)
2.2.2 Interoperabilidade e Coordenação
O BIM e a tecnologia paramétrica alteram a forma de trabalho ao possibilitar a
interoperabilidade entre profissionais, arquivos e softwares.
“Colaboração é um dos pontos centrais de estudo para melhoria do processo de projeto,
mas é importante que olhemos para esse processo de forma mais precisa.” (MANZIONE et al.,
2011, p. 256, Tradução Nossa) 12
A troca de dados e informações entre todos os projetos de um empreendimento devem
ser cruzados e analisados para descartar possíveis incompatibilizações e gastos excessivos em
obras, facilitando e otimizando o trabalho dos profissionais.
Os arquivos de extensão Industry Foundation Class (IFC), desenvolvidos pela
organização 13BuildingSmart® são utilizados por todos os desenvolvedores de softwares
baseados em BIM para possibilitar o constante fluxo de informação na construção civil.
12 Collaboration is one of the central issues in studies for improving the design process, but it’s important that we look at this concept more accurately. (MANZIONE et al., 2011, p. 256, Original) 13 Organização mundial anteriormente denominada de “International Alliance for Interoperabillity” criada em
Londres no ano de 1996 com o intuito de criar estratégias de interoperabilidade entre profissionais do setor
construtivo e desenvolvedores de softwares.
26
Apesar dos arquivos IFC possibilitarem a troca de informação entre diferentes softwares,
a forma de leitura do arquivo nem sempre é compatível de software para software, causando
ainda algumas incompatibilizações. Dessa maneira Merschbrock; Munkvold (2014) afirmam
que a utilização de softwares de uma mesma empresa ajudam a minimizar essas
incompatibilizações de leitura de arquivos e otimizam o tempo de projeto.
É importante ressaltar que o fluxo de dados é realizado normalmente por uma rede local
ou por meio de nuvens, sendo necessário medidas que garantam a privacidade dos dados. Como
apontado por Redmond et al., (2012, p. 177, Tradução Nossa) “o obstáculo principal contra o
uso de plataformas em nuvem foram a segurança e questões legais.” 14
Apesar dos benefícios da integração BIM-cloud, os riscos dessa associação podem afetar
o sucesso da adoção, particularmente quando relacionados a invasões e a abertura na
comunicação.(MAHAMADU; MAHDJOUBI; BOOTH, 2013, p. 213, Tradução Nossa)15
Contudo, o constante fluxo de informações entre os projetistas pode gerar conflitos que
devem ser assegurados por um mediador, considerado no caso o coordenador de projeto, onde
esse passa a ter um papel diferenciado quando se utiliza dos preceitos do BIM. (FABRICIO,
MELHADO, 2002)
“Relacionamentos e interações entre os membros do grupo e outros participantes e
empresas é necessário para coordenar o processo de inovação.” (DAVIES; HARTY, 2011, p.
240, Tradução Nossa) 16
Bryde; Broquetas; Volm, (2012) alegam que o BIM serve de catalisadora nos processos
de gerenciamento de projetos da construção civil onde os empreendimentos necessitam de
diferentes prestadores de serviços trabalhando de forma conjunta.
O papel de coordenação ainda é muito debatido, com determinadas funções como o
“Gerente de Modelo” (Model Manager), “Gerente BIM” (BIM Manager) ou “Gerente de
Projeto” (Project Manager).
“Gerente de modelo é uma nova função no projeto assistido pelo BIM. A necessidade do
Gerente de modelo ainda é amplamente debatida.” (RIZAL, 2010, p. 185, Tradução Nossa) 17
14 The main barriers against using a cloud platform were security and legal issues.(REDMOND et al., 2012, p.
177, Original) 15 Notwithstanding the touted benefits of BIM-cloud integration, the perceived risks may impinge on successful
adoption particularly as a result of similar security challenges emanating from pervasiveness and openness of cloud
communications. (MAHAMADU; MAHDJOUBI; BOOTH, 2013, p. 213, Original) 16 Relationships and interactions between group members and other individuals and companies are necessary to coordinate the innovation process. (DAVIES; HARTY, 2011, p. 240) 17 Model manager is a newly introduced role within a project with BIM support. The necessity of a model manager is still a highly debated issue. (RIZAL, 2010, p. 185, Original)
27
Rizal (2010) ainda aponta que as funções de Gerente de Modelo e Gerente de Projeto são
de certa forma iguais, sendo também contratados diretamente pelo cliente. O posicionamento
do arquiteto como cargo fundamental para a posição de Gerente, ou mais popularmente
conhecida como coordenador, também é muito debatido.
O American institute of Architects, (AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECS, 2007)
alega ainda que a função de coordenação pode migrar entre fases, sendo responsabilidade de
uma pessoa durante o processo de projeto, e de outra pessoa durante o processo de obra.
Deve-se levar em consideração que além da exigência criativa do próprio cargo de
arquiteto para os primeiros passos no desenvolvimento do projeto; exige-se também o
conhecimento acerca de todo o empreendimento, do processo completo de projeto e construção,
e da coordenação das equipes envolvidas. (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)
Apesar disso, a arquitetura ainda é determinante nos primeiros passos dados no
desenvolvimento do empreendimento. Para que seja garantida as exigências do cliente e as
determinações do arquiteto, é mais plausível que o cargo de coordenador seja dirigido ao
arquiteto desenvolvedor do projeto.
Entretanto, o cargo de coordenador exige também que a comunicação e a capacidade de
mediação dos impasses entre as equipes projetistas sejam qualidade intrínseca do profissional.
Isso nos leva a acreditar que apesar do arquiteto ser o profissional mais indicado a ocupar o
cargo, se o então profissional não possuir as “exigências” da função, seu preenchimento pode
ser determinado pela pessoa mais “qualificada” da equipe.
“Coordenar projetos de construção civil é uma tarefa difícil e o exercício adequado desta
função exige persistência, perspicácia e manutenção do foco nos resultados, que são
características típicas de um líder.” (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013, p. 78)
Nóbrega Junior; Melhado, (2013) levantam ainda que o êxito do empreendimento
depende diretamente da função do coordenador, devido a mediação nas escolhas feitas durante
o processo de projeto, e também pela própria qualidade do projeto entregue à obra.
Vale ressaltar também, que as escolhas tomadas em “disputas” pela equipe de projeto
nem sempre são feitas apenas pelo coordenador, podendo ser discutidas também pela equipe
inteira de gerentes do empreendimento, investidores e clientes.
Outro fator essencial para a interoperabilidade é a infraestrutura. Os softwares
paramétricos por possibilitarem uma grande quantidade de informação no modelo exigem
computadores de alta performance, assim como uma rede integrada conectada a um servidor
capaz de transmitir os dados (FIG.6) de forma rápida para todos os participantes.
28
Figura 6 - Rede de dados e fluxo de informações
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
2.2.3 Vantagens do Uso da Modelagem Paramétrica
Apesar de o BIM exigir mudanças não apenas de ferramentas, mas também de processos
de projeto, o que pode ser considerado um sério problema na decisão de sua utilização, podem
ser levantados dados para a determinação das vantagens trazidas pelo processo.
Biotto; Formoso; Isatto, (2015) afirmam que a modelagem em 3D e os dados retirados do
projeto de forma automática auxiliam as equipes nas tomadas de decisões e na coordenação do
processo de projeto, sendo este um dos maiores potenciais do BIM.
Pode-se afirmar também que as informações contidas no modelo auxiliam não somente
as fases de projeto e obra, mas ajuda a tomar decisões a certa da operação e manutenção da
edificação de forma mais precisa e dinâmica.
De acordo com Merschbrock; Munkvold, (2014) evidências sugerem que a qualidade de
empreendimentos melhorou devido a facilidade de compreender o edifício em 3D, trazendo
clientes, investidores e usuários para dentro do processo de projeto. Profissionais envolvidos
no processo de projeto também relatam que o tempo consumido em retrabalhos e levantamento
de quantitativos e custos diminuíram drasticamente, tornando o trabalho mais prazeroso na
medida que se ganha tempo para discussão de medidas que levarão o empreendimento a
consideráveis melhorias.
Servidor local ou em nuvem
*Arquivo Central
Computador Pessoal - 1*Arquivo Local 1
Computador Pessoal - 2*Arquivo Local 2
Computador Pessoal - 3*Arquivo Local 3
Computador Pessoal - 4*Arquivo Local 4
Computador Pessoal - 5*Arquivo Local 5
Computador Pessoal - 6*Arquivo Local 6
...
29
A capacidade de gerar imagens e vídeos realistas, assim como diferentes estudos de
implantação e layout é apontada por Sheth; Price; Glass, (2010) como vantagens durante a
apresentação, analise de utilização pela equipe usuária, e venda do projeto para clientes e
investidores.
Clientes e investidores que trabalharam com BIM desde o desenvolvimento do
empreendimento relatam que alcançaram uma posição vantajosa no mercado devido ao baixo
custo de operação e manutenção preditiva, assim como devido a instalações de qualidade.
(EASTMAN et al., 2011)
Em pesquisa desenvolvida por Bryde; Broquetas; Volm, (2012), com 35 estudos de casos
da utilização do BIM em projetos e construções, foram levantados dados que demonstram a
porcentagem de casos que obtiveram resultados benéficos ou maléficos em determinados
critérios (TABELA 1).
Tabela 2 - Ranking de sucesso na utilização do BIM
Ranking de sucesso na utilização do BIM
Critério de Sucesso
Benefícios Malefícios
Total de
Casos
Número de
Projetos
% de
projetos
Total de
Casos
Número de
Projetos
% de
projetos
Redução ou controle de custos
29 21 60% 3 2 5.71%
Redução ou controle de tempo
17 12 34.29% 4 3 8.57%
Melhoria de comunicação
15 13 37.14% 0 0 0%
Melhoria de Coordenação
14 12 34.29% 7 3 8.57%
Melhoria ou controle na qualidade
13 12 34.29% 0 0 0%
Redução de riscos
8 6 17.14% 2 1 2.86%
Clarificação de Escopo
3 3 8.57% 0 0 0%
Melhoria de organização
2 2 5.71% 2 2 5.71%
Problemas com Softwares
0 0 0% 0 7 20%
Fonte: (BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012, p.6, Tradução Nossa)
Alguns estudos ainda demonstram as vantagens na utilização do BIM em determinados
empreendimentos como em edificações de assistência à saúde. Manning; Messner, (2008)
afirmam que devido a constante preocupação de gestores hospitalares em lidar com limitações
30
orçamentárias, o BIM poderia servir de auxílio nas tomadas de decisões, trazendo benefícios
como: (1) As built preciso como documentação de auxílio em renovações futuras’ (2) Analises
para verificação na ventilação cruzada e na qualidade do ar, iluminação natura, artificial e
consumo energético; (3) coordenação geométrica de sistemas mecânicos, elétricos e
hidráulicos; e (4) fácil articulação de layouts para minimizar riscos de contaminação biológica.
Merschbrock; Munkvold, (2014) especulam que a utilização do BIM de forma apropriada
pode elevar o setor da construção civil como o mais inovador, alterando o rumo da arquitetura,
engenharia e construção no mundo inteiro.
Em pesquisa realizada por Guerretta e Santos (2015), o custo de compra de materiais e
execução de obra por uma construtora caíram 120,39% quando utilizado o BIM para
compatibilização e orçamentação de obras, o que representou no estudo uma economia de
R$577.055,60.
Apesar das evidências sugerirem que o BIM traz avanços considerados no setor da
AECO, algumas problematizações são encontradas durante o processo de adaptação e inserção.
2.2.4 Entraves do Uso da Modelagem Paramétrica
A implantação de modelos paramétricos em escritórios da AECO ainda é o maior
problema enfrentado na difusão do BIM, já que altera não somente a ferramenta utilizada na
concepção de projetos, mas também toda a estruturação tecnológica e processual do escritório.
(CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2016c)
O custo da implantação de uma nova infraestrutura que abrange novos computadores,
rede de rápida transmissão de dados e licença de softwares pode extrapolar o orçamento de
pequenos escritórios, ficando a cargo de médios e grandes escritórios essa implantação de forma
mais difundida.
Em segundo plano, o treinamento das equipes e a reorganização dos processos de projeto
do escritório tornam-se também empecilhos na utilização do BIM. A resistência na mudança
dos processos entre os profissionais é consideravelmente alta, e isso é agravado pela falta de
profissionais capacitados para operar e gerenciar essas novas tecnologias e processos, de
maneira a tornar a alteração de sistemas e processos nos escritórios menos complicada.
A utilização difundida do processo BIM deve também estar vinculada com ações
governamentais, que busquem regular e incentivar a implementação, seja a nível de projeto,
construção ou manutenção, por meio de descontos ficais e demanda de novos
empreendimentos.
31
A implantação do BIM no Brasil jamais foi assumida como uma questão de Estado,
com ações coordenadas pelo governo federal, com metas de curto, médio e longo
prazos estabelecidos em conjunto com a cadeia produtiva. (NARDELLI; TONSO,
2014, p. 410)
Contudo, no Brasil, em 17 de maio de 2018, o Governo Federal publicouo decreto nº
9.377, mais conhecido como Estratégia BIM BR, que fomenta a utilização do BIM por meio de
intervenção do Governo Federal, colocando o Brasil no mapa de governos que apoiam e
incentivam a utilização do BIM, mesmo que ainda de forma inicial.
2.2.5 Implantação do BIM em Escritórios e Empreendimentos
O processo de implantação do BIM em escritórios e empreendimento da AECO mostram-
se na grande maioria custosos e de difícil compreensão. Entretanto, um planejamento das
funções e atribuição das equipes, assim como do processo e sua implantação pode ser uma boa
estratégia de implementação.
Deve-se sempre reforçar que a implementação não se faz apenas com a troca de
ferramenta para softwares paramétricos, mas toda a infraestrutura e o processo de projeto
devem ser revistos e reestruturados, focando na integralidade das equipes e prestadores de
serviço envolvidos no desenvolvimento do empreendimento, da elaboração do projeto, até sua
manutenção e demolição. (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)
“Quanto melhor a equipe trabalhar de forma conjunta, mais provável que resista a
disputas internas.” (AIA, 2007, p. 13, Tradução Nossa) 18
Eastman et al., (2011) reforçam a ideia de que deve-se fazer a reestruturação completa,
não apenas de ferramenta, mas da infraestrutura e dos processos utilizados pelas equipes
projetistas.
Como levantado por Manning; Messner, (2008) a implantação não necessariamente
precisa ser feita de forma totalmente aprofundada, mas pode ser considerada à medida da
necessidade dos profissionais, cliente e do próprio empreendimento; assim como não é
necessário a utilização do BIM em 100% para colher as vantagens proporcionadas por ela.
18 The better the team works together, the more likely it is to survive internal disputes. (AIA, 2007, p. 13, Original)
32
Os primeiros passos dados já são suficientes para perceber a mudança de tempo
desprendido na concepção da edificação. Manning; Messner, (2008) apontam que o tempo
desprendido no desenvolvimento do projeto pode cair de meses para dias, e que em alguns casos
a diminuição na utilização de ferramentas CAD em 39% foi suficiente para otimizar o trabalho
e reduzir consideravelmente o tempo desprendido em projeto devido a refazimentos e ao
próprio processo de projeto sequencial.
Os desenhos originais em 2D, desenvolvidos por um arquiteto experiente, levaram
aproximadamente mais de 350 horas de trabalho divididas em aproximadamente 24
meses. O mesmo projeto utilizando o Autodesk Revit levou aproximadamente 214
horas divididas em 44 dias. (MANNING; MESSNER, 2008, p. 449, Tradução Nossa)
19
Entretanto, é importante ter em mente que existem profissionais diferenciados quando se
opta pela utilização do BIM. Um dos fatores primordiais é a determinação dos profissionais
especialistas no setor, que planejam e auxiliam nas mudanças de ferramentas e processos.
Escolher um profissional para desempenhar essas funções e até mesmo diferenciar suas
atuações dentro da empresa é fundamental para determinar o escopo da vaga a ser preenchida.
Barison; Santos, (2010) ressaltam a importância de definir a atuação dos profissionais
especialistas, principalmente quanto de sua adequação em escritórios da AECO. De acordo com
os autores, pode-se determinar algumas funções variadas nos especialistas em BIM, ressaltando
também que um especialista pode, dependendo da necessidade, realizar mais de uma função,
sendo elas:
1- BIM Modeller – responsável pelo desenvolvimento dos modelos computacionais a
serem utilizados, contendo informações de desenho, material, tamanho, detalhamento,
documentação, etc. Pode-se comparar as funções do BIM Modeller com o comumente
conhecido “cadista” ou “projetista”. Apesar de ser comum no ambiente da AECO a
utilização de mão de obra não qualificada para desenvolver essas atividades
relacionadas ao desenho do projeto, é aconselhável que o BIM Modeller seja um
profissional devidamente qualificado para exercer essa função, haja visto que o
lançamento de dados quando utilizado o BIM não são apenas referentes ao desenho
técnico.
19 The original 2D plan drawings, completed by a seasoned CAD architect, took total drawing hours estimated at over 350 hours of work spread over approximately 24 months. The redesign using Autodesk Revit took approximately 214 hours of design time over 44 days.(MANNING; MESSNER, 2008, p. 449, Original)
33
2- BIM Analyst – responsável pela simulação de análises no modelo de forma geral,
incluindo análises estruturais, energéticas, logísticas, etc.
3- BIM Software Developer – responsável por desenvolver softwares e plug-ins de
suporte de acordo com as necessidades do processo.
4- Modelling Specialist – mais voltado a profissionais de TI para trabalhar com
programação em arquivos IFC.
5- BIM Facilitator – profissional habilitado para operar e lecionar sobre softwares e
sistemas, auxiliando no processo de implantação do BIM em empreendimentos.
6- BIM Consultant – profissionais aptos a elaborar planos de ação e implementação do
BIM em escritórios e empresas que não possuem, ou não querem investir inicialmente,
em profissionais para exercer a função de BIM Manager.
7- BIM Researcher – profissional vinculado a instituições de ensino ou governamentais
responsáveis pela pesquisa, treinamento, ensino, determinações e normas voltadas
para o uso do BIM.
8- BIM Manager – responsável não somente pela implantação do BIM em
empreendimentos, por meio de um Plano de Implantação e Execução, mas também
manter a coordenação dos projetos e equipes ao longo do tempo, definir diretrizes na
elaboração do projeto, mediar impasses, defender as necessidades do cliente, etc.
Em alguns países, governos e organizações desenvolveram manuais para apoio aos
processos de implementação em escritórios e empreendimento.
No Brasil, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) lançou o
primeiro fascículo do “Guia de Boas Práticas do BIM” em 2013, e posteriormente em 2015 o
segundo fascículo do guia. No ano de 2016, a Câmara Brasileira da indústria da Construção
(CBIC) lançou uma coletânea de 5 volumes intitulada “Implementação do BIM para
Construtoras e Incorporadoras”, sendo dividida da seguinte forma: (1) Fundamentos BIM; (2)
Implementação BIM; (3) Colaboração e Integração BIM; (4) Fluxos de Trabalho BIM; (5)
Formas de Contratação BIM; e (5) 10 Motivos para Evoluir com o BIM.
Em seguida, em 2017, a Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
lançou uma série de 6 capítulos para a divulgação e auxílio na utilização da tecnologia BIM
intitulados: (1) O Processo de Projeto BIM; (2) Classificação da Informação no BIM; (3) BIM
na Quantificação, Orçamentação, Planejamento e Gestão de Serviços de Construção; (4)
Contratação e Elaboração de Projetos BIM na Arquitetura e Engenharia; (5) Avaliação de
Desempenho Energético; e (6) A Implantação de Processos de Projeto BIM.
34
No Brasil, as normas voltadas para a utilização do BIM foram desenvolvidas a partir do
ano de 2011 e são, ainda, aperfeiçoadas. Com base na ISO 12006-2 – Construção de edificações
– Organização da Construção Parte 2: Estrutura para Classificação (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018) foram desenvolvidas as seguintes normas:
• ABNT – NBR 15965-1:2011 – Sistema de Classificação da Informação da Construção
Parte 1: Terminologia e Estrutura. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2011);
• ABNT – NBR 15965-2:2012 – Sistema de Classificação da Informação da Construção
Parte 2: Características dos Objetos da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2012);
• ABNT – NBR 15965-3:2014 – Sistema de Classificação da Informação da Construção
Parte 3: Processos da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015);
ABNT – NBR 15965-7: 2015 – Sistema de Classificação da Informação da Construção
parte 7: Informação da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015)
Deve-se sempre levar em consideração as normas e guias para a elaboração do plano de
implementação, haja visto que elas regulam a interoperabilidade da informação.
A elaboração de um Plano de Implementação e Execução do BIM é fator determinante
acerca das escolhas a serem feitas, sejam elas de definição de nível de aprofundamento da
tecnologia, propósitos de utilização, metas a serem alcançadas, documentações, mudança de
infraestrutura, qualificação de corpo de trabalho, mudança de processos, etc. É sempre
importante que estudos de viabilidade e do retorno financeiro previsto sejam feitos e atualizados
à medida que se proceda com a implementação. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA, 2013)
É importante fomentar que o plano de implementação não pode ser rígido, já que cada
projeto e cliente têm suas variadas necessidades e demandas, fazendo com que o processo de
projeto seja ajustável a qualquer implicação necessária. (AGÊNCIA BRASILEIRA DE
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2017a)
Os honorários das atividades prestadas também mudam ao optar-se pela utilização do
BIM. Como apontado por Abaurre, (2013) o compartilhamento de lucros e contabilidade aberta
é fator essencial na elaboração de contratos voltados para a construção civil.
Todas essas considerações devem ser analisadas na elaboração de novos contratos em
novos empreendimentos, assim como a reestruturação de modelos e contratos antigos, a fim de
35
adequar a atividade a metodologia BIM. A importância das variáveis contratuais é central nos
processos de implementação, razão pela qual precisa ser discutida no âmbito desta pesquisa.
2.3 Contratos na Construção Civil
Contratos podem ser definidos como uma relação ou pacto entre partes, sejam elas
pessoas ou empresas, que se comprometem a cumprir as funções e determinações sob algumas
condições.
Os contratos jurídicos voltados para a construção civil podem influenciar diretamente na
qualidade das edificações. Isso porque as determinações das atividades prestadas descritas nos
contratos ditam a forma como todo o processo irá ocorrer; do projeto à construção e manutenção
predial. (GRILO; MELHADO, 2014)
Contudo, contratos transacionais ou tradicionais são comumente os mais utilizados, onde
sua funcionalidade é apenas assegurar os interesses do cliente, deixando de lado a determinação
de ambientes colaborativos, onde o interesse gira em torno da qualidade do projeto e da
edificação.(IOPPI; FORMOSO; ISATTO, 2015)
Dessa maneira, os contratos tradicionais mostram-se ineficazes, não abrangendo o
empreendimento como uma rede de prestadores de serviços vinculada.
“Uma escolha inapropriada do tipo de contrato pode afetar não apenas o relacionamento
entre as partes contratadas, mas também o progresso e o fluxo de interesses, o que acaba por
criar disputadas na construção.” (CHEUNG; YIU; CHIM, 2006, p. 51, Tradução nossa) 20
No Brasil, acordos informais são usualmente mais utilizados se comparado aos serviços
ofertados por contratos jurídicos, onde a confiança entre profissionais e clientes é o fator
determinante na seleção dos prestadores de serviços. Esses acordos informais acabam também
dificultando a relação entre empresas internacionais e prestadores de serviço no Brasil, pois as
exigências determinadas em contratos jurídicos internacionais normalmente utilizados em
outros países não correspondem à realidade brasileira. (LINS et al., 2014)
O problema se agrava ainda mais no âmbito de obras públicas, onde as licitações também
se baseiam em contratos transacionais que aceitam adições baseadas no entendimento de que o
dinamismo dos empreendimentos acarreta em constantes modificações do projeto. De acordo
com Eastman et al., (2011), construtoras constantemente aproveitam dessas brechas para
20 An inappropriate choice of contract may not only affect the relationship between the contracting parties, but also the progress and the flow of interest, which may ultimately lead to construction disputes. (CHEUNG; YIU;
CHIM, 2006, p. 51, Original)
36
garantir o ganho de licitações estimando o custo do empreendimento abaixo de seu valor real,
e consequentemente, fazendo adições posteriores aos valores previamente determinados.
Com a mudança do processo de projeto sequencial para o simultâneo, a reestruturação da
interação entre cliente, projetistas, construtores e o empreendimento em si acabam sendo
alteradas. Isso implica em um envolvimento entre ambas as partes desde a concepção inicial
até sua construção, podendo ser estendida à manutenção preditiva e operação, levando a
alterações contratuais (contratos relacionais) que visam a qualidade do projeto e do
empreendimento.
Um esforço considerável para a implantação do BIM é percebido advindo do próprio
cliente, que por necessitar de uma confiabilidade nos prestadores de serviços, e percebendo as
vantagens do sistema em relação a custos e prazos, determina sua utilização em contrato.
(EASTMAN et al., 2011; GRILO; MELHADO, 2014; MERSCHBROCK; MUNKVOLD,
2014; NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)
No Brasil, a legislação não permite a vinculação de contratos pouco favoráveis as
mudanças em licitações de obras públicas, o que acaba prejudicando também o avanço do BIM
no país, ficando restrito esses investimentos apenas a uma determinada parte do setor privado.
(GRILO; MELHADO, 2014)
A seguir são apresentados os contratos mais utilizados, conhecidos como transacionais
ou tradicionais.
2.3.1 Contratos Transacionais ou Tradicionais
Os contratos transacionais, mais conhecidos como contratos tradicionais na construção
civil, não consideram a complexidade tanto do empreendimento quanto da formação
multidisciplinar colaborativa necessária para o desenvolvimento do projeto e da construção,
assegurando apenas os interesses do cliente, delimitando assim o produto final. Como levantado
por Abaurre (2013; apud, MELHADO; AGOPYAN, 1995), os contratos deixam de estabelecer
as vinculações entre os prestadores de serviços que garantam tanto a qualidade do produto final
quanto dos processos utilizados.
De acordo com Bucker, (2010) o modelo mais utilizado de contrato transacional é o
Design Bid Building (DBB), que separa as etapas de projeto e obra, levando a custos elevados,
maiores tempos de execução e maiores desperdícios de materiais.
Como alternativa tem-se o modelo Design Build (DB), que aloca toda a responsabilidade
do empreendimento a construtora, que fica responsável pelas subcontratações de serviços.
37
2.3.1.1 Design Bid Building (DBB)
Comumente mais utilizado, o contrato baseado no Design Bid Building, denominado no
Brasil de Contrato Sequencial, segrega as funções de projeto e construção como ações
independentes. As responsabilidades se restringem apenas às funções específicas, onde por
consequência, incompatibilizações e erros acabam sendo deixados para a etapa de obra,
aumentando os custos e os aditivos contratuais, comprometendo também a viabilidade do
empreendimento.
“Um contrato tradicional bem redigido define claramente as responsabilidades e
consequências dos erros de capa parte envolvida.” (AIA, 2007, p. 13, tradução nossa) 21
Esse tipo de contrato, apesar de apresentar algumas vantagens como uma maior afinidade
e contato direto entre cliente e prestadores de serviços, apresentam desvantagens trazidas pela
segregação das etapas do empreendimento (incompatibilizações, desacordos, aditivos
financeiros e temporais...), e pelo cliente deter todos os riscos do empreendimento.
(ABAURRE, 2013; apud BUCKER, 2010)
Abaurre (2013) aponta que em licitações para empreendimentos públicos, o contrato
sequencial é determinado por lei (8.666/1993), baseado no menor custo para o lançamento do
empreendimento.
Por separar as etapas e equipes de projeto e construção, os contratos sequenciais também
apresentam um desafio na implantação de tecnologias de projeto e gerenciamento simultâneo
como o BIM. (EASTMAN et al., 2011)
De acordo com o Instituto de Arquitetos Americano (AMERICAN INSTITUTE OF
ARCHITECS, 2007), o sucesso do empreendimento não é fator determinante na elaboração
desses contratos tradicionais, e consequentemente a colaboração entre as equipes não é
estimulada, pois o seu faturamento independe do êxito do empreendimento.
Apesar de tradicional, o contrato sequencial está gradativamente sendo substituído na
construção civil, substituição imposta na maioria das vezes pelos clientes – grande maioria
privado – que buscam minimizar os riscos e melhorar a integração entre equipes para garantir
o sucesso do empreendimento.
21 A well-drafted traditional construction contract clearly defines the parties’ responsibilities and the consequences of failure (AIA, 2007, p. 13, Original)
38
2.3.1.2 Design Build (DB)
Como alternativa ao contrato sequencial, os contratos baseados em Design Build
(Projeto/Construção) determinam que o contrato seja estabelecido diretamente entre cliente e
construtora, a qual fica responsável por toda a execução do empreendimento, podendo
desenvolver o projeto de forma interna ou por parcerias com outras empresas e agentes
prestadores de serviços.
Como apontado por Abaurre (2013; apud BUCKER, 2010), as responsabilidades de
riscos, são inteiramente da empresa vinculada diretamente ao cliente por meio de contrato.
Os valores agregados na cooperação entre os prestadores de serviços acabam fortalecendo
laços entre os mesmos, aumentando consequentemente seu mercado de trabalho e fortalecendo
as empresas e parcerias. (COLLEDGE, 2005)
Centralizar as responsabilidades envolvidas no empreendimento traz uma
responsabilidade maior ao contratado, estimulando o desenvolvimento de estratégias que
minimizem custos e prazos, e garanta a qualidade da edificação. Essa reestruturação de
responsabilidade estimula também a cooperação entre prestadores de serviços, o que representa
uma oportunidade para a inserção do BIM. (EASTMAN et al., 2011)
O foco desse tipo de projeto está em alcançar os principais valores relacionados ao
projeto, como objetivos, tempo e custo. As complexidades e desafios relacionados a cada
projeto passam a ser trabalhados em conjunto para que o cliente e todos os envolvidos com o
empreendimento sejam beneficiados. (COLLEDGE, 2005)
Apesar de minimizar os riscos para o cliente, esse tipo de contrato acaba deixando de lado
a vinculação do mesmo com o projeto, deixando toda a responsabilidade do empreendimento
com a construtora. Ele cria também uma necessidade imediata das premissas de projeto bem
definidas, amparadas por um anteprojeto restrito, isento de futuras modificações.
Esses problemas trazidos pelo Design Build é apontado por Abaurre (2013) como
responsáveis pela insatisfação nas tentativas de estabelecimento desse tipo de contrato no
mercado brasileiro. A autora ainda aponta que conflitos de interesse nas concorrências e
restrições legais entre projetistas e construtoras, assim como a falta de treinamento das
incorporadoras em gerenciamento de projetos, afetam drasticamente sua utilização no Brasil.
39
2.3.2 Contratos Relacionais
Os contratos relacionais baseiam-se na cooperação entre prestadores de serviços focados
a atingir o sucesso do empreendimento, não mais segregando todas as etapas, mas entendendo-
o de forma abrangente, onde cada variável do projeto pode interferir beneficamente ou
maleficamente com outra.
“Essa abordagem é mais consistente com a análise de fluxos e teorias de geração de valor
desenvolvidas pela linha de pesquisa da Lean Construction – construção enxuta – para o
entendimento ao dinamismo dos projetos de construção civil.” (ABAURRE, 2013, p. 47)
Esses tipos de contrato apresentam significantes melhoras nas relações entre os
prestadores de serviços, assim como em sua produtividade e lucratividade, o que,
consequentemente, apresenta melhorias no empreendimento em si.
Os contratos relacionais podem ser separados em Project Alliance (PA) e Integrated
Design Building (IPD), como apresentado a seguir.
2.3.2.1 Project Alliance (PA)
Esse tipo de contrato relacional define uma transparência dos dados de projeto assim
como da contabilidade geral do empreendimento. Os riscos são compartilhados por todos os
participantes, definindo-se inicialmente o custo alvo do empreendimento, e depois subtraindo-
se ao custo final, podendo levar a maiores lucros ou perdas aos envolvidos. Devido a essas
questões determinadas pelo modelo de Aliança de Projeto, a seleção dos prestadores de serviços
não é mais feita baseada no orçamento proposto, e sim no “know how” e no desempenho de
cada participante, pois o resultado depende diretamente dos mesmos. (ABAURRE, 2013)
A Aliança de Projeto é apontada por Abaurre (2013, apud ROSS, 2003) como a
alternativa mais viável para o desenvolvimento de empreendimentos de grande complexidade,
onde os riscos são considerados altos.
Esse modelo contratual foi desenvolvido na década de 90 pela multinacional British
Petroleum, devido à sua necessidade de redução de custos na elaboração de projetos onde os
riscos eram maiores, como na exploração de pequenas reservas. (ABAURRE, 2013)
40
2.3.2.2 Integrated Project Delivery (IPD)
A globalização traz desafios à construção civil envolvendo tanto elementos e técnicas
construtivas, como interação entre prestadores de serviços. Isso faz com que seja necessária a
criação de sistemas e processos de cooperação que sejam capazes de determinar de forma mais
precisa custos e serviços, assim como cria novas parcerias e o aumento da concorrência.
Inovações tecnológicas, gerenciais e administrativas em todos os setores produtivos
serviram de amparo para o desenvolvimento do processo de projeto integrado (IPD), que se
baseia na cooperação entre todas as possíveis variáveis de um projeto a fim de garantir a
qualidade final do empreendimento, alcançando todos os objetivos financeiros, sustentáveis,
etc.
De acordo com Abaurre, (2013) o IPD surgiu pela necessidade de mudança dos contratos
usualmente aplicados (DBB e DB) que não mais ofereciam resultados satisfatórios, tanto para
os contratados como para os contratantes. A Westbrook, empresa americana que atua no setor
de sistemas de ar condicionado para a construção civil criou, em 1998 o modelo de contrato
relacional IPD, vindo a transformá-lo depois em marca registrada.
Em 2007, foi lançado pelo American Institute of Architects (AIA) um guia de elaboração
de contratos em IPD para amparo a profissionais ligados ao setor construtivo; nesse manual a
definição de projeto integrado é dada da seguinte forma:
Integrated Project Delivery (IPD) é uma abordagem na entrega de projetos que integra
pessoas, sistemas, comércio e prática em um processo que enaltece os talentos e visões
de todos os participantes para otimizar os resultados do projeto, aumentando o valor
para o proprietário, reduzindo desperdícios, e maximizando a eficiência em todas as
fases da elaboração, fabricação e construção. (AIA, 2007, Tradução nossa) 22
Segunda Abaurre (2013, apud WANG, 2008) o contrato baseado em IPD pode seguir
duas linhas, sendo elas a focada no processo, e a Associação de empresas (SPE-IPD – Single
Purpose Entity Integrated Project Delivery). Na primeira linha, existe uma relação contratual
apenas entre o cliente e o representante legal da equipe de projetos ou construção; já nos
contratos SPE-IPD, a relação é determinada por contrato entre todas as partes, pois todos os
participantes ou, empresas participantes, detém ações do empreendimento, compartilhando
assim as responsabilidades sobre o mesmo.
22 Integrated Project Delivery (IPD) is a project delivery approach that integrates people, systems, business structures and practices into a process that collaboratively harnesses the talents and insights of all participants to optimize project results, increase value to the owner, reduce waste, and maximize efficiency through all phases of design, fabrication, and construction. (AIA, 2007, Original)
41
De acordo com Cheung; Yiu; Chim, (2006) os contratos relacionais são mais adequados
quando o empreendimento envolve uma complexidade projetual, construtiva e operacional, o
que implica diretamente na cooperação entre todos os profissionais envolvidos.
A cooperação entre esses profissionais é fundamental para que seja alcançado o sucesso
do empreendimento. O envolvimento de toda a equipe ainda na fase primária do projeto faz
com que o número de variáveis a serem consideradas aumente, e que o entendimento do projeto
ainda na fase inicial seja maior, sendo possível assim, analisar quais as melhores opções que
sirvam como garantia de êxito.
Toda a relação de trabalho desenvolvida a partir da cooperação entre os envolvidos pode
ser relacionada não apenas aos contratos redigidos, mas também em uma relação de “boa-fé”,
contudo, algumas regras podem ser determinadas por equivalência a esse termo. (CHEUNG;
YIU; CHIM, 2006)
O sucesso do empreendimento não depende apenas das etapas de projeto e construção,
mas também da manutenção preditiva, gerenciamento e operação, os quais podem também ser
assistidos pelos processos de IPD, o que torna a comunicação fator essencial para o
desenvolvimento de qualquer plano assistido pelo processo de projeto integrado. (LUCAS;
BULBUL; THABET, 2013).
“Para assegurar a sustentabilidade durante a construção, uso e manutenção preditiva, os
usuários finais, gerentes, empreiteiros e especialistas precisam estar envolvidos com o
planejamento e no processo de projeto.” (RIZAL, 2010, p. 178, Tradução nossa) 23
O avanço da tecnologia e dos processos de trabalho, proporcionaram facilidades na
ordenação das multidisciplinaridades do projeto e de equipes, tornando a cooperação fator
essencial no desenvolvimento do empreendimento, o que cria também, a necessidade de uma
coordenação das equipes e serviços.
Ainda na elaboração de contratos baseados em IPD pode-se estipular a utilização de
processos que facilitem a interação das equipes, assim como a coordenação das mesmas. O
BIM é a metodologia que mais se enquadra nesses processos, podendo ser utilizado não apenas
nas etapas de projeto e construção, mas também ao assistir equipes de operação e manutenção
de edificações de grande complexidade.
A migração para um processo de trabalho por meio do IPD necessidade de uma
coordenação e determinação de equipes e líderes que definirão as atividades, prazos, e empasses
23 In order to assure the sustainability during construction, use, and maintenance, the end users, facility managers, contractors and specialist contractors need to be involved in the planning and design processes. (RIZAL, 2010,
p. 178, Original)
42
durante a elaboração e construção da edificação, podendo também fazer parte das fases de
manutenção preditiva e operação como ativos ou conselheiros.
Para aplicar os princípios do IPD e garantir seu êxito, é necessário montar uma(s)
equipe(s) que esteja disposta a trabalhar de forma colaborativa e efetiva, e que entenda as
consequências de suas decisões, que podem afetar tanto o sucesso do empreendimento como
seus próprios ganhos financeiros.
Dessa maneira, a elaboração de contratos baseados em IPD pode ser mais trabalhosa que
contratos transacionais, pois ela precisa determinar formas de incentivo e dar base ao trabalho
em equipe.
O American Institute of Architects (AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECS, 2007)
alerta que deva existir equipes de controle e pessoas chaves que representem os interesses do
cliente e do empreendimento quando se trabalha com metodologias de projeto integrado,
separando as atividades de projeto e gerenciamento em duas equipes:
• Project Executive Team: Atua de forma a garantir a viabilidade técnica do
empreendimento e o planejamento do projeto, criando soluções e decisões assistidas
por todos os profissionais relativos a todas as variáveis do projeto;
• Project Management Team: Incumbido de ordenar as determinações da equipe
executiva controlando prazos, cronogramas e determinando o planejamento de
atividades de curto prazo.
Pode-se apontar as vantagens na utilização de modelos de IPD como sendo: (1) a
diminuição no tempo de obra, já que todo o esforço é concentrado na fase de projeto; (2) a
diminuição de gastos energéticos; (3) a diminuição de desperdícios de materiais; (4) aumento
nas chances de êxito do empreendimento.
Um fator importante na definição do escopo completo dos contratos baseados em IPD é
a determinação da maneira de compensação dos profissionais envolvidos.
Os honorários dos profissionais envolvidos em processos de projeto simultâneo baseados
em IPD-BIM são alterados a fim de estimular a participação em equipe, o envolvimento de cada
profissional e o foco no êxito do empreendimento e suas reduções de custos. (RIZAL, 2010)
Honorários baseados no metro quadrado ou no tempo e esforço desprendido em projeto
passa a ganhar complementos em relação aos objetivos do empreendimento. A compensação
relativa aos retornos do investimento também passa a fazer parte dos pagamentos como
modelos de compensação pelos resultados alcançados aos projetistas.
43
Isso ajuda também na transparência do setor financeiro, onde os valores gastos e
acumulados são demonstrados de forma aberta para que as equipes de projeto saibam o
percentual de êxito do empreendimento.
“A abertura do livro de contabilidade é um instrumento excelente desde que as partes
interessadas concordem com a informação a ser compartilhada e seu nível de detalhes.”
(RIZAL, 2010, p. 179, Tradução Nossa) 24
Abaurre, (2013) afirma que o retorno financeiro distribuído aos profissionais não é
baseado apenas no valor desprendido no empreendimento, seja ele favorável ou não, sendo 50%
do valor conferido ao cliente ou investidores, e o restante distribuído entre os profissionais
envolvidos de acordo com a porcentagem determinada no momento da elaboração do modelo
de compensação. A autora ainda afirma que as compensações levam em consideração também
metas alcançadas e monitoradas por indicadores, como prazos, qualidade do empreendimento,
gastos energéticos e ambientais.
Entretanto, como o IPD define que o desempenho e metas do empreendimento, sejam
eles positivos ou negativos, serão divididos entre os profissionais; os contratos contam com
estratégias para que o corpo de trabalho de projetistas e sua remuneração não seja desfavorável
em caso de repartição de riscos.
Define-se que, caso o projeto não alcance o custo alvo, os únicos valores de parcelas
a receber que podem ser sacrificados pelos contratados são aqueles referentes aos
honorários (custos indiretos e lucro), garantindo a cobertura dos custos diretos do
projeto e despesas gerais a ela relacionadas. Ainda que a parcela de prejuízo a ser
coberta, proporcionalmente, seja maior que esse montante, a diferença será absorvida
pelo cliente. (ABAURRE, 2013, p. 53)
Uma das maneiras de compensação levantada por Abaurre (2013; apud ROSS, 2003)
determina que os custos diretos e indiretos do projeto, que contém os gastos com tempo de
serviço, mão de obra, depreciação de equipamentos, impostos, licenças de softwares e materiais
de insumo são determinados pela empresa contratada como honorários do serviço e devem,
preferencialmente, possuir livro aberto para alguma eventual fiscalização, geralmente não
envolvida no empreendimento. As empresas devem também possuir um registro de trabalho
desenvolvido para análise de dados.
O somatório de todos os custos é considerado o custo alvo, o qual será referência na
distribuição da compensação dos profissionais quando analisado em relação ao custo total. Essa
24 Open book accounting is an excellent instrument provided that the stakeholders agree on the information to be shared and to its level of detail. (RIZAL, 2010, p. 179, Original)
44
compensação poderá ser feita de acordo com as metas alcançadas ou na entrega do
empreendimento.
Abaurre, (2013) afirma também que as empresas passam a tentar desenvolver os serviços
sem terceirizá-los, aumentando assim a qualidade do serviço prestado, o controle de seus
processos, a diminuição do custo e o aumento dos lucros.
A relação de contratos e suas implicações nos processos são resumidamente apresentadas
na Tabela 3.
Tabela 3 - Contratos da construção e suas implicações no desenvolvimento do empreendimento.
Tran
saci
onal
Des
ign
Bid
Build
ing
• Segrega as funções de projeto e construção;
• Responsabilidades se restringem apenas às funções específicas;
• Cliente detém os riscos do empreendimento;
• Determinado por lei em licitações (Lei 8.666/1993;
• Não contempla o uso do BIM.
Des
ign
Build
ing
• Relação direta com cliente e construtora;
• Construtora responsável pelo projeto e construção do empreendimento;
• Responsabilidades e riscos voltados à construtora;
• Deixa de lado a vinculação do cliente com o projeto;
• Cria a necessidade de premissas de projeto definidas e restritas, sem possibilidades de
alterações.
Rel
acio
nal
Proj
ect
A llia
nce
• Define a transparência dos dados do projeto assim como da contabilidade geral do
empreendimento;
• Riscos compartilhados por todos os participantes;
• Seleção dos prestadores de serviços baseada em “Know How”.
Inte
grat
ed P
roje
ct D
eliv
ery
• Define a transparência dos dados do projeto assim como da contabilidade geral do
empreendimento;
• Riscos compartilhados por todos os participantes;
• Seleção dos prestadores de serviços baseada em “Know How”;
• Interoperabilidade entre os profissionais envolvidos;
• Coordenação definida;
• Contempla o uso do BIM (Projeto Integrado);
• Formas de compensação baseada em tempo de serviço, complexidade do
empreendimento e êxito do empreendimento.
Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019)
45
CAPÍTULO 3. MANUTENÇÃO PREDITIVA E REFORMAS DE EDIFICAÇÕES
COMPLEXAS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE
O tamanho de uma edificação não é necessariamente o fator determinante para definir sua
complexidade, mas sim o número de variáveis ou sistemas relacionados ao seu
desenvolvimento, manutenção preditiva e operação.
Nóbrega Junior; Melhado, (2013) afirmam que o aumento de sistemas nas edificações, e
consequentemente o aumento de disciplinas do projeto e profissionais especializados é fator
importante para se considerar a atual complexidade exigida pelas edificações modernas.
Edifícios voltados para a assistência à saúde, aeroportos, portos e shoppings são os
melhores exemplos que definem o alto nível de complexidade de uma edificação, e são eles
também o melhor exemplo na implantação de processos de IPD-BIM, devido à grande demanda
e necessidade de controle de suas funções.
Eastman et al., (2011) reforçam a ideia de que edificações de atuação constantes
dependem inteiramente de suas instalações, sendo necessário para os proprietários ou
administradores terem um rigoroso controle dos sistemas e fácil acesso a equipamentos para
manutenção preditiva.
Contudo edificações de assistência à saúde demandam uma precisão grande de projeto e
obra, assim como uma constante manutenção e reformulação de seus sistemas por conter riscos
diretos a saúde, por meio de contaminação e falhas de gerenciamento e operação.
O processo de constante reestruturação das edificações hospitalares é confirmado pelo
Entrevistado 3 (informação verbal)25 na fala “tem uma série de obras que acontecem no
hospital, e muitas vezes não são obras pequenas, é uma obra de estruturação completa de um
centro cirúrgico.”
“Edificações de assistência à saúde são únicas porque essas edificações precisam estar
abertas e operantes independente de qualquer circunstância.” (S. RUSSELL-SMITH, 2011, p.
578, Tradução Nossa) 26
Edifícios hospitalares demandam uma constante adequação de suas instalações devido a
alterações de normas, avanços de tecnologia de diagnóstico e tratamento, obsolescência das
instalações, deterioração devido ao uso e, de acordo com Sheth; Price; Glass, (2010), a completa
25 3, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte,
2018. 1 arquivo .mp3 (1:10:36). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice O desta monografia 26 Healthcare facilities are unique because these facilities need to be open and operational regardless of any circumstances. (S. RUSSELL-SMITH, 2011, p. 578, Original)
46
demolição e reconstrução de edificações com mais de 40 anos de utilização deve ser levada em
consideração, a não ser que essa possua um papel histórico reconhecido.
Muitas dessas alterações, como levantado por Sheth; Price; Glass, (2010) acontecem em
diferentes setores em tempos distintos, o que pode alterar a rotina do hospital, demandando um
controle extremo no processo de adequação.
Entrevistado 1 (informação verbal)27 argumenta que “durante a fase de construção (...)
adaptou-se um andar que seria de internação para um andar de CTI (...) então a gente pode falar
que isso foi uma reforma antecipada que aconteceu durante a obra original do hospital”.
Em ambientes hospitalares, qualquer erro de projeto ou obra que altere o cronograma
pode onerar de forma considerável não somente o investimento, mas também todo o
planejamento e gestão da operação hospitalar, levando a mais desconforto e riscos aos
pacientes.
As reformas e adequações além de impor alterações de percursos e procedimentos dos
funcionários do setor de saúde, podem causar danos prejudiciais aos pacientes devido a
barulhos e principalmente poeira. Partículas suspensas e depositadas geradas pela construção
aumentam a contaminação do ambiente hospitalar, dificultam sua limpeza e desinfecção, bem
como a eficácia da assepsia da equipe e manutenção de equipamentos e instrumentos estéreis.
Entrevistado 1 (informação verbal)28 “de abril do ano passado (2017) para dezembro do
ano passado (2017) nós passamos de 90 leitos para 460 leitos, então isso é uma loucura, porque
você precisa contratar gente, precisa treinar gente, e o centro cirúrgico ele vai engrenando aos
poucos”.
“Construções e renovações hospitalares são atividades identificadas como fonte de surtos
de infecções aéreas devido a poeira e geração de partículas.” (LUCAS; BULBUL; THABET,
2013, p. 281, Tradução Nossa) 29
Devido a esses fatores, o controle na precisão de projeto, obra e logística em ambientes
hospitalares deve ser rigoroso, apoiando-se sempre no máximo da tecnologia e processos
dinâmicos disponíveis para melhorar a qualidade do atendimento ao enfermo.
27 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.
1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia 28 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte,
2018. 1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia 29 Hospital construction and renovation activities are identified as the sources of airborne infection outbreaks due to dust or particulate generation. (LUCAS; BULBUL; THABET, 2013, p. 281, Original)
47
Gerentes hospitalares lidam diariamente com um grande fluxo de informações necessário
para operar e manter essas edificações sem causar nenhuma interrupção nos processos de
atendimento, diagnóstico e tratamento.
Rizal, (2010) aponta para a necessidade de se pensar o ciclo de vida de empreendimentos
hospitalares, considerando estratégias de gerenciamento e técnicas construtivas ainda no início
de estudos preliminares. Para isso, a multidisciplinariedade e a cooperação entre os envolvidos
(FIG.7) são extremamente necessárias.
Figura 7- Agentes envolvidos no planejamento de um empreendimento hospitalar
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
Como apontado por Merschbrock; Munkvold, (2014), para que se construa e opere um
hospital de qualidade, arquitetos, engenheiros, investidores, especialistas em saúde e usuários
devem trabalhar de forma conjunta, agregando conhecimentos, o que torna o BIM um forte
aliado no processo.
Entretanto, como visto no Capítulo 2 dessa dissertação, apesar da tecnologia BIM ser
melhor aproveitada se utilizada desde o início do empreendimento, pode-se prever que sua
utilização em empreendimentos já construídos altere e melhore as condições econômicas, de
dados, de atuação dos profissionais e corpo técnico operante, de desempenho e de
Empreendimento
Hospitalar
Cliente/Investi
dor
Arquitetura
Engenharia
Administração
ContabilidadeSetor jurídico
Gerenciamento
Governo
Medicina
48
sustentabilidade, sendo assim utilizada como fonte de informações mais precisas para auxílio
das equipes de manutenção preditiva e reformas.
Levando-se em consideração que edificações de assistência à saúde demandam de
constantes reestruturações, pode-se considerar que o processo e desenvolvimento de projetos e
a construção dessas instalações são dinâmicos, cíclicos e atemporais, tornando essas atividades
questões rotineiras nesses empreendimentos.
3.1 Considerações sobre os processos de desenvolvimento de empreendimentos complexos
As construções contemporâneas, por responderem às demandas sociais atuais –
sustentabilidade, valores culturais, custos, prazos, etc. – apresentam um maior número de
especializações atreladas, o que faz com que o número de variáveis a serem consideradas seja
grande.
“Há uma interação entre a capacidade de elaborar tarefas e as situações novas, com a
automatização do processamento de informações: quanto mais capaz for uma pessoa, mais
recursos mentais ela terá para processas a novidade.” (KOWALTOWSKI; BIANCHI;
PETRECHE, 2017)
Isso reforça a ideia de o projeto ser uma vinculação das interações sociais que definem a
criatividade dos indivíduos de forma conjunta, com as determinações técnicas de sua
viabilização.
O objeto projeto é resultado de variadas experiências passadas dos projetistas, que
envolvem desde questões técnicas às sociais, até se fundirem ou coexistirem de forma
harmônica com outras experiências levantadas pelos usuários e clientes, a fim de resolver suas
necessidades levantadas no programa arquitetônico.
A criatividade é uma faculdade que emana individualmente, mas pode ser exercida de
forma coletiva à medida que diferentes agentes interagem sobre o mesmo objeto da
criação, sendo o projeto de edifícios contemporâneos, além de um processo criativo e
técnico, um processo nitidamente social. (FABRICIO, M.; MELHADO, 2017, p. 60)
Por conseguinte, o processo de projetar, por ser multidisciplinar e envolver profissionais
distintos, pode ser organizado de diferentes maneiras, de acordo com as especificidades que
variam de projeto para projeto, de projetista para projetista.
Dessa forma, pode-se dizer que a definição da complexidade de um projeto ou
empreendimento é definida pelo número de variáveis possíveis, de seus profissionais atuantes,
49
dos processos utilizados e das demandas a serem atendidas. Contudo, a definição da qualidade
final do projeto, definida pela sua funcionalidade, estética, sustentabilidade, etc., depende da
aceitação do cliente, do usuário final variando de indivíduo para indivíduo.
No livro “O processo de projeto em arquitetura, da teoria à tecnologia” de Kowaltowksi
et al., (2011) os autores associam as indeterminações do posicionamento e movimentação de
nano partículas, que não mais são definidas pela certeza, mas pela probabilidade de estar em
um determinado local em determinado tempo – estudadas pela física quântica – com o projeto
de arquitetura, que possui variadas configurações e respostas que se viabilizam de acordo com
soluções plausíveis prováveis, tornando a realidade da condição final do projeto uma mera
determinação de sua provável existência definida pelo ato de projetar.
Procurar a razão no processo de projeto é identificar os momentos em que a
idealização do problema e a experiência pessoal do projetista possam ser livres para
apresentar alternativas criativas e positivas, e permitir que o rigor e a sistematização
comprovem as hipóteses e as verifiquem de forma adequada. (KOWALTOWSKI et al., 2011, p. 12)
Em empreendimentos complexos, como é o caso de edificações hospitalares, o número
de variáveis a serem consideradas, assim como o número de profissionais atuantes, é muito
grande, tornando a atividade de análise e decisão quase impossível sem ajuda de sistemas
computadorizados.
Os computadores ampliam a capacidade de processamento de informações; textos e
arquivos aumentam as possibilidades da memória e transcendem o tempo,
preservando e acumulando quantidades de informações de maneira quase ilimitada;
programas de computação gráfica ampliam a capacidade de representação de ideias
abstratas e possibilitam integrar imagens a algoritmos numéricos, gerando
simulações. (FABRICIO; MELHADO, 2017, p. 59)
Edificações com grande número de sistemas e disciplinas necessitam de uma grande
equipe de projetistas e, consequentemente, de uma coordenação precisa e atuante para garantir
que todo o empreendimento funcione de acordo com o esperado.
Devido à complexidade do empreendimento, deve-se prever, também, o controle da
produção, para garantir prazos e produtividade, aumentando assim a confiabilidade nas equipes
responsáveis. (BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)
Ainda na fase de projeto, quando considerado reformas e adequações em ambientes
hospitalares, Sheth; Price; Glass, (2010) apontam para a necessidade de se trabalhar um plano
diretor, de atividades e funções, para garantir rotas seguras para pacientes e o mínimo de
deslocamento das equipes de atendimento.
50
Os processos BIM e a tecnologia paramétrica utilizada em projetos de construção ou
reestruturação de edificações hospitalares têm potencial para auxiliar nos dados e estudos de
viabilidade necessários para a constante operação da edificação, simulando rotas e fluxos,
gastos energéticos, qualidade interna do ar, etc.
Por permitir a elaboração de um As built em modelo 3D de dados vinculados, assim como
todas as alterações em projetos completos para execução, compatíveis e contabilizados, as
ferramentas paramétricas se tornam uma ferramenta de trabalho importante para auxílio dos
profissionais.
Também auxilia nos processos dinâmicos da logística de construção, podendo simular
também etapas, distribuição de equipes, posicionamento de corpo técnico, fluxos de pessoal,
horários, metas, maquinário e material, acusando possíveis interferências entre as funções
hospitalares e as funções de obra antes mesmo do início da reforma.
A associação de informações temporais de fases e etapas de obras ao modelo 3D,
conhecida como “modelo 4D” possibilita a visualização da sequência construtiva, aumentando
a precisão da obra, diminuindo riscos de acidentes e atrasos no processo. (BIOTTO;
FORMOSO; ISATTO, 2015)
A possibilidade de simulação do ambiente em imagens e vídeos realistas, assim como a
interação virtual em 360 graus trazem os profissionais que atuam nessas edificações para mais
perto do processo de projeto, auxiliando a equipe de projeto na viabilidade das decisões
tomadas.
“O projeto não se trata de estilismo superficial ou mera questão estética; essa é uma
atividade especializada, que aumenta a usabilidade, funcionalidade e qualidade do ambiente
construído, portanto, o projeto adiciona valor à vida diária da população.” (NÓBREGA
JUNIOR; MELHADO, 2013, p. 75)
Ioppi; Formoso; Isatto, (2015) afirmam que independente do porte ou complexidade do
projeto, a forma de gerenciamento permanece a mesma, o que leva projetos de alta
complexidade a não atingir os principais objetivos, levantando assim a necessidade de
investimentos e pesquisas nessa área.
De acordo com Sheth; Price; Glass, (2010) os processos de renovação de edificações já
existentes podem custar menos ou mais comparado a uma edificação a ser construída,
dependendo das estratégias e processos adotados.
A atividade de projeto assistida pelo BIM, além de simular e prescrever a forma como as
atividades de operação irão ocorrer, também lança as bases para o desenvolvimento preciso da
atividade de construção e manutenção preditiva; dessa forma, a quantidade de dados contidos
51
nos modelos, assim como sua fácil consulta, auxilia nas atividades de operação e manutenção
preditiva, podendo lançar alertas de manutenção de maquinário, facilitar a localização de
vazamentos e reparos, alertando para peças de reposição necessária, entre outras atividades.
Essas questões são mais bem descritas no subcapítulo seguinte.
3.1.1 Manutenção Predial e Reformas Hospitalares
Independente do porte ou utilização de uma edificação, o processo de manutenção
representa um papel importante no tempo de vida e, consequentemente no impacto ambiental
relativo a essa edificação. A operação de determinadas edificações também pode ser facilitada
por um processo de manutenção rigoroso.
Os processos de manutenção e reforma prediais de edificações, negligenciados na maioria
das vezes, representam um enorme ganho no tempo de vida da edificação, na qualidade espacial
e funcional e, consequentemente, no retorno financeiro e sustentável do empreendimento.
“Foram identificadas reduções dos custos na fase de construção, mas de forma mais
significativa, de uma perspectiva de ciclo de vida inteiro, dos custos operacionais e de
manutenção de um edifício (...).” (BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012, p. 8, Tradução
Nossa) 30
Sheth; Price; Glass, (2010) apontam que as atuais preocupações em relação aos custos
relativos do completo ciclo de vida do empreendimento são relacionadas ao impacto ambiental
que ele proporciona desde sua construção até sua demolição. Considerando que, quanto mais
uma edificação consegue exercer uma função necessária a sociedade, menor será seu impacto
ambiental em relação ao tempo de sua vida.
Vale a pena ressaltar que, se ignorados os processos de manutenção e ajustes constantes
exigidos a essas edificações, sua renovação podem ser consideradas inviáveis, sendo necessário
sua demolição e reconstrução, impactando de forma direta e negativa no ambiente, e na
qualidade de vida das pessoas afetadas.
Como observado por Amorim et al., (2013), as estruturações hospitalares impactam
diretamente na saúde e segurança dos pacientes e funcionário, apesar disso, essas edificações
não são concebidas com o planejamento de suas instalações com esse propósito.
30 There were identified cost savings in the construction phase but more significantly, from a whole life cycle perspective, the reduced operational and maintenance costs of a green building.(BRYDE; BROQUETAS;
VOLM, 2012, p. 8, Original)
52
A maioria dos problemas relativos a manutenção preditiva e reforma estão relacionados
a erros e negligências projetuais, onde o próprio processo de projeto, muitas vezes determinado
até mesmo por contrato (Contrato Sequencial ou Design Bid Build - DBB), ajuda a “denegrir”
o projeto e consequentemente o empreendimento.
“Para reduzir os problemas nas fases de execução e de uso de um edifício, incrementa-se
a qualidade do projeto (quantidade e qualidade das informações nele contidas), entendendo-o
como produto e processo.” (LIU; OLIVEIRA; MELHADO, 2017, p. 71)
A falta de algumas informações ou até mesmo a incompatibilização entre elas pode
acarretar consideráveis perdas financeiras e de tempo. Dessa maneira, essas informações
também podem ser assistidas pelo BIM como ferramenta de apoio administrativo.
Lucas; Bulbul; Thabet, (2013) apontam que o ambiente e seu gerenciamento, de forma
geral, auxiliam no tempo de recuperação dos pacientes, diminuindo o stress e, por conseguinte,
trazendo conforto, que se estende também aos acompanhantes e funcionários.
Como, em ambientes hospitalares, nenhum sistema pode permanecer com uma falha por
muito tempo, o modelo 3D da edificação completa pode auxiliar engenheiros clínicos a detectar
a localização de falhas de maneira mais rápida e precisa, diminuindo o tempo e custos de
correção. A automação predial pode também estar ligada a softwares paramétricos e sistemas
de apoio, enviando constantes dados para a equipe de operação, auxiliando-a em todo o
processo.
Como apontado por Rizal (2010), o próprio modelo 3D pode ser utilizado para passar
informações e treinamentos as equipes assistenciais de saúde e a usuários. Essas informações
podem conter mapeamento do local, localização de sistemas e equipamentos, dinâmica de
fluxos, capacidade de operação, etc.
Nota-se dessa forma que para operar e dar manutenção preditiva a essas edificações, a
interoperabilidade das informações assim como a integração concisa das equipes é
extremamente necessária. Para que essas interações multidisciplinares ocorram, se faz
necessária a compreensão de sua estruturação, assim como o entendimento do empreendimento
de uma forma mais geral em relação a todas as equipes e atividades realizadas dentro das
instalações.
Os dados contidos no modelo paramétrico podem também auxiliar nos processos de
manutenção preventiva, considerando que equipamentos e sistemas podem conter informações
de garantia, tempo de serviço e protocolos específicos.
53
Essas questões são discutidas nos estudos dos casos desenvolvidos e apresentados no
Capítulo 5, de acordo com os materiais e métodos adotados nesta investigação, descritos no
Capítulo 4.
54
CAPÍTULO 4. MATERIAIS E MÉTODOS
Para se alcançar os objetivos propostos, foi adotada a metodologia denominada Design
Science Research, que se baseia nos métodos de pesquisa designado pesquisa prescritiva31,
como definido por Van Aken, (2007). Diferentemente das pesquisas naturais e sociais, que
buscam entender e descrever fenômenos com o objetivo de prever suas “reações” futuras, o
Design Science Research busca prescrever a solução para determinados problemas de campo.
“’Design’ é um processo natural, intuitivo e criativo. Todos nós diariamente
(conscientemente ou inconscientemente) estamos comprometidos em projetar suas ações e em
achar soluções para os menores ou maiores problemas diários.” (VAN AKEN, 2007, p. 69,
Tradução Nossa) 32
A palavra “design” refere-se à arte de desenvolver e planejar algo, ou solucionar um
problema de campo ou atividade. Van Aken, (2007) define que, de uma narrativa mais
cientifica, o “Design Science Research” busca resolver os problemas de campo de determinadas
disciplinas (medicina, direito e engenharia), por intermédio de metodologias que agregam tanto
intuições e criatividades, quanto o conhecimento e processos científicos.
O Design Science Research tem foco na melhoria da performance, seja de um elemento
físico ou de um processo por meio da elaboração de um artefato, definido por um campo de
atuação, levantando de início a problematização para eventualmente delimitar uma solução.
Define-se de início um campo de atuação, podendo ser utilizado como exemplo a engenharia,
medicina, direito e contabilidade, etc. Depois de definido o campo, deve-se definir o problema
a ser estudado.
Van Aken (2007) levanta a importância da diferenciação entre um “problema de campo”
e um “problema de conhecimento”.
“Problema de conhecimento é um problema que surge pelas limitações de nosso
conhecimento na realidade presente; enquanto que o problema de campo é um problema
relacionado a realização de uma “melhor” realidade.” (VAN AKEN, 2007, p. 68, Tradução
Nossa) 33
31 Também considerada pesquisa construtiva para alguns autores. 32 Designing is a natural, intuitive, and creative process. Everyone on an ongoing daily basis (consciously or unconsciously) is engaged in designing his or her actions and in designing solutions to the minor or major problems of everyday life.(VAN AKEN, 2007, p. 69, Original) 33 A knowledge problem is a problem that arises from limitations in our knowledge of present reality; a field problem is a problem regarding the realization of a “better” reality. (VAN AKEN, 2007, p. 68, Original)
55
Wieringa, (2010) exemplifica a diferença entre esses dois problemas colocando a redução
de falhas na construção devido a distribuição de projetos como um problema prático ou de
campo, enquanto que interrogar ou questionar a relação entre a estruturação da comunicação
entre as equipes e a compilação das falhas é um problema de conhecimento.
Lacerda et al., (2013) definem também que estudos que utilizam da metodologia do
Design Science Research podem usufruir de artefatos já desenvolvidos, aplicando-os em
diferentes áreas como uma complementação e validação de sua utilização em diversos setores.
Dessa maneira, esta pesquisa buscou propor soluções a um problema de campo
relacionado a edificações de assistência à saúde, definindo-se assim, a utilização do Design
Science Research, como estratégia metodológica.
Como ferramentas de coleta de dados, optou-se por entrevistassemiestruturadas com os
profissionais da arquitetura e engenharia responsáveis pela manutenção e reformas das
edificações (Grupo Focal Exploratório), seguindo um roteiro semiestruturado (APÊNDICE A,
M, N e O) com o intuito de auxiliar o pesquisador na organização das ideias e necessidades a
serem levantadas, assim como facilitar o entrevistado a fornecer as respostas de maneira aberta,
fácil e cronológica,dando maisliberdade e protagonismo aos profissionais envolvidos.
Para assegurar o anonimato dos entrevistados, os mesmos foram nomeados nessa
pesquisa como Entrevistado 1, Entrevistado 2 e Entrevistado 3, sendo os entrevistados 1 e 2
vinculados ao Hospital A, e o entrevistado e vinculado ao Hospital B.
Para validar o estudo foi efetuado um retorno do artefato aos profissionais entrevistados,
considerados na sequência como Grupo Focal Confirmatório. O artefato foi discutido e
analisado pelo Grupo Focal Confirmatório, onde os participantes sugeriram mudanças e
ampliações pertinentes a cada instituição.
Lacerda et al., (2013, p. 755) apontam que “os Grupos Focais poderiam ser utilizados
como método de avaliação para a Design Science Research, uma vez que garantem uma
discussão mais profunda e colaborativa em relação aos artefatos desenvolvidos pela pesquisa.”
“Auxiliam, ainda, na realização da análise crítica dos resultados obtidos durante a
pesquisa e que podem fazer brotar novas possibilidades com o intuito de encontrar melhores
soluções para os problemas em estudo.” (LACERDA et al., 2013, p. 756)
Com base nisso, sintetiza-se, na sequência, a problematização que motivou esta pesquisa,
no campo da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO), a partir da qual foram
estabelecidas sua estruturação e organização:
56
• Problematização:
Com o número de edificações hospitalares que sofrem reformas e readequações maior
que o número de novos empreendimentos hospitalares lançados; como edificações já
construídas por meio de processos sequenciais podem ser beneficiadas pela metodologia BIM
e por contratos de IPD em seus processos de manutenção e reformas?
• Estudo Bibliográfico:
O estudo bibliográfico objetivou levantar um conhecimento teórico acerca de elementos
importantes a serem considerados para a aplicação dessa pesquisa, propiciando a base de seu
desenvolvimento e para a análise de dados.
Dessa forma, pretendeu-se levantar e examinar aspectos referentes a: (1) processos de
projeto (sequencial e simultâneo) voltados para o setor da AECO; (2) a modelagem da
informação (BIM) por meio de seus modelos paramétricos e de sua interoperabilidade entre os
profissionais envolvidos, suas vantagens e desvantagens, e a implantação dessa nova tecnologia
em empreendimentos e escritórios; (3) os contratos utilizados na construção civil (transacionais
e relacionais) e suas implicações no processo de projeto de um empreendimento; e (4) as
problematizações encontradas por edificações consideradas de grande complexidade, indo
desde seu desenvolvimento primário, até sua operação e manutenção.
• Definição dos Objetos de Estudo:
Escolheu-se como objetos de estudo dois hospitais de nível terciário34, um público e um
privado, ambos localizados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. As edificações possuem
portes semelhantes, sendo diferenciadas principalmente pelo sistema estrutural utilizado –
sendo uma em estrutura de concreto armado, e a outra em estrutura metálica – e pela forma de
gestão, sendo uma delas uma parceria pública /privada, e outra integralmente privada.
A opção de envolver mais de uma edificação no estudo faz-se no sentido de entender se
o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), suas estruturações, e seus
sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e
34 A Atenção Terciária ou alta complexidade designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada
especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto custo, como oncologia,
cardiologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para
pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de doenças no aparelho auditivo).(SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE, 2018)
57
reforma preditiva. Os hospitais serão referenciados como sendo (A) hospital público e (B)
hospital particular.
• Formulação do modelo e método:
A formulação da Proposta de Plano de Implementação e Execução BIM (artefato), e do
método para sua aplicação seguiu quatro linhas básicas, sendo elas:
1) Levantamento das informações necessárias ao desenvolvimento do artefato por
intermédio de entrevistas através de roteiros semiestruturados com pelo menos um
profissional responsável pela manutenção preditiva e reforma de cada hospital (Grupo
Focal Exploratório);
2) Análise dos dados recolhidos, visando o entendimento do funcionamento de cada
empreendimento, buscando suas similaridades e características distintas que possam
interferir no desenvolvimento do artefato;
3) Elaboração do artefato que visa; (1) determinar as funções e atuações dos envolvidos,
(2) definir as diretrizes para organizar as documentações e ações dos profissionais
responsáveis, (3) definir e “hierarquizar” o fluxo de dados necessários para
implementar os processos de Engenharia Simultânea; (4) definir diretrizes de dados a
serem considerados para lançamento, no intuito de auxiliar a operação e manutenção
predial; (5) orientar na utilização desses dados para um vínculo direto da administração
com o modelo BIM.
4) Após a elaboração do artefato, o mesmo foi apresentado ao Grupo Focal Confirmatório
com o intuito de levantar a opinião das pessoas com expertises no setor acerca de sua
real utilização.
• Análise do modelo e sua aplicabilidade:
Nessa fase, foram analisados de forma crítica os resultados obtidos, levando em
consideração os levantamentos feitos pelos profissionais envolvidos nos empreendimentos
acerca do artefato.
A análise foi desenvolvida juntamente ao Grupo Focal Confirmatório, sendo realizada
principalmente pelos entrevistados e responsáveis pela manutenção predial e reformas dos
hospitais.
Foram levantadas questões que podem ser aprofundadas, assim como foram definidas
diretrizes que podem beneficiar a implementação do BIM de forma mais genérica em
empreendimentos com as mesmas características e outros.
58
É importante ressaltar que o artefato apresentado nesta pesquisa, no Capítulo 6, é o texto
inicialmente apresentado aos profissionais e já modificado, com inclusão de sugestões e
opiniões propostas pelos membros do Grupo Focal Confirmatório. Não está aqui apresentado o
modelo inicial apresentado aos profissionais, devido ao pouco número de alterações sugeridas
pelos profissionais.
Cabe ressaltar que uma análise posterior, com uma real aplicação do artefato em
edificações, tanto hospitalares como de qualquer outra função, pode trazer para esse estudo
mais dados confirmatórios.
• Resultados:
Os resultados são apresentados como sequência à análise realizada pelos pesquisadores e
pelo Grupo Focal Confirmatório. São apresentadas as considerações feitas pelos profissionais
entrevistados, relacionadas às alterações contratuais necessárias, aos custos de implementação,
aos benefícios da utilização do BIM, a às funções dos coordenadores; a fim de fazer com que o
artefato seja o mais abrangente e relevante possível.
• Considerações finais:
Como considerações finais foram propostas pesquisas futuras que podem completar o
estudo desenvolvido, assim como podem ajudar a disseminar o uso da metodologia BIM.
O referido trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Ouro Preto, tendo sido aprovado em 04 de outubro de 2018, com número do parecer
2.937.290 e CAAE 97936618.6.0000.5150.
59
CAPÍTULO 5. OBJTETOS DE ESTUDOS E SUJEITOS DA PESQUISA
Os objetos de estudos e os sujeitos (entrevistados) da pesquisa serviram para agregar
informações às obtidas por meio de estudo de literatura, reforçando as evidências para o
desenvolvimento da Proposta de Plano de Implementação BIM para edificações hospitalares
existentes. São caracterizados a seguir os empreendimentos objetos de estudos, assim como os
participantes na pesquisa.
5.1 Caracterização dos objetos de pesquisa
Para o desenvolvimento dos objetos de estudo optou-se por dois hospitais de grande porte
localizados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil. Buscou-se utilizar dois
empreendimentos com o mesmo foco de atendimento, porém, com estruturas físicas e
gerenciais distintas, com o intuito de saber se suas estruturações físicas e gerenciais afetariam
a elaboração do artefato.
Para fins éticos, os hospitais foram nomeados nessa pesquisa como Hospital A (Público)
e Hospital B (Privado) conforme TABELA 4, 5, 6 e 7 a seguir.
Tabela 4 – Hospitais (Dados Gerais)
Dados Gerais dos Hospitais (objetos de estudo) Hospital A Hospital B
Setor Público (SUS) Privado
Ano de início de construção
2010 Dado não informado
Ano de Inauguração 2015 2014
Quantidade atual de leitos (2018) 460 Dado não informado
Área construída 46.000m² Dado não informado
Número de Pavimentos 13 20
Número de Salas Cirúrgicas
16 Dado não informado
Cap
acid
ade
Men
sal
Internações
Clínicas 1000 Dado não informado
Internações
Cirúrgicas 1000 Dado não informado
Consultas 3400 Dado não informado
Exames 20.000 Dado não informado
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
60
Tabela 5 - Hospitais (Sistemas construtivos)
Sistemas Construtivos
Hospital A Hospital B
Estrutura Concreto Armado moldado
inloco Estrutura Metálica
Laje Laje Protendida e laje
inloco Steel Deck
Vedação Aluminium Composite
Material (ACM) e Vidro
Hidráulica
Esgoto Esgoto
Abastecimento água fria
(AF) e água quente (AQ)
Abastecimento água fria
(AF) e água quente (AQ)
Águas Pluviais Águas Pluviais
Prevenção e Combate a
Incêndio
Prevenção e Combate a
Incêndio
Elétrica
Instalações Elétricas Instalações Elétricas
Iluminação Iluminação
Telecomunicações Telecomunicações
Mecânica
Ar Condicionado Ar Condicionado
Transporte Pneumático Transporte Pneumático
Gases Medicinais Gases Medicinais
Gás liquefeito de Petróleo
(GLP)
Gás liquefeito de Petróleo
(GLP)
Manutenção Equipe Própria Equipe Própria
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
61
Tabela 6 - Hospitais (Manutenção)
Manutenção
Hospital A Hospital B Manutenção Equipe Própria Equipe Própria
Reformas
Projeto
Equipe próprio para
pequenas obras. Serviços
terceirizado para grandes
obras.
Serviços terceirizado
Obra Serviços terceirizado Equipe Própria
Ações de Manutenção Habituais
Sistema Elétrico Utilização
Sistema de Rede Sistema Elétrico
Aparelhos médicos Sistema Hidráulico
_ De baixa complexidade
_ Impermeabilização/Infiltraç
ão (chuva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
Tabela 7 - Hospitais (Reformas e ampliações recentes)
Reformas e Ampliações Recentes Hospital A Hospital B
Central de Material Esterilizado
(CME) Revitalização do sistema elétrico
Laboratório Setor de Ginecologia
Setor de TI Troca de equipamento de grande porte
(Ressonância Magnética)
Almoxarifado Adequações normativas de Sistema de Ar
Condicionado
Centro de Terapia Intensiva (CTI) Impermeabilização do Poço de elevadores e jardins.
Setor de Imagem Laboratório
_ Saúde Corporativa (Clínica para os colaboradores)
_ Construção de novo hospital da rede.
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
62
5.1.1 Hospital A (Público)
O hospital A é gerido por uma Parceria Público Privado (PPP), sendo a Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte responsável pelo atendimento médico, e o setor privado
(concessionaria) responsável pela construção, por equipar, dar manutenção na edificação e nos
equipamentos de diagnóstico e tratamento, durante o período de 20 anos, contados a partir do
ano de 2014.
O hospital foi pensado para fazer parte da rede de atendimento de urgência em Belo
Horizonte, com foco no atendimento cirúrgico, devido ao grande número de cirurgias e exames
mais elaborados como ultrassonografia e tomografia demandados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).
Foi montada uma equipe própria para o desenvolvimento inicial do empreendimento, que
era composta por uma arquiteta, uma advogada, médicos, enfermeiros e profissionais da área
de TI. Essa equipe ficou responsável pela orientação e fiscalização do projeto, acompanhando
todas as fases, da implementação à elaboração do edital da PPP.
O projeto do hospital foi iniciado em 2009 por uma prestadora de serviços de arquitetura
através de notório saber, com licença de licitação para garantir o projeto entregue em tempo
hábil. Não obstante, o projeto apresentou grandes problemas de compatibilização devido ao
curto tempo de sua elaboração, mesmo sendo feito por profissionais qualificados e de renome.
De inicio o projeto previa um sistema construtivo de laje nervurada, por permitir vencer
grandes vãos e ao mesmo tempo permitir a passagem de dutos de tubulação de água, elétrica e
mecânica. Contudo, essa especificação foi alterada para laje protendida a pedido da construtora.
De acordo com os profissionais entrevistados, essa mudança pode acarretar vários problemas
em futuras reformas e adequações, devido a dificuldade de se prever onde se encontra as
cordoalhas da laje, no caso de terem que passar alguma tubulação, assim como em questões de
grandes cargas concentradas como no caso de equipamentos de imagem.
Após o início das obras, com parte da estrutura da edificação já realizada, a construtora
responsável pela obra abandonou o empreendimento, sendo necessário assim uma nova
licitação, o que atrasou a entrega da obra e, devido a questões técnicas relacionadas a nova
empreiteira, a obra continuou a ser realizada com laje convencional. Por esse motivo, o hospital
estrutura-se em dois distintos sistemas de laje, o convencional e o protendido.
O empreendimento foi desenvolvido pensando-se na humanização dos ambientes, como
no caso da opção por enfermarias de dois leitos, e no custo de operação e manutenção preditiva.
63
O hospital conta com 2.000m² de área técnica, com sistemas de correio pneumático
(operando apenas para o laboratório devido a falta de informação no projeto), chiller a ar,
sistemas de placas fotovoltaicas, etc.
Já trabalhando com uma taxa de ocupação alta de 86%, o hospital opera com 12 salas
cirúrgicas, sendo seis delas ainda em fase de estruturação; isso significa que sua taxa de
ocupação irá subir ainda mais, o que indica que o equipamento está sendo bem requisitado.
As reformas e adequações não foram consideradas no contrato com a PPP, o que acaba
por trazer grandes problemas operacionais e de custos ao empreendimento.
As reformas mais consideráveis feitas no hospital foram a reestruturação da Central de
Material Esterilizado (CME) – devido a alterações normativas – e área de almoxarifado, pelo
acumulo de insumos e equipamentos nos corredores.
Os problemas mais enfrentados no hospital são relacionados a quedas de energia, falhas
no sistema de TI, falhas no acionamento dos geradores, vazamentos e problemas com o correio
pneumático.
5.1.2 Hospital B (Privado)
O hospital B é gerido integralmente por uma rede privada, com outras edificações
hospitalares espalhadas pela região. Foi levantado que os investidores perceberam que quanto
menor um hospital é, mais difícil é de negociar compras de insumos, assim como negociações
comerciais com planos de saúde, o que leva empreendimentos de pequeno porte a não terem
condições de se manterem.
Essa visão possibilitou ao hospital (rede) possuir equipes de construção e manutenção
própria, com engenheiros, eletricistas, bombeiros, etc., fator atípico nos empreendimentos
hospitalares.
Apesar de possuírem equipe interna, quando a obra é especializada, como a de um projeto
elétrico de subestação, o hospital contrata prestadores de serviços externos.
A maior preocupação no desenvolvimento da edificação foi com a eficiência energética
e com o atendimento humanizado, o que levou o hospital a ter um investimento mais alto na
construção, com expectativa da diminuição, a longo prazo, dos custos de operação.
O hospital possui estrutura em aço e steel deck, sistema construtivo adequado a
construções hospitalares pela facilidade na instalação de sistemas elétricos, hidráulicos e
mecânicos, o que diminui os casos de incompatibilização desses sistemas.
64
A edificação conta com espaços de grandes jardins pavimentos técnicos com sistemas de
climatização por chillers, sistema de aquecimento de água de passagem (refrigeração dos
compressores), geradores de energia a gás canalizado, etc.
O hospital conta também com um sistema de correio pneumático capaz de calcular a
distância percorrida, tendo assim um aumento na produtividade, diminuindo o tempo de
caminhada dos funcionários, assim como erros e segurança na entrega de medicamentos e
equipamentos.
No desenvolvimento dos projetos ficou clara a participação ativa dos gestores, mesmo
sendo os projetos desenvolvidos por empresas de prestação de serviços de arquitetura externas.
Os gestores trabalham exemplificando as necessidades, assim como os fatores negativos do
projeto. Essa medida foi tomada com o intuito de melhorar os processos de manutenção e
operação do empreendimento. Contudo, como levantado pelo profissional entrevistado, ainda
existem dificuldades na compatibilização de todos os sistemas que comportam o
empreendimento nas fases de projeto e obra.
A equipe de manutenção trabalha com duas frentes de ação, a manutenção preventiva e a
manutenção corretiva. Nos casos mais simples, como a queima de uma lâmpada, atua-se com
a manutenção corretiva, nos casos onde o risco de vida é maior, atua-se com a manutenção
preventiva, como a troca de filtros e óleos de maquinários, calibração, termografía de sistemas,
etc. Esses processos seguem cronogramas estruturados, com certificações internacionais.
Existe um planejamento anual de obras no empreendimento vinculado diretamente ao
orçamento disponibilizado. Contudo, identificou-se que não são executas 100% das obras,
devido ao dinamismo do mercado da saúde.
O hospital está desenvolvendo um setor especializado em elaboração de contratos de
compras e especificação de serviços terceirizados pela necessidade observada com o tempo de
serviço prestado.
Os maiores problemas enfrentados pela equipe de manutenção e obras são de baixa
complexidade, como lâmpadas queimadas, porta com o trinco quebrado, vazamentos de
pequenos portes, problemas na subestação; sendo esses corrigidos de forma rápida.
Devido a sua recente inauguração, as últimas reformas e alterações feitas na edificação
foram pequenas e pontuais, para corrigir vazamentos e infiltrações decorrentes da água da
chuva, através de impermeabilização de áreas de jardins.
65
5.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa
Foram coletados dados dos empreendimentos através de entrevistas semiestruturadas com
três profissionais responsáveis pelas manutenções e reformulações prediais. Esses profissionais
fizeram parte do Grupo Focal Exploratório.
Os profissionais entrevistados são especialistas e doutores experientes na área hospitalar,
e fizeram parte de todos os processos de desenvolvimento dos empreendimentos, do
planejamento à manutenção.
Como forma de garantir o anonimato dos entrevistados, os mesmos foram nomeados
como Entrevistado 1, Entrevistado 2 e Entrevistado 3.
Foram ouvidos dois arquitetos, ambos relacionados ao Hospital A, sendo um vinculado
ao hospital e o outro a PPP, e um engenheiro vinculado ao Hospital B, que ocupam cargos de
gerência, superintendência e coordenação.
Os profissionais descreveram os empreendimentos e a forma de gerência relativa a
manutenção predial e reformulações das edificações, conforme roteiro de entrevista
semiestruturado (APÊNDICE A)
Após as entrevistas e a elaboração do artefato, o Grupo Focal Confirmatório (composto
pelos mesmos participantes do Grupo Focal Exploratório) analisou o documento, levantando
pontos chave onde seria necessário um maior desdobramento, assim como setores onde se
deveriam considerar as distinções de cada empreendimento, como a elaboração de contratos
específicos. As informações relativas aos entrevistados são mostradas na TABELA 3.
Tabela 8 - Lista de entrevistados
Entrevistado Hospital Profissão Cargo Setor
1 A Arquitetura Coordenador de arquitetura
hospitalar e engenharia clinica
Assessoria /
administração
2 A (PPP) Arquitetura Gerente Planejamento
3 B Engenharia
Elétrica Superintendente
Engenharia de
Manutenção
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
As entrevistas estão localizadas no Apêndices M, N e O. Em sequência, apresenta-se a
versão final do artefato analisado e revisado pelo Grupo Focal Confirmatório.
66
CAPÍTULO 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE PLANO DE
IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO BIM PARA EDIFICAÇÕES HOSPITALARES EXISTENTES (ARTEFATO)
É importante ressaltar que cada empreendimento tem suas características distintas que
devem ser consideradas na elaboração de um Plano de Implementação e Execução dos
processos BIM.
A implementação do BIM segue três momentos decisivos. Primeiramente é necessário
definir o tipo de empreendimento (hospital, aeroporto, hotel, etc.), e quais as necessidades dos
investidores e das equipes vinculadas a esse empreendimento ao optarem pelo uso do BIM. Em
sequência, devem ser elaborados os contratos de projeto integrado (IPD), definindo a atuação
de cada participante, considerando sempre o ciclo de vida do empreendimento, para que alcance
o retorno esperado do uso do BIM. Numa terceira fase deve-se desenvolver o plano de
implementação e execução, juntamente com toda a equipe envolvida. (COMPUTER
INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM, 2013b)
Em edificações já construídas, a utilização da metodologia BIM para apoio a manutenção
preditiva e reformas envolve etapas normalmente não trabalhadas em novos empreendimentos,
como fases de demolição, sendo necessário considerar essas etapas na elaboração do contrato,
e nas definições de atividades das equipes.
O esforço desprendido para a alteração da documentação em 2D para modelos 3D
paramétricos pode ser custoso e, dependendo do planejamento (ou da falta dele), pode não
trazer elevadas vantagens, haja visto que todas as equipes atuantes dentro da edificação devem
ser capacitadas para operar e pensar com essa nova metodologia. Caso contrário, toda a
documentação será deixada de lado.
Deve-se ressaltar também que o modelo 3D paramétrico deve ser atualizado
constantemente, para que represente uma cópia fiel da construção (as built), podendo ser desse
modo utilizado como banco de dados preciso nos processos de manutenção predial e reformas.
Para a elaboração da Proposta de Plano de Implementação e Execução para edificações
hospitalares existentes, alguns fatores devem ser considerados previamente.
No caso de empreendimentos hospitalares existentes, a utilização do BIM tem como
objetivo auxiliar nos processos de manutenção preditiva e reformas da edificação ao longo de
sua vida útil, implicando que:
67
• O modelo deve ser confiável e atualizado para auxiliar nos processos de manutenção
predial, reformas e ampliações;
• Os dados lançados devem suprir as necessidades das equipes e do próprio
empreendimento;
• Todos os profissionais envolvidos devem ser qualificados não apenas para operar as
ferramentas paramétricas, mas também para entender a metodologia BIM;
• Os próprios softwares de projeto podem ser utilizados nos processos de manutenção
preditiva, haja visto que a correção de eventuais falhas em sistemas pode ser rastreada
pelo modelo, assim como a constante readequação e ampliação das unidades
hospitalares podem ser feitas através do modelo;
• Deve-se ter foco na coordenação e interoperabilidade do modelo, haja visto que podem
ocorrer contratações terceirizadas para elaboração de projetos de readequação e
ampliação, assim como a construções.
Para dar início na implementação do BIM no hospital, é necessário primeiramente estudar
junto ao setor jurídico as questões legais que devem conter na elaboração dos contratos
relacionais (IPD). Os contratos relacionais definem uma cooperação entre os profissionais
envolvidos com foco em alcançar a melhor performance projetual e financeira no
empreendimento.
6.1 Determinações Contratuais
No caso de empreendimentos hospitalares existentes, os contratos terão foco na
terceirização dos serviços de projeto e obra, podendo vincular os prestadores de serviços no
ciclo de vida do empreendimento baseado em know-how. Deve-se ressaltar também que a
coordenação das atividades será definida pela própria equipe de coordenação interna ao hospital
(BIM Managers), equipe essa fundamental para que os interesses do hospital, assim como a
harmonia entre os profissionais, sejam garantidos.
Dessa maneira, o estudo jurídico e a elaboração de um modelo de contrato relacional que
seja flexível é a primeira tarefa na implementação do BIM. O American Institute of Architects
elaborou alguns modelos de contrato IPD, que podem servir de base para a elaboração dos
contratos de prestação de serviços através do BIM. São eles:
68
• A195 – Formato padrão de acordo entre proprietário e contratado para projeto
integrado35;
• A 295 – Condições gerais do contrato de projeto integrado36;
• B 195 – Formato padrão de acordo entre proprietário e arquiteto para projeto
integrado37.
Para que o contrato seja elaborado com maior precisão é necessário definir primeiramente
quais equipes farão parte nos processos de manutenção preditiva e reformas, sejam essas
equipes internas ao hospital ou terceirizadas.
6.2 Determinação das Equipes
Empreendimentos hospitalares possuem um alto custo com funcionários de maneira
geral, pois empregam profissionais de diversas áreas necessários ao funcionamento do
empreendimento. Dessa forma, definir uma equipe grande de projetistas na maior parte dos
casos não condiz com a realidade desse tipo de empreendimento.
Dessa maneira, como os serviços de elaboração de projeto e construção são comumente
terceirizados, faz-se necessária apenas a contratação de profissionais para coordenar essas
atividades.
A equipe de coordenação de projetos, obras e manutenção preditiva deve ser,
preferencialmente, composta por pelo menos três profissionais, sendo esses: um arquiteto, um
engenheiro civil, e um engenheiro clínico.
Entrevistado 1 (informação verbal)38 “um hospital desse porte tem que ter um engenheiro
clinico direto aqui dentro.”
Esses profissionais são necessários para garantir tanto a compatibilização de sistemas
(arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica e mecânica) como a interação desses com os
equipamentos médicos de diagnóstico e tratamento.
Deve-se atentar também para a integração entre a equipe de TI e a equipe de coordenação,
haja visto que o BIM depende integralmente de uma rede rápida de transferência de dados.
35 A195 - Standard form of agreement between owner and contractor for integrated project delivery. 36 A 295 - General Conditions of the contract for integrated project delivery. 37 B 195 - Standard form of agreement between owner and architect for integrated project delivery. 38 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.
1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia
69
A equipe deve, além de entender as mudanças necessárias do BIM a nível de tecnologia,
estar motivada a enfrentar as mudanças culturais envolvidas nos processos. Um planejamento
das etapas e metas bem definido, assim como investimentos em treinamento e reconhecimento
profissional podem favorecer esse ambiente de implementação.
6.2.1 Determinação das Funções e Responsabilidades dos Coordenadores
A equipe de coordenação deve trabalhar de forma conjunta e estar atenta as suas funções
e responsabilidades.
Os profissionais devem equilibrar as demandas de todos os gestores com as necessidades
gerais do empreendimento, focando sempre no sistema como um todo, assim como garantir a
qualidade no atendimento aos enfermos.
As funções e responsabilidades são descritas conforme TABELA 4.
Tabela 9 - Funções dos coordenadores BIM
Funções Coordenadores
Arquitetura Engenharia
Civil
Engenharia
Clínica
Definir premissas e programas de necessidades X X X
Elaboração de estudos preliminares X
Especificar a infraestrutura necessária para a instalação e operação dos equipamentos definidos X
Especificar os equipamentos de tratamento e diagnostico do hospital X
Definir os dados de manutenção preventiva dos equipamentos associado com o nível de detalhamento de cada equipamento lançado em projeto
X
Vincular as equipes de assistência a saúde às etapas de programa de necessidades e estudos preliminares
X
Vincular os projetos com as especificações exigidas pela engenharia clinica de acordo com os equipamentos de tratamento e diagnóstico
X X
70
Orientar as atividades de projeto com os prestadores de serviços terceirizados X X X
Garantir a compatibilização dos projetos com foco nas necessidades especificas de cada equipamento de tratamento e diagnostico
X
Garantir o comprimento do programa de necessidades X X X
Garantir o LOD necessário e o As built X X X
Coordenar as equipes de projeto X X X
Garantir a manutenção preventiva e corretiva dos sistemas que dão apoio ao diagnóstico e tratamento dos enfermos
X X
Garantir a compatibilização dos projetos X X X
Fiscalizar as obras de reforma e manutenção X X X
Garantir a assepsia do ambiente durante período de obras X X X
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.
Deve-se atentar ao fato de que mudanças de tecnologia e infraestrutura também serão
requisitadas quando optado pela utilização de tecnologias paramétricas de suporte a
metodologia BIM.
6.3 Determinação e Definição da Infraestrutura Necessária
Para definir a infraestrutura necessária deve-se, de início, definir qual ou quais softwares
serão utilizados. Isso porque cada software irá exigir uma capacidade de processamento de
dados diferentes, implicando diretamente na escolha dos computadores. Os critérios devem ser
analisados de uma forma geral, tentando diminuir ao máximo o custo de implantação,
considerando custos de softwares, hardwares e treinamento. Dessa forma, os custos devem ser
detalhadamente estudos.
71
6.3.1 Escolha dos Softwares
Na escolha dos softwares a serem utilizados nas fases de projeto, construção e operação
deve-se considerar os aspectos:
• Familiarização da equipe com os softwares, mesmo que seus conhecimentos sejam
iniciais ou limitados;
• Custo de compra e manutenção detalhado;
• Custo de assessoria, seja ela feita pela própria fabricante ou empresas e profissionais
terceirizados;
• “Compatibilização” com as equipes prestadoras de serviços (considerando softwares
desenvolvidos pelo mesmo fabricante);
• Especificações técnicas que podem interferir ou alterar a infraestrutura atual, causando
maiores ou menores custos na implementação;
É importante lembrar que existem diferentes softwares para cada fase do planejamento,
não podendo ser considerado apenas um software que definirá todos os passos nas escolhas de
hardwares e rede. A lista de softwares paramétricos que auxiliam na metodologia BIM é
grande, como Revit, Naviswork, ArchiCAD, Tekla, Bentley e Allplan; desenvolvidos pelas
empresas Autodesk, Bentley, Nemetschek e Trimble.
Deve-se lembrar que no caso das licenças de softwares, o custo deve ser calculado de
acordo com o número de coordenadores definidos no empreendimento, haja visto que todos
devem trabalhar de maneira conjunta e integrada. Vale lembrar também que as empresas
desenvolvedoras de softwares costumam liberar planos de desconto na compra de mais de uma
licença.
6.3.2 Definição dos Computadores
Caso a troca dos computadores seja necessária devido a escolha dos softwares, deve-se
levar primeiramente em consideração os requisitos básicos do sistema definidos pelos
desenvolvedores.
Deve-se considerar também que no caso de projetos de edificações de grande
complexidade, a quantidade de informação armazenada e processada é muito grande,
demandando grande capacidade de armazenamento e processadores poderosos.
72
Além disso, a visualização em 3D pode sobrecarregar a placa de vídeo, principalmente
quando se utiliza de realidade aumentada e análises diversas.
O custo de cada computador com os requisitos mínimos para rodar os softwares
analisados é de cerca de R$ 6.800,00, considerando-se a média de preço de computadores
produzidos pelas fabricantes Dell, HP e Lenovo.
É importante frisar que os custos levantados, tanto na aquisição de licenças anuais, como
nos computadores de requisitos básicos do sistema, foram feitos no ano de 2019, sendo apenas
uma referência para este estudo.
6.3.3 Definição da Rede de Dados
A quantidade de informação contida em um modelo BIM, variando entre LOD 100 e
LOD 500, pode representar uma quantidade de armazenamento e transição de dados
considerável, podendo variar entre o nível de detalhamento e o porte do empreendimento.
Assim como a quantidade de informações pode representar um problema na
infraestrutura, a forma como são organizadas as equipes e a distribuição desses dados também
pode afetar a infraestrutura, sendo necessário na maioria das vezes redes locais (Local Area
Network - LAN), que demandam equipamentos como servidores e cabeamento, e em outros
casos uma transmissão de dados rápida através de uma rede global (Wide Area Network - WAN).
Para que exista uma vinculação direta entre os coordenadores e os prestadores de serviços
de projeto, se faz necessário o uso de compartilhamentos em nuvem, muitas vezes
disponibilizado pelos fabricantes dos softwares. Os sistemas garantem a transmissão das
informações entre todos os envolvidos, criando dinamismo, melhora na comunicação entre as
equipes, e maior precisão na compatibilização dos projetos.
Os compartilhamentos em nuvem são muitas vezes pagos, sendo disponibilizados
serviços mensais ou anuais.
6.4 Determinação do Nível de Desenvolvimento do Modelo (LOD)
O nível de desenvolvimento (LOD) pode ser determinado não apenas pelas suas
representações gráficas, mas também pelas informações contidas no modelo. Entende-se dessa
maneira, que o LOD de um determinado componente representa tanto a quantidade de
informações contidas, como a confiabilidade do modelo com o objeto construído (as built).
73
Por definição, utiliza-se os níveis de desenvolvimento entre 100 e 500.39 Para utilização
do modelo como ferramenta e banco de dados para os processos de manutenção predial e
reformas é necessário o desenvolvimento do modelo computacional 3D paramétrico com o
máximo de definições e precisão possíveis, sendo assim mais indicado o desenvolvimento do
modelo a nível LOD 500, sendo aceitáveis algumas informações lançadas entre LOD 300 e
LOD 400.
6.5 Organização dos Projetos para Equipes e Coordenação
Como medida que visa a organização e a facilidade no fluxo de informações entre
coordenadores e projetistas, assim como entre os próprios projetistas, os projetos devem ser
organizados seguindo exemplificação das tabelas contidas nos APÊNDICES B, C, D, E, F e G.
As tabelas foram desenvolvidas de acordo com os sistemas construtivos dos dois
hospitais, e baseadas na lógica de organização do software Revit, onde os sistemas são
separados como disciplinas, sendo elas: Coordenação, Arquitetura, Estrutura, Hidráulica e
Mecânica. O software possibilita a definição de cada elemento como vinculado a uma
determinada disciplina, sendo possível assim visualizar e editar os elementos de acordo com a
disciplina/profissional responsável pelo sistema.
Após a definição das disciplinas necessárias, foram desenvolvidas subdisciplinas,
separando os sistemas que compõem os hospitais, como exemplo do “Sistema de correio
pneumático”, uma subdisciplina dos sistemas mecânicos.
Os projetos devem ser desenvolvidos seguindo fluxograma de projeto executivo (FIG.8),
a fim de garantir o cumprimento de todas as etapas e, consequentemente, a aprovação de todos
os profissionais envolvidos no desenvolvimento dos projetos.
39 Nessa dissertação a explicação e definição dos LODs está descrita no Capítulo 2, página 21.
74
Figura 8 - Etapas do projeto executivo
Fonte: Desenvolvido por AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, (2017c)
75
6.5.1 Determinação de componentes a serem considerados em cada disciplina projetual
Definidas as disciplinas e subdisciplinas foram analisados – com base na lógica de
trabalho do software Revit – os componentes de cada disciplina.
Os componentes – denominados famílias no software – foram separados (APÊNDICE H,
I, J, K L) de acordo com sua função, como no caso de tubulações hidráulicas vinculadas apenas
aos sistemas hidráulicos, e no caso de tubulações de ar condicionado vinculadas apenas aos
sistemas mecânicos.
Os componentes essenciais para cada subdisciplina do projeto poderão sofrear alterações.
Essas alterações serão definidas pelo coordenador por meio de pedidos dos projetistas, ou por
variáveis necessidades levantadas em reuniões (devido a provável demanda constante de
reuniões, viabiliza-se a utilização de teleconferências, haja visto que muitas vezes os
prestadores de serviços podem não dividir o mesmo espaço de trabalho, quiçá a mesma cidade
ou estado). Deve-se garantir também que, no caso, as alterações não interfiram na sincronização
ou trabalho de qualquer outro profissional envolvido, sendo sempre mais indicado tomar
decisões em equipe através de reuniões envolvendo todas as áreas de possíveis interferências.
6.5.2 Organização da Biblioteca de Componentes
Os componentes(famílias) devem ser nomeados de acordo com a proposta definida pela
ABNT – NBR 15965-1:2011 – Sistema de Classificação da Informação da Construção Parte 1:
Terminologia e Estrutura, contendo informações da tabela 2C, identificando o responsável pelo
modelo e descrição, como exemplificado:
CodTab2C_Responsavel_DescricaoTipo_SubTipo_Livre
Quanto aos campos preenchidos:
• CodTab2C – Código referente a tabela 2C da norma ABNT – NBR 15965. Apesar do
código ser separado por ponto na tabela 2C (ex: 2C.30.00.00) por questões de
programação o código deve ser descrito sem nenhum separador, sendo digitado de
forma linear (ex: 2C300000). (Nota: até o presente momento a ABNT não lançou a
parte da norma NBR 15965 referente a tabela 2C, deixando apenas diretrizes de sua
constituição na ABNT – NBR 15965-1)
• Responsável – Nome do desenvolvedor do modelo ou nome do fabricante.
76
• DescricaoTipo – Pode-se descrever o modelo como sua função (ex: porta, janela, pia,
etc.), contudo, fica orientado a descrição do modelo de acordo com a tabela 2C da
norma ABNT – NBR 15965.
• SubTipo – Pode-se descrever o objeto de acordo com suas dimensões (quando optado
pela dimensão deve-se seguir a ordem comprimento X altura X espessura) ou modelo.
• Livre – O campo pode ser preenchido com qualquer informação que julgar relevante
para o objeto não contida nos outros campos como: LOD e elemento de aplicação
(Forro, parede, estrutura....).
Para facilitar a busca dos componentes, a biblioteca deve ser organizada de maneira lógica
e precisa (FIG. 8), deixando os arquivos no servidor para facilitar a troca de informações entre
profissionais parceiros.
77
Figura 9 - Hierarquia organizacional da biblioteca de elementos BIM
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
As informações de fabricante, linha e modelo, assim como as informações contidas nos
arquivos desses elementos como: número de série, garantia, data de compra, data de fabricação,
quantidade e etc., são relevantes quando consideradas as informações lançadas para auxilio a
manutenção predial e reformas.
Dessa forma, a organização por fabricante, linha e modelo auxilia o projetista durante o
desenvolvimento e detalhamento do projeto, facilitando o posterior lançamento de dados (fase
de construção) relativos a compra e manutenção desses elementos.
Biblioteca de Elementos (BIM)
Disciplinas
ArquiteturaEstruturaElétrica
HidráulicaMecânica
2D (Desenhos)
Detalhamentos
Elementos (ex: portas, janelas...)
Anotações (Tag)
3D (Elementos)
Fabricante
Linha
Modelo
Templates
78
Assim como o modelo da edificação, pode-se definir os arquivos de componentes de
acordo com seu nível de informação, passando desde informações volumétricas sem
parametrização, até informações de fabricação, reposição de peças, manutenção, manual, etc.
6.6 Construção Digital de As Built e Treinamento da Equipe
A transposição dos dados e projetos para o BIM é o ponto mais critico nos processos de
sua implementação e execução em hospitais existentes. Dessa forma, devem ser estudadas
diferentes abordagens que reflitam a realidade da instituição, podendo ser contratada uma
equipe para a transposição e levantamento dos dados em modelos BIM.
Pode-se também, vincular a atividade de transposição dos projetos com a atividade de
treinamento dos coordenadores em relação a utilização da ferramenta, através da contratação
de pessoas com expertises técnicas para treinamento e levantamento de modelo confederado.
Muitas vezes os representantes de desenvolvedores de softwares possuem equipes de
treinamento e lançamento de dados.
Deve-se considerar também um plano de metas bem definido para se atingir determinadas
questões; como o Nível de Desenvolvimento do Modelo, sendo anexados parâmetros a medida
da necessidade do empreendimento.
Pode-se estudar também a possibilidade de sua utilização ser gradativa, iniciando pelas
demandas de manutenção predial, e pelas reformas que serão feitas nas edificações, sendo dessa
maneira lançados dados apenas nos projetos relativos a determinados setores.
79
RESULTADOS
O estudo bibliográfico apontou que, embora o BIM possa otimizar os serviços e
minimizar os impactos econômicos e ambientais da construção civil – diminuindo custos e
aumentando a precisão dos projetos, da execução e da manutenção – sua utilização no Brasil
ainda é pequena, ficando normalmente restrita aos processos de projeto e construção, sendo
ignorada as partes de manutenção predial e reformulações dos empreendimentos.
A alteração das ferramentas de trabalho é inicialmente considerada o maior entrave na
migração para o BIM, por seu custo inicial e por demandarem um treinamento com as equipes
de projeto. Além disso, as ferramentas de projeto paramétrico também exigem que os
profissionais tenham, em alguns casos, conhecimento a cerca de programação e rede de dados,
para a vinculação de informações pertinentes ao projeto, assim como a troca de informação
entre as equipes operantes.
Contudo, a problematização em relação restrita ao uso de ferramentas paramétricas é mais
recorrente quando se associa o BIM a softwares, ignorando sua vinculação direta com a
metodologia de trabalho, que altera a cultura da construção civil como um todo.
Dessa maneira, ficou evidente durante o estudo bibliográfico e as entrevistas que o BIM
não é entendido como uma metodologia, o que implica diretamente em sua na baixa utilização
no Brasil. Deve-se entender o BIM como uma alteração da cultura e dos processos do
empreendimento, vinculando todo seu ciclo de vida à equipe responsável.
Para um entendimento maior sobre as implicações do uso do BIM em edificações
existentes, foram coletadas informações sobre as edificações objeto de estudo.
As informações foram levantadas por meio de revisão bibliográfica e entrevistas
semiestruturadas com profissionais responsáveis por duas edificações hospitalares na cidade de
Belo Horizonte.
Conforme preconizado pelos autores estudados nessa pesquisa, as falas dos profissionais
entrevistados reforçam que a implementação do BIM deve ser bem estudada e planejada, sendo
necessário investimentos na alteração de ferramentas de trabalho, e na alteração da cultura
interna dos processos de projeto, construção e manutenção das edificações.
Os empreendimentos estudados se diferem principalmente pela organização gerencial,
sendo uma edificação privada e a outro uma parceria entre o setor público e o privado. Ambas
edificações possuem o mesmo porte e nível de atendimento, sendo construídas na mesma
década, com apenas um ano de diferença de suas inaugurações.
80
A estruturação gerencial mostrou-se mais relevante na hora do desenvolvimento do
artefato em relação a estruturação física, haja visto que as vinculações com os prestadores de
serviços são elaboradas de maneira diferente. Isso não implica diretamente no uso do BIM, mas
sim na forma como os contratos de IPD serão desenvolvidos na fase de implementação.
Foi possível perceber que a prestação de serviços no setor privado é mais facilitada do
que na parceria público/privada, devido a falta de previsão das necessidades futuras do
empreendimento, sendo um problema mais vinculado com a elaboração de contratos ainda na
fase de planejamento.
Na parceria público/privada, o contrato definiu de forma rígida as responsabilidades dos
setores, (setor público responsável pelo atendimento médico, e o setor privado responsável pela
construção e manutenção da edificação e equipamentos durante vinte anos) não prevendo a
dinâmica e mutabilidade das edificações hospitalares, que demandam constantemente de
reestruturações físicas e tecnológicas, sejam por avanço no tratamento e diagnóstico, ou por
imposições normativas.
Em relação à manutenção, os dois empreendimentos possuem equipes internas,
responsáveis pela manutenção predial, tanto preventiva como corretiva.
A manutenção corretiva ocorre em ordem de baixa complexidade, mais vinculada a
questões como lâmpadas queimadas, maçanetas e trancas quebradas, pequenos vazamentos.
São problemas de difícil prevenção, mas que o seu funcionamento é extremamente importante
dentro de edificações hospitalares, devido a criticidade dos ambientes.
A manutenção preventiva está mais voltada aos sistemas e equipamentos de apoio ao
tratamento e diagnóstico, onde sua interrupção pode causar danos a vidas humanas, materiais e
financeiros. A manutenção preventiva dos hospitais segue procedimentos diários e normas
internacionais.
Dependendo dos equipamentos, a manutenção deve ser independente de qualquer indicio
de falha, como no caso de troca de filtros ou regulagem dos equipamentos. Em outros casos,
como no dos sistemas de apoio aos equipamentos de tratamento e diagnóstico (rede elétrica,
hidráulica e mecânica) a manutenção preventiva ocorre diariamente com pessoal treinado e
qualificado, levantando indícios de falhas por variações de temperatura, ruídos, pressão, odor,
etc.
O uso de um modelo de instalações BIM dos hospitais poderia ajudar nas fases de
manutenção preventiva e corretiva, facilitando a localização dos sistemas, detectando de
maneira rápida locais de intervenção e peças de reposição, como no caso de vazamentos de
tubulações e curto-circuito.
81
Devido ao custo, equipes dedicadas de construção e reformas são raras em
empreendimentos hospitalares. Essas equipes são mais facilmente vinculadas em redes de
empreendimentos, como no caso do hospital B. Entretanto, a elaboração de projetos é
comumente uma prestação de serviços terceirizada, a não ser uma reforma pequena e pontual,
como a troca de um forro (projetos de pequeno porte que podem ser desenvolvidos por
profissionais internos ao empreendimento).
A terceirização de serviços de projeto e obra é um ponto crucial ao se pensar a
implementação do BIM em edificações hospitalares. A confiabilidade dos dados vinculados ao
modelo e a coordenação dos serviços deve ser garantida por uma equipe interna aos hospitais,
sendo necessária sua vinculação direta com o empreendimento.
Os softwares paramétricos podem auxiliar nos processos de coordenação, facilitando o
translado de informações entre equipes de prestação de serviços e coordenação dos hospitais.
Os sistemas construtivos não foram considerados empecilhos ou influenciadores na
migração dos processos sequenciais para os simultâneos.
Ambas as edificações apresentam conformação vertical, mas são diferenciadas
principalmente por sua estrutura. O hospital B possui estrutura de concreto armado, tendo
algumas variações de lajes protendidas e moldadas inloco, enquanto o hospital A possui
estrutura metálica e lajes steeldeck.
Lajes nervuradas e steeldeck facilitam o lançamento de sistemas hidráulicos, elétricos e
mecânicos, por possuírem espaços “vazios” e não demandarem muito espaço em relação ao pé
direito dos pavimentos, e por serem de fácil perfuração em caso de reformas que necessitam de
tubulações entre pavimentos.
Contudo, o uso de lajes protendidas – que dependem da integridade das cordoalhas –
dificulta os processos de reformas, pela dificuldade de se prever a localização dos tirantes.
Nesse caso, a escolha do sistema estrutural implica diretamente na compatibilização dos
projetos e na reformulação das edificações, podendo ser facilitada ou dificultada de acordo com
o sistema estrutural utilizado.
As informações contidas no modelo poderiam auxiliar as equipes de manutenção e
reformas quanto a localização de elementos como as cordoalhas da laje protendida, problema
previsto em futuras reformas do hospital A.
Ficou claro que, ainda na fase de planejamento dos empreendimentos, a definição dos
sistemas utilizados é fator determinante na qualidade do atendimento e no êxito de sua função.
Sistemas como o correio pneumático dinamizam os processos e auxiliam na qualidade do
atendimento, diminuindo o tempo de translado de materiais e equipamentos, e auxiliando as
82
equipes de enfermagem e laboratório enquanto a diminuição dos percursos de caminhada. Os
sistemas de composição das edificações foram categorizados conforme os Apêndices C, D, E,
F e G.
Edificações hospitalares contam com o funcionamento ininterrupto de sistemas
arquitetônicos, estruturais, elétricos, hidráulicos e mecânico. Os empreendimentos possuem
pavimentos técnicos que abrigam a central de todos os sistemas hidráulicos, elétricos e
mecânicos, facilitando a manutenção e operação por não envolverem fluxos entre as
dependências que dão contato direto com a equipe de atendimento e pacientes.
Apesar de no hospital A o sistema pneumático ter sido considerado em toda a edificação,
sua instalação foi deficitária por apresentar apenas uma máquina no projeto (2D) executivo,
isentando a construtora da instalação do sistema para os serviços de farmácia. Isso leva ao
comprometimento do funcionamento do hospital, aumentando o fluxo de pessoas, materiais e
o cronograma de assepsia dos setores, o que pode aumentar o risco de infecções hospitalares.
De acordo com os problemas relatados nas fases de projeto e construção, ficou claro que
a utilização do BIM poderia ter influenciado a compatibilização desses sistemas e garantido sua
instalação completa, melhorando a elaboração dos projetos e diminuindo os custos com
incompatibilizações em obra, e consequentemente o custo de operação da edificação.
Como levantado por alguns autores e pelas equipes dos hospitais, a elaboração de
contratos específicos ao lidar com processos simultâneos é fator primordial na implantação do
BIM. A utilização de contratos transacionais acaba dificultando até mesmo a inserção e
adaptação do mercado a novas metodologias como o BIM, assim como não incentiva o avanço
na sustentabilidade, já que o tempo de vida prolongado de uma edificação, assim como seu
baixo custo de operação e manutenção predial são fatores decisivos no impacto dessa edificação
com o meio ambiente e seu entorno.
Dessa forma, foi definido como primeira tarefa a se observar na elaboração da
implantação, a elaboração dos contratos relacionais de IPD, usando como exemplos os
desenvolvidos pelo AIA. Os hospitais estudados trazem diferentes demandas e organizações
gerenciais, o que implicaria em diferentes focos a serem estudados na elaboração dos contratos.
A definição da equipe foi fator relevante na elaboração. Como levantado pela arquiteta
do hospital A “uma equipe própria para projeto é muito difícil você ter, (...) poderia ter um
arquiteto, um engenheiro predial e um engenheiro clínico”. Dessa maneira, foi definido que as
instituições deveriam ter no mínimo os três profissionais exercendo a função de coordenadores,
que trabalhariam de forma conjunta e integrada com as equipes de prestação de serviços de
83
projeto e construção terceirizadas, a fim de garantir as necessidades e exigências das
instituições.
Foi possível constatar que, apesar da grande maioria de escritórios e construtoras estarem
optando pela melhoria das tecnologias e processos utilizados, o papel do coordenador ainda é
pouco valorizado e reconhecido, sendo muitas vezes considerado apenas como uma despesa
que não traz grandes retornos, haja vista a falta desses profissionais dentro das edificações
estudadas.
A infraestrutura necessária para a implantação deve ser estudada pela instituição de forma
detalhada e precisa, tentando conciliar o custo com as necessidades levantadas. As instituições
estudadas consideraram baixo os custos citados nessa pesquisa, comparando com os custos
totais das obras de manutenção predial e readequação das edificações. Vale lembrar que o BIM
pode levar mais precisão aos projetos e obras, assim como diminuir custos nessas etapas.
É importante frisar que a implementação do BIM interfere diretamente na estruturação
dos prestadores de serviços, sendo necessário a migração dos parceiros para o BIM ou a busca
de novos parceiros que já trabalham com o BIM.
O nível de informações contidas no modelo também foi aprovado pelos profissionais,
sendo necessário o máximo de informação possível para otimizar os processos internos de
operação e manutenção predial e de equipamentos de diagnostico e tratamento.
A organização dos projetos e o lançamento de dados automáticos apresentados aos
entrevistados também foram aprovados, sendo considerado de fácil entendimento, facilitando
o trabalho da coordenação e dos prestadores de serviços terceirizados.
Foi levantado que a transposição das informações em 2D para o modelo parametrizado,
assim como o treinamento da equipe, é um ponto crucial para sua utilização nos processos de
manutenção e reformas. Para solucionar, foi sugerido que o treinamento fosse feito
paralelamente aos trabalhos praticados pelos coordenadores, sendo inseridos diretamente na
metodologia BIM.
O treinamento devera ser feito por equipes especializadas, que sejam capazes de auxiliar
não somente no uso dos softwares, mas em toda a alteração de cultura e documentação
vinculada as atividades futuras dos empreendimentos.
A compatibilização dos empreendimentos, devido a quantidade de sistemas diferentes e
interligados, é um dos maiores problemas a serem resolvidos, e como levantado pelo engenheiro
do Hospital B, “um ponto que a gente tem que avançar é na equalização disso tudo, (...) é um
ponto que eu acho que a gente tem que trabalhar e que naturalmente o BIM ajuda muito nisso”.
84
Apesar de todos os entraves rastreados na implementação do BIM, as equipes dos
hospitais permaneceram confiantes nos benefícios que essa metodologia pode trazer aos
empreendimentos, o que demonstra que a utilização do BIM, por mais difícil que seja, está
ganhando reconhecimento no mercado de trabalho brasileiro.
85
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos nessa pesquisa mostram que existe uma necessidade na melhoria
dos processos de manutenção predial e reformas em edificações hospitalares, da mesma forma
como mostrou que a cultura da metodologia BIM ainda não é muito difundida, sendo ainda
reconhecida como uma ferramenta do que como uma metodologia propriamente dita.
Considera-se que os estudos e entrevistas realizadas agregaram informações
consideráveis para o desenvolvimento do artefato proposto, sendo um ponto de partida para
estudos futuros relacionados a esse artefato. Contudo, apesar de analisado pelos profissionais
envolvidos, ainda requer estudos práticos de sua aplicação em empreendimentos hospitalares
diversos.
Estudos futuros do artefato, considerando não apenas os relatos dos grupos de estudo,
mas a sua aplicação de fato nos empreendimentos hospitalares pode complementar de forma
significante essa pesquisa, haja visto que durante o processo de implementação ocorrerão
situações não previstas, que podem alterar sua conformação de forma pontual ou significativa.
O levantamento das edificações para transposição do As built paramétrico, assim como o
treinamento das equipes de coordenação é indicação para futuras pesquisas que complementam
esse trabalho, podendo gerar dados sólidos quanto a real utilização do BIM na manutenção
predial e reformas dessas edificações.
A pesquisa levantou os principais contratos utilizados na construção civil, suas
implicações diretas na organização do desenvolvimento do empreendimento e como são
aplicados, entretanto, a diferença constante da forma como se estruturam juridicamente os
empreendimentos pode alterar consideravelmente os contratos.
Considera-se assim a necessidade de um aprofundamento em pontos focais do artefato,
como o desenvolvimento de contratos em formatos de IPD para esses empreendimentos,
levando em consideração estruturações diversas como as parcerias público privadas.
Como consequência, evidencia-se a questão da utilização do artefato produzido para
auxílio em outros empreendimentos de diferentes portes, conformações e propósitos, sendo
necessário pesquisas futuras para saber sua aplicabilidade em diversos empreendimentos da
construção civil.
Outro aspecto que deve ser pesquisado é como serão tratadas as informações contidas nos
modelos confederados ao longo dos processos de manutenção predial e reforma pelas equipes
responsáveis.
Dessa maneira, sugere-se pesquisas que podem complementar esse estudo, sendo elas:
86
• Estudos vinculados aos contratos que visam a utilização do BIM, como o IPD, em
empreendimentos públicos, privados, ou em parcerias público/privado;
• Estudos sobre o real custo de implementação do BIM;
• Estudos voltados para a real aplicação do artefato em empreendimentos hospitalares;
• Estudos relacionados ao treinamento das equipes, que se mostrou ponto crítico na
implementação;
• Estudos voltados para a transposição dos dados em 2D para o modelo BIM de grandes
empreendimentos.;
• Estudos que visam a efetividade do artefato em outros empreendimentos que não são
voltados a assistência a saúde;
• Estudos de como são tratados os dados lançados dentro dos modelos confederados,
voltados para a manutenção preditiva.
Vale ressaltar que, assim como em vários setores da arquitetura e urbanismo, a
retroalimentação das informações ao longo do tempo da utilização do artefato e de sua
aplicabilidade é fator essencial para a confirmação de seu real propósito.
87
REFERÊNCIAS
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96
APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MESTRADO PROFISSIONAL EM CONSTRUÇÃO METÁLICA
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADO
Dados Gerais Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.
Instituição:
Data:
Local:
Horário:
Tempo Previsto: 1:00 (Uma hora)
Dados do Entrevistado
Nome: Nascimento:
Profissão:
Setor:
Cargo:
1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o. (Foco no atendimento, capacidade,
infraestrutura...)
2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do empreendimento.
3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados. (Estrutura, vedação, hidráulica, elétrica,
mecânica)
4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do
empreendimento.
5) Analise os processos de contratação adotados.
6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles relacionados
a manutenção ou reformas.
7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam elas
imposições normativas, tecnológicasou público alvo.
8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes
97
APÊNDICE B – Organização de projetos para coordenação. Tabela 10 - Organização de projetos para coordenação
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE C
OO
RD
ENA
ÇÃ
O
Projeto de Coordenação Geral PC-G Planta baixa PC-G (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-G (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Arquitetura X Estrutura PC-A/E Planta baixa PC-A/E (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-A/E (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Arquitetura X Hidráulica PC-A/H Planta baixa PC-A/H (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-A/H (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Arquitetura X Elétrica PC-A/EL Planta baixa PC-A/EL (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-A/EL (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Arquitetura X Mecânica PC-A/M Planta baixa PC-A/M (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-A/M (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Estrutura X Hidráulica PC-E/H Planta baixa PC-E/H (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-E/H (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Estrutura X Elétrica PC-E/EL Planta baixa PC-E/EL (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-E/EL (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Estrutura X Mecânica PC-E/M Planta baixa PC-E/M (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-E/M (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Hidráulica X Elétrica PC-H/EL Planta baixa PC-H/EL (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-H/EL (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Hidráulica X Mecânica PC-H/M Planta baixa PC-H/M (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-H/M (3D/Perspectiva)
Projeto de Coordenação Elétrica X Mecânica PC-EL/M Planta baixa PC-EL/M (Planta baixa)
3D/Perspectiva PC-EL/M (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
98
APÊNDICE C – Organização de projetos arquitetônicos. Tabela 11 - Organização de projetos arquitetônicos
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE A
RQ
UIT
ETU
RA
Estudo Preliminar EP Planta baixa EP (Planta baixa)
Cortes / Elevações EP (Cortes/Elevações)
Anteprojeto AP
Planta baixa AP (Planta baixa)
Planta de Forro AP (Planta baixa)
Cortes / Elevações AP (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva AP (3D/Perspectiva)
Projeto Legal PL
Planta de localização PL (Localização)
Planta de Situação PL (Situação)
Planta baixa PL (Planta baixa)
Cortes / Elevações PL (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PL (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Arquitetônico PE-A
Planta baixa PE-A (Planta baixa)
Planta de Forro PE-A (Planta baixa)
Cortes / Elevações PE-A (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-A (Planta baixa)
PE-A (Cortes/Elevações)
3D / Perspectiva PE-A (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
99
APÊNDICE D – Organização de projetos estruturais. Tabela 12 - Organização de projetos estruturais
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE ES
TRU
TUR
A
Projeto Executivo de Fundações PE-E-F
Planta Baixa PE-E-F (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-E-F (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-E-F (Planta baixa)
PE-E-F (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-E-F (3D/perspectiva)
Projeto Executivo de Terraplanagem PE-E-T
Planta Baixa PE-E-T (Planta baixa)
Cortes PE-E-T (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-E-T (3D/perspectiva)
Projeto Executivo de Estruturas PE-E-E
Planta Baixa PE-E-E (Planta baixa)
Cortes PE-E-E (Cortes/Elevações)
Elevações PE-E-E (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-E-E (Planta baixa)
PE-E-E (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-E-E (3D/perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
100
APÊNDICE E – Organização de projetos hidráulicos. Tabela 13 - Organização de projetos hidráulicos
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE H
IDR
ÁU
LIC
A
Projeto Executivo Hidro sanitário de Esgoto PE-H-ES
Planta baixa PE-H-ES (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-H-ES (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-H-ES (Planta baixa)
PE-H-ES (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-H-ES (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Hidro sanitário de Abastecimento AF-AQ PE-H-AF/AQ
Planta baixa PE-H-AF/AQ (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-H-AF/AQ (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-H-AF/AQ (Planta baixa)
PE-H-AF/AQ (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-H-AF/AQ (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Hidro sanitário de Águas Pluviais PE-H-AP
Planta baixa PE-H-AP (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-H-AP (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-H-AP (Planta baixa)
PE-H-AP (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-H-AP (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Hidráulico de Prevenção e Combate a Incêndio PE-H-PCI
Planta baixa PE-H-PCI (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-H-PCI (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-H-PCI (Planta baixa)
PE-H-PCI (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-H-PCI (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
101
APÊNDICE F – Organização de projetos elétricos. Tabela 14 - Organização de projetos elétricos
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE EL
ÉTR
ICA
Projeto Executivo de Iluminação PE-EL-I
Planta baixa PE-EL-I (Planta baixa)
Planta de Forro PE-EL-I (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-EL-I (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-EL-I (Planta baixa)
PE-EL-I (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-EL-I (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo de Instalações Elétricas PE-EL-IE
Planta baixa PE-EL-IE (Planta baixa)
Planta de Forro PE-EL-IE (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-EL-IE (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-EL-IE (Planta baixa)
PE-EL-IE (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-EL-IE (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo de Telecomunicação PE-EL-TC
Planta baixo PE-EL-TC (Planta baixa)
Planta de Forro PE-EL-TC (Planta baixa) Cortes /
Elevações PE-EL-TC (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-EL-TC (Planta baixa)
PE-EL-TC (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-EL-TC (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
102
APÊNDICE G – Organização de projetos mecânicos Tabela 15 - Organização de projetos mecânicos
DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE M
ECÂ
NIC
A
Projeto Executivo Mecânico de Ar Condicionado PE-M-AC
Planta Baixa PE-M-AC (Planta baixa)
Cortes / Elevações PE-M-AC (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-M-AC (Planta baixa)
PE-M-AC (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-M-AC (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Mecânico de Sistema de Transporte Pneumático PE-M-STP
Planta baixa PE-M-STP (Planta baixa)
Cortes / Elevações PE-M-STP (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-M-STP (Planta baixa)
PE-M-STP (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-M-STP (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Mecânico de Gases Medicinais PE-M-GM
Planta baixa PE-M-GM (Planta baixa)
Cortes / Elevações PE-M-GM (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-M-GM (Planta baixa)
PE-M-GM (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-M-GM (3D/Perspectiva)
Projeto Executivo Mecânico de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) PE-M-GLP
Planta baixa PE-M-GLP (Planta baixa)
Cortes / Elevações PE-M-GLP (Cortes/Elevações)
Detalhamentos PE-M-GLP (Planta baixa)
PE-M-GLP (Cortes/Elevações)
3D/Perspectiva PE-M-GLP (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
103
APÊNDICE H – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) Tabela 16 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura)
Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Arquitetura)
Projeto Abreviação
EP AP PL PE-A
Escala 1:200 1:100 1:100 / 1:50 Livre
Nível de Detalhamento Baixo Médio Médio Alto Componentes
English Português Abreviação
EP AP PL PE-A Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X
Duct Accessories Acessórios de Duto Pipe Accessories Acessórios de Tubo
Structural Rebar Couplers Acopladores do Vergalhão Estrutural Entourage Ambiente X X X X
Structural Fabric Reinforcement Armadura da Tela Soldada Estrutural
Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural
Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área
Cable Trays Bandeja de Cabos Duct Linings Cobertura do Duto
Columns Colunas X X X X Casework Componentes de Gabinete X X X Conduits Conduítes
Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos Duct Fittings Conexões de Duto Pipe Fittings Conexões de Tubo
Conduit Fittings Conexões do Conduíte Structural Connections Conexões Estruturais
MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP
Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio
Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira
Communication Devices Dispositivos de Comunicação Data Device Dispositivos de Dados
Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X Security Devices Dispositivos de Segurança
Telephone Devices Dispositivos de Telefonia Ducts Dutos
Flex Ducts Dutos Flexíveis Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X
104
Specialty Equipment’s Equipamento Especial X X Mechanical Equipment Equipamento Mecânico X X
Stairs Escadas X X X X Parking Estacionamento X X X X Roads Estradas X X X X Wires Fiação X
Structural Stiffeners Fixadores Estruturais Ceilings Forros X X
Structural Foundations Fundações Estruturais Railings Guarda-Corpos X X X X
Electrical Fixture Iluminação Elétrica Pipe Insulations Isolamento de Tubulação
Duct Insulations Isolamento de Duto
Detail Items Itens de Detalhe X X Windows Janelas X X X X
Lighting Fixtures Luminárias X X Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto X X Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação X X
Mass Massa X X X X Furniture Mobiliário X X X X
Generic Models Modelos Genéricos X X X X Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X X X X
Curtain Panels Painéis Cortina X X X X Walls Paredes X X X X Parts Peças X X X X
Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias X X X X Structural Columns Pilares Estruturais X X X X
Floors Pisos X X X X Doors Portas X X X X
Structural Framing Quadro Estrutural Ramps Rampas X X X X
Curtain Systems Sistema de Cortina X X X X MEP Fabrication Ductwork Sistema de Duto de Fabricação MEP
Furniture Systems Sistema de Mobiliário X X X X Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural X X X X
Sprinklers Sprinklers Roofs Telhados X X X X
Air Terminals Terminais de Ar Site Terreno X X X X
MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP
Topography Topografia X X X X Structural Trusses Treliças Estruturais
105
Pipe Tubulação Flex Pipes Tubulação Flexível
MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP Planting Vegetação X X X X
Structural Rebar Vergalhão Estrutural HVAC Zones Zonas AVAC
Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
106
APÊNDICE I – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) Tabela 17 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura)
Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Estrutural)
Projeto Abreviação
PE-E-F PE-E-T PE-E-E Escala Livre Livre Livre
Nível de Detalhamento Alto Alto Alto
Componentes
English Português Abreviação
PE-E-F PE-E-T PE-E-E Shaft Openings Abertura de Shaft X X
Duct Accessories Acessórios de Duto Pipe Accessories Acessórios de Tubo
Structural Rebar Couplers Acopladores do Vergalhão Estrutural X X Entourage Ambiente
Structural Fabric Reinforcement Armadura da Tela Soldada Estrutural X X
Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural X X
Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área X X
Cable Trays Bandeja de Cabos Duct Linings Cobertura do Duto
Columns Colunas X X Casework Componentes de Gabinete Conduits Conduites
Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos Duct Fittings Conexões de Duto Pipe Fittings Conexões de Tubo
Conduit Fittings Conexões do Conduíte Structural Connections Conexões Estruturais X X
MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP
Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio
Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira
Communication Devices Dispositivos de Comunicação Data Device Dispositivos de Dados
Lighting Devices Dispositivos de Iluminação Security Devices Dispositivos de Segurança
Telephone Devices Dispositivos de Telefonia Ducts Dutos
Flex Ducts Dutos Flexíveis Electrical Equipment Equipamento Elétrico
107
Specialty Equipment’s Equipamento Especial Mechanical Equipment Equipamento Mecânico
Stairs Escadas X Parking Estacionamento X Roads Estradas X Wires Fiação
Structural Stiffeners Fixadores Estruturais X X Ceilings Forros
Structural Foundations Fundações Estruturais X X Railings Guarda-Corpos
Electrical Fixture Iluminação Elétrica Pipe Insulations Isolamento de Tubulação Duct Insulations Isolamento de Duto
Detail Items Itens de Detalhe X X Windows Janelas
Lighting Fixtures Luminárias
Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação
Mass Massa X X Furniture Mobiliário
Generic Models Modelos Genéricos X X Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X
Curtain Panels Painéis Cortina X Walls Paredes X Parts Peças X
Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias Structural Columns Pilares Estruturais X X
Floors Pisos X Doors Portas
Structural Framing Quadro Estrutural X X Ramps Rampas X
Curtain Systems Sistema de Cortina MEP Fabrication Ductwork Sistema de Duto de Fabricação MEP
Furniture Systems Sistema de Mobiliário Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural X X
Sprinklers Sprinklers Roofs Telhados X
Air Terminals Terminais de Ar Site Terreno X X
MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP Topography Topografia X X X
Structural Trusses Treliças Estruturais X
108
Pipe Tubulação Flex Pipes Tubulação Flexível
MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP Planting Vegetação X
Structural Rebar Vergalhão Estrutural X X HVAC Zones Zonas AVAC
Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural X X Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
109
APÊNDICE J – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) Tabela 18 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica)
Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Hidráulica)
Projeto Abreviação
PE-H-ES
PE-H-AF/AQ
PE-H-AP
PE-H-PCI
Escala Livre Livre Livre Livre
Nível de Detalhamento Alto Alto Alto Alto
Componentes
English Português Abreviação
PE-H-ES
PE-H-AF/AQ
PE-H-AP
PE-H-PCI
Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X
Duct Accessories Acessórios de Duto
Pipe Accessories Acessórios de Tubo X X X X
Structural Rebar Couplers
Acopladores do Vergalhão Estrutural
Entourage Ambiente X X X X
Structural Fabric Reinforcement
Armadura da Tela Soldada Estrutural
Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural
Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área
Cable Trays Bandeja de Cabos
Duct Linings Cobertura do Duto
Columns Colunas
Casework Componentes de Gabinete
Conduits Conduites X
Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos
Duct Fittings Conexões de Duto
Pipe Fittings Conexões de Tubo X X X X
Conduit Fittings Conexões do Conduíte
Structural Connections Conexões Estruturais
MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X X
Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio
X
Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira
Communication Devices Dispositivos de Comunicação X
Data Device Dispositivos de Dados
Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X
Security Devices Dispositivos de Segurança
Telephone Devices Dispositivos de Telefonia
Ducts Dutos
110
Flex Ducts Dutos Flexíveis
Electrical Equipment Equipamento Elétrico X
Specialty Equipments Equipamento Especial X
Mechanical Equipment Equipamento Mecânico
Stairs Escadas X
Parking Estacionamento X
Roads Estradas
Wires Fiação X
Structural Stiffeners Fixadores Estruturais
Ceilings Forros X
Structural Foundations Fundações Estruturais
Railings Guarda-Corpos X
Electrical Fixture Iluminação Elétrica X
Pipe Insulations Isolamento de Tubulação X X X X
Duct Insulations Isolamento de Duto
Detail Items Itens de Detalhe X X X X
Windows Janelas X
Lighting Fixtures Luminárias X
Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto
Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação
X X X X
Mass Massa X X X X
Furniture Mobiliário X X X X
Generic Models Modelos Genéricos X X X X
Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina
Curtain Panels Painéis Cortina
Walls Paredes X X X X
Parts Peças X X X X
Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias X X X X
Structural Columns Pilares Estruturais
Floors Pisos X X X X
Doors Portas X
Structural Framing Quadro Estrutural
Ramps Rampas X
Curtain Systems Sistema de Cortina
MEP Fabrication Ductwork
Sistema de Duto de Fabricação MEP
Furniture Systems Sistema de Mobiliário
Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural
Sprinklers Sprinklers X
Roofs Telhados
Air Terminals Terminais de Ar X
Site Terreno X X X X
111
MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X X X
Topography Topografia X X X X
Structural Trusses Treliças Estruturais
Pipe Tubulação X X X X
Flex Pipes Tubulação Flexível X X X X
MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP X X X X
Planting Vegetação X X X X
Structural Rebar Vergalhão Estrutural
HVAC Zones Zonas AVAC
Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
112
APÊNDICE K – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) Tabela 19 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica)
Setorização dos Componentes BIM (Elétrica)
Projeto Abreviação PE-EL-I PE-EL-IE PE-EL-TC
Escala Livre Livre Livre Nível de Detalhamento Alto Alto Alto
Componentes
English Português Abreviação
PE-EL-I PE-EL-IE PE-EL-TC
Shaft Openings Abertura de Shaft X X X
Duct Accessories Acessórios de Duto
Pipe Accessories Acessórios de Tubo
Structural Rebar Couplers
Acopladores do Vergalhão Estrutural
Entourage Ambiente X X X
Structural Fabric Reinforcement
Armadura da Tela Soldada Estrutural
Structural Path Reinforcement
Armadura do Caminho Estrutural
Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área
Cable Trays Bandeja de Cabos X X X
Duct Linings Cobertura do Duto
Columns Colunas
Casework Componentes de Gabinete X X X
Conduits Conduites X X X
Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos X X X
Duct Fittings Conexões de Duto
Pipe Fittings Conexões de Tubo
Conduit Fittings Conexões do Conduíte X X X
Structural Connections Conexões Estruturais
MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X
Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio
Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira
X
Communication Devices Dispositivos de Comunicação X
Data Device Dispositivos de Dados X
Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X X
Security Devices Dispositivos de Segurança X
Telephone Devices Dispositivos de Telefonia X
Ducts Dutos
Flex Ducts Dutos Flexíveis
113
Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X X
Specialty Equipments Equipamento Especial X X X
Mechanical Equipment Equipamento Mecânico
Stairs Escadas X X
Parking Estacionamento X X
Roads Estradas X X
Wires Fiação X X X
Structural Stiffeners Fixadores Estruturais
Ceilings Forros X X X
Structural Foundations Fundações Estruturais
Railings Guarda-Corpos
Electrical Fixture Iluminação Elétrica X X X
Pipe Insulations Isolamento de Tubulação
Duct Insulations Isolamento de Duto
Detail Items Itens de Detalhe X X X
Windows Janelas
Lighting Fixtures Luminárias X X
Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto
Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação
Mass Massa X X X
Furniture Mobiliário X X X
Generic Models Modelos Genéricos X X X
Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X X
Curtain Panels Painéis Cortina X X
Walls Paredes X X X
Parts Peças X X X
Plumbing Fixtures Peças Hidrossanitárias
Structural Columns Pilares Estruturais
Floors Pisos X X X
Doors Portas
Structural Framing Quadro Estrutural
Ramps Rampas X X
Curtain Systems Sistema de Cortina X X
MEP Fabrication Ductwork
Sistema de Duto de Fabricação MEP
Furniture Systems Sistema de Mobiliário X X
Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural
Sprinklers Sprinklers
Roofs Telhados X X
Air Terminals Terminais de Ar
Site Terreno X X
114
MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X
Topography Topografia
Structural Trusses Treliças Estruturais
Pipe Tubulação
Flex Pipes Tubulação Flexível
MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP
Planting Vegetação X
Structural Rebar Vergalhão Estrutural
HVAC Zones Zonas AVAC
Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
115
APÊNDICE L – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) Tabela 20 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica)
Setorização dos Componentes BIM (Mecânica)
Projeto Abreviação
PE-M-AC
PE-M-STP
PE-M-GM
PE-M-GLP
Escala Livre Livre Livre Livre Nível de Detalhamento Alto Alto Alto Alto
Componentes
English Português Abreviação
PE-M-AC
PE-M-STP
PE-M-GM
PE-M-GLP
Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X
Duct Accessories Acessórios de Duto X X X X
Pipe Accessories Acessórios de Tubo X X X X
Structural Rebar Couplers
Acopladores do Vergalhão Estrutural
Entourage Ambiente X X X X
Structural Fabric Reinforcement
Armadura da Tela Soldada Estrutural
Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural
Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área
Cable Trays Bandeja de Cabos
Duct Linings Cobertura do Duto X X X X
Columns Colunas
Casework Componentes de Gabinete
Conduits Conduites
Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos
Duct Fittings Conexões de Duto X X X X
Pipe Fittings Conexões de Tubo X X X X
Conduit Fittings Conexões do Conduíte
Structural Connections Conexões Estruturais
MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X X
Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio
Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira
Communication Devices Dispositivos de Comunicação
Data Device Dispositivos de Dados
Lighting Devices Dispositivos de Iluminação
Security Devices Dispositivos de Segurança
Telephone Devices Dispositivos de Telefonia
Ducts Dutos X X X X
116
Flex Ducts Dutos Flexíveis X X X X
Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X X X
Specialty Equipments Equipamento Especial X X X X
Mechanical Equipment Equipamento Mecânico X X X X
Stairs Escadas
Parking Estacionamento
Roads Estradas
Wires Fiação
Structural Stiffeners Fixadores Estruturais
Ceilings Forros X X X X
Structural Foundations Fundações Estruturais
Railings Guarda-Corpos
Electrical Fixture Iluminação Elétrica
Pipe Insulations Isolamento de Tubulação X X X X
Duct Insulations Isolamento de Duto X X X X
Detail Items Itens de Detalhe X X X X
Windows Janelas
Lighting Fixtures Luminárias
Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto X X X X
Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação
X X X X
Mass Massa X X X X
Furniture Mobiliário
Generic Models Modelos Genéricos X X X X
Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina
Curtain Panels Painéis Cortina
Walls Paredes X X X X
Parts Peças X X X X
Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias
Structural Columns Pilares Estruturais
Floors Pisos X X X X
Doors Portas
Structural Framing Quadro Estrutural
Ramps Rampas
Curtain Systems Sistema de Cortina
MEP Fabrication Ductwork
Sistema de Duto de Fabricação MEP
X X X X
Furniture Systems Sistema de Mobiliário
Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural
Sprinklers Sprinklers
Roofs Telhados X X X X
Air Terminals Terminais de Ar X X X X
Site Terreno
117
MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X X X
Topography Topografia
Structural Trusses Treliças Estruturais
Pipe Tubulação X X X X
Flex Pipes Tubulação Flexível X X X X
MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP X X X X
Planting Vegetação
Structural Rebar Vergalhão Estrutural
HVAC Zones Zonas AVAC X X X X
Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural
Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.
118
APÊNDICE M – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A
Dados Gerais
ENTREVISTADO 1
Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.
Instituição: Hospital A
Data: 13/11/2018
Local: Dependências do Hospital
Horário: 10:30
Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado
Profissão: Arquitetura e Urbanismo
Setor: Assessoria e administração
Cargo: Coordenação de arquitetura hospitalar e engenharia clínica.
1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o.
Resposta: “O hospital foi primeiramente pensado para fazer parte do sistema de
atendimento de urgência em Belo Horizonte. Ele seria um hospital de urgência (Pronto Socorro)
também com foco no atendimento cirúrgico. (...).
Primeiramente ele foi concebido para ser um hospital público, ligado a prefeitura (...).
Logo no início já foi decidido que ele seria um hospital de urgência com foco na clínica médica
e na clínica cirúrgica, nós não temos maternidade nem temos pediatria. (...).
Quando você trabalha na definição de um equipamento público, é muito diferente do
privado (...), qual papel ele vai cumprir na rede, e quando falo rede, estou falando da rede de
todos os hospitais públicos, não só da prefeitura. (...). A gente tinha um grande gargalo de
cirurgias agendadas na rede, assim como de exames mais elaborados na rede então, por
exemplo: uma pessoa ficava 4 meses para fazer um ultrassom de útero, (...) ultrassom é um
exame simples (...), e uma falta grande de cirurgias, o pessoal ficava meses aguardando cirurgia
agendada. (...).
O hospital foi pensado dessa forma. Agora o que mudou a partir desse pensamento
original (...) foi essencialmente a PPP; surgiu quando o projeto já estava pronto, ou seja, você
fazer um contrato de PPP nesses moldes que era uma coisa totalmente nova, era uma coisa de
prazo longo (...).
119
O projeto foi iniciado em julho de 2009 (...), a empresa contratada para o projeto foi
contratada por notório saber, com dispensa de licitação por dois motivos. Primeiro porque eles
queriam garantir uma pessoa renomada na parte de projetos, e segundo por causa do tempo.
(...).
Em janeiro (2010) esse projeto foi entregue, projeto executivo, não só de arquitetura como
dos complementares. (...). No decorrer da obra – que foi muito mais longo do que se imaginava
– as coisas são dinâmicas de mais, então elas vão mudando (...), o que mudou foi basicamente
que nós não somos um hospital de urgência porta aberta, o que isso significa? (...). Teve um
acidente ali na rua, (...) foi atropelado aqui, ou eu estou passando mal ali na minha casa; as
pessoas, se vierem aqui, elas não vão ter atendimento, elas têm que ir para UPA, e da UPA são
encaminhados (...), ou SAMU (...).
Tudo é referenciado pela central de leitos, (...) a secretaria municipal de saúde tem uma
central que monitora isso tudo e que se liga com as outras centrais, liga com a central do nosso
hospital. (...). Então hoje nós não somos um Pronto Socorro porta aberta, nós somos um Pronto
Socorro referenciado. (...). Nós somos um hospital clínico e cirúrgico, que atende urgência
referenciada, não de porta aberta, e que não tem nem maternidade nem pediatria. (...).
Hoje nós temos nos andares de internação (4 andares) 80 leitos em cada andar (320), (...),
temos 30 leitos de AVC (Acidente vascular cerebral) que está funcionando no térreo, onde seria
a observação do pronto socorro. A gente tinha no projeto original 39 leitos de observação para
o pronto socorro. O que significa observação? Significa que o paciente está ali para ver para
onde ele vai; foi atendido na emergência e fica na observação para saber se vai embora, se vai
receber alta, ou se dali ele vai ser tratado dentro do hospital.
Como nós não temos isso, porque não é um hospital de porta aberta, esse lugar de 39
leitos foi organizado para atender 30 leitos de AVC (...), porque optaram por ter (no térreo)?
Pela proximidade com a parte da emergência, então por exemplo, os médicos de um paciente
grave estão lá (...), então é muito mais fácil para eles darem assistência nessa unidade de
acidente vascular cerebral, pela proximidade (...). Uma tomografia feita na hora faz toda a
diferença do cara poder ser tratado e não ter sequelas, então essa rapidez é muito importante
para o AVC, por isso ele foi instalado lá. (...).
Eu diria que ele está improvisado; como nossa instalação é muito boa ele não está ruim,
mas não está como deve ser uma unidade de AVC. Então o que nós imaginamos é que se isso
realmente vingar, se essa proximidade for realmente importante, a gente pode ter que fazer
algumas melhorias lá. (...).
120
Então eu tenho 30 leitos de AVC e tenho 80 leitos de CTI, isso é muito importante.
Inicialmente o nosso hospital tinha só 40 leitos de CTI, situados no segundo pavimento, (...)
distribuídos em 4 UTI de 10 leitos cada uma. Eles têm pessoal próprio, um serviço só deles (...),
a gente tem o CTI do segundo pavimento e o CTI do quarto pavimento.
O CTI do segundo pavimento tem a UTI 1, UTI 2, UTI 3 e UTI 4. O CTI do quarto
pavimento tem UTI 5, UTI 6, UTI 7 e UTI 8. Cada UTI tem 10 leitos, então nós temos 80 leitos
de CTI.
Inicialmente esse hospital foi projetado para ter 40 leitos de CTI. Durante a construção
(...) ela atrasou muito (...) tanto pela carência dos leitos de CTI quanto pela necessidade de dar
mais “Corpo” para essa PPP. (...).
Resolveram fazer mais 40 leitos de CTI. Como esse hospital já tinha sido previsto com
heliponto e caixa d’água lá em cima, o arquiteto deixou pilotis com pé direito duplo, e no caso
nosso pé direito nem é duplo, é quádruplo, porque cada andar tinha em torno de 5 metros, então
o que esses pilotis previam?, (...) previa a possibilidade de você fazer uma internação igual a
todos os outros no quarto pavimento (...) sem interferir em heliponto, em elevador, em nada.
Só que invés disso acontecer depois de o hospital pronto, isso aconteceu na própria construção.
Durante a fase de construção foi feito o projeto do quarto pavimento pela mesma empresa
que fez o projeto do hospital, com o nosso acompanhamento (...) e adaptou-se um andar que
seria de internação para um andar de CTI. Isso tem implicações, porque ele não nasceu para ser
CTI. Então a gente pode falar que isso foi uma reforma antecipada que aconteceu durante a
obra original do hospital.
Eu não estou considerando nesses leitos a UDC (Unidade de Decisão Clínica). A nossa
capacidade é de 12 leitos na UDC, mas isso não é contado como capacidade. Nós temos o centro
cirúrgico com 16 salas cirúrgicas, 4 salas feitas para serem de cirurgia ambulatorial (...), nós
temos o hospital dia com 15 leitos. O que é o hospital dia? No centro cirúrgico como nós temos
4 salas de cirurgia ambulatorial, tem algumas cirurgias simples que o paciente vem, faz a
cirurgia, e vai embora no mesmo dia, então ele fica nesse hospital dia. (...).
No centro cirúrgico nós temos 4 salas ambulatoriais e temos 12 salas para cirurgia média,
na verdade nossas salas são tão grandes que praticamente em termos de área nós teríamos
condição de ter cirurgia de grande porte em várias salas. Mas nós temos duas melhores, bem
grandes, que aí poderíamos fazer grandes cirurgias mesmo, até transplante.
Dessas 12 salas, nós ainda não ativamos todas, porque o hospital foi inaugurado em
dezembro de 2015 com 2 (dois) andares funcionando, e nós ficamos pequenos assim durante
muito tempo. Quando veio essa prefeitura que trocou, de abril do ano passado (2017) para
121
dezembro do ano passado (2017) nós passamos de 90 leitos para 460 leitos, então isso é uma
loucura, porque você precisa contratar gente, precisa treinar gente, e o centro cirúrgico ele vai
engrenando aos poucos. (...).
Então você tem equipes agora de ortopedistas, tem a equipe de urologia. Ai se você vai
fazer a equipe de crânio ou de coração, isso leva tempo, então nós ainda temos essas 12 salas,
6 para serem ocupadas com novas cirurgias. Então nós ainda temos uma condição de ter um
número de cirurgia maior do que nós temos.
Quanto a nossa taxa de ocupação, ela já está bem alta. Hoje, sem funcionar 100% das
salas cirúrgicas, nós estamos com uma média de 86% de taxa de ocupação desse hospital. Essa
taxa é muito puxada pela clínica médica, que já está operando a 90%. A clínica cirúrgica é mais
baixa, porque ainda tem por onde crescer, mas como taxa de ocupação geral, a gente já está
com uma taxa de ocupação muito boa. (...). Quanto maior sua demanda, melhor você está
usando seu equipamento. (...).
Nós temos um edifício com 46.000 metros quadrados de área construída, (...), nós temos,
se não me engano, 13 pavimentos. Nós temos o terceiro e o segundo subsolo de estacionamento.
No terceiro subsolo, além de estacionamento, nós temos a parte de necrotério. Temos o primeiro
subsolo (...).
Nós temos diferentes pontos de acesso, então nós temos acesso de estacionamento, que
dá acesso ao segundo e terceiro subsolo, nós temos o primeiro subsolo, que é um andar de
serviços, onde está nosso pátio de carga e descarga, e onde está nosso acesso de serviço.
Caminhões de carga e descarga, tanto para material quanto para roupa, quanto para alimento,
quanto para farmácia. Entrada de funcionários também; vestiário de funcionários. (...).
A gente tem o térreo, que é o andar do Pronto Socorro. Como nós não somos um Pronto
Socorro porta aberta, nós mudamos as placas, ao invés de chamar Pronto Socorro, nós
chamamos de Ambulatório, porque Pronto Socorro predispõem a pessoa a pensar que ela pode
entrar ali e ser imediatamente atendida. (...). Lá nós temos a UDC, e lá nós temos a Unidade de
AVC. (...).
Então você tem equipes agora de ortopedistas, tem a equipe de urologia. Ai se você vai
fazer a equipe de crânio ou de coração, isso leva tempo, então nós ainda temos essas 12 salas,
6 para serem ocupadas com novas cirurgias. Então nós ainda temos uma condição de ter um
número de cirurgia maior do que nós temos.
Quanto a nossa taxa de ocupação, ela já está bem alta. Hoje, sem funcionar 100% das
salas cirúrgicas, nós estamos com uma média de 86% de taxa de ocupação desse hospital. Essa
taxa é muito puxada pela clínica médica, que já está operando a 90%. A clínica cirúrgica é mais
122
baixa, porque ainda tem por onde crescer, mas como taxa de ocupação geral, a gente já está
com uma taxa de ocupação muito boa. (...). Quanto maior sua demanda, melhor você está
usando seu equipamento. (...).
Nós temos um edifício com 46.000 metros quadrados de área construída, (...), nós temos,
se não me engano, 13 pavimentos. Nós temos o terceiro e o segundo subsolo de estacionamento.
No terceiro subsolo, além de estacionamento, nós temos a parte de necrotério. Temos o primeiro
subsolo (...).
Nós temos diferentes pontos de acesso, então nós temos acesso de estacionamento, que
dá acesso ao segundo e terceiro subsolo, nós temos o primeiro subsolo, que é um andar de
serviços, onde está nosso pátio de carga e descarga, e onde está nosso acesso de serviço.
Caminhões de carga e descarga, tanto para material quanto para roupa, quanto para alimento,
quanto para farmácia. Entrada de funcionários também; vestiário de funcionários. (...).
A gente tem o térreo, que é o andar do Pronto Socorro. Como nós não somos um Pronto
Socorro porta aberta, nós mudamos as placas, ao invés de chamar Pronto Socorro, nós
chamamos de Ambulatório, porque Pronto Socorro predispõem a pessoa a pensar que ela pode
entrar ali e ser imediatamente atendida. (...). Lá nós temos a UDC, e lá nós temos a Unidade de
AVC. (...).
O segundo pavimento é o bloco cirúrgico e o CTI com UTI de 1 a 4, 40 leitos de CTI.
Nós temos o terceiro pavimento que é uma área técnica, a maior parte é área técnica, onde
ficam todas as máquinas de Fan coil do Centro Cirúrgico e do setor de CTI, central de vácuo,
central de osmose reversa; tudo isso está na área técnica do terceiro pavimento. O miolo dele,
próximo aos elevadores, tem os setores que não tem acesso de público nem de paciente, que é
o setor do laboratório e a CME (Central de Material Esterilizado), que fica em cima do Centro
Cirúrgico ligado com monta-cargas, porque o maior consumidor do serviço da central de
material esterilizado é o Centro Cirúrgico. (...).
Tem dois monta-cargas para o material sujo, que sai do bloco cirúrgico e sobe para o
CME para ser esterilizado, e tem dois monta-cargas de área limpa que pega o material
esterilizado e desce para o bloco cirúrgico.
Além disso a CME tem uma porta que atende o resto do hospital (...), uma porta de entrada
do material sujo e uma porta de saída do material limpo. (...). A gente tem a parte de conforto
e vestiário de Centro Cirúrgico. (...). No nosso caso, para ter o máximo possível de área no
segundo andar de sala cirúrgica, essa área, que não é pequena, está em cima do Centro
Cirúrgico, (...) qualquer pessoa que trabalha no Centro Cirúrgico vai no terceiro andar, troca de
roupa no vestiário, desce uma escada e já está dentro do Centro Cirúrgico. O plantão fica nessa
123
área (...), então é uma área de conforto do pessoal do Centro Cirúrgico, se eles têm um intervalo
entre uma cirurgia e outra eles ficam ali. (...).
São mais de mil metros quadrados de área técnica de um lado e mais de mil metros
quadrados de área técnica do outro. Está sendo usado parte dessa área técnica em cima do CTI
(...) pelo parceiro, para uma sala de mobiliário e equipamento que não está em uso.
Acima do terceiro pavimento nós temos os pilotis, os pilotis hoje é uma área livre, que a
gente pensou como uma área de descanso, tanto para o funcionário e paciente, quanto para
acompanhante. Ele também tem a mesma lógica de lado de funcionário e lado de público
separado que tem todo o resto do hospital. Hoje lá nós temos lanchonete terceirizada. Nós temos
duas salas de conforto espiritual que ainda não estão devidamente ambientada. (...). Nós temos
muito vento lá, então estamos (...) fechar com vidro e fazer área de descanso. (...) Nós temos
jardins também ambientando esses pilotis.
O quarto pavimento, que foi acrescentado, tem CTI de 5 a 8. Temos o quinto, sexto,
sétimo e oitavo andares que são internações. (...). A estrutura é como se fosse de um hospital
privado, com enfermarias de dois leitos, (...), foi uma opção do arquiteto que a secretaria
concordou, porque é um item de humanização grande, a norma te permite que enfermaria
coletiva tenha mais leitos, mas isso não se usa mais.
Não sei em reforma de hospital muito antigo, está tendo uma tendência para a questão da
humanização para enfermaria de dois leitos, e ela te dá muito mais rotatividade, por exemplo:
numa enfermaria de 6 leitos, você tem que ter enfermaria masculina e feminina, as vezes você
vai ter uma enfermaria cheia e outra enfermaria vazia com um paciente só porque é masculino.
(...).
Depois disso a gente tem caixa d’água, casa de bombas, chiller a ar, placas fotovoltaicas
– que jogam para a rede da CEMIG – e heliponto.
2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do
empreendimento.
Resposta: Na gestão do prefeito (...), ele estabeleceu alguns projetos sustentadores do
governo dele que eram projetos que ele considerava essencial para a cidade. Esses projetos
essenciais teriam uma equipe própria; um gerente (...) que tinha liberdade para montar a equipe
dele, para poder fazer o planejamento e todo o acompanhamento da instalação desses projetos
sustentadores.
124
A gerente montou uma equipe inicial de sete pessoas, eu era a arquiteta, a gente tinha
uma advogada, ela entrou mais quando decidiu que ia ser um PPP (...), e o resto era pessoal
especial, enfermeiras e médicos com conhecimento de profissionais de TI também.
Então a gente tinha nessa equipe a gerente, um profissional da área jurídica, um
profissional da área de arquitetura (arquitetura e engenharia), profissional de TI, profissional
da saúde no caso com experiência de TI. (...). Nós acompanhamos toda a fase do projeto, da
implementação a elaboração do edital da PPP.
A primeira coisa que a gente fez foi acompanhar os projetos, (...), ao mesmo tempo que
nós éramos o cliente, nós éramos quem checava isso. Essa equipe estava em constante contato
com a Secretaria Municipal de Saúde e com a SUDECAP (Superintendência de
desenvolvimento da capital). A SUDECAP era responsável pelo projeto, foi ela que contratou
o projeto.
Então nós tínhamos reuniões com parte dessa equipe, por exemplo advogado não ia lá
sempre reunir na SUDECAP, só se aparecesse alguma questão jurídica, mas eu estava em todas
as reuniões, e uma parte do pessoal assistencial também, para dar suporte nas necessidades
clínicas do projeto, e ver se o projeto estava atendendo.
Então num primeiro momento nós éramos as pessoas que solicitavam, tinha um programa
para o arquiteto seguir, e a gente falava com o arquiteto, por exemplo: quais são as
características da Unidade de Urgência que nós queremos?! (...) Em várias partes assistenciais,
CTI e Pronto Socorro principalmente, nós demos muita opinião; Pronto Socorro ele fez 3
anteprojetos até chegar no que a gente queria.
Então a gente era o cliente qualificado, uma equipe qualificada para poder falar o que ela
quer de um grande hospital (...). A gente tinha suporte de engenheiro clínico quando precisava,
que ao meu entender tinha que estar desde o início. (...). O que o engenheiro clínico faz?! A
especificação de todos os equipamentos dentro do hospital, todos! Um hospital desse porte tem
que ter um engenheiro clínico direto aqui dentro.
No caso de um hospital, nunca seria uma equipe própria, de uma prefeitura nunca vai ser;
o máximo que vai acontecer é isso que aconteceu aqui, ter um arquiteto que vai coordenar todo
o processo, que vai fazer o papel do cliente, que vai ser o elo entre o arquiteto e o cliente. Que
vai fazer um termo de referência para contratação (...), eu já estou lá, eu já sei o programa, eu
já sei o que nós queremos, então eu trabalho no edital; então desde o edital eu estou presente.
(...).
125
Uma equipe própria para projeto é muito difícil você ter, o que eu imagino que você
consiga ter é uma equipe um pouco maior do que a que nós tivemos, poderia ter um arquiteto,
um engenheiro predial e um engenheiro clínico. (...).
O parceiro contratou um engenheiro clínico na hora de finalizar a obra, porque CTI e
Centro Cirúrgico, você tem que ter um engenheiro clinico na obra que faça a ligação entre a
obra e o equipamento que você tem.
A gente já tinha um caderno de equipamento, ele já sabia que a gente estava comprando
um tomógrafo com tal capacidade (...), então ele já tinha condição de saber que o projeto
executivo não tinha atendido (...). Como esse projeto foi feito muito rápido, apesar de ter sido
feito por pessoas que tinham experiência, ele teve problemas de compatibilização, mesmo ele
tendo obrigação de compatibilizar e a gente indicando as coisas; um projeto desse tamanho
sempre tem, por isso que eu falo que 3 pessoas nessa equipe, para olhar isso era o ideal.
Porque você tinha alguém cobrindo as instalações, um arquiteto no geral na parte de
arquitetura, especificação de acabamentos, e a parte funcional e mobiliário, e você teria o
engenheiro clinico. Uma equipe maior do que isso começa a ficar muito oneroso, porque você
também precisa dos enfermeiros, da TI (...).
Essa foi a equipe embrionária, ela funcionou durante o projeto e durante a elaboração do
edital de PPP. A partir da hora que a PPP começou a funcionar; dentro desse contrato tem o que
a gente chamou de Set Up, que era a fase de planejamento integrado entre eles e a equipe.
Nessa hora nossa equipe trocou algumas pessoas e foi crescendo (...), tinha uma pessoa
só de TI, depois veio outra. Deveria ter vindo o engenheiro clínico, mas só veio agora com o
hospital funcionando. Chegava alguém para nos orientar sobre o Centro Cirúrgico e CME, no
quantitativo de instrumental, quantitativo de caixas, número de pinças.
Esse Set Up é o planejamento ampliado com a equipe deles funcionando junto da nossa.
Eles montaram o escritório na Savassi, a montagem desse escritório estava descrita como
obrigação deles, inclusive fornecimento no caso de computador, de autocad; isso tudo estava
previsto no Set Up.
Enquanto a obra estava acontecendo nós trabalhávamos nesse escritório na Savassi, assim
que o hospital liberou, que deu para liberar a área administrativa nós viemos aqui para dentro.
Aí foi crescendo mais ainda, foi criando o setor de TI, foi criando as diretorias, e cada diretoria
foi contratando, montou-se o setor de RH (...).
Quando resolveu-se fazer uma parceria público privada, a função dela era construir, (...),
equipar (tanto mobiliário quanto equipamento), e prestar todos os serviços não assistenciais do
hospital durante vinte anos.
126
Esse edital tinha mil páginas, ele tem vários anexos e o principal anexo que fala do serviço
da PPP é o anexo 5, que reúne todos esses serviços que eles prestam (...), aqui entra mobiliário
e equipamento, engenharia e manutenção predial, água e esgoto, gás, energia e controle de
pragas, administrativo de apoio, gerenciamento de riscos e seguros, patrimônio e ambientes,
serviços administrativos, zeladoria, segurança e TV, mensageria, estoques e logística, helpdesk
e telefonia.
Transporte e estacionamento (...), tem uma série de obrigações que isso fala, esse é o
contrato. Higiene, limpeza hospitalar, gerenciamento de resíduos, hotelaria, lavanderia e
rouparia hospitalar. Nós não temos lavanderia própria, a gente tem a lavanderia terceirizada que
está sob gestão do parceiro. (...) Serviço de nutrição e dietética, que é a cozinha e refeitório,
comércio de lanchonete, (...) comércio de máquinas de conveniência.
Tecnologia, parte de TI, central de serviços, Service desk, infraestrutura de rede e
telecomunicações, microinformática, número de computadores que eles tinham que
disponibilizar, centro de processamento de dados, reprografia e impressão, sistemas de
informação, controle de acesso, controle de ponto, CFTV. (...)
3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.
Resposta: O projeto tinha sistema construtivo de laje nervurada, que é muito utilizado em
hospital porque ela te permite vencer grandes vãos e ao mesmo tempo te permite passar
tubulação.
Qual a desvantagem da laje nervurada?! A espessura dela. Mesmo assim ela é melhor que
a convencional, porque a convencional você vai ter grandes vigas e vigas menores; com a
nervurada você consegue diminuir a sua altura máxima de viga, que no caso de hospital é muito
importante por causa do ar condicionado e das milhares de instalações, mas o que dita mesmo
é o ar condicionado.
Se você passa o ar condicionado, que é um trambolho, você passa qualquer coisa. Na
parte hidráulica e elétrica não precisa de grandes coisas, (...) mesmo gás medicinais são
pequenos, não tem grandes problemas. O sistema pneumático também é pequeno (...) e a central
dele também fica naquela nossa área técnica.
A gente tinha as lajes nervuradas com as cortinas (...), para o subsolo teve desaterro. Tem
se cortinas, arrimo, etc. Não sei te dizer se alguma parte tinha uma estrutura convencional de
viga com laje, pode ser que sim, na periferia, onde não tem as cargas que vem do edifício,
porque a projeção do edifício é menor do que a caixa.
127
A caixa vai até os pilotis, no terceiro pavimento é que tem a grande transição estrutural.
(...). Tinha-se uma distribuição de pilar de aproximadamente 7 metros. (...). No terceiro
pavimento, que é o teto dos pilotis, que é onde está a área técnica, você tem a transição, o
sistema estrutural de cima, que tem um posicionamento de pilar ótimo para se ter internação,
que não exige vãos tão grandes. (...).
Quando foi construído, o pessoal da construtora pediu para mudar o sistema construtivo
para laje protendida, (nunca faça isso), (...). Problemas de mais, e carga concentrada que a gente
tem (..), o magneto da ressonância magnética que pesa 7.000 quilos. (...).
A SUDECAP que estava coordenando isso, então a questão deles de tempo era
verdadeira, eles levariam muito menos tempo. O que eles quiseram passar para a gente como
grande vantagem é que não tem viga, então você tem um pé direito livre. (...).
Não foi previsto um rebaixamento da área de imagem, do tomógrafo, da ressonância, para
você passar, (...) você faz um rebaixo, um contra piso, e passa todos os tubos do tomógrafo ali
no meio (...). Nisso o BIM é excelente, porque a gente deveria ter deixado a laje do tomógrafo,
do setor de imagem como um todo, fazer a laje mais baixa do que o nível do piso, encher com
contra piso, porque ali eu poderia fazer instalação de equipamentos de imagem sem furar a laje
protendida.
Então para você usar a laje protendida, você tem que ter esse planejamento, esse cuidado.
Mesmo assim é complicado, porque se você quer adicionar um lavatório, se você quer reformar
um andar e por banheiro, (...). Você tem no projeto, você tem na laje desenhado o lugar (das
cordoalhas) mas o negócio está a mais ou menos 50cm um do outro, (...), você vai arriscar a
furar um negócio daquele!? Você vai ter que ter um ultrassom, vai ter que fazer uma prospecção,
(...).
Aqui ainda teve um grande problema, a construtora, que estava construindo e que quis
mudar o sistema construtivo, abandonou a obra. Então foi contratada outra construtora para
terminar a primeira fase, (...).
Como era uma obra pública teve que fazer uma outra licitação, o que atrasou muito. E o
que veio não queria saber de laje protendida. Então (...) nós temos uma mistura de laje
protendida de onde já estava pronto, com sistema convencional. Nossas internações, acho que
é tudo com sistema convencional (moldado inloco) (...). Laje nervurada acabou que não fez,
nós temos sistema convencional e laje protendida. (...).
O hospital utiliza shafts para instalação e um sistema de forro removível e forro de gesso.
Nas áreas restritas que tem problema com assepsia é proibido ter forro removível,
obrigatoriamente você tem que ter esse forro aí (gesso). (...).
128
A gente tem 10 elevadores, cinco elevadores de serviço e cinco elevadores sociais. Esses
elevadores estão concentrados criando eixos internos e eixos públicos. (...). Os sociais estão
tranquilos, os de serviços nós já estamos trabalhando estourando, porque!? O que vai no
serviço? Paciente de atendimento, paciente que sai da internação e vai fazer algum exame (...),
roupa limpa, material limpo, roupa suja, material sujo, cadáver, etc. (...).
A questão de incêndio é complicada em hospital. Tem uma norma que fala que você tem
que ter elevador de emergência, não fala da quantidade, (...), ele está pressurizado, tanto o foço
dele é fechado quanto o hall dele, não é nem para evacuar o prédio, é muito mais para o
bombeiro chegar nos andares. Se você pensar que vai evacuar paciente em maca, você teria que
ter muito mais. (...).
Fez uma adaptação para cumprir a norma, usou-se esse último elevador como de
emergência, fez essa parede corta fogo, isolou o fosso dele em relação aos outros e pressurizou.
(...). Todos os elevadores têm tamanho de cama, hoje em dia não é nem elevador de maca, é
elevador de leito. O paciente é transportado no leito, (...).
4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do
empreendimento.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
5) Analise os processos de contratação adotados.
Resposta: Isso ainda está em discussão. Como eu estou aqui no quadro do hospital, as
modificações de arquitetura eu faço, projeto executivo e projeto de instalação tem que vir outro
fazer, então isso não está contemplado aqui (nos contratos), aqui só fala o seguinte: projeto é
por conta do poder concedente, mas não tem uma coisa assim, se o parceiro ampliar, faltou isso,
se ele ampliar tantas é contado de tal forma no contrato dele, isso não foi previsto. Nós estamos
na maior batalha aqui, porque é o tempo todo reforma.
6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles
relacionados a manutenção ou reformas.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam
elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.
129
Resposta: A que mais mudou do projeto original foi a de CME, porque no tempo que esse
hospital ficou parado a norma mudou, a norma de central de material esterilizado mudou, não
foi nem a de arquitetura, foi a funcional como um todo, mas tem coisas que a arquitetura tem
que seguir o funcional senão você não consegue aplicar.
Eu fiz esse projeto na área que era a CME, tinha previsão futura de um laboratório de
genética, que o arquiteto achou que deveria ter. Como nunca é demais você prever área de
expansão, nós deixamos, e logo de início nós usamos esse lugar para ampliar a CME.
Outra coisa que não tem jeito de fazer é um projeto executivo ser seguido à risca (...). O
laboratório nós mudamos ele pouco, mas as instalações estão totalmente dependentes de
equipamentos. Se você faz o laboratório antes de saber quem vai operar as máquinas dele você
tem adaptação. O nosso foi um jogo, não estava pronto, mas não era do parceiro, então o
parceiro foi construindo e teve que mudar quando nós chegamos com o projeto. (...).
Área de TI e almoxarifado, tive que fazer um provisório na garagem, porque as coisas
estavam se acumulando na circulação. Nós vamos fazer a ampliação de um definitivo,
provavelmente no terceiro subsolo ligado com um monta-cargas de baixo do existente, para
facilitar a logística. (...)
São coisas pontuais fora essas reformas. O acréscimo do CTI foi grande, e temos
adaptações internas, por exemplo: na hemodinâmica que é um setor restrito a gente teve que
transformar a sala de material limpo em farmácia satélite, porque do jeito que o hospital foi
previsto aqui (...) não tem nenhum material que sai sem controle, a gente teve que montar essa
farmácia que na verdade não é só de medicamento, é material médico hospitalar também.
Nosso sistema pneumático poderia servir para várias coisas, (...). No contrato não estava
estabelecido, estava estabelecido no projeto o número de estações, mas não estava estabelecido
o número de centrais. (...). Para a gente ter farmácia e laboratório, (...) o nosso laboratório está
num lugar onde o usuário não vai, então obrigatoriamente, na concepção do projeto, as amostras
do laboratório teriam que vir pelo pneumático, para você aproveitar a agilidade do pneumático.
(...).
Então quando eles foram instalar (construtora), não tinha nada especificado, e tinha um
“desenhinho” de uma maquininha lá na central, no desenho de arquitetura tinha uma máquina
representada, eles falaram assim: “só uma máquina, não tem nada falando aqui que eu tenho
que ter duas máquinas para fazer a compressão”. Então o que nós fizemos, (...), como o
laboratório é nosso e a farmácia é deles, (...), a prioridade do pneumático é laboratório. (...).
Outro lugar que tivemos que fazer um ajuste foi o setor de imagem. Todo esse setor
tecnológico sobre diferença, principalmente se a obra demora. Às vezes você tem modelo novo
130
que ocupa mais ou menos espaço, e também o serviço que você presta, então por exemplo: você
faz um projeto que previu uma hemodinâmica, (..), você poderia ter feito duas, a gente
aproveitaria muito mais. (...). Então é questão do atendimento que você fornece, ao invés de ter
3 raios X você ter 5 raios X, ao invés de você ter 2 tomógrafos você ter 4 tomógrafos, ao invés
de ter uma ressonância magnética você ter 4 ressonâncias magnética. (...). Público alvo você
pode chamar de definição assistencial.
8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.
Resposta: Aqui nós temos tido quedas de energia que tem interferido no setor de imagem,
principalmente nos exames de imagem. Falhas do sistema de TI nós já tivemos em um ano 3
quedas que deram problemas.
Teve vez que o gerador entrou em funcionamento e interrompeu os nobreaks, (...), afetou
até o CTI. Os aparelhos que mais exigem manutenção são os do sistema pneumático e os
aparelhos de imagem. Toda hora da um problema. Laboratório também, purificador de água
têm ¼ estragados. (...).
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APÊNDICE N – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A (PPP)
Dados Gerais
ENTREVISTADO 2
Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.
Instituição: Hospital A
Data: 29/11/2018
Local: Dependências do Hospital
Horário: 10:30
Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado
Profissão: Arquitetura e Urbanismo
Setor: Planejamento (Concessionária)
Cargo: Gerente
1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do
empreendimento.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do
empreendimento.
Resposta: A concessionária tem parceiros, que são empresas especializadas em cada área.
E no caso da manutenção tem uma empresa especifica, (...), que faz a parte de manutenção do
hospital que é parceira da concessionaria. É uma empresa estruturada (...) ela está na
concessionaria em duas figuras, como parceira (sócia), mas ao mesmo tempo tem o contrato de
serviço independente de ser sócia, é como se fosse contratada outra empresa. (...). Se não ia ser
muito difícil lidar com o serviço, toda vez o sócio poderia falar “alivia para mim”, dessa forma
não daria, temos que separar as coisas.
132
Esse é um dado importante para gestão, temos um contrato mesmo sendo sócios, um
contrato de serviços que tem os mesmos controles e exigências para com outras pessoas. (...).
A “empresa” já vem com toda a bagagem da estrutura de manutenção deles, e por outro lado
foram implantados uma serie de procedimentos operacionais padrão específicos para a
manutenção daqui. Foi feito uma customização específica para aqui, tem o plano de manutenção
preventiva e corretiva. Não vou te dar detalhes desse plano de manutenção corretiva, mas te
falo tem esses planos. Nós tentamos fazer um controle rigoroso para que esses planos sejam
atendidos.
Por outro lado, nós temos também a certificação ISO (...), somos todos certificados, tanto
o hospital (...), quanto nossos parceiros. A “empresa” está certificada junto com a gente nesse
serviço que ela presta.
Existe todo um plano de manutenção preventiva que envolve todos os equipamentos e
instalações prediais, assim como todos os equipamentos hospitalares, pois estão no nosso
escopo. (...)
A equipe da “empresa” tem especialista de cada área, eletricista, pessoal que mexe com
hidráulica, ar condicionado, basicamente todas as áreas. Tem uma central de help desk, qualquer
funcionário do hospital, seja do consórcio ou do hospital, liga no help desk, abre um chamado
e informa qual o problema, e faz a corretiva. Essa correção tem um prazo, não vou lembrar
agora qual o prazo do atendimento de cada tipo de corretiva, então o pessoal vai e atende.
Tem uma questão importante que é a disponibilidade do local para puder atender, como
um quarto de CTI por exemplo, se tem que fazer alguma intervenção que da poeira ou barulho,
temos que esperar que a enfermaria disponibilize o leito para que a gente possa acessar e fazer
a manutenção. Então tem esses porém que são próprios de hospitais, por causa da
complexidade.
5) Analise os processos de contratação adotados.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles
relacionados a manutenção ou reformas.
Resposta: Os mais corriqueiros são manutenção preventiva de ar condicionado (...), nesse
caso que os equipamentos do hospital (...) estão no pavimento técnico facilita a manutenção,
porque você não precisa interferir no leito para fazer manutenções, que é o terceiro pavimento.
133
Então da para fazer manutenção de forma tranquila, sem impactar em nada a operação do
hospital.
Já outras áreas, administrativas por exemplo, os equipamentos ficam no entre forro, então
tem toda uma logística, porque tem que abrir o forro (...), temos a vantagem de que onde tem
esses equipamentos entre forro, o forro é desmontável, teve essa preocupação do projetista de
fazer um forro desmontável, fácil de acessar.
Na época o projeto foi bastante instrutivo, preferiu usar o entre forro do que fazer uma
casa de máquinas independente. (...).
O mais corriqueiro é manutenção preventiva de ar condicionado e de elétrica, é o que
mais requer recursos da empresa, que mais demanda atenção.
Já corretiva entra hidráulica, torneira ou vaso entupido, vazamento de esgoto, esse tipo
de coisa. E elétrica na parte de tomadas, quedas de energia, mas que tem muita decorrência da
distribuidora de energia, às vezes não é uma questão nossa, daí entram os geradores.
7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam
elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.
Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)
8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.
Resposta: Acho que não teve, como é um hospital novo, a infraestrutura é toda nova, não
teve uma manutenção corretiva de grande impacto ainda, que eu me lembre. Os equipamentos
são todos novos. Bom, a empresa tem um software próprio, que é o Prisma para fazer a gestão,
então nesse software eles fazem toda a programação, registram a corretiva, ordens de serviços
abertas pelo help-desk.
Nós também estamos implantando o Interact para fazer a gestão da qualidade, então nos
estamos implantando agora um fluxo de aprovação de ordens de serviços que não tem a ver
com corretiva, tem a ver com questões de projeto. Estamos justamente nesses dias implantando.
Como esse hospital é uma PPP, tem duas questões trabalhando em paralelo, em parceria,
tem que ficar muito bem registrado as ordens de serviço que não são de nosso escopo, porque
no futuro alguém pode questionar o porque nos mudamos algo. Então a gente está tentando um
fluxo de abertura de ordem de serviço, se necessário e tiver um impacto no orçamento, no prazo,
na operação do hospital, a gente pode registrar isso e o porque dessa necessidade na alteração
do projeto.
134
Isso vai desde uma alteração de projeto como acrescentar tomadas onde não tem, elétrica
ou de rede, cabeamento estruturado (...) acrescentar ou tirar ou realocar; ate divisória, pintura,
estrutura.... coisas de maior porte. Tem que, como uma alteração de projeto, registrar e fazer
um As built, nesse final do fluxo tem que ter esse As built. Esse fluxo começa pela empresa,
recebendo a ordem de serviço, de alguém que está precisando desse serviço, passando pela
concessionária, que no caso sou eu, e terminando no hospital aprovando essa alteração.
(...) nesse novo fluxo que te falei do Interact, se fosse agora as alterações que foram feitas
de imagem, a gente entenderia que tem um impacto no orçamento e faríamos uma proposta
disso, sendo aprovado pela prefeitura e pelo hospital, e a gente desenvolveria esse projeto e
executaria.
(...) se houver alteração do projeto na obra importante, ele tem que voltar (para a
terceirizada), mas alguns tipos de coisas acabam não voltado (Faz referência a uma alteração
de onde está a tubulação). Isso eu acho que não é uma necessidade, pela prática hoje na obra
não se faz um As built com essa exatidão. Hoje não se tem essa noção, quem faz o As built não
faz pensando no cara que vai fazer a manutenção depois, muitas vezes inclusive a maioria das
vezes quem faz o As built não tem nada a ver com o cara que faz a manutenção. Faz mais de
acordo com o projeto.
Inclusive o cara que faz o As built tem que acompanhar a obra para saber onde está
passando uma tubulação, se não fechou a alvenaria nunca mais sabe onde esta. Isso quer dizer
que no caso do BIM, quem estiver envolvido com o projeto vai ter que acompanhar a obra.
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APÊNDICE O – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital B
Dados Gerais
ENTREVISTADO 3
Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.
Instituição: Hospital B
Data: 16/11/2018
Local: Dependências do Hospital
Horário: 10:30
Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado
Profissão: Engenharia Elétrica
Setor: Engenharia de manutenção
Cargo: Superintendente
1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o
Resposta: O hospital foi inaugurado em junho de 2014, (...), é um hospital geral (...),
basicamente que atende todas as especialidades, ele atende todas as fases de vida de uma pessoa.
Temos Pronto-Socorro, áreas de imagem, andares de internação, Centro Cirúrgico, CTI,
(...). Basicamente Pronto Socorro; no terceiro andar é o CTI, no quarto andar oncologia, áreas
de imagens, quinto andar Centro Cirúrgico, sexto andar é o andar técnico que fornece insumos
para o Centro Cirúrgico, insumos de climatização e insumos de materiais esterilizados para o
Centro Cirúrgico; sétimo até o décimo primeiro são andares de estacionamento; o decimo
segundo tem andares de internação pediátrico; UTI pediátrica.
Do décimo terceiro até o décimo nono nós temos os andares que são unidades de
internação, e o vigésimo andar nós temos um andar mais técnicos com as equipes de
manutenção, TI, e algumas áreas técnicas de subestação. Algumas maquinas de climatização
do hospital e transformadores. E vigésimo primeiro o heliponto do hospital.
O segundo é a recepção geral do hospital, que a gente chama da internação, andares de
diretoria, acesso ao restaurante, um andar mais administrativo vamos dizer.
O primeiro subsolo nós temos um pequeno estacionamento, e temos algumas áreas
técnicas. A parte elétrica desse hospital é dividida em dois locais, uma subestação de baixo que
atende uma parte do prédio e uma subestação de cima, que atende de cima para baixo. Nós
136
temos os serviços de nutrição e dietética, que fornece alimento até para rede hoje, localizado
aqui e fornece para os dois hospitais.
Segundo subsolo é mais a parte administrativa mesmo, (...), onde a gente tem gerência da
qualidade. A gente tem um serviço importante que é a hemodiálise e toda a área de auditório,
salas de reunião do hospital. (...).
O prédio foi construído todo em fórmica (...), por uma questão de higienização, com um
custo de manutenção mais baixo, apesar do custo do investimento ser mais auto. Toda a parte
de piso das áreas foram feitas em granito; foi feito um estudo na época de capacidade, a gente
acaba trabalhando, principalmente em Centro Cirúrgico e CTI, com materiais que são abrasivos
e que mancham muito o piso, então foi feito um estudo desde o hospital antigo, e chegou à
conclusão que o piso que tem (...) um menor nível de manutenção e erro, do ponto de vista tanto
de higienização quanto de resistência mecânica. (...).
Em todo o hospital a iluminação é de LED. Nesse hospital, desde a época de projeto foi
feito um estudo com relação à eficiência energética (...), o sistema nosso de climatização do
hospital (...) utiliza sistema centralizado de água gelada, isso também é algo que torna o projeto
com uma eficiência energética maior.
No hospital novo que estamos fazendo em Betim nós já tomamos uma medida diferente,
que é uma evolução em relação ao que fizemos aqui. Nós fizemos uma simulação energética
do hospital, então a gente pegou o projeto arquitetônico e fizemos uma simulação energética
do hospital para determinar qual o tipo de parede, qual o modelo de iluminação, qual o melhor
modelo de climatização, de tarifa de energia, e aquecimento de água.
Então nós tivemos cinco frentes de atuação. A gente tinha matrizes de decisão para ver
qual é o melhor, porque em alguns casos, como o sistema de climatização, a gente teve um
custo de investimento mais alto, mas com uma expectativa de operação mais baixo. (...)
Sistema de climatização principal feito por água gelada, por essa questão de eficiência
energética. Claro que em alguns locais que são áreas mais fechadas tem um Split, um sistema
comum de água gelada, mas o principal sistema de climatização do hospital são 3 chillers,
sendo que a gente trabalha normalmente com 2 (...), 1 chiller mais redundante para uma questão
de falha.
O sistema de aquecimento de água do hospital é feito por aquecimento de passagem (...),
o próprio chiller, que é um sistema para refrigerar a água (...), só que para ele fazer esse processo
ele tem compressores que aquecem, então ele tem um sistema de reaproveitamento energético
nos chillers, que tem um trocador de água (...), pela parte externa dos compressores eu resfrio
o compressor e aqueço a água, então eu tenho um sistema de água de preaquecimento, que é
137
esse sistema, e depois passo para o aquecedor de passagem que basicamente são aquecedores a
gás de pequeno porte (...).
Sistema de geração de energia, a gente tem quase uma usina aqui dentro, a gente tem uma
capacidade que é praticamente o dobro da capacidade atual. O fundador do hospital tem uma
visão que em algum momento o país vai passar por um racionamento tão forte que o hospital
vai precisar de um sistema de geração que consiga atender não só emergência, mas que atenda
durante um tempo grande fornecimento de energia para dentro do hospital. (...).
Os geradores têm uma característica importante, porque são a gás, então nós temos
geradores biocombustível e a gás, isso é importante porque além de poluir menos, o
abastecimento é contínuo, você não precisa ir lá e ficar abastecendo-o, é uma canalização que
vem desde a rede para dentro do hospital.
A gente tem quartos no hospital que se uma pessoa está internada e ela não possa ter
contato com o ar externo, então eu tenho uma condição de criar uma pressão positiva dentro do
quarto para não deixar que o ar externo venha. Da mesma forma, se eu tenho uma pessoa que
está internada e que as pessoas de fora não podem ter contato com ela, como um caso de
tuberculose, essa pessoa pode transmitir para o meio externo, eu tenho condição de fazer com
que meu sistema de ar condicionado funcione com pressão negativa, então ele sempre está
puxando o ar para dentro dos quartos.
Hoje temos um sistema robótico no hospital, um robô que compramos no ano passado
que faz cirurgia sem ter contato do médico com o paciente (...). É o segundo robô que existe no
Brasil, um em São Paulo e outro aqui. O que se ganha com isso?! Precisão, se você vai fazer
uma cirurgia que ela demanda precisão, naturalmente se é uma pessoa que está operando, a
pessoa treme; o robô tem um sistema de controle e compensação que você pode tremer que ele
não transfere aquele movimento (...).
Nós temos muita tecnologia, a própria infraestrutura do prédio nós utilizamos muita
tecnologia, acústica por exemplo, todas as paredes têm manta, tanto térmica quanto acústica
(...). Desde o começo, o projetista desse hospital, a empresa que foi contratada para ser a
projetista teve uma preocupação muito grande com eficiência energética. (...).
Desde o começo o fundador do hospital tem uma preocupação do atendimento ser
diferenciado, humanizado, e o hospital conta hoje com dois espaços grandes de jardim (...), o
paciente que está em um tratamento, está aqui a alguns dias, possa ir do lado de fora do hospital;
nós temos um jardim no décimo terceiro andar (...). No décimo segundo nós temos uma capela
para as pessoas que estão precisando de algo relacionado à fé delas (...), e ao lado da capela
também tem um jardim que elas podem ir e conversar.
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2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do
empreendimento.
Resposta: Eu não estava aqui quando esse prédio foi construído, mas eu estou
participando de uma outra construção do hospital (...). A estrutura do hospital é a seguinte, o
hospital tem uma equipe, que é uma equipe de grandes obras (...), por exemplo: a construção
de um novo hospital, então tem uma equipe, o hospital por iniciativa opta por não terceirizar a
gestão da obra, é tudo interno. Tem dois engenheiros que construíram o primeiro bloco, que é
o outro hospital, o segundo bloco construiu esse (hospital), e agora estão construindo o outro
hospital.
A gente chama o seguinte; a nossa equipe é de engenharia de manutenção, na verdade é
a engenharia de operação nos outros hospitais. Então o hospital foi construído, daí ele vem para
gente manter aquele hospital, só que manter aquele hospital, é o que você falou, tem uma série
de obras que acontecem no hospital, e muitas vezes não são obras pequenas, é uma obra de
estruturação completa de um Centro Cirúrgico, a gente acabou de fazer uma obra de
restruturação completa do Centro Cirúrgico no outro hospital. Então são obras grandes dentro
de um hospital, essa equipe é comigo. (...).
Como foi o planejamento de construção desse hospital. Os donos enxergaram como uma
oportunidade, viram que o outro hospital antigo nosso já estava com uma ocupação alta (...).
Cada vez mais o setor hospitalar está passando por um momento que os hospitais
pequenos eles começam a não ter condição de sobreviver. Porque eles não têm condição de
sobreviver?! As negociações ficam mais difíceis, tanto negociações de compras quanto
negociações comerciais com planos de saúde, se você não tem escala para negociar fica muito
difícil. (...) É muito mais difícil um hospital com 300 leitos, com 100 leitos, com 50 leitos
negociar do que com um hospital que tem 1.000 leitos, ou uma rede que tem 1.000 leitos. O
poder de negociação aumenta.
O hospital começou a perceber isso (...), foi feito um planejamento, uma análise de
mercado e viram que era necessário expandir e que tinha uma boa oportunidade nesse local,
nesse terreno. (...).
Depois passou-se para uma fase de projeto (...), o projeto foi feito com uma empresa de
arquitetura de São Paulo, (...), que é uma empresa famosa na construção especializada no ramo
hospitalar. Foi feito inicialmente um projeto de arquitetura (...), a gente toma muito cuidado
com o hospital ao fazer com que os gestores participem da construção, da filosofia do projeto.
139
Então foi um projeto, tanto aqui, como no outro empreendimento que estamos fazendo, a gente
trabalha muito com os gestores.
Então a gente vai construir o Centro Cirúrgico, a gente pega e conversa muito com o
gestor do Centro Cirúrgico tentando entender; o que não funciona bem no outro hospital? O
que funciona muito bem? O que a gente tem que replicar de um hospital para o outro? E a gente
começa a estruturar, isso eu acho muito interessante nos empreendimentos que o hospital faz.
Por outro lado, eu acho que tem que tomar um cuidado em relação a isso, porque se não
todo mundo para de pensar com a cabeça sistêmica e passa a pensar que o setor dele é o setor
mais importante e esquece do todo.
A gente sempre tem um gestor de projeto que vai coordenando isso (...). Essa questão de
fazer com que o gestor do setor participe do início da construção é uma filosofia e uma cultura
que o hospital tem e utiliza isso muito bem. (...).
Posteriormente foram comprados os projetos detalhados (executivos), (...), projeto
elétrico, projeto hidráulico, projeto de climatização, projeto do sistema de chamadas de
enfermagem, projeto do sistema de correio pneumático (...), dados e telefonia, (...).
Como que aconteceu com o hospital que a gente está construindo em Betim; nós
contratamos uma empresa que fez quase todas as especialidades, basicamente não fizeram ar
condicionado, (...). É claro que quando eu vou comprar o sistema, eu “fiz” todo o projeto de
correio pneumático, quando eu compro do fornecedor especializado, é lógico que tem um As
built, alguma modificação (...), a gente toma muito cuidado também para não direcionar
nenhum fornecedor, então fazer um projeto para receber uma estrutura de um sistema
exatamente daquele fornecedor não faz sentido para gente. A gente tenta comprar algo mais
genérico e depois acaba pegando com o fornecedor que a gente fecha.
O que a gente tem de problema normalmente; um ponto que a gente tem que avançar é
na equalização disso tudo, sempre quando você diversifica muito, você tem uma dificuldade de
equalizar. O forro é único, e eu vou passar em cima daquele forro tubulação elétrica, eletroduto,
tubulação de água, de ar condicionado, de correio pneumático, net, e compatibilizar isso tudo é
muito difícil. É um ponto que acho que a gente tem que trabalhar e que naturalmente o BIM
ajuda muito nisso. O BIM até visto como uma ferramenta só (...).
O hospital tem, conforme eu te falei, uma equipe de obra que trabalha na construção de
outros hospitais (...), essa equipe tem engenheiros, tem uma equipe de compra separada para
dar velocidade no processo, tem uma equipe de eletricistas, bombeiros; é lógico que esses
eletricistas e bombeiros não conseguem fazer todas as frentes do hospital, então a gente tem
que terceirizar, por exemplo: instalações elétricas.
140
Quando a gente pega a instalação elétrica de uma subestação, isso foi um tratado de uma
empresa para poder fazer, pela criticidade e pelo nível de especialização que precisa, mas
quando eu vou fazer a parte de instalação elétrica dessa sala (reunião) você não tem um nível
de especialização muito alto desde que ele esteja correto no projeto. Então a gente tem uma
equipe primária e subcontrata algumas frentes de trabalho por exemplo hidráulica, algumas
coisas de elétrica, alguns sistemas mais especializados.
3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.
Resposta: (...) como funciona o sistema (pneumático), eu tenho cápsulas, um sistema que
é um circuito que indica de que ponto até que ponto, por exemplo: a farmácia quer mandar um
medicamento para o décimo quarto andar, tem uma capsula que é do décimo quarto andar, só
dela colocar na capsula vai para o décimo quarto andar.
Então eu tenho um sistema de compressão via pneumático, e ao longo do caminho
equipamentos que são desviadores (...), eu chego em determinado desviador e ele já sabe que
tem que seguir um determinado caminho (...). A gente fez uma contagem a pouco tempo, em
um mês o que a gente utiliza nesse hospital daria para gente ir daqui a São Paulo umas 3 vezes,
porque o sistema mede a quilometragem. Imagina o tanto que a gente ganha de produtividade
com isso; o tanto que a gente tira de possibilidade de erro de entrega de medicamento,
retrabalho, problema de transporte. (...) no correio pneumático, um equipamento eu garanto que
ele não vai quebrar, mas uma pessoa levando ela pode deixar cair e quebrar. (...).
O hospital foi feito em estrutura metálica e Steel Deck. A gente utiliza paredes de bloco
sical (paredes internas); a parte externa nós temos fachadas que são de ACM, alumínio, e tenho
outra parte da fachada que é feita de vidro. (...).
4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do
empreendimento.
Resposta: Manutenção. Nós temos aqui 3 tipos de manutenção que a gente utiliza hoje, 2
de manutenção mais básica, que é a manutenção corretiva (...). Por exemplo: não faz sentido eu
trocar lâmpada de uma forma preventiva assim como não faz sentido eu tentar fazer predição
de quando que a lâmpada vai queimar. Então é o modelo mais barato de manutenção, nesse
sentido, é o modelo de manutenção corretiva. (...).
Nós também temos um modelo de trabalho preventivo (...), o setor hospitalar é muito
normatizado no sentido preventivo (...), e isso está muito correto de ser assim, tem
equipamentos, principalmente equipamentos médicos que de tempos em tempos eu tenho que,
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independente de ele estar com indício de falha ou não, trocar um filtro, de tempo em tempo eu
tenho que fazer uma calibração, ou de tempo em tempo eu tenho que trocar o óleo de algum
equipamento. A gente tem um cronograma, muito bem estruturado, a gente tem nos dois
hospitais certificações internacionais (...), assim como vigilância sanitária, (...).
Além disso a gente tem um modelo, em algumas áreas e sistemas mais críticos de predição
de falha. Por exemplo: a gente faz termografia em sistema elétrico, termografia é um sistema
de manutenção preditiva porque eu vejo como está a troca térmica (...). A gente faz isso em
alguns equipamentos médicos, por exemplo: Tem equipamento médico que mede a pressão,
então você começa a perceber que a pressão está diminuindo, você já sabe que tem um indício
de falha futura. O equipamento está completamente apto a operar, mas você já começa a ter
uma predição de falha (...).
Além disso a gente tem um modelo, que a gente consolidou muito bem nos últimos
tempos, que a gente chama de inspeção com base na condição (...). Eu tenho técnicos que todo
dia passam em determinados pontos, nos sistemas críticos que a gente tem “enxergando” como
está a condição, ele passa numa subestação e ouve se o barulho do transformador se está
diferente do dia anterior, se não tem um cheiro diferente, assim como ele passa e olha o nível
de água de um determinado tanque, se o nível está mais baixo e ele tinha que operar em um
determinado nível. A gente acredita muito nisso, na proximidade com o equipamento. (...).
Com relação a reformas (...), a reforma do dia a dia está dentro da manutenção como um
todo, se alguém bate nessa parede quebra eu vou trocar e pronto, isso eu entendo mais como
uma manutenção do que uma reforma.
O setor de reformas a gente está com um planejamento anual, nós fazemos um
planejamento sempre ligado ao nosso orçamento. Nós acabamos de fazer em outubro, nós
determinamos as obras priorizais para o próximo ano, foi um escopo de obras por etapas. É
lógico que isso varia, a gente tenta fazer uma previsão, mas o mercado de saúde é muito
dinâmico e isso varia também. Se você me perguntar se eu executo 100% das obras que são
planejadas por ano, não executo! Porque entram obras que não estavam planejadas, mas eu
tenho um modelo de negociação com a diretoria do hospital (...).
Nós temos uma equipe de obras internas, eu tenho um engenheiro civil ligado a mim que
é responsável por essas obras, com uma equipe de eletricistas, bombeiros, pedreiros, ajudantes
(...). É uma equipe ligada as obras que são menores, as ampliações que estamos fazendo.
Cada obra, exceto obras menores, (...) a gente sempre contrata algum escritório de
arquitetura, ou um projetista para fazer os projetos para gente, tanto os projetos de arquitetura
quanto os projetos elétricos e complementares.
142
A gente executa, é lógico que a gente terceiriza algumas coisas também, quando a gente
vai fazer algo muito especializado na parte elétrica a gente normalmente contrata. A gente vai
fazer uma obra que depende de telhados, a construção de um novo telhado, não tenho equipe
especializada em construção de telhados, então a gente acaba especializando. Algumas questões
de vedação e de interiorização, a gente faz contratação (...).
Onde a gente pode crescer (...), eu acho que a compatibilização nossa é muito ruim, a
filosofia é muito ruim, mas tem algumas coisas que a gente faz, pegando a filosofia do BIM, a
metodologia como um todo, a fase de planejamento a gente tem que desenvolver um pouco
melhor, mas a gente tenta envolver as áreas que são a fins do projeto, acho que isso é muito
interessante.
A gente envolve também a equipe de manutenção (...), esse é o melhor perfil de
construção que a gente tem do ponto de vista de manutenção (...). Durante as fases de obra a
gente discute muito isso, controle de infecção, poeira em suspensão, barulho, tremor, qual a
roupa que a pessoa tem que utilizar naquele local, até onde que ela pode ir com aquela roupa;
isso é muito interessante porque é algo que não é feito só por nós, existe um setor de controle
de infecção no hospital, que a gente preenche qual a obra que a gente tem que executar, qual o
escopo, como ela vai ser feita, em conjunto com essa equipe são estabelecidas as medidas de
controle que a gente precisa ter para aquela obra naquele período.
Essas medidas são acompanhadas diariamente, todos os dias a gente tem um DDS, que é
um diálogo diário de segurança, que a gente fala sobre questões de segurança do trabalho, mas
ao mesmo tempo a gente relembra para as nossas equipes as condições de controle de infecção.
Então esse formulário é de trabalho mesmo, não é um formulário que faz e fica engavetado, as
pessoas consultam ele para saber o que tem que fazer. (...).
Início de obra, dentro do planejamento, a gente estabelece um escopo básico de obra. Essa
obra o projeto é esse, qual é o tipo de parede que nós vamos ter, qual o tipo de piso, o que nós
vamos entregar, qual a possibilidade da gente entregar a sala montada, ou quem vai mobiliar é
o próprio setor; então cada obra tem a sua característica.
Então nós temos o escopo muito bem definido antes. O que a gente faz pós obra; durante
o período de obra a gente faz reuniões de acompanhamento (...); e pós obra, nós temos um
modelo de entrega de obra (...), ele envolve a manutenção e a operação daquele setor. A
manutenção é treinada sobre aquela mudança que aconteceu naquele local, e a operação é
treinada também sobre as mudanças, assim como a utilização como um todo do espaço. (...).
Existe falhas (no As built), não vou falar que ele é 100%, mas é algo que a gente vem
crescendo muito. Esse hospital é muito novo, eu te garanto que esse hospital está todo “As
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Builtado”; hoje se você precisar de qualquer desenho ele está muito correto. (...). Duas
dimensões, autocad simples mesmo; normalmente a gente não contrata mais do que isso.
Onde a gente pode melhorar também, o hospital ainda não tem um sistema de gestão de
documentação. (...).
O método é muito legal (BIM), para quem trabalha com engenharia como um todo, eu
acredito muito nisso. Eu venho de indústria, de certa forma a indústria ainda está um pouco na
frente no setor de serviços com relação à manutenção, engenharias como um todo. (...).
Eu acredito muito que na engenharia a gente tem que trabalhar cada vez mais para gerar
valor para o negócio, e eu acho que a gente vai acabar com um modelo encaixotado, um modelo
que você considera desde a fase do planejamento até manter o sistema. A gente vai conseguir,
eu acho que o que a gente tem feito nos últimos anos, já mudamos muito a forma de construir;
está muito longe do que a gente quer ainda, que bom, tem muito trabalho para fazer, (...).
Porque é muito penoso, você trabalhar num projeto que não teve compatibilização, o
mínimo básico e necessário. Imagina ter um modelo conforme você (entrevistador) falou,
compatibilizou, tem uma análise de fluxo que vai acontecer, todos os documentos de
manutenção estão dentro daquele modelo. Em manutenção a gente chama isso de controle
inicial. (...).
5) Analise os processos de contratação adotados.
Resposta: A gente faz contratos, nós temos tomado o cuidado recente de “linkar”
(vincular) os contratos sempre com a performance. Todos os nossos contratos; inclusive é uma
exigência hoje de certificação internacional que a gente tem; todos os contratos têm uma
avaliação de performance.
Isso já é um diferencial que nós temos. Recentemente a gente criou um setor de contratos
aqui dentro do hospital, mas é algo que a gente tem uma evolução grande, os contratos são
arquivados, a gente tem um modelo de medição para poder fazer pagamentos de serviços via
contrato.
Mas o que eu acho é que a gente tem que ter uma organização melhor dos contratos de
forma que a gente tenha uma utilização melhor do contrato, principalmente pós execução;
quanto tempo que eu tenho de garantia daquele sistema? como que eu aciono minha garantia?
se eu precisar acionar determinado fornecedor na justiça com um problema que aconteceu, será
que eu estou resguardado ou será que eu não estou resguardado?! (...).
Então eu acho que o que vai ser encaminhado para esse setor de gestão de contratos que
está sendo desenvolvido é um modelo de gestão de contratos.
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Nós estamos criando dois modelos de contrato (...), um modelo de contrato spot, uma
compra que eu tenho aqui para manutenção qualquer, precisei contratar um serviço de
serralheria (...), hoje a gente trabalha com ordem de compra, mas algumas vezes a gente precisa
amarrar com algum contrato, então eu vou ter um modelo spot que é o modelo do hospital
(rede). E eu tenho o modelo de compra programada, uma compra maior que a gente tem, mas
isso não está pronto hoje.
Então eu fechei um contrato com a empresa X, eu tenho um contrato dela que passa pelo
meu setor jurídico que tem uma avaliação jurídica, só que é diferente do contrato da empresa
Y. É mais um modelo da empresa do que um modelo nosso, nós estamos transformando isso
num modelo nosso para que as empresas sigam o nosso modelo. (...).
6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles
relacionados a manutenção ou reformas.
Resposta: Nós temos muito problema de utilização dentro do hospital (...), nós temos uma
pessoa que veio para o hospital e nunca utilizou aquele sistema de ar condicionado por exemplo,
muitas vezes cria-se um problema pelo não conhecimento daquela utilização. (...).
Como um todo, o que a gente tem mais problema são de ordem de complexidade baixa,
uma lâmpada que queimou, uma porta que está soltando o trinco, um vazamento de pequeno
porte de uma tubulação (...).
Qual o problema num hospital? esses problemas pequenos, pela criticidade do ambiente,
têm que ter uma atuação muito rápida em relação aquilo. A iluminação de um paciente que está
no quarto que queimou não é crítica só do ponto de vista de conforto, é do ponto de vista de
segurança, eu posso aumentar o risco de queda do paciente, e ao mesmo tempo eu posso
aumentar o risco de medicação, quem está medicando não está enxergando bem então aumenta
o risco.
7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam
elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.
Resposta: A gente fez um novo pré-park em outro hospital nosso, nós fizemos a
revitalização do sistema elétrico, nós fizemos uma nova área de ginecologia de saúde da mulher,
um projeto bem grande. Nós fizemos a troca de uma ressonância que está no fim de vida útil.
Envolveu uma obra bem grande porque o modelo do equipamento é diferente, e a gente
aproveitou para resolver algumas questões de climatização da sala, a gente resolveu problemas
de questões normativas de ar condicionado em CTI.
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Esse hospital a gente fez um trabalho muito grande em entrega de obras de vedação e
problemas de vazamento por causa de chuva, problemas de impermeabilização de poço de
elevador, problema de impermeabilização de áreas que tem jardins e áreas que tem abertura
externa.
A gente nesse momento está trabalhando num projeto muito grande de um laboratório
novo, o laboratório do outro hospital grande, a gente está trabalhando num novo sistema que a
gente chama de saúde corporativa. É como se fosse uma clínica para os colaboradores da
empresa, para serem atendidos dentro dessa clínica (...), uma obra gigante que a gente está
fazendo. (...).
8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.
Resposta: Eu costumo falar, o montante é grande, a gente trabalha com mais ou menos
1.200 ordens de serviço por hospital por mês, então se for imaginar eu tenho mais ou menos 40
ordens de serviço por dia, o que é muito. (...).
Tem problemas elétricos, hidráulicos, civil um pouco menos, mas tenho também. (...).
Todo dia eu tenho um probleminha dentro da subestação (de energia), alguma coisinha
que está acontecendo, é um sinaleiro que está queimado e não está indicando se está ligado ou
desligado. Mas eu como gestor do setor faço questão que funcione perfeitamente. (...).
São problemas simples e corriqueiros, mas a gente faz muito trabalho nos bastidores para
evitar que os problemas maiores aconteçam.