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\ MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia das Construções Mestrado Profissional em Construção Metálica Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Ouro Preto – MG 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia das Construções

Mestrado Profissional em Construção Metálica

Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes

Ouro Preto – MG 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia das Construções

Mestrado Profissional em Construção Metálica

Carlos Magno Herthel de Carvalho

Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Construção

Metálica da Escola de Minas da Universidade

Federal de Ouro Preto como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em

Construção Metálica.

Orientadora: Prof. Cláudia Maria Arcipreste, D.Sc.

Coorientador: Prof. Eduardo Marques Arantes, D.Sc.

Ouro Preto

2019

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Catalogação: www.sisbin.ufop.br

C331b Carvalho, Carlos Magno Herthel de. Building Information Modeling na manutenção predial e reformas deedificações hospitalares existentes [manuscrito] / Carlos Magno Herthel deCarvalho. - 2019. 145f.: il.: color; grafs; tabs.

Orientadora: Profª. Drª. Cláudia Maria Arcipreste. Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Marques Arantes.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola deMinas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-Graduação emEngenharia das Construções. Área de Concentração: Construção Metálica.

1. Building Information Modeling - BIM. 2. Hospitais - Projetos e construção. 3. Arquitetura de hospitais. 4. Hospitais - Manutenção e reparos. 5. Edifícios -Reformas. I. Arcipreste, Cláudia Maria. II. Arantes, Eduardo Marques. III.Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.

CDU: 624.014

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AGRADECIMENTOS

É com muito orgulho e com muita felicidade que eu tenho a oportunidade de agradecer à todas

as pessoas que me ajudaram a concretizar uma das mais importantes conquistas da minha vida.

Todos que caminharam comigo nesses anos foram base para eu me tornar quem sou agora, tanto

profissionalmente como pessoalmente. Em especial, agradeço minha mãe Fátima Herthel, por

sempre me motivar e dar apoio em todas as áreas da minha vida, ela foi minha estrutura e uma

das pessoas fundamentais para meu êxito. Gostaria de agradecer também ao meu Pai Carlos

Magno que sempre esteve presente e me deu grande apoio. Ao meu irmão, Pablo Herthel,

agradeço por toda ajuda e dedicação, ele foi muito mais que irmão, ele foi meu melhor amigo

e conselheiro. À minha Avó Glorinha Herthel, agradeço por todo carinho e acolhimento que ela

me proporcionou e fizeram com que os momentos de tribulação se tornassem mais suaves. Não

poderia me esquecer de agradecer também aos tios Dênis, Gicélia, Sara, Cláudio, Kátia, Tânia,

Margarida, Hildebrando, Jussara, Jackson e Maria Helena; por estarem sempre comigo e por

me proporcionar apoio e cuidado. Quero agradecer também em especial a Renata Ribeiro, pelo

amor, carinho, dedicação e cuidado que me proporciona todos os dias. Agradeço aos meus

primos por caminharem junto comigo e serem tão presentes na minha vida. Agradeço a todos

meus professores que me incentivaram e foram espelho durante todo tempo, em especial,

agradeço à minha orientadora Dra. Cláudia Maria Arcipreste, que me motivou e me ajudou a

concluir essa caminhada com êxito. Ao meu coorientador Dr. Eduardo Marques Arantes por

todas as orientações e conhecimento profissional passados e, por fim e não menos especial,

agradeço aos profissionais das instituições hospitalares presentes nessa pesquisa pelo apoio no

desenvolvimento do trabalho, sem vocês nada disso seria possível. Concluo então com sinceros

agradecimentos a todos vocês!

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RESUMO

Este estudo objetiva analisar a implantação do Building Information Modelling (BIM) na

etapa de manutenção predial e reformulação de edificações hospitalares existentes, e propor um

Plano de Implementação BIM, integrando e dinamizando o trabalho dos profissionais

envolvidos por meio de uma melhor organização e utilização de dados. Como objetos de estudo,

optou-se por dois hospitais de nível terciário, caracterizados por grande complexidade de seus

processos de operação, ambos localizados na cidade de Belo Horizonte – Minas Gerais. A

pesquisa baseou-se no método Design Science Research e a coleta de dados foi realizada por

meio de entrevistas semiestruturadas com os profissionais responsáveis pelas edificações, com

reconhecida experiência no setor, buscando-se entender de que maneira o histórico das

edificações (planejamento, projeto e construção) e seus sistemas construtivos poderiam

interferir na implementação do BIM, para apoio aos processos de manutenção predial e

reformulação de edificações hospitalares. A partir desses dados foi elaborado um artefato

nomeado de “Proposta de Plano de Implementação e Execução BIM para Edificações

Hospitalares Existentes”, voltado para edificações assistenciais de saúde; o qual foi apresentado

aos entrevistados a fim de levantar as opiniões dos profissionais acerca de sua real viabilidade

e potencial de utilização. Como principais resultados destaca-se: (a) a necessidade de

coordenadores internos às instituições de assistência a saúde para garantir a compatibilização

de projetos e as necessidades dos hospitais junto aos prestadores de serviços terceirizados, (b)

a necessidade de se desenvolver um planejamento flexível, que possa ser utilizado em

edificações de diferentes sistemas construtivos e gerenciais, (c) e a constatação de que o BIM

ainda é entendido como uma ferramenta de representação gráfica pela grande maioria dos

profissionais, não considerando suas mudanças culturas e de processos no desenvolvimento de

empreendimentos, (d) a necessidade da alteração contratual, sendo a primeira mudança

necessária quando se opta pela implementação do BIM.

Palavras chave: BIM - Building Information Modelling, Arquitetura e Engenharia

Hospitalar, Manutenção Preditiva, Reformas.

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ABSTRACT

This research aims to analyze the implementation of Building Information Modeling

(BIM) in built hospitals, and propose a BIM Implementation Plan, focusing on the maintenance

and refurbishment of the buildings by integrating and streamlining professional workers,

through better organization and use of data. Two tertiary level hospitals were selected as case

studies, due to its complex operational process, both located at the city of Belo Horizonte –

Minas Gerais, Brazil. Design Science Research was selected as the research methodology, and

semi structured interviews with key staff members with good knowledge of their field and being

responsible for the maintenances of both buildings, was used to gathering information, seeking

to understand how would the history of the buildings (planning, design and construction)

interfere in the implementation of BIM in regards to the maintenance and refurbishment

processes. An artifact named “Implementation and Execution BIM Plan Proposal for Built

Hospitals” was developed based on the data collected in the interviews and bibliographic

research. The artifact was than presented to the professionals in order to be analyzed and to

get an opinion on its potential use. The requirement of BIM Managers, linked with the hospitals,

capable of ensuring the compatibilization of projects and requirements of both institution and

outsourced service providers was highlighted as a main feature, followed by the need for a

flexible artifact that can be used in different buildings with different management and

construction solutions. It became clear that BIM is still understood as a tool for many

professionals in the civil construction, not being considered as a methodology that entirely

changes the way of developing planning, design, construction and the maintenance a building.

Consequently, this research showed that service contracts should be redeveloped according to

the requirements of the hospitals, and as such should be considered key to the implementation

of BIM.

Key words: BIM - Building Information Modelling, Hospital Architecture and

Engineering, Building Maintenance, refurbishment.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Hierarquia do processo de projeto sequencial. ........................................................ 12

Figura 2 - Processo de projeto simultâneo (Ciclo do empreendimento). ................................. 15

Figura 3 - Modelo Paramétrico ................................................................................................ 21

Figura 4 - Quantidade de informações contidas no modelo 3D de acordo com seu

desenvolvimento ...................................................................................................................... 23

Figura 5 - Retroalimentação de dados ...................................................................................... 25

Figura 6 - Rede de dados e fluxo de informações .................................................................... 28

Figura 7- Agentes envolvidos no planejamento de um empreendimento hospitalar ............... 47

Figura 8 - Etapas do projeto executivo ..................................................................................... 74

Figura 9 - Hierarquia organizacional da biblioteca de elementos BIM ................................... 77

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Nível de Desenvolvimento (Level of Development) .............................................. 22

Tabela 2 - Ranking de sucesso na utilização do BIM .............................................................. 29

Tabela 3 - Contratos da construção e suas implicações no desenvolvimento do empreendimento.

.................................................................................................................................................. 44

Tabela 4 – Hospitais (Dados Gerais) ........................................................................................ 59

Tabela 5 - Hospitais (Sistemas construtivos) ........................................................................... 60

Tabela 6 - Hospitais (Manutenção) .......................................................................................... 61

Tabela 7 - Hospitais (Reformas e ampliações recentes) .......................................................... 61

Tabela 8 - Lista de entrevistados .............................................................................................. 65

Tabela 9 - Funções dos coordenadores BIM ............................................................................ 69

Tabela 10 - Organização de projetos para coordenação ........................................................... 97

Tabela 11 - Organização de projetos arquitetônicos ................................................................ 98

Tabela 12 - Organização de projetos estruturais ...................................................................... 99

Tabela 13 - Organização de projetos hidráulicos ................................................................... 100

Tabela 14 - Organização de projetos elétricos ....................................................................... 101

Tabela 15 - Organização de projetos mecânicos .................................................................... 102

Tabela 16 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) ..................... 103

Tabela 17 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) ......................... 106

Tabela 18 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) ....................... 109

Tabela 19 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) ........................... 112

Tabela 20 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) ........................ 115

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABDEH Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício

Hospitalar

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABDI Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

AEC Arquitetura, Engenharia e Construção

AECO Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação

AF Água Fria

AIA American institute of Architects

ASBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

AQ Água Quente

BIM Building Information Modeling

CAD Computer Aided Design

CAU Conselho de Arquitetura e Urbanismo

CBIC Câmara Brasileira da Industria da Construção

COBIe Construction Operations Building Information Exchange

CME Central de Material Esterilizado

CTI Centro de Terapia Intensiva

DB Design Build

DBB Design Bid Building

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

IFC Industry Foundation Class

IPD Integrated Project Delivery

ISO International Organization for Standardization

LAN Local Area Network

LOD Level of Development

NBR Norma Brasileira

PPP Parceria Público Privado

PA Project Alliance

SPE-IPD Single Purpose Entity Integrated Project Delivery

SUS Sistema Único de Saúde

TI Tecnologia da Informação

WAN Wide Area Network

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2D Duas Dimensões

3D Três Dimensões

4D Quatro Dimensões

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

1.1 Justificativa / Problematização ......................................................................................... 3

1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 6

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 6

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 6

1.4 Estruturação do Trabalho ................................................................................................. 8

CAPÍTULO 2. PLANEJAMENTO E PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COM O USO DO BIM .......................................................................................................................... 10

2.1 Processo de Projeto .......................................................................................................... 11

2.1.1 Processo de Projeto Sequencial ....................................................................................... 11

2.1.2 Processo de Projeto Simultâneo (Engenharia Simultânea) ............................................. 14

2.2 Modelagem da Informação .............................................................................................. 17

2.2.1 Modelagem Paramétrica .................................................................................................. 20

2.2.1.1 Construction Operations Building Information Exchange (COBIe) ........................... 22

2.2.2 Interoperabilidade e Coordenação ................................................................................... 25

2.2.3 Vantagens do Uso da Modelagem Paramétrica ............................................................... 28

2.2.4 Entraves do Uso da Modelagem Paramétrica ................................................................. 30

2.2.5 Implantação do BIM em Escritórios e Empreendimentos .............................................. 31

2.3 Contratos na Construção Civil ....................................................................................... 35

2.3.1 Contratos Transacionais ou Tradicionais ........................................................................ 36

2.3.1.1 Design Bid Building (DBB) ......................................................................................... 37

2.3.1.2 Design Build (DB) ........................................................................................................ 38

2.3.2 Contratos Relacionais ...................................................................................................... 39

2.3.2.1 Project Alliance (PA) ................................................................................................... 39

2.3.2.2 Integrated Project Delivery (IPD) ................................................................................ 40

CAPÍTULO 3. MANUTENÇÃO PREDITIVA E REFORMAS DE EDIFICAÇÕES

COMPLEXAS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE .................................................................... 45

3.1 Considerações sobre os processos de desenvolvimento de empreendimentos complexos .................................................................................................................................................. 48

3.1.1 Manutenção Predial e Reformas Hospitalares ................................................................ 51

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CAPÍTULO 4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 54

CAPÍTULO 5. OBJTETOS DE ESTUDOS E SUJEITOS DA PESQUISA ..................... 59

5.1 Caracterização dos objetos de pesquisa ......................................................................... 59

5.1.1 Hospital A (Público) ....................................................................................................... 62

5.1.2 Hospital B (Privado) ....................................................................................................... 63

5.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa ........................................................................ 65

CAPÍTULO 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO BIM PARA EDIFICAÇÕES HOSPITALARES EXISTENTES (ARTEFATO) ............................................................................................... 66

6.1 Determinações Contratuais ............................................................................................. 67

6.2 Determinação das Equipes .............................................................................................. 68

6.2.1 Determinação das Funções e Responsabilidades dos Coordenadores ............................ 69

Deve-se atentar ao fato de que mudanças de tecnologia e infraestrutura também serão

requisitadas quando optado pela utilização de tecnologias paramétricas de suporte a

metodologia BIM. .................................................................................................................... 70

6.3 Determinação e Definição da Infraestrutura Necessária .............................................. 70

6.3.1 Escolha dos Softwares ..................................................................................................... 71

6.3.2 Definição dos Computadores .......................................................................................... 71

6.3.3 Definição da Rede de Dados ........................................................................................... 72

6.4 Determinação do Nível de Desenvolvimento do Modelo (LOD) .................................. 72

6.5 Organização dos Projetos para Equipes e Coordenação .............................................. 73

6.5.1 Determinação de componentes a serem considerados em cada disciplina projetual ...... 75

6.5.2 Organização da Biblioteca de Componentes ................................................................... 75

6.6 Construção Digital de As Built e Treinamento da Equipe ............................................ 78

RESULTADOS ....................................................................................................................... 79

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 85

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 87

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista. ............................................................................... 96

APÊNDICE B – Organização de projetos para coordenação. ........................................... 97

APÊNDICE C – Organização de projetos arquitetônicos. ................................................. 98

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APÊNDICE D – Organização de projetos estruturais. ....................................................... 99

APÊNDICE E – Organização de projetos hidráulicos. .................................................... 100

APÊNDICE F – Organização de projetos elétricos. .......................................................... 101

APÊNDICE G – Organização de projetos mecânicos ...................................................... 102

APÊNDICE H – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) ..... 103

APÊNDICE I – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) .......... 106

APÊNDICE J – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) ........ 109

APÊNDICE K – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) ............ 112

APÊNDICE L – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) ......... 115

APÊNDICE M – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A ................. 118

APÊNDICE N – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A (PPP) ....... 131

APÊNDICE O – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital B .................. 135

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

De longa data o mercado da construção civil brasileiro encontra-se em delicada posição.

Scheer et al., (2007) apontam que no Brasil, a desigualdade social contribui para a falta de

controle do setor construtivo, com profissionais mal ou raramente treinados para a fase de

construção, falta de controle nos processos construtivos, e de reconhecimento das atividades de

projeto, coordenação e supervisão. Isso acaba por contribuir para o desperdício de material e

dinheiro no setor construtivo.

Tal cenário impõe a necessidade de estudos que busquem contribuir para tentar reverter

essas questões de forma geral.

O campo da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) vêm passando por

alterações nos últimos anos, com a inserção de tecnologias paramétricas, e processos de

planejamento que integram todo o ciclo de atividades (projeto, construção, operação e

manutenção preditiva), como o Building Information Modeling (BIM).

O BIM pode proporcionar aos profissionais dados mais precisos e relevantes ainda nas

fases de viabilidade e estudo preliminar da edificação, comparando-se aos projetos realizados

com desenhos em duas dimensões (2D) por meio de ferramentas CAD. O BIM também

possibilita a interação e a troca de informações entre todos os envolvidos, sejam eles clientes,

projetistas, construtores, gerentes e administradores da edificação, o que o torna um diferencial

quando se faz opção por processos de trabalho mais integrados.

No caso de obras públicas, projetos integrados tem potencial para viabilizar políticas de

maior transparência e eficiência. Dessa maneira, é possível considerar de forma geral na

construção civil que o avanço dos processos de projeto a partir de tecnologias de suporte ao

projeto estão alterando de forma significativa o mercado da AECO.

Visto isso, edificações que demandam planejamento, projeto, construção, operações e

manutenções complexas e constantes, como hospitais, aeroportos, portos, etc., podem ser

amparadas por essas tecnologias e processos na busca de redução de custos e otimização de

recursos.

A implementação de modelos e processos BIM em edificações complexas ainda é pouco

estudada, principalmente em países em desenvolvimento econômico/social como o Brasil.

(BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)

Assim como na academia, a prática do uso do BIM no Brasil ainda é muito modesta, com

poucas empresas e entidades se esforçando para permanecerem atualizadas nos processos

voltados para a construção civil, com pouco amparo do governo.

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Os estudos voltados para essas áreas têm sido mais abrangentes do que sua efetiva

utilização por arquitetos e engenheiros em geral. Não pelo fato dessas tecnologias estarem ainda

em fase de desenvolvimento inicial, haja visto que seus modelos estão cada vez mais ajustados

para a necessidade pontual de cada empreendimento, mas pelas dificuldades de aceitação, pois

seu uso pode acarretar completa mudança na infraestrutura dos escritórios, que necessitam de

computadores e uma rede de dados capaz de lidar com grande quantidade de informações, assim

como o treinamento das equipes para operá-los por meio dos processos de projeto e gestão

simultâneo dos empreendimentos. (MONTEIRO; MARTINS, 2011)

Dessa forma, Ruschel; Andrade; Morais, (2013) apontam a necessidade do ensino de

graduação nas universidades ir além da utilização de novas ferramentas, vinculando a utilização

do BIM a toda dinâmica de atuação dos diversos setores da construção civil, levando o aluno a

um entendimento completo do empreendimento e do potencial desta metodologia de trabalho.

A utilização do BIM na maioria das vezes é feita apenas como uma mudança de

ferramenta de trabalho (softwares paramétricos), não o entendendo como uma nova

metodologia que altera não somente as ferramentas, mas todo o processo de se projetar e pensar

o empreendimento. Isso leva muitas empresas e profissionais a subutilizarem tanto o processo

como a tecnologia, não alcançando os resultados esperados e, consequentemente, desistindo de

sua utilização.

Países como Estados Unidos e Reino Unido já possuem estratégias que vinculam a

atuação de escritórios da AECO com obras públicas por meio dessas novas metodologias para

diminuição de gastos do governo. Após o ano de 2014, o governo do Reino Unido determinou

que fosse requerido que todas as obras publicas fossem desenvolvidas por meio do BIM.

(BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012)

“Em suma, o BIM não apenas chegou à indústria da AEC, mas a literalmente tomou, o

que é particularmente extraordinário em uma indústria que historicamente se mostrou resistente

a mudanças.” (EASTMAN et al., 2011, p. VII, Tradução nossa) 1

Isso se dá também pela conscientização acerca dos impactos ambientais envolvidos em

todo o processo de construção e operação das edificações, levando governos a focarem cada

vez mais na qualidade e sustentabilidade ao longo do tempo de vida das edificações.

(FABRICIO, MELHADO, 2002)

1 In short, BIM has not only arrived in the AEC industry but has literally taken it over, which is particularly remarkable in an industry that has historically been notoriously resistant to change. (EASTMAN et al., 2011, p.

VII, Original)

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De acordo com Fabricio e Melhado (2002), o problema não é apenas dos processos de

projeto, mas também está na própria valorização do trabalho de projeto que, por necessidade,

depende de uma média mínima de tempo adequada para seu desenvolvimento. A concepção de

projetos ainda é considerada apenas uma necessidade legal desvinculada da atividade de

construção, reduzida a uma quantidade desprezível de tempo para o seu desenvolvimento, o

que acarreta grandes problemas de concepção, obra e utilização.

A própria legislação brasileira voltada para obras públicas não enfatiza a qualidade do

empreendimento, distanciando-se do objeto e buscando apenas resultados imediatos por meio

de contratos transacionais, delimitando as funções dos projetistas envolvidos sem qualquer

vinculação com os processos de projeto e construção, abrindo brechas para surgimento de

muitos problemas, quando aceita a contratação baseada somente em anteprojetos

arquitetônicos. (NARDELLI; TONSO, 2014)

“Ao invés de focar a contratação de projetos e obras pelo menor preço, o Estado brasileiro

deveria contratar projetos e obras que permitissem construir edifícios e espaços públicos com

alto desempenho durante toda a sua vida útil.” (NARDELLI; TONSO, 2014, p. 410)

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) vem reforçando a importância do projeto

completo por intermédio da revisão da Lei de Licitações 8.666/1993, a fim de diminuir os gastos

da construção e de criar estratégias contra a corrupção vinculada à construção civil. O Projeto

de Lei 1292/50 busca substituir a Lei 8.666/1993 exigindo a contratação de projetos completos

em obras públicas. (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2019)

Se o uso dessa metodologia fosse mais amplamente apoiado pelo poder público, maior

transparência e controle dos processos de obras públicas poderiam ser alcançados.

Considerando que nos próximos anos a difusão de novas tecnologias e metodologias

como o BIM tendem a ganhar cada vez mais mercado, e que os novos empreendimentos sejam

realizados seguindo esses parâmetros, como poderíamos utilizar de suas vantagens em

edificações de grande complexidade existentes, como aquelas voltadas para funções

hospitalares?

1.1 Justificativa / Problematização

Na arquitetura e engenharia hospitalar – consideradas complexas devido as suas

necessidades e exigências aos cuidados da vida – a manutenção preditiva e reformulação da

edificação são fatores intrínsecos à qualidade do atendimento e ao êxito de suas funções. Um

planejamento mal feito que não considera o empreendimento como um todo – projeto à

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operação – pode onerar consideravelmente o empreendimento a ponto de sua utilização ser

desconsiderada, levando a significativas perdas econômicas e sociais à sociedade.(LUCAS;

BULBUL; THABET, 2013)

Edificações hospitalares passam por constantes reestruturações físicas e tecnológicas,

muitas vezes consequências de alterações de normas, avanços tecnológicos no diagnóstico e

tratamento dos enfermos, ou até mesmo pela própria definição assistencial. Bueno; Caixeta;

Fabricio (2017) apontam que, no ano de 2005, de acordo com os dados da Associação Brasileira

para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), 90% das obras em edificações

hospitalares foram de readequação ou ampliação, enquanto apenas 10% foram novas

construções.

Reestruturações e ampliações de edificações assistenciais de saúde são mais complexas

do que novas construções. As variáveis de projeto e de obra (implantação, morfologia, valores

históricos, demolição, novos equipamentos, etc.) podem conflitar com a rotina do hospital

(considerando que a atividade de amparo à saúde não é interrompida), alterando o fluxo de

pacientes e de corpo técnico e, se mal planejado, podendo prejudicar a assepsia do ambiente.

(BUENO; CAIXETA; FABRICIO, 2017 apud, CARVALHO; SALGADO; BASTOS, 2009)

Apesar de toda complexidade atrelada em empreendimentos hospitalares, o processo

sequencial ainda é o mais utilizado, levando a perdas consideráveis de dinheiro e tempo, assim

como baixa qualidade do projeto. Isso pode afetar consideravelmente o ciclo de vida do

empreendimento, onerando seus custos de operação e manutenção preditiva. (CAIXETA;

FIGUEIREDO; FABRÍCIO, 2009)

S. Russell-Smith, (2011) e Manning; Messner (2008) compartilham da ideia de que

edificações voltadas para a assistência à saúde, devido à alta complexidade de suas instalações

e ao auto custo construtivo e operacional, são exemplos onde o uso do BIM pode auxiliar nos

processos, levando à melhoria das instalações e controle de gestão, o que consequentemente

poderia levar a maior qualidade no atendimento e na recuperação dos pacientes.

O uso do BIM em edificações de assistência à saúde pode melhorar não apenas a

qualidade do projeto e da construção, mas diminuir custos de operação e manutenção preditiva,

assim como maximizar suas potencialidades de utilização. (TOLEDO, 2002, p. 3)

Eadie et al., (2013) apontam que, apesar do uso do BIM estar crescendo a nível mundial,

sua utilização fica mais restrita as fases de projeto e construção, sendo apenas 8.82% do seu

uso considerado nas fazes de operação e manutenção.

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Estudos voltados para novas metodologias como o BIM e os sistemas de projetos

integrados ganham bastante valor principalmente quando aplicados no mercado, a fim de

levantar dados e estratégias para sua implantação.

Num país carente como o nosso, em que se morre por doenças já erradicadas em outras

partes do mundo, que mantém péssimas estatísticas de saneamento básico, de

criminalidade, de acidentes de trânsito e que ainda mantém má distribuição de renda,

estudar aspectos de qualidade em saúde é sempre uma esperança, mesmo que sejam

aspectos específicos de um agrupamento de hospitais.(BITENCOURT; COSTEIRA,

2014, p. 336)

A partir dessas considerações, este trabalho busca estudar implicações relacionadas à

implementação de projetos e processos integrados assistidos pelo BIM em edificações

hospitalares existentes, através de dados relevantes à manutenção preditiva e reformulação

dessas edificações, e propor um Plano de Implementação e Execução BIM para edificações

assistenciais de saúde.

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6

1.2 Objetivos

A seguir são descritos o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa.

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral analisar as implicações da implementação do BIM

em empreendimentos existentes, de complexidade na elaboração de projeto, construção e

operação, buscando-se desenvolver uma Proposta de Plano de Implementação do BIM para

aumentar a qualidade dos processos de manutenção preditiva e adaptação das edificações.

1.2.2 Objetivos Específicos

Essa dissertação tem como objetivos específicos:

• Estudar o uso do BIM, identificando os pontos relevantes a serem considerados em

sua implementação como suporte nos processos de manutenção preditiva e reforma de

empreendimentos hospitalares;

• Levantar informações relevantes a cerca das edificações objeto de estudos, por meio

de entrevistas semiestruturada com as equipes de manutenção predial e reforma;

• Categorizar os sistemas construtivos das edificações hospitalares, para uso na

execução da implementação BIM;

• Desenvolver e estruturar uma proposta (artefato) de Plano de Implementação e

Execução do BIM voltado para edificações hospitalares existentes;

• Identificar as vantagens e entraves na implantação do BIM em edificações existentes,

para manutenção predial e reformas.

Espera-se que a elaboração de um Plano de Implementação e Execução que abranja os

preceitos do BIM traga subsídios para o debate sobre a melhoria de qualidade na manutenção

preditiva e reformas de edificações já construídas, servindo como um norteador para a

implementação desses recursos na área hospitalar com possibilidades de ganhos significativos

para todos os envolvidos – técnicos das áreas de engenharia e arquitetura, profissionais da área

da saúde e usuários. Espera-se também que os resultados esperados possam contribuir para

outras áreas da construção civil como aeroportuária, shopping centers, hotéis, etc.

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7

Ressalta-se que nessa pesquisa não serão analisadas ferramentas de apoio ao BIM,

ficando a investigação restrita aos desafios e considerações relativas a implementação desses

processos nos empreendimentos estudados, de acordo com a metodologia descrita no Capítulo

4.

Page 22: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

8

1.4 Estruturação do Trabalho

O trabalho está estruturado em seis Capítulos, indo da introdução ao artefato, seguido dos

resultados obtidos e das considerações finais. A Introdução (Capítulo 1), discorre sobre o

tema a ser apresentado e suas diretrizes de pesquisa acadêmica; a contextualização atual do

mercado da construção civil no Brasil e no mundo, seguido de justificativa sobre o tema

apresentado. O Segundo Capitulo, “Desenvolvimento de empreendimentos”, discorre sobre a

atividade de projeto, desde a elaboração via nanquim e papel vegetal, passando pelo desenho

assistido em computador, até chegar na utilização de ferramentas de trabalho paramétricas.

Descreve-se também os processos de projeto sequencial e simultâneo, sua utilização no

mercado e suas perspectivas futuras, assim como a utilização desses processos nas fases de

operação e manutenção preditiva de edificações. Abrange também os fundamentos da

tecnologia BIM, seu embasamento em modelos paramétricos e a possibilidade de

interoperabilidade entre os profissionais envolvidos no setor, assim como a necessidade da

coordenação de projetos baseados na Engenharia Simultânea. Apresenta-se as vantagens e

desvantagens de sua utilização, e as variáveis acerca da implantação dos processos de

Engenharia Simultânea e do BIM em escritórios e empreendimento. São abordados os contratos

jurídicos utilizados na construção no Brasil e o mundo, suas implicações nos processos

licitatórios e da própria estruturação do gerenciamento dos projetos, passando de contratos

transacionais para contratos relacionais, e suas vinculações e possibilidades de abranger

pressupostos da engenharia simultânea e da tecnologia BIM.

O Terceiro Capitulo, “Manutenção e reformas de edificações complexas de assistência a saúde”, discorre sobre as variáveis relacionadas a edificações complexas, em

especialmente edificações voltadas a assistência à saúde. O capítulo aborda problemas

enfrentados em processos de planejamento, projeto, construção, manutenção preditiva e

reformas de edificações complexas, assim como o impacto causados por elas no meio ambiente.

Levanta também as possíveis vantagens nos processos de implementação da metodologia BIM

assistida por contratos denominados Integrated Project Delivery (IPD) além de sua construção.

O Quarto Capitulo, “Métodos e Modelos”, descreve os procedimentos científicos

adotados para a elaboração desse estudo, assim com defini os objetos de estudos a serem

estudados.

O Quinto Capitulo, “Objetos de Estudos e Sujeitos da Pesquisa”, descreve os

empreendimentos estudados, suas estruturações físicas e organizacionais voltadas para

Page 23: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

9

manutenção preditiva e reformas das edificações, assim como descreve os grupos focais

exploratórios e confirmatórios utilizados nas entrevistas semiestruturas e na analise do artefato.

O Sexto Capitulo, “Proposta de plano de implementação e execução BIM para edificações hospitalares existentes (Artefato)”, é o produto gerado através dos estudos

bibliográficos, entrevistas semiestruturadas com os grupos focais exploratórios, e analise pelos

grupos focais confirmatórios. O capítulo discorre sobre as etapas necessárias para a implantação

do BIM nas edificações estudadas, sendo considerado apenas uma proposta, que pode ainda ser

validada com uma aplicação real em pesquisas futuras.

Em seguida são apresentados os resultados da pesquisa, assim como considerações

finais, que podem ser utilizadas como referenciais para próximas pesquisas que complementam

o trabalho.

Page 24: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

10

CAPÍTULO 2. PLANEJAMENTO E PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COM O

USO DO BIM

A representação gráfica tem um importante papel na transmissão de ideias no ambiente

da arquitetura e construção. É através dela que a apresentação de um empreendimento antes de

seu tempo construído é possível.

Antes do advento do “desenho assistido por computador” (Computer Aided Design –

CAD), de forma geral, os desenhos representativos e técnicos eram feitos a mão, utilizando na

grande maioria das vezes de papel vegetal, canetas nanquins e cópias heliográficas.

Na década de 70, o avanço na tecnologia computacional proporcionou mudanças

consideráveis na atuação dos profissionais da AECO, transferindo os desenhos técnicos para o

computador, o que trazia como principal vantagem o tempo salvo em projeto, pois os erros de

desenhos agora eram facilmente corrigidos, evitando-se assim rasuras, imperfeições e

refazimentos.

Contudo, essa tecnologia pode ser considerada apenas como uma mudança de ferramenta

que otimizava o serviço, e não como uma mudança de processo, pois a “forma de desenhar”,

compatibilizar e de relacionar com os parceiros de projeto ainda continuavam a mesma.

Com a constante queda do mercado da construção civil, e a elevada complexidade das

“novas” edificações, assim como a crescente adoção de elementos industrializados na

construção de edificações; a incorporação de sistemas de trabalho baseados na Engenharia

Simultânea no campo da AECO tornou-se base de estudos para a reestruturação do mercado da

construção civil a âmbito mundial.

Como apontado por Fabricio, Márcio M.; Melhado, (2002), a indústria de manufatura

utiliza a anos os conceitos de Engenharia Simultânea para garantir um melhor controle de

qualidade de seus produtos e lucro.

A modelagem da informação é utilizada desde os estudos preliminares dos produtos,

passando pela produção, distribuição, manutenção preditiva e descarte. Isso faz com que o custo

de projeto e produção sejam minimizados e o foco no êxito do empreendimento seja maior,

assim como possibilita uma maior integração de equipes multidisciplinares e um

reconhecimento da atuação de cada um para uma homogeneização do “ambiente” de trabalho.

A produção de um edifício envolve a criação, processo intelectual e intuitivo, e a

execução, processo tecnológico e material. E nesses processos diversos profissionais

estão envolvidos, e trabalham muitas vezes concomitantemente ou mesmo em

sequência. A perfeita comunicação entre estes profissionais torna-se importante para

a boa produção do espaço construído.(MENEZES et al., 2007, p. 3)

Page 25: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

11

Pode-se definir dessa maneira que a atividade de projeto pode ser definida e estudada

como um processo para se chegar em um determinado resultado ou “lugar”, essa definição é

explorada no próximo subcapítulo.

2.1 Processo de Projeto

Define-se como “processo” um seguimento, decurso ou conjunto de manipulações para

obtenção de um resultado; dessa maneira pode-se considerar o processo de projeto uma

determinação hierárquica e temporal da forma como ocorre um empreendimento, de sua

idealização e estudos primários à sua construção e operação.

Como apontado por Manzione et al., (2011) apesar do avanço da computação gráfica com

a inserção de ferramentas CAD como forma de assistência ao profissional, os processos de

projeto não foram alterados com a mudança dos desenhos manuscritos para os desenhos

computadorizados. As mesmas formas de trocas de dados entre os profissionais atuantes

permaneceram, assim como a compatibilização entre projetos.

Com a inserção no mercado de novas tecnologias de assistência ao projeto como

softwares de trabalho BIM, a reestruturação passa a ser mais complexa, exigindo novos

computadores, sistemas, redes, e uma nova abordagem na elaboração de projetos, com

significativas mudanças de setores e processos.

A partir daí, pode-se definir duas variáveis acerca dos processos de projeto, sendo elas o

processo de projeto sequencial, e o processos de projeto simultâneo (Engenharia Simultânea),

a serem especificados a seguir.

2.1.1 Processo de Projeto Sequencial

A forma sequencial de desenvolvimento de projetos é a mais difundida, tanto no âmbito

profissional quanto no ensino superior. Nesse processo o projeto é fragmentado, o que leva a

perdas de tempo, material, recursos e dinheiro.

“A indústria da construção é intrinsecamente fragmentada e muitas vezes poluída com a

duplicação de esforços que não agregam valor ao produto final.” (MANNING; MESSNER,

2008, p. 446, Tradução nossa) 2

2 The building industry is intrinsically fragmented and is often polluted with duplication of efforts that do not add value to the end product. (MANNING; MESSNER, 2008, p. 446, Original)

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12

De acordo com Florio (2007), pode-se considerar o projeto sequencial (FIG.1) como uma

manufatura baseada em modelos fordistas, onde cada profissional tem sua atuação determinada

e que, apesar de dar subsídios aos trabalhos efetuados posteriormente, não se envolvem

diretamente um com o outro como um complemento , com o intuito de melhorar a qualidade

do produto final.

Figura 1 - Hierarquia do processo de projeto sequencial.

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Nesse processo, a base adotada para o desenvolvimento dos projetos denominados

‘complementares” em relação ao arquitetônico é o anteprojeto, que apesar de ainda aceitar

modificações, contém informações volumétricas mais assertivas.

Todavia, deve ser notado que a denominação de projetos elétricos, hidráulicos, estruturais

e mecânicos como “complementares” incentiva a hierarquização dos serviços, causando

desmotivação dos envolvidos devido ao baixo reconhecimento do valor do serviço, assim como

maiores falhas, retrabalhos e brigas.

Projeto Arquitetônico

Estudos Preliminares

Anteprojeto

Projeto Legal

Construção

Projetos Complementares

Estrutural

Exec. Arq.

Hidráulico

Elétrico

Mecânico

Documentação

Caderno de Encargos

Memorial Descritivo

Memória de Cálculo

Quantitativos

Orçamentos

As Built

Page 27: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

13

Os problemas relacionados frequentemente ocorrem no sistema tradicional de projeto,

e configuram obstáculos para um trabalho colaborativo em um ambiente onde o BIM

não existe, demonstrando a ineficiência do gerenciamento do processo de projeto, e

aponta para a necessidade de evolução no gerenciamento de projetos. (MANZIONE

et al., 2011, p. 258, Tradução nossa) 3

A metodologia sequencial na construção civil funcionou quando ainda não existiam tantas

especializações e ramificações dos setores atuantes, onde todos os envolvidos, apesar de suas

diferentes atuações, tinham um conhecimento mais generalista do projeto e do

empreendimento, o que ajudava no reconhecimento dos valores das outras atividades

vinculadas, levando a uma compatibilização mais intuitiva.

Como apontado por Novaes, (2001) a compatibilização dos projetos é fator essencial para

o êxito do empreendimento, assim como a diminuição de custos e gastos durante o processo de

construção e operação, evitando erros, desperdícios, retrabalhos em canteiro, e posteriormente,

após o fim das obras, evitando patologias que podem aumentar o custo ao longo da vida do

edifício.

Contudo, a compatibilização utilizando desenhos em duas dimensões é trabalhosa e

passível de erros, já que o trabalho é feito através da sobreposição de desenhos com uma

quantidade de variáveis consideráveis. Os erros na compatibilização podem elevar os custos do

empreendimento e levar a processos judiciais.

Na maioria das vezes, os projetos complementares e executivos são desenvolvidos

paralelamente a construção do empreendimento, o que acarreta grandes perdas e

incompatibilizações nas obras. Dessa forma, o As Built também fica comprometido e os

processos de operação e manutenção preditiva das edificações passam também a ser mais

custosos.

A operação das edificações também é afetada quando da utilização de processos

sequenciais e desenhos em duas dimensões, já que todas as informações são transmitidas em

papel e, muitas vezes, essas informações são omitidas ou simplesmente desprezadas e não

computadas, levando a maiores custos ao longo de vida da edificação. (EASTMAN et al., 2011;

S. RUSSELL-SMITH, 2011)

3 The related problems occur frequently in the traditional design system, and they configure obstacles to collaborative work in an environment where BIM doesn’t exist, demonstrating the inefficiency of the design management process and pointing to the need for evolution in design management. (MANZIONE et al., 2011, p.

258, Original)

Page 28: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

14

No Brasil, de maneira geral, o projeto ainda é considerado apenas uma burocracia em

relação ao empreendimento, e não entendido como uma base para a construção que leva a

valores e tempos mais assertivos, diminuindo os custos de construção, operação e manutenção

preditiva, o que desvaloriza os serviços de arquitetura e engenharia.

A cultura de desvalorização do projeto é também apontada por Lima (2012) quando a

própria legislação permite que as licitações sejam feitas baseadas em projetos ainda em fase de

estudo preliminar ou anteprojeto, onde a precisão orçamentária ainda não existe.

O desenvolvimento e aprimoramento de ferramentas de trabalho BIM afloraram a

discussão acerca de processos diferenciados como a Engenharia Simultânea, onde a abordagem

da atividade de projetar deve ser alterada, passando-se a considerar a multidisciplinaridade e a

interoperabilidade de informações como fator essencial para o êxito dos empreendimentos. Esse

processo é descrito a seguir.

2.1.2 Processo de Projeto Simultâneo (Engenharia Simultânea)

A mudança no mercado da AECO a nível mundial passou a exigir mudanças tanto nos

processos de projeto quanto nas ferramentas utilizadas.

A globalização dos serviços foi fator essencial no aprimoramento das ferramentas de

trabalho colaborativo, que dão base a equipes em localidades diferentes (seja a nível municipal

ou continental) a trabalharem em prol de um objetivo comum; o empreendimento. (COELHO;

NOVAES, 2008)

O processo de projeto simultâneo (FIG. 2) – também conhecido como Engenharia

Simultânea – preconiza que o desenvolvimento do empreendimento seja feito por meio de

cooperação entre as partes envolvidas, de forma cíclica, a fim de diminuir os custos de maneira

geral, levando assim ao sucesso do investimento. Como levantado por S. Russell-Smith (2011),

deve-se incentivar constantemente a cooperação e a interoperabilidade de informações entre as

equipes, para a constante diminuição de custos e riscos relacionados ao empreendimento.

Nesse caso, o entendimento da hierarquização do processo sequencial é desfeito e cada

participante tem importantes contribuições a serem feitas, levando a uma mediação das

atividades e decisões que favorecem o projeto, incentivam o trabalho em equipe, e motivam os

projetistas. Como preconizado por Suzuki e Santos (2015) “um fator imprescindível de

melhoria constitui-se no maior investimento em pessoal de maneira a viabilizar o processo

como um todo.”

Page 29: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

15

Dessa maneira, o papel do coordenador de projeto é fundamental para que o fluxo de

informações seja continuo, e para que não exista incompatibilizações e decisões não assertivas.

“A forma como ele se relaciona com os demais agentes e de como estes se inter-

relacionam depende da contratação comercial, que deve permitir a autonomia do coordenador

para que este consiga efetivamente atuar na gestão do processo de projeto.” (LIU; OLIVEIRA;

MELHADO, 2017, p. 64)

Durante o desenvolvimento de projetos que adotam o processo simultâneo, o fluxo de

informações é incentivado de forma a acontecer diariamente, com o intuito de evitar um elevado

número de informações a serem trabalhadas em reuniões esporádicas. Dessa maneira, evita-se

horas em retrabalhos, já que todos os envolvidos estão cientes das alterações feitas no projeto

quase que instantaneamente. (LICHTIG, 2005)

Figura 2 - Processo de projeto simultâneo (Ciclo do empreendimento).

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Plano de Desenvolvimento

(programa)

Estudo Preliminar

Projetos Executivos

Analises

Documentação

Fabricação

Construção

Logīstica

Operação e Manutenção• Demolição

Renovação

Page 30: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

16

A própria visão do cliente mudou, exigindo mais precisão tanto no projeto como na

construção, assim como o baixo custo de manutenção preditiva e operação das edificações,

assegurando uma maior rentabilidade. Essas exigências alteram de forma significante os

processos de projeto, que se fazem de forma linear ou sequencial, mas com todos os envolvidos

trabalhando de forma a colaborar com o resultado final. (COELHO; NOVAES, 2008)

A colaboração entre os prestadores de serviços leva não apenas a melhorias relacionadas

a edificação, mas também alteram o ambiente de trabalho e o reconhecimento do trabalho de

diversos agentes envolvidos, criando assim uma rede de confiabilidade que gera futuras

parcerias devido a confiança gerada no processo, assim como estimula a concorrência.

Ainda assim, como levantado por Lichtig (2005), a colaboração é elevada ao máximo

quando existe uma visão conjunta e igualitária dos participantes, a fim de desenvolverem

soluções viáveis aos problemas, o contrário de disputas internas, sejam elas hierárquicas ou de

soluções.

O treinamento e desenvolvimento das pessoas envolvidas em equipes que trabalham

de forma integrada lhes confere uma maior capacidade de entender o processo de

trabalho de outros especialistas da equipe, ao mesmo tempo que partilha

conhecimentos essenciais para o processo de trabalho colaborativo. (AMOR R., 2011,

p. 2, Tradução Nossa) 4

Diferentemente do processo sequencial, a Engenharia Simultânea consegue também

valorizar o próprio projeto, à medida que integra atividades e informações de uma forma mais

eficiente e precisa, levando a economias na fase de obra, manutenção preditiva e operação,

ainda mais quando assistida de ferramentas computacionais avançadas como o BIM.

“Isso tem um potencial de promover melhor eficiência e harmonia entre os participantes

que, no passado, se viam como adversários.” (AZHAR, 2011, p. 242, Tradução Nossa) 5

Como levantado pelo Entrevistado 1(informação verbal)6 “outra coisa que não tem jeito

de fazer é um projeto executivo ser seguido à risca (...) se você faz o laboratório antes de saber

quem vai operar as máquinas dele você tem adaptação.”

4 The training and development of integrated team members gives them an ability to understand the work processes of the other specialists on the team, along with the shared knowledge essential for integrated work processes.(AMOR R., 2011, p. 2, Original) 5 It has the potential to promote greater efficiency and harmony among players who, in the past, saw themselves as adversaries.(AZHAR, 2011, p. 242, Original) 6 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.

1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia

Page 31: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

17

A modelagem da informação assessoria todo esse sistema de fluxo de informações, não

apenas voltando dados para os projetistas – facilitando estudos de viabilidade do

empreendimento – mas também possibilita alterações mais rápidas e automatizadas, devida a

parametrização de elementos em três dimensões que carregam consigo informações referentes

a tamanho, material, resistência, custo, etc.

Fabricio e Melhado (2002) apontam que o tempo e empenho desprendidos na criação de

um novo projeto baseado na Engenharia Simultânea acrescem em relação aos processos

sequenciais difundidos, mas que, em equivalência, o custo da construção decai, devido a maior

precisão de projeto, levando a menos erros e incompatibilizações.

Como o próprio processo de projetar é alterado, com um maior e mais preciso controle

das atividades e dos custos, a cooperação passa a exigir também diferentes abordagens

contratuais que de certa maneira distribui os riscos e lucros do empreendimento para os

colaboradores. De acordo com estudo desenvolvido por David Bryde (2012), dentre 35 estudos

de caso da utilização do BIM, 60% apontaram redução ou controle nos custos estimados.

Apesar do processo simultâneo ou mais conhecido como Engenharia Simultânea não

necessitar necessariamente do apoio de “ferramentas BIM”, a utilização dessas tecnologias

pode dinamizar esse processo, facilitando a interoperabilidade das informações e a organização

das disciplinas e profissionais necessários em edificações complexas, auxiliando no controle do

tempo e custos e, consequentemente, aumentando a precisão do empreendimento, como

mostrado a seguir.

2.2 Modelagem da Informação

Os softwares paramétricos BIM surgem da necessidade de um sistema mais dinâmico e

automatizado de assessoria à construção civil, interferindo de forma visível na atuação dos

profissionais envolvidos, alterando agora não somente a ferramenta utilizada, mas também todo

o processo de desenvolvimento do projeto.

O projeto representado em apenas duas dimensões não mais acompanha a evolução e

necessidade das edificações contemporâneas, que devido a sua alta complexidade na elaboração

dos projetos e construção, necessitam de ferramentas capazes de demonstrar e analisar o

empreendimento em 3 dimensões, gerando automaticamente dados que auxiliam as equipes de

projeto na viabilidade das escolhas tomadas.

Como levantado por Bryde; Broquetas; Volm, (2012), a rápida análise proporcionada

pelas ferramentas paramétricas e processos BIM possibilita aos projetistas a capacidade de

Page 32: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

18

analisar diferentes possibilidades e performances do edifício ao longo de seu tempo de vida

proposto.

De acordo com Sheth; Price; Glass, (2010) a sustentabilidade também é fator essencial

para o desenvolvimento de novos processos de projeto como o BIM, funcionando como

motivadora na utilização de novas tecnologias para diminuição dos custos de operação e dos

impactos ambientais. Dessa maneira, não apenas o material, a logística e as tecnologias

energéticas são fatores essenciais na determinação de uma escala da edificação considerada

“sustentável”, mas também o próprio ciclo de vida do empreendimento, do berço ao tumulo, o

que passa a ser levado em conta quando se utiliza o BIM.

“Considerando-se a característica de softwares baseados em BIM, esses podem ser

utilizados em qualquer estágio do projeto, incluindo operação e manutenção preditiva,

entretanto, são mais efetivos quando utilizados nos estágios iniciais do projeto.” (SHETH;

PRICE; GLASS, 2010, p. 8, Tradução Nossa) 7

Como determinado por Coelho; Novaes, (2008) a parametrização dos modelos

construtivos permitem que alterações e lançamentos sejam feitos de forma dinâmica, onde uma

alteração na programação de um modelo, altera toda a documentação do projeto, seja ela

representação gráfica, quantificação, resistência, material, precificação, etc.

Dessa forma, o projeto passa a ser enxergado não apenas como uma burocracia no

desenvolvimento de novos empreendimentos, mas também como um elemento que altera a

forma como o empreendimento se comporta ao longo de sua vida útil, e proporciona subsídios

aos investidores para tomadas de decisões, sejam elas ainda em fase de projeto, ou até mesmo

nos pós obra para dinamismo na operação da edificação.

A construção da edificação em modelos de três dimensões (3D) contendo informações

não apenas volumétricas, mas de todos os sistemas nela envolvidos, e de toda a logística de sua

construção e operação, passa a servir como documento de analise “diária” para os projetistas e

investidores, sem considerar que propiciam um melhor entendimento do ambiente de trabalho

para aqueles que irão “operar” a edificação, e não possuem um entendimento espacial quando

comparado a projetos em duas dimensões.

7 Considering the characteristics of BIM based software’s, they can be used during any stage of the project including operation and maintenance however, they are very effective if used from the initial stages of a project.(SHETH; PRICE; GLASS, 2010, p. 8, Original)

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19

“BIM é uma fonte de informações da edificação, formando uma base sólida para a tomada

de decisões durante seu ciclo de vida, definido desde sua concepção até sua demolição.” (S.

RUSSELL-SMITH, 2011, p. 579, Tradução Nossa) 8

O BIM consegue dessa forma, valorizar os profissionais envolvidos no desenvolvimento

do empreendimento quando consideramos que suas aptidões devem ser consideradas na escolha

das equipes de trabalho, dinamizar o processo de projeto, determinar orçamentos mais

assertivos, diminuir gastos com erros e refazimentos, melhorar a dinâmica de funcionamento

de edificações, e estender sua utilização na medida que é entendida como um “documento” de

auxilio nos processos de projeto, construção, operação e manutenção preditiva.

Merschbrock; Munkvold (2014) apontam ainda que o fluxo de informações ajuda as

equipes envolvidas a reconhecerem a importância e a tomada de decisões de cada profissional,

criando um ambiente profissional respeitado entre os projetistas.

Talvez a mudança de perspectiva mais importante do BIM seja não uma ferramenta

de automatização ou integração, mas uma ferramenta de maior especialização.

Especialização é a chave para a divisão de tarefas, que resultam em um grande

conhecimento, maior qualidade e mais criatividade. (TURK, 2016, p. 282, Tradução

Nossa)9

Considerando-se também sua utilização nos processos de logística construtiva, pode-se

prever também a diminuição dos acidentes em canteiro, já que se prognostica os impasses entre

fluxos de maquinários e pessoal.

Manzione et al., (2011) argumentam que apesar do interesse das empresas em investir no

BIM, sua aplicação é, na maioria das vezes, aplicada de forma errada e sem nenhum

entendimento das alterações envolvidas, sejam elas envolvendo a Tecnologia da Informação

(TI) ou os processos metodológicos.

Apesar de seus benefícios já bem definidos, o que ocorre regularmente é que não existe

um conhecimento difundido das alterações que o BIM impõe aos escritórios que o adota, sendo,

como apontado por Manzione et al., (2011) utilizado e entendido apenas como uma ferramenta,

e não como uma alteração completa de todo o sistema de trabalho e dos processos utilizado.

8 BIM is a shared knowledge resource for information about a facility, forming a reliable basis for decisions during its life-cycle; defined as existing from earliest conception to demolition.(S. RUSSELL-SMITH, 2011, p.

579, Original) 9 Perhaps the most important change of perspective of BIM is that it is not a tool of automation or integration but a tool of further specialization. Specialization is a key to the division of labor, which results in greater knowledge, higher quality and more creativity. (TURK, 2016, p. 282, Original)

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Isso muitas vezes ocorre porque existe uma separação entre os ambientes acadêmicos e

os empresariais, levando a falta de conhecimento e troca entre os dois.

“É importante fomentar que o BIM não é apenas uma mudança de tecnologia, mas

também uma mudança de processos.” (EASTMAN et al., 2011, p. VII, Tradução Nossa) 10

O BIM pode ser aplicado com diferentes aprofundamentos, indo desde um estudo de

viabilidade técnica, até sua utilização na operação da edificação, podendo ser definida sua

utilização a partir do modelo contratual de IPD definido no momento das negociações.

O que propicia ao BIM esse dinamismo é a possibilidade de se lidar com dados de uma

forma mais dinâmica, sendo possível lançar de forma fácil alterações nos projetos e contar com

o imediato retorno de suas implicações em relação ao resto do projeto. Isso se faz possível

devido a possibilidade de parametrização dos elementos e das informações contidas, mais bem

definidas a seguir.

2.2.1 Modelagem Paramétrica

A base de trabalho do BIM é voltada para a parametrização de elementos construtivos.

Isso significa que cada elemento lançado em um projeto contém informações assertivas de suas

características físicas, que auxiliam e facilitam o entendimento do empreendimento por parte

dos projetistas, clientes e usuários.

Na parametrização, os elementos passam a ser considerados não mais em duas dimensões,

mas sim como elementos espaciais onde informações como tamanho, coordenadas, material,

resistência, custos e desenho técnico representativo passam a ser agregadas à sua programação

da informação (FIG.3).

10 It is important to keep in mind that BIM is not just a technology change, but also a process change.(EASTMAN

et al., 2011, p. vii, Original)

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21

Figura 3 - Modelo Paramétrico

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018 – Software Autodesk Revit – Modelo (família) desenvolvido por Gerdau.

As informações contidas dinamizam o processo de projeto alterando automaticamente

todos os documentos referentes a ele, não sendo necessário revisa-lo a cada modificação feita

por parte de alguns dos projetistas envolvidos; assim como possibilita análises energéticas e

estruturais mais rápidas e assertivas. Essas informações ajudam também a equipe de projeto na

compatibilização dos projetos e a tomar decisões acerca de sua viabilidade, seja técnica ou

monetária.

O nível de precisão pode ser considerado relativo ao número de informações lançadas e

ao número de análises rodadas no projeto. Considera-se como Nível de Desenvolvimento, ou

Level of Development (LOD), as informações contidas em cada elemento ou no projeto como

um todo; quanto mais parâmetros (dados) possuir o elemento/projeto, maior é o seu LOD, como

mostrado na Tabela 1.

Page 36: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

22

Tabela 1 - Nível de Desenvolvimento (Level of Development)

LOD 100 Modelo Esquemático

Massa conceitual da edificação com indicação de área,

altura, volume, localização e orientação. LOD 200 Modelo de Desenvolvimento

Modelo com a localização dos sistemas integrantes do

projeto com quantidade aproximada, tamanho, forma.

Informações não geométricas podem também ser

anexadas aos elementos/modelo.

LOD 300 Documentação para Construção

Modelo desenvolvidos com precisão em quantitativos,

tamanhos, forma, localização e orientação.

Informações não geométricas podem também ser

anexadas aos elementos/modelo.

LOD 400 Modelo de Construção

Modelo preciso com informações completas de

fabricação, montagem e detalhamentos. Informações

não geométricas podem também ser anexadas aos

elementos/modelo.

LOD 500 Modelo Construído (As Built)

Modelo com representação fiel a edificação

construída, contendo todos os sistemas da forma exata

a construída. Informações não geométrica podem

também ser anexadas aos elementos/modelo.

Fonte: Adaptado pelo autor. (COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM, 2013a, p. 23)

Contudo, trabalhar com uma grande variedade de informação pode alterar o tempo hábil

para o desenvolvimento do projeto (devido ao tempo para a programação, lançamento de dados

e análises) assim como pode sobrecarregar a capacidade de processamento de informações de

computadores “convencionais”, o que acaba por aumentar os custos de projeto.

A quantidade de informação lançada em um elemento e consequentemente no projeto

pode ser determinada por contrato de acordo com as necessidades do cliente e das equipes de

projetistas. (BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)

Essas informações podem também auxiliar na manutenção preditiva, dando uma base

sólida de informações rápidas e assertivas aos profissionais responsáveis. O lançamento de

dados em elementos parametrizados é ilimitado, podendo conter também informações sobre

manutenção de equipamentos, partes de reposição, etc. Esse fluxo de informações dos modelos

para os administradores e gerentes de edificações é comumente denominado de Construction

Operations Building Information Exchange (COBIe), descrito a seguir.

2.2.1.1 Construction Operations Building Information Exchange (COBIe)

Nos processos BIM, principalmente quando assistido por softwares paramétricos,

considera-se o empreendimento em relação a todo seu ciclo de vida, e não apenas voltado para

as fases de projeto e construção. Dessa forma, incluir no planejamento as fases de operação e

Page 37: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

23

manutenção da edificação é fator primordial no planejamento e desenvolvimento do

empreendimento.

A fase de operação e manutenção (O&M) de um edifício é a fase mais longa de seu

ciclo de vida. Sempre envolvem interações sofisticadas entre os vários interessados,

instalações, profissionais, e atividades de gerenciamento, assim como obras

multifacetadas, como agendamentos, planejamento espacial, concertos, e

gerenciamento emergencial. (PENG et al., 2017, p. 1–2, Tradução Nossa)11

Para isso, são considerados os dados lançados desde o início do projeto até a conclusão

da obra, como documentação de as built e a retroalimentação de dados nas fases de manutenção

preditiva e reformas (FIG.4).

Figura 4 - Quantidade de informações contidas no modelo 3D de acordo com seu desenvolvimento

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

11 The operation and maintenance (O&M) phase of buildings is the longest phase within the lifecycle. It always involves sophisticated interactions among various stakeholders, facilities, professionals, and management activities, as well as some multifarious works, such as scheduling, space planning, repairing, and emergency managing. (PENG et al., 2017, p. 1–2, Original)

Operação e Manutenção (Analise pós ocupação)

Construção

Projetos Executivos

Anteprojeto

Estudo Preliminar

Programa

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24

Independente do processo utilizado no desenvolvimento do empreendimento, ou até

mesmo de tamanho e complexidade, é comum que toda a documentação referente a edificação

(projetos executivos, memoriais, documentações legais, notas fiscais e manuais de operação)

seja entregue aos proprietários.

Essas documentações são normalmente entregues de forma física, sem nenhum “amparo”

tecnológico para a equipe de manutenção. Dessa forma, essa documentação muitas vezes não é

atualizada ou acaba por ser esquecida, não sendo consultada ou usada como base para os

procedimentos de manutenção preditiva e reformas.

Quando utilizado o BIM, o lançamento dos dados ao longo do planejamento do

empreendimento pode ser utilizado de forma automática e precisa, auxiliando os profissionais,

diminuindo os custos de manutenção, dinamizando o serviço e melhorando a qualidade do

ambiente construído. Esse vínculo das informações do modelo foi padronizado e

posteriormente denominado de COBIe.

Os profissionais responsáveis pela operação dos empreendimentos são conhecidos como

Gerentes de Instalações, tradução direta do termo em inglês Facility Management. Faroni

(2017) afirma que o gerenciamento dos espaços é facilitado pelo uso do BIM, pois as

informações relacionadas ao modelo confederado, como: “número dos espaços, descrições,

limites, áreas, perímetros, volumes, uso e status atual” são mais precisas e de fácil acesso.

Apesar da comum relação do COBIe como sendo apenas uma planilha gerada por meio

de softwares BIM, deve-se entender que COBIe é na verdade os dados incorporados pelo

modelo 3D, que podem ser transferidos para planilhas ou softwares de auxílio à operação.

O desenvolvimento de ferramentas paramétricas não é restrito apenas as fases de projeto

e construção, sendo utilizados atualmente softwares de auxílio aos processos de operação das

edificações, como o Archibus, que vincula os dados gerados nas fases de projeto e construção

(COBIe) para servirem de base nas tomadas de decisões na operação.

Os dados são lançados de acordo com a necessidade ou etapa do planejamento do

empreendimento, sendo mais completos à medida que o planejamento do empreendimento

avance. As fases de manutenção e reformulação também são geradoras de dados que alimentam

os modelos, aumentando de forma cada vez mais precisa as informações de base para gerentes

e administradores, facilitando na tomada de decisões e na correção de falhas, manutenção de

equipamentos, etc.

Page 39: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

25

Figura 5 - Retroalimentação de dados

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

A retroalimentação contínua de dados (FIG.5) também é fator importante para analisar o

empreendimento como um todo.

Entretanto, a transferência dos dados depende de uma rede que, por vezes, pode não ser

segura, ou não transmitir os dados por completo, levando assim a uma falta de confiabilidade

na informação digital. Ainda assim, os dados são apenas transferidos da fase de projeto e

construção para as fases de operação e manutenção, não havendo um norteamento para como

esses dados devem ser utilizados nessas fases posteriores. (ANDERSON et al., 2012)

2.2.2 Interoperabilidade e Coordenação

O BIM e a tecnologia paramétrica alteram a forma de trabalho ao possibilitar a

interoperabilidade entre profissionais, arquivos e softwares.

“Colaboração é um dos pontos centrais de estudo para melhoria do processo de projeto,

mas é importante que olhemos para esse processo de forma mais precisa.” (MANZIONE et al.,

2011, p. 256, Tradução Nossa) 12

A troca de dados e informações entre todos os projetos de um empreendimento devem

ser cruzados e analisados para descartar possíveis incompatibilizações e gastos excessivos em

obras, facilitando e otimizando o trabalho dos profissionais.

Os arquivos de extensão Industry Foundation Class (IFC), desenvolvidos pela

organização 13BuildingSmart® são utilizados por todos os desenvolvedores de softwares

baseados em BIM para possibilitar o constante fluxo de informação na construção civil.

12 Collaboration is one of the central issues in studies for improving the design process, but it’s important that we look at this concept more accurately. (MANZIONE et al., 2011, p. 256, Original) 13 Organização mundial anteriormente denominada de “International Alliance for Interoperabillity” criada em

Londres no ano de 1996 com o intuito de criar estratégias de interoperabilidade entre profissionais do setor

construtivo e desenvolvedores de softwares.

Page 40: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

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Apesar dos arquivos IFC possibilitarem a troca de informação entre diferentes softwares,

a forma de leitura do arquivo nem sempre é compatível de software para software, causando

ainda algumas incompatibilizações. Dessa maneira Merschbrock; Munkvold (2014) afirmam

que a utilização de softwares de uma mesma empresa ajudam a minimizar essas

incompatibilizações de leitura de arquivos e otimizam o tempo de projeto.

É importante ressaltar que o fluxo de dados é realizado normalmente por uma rede local

ou por meio de nuvens, sendo necessário medidas que garantam a privacidade dos dados. Como

apontado por Redmond et al., (2012, p. 177, Tradução Nossa) “o obstáculo principal contra o

uso de plataformas em nuvem foram a segurança e questões legais.” 14

Apesar dos benefícios da integração BIM-cloud, os riscos dessa associação podem afetar

o sucesso da adoção, particularmente quando relacionados a invasões e a abertura na

comunicação.(MAHAMADU; MAHDJOUBI; BOOTH, 2013, p. 213, Tradução Nossa)15

Contudo, o constante fluxo de informações entre os projetistas pode gerar conflitos que

devem ser assegurados por um mediador, considerado no caso o coordenador de projeto, onde

esse passa a ter um papel diferenciado quando se utiliza dos preceitos do BIM. (FABRICIO,

MELHADO, 2002)

“Relacionamentos e interações entre os membros do grupo e outros participantes e

empresas é necessário para coordenar o processo de inovação.” (DAVIES; HARTY, 2011, p.

240, Tradução Nossa) 16

Bryde; Broquetas; Volm, (2012) alegam que o BIM serve de catalisadora nos processos

de gerenciamento de projetos da construção civil onde os empreendimentos necessitam de

diferentes prestadores de serviços trabalhando de forma conjunta.

O papel de coordenação ainda é muito debatido, com determinadas funções como o

“Gerente de Modelo” (Model Manager), “Gerente BIM” (BIM Manager) ou “Gerente de

Projeto” (Project Manager).

“Gerente de modelo é uma nova função no projeto assistido pelo BIM. A necessidade do

Gerente de modelo ainda é amplamente debatida.” (RIZAL, 2010, p. 185, Tradução Nossa) 17

14 The main barriers against using a cloud platform were security and legal issues.(REDMOND et al., 2012, p.

177, Original) 15 Notwithstanding the touted benefits of BIM-cloud integration, the perceived risks may impinge on successful

adoption particularly as a result of similar security challenges emanating from pervasiveness and openness of cloud

communications. (MAHAMADU; MAHDJOUBI; BOOTH, 2013, p. 213, Original) 16 Relationships and interactions between group members and other individuals and companies are necessary to coordinate the innovation process. (DAVIES; HARTY, 2011, p. 240) 17 Model manager is a newly introduced role within a project with BIM support. The necessity of a model manager is still a highly debated issue. (RIZAL, 2010, p. 185, Original)

Page 41: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

27

Rizal (2010) ainda aponta que as funções de Gerente de Modelo e Gerente de Projeto são

de certa forma iguais, sendo também contratados diretamente pelo cliente. O posicionamento

do arquiteto como cargo fundamental para a posição de Gerente, ou mais popularmente

conhecida como coordenador, também é muito debatido.

O American institute of Architects, (AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECS, 2007)

alega ainda que a função de coordenação pode migrar entre fases, sendo responsabilidade de

uma pessoa durante o processo de projeto, e de outra pessoa durante o processo de obra.

Deve-se levar em consideração que além da exigência criativa do próprio cargo de

arquiteto para os primeiros passos no desenvolvimento do projeto; exige-se também o

conhecimento acerca de todo o empreendimento, do processo completo de projeto e construção,

e da coordenação das equipes envolvidas. (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)

Apesar disso, a arquitetura ainda é determinante nos primeiros passos dados no

desenvolvimento do empreendimento. Para que seja garantida as exigências do cliente e as

determinações do arquiteto, é mais plausível que o cargo de coordenador seja dirigido ao

arquiteto desenvolvedor do projeto.

Entretanto, o cargo de coordenador exige também que a comunicação e a capacidade de

mediação dos impasses entre as equipes projetistas sejam qualidade intrínseca do profissional.

Isso nos leva a acreditar que apesar do arquiteto ser o profissional mais indicado a ocupar o

cargo, se o então profissional não possuir as “exigências” da função, seu preenchimento pode

ser determinado pela pessoa mais “qualificada” da equipe.

“Coordenar projetos de construção civil é uma tarefa difícil e o exercício adequado desta

função exige persistência, perspicácia e manutenção do foco nos resultados, que são

características típicas de um líder.” (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013, p. 78)

Nóbrega Junior; Melhado, (2013) levantam ainda que o êxito do empreendimento

depende diretamente da função do coordenador, devido a mediação nas escolhas feitas durante

o processo de projeto, e também pela própria qualidade do projeto entregue à obra.

Vale ressaltar também, que as escolhas tomadas em “disputas” pela equipe de projeto

nem sempre são feitas apenas pelo coordenador, podendo ser discutidas também pela equipe

inteira de gerentes do empreendimento, investidores e clientes.

Outro fator essencial para a interoperabilidade é a infraestrutura. Os softwares

paramétricos por possibilitarem uma grande quantidade de informação no modelo exigem

computadores de alta performance, assim como uma rede integrada conectada a um servidor

capaz de transmitir os dados (FIG.6) de forma rápida para todos os participantes.

Page 42: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

28

Figura 6 - Rede de dados e fluxo de informações

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

2.2.3 Vantagens do Uso da Modelagem Paramétrica

Apesar de o BIM exigir mudanças não apenas de ferramentas, mas também de processos

de projeto, o que pode ser considerado um sério problema na decisão de sua utilização, podem

ser levantados dados para a determinação das vantagens trazidas pelo processo.

Biotto; Formoso; Isatto, (2015) afirmam que a modelagem em 3D e os dados retirados do

projeto de forma automática auxiliam as equipes nas tomadas de decisões e na coordenação do

processo de projeto, sendo este um dos maiores potenciais do BIM.

Pode-se afirmar também que as informações contidas no modelo auxiliam não somente

as fases de projeto e obra, mas ajuda a tomar decisões a certa da operação e manutenção da

edificação de forma mais precisa e dinâmica.

De acordo com Merschbrock; Munkvold, (2014) evidências sugerem que a qualidade de

empreendimentos melhorou devido a facilidade de compreender o edifício em 3D, trazendo

clientes, investidores e usuários para dentro do processo de projeto. Profissionais envolvidos

no processo de projeto também relatam que o tempo consumido em retrabalhos e levantamento

de quantitativos e custos diminuíram drasticamente, tornando o trabalho mais prazeroso na

medida que se ganha tempo para discussão de medidas que levarão o empreendimento a

consideráveis melhorias.

Servidor local ou em nuvem

*Arquivo Central

Computador Pessoal - 1*Arquivo Local 1

Computador Pessoal - 2*Arquivo Local 2

Computador Pessoal - 3*Arquivo Local 3

Computador Pessoal - 4*Arquivo Local 4

Computador Pessoal - 5*Arquivo Local 5

Computador Pessoal - 6*Arquivo Local 6

...

Page 43: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

29

A capacidade de gerar imagens e vídeos realistas, assim como diferentes estudos de

implantação e layout é apontada por Sheth; Price; Glass, (2010) como vantagens durante a

apresentação, analise de utilização pela equipe usuária, e venda do projeto para clientes e

investidores.

Clientes e investidores que trabalharam com BIM desde o desenvolvimento do

empreendimento relatam que alcançaram uma posição vantajosa no mercado devido ao baixo

custo de operação e manutenção preditiva, assim como devido a instalações de qualidade.

(EASTMAN et al., 2011)

Em pesquisa desenvolvida por Bryde; Broquetas; Volm, (2012), com 35 estudos de casos

da utilização do BIM em projetos e construções, foram levantados dados que demonstram a

porcentagem de casos que obtiveram resultados benéficos ou maléficos em determinados

critérios (TABELA 1).

Tabela 2 - Ranking de sucesso na utilização do BIM

Ranking de sucesso na utilização do BIM

Critério de Sucesso

Benefícios Malefícios

Total de

Casos

Número de

Projetos

% de

projetos

Total de

Casos

Número de

Projetos

% de

projetos

Redução ou controle de custos

29 21 60% 3 2 5.71%

Redução ou controle de tempo

17 12 34.29% 4 3 8.57%

Melhoria de comunicação

15 13 37.14% 0 0 0%

Melhoria de Coordenação

14 12 34.29% 7 3 8.57%

Melhoria ou controle na qualidade

13 12 34.29% 0 0 0%

Redução de riscos

8 6 17.14% 2 1 2.86%

Clarificação de Escopo

3 3 8.57% 0 0 0%

Melhoria de organização

2 2 5.71% 2 2 5.71%

Problemas com Softwares

0 0 0% 0 7 20%

Fonte: (BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012, p.6, Tradução Nossa)

Alguns estudos ainda demonstram as vantagens na utilização do BIM em determinados

empreendimentos como em edificações de assistência à saúde. Manning; Messner, (2008)

afirmam que devido a constante preocupação de gestores hospitalares em lidar com limitações

Page 44: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

30

orçamentárias, o BIM poderia servir de auxílio nas tomadas de decisões, trazendo benefícios

como: (1) As built preciso como documentação de auxílio em renovações futuras’ (2) Analises

para verificação na ventilação cruzada e na qualidade do ar, iluminação natura, artificial e

consumo energético; (3) coordenação geométrica de sistemas mecânicos, elétricos e

hidráulicos; e (4) fácil articulação de layouts para minimizar riscos de contaminação biológica.

Merschbrock; Munkvold, (2014) especulam que a utilização do BIM de forma apropriada

pode elevar o setor da construção civil como o mais inovador, alterando o rumo da arquitetura,

engenharia e construção no mundo inteiro.

Em pesquisa realizada por Guerretta e Santos (2015), o custo de compra de materiais e

execução de obra por uma construtora caíram 120,39% quando utilizado o BIM para

compatibilização e orçamentação de obras, o que representou no estudo uma economia de

R$577.055,60.

Apesar das evidências sugerirem que o BIM traz avanços considerados no setor da

AECO, algumas problematizações são encontradas durante o processo de adaptação e inserção.

2.2.4 Entraves do Uso da Modelagem Paramétrica

A implantação de modelos paramétricos em escritórios da AECO ainda é o maior

problema enfrentado na difusão do BIM, já que altera não somente a ferramenta utilizada na

concepção de projetos, mas também toda a estruturação tecnológica e processual do escritório.

(CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2016c)

O custo da implantação de uma nova infraestrutura que abrange novos computadores,

rede de rápida transmissão de dados e licença de softwares pode extrapolar o orçamento de

pequenos escritórios, ficando a cargo de médios e grandes escritórios essa implantação de forma

mais difundida.

Em segundo plano, o treinamento das equipes e a reorganização dos processos de projeto

do escritório tornam-se também empecilhos na utilização do BIM. A resistência na mudança

dos processos entre os profissionais é consideravelmente alta, e isso é agravado pela falta de

profissionais capacitados para operar e gerenciar essas novas tecnologias e processos, de

maneira a tornar a alteração de sistemas e processos nos escritórios menos complicada.

A utilização difundida do processo BIM deve também estar vinculada com ações

governamentais, que busquem regular e incentivar a implementação, seja a nível de projeto,

construção ou manutenção, por meio de descontos ficais e demanda de novos

empreendimentos.

Page 45: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

31

A implantação do BIM no Brasil jamais foi assumida como uma questão de Estado,

com ações coordenadas pelo governo federal, com metas de curto, médio e longo

prazos estabelecidos em conjunto com a cadeia produtiva. (NARDELLI; TONSO,

2014, p. 410)

Contudo, no Brasil, em 17 de maio de 2018, o Governo Federal publicouo decreto nº

9.377, mais conhecido como Estratégia BIM BR, que fomenta a utilização do BIM por meio de

intervenção do Governo Federal, colocando o Brasil no mapa de governos que apoiam e

incentivam a utilização do BIM, mesmo que ainda de forma inicial.

2.2.5 Implantação do BIM em Escritórios e Empreendimentos

O processo de implantação do BIM em escritórios e empreendimento da AECO mostram-

se na grande maioria custosos e de difícil compreensão. Entretanto, um planejamento das

funções e atribuição das equipes, assim como do processo e sua implantação pode ser uma boa

estratégia de implementação.

Deve-se sempre reforçar que a implementação não se faz apenas com a troca de

ferramenta para softwares paramétricos, mas toda a infraestrutura e o processo de projeto

devem ser revistos e reestruturados, focando na integralidade das equipes e prestadores de

serviço envolvidos no desenvolvimento do empreendimento, da elaboração do projeto, até sua

manutenção e demolição. (NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)

“Quanto melhor a equipe trabalhar de forma conjunta, mais provável que resista a

disputas internas.” (AIA, 2007, p. 13, Tradução Nossa) 18

Eastman et al., (2011) reforçam a ideia de que deve-se fazer a reestruturação completa,

não apenas de ferramenta, mas da infraestrutura e dos processos utilizados pelas equipes

projetistas.

Como levantado por Manning; Messner, (2008) a implantação não necessariamente

precisa ser feita de forma totalmente aprofundada, mas pode ser considerada à medida da

necessidade dos profissionais, cliente e do próprio empreendimento; assim como não é

necessário a utilização do BIM em 100% para colher as vantagens proporcionadas por ela.

18 The better the team works together, the more likely it is to survive internal disputes. (AIA, 2007, p. 13, Original)

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32

Os primeiros passos dados já são suficientes para perceber a mudança de tempo

desprendido na concepção da edificação. Manning; Messner, (2008) apontam que o tempo

desprendido no desenvolvimento do projeto pode cair de meses para dias, e que em alguns casos

a diminuição na utilização de ferramentas CAD em 39% foi suficiente para otimizar o trabalho

e reduzir consideravelmente o tempo desprendido em projeto devido a refazimentos e ao

próprio processo de projeto sequencial.

Os desenhos originais em 2D, desenvolvidos por um arquiteto experiente, levaram

aproximadamente mais de 350 horas de trabalho divididas em aproximadamente 24

meses. O mesmo projeto utilizando o Autodesk Revit levou aproximadamente 214

horas divididas em 44 dias. (MANNING; MESSNER, 2008, p. 449, Tradução Nossa)

19

Entretanto, é importante ter em mente que existem profissionais diferenciados quando se

opta pela utilização do BIM. Um dos fatores primordiais é a determinação dos profissionais

especialistas no setor, que planejam e auxiliam nas mudanças de ferramentas e processos.

Escolher um profissional para desempenhar essas funções e até mesmo diferenciar suas

atuações dentro da empresa é fundamental para determinar o escopo da vaga a ser preenchida.

Barison; Santos, (2010) ressaltam a importância de definir a atuação dos profissionais

especialistas, principalmente quanto de sua adequação em escritórios da AECO. De acordo com

os autores, pode-se determinar algumas funções variadas nos especialistas em BIM, ressaltando

também que um especialista pode, dependendo da necessidade, realizar mais de uma função,

sendo elas:

1- BIM Modeller – responsável pelo desenvolvimento dos modelos computacionais a

serem utilizados, contendo informações de desenho, material, tamanho, detalhamento,

documentação, etc. Pode-se comparar as funções do BIM Modeller com o comumente

conhecido “cadista” ou “projetista”. Apesar de ser comum no ambiente da AECO a

utilização de mão de obra não qualificada para desenvolver essas atividades

relacionadas ao desenho do projeto, é aconselhável que o BIM Modeller seja um

profissional devidamente qualificado para exercer essa função, haja visto que o

lançamento de dados quando utilizado o BIM não são apenas referentes ao desenho

técnico.

19 The original 2D plan drawings, completed by a seasoned CAD architect, took total drawing hours estimated at over 350 hours of work spread over approximately 24 months. The redesign using Autodesk Revit took approximately 214 hours of design time over 44 days.(MANNING; MESSNER, 2008, p. 449, Original)

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33

2- BIM Analyst – responsável pela simulação de análises no modelo de forma geral,

incluindo análises estruturais, energéticas, logísticas, etc.

3- BIM Software Developer – responsável por desenvolver softwares e plug-ins de

suporte de acordo com as necessidades do processo.

4- Modelling Specialist – mais voltado a profissionais de TI para trabalhar com

programação em arquivos IFC.

5- BIM Facilitator – profissional habilitado para operar e lecionar sobre softwares e

sistemas, auxiliando no processo de implantação do BIM em empreendimentos.

6- BIM Consultant – profissionais aptos a elaborar planos de ação e implementação do

BIM em escritórios e empresas que não possuem, ou não querem investir inicialmente,

em profissionais para exercer a função de BIM Manager.

7- BIM Researcher – profissional vinculado a instituições de ensino ou governamentais

responsáveis pela pesquisa, treinamento, ensino, determinações e normas voltadas

para o uso do BIM.

8- BIM Manager – responsável não somente pela implantação do BIM em

empreendimentos, por meio de um Plano de Implantação e Execução, mas também

manter a coordenação dos projetos e equipes ao longo do tempo, definir diretrizes na

elaboração do projeto, mediar impasses, defender as necessidades do cliente, etc.

Em alguns países, governos e organizações desenvolveram manuais para apoio aos

processos de implementação em escritórios e empreendimento.

No Brasil, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) lançou o

primeiro fascículo do “Guia de Boas Práticas do BIM” em 2013, e posteriormente em 2015 o

segundo fascículo do guia. No ano de 2016, a Câmara Brasileira da indústria da Construção

(CBIC) lançou uma coletânea de 5 volumes intitulada “Implementação do BIM para

Construtoras e Incorporadoras”, sendo dividida da seguinte forma: (1) Fundamentos BIM; (2)

Implementação BIM; (3) Colaboração e Integração BIM; (4) Fluxos de Trabalho BIM; (5)

Formas de Contratação BIM; e (5) 10 Motivos para Evoluir com o BIM.

Em seguida, em 2017, a Agencia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)

lançou uma série de 6 capítulos para a divulgação e auxílio na utilização da tecnologia BIM

intitulados: (1) O Processo de Projeto BIM; (2) Classificação da Informação no BIM; (3) BIM

na Quantificação, Orçamentação, Planejamento e Gestão de Serviços de Construção; (4)

Contratação e Elaboração de Projetos BIM na Arquitetura e Engenharia; (5) Avaliação de

Desempenho Energético; e (6) A Implantação de Processos de Projeto BIM.

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34

No Brasil, as normas voltadas para a utilização do BIM foram desenvolvidas a partir do

ano de 2011 e são, ainda, aperfeiçoadas. Com base na ISO 12006-2 – Construção de edificações

– Organização da Construção Parte 2: Estrutura para Classificação (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018) foram desenvolvidas as seguintes normas:

• ABNT – NBR 15965-1:2011 – Sistema de Classificação da Informação da Construção

Parte 1: Terminologia e Estrutura. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 2011);

• ABNT – NBR 15965-2:2012 – Sistema de Classificação da Informação da Construção

Parte 2: Características dos Objetos da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

DE NORMAS TÉCNICAS, 2012);

• ABNT – NBR 15965-3:2014 – Sistema de Classificação da Informação da Construção

Parte 3: Processos da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 2015);

ABNT – NBR 15965-7: 2015 – Sistema de Classificação da Informação da Construção

parte 7: Informação da Construção. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 2015)

Deve-se sempre levar em consideração as normas e guias para a elaboração do plano de

implementação, haja visto que elas regulam a interoperabilidade da informação.

A elaboração de um Plano de Implementação e Execução do BIM é fator determinante

acerca das escolhas a serem feitas, sejam elas de definição de nível de aprofundamento da

tecnologia, propósitos de utilização, metas a serem alcançadas, documentações, mudança de

infraestrutura, qualificação de corpo de trabalho, mudança de processos, etc. É sempre

importante que estudos de viabilidade e do retorno financeiro previsto sejam feitos e atualizados

à medida que se proceda com a implementação. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS

ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA, 2013)

É importante fomentar que o plano de implementação não pode ser rígido, já que cada

projeto e cliente têm suas variadas necessidades e demandas, fazendo com que o processo de

projeto seja ajustável a qualquer implicação necessária. (AGÊNCIA BRASILEIRA DE

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2017a)

Os honorários das atividades prestadas também mudam ao optar-se pela utilização do

BIM. Como apontado por Abaurre, (2013) o compartilhamento de lucros e contabilidade aberta

é fator essencial na elaboração de contratos voltados para a construção civil.

Todas essas considerações devem ser analisadas na elaboração de novos contratos em

novos empreendimentos, assim como a reestruturação de modelos e contratos antigos, a fim de

Page 49: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

35

adequar a atividade a metodologia BIM. A importância das variáveis contratuais é central nos

processos de implementação, razão pela qual precisa ser discutida no âmbito desta pesquisa.

2.3 Contratos na Construção Civil

Contratos podem ser definidos como uma relação ou pacto entre partes, sejam elas

pessoas ou empresas, que se comprometem a cumprir as funções e determinações sob algumas

condições.

Os contratos jurídicos voltados para a construção civil podem influenciar diretamente na

qualidade das edificações. Isso porque as determinações das atividades prestadas descritas nos

contratos ditam a forma como todo o processo irá ocorrer; do projeto à construção e manutenção

predial. (GRILO; MELHADO, 2014)

Contudo, contratos transacionais ou tradicionais são comumente os mais utilizados, onde

sua funcionalidade é apenas assegurar os interesses do cliente, deixando de lado a determinação

de ambientes colaborativos, onde o interesse gira em torno da qualidade do projeto e da

edificação.(IOPPI; FORMOSO; ISATTO, 2015)

Dessa maneira, os contratos tradicionais mostram-se ineficazes, não abrangendo o

empreendimento como uma rede de prestadores de serviços vinculada.

“Uma escolha inapropriada do tipo de contrato pode afetar não apenas o relacionamento

entre as partes contratadas, mas também o progresso e o fluxo de interesses, o que acaba por

criar disputadas na construção.” (CHEUNG; YIU; CHIM, 2006, p. 51, Tradução nossa) 20

No Brasil, acordos informais são usualmente mais utilizados se comparado aos serviços

ofertados por contratos jurídicos, onde a confiança entre profissionais e clientes é o fator

determinante na seleção dos prestadores de serviços. Esses acordos informais acabam também

dificultando a relação entre empresas internacionais e prestadores de serviço no Brasil, pois as

exigências determinadas em contratos jurídicos internacionais normalmente utilizados em

outros países não correspondem à realidade brasileira. (LINS et al., 2014)

O problema se agrava ainda mais no âmbito de obras públicas, onde as licitações também

se baseiam em contratos transacionais que aceitam adições baseadas no entendimento de que o

dinamismo dos empreendimentos acarreta em constantes modificações do projeto. De acordo

com Eastman et al., (2011), construtoras constantemente aproveitam dessas brechas para

20 An inappropriate choice of contract may not only affect the relationship between the contracting parties, but also the progress and the flow of interest, which may ultimately lead to construction disputes. (CHEUNG; YIU;

CHIM, 2006, p. 51, Original)

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36

garantir o ganho de licitações estimando o custo do empreendimento abaixo de seu valor real,

e consequentemente, fazendo adições posteriores aos valores previamente determinados.

Com a mudança do processo de projeto sequencial para o simultâneo, a reestruturação da

interação entre cliente, projetistas, construtores e o empreendimento em si acabam sendo

alteradas. Isso implica em um envolvimento entre ambas as partes desde a concepção inicial

até sua construção, podendo ser estendida à manutenção preditiva e operação, levando a

alterações contratuais (contratos relacionais) que visam a qualidade do projeto e do

empreendimento.

Um esforço considerável para a implantação do BIM é percebido advindo do próprio

cliente, que por necessitar de uma confiabilidade nos prestadores de serviços, e percebendo as

vantagens do sistema em relação a custos e prazos, determina sua utilização em contrato.

(EASTMAN et al., 2011; GRILO; MELHADO, 2014; MERSCHBROCK; MUNKVOLD,

2014; NÓBREGA JUNIOR; MELHADO, 2013)

No Brasil, a legislação não permite a vinculação de contratos pouco favoráveis as

mudanças em licitações de obras públicas, o que acaba prejudicando também o avanço do BIM

no país, ficando restrito esses investimentos apenas a uma determinada parte do setor privado.

(GRILO; MELHADO, 2014)

A seguir são apresentados os contratos mais utilizados, conhecidos como transacionais

ou tradicionais.

2.3.1 Contratos Transacionais ou Tradicionais

Os contratos transacionais, mais conhecidos como contratos tradicionais na construção

civil, não consideram a complexidade tanto do empreendimento quanto da formação

multidisciplinar colaborativa necessária para o desenvolvimento do projeto e da construção,

assegurando apenas os interesses do cliente, delimitando assim o produto final. Como levantado

por Abaurre (2013; apud, MELHADO; AGOPYAN, 1995), os contratos deixam de estabelecer

as vinculações entre os prestadores de serviços que garantam tanto a qualidade do produto final

quanto dos processos utilizados.

De acordo com Bucker, (2010) o modelo mais utilizado de contrato transacional é o

Design Bid Building (DBB), que separa as etapas de projeto e obra, levando a custos elevados,

maiores tempos de execução e maiores desperdícios de materiais.

Como alternativa tem-se o modelo Design Build (DB), que aloca toda a responsabilidade

do empreendimento a construtora, que fica responsável pelas subcontratações de serviços.

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37

2.3.1.1 Design Bid Building (DBB)

Comumente mais utilizado, o contrato baseado no Design Bid Building, denominado no

Brasil de Contrato Sequencial, segrega as funções de projeto e construção como ações

independentes. As responsabilidades se restringem apenas às funções específicas, onde por

consequência, incompatibilizações e erros acabam sendo deixados para a etapa de obra,

aumentando os custos e os aditivos contratuais, comprometendo também a viabilidade do

empreendimento.

“Um contrato tradicional bem redigido define claramente as responsabilidades e

consequências dos erros de capa parte envolvida.” (AIA, 2007, p. 13, tradução nossa) 21

Esse tipo de contrato, apesar de apresentar algumas vantagens como uma maior afinidade

e contato direto entre cliente e prestadores de serviços, apresentam desvantagens trazidas pela

segregação das etapas do empreendimento (incompatibilizações, desacordos, aditivos

financeiros e temporais...), e pelo cliente deter todos os riscos do empreendimento.

(ABAURRE, 2013; apud BUCKER, 2010)

Abaurre (2013) aponta que em licitações para empreendimentos públicos, o contrato

sequencial é determinado por lei (8.666/1993), baseado no menor custo para o lançamento do

empreendimento.

Por separar as etapas e equipes de projeto e construção, os contratos sequenciais também

apresentam um desafio na implantação de tecnologias de projeto e gerenciamento simultâneo

como o BIM. (EASTMAN et al., 2011)

De acordo com o Instituto de Arquitetos Americano (AMERICAN INSTITUTE OF

ARCHITECS, 2007), o sucesso do empreendimento não é fator determinante na elaboração

desses contratos tradicionais, e consequentemente a colaboração entre as equipes não é

estimulada, pois o seu faturamento independe do êxito do empreendimento.

Apesar de tradicional, o contrato sequencial está gradativamente sendo substituído na

construção civil, substituição imposta na maioria das vezes pelos clientes – grande maioria

privado – que buscam minimizar os riscos e melhorar a integração entre equipes para garantir

o sucesso do empreendimento.

21 A well-drafted traditional construction contract clearly defines the parties’ responsibilities and the consequences of failure (AIA, 2007, p. 13, Original)

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38

2.3.1.2 Design Build (DB)

Como alternativa ao contrato sequencial, os contratos baseados em Design Build

(Projeto/Construção) determinam que o contrato seja estabelecido diretamente entre cliente e

construtora, a qual fica responsável por toda a execução do empreendimento, podendo

desenvolver o projeto de forma interna ou por parcerias com outras empresas e agentes

prestadores de serviços.

Como apontado por Abaurre (2013; apud BUCKER, 2010), as responsabilidades de

riscos, são inteiramente da empresa vinculada diretamente ao cliente por meio de contrato.

Os valores agregados na cooperação entre os prestadores de serviços acabam fortalecendo

laços entre os mesmos, aumentando consequentemente seu mercado de trabalho e fortalecendo

as empresas e parcerias. (COLLEDGE, 2005)

Centralizar as responsabilidades envolvidas no empreendimento traz uma

responsabilidade maior ao contratado, estimulando o desenvolvimento de estratégias que

minimizem custos e prazos, e garanta a qualidade da edificação. Essa reestruturação de

responsabilidade estimula também a cooperação entre prestadores de serviços, o que representa

uma oportunidade para a inserção do BIM. (EASTMAN et al., 2011)

O foco desse tipo de projeto está em alcançar os principais valores relacionados ao

projeto, como objetivos, tempo e custo. As complexidades e desafios relacionados a cada

projeto passam a ser trabalhados em conjunto para que o cliente e todos os envolvidos com o

empreendimento sejam beneficiados. (COLLEDGE, 2005)

Apesar de minimizar os riscos para o cliente, esse tipo de contrato acaba deixando de lado

a vinculação do mesmo com o projeto, deixando toda a responsabilidade do empreendimento

com a construtora. Ele cria também uma necessidade imediata das premissas de projeto bem

definidas, amparadas por um anteprojeto restrito, isento de futuras modificações.

Esses problemas trazidos pelo Design Build é apontado por Abaurre (2013) como

responsáveis pela insatisfação nas tentativas de estabelecimento desse tipo de contrato no

mercado brasileiro. A autora ainda aponta que conflitos de interesse nas concorrências e

restrições legais entre projetistas e construtoras, assim como a falta de treinamento das

incorporadoras em gerenciamento de projetos, afetam drasticamente sua utilização no Brasil.

Page 53: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

39

2.3.2 Contratos Relacionais

Os contratos relacionais baseiam-se na cooperação entre prestadores de serviços focados

a atingir o sucesso do empreendimento, não mais segregando todas as etapas, mas entendendo-

o de forma abrangente, onde cada variável do projeto pode interferir beneficamente ou

maleficamente com outra.

“Essa abordagem é mais consistente com a análise de fluxos e teorias de geração de valor

desenvolvidas pela linha de pesquisa da Lean Construction – construção enxuta – para o

entendimento ao dinamismo dos projetos de construção civil.” (ABAURRE, 2013, p. 47)

Esses tipos de contrato apresentam significantes melhoras nas relações entre os

prestadores de serviços, assim como em sua produtividade e lucratividade, o que,

consequentemente, apresenta melhorias no empreendimento em si.

Os contratos relacionais podem ser separados em Project Alliance (PA) e Integrated

Design Building (IPD), como apresentado a seguir.

2.3.2.1 Project Alliance (PA)

Esse tipo de contrato relacional define uma transparência dos dados de projeto assim

como da contabilidade geral do empreendimento. Os riscos são compartilhados por todos os

participantes, definindo-se inicialmente o custo alvo do empreendimento, e depois subtraindo-

se ao custo final, podendo levar a maiores lucros ou perdas aos envolvidos. Devido a essas

questões determinadas pelo modelo de Aliança de Projeto, a seleção dos prestadores de serviços

não é mais feita baseada no orçamento proposto, e sim no “know how” e no desempenho de

cada participante, pois o resultado depende diretamente dos mesmos. (ABAURRE, 2013)

A Aliança de Projeto é apontada por Abaurre (2013, apud ROSS, 2003) como a

alternativa mais viável para o desenvolvimento de empreendimentos de grande complexidade,

onde os riscos são considerados altos.

Esse modelo contratual foi desenvolvido na década de 90 pela multinacional British

Petroleum, devido à sua necessidade de redução de custos na elaboração de projetos onde os

riscos eram maiores, como na exploração de pequenas reservas. (ABAURRE, 2013)

Page 54: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

40

2.3.2.2 Integrated Project Delivery (IPD)

A globalização traz desafios à construção civil envolvendo tanto elementos e técnicas

construtivas, como interação entre prestadores de serviços. Isso faz com que seja necessária a

criação de sistemas e processos de cooperação que sejam capazes de determinar de forma mais

precisa custos e serviços, assim como cria novas parcerias e o aumento da concorrência.

Inovações tecnológicas, gerenciais e administrativas em todos os setores produtivos

serviram de amparo para o desenvolvimento do processo de projeto integrado (IPD), que se

baseia na cooperação entre todas as possíveis variáveis de um projeto a fim de garantir a

qualidade final do empreendimento, alcançando todos os objetivos financeiros, sustentáveis,

etc.

De acordo com Abaurre, (2013) o IPD surgiu pela necessidade de mudança dos contratos

usualmente aplicados (DBB e DB) que não mais ofereciam resultados satisfatórios, tanto para

os contratados como para os contratantes. A Westbrook, empresa americana que atua no setor

de sistemas de ar condicionado para a construção civil criou, em 1998 o modelo de contrato

relacional IPD, vindo a transformá-lo depois em marca registrada.

Em 2007, foi lançado pelo American Institute of Architects (AIA) um guia de elaboração

de contratos em IPD para amparo a profissionais ligados ao setor construtivo; nesse manual a

definição de projeto integrado é dada da seguinte forma:

Integrated Project Delivery (IPD) é uma abordagem na entrega de projetos que integra

pessoas, sistemas, comércio e prática em um processo que enaltece os talentos e visões

de todos os participantes para otimizar os resultados do projeto, aumentando o valor

para o proprietário, reduzindo desperdícios, e maximizando a eficiência em todas as

fases da elaboração, fabricação e construção. (AIA, 2007, Tradução nossa) 22

Segunda Abaurre (2013, apud WANG, 2008) o contrato baseado em IPD pode seguir

duas linhas, sendo elas a focada no processo, e a Associação de empresas (SPE-IPD – Single

Purpose Entity Integrated Project Delivery). Na primeira linha, existe uma relação contratual

apenas entre o cliente e o representante legal da equipe de projetos ou construção; já nos

contratos SPE-IPD, a relação é determinada por contrato entre todas as partes, pois todos os

participantes ou, empresas participantes, detém ações do empreendimento, compartilhando

assim as responsabilidades sobre o mesmo.

22 Integrated Project Delivery (IPD) is a project delivery approach that integrates people, systems, business structures and practices into a process that collaboratively harnesses the talents and insights of all participants to optimize project results, increase value to the owner, reduce waste, and maximize efficiency through all phases of design, fabrication, and construction. (AIA, 2007, Original)

Page 55: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

41

De acordo com Cheung; Yiu; Chim, (2006) os contratos relacionais são mais adequados

quando o empreendimento envolve uma complexidade projetual, construtiva e operacional, o

que implica diretamente na cooperação entre todos os profissionais envolvidos.

A cooperação entre esses profissionais é fundamental para que seja alcançado o sucesso

do empreendimento. O envolvimento de toda a equipe ainda na fase primária do projeto faz

com que o número de variáveis a serem consideradas aumente, e que o entendimento do projeto

ainda na fase inicial seja maior, sendo possível assim, analisar quais as melhores opções que

sirvam como garantia de êxito.

Toda a relação de trabalho desenvolvida a partir da cooperação entre os envolvidos pode

ser relacionada não apenas aos contratos redigidos, mas também em uma relação de “boa-fé”,

contudo, algumas regras podem ser determinadas por equivalência a esse termo. (CHEUNG;

YIU; CHIM, 2006)

O sucesso do empreendimento não depende apenas das etapas de projeto e construção,

mas também da manutenção preditiva, gerenciamento e operação, os quais podem também ser

assistidos pelos processos de IPD, o que torna a comunicação fator essencial para o

desenvolvimento de qualquer plano assistido pelo processo de projeto integrado. (LUCAS;

BULBUL; THABET, 2013).

“Para assegurar a sustentabilidade durante a construção, uso e manutenção preditiva, os

usuários finais, gerentes, empreiteiros e especialistas precisam estar envolvidos com o

planejamento e no processo de projeto.” (RIZAL, 2010, p. 178, Tradução nossa) 23

O avanço da tecnologia e dos processos de trabalho, proporcionaram facilidades na

ordenação das multidisciplinaridades do projeto e de equipes, tornando a cooperação fator

essencial no desenvolvimento do empreendimento, o que cria também, a necessidade de uma

coordenação das equipes e serviços.

Ainda na elaboração de contratos baseados em IPD pode-se estipular a utilização de

processos que facilitem a interação das equipes, assim como a coordenação das mesmas. O

BIM é a metodologia que mais se enquadra nesses processos, podendo ser utilizado não apenas

nas etapas de projeto e construção, mas também ao assistir equipes de operação e manutenção

de edificações de grande complexidade.

A migração para um processo de trabalho por meio do IPD necessidade de uma

coordenação e determinação de equipes e líderes que definirão as atividades, prazos, e empasses

23 In order to assure the sustainability during construction, use, and maintenance, the end users, facility managers, contractors and specialist contractors need to be involved in the planning and design processes. (RIZAL, 2010,

p. 178, Original)

Page 56: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

42

durante a elaboração e construção da edificação, podendo também fazer parte das fases de

manutenção preditiva e operação como ativos ou conselheiros.

Para aplicar os princípios do IPD e garantir seu êxito, é necessário montar uma(s)

equipe(s) que esteja disposta a trabalhar de forma colaborativa e efetiva, e que entenda as

consequências de suas decisões, que podem afetar tanto o sucesso do empreendimento como

seus próprios ganhos financeiros.

Dessa maneira, a elaboração de contratos baseados em IPD pode ser mais trabalhosa que

contratos transacionais, pois ela precisa determinar formas de incentivo e dar base ao trabalho

em equipe.

O American Institute of Architects (AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECS, 2007)

alerta que deva existir equipes de controle e pessoas chaves que representem os interesses do

cliente e do empreendimento quando se trabalha com metodologias de projeto integrado,

separando as atividades de projeto e gerenciamento em duas equipes:

• Project Executive Team: Atua de forma a garantir a viabilidade técnica do

empreendimento e o planejamento do projeto, criando soluções e decisões assistidas

por todos os profissionais relativos a todas as variáveis do projeto;

• Project Management Team: Incumbido de ordenar as determinações da equipe

executiva controlando prazos, cronogramas e determinando o planejamento de

atividades de curto prazo.

Pode-se apontar as vantagens na utilização de modelos de IPD como sendo: (1) a

diminuição no tempo de obra, já que todo o esforço é concentrado na fase de projeto; (2) a

diminuição de gastos energéticos; (3) a diminuição de desperdícios de materiais; (4) aumento

nas chances de êxito do empreendimento.

Um fator importante na definição do escopo completo dos contratos baseados em IPD é

a determinação da maneira de compensação dos profissionais envolvidos.

Os honorários dos profissionais envolvidos em processos de projeto simultâneo baseados

em IPD-BIM são alterados a fim de estimular a participação em equipe, o envolvimento de cada

profissional e o foco no êxito do empreendimento e suas reduções de custos. (RIZAL, 2010)

Honorários baseados no metro quadrado ou no tempo e esforço desprendido em projeto

passa a ganhar complementos em relação aos objetivos do empreendimento. A compensação

relativa aos retornos do investimento também passa a fazer parte dos pagamentos como

modelos de compensação pelos resultados alcançados aos projetistas.

Page 57: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

43

Isso ajuda também na transparência do setor financeiro, onde os valores gastos e

acumulados são demonstrados de forma aberta para que as equipes de projeto saibam o

percentual de êxito do empreendimento.

“A abertura do livro de contabilidade é um instrumento excelente desde que as partes

interessadas concordem com a informação a ser compartilhada e seu nível de detalhes.”

(RIZAL, 2010, p. 179, Tradução Nossa) 24

Abaurre, (2013) afirma que o retorno financeiro distribuído aos profissionais não é

baseado apenas no valor desprendido no empreendimento, seja ele favorável ou não, sendo 50%

do valor conferido ao cliente ou investidores, e o restante distribuído entre os profissionais

envolvidos de acordo com a porcentagem determinada no momento da elaboração do modelo

de compensação. A autora ainda afirma que as compensações levam em consideração também

metas alcançadas e monitoradas por indicadores, como prazos, qualidade do empreendimento,

gastos energéticos e ambientais.

Entretanto, como o IPD define que o desempenho e metas do empreendimento, sejam

eles positivos ou negativos, serão divididos entre os profissionais; os contratos contam com

estratégias para que o corpo de trabalho de projetistas e sua remuneração não seja desfavorável

em caso de repartição de riscos.

Define-se que, caso o projeto não alcance o custo alvo, os únicos valores de parcelas

a receber que podem ser sacrificados pelos contratados são aqueles referentes aos

honorários (custos indiretos e lucro), garantindo a cobertura dos custos diretos do

projeto e despesas gerais a ela relacionadas. Ainda que a parcela de prejuízo a ser

coberta, proporcionalmente, seja maior que esse montante, a diferença será absorvida

pelo cliente. (ABAURRE, 2013, p. 53)

Uma das maneiras de compensação levantada por Abaurre (2013; apud ROSS, 2003)

determina que os custos diretos e indiretos do projeto, que contém os gastos com tempo de

serviço, mão de obra, depreciação de equipamentos, impostos, licenças de softwares e materiais

de insumo são determinados pela empresa contratada como honorários do serviço e devem,

preferencialmente, possuir livro aberto para alguma eventual fiscalização, geralmente não

envolvida no empreendimento. As empresas devem também possuir um registro de trabalho

desenvolvido para análise de dados.

O somatório de todos os custos é considerado o custo alvo, o qual será referência na

distribuição da compensação dos profissionais quando analisado em relação ao custo total. Essa

24 Open book accounting is an excellent instrument provided that the stakeholders agree on the information to be shared and to its level of detail. (RIZAL, 2010, p. 179, Original)

Page 58: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

44

compensação poderá ser feita de acordo com as metas alcançadas ou na entrega do

empreendimento.

Abaurre, (2013) afirma também que as empresas passam a tentar desenvolver os serviços

sem terceirizá-los, aumentando assim a qualidade do serviço prestado, o controle de seus

processos, a diminuição do custo e o aumento dos lucros.

A relação de contratos e suas implicações nos processos são resumidamente apresentadas

na Tabela 3.

Tabela 3 - Contratos da construção e suas implicações no desenvolvimento do empreendimento.

Tran

saci

onal

Des

ign

Bid

Build

ing

• Segrega as funções de projeto e construção;

• Responsabilidades se restringem apenas às funções específicas;

• Cliente detém os riscos do empreendimento;

• Determinado por lei em licitações (Lei 8.666/1993;

• Não contempla o uso do BIM.

Des

ign

Build

ing

• Relação direta com cliente e construtora;

• Construtora responsável pelo projeto e construção do empreendimento;

• Responsabilidades e riscos voltados à construtora;

• Deixa de lado a vinculação do cliente com o projeto;

• Cria a necessidade de premissas de projeto definidas e restritas, sem possibilidades de

alterações.

Rel

acio

nal

Proj

ect

A llia

nce

• Define a transparência dos dados do projeto assim como da contabilidade geral do

empreendimento;

• Riscos compartilhados por todos os participantes;

• Seleção dos prestadores de serviços baseada em “Know How”.

Inte

grat

ed P

roje

ct D

eliv

ery

• Define a transparência dos dados do projeto assim como da contabilidade geral do

empreendimento;

• Riscos compartilhados por todos os participantes;

• Seleção dos prestadores de serviços baseada em “Know How”;

• Interoperabilidade entre os profissionais envolvidos;

• Coordenação definida;

• Contempla o uso do BIM (Projeto Integrado);

• Formas de compensação baseada em tempo de serviço, complexidade do

empreendimento e êxito do empreendimento.

Fonte: Desenvolvido pelo autor (2019)

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45

CAPÍTULO 3. MANUTENÇÃO PREDITIVA E REFORMAS DE EDIFICAÇÕES

COMPLEXAS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE

O tamanho de uma edificação não é necessariamente o fator determinante para definir sua

complexidade, mas sim o número de variáveis ou sistemas relacionados ao seu

desenvolvimento, manutenção preditiva e operação.

Nóbrega Junior; Melhado, (2013) afirmam que o aumento de sistemas nas edificações, e

consequentemente o aumento de disciplinas do projeto e profissionais especializados é fator

importante para se considerar a atual complexidade exigida pelas edificações modernas.

Edifícios voltados para a assistência à saúde, aeroportos, portos e shoppings são os

melhores exemplos que definem o alto nível de complexidade de uma edificação, e são eles

também o melhor exemplo na implantação de processos de IPD-BIM, devido à grande demanda

e necessidade de controle de suas funções.

Eastman et al., (2011) reforçam a ideia de que edificações de atuação constantes

dependem inteiramente de suas instalações, sendo necessário para os proprietários ou

administradores terem um rigoroso controle dos sistemas e fácil acesso a equipamentos para

manutenção preditiva.

Contudo edificações de assistência à saúde demandam uma precisão grande de projeto e

obra, assim como uma constante manutenção e reformulação de seus sistemas por conter riscos

diretos a saúde, por meio de contaminação e falhas de gerenciamento e operação.

O processo de constante reestruturação das edificações hospitalares é confirmado pelo

Entrevistado 3 (informação verbal)25 na fala “tem uma série de obras que acontecem no

hospital, e muitas vezes não são obras pequenas, é uma obra de estruturação completa de um

centro cirúrgico.”

“Edificações de assistência à saúde são únicas porque essas edificações precisam estar

abertas e operantes independente de qualquer circunstância.” (S. RUSSELL-SMITH, 2011, p.

578, Tradução Nossa) 26

Edifícios hospitalares demandam uma constante adequação de suas instalações devido a

alterações de normas, avanços de tecnologia de diagnóstico e tratamento, obsolescência das

instalações, deterioração devido ao uso e, de acordo com Sheth; Price; Glass, (2010), a completa

25 3, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte,

2018. 1 arquivo .mp3 (1:10:36). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice O desta monografia 26 Healthcare facilities are unique because these facilities need to be open and operational regardless of any circumstances. (S. RUSSELL-SMITH, 2011, p. 578, Original)

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demolição e reconstrução de edificações com mais de 40 anos de utilização deve ser levada em

consideração, a não ser que essa possua um papel histórico reconhecido.

Muitas dessas alterações, como levantado por Sheth; Price; Glass, (2010) acontecem em

diferentes setores em tempos distintos, o que pode alterar a rotina do hospital, demandando um

controle extremo no processo de adequação.

Entrevistado 1 (informação verbal)27 argumenta que “durante a fase de construção (...)

adaptou-se um andar que seria de internação para um andar de CTI (...) então a gente pode falar

que isso foi uma reforma antecipada que aconteceu durante a obra original do hospital”.

Em ambientes hospitalares, qualquer erro de projeto ou obra que altere o cronograma

pode onerar de forma considerável não somente o investimento, mas também todo o

planejamento e gestão da operação hospitalar, levando a mais desconforto e riscos aos

pacientes.

As reformas e adequações além de impor alterações de percursos e procedimentos dos

funcionários do setor de saúde, podem causar danos prejudiciais aos pacientes devido a

barulhos e principalmente poeira. Partículas suspensas e depositadas geradas pela construção

aumentam a contaminação do ambiente hospitalar, dificultam sua limpeza e desinfecção, bem

como a eficácia da assepsia da equipe e manutenção de equipamentos e instrumentos estéreis.

Entrevistado 1 (informação verbal)28 “de abril do ano passado (2017) para dezembro do

ano passado (2017) nós passamos de 90 leitos para 460 leitos, então isso é uma loucura, porque

você precisa contratar gente, precisa treinar gente, e o centro cirúrgico ele vai engrenando aos

poucos”.

“Construções e renovações hospitalares são atividades identificadas como fonte de surtos

de infecções aéreas devido a poeira e geração de partículas.” (LUCAS; BULBUL; THABET,

2013, p. 281, Tradução Nossa) 29

Devido a esses fatores, o controle na precisão de projeto, obra e logística em ambientes

hospitalares deve ser rigoroso, apoiando-se sempre no máximo da tecnologia e processos

dinâmicos disponíveis para melhorar a qualidade do atendimento ao enfermo.

27 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.

1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia 28 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte,

2018. 1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia 29 Hospital construction and renovation activities are identified as the sources of airborne infection outbreaks due to dust or particulate generation. (LUCAS; BULBUL; THABET, 2013, p. 281, Original)

Page 61: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

47

Gerentes hospitalares lidam diariamente com um grande fluxo de informações necessário

para operar e manter essas edificações sem causar nenhuma interrupção nos processos de

atendimento, diagnóstico e tratamento.

Rizal, (2010) aponta para a necessidade de se pensar o ciclo de vida de empreendimentos

hospitalares, considerando estratégias de gerenciamento e técnicas construtivas ainda no início

de estudos preliminares. Para isso, a multidisciplinariedade e a cooperação entre os envolvidos

(FIG.7) são extremamente necessárias.

Figura 7- Agentes envolvidos no planejamento de um empreendimento hospitalar

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Como apontado por Merschbrock; Munkvold, (2014), para que se construa e opere um

hospital de qualidade, arquitetos, engenheiros, investidores, especialistas em saúde e usuários

devem trabalhar de forma conjunta, agregando conhecimentos, o que torna o BIM um forte

aliado no processo.

Entretanto, como visto no Capítulo 2 dessa dissertação, apesar da tecnologia BIM ser

melhor aproveitada se utilizada desde o início do empreendimento, pode-se prever que sua

utilização em empreendimentos já construídos altere e melhore as condições econômicas, de

dados, de atuação dos profissionais e corpo técnico operante, de desempenho e de

Empreendimento

Hospitalar

Cliente/Investi

dor

Arquitetura

Engenharia

Administração

ContabilidadeSetor jurídico

Gerenciamento

Governo

Medicina

Page 62: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

48

sustentabilidade, sendo assim utilizada como fonte de informações mais precisas para auxílio

das equipes de manutenção preditiva e reformas.

Levando-se em consideração que edificações de assistência à saúde demandam de

constantes reestruturações, pode-se considerar que o processo e desenvolvimento de projetos e

a construção dessas instalações são dinâmicos, cíclicos e atemporais, tornando essas atividades

questões rotineiras nesses empreendimentos.

3.1 Considerações sobre os processos de desenvolvimento de empreendimentos complexos

As construções contemporâneas, por responderem às demandas sociais atuais –

sustentabilidade, valores culturais, custos, prazos, etc. – apresentam um maior número de

especializações atreladas, o que faz com que o número de variáveis a serem consideradas seja

grande.

“Há uma interação entre a capacidade de elaborar tarefas e as situações novas, com a

automatização do processamento de informações: quanto mais capaz for uma pessoa, mais

recursos mentais ela terá para processas a novidade.” (KOWALTOWSKI; BIANCHI;

PETRECHE, 2017)

Isso reforça a ideia de o projeto ser uma vinculação das interações sociais que definem a

criatividade dos indivíduos de forma conjunta, com as determinações técnicas de sua

viabilização.

O objeto projeto é resultado de variadas experiências passadas dos projetistas, que

envolvem desde questões técnicas às sociais, até se fundirem ou coexistirem de forma

harmônica com outras experiências levantadas pelos usuários e clientes, a fim de resolver suas

necessidades levantadas no programa arquitetônico.

A criatividade é uma faculdade que emana individualmente, mas pode ser exercida de

forma coletiva à medida que diferentes agentes interagem sobre o mesmo objeto da

criação, sendo o projeto de edifícios contemporâneos, além de um processo criativo e

técnico, um processo nitidamente social. (FABRICIO, M.; MELHADO, 2017, p. 60)

Por conseguinte, o processo de projetar, por ser multidisciplinar e envolver profissionais

distintos, pode ser organizado de diferentes maneiras, de acordo com as especificidades que

variam de projeto para projeto, de projetista para projetista.

Dessa forma, pode-se dizer que a definição da complexidade de um projeto ou

empreendimento é definida pelo número de variáveis possíveis, de seus profissionais atuantes,

Page 63: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

49

dos processos utilizados e das demandas a serem atendidas. Contudo, a definição da qualidade

final do projeto, definida pela sua funcionalidade, estética, sustentabilidade, etc., depende da

aceitação do cliente, do usuário final variando de indivíduo para indivíduo.

No livro “O processo de projeto em arquitetura, da teoria à tecnologia” de Kowaltowksi

et al., (2011) os autores associam as indeterminações do posicionamento e movimentação de

nano partículas, que não mais são definidas pela certeza, mas pela probabilidade de estar em

um determinado local em determinado tempo – estudadas pela física quântica – com o projeto

de arquitetura, que possui variadas configurações e respostas que se viabilizam de acordo com

soluções plausíveis prováveis, tornando a realidade da condição final do projeto uma mera

determinação de sua provável existência definida pelo ato de projetar.

Procurar a razão no processo de projeto é identificar os momentos em que a

idealização do problema e a experiência pessoal do projetista possam ser livres para

apresentar alternativas criativas e positivas, e permitir que o rigor e a sistematização

comprovem as hipóteses e as verifiquem de forma adequada. (KOWALTOWSKI et al., 2011, p. 12)

Em empreendimentos complexos, como é o caso de edificações hospitalares, o número

de variáveis a serem consideradas, assim como o número de profissionais atuantes, é muito

grande, tornando a atividade de análise e decisão quase impossível sem ajuda de sistemas

computadorizados.

Os computadores ampliam a capacidade de processamento de informações; textos e

arquivos aumentam as possibilidades da memória e transcendem o tempo,

preservando e acumulando quantidades de informações de maneira quase ilimitada;

programas de computação gráfica ampliam a capacidade de representação de ideias

abstratas e possibilitam integrar imagens a algoritmos numéricos, gerando

simulações. (FABRICIO; MELHADO, 2017, p. 59)

Edificações com grande número de sistemas e disciplinas necessitam de uma grande

equipe de projetistas e, consequentemente, de uma coordenação precisa e atuante para garantir

que todo o empreendimento funcione de acordo com o esperado.

Devido à complexidade do empreendimento, deve-se prever, também, o controle da

produção, para garantir prazos e produtividade, aumentando assim a confiabilidade nas equipes

responsáveis. (BIOTTO; FORMOSO; ISATTO, 2015)

Ainda na fase de projeto, quando considerado reformas e adequações em ambientes

hospitalares, Sheth; Price; Glass, (2010) apontam para a necessidade de se trabalhar um plano

diretor, de atividades e funções, para garantir rotas seguras para pacientes e o mínimo de

deslocamento das equipes de atendimento.

Page 64: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

50

Os processos BIM e a tecnologia paramétrica utilizada em projetos de construção ou

reestruturação de edificações hospitalares têm potencial para auxiliar nos dados e estudos de

viabilidade necessários para a constante operação da edificação, simulando rotas e fluxos,

gastos energéticos, qualidade interna do ar, etc.

Por permitir a elaboração de um As built em modelo 3D de dados vinculados, assim como

todas as alterações em projetos completos para execução, compatíveis e contabilizados, as

ferramentas paramétricas se tornam uma ferramenta de trabalho importante para auxílio dos

profissionais.

Também auxilia nos processos dinâmicos da logística de construção, podendo simular

também etapas, distribuição de equipes, posicionamento de corpo técnico, fluxos de pessoal,

horários, metas, maquinário e material, acusando possíveis interferências entre as funções

hospitalares e as funções de obra antes mesmo do início da reforma.

A associação de informações temporais de fases e etapas de obras ao modelo 3D,

conhecida como “modelo 4D” possibilita a visualização da sequência construtiva, aumentando

a precisão da obra, diminuindo riscos de acidentes e atrasos no processo. (BIOTTO;

FORMOSO; ISATTO, 2015)

A possibilidade de simulação do ambiente em imagens e vídeos realistas, assim como a

interação virtual em 360 graus trazem os profissionais que atuam nessas edificações para mais

perto do processo de projeto, auxiliando a equipe de projeto na viabilidade das decisões

tomadas.

“O projeto não se trata de estilismo superficial ou mera questão estética; essa é uma

atividade especializada, que aumenta a usabilidade, funcionalidade e qualidade do ambiente

construído, portanto, o projeto adiciona valor à vida diária da população.” (NÓBREGA

JUNIOR; MELHADO, 2013, p. 75)

Ioppi; Formoso; Isatto, (2015) afirmam que independente do porte ou complexidade do

projeto, a forma de gerenciamento permanece a mesma, o que leva projetos de alta

complexidade a não atingir os principais objetivos, levantando assim a necessidade de

investimentos e pesquisas nessa área.

De acordo com Sheth; Price; Glass, (2010) os processos de renovação de edificações já

existentes podem custar menos ou mais comparado a uma edificação a ser construída,

dependendo das estratégias e processos adotados.

A atividade de projeto assistida pelo BIM, além de simular e prescrever a forma como as

atividades de operação irão ocorrer, também lança as bases para o desenvolvimento preciso da

atividade de construção e manutenção preditiva; dessa forma, a quantidade de dados contidos

Page 65: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

51

nos modelos, assim como sua fácil consulta, auxilia nas atividades de operação e manutenção

preditiva, podendo lançar alertas de manutenção de maquinário, facilitar a localização de

vazamentos e reparos, alertando para peças de reposição necessária, entre outras atividades.

Essas questões são mais bem descritas no subcapítulo seguinte.

3.1.1 Manutenção Predial e Reformas Hospitalares

Independente do porte ou utilização de uma edificação, o processo de manutenção

representa um papel importante no tempo de vida e, consequentemente no impacto ambiental

relativo a essa edificação. A operação de determinadas edificações também pode ser facilitada

por um processo de manutenção rigoroso.

Os processos de manutenção e reforma prediais de edificações, negligenciados na maioria

das vezes, representam um enorme ganho no tempo de vida da edificação, na qualidade espacial

e funcional e, consequentemente, no retorno financeiro e sustentável do empreendimento.

“Foram identificadas reduções dos custos na fase de construção, mas de forma mais

significativa, de uma perspectiva de ciclo de vida inteiro, dos custos operacionais e de

manutenção de um edifício (...).” (BRYDE; BROQUETAS; VOLM, 2012, p. 8, Tradução

Nossa) 30

Sheth; Price; Glass, (2010) apontam que as atuais preocupações em relação aos custos

relativos do completo ciclo de vida do empreendimento são relacionadas ao impacto ambiental

que ele proporciona desde sua construção até sua demolição. Considerando que, quanto mais

uma edificação consegue exercer uma função necessária a sociedade, menor será seu impacto

ambiental em relação ao tempo de sua vida.

Vale a pena ressaltar que, se ignorados os processos de manutenção e ajustes constantes

exigidos a essas edificações, sua renovação podem ser consideradas inviáveis, sendo necessário

sua demolição e reconstrução, impactando de forma direta e negativa no ambiente, e na

qualidade de vida das pessoas afetadas.

Como observado por Amorim et al., (2013), as estruturações hospitalares impactam

diretamente na saúde e segurança dos pacientes e funcionário, apesar disso, essas edificações

não são concebidas com o planejamento de suas instalações com esse propósito.

30 There were identified cost savings in the construction phase but more significantly, from a whole life cycle perspective, the reduced operational and maintenance costs of a green building.(BRYDE; BROQUETAS;

VOLM, 2012, p. 8, Original)

Page 66: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

52

A maioria dos problemas relativos a manutenção preditiva e reforma estão relacionados

a erros e negligências projetuais, onde o próprio processo de projeto, muitas vezes determinado

até mesmo por contrato (Contrato Sequencial ou Design Bid Build - DBB), ajuda a “denegrir”

o projeto e consequentemente o empreendimento.

“Para reduzir os problemas nas fases de execução e de uso de um edifício, incrementa-se

a qualidade do projeto (quantidade e qualidade das informações nele contidas), entendendo-o

como produto e processo.” (LIU; OLIVEIRA; MELHADO, 2017, p. 71)

A falta de algumas informações ou até mesmo a incompatibilização entre elas pode

acarretar consideráveis perdas financeiras e de tempo. Dessa maneira, essas informações

também podem ser assistidas pelo BIM como ferramenta de apoio administrativo.

Lucas; Bulbul; Thabet, (2013) apontam que o ambiente e seu gerenciamento, de forma

geral, auxiliam no tempo de recuperação dos pacientes, diminuindo o stress e, por conseguinte,

trazendo conforto, que se estende também aos acompanhantes e funcionários.

Como, em ambientes hospitalares, nenhum sistema pode permanecer com uma falha por

muito tempo, o modelo 3D da edificação completa pode auxiliar engenheiros clínicos a detectar

a localização de falhas de maneira mais rápida e precisa, diminuindo o tempo e custos de

correção. A automação predial pode também estar ligada a softwares paramétricos e sistemas

de apoio, enviando constantes dados para a equipe de operação, auxiliando-a em todo o

processo.

Como apontado por Rizal (2010), o próprio modelo 3D pode ser utilizado para passar

informações e treinamentos as equipes assistenciais de saúde e a usuários. Essas informações

podem conter mapeamento do local, localização de sistemas e equipamentos, dinâmica de

fluxos, capacidade de operação, etc.

Nota-se dessa forma que para operar e dar manutenção preditiva a essas edificações, a

interoperabilidade das informações assim como a integração concisa das equipes é

extremamente necessária. Para que essas interações multidisciplinares ocorram, se faz

necessária a compreensão de sua estruturação, assim como o entendimento do empreendimento

de uma forma mais geral em relação a todas as equipes e atividades realizadas dentro das

instalações.

Os dados contidos no modelo paramétrico podem também auxiliar nos processos de

manutenção preventiva, considerando que equipamentos e sistemas podem conter informações

de garantia, tempo de serviço e protocolos específicos.

Page 67: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

53

Essas questões são discutidas nos estudos dos casos desenvolvidos e apresentados no

Capítulo 5, de acordo com os materiais e métodos adotados nesta investigação, descritos no

Capítulo 4.

Page 68: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

54

CAPÍTULO 4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para se alcançar os objetivos propostos, foi adotada a metodologia denominada Design

Science Research, que se baseia nos métodos de pesquisa designado pesquisa prescritiva31,

como definido por Van Aken, (2007). Diferentemente das pesquisas naturais e sociais, que

buscam entender e descrever fenômenos com o objetivo de prever suas “reações” futuras, o

Design Science Research busca prescrever a solução para determinados problemas de campo.

“’Design’ é um processo natural, intuitivo e criativo. Todos nós diariamente

(conscientemente ou inconscientemente) estamos comprometidos em projetar suas ações e em

achar soluções para os menores ou maiores problemas diários.” (VAN AKEN, 2007, p. 69,

Tradução Nossa) 32

A palavra “design” refere-se à arte de desenvolver e planejar algo, ou solucionar um

problema de campo ou atividade. Van Aken, (2007) define que, de uma narrativa mais

cientifica, o “Design Science Research” busca resolver os problemas de campo de determinadas

disciplinas (medicina, direito e engenharia), por intermédio de metodologias que agregam tanto

intuições e criatividades, quanto o conhecimento e processos científicos.

O Design Science Research tem foco na melhoria da performance, seja de um elemento

físico ou de um processo por meio da elaboração de um artefato, definido por um campo de

atuação, levantando de início a problematização para eventualmente delimitar uma solução.

Define-se de início um campo de atuação, podendo ser utilizado como exemplo a engenharia,

medicina, direito e contabilidade, etc. Depois de definido o campo, deve-se definir o problema

a ser estudado.

Van Aken (2007) levanta a importância da diferenciação entre um “problema de campo”

e um “problema de conhecimento”.

“Problema de conhecimento é um problema que surge pelas limitações de nosso

conhecimento na realidade presente; enquanto que o problema de campo é um problema

relacionado a realização de uma “melhor” realidade.” (VAN AKEN, 2007, p. 68, Tradução

Nossa) 33

31 Também considerada pesquisa construtiva para alguns autores. 32 Designing is a natural, intuitive, and creative process. Everyone on an ongoing daily basis (consciously or unconsciously) is engaged in designing his or her actions and in designing solutions to the minor or major problems of everyday life.(VAN AKEN, 2007, p. 69, Original) 33 A knowledge problem is a problem that arises from limitations in our knowledge of present reality; a field problem is a problem regarding the realization of a “better” reality. (VAN AKEN, 2007, p. 68, Original)

Page 69: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

55

Wieringa, (2010) exemplifica a diferença entre esses dois problemas colocando a redução

de falhas na construção devido a distribuição de projetos como um problema prático ou de

campo, enquanto que interrogar ou questionar a relação entre a estruturação da comunicação

entre as equipes e a compilação das falhas é um problema de conhecimento.

Lacerda et al., (2013) definem também que estudos que utilizam da metodologia do

Design Science Research podem usufruir de artefatos já desenvolvidos, aplicando-os em

diferentes áreas como uma complementação e validação de sua utilização em diversos setores.

Dessa maneira, esta pesquisa buscou propor soluções a um problema de campo

relacionado a edificações de assistência à saúde, definindo-se assim, a utilização do Design

Science Research, como estratégia metodológica.

Como ferramentas de coleta de dados, optou-se por entrevistassemiestruturadas com os

profissionais da arquitetura e engenharia responsáveis pela manutenção e reformas das

edificações (Grupo Focal Exploratório), seguindo um roteiro semiestruturado (APÊNDICE A,

M, N e O) com o intuito de auxiliar o pesquisador na organização das ideias e necessidades a

serem levantadas, assim como facilitar o entrevistado a fornecer as respostas de maneira aberta,

fácil e cronológica,dando maisliberdade e protagonismo aos profissionais envolvidos.

Para assegurar o anonimato dos entrevistados, os mesmos foram nomeados nessa

pesquisa como Entrevistado 1, Entrevistado 2 e Entrevistado 3, sendo os entrevistados 1 e 2

vinculados ao Hospital A, e o entrevistado e vinculado ao Hospital B.

Para validar o estudo foi efetuado um retorno do artefato aos profissionais entrevistados,

considerados na sequência como Grupo Focal Confirmatório. O artefato foi discutido e

analisado pelo Grupo Focal Confirmatório, onde os participantes sugeriram mudanças e

ampliações pertinentes a cada instituição.

Lacerda et al., (2013, p. 755) apontam que “os Grupos Focais poderiam ser utilizados

como método de avaliação para a Design Science Research, uma vez que garantem uma

discussão mais profunda e colaborativa em relação aos artefatos desenvolvidos pela pesquisa.”

“Auxiliam, ainda, na realização da análise crítica dos resultados obtidos durante a

pesquisa e que podem fazer brotar novas possibilidades com o intuito de encontrar melhores

soluções para os problemas em estudo.” (LACERDA et al., 2013, p. 756)

Com base nisso, sintetiza-se, na sequência, a problematização que motivou esta pesquisa,

no campo da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO), a partir da qual foram

estabelecidas sua estruturação e organização:

Page 70: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

56

• Problematização:

Com o número de edificações hospitalares que sofrem reformas e readequações maior

que o número de novos empreendimentos hospitalares lançados; como edificações já

construídas por meio de processos sequenciais podem ser beneficiadas pela metodologia BIM

e por contratos de IPD em seus processos de manutenção e reformas?

• Estudo Bibliográfico:

O estudo bibliográfico objetivou levantar um conhecimento teórico acerca de elementos

importantes a serem considerados para a aplicação dessa pesquisa, propiciando a base de seu

desenvolvimento e para a análise de dados.

Dessa forma, pretendeu-se levantar e examinar aspectos referentes a: (1) processos de

projeto (sequencial e simultâneo) voltados para o setor da AECO; (2) a modelagem da

informação (BIM) por meio de seus modelos paramétricos e de sua interoperabilidade entre os

profissionais envolvidos, suas vantagens e desvantagens, e a implantação dessa nova tecnologia

em empreendimentos e escritórios; (3) os contratos utilizados na construção civil (transacionais

e relacionais) e suas implicações no processo de projeto de um empreendimento; e (4) as

problematizações encontradas por edificações consideradas de grande complexidade, indo

desde seu desenvolvimento primário, até sua operação e manutenção.

• Definição dos Objetos de Estudo:

Escolheu-se como objetos de estudo dois hospitais de nível terciário34, um público e um

privado, ambos localizados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. As edificações possuem

portes semelhantes, sendo diferenciadas principalmente pelo sistema estrutural utilizado –

sendo uma em estrutura de concreto armado, e a outra em estrutura metálica – e pela forma de

gestão, sendo uma delas uma parceria pública /privada, e outra integralmente privada.

A opção de envolver mais de uma edificação no estudo faz-se no sentido de entender se

o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), suas estruturações, e seus

sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e

34 A Atenção Terciária ou alta complexidade designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada

especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto custo, como oncologia,

cardiologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para

pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de doenças no aparelho auditivo).(SISTEMA

ÚNICO DE SAÚDE, 2018)

Page 71: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

57

reforma preditiva. Os hospitais serão referenciados como sendo (A) hospital público e (B)

hospital particular.

• Formulação do modelo e método:

A formulação da Proposta de Plano de Implementação e Execução BIM (artefato), e do

método para sua aplicação seguiu quatro linhas básicas, sendo elas:

1) Levantamento das informações necessárias ao desenvolvimento do artefato por

intermédio de entrevistas através de roteiros semiestruturados com pelo menos um

profissional responsável pela manutenção preditiva e reforma de cada hospital (Grupo

Focal Exploratório);

2) Análise dos dados recolhidos, visando o entendimento do funcionamento de cada

empreendimento, buscando suas similaridades e características distintas que possam

interferir no desenvolvimento do artefato;

3) Elaboração do artefato que visa; (1) determinar as funções e atuações dos envolvidos,

(2) definir as diretrizes para organizar as documentações e ações dos profissionais

responsáveis, (3) definir e “hierarquizar” o fluxo de dados necessários para

implementar os processos de Engenharia Simultânea; (4) definir diretrizes de dados a

serem considerados para lançamento, no intuito de auxiliar a operação e manutenção

predial; (5) orientar na utilização desses dados para um vínculo direto da administração

com o modelo BIM.

4) Após a elaboração do artefato, o mesmo foi apresentado ao Grupo Focal Confirmatório

com o intuito de levantar a opinião das pessoas com expertises no setor acerca de sua

real utilização.

• Análise do modelo e sua aplicabilidade:

Nessa fase, foram analisados de forma crítica os resultados obtidos, levando em

consideração os levantamentos feitos pelos profissionais envolvidos nos empreendimentos

acerca do artefato.

A análise foi desenvolvida juntamente ao Grupo Focal Confirmatório, sendo realizada

principalmente pelos entrevistados e responsáveis pela manutenção predial e reformas dos

hospitais.

Foram levantadas questões que podem ser aprofundadas, assim como foram definidas

diretrizes que podem beneficiar a implementação do BIM de forma mais genérica em

empreendimentos com as mesmas características e outros.

Page 72: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

58

É importante ressaltar que o artefato apresentado nesta pesquisa, no Capítulo 6, é o texto

inicialmente apresentado aos profissionais e já modificado, com inclusão de sugestões e

opiniões propostas pelos membros do Grupo Focal Confirmatório. Não está aqui apresentado o

modelo inicial apresentado aos profissionais, devido ao pouco número de alterações sugeridas

pelos profissionais.

Cabe ressaltar que uma análise posterior, com uma real aplicação do artefato em

edificações, tanto hospitalares como de qualquer outra função, pode trazer para esse estudo

mais dados confirmatórios.

• Resultados:

Os resultados são apresentados como sequência à análise realizada pelos pesquisadores e

pelo Grupo Focal Confirmatório. São apresentadas as considerações feitas pelos profissionais

entrevistados, relacionadas às alterações contratuais necessárias, aos custos de implementação,

aos benefícios da utilização do BIM, a às funções dos coordenadores; a fim de fazer com que o

artefato seja o mais abrangente e relevante possível.

• Considerações finais:

Como considerações finais foram propostas pesquisas futuras que podem completar o

estudo desenvolvido, assim como podem ajudar a disseminar o uso da metodologia BIM.

O referido trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal de Ouro Preto, tendo sido aprovado em 04 de outubro de 2018, com número do parecer

2.937.290 e CAAE 97936618.6.0000.5150.

Page 73: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

59

CAPÍTULO 5. OBJTETOS DE ESTUDOS E SUJEITOS DA PESQUISA

Os objetos de estudos e os sujeitos (entrevistados) da pesquisa serviram para agregar

informações às obtidas por meio de estudo de literatura, reforçando as evidências para o

desenvolvimento da Proposta de Plano de Implementação BIM para edificações hospitalares

existentes. São caracterizados a seguir os empreendimentos objetos de estudos, assim como os

participantes na pesquisa.

5.1 Caracterização dos objetos de pesquisa

Para o desenvolvimento dos objetos de estudo optou-se por dois hospitais de grande porte

localizados na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil. Buscou-se utilizar dois

empreendimentos com o mesmo foco de atendimento, porém, com estruturas físicas e

gerenciais distintas, com o intuito de saber se suas estruturações físicas e gerenciais afetariam

a elaboração do artefato.

Para fins éticos, os hospitais foram nomeados nessa pesquisa como Hospital A (Público)

e Hospital B (Privado) conforme TABELA 4, 5, 6 e 7 a seguir.

Tabela 4 – Hospitais (Dados Gerais)

Dados Gerais dos Hospitais (objetos de estudo) Hospital A Hospital B

Setor Público (SUS) Privado

Ano de início de construção

2010 Dado não informado

Ano de Inauguração 2015 2014

Quantidade atual de leitos (2018) 460 Dado não informado

Área construída 46.000m² Dado não informado

Número de Pavimentos 13 20

Número de Salas Cirúrgicas

16 Dado não informado

Cap

acid

ade

Men

sal

Internações

Clínicas 1000 Dado não informado

Internações

Cirúrgicas 1000 Dado não informado

Consultas 3400 Dado não informado

Exames 20.000 Dado não informado

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

Page 74: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

60

Tabela 5 - Hospitais (Sistemas construtivos)

Sistemas Construtivos

Hospital A Hospital B

Estrutura Concreto Armado moldado

inloco Estrutura Metálica

Laje Laje Protendida e laje

inloco Steel Deck

Vedação Aluminium Composite

Material (ACM) e Vidro

Hidráulica

Esgoto Esgoto

Abastecimento água fria

(AF) e água quente (AQ)

Abastecimento água fria

(AF) e água quente (AQ)

Águas Pluviais Águas Pluviais

Prevenção e Combate a

Incêndio

Prevenção e Combate a

Incêndio

Elétrica

Instalações Elétricas Instalações Elétricas

Iluminação Iluminação

Telecomunicações Telecomunicações

Mecânica

Ar Condicionado Ar Condicionado

Transporte Pneumático Transporte Pneumático

Gases Medicinais Gases Medicinais

Gás liquefeito de Petróleo

(GLP)

Gás liquefeito de Petróleo

(GLP)

Manutenção Equipe Própria Equipe Própria

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

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61

Tabela 6 - Hospitais (Manutenção)

Manutenção

Hospital A Hospital B Manutenção Equipe Própria Equipe Própria

Reformas

Projeto

Equipe próprio para

pequenas obras. Serviços

terceirizado para grandes

obras.

Serviços terceirizado

Obra Serviços terceirizado Equipe Própria

Ações de Manutenção Habituais

Sistema Elétrico Utilização

Sistema de Rede Sistema Elétrico

Aparelhos médicos Sistema Hidráulico

_ De baixa complexidade

_ Impermeabilização/Infiltraç

ão (chuva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

Tabela 7 - Hospitais (Reformas e ampliações recentes)

Reformas e Ampliações Recentes Hospital A Hospital B

Central de Material Esterilizado

(CME) Revitalização do sistema elétrico

Laboratório Setor de Ginecologia

Setor de TI Troca de equipamento de grande porte

(Ressonância Magnética)

Almoxarifado Adequações normativas de Sistema de Ar

Condicionado

Centro de Terapia Intensiva (CTI) Impermeabilização do Poço de elevadores e jardins.

Setor de Imagem Laboratório

_ Saúde Corporativa (Clínica para os colaboradores)

_ Construção de novo hospital da rede.

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

Page 76: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

62

5.1.1 Hospital A (Público)

O hospital A é gerido por uma Parceria Público Privado (PPP), sendo a Prefeitura

Municipal de Belo Horizonte responsável pelo atendimento médico, e o setor privado

(concessionaria) responsável pela construção, por equipar, dar manutenção na edificação e nos

equipamentos de diagnóstico e tratamento, durante o período de 20 anos, contados a partir do

ano de 2014.

O hospital foi pensado para fazer parte da rede de atendimento de urgência em Belo

Horizonte, com foco no atendimento cirúrgico, devido ao grande número de cirurgias e exames

mais elaborados como ultrassonografia e tomografia demandados pelo Sistema Único de Saúde

(SUS).

Foi montada uma equipe própria para o desenvolvimento inicial do empreendimento, que

era composta por uma arquiteta, uma advogada, médicos, enfermeiros e profissionais da área

de TI. Essa equipe ficou responsável pela orientação e fiscalização do projeto, acompanhando

todas as fases, da implementação à elaboração do edital da PPP.

O projeto do hospital foi iniciado em 2009 por uma prestadora de serviços de arquitetura

através de notório saber, com licença de licitação para garantir o projeto entregue em tempo

hábil. Não obstante, o projeto apresentou grandes problemas de compatibilização devido ao

curto tempo de sua elaboração, mesmo sendo feito por profissionais qualificados e de renome.

De inicio o projeto previa um sistema construtivo de laje nervurada, por permitir vencer

grandes vãos e ao mesmo tempo permitir a passagem de dutos de tubulação de água, elétrica e

mecânica. Contudo, essa especificação foi alterada para laje protendida a pedido da construtora.

De acordo com os profissionais entrevistados, essa mudança pode acarretar vários problemas

em futuras reformas e adequações, devido a dificuldade de se prever onde se encontra as

cordoalhas da laje, no caso de terem que passar alguma tubulação, assim como em questões de

grandes cargas concentradas como no caso de equipamentos de imagem.

Após o início das obras, com parte da estrutura da edificação já realizada, a construtora

responsável pela obra abandonou o empreendimento, sendo necessário assim uma nova

licitação, o que atrasou a entrega da obra e, devido a questões técnicas relacionadas a nova

empreiteira, a obra continuou a ser realizada com laje convencional. Por esse motivo, o hospital

estrutura-se em dois distintos sistemas de laje, o convencional e o protendido.

O empreendimento foi desenvolvido pensando-se na humanização dos ambientes, como

no caso da opção por enfermarias de dois leitos, e no custo de operação e manutenção preditiva.

Page 77: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

63

O hospital conta com 2.000m² de área técnica, com sistemas de correio pneumático

(operando apenas para o laboratório devido a falta de informação no projeto), chiller a ar,

sistemas de placas fotovoltaicas, etc.

Já trabalhando com uma taxa de ocupação alta de 86%, o hospital opera com 12 salas

cirúrgicas, sendo seis delas ainda em fase de estruturação; isso significa que sua taxa de

ocupação irá subir ainda mais, o que indica que o equipamento está sendo bem requisitado.

As reformas e adequações não foram consideradas no contrato com a PPP, o que acaba

por trazer grandes problemas operacionais e de custos ao empreendimento.

As reformas mais consideráveis feitas no hospital foram a reestruturação da Central de

Material Esterilizado (CME) – devido a alterações normativas – e área de almoxarifado, pelo

acumulo de insumos e equipamentos nos corredores.

Os problemas mais enfrentados no hospital são relacionados a quedas de energia, falhas

no sistema de TI, falhas no acionamento dos geradores, vazamentos e problemas com o correio

pneumático.

5.1.2 Hospital B (Privado)

O hospital B é gerido integralmente por uma rede privada, com outras edificações

hospitalares espalhadas pela região. Foi levantado que os investidores perceberam que quanto

menor um hospital é, mais difícil é de negociar compras de insumos, assim como negociações

comerciais com planos de saúde, o que leva empreendimentos de pequeno porte a não terem

condições de se manterem.

Essa visão possibilitou ao hospital (rede) possuir equipes de construção e manutenção

própria, com engenheiros, eletricistas, bombeiros, etc., fator atípico nos empreendimentos

hospitalares.

Apesar de possuírem equipe interna, quando a obra é especializada, como a de um projeto

elétrico de subestação, o hospital contrata prestadores de serviços externos.

A maior preocupação no desenvolvimento da edificação foi com a eficiência energética

e com o atendimento humanizado, o que levou o hospital a ter um investimento mais alto na

construção, com expectativa da diminuição, a longo prazo, dos custos de operação.

O hospital possui estrutura em aço e steel deck, sistema construtivo adequado a

construções hospitalares pela facilidade na instalação de sistemas elétricos, hidráulicos e

mecânicos, o que diminui os casos de incompatibilização desses sistemas.

Page 78: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

64

A edificação conta com espaços de grandes jardins pavimentos técnicos com sistemas de

climatização por chillers, sistema de aquecimento de água de passagem (refrigeração dos

compressores), geradores de energia a gás canalizado, etc.

O hospital conta também com um sistema de correio pneumático capaz de calcular a

distância percorrida, tendo assim um aumento na produtividade, diminuindo o tempo de

caminhada dos funcionários, assim como erros e segurança na entrega de medicamentos e

equipamentos.

No desenvolvimento dos projetos ficou clara a participação ativa dos gestores, mesmo

sendo os projetos desenvolvidos por empresas de prestação de serviços de arquitetura externas.

Os gestores trabalham exemplificando as necessidades, assim como os fatores negativos do

projeto. Essa medida foi tomada com o intuito de melhorar os processos de manutenção e

operação do empreendimento. Contudo, como levantado pelo profissional entrevistado, ainda

existem dificuldades na compatibilização de todos os sistemas que comportam o

empreendimento nas fases de projeto e obra.

A equipe de manutenção trabalha com duas frentes de ação, a manutenção preventiva e a

manutenção corretiva. Nos casos mais simples, como a queima de uma lâmpada, atua-se com

a manutenção corretiva, nos casos onde o risco de vida é maior, atua-se com a manutenção

preventiva, como a troca de filtros e óleos de maquinários, calibração, termografía de sistemas,

etc. Esses processos seguem cronogramas estruturados, com certificações internacionais.

Existe um planejamento anual de obras no empreendimento vinculado diretamente ao

orçamento disponibilizado. Contudo, identificou-se que não são executas 100% das obras,

devido ao dinamismo do mercado da saúde.

O hospital está desenvolvendo um setor especializado em elaboração de contratos de

compras e especificação de serviços terceirizados pela necessidade observada com o tempo de

serviço prestado.

Os maiores problemas enfrentados pela equipe de manutenção e obras são de baixa

complexidade, como lâmpadas queimadas, porta com o trinco quebrado, vazamentos de

pequenos portes, problemas na subestação; sendo esses corrigidos de forma rápida.

Devido a sua recente inauguração, as últimas reformas e alterações feitas na edificação

foram pequenas e pontuais, para corrigir vazamentos e infiltrações decorrentes da água da

chuva, através de impermeabilização de áreas de jardins.

Page 79: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

65

5.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Foram coletados dados dos empreendimentos através de entrevistas semiestruturadas com

três profissionais responsáveis pelas manutenções e reformulações prediais. Esses profissionais

fizeram parte do Grupo Focal Exploratório.

Os profissionais entrevistados são especialistas e doutores experientes na área hospitalar,

e fizeram parte de todos os processos de desenvolvimento dos empreendimentos, do

planejamento à manutenção.

Como forma de garantir o anonimato dos entrevistados, os mesmos foram nomeados

como Entrevistado 1, Entrevistado 2 e Entrevistado 3.

Foram ouvidos dois arquitetos, ambos relacionados ao Hospital A, sendo um vinculado

ao hospital e o outro a PPP, e um engenheiro vinculado ao Hospital B, que ocupam cargos de

gerência, superintendência e coordenação.

Os profissionais descreveram os empreendimentos e a forma de gerência relativa a

manutenção predial e reformulações das edificações, conforme roteiro de entrevista

semiestruturado (APÊNDICE A)

Após as entrevistas e a elaboração do artefato, o Grupo Focal Confirmatório (composto

pelos mesmos participantes do Grupo Focal Exploratório) analisou o documento, levantando

pontos chave onde seria necessário um maior desdobramento, assim como setores onde se

deveriam considerar as distinções de cada empreendimento, como a elaboração de contratos

específicos. As informações relativas aos entrevistados são mostradas na TABELA 3.

Tabela 8 - Lista de entrevistados

Entrevistado Hospital Profissão Cargo Setor

1 A Arquitetura Coordenador de arquitetura

hospitalar e engenharia clinica

Assessoria /

administração

2 A (PPP) Arquitetura Gerente Planejamento

3 B Engenharia

Elétrica Superintendente

Engenharia de

Manutenção

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

As entrevistas estão localizadas no Apêndices M, N e O. Em sequência, apresenta-se a

versão final do artefato analisado e revisado pelo Grupo Focal Confirmatório.

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66

CAPÍTULO 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE PLANO DE

IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO BIM PARA EDIFICAÇÕES HOSPITALARES EXISTENTES (ARTEFATO)

É importante ressaltar que cada empreendimento tem suas características distintas que

devem ser consideradas na elaboração de um Plano de Implementação e Execução dos

processos BIM.

A implementação do BIM segue três momentos decisivos. Primeiramente é necessário

definir o tipo de empreendimento (hospital, aeroporto, hotel, etc.), e quais as necessidades dos

investidores e das equipes vinculadas a esse empreendimento ao optarem pelo uso do BIM. Em

sequência, devem ser elaborados os contratos de projeto integrado (IPD), definindo a atuação

de cada participante, considerando sempre o ciclo de vida do empreendimento, para que alcance

o retorno esperado do uso do BIM. Numa terceira fase deve-se desenvolver o plano de

implementação e execução, juntamente com toda a equipe envolvida. (COMPUTER

INTEGRATED CONSTRUCTION RESEARCH PROGRAM, 2013b)

Em edificações já construídas, a utilização da metodologia BIM para apoio a manutenção

preditiva e reformas envolve etapas normalmente não trabalhadas em novos empreendimentos,

como fases de demolição, sendo necessário considerar essas etapas na elaboração do contrato,

e nas definições de atividades das equipes.

O esforço desprendido para a alteração da documentação em 2D para modelos 3D

paramétricos pode ser custoso e, dependendo do planejamento (ou da falta dele), pode não

trazer elevadas vantagens, haja visto que todas as equipes atuantes dentro da edificação devem

ser capacitadas para operar e pensar com essa nova metodologia. Caso contrário, toda a

documentação será deixada de lado.

Deve-se ressaltar também que o modelo 3D paramétrico deve ser atualizado

constantemente, para que represente uma cópia fiel da construção (as built), podendo ser desse

modo utilizado como banco de dados preciso nos processos de manutenção predial e reformas.

Para a elaboração da Proposta de Plano de Implementação e Execução para edificações

hospitalares existentes, alguns fatores devem ser considerados previamente.

No caso de empreendimentos hospitalares existentes, a utilização do BIM tem como

objetivo auxiliar nos processos de manutenção preditiva e reformas da edificação ao longo de

sua vida útil, implicando que:

Page 81: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

67

• O modelo deve ser confiável e atualizado para auxiliar nos processos de manutenção

predial, reformas e ampliações;

• Os dados lançados devem suprir as necessidades das equipes e do próprio

empreendimento;

• Todos os profissionais envolvidos devem ser qualificados não apenas para operar as

ferramentas paramétricas, mas também para entender a metodologia BIM;

• Os próprios softwares de projeto podem ser utilizados nos processos de manutenção

preditiva, haja visto que a correção de eventuais falhas em sistemas pode ser rastreada

pelo modelo, assim como a constante readequação e ampliação das unidades

hospitalares podem ser feitas através do modelo;

• Deve-se ter foco na coordenação e interoperabilidade do modelo, haja visto que podem

ocorrer contratações terceirizadas para elaboração de projetos de readequação e

ampliação, assim como a construções.

Para dar início na implementação do BIM no hospital, é necessário primeiramente estudar

junto ao setor jurídico as questões legais que devem conter na elaboração dos contratos

relacionais (IPD). Os contratos relacionais definem uma cooperação entre os profissionais

envolvidos com foco em alcançar a melhor performance projetual e financeira no

empreendimento.

6.1 Determinações Contratuais

No caso de empreendimentos hospitalares existentes, os contratos terão foco na

terceirização dos serviços de projeto e obra, podendo vincular os prestadores de serviços no

ciclo de vida do empreendimento baseado em know-how. Deve-se ressaltar também que a

coordenação das atividades será definida pela própria equipe de coordenação interna ao hospital

(BIM Managers), equipe essa fundamental para que os interesses do hospital, assim como a

harmonia entre os profissionais, sejam garantidos.

Dessa maneira, o estudo jurídico e a elaboração de um modelo de contrato relacional que

seja flexível é a primeira tarefa na implementação do BIM. O American Institute of Architects

elaborou alguns modelos de contrato IPD, que podem servir de base para a elaboração dos

contratos de prestação de serviços através do BIM. São eles:

Page 82: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

68

• A195 – Formato padrão de acordo entre proprietário e contratado para projeto

integrado35;

• A 295 – Condições gerais do contrato de projeto integrado36;

• B 195 – Formato padrão de acordo entre proprietário e arquiteto para projeto

integrado37.

Para que o contrato seja elaborado com maior precisão é necessário definir primeiramente

quais equipes farão parte nos processos de manutenção preditiva e reformas, sejam essas

equipes internas ao hospital ou terceirizadas.

6.2 Determinação das Equipes

Empreendimentos hospitalares possuem um alto custo com funcionários de maneira

geral, pois empregam profissionais de diversas áreas necessários ao funcionamento do

empreendimento. Dessa forma, definir uma equipe grande de projetistas na maior parte dos

casos não condiz com a realidade desse tipo de empreendimento.

Dessa maneira, como os serviços de elaboração de projeto e construção são comumente

terceirizados, faz-se necessária apenas a contratação de profissionais para coordenar essas

atividades.

A equipe de coordenação de projetos, obras e manutenção preditiva deve ser,

preferencialmente, composta por pelo menos três profissionais, sendo esses: um arquiteto, um

engenheiro civil, e um engenheiro clínico.

Entrevistado 1 (informação verbal)38 “um hospital desse porte tem que ter um engenheiro

clinico direto aqui dentro.”

Esses profissionais são necessários para garantir tanto a compatibilização de sistemas

(arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica e mecânica) como a interação desses com os

equipamentos médicos de diagnóstico e tratamento.

Deve-se atentar também para a integração entre a equipe de TI e a equipe de coordenação,

haja visto que o BIM depende integralmente de uma rede rápida de transferência de dados.

35 A195 - Standard form of agreement between owner and contractor for integrated project delivery. 36 A 295 - General Conditions of the contract for integrated project delivery. 37 B 195 - Standard form of agreement between owner and architect for integrated project delivery. 38 1, Entrevistado. Entrevista [nov. 2018] Entrevistador: Carlos Magno Herthel de Carvalho. Belo Horizonte, 2018.

1 arquivo .mp3 (2:01:23). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice M desta monografia

Page 83: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

69

A equipe deve, além de entender as mudanças necessárias do BIM a nível de tecnologia,

estar motivada a enfrentar as mudanças culturais envolvidas nos processos. Um planejamento

das etapas e metas bem definido, assim como investimentos em treinamento e reconhecimento

profissional podem favorecer esse ambiente de implementação.

6.2.1 Determinação das Funções e Responsabilidades dos Coordenadores

A equipe de coordenação deve trabalhar de forma conjunta e estar atenta as suas funções

e responsabilidades.

Os profissionais devem equilibrar as demandas de todos os gestores com as necessidades

gerais do empreendimento, focando sempre no sistema como um todo, assim como garantir a

qualidade no atendimento aos enfermos.

As funções e responsabilidades são descritas conforme TABELA 4.

Tabela 9 - Funções dos coordenadores BIM

Funções Coordenadores

Arquitetura Engenharia

Civil

Engenharia

Clínica

Definir premissas e programas de necessidades X X X

Elaboração de estudos preliminares X

Especificar a infraestrutura necessária para a instalação e operação dos equipamentos definidos X

Especificar os equipamentos de tratamento e diagnostico do hospital X

Definir os dados de manutenção preventiva dos equipamentos associado com o nível de detalhamento de cada equipamento lançado em projeto

X

Vincular as equipes de assistência a saúde às etapas de programa de necessidades e estudos preliminares

X

Vincular os projetos com as especificações exigidas pela engenharia clinica de acordo com os equipamentos de tratamento e diagnóstico

X X

Page 84: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

70

Orientar as atividades de projeto com os prestadores de serviços terceirizados X X X

Garantir a compatibilização dos projetos com foco nas necessidades especificas de cada equipamento de tratamento e diagnostico

X

Garantir o comprimento do programa de necessidades X X X

Garantir o LOD necessário e o As built X X X

Coordenar as equipes de projeto X X X

Garantir a manutenção preventiva e corretiva dos sistemas que dão apoio ao diagnóstico e tratamento dos enfermos

X X

Garantir a compatibilização dos projetos X X X

Fiscalizar as obras de reforma e manutenção X X X

Garantir a assepsia do ambiente durante período de obras X X X

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2019.

Deve-se atentar ao fato de que mudanças de tecnologia e infraestrutura também serão

requisitadas quando optado pela utilização de tecnologias paramétricas de suporte a

metodologia BIM.

6.3 Determinação e Definição da Infraestrutura Necessária

Para definir a infraestrutura necessária deve-se, de início, definir qual ou quais softwares

serão utilizados. Isso porque cada software irá exigir uma capacidade de processamento de

dados diferentes, implicando diretamente na escolha dos computadores. Os critérios devem ser

analisados de uma forma geral, tentando diminuir ao máximo o custo de implantação,

considerando custos de softwares, hardwares e treinamento. Dessa forma, os custos devem ser

detalhadamente estudos.

Page 85: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

71

6.3.1 Escolha dos Softwares

Na escolha dos softwares a serem utilizados nas fases de projeto, construção e operação

deve-se considerar os aspectos:

• Familiarização da equipe com os softwares, mesmo que seus conhecimentos sejam

iniciais ou limitados;

• Custo de compra e manutenção detalhado;

• Custo de assessoria, seja ela feita pela própria fabricante ou empresas e profissionais

terceirizados;

• “Compatibilização” com as equipes prestadoras de serviços (considerando softwares

desenvolvidos pelo mesmo fabricante);

• Especificações técnicas que podem interferir ou alterar a infraestrutura atual, causando

maiores ou menores custos na implementação;

É importante lembrar que existem diferentes softwares para cada fase do planejamento,

não podendo ser considerado apenas um software que definirá todos os passos nas escolhas de

hardwares e rede. A lista de softwares paramétricos que auxiliam na metodologia BIM é

grande, como Revit, Naviswork, ArchiCAD, Tekla, Bentley e Allplan; desenvolvidos pelas

empresas Autodesk, Bentley, Nemetschek e Trimble.

Deve-se lembrar que no caso das licenças de softwares, o custo deve ser calculado de

acordo com o número de coordenadores definidos no empreendimento, haja visto que todos

devem trabalhar de maneira conjunta e integrada. Vale lembrar também que as empresas

desenvolvedoras de softwares costumam liberar planos de desconto na compra de mais de uma

licença.

6.3.2 Definição dos Computadores

Caso a troca dos computadores seja necessária devido a escolha dos softwares, deve-se

levar primeiramente em consideração os requisitos básicos do sistema definidos pelos

desenvolvedores.

Deve-se considerar também que no caso de projetos de edificações de grande

complexidade, a quantidade de informação armazenada e processada é muito grande,

demandando grande capacidade de armazenamento e processadores poderosos.

Page 86: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

72

Além disso, a visualização em 3D pode sobrecarregar a placa de vídeo, principalmente

quando se utiliza de realidade aumentada e análises diversas.

O custo de cada computador com os requisitos mínimos para rodar os softwares

analisados é de cerca de R$ 6.800,00, considerando-se a média de preço de computadores

produzidos pelas fabricantes Dell, HP e Lenovo.

É importante frisar que os custos levantados, tanto na aquisição de licenças anuais, como

nos computadores de requisitos básicos do sistema, foram feitos no ano de 2019, sendo apenas

uma referência para este estudo.

6.3.3 Definição da Rede de Dados

A quantidade de informação contida em um modelo BIM, variando entre LOD 100 e

LOD 500, pode representar uma quantidade de armazenamento e transição de dados

considerável, podendo variar entre o nível de detalhamento e o porte do empreendimento.

Assim como a quantidade de informações pode representar um problema na

infraestrutura, a forma como são organizadas as equipes e a distribuição desses dados também

pode afetar a infraestrutura, sendo necessário na maioria das vezes redes locais (Local Area

Network - LAN), que demandam equipamentos como servidores e cabeamento, e em outros

casos uma transmissão de dados rápida através de uma rede global (Wide Area Network - WAN).

Para que exista uma vinculação direta entre os coordenadores e os prestadores de serviços

de projeto, se faz necessário o uso de compartilhamentos em nuvem, muitas vezes

disponibilizado pelos fabricantes dos softwares. Os sistemas garantem a transmissão das

informações entre todos os envolvidos, criando dinamismo, melhora na comunicação entre as

equipes, e maior precisão na compatibilização dos projetos.

Os compartilhamentos em nuvem são muitas vezes pagos, sendo disponibilizados

serviços mensais ou anuais.

6.4 Determinação do Nível de Desenvolvimento do Modelo (LOD)

O nível de desenvolvimento (LOD) pode ser determinado não apenas pelas suas

representações gráficas, mas também pelas informações contidas no modelo. Entende-se dessa

maneira, que o LOD de um determinado componente representa tanto a quantidade de

informações contidas, como a confiabilidade do modelo com o objeto construído (as built).

Page 87: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

73

Por definição, utiliza-se os níveis de desenvolvimento entre 100 e 500.39 Para utilização

do modelo como ferramenta e banco de dados para os processos de manutenção predial e

reformas é necessário o desenvolvimento do modelo computacional 3D paramétrico com o

máximo de definições e precisão possíveis, sendo assim mais indicado o desenvolvimento do

modelo a nível LOD 500, sendo aceitáveis algumas informações lançadas entre LOD 300 e

LOD 400.

6.5 Organização dos Projetos para Equipes e Coordenação

Como medida que visa a organização e a facilidade no fluxo de informações entre

coordenadores e projetistas, assim como entre os próprios projetistas, os projetos devem ser

organizados seguindo exemplificação das tabelas contidas nos APÊNDICES B, C, D, E, F e G.

As tabelas foram desenvolvidas de acordo com os sistemas construtivos dos dois

hospitais, e baseadas na lógica de organização do software Revit, onde os sistemas são

separados como disciplinas, sendo elas: Coordenação, Arquitetura, Estrutura, Hidráulica e

Mecânica. O software possibilita a definição de cada elemento como vinculado a uma

determinada disciplina, sendo possível assim visualizar e editar os elementos de acordo com a

disciplina/profissional responsável pelo sistema.

Após a definição das disciplinas necessárias, foram desenvolvidas subdisciplinas,

separando os sistemas que compõem os hospitais, como exemplo do “Sistema de correio

pneumático”, uma subdisciplina dos sistemas mecânicos.

Os projetos devem ser desenvolvidos seguindo fluxograma de projeto executivo (FIG.8),

a fim de garantir o cumprimento de todas as etapas e, consequentemente, a aprovação de todos

os profissionais envolvidos no desenvolvimento dos projetos.

39 Nessa dissertação a explicação e definição dos LODs está descrita no Capítulo 2, página 21.

Page 88: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

74

Figura 8 - Etapas do projeto executivo

Fonte: Desenvolvido por AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, (2017c)

Page 89: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

75

6.5.1 Determinação de componentes a serem considerados em cada disciplina projetual

Definidas as disciplinas e subdisciplinas foram analisados – com base na lógica de

trabalho do software Revit – os componentes de cada disciplina.

Os componentes – denominados famílias no software – foram separados (APÊNDICE H,

I, J, K L) de acordo com sua função, como no caso de tubulações hidráulicas vinculadas apenas

aos sistemas hidráulicos, e no caso de tubulações de ar condicionado vinculadas apenas aos

sistemas mecânicos.

Os componentes essenciais para cada subdisciplina do projeto poderão sofrear alterações.

Essas alterações serão definidas pelo coordenador por meio de pedidos dos projetistas, ou por

variáveis necessidades levantadas em reuniões (devido a provável demanda constante de

reuniões, viabiliza-se a utilização de teleconferências, haja visto que muitas vezes os

prestadores de serviços podem não dividir o mesmo espaço de trabalho, quiçá a mesma cidade

ou estado). Deve-se garantir também que, no caso, as alterações não interfiram na sincronização

ou trabalho de qualquer outro profissional envolvido, sendo sempre mais indicado tomar

decisões em equipe através de reuniões envolvendo todas as áreas de possíveis interferências.

6.5.2 Organização da Biblioteca de Componentes

Os componentes(famílias) devem ser nomeados de acordo com a proposta definida pela

ABNT – NBR 15965-1:2011 – Sistema de Classificação da Informação da Construção Parte 1:

Terminologia e Estrutura, contendo informações da tabela 2C, identificando o responsável pelo

modelo e descrição, como exemplificado:

CodTab2C_Responsavel_DescricaoTipo_SubTipo_Livre

Quanto aos campos preenchidos:

• CodTab2C – Código referente a tabela 2C da norma ABNT – NBR 15965. Apesar do

código ser separado por ponto na tabela 2C (ex: 2C.30.00.00) por questões de

programação o código deve ser descrito sem nenhum separador, sendo digitado de

forma linear (ex: 2C300000). (Nota: até o presente momento a ABNT não lançou a

parte da norma NBR 15965 referente a tabela 2C, deixando apenas diretrizes de sua

constituição na ABNT – NBR 15965-1)

• Responsável – Nome do desenvolvedor do modelo ou nome do fabricante.

Page 90: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

76

• DescricaoTipo – Pode-se descrever o modelo como sua função (ex: porta, janela, pia,

etc.), contudo, fica orientado a descrição do modelo de acordo com a tabela 2C da

norma ABNT – NBR 15965.

• SubTipo – Pode-se descrever o objeto de acordo com suas dimensões (quando optado

pela dimensão deve-se seguir a ordem comprimento X altura X espessura) ou modelo.

• Livre – O campo pode ser preenchido com qualquer informação que julgar relevante

para o objeto não contida nos outros campos como: LOD e elemento de aplicação

(Forro, parede, estrutura....).

Para facilitar a busca dos componentes, a biblioteca deve ser organizada de maneira lógica

e precisa (FIG. 8), deixando os arquivos no servidor para facilitar a troca de informações entre

profissionais parceiros.

Page 91: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

77

Figura 9 - Hierarquia organizacional da biblioteca de elementos BIM

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

As informações de fabricante, linha e modelo, assim como as informações contidas nos

arquivos desses elementos como: número de série, garantia, data de compra, data de fabricação,

quantidade e etc., são relevantes quando consideradas as informações lançadas para auxilio a

manutenção predial e reformas.

Dessa forma, a organização por fabricante, linha e modelo auxilia o projetista durante o

desenvolvimento e detalhamento do projeto, facilitando o posterior lançamento de dados (fase

de construção) relativos a compra e manutenção desses elementos.

Biblioteca de Elementos (BIM)

Disciplinas

ArquiteturaEstruturaElétrica

HidráulicaMecânica

2D (Desenhos)

Detalhamentos

Elementos (ex: portas, janelas...)

Anotações (Tag)

3D (Elementos)

Fabricante

Linha

Modelo

Templates

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78

Assim como o modelo da edificação, pode-se definir os arquivos de componentes de

acordo com seu nível de informação, passando desde informações volumétricas sem

parametrização, até informações de fabricação, reposição de peças, manutenção, manual, etc.

6.6 Construção Digital de As Built e Treinamento da Equipe

A transposição dos dados e projetos para o BIM é o ponto mais critico nos processos de

sua implementação e execução em hospitais existentes. Dessa forma, devem ser estudadas

diferentes abordagens que reflitam a realidade da instituição, podendo ser contratada uma

equipe para a transposição e levantamento dos dados em modelos BIM.

Pode-se também, vincular a atividade de transposição dos projetos com a atividade de

treinamento dos coordenadores em relação a utilização da ferramenta, através da contratação

de pessoas com expertises técnicas para treinamento e levantamento de modelo confederado.

Muitas vezes os representantes de desenvolvedores de softwares possuem equipes de

treinamento e lançamento de dados.

Deve-se considerar também um plano de metas bem definido para se atingir determinadas

questões; como o Nível de Desenvolvimento do Modelo, sendo anexados parâmetros a medida

da necessidade do empreendimento.

Pode-se estudar também a possibilidade de sua utilização ser gradativa, iniciando pelas

demandas de manutenção predial, e pelas reformas que serão feitas nas edificações, sendo dessa

maneira lançados dados apenas nos projetos relativos a determinados setores.

Page 93: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

79

RESULTADOS

O estudo bibliográfico apontou que, embora o BIM possa otimizar os serviços e

minimizar os impactos econômicos e ambientais da construção civil – diminuindo custos e

aumentando a precisão dos projetos, da execução e da manutenção – sua utilização no Brasil

ainda é pequena, ficando normalmente restrita aos processos de projeto e construção, sendo

ignorada as partes de manutenção predial e reformulações dos empreendimentos.

A alteração das ferramentas de trabalho é inicialmente considerada o maior entrave na

migração para o BIM, por seu custo inicial e por demandarem um treinamento com as equipes

de projeto. Além disso, as ferramentas de projeto paramétrico também exigem que os

profissionais tenham, em alguns casos, conhecimento a cerca de programação e rede de dados,

para a vinculação de informações pertinentes ao projeto, assim como a troca de informação

entre as equipes operantes.

Contudo, a problematização em relação restrita ao uso de ferramentas paramétricas é mais

recorrente quando se associa o BIM a softwares, ignorando sua vinculação direta com a

metodologia de trabalho, que altera a cultura da construção civil como um todo.

Dessa maneira, ficou evidente durante o estudo bibliográfico e as entrevistas que o BIM

não é entendido como uma metodologia, o que implica diretamente em sua na baixa utilização

no Brasil. Deve-se entender o BIM como uma alteração da cultura e dos processos do

empreendimento, vinculando todo seu ciclo de vida à equipe responsável.

Para um entendimento maior sobre as implicações do uso do BIM em edificações

existentes, foram coletadas informações sobre as edificações objeto de estudo.

As informações foram levantadas por meio de revisão bibliográfica e entrevistas

semiestruturadas com profissionais responsáveis por duas edificações hospitalares na cidade de

Belo Horizonte.

Conforme preconizado pelos autores estudados nessa pesquisa, as falas dos profissionais

entrevistados reforçam que a implementação do BIM deve ser bem estudada e planejada, sendo

necessário investimentos na alteração de ferramentas de trabalho, e na alteração da cultura

interna dos processos de projeto, construção e manutenção das edificações.

Os empreendimentos estudados se diferem principalmente pela organização gerencial,

sendo uma edificação privada e a outro uma parceria entre o setor público e o privado. Ambas

edificações possuem o mesmo porte e nível de atendimento, sendo construídas na mesma

década, com apenas um ano de diferença de suas inaugurações.

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80

A estruturação gerencial mostrou-se mais relevante na hora do desenvolvimento do

artefato em relação a estruturação física, haja visto que as vinculações com os prestadores de

serviços são elaboradas de maneira diferente. Isso não implica diretamente no uso do BIM, mas

sim na forma como os contratos de IPD serão desenvolvidos na fase de implementação.

Foi possível perceber que a prestação de serviços no setor privado é mais facilitada do

que na parceria público/privada, devido a falta de previsão das necessidades futuras do

empreendimento, sendo um problema mais vinculado com a elaboração de contratos ainda na

fase de planejamento.

Na parceria público/privada, o contrato definiu de forma rígida as responsabilidades dos

setores, (setor público responsável pelo atendimento médico, e o setor privado responsável pela

construção e manutenção da edificação e equipamentos durante vinte anos) não prevendo a

dinâmica e mutabilidade das edificações hospitalares, que demandam constantemente de

reestruturações físicas e tecnológicas, sejam por avanço no tratamento e diagnóstico, ou por

imposições normativas.

Em relação à manutenção, os dois empreendimentos possuem equipes internas,

responsáveis pela manutenção predial, tanto preventiva como corretiva.

A manutenção corretiva ocorre em ordem de baixa complexidade, mais vinculada a

questões como lâmpadas queimadas, maçanetas e trancas quebradas, pequenos vazamentos.

São problemas de difícil prevenção, mas que o seu funcionamento é extremamente importante

dentro de edificações hospitalares, devido a criticidade dos ambientes.

A manutenção preventiva está mais voltada aos sistemas e equipamentos de apoio ao

tratamento e diagnóstico, onde sua interrupção pode causar danos a vidas humanas, materiais e

financeiros. A manutenção preventiva dos hospitais segue procedimentos diários e normas

internacionais.

Dependendo dos equipamentos, a manutenção deve ser independente de qualquer indicio

de falha, como no caso de troca de filtros ou regulagem dos equipamentos. Em outros casos,

como no dos sistemas de apoio aos equipamentos de tratamento e diagnóstico (rede elétrica,

hidráulica e mecânica) a manutenção preventiva ocorre diariamente com pessoal treinado e

qualificado, levantando indícios de falhas por variações de temperatura, ruídos, pressão, odor,

etc.

O uso de um modelo de instalações BIM dos hospitais poderia ajudar nas fases de

manutenção preventiva e corretiva, facilitando a localização dos sistemas, detectando de

maneira rápida locais de intervenção e peças de reposição, como no caso de vazamentos de

tubulações e curto-circuito.

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Devido ao custo, equipes dedicadas de construção e reformas são raras em

empreendimentos hospitalares. Essas equipes são mais facilmente vinculadas em redes de

empreendimentos, como no caso do hospital B. Entretanto, a elaboração de projetos é

comumente uma prestação de serviços terceirizada, a não ser uma reforma pequena e pontual,

como a troca de um forro (projetos de pequeno porte que podem ser desenvolvidos por

profissionais internos ao empreendimento).

A terceirização de serviços de projeto e obra é um ponto crucial ao se pensar a

implementação do BIM em edificações hospitalares. A confiabilidade dos dados vinculados ao

modelo e a coordenação dos serviços deve ser garantida por uma equipe interna aos hospitais,

sendo necessária sua vinculação direta com o empreendimento.

Os softwares paramétricos podem auxiliar nos processos de coordenação, facilitando o

translado de informações entre equipes de prestação de serviços e coordenação dos hospitais.

Os sistemas construtivos não foram considerados empecilhos ou influenciadores na

migração dos processos sequenciais para os simultâneos.

Ambas as edificações apresentam conformação vertical, mas são diferenciadas

principalmente por sua estrutura. O hospital B possui estrutura de concreto armado, tendo

algumas variações de lajes protendidas e moldadas inloco, enquanto o hospital A possui

estrutura metálica e lajes steeldeck.

Lajes nervuradas e steeldeck facilitam o lançamento de sistemas hidráulicos, elétricos e

mecânicos, por possuírem espaços “vazios” e não demandarem muito espaço em relação ao pé

direito dos pavimentos, e por serem de fácil perfuração em caso de reformas que necessitam de

tubulações entre pavimentos.

Contudo, o uso de lajes protendidas – que dependem da integridade das cordoalhas –

dificulta os processos de reformas, pela dificuldade de se prever a localização dos tirantes.

Nesse caso, a escolha do sistema estrutural implica diretamente na compatibilização dos

projetos e na reformulação das edificações, podendo ser facilitada ou dificultada de acordo com

o sistema estrutural utilizado.

As informações contidas no modelo poderiam auxiliar as equipes de manutenção e

reformas quanto a localização de elementos como as cordoalhas da laje protendida, problema

previsto em futuras reformas do hospital A.

Ficou claro que, ainda na fase de planejamento dos empreendimentos, a definição dos

sistemas utilizados é fator determinante na qualidade do atendimento e no êxito de sua função.

Sistemas como o correio pneumático dinamizam os processos e auxiliam na qualidade do

atendimento, diminuindo o tempo de translado de materiais e equipamentos, e auxiliando as

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equipes de enfermagem e laboratório enquanto a diminuição dos percursos de caminhada. Os

sistemas de composição das edificações foram categorizados conforme os Apêndices C, D, E,

F e G.

Edificações hospitalares contam com o funcionamento ininterrupto de sistemas

arquitetônicos, estruturais, elétricos, hidráulicos e mecânico. Os empreendimentos possuem

pavimentos técnicos que abrigam a central de todos os sistemas hidráulicos, elétricos e

mecânicos, facilitando a manutenção e operação por não envolverem fluxos entre as

dependências que dão contato direto com a equipe de atendimento e pacientes.

Apesar de no hospital A o sistema pneumático ter sido considerado em toda a edificação,

sua instalação foi deficitária por apresentar apenas uma máquina no projeto (2D) executivo,

isentando a construtora da instalação do sistema para os serviços de farmácia. Isso leva ao

comprometimento do funcionamento do hospital, aumentando o fluxo de pessoas, materiais e

o cronograma de assepsia dos setores, o que pode aumentar o risco de infecções hospitalares.

De acordo com os problemas relatados nas fases de projeto e construção, ficou claro que

a utilização do BIM poderia ter influenciado a compatibilização desses sistemas e garantido sua

instalação completa, melhorando a elaboração dos projetos e diminuindo os custos com

incompatibilizações em obra, e consequentemente o custo de operação da edificação.

Como levantado por alguns autores e pelas equipes dos hospitais, a elaboração de

contratos específicos ao lidar com processos simultâneos é fator primordial na implantação do

BIM. A utilização de contratos transacionais acaba dificultando até mesmo a inserção e

adaptação do mercado a novas metodologias como o BIM, assim como não incentiva o avanço

na sustentabilidade, já que o tempo de vida prolongado de uma edificação, assim como seu

baixo custo de operação e manutenção predial são fatores decisivos no impacto dessa edificação

com o meio ambiente e seu entorno.

Dessa forma, foi definido como primeira tarefa a se observar na elaboração da

implantação, a elaboração dos contratos relacionais de IPD, usando como exemplos os

desenvolvidos pelo AIA. Os hospitais estudados trazem diferentes demandas e organizações

gerenciais, o que implicaria em diferentes focos a serem estudados na elaboração dos contratos.

A definição da equipe foi fator relevante na elaboração. Como levantado pela arquiteta

do hospital A “uma equipe própria para projeto é muito difícil você ter, (...) poderia ter um

arquiteto, um engenheiro predial e um engenheiro clínico”. Dessa maneira, foi definido que as

instituições deveriam ter no mínimo os três profissionais exercendo a função de coordenadores,

que trabalhariam de forma conjunta e integrada com as equipes de prestação de serviços de

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projeto e construção terceirizadas, a fim de garantir as necessidades e exigências das

instituições.

Foi possível constatar que, apesar da grande maioria de escritórios e construtoras estarem

optando pela melhoria das tecnologias e processos utilizados, o papel do coordenador ainda é

pouco valorizado e reconhecido, sendo muitas vezes considerado apenas como uma despesa

que não traz grandes retornos, haja vista a falta desses profissionais dentro das edificações

estudadas.

A infraestrutura necessária para a implantação deve ser estudada pela instituição de forma

detalhada e precisa, tentando conciliar o custo com as necessidades levantadas. As instituições

estudadas consideraram baixo os custos citados nessa pesquisa, comparando com os custos

totais das obras de manutenção predial e readequação das edificações. Vale lembrar que o BIM

pode levar mais precisão aos projetos e obras, assim como diminuir custos nessas etapas.

É importante frisar que a implementação do BIM interfere diretamente na estruturação

dos prestadores de serviços, sendo necessário a migração dos parceiros para o BIM ou a busca

de novos parceiros que já trabalham com o BIM.

O nível de informações contidas no modelo também foi aprovado pelos profissionais,

sendo necessário o máximo de informação possível para otimizar os processos internos de

operação e manutenção predial e de equipamentos de diagnostico e tratamento.

A organização dos projetos e o lançamento de dados automáticos apresentados aos

entrevistados também foram aprovados, sendo considerado de fácil entendimento, facilitando

o trabalho da coordenação e dos prestadores de serviços terceirizados.

Foi levantado que a transposição das informações em 2D para o modelo parametrizado,

assim como o treinamento da equipe, é um ponto crucial para sua utilização nos processos de

manutenção e reformas. Para solucionar, foi sugerido que o treinamento fosse feito

paralelamente aos trabalhos praticados pelos coordenadores, sendo inseridos diretamente na

metodologia BIM.

O treinamento devera ser feito por equipes especializadas, que sejam capazes de auxiliar

não somente no uso dos softwares, mas em toda a alteração de cultura e documentação

vinculada as atividades futuras dos empreendimentos.

A compatibilização dos empreendimentos, devido a quantidade de sistemas diferentes e

interligados, é um dos maiores problemas a serem resolvidos, e como levantado pelo engenheiro

do Hospital B, “um ponto que a gente tem que avançar é na equalização disso tudo, (...) é um

ponto que eu acho que a gente tem que trabalhar e que naturalmente o BIM ajuda muito nisso”.

Page 98: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

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Apesar de todos os entraves rastreados na implementação do BIM, as equipes dos

hospitais permaneceram confiantes nos benefícios que essa metodologia pode trazer aos

empreendimentos, o que demonstra que a utilização do BIM, por mais difícil que seja, está

ganhando reconhecimento no mercado de trabalho brasileiro.

Page 99: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos nessa pesquisa mostram que existe uma necessidade na melhoria

dos processos de manutenção predial e reformas em edificações hospitalares, da mesma forma

como mostrou que a cultura da metodologia BIM ainda não é muito difundida, sendo ainda

reconhecida como uma ferramenta do que como uma metodologia propriamente dita.

Considera-se que os estudos e entrevistas realizadas agregaram informações

consideráveis para o desenvolvimento do artefato proposto, sendo um ponto de partida para

estudos futuros relacionados a esse artefato. Contudo, apesar de analisado pelos profissionais

envolvidos, ainda requer estudos práticos de sua aplicação em empreendimentos hospitalares

diversos.

Estudos futuros do artefato, considerando não apenas os relatos dos grupos de estudo,

mas a sua aplicação de fato nos empreendimentos hospitalares pode complementar de forma

significante essa pesquisa, haja visto que durante o processo de implementação ocorrerão

situações não previstas, que podem alterar sua conformação de forma pontual ou significativa.

O levantamento das edificações para transposição do As built paramétrico, assim como o

treinamento das equipes de coordenação é indicação para futuras pesquisas que complementam

esse trabalho, podendo gerar dados sólidos quanto a real utilização do BIM na manutenção

predial e reformas dessas edificações.

A pesquisa levantou os principais contratos utilizados na construção civil, suas

implicações diretas na organização do desenvolvimento do empreendimento e como são

aplicados, entretanto, a diferença constante da forma como se estruturam juridicamente os

empreendimentos pode alterar consideravelmente os contratos.

Considera-se assim a necessidade de um aprofundamento em pontos focais do artefato,

como o desenvolvimento de contratos em formatos de IPD para esses empreendimentos,

levando em consideração estruturações diversas como as parcerias público privadas.

Como consequência, evidencia-se a questão da utilização do artefato produzido para

auxílio em outros empreendimentos de diferentes portes, conformações e propósitos, sendo

necessário pesquisas futuras para saber sua aplicabilidade em diversos empreendimentos da

construção civil.

Outro aspecto que deve ser pesquisado é como serão tratadas as informações contidas nos

modelos confederados ao longo dos processos de manutenção predial e reforma pelas equipes

responsáveis.

Dessa maneira, sugere-se pesquisas que podem complementar esse estudo, sendo elas:

Page 100: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

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• Estudos vinculados aos contratos que visam a utilização do BIM, como o IPD, em

empreendimentos públicos, privados, ou em parcerias público/privado;

• Estudos sobre o real custo de implementação do BIM;

• Estudos voltados para a real aplicação do artefato em empreendimentos hospitalares;

• Estudos relacionados ao treinamento das equipes, que se mostrou ponto crítico na

implementação;

• Estudos voltados para a transposição dos dados em 2D para o modelo BIM de grandes

empreendimentos.;

• Estudos que visam a efetividade do artefato em outros empreendimentos que não são

voltados a assistência a saúde;

• Estudos de como são tratados os dados lançados dentro dos modelos confederados,

voltados para a manutenção preditiva.

Vale ressaltar que, assim como em vários setores da arquitetura e urbanismo, a

retroalimentação das informações ao longo do tempo da utilização do artefato e de sua

aplicabilidade é fator essencial para a confirmação de seu real propósito.

Page 101: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

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Page 110: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

96

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

MESTRADO PROFISSIONAL EM CONSTRUÇÃO METÁLICA

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADO

Dados Gerais Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.

Instituição:

Data:

Local:

Horário:

Tempo Previsto: 1:00 (Uma hora)

Dados do Entrevistado

Nome: Nascimento:

Profissão:

Setor:

Cargo:

1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o. (Foco no atendimento, capacidade,

infraestrutura...)

2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do empreendimento.

3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados. (Estrutura, vedação, hidráulica, elétrica,

mecânica)

4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do

empreendimento.

5) Analise os processos de contratação adotados.

6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles relacionados

a manutenção ou reformas.

7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam elas

imposições normativas, tecnológicasou público alvo.

8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes

Page 111: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

97

APÊNDICE B – Organização de projetos para coordenação. Tabela 10 - Organização de projetos para coordenação

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE C

OO

RD

ENA

ÇÃ

O

Projeto de Coordenação Geral PC-G Planta baixa PC-G (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-G (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Arquitetura X Estrutura PC-A/E Planta baixa PC-A/E (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-A/E (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Arquitetura X Hidráulica PC-A/H Planta baixa PC-A/H (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-A/H (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Arquitetura X Elétrica PC-A/EL Planta baixa PC-A/EL (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-A/EL (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Arquitetura X Mecânica PC-A/M Planta baixa PC-A/M (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-A/M (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Estrutura X Hidráulica PC-E/H Planta baixa PC-E/H (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-E/H (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Estrutura X Elétrica PC-E/EL Planta baixa PC-E/EL (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-E/EL (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Estrutura X Mecânica PC-E/M Planta baixa PC-E/M (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-E/M (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Hidráulica X Elétrica PC-H/EL Planta baixa PC-H/EL (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-H/EL (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Hidráulica X Mecânica PC-H/M Planta baixa PC-H/M (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-H/M (3D/Perspectiva)

Projeto de Coordenação Elétrica X Mecânica PC-EL/M Planta baixa PC-EL/M (Planta baixa)

3D/Perspectiva PC-EL/M (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 112: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

98

APÊNDICE C – Organização de projetos arquitetônicos. Tabela 11 - Organização de projetos arquitetônicos

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE A

RQ

UIT

ETU

RA

Estudo Preliminar EP Planta baixa EP (Planta baixa)

Cortes / Elevações EP (Cortes/Elevações)

Anteprojeto AP

Planta baixa AP (Planta baixa)

Planta de Forro AP (Planta baixa)

Cortes / Elevações AP (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva AP (3D/Perspectiva)

Projeto Legal PL

Planta de localização PL (Localização)

Planta de Situação PL (Situação)

Planta baixa PL (Planta baixa)

Cortes / Elevações PL (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PL (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Arquitetônico PE-A

Planta baixa PE-A (Planta baixa)

Planta de Forro PE-A (Planta baixa)

Cortes / Elevações PE-A (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-A (Planta baixa)

PE-A (Cortes/Elevações)

3D / Perspectiva PE-A (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 113: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

99

APÊNDICE D – Organização de projetos estruturais. Tabela 12 - Organização de projetos estruturais

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE ES

TRU

TUR

A

Projeto Executivo de Fundações PE-E-F

Planta Baixa PE-E-F (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-E-F (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-E-F (Planta baixa)

PE-E-F (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-E-F (3D/perspectiva)

Projeto Executivo de Terraplanagem PE-E-T

Planta Baixa PE-E-T (Planta baixa)

Cortes PE-E-T (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-E-T (3D/perspectiva)

Projeto Executivo de Estruturas PE-E-E

Planta Baixa PE-E-E (Planta baixa)

Cortes PE-E-E (Cortes/Elevações)

Elevações PE-E-E (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-E-E (Planta baixa)

PE-E-E (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-E-E (3D/perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 114: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

100

APÊNDICE E – Organização de projetos hidráulicos. Tabela 13 - Organização de projetos hidráulicos

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE H

IDR

ÁU

LIC

A

Projeto Executivo Hidro sanitário de Esgoto PE-H-ES

Planta baixa PE-H-ES (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-H-ES (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-H-ES (Planta baixa)

PE-H-ES (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-H-ES (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Hidro sanitário de Abastecimento AF-AQ PE-H-AF/AQ

Planta baixa PE-H-AF/AQ (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-H-AF/AQ (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-H-AF/AQ (Planta baixa)

PE-H-AF/AQ (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-H-AF/AQ (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Hidro sanitário de Águas Pluviais PE-H-AP

Planta baixa PE-H-AP (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-H-AP (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-H-AP (Planta baixa)

PE-H-AP (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-H-AP (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Hidráulico de Prevenção e Combate a Incêndio PE-H-PCI

Planta baixa PE-H-PCI (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-H-PCI (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-H-PCI (Planta baixa)

PE-H-PCI (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-H-PCI (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 115: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

101

APÊNDICE F – Organização de projetos elétricos. Tabela 14 - Organização de projetos elétricos

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE EL

ÉTR

ICA

Projeto Executivo de Iluminação PE-EL-I

Planta baixa PE-EL-I (Planta baixa)

Planta de Forro PE-EL-I (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-EL-I (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-EL-I (Planta baixa)

PE-EL-I (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-EL-I (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo de Instalações Elétricas PE-EL-IE

Planta baixa PE-EL-IE (Planta baixa)

Planta de Forro PE-EL-IE (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-EL-IE (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-EL-IE (Planta baixa)

PE-EL-IE (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-EL-IE (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo de Telecomunicação PE-EL-TC

Planta baixo PE-EL-TC (Planta baixa)

Planta de Forro PE-EL-TC (Planta baixa) Cortes /

Elevações PE-EL-TC (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-EL-TC (Planta baixa)

PE-EL-TC (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-EL-TC (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 116: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

102

APÊNDICE G – Organização de projetos mecânicos Tabela 15 - Organização de projetos mecânicos

DISCIPLINA SUB-DISCIPLINA ABREVIAÇÃO DESENHOS VIEW TEMPLATE M

ECÂ

NIC

A

Projeto Executivo Mecânico de Ar Condicionado PE-M-AC

Planta Baixa PE-M-AC (Planta baixa)

Cortes / Elevações PE-M-AC (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-M-AC (Planta baixa)

PE-M-AC (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-M-AC (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Mecânico de Sistema de Transporte Pneumático PE-M-STP

Planta baixa PE-M-STP (Planta baixa)

Cortes / Elevações PE-M-STP (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-M-STP (Planta baixa)

PE-M-STP (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-M-STP (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Mecânico de Gases Medicinais PE-M-GM

Planta baixa PE-M-GM (Planta baixa)

Cortes / Elevações PE-M-GM (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-M-GM (Planta baixa)

PE-M-GM (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-M-GM (3D/Perspectiva)

Projeto Executivo Mecânico de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) PE-M-GLP

Planta baixa PE-M-GLP (Planta baixa)

Cortes / Elevações PE-M-GLP (Cortes/Elevações)

Detalhamentos PE-M-GLP (Planta baixa)

PE-M-GLP (Cortes/Elevações)

3D/Perspectiva PE-M-GLP (3D/Perspectiva) Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 117: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

103

APÊNDICE H – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura) Tabela 16 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Arquitetura)

Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Arquitetura)

Projeto Abreviação

EP AP PL PE-A

Escala 1:200 1:100 1:100 / 1:50 Livre

Nível de Detalhamento Baixo Médio Médio Alto Componentes

English Português Abreviação

EP AP PL PE-A Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X

Duct Accessories Acessórios de Duto Pipe Accessories Acessórios de Tubo

Structural Rebar Couplers Acopladores do Vergalhão Estrutural Entourage Ambiente X X X X

Structural Fabric Reinforcement Armadura da Tela Soldada Estrutural

Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural

Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área

Cable Trays Bandeja de Cabos Duct Linings Cobertura do Duto

Columns Colunas X X X X Casework Componentes de Gabinete X X X Conduits Conduítes

Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos Duct Fittings Conexões de Duto Pipe Fittings Conexões de Tubo

Conduit Fittings Conexões do Conduíte Structural Connections Conexões Estruturais

MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP

Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio

Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira

Communication Devices Dispositivos de Comunicação Data Device Dispositivos de Dados

Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X Security Devices Dispositivos de Segurança

Telephone Devices Dispositivos de Telefonia Ducts Dutos

Flex Ducts Dutos Flexíveis Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X

Page 118: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

104

Specialty Equipment’s Equipamento Especial X X Mechanical Equipment Equipamento Mecânico X X

Stairs Escadas X X X X Parking Estacionamento X X X X Roads Estradas X X X X Wires Fiação X

Structural Stiffeners Fixadores Estruturais Ceilings Forros X X

Structural Foundations Fundações Estruturais Railings Guarda-Corpos X X X X

Electrical Fixture Iluminação Elétrica Pipe Insulations Isolamento de Tubulação

Duct Insulations Isolamento de Duto

Detail Items Itens de Detalhe X X Windows Janelas X X X X

Lighting Fixtures Luminárias X X Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto X X Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação X X

Mass Massa X X X X Furniture Mobiliário X X X X

Generic Models Modelos Genéricos X X X X Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X X X X

Curtain Panels Painéis Cortina X X X X Walls Paredes X X X X Parts Peças X X X X

Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias X X X X Structural Columns Pilares Estruturais X X X X

Floors Pisos X X X X Doors Portas X X X X

Structural Framing Quadro Estrutural Ramps Rampas X X X X

Curtain Systems Sistema de Cortina X X X X MEP Fabrication Ductwork Sistema de Duto de Fabricação MEP

Furniture Systems Sistema de Mobiliário X X X X Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural X X X X

Sprinklers Sprinklers Roofs Telhados X X X X

Air Terminals Terminais de Ar Site Terreno X X X X

MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP

Topography Topografia X X X X Structural Trusses Treliças Estruturais

Page 119: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

105

Pipe Tubulação Flex Pipes Tubulação Flexível

MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP Planting Vegetação X X X X

Structural Rebar Vergalhão Estrutural HVAC Zones Zonas AVAC

Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

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106

APÊNDICE I – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura) Tabela 17 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Estrutura)

Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Estrutural)

Projeto Abreviação

PE-E-F PE-E-T PE-E-E Escala Livre Livre Livre

Nível de Detalhamento Alto Alto Alto

Componentes

English Português Abreviação

PE-E-F PE-E-T PE-E-E Shaft Openings Abertura de Shaft X X

Duct Accessories Acessórios de Duto Pipe Accessories Acessórios de Tubo

Structural Rebar Couplers Acopladores do Vergalhão Estrutural X X Entourage Ambiente

Structural Fabric Reinforcement Armadura da Tela Soldada Estrutural X X

Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural X X

Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área X X

Cable Trays Bandeja de Cabos Duct Linings Cobertura do Duto

Columns Colunas X X Casework Componentes de Gabinete Conduits Conduites

Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos Duct Fittings Conexões de Duto Pipe Fittings Conexões de Tubo

Conduit Fittings Conexões do Conduíte Structural Connections Conexões Estruturais X X

MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP

Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio

Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira

Communication Devices Dispositivos de Comunicação Data Device Dispositivos de Dados

Lighting Devices Dispositivos de Iluminação Security Devices Dispositivos de Segurança

Telephone Devices Dispositivos de Telefonia Ducts Dutos

Flex Ducts Dutos Flexíveis Electrical Equipment Equipamento Elétrico

Page 121: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

107

Specialty Equipment’s Equipamento Especial Mechanical Equipment Equipamento Mecânico

Stairs Escadas X Parking Estacionamento X Roads Estradas X Wires Fiação

Structural Stiffeners Fixadores Estruturais X X Ceilings Forros

Structural Foundations Fundações Estruturais X X Railings Guarda-Corpos

Electrical Fixture Iluminação Elétrica Pipe Insulations Isolamento de Tubulação Duct Insulations Isolamento de Duto

Detail Items Itens de Detalhe X X Windows Janelas

Lighting Fixtures Luminárias

Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação

Mass Massa X X Furniture Mobiliário

Generic Models Modelos Genéricos X X Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X

Curtain Panels Painéis Cortina X Walls Paredes X Parts Peças X

Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias Structural Columns Pilares Estruturais X X

Floors Pisos X Doors Portas

Structural Framing Quadro Estrutural X X Ramps Rampas X

Curtain Systems Sistema de Cortina MEP Fabrication Ductwork Sistema de Duto de Fabricação MEP

Furniture Systems Sistema de Mobiliário Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural X X

Sprinklers Sprinklers Roofs Telhados X

Air Terminals Terminais de Ar Site Terreno X X

MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP Topography Topografia X X X

Structural Trusses Treliças Estruturais X

Page 122: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

108

Pipe Tubulação Flex Pipes Tubulação Flexível

MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP Planting Vegetação X

Structural Rebar Vergalhão Estrutural X X HVAC Zones Zonas AVAC

Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural X X Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 123: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

109

APÊNDICE J – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica) Tabela 18 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Hidráulica)

Setorização e Detalhamento dos Componentes BIM (Hidráulica)

Projeto Abreviação

PE-H-ES

PE-H-AF/AQ

PE-H-AP

PE-H-PCI

Escala Livre Livre Livre Livre

Nível de Detalhamento Alto Alto Alto Alto

Componentes

English Português Abreviação

PE-H-ES

PE-H-AF/AQ

PE-H-AP

PE-H-PCI

Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X

Duct Accessories Acessórios de Duto

Pipe Accessories Acessórios de Tubo X X X X

Structural Rebar Couplers

Acopladores do Vergalhão Estrutural

Entourage Ambiente X X X X

Structural Fabric Reinforcement

Armadura da Tela Soldada Estrutural

Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural

Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área

Cable Trays Bandeja de Cabos

Duct Linings Cobertura do Duto

Columns Colunas

Casework Componentes de Gabinete

Conduits Conduites X

Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos

Duct Fittings Conexões de Duto

Pipe Fittings Conexões de Tubo X X X X

Conduit Fittings Conexões do Conduíte

Structural Connections Conexões Estruturais

MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X X

Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio

X

Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira

Communication Devices Dispositivos de Comunicação X

Data Device Dispositivos de Dados

Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X

Security Devices Dispositivos de Segurança

Telephone Devices Dispositivos de Telefonia

Ducts Dutos

Page 124: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

110

Flex Ducts Dutos Flexíveis

Electrical Equipment Equipamento Elétrico X

Specialty Equipments Equipamento Especial X

Mechanical Equipment Equipamento Mecânico

Stairs Escadas X

Parking Estacionamento X

Roads Estradas

Wires Fiação X

Structural Stiffeners Fixadores Estruturais

Ceilings Forros X

Structural Foundations Fundações Estruturais

Railings Guarda-Corpos X

Electrical Fixture Iluminação Elétrica X

Pipe Insulations Isolamento de Tubulação X X X X

Duct Insulations Isolamento de Duto

Detail Items Itens de Detalhe X X X X

Windows Janelas X

Lighting Fixtures Luminárias X

Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto

Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação

X X X X

Mass Massa X X X X

Furniture Mobiliário X X X X

Generic Models Modelos Genéricos X X X X

Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina

Curtain Panels Painéis Cortina

Walls Paredes X X X X

Parts Peças X X X X

Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias X X X X

Structural Columns Pilares Estruturais

Floors Pisos X X X X

Doors Portas X

Structural Framing Quadro Estrutural

Ramps Rampas X

Curtain Systems Sistema de Cortina

MEP Fabrication Ductwork

Sistema de Duto de Fabricação MEP

Furniture Systems Sistema de Mobiliário

Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural

Sprinklers Sprinklers X

Roofs Telhados

Air Terminals Terminais de Ar X

Site Terreno X X X X

Page 125: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

111

MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X X X

Topography Topografia X X X X

Structural Trusses Treliças Estruturais

Pipe Tubulação X X X X

Flex Pipes Tubulação Flexível X X X X

MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP X X X X

Planting Vegetação X X X X

Structural Rebar Vergalhão Estrutural

HVAC Zones Zonas AVAC

Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

Page 126: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

112

APÊNDICE K – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica) Tabela 19 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Elétrica)

Setorização dos Componentes BIM (Elétrica)

Projeto Abreviação PE-EL-I PE-EL-IE PE-EL-TC

Escala Livre Livre Livre Nível de Detalhamento Alto Alto Alto

Componentes

English Português Abreviação

PE-EL-I PE-EL-IE PE-EL-TC

Shaft Openings Abertura de Shaft X X X

Duct Accessories Acessórios de Duto

Pipe Accessories Acessórios de Tubo

Structural Rebar Couplers

Acopladores do Vergalhão Estrutural

Entourage Ambiente X X X

Structural Fabric Reinforcement

Armadura da Tela Soldada Estrutural

Structural Path Reinforcement

Armadura do Caminho Estrutural

Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área

Cable Trays Bandeja de Cabos X X X

Duct Linings Cobertura do Duto

Columns Colunas

Casework Componentes de Gabinete X X X

Conduits Conduites X X X

Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos X X X

Duct Fittings Conexões de Duto

Pipe Fittings Conexões de Tubo

Conduit Fittings Conexões do Conduíte X X X

Structural Connections Conexões Estruturais

MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X

Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio

Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira

X

Communication Devices Dispositivos de Comunicação X

Data Device Dispositivos de Dados X

Lighting Devices Dispositivos de Iluminação X X

Security Devices Dispositivos de Segurança X

Telephone Devices Dispositivos de Telefonia X

Ducts Dutos

Flex Ducts Dutos Flexíveis

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113

Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X X

Specialty Equipments Equipamento Especial X X X

Mechanical Equipment Equipamento Mecânico

Stairs Escadas X X

Parking Estacionamento X X

Roads Estradas X X

Wires Fiação X X X

Structural Stiffeners Fixadores Estruturais

Ceilings Forros X X X

Structural Foundations Fundações Estruturais

Railings Guarda-Corpos

Electrical Fixture Iluminação Elétrica X X X

Pipe Insulations Isolamento de Tubulação

Duct Insulations Isolamento de Duto

Detail Items Itens de Detalhe X X X

Windows Janelas

Lighting Fixtures Luminárias X X

Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto

Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação

Mass Massa X X X

Furniture Mobiliário X X X

Generic Models Modelos Genéricos X X X

Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina X X

Curtain Panels Painéis Cortina X X

Walls Paredes X X X

Parts Peças X X X

Plumbing Fixtures Peças Hidrossanitárias

Structural Columns Pilares Estruturais

Floors Pisos X X X

Doors Portas

Structural Framing Quadro Estrutural

Ramps Rampas X X

Curtain Systems Sistema de Cortina X X

MEP Fabrication Ductwork

Sistema de Duto de Fabricação MEP

Furniture Systems Sistema de Mobiliário X X

Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural

Sprinklers Sprinklers

Roofs Telhados X X

Air Terminals Terminais de Ar

Site Terreno X X

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114

MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X

Topography Topografia

Structural Trusses Treliças Estruturais

Pipe Tubulação

Flex Pipes Tubulação Flexível

MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP

Planting Vegetação X

Structural Rebar Vergalhão Estrutural

HVAC Zones Zonas AVAC

Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

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115

APÊNDICE L – Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica) Tabela 20 - Setorização e detalhamento dos componentes BIM (Mecânica)

Setorização dos Componentes BIM (Mecânica)

Projeto Abreviação

PE-M-AC

PE-M-STP

PE-M-GM

PE-M-GLP

Escala Livre Livre Livre Livre Nível de Detalhamento Alto Alto Alto Alto

Componentes

English Português Abreviação

PE-M-AC

PE-M-STP

PE-M-GM

PE-M-GLP

Shaft Openings Abertura de Shaft X X X X

Duct Accessories Acessórios de Duto X X X X

Pipe Accessories Acessórios de Tubo X X X X

Structural Rebar Couplers

Acopladores do Vergalhão Estrutural

Entourage Ambiente X X X X

Structural Fabric Reinforcement

Armadura da Tela Soldada Estrutural

Structural Path Reinforcement Armadura do Caminho Estrutural

Structural Area Reinforcement Armadura Estrutural da Área

Cable Trays Bandeja de Cabos

Duct Linings Cobertura do Duto X X X X

Columns Colunas

Casework Componentes de Gabinete

Conduits Conduites

Cable Tray Fittings Conexões da Bandeja de Cabos

Duct Fittings Conexões de Duto X X X X

Pipe Fittings Conexões de Tubo X X X X

Conduit Fittings Conexões do Conduíte

Structural Connections Conexões Estruturais

MEP Fabrication Containment Contenções de Fabricação MEP X X X X

Fire Alarm Devices Dispositivos de Alarme de Incêndio

Nurse Call Devices Dispositivos de Chamada de Enfermeira

Communication Devices Dispositivos de Comunicação

Data Device Dispositivos de Dados

Lighting Devices Dispositivos de Iluminação

Security Devices Dispositivos de Segurança

Telephone Devices Dispositivos de Telefonia

Ducts Dutos X X X X

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116

Flex Ducts Dutos Flexíveis X X X X

Electrical Equipment Equipamento Elétrico X X X X

Specialty Equipments Equipamento Especial X X X X

Mechanical Equipment Equipamento Mecânico X X X X

Stairs Escadas

Parking Estacionamento

Roads Estradas

Wires Fiação

Structural Stiffeners Fixadores Estruturais

Ceilings Forros X X X X

Structural Foundations Fundações Estruturais

Railings Guarda-Corpos

Electrical Fixture Iluminação Elétrica

Pipe Insulations Isolamento de Tubulação X X X X

Duct Insulations Isolamento de Duto X X X X

Detail Items Itens de Detalhe X X X X

Windows Janelas

Lighting Fixtures Luminárias

Duct Placeholders Marcadores de Posição de Duto X X X X

Pipe Placeholders Marcadores de Posição de Tubulação

X X X X

Mass Massa X X X X

Furniture Mobiliário

Generic Models Modelos Genéricos X X X X

Curtain Wall Mullions Montantes de Parede Cortina

Curtain Panels Painéis Cortina

Walls Paredes X X X X

Parts Peças X X X X

Plumbing Fixtures Peças Hidros sanitárias

Structural Columns Pilares Estruturais

Floors Pisos X X X X

Doors Portas

Structural Framing Quadro Estrutural

Ramps Rampas

Curtain Systems Sistema de Cortina

MEP Fabrication Ductwork

Sistema de Duto de Fabricação MEP

X X X X

Furniture Systems Sistema de Mobiliário

Structural Beam Systems Sistema de Viga Estrutural

Sprinklers Sprinklers

Roofs Telhados X X X X

Air Terminals Terminais de Ar X X X X

Site Terreno

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117

MEP Fabrication Hangers Tirantes de Fabricação MEP X X X X

Topography Topografia

Structural Trusses Treliças Estruturais

Pipe Tubulação X X X X

Flex Pipes Tubulação Flexível X X X X

MEP Fabrication Pipework Tubulação de Fabricação MEP X X X X

Planting Vegetação

Structural Rebar Vergalhão Estrutural

HVAC Zones Zonas AVAC X X X X

Structural Fabric Areas Áreas de Tela Soldada Estrutural

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2018.

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118

APÊNDICE M – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A

Dados Gerais

ENTREVISTADO 1

Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.

Instituição: Hospital A

Data: 13/11/2018

Local: Dependências do Hospital

Horário: 10:30

Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado

Profissão: Arquitetura e Urbanismo

Setor: Assessoria e administração

Cargo: Coordenação de arquitetura hospitalar e engenharia clínica.

1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o.

Resposta: “O hospital foi primeiramente pensado para fazer parte do sistema de

atendimento de urgência em Belo Horizonte. Ele seria um hospital de urgência (Pronto Socorro)

também com foco no atendimento cirúrgico. (...).

Primeiramente ele foi concebido para ser um hospital público, ligado a prefeitura (...).

Logo no início já foi decidido que ele seria um hospital de urgência com foco na clínica médica

e na clínica cirúrgica, nós não temos maternidade nem temos pediatria. (...).

Quando você trabalha na definição de um equipamento público, é muito diferente do

privado (...), qual papel ele vai cumprir na rede, e quando falo rede, estou falando da rede de

todos os hospitais públicos, não só da prefeitura. (...). A gente tinha um grande gargalo de

cirurgias agendadas na rede, assim como de exames mais elaborados na rede então, por

exemplo: uma pessoa ficava 4 meses para fazer um ultrassom de útero, (...) ultrassom é um

exame simples (...), e uma falta grande de cirurgias, o pessoal ficava meses aguardando cirurgia

agendada. (...).

O hospital foi pensado dessa forma. Agora o que mudou a partir desse pensamento

original (...) foi essencialmente a PPP; surgiu quando o projeto já estava pronto, ou seja, você

fazer um contrato de PPP nesses moldes que era uma coisa totalmente nova, era uma coisa de

prazo longo (...).

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O projeto foi iniciado em julho de 2009 (...), a empresa contratada para o projeto foi

contratada por notório saber, com dispensa de licitação por dois motivos. Primeiro porque eles

queriam garantir uma pessoa renomada na parte de projetos, e segundo por causa do tempo.

(...).

Em janeiro (2010) esse projeto foi entregue, projeto executivo, não só de arquitetura como

dos complementares. (...). No decorrer da obra – que foi muito mais longo do que se imaginava

– as coisas são dinâmicas de mais, então elas vão mudando (...), o que mudou foi basicamente

que nós não somos um hospital de urgência porta aberta, o que isso significa? (...). Teve um

acidente ali na rua, (...) foi atropelado aqui, ou eu estou passando mal ali na minha casa; as

pessoas, se vierem aqui, elas não vão ter atendimento, elas têm que ir para UPA, e da UPA são

encaminhados (...), ou SAMU (...).

Tudo é referenciado pela central de leitos, (...) a secretaria municipal de saúde tem uma

central que monitora isso tudo e que se liga com as outras centrais, liga com a central do nosso

hospital. (...). Então hoje nós não somos um Pronto Socorro porta aberta, nós somos um Pronto

Socorro referenciado. (...). Nós somos um hospital clínico e cirúrgico, que atende urgência

referenciada, não de porta aberta, e que não tem nem maternidade nem pediatria. (...).

Hoje nós temos nos andares de internação (4 andares) 80 leitos em cada andar (320), (...),

temos 30 leitos de AVC (Acidente vascular cerebral) que está funcionando no térreo, onde seria

a observação do pronto socorro. A gente tinha no projeto original 39 leitos de observação para

o pronto socorro. O que significa observação? Significa que o paciente está ali para ver para

onde ele vai; foi atendido na emergência e fica na observação para saber se vai embora, se vai

receber alta, ou se dali ele vai ser tratado dentro do hospital.

Como nós não temos isso, porque não é um hospital de porta aberta, esse lugar de 39

leitos foi organizado para atender 30 leitos de AVC (...), porque optaram por ter (no térreo)?

Pela proximidade com a parte da emergência, então por exemplo, os médicos de um paciente

grave estão lá (...), então é muito mais fácil para eles darem assistência nessa unidade de

acidente vascular cerebral, pela proximidade (...). Uma tomografia feita na hora faz toda a

diferença do cara poder ser tratado e não ter sequelas, então essa rapidez é muito importante

para o AVC, por isso ele foi instalado lá. (...).

Eu diria que ele está improvisado; como nossa instalação é muito boa ele não está ruim,

mas não está como deve ser uma unidade de AVC. Então o que nós imaginamos é que se isso

realmente vingar, se essa proximidade for realmente importante, a gente pode ter que fazer

algumas melhorias lá. (...).

Page 134: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

120

Então eu tenho 30 leitos de AVC e tenho 80 leitos de CTI, isso é muito importante.

Inicialmente o nosso hospital tinha só 40 leitos de CTI, situados no segundo pavimento, (...)

distribuídos em 4 UTI de 10 leitos cada uma. Eles têm pessoal próprio, um serviço só deles (...),

a gente tem o CTI do segundo pavimento e o CTI do quarto pavimento.

O CTI do segundo pavimento tem a UTI 1, UTI 2, UTI 3 e UTI 4. O CTI do quarto

pavimento tem UTI 5, UTI 6, UTI 7 e UTI 8. Cada UTI tem 10 leitos, então nós temos 80 leitos

de CTI.

Inicialmente esse hospital foi projetado para ter 40 leitos de CTI. Durante a construção

(...) ela atrasou muito (...) tanto pela carência dos leitos de CTI quanto pela necessidade de dar

mais “Corpo” para essa PPP. (...).

Resolveram fazer mais 40 leitos de CTI. Como esse hospital já tinha sido previsto com

heliponto e caixa d’água lá em cima, o arquiteto deixou pilotis com pé direito duplo, e no caso

nosso pé direito nem é duplo, é quádruplo, porque cada andar tinha em torno de 5 metros, então

o que esses pilotis previam?, (...) previa a possibilidade de você fazer uma internação igual a

todos os outros no quarto pavimento (...) sem interferir em heliponto, em elevador, em nada.

Só que invés disso acontecer depois de o hospital pronto, isso aconteceu na própria construção.

Durante a fase de construção foi feito o projeto do quarto pavimento pela mesma empresa

que fez o projeto do hospital, com o nosso acompanhamento (...) e adaptou-se um andar que

seria de internação para um andar de CTI. Isso tem implicações, porque ele não nasceu para ser

CTI. Então a gente pode falar que isso foi uma reforma antecipada que aconteceu durante a

obra original do hospital.

Eu não estou considerando nesses leitos a UDC (Unidade de Decisão Clínica). A nossa

capacidade é de 12 leitos na UDC, mas isso não é contado como capacidade. Nós temos o centro

cirúrgico com 16 salas cirúrgicas, 4 salas feitas para serem de cirurgia ambulatorial (...), nós

temos o hospital dia com 15 leitos. O que é o hospital dia? No centro cirúrgico como nós temos

4 salas de cirurgia ambulatorial, tem algumas cirurgias simples que o paciente vem, faz a

cirurgia, e vai embora no mesmo dia, então ele fica nesse hospital dia. (...).

No centro cirúrgico nós temos 4 salas ambulatoriais e temos 12 salas para cirurgia média,

na verdade nossas salas são tão grandes que praticamente em termos de área nós teríamos

condição de ter cirurgia de grande porte em várias salas. Mas nós temos duas melhores, bem

grandes, que aí poderíamos fazer grandes cirurgias mesmo, até transplante.

Dessas 12 salas, nós ainda não ativamos todas, porque o hospital foi inaugurado em

dezembro de 2015 com 2 (dois) andares funcionando, e nós ficamos pequenos assim durante

muito tempo. Quando veio essa prefeitura que trocou, de abril do ano passado (2017) para

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121

dezembro do ano passado (2017) nós passamos de 90 leitos para 460 leitos, então isso é uma

loucura, porque você precisa contratar gente, precisa treinar gente, e o centro cirúrgico ele vai

engrenando aos poucos. (...).

Então você tem equipes agora de ortopedistas, tem a equipe de urologia. Ai se você vai

fazer a equipe de crânio ou de coração, isso leva tempo, então nós ainda temos essas 12 salas,

6 para serem ocupadas com novas cirurgias. Então nós ainda temos uma condição de ter um

número de cirurgia maior do que nós temos.

Quanto a nossa taxa de ocupação, ela já está bem alta. Hoje, sem funcionar 100% das

salas cirúrgicas, nós estamos com uma média de 86% de taxa de ocupação desse hospital. Essa

taxa é muito puxada pela clínica médica, que já está operando a 90%. A clínica cirúrgica é mais

baixa, porque ainda tem por onde crescer, mas como taxa de ocupação geral, a gente já está

com uma taxa de ocupação muito boa. (...). Quanto maior sua demanda, melhor você está

usando seu equipamento. (...).

Nós temos um edifício com 46.000 metros quadrados de área construída, (...), nós temos,

se não me engano, 13 pavimentos. Nós temos o terceiro e o segundo subsolo de estacionamento.

No terceiro subsolo, além de estacionamento, nós temos a parte de necrotério. Temos o primeiro

subsolo (...).

Nós temos diferentes pontos de acesso, então nós temos acesso de estacionamento, que

dá acesso ao segundo e terceiro subsolo, nós temos o primeiro subsolo, que é um andar de

serviços, onde está nosso pátio de carga e descarga, e onde está nosso acesso de serviço.

Caminhões de carga e descarga, tanto para material quanto para roupa, quanto para alimento,

quanto para farmácia. Entrada de funcionários também; vestiário de funcionários. (...).

A gente tem o térreo, que é o andar do Pronto Socorro. Como nós não somos um Pronto

Socorro porta aberta, nós mudamos as placas, ao invés de chamar Pronto Socorro, nós

chamamos de Ambulatório, porque Pronto Socorro predispõem a pessoa a pensar que ela pode

entrar ali e ser imediatamente atendida. (...). Lá nós temos a UDC, e lá nós temos a Unidade de

AVC. (...).

Então você tem equipes agora de ortopedistas, tem a equipe de urologia. Ai se você vai

fazer a equipe de crânio ou de coração, isso leva tempo, então nós ainda temos essas 12 salas,

6 para serem ocupadas com novas cirurgias. Então nós ainda temos uma condição de ter um

número de cirurgia maior do que nós temos.

Quanto a nossa taxa de ocupação, ela já está bem alta. Hoje, sem funcionar 100% das

salas cirúrgicas, nós estamos com uma média de 86% de taxa de ocupação desse hospital. Essa

taxa é muito puxada pela clínica médica, que já está operando a 90%. A clínica cirúrgica é mais

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baixa, porque ainda tem por onde crescer, mas como taxa de ocupação geral, a gente já está

com uma taxa de ocupação muito boa. (...). Quanto maior sua demanda, melhor você está

usando seu equipamento. (...).

Nós temos um edifício com 46.000 metros quadrados de área construída, (...), nós temos,

se não me engano, 13 pavimentos. Nós temos o terceiro e o segundo subsolo de estacionamento.

No terceiro subsolo, além de estacionamento, nós temos a parte de necrotério. Temos o primeiro

subsolo (...).

Nós temos diferentes pontos de acesso, então nós temos acesso de estacionamento, que

dá acesso ao segundo e terceiro subsolo, nós temos o primeiro subsolo, que é um andar de

serviços, onde está nosso pátio de carga e descarga, e onde está nosso acesso de serviço.

Caminhões de carga e descarga, tanto para material quanto para roupa, quanto para alimento,

quanto para farmácia. Entrada de funcionários também; vestiário de funcionários. (...).

A gente tem o térreo, que é o andar do Pronto Socorro. Como nós não somos um Pronto

Socorro porta aberta, nós mudamos as placas, ao invés de chamar Pronto Socorro, nós

chamamos de Ambulatório, porque Pronto Socorro predispõem a pessoa a pensar que ela pode

entrar ali e ser imediatamente atendida. (...). Lá nós temos a UDC, e lá nós temos a Unidade de

AVC. (...).

O segundo pavimento é o bloco cirúrgico e o CTI com UTI de 1 a 4, 40 leitos de CTI.

Nós temos o terceiro pavimento que é uma área técnica, a maior parte é área técnica, onde

ficam todas as máquinas de Fan coil do Centro Cirúrgico e do setor de CTI, central de vácuo,

central de osmose reversa; tudo isso está na área técnica do terceiro pavimento. O miolo dele,

próximo aos elevadores, tem os setores que não tem acesso de público nem de paciente, que é

o setor do laboratório e a CME (Central de Material Esterilizado), que fica em cima do Centro

Cirúrgico ligado com monta-cargas, porque o maior consumidor do serviço da central de

material esterilizado é o Centro Cirúrgico. (...).

Tem dois monta-cargas para o material sujo, que sai do bloco cirúrgico e sobe para o

CME para ser esterilizado, e tem dois monta-cargas de área limpa que pega o material

esterilizado e desce para o bloco cirúrgico.

Além disso a CME tem uma porta que atende o resto do hospital (...), uma porta de entrada

do material sujo e uma porta de saída do material limpo. (...). A gente tem a parte de conforto

e vestiário de Centro Cirúrgico. (...). No nosso caso, para ter o máximo possível de área no

segundo andar de sala cirúrgica, essa área, que não é pequena, está em cima do Centro

Cirúrgico, (...) qualquer pessoa que trabalha no Centro Cirúrgico vai no terceiro andar, troca de

roupa no vestiário, desce uma escada e já está dentro do Centro Cirúrgico. O plantão fica nessa

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área (...), então é uma área de conforto do pessoal do Centro Cirúrgico, se eles têm um intervalo

entre uma cirurgia e outra eles ficam ali. (...).

São mais de mil metros quadrados de área técnica de um lado e mais de mil metros

quadrados de área técnica do outro. Está sendo usado parte dessa área técnica em cima do CTI

(...) pelo parceiro, para uma sala de mobiliário e equipamento que não está em uso.

Acima do terceiro pavimento nós temos os pilotis, os pilotis hoje é uma área livre, que a

gente pensou como uma área de descanso, tanto para o funcionário e paciente, quanto para

acompanhante. Ele também tem a mesma lógica de lado de funcionário e lado de público

separado que tem todo o resto do hospital. Hoje lá nós temos lanchonete terceirizada. Nós temos

duas salas de conforto espiritual que ainda não estão devidamente ambientada. (...). Nós temos

muito vento lá, então estamos (...) fechar com vidro e fazer área de descanso. (...) Nós temos

jardins também ambientando esses pilotis.

O quarto pavimento, que foi acrescentado, tem CTI de 5 a 8. Temos o quinto, sexto,

sétimo e oitavo andares que são internações. (...). A estrutura é como se fosse de um hospital

privado, com enfermarias de dois leitos, (...), foi uma opção do arquiteto que a secretaria

concordou, porque é um item de humanização grande, a norma te permite que enfermaria

coletiva tenha mais leitos, mas isso não se usa mais.

Não sei em reforma de hospital muito antigo, está tendo uma tendência para a questão da

humanização para enfermaria de dois leitos, e ela te dá muito mais rotatividade, por exemplo:

numa enfermaria de 6 leitos, você tem que ter enfermaria masculina e feminina, as vezes você

vai ter uma enfermaria cheia e outra enfermaria vazia com um paciente só porque é masculino.

(...).

Depois disso a gente tem caixa d’água, casa de bombas, chiller a ar, placas fotovoltaicas

– que jogam para a rede da CEMIG – e heliponto.

2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do

empreendimento.

Resposta: Na gestão do prefeito (...), ele estabeleceu alguns projetos sustentadores do

governo dele que eram projetos que ele considerava essencial para a cidade. Esses projetos

essenciais teriam uma equipe própria; um gerente (...) que tinha liberdade para montar a equipe

dele, para poder fazer o planejamento e todo o acompanhamento da instalação desses projetos

sustentadores.

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A gerente montou uma equipe inicial de sete pessoas, eu era a arquiteta, a gente tinha

uma advogada, ela entrou mais quando decidiu que ia ser um PPP (...), e o resto era pessoal

especial, enfermeiras e médicos com conhecimento de profissionais de TI também.

Então a gente tinha nessa equipe a gerente, um profissional da área jurídica, um

profissional da área de arquitetura (arquitetura e engenharia), profissional de TI, profissional

da saúde no caso com experiência de TI. (...). Nós acompanhamos toda a fase do projeto, da

implementação a elaboração do edital da PPP.

A primeira coisa que a gente fez foi acompanhar os projetos, (...), ao mesmo tempo que

nós éramos o cliente, nós éramos quem checava isso. Essa equipe estava em constante contato

com a Secretaria Municipal de Saúde e com a SUDECAP (Superintendência de

desenvolvimento da capital). A SUDECAP era responsável pelo projeto, foi ela que contratou

o projeto.

Então nós tínhamos reuniões com parte dessa equipe, por exemplo advogado não ia lá

sempre reunir na SUDECAP, só se aparecesse alguma questão jurídica, mas eu estava em todas

as reuniões, e uma parte do pessoal assistencial também, para dar suporte nas necessidades

clínicas do projeto, e ver se o projeto estava atendendo.

Então num primeiro momento nós éramos as pessoas que solicitavam, tinha um programa

para o arquiteto seguir, e a gente falava com o arquiteto, por exemplo: quais são as

características da Unidade de Urgência que nós queremos?! (...) Em várias partes assistenciais,

CTI e Pronto Socorro principalmente, nós demos muita opinião; Pronto Socorro ele fez 3

anteprojetos até chegar no que a gente queria.

Então a gente era o cliente qualificado, uma equipe qualificada para poder falar o que ela

quer de um grande hospital (...). A gente tinha suporte de engenheiro clínico quando precisava,

que ao meu entender tinha que estar desde o início. (...). O que o engenheiro clínico faz?! A

especificação de todos os equipamentos dentro do hospital, todos! Um hospital desse porte tem

que ter um engenheiro clínico direto aqui dentro.

No caso de um hospital, nunca seria uma equipe própria, de uma prefeitura nunca vai ser;

o máximo que vai acontecer é isso que aconteceu aqui, ter um arquiteto que vai coordenar todo

o processo, que vai fazer o papel do cliente, que vai ser o elo entre o arquiteto e o cliente. Que

vai fazer um termo de referência para contratação (...), eu já estou lá, eu já sei o programa, eu

já sei o que nós queremos, então eu trabalho no edital; então desde o edital eu estou presente.

(...).

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125

Uma equipe própria para projeto é muito difícil você ter, o que eu imagino que você

consiga ter é uma equipe um pouco maior do que a que nós tivemos, poderia ter um arquiteto,

um engenheiro predial e um engenheiro clínico. (...).

O parceiro contratou um engenheiro clínico na hora de finalizar a obra, porque CTI e

Centro Cirúrgico, você tem que ter um engenheiro clinico na obra que faça a ligação entre a

obra e o equipamento que você tem.

A gente já tinha um caderno de equipamento, ele já sabia que a gente estava comprando

um tomógrafo com tal capacidade (...), então ele já tinha condição de saber que o projeto

executivo não tinha atendido (...). Como esse projeto foi feito muito rápido, apesar de ter sido

feito por pessoas que tinham experiência, ele teve problemas de compatibilização, mesmo ele

tendo obrigação de compatibilizar e a gente indicando as coisas; um projeto desse tamanho

sempre tem, por isso que eu falo que 3 pessoas nessa equipe, para olhar isso era o ideal.

Porque você tinha alguém cobrindo as instalações, um arquiteto no geral na parte de

arquitetura, especificação de acabamentos, e a parte funcional e mobiliário, e você teria o

engenheiro clinico. Uma equipe maior do que isso começa a ficar muito oneroso, porque você

também precisa dos enfermeiros, da TI (...).

Essa foi a equipe embrionária, ela funcionou durante o projeto e durante a elaboração do

edital de PPP. A partir da hora que a PPP começou a funcionar; dentro desse contrato tem o que

a gente chamou de Set Up, que era a fase de planejamento integrado entre eles e a equipe.

Nessa hora nossa equipe trocou algumas pessoas e foi crescendo (...), tinha uma pessoa

só de TI, depois veio outra. Deveria ter vindo o engenheiro clínico, mas só veio agora com o

hospital funcionando. Chegava alguém para nos orientar sobre o Centro Cirúrgico e CME, no

quantitativo de instrumental, quantitativo de caixas, número de pinças.

Esse Set Up é o planejamento ampliado com a equipe deles funcionando junto da nossa.

Eles montaram o escritório na Savassi, a montagem desse escritório estava descrita como

obrigação deles, inclusive fornecimento no caso de computador, de autocad; isso tudo estava

previsto no Set Up.

Enquanto a obra estava acontecendo nós trabalhávamos nesse escritório na Savassi, assim

que o hospital liberou, que deu para liberar a área administrativa nós viemos aqui para dentro.

Aí foi crescendo mais ainda, foi criando o setor de TI, foi criando as diretorias, e cada diretoria

foi contratando, montou-se o setor de RH (...).

Quando resolveu-se fazer uma parceria público privada, a função dela era construir, (...),

equipar (tanto mobiliário quanto equipamento), e prestar todos os serviços não assistenciais do

hospital durante vinte anos.

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126

Esse edital tinha mil páginas, ele tem vários anexos e o principal anexo que fala do serviço

da PPP é o anexo 5, que reúne todos esses serviços que eles prestam (...), aqui entra mobiliário

e equipamento, engenharia e manutenção predial, água e esgoto, gás, energia e controle de

pragas, administrativo de apoio, gerenciamento de riscos e seguros, patrimônio e ambientes,

serviços administrativos, zeladoria, segurança e TV, mensageria, estoques e logística, helpdesk

e telefonia.

Transporte e estacionamento (...), tem uma série de obrigações que isso fala, esse é o

contrato. Higiene, limpeza hospitalar, gerenciamento de resíduos, hotelaria, lavanderia e

rouparia hospitalar. Nós não temos lavanderia própria, a gente tem a lavanderia terceirizada que

está sob gestão do parceiro. (...) Serviço de nutrição e dietética, que é a cozinha e refeitório,

comércio de lanchonete, (...) comércio de máquinas de conveniência.

Tecnologia, parte de TI, central de serviços, Service desk, infraestrutura de rede e

telecomunicações, microinformática, número de computadores que eles tinham que

disponibilizar, centro de processamento de dados, reprografia e impressão, sistemas de

informação, controle de acesso, controle de ponto, CFTV. (...)

3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.

Resposta: O projeto tinha sistema construtivo de laje nervurada, que é muito utilizado em

hospital porque ela te permite vencer grandes vãos e ao mesmo tempo te permite passar

tubulação.

Qual a desvantagem da laje nervurada?! A espessura dela. Mesmo assim ela é melhor que

a convencional, porque a convencional você vai ter grandes vigas e vigas menores; com a

nervurada você consegue diminuir a sua altura máxima de viga, que no caso de hospital é muito

importante por causa do ar condicionado e das milhares de instalações, mas o que dita mesmo

é o ar condicionado.

Se você passa o ar condicionado, que é um trambolho, você passa qualquer coisa. Na

parte hidráulica e elétrica não precisa de grandes coisas, (...) mesmo gás medicinais são

pequenos, não tem grandes problemas. O sistema pneumático também é pequeno (...) e a central

dele também fica naquela nossa área técnica.

A gente tinha as lajes nervuradas com as cortinas (...), para o subsolo teve desaterro. Tem

se cortinas, arrimo, etc. Não sei te dizer se alguma parte tinha uma estrutura convencional de

viga com laje, pode ser que sim, na periferia, onde não tem as cargas que vem do edifício,

porque a projeção do edifício é menor do que a caixa.

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127

A caixa vai até os pilotis, no terceiro pavimento é que tem a grande transição estrutural.

(...). Tinha-se uma distribuição de pilar de aproximadamente 7 metros. (...). No terceiro

pavimento, que é o teto dos pilotis, que é onde está a área técnica, você tem a transição, o

sistema estrutural de cima, que tem um posicionamento de pilar ótimo para se ter internação,

que não exige vãos tão grandes. (...).

Quando foi construído, o pessoal da construtora pediu para mudar o sistema construtivo

para laje protendida, (nunca faça isso), (...). Problemas de mais, e carga concentrada que a gente

tem (..), o magneto da ressonância magnética que pesa 7.000 quilos. (...).

A SUDECAP que estava coordenando isso, então a questão deles de tempo era

verdadeira, eles levariam muito menos tempo. O que eles quiseram passar para a gente como

grande vantagem é que não tem viga, então você tem um pé direito livre. (...).

Não foi previsto um rebaixamento da área de imagem, do tomógrafo, da ressonância, para

você passar, (...) você faz um rebaixo, um contra piso, e passa todos os tubos do tomógrafo ali

no meio (...). Nisso o BIM é excelente, porque a gente deveria ter deixado a laje do tomógrafo,

do setor de imagem como um todo, fazer a laje mais baixa do que o nível do piso, encher com

contra piso, porque ali eu poderia fazer instalação de equipamentos de imagem sem furar a laje

protendida.

Então para você usar a laje protendida, você tem que ter esse planejamento, esse cuidado.

Mesmo assim é complicado, porque se você quer adicionar um lavatório, se você quer reformar

um andar e por banheiro, (...). Você tem no projeto, você tem na laje desenhado o lugar (das

cordoalhas) mas o negócio está a mais ou menos 50cm um do outro, (...), você vai arriscar a

furar um negócio daquele!? Você vai ter que ter um ultrassom, vai ter que fazer uma prospecção,

(...).

Aqui ainda teve um grande problema, a construtora, que estava construindo e que quis

mudar o sistema construtivo, abandonou a obra. Então foi contratada outra construtora para

terminar a primeira fase, (...).

Como era uma obra pública teve que fazer uma outra licitação, o que atrasou muito. E o

que veio não queria saber de laje protendida. Então (...) nós temos uma mistura de laje

protendida de onde já estava pronto, com sistema convencional. Nossas internações, acho que

é tudo com sistema convencional (moldado inloco) (...). Laje nervurada acabou que não fez,

nós temos sistema convencional e laje protendida. (...).

O hospital utiliza shafts para instalação e um sistema de forro removível e forro de gesso.

Nas áreas restritas que tem problema com assepsia é proibido ter forro removível,

obrigatoriamente você tem que ter esse forro aí (gesso). (...).

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128

A gente tem 10 elevadores, cinco elevadores de serviço e cinco elevadores sociais. Esses

elevadores estão concentrados criando eixos internos e eixos públicos. (...). Os sociais estão

tranquilos, os de serviços nós já estamos trabalhando estourando, porque!? O que vai no

serviço? Paciente de atendimento, paciente que sai da internação e vai fazer algum exame (...),

roupa limpa, material limpo, roupa suja, material sujo, cadáver, etc. (...).

A questão de incêndio é complicada em hospital. Tem uma norma que fala que você tem

que ter elevador de emergência, não fala da quantidade, (...), ele está pressurizado, tanto o foço

dele é fechado quanto o hall dele, não é nem para evacuar o prédio, é muito mais para o

bombeiro chegar nos andares. Se você pensar que vai evacuar paciente em maca, você teria que

ter muito mais. (...).

Fez uma adaptação para cumprir a norma, usou-se esse último elevador como de

emergência, fez essa parede corta fogo, isolou o fosso dele em relação aos outros e pressurizou.

(...). Todos os elevadores têm tamanho de cama, hoje em dia não é nem elevador de maca, é

elevador de leito. O paciente é transportado no leito, (...).

4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do

empreendimento.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

5) Analise os processos de contratação adotados.

Resposta: Isso ainda está em discussão. Como eu estou aqui no quadro do hospital, as

modificações de arquitetura eu faço, projeto executivo e projeto de instalação tem que vir outro

fazer, então isso não está contemplado aqui (nos contratos), aqui só fala o seguinte: projeto é

por conta do poder concedente, mas não tem uma coisa assim, se o parceiro ampliar, faltou isso,

se ele ampliar tantas é contado de tal forma no contrato dele, isso não foi previsto. Nós estamos

na maior batalha aqui, porque é o tempo todo reforma.

6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles

relacionados a manutenção ou reformas.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam

elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.

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129

Resposta: A que mais mudou do projeto original foi a de CME, porque no tempo que esse

hospital ficou parado a norma mudou, a norma de central de material esterilizado mudou, não

foi nem a de arquitetura, foi a funcional como um todo, mas tem coisas que a arquitetura tem

que seguir o funcional senão você não consegue aplicar.

Eu fiz esse projeto na área que era a CME, tinha previsão futura de um laboratório de

genética, que o arquiteto achou que deveria ter. Como nunca é demais você prever área de

expansão, nós deixamos, e logo de início nós usamos esse lugar para ampliar a CME.

Outra coisa que não tem jeito de fazer é um projeto executivo ser seguido à risca (...). O

laboratório nós mudamos ele pouco, mas as instalações estão totalmente dependentes de

equipamentos. Se você faz o laboratório antes de saber quem vai operar as máquinas dele você

tem adaptação. O nosso foi um jogo, não estava pronto, mas não era do parceiro, então o

parceiro foi construindo e teve que mudar quando nós chegamos com o projeto. (...).

Área de TI e almoxarifado, tive que fazer um provisório na garagem, porque as coisas

estavam se acumulando na circulação. Nós vamos fazer a ampliação de um definitivo,

provavelmente no terceiro subsolo ligado com um monta-cargas de baixo do existente, para

facilitar a logística. (...)

São coisas pontuais fora essas reformas. O acréscimo do CTI foi grande, e temos

adaptações internas, por exemplo: na hemodinâmica que é um setor restrito a gente teve que

transformar a sala de material limpo em farmácia satélite, porque do jeito que o hospital foi

previsto aqui (...) não tem nenhum material que sai sem controle, a gente teve que montar essa

farmácia que na verdade não é só de medicamento, é material médico hospitalar também.

Nosso sistema pneumático poderia servir para várias coisas, (...). No contrato não estava

estabelecido, estava estabelecido no projeto o número de estações, mas não estava estabelecido

o número de centrais. (...). Para a gente ter farmácia e laboratório, (...) o nosso laboratório está

num lugar onde o usuário não vai, então obrigatoriamente, na concepção do projeto, as amostras

do laboratório teriam que vir pelo pneumático, para você aproveitar a agilidade do pneumático.

(...).

Então quando eles foram instalar (construtora), não tinha nada especificado, e tinha um

“desenhinho” de uma maquininha lá na central, no desenho de arquitetura tinha uma máquina

representada, eles falaram assim: “só uma máquina, não tem nada falando aqui que eu tenho

que ter duas máquinas para fazer a compressão”. Então o que nós fizemos, (...), como o

laboratório é nosso e a farmácia é deles, (...), a prioridade do pneumático é laboratório. (...).

Outro lugar que tivemos que fazer um ajuste foi o setor de imagem. Todo esse setor

tecnológico sobre diferença, principalmente se a obra demora. Às vezes você tem modelo novo

Page 144: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

130

que ocupa mais ou menos espaço, e também o serviço que você presta, então por exemplo: você

faz um projeto que previu uma hemodinâmica, (..), você poderia ter feito duas, a gente

aproveitaria muito mais. (...). Então é questão do atendimento que você fornece, ao invés de ter

3 raios X você ter 5 raios X, ao invés de você ter 2 tomógrafos você ter 4 tomógrafos, ao invés

de ter uma ressonância magnética você ter 4 ressonâncias magnética. (...). Público alvo você

pode chamar de definição assistencial.

8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.

Resposta: Aqui nós temos tido quedas de energia que tem interferido no setor de imagem,

principalmente nos exames de imagem. Falhas do sistema de TI nós já tivemos em um ano 3

quedas que deram problemas.

Teve vez que o gerador entrou em funcionamento e interrompeu os nobreaks, (...), afetou

até o CTI. Os aparelhos que mais exigem manutenção são os do sistema pneumático e os

aparelhos de imagem. Toda hora da um problema. Laboratório também, purificador de água

têm ¼ estragados. (...).

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APÊNDICE N – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital A (PPP)

Dados Gerais

ENTREVISTADO 2

Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.

Instituição: Hospital A

Data: 29/11/2018

Local: Dependências do Hospital

Horário: 10:30

Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado

Profissão: Arquitetura e Urbanismo

Setor: Planejamento (Concessionária)

Cargo: Gerente

1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do

empreendimento.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do

empreendimento.

Resposta: A concessionária tem parceiros, que são empresas especializadas em cada área.

E no caso da manutenção tem uma empresa especifica, (...), que faz a parte de manutenção do

hospital que é parceira da concessionaria. É uma empresa estruturada (...) ela está na

concessionaria em duas figuras, como parceira (sócia), mas ao mesmo tempo tem o contrato de

serviço independente de ser sócia, é como se fosse contratada outra empresa. (...). Se não ia ser

muito difícil lidar com o serviço, toda vez o sócio poderia falar “alivia para mim”, dessa forma

não daria, temos que separar as coisas.

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Esse é um dado importante para gestão, temos um contrato mesmo sendo sócios, um

contrato de serviços que tem os mesmos controles e exigências para com outras pessoas. (...).

A “empresa” já vem com toda a bagagem da estrutura de manutenção deles, e por outro lado

foram implantados uma serie de procedimentos operacionais padrão específicos para a

manutenção daqui. Foi feito uma customização específica para aqui, tem o plano de manutenção

preventiva e corretiva. Não vou te dar detalhes desse plano de manutenção corretiva, mas te

falo tem esses planos. Nós tentamos fazer um controle rigoroso para que esses planos sejam

atendidos.

Por outro lado, nós temos também a certificação ISO (...), somos todos certificados, tanto

o hospital (...), quanto nossos parceiros. A “empresa” está certificada junto com a gente nesse

serviço que ela presta.

Existe todo um plano de manutenção preventiva que envolve todos os equipamentos e

instalações prediais, assim como todos os equipamentos hospitalares, pois estão no nosso

escopo. (...)

A equipe da “empresa” tem especialista de cada área, eletricista, pessoal que mexe com

hidráulica, ar condicionado, basicamente todas as áreas. Tem uma central de help desk, qualquer

funcionário do hospital, seja do consórcio ou do hospital, liga no help desk, abre um chamado

e informa qual o problema, e faz a corretiva. Essa correção tem um prazo, não vou lembrar

agora qual o prazo do atendimento de cada tipo de corretiva, então o pessoal vai e atende.

Tem uma questão importante que é a disponibilidade do local para puder atender, como

um quarto de CTI por exemplo, se tem que fazer alguma intervenção que da poeira ou barulho,

temos que esperar que a enfermaria disponibilize o leito para que a gente possa acessar e fazer

a manutenção. Então tem esses porém que são próprios de hospitais, por causa da

complexidade.

5) Analise os processos de contratação adotados.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles

relacionados a manutenção ou reformas.

Resposta: Os mais corriqueiros são manutenção preventiva de ar condicionado (...), nesse

caso que os equipamentos do hospital (...) estão no pavimento técnico facilita a manutenção,

porque você não precisa interferir no leito para fazer manutenções, que é o terceiro pavimento.

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133

Então da para fazer manutenção de forma tranquila, sem impactar em nada a operação do

hospital.

Já outras áreas, administrativas por exemplo, os equipamentos ficam no entre forro, então

tem toda uma logística, porque tem que abrir o forro (...), temos a vantagem de que onde tem

esses equipamentos entre forro, o forro é desmontável, teve essa preocupação do projetista de

fazer um forro desmontável, fácil de acessar.

Na época o projeto foi bastante instrutivo, preferiu usar o entre forro do que fazer uma

casa de máquinas independente. (...).

O mais corriqueiro é manutenção preventiva de ar condicionado e de elétrica, é o que

mais requer recursos da empresa, que mais demanda atenção.

Já corretiva entra hidráulica, torneira ou vaso entupido, vazamento de esgoto, esse tipo

de coisa. E elétrica na parte de tomadas, quedas de energia, mas que tem muita decorrência da

distribuidora de energia, às vezes não é uma questão nossa, daí entram os geradores.

7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam

elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.

Resposta: Optou por não responder (fora da área de atuação)

8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.

Resposta: Acho que não teve, como é um hospital novo, a infraestrutura é toda nova, não

teve uma manutenção corretiva de grande impacto ainda, que eu me lembre. Os equipamentos

são todos novos. Bom, a empresa tem um software próprio, que é o Prisma para fazer a gestão,

então nesse software eles fazem toda a programação, registram a corretiva, ordens de serviços

abertas pelo help-desk.

Nós também estamos implantando o Interact para fazer a gestão da qualidade, então nos

estamos implantando agora um fluxo de aprovação de ordens de serviços que não tem a ver

com corretiva, tem a ver com questões de projeto. Estamos justamente nesses dias implantando.

Como esse hospital é uma PPP, tem duas questões trabalhando em paralelo, em parceria,

tem que ficar muito bem registrado as ordens de serviço que não são de nosso escopo, porque

no futuro alguém pode questionar o porque nos mudamos algo. Então a gente está tentando um

fluxo de abertura de ordem de serviço, se necessário e tiver um impacto no orçamento, no prazo,

na operação do hospital, a gente pode registrar isso e o porque dessa necessidade na alteração

do projeto.

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134

Isso vai desde uma alteração de projeto como acrescentar tomadas onde não tem, elétrica

ou de rede, cabeamento estruturado (...) acrescentar ou tirar ou realocar; ate divisória, pintura,

estrutura.... coisas de maior porte. Tem que, como uma alteração de projeto, registrar e fazer

um As built, nesse final do fluxo tem que ter esse As built. Esse fluxo começa pela empresa,

recebendo a ordem de serviço, de alguém que está precisando desse serviço, passando pela

concessionária, que no caso sou eu, e terminando no hospital aprovando essa alteração.

(...) nesse novo fluxo que te falei do Interact, se fosse agora as alterações que foram feitas

de imagem, a gente entenderia que tem um impacto no orçamento e faríamos uma proposta

disso, sendo aprovado pela prefeitura e pelo hospital, e a gente desenvolveria esse projeto e

executaria.

(...) se houver alteração do projeto na obra importante, ele tem que voltar (para a

terceirizada), mas alguns tipos de coisas acabam não voltado (Faz referência a uma alteração

de onde está a tubulação). Isso eu acho que não é uma necessidade, pela prática hoje na obra

não se faz um As built com essa exatidão. Hoje não se tem essa noção, quem faz o As built não

faz pensando no cara que vai fazer a manutenção depois, muitas vezes inclusive a maioria das

vezes quem faz o As built não tem nada a ver com o cara que faz a manutenção. Faz mais de

acordo com o projeto.

Inclusive o cara que faz o As built tem que acompanhar a obra para saber onde está

passando uma tubulação, se não fechou a alvenaria nunca mais sabe onde esta. Isso quer dizer

que no caso do BIM, quem estiver envolvido com o projeto vai ter que acompanhar a obra.

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APÊNDICE O – Entrevistas semiestruturadas realizada com o Hospital B

Dados Gerais

ENTREVISTADO 3

Objetivo: Levantar informações necessárias ao desenvolvimento do Plano de Implementação e, buscando entender se o histórico das edificações (planejamento, projeto e construção), sua estruturação, e seus sistemas construtivos interferem na implementação do BIM nos processos de manutenção e reformas preditiva.

Instituição: Hospital B

Data: 16/11/2018

Local: Dependências do Hospital

Horário: 10:30

Tempo de duração: 2:00 (duas horas) Dados do Entrevistado

Profissão: Engenharia Elétrica

Setor: Engenharia de manutenção

Cargo: Superintendente

1) Fale sobre o empreendimento, caracterizando-o

Resposta: O hospital foi inaugurado em junho de 2014, (...), é um hospital geral (...),

basicamente que atende todas as especialidades, ele atende todas as fases de vida de uma pessoa.

Temos Pronto-Socorro, áreas de imagem, andares de internação, Centro Cirúrgico, CTI,

(...). Basicamente Pronto Socorro; no terceiro andar é o CTI, no quarto andar oncologia, áreas

de imagens, quinto andar Centro Cirúrgico, sexto andar é o andar técnico que fornece insumos

para o Centro Cirúrgico, insumos de climatização e insumos de materiais esterilizados para o

Centro Cirúrgico; sétimo até o décimo primeiro são andares de estacionamento; o decimo

segundo tem andares de internação pediátrico; UTI pediátrica.

Do décimo terceiro até o décimo nono nós temos os andares que são unidades de

internação, e o vigésimo andar nós temos um andar mais técnicos com as equipes de

manutenção, TI, e algumas áreas técnicas de subestação. Algumas maquinas de climatização

do hospital e transformadores. E vigésimo primeiro o heliponto do hospital.

O segundo é a recepção geral do hospital, que a gente chama da internação, andares de

diretoria, acesso ao restaurante, um andar mais administrativo vamos dizer.

O primeiro subsolo nós temos um pequeno estacionamento, e temos algumas áreas

técnicas. A parte elétrica desse hospital é dividida em dois locais, uma subestação de baixo que

atende uma parte do prédio e uma subestação de cima, que atende de cima para baixo. Nós

Page 150: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

136

temos os serviços de nutrição e dietética, que fornece alimento até para rede hoje, localizado

aqui e fornece para os dois hospitais.

Segundo subsolo é mais a parte administrativa mesmo, (...), onde a gente tem gerência da

qualidade. A gente tem um serviço importante que é a hemodiálise e toda a área de auditório,

salas de reunião do hospital. (...).

O prédio foi construído todo em fórmica (...), por uma questão de higienização, com um

custo de manutenção mais baixo, apesar do custo do investimento ser mais auto. Toda a parte

de piso das áreas foram feitas em granito; foi feito um estudo na época de capacidade, a gente

acaba trabalhando, principalmente em Centro Cirúrgico e CTI, com materiais que são abrasivos

e que mancham muito o piso, então foi feito um estudo desde o hospital antigo, e chegou à

conclusão que o piso que tem (...) um menor nível de manutenção e erro, do ponto de vista tanto

de higienização quanto de resistência mecânica. (...).

Em todo o hospital a iluminação é de LED. Nesse hospital, desde a época de projeto foi

feito um estudo com relação à eficiência energética (...), o sistema nosso de climatização do

hospital (...) utiliza sistema centralizado de água gelada, isso também é algo que torna o projeto

com uma eficiência energética maior.

No hospital novo que estamos fazendo em Betim nós já tomamos uma medida diferente,

que é uma evolução em relação ao que fizemos aqui. Nós fizemos uma simulação energética

do hospital, então a gente pegou o projeto arquitetônico e fizemos uma simulação energética

do hospital para determinar qual o tipo de parede, qual o modelo de iluminação, qual o melhor

modelo de climatização, de tarifa de energia, e aquecimento de água.

Então nós tivemos cinco frentes de atuação. A gente tinha matrizes de decisão para ver

qual é o melhor, porque em alguns casos, como o sistema de climatização, a gente teve um

custo de investimento mais alto, mas com uma expectativa de operação mais baixo. (...)

Sistema de climatização principal feito por água gelada, por essa questão de eficiência

energética. Claro que em alguns locais que são áreas mais fechadas tem um Split, um sistema

comum de água gelada, mas o principal sistema de climatização do hospital são 3 chillers,

sendo que a gente trabalha normalmente com 2 (...), 1 chiller mais redundante para uma questão

de falha.

O sistema de aquecimento de água do hospital é feito por aquecimento de passagem (...),

o próprio chiller, que é um sistema para refrigerar a água (...), só que para ele fazer esse processo

ele tem compressores que aquecem, então ele tem um sistema de reaproveitamento energético

nos chillers, que tem um trocador de água (...), pela parte externa dos compressores eu resfrio

o compressor e aqueço a água, então eu tenho um sistema de água de preaquecimento, que é

Page 151: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

137

esse sistema, e depois passo para o aquecedor de passagem que basicamente são aquecedores a

gás de pequeno porte (...).

Sistema de geração de energia, a gente tem quase uma usina aqui dentro, a gente tem uma

capacidade que é praticamente o dobro da capacidade atual. O fundador do hospital tem uma

visão que em algum momento o país vai passar por um racionamento tão forte que o hospital

vai precisar de um sistema de geração que consiga atender não só emergência, mas que atenda

durante um tempo grande fornecimento de energia para dentro do hospital. (...).

Os geradores têm uma característica importante, porque são a gás, então nós temos

geradores biocombustível e a gás, isso é importante porque além de poluir menos, o

abastecimento é contínuo, você não precisa ir lá e ficar abastecendo-o, é uma canalização que

vem desde a rede para dentro do hospital.

A gente tem quartos no hospital que se uma pessoa está internada e ela não possa ter

contato com o ar externo, então eu tenho uma condição de criar uma pressão positiva dentro do

quarto para não deixar que o ar externo venha. Da mesma forma, se eu tenho uma pessoa que

está internada e que as pessoas de fora não podem ter contato com ela, como um caso de

tuberculose, essa pessoa pode transmitir para o meio externo, eu tenho condição de fazer com

que meu sistema de ar condicionado funcione com pressão negativa, então ele sempre está

puxando o ar para dentro dos quartos.

Hoje temos um sistema robótico no hospital, um robô que compramos no ano passado

que faz cirurgia sem ter contato do médico com o paciente (...). É o segundo robô que existe no

Brasil, um em São Paulo e outro aqui. O que se ganha com isso?! Precisão, se você vai fazer

uma cirurgia que ela demanda precisão, naturalmente se é uma pessoa que está operando, a

pessoa treme; o robô tem um sistema de controle e compensação que você pode tremer que ele

não transfere aquele movimento (...).

Nós temos muita tecnologia, a própria infraestrutura do prédio nós utilizamos muita

tecnologia, acústica por exemplo, todas as paredes têm manta, tanto térmica quanto acústica

(...). Desde o começo, o projetista desse hospital, a empresa que foi contratada para ser a

projetista teve uma preocupação muito grande com eficiência energética. (...).

Desde o começo o fundador do hospital tem uma preocupação do atendimento ser

diferenciado, humanizado, e o hospital conta hoje com dois espaços grandes de jardim (...), o

paciente que está em um tratamento, está aqui a alguns dias, possa ir do lado de fora do hospital;

nós temos um jardim no décimo terceiro andar (...). No décimo segundo nós temos uma capela

para as pessoas que estão precisando de algo relacionado à fé delas (...), e ao lado da capela

também tem um jardim que elas podem ir e conversar.

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2) Discorra sobre o processo de planejamento, projeto e construção do

empreendimento.

Resposta: Eu não estava aqui quando esse prédio foi construído, mas eu estou

participando de uma outra construção do hospital (...). A estrutura do hospital é a seguinte, o

hospital tem uma equipe, que é uma equipe de grandes obras (...), por exemplo: a construção

de um novo hospital, então tem uma equipe, o hospital por iniciativa opta por não terceirizar a

gestão da obra, é tudo interno. Tem dois engenheiros que construíram o primeiro bloco, que é

o outro hospital, o segundo bloco construiu esse (hospital), e agora estão construindo o outro

hospital.

A gente chama o seguinte; a nossa equipe é de engenharia de manutenção, na verdade é

a engenharia de operação nos outros hospitais. Então o hospital foi construído, daí ele vem para

gente manter aquele hospital, só que manter aquele hospital, é o que você falou, tem uma série

de obras que acontecem no hospital, e muitas vezes não são obras pequenas, é uma obra de

estruturação completa de um Centro Cirúrgico, a gente acabou de fazer uma obra de

restruturação completa do Centro Cirúrgico no outro hospital. Então são obras grandes dentro

de um hospital, essa equipe é comigo. (...).

Como foi o planejamento de construção desse hospital. Os donos enxergaram como uma

oportunidade, viram que o outro hospital antigo nosso já estava com uma ocupação alta (...).

Cada vez mais o setor hospitalar está passando por um momento que os hospitais

pequenos eles começam a não ter condição de sobreviver. Porque eles não têm condição de

sobreviver?! As negociações ficam mais difíceis, tanto negociações de compras quanto

negociações comerciais com planos de saúde, se você não tem escala para negociar fica muito

difícil. (...) É muito mais difícil um hospital com 300 leitos, com 100 leitos, com 50 leitos

negociar do que com um hospital que tem 1.000 leitos, ou uma rede que tem 1.000 leitos. O

poder de negociação aumenta.

O hospital começou a perceber isso (...), foi feito um planejamento, uma análise de

mercado e viram que era necessário expandir e que tinha uma boa oportunidade nesse local,

nesse terreno. (...).

Depois passou-se para uma fase de projeto (...), o projeto foi feito com uma empresa de

arquitetura de São Paulo, (...), que é uma empresa famosa na construção especializada no ramo

hospitalar. Foi feito inicialmente um projeto de arquitetura (...), a gente toma muito cuidado

com o hospital ao fazer com que os gestores participem da construção, da filosofia do projeto.

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139

Então foi um projeto, tanto aqui, como no outro empreendimento que estamos fazendo, a gente

trabalha muito com os gestores.

Então a gente vai construir o Centro Cirúrgico, a gente pega e conversa muito com o

gestor do Centro Cirúrgico tentando entender; o que não funciona bem no outro hospital? O

que funciona muito bem? O que a gente tem que replicar de um hospital para o outro? E a gente

começa a estruturar, isso eu acho muito interessante nos empreendimentos que o hospital faz.

Por outro lado, eu acho que tem que tomar um cuidado em relação a isso, porque se não

todo mundo para de pensar com a cabeça sistêmica e passa a pensar que o setor dele é o setor

mais importante e esquece do todo.

A gente sempre tem um gestor de projeto que vai coordenando isso (...). Essa questão de

fazer com que o gestor do setor participe do início da construção é uma filosofia e uma cultura

que o hospital tem e utiliza isso muito bem. (...).

Posteriormente foram comprados os projetos detalhados (executivos), (...), projeto

elétrico, projeto hidráulico, projeto de climatização, projeto do sistema de chamadas de

enfermagem, projeto do sistema de correio pneumático (...), dados e telefonia, (...).

Como que aconteceu com o hospital que a gente está construindo em Betim; nós

contratamos uma empresa que fez quase todas as especialidades, basicamente não fizeram ar

condicionado, (...). É claro que quando eu vou comprar o sistema, eu “fiz” todo o projeto de

correio pneumático, quando eu compro do fornecedor especializado, é lógico que tem um As

built, alguma modificação (...), a gente toma muito cuidado também para não direcionar

nenhum fornecedor, então fazer um projeto para receber uma estrutura de um sistema

exatamente daquele fornecedor não faz sentido para gente. A gente tenta comprar algo mais

genérico e depois acaba pegando com o fornecedor que a gente fecha.

O que a gente tem de problema normalmente; um ponto que a gente tem que avançar é

na equalização disso tudo, sempre quando você diversifica muito, você tem uma dificuldade de

equalizar. O forro é único, e eu vou passar em cima daquele forro tubulação elétrica, eletroduto,

tubulação de água, de ar condicionado, de correio pneumático, net, e compatibilizar isso tudo é

muito difícil. É um ponto que acho que a gente tem que trabalhar e que naturalmente o BIM

ajuda muito nisso. O BIM até visto como uma ferramenta só (...).

O hospital tem, conforme eu te falei, uma equipe de obra que trabalha na construção de

outros hospitais (...), essa equipe tem engenheiros, tem uma equipe de compra separada para

dar velocidade no processo, tem uma equipe de eletricistas, bombeiros; é lógico que esses

eletricistas e bombeiros não conseguem fazer todas as frentes do hospital, então a gente tem

que terceirizar, por exemplo: instalações elétricas.

Page 154: Building information modelling na manutenção predial e ... · Building information modelling na manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes Dissertação

140

Quando a gente pega a instalação elétrica de uma subestação, isso foi um tratado de uma

empresa para poder fazer, pela criticidade e pelo nível de especialização que precisa, mas

quando eu vou fazer a parte de instalação elétrica dessa sala (reunião) você não tem um nível

de especialização muito alto desde que ele esteja correto no projeto. Então a gente tem uma

equipe primária e subcontrata algumas frentes de trabalho por exemplo hidráulica, algumas

coisas de elétrica, alguns sistemas mais especializados.

3) Fale sobre os sistemas construtivos utilizados.

Resposta: (...) como funciona o sistema (pneumático), eu tenho cápsulas, um sistema que

é um circuito que indica de que ponto até que ponto, por exemplo: a farmácia quer mandar um

medicamento para o décimo quarto andar, tem uma capsula que é do décimo quarto andar, só

dela colocar na capsula vai para o décimo quarto andar.

Então eu tenho um sistema de compressão via pneumático, e ao longo do caminho

equipamentos que são desviadores (...), eu chego em determinado desviador e ele já sabe que

tem que seguir um determinado caminho (...). A gente fez uma contagem a pouco tempo, em

um mês o que a gente utiliza nesse hospital daria para gente ir daqui a São Paulo umas 3 vezes,

porque o sistema mede a quilometragem. Imagina o tanto que a gente ganha de produtividade

com isso; o tanto que a gente tira de possibilidade de erro de entrega de medicamento,

retrabalho, problema de transporte. (...) no correio pneumático, um equipamento eu garanto que

ele não vai quebrar, mas uma pessoa levando ela pode deixar cair e quebrar. (...).

O hospital foi feito em estrutura metálica e Steel Deck. A gente utiliza paredes de bloco

sical (paredes internas); a parte externa nós temos fachadas que são de ACM, alumínio, e tenho

outra parte da fachada que é feita de vidro. (...).

4) Descreva e analise como se dão os processos de manutenção e reformas do

empreendimento.

Resposta: Manutenção. Nós temos aqui 3 tipos de manutenção que a gente utiliza hoje, 2

de manutenção mais básica, que é a manutenção corretiva (...). Por exemplo: não faz sentido eu

trocar lâmpada de uma forma preventiva assim como não faz sentido eu tentar fazer predição

de quando que a lâmpada vai queimar. Então é o modelo mais barato de manutenção, nesse

sentido, é o modelo de manutenção corretiva. (...).

Nós também temos um modelo de trabalho preventivo (...), o setor hospitalar é muito

normatizado no sentido preventivo (...), e isso está muito correto de ser assim, tem

equipamentos, principalmente equipamentos médicos que de tempos em tempos eu tenho que,

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independente de ele estar com indício de falha ou não, trocar um filtro, de tempo em tempo eu

tenho que fazer uma calibração, ou de tempo em tempo eu tenho que trocar o óleo de algum

equipamento. A gente tem um cronograma, muito bem estruturado, a gente tem nos dois

hospitais certificações internacionais (...), assim como vigilância sanitária, (...).

Além disso a gente tem um modelo, em algumas áreas e sistemas mais críticos de predição

de falha. Por exemplo: a gente faz termografia em sistema elétrico, termografia é um sistema

de manutenção preditiva porque eu vejo como está a troca térmica (...). A gente faz isso em

alguns equipamentos médicos, por exemplo: Tem equipamento médico que mede a pressão,

então você começa a perceber que a pressão está diminuindo, você já sabe que tem um indício

de falha futura. O equipamento está completamente apto a operar, mas você já começa a ter

uma predição de falha (...).

Além disso a gente tem um modelo, que a gente consolidou muito bem nos últimos

tempos, que a gente chama de inspeção com base na condição (...). Eu tenho técnicos que todo

dia passam em determinados pontos, nos sistemas críticos que a gente tem “enxergando” como

está a condição, ele passa numa subestação e ouve se o barulho do transformador se está

diferente do dia anterior, se não tem um cheiro diferente, assim como ele passa e olha o nível

de água de um determinado tanque, se o nível está mais baixo e ele tinha que operar em um

determinado nível. A gente acredita muito nisso, na proximidade com o equipamento. (...).

Com relação a reformas (...), a reforma do dia a dia está dentro da manutenção como um

todo, se alguém bate nessa parede quebra eu vou trocar e pronto, isso eu entendo mais como

uma manutenção do que uma reforma.

O setor de reformas a gente está com um planejamento anual, nós fazemos um

planejamento sempre ligado ao nosso orçamento. Nós acabamos de fazer em outubro, nós

determinamos as obras priorizais para o próximo ano, foi um escopo de obras por etapas. É

lógico que isso varia, a gente tenta fazer uma previsão, mas o mercado de saúde é muito

dinâmico e isso varia também. Se você me perguntar se eu executo 100% das obras que são

planejadas por ano, não executo! Porque entram obras que não estavam planejadas, mas eu

tenho um modelo de negociação com a diretoria do hospital (...).

Nós temos uma equipe de obras internas, eu tenho um engenheiro civil ligado a mim que

é responsável por essas obras, com uma equipe de eletricistas, bombeiros, pedreiros, ajudantes

(...). É uma equipe ligada as obras que são menores, as ampliações que estamos fazendo.

Cada obra, exceto obras menores, (...) a gente sempre contrata algum escritório de

arquitetura, ou um projetista para fazer os projetos para gente, tanto os projetos de arquitetura

quanto os projetos elétricos e complementares.

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A gente executa, é lógico que a gente terceiriza algumas coisas também, quando a gente

vai fazer algo muito especializado na parte elétrica a gente normalmente contrata. A gente vai

fazer uma obra que depende de telhados, a construção de um novo telhado, não tenho equipe

especializada em construção de telhados, então a gente acaba especializando. Algumas questões

de vedação e de interiorização, a gente faz contratação (...).

Onde a gente pode crescer (...), eu acho que a compatibilização nossa é muito ruim, a

filosofia é muito ruim, mas tem algumas coisas que a gente faz, pegando a filosofia do BIM, a

metodologia como um todo, a fase de planejamento a gente tem que desenvolver um pouco

melhor, mas a gente tenta envolver as áreas que são a fins do projeto, acho que isso é muito

interessante.

A gente envolve também a equipe de manutenção (...), esse é o melhor perfil de

construção que a gente tem do ponto de vista de manutenção (...). Durante as fases de obra a

gente discute muito isso, controle de infecção, poeira em suspensão, barulho, tremor, qual a

roupa que a pessoa tem que utilizar naquele local, até onde que ela pode ir com aquela roupa;

isso é muito interessante porque é algo que não é feito só por nós, existe um setor de controle

de infecção no hospital, que a gente preenche qual a obra que a gente tem que executar, qual o

escopo, como ela vai ser feita, em conjunto com essa equipe são estabelecidas as medidas de

controle que a gente precisa ter para aquela obra naquele período.

Essas medidas são acompanhadas diariamente, todos os dias a gente tem um DDS, que é

um diálogo diário de segurança, que a gente fala sobre questões de segurança do trabalho, mas

ao mesmo tempo a gente relembra para as nossas equipes as condições de controle de infecção.

Então esse formulário é de trabalho mesmo, não é um formulário que faz e fica engavetado, as

pessoas consultam ele para saber o que tem que fazer. (...).

Início de obra, dentro do planejamento, a gente estabelece um escopo básico de obra. Essa

obra o projeto é esse, qual é o tipo de parede que nós vamos ter, qual o tipo de piso, o que nós

vamos entregar, qual a possibilidade da gente entregar a sala montada, ou quem vai mobiliar é

o próprio setor; então cada obra tem a sua característica.

Então nós temos o escopo muito bem definido antes. O que a gente faz pós obra; durante

o período de obra a gente faz reuniões de acompanhamento (...); e pós obra, nós temos um

modelo de entrega de obra (...), ele envolve a manutenção e a operação daquele setor. A

manutenção é treinada sobre aquela mudança que aconteceu naquele local, e a operação é

treinada também sobre as mudanças, assim como a utilização como um todo do espaço. (...).

Existe falhas (no As built), não vou falar que ele é 100%, mas é algo que a gente vem

crescendo muito. Esse hospital é muito novo, eu te garanto que esse hospital está todo “As

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Builtado”; hoje se você precisar de qualquer desenho ele está muito correto. (...). Duas

dimensões, autocad simples mesmo; normalmente a gente não contrata mais do que isso.

Onde a gente pode melhorar também, o hospital ainda não tem um sistema de gestão de

documentação. (...).

O método é muito legal (BIM), para quem trabalha com engenharia como um todo, eu

acredito muito nisso. Eu venho de indústria, de certa forma a indústria ainda está um pouco na

frente no setor de serviços com relação à manutenção, engenharias como um todo. (...).

Eu acredito muito que na engenharia a gente tem que trabalhar cada vez mais para gerar

valor para o negócio, e eu acho que a gente vai acabar com um modelo encaixotado, um modelo

que você considera desde a fase do planejamento até manter o sistema. A gente vai conseguir,

eu acho que o que a gente tem feito nos últimos anos, já mudamos muito a forma de construir;

está muito longe do que a gente quer ainda, que bom, tem muito trabalho para fazer, (...).

Porque é muito penoso, você trabalhar num projeto que não teve compatibilização, o

mínimo básico e necessário. Imagina ter um modelo conforme você (entrevistador) falou,

compatibilizou, tem uma análise de fluxo que vai acontecer, todos os documentos de

manutenção estão dentro daquele modelo. Em manutenção a gente chama isso de controle

inicial. (...).

5) Analise os processos de contratação adotados.

Resposta: A gente faz contratos, nós temos tomado o cuidado recente de “linkar”

(vincular) os contratos sempre com a performance. Todos os nossos contratos; inclusive é uma

exigência hoje de certificação internacional que a gente tem; todos os contratos têm uma

avaliação de performance.

Isso já é um diferencial que nós temos. Recentemente a gente criou um setor de contratos

aqui dentro do hospital, mas é algo que a gente tem uma evolução grande, os contratos são

arquivados, a gente tem um modelo de medição para poder fazer pagamentos de serviços via

contrato.

Mas o que eu acho é que a gente tem que ter uma organização melhor dos contratos de

forma que a gente tenha uma utilização melhor do contrato, principalmente pós execução;

quanto tempo que eu tenho de garantia daquele sistema? como que eu aciono minha garantia?

se eu precisar acionar determinado fornecedor na justiça com um problema que aconteceu, será

que eu estou resguardado ou será que eu não estou resguardado?! (...).

Então eu acho que o que vai ser encaminhado para esse setor de gestão de contratos que

está sendo desenvolvido é um modelo de gestão de contratos.

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Nós estamos criando dois modelos de contrato (...), um modelo de contrato spot, uma

compra que eu tenho aqui para manutenção qualquer, precisei contratar um serviço de

serralheria (...), hoje a gente trabalha com ordem de compra, mas algumas vezes a gente precisa

amarrar com algum contrato, então eu vou ter um modelo spot que é o modelo do hospital

(rede). E eu tenho o modelo de compra programada, uma compra maior que a gente tem, mas

isso não está pronto hoje.

Então eu fechei um contrato com a empresa X, eu tenho um contrato dela que passa pelo

meu setor jurídico que tem uma avaliação jurídica, só que é diferente do contrato da empresa

Y. É mais um modelo da empresa do que um modelo nosso, nós estamos transformando isso

num modelo nosso para que as empresas sigam o nosso modelo. (...).

6) Fale sobre os problemas mais corriqueiros na rotina do hospital, sejam eles

relacionados a manutenção ou reformas.

Resposta: Nós temos muito problema de utilização dentro do hospital (...), nós temos uma

pessoa que veio para o hospital e nunca utilizou aquele sistema de ar condicionado por exemplo,

muitas vezes cria-se um problema pelo não conhecimento daquela utilização. (...).

Como um todo, o que a gente tem mais problema são de ordem de complexidade baixa,

uma lâmpada que queimou, uma porta que está soltando o trinco, um vazamento de pequeno

porte de uma tubulação (...).

Qual o problema num hospital? esses problemas pequenos, pela criticidade do ambiente,

têm que ter uma atuação muito rápida em relação aquilo. A iluminação de um paciente que está

no quarto que queimou não é crítica só do ponto de vista de conforto, é do ponto de vista de

segurança, eu posso aumentar o risco de queda do paciente, e ao mesmo tempo eu posso

aumentar o risco de medicação, quem está medicando não está enxergando bem então aumenta

o risco.

7) Cite as reformas e ampliações realizadas recentemente no empreendimento, sejam

elas imposições normativas, tecnológicas ou de público alvo.

Resposta: A gente fez um novo pré-park em outro hospital nosso, nós fizemos a

revitalização do sistema elétrico, nós fizemos uma nova área de ginecologia de saúde da mulher,

um projeto bem grande. Nós fizemos a troca de uma ressonância que está no fim de vida útil.

Envolveu uma obra bem grande porque o modelo do equipamento é diferente, e a gente

aproveitou para resolver algumas questões de climatização da sala, a gente resolveu problemas

de questões normativas de ar condicionado em CTI.

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Esse hospital a gente fez um trabalho muito grande em entrega de obras de vedação e

problemas de vazamento por causa de chuva, problemas de impermeabilização de poço de

elevador, problema de impermeabilização de áreas que tem jardins e áreas que tem abertura

externa.

A gente nesse momento está trabalhando num projeto muito grande de um laboratório

novo, o laboratório do outro hospital grande, a gente está trabalhando num novo sistema que a

gente chama de saúde corporativa. É como se fosse uma clínica para os colaboradores da

empresa, para serem atendidos dentro dessa clínica (...), uma obra gigante que a gente está

fazendo. (...).

8) Cite as ações de manutenção mais recorrentes.

Resposta: Eu costumo falar, o montante é grande, a gente trabalha com mais ou menos

1.200 ordens de serviço por hospital por mês, então se for imaginar eu tenho mais ou menos 40

ordens de serviço por dia, o que é muito. (...).

Tem problemas elétricos, hidráulicos, civil um pouco menos, mas tenho também. (...).

Todo dia eu tenho um probleminha dentro da subestação (de energia), alguma coisinha

que está acontecendo, é um sinaleiro que está queimado e não está indicando se está ligado ou

desligado. Mas eu como gestor do setor faço questão que funcione perfeitamente. (...).

São problemas simples e corriqueiros, mas a gente faz muito trabalho nos bastidores para

evitar que os problemas maiores aconteçam.