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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 67 de 143
Revista brasileira de
Quiropraxia Brazilian Journal of Chiropractic
Apoio:
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 68 de 143
REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF CHIROPRACTIC
Volume IV - Número 2 – Julho a Dezembro 2013
ÍNDICE – CONTENT
1. EDITORIAL E INSTRUÇÕES AOS AUTORES 69
2. REVISÃO E ATUALIZAÇÃO Técnicas Integrativas à Quiropraxia: Exercícios Terapêuticos
Practices in integrative chiropractic: Therapeutic Exercises
Eliana Soares Pereira
76
3. The basis of Chiropractic Manipulative Reflex Technique (CMRT)
Bases da Técnica Quiroprática Manipulativa Reflexa (CMRT)
Joseph F Unger Jr
79
4. ARTIGOS ORIGINAIS
A eficácia do ajuste cervical em portadores da Síndrome de Cefaleia Cervicogênica
The effectiveness of cervical adjustment in patients with cervicogenic headache syndrome
Marcelo Todescatt Gritti e Mariana Wentz Faoro
83
5. Perfil sociodemográfico dos usuários do serviço de quiropraxia de uma unidade básica de saúde em Porto Alegre/RS
User’s sociodemographic profile of utilization of chiropractic services in a basic health care unit in Porto Alegre.
Carlos Podalirio B. de Almeida, Ranieli G. Zapelini, Bárbara N. G. de Goulart
93
6. Avaliação da relação do tratamento de manipulação articular com a expressão urinária de hidroxiprolina em atletas corredores fundistas
Assessment of the relationship of the treatment of joint manipulation with the expression urinary hydroxyproline athletes in long distance runners
Renato Hirose,Stefan M. Westerstahl, Song Duck Kim,Carlos J. R. Oliveira
104
7 Alterações pós-ajustes vertebrais em praticantes de montanhismo
Changes in post-spinal adjustments practitioners of mountaineering
Ismael Ziero e Marcelo Machado de Oliveira
114
8. Prevalência de escoliose idiopática em pacientes submetidos ao atendimento
quiroprático em uma clínica escola
Prevalence of idiopathic scoliosis in patients undergoing chiropractic care in a clinic
school
Gabriela Piccoli Pizzamiglio, Mariana Wentz Faoro, Nara Isabel Gehlen
125
9. Efeitos do tratamento quiroprático associado ou não ao uso de bandagem
elástica na postura cervical de deficientes visuais
Effects of chiropractic treatment with or without the use of elastic bandage on cervical
posture for the visually impaired
Leticia Gitaci e Angela Kolberg
135
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 69 de 143
EDITORIAL
Os profissionais da área não têm medido esforços para fidelizar seus
pacientes e aumentar sua credibilidade profissional e assim consolidar seu
papel na sociedade. Para tanto, reconhecem a necessidade de vincular o
modelo de prática com as necessidades dentro do nosso meio social,
respeitando os limites éticos e da boa prática profissional baseada em
evidências científicas.
As perspectivas atuais de trabalho são grandes e estão em contínua
evolução, exigindo que o profissional desafie sua capacidade cotidiana e
busque atualização constante, utilizando novas abordagens e procedimentos
eficazes que agreguem um diferencial a sua prática. O melhor caminho para
alcançar essa meta é a “educação permanente”, cujo conceito abrange todas
as áreas de atividade humana e está baseada em três pontos:
aperfeiçoamento, especialização e pesquisa.
Baseados nestas premissas a Revista Brasileira de Quiropraxia nas
edições deste ano traz artigos de atualização e revisão que abordam conceitos
básicos de ferramentas exclusivas da profissão, como é o caso da Sacro
Occipital Techinic (SOT), Chiropractic Manipulative Reflex Technique (CMRT) e
práticas comuns entre os diferentes terapeutas manuais como os Exercícios
Terapêuticos e a Bandagem Elástica.
Esperamos que apreciem e aproveitem a leitura. Lembramos ainda que
o envio de artigos para a revista é contínuo, devem ser encaminhados para o
e-mail: [email protected] respeitando-se as normas do periódico, que podem
ser encontradas na secção de orientação aos autores.
Boa Leitura.
Corpo Editorial
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 70 de 143
REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF
CHIROPRACTIC
Corpo Editorial
Editor científico
Djalma José Fagundes
Editores assistentes
Ana Paula Albuquerque Facchinato
Evergisto Souto Maior Lopes
Jornalista científico
Anna Carolina Negrini Fagundes Martino
Consultor da língua inglesa
Ricardo Fujikawa
Conselho nacional de consultores (Brasil)
Eduardo S. Botelho Bracher
Fernando Redondo
Aline Pereira Labate Fernandes
Conselho internacional de consultores
David Chapman Smith
Reed Phillips
Fábio Dal Bello
Assessoria e Gerência Executiva
Mara Célia Paiva
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AGRADECIMENTOS
A Revista Brasileira de Quiropraxia publica trabalhos científicos e
culturais de interesse aos profissionais da área ósteomioarticular. A qualidade
das informações neles expressas é avaliada de forma sistemática por colegas
experientes. Todo trabalho de investigação ou revisão submetido à revista é
enviado a especialistas encarregados de revê-los de forma detalhada, visando
obter avaliações abalizadas sobre a qualidade técnica do texto.
Outros colegas também disponibilizam seu tempo para elaborar revisão
ortográfica e formatação dos textos.
Em reconhecimento à espontânea colaboração desses especialistas,
bem como a conduta ética demonstrada nesse processo, expressamos aqui o
nosso agradecimento.
Revisão científica
Carlos Podalirio B. de Almeida
Cley Jonir Foster Jardeweski
Daniel Facchini
Katherine Palmina Cassemiro Colomba
Marcos Vinícius Zirbes
Mariana Wentz Faoro
Patrícia Bergesch
Rafael Henrique Santos
Vinicius Tieppo Francio
Revisão ortográfica
Anna Carolina Negrini Fagundes Martino
Formatação de texto
Elisangela Zancanário
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Apresentação
A Revista Brasileira de Quiropraxia (Brazilian Journal of Chiropractic) é
uma entidade aberta de comunicação e divulgação de atividades científicas e
profissionais na área de Quiropraxia. Ela recebe colaboração em suas diversas
seções, após avaliação de pelo menos dois de seus membros do Conselho de
Consultores e que irão julgar a relevância, formatação e pertinência da
comunicação.
Os autores e coautores devem ter participação efetiva na elaboração do
trabalho publicado, seja no seu planejamento, seja na execução e
interpretação. O autor principal é o responsável pela lisura e consistência das
informações do artigo. Os indivíduos que prestaram apenas colaboração
técnica devem ser designados na secção de agradecimentos.
O original do artigo ou comunicação deve ser acompanhado de uma
carta ao editor-chefe apresentando o título do trabalho, autores e respectivos
graus acadêmicos, instituição de origem e motivo da submissão. Deve
acompanhar uma carta de cessão dos direitos autorais e compromisso de
exclusividade de publicação segundo o modelo:
Cessão de Direitos
Os autores abaixo assinados estão de acordo com a transferência dos
direitos autorais (Ato de Direitos Autorais /1976) do artigo intitulado:
........................................................................ à Revista Brasileira de
Quiropraxia. Por outro lado, garante ser o artigo original, não estar em
avaliação por outro periódico, não ser total ou parcialmente publicado
anteriormente e não ter conflito de interesses com terceiros. O artigo foi lido e
cada um dos autores confirma sua contribuição e está de acordo com as
disposições legais que regem a publicação.
Cidade, data
Nome legível e assinatura de todos os autores.
Submissão de artigos
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eletrônica (e-mail) ou por cópia em CD-ROM (ou equivalente),
preferencialmente em inglês e ser produzidos em editor de texto compatível
com Windows Word, em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, margens
superior e inferior de 2,5 cm e laterais 3,0 cm. Os parágrafos devem ser
separados por espaço duplo, não ultrapassando 12 (doze páginas incluindo
referências, figuras, tabelas e anexos). Estudos de casos não devem
ultrapassar 6 (seis) páginas digitadas em sua extensão total, incluindo
referências, figuras, tabelas e anexos.
Os artigos e comunicações enviadas serão analisados pelo editor-chefe;
sendo pertinentes e tendo respeitado as normas de formatação da Revista eles
serão encaminhados ao Conselho Consultivo da revista para avaliação do
mérito científico da publicação. Os originais poderão ser devolvidos para
correções e adaptações de acordo com a análise dos consultores ou podem
ser recusados. A Revista reserva o direito eventual de recusa sem a obrigação
de justificativa. Os artigos originais recusados serão devolvidos aos autores.
Figuras, Tabelas e Quadros
As figuras e tabelas devem ser enviadas em arquivos separados. As
imagens devem ser designadas como “Figuras”, numeradas em algarismos
arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto e enviadas em
arquivo JPG ou TIF com alta resolução.
As tabelas devem ser numeradas em algarismos romanos de acordo
com a ordem em que aparecem no texto. Quadros deve ser numerado em
algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto.
Formato do Artigo
Os originais devem conter um arquivo separado com a página de título
(title page) onde deve constar:
- o título do artigo (máximo de 80 caracteres)
- nome completo dos autores
- afiliação e mais alto grau acadêmico
- instituição de origem do trabalho
- título abreviado (running title) máximo de quarenta caracteres
- fontes de financiamento
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- conflito de interesses
- endereço completo do autor correspondente (endereço, telefone, fax e e-
mail).
Formato das Referências
As referências devem ser numeradas em algarismos arábicos de acordo
com a ordem em que aparecem no texto, no qual devem ser identificadas com
o mesmo número no formato sobrescrito. Os autores devem apresentar as
referências seguindo as normas básicas de Vancouver com Sobrenome,
Prenome do(s) autor(es). Título do artigo. Título do Periódico. Ano; Volume
(número); páginas inicial-final.
Exemplos de formatação:
Artigo: Santos C, Baccili A, Braga P V, Saad I A B, Ribeiro G O A, Conti B M
P, Oberg T D. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público
fundamental de Jaguariúna, São Paulo - Revista Paulista Pediatria. 2009;
27(1): 74-80.
Monografia (Livros, Manuais, Folhetos, Dicionários, Guias): Wyatt, L,
Handbook of clinical Chiropractic care, 2ª edição. United States: Jones and
Bartlett Pusblishers, 2005.
Resumo: Ostertag C. Advances on stereotactic irradiation of brain tumors. In:
Anais do 3° Simpósio International de Dor; São Paulo: 1997,p. 77 (abstr.).
Artigo em formato eletrônico: International Committee of Medical Journal
Editors: Uniform requirements for manuscripts submeted to biomedical journals.
Disponível em URL:
http://www.acponline.org/journals/annals/01jan97/unifreg.htm. Acessado em 15
de maio 2010.
Resumo (abstract)
Em arquivo separado deve ser enviado um resumo estruturado
(objetivos, métodos, resultados e conclusões) com no máximo 250 palavras.
Deverá ter uma versão em português e outra em inglês.
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Unitermos (key-words)
Ao final do resumo devem constar pelo menos cinco palavras - chaves
de acordo com a normatização dos Descritores em Ciências da Saúde da
BIREME (Biblioteca Regional de Medicina).
Texto
Devem constar de Introdução, Objetivos, Métodos, Resultados,
Discussão, Conclusão, Agradecimentos e Referências.
Comissão de ética
Os artigos devem trazer o número do protocolo da aprovação do Comitê
de Ética da Instituição de origem e declaração do preenchimento do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Contato
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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA QUIROPRAXIA: Exercícios Terapêuticos
PRACTICES IN INTEGRATIVE CHIROPRACTIC: Therapeutic Exercises
Eliana Soares Pereira
Os sintomas de distúrbios
musculoesqueléticos (DME) são os
mais prevalentes na população
mundial, independente do seu grau
de industrialização, e atinge todas
as faixas etárias1. A modificação
nos hábitos de vida, o aumento do
estresse e das cobranças no mundo
corporativo, são considerados as
principais causas pelo aumento de
sua incidência2. A sua origem pode
estar relacionada ao sistema
nervoso, como resultado de uma
dor secundária a uma lesão óssea
ou muscular, ou ser o consequência
de um defeito cerebelar. Diversos
processos patológicos, como por
exemplo, os distúrbios metabólicos,
também afetam o sistema
musculoesquelético, produzindo
diferentes tipos de sintomas e
variados graus de incapacidade
funcional podendo inclusive gerar
incapacidade. Com certeza, as
artrites e desordens a elas
relacionadas são as doenças mais
encontradas na prática clínica do
quiropraxista3. A doença articular
degenerativa representa por si só a
metade das queixas dos pacientes.
Na maioria das vezes, estes
padrões de referência afetam a
coluna vertebral e ombros, mas
também podem ocorrer no tórax,
quadris, região inguinal ou na
articulação sacroilíaca3-4.
As algias vertebrais são
consideradas atualmente um
problema de saúde pública5. Elas
ocorrem em qualquer idade, e
afetam mais de 30% da população
de 70 anos de idade ou mais, numa
base mensal6, com custos sócios
econômicos significativos7. Vários
estudos têm demonstrado que a
terapia de exercício físico, seja de
estabilização ou flexibilidade, são
tratamentos eficazes para reduzir a
incapacidade relacionada à dor e
gravidade nas algias vertebrais8-10.
Historicamente, a prevenção de
DME ocorre há milênios. Relatos
antigos descrevem agricultores
chineses praticando exercícios que
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mimetizavam os movimentos que os
camponeses produziam nos
campos11. Com o passar dos
tempos, estes movimentos
receberam outras influências
formando escolas específicas, como
o caso do Liang Gong em 18
terapias. Os exercícios utilizados
nesta prática tem um caráter
preventivo e atuam na correção
postural, redução do estresse e
aumento na concentração12,
benefícios que proporcionam maior
produtividade e segurança no
desenvolvimento das atividades
laborais13.
Ainda sob a influência
oriental, encontramos na literatura
alguns estudos em que a prática de
Yoga foi aplicada em indivíduos
com distúrbios vertebrais, com
resultados expressivos,
especialmente no quesito
incapacidade derivada pela dor,
estabilização e flexibilidade da
coluna vertebral14-16. A associação
de processos psicológicos à prática
dos exercícios, como mudança no
foco de atenção, foi tratada com
sucesso em terapias cognitivas e
comportamentais para a dor lombar
crônica17.
Na Alemanha, no Schroth
Hospital Katharina, a cirurgia para
pacientes com escoliose é o último
recurso. Os pacientes são tratados
conservadoramente, com
procedimentos incluindo o ajuste
quiroprático, terapia sacro occipital
e modalidades de exercícios
terapêuticos como o Pilates®, para
fortalecimento muscular e equilíbrio
das curvaturas da coluna vertebral,
diminuição da dor e aumento da
função18. Os programas de
tratamento conhecidos como
Mackenzie® e Escola da Coluna,
são amplamente utilizados, seus
custos são relativamente baixos e
sua eficiência é incontestável para
casos de dor lombar crônica19.
Os problemas de saúde em
geral podem ser reduzidos ou
evitados com um estilo de vida mais
ativo. Se o paciente estiver
consciente dos benefícios advindos
da atividade física orientada,
certamente ocorrerá maior adesão
aos exercícios indicados pelo
quiropraxista e os resultados
terapêuticos serão precoces e
permanentes20-21.
REFERENCIAS:
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ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 78 de 143
2. Maciel RH, Albuquerque AMFC, Melzer AC, Leônidas SR. Quem se Beneficia dos Programas de Ginástica Laboral? Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. 2005;(8):71-86.
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6. Hartvigsen J, Frederiksen H, Christensen K: Back and neck pain exhibit many common features in old age. A population based study of 4,486 Danish twins aged 70-102. Spine 2004, 29:576-580.
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exercise for seniors with low back pain or neck pain: the design of two randomized clinical trials. BMC Musculoskeletal Disorders 2007, 8:94
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corra/2008/2/4/-qigong-ch-i-kung-arte-e-ciencia-da medicina-tradicional.
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19. Garcia NA et al. Effectiveness of Back School versus McKenzie Exercises in Patients with Chronic Nonspecific Low Back Pain: A Randomized Controlled Trial. Phys Ther 2013 June 93:729-747.
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REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
THE BASIS OF CHIROPRACTIC MANIPULATIVE REFLEX TECHNIQUE (CMRT)
Bases da Técnica Quiroprática Manipulativa Reflexa (CMRT)
Dr Joseph F Unger Jr DC, FICS ©SORSI, Inc.
Skeletal muscles all receive
innervations from multiple nerve
roots of the spine. This is clearly an
adaptive advantage. There are,
however, notable exceptions. The
muscles of the intervertebral motor
units are all derived from a single
nerve root. This is due to the
embryological derivation of these
muscles. During our early
development in the embryo, a single
vertebra, its intervertebral
musculature and an organ all
originate from the same scleroderm.
As a result, they all share common
neurology throughout life.
Stimulation at any point in any of the
related organs and tissues can
potentially affect all other related
organs and tissues. Furthermore,
these various nerve tracts are
capable of becoming reflexively
habituated. This kind of deep-seated
viscerosomatic and somatovisceral
reflex arcing can become a serious
detriment to human health.
The body is designed to be a
self-sustaining and self-correcting
mechanism. In chiropractic this
mechanism is theorized to be
dependent upon the proper flow of
innate energy through the nerves. At
the vertebral level the mechanism is
dependent upon the body's ability to
coordinate function of each segment
of the spine. In this way, proper
alignment and nerve function is
maintained throughout a variety of
positions and postures as well as
loads produced by lifting and
straining. This mechanism is under
the direct control of the brain and
central nervous system. The brain
and central nervous system in turn
are absolutely dependent upon
cerebrospinal fluid flow and
pressures to insure normal function.
The CSF mechanism is intimately
influenced by the cranial and spinal
dural functions and can become
dysfunctional if the Dura is stressed.
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The mobility and coordinated
function of a vertebral motor unit is
ultimately under the control of the
central nervous system and its
influence upon the intervertebral
muscles; namely, the interspinalis,
rotatores and intertransversari
muscles. These muscles are
ultimately responsible for the core
stability of each vertebral segment.
They adapt to stresses, strains and
changes in loading and postures.
They also maintain the position of
the vertebra protecting the nerve
root and its vital functions. Proper
central nervous system controls
over these important muscles
prevent chiropractic subluxations.
When proper structure and
function is intact, they also provide a
mechanism for the body to correct
itself of vertebral dysfunctions. This
is because the human system, if
given the proper functions and
circumstances as provided by the
central nervous system when it is
free of dural irritations, is self-
healing. It is equally important to
note that these muscles share
neurology with organ function.
Therefore, if a viscous is producing
inordinate amounts of neurological
reflex back to the central nervous
system, it will compete for the same
neurology that is responsible for the
function of these important muscles.
Under those circumstances the
muscle action may be inadequate
for proper coordination of
mechanical function. The segment
loses stability and becomes hyper
mobile, risking overextension of its
physiological limits resulting in
potential injury. The vertebral
segment can then become
subluxated in motion as well as
function.
This subluxation in turn
results in a loss of vital neurological
function to the organ. The organ in
turn may become sick and unable to
heal optimally. This hyper mobility is
responsible for an increase in
neurological activity to the central
nervous system, alerting the brain to
this dysfunction. In response, a
neuromuscular lockdown or splinting
of the muscles of the motor unit
occurs. Now this segment is not only
positionally subluxated, but the
central nervous system controls
have been compromised. Ultimately
this whole reflex mechanism
becomes neurologically habituated
and cannot reset itself.
Furthermore, each of these muscles
has direct reflex to the occipital fiber
system as described by Dr. De
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Jarnette. The specific occipital line
fibers are as follows:
The occipital fiber Line 1
results from irritation of the
interspinalis muscle. This is
neurologically produced by a stasis
of cerebrospinal fluid flow and stasis
at the related vertebral segment. In
other words, if the cranial sacral
pump mechanism for that specific
vertebra is compromised, there is a
resulting irritation in the interspinalis
muscle producing a Line 1 occipital
fiber. These are common
occurrences and can change from
hour to hour depending upon the
mental, emotional and physical
status of the individual. A Line 1
fiber alone may not require
treatment, because it may change of
its own accord due to multiple
factors.
A Line 2 fiber is a response to
irritation of the rotatores muscle
resulting from organ irritation. This
fiber may also change day to day or
hour to hour depending upon the
mental, emotional and physical
status of the individual.
Neutralization only may alleviate
symptoms but may not produce
long-lasting results. If, however, an
active fiber is diagnosed that
continues and stays swollen and/or
tender, it indicates that a detrimental
viscerosomatic and somatovisceral
reflex arc has developed that needs
more than just the neutralization. It
is beyond the body's natural
capabilities to fix this kind of
subluxation on its own, and
indicates the need for the occipital
fiber Line 2 procedures including
C.M.R.T.
A Line 3 fiber is the result of
irritation of the intertransversari
muscles. This reflex can become
active from two different major
causations. One is a traumatically-
induced irritation requiring specific
intervention and procedures. The
other is due to a barrage of
neurological reflexing from organ
pathology. The latter may require
multidisciplinary attention. The
occipital fiber evidence of organ
pathology is denoted by Line 1 plus
Line 2 plus Line 3 fibers. If the
tenderness at the pedicle
junction/lateral spinous is not
controlled by pressures at C-1 and
C-2, a double thumb lift and
additional help may be needed.
Accurate occipital fiber
diagnostics are essential in this
technique. Occipital fiber palpation
and diagnosis requires diligence,
training and constant focus and
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study. Also the accurate location of
the fibers must also be maintained.
There are additionally sub occipital
fibers used in pain control as well as
areas of pain that sometimes
develop above the occipital fiber
lines. The practitioner must be
aware of these other areas to guard
against misdiagnosis.
In summation, the need for the occipital fiber neutralization procedure and
C.M.R.T. is identified by the line one fiber associated with the corresponding line two findings.
REFERENCES Visceral Innervation, Compiled by the Research Staff of the Professional Researcher Service, 1946 Chiropractic Manipulative Reflex Technique, Major Bertrand De Jarnette DC, 1966 Sacro Occipital Research Bulletin, December 1957, De Jarnette Sacro Occipital Notes 1958, De Jarnette Viscerosomatic Pre-and Postganglionic Technique, Ned Heese DC, private paper Symptoms of Visceral Disease, Francis Marion Pottenger M.D. The Neurophysiology of the Seven Occipital Fibers Associated with Viscerae November and December SORSI Dispatcher 1968, Dr. A. F. Dangerfield with the approval of Dr. MB De Jarnette DC An Atlas of Pain Patterns, Mayo Clinic and Mayo Foundation 1961
C.M.R.T. Chiropractic Manipulative Reflex Technique, Dr. A F Dangerfield, SORSI Dispatcher July 1971 Technic and Practice of Bloodless Surgery, Major Bertrand De Jarnette DC, 1939 The Chiropractic Theories, Robert A Leach, 1994 The Neurodynamics of the Vertebral Subluxation, A E Homewood, 1962 Reflex Pain, Major Bertrand De Jarnette, 1934 Anything Can Cause Anything, William David Harper DC, 1964 Somatovisceral Aspects of Chiropractic: An Evidence-Based Approach, Charles Masarsky and Marion Todres-Masarsky Line Two Occipital Fiber Technique with Advanced C.M.R.T. Methods, Major Bertrand DeJarnette DC, compiled and edited by Ned Heese DC, 1993 Chiropractic Manipulative Reflex Technique Seminar Notes, SORSI (1970’s)
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 83 de 143
ARTIGO ORIGINAL
A eficácia do ajuste cervical em portadores da Síndrome de Cefaleia
Cervicogênica
The effectiveness of cervical adjustment in patients with cervicogenic headache
syndrome
Marcelo Todescatt GrittiI e Mariana Wentz FaoroII
I. Quiropraxista especialista em Inclusão Social e Acessibilidade. Feevale.
II. Quiropraxista Mestre em Saúde Coletiva. Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
III. Psicólogo e especialista em Quiropraxia pela Palmer College of Chiropractic - EUA.
E-mail do autor correspondente: [email protected]
RESUMO
OBJETIVO: Avaliar a eficácia do ajuste articular na coluna cervical em portadores de síndrome
da cefaleia cervicogênica. MÉTODOS: Num universo de 18 indivíduos que buscaram
tratamento quiroprático numa clínica escola na cidade de Novo Hamburgo, foi selecionado dez,
sendo nove do gênero feminino. A hipótese diagnóstica foi realizada tendo como base os
critérios da Sociedade Internacional de Cefaleias. Os indivíduos foram alocados em dois
grupos de acordo com a presença de subluxação em C2. O grupo A apresentou
desalinhamento em C2 e o grupo B em qualquer outra vértebra cervical. O tratamento totalizou
seis atendimentos, duas vezes por semana. As técnicas de ajustes adotadas foram Cadeira
Cervical e Modified Rotatory Break. A intensidade de dor foi avaliada pela Escala Visual
Analógica de dor e a frequência das crises por relato. RESULTADOS: A média da intensidade
de dor pré-tratamento no grupo A foi 5,75 e pós-tratamento 1,5. No grupo B foi de 5,16 e pós-
tratamento 0,3. A média da frequência semanal de dor durante as crises pré-tratamento, no
grupo A, foi de 4,25 crises e pós-tratamento 0,75 crises. No grupo B, foi 5,16 e pós-tratamento
0,3 crises. Os resultados não apresentaram significância estatística. As vértebras mais
acometidas por subluxação, durante o tratamento, foram C2, C1, C3 e C5, respectivamente.
CONCLUSÃO: Com base nos resultados obtidos, verificou-se que o ajuste articular foi efetivo
na redução dos sintomas em ambos os grupos de indivíduos, objetos do estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Manipulação da coluna, cervicalgia, quiropraxia, cefaleia.
ABSTRACT
OBJECTIVE: To evaluate the effectiveness of joint adjustment of the cervical spine in patients
with cervicogenic headache syndrome. METHODS: In a population of 18 individuals seeking
chiropractic treatment in a clinical school in the city of Novo Hamburgo, Brazil, ten were
selected, being 9 women. The diagnosis was made based on the criteria of the International
Headache Society. The subjects were divided into two groups according to the presence of
subluxation on C2. Group A showed misalignment at C2 and group B in any other cervical
vertebra. The treatment totaled six sessions, the frequency of which was twice a week. The
adjustment techniques adopted were Cervical Chair and Modified Rotatory Break. Pain intensity
was assessed by visual analog scale of pain, and frequency of symptoms by personal report.
RESULTS: Comparing drug consumption data before and after treatment, a 71% reduction was
observed. The mean pain intensity in the pretreatment group was 5.75, and 1.5 in the post-
treatment group. In group B it was 5.16 and 0.3 pre and post-treatment, respectively. The
average frequency of weekly pain crises during pre-treatment in group A was 4.25, while post-
treatment frequency was of 0.75. In group B was 5.16 and 0.3 post treatment crises. The results
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were not statistically significant. The most often subluxated vertebrae during treatment were C2,
C1, C3 and C5, respectively. CONCLUSION: Based on these results, it was found that joint
adjustment was effective in reducing the signs and symptoms in both groups of individuals who
were the subject of the study.
KEY WORDS: Spinal Manipulation, neck pain, chiropractic, headache.
INTRODUÇÃO
A Sociedade Internacional de
Cefaleia (SIC) identificou quatorze
tipos de dor de cabeça1. Quanto a
sua etiologia classificou-as em dois
grupos: as primárias que constituem
por si só a doença, como é o caso
da Migrânea sem aura; e o segundo
grupo, que é formado pelas
cefaleias secundárias, que são
provocadas por doenças
demonstráveis por exames clínicos
ou laboratoriais como, por exemplo,
as cefaleias associadas às
infecções sistêmicas, disfunções
endócrinas, intoxicações e lesões
expansivas do Sistema Nervoso
Central1,2.
A Síndrome da Cefaleia
Cervicogênica (SCC) foi introduzida
na literatura em 1983, faz parte do
subgrupo das cefaleias, e por advir
de afecções vertebrais cervicais, é
considerada uma doença
secundária3. Acredita-se que a
síndrome é decorrente do
comprometimento de estruturas
musculares, nervosas, ósseas,
articulares e ou estruturas
vasculares do pescoço4. O modelo
fisiopatológico, baseado na
Neuroanatomia, afirma que no
núcleo trigeminocervical, as fibras
nervosas sensoriais no trato
descendente do nervo trigêmeo
interagem com fibras sensoriais das
raízes cervicais superiores e
podem, nesta convergência, referir
dor cervical para a região frontal da
cabeça e face5-6.
Os critérios diagnósticos da
SCC incluem: dor usualmente
unilateral, episódica, de intensidade
variável, com origem na parte
posterior do pescoço, que pode se
irradiar para toda a cabeça, com
resistência ou limitação à
movimentação passiva do pescoço
e alterações na musculatura
cervical. Os pacientes geralmente
apresentam história de trauma
cervical, fonofobia e fotofobia.
Náuseas e vômitos são sintomas
associados, considerados menos
frequentes5. Os registros atuais das
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características epidemiológicas
apontam para uma prevalência, na
população geral, entre 0,4 e 2,5%6.
A idade média dos pacientes é de
42,9 anos, sendo quatro vezes mais
comum em mulheres10,11.
A avaliação
musculoesquelética minuciosa,
especialmente da coluna cervical, é
imprescindível na identificação das
causas primárias da SCC. Há
relatos consistentes na literatura de
padrões de desequilíbrio
musculares específicos presentes
em pacientes que apresentaram a
síndrome. Estes padrões de tensão
e fraqueza muscular, narrados em
estudos publicados, são descrições
com apresentação consistente da
síndrome cruzada superior, descrita
por Janda12,14.
O sucesso do tratamento
normalmente requer abordagem
multifacetada com indicação, muitas
vezes, farmacológica, anestésica, e
ocasionalmente intervenção
cirúrgica16. O cuidado quiroprático é
realizado com ajustes, dando
atenção particular à região alta da
coluna cervical, mobilização de
tecidos moles, compressas frias ou
quentes, orientação postural e
conscientização dos benefícios
advindos da atividade física
orientada17.
Como a classificação da SCC
entre os tipos de cefaleia é recente,
e dada sua complexidade, é natural
que as opções de tratamento sejam
escassas. Baseado neste contexto,
propôs-se avaliar os efeitos do
ajuste vertebral e os resultados
obtidos nos quesitos intensidade e
frequência do quadro álgico em
pessoas acometidas por SCC.
MÉTODOS
A presente pesquisa
caracterizou-se como um estudo de
intervenção, quase experimental. O
protocolo da pesquisa foi submetido
e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Feevale
e foi cadastrado sob nº
400.03.08.1251. Todos os
indivíduos assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido.
Amostra
A hipótese diagnóstica foi
realizada pelos quiropraxistas com
base nos critérios da SIC1,15,
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excluindo o critério radiográfico.
Inicialmente, foram selecionados
indivíduos de ambos os gêneros,
maiores de 18 anos, com idade
média de 31,5 anos, que buscaram
o tratamento quiroprático, para suas
queixas de cefaleia, na clínica
escola na Universidade Feevale.
Foram excluídos aqueles que
durante a história clínica e/ou
exame físico relataram ser
portadores de cefaleias eventuais
(duas vezes ou menos por mês),
portadores de doenças vasculares,
paralisia cerebral, retardo mental,
fratura ou cirurgia cervical, fusão
vertebral (comprovados em exames
de imagem) e outras cefaleias, que
não fosse a SCC. Os indivíduos que
utilizavam terapia medicamentosa
com prescrição médica para o
tratamento da cefaleia, também
foram excluídos do estudo. Embora
apresentassem melhora no quadro
álgico, dois indivíduos,
abandonaram a pesquisa, limitando
assim, a amostra ao número de dez,
sendo nove mulheres. A amostra foi
dividida em dois grupos,
denominados A e B, o grupo A
contou com seis representantes.
Critérios maiores Características da dor Critérios menores
CRITÉRIO DIAGNÓSTICO NA SÍNDROME DE CEFALÉIA CERVICOGÊNICA1
Sintomas e sinais de envolvimento cervical:
a) precipitação da dor cervical semelhante à espontânea por: * 1. movimento do pescoço ou sustentação desajeitada da cabeça; 2. pressão externa da região cervical posterior e superior ipsilateral ou da região occipital;
b) redução da movimentação cervical habitual; *
c) dor na mão, ombro e pescoço ipsilateral, de natureza vaga e não radicular, ou
ocasionalmente dor no braço de natureza radicular. *
Alívio completo ou quase completo (> 90%) da dor após o bloqueio anestésico do nervo grande occipital e/ou da raiz C2 no lado sintomático.
Unilateralidade da dor sem mudança de lado, podendo ocorrer o quadro em qualquer um dos lados. a) moderada, não excruciante, geralmente de natureza não pulsátil, começando no pescoço e espalhando-se para as áreas oculofrontotemporal, onde, em geral, é máxima; b) duração variável (horas) ou dor contínua flutuante.
Outras características de alguma importância: a) melhora eventual com tratamento preventivo com indometacina; b) melhora eventual da crise com uso de ergotamina ou de sumatriptano; c) preponderância no gênero feminino; d) história de trauma craniano ou cervical (whiplash).
Características de menor importância: a) náusea; b) fonofobia e fotofobia; c) vertigens; d) alteração visual ipsilateral; e) dificuldades de deglutição; f) edema e hiperemia na área periocular ipsilateral.
Figura 1 – Tradução e adaptação do texto disponível na Sociedade Internacional de
Enxaqueca1.
* A presença dos três pontos indicados com asterisco fortalece o diagnóstico.
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Procedimentos
A amostra foi selecionada de
maneira não probabilística, por
julgamento dos Quiropraxistas
responsáveis pela intervenção,
durante a avaliação física
musculoesquelética. Após a
confirmação diagnóstica de SCC, os
indivíduos foram alocados em dois
grupos de acordo com a presença
de subluxação em C2. O grupo A foi
composto por indivíduos com
desalinhamento em C2 e o grupo B
pelos que apresentavam
desalinhamento em qualquer outra
vértebra cervical. Ambos os grupos
foram submetidos a três semanas
de tratamento, duas vezes por
semana, totalizando seis
atendimentos, e foram ajustados
pelas técnicas Cadeira Cervical e
Modified Rotatory Break.
A intensidade da dor foi
avaliada pela Escala Visual
Analógica de dor (EVA), preenchida
pelo paciente antes de cada
atendimento. A frequência das
crises e o relato das alterações
sintomatológicas foram registrados,
em todas as consultas. Três dias
após a última consulta, o índice da
EVA e a frequência das crises foram
novamente relatados.
Estudo estatístico
A análise estatística foi
realizada utilizando o programa Epi
Info, versão 3.3.4. Foi considerado
estatisticamente significativo erro
alfa inferior a 5% no teste de Mann-
Whitney (p<0,05).
RESULTADOS
A média da intensidade de dor pré-tratamento no grupo A foi 5,75 e pós-
tratamento 1,5. Em relatório, dois indivíduos declararam que a dor foi
substituída por leve desconforto (Gráfico 1).
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Gráfico 1 – Intensidade de dor pré e pós-tratamento do grupo A.
No grupo B a média da intensidade de dor pré-tratamento foi 5,16 e pós-
tratamento 0,3 (Gráfico 2). As médias apresentadas pelos grupos A e B não
apresentaram significância estatística.
Gráfico 2 – Mensuração de dor pela EVA do grupo B antes e pós-tratamento.
A média da frequência de dor semanal durante as crises pré-tratamento,
no grupo A, foi de 4,25 crises e pós-tratamento 0,75 crises. Os indivíduos D e F
relataram crises de cefaleia entre as consultas. Embora a frequência das crises
entre as consultas apresentassem redução, as mesmas não demonstraram
significância estatística (Gráfico 3).
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Gráfico 3 – relatos da frequência de dor entre as consultas do grupo A.
As médias apresentadas pelo grupo B foram de 3,5 antes do tratamento
e 0,3 pós-tratamento. Os indivíduos G e J relataram crises de dor na fase final
do tratamento. O indivíduo J relatou remissão considerável na frequência de
crises. (Gráfico 4).
Gráfico 4 – relatos da frequência de dor entre as consultas do grupo B.
Gráfico 5 – Frequência dos ajustes efetuados em ambos os grupos.
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DISCUSSÃO
Após revisão sistemática de
estudos sobre a SCC, em bancos
de dados virtuais e fisicos, a partir
de 1983, ano da introdução de sua
denominação na literatura
biomédica20 pode-se observar que
os tratamentos convencionais mais
adotados para esta condição,
concentram-se em trapia manual.
Algumas pesquisas relatam a
eficácia da mobilização dos tecidos
moles e ajuste articular na remissão
do quadro álgico em pacientes que
apresentavam queixas situadas na
região da coluna cervical21-23. A
revisão de alguns estudos
randomizados demonstrou, em
alguns casos, ambos os
tratamentos possuem efeitos
similares e, em outros estudos, que
os resultados do ajuste articular
para dor cervical são superiores aos
da mobilização24. Os dados
apresentados na pesquisa atual
apresentaram diminuição na
intensidade de dor, em ambos os
grupos pesquisados o que
corrobora com os achados na
literatura25,26 (gráfico 1 e 2).
Embora alguns relatos
advirtam que o ajuste de alta
velocidade e baixa amplitude,
adotado neste estudo, deva ser
utilizado com cautela em pacientes
com quadro de cefaleias5, a
presente pesquisa apresentou
diminuição na frequência das crises
após o ajuste vertebral (gráfico 3 e
4), o que comprova que o
tratamento adotado pela quiropraxia
é seguro27.
As vértebras mais
subluxadas, durante o tratamento,
foram C2, C1, C3 e C5,
respectivamente (gráfico 5). As
articulações occipito-atlas e atlas-
áxis (C0, C1 e C2) são
responsáveis por 50% da
lateralização e rotação da cabeça
sobre o pescoço17. Acredita-se que
no núcleo trigeminocervical, as
fibras nervosas sensoriais no trato
descendente do nervo trigêmeo,
caudal do núcleo trigeminal,
interagem com fibras sensoriais das
raízes cervicais superiores (C1-C2)
e podem, nesta convergência,
desencadear cervicalgia à SCC6-8.
Nas referências pesquisadas, não
foi encontrado registro da
prevalência de desalinhamentos ou
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ajustes vertebrais realizados em pacientes que apresentam SCC.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados
obtidos, verificou-se que a terapia
de ajuste articular foi efetiva na
redução dos sintomas dos
indivíduos que foram objeto do
estudo. No entanto, uma amostra
maior poderá obter resultados de
maior relevância estatística e, com
isso, a indicação da terapia se
tornará mais segura e eficiente.
CONFLITOS DE INTERESSES:
Não há.
AGRADECIMENTOS: À Mara Célia
Paiva pelo preparo deste
manuscrito.
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ARTIGO ORIGINAL
Perfil sociodemográfico dos usuários do serviço de quiropraxia de uma unidade básica de saúde em Porto Alegre/RS User’s sociodemographic profile of utilization of chiropractic services in a basic health care unit in Porto Alegre
Carlos Podalirio B. de AlmeidaI, Ranieli G. ZapeliniII, Bárbara N. G. de GoulartIII
I. Quiropraxista doutorando em Ciências Pneumológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. II. Quiropraxista. Mestre em Saúde Coletiva. Professora no Instituto de Ciências da Saúde. FEEVALE-RS. III. Fga. PhD. Professora Adjunta na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail do autor correspondente: [email protected]
ABSTRACT
OBJECTIVE: The aim of this study was to identify the user’s profile chiropractic a Basic Health
Unit in Porto Alegre/RS, the one-year period. METHODS: A cross-sectional study with
quantitative secondary data from the records who received chiropractic care during the study
period. RESULTS: The majority of users was female, married, had incomplete primary
education, median age 43 years, were employed, did not have the habit of smoking or altered
sleep, did not use alcohol. There was statistical significance when associated with systolic and
diastolic blood pressure with smoking (p = 0.05, p = 0.02) and alcohol consumption (p = 0.002,
p = 0.01). Cigarette smoking was more prevalent in males (p = 0.01). The reason for seeking
chiropractic care to users was associated with retirees, with 40% of this group had low back
pain (p = 0.02). CONCLUSION: The profile of users who use chiropractic care in the UBS study
is consistent with other public health services presented in the biomedical literature.
KEY WORDS: Chiropractic, public health, lifestyle, epidemiology, Health Unique System.
RESUMO
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi identificar o perfil dos usuários do serviço de
quiropraxia de uma Unidade Básica de Saúde de Porto Alegre/RS, no período de um ano.
MÉTODOS: Estudo transversal quantitativo com dados secundários a partir de prontuários dos
usuários que receberam atendimento quiroprático no período do estudo. RESULTADOS: A
maioria dos usuários era do gênero feminino, estavam casados, possuíam ensino fundamental
incompleto, com media de idade de 43 anos, estavam empregados, não tinham o hábito de
fumar, distúrbios do sono e nem faziam uso de bebidas alcoólicas. Houve significância
estatística quando se associou pressão arterial diastólica e sistólica com o hábito de fumar
(p=0,05, p=0,02) e ao uso de bebidas alcoólicas (p=0,002, p=0,01). O hábito de fumar foi mais
prevalente no gênero masculino (p=0,01). O motivo de procura ao atendimento quiroprático
esteve associado com os usuários aposentados, sendo que, 40% deste grupo apresentava dor
lombar (p=0,02). CONCLUSÃO: O perfil dos usuários que utilizam o atendimento quiroprático
na UBS estudada condiz com os demais serviços de saúde pública apresentado na literatura
biomédica.
PALAVRAS-CHAVE: Quiropraxia, estilo de vida, saúde pública, epidemiologia,
sistema único de saúde.
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INTRODUÇÃO
A preocupação com a saúde
social coletiva iniciou-se a partir de
epidemias, e da necessidade de
conhecer suas causas. Os primeiros
registros sobre a saúde coletiva são
bíblicos, da época de Jesus Cristo,
a partir do aparecimento de
inúmeros casos de lepra e do
isolamento de seus portadores da
população geral, no intuito de evitar
seu contágio1. Internacionalmente, a
política e a economia delinearam a
trajetória da saúde social, suas
necessidades de reformulações e
estabelecimento de metas capazes
de garantir o direito fundamental do
ser humano2. No Brasil, a saúde
pública foi objeto de uma série de
transformações no campo político e
social em busca da democratização
da saúde, da ampliação da
organização popular, da
universalização do acesso e o
reconhecimento da saúde como
direito universal do ser humano que
culminou, em 1988, na conquista do
Sistema Único de Saúde (SUS)3,4.
Desde sua criação, além da
promoção da equidade no
atendimento das necessidades de
saúde da população, o SUS se
propôs a promover a saúde,
priorizando as ações preventivas e
democratizando as informações
relevantes para que a população
conheça seus direitos e os riscos a
sua saúde5. Sob este contexto, o
profissional quiropraxista viu-se apto
a integrar o corpo de profissionais
da área de saúde desse Sistema,
visto tratar-se de uma profissão que
compreende o sistema de medicina
complementar à medicina alopática,
especificamente, atuando como
fonte de referência nos cuidados da
coluna vertebral e medicina
musculoesquelética6.
Ainda segundo as regras que
preconizam o SUS, o setor privado
pode integrar o sistema de forma
complementar, por meio de
contratos e convênios de prestação
de serviço ao Estado – quando as
unidades públicas de assistência à
saúde não são suficientes para
garantir o atendimento a toda
população de uma determinada
região7. Assim, visando o
preenchimento de lacunas
existentes no mercado e no
cumprimento das demandas
relacionadas aos serviços
prestados, iniciaram-se
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negociações, que em agosto de
2007, culminou com um convênio
entre a Instituição de Ensino
Superior no Vale dos Sinos
(FEEVALE) e o município de Porto
Alegre, que desde então recebe
atendimento quiroprático8. O
tratamento é baseado na
manipulação ou ajustamento
vertebral e uma variedade de
modalidades terapêuticas manuais
e mecânicas, em que o
quiropraxista avalia o paciente e o
instrui a respeito da prevenção de
doenças, promoção de saúde,
nutrição adequada, exercícios e
modificação no estilo de vida9.
Movidos pela busca de
alcançar altos padrões de
excelência, há seis anos, a
Quiropraxia tem se dedicado a
ampliar suas bases de dados
teórico-práticas, dentro do SUS,
utilizando-se de pesquisa e
investigação científica, por meio de
Trabalhos de Conclusão de Curso9-
11, que validem suas hipóteses e
abordagens. Esta ação tem o
objetivo de proporcionar qualidade
no atendimento aos usuários que
procuram seus serviços, oferecendo
cuidado eficaz e seguro, capaz de
satisfazer as necessidades dos
pacientes8.
Segundo a literatura, a
análise da população que frequenta
um determinado serviço biomédico,
seja de caráter emergencial,
ambulatorial ou utilizando a rede
primária de atenção à saúde, traz
valiosa contribuição na identificação
de sua privação, carência,
discriminação e exclusão12.
Firmados neste fundamento, optou-
se por realizar um estudo para
identificar o perfil de usuários que
buscaram atendimento quiroprático
na Unidade Básica de Saúde (UBS)
Vila Farrapos, na região noroeste de
Porto Alegre/RS.
METODOS
A pesquisa foi submetida à
apreciação e aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário Feevale (processo nº
4.00.03.10.1878). Foi realizado um
estudo transversal a partir de
prontuários de usuários que
receberam atendimento quiroprático
em uma UBS no município de Porto
Alegre.
Coleta de dados
Realizou-se um contato com
os responsáveis pela UBS escolhida
para pesquisa, para autorização do
manuseio dos prontuários. A coleta
ocorreu entre abril e maio, conforme
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dias e horários determinados pela
direção da Universidade.
Critérios de Inclusão e exclusão
Dos 320 prontuários
analisados, 80 deles (25%) foram
incluídos por apresentarem os
critérios necessários para utilização
no estudo, ou seja, continham
informações pessoais, laudo de
exames de imagem e laboratoriais,
história atual da doença, dados de
exame físico e forma da execução
do atendimento quiroprático. Foram
excluídos os prontuários que
apresentaram informações
incompletas ou omissas.
Análise Estatística
Os dados desta pesquisa
foram transcritos, para uma planilha
do software Microsoft Office Excel
2007, a estatística utilizada foi
descritiva. Para a associação das
variáveis nominais dicotômicas foi
utilizado o Teste Qui-quadrado e
coeficiente de Pearson, sendo
considerado estatisticamente
significativo p<0,05. Ao término da
coleta, os dados foram
apresentados em forma de gráficos
e tabelas e apresentados à
comunidade acadêmica.
RESULTADOS
Tabela 1 - características demográficas e sociais
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Gráfico 2 - Motivo de procura ao atendimento quiroprático.
Tabela 2- Gênero associado ao hábito de fumar
Gênero Hábito de fumar
Fumante Ex-fumante Não fumante Total
N % N
% N % N %
Masculino 5 26,3* 7 36,8
7 36,8 19 100
Feminino 10 16,1 7 11,3 45 72,6 62 100
*Associação estatisticamente significativa
Tabela 3 – Gênero associado ao sono
Gênero Sono
Alterado Não Alterado Total
N % N % N %
Masculino 4 21,1 15 78,9 19 100
Feminino 26 41,9 36 58,1 62 100
Tabela 4 – Gênero associado ao uso de bebidas alcoólicas
Gênero Bebidas alcoólicas
Sim Não Total
N % N % N %
Masculino 7 36,8 12 63,2 19 100
Feminino 16 25,8 46 74,2 62 100
Total 23 28,4% 58 71,6 81 100
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DISCUSSÃO
Pesquisar as necessidades
de um público específico possibilita
mudanças ou melhorias em um
produto já existente e ou a criação
de novas modalidades de serviços,
garantindo que sejam preenchidas
as lacunas existentes no mercado
suprindo desta forma, as demandas
relacionadas aos serviços
prestados13. Após levantamento de
referencias de publicações nos
últimos 10 anos nos bancos de
dados virtuais e impressos, sobre o
perfil sociodemográfico dos usuários
do SUS, foram separados alguns
estudos realizados em metrópoles
do país para compor esta
discussão.
Este estudo, contou com a
participação de 81 usuários da
unidade Farrapos da UBS que
receberam atendimento
quiroprático. A idade mediana
analisada dos mesmos foi de 43
anos, sendo estes dados
semelhantes aos encontrados na
literatura12,14. Esta fase da vida é
geralmente marcada por um período
laboral intenso, para ambos os
gêneros e merece atenção
específica, já que integra
simultaneamente os riscos
cumulativos do trabalho e do
envelhecimento biológico6. Neste
mister, a atenção à saúde
ministrada pela Quiropraxia é
indicado e capaz de prevenir, tratar
e oferecer orientações específicas
que evitem a diminuição da força
muscular e da mobilidade articular,
fatores estes considerados de risco
para doenças ocupacionais
típicas10.
Deste universo, 62 usuários
(76.5%) eram do gênero feminino,
34 deles (42%) possuíam ensino
fundamental incompleto e nove
(11,1%); relataram ter concluído o
ensino fundamental; três deles
(3,7%) afirmaram possuir ensino
médio incompleto; 28 participantes
(34,6%) concluíram o ensino médio;
uma pessoa (1,2%) relatou ter
ensino superior incompleto,
enquanto seis (7,4%) concluíram o
ensino superior (gráfico 1).
Em relação ao estado civil,
13 usuários (16%) eram solteiros,
53 casados (65,4%); dez (12,3%)
divorciados e cinco (6,2%) relataram
outra condição civil.
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Quanto à ocupação, 10
usuários (12,3%) eram
aposentados, 54 estava empregado
(66,4%), somente um (1,2%)
desempregado, cinco eram
estudantes (6,2%) e 11 deles
(13,6%) eram do lar.
Os dados encontrados nesta
pesquisa corroboram com os
achados em um estudo de 2010,
realizado na cidade de Pelotas-RS.
em que 77% dos usuários
pertenciam ao gênero feminino,
47,1% eram casados, 26,5%
solteiros, 16,4% viúvos e 10%
divorciados. Com relação à
escolaridade, verificou-se que
46,1% possuíam ensino
fundamental incompleto, 14,3%
ensino fundamental completo,
10,4% ensino médio incompleto,
20% ensino médio completo, 7,2%
eram analfabetos, e 2% possuíam
ensino superior ou técnico15.
Dados semelhantes também
foram encontrados em 2008 em
pesquisa realizada no município de
São Paulo16 com 102 usuários, em
que 55% dos usuários eram do
gênero feminino, a maioria possuía
nível fundamental e eram casados.
Em Florianópolis destacamos
um estudo de 2002, com 261
pacientes, dos quais 63,6% eram
mulheres, a maioria casados, 58,6%
possuíam ensino fundamental
incompleto e 1.1% ensino superior
completo12.
Um estudo de 2010, com
características demográficas e
sociais, realizado na Região
Metropolitana de Belo Horizonte,
com 8055 usuários, demonstrou que
53% dos participantes pertenciam
ao gênero feminino, com idade
média de 39,2 anos para ambos os
gêneros e 67,4% relatou ter o
ensino fundamental completo17.
Nos trabalhos citados houve
unanimidade do gênero feminino na
busca pelo serviço público de
saúde, o que confirma os dados de
um estudo internacional de
morbidade, que relata que as
mulheres utilizam 20% mais os
serviços de saúde do que os
homens18,19.
O motivo principal que fez
os usuários procurarem o
atendimento quiroprático foi dor
e/ou desconforto na região da
coluna lombar com 33,3%, a
segunda queixa foi na região da
coluna cervical com 14,3%, seguida
pela dor torácica e em membros
inferiores, apenas 1,2% eram
assintomáticos (gráfico 2). Estes
dados corroboram com relatos
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internacionais de que as algias
vertebrais são consideradas
atualmente um problema de saúde
pública19. Elas ocorrem em
qualquer idade, e afetam mais de
30% da população de 70 anos de
idade ou mais, numa base
mensal20. O motivo de procura ao
atendimento quiroprático associado
aos aposentados, obteve
significância estatística com p=0,02,
pois 40% deles procuraram o
atendimento por dor e/ou
desconforto na coluna lombar.
Existem diversos fatores de risco
individuais para dor lombar, entre
eles: idade, gênero, hábito de
fumar, condicionamento físico
inadequado, má postura, fadiga
muscular e a imobilidade da
coluna21. A dor lombar é destaque
entre as causas de aposentadoria
por invalidez e auxílio-doença
previdenciários. Levantamentos
realizados com trabalhadores nos
Estados Unidos mostraram uma
prevalência de 17,6% atingindo
mais de 22 milhões de indivíduos20.
Sob o ponto de vista de
pacientes, profissionais e
instituições provedoras dos serviços
de saúde, é inquestionável a
importância do trabalho
multidisciplinar com ortopedistas,
quiropraxistas, fisioterapeutas e
outros profissionais da saúde
utilizando protocolos de tratamento
baseados em evidências, visando a
melhor condução de casos de
desordens vertebrais. Estudos
recentes realizados no Canadá,
Reino Unido e Estados Unidos
discorrem melhores resultados
quando a manipulação vertebral,
realizada por profissionais
devidamente habilitados e integrada
à prescrição de exercícios são
adicionadas ao cuidado médico
habitual21-23.
O quesito hábito de fumar
associado ao gênero, apresentou
significância estatística com p=0,01.
Entre os usuários do gênero
masculino 23,6% eram fumantes.
Quando se associou o hábito de
fumar e alteração da pressão
arterial (PA) diastólica e sistólica
constatou-se uma significância
estatística respectivamente de:
p=0,05 e p=0,02. Os efeitos do
tabagismo são catastróficos, um em
cada dez adultos no mundo morre
devido ao vicio, o que representa
aproximadamente cinco milhões de
óbitos anuais. Se o atual padrão
continuar, a proporção será de um
em cada seis óbitos até 2030, cerca
de 10 milhões de óbitos por ano.
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Isso significa que aproximadamente
500 milhões de pessoas que estão
vivas hoje morrerão por causa do
tabagismo22.
A associação de gênero dos
usuários e a maneira do sono não
apresentou significância estatística,
embora 41,9% das mulheres e
21,1% dos homens relataram
distúrbio no sono (gráfico 3). Estes
dados confirmam os achados na
literatura sobre a prevalência da
insônia no gênero feminino23. A
dificuldade para dormir e baixa
qualidade de sono podem gerar
sinais de estresse e
comprometimento no estilo de vida
saudável24. A manipulação vertebral
afeta os neurônios aferentes
primários dos tecidos
paravertebrais, controlando o
sistema motor e processamento da
dor25, contribuindo dessa forma no
aumento da qualidade de sono,
diminuindo o estresse e
consequentemente melhora na
saúde e bem-estar.
No tocante gênero e uso de
bebidas alcoólicas, também não
apresentou significância estatística,
todavia, 28,4% deles afirmaram
beberem com frequência. Em
contrapartida, quando se associou o
uso de bebidas alcoólicas com
alterações da PA, diastólica e
sistólica, os dados apresentaram
significância estatística de
respectivamente: p=0,002 e p=0,01.
Corroborando com estes achados,
citamos relatos de um estudo que
afirma que a dependência do álcool
acomete cerca de 10% a 12% da
população mundial e, de acordo
com o primeiro levantamento
domiciliar sobre o uso de drogas,
11,2% dos brasileiros que vivem
nas 107 maiores cidades do país.
Os problemas relacionados ao
alcoolismo são responsáveis por
mais de 10% dos problemas totais
de saúde no Brasil26. Ademais, 5%
a 7% da hipertensão arterial na
população decorrem de consumo de
álcool. Três doses por dia é o limiar
para elevar a pressão sanguínea e
está associado a uma elevação de
3mmHg27. Hábitos nutricionais
saudáveis associados a um estilo
de vida ativo contribuem na
diminuição do estresse com
consequente melhora na qualidade
de vida28. A quiropraxia pode
beneficiar-se do vínculo adquirido
com os usuários atendidos pelo
serviço e encorajá-los a melhorarem
seus hábitos.
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CONCLUSÃO
O perfil dos usuários que
utilizam o atendimento quiroprático
na UBS estudada condiz com os
demais serviços de saúde pública
apresentado na literatura biomédica.
Espera-se que a obtenção
deste conhecimento, incentive a
discussão entre os quiropraxistas,
no intuito de elaborar novos
instrumentos de abordagens
clínicas, que vá de encontro às
necessidades dos indivíduos que
buscam este tipo de serviço, seja
tratando ou adotando
preventivamente medidas
educativas para a redução de
fatores de riscos potencialmente
associados à incapacidade.
CONFLITOS DE INTERESSES:
Não há.
AGRADECIMENTOS: À Mara Célia
Paiva pelo preparo deste
manuscrito.
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Hamburgo, Universidade Feevale, 2008.
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ARTIGO ORIGINAL
Avaliação da relação do tratamento de manipulação articular quiroprática com a expressão urinária de hidroxiprolina em atletas corredores fundistas
Assessment of the relationship of the chiropractor articular manipulation treatment with
the hydroxyproline's urinary expression in long distance runners
Renato HiroseI, Stefan Mello WesterstahlI, Song D.KimII, Carlos J. R. OliveiraIII
I. Quiropraxista. Universidade Anhembi Morumbi (UAM). São Paulo. Brasil
II. Quiropraxista e Farmacêutico. UAM.
III. PhD, Professor Titular na UAM.
E-mail do autor correspondente: [email protected]
ABSTRACT
OBJECTIVES: To evaluate the association between manipulation spinal Chiropractic and the
musculoskeletal lesion's expression using the hydroxyploline dose's mensuration in long
distance runners's urine. METHODS: A sample of eight distance runners, six males, between
15 and 45 years old, who have integrated both the control group and the group analysis. Was
applied in both groups a structured, pre-workout and post-workout with issues containing
personal data, anthropometric characteristics, habits and possible damage to musculoskeletal
derived from physical activity. In the control group after the completion of the pre-workout
questionnaire was held the first urine collection, after the circuit exercises proceeded to fill out
the questionnaire after training, subjective assessment of pain and the second urine collection
and forwarding the same for laboratory analysis. The group performed the same analysis
procedures, adding manipulative therapy after urine collection pre-workout and answer the
questions in the questionnaire after training on the onset of adverse reactions and subjective
improvement during training after joint manipulation. RESULTS: Analysis of urinary
hydroxyproline in both groups showed a variation of 0.3mg which does not represent a
statistically significant difference. Noted that 62.5% of the athletes reported a reduction of pain
during training after chiropractic manipulative therapy and 75.0% of the athletes reported no
adverse reactions after chiropractic manipulative therapy. CONCLUSIONS: The trainings
conducted by the club with this sample group were performed within the safety standards
required to prevent damage to the musculoskeletal system. The joint manipulation therapy was
effective in reducing pain symptoms and secure parameter in adverse reactions.KEYWORDS:
Spinal manipulation, adverse effects, hydroxyproline, runners, chiropractic.
RESUMO
OBJETIVOS: Avaliar a relação entre a terapia de manipulação espinhal quiroprática e a
expressão de lesão musculoesquelética utilizando a mensuração da dosagem da hidroxiprolina
na urina em atletas corredores fundistas. MÉTODOS: Participaram da amostra oito corredores
fundistas, seis do gênero masculino, entre 15 e 45 anos, que integraram tanto o grupo controle
como o grupo análise. Foi aplicado em ambos os grupos um questionário estruturado, pré-
treino e pós-treino, com questões contendo dados pessoais, características antropométricas,
hábitos e possíveis danos musculoesqueléticos derivados de atividade física. No grupo
controle após o preenchimento do questionário pré-treino foi realizada a primeira coleta de
urina, após a realização do circuito de exercícios procedeu-se o preenchimento do questionário
pós-treino, avaliação subjetiva de dor e a segunda coleta de urina e encaminhamento da
mesma para análise laboratorial. O grupo análise realizou os mesmos procedimentos,
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acrescentando a terapia de manipulação articular após a coleta de urina pré-treino e reposta às
perguntas do questionário pós-treino sobre o aparecimento de reações adversas e melhora
subjetiva durante o treinamento após a manipulação articular. RESULTADOS: Na análise
urinária da hidroxiprolina em ambos os grupos observou-se uma variação em seus níveis
médios em 0,3mg não representando uma diferença estatisticamente significativa. Observou
que 62,5% dos atletas referiram diminuição do quadro álgico durante o treinamento após
terapia de manipulação articular quiroprática e 75.0% dos atletas não referiram reações
adversas após terapia de manipulação articular quiroprática. CONCLUSÕES: Os treinos
realizados no clube estudado, com este grupo amostral foram realizados dentro dos padrões
de segurança necessários para evitar a ocorrência de danos no sistema musculoesquelético. A
terapia de manipulação articular quiroprática mostrou-se eficaz na redução do quadro álgico e
segura no parâmetro reações adversas.
PALAVRAS-CHAVE: Manipulação espinhal, efeitos adversos, hidroxiprolina, atletas
corredores, quiropraxia.
INTRODUÇÃO
A Quiropraxia é uma
profissão da área da saúde que lida
com o diagnóstico, tratamento e
prevenção das desordens
mecânicas do sistema
musculoesquelético e das
implicações destes transtornos no
sistema nervoso e na saúde em
geral1. Há uma ênfase em
tratamentos manuais incluindo a
manipulação articular, que é
caracterizada por um impulso
dirigido para mover uma articulação
além da sua amplitude fisiológica de
movimento, sem ultrapassar o limite
anatômico1,2. A referida manobra é
utilizada como forma de tratamento
para disfunções na coluna vertebral
e outras condições. Desconforto
local, dor de cabeça, cansaço,
tontura, náuseas e aumento da
temperatura na pele estão entre os
relatos mais comuns dos seus
efeitos adversos que, geralmente
são leves e passageiros3,5. Relatos
de complicações graves, como
acidente vascular cerebral,
síndrome da cauda equina e
agravamento de hérnia de disco,
são considerados raros e não
apresentaram objetivamente nexo
causal6. A segurança na prática
quiroprática continua sendo um
importante foco de pesquisa7-9. Um
estudo de 1998 estimou que a cada
10 milhões de manipulações na
região superior da coluna cervical
ocorre lesão em 6,4 e na região
lombar, uma em 100 milhões de
manipulações8.
Em busca da melhora no
potencial atlético, o corredor
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fundista se expõe regularmente a
ações musculares com sobrecarga
durante o treinamento de resistência
de força10, o que o leva, muitas
vezes, às lesões no aparelho
locomotor com sintomas de dor e
consequente aumento na excreção
urinária da hidroxiprolina (HP)11. A
HP é reconhecida como marcador
biológico do
catabolismo/anabolismo do
colágeno do aparelho locomotor,
seus níveis aumentados na urina
sugerem a ocorrência de micro
lesão nos tecidos conjuntivos. A
comparação dos seus coeficientes
antes e após treinamento permite
identificar a dimensão da lesão
tecidual12,13.
Considerando o exposto, esta
pesquisa se propôs a estudar a
relação entre o tratamento de
manipulação articular e a expressão
de lesão musculoesquelética,
utilizando a dosagem da
hidroxiprolina na urina em atletas
corredores fundistas e identificar as
reações adversas após as
manobras de manipulação articular
e sua dimensão.
MÉTODOS
A pesquisa realizada pode
ser classificada como do tipo quase
experimental, seus participantes
fizeram parte do grupo controle e
análise, com teste e reteste após
treinamento14. Os sujeitos foram
informados sobre o teor da pesquisa
e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Amostra
A amostra foi composta por
oito praticantes de atletismo da
modalidade de corrida de fundo,
seis do gênero masculino, inscritos
na Federação Brasileira de
Atletismo. O estudo foi realizado em
um Clube de Esportes, localizado
no município de São Paulo-Brasil.
Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos na amostra
atletas de ambos os gêneros, com
idade entre 15 e 45 anos e prática
na modalidade de corrida de fundo
a mais de seis meses. Foram
excluídos os atletas que tinham
dificuldade em permanecer em
jejum por 12 horas e que,
previamente, apresentassem
características como: alteração
neural, muscular e ou esquelética
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associados, consumo de álcool ou
outra substância que pudesse
influenciar os níveis de HP na
excreção urinária; índice de massa
corporal (IMC) acima de 40;
doenças metabólicas, dor, ou
aqueles que adotavam dieta com
alto valor proteico.
Procedimentos
O estudo foi realizado em
duas etapas. Na primeira os atletas
atuaram como grupo controle e na
segunda como grupo análise. Antes
de cada coleta os participantes do
estudo foram orientados a realizar
jejum de 12 horas e desprezar a
primeira urina do dia. As amostras
foram coletadas e armazenadas em
recipientes plásticos esterilizados
fornecidos pelo laboratório OMNI-
CCNI Medicina Diagnóstica, local
em que foi realizada a análise da
urina.
Etapa um - (grupo controle) seguiu-
se a seguinte ordem cronológica:
questionário pré-treino, coleta um
de urina, descanso, prática do
treino, coleta dois, questionário pós-
treino e análise da urina. O
questionário pré-treino constou de
informações sobre presença de
lesões e ou dor e sua intensidade
foi dimensionada pela Escala Visual
Analógica de dor (EVA)15. Em
seguida os participantes tiveram 10
minutos de descanso e início das
atividades esportivas com duração
de 1 hora e 50 minutos com corrida
leve; alongamento; técnica de
corrida e tiros de corrida de 400 e
1000 metros. Duas horas após o
treino foi realizada a segunda coleta
de urina e preenchimento do
questionário pós-treino para aferir
sintomatologia do aspecto de dor e
sua intensidade, utilizando a EVA. A
análise urinaria foi realizada para
exame hidroxiprolina duas horas,
utilizando o método colorimétrico.
Etapa dois - (grupo análise)
participou dessa fase os sujeitos da
amostra anterior, uma semana após
a finalização da primeira etapa. Foi
seguida a ordem cronológica
anterior, substituindo o período de
descanso após o preenchimento do
questionário pré-treino, pela
manipulação articular, realizada em
regiões anatômicas do esqueleto
axial que apresentaram restrição
articular.
Estatística
Os dados foram analisados
pela frequência absoluta e relativa,
aplicando o teste paramétrico “t” de
Student para verificar a ocorrência
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 108 de 143
de diferenças significativas na
hidroxiprolina e o teste de Wilcoxon
para avaliar os níveis de dor. O
valor de 5% (p<0,05) foi adotado
como limite para rejeição da
hipótese de nulidade13.
RESULTADOS
Gráfico 1: Média do nível de hidroxiprolina segundo o grupo e o momento do estudo.
Gráfico 2: Correlação entre EVA e nível de hidroxiprolina segundo o grupo e o momento
do estudo.
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 109 de 143
Tabela 1: Demonstração de reações adversas após a manipulação articular
REAÇÕES ADVERSAS
N %
desconforto local 2 25
dor de cabeça 0 0
cansaço 0 0
aumento da temperatura 0 0
tontura 0 0
náuseas 0 0
nenhuma 6 75%
DISCUSSÃO
A capacidade de força no
movimento humano encontra-se
interligada com a competência
motora e de força, a somatória de
ambas as competências originou o
termo “resistência de força” que
está associada à habilidade de
manter um nível constante de força
durante o tempo de um gesto ou
atividade esportiva16. A busca
dessa competência durante os
treinamentos pode gerar a
degradação do colágeno no tecido
muscular e tendíneos, o que é
mensurável por índices bioquímicos
como a HD tendíneos17
.
No presente estudo foram
avaliados oito atletas entre 15 e 45
anos. Em relação ao tempo de
atividade física, 62,5% iniciaram a
prática há mais de 48 meses;
quanto à frequência, 75% treinavam
seis vezes por semana e 87,5%
afirmaram que a sessão de
treinamento tinha duração de 60 a
120 minutos. De acordo com a
literatura esportiva, o corredor
fundista percorre em média uma
distância de 64 km em treinamentos
semanais realizados num espaço de
quatro a sete dias18.
Na análise urinária da
hidroxiprolina do grupo controle, foi
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 110 de 143
observado um aumento da média,
mediana, mínimo, máximo e desvio-
padrão do pós-treino em relação ao
pré-treino, com aumento de 0,3
mg/amostra de 2 horas (7,35%) na
média entre eles. No grupo análise,
ocorreram idênticos índices em
relação ao pré-treino com aumento
semelhante de 0,3 mg/amostra de
duas horas e (10,73%) na média
entre os dois momentos (Gráfico 1).
O aumento de DH entre as coletas,
em ambos os grupos, segundo o
teste de normalidade constatou que
essa diferença não é
estatisticamente significativa para
p< 0,05, sugerindo que os treinos
foram realizados dentro dos
padrões de segurança necessários
para evitar a ocorrência de
alteração em cadeias musculares12.
No quesito avaliação
subjetiva da dor mensurada pela
EVA o grupo controle apresentou
um aumento na média, mediana,
máximo e desvio-padrão em
comparação ao pós-treino com o
pré-treino. O valor mínimo continuou
igual e o aumento da média foi de
1,875 (214,2%) entre eles. No grupo
análise, observou-se diminuição nos
índices da EVA médio, valor
máximo e desvio-padrão do pós-
treino em relação ao pré-treino. A
mediana e o valor mínimo
permaneceram inalterados. A
diminuição da média foi de 0,125
(11,1%) entre os dois momentos
(Gráfico 2). Referidos achados
corroboram com os relatos de
Salgueiro19 e Oliveira20 que
identificaram diminuição da dor,
após tratamento com a manipulação
articular. A correção do
posicionamento articular promove o
aumento da mobilidade espinhal
com consequente aumento de
atividade nas fibras proprioceptivas
facetárias, inibindo a transmissão de
estímulos dolorosos5.
Embora a presente amostra
seja estatisticamente falando
absolutamente pequena, o que não
nos permite generalizar os
resultados, dos oito sujeitos
participantes somente dois referiram
desconforto leve e momentâneo
após a manipulação articular, o que
sugere que o tratamento adotado foi
eficaz e seguro. Registros similares
foram encontrados na literatura:
num estudo de 2007, realizado com
19.722 pacientes de quiropraxia no
Reino Unido, os efeitos adversos
imediatos encontrados após a
manipulação da coluna cervical
foram leves e temporários e o índice
de um evento adverso grave variou
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 111 de 143
de "baixo a muito baixo" em até sete
dias após o tratamento21. Um
segundo estudo, de 2009, que
contou com nove anos de registros
de internação hospitalar na
população de Ontário, Canadá
analisou 818 casos de
comprometimento da artéria
vertebrobasilar e acidente vascular
cerebral. Como resultado
encontrou-se uma associação entre
visitas a um profissional de saúde e
posterior curso da artéria vértebro
basilar, contudo não apresentou
nenhuma evidência que a
manipulação articular quiroprática
predispusesse o paciente a um
maior risco do que qualquer outro
profissional de cuidados primários9.
Em 2013, num ensaio clínico
randomizado controlado com 167
pessoas, atendidas duas vezes por
semana, em que 50% receberam
um ajuste normal de um
quiropraxista, e a outra metade
recebeu um procedimento falso,
sem efeito algum, demonstrou que
não houve diferença
estatisticamente significativa na
quantidade de reações adversas
entre os grupos 21. O que podemos
concluir que as reações adversas
de exacerbação da dor após o
tratamento quiroprático,
possivelmente não passam de um
efeito placebo.
Cada vez mais percebemos a
segurança e a eficácia do
tratamento!
Entre as limitações que
podem ter interferido nos resultados
destaca-se o tamanho restrito da
amostra; a dificuldade em encontrar
atletas que se dispusessem a
permanecer em jejum por doze
horas; a dificuldade na
padronização de treinamento entre
os atletas e a falta de apoio
financeiro para os custos das
análises laboratoriais.
CONCLUSÕES
O treinamento realizado pelo
grupo amostral foi realizado dentro
dos padrões de segurança
necessários para evitar a ocorrência
de danos ao sistema
musculoesquelético.
A terapia de manipulação
articular quiroprática mostrou-se
eficaz na redução do quadro álgico
e segura no parâmetro reações
adversas.
CONFLITOS DE INTERESSES:
Não há.
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 112 de 143
AGRADECIMENTOS: À Mara Celia
Paiva pelo preparo deste
manuscrito.
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ARTIGO ORIGINAL
Alterações pós-ajustes vertebrais em praticantes de montanhismo
Changes in post-spinal adjustments practitioners of mountaineering
Ismael ZieroI e Marcelo Machado de OliveiraII
I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Feevale-RS.
II. Quiropraxista e Professor especialista. Feevale.
E-mail do autor correspondente: [email protected]
RESUMO
OBJETIVO: identificar a ocorrência de alterações nas queixas de dor apresentadas por
praticantes do montanhismo após tratamento quiroprático. MÉTODOS: Estudo quantitativo
analítico transversal pré-experimental, composto por oito praticantes de montanhismo da
Associação Caxiense de Montanhismo, de ambos os gêneros, entre as idades de 24 e 30
anos, que apresentavam disfunções musculoesqueléticas. Os indivíduos foram avaliados
utilizando questionário informativo, escala visual analógica de dor e o prontuário da Clínica
Escola. Para avaliação específica, foi aplicado um questionário apropriado, segundo as
queixas apresentadas: Incapacidade do pescoço, questionário para lesões localizadas nos
membros superiores e inferiores de Gary Jacob e o questionário de Incapacidade de Oswestry
para a coluna lombar. Os questionários específicos foram aplicados na primeira e última
consulta. O tratamento constou de quatro atendimentos, duas vezes por semana e incluiu
tração articular e ajustes nas subluxações encontradas, na coluna vertebral e extremidades.
RESULTADOS: Inicialmente, todos os participantes apresentaram queixas na coluna cervical e
lombar, 50% relatou queixas nos membros superiores e 62,5% nos membros inferiores. Após
tratamento, a redução sintomatológica na coluna cervical e membros superiores foram de
12,5% e nos membros inferiores 25%. O melhor resultado foi atingido na coluna lombar, com
diminuição de 75% nas queixas. A análise dos questionários aplicados comparando as queixas
musculoesqueléticas com o tempo de prática corrente e de prática diário demonstrou que a dor
é maior entre os que praticam o esporte há mais de quatro anos. Quanto ao treinamento
diário, esta pesquisa não apresentou relação entre a quantidade de dias da prática do esporte
ao mês e a média de escala de dor, exceto entre os que se queixavam de dor cervical.
CONCLUSÃO: Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o tratamento quiroprático
proporcionou redução no quadro sintomatológico e aumento no desempenho esportivo em
praticantes de montanhismo.
PALAVRAS-CHAVES: Quiropraxia, alterações álgicas, lesão, escalada esportiva, tratamento.
ABSTRACT
OBJECTIVE: identify the occurrence of changes in pain complaints presented by practitioners
of mountaineering after chiropractic treatment. METHODS: Pre-experimental cross-sectional
study, consists of eight practicing mountaineering Mountaineering Association Caxiense, six
males, between the ages of 24 and 30 years, which had musculoskeletal dysfunctions. The
subjects were evaluated using informative questionnaire, visual analogue scale for pain and the
medical records of the Clinical School. For specific evaluation, a questionnaire was appropriate,
according to the complaints: Inability neck, questionnaire for lesions in the upper and lower
limbs Gary Jacob and the Oswestry Disability Questionnaire for the lumbar spine. The specific
questionnaires were applied in the first and last visit. The treatment consisted of four sessions,
twice a week and included tensile joint subluxations and adjustments found in the spine and
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 115 de 143
extremities. RESULTS: Initially, all participants had complaints in the cervical and lumbar spine,
50% reported complaints in the upper and lower limbs in 62.5%. After treatment, the reduction
of symptoms of cervical spine and upper limb was 12.5% and lower limbs 25%. The best result
was achieved in the lumbar spine, with a decrease of 75% in complaints. The analysis of the
questionnaires comparing musculoskeletal complaints with time and practice daily practice
showed that the pain is greater among those who practice the sport for over four years. As for
the daily training, this study showed no relationship between the amounts of days the practice of
sport per month and average pain scale, except among those who complained of neck pain.
CONCLUSION: Based on these results, it is concluded that chiropractic treatment caused a
reduction in symptomatology and increased sports performance practitioners in mountaineering.
KEY WORDS: Chiropractic, painful changes, injury, sport climber, treatment.
INTRODUÇÃO
Montanhismo é a
atividade de subir montanhas, seja
caminhando ou escalando. A
primeira escalada sobre rochas
ocorreu nos Alpes em 1492 e foi
realizada pelo francês Antoine de
Ville. Novas escaladas ocorreram
séculos depois, sempre com cunho
exploratório da natureza. No século
XX a escalada tornou-se
modalidade esportiva com regras e
competições. A partir de então, o
montanhismo difundiu-se
internacionalmente e atualmente é
praticado em áreas fechadas
(indoor) e abertas (outdoor) por
pessoas de todas as idades1. No
Brasil sua história inicia no século
XVII no período de exploração de
terras. Foi impulsionada pelos
bandeirantes com o intuito de
descobrir terras novas e criar
caminhos alternativos2. Atualmente
existem cerca de sete federações
nos estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul, Ceará, Paraná e Santa
Catarina, filiadas a Confederação
Brasileira de Montanhismo e
Escalada, e ainda outras tantas
associações, clubes, centros de
montanhismo e escalada em cada
estado3. A população de
montanhistas no Brasil é composta
por aproximadamente 10.0003,4
participantes. Destes, acredita-se
que 1000 encontram-se no Rio
Grande do Sul5. A escalada é
formada por uma via de subida
íngreme e vertical, com agarras,
pontos de apoio e superfícies de
sustentação no trajeto1. Para chegar
ao cume é necessário direção
apurada, controle psicológico,
concentração, força motora e
equilíbrio para realizar movimentos
adequados e garantir, desta forma,
a própria segurança e a dos
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 116 de 143
acompanhantes6. As escaladas são
geralmente realizadas com os
braços elevados, acima de 90
graus, o que predispõe os membros
superiores (MMSS) a lesões7. As
mais comuns, entre os
montanhistas, dividem-se em duas
categorias, as causadas por quedas
e as por uso excessivo. As
ocasionadas por quedas são raras e
a maioria resulta de uso excessivo,
ocorrendo com maior frequência
nos dedos das mãos, cotovelos e
ombros8.
À semelhança de outros
países, no Brasil os dados oficiais
sobre a prevalência de distúrbio
musculoesquelético não apresenta
estratificação segundo a região
acometida ou diagnóstico firmado9.
Estima-se que 75% dos escaladores
apresentem disfunções em MMSS
por uso repetitivo7. O gesto
esportivo recorrente expõe os
mesmos a distúrbios como as
tendinites, ruptura de tendões,
distensões, contraturas musculares
e fraturas, além de predispor à
luxação do ombro10. As lesões
nos punhos e mãos são decorrentes
da biomecânica das pegadas
durante a escalada, a sobrecarga
muscular somada ao movimento
realizado num padrão não
fisiológico, traumatiza o sistema
capsulo-ligamentar e tendíneos,
exacerbando a pressão intra-
articular e aumentando o atrito entre
essas estruturas com consequente
desgaste articular. A articulação
inter falangeana proximal é a mais
atingida11.
Nos membros inferiores
(MMII) as lesões são pouco
evidenciadas. As lesões de menisco
e rupturas do ligamento cruzado
anterior são as mais comuns, e
ocorrem quando o montanhista
realiza hiperflexão do joelho
combinado com rotação lateral da
tíbia e rotação medial do fêmur, o
que leva a compressão do corno
posterior do menisco medial12,
postura essa, conhecida como
posição de rã na escalada13.
Embora as lesões nos pés, sejam
menos frequentes, a literatura
recente descreve alta incidência de
problemas relacionados à sapatilha
de escalada. No intuito de alcançar
uma posição estável e assim
aumentar a sensibilidade
proprioceptiva do pé os
montanhistas utilizam uma sapatilha
muito apertada, que comprime o pé.
Este hábito induz a deformidades
específicas, problemas
musculoesqueléticos,
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 117 de 143
dermatológicos e compressões
neurológicas, como a neuropraxia
dos ramos do nervo fibular
superficial8.
As lesões mais comuns
na coluna vertebral ocorrem em
decorrência da fixação segmentar
da coluna cervical durante a subida,
resultando em dor no pescoço que
pode ser encaminhada para a
região dos ombros e braços14. Os
desequilíbrios musculares desta
região podem alterar a rotação
superior da escápula, alterando o
ritmo escápuloumeral e numa
cadeira cíclica, promover
encurtamento adaptativo dos
músculos peitorais, utilizados nos
gestos de agarrar e puxar15. Um
estudo recente, com atletas
amadores de escalada esportiva,
identificou casos de contratura no
músculo quadrado lombar entre os
participantes da amostra12.
Segundo a Técnica Sacro Occipital,
este achado é um indicativo de
desalinhamento nas cristas ilíacas.
A não correção desta condição
afeta os músculos
antigravitacionais: quadrado lombar,
trapézio, latíssimo do dorso,
sartório, grácil, tensor da fáscia lata,
trato íliotibial, temporal e
esternocleidomastóideo, além dos
ligamentos do joelho16.
O tratamento conservador
adotado para as lesões por uso
repetitivo é o mesmo utilizado em
não atletas, com ressalvas de que o
retorno à atividade deva ser gradual
para evitar recidivas. Durante a fase
aguda, é indicado o repouso da
articulação lesionada, crioterapia,
uso de suporte de imobilização, se
necessário, e antinflamatórios. Na
fase pós-aguda, observada as
contra indicações para o ajuste
articular, como fratura proximal do
úmero ou luxação do ombro, são
realizados os ajustes nas
subluxações encontradas na coluna
vertebral e nas extremidades17. O
ajuste articular além de promover o
alívio dos sintomas restabelece a
comunicação entre o sistema
nervoso e o restante do corpo18.
Como as contraturas musculares
miofasciais estão associadas à dor
e subluxação vertebral, muitas
vezes, faz-se necessário a liberação
mioarticular, antes de realizar os
ajustes, já que a prática permite, por
vias reflexas, o relaxamento dos
tecidos moles, aumento da
amplitude articular e melhora na
produtividade do atleta17,18.
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 118 de 143
Não foram encontrados, na
literatura biomédica, relatos sobre o
efeito do tratamento quiroprático
nas alterações musculoesqueléticas
em praticantes de montanhismo.
Por esta razão, propôs-se a
realização deste trabalho,
objetivando identificar a ocorrência
de alterações nas queixas de dor
apresentadas por praticantes do
montanhismo após tratamento
quiroprático.
MÉTODOS
A presente pesquisa
caracterizou-se como estudo
quantitativo analítico transversal
pré-experimental, com propósito de
verificar a incidência de lesões
ocorridas em desportistas
praticantes de modalidades de
montanhismo do Rio Grande do Sul.
O protocolo da pesquisa foi
submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da
Universidade Feevale e foi
cadastrado sob nº 400.03.08.1251.
Todos os indivíduos assinaram o
termo de consentimento livre e
esclarecido.
Amostra
A pesquisa foi composta por
praticantes de modalidades do
montanhismo, de ambos os
gêneros, com faixa etária mínima de
24 anos e máxima de 30 anos,
totalizando oito participantes, que
apresentaram disfunções
neuromusculoesqueléticas. O tipo
de amostragem foi não
probabilística por conveniência.
Inicialmente, a amostra foi
composta por 20 participantes,
porém, somente oito destes
compareceram a todas as
consultas. Não foram inseridos
aqueles que realizavam tratamento
para doenças crônicas,
consumissem medicamento
analgésico e/ou antinflamatórios e
os que utilizassem próteses ou
órteses na coluna vertebral ou
extremidades.
Procedimentos
O estudo foi elaborado nas
dependências da sede da
Associação Caxiense de
Montanhismo, entre os meses de
abril e maio. Para a avaliação dos
indivíduos foi utilizado um
questionário informativo, a escala
visual analógica de dor (EVA) e o
prontuário da Clínica Escola de
Quiropraxia da Universidade
Feevale. Para avaliação específica,
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 119 de 143
foi aplicado um questionário
apropriado, segundo as queixas
apresentadas: Incapacidade do
pescoço, para a coluna cervical;
questionário para lesões localizadas
nos membros superiores e inferiores
de Gary Jacob e o questionário de
Incapacidade de Oswestry para a
coluna lombar.
Os questionários
específicos da queixa principal do
indivíduo foram aplicados na
primeira e última consulta, de um
total de quatro, duas por semana.
O tratamento constou de tração e
ajustes nas subluxações
encontradas na coluna vertebral e
extremidades. A intensidade da dor
foi avaliada pela EVA, preenchida
pelo paciente antes de cada
atendimento. A frequência das
crises e o relato das alterações
sintomatológicas foram registrados,
em todas as consultas.
Estudo estatístico
A análise estatística foi
realizada utilizando o programa Epi
Info, versão 3.3.4. Foi considerado
estatisticamente significativo erro
alfa inferior a 5% no teste de Mann-
Whitney (p<0,05).
RESULTADOS
Gráfico 1 - Comparativo pré e pós-tratamento por queixa musculoesquelética.
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 120 de 143
Gráfico 2 – Comparativo da dor por queixa antes e após o tratamento.
Tabela 2 – Comparação de queixas por tempo de prática corrente e prática diária.
Coluna cervical
Coluna lombar
Membros superiores
Membros inferiores
Tempo de
prática corrente
1 a 3 anos 5,16 3,16 2 2,66
4 a 5 anos 6 5 5 4
Mais de 6 anos
5 5 4 2
Tempo de
prática diária
1 a 2 dias 2 6 0 6
3 a 5 dias 5,5 3,5 3,5 1,83
6 ou mais dias
7 2 0 5
DISCUSSÃO
Entre os esportes incluídos
para os jogos olímpicos de 2020
encontra-se a escalada esportiva19.
Esta modalidade foi formada em
2007 e desde então, tem
experimentado grande crescimento,
expressos pelo número de
federações, clubes licenciados e
aumento de interessados na prática
do esporte20. O presente estudo,
antes do tratamento, demonstrou
unanimidade entre os esportistas
para queixa de dor na coluna
cervical e lombar (gráfico 1). Na
literatura há poucos relatados
recentes sobre a prevalência de
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 121 de 143
lesões na coluna vertebral entre os
escaladores. Um estudo realizado
com 295 alpinistas apresentou
apenas quatro relatos de lesão na
coluna lombar, o que contradiz com
os achados da presente pesquisa.
Durante a escalada o praticante
assume uma posição de
hiperextensão da coluna cervical,
comprimindo as facetas articulares,
o que promove dor e desconforto
articulares, especialmente durante a
realização da segurança de outro
praticante. O uso do capacete de
segurança também é um fator
contribuinte para sintomas de dor
nesta região anatômica14. Em
relação à dor lombar estar presente
na totalidade da população
estudada, sugere que os músculos
profundos do tronco, multífidos,
transverso do abdome, diafragma e
assoalho pélvico, conhecidos como
CORE, não foram fortalecimentos
adequadamente, já que os mesmos
compõem o centro de força e
estabilidade responsável pela
sustentação da coluna lombar21. O
fortalecimento dos mesmos é
essencial nesta prática esportiva,
pois o recrutamento adequado
desta musculatura diminuirá a
sobrecarga dos MMSS evitando as
lesões por uso excessivo22. Este
estudo também demonstrou que
50% da população relatou dor ou
desconforto nos MMSS. O mesmo
ocorreu em relação ao MMII em
62,5% dos escaladores (gráfico 1).
Os dados desta pesquisa
validam parcialmente os relatos
encontrados na literatura que
afirmam que a escalada é uma
atividade que predispõe seus
participantes às lesões por
sobrecarga nos MMSS, com
incidência que varia entre 33-51%, e
sugerem que anormalidades na
biomecânica escápuloumeral sejam
as responsáveis por estas
disfunções23. Um segundo estudo
avaliando diferentes modalidades
esportivas apontou a dor no ombro
como o sintoma mais referido pelos
atletas, com 72,3%, seguida de
luxação 27,7%, limitação de
movimento do ombro em 17,6%,
fraqueza muscular 11,7%, síndrome
do braço-morto 11,7% e falseio em
6,7%. Dos participantes 35%
apresentavam mais de um
sintoma24.
As lesões em MMII
parecem ser menos evidentes entre
os escaladores. Encontramos na
literatura um relato de apenas seis
lesões no joelho entre 295
alpinistas, o que contradiz com os
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 122 de 143
resultados ora demonstrados25.
Outro estudo, declara que as lesões
em membros inferiores são mais
comuns em escalada outdoors e
são causadas por quedas26 .
Estabelecer com precisão a
prevalência de lesões
musculoesqueléticas entre
alpinistas é uma difícil questão, pois
não há uma lista básica que se
possam comparar em ambas as
modalidades, indoor ou outdoor25.
Embora não tenha
apresentado significância estatística
os resultados obtidos com a
intervenção quiroprática demonstrou
redução no índice de dor nas
queixas musculoesqueléticas
(gráfico 2), especialmente na coluna
lombar com um decréscimo de 75%.
A manipulação articular pode
produzir, em curto prazo, alterações
visco elásticas na musculatura e
nos ligamentos causando mudanças
súbitas na amplitude de movimento
da coluna vertebral e dos membros
inferiores27
.
A análise dos
questionários aplicados
comparando as queixas
musculoesqueléticas com o tempo
de prática corrente e de prática
diária (tabela 1) demonstrou que a
dor é maior entre os que praticam o
esporte há mais tempo, ou seja, de
4 anos em diante. Isso era
esperado, pois o maior tempo de
prática da escalada tende a causar
maior número de lesões, e portanto,
uma escala de dor maior. Porém,
analisando cada queixa
separadamente, não ocorreu o
mesmo. Nos membros inferiores,
por exemplo, o menor valor de
escala de dor esteve entre os
praticantes que escalavam há mais
de seis anos. Sugere-se que a
prática produziu experiência capaz
de administrar os gestos esportivos
de maior risco, evitando o
agravamento sintomatológico, como
alongamentos durante e após a
prática, distribuição do peso do
corpo sobre os membros inferiores
para não sobrecarregar o tendão e
a musculatura flexora do antebraço
e mão28. Quanto ao treinamento
diário, esta pesquisa não
apresentou relação entre a
quantidade de dias da prática do
esporte ao mês e a média de escala
de dor, exceto entre os que se
queixavam de dor cervical.
Destaca-se como principal
dificuldade na realização deste
estudo o não comparecimento de
doze participantes que compunham
a amostra inicial formada de vinte, à
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totalidade das consultas que compunham o tratamento.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados
obtidos, conclui-se que o tratamento
quiroprático proporcionou redução
no quadro sintomatológico e
aumento no desempenho esportivo
em praticantes de montanhismo.
Como a evidência de
medidas preventivas para esta
população é baixa, propõe–se mais
estudos a respeito.
CONFLITOS E INTERESSES: Não
há.
AGRADECIMENTOS: À Mara Celia
Paiva pelo preparo deste
manuscrito.
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ascensão à transcendência. RAM.
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ARTIGO ORIGINAL
Prevalência de escoliose idiopática em pacientes submetidos ao
atendimento quiroprático em uma clínica escola
Prevalence of idiopathic scoliosis in patients undergoing chiropractic care in a
clinic school
Gabriela Piccoli PizzamiglioI, Mariana Wentz FaoroII, Nara Isabel GehlenIII
I. Quiropraxista pelo Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Feevale-RS.
II. Quiropraxista Mestre em Saúde Coletiva. Universidade do Vale do Rio dos
Sinos.
III. Educadora física e Prof. Especialista. FEEVALE.
E-mail do autor correspondente: [email protected]
RESUMO
OBJETIVO: Estimar a prevalência de escoliose idiopática e as variáveis associadas em
pacientes atendidos em uma clinica escola de Quiropraxia no período de um ano. MÉTODOS:
Estudo de corte transversal do tipo descritivo retrospectivo, na qual a unidade de análise foi os
prontuários. Após o diagnóstico confirmado de escoliose, foi analisado gênero, idade, grau da
afecção e quadro álgico dos portadores. Foi utilizado o teste t-Student com um índice de
significância de p < 0,05 em todas as comparações. RESULTADOS: Num universo de 3780
prontuários, 136 deles eram de portadores de escoliose idiopática. A faixa etária mediana foi de
39 anos, sendo a idade mínima de três e a máxima de 80 anos, dentre os quais 77% eram
mulheres. Observou-se predomínio da curva primária torácica 68%, seguida pela lombar 32%.
As curvaturas secundárias apresentaram valores de 32% na região torácica e 28% na lombar.
Para as curvas primárias a convexidade à direita representou 63% dos casos, com média de
angulação da curvatura de 22° (dp (desvio padrão) = 14º). A média de angulação da curva
secundária foi de 19°, variando 15° para mais ou para menos (desvio padrão). A queixa de dor
esteve presente em 71% da amostra. Em 20% dos prontuários foi mencionado que as curvas
foram mensuradas utilizando a técnica de ângulo de Cobb. CONCLUSÃO: O presente estudo
revelou que a prevalência estimada de escoliose de etiologia idiopática e as variáveis
associadas são compatíveis com os valores descritos na literatura consultada.
PALAVRAS-CHAVE: escoliose, epidemiologia, quiropraxia, curvas da coluna, prevalência.
ABSTRACT
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of idiopathic scoliosis and associated variables in
patients enrolled in a clinical chiropractic school in one year. METHODS: Cross-sectional
rretrospective descriptive study, in which the unit of analysis was the medical records of
chiropractic teaching clinic of a Higher Education Institution. After the confirmed diagnosis of
scoliosis was analyzed gender and age, degree of disorder and pain symptoms. RESULTS: In
a universe of 3780 records, 136 of them were of idiopathic scoliosis. The median age was 39
years, with a minimum age of three and maximum of 80 years, of whom 77% were women.
Predominance of primary thoracic curve 68%, followed by 32% lumbar. The secondary
curvatures showed values of 32% in the thoracic region and 28% in the lumbar. For primary
curves convexity to the right represented 63% of cases, with an average angle of curvature of
22 ° (SD (standard deviation) = 14). The average angle of the secondary curve was 19 °,
ranging from 15 ° plus or minus (standard deviation). The complaint of pain was present in 71%
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of the sample. In 20% of the records mentioned that the curves were measured using the
technique of Cobb angle. CONCLUSION: The present study revealed that the estimated
prevalence of idiopathic scoliosis and associated variables are consistent with the values
reported in the literature.
KEY WORDS: scoliosis, epidemiology, chiropractic, spinal curves, prevalence.
INTRODUÇÃO
A escoliose é uma deformação
morfológica tridimensional da coluna
vertebral, em que as vértebras se
inclinam no plano frontal, giram no
plano axial e se coloca em póstero-
flexão no plano sagital1-3. Com este
posicionamento os processos
espinhosos das vértebras se
dirigem no sentido da concavidade
e a cifose torácica é diminuída ou
anulada3-5. Para cada curva, as
vértebras mais inclinadas são
chamadas vértebras limite,
enquanto que a vértebra que está
no meio da curvatura e que está
mais desviada do eixo vertical é
chamada de vértebra ápice4.
A princípio, as escolioses são
divididas em dois grandes grupos,
as estruturais e as não estruturais.
Dentro destas duas categorias
existem outras subdivisões que são
utilizadas como critério de
classificação e nomenclatura4. As
escolioses estruturais são
subdivididas em idiopática,
neuromuscular, por ação tumoral,
congênita, neurofibromatosa, por
doença do tecido colágeno,
secundária a artrite reumatoide,
traumática, por contraturas extra
vertebrais, por
osteocondrodistrofias, infecciosas e
por alterações metabólicas. Entre as
escolioses não estruturais
encontram-se a postural, histérica,
por irritação radicular, inflamatória,
por discrepância do membro inferior
e associada às contraturas do
quadril3-5. Atualmente, está
disponível um teste genético que se
propõe a estimar a probabilidade da
progressão da doença com base em
marcadores genômicos e índices
clínicos. Todavia, a associação
entre os marcadores e índices ainda
necessitam de confirmação6.
Estima-se que 80% das
escolioses não apresentem causa
particular identificável, por esta
razão, são denominadas
idiopáticas7. Relatos da prevalência
da escoliose do adulto na população
geral apresentam uma variação de
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1,4% a 32%8. Poucos são os
estudos encontrados na literatura
sobre a escoliose no adulto, quando
comparados às deformidades
infantis e do adolescente. Supõe-se
que isso ocorra, devido à maior
preocupação com suas
complicações secundárias do que
com a escoliose propriamente dita7.
Além do problema estético,
a escoliose pode causar dor e
disfunção importante. Os sintomas
mais comumente relatados são: dor
e diminuição da amplitude de
movimento à lateralização, para o
lado da convexidade. Quando o
quadro escoliótico evolui muito, o
paciente pode desenvolver
alterações pulmonares, cardíacas e
complicações como a estenose, a
espondilolistese e a degeneração
do disco intervertebral8-10.
O diagnóstico da escoliose
idiopática é comumente realizado
com exames de imagem, como as
radiografias com o paciente em
ortostatismo3. É considerado como
variação anormal da curvatura da
coluna, ângulos acima de 10º e o
padrão ouro para avaliar a
dimensão da curvatura e
acompanhar a evolução da mesma
continua sendo o método de
Cobb10. A ressonância magnética é
indicada quando o portador
apresenta características clínicas
atípicas como: início precoce e
progressão acelerada da curva, dor,
sinais neurológicos, síndromes
associadas, pé torto congênito,
curvatura torácica ou toracolombar
de convexidade à esquerda,
componente cifótico e afilamento de
pedículos10.
O tratamento convencional é
o mesmo realizado há 30 anos e o
cuidado quiroprático para
deformidades leves <25° é
composto por avaliação dos fatores
de risco relativos à progressão da
curva; acompanhamento da
angulação e da maturidade do
esqueleto a cada seis meses; ajuste
articular, mobilização onde
necessária; liberação miofascial e
orientação postural. Para
deformidades moderadas entre 10 e
50°, acrescenta-se a utilização da
maca de flexo-extensão, na posição
correta para correção; alongamento
diário; exercícios proprioceptivos;
palmilha, se necessário, e se a
curva for progressiva, indica-se o
uso de coletes. Nas deformidades
>50°, o ajuste quiroprático e demais
cuidados podem auxiliar os
pacientes que não desejam se
submeter à cirurgia; nesta fase a
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 128 de 143
angulação da escoliose pode
progredir 0,5 ou 1° por ano3,12.
O objetivo deste estudo foi
estimar a prevalência de escoliose
idiopática e as variáveis associadas
em pacientes atendidos em uma
clinica escola de Quiropraxia no
período de um ano.
MÉTODOS
A presente pesquisa
caracterizou-se como um estudo
transversal, observacional
descritivo. O protocolo da pesquisa
foi submetido e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Feevale e foi
cadastrado sob nº 400.03.08.1103.
Amostra
A população do estudo foi
composta por prontuários de
atendimento dos pacientes que
procuraram atendimento na Clinica
Escola de Quiropraxia no período
de um ano. A amostra contemplou
os prontuários de pacientes com
diagnóstico de escoliose idiopática.
Procedimentos
A análise baseou-se em
exames de imagem, anamnese e
exame físico. Foram inseridos no
estudo os prontuários que se
encontravam preenchidos de forma
correta e completa. Foram
descatados aqueles com relatos de
complicação relacionada à
escoliose.
Estudo estatístico
Os dados foram processados
e submetidos à análise utilizando,
para tal, a estatística descritiva. Foi
utilizado o teste t de Student com
um índice de significância de p <
0,05 em todas as comparações.
RESULTADOS
Num universo de 3780 prontuários, 136 deles (3,6%) eram de portadores
de escoliose idiopática. A faixa etária mediana total dos pacientes foi de 39
anos, sendo a idade mínima de três e a máxima de 80 anos, dentre os quais
77% pertenciam ao gênero feminino.
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Gráfico 1 – Incidência de indivíduos portadores de escoliose idiopática (n=3780).
No tocante às curvaturas, observou-se predomínio da curva primária
torácica (68%), seguida pela lombar (32%). As secundárias aparecem em
menor frequência, apresentando valores de 32% na região torácica e 28% na
lombar.
Gráfico 2 – Classificação das curvaturas primárias encontradas.
Para as curvas primárias a convexidade à direita representou 63% dos
casos, com média de angulação da curvatura de 22° (dp (desvio padrão) =
14º). O estudo apontou, ainda, que as curvas acima de 20º foram prevalentes
nas mulheres.
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Gráfico 3 – proporção da convexidade na escoliose primária.
A média de angulação da curva secundária foi de 19°, variando 15° para
mais ou para menos (desvio padrão).
Gráfico 4 – classificação das curvas secundárias.
Gráfico 5 – Proporção das queixas de dor (n=136).
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Gráfico 6 - Proporção
do método utilizado para mensuração da curva escoliótica.
DISCUSSÃO
As deformidades da coluna
vertebral, escoliose em particular,
representa o tipo mais prevalente de
deformidade ortopédica em crianças
e adolescentes, enquanto a
escoliose idiopática representa a
forma mais comum1,2. É de
conhecimento cientifico desde 1969
que a escoliose pode continuar a
progredir durante a idade adulta,
após a maturidade esquelética13,
como também desenvolver-se na
idade adulta, neste caso ela é
denominada degenerativa14. Em
2010, o total dos custos hospitalares
estimados nos Estados Unidos da
América para os pacientes liberados
do hospital com um diagnóstico de
escoliose idiopática em
adolescentes, excluindo os
honorários e despesas não
cobertas, foi de $ 2,7 bilhões15. O
que denota a importância da
prevenção e tratamento precoce
desta condição.
Em geral a deformidade se
desenvolve durante o crescimento
em crianças e adolescentes
saudáveis e afetas 4% da
população pediátrica no mundo. Em
cada seis crianças, uma necessita
de tratamento ativo para evitar a
progressão da curvatura1,13,14. No
adulto, poucos estudos de
prevalência da escoliose foram
conduzidos. Os achados na
literatura, descrevem uma variação
de 1,4% a 32%. Com o
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 132 de 143
envelhecimento da população e a
melhora na qualidade de vida, a
escoliose do adulto está se
tornando cada vez mais um
importante problema de saúde8,16.
No quesito da prevalência da
condição entre os gêneros,
encontramos algumas diferenças
estatísticas. Enquanto um estudo de
2002 não apresentou diferença
entre os gêneros9, outros8,14,17
detectaram uma maior frequência
da deformidade no gênero feminino,
o que corrobora com os achados
desta pesquisa, que obteve uma
representação de 77% dos casos
em mulheres. Alguns estudos
sugerem que a maior incidência no
gênero feminino ocorra em função
de alterações ligadas ao gene
receptor de estrogênio1,18 .
Na atual população avaliada
menos de 2% apresentava
escoliose (gráfico 1), dado este
coerente com a media encontrada
na literatura. No que tange às
curvaturas, observou-se predomínio
da curva primária torácica 68%,
seguida pela lombar 32%. As
secundárias aparecem com menor
frequência, apresentando valores de
32% na região torácica e 28% na
lombar (gráfico 2), concordando
com a maioria dos estudos antigos
e atuais17,19-21.
A convexidade à direita
representou 63% dos casos deste
estudo (gráfico 3 e 4) corroborando
com dados antigos que encontraram
curvas torácicas esquerda em 88%
dos pacientes com escoliose
idiopática infantil e curvas torácicas
direitas em 90% dos pacientes
adolescentes22.
A dor esteve presente em
71% dos casos deste estudo
(gráfico 5), o que nos leva a supor a
presença de um intenso processo
degenerativo comprometendo as
estruturas envolvidas, devido
principalmente à atitude
compensatória comum entre os
portadores desta deformidade8-10.
Entre as limitações
encontradas para a realização deste
estudo, destaca-se a insuficiência
de informações contidas nos
prontuários, trazendo informações
da fase da vida em que foi
detectada a deformidade e o
registro da evolução da mesma por
exames de imagens. Em apenas
20% dos prontuários de avaliação
foi mencionado que as curvas foram
mensuradas utilizando a técnica de
ângulo de Cobb (gráfico 6).
ISSN 2179 – 7676 – RBQ - Volume IV, n. 2 - Página 133 de 143
A atuação da Quiropraxia na
escoliose idiopática é promissora,
tanto na fase juvenil como na idade
adulta. Seu tratamento conservador
é capaz de prevenir ou, pelo menos,
retardar a progressão da curva
escoliótica. Além dos ajustes
vertebrais, pode necessária a
utilização de órteses estabilizadoras
para os pés que atuem no
restabelecimento da função e
simetria bilateral da marcha23,
juntamente com a orientação de
exercícios que melhorem o
equilíbrio do corpo e da
coordenação neuromuscular24,25.
CONCLUSÃO
O presente estudo revelou
que a prevalência estimada de
escoliose de etiologia idiopática e as
variáveis associadas são
compatíveis com os valores
descritos na literatura consultada.
CONFLITOS DE INTERESSES:
Não há.
AGRADECIMENTOS: À Mara Celia
Paiva pelo preparo deste
manuscrito.
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ARTIGO ORIGINAL
Efeitos do tratamento quiroprático associado ou não ao uso de bandagem
elástica na postura cervical de deficientes visuais
Effects of chiropractic treatment with or without the use of elastic bandage on cervical
posture for the visually impaired
Leticia GitaciI e Angela KolbergII
I. Quiropraxista pós-graduada em Cinesiologia Laboral pela Faculdade América Latina.
II. PhD, Ft.Qui e Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Cinesiologia Laboral na Faculdade América Latina-Caxias do Sul-RS.Brasil.
E-mail do autor correspondente: [email protected]
RESUMO
OBJETIVOS: Investigar os efeitos do ajuste articular e da aplicação de bandagens elásticas na
amplitude de movimento na região cervical em portadores de deficiência visual que
apresentaram assimetria postural nesta região da coluna vertebral. MÉTODOS: Pesquisa
clínica randomizada, composta por dez indivíduos escolhidos randomicamente, formando dois
grupos iguais. O primeiro recebeu tratamento quiroprático com ajustes articulares vertebrais e o
segundo, além dos ajustes, a aplicação de bandagens elásticas na região cervical. A avaliação
postural foi realizada pelo Software de Avaliação Postural e a amplitude de movimento articular
foi mensurada pela goniometria. RESULTADOS: Observou-se diferença estatisticamente
significativa na amplitude de movimento de extensão e inclinação lateral direita, nos pacientes
do segundo grupo, tratados com ajustes e aplicação de bandagem elástica. A amplitude de
movimento de extensão alcançou a média pré-tratamento de 57,4º e pós-tratamento 67,6º (P=
0,003). A média da amplitude de movimento de inclinação lateral direita pré-tratamento foi de
31,7º e pós-tratamento 37º (P= 0,001). CONCLUSÃO: O tratamento quiroprático com ajuste
articular vertebral, associado à aplicação de bandagem elástica mostrou-se mais eficiente do
que o utilizado isoladamente, na correção postural e aumento da amplitude de movimento na
região cervical.
PALAVRAS-CHAVES: postura, deficiente visual, quiropraxia, bandagem elástica, tratamento.
ABSTRACT
OBJECTIVES: To investigate the effects of joint adjustment and the application of elastic
bandages in the range of movement in the cervical region, in visually impaired postural
asymmetry observed in this region of the spine. METHODS: Randomized clinical trial,
comprising ten randomly chosen individuals, forming two equal groups. One received
chiropractic care and spinal adjustments with other, plus adjustments, the application of elastic
bandages in the cervical region. Postural assessment was performed by Software Postural
Assessment and range of motion was measured by goniometry. RESULTS: Observed a
statistically significant difference in range of motion of extension and right lateral tilt in patients
of the second group, treated with adjustments and applying elastic bandage. The range of
motion in extension averaged pretreatment of 57.4 ° and 67.6 ° after treatment (P = 0.003). The
average range of motion of right lateral tilt pretreatment was 31.7 º and 37 º post-treatment (P =
0.001). CONCLUSION: The chiropractic articular spinal adjustment associated with the
application of an elastic bandage was more efficient than that one used alone, in the correct
posture and increase range of motion in the cervical region.
KEY WORDS: posture, visual deficiency, chiropractic, elastic bandage, treatment.
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INTRODUÇÃO
Uma das vantagens da
postura ereta é permitir que as
mãos permaneçam livres e o olhar
esteja dirigido para o horizonte.
Dentre as desvantagens, destaca-
se a predisposição ao aumento da
sobrecarga sobre a coluna vertebral
e membros inferiores¹. Desde o
século XIX, a função dos captores
sensitivos que recorrem à
manutenção da posição ereta do
homem foi questionada, e a
importância dos olhos foi colocada
em evidência2. A partir dessa
premissa, numerosos estudos em
neurociência foram elaborados
demonstrando, de forma evidente, o
papel da visão, como um importante
captor do sistema postural2.
A postura e o equilíbrio do
ser humano são mantidos por três
tipos de informações: visual,
vestibular e proprioceptiva3. A partir
do momento que se perde um dos
destes sistemas, há uma perda
funcional dos mecanismos
envolvidos no equilíbrio1,4. A
ausência de visão, por exemplo,
pode implicar em alterações no
tônus muscular, postura,
coordenação motora/psíquica,
equilíbrio, além da orientação
espacial, cinestésica e social5.
Neste contexto, indivíduos
deficientes visuais apresentariam
maior deslocamento do centro de
pressão gravitacional em
comparação a indivíduos com a
visão preservada5.
Na literatura biomédica
encontram-se descrições de relatos
das principais assimetrias posturais
encontradas entre os deficientes
visuais. Entre elas citam-se: a
anteriorização cefálica, assimetria
de ombros, alteração escapular,
proeminência abdominal, báscula
anterior de pelve e alterações da
coluna vertebral em crianças com
cegueira congênita6. Na busca de
adaptações posturais
compensatórias a consciência
corporal é alterada7. Em alguns
achados foram encontrados uma
relação entre escoliose postural e a
população que apresentava
disfunções visuais. Nesses estudos
comprovou-se que as crianças com
dificuldades visuais apresentaram
aumento nas assimetrias posturais,
principalmente na curvatura
escoliótica, o que resulta em
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postura anormal de cabeça, no
intuito de compensar o ângulo da
visão3,8.
A avaliação postural e a
mensuração objetiva da amplitude
do movimento articular (ADMA), tem
sido de fundamental importância
para o diagnóstico, planejamento e
acompanhamento da evolução e
dos resultados de qualquer
tratamento musculoesquelético1,4.
Entre os recursos diagnósticos
físico-funcionais para avaliação
postural utilizados pelos
quiropraxistas, encontram-se a
Biofotogrametria Computadorizada
e a Goniometria. A fotogrametria é a
arte, ciência e tecnologia de
obtenção de informação confiável
sobre objetos físicos e o meio
ambiente por meio de processos de
gravação, medição e interpretação
de imagens fotográficas e padrões
de energia eletromagnética radiante
e outras fontes. Possibilita o
registro de mudanças sutis e da
inter-relação entre partes diferentes
do corpo humano difíceis de serem
mensuradas ou registradas por
outros meios9. Para a avaliação
postural, os indivíduos devem se
submeter previamente a
demarcações, geralmente
realizadas com bolas de isopor, em
pontos anatômicos referenciais, que
deverão corresponder aos ângulos
determinados pelo software. As
imagens captadas, devem ser de
boa qualidade, para uma adequada
interpretação fotogramétrica10.
Para a aferição de amplitude
de movimento várias são as
ferramentas utilizadas: a análise por
radiografias11, goniômetro manual e
eletrônico, fita métrica, régua
flexível e estimativa visual11,12.
Neste estudo optou-se pelo estudo
da goniometria, já que a mesma
atua na análise da função e na
biomecânica articular, aferindo o
desvio angular em relação à
gravidade12,13.
Um dos objetivos clínicos da
Quiropraxia é restaurar as funções
fisiológicas articulares, devolvendo
às articulações seu movimento
natural. Este resultado pode ser
obtido pela técnica de quiropraxia,
denominada ajuste articular, que se
baseia em um movimento de
alavanca, curto, específico de alta
velocidade e linha de correção
objetiva14. Além de manipulação
articular, o quiropraxista utiliza
outras estratégias visando o
aumento da força muscular,
estabilidade dinâmica e amplitude
de movimento. O Kinesio Tex®
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Tape é uma ferramenta útil nestes
processos. Sua bandagem elástica
foi projetada para imitar as
propriedades da pele humana,
evitando estímulos sensoriais. O
tipo de aplicação define a tensão a
ser usada15. Acredita-se que a
bandagem elástica aumente a
propriocepção normalizando o tônus
muscular, reduzindo a dor,
corrigindo os posicionamentos
inapropriados e estimulando a ação
de receptores cutâneos16. O
aumento da estimulação
somatossensorial pode melhorar o
sistema de controle postural15-17.
Assim, a proposta desta
pesquisa foi investigar os efeitos da
manipulação articular e da aplicação
do método Kinesio Taping, na
ADMA da coluna cervical, em
portadores de deficiência visual que
apresentaram assimetria postural
nesta região da coluna vertebral.
MÉTODOS
Esta é uma pesquisa clínica
randomizada que foi submetida à
apreciação e aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa da Faculdade
América Latina e foi cadastrado sob
nº 4.00.03.09.1433. Após
autorização da instituição de ensino
e autorização dos pais ou
responsáveis pelos menores de
idade, o Termo de Consentimento
livre e esclarecido, oferecido de três
maneiras: braile, ampliado e tinta e
foi assinado.
Amostra
A população deste trabalho
foi constituída por dez indivíduos de
ambos os gêneros, com idades
entre 12 e 19 anos, deficientes
visuais, cegos ou com baixa visão,
alunos de uma escola da cidade de
Caxias do Sul.
Procedimentos
O grupo constituído de dez
indivíduos foi subdivido,
randomicamente, em duas equipes
iguais. A primeira recebeu
tratamento quiroprático com ajustes
cervicais e a segunda, além dos
ajustes, a aplicação de bandagens
elásticas na região cervical. A
avaliação postural foi realizada pelo
Software SAPO e a amplitude dos
movimentos de flexão, extensão,
lateralização e rotação, foi
mensurada pela goniometria.
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Figuras 1,2,3 – pontos selecionados para análise fotogramétrica, mensuração da amplitude de
movimento cervical e modelo da aplicação da bandagem, respectivamente.
Cada grupo recebeu três
atendimentos com um intervalo de
cinco dias. Na primeira equipe,
inicialmente foi realizada a
goniometria e o tratamento
quiroprático conforme listagens
encontradas. Os participantes foram
ajustados três vezes, com um
intervalo de cinco dias. Ao final do
tratamento, a goniometria na região
cervical foi novamente realizada.
Na segunda equipe foi
adotado o mesmo procedimento,
sendo acrescido à aplicação da
bandagem elástica na região
cervical. A goniometria foi realizada
novamente cinco dias após a
terceira aplicação da bandagem, no
momento em que a mesma foi
retirada.
Antes da primeira e após a
última consulta, os participantes
foram fotografados na vista lateral
direita. Os três pontos demarcados,
trago direito, acrômio direito e
processo espinhoso de C7, foram
pré-determinados pelo software de
Avaliação Postural SAPO. Após a
realização das fotos, as mesmas
foram transferidas a um computador
e analisadas pelo software, para
geração dos dados utilizados para a
comparação nesta pesquisa.
Análise estatística
Os dados foram processados
e submetidos à análise utilizando,
para tal, a estatística descritiva. Foi
utilizado o teste t-Student com um
índice de significância de p < 0,05
em todas as comparações.
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RESULTADOS
Tabela 1 – média e desvio padrão dos resultados goniométricos.
Movimento/Abordagem Média Desvio
FLEXÃO
Quiropraxia (pré) 72,6 8,8
Quiropraxia (pós) 77,6 10,6
Quiropraxia+ Bandagem elástica (pré) 61,8 12,9
Quiropraxia + Bandagem elástica (pós) 68,6 15,9
EXTENSÃO
Quiropraxia (pré) 66,6 3,3
Quiropraxia (pós) 69,6 3,1
Quiropraxia+ Bandagem elástica (pré) 57,4 3,8
Quiropraxia + Bandagem elástica (pós) 67,6 8,6
INCLINAÇÃO DIREITA
Quiropraxia (pré) 44,4 8
Quiropraxia (pós) 46,4 8,3
Quiropraxia+ Bandagem elástica (pré) 31,2 6,3
Quiropraxia + Bandagem elástica (pós) 37 5,8
INCLINAÇÃO ESQUERDA
Quiropraxia (pré) 40,2 9,0
Quiropraxia (pós) 41,6 10,621
Quiropraxia+ Bandagem elástica (pré) 31,6 5,898
Quiropraxia + Bandagem elástica (pós) 36,6 4,393
ROTAÇÃO DIREITA
Não estudado, pois não passou no teste de normalidade.
ROTAÇÃO ESQUERDA
Quiropraxia (pré) 63,6 14,100
Quiropraxia (pós) 66,2 14,195
Quiropraxia+ Bandagem elástica (pré) 59,6 6,877
Quiropraxia + Bandagem elástica (pós) 67 7,563
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Tabela 2 – dados da avaliação postural realizada pelo software SAPO.
ALINHAMENTO HORIZONTAL DA CABEÇA
(C7)
Q Q + BE
PRÉ PÓS PRÉ PÓS
P= 0,132 44,1 50,4 44,5 46,9
Desvio
Padrão
4,9 4,7 4,3 4,9
DISCUSSÃO
As bandagens funcionais
elásticas têm sua origem no método
Kinesio Taping®, desenvolvido no
Japão pelo Dr. Kenzo Kase, na
década de 1970. Este criou um tipo
de bandagem especial, com peso e
espessura semelhantes aos da pele
e capaz de suportar um estiramento
de até 140% do próprio
comprimento. Acredita-se que a
bandagem elástica aumente a
propriocepção normalizando o tônus
muscular, reduzindo a dor,
corrigindo os posicionamentos
inapropriados e estimulando a ação
de receptores cutâneos15.
Os mecanismos propostos
pela bandagem elástica são
baseados na: correção da função de
um músculo debilitado, melhora da
circulação do local diminuição da
dor por supressão neurológica,
reposição das articulações
subluxadas aliviando a tensão
anormal do músculo, ajudando a
devolver a função da fáscia e do
músculo e, a bandagem causa
ainda um aumento da
propriocepção, em virtude do
aumento da excitação dos
mecanorreceptores cutâneos17.
Nesta pesquisa foi utilizada a
técnica em “Y” com corte
longitudinal em uma das
extremidades da bandagem, dando-
lhe a forma de um “Y” (figura 1).
ALINHAMENTO HORIZONTAL DA CABEÇA (ACRÔMIO)
Q Q + BE
PRÉ PÓS PRÉ PÓS
P= 0,206 17,5 24,2 19,9 24,9
Desvio Padrão 8,4 8,3 7,9 8,2
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Esta técnica permite “abraçar”
ventres musculares mais largos,
embora produza uma diminuição da
força reativa, uma vez que divide a
bandagem ao meio15.
Os dados da goniometria
cervical demonstraram melhora na
ADM, embora as diferenças entre o
pré e pós-tratamento não foram
suficientes para apresentar
significância estatística (tabela 1).
Outros estudos18,19, que utilizaram a
goniometria, para aferição dos
resultados no aumento de ADM
também apresentaram resultados
semelhantes.
Os pacientes que
receberam o tratamento quiroprático
com ajustes articulares vertebrais
associados à aplicação de
bandagens elásticas apresentaram
aumento na ADM cervical geral e
resultados estatisticamente
significativos no movimento de
extensão e inclinação direita com
P= 0,003 e P=0,001,
respectivamente. Pesquisas
recentes indicam que a bandagem
elástica, produz aumento da
estimulação somatossensorial,
capaz de compensar a perda de
informação entre
músculos/articulações com o
cérebro, produzindo melhora no
sistema de controle postural20.
CONCLUSÃO
O tratamento quiroprático
com ajuste articular vertebral
associado à aplicação de bandagem
elástica mostrou-se mais eficiente
do que o utilizado isoladamente, na
correção postural e aumento da
ADMA na região cervical.
Embora os objetivos tenham
sido alcançados, evidencia-se e
sugere-se a necessidade de uma
maior investigação, com um número
maior de sujeitos, utilizando outros
métodos de avaliação.
CONFLITOS E INTERESSES: Não
há.
AGRADECIMENTOS: À Mara Celia
Paiva pelo preparo do manuscrito.
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