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CORES 1 JANEIRO | JUNHO DE 2014 · EDIÇÃO 13 · ANO 7 Ao assegurar 10% de seu PIB para a educação, País se prepara para uma virada histórica. É o que prevê o recém-aprovado Plano Nacional de Educação. Governo, sociedade civil organizada e empresas comungam o sonho de uma escola pública inclusiva e de qualidade Brasil se mobiliza para o salto da educação

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CORES 1

janEiRO | junhO dE 2014 · EdiçãO 13 · anO 7

Ao assegurar 10% de seu PIB para a educação, País se prepara para uma virada histórica. É o que prevê o recém-aprovado Plano Nacional de Educação. Governo, sociedade civil organizada e empresas comungam o sonho de uma escola pública inclusiva e de qualidade

Brasil se mobiliza para o salto da educação

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CORES 32 janEiRO | jUNHO / 2014

CARTA AO LEITOR ÍNDICE

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28 Entrevista Luiz Fernandes Dourado, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Superior da Capes comenta o Plano Nacional de Educação

4Artigos

5104650

Pedro Alves de OliveiraMundo do trabalho exige e Sesi e Senai mudam

Katleem Marla Pires de Lima Educação é determinante no tripé do desenvolvimento sustentável

Antônio de Sousa Almeida Cuidar do lixo é imposição legal e indício de cidadania

Heribaldo EgídioGoiás é polo de referência da indústria farmacêutica no Brasil

Marçal Henrique SoaresSindifargo vai a campo para implantar logística reversa

Presidente da FiegPedro Alves de Oliveira

Presidente do Conselho Temático de Responsabilidade SocialAntônio de Sousa Almeida

SuperintendenteJosé Eduardo de Andrade Neto

Gerente de Comunicação Geraldo Neto

PUBLICAÇÃO CRIAÇÃO, PRODUÇÃO E PUBLICIDADE

[email protected](62) 3219.1303

EdiçãoMárgara Morais(62) [email protected]

ColaboraçãoGraciana Rizério

Conselho EditorialLuciana MachadoMárgara MoraisAntônio de Sousa AlmeidaLeandro Gondim SilvaElaine Lopes Farinelli

Projeto gráficoBruno Galiza

Design gráficoHenrique Funari

Fotografia Sílvio SimõesArquivos da Fieg-Ascom e empresas

CapaAmós Messias Mendes, da escola Sesi Canaã (GO)

ImpressãoGráfica Kelps

Tiragem5 mil exemplares

* Publicação dirigida e distribuição gratuita. As opiniões contidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Ensino básico agora é integral e obrigatório

Educação entra na pauta de prioridades do Estado brasileiro

A aprovação pela Câmara dos Deputados do Plano Nacional de Educa-ção (PNE), sintonizado com a Emenda Constitucional nº 59, e sancionado dia 25 de junho pela presidente Dilma Rousseff, se constitui em um marco na história da educação no Brasil, ao tempo em que consolida gloriosa-mente a luta de muitos brasileiros que dedicaram suas vidas a essa causa. O plano traz um conjunto de princípios e uma concepção estrutural, ao instituir um sistema nacional de educação com visão sistêmica, aplicado por meio do regime de colaboração e responsabilidade compartilhada entre União, Distrito Federal, estados e municípios.

Os investimentos em educação estarão assegurados a uma parcela pro-gressiva do Produto Interno Bruto (PIB). Será de 7% do PIB nos próximos cinco anos, chegando a 10% do PIB em 2024. O texto constitucional exclui a educação dos efeitos nocivos da Desvinculação das Receitas da União (DRU), proibindo o desvio de recursos para outras áreas. O PNE integra ao processo formativo a discussão e o respeito à diversidade e agrega o conhecimento trazido pelos saberes não tradicionais, com a perspectiva de uma formação humanística, científica, cultural e tecnológica, de caráter inclusivo.

A educação é um dever do Estado, mas em torno dela gravita uma sociedade ansiosa por preparar os seus filhos para as demandas do sé-culo 21. E foi isso o que prevaleceu nas conclusões dos fóruns municipais, estaduais e nacional de educação, culminados com o plano. Nele, está ex-pressa a garantia de políticas públicas em todas as etapas e modalidades, sendo integral e obrigatória no ensino básico, para crianças e jovens na faixa etária dos 4 aos 17 anos. E também a valorização do professor, com equiparação salarial com a dos profissionais de mesma titulação.

A distância entre as metas e a realidade da escola pública no Brasil dá a dimensão do desafio a ser enfrentado nesta década. Trata-se, no entan-to, de uma decisão estratégica, que guarda estreita relação com o desen-volvimento do país, e que não pode mais ser adiada. Será necessário um esforço conjunto e uma mobilização nacional para o alcance desse pleito.

As empresas fazem parte desse processo e muitas têm uma atuação ativa. A educação predomina nas políticas de responsabilidade social corporativa e está entre as áreas com maior volume de investimento social privado. Nes-se ambiente propício à troca de saberes, por certo as empresas terão muito a contribuir, transferindo o conhecimento que detêm em diversas áreas do conhecimento, como a de gestão, para a melhoria da escola pública. Exce-lentes projetos estão em curso, como mostra esta edição da revista CORES.

da REDAÇÃ[email protected]

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Melhorar a escola pública desde suas raízes é o desafio que o Brasil terá que enfrentar nesta década. As estratégias e metas estão traçadas no Plano Nacional de Educação, que assegura escola pública integral, gratuita e obrigatória para a educação básica. Será preciso uma mobilização nacional para tornar realidade seus pressupostos

SÍLVIO SIMES

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CORES 54 janEiRO | jUNHO / 2014

Mundo do trabalho exige e Sesi e Senai mudam

Pedro Alves de Oliveira ([email protected]) é presidente dos Conselhos Regionais do Sesi e do Senai de Goiás e da Federação das Indústrias do Estado de Goiás - Fieg

O Sesi e o Senai de Goiás estão reven-do seu modelo educacional. Propõem, para tanto, sair do conteúdo enciclopédico para o significativo, da ênfase na memória para o desenvolvimento de competências (conhe-cimento, habilidades e atitudes), do ensino cartesiano para a associação entre as diver-sas áreas, do giz e aula discursiva para o uso de tecnologias, aulas práticas e vivências.

Em 2013, por exemplo, ambos priori-zaram a capacitação de docentes nas ver-tentes tecnológica e pedagógica, para melhoria da qualidade dos processos edu-cacionais. Houve aumento substancial no atendimento ao trabalhador da indústria e diversificação no modo de ensinar, com a entrada da robótica e da educação a distân-cia, inclusive no nível técnico, e o início da implantação dos institutos Senai de Tecno-logia em Alimentos e em Automação.

A produção em educação profissional do Senai Goiás (formação inicial e continuada, educação profissional técnica de nível médio e educação superior) saltou de 142.847 ma-trículas em 2012 para 202.176 em 2013. Além disso, o Senai superou a meta estabelecida no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Téc-nico e Emprego (Pronatec). No ano passado, o Senai efetivou 21.709 matrículas em ações de formação profissional, quando o previsto eram 20 mil. Os cursos foram desenvolvidos em 104 municípios goianos, em parcerias com prefeituras, associações, escolas e ins-tituições beneficentes. Para 2014, sua pre-visão é ampliar em quase 50% a capacida-de de atendimento, com oferta de 32.442 vagas, em 123 municípios, ou a metade dos 246 municípios existentes neste Estado. Nos três primeiros meses deste ano, o Departa-mento Regional de Goiás já contabilizava mais de seis mil matrículas, em cursos téc-nicos e de formação inicial e continuada.

O Sistema CNI se preocupa tanto com a realização de mudanças atualmente para que a educação no Brasil ajude nossas indústrias evoluírem em produção e competitividade. Para o País melhorar sua posição em padrões mundiais baseado no ranking de PISA (pro-grama internacional de avaliação de estudan-te), é imprescindível que se aumente a quali-dade da educação básica e se amplie a oferta e melhoria da qualidade da educação profis-sional. Entre as 144 nações avaliadas, o Bra-sil ocupa a 116ª posição em qualidade dos sis-temas educacionais, 132ª em qualidade em matemática e ciências e 53ª em língua portu-guesa. Há baixa capacidade de entendimen-to e expressão em português, baixo raciocínio matemático e baixa capacidade de raciocínio científico de resolução de problemas práticos. Tais conclusões sinalizam para a necessida-de de um modelo de educação que favoreça o desenvolvimento econômico e social. Isso porque nossa educação peca pelo academi-cismo, insiste num ensino enciclopédico e faz do título e do diploma sua razão de ser. Assim, o Brasil, internacionalmente, é o país da “mesmice” e da “bacharelice”, sem capa-cidade de inovar, criar e competir.

A empresa brasileira moderna, entre-tanto, anseia por profissionais que tenham bom senso, lógica de raciocínio, competên-cia para se comunicar, aprendendo conti-nuamente e preparados para trabalhar em

grupo, dominando plenamente seu ofício. Os novos tempos exigem uma educação

realmente para o mundo do trabalho. Consoli-da-se o consenso sobre a necessidade de con-siderar tanto os conhecimentos de natureza mais acadêmica quanto o saber prático como condições essenciais para a formação de con-ceitos, competências e habilidades básicas. Promover o desenvolvimento humano signifi-ca tornar as pessoas capazes de aprender novas habilidades, assimilar novos conceitos, avaliar novas situações, lidar com o inesperado, reali-zar novas tarefas, serem críticas e criativas.

Nesse contexto, não há como manter cur-rículos escolares dissociados da realidade do mundo do trabalho. Inserção no mundo do tra-balho se tornou impossível sem a capacidade de entender e fazer uso do raciocínio matemá-tico e científico e o domínio da língua escrita e falada. A formação da criança, do adolescente e do jovem enfrenta o desafio de lidar com se-res em fases muito especiais da sua existência, com todas as incertezas e transformações pró-prias de cada período de vida e todas as novas possibilidades que vão se abrindo para eles.

As escolas Sesi, já reconhecidas pelo bom trabalho que executam, procuram fazer mais e diferente, formando pessoas bem informa-das para a realidade atual, que acreditam em suas ideias, e sejam capacitadas a articular conhecimentos com soluções criativas e ele-vado nível de compreensão.

Por Pedro Alves de Oliveira

Promover o desenvolvimento humano significa tornar as pessoas capazes de aprender novas habilidades, assimilar novos conceitos, avaliar novas situações, lidar com o inesperado

ARTIGO

O que torna um país competitivo? Os economistas são unânimes em afirmar que a competitividade de um país assenta-se na tríade da boa governança, infraestrutu-ra eficiente e boa educação. Um ambiente favorável aos negócios precisa contar com regras claras e transparentes da adminis-tração pública, que ofereçam aos investi-dores e empreendedores a certeza jurídica e fluidez necessárias. A infraestrutura é fundamental à circulação dos bens e in-sumos, permitindo a celeridade que traz economia à produção. Já a boa educação é o celeiro de onde provêm as mentes inova-doras que desenvolverão a tecnologia im-prescindível ao aprimoramento dos bens de consumo e serviços, como também as res-postas do mercado às necessidades sempre crescentes da população.

No entanto, há um elemento nesse tripé para o desenvolvimento que assume uma importância maior que os demais: a edu-cação. Podemos fazer um exercício hipo-tético e tentar imaginar um cenário ideal para os negócios: uma administração pú-blica desburocratizada e livre da corrup-ção com os gargalos da infraestrutura já superados. Será que neste cenário ideal haveria realmente condições favoráveis ao crescimento econômico se a questão da educação restasse ignorada? O Fórum Es-tadual de Prevenção e Erradicação do Tra-balho Infantil em Goiás (Fepetigo) acre-dita que não. A experiência dos diversos atores sociais que o integram já mostraram de maneira inequívoca que a ausência da educação tem reflexos nefastos na econo-mia, sobretudo quando condena à miséria e à pobreza milhares de jovens que pode-riam estar somando sua força de trabalho para a geração de riquezas.

A ausência da educação tem reflexos nefastos na economia, sobretudo quando condena à miséria e à pobreza milhares de jovens que poderiam estar somando sua força de trabalho para a geração de riquezas

Educação é determinante no desenvolvimento sustentávelPor Katleem Marla Pires de Lima

E é aí que conectamos os negócios ao tra-balho infantil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) 2009 mostram que em Goiás apenas 54,5% da po-pulação entre 15 e 17 anos está efetivamente frequentando o Ensino Médio. Significa que aproximadamente 145 mil jovens nessa faixa etária estão fora da escola. A baixa escolari-dade dessa população não os permite ingres-sar no mercado formal de trabalho, condu-zindo-os ao já saturado mercado informal, onde lhe são oferecidos os trabalhos penosos e mal remunerados, desprezados pelos tra-balhadores adultos. A remuneração obtida com os trabalhos informais não responde às necessidades de subsistência desses jovens e eles tornam-se adultos incapazes de se au-toproverem por meio do trabalho, exigindo do poder público a oferta de serviços básicos como moradia, saúde, educação, segurança pública e transporte.

Essa população não participa da ge-ração dos recursos para o custeio desses serviços, uma vez que a informalidade não gera receita para o Estado. Disso resulta uma carga tributária pesada para a eco-nomia formal, obrigada a prover meios de manter serviços públicos em escala cres-cente, destinados a uma população econo-micamente ativa, mas incapaz de produzir

Katleem Marla Pires de Lima ([email protected]) é auditora fiscal do Trabalho e coordenadora do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil em Goiás - Fepetigo

riquezas. Outro aspecto da ausência da educação de qualidade é o fato da popu-lação afetada ficar economicamente preju-dicada, considerando que os trabalhos em que poderá ser aproveitada são os infor-mais e de pequena remuneração. Em outras palavras, a falta da educação produz uma massa de população de baixo poder aqui-sitivo, que afeta diretamente os negócios.

Quando vemos um jovem aproveitado em trabalhos informais, estamos diante do resultado do nosso descaso com a educação. A proposta do Fepetigo é a de criar uma cor-rente pela educação que favoreça a promo-ção de nossos adolescentes e jovens, de sor-te que eles possam se desenvolver e fazerem suas contribuições ao mundo do trabalho, gerando riquezas e sendo os protagonistas de um desenvolvimento sustentável e du-radouro que só a educação é capaz de pro-mover, a exemplo dos países desenvolvidos, que fizeram essa aposta histórica e até hoje colhem os bons resultados de uma educação de qualidade para todos.

Veja como sua empresa pode contribuir com a educação em nosso Estado, seja fazen-do gestão política ou apoiando iniciativas que buscam o aprimoramento da educação. Está em nossas mãos fazer as mudanças que desejamos para o crescimento de Goiás.

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CORES 76 janEiRO | jUNHO / 2014

Investir nas pessoas assegura um mundo melhor

Ivo Corrêa Faria ([email protected]) é engenheiro civil e diretor executivo da Pontal Engenharia

As empresas que pretendem continuar operando em um mercado cada vez mais com-petitivo, seja qual for o segmento, necessitam implementar sistemas de gestão que promo-vam a melhoria contínua da qualidade de seus processos, sendo esta uma peça chave no sucesso do negócio. Partindo desse prin-cípio, vemos que a responsabilidade social, aplicada de forma sistêmica, agregada à ges-tão, tornou-se determinante para o cresci-mento e consolidação das empresas.

Nesse contexto, a educação corporativa se mostra uma ferramenta eficaz para a pro-pagação da responsabilidade social. As pes-quisas apontam a satisfação dos trabalhado-res em fazer parte de uma companhia que investe em sua capacitação profissional e no desenvolvimento de suas habilidades, sendo esse quadro ainda mais evidente entre os jo-vens, o que demonstra que essa é uma ten-dência a vigorar nos próximos anos. Investir na capacitação profissional dos colaborado-res, assim como na melhoria da qualidade de vida deles, passou a ensejar uma nova men-talidade dentro das empresas.

Incorporar a responsabilidade social ao negócio é, no entanto, uma estratégia de longo prazo, que exige adaptações e uma mudança efetiva na cultura organizacional. Mas os benefícios auferidos são inúmeros, como a redução do desperdício, o aumento na produtividade, a melhoria na qualidade do produto, a fidelização dos colaboradores e o incremento nos ativos intangíveis da em-presa. Além disso, a prática da responsabili-dade social ainda proporciona um ambiente favorável à inovação, fazendo com que haja uma sinergia em termos de resultados.

A educação corporativa é mais do que um conjunto de treinamentos. É a inserção dos trabalhadores nos planos estratégicos da empresa. Até mesmo porque, uma orga-

nização que passa por esse processo adqui-re autoconhecimento e maturidade. Essa é a experiência que colhemos na Pontal En-genharia, empresa que atua na construção e incorporação de edifícios residenciais, com 28 anos no mercado.

Desde os anos 90, a construtora vem in-vestindo em capacitação, treinamento e em atividades que geram prazer aos colaborado-res. As ações foram conduzidas mediante um planejamento estratégico e os resultados da adoção de uma política de responsabilida-de social fizeram com que os colaboradores realmente vestissem a camisa da empresa, sentindo eles próprios responsáveis pela qualidade dos produtos comercializados por ela. Os ganhos de produtividade foram da ordem de 17%. A grande maioria dos traba-lhadores continua até hoje no quadro da em-presa. Uma pesquisa com os colaboradores sazonais apontou que 100% deles gostariam de trabalhar na construtora novamente.

Os resultados sinalizaram que a empresa estava no caminho certo, mas que era preciso ir além, no sentido de garantir a efetivação des-sas conquistas. Foi aí que a diretoria passou a considerar a necessidade e a importância de se obter a certificação do sistema de gestão inte-grado, visando balizar sua política.

Assim, em 2010, a empresa passou a ser certificada pela NBR 16001, a norma brasi-leira que chancela as boas práticas de res-ponsabilidade social. Detentora de outras

certificações, como a do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat), a ISO 9001 (qualidade), a NBR ISO 14001 (meio ambiente) e a OHSAS 18001 (saúde e segurança), a Pontal Engenharia tornou-se, já em 2010, a primeira construto-ra do país a obter essas cinco certificações.

Paralelamente, concorrendo em diver-sos certames, conquistou o 1° lugar esta-dual e nacional por duas vezes consecuti-vas no Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho (PSQT-2010 e 2012), na modalidade Desen-volvimento Socioambiental; 1º lugar no Prê-mio Chico Mendes 2012, na modalidade Ges-tão Socioambiental Responsável; 1º lugar nacional no Prêmio Fecomércio de Sustenta-bilidade 2012, na categoria grande empresa; 1º lugar nacional no Prêmio CBIC de Respon-sabilidade Social 2011, categoria empresa; 2º lugar no Prêmio Goiás de Gestão Ambien-tal 2011, na modalidade Educação Ambien-tal Corporativa; dentre outros.

A empresa entendeu a importância da educação no âmbito do desenvolvimento sustentável, considerando seu tripé social, ambiental e econômico, ao mesmo tempo em que ampliou o seu conceito de qualidade e passou a se relacionar com todas as partes envolvidas no processo: os clientes, os cola-boradores, os fornecedores, o poder publico, a comunidade e o meio ambiente. Com isto, pode-se concluir que todo investimento no ser humano traz resultados surpreendentes.

Por Ivo Corrêa Faria

ARTIGO

A prática da responsabilidade social proporciona um ambiente favorável à inovação, fazendo com que haja uma sinergia em termos de resultados

Colaboradores valorizam aquisição de novos conhecimentos e comemoram conquistas na educação

Educação corporativa pontua valores inerentes à missão Motivada pela necessidade de fortalecer a cadeia de stakeholders, construtora goiana ganha visibilidade no mercado ao seguir a norma brasileira de responsabilidade social

PONTAL

Atender aos quesitos da responsabilidade socioambiental na condução do negócio e na execução das atividades produtivas

é um princípio adotado pela Pontal Engenharia. A empresa se distingue por ter sido a primeira construtora goiana certificada pelo ICQ Brasil (instituto acreditado pelo Inmetro), com a NBR 16001, a norma brasileira de responsabilida-de social. Em Goiás, e mesmo no Brasil, ainda são poucas as empresas certificadas pela NBR 16001. Ao seguir a norma, a empresa está sujei-ta a auditorias externas que de tempos em tem-pos são feitas com o intuito de conferir e validar o cumprimento das boas práticas corporativas.

O ICQ Brasil também certificou o Sistema Integrado de Gestão (SIG) da empresa em ou-tras áreas, o que fez com que a Pontal se tor-nasse a construtora com o maior número de certificações expedidas pelo instituto. No rol de normas estão a NBR ISO 14001 (meio ambien-te), OHSAS 18001 (saúde e segurança), NBR ISO 9001 (qualidade) e PBQP-H nível A (práti-cas construtivas). As certificações, em seu con-junto, dão transparência ao negócio e reforçam a conduta ética incorporada pela empresa.

Nos postulados da missão, é regra fun-damental levar satisfação às pessoas, com base no conceito de morar e viver bem, res-peitando o meio ambiente, a comunidade, a saúde e segurança dos trabalhadores. Con-ceitos que expressam valores transferidos à empresa por seu presidente e fundador, o engenheiro Ricardo Mortari Faria.

O tripé do desenvolvimento sustentável, que preconiza o atendimento aos aspectos so-ciais, econômicos e ambientais está incorpora-do à gestão. Na prática, isso significa agregar aos produtos os valores defendidos pela em-presa. “Ao adotarmos esse modo de ser e fazer as coisas, compondo e incluindo as necessida-des e interesses das partes envolvidas em nosso negócio, toda a cadeia se fortalece”, diz a en-genheira Ambiental, Grace Cury, gerente am-biental do Sistema Integrado de Gestão (SIG).

Inicialmente, o que a construtora fez foi levar esses conceitos ao entendimento dos trabalhadores, valorizando o papel de cada

um na construção de um mundo melhor. Es-tes, por sua vez, passaram a atuar como fa-cilitadores e multiplicadores das ideias tan-gentes ao desenvolvimento sustentável, ao verem que o bem-estar pretendido pela em-presa alcancaria os colegas, a própria família e a comunidade. “Apesar de conceitualmente simples, trata-se de um processo de evolução do indivíduo em sua totalidade”, explica Gra-ce Cury. “Os resultados são de médio e longo prazo e exigem investimentos, perseverança e constante treinamento para se chegar a uma mudança de mentalidade”, diz ela.

PROjETOS E InICIATIvAS EM CuRSO

Alfabetização - empresa não tem restrição para contratar pessoas analfabetas, já que todas têm a oportunidade de se alfabetizar; o ensino, ministrado pelo Sesi, no canteiro de obras, é bancado pela construtora, bem como a infraestrutura, material didático e lanche.

Ensino de jovens e adultos (EjA) - empre-sa adota programa em atendimento à soli-citação feita pelos próprios colaboradores, fornecendo-lhes educação básica e oportu-nidade de inclusão social.

Qualificação e aperfeiçoamento - agenda re-

gular mantida com o Senai e Sinduscon (sindi-cato patronal da indústria da construção), par-ceiros nas ações de qualificação profissional.

Computação - curso realizado no canteiro de obras, com instrutores do Sesi, visando a inclu-são social dos trabalhadores da construção civil.

Treinamento - prática constante com o fim de atender aos requisitos admissionais e pro-cedimentais e orientar os colaboradores para a adoção de boas práticas e bons hábitos, com foco na melhoria contínua dos sistemas.

Redução do absenteísmo - programa de premiação estimula colaboradores a não fal-tarem ao trabalho. Ganhadores podem optar por material de construção, eletrodoméstico ou compras de supermercado.

Leitura de projetos - curso facilita o entendi-mento sobre dados técnicos de projetos e agre-ga valor ao escopo de iniciativas visando o aper-feiçoamento profissional dos colaboradores.

Palestras e apresentações - abordagem de temas diretamente relacionados com as ne-cessidades dos colaboradores da empresa, como: saúde, higiene, economia doméstica, os quais visam o bem-estar dos colaborado-res e de suas famílias.

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CORES 98 janEiRO | jUNHO / 2014

Resolução traz segurança para contadores e empresasCarta de Responsabilidade da Administração sela compromissos entre contadores e empresas, além de proteger o empresário em suas ações futuras

(COAF), órgão do Ministério da Fazenda, de cumprir a legislação. Trata-se de um instru-mento que legitima a participação do con-tador, seja ele pessoa física ou jurídica, no controle interno da empresa e nas tratativas de gestão. “A Carta de Responsabilidade da Administração dá confiabilidade às informa-ções, evitando irregularidade sobre transações financeiras e imprimindo transparência ao pro-cesso”, explica Elione Cipriano da Silva. A nova resolução tem repercussão em todas as esferas de âmbito federal, estadual e municipal.

O vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CRC-GO, Wagner Felipe Filho, acrescenta que o documento irá facilitar a ges-tão e proteger o empresário em suas ações futu-ras. “A clareza descrita no texto da Carta faz com que o empresário/administrador se sinta prote-gido e o contador possa atuar de forma clara, transparente e segura, em condições de exercer uma assessoria contábil com a visão plena da gestão da empresa, ressalta Wagner. Ele frisa que essa assessoria vai da área contábil à admi-nistrativa, diretamente integradas na empresa. “É fundamental que o empresário procure um profissional atualizado com a legislação vigente e afinado com as orientações do conselho que o representa”, acrescenta. A Carta também será fiscalizada pelos conselhos regionais.

Para a vice-presidente de Controle Inter-no do CRC-GO, Maria Luzia da Silveira Rodri-gues, com a Carta, a responsabilidade não fica totalmente sobre os profissionais conta-dores. “Atualmente, o mundo contábil e dos negócios vem evoluindo de tal forma que há uma necessidade crescente de aperfeiçoar as relações entre as partes, e a Resolução 1.457/2013 caminha nessa direção”, diz ela.

De acordo com o economista e assessor da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Rui Dias da Costa, a Carta de Responsabilidade da Administração mate-rializa os compromissos e responsabilidades entre os envolvidos. “Não há dúvidas de que teremos uma relação mais madura, responsá-vel e transparente, que irá propiciar o cresci-mento da classe contábil”, finaliza.

CRC-GO

Um novo documento, publicado por meio da Resolução 1.457/2013, do Conselho Federal de Contabilidade,

veio delimitar as responsabilidades adminis-trativas das organizações. Trata-se da Carta de Responsabilidade da Administração, que oficializa o papel da organização, por meio do sócio/empresário, e mede as ações que envolvem a legalidade ou a irregularidade nas questões financeiras das empresas.

Por força de resolução, o profissional de contabilidade é obrigado a apresentar este documento à empresa e colher sua assinatu-ra a cada final de exercício contábil. De acor-do com o presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRC-GO), Elione Cipriano da Silva, com a oficialização de res-ponsabilidades, o empresário tem o dever de acompanhar as ações praticadas em sua or-ganização. Entre elas, estão cuidados com di-nheiro, transações financeiras que envolvem a pessoa jurídica, bem como a administração em si. Isso vale para qualquer empresa.

A Carta expressa a preocupação do Con-selho de Controle de Atividades Financeiras

Por Naiara Gonçalves

Wagner Felipe Filho,Vice-presidente de Fiscalização,

Ética e Disciplina do CRC-GO

“A Carta protege o empresário em suas

ações futuras e permite ao contador atuar de forma transparente e

segura, exercendo uma assessoria contábil

com a visão plena da gestão da empresa”

Carta confere lisura à gestão

Resolução 1.457/2013, do Con-selho Federal de Contabilidade, exige que seja acrescentada nos contratos de prestação de serviços contábeis a obrigatoriedade do fornecimen-to da Carta de Responsabilidade da Administração para cada encerra-mento de exercício. Ela só precisa-rá estar estipulada nos contratos de prestação de serviço com novos clientes ou quando ocorrer reno-vação de contrato.

A Carta de Responsabilidade da Administração é um documento emi-tido pela empresa, assegurando a idoneidade de todas as informações e documentos repassados para a rea-lização da escrituração contábil.

Elione Cipriano da Silva, presidente do CRC-GO: “Contadores e empresários ganham com a oficialização de responsabilidades”

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CORES 1110 janEiRO | jUNHO / 2014

Antônio de Sousa Almeida ([email protected]) é presidente do Conselho Temático de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de Goiás – Fieg – e do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de Goiás – Sigego

Um problema vivido pela sociedade bra-sileira hoje e nos próximos anos é o que fazer com o lixo. Os aterros sanitários são pou-cos e estão lotados; em sua maioria, esta-dos e municípios não têm plano de gestão. O crescimento da população, aliado ao au-mento da demanda de consumo, os hábitos consumistas e a quantidade de novos pro-dutos, facilmente descartados por outros mais modernos, estão causando um estra-go grande ao ambiente. Ainda temos mui-tos lixões, nos quais, pessoas pobres, e em condições degradantes, tiram dali seu sus-tento. E pensar que o lixo é, por outro lado, uma fonte de riqueza, podendo dele ser ex-traído inúmeros materiais possíveis de se-rem reaproveitados, reciclados ou retorna-rem às indústrias como matéria-prima para a fabricação de novos produtos, é algo que não podemos deixar escapar.

Em agosto de 2010, o governo federal publicou a Lei nº 12.305, instituindo a Po-lítica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instrumento que veio para disciplinar a ges-tão do lixo em nosso País. A lei trouxe avan-ços para a solução de um problema de pro-porções gigantescas, sobretudo ao dividir com os cidadãos a responsabilidade pela destinação ambientalmente adequada do lixo que produzem. Nada mais certo, já que todos nós fazemos parte da cadeia dos cha-mados entes geradores de resíduos.

Alguns setores da indústria estão obri-gados a instituir o sistema de logística re-versa, expediente caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar o retorno dos resí-duos sólidos ao setor empresarial, para rea-proveitamento em seu ciclo produtivo, em outros ciclos, ou dar a eles outra destinação.

No entanto, a lei só sairá do papel, se houver a adesão do cidadão-consumidor, notadamente no caso da logística reversa. Só há um caminho a seguir para que isso aconteça, e ele passa, necessariamente, por um processo de educação, capaz de culti-var nas pessoas a vontade de adotar novos hábitos e comportamento. Esse aprendiza-do incide nos valores que cada um de nós guarda dentro de si mesmo.

Cabe ao governo federal, estados e mu-nicípios cumprir a sua parte, dando provi-dência ao que está estabelecido em lei. Ao mesmo tempo, participar do esforço de cons-cientização da sociedade e apoiar as indús-trias, para que possam fazer frente aos desa-fios enfrentados na questão do lixo.

A gestão do lixo passou a ser uma preo-cupação das empresas. Isso explica o fato de os programas de coleta seletiva serem os que mais prosperam internamente, por ini-ciativa de empresas que querem conscienti-zar seus trabalhadores. Estes, por sua vez, se sentem motivados a participar de uma ação coletiva para o bem da sociedade.

É importante ressaltar que a educação, voltada para a cidadania, é uma ideia disse-

minada no meio empresarial. Muitas compa-nhias têm feito investimentos pesados nessa área, a exemplo das que estão presentes nes-ta edição da revista CORES.

A boa notícia em relação ao lixo é que ele está permitindo a inclusão social de pessoas e famílias que se dedicam à coleta seletiva, sendo este um dos objetivos da Política Na-cional de Resíduos Sólidos. O fato mais re-cente é o desta Copa do Mundo. O lixo produ-zido nos estádios que receberam os jogos, e no entorno deles, foi coletado e encaminha-do à reciclagem em cooperativas.

A Coca-Cola Brasil, em parceria com a Fifa, responsabilizou-se pelo gerenciamen-to dessa ação. Foram treinados para a tarefa 840 catadores. Eles receberam uniformes, um valor fixo pelo dia de trabalho, alimen-tação e transporte, e ganharam com a venda do material. A seleção dos profissionais foi feita por 160 cooperativas ligadas ao Mo-vimento Nacional dos Catadores de Mate-riais Recicláveis (MNCR). Essa experiência foi implantada na Copa das Confederações e resultou na coleta de 65% do volume de lixo gerado no evento, o correspondente ao montante de 320 toneladas.

Por Antônio de Sousa Almeida

Só há um caminho a seguir, e ele passa, necessariamente, por um processo de educação, capaz de cultivar nas pessoas a vontade de adotar novos hábitos e comportamento

ARTIGO

Cuidar do lixo é imposição legal e indício de cidadania

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CORES 1312 janEiRO | jUNHO / 2014

A EBM acredita que desenvolvimento comercial e responsabilidade social andam juntos. A empresa reforça seu papel investindo em ações e projetos que buscam o desenvolvimento e a capacitação profissional de seus colaboradores.

Realização:

a ebm valoriza e investe na formação de profissionais e cidadãos melhores.

ebm.com.br62 4001-3600

Mario Cesar Lucas Ribeiro de Freitas ([email protected]) é gerente administrativo na EBM

Nos últimos anos, mudanças em pratica-mente todos os segmentos de mercado trou-xeram acirramento da concorrência empresa-rial e a exigência de maior competitividade por parte das empresas. As organizações vi-ram-se impelidas ao desenvolvimento de no-vas competências para sobreviver neste ce-nário, incluindo a formação e qualificação de seus colaboradores. Mas o investimento em treinamento de pessoal não atende apenas à necessidade mercadológica, é responsabili-dade social das empresas, na atualidade.

Considerando a importância da educa-ção para o desenvolvimento sustentável das empresas e o quanto ela reflete na satisfação e motivação dos colaboradores, a EBM De-senvolvimento Imobiliário optou por seguir um programa de capacitação e aperfeiçoa-mento profissional que atendesse aos quesi-tos da responsabilidade social, em proveito da empresa e de seus trabalhadores. Os re-sultados dessa iniciativa podem ser medidos por indicadores de desempenho que colo-cam a empresa em posição de destaque no segmento de sua atuação e negócio.

A empresa adotou indicadores estratégi-cos, como a taxa de rotatividade de pessoal (turn-over) voluntário e involuntário – sem-pre muito baixo para as médias do setor – e a grade de treinamento para medir e avaliar seu desempenho internamente. Quase que dobrou a quantidade de horas de desenvol-vimento profissional em 2013, em relação aos três últimos anos, ampliando a gama de conhecimentos com novas abordagens na área de produção e liderança.

Em 2010, a quantidade de horas de desen-volvimento profissional por colaborador esta-va na casa de 26,32. Um ano depois, o número teve uma leve queda (25,41), o que foi recu-perado no ano seguinte (27,41). No entan-

to, o grande salto ocorreu em 2013, quando passou para 50 horas a carga horária relativa à capacitação e aperfeiçoamento profissional por colaborador. Já o investimento financeiro cresceu quase quatro vezes no mesmo perío-do. Em 2010, era R$ 78,1 mil; no ano seguin-te, R$ 114 mil e, em 2012, R$ 142,1 mil. No ano passado, chegou a R$ 250 mil.

As palestras multitemáticas e os work- shops de formação colaborativa foram agregados a uma base única de gestão, com a criação da Universidade Corporati-va em 2012. No ano seguinte, esta passou a agregar também programas de desenvol-vimento e capacitação, desde as lideran-ças até às equipes de obras. A Universida-de Corporativa compreende os seguintes programas: Carreira de Sucesso, Obra Nota 10, Start, Formação de Líderes, Multiplica-dores e Crítica Construtiva (CRICO). Mui-tos colaboradores que ocupam hoje cargo de liderança e até de diretoria, iniciaram suas atividades como estagiários.

A empresa investe em ações voltadas à profissionalização de mais de 60 jovens es-tagiários. São treinamentos, palestras, entre outras atividades, com o intuito de oferecer

oportunidade de trabalho e ampliação dos co-nhecimentos curriculares. O programa Start é um deles. Com duração de dois anos, oferece aos jovens a possibilidade de crescimento pes-soal e profissional. O projeto permite, a cada seis meses, que o estagiário acompanhe uma nova área da empresa. Essa ação garantiu à EBM o 1º lugar como Melhor Prática de Está-gio da região Centro-Oeste, em 2013, de acor-do com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Goiás).

Pesquisa de market share (associa de-senvolvimento comercial ao desenvolvimen-to profissional e pessoal das equipes), rea-lizada pela Ademi-GO em 2013, distingue a EBM com o melhor desempenho em vendas, em Goiânia. No mesmo ano, a empresa tam-bém esteve entre as 19 melhores para se tra-balhar no Centro-Oeste, conforme os indica-dores do Instituto Great Place to Work.

A realidade tem nos mostrado que os investimentos em educação estão na linha de frente das ações de responsabilidade social das empresas. Além de capacitarem os colaboradores para o trabalho, se cons-tituem em fator de motivação, ao agrega-rem pessoas a um objetivo comum. Isto faz toda a diferença no ambiente interno.

Por Mario Cesar Lucas Ribeiro de Freitas

Programa de desenvolvimento profissional ampliou a gama de conhecimentos com novas abordagens na área de produção e liderança

ARTIGO

Responsabilidade social começa dentro de casa

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CORES 1514 janEiRO | jUNHO / 2014

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CORES 1716 janEiRO | jUNHO / 2014

Novo modelode educação vê o indivíduo no todoFatores distintos, que vão do econômico ao social, atuam de forma combinada e projetam o novo cenário da educação no Brasil. Nele, educação e inclusão social estão em confluência, bem como a agregação de novos saberes ao conhecimento produzido pela humanidade. É nesse contexto que o país acaba de instituir sua política pública para as próximas décadas, consubstanciada no Plano Nacional de Educação.

CAPA

A aprovação do Plano Nacional de Educa-ção (PNE), em consonância com a Emen-da Constitucional nº 59, de 11/11/2009,

sancionado dia 25 de junho pela presidente Dilma Rousseff, é um sinal claro de que a edu-cação finalmente entrou na pauta de priori-dades do Estado brasileiro. A Câmara dos De-putados já tinha endossado a nova política pública, assegurando os investimentos em educação a uma parcela progressiva do Pro-duto Interno Bruto (PIB). Será de 7% do PIB nos próximos cinco anos, chegando a 10% do PIB em 2024. O texto constitucional exclui a educação dos efeitos nocivos da Desvincula-ção das Receitas da União (DRU), proibindo o desvio de recursos para outras áreas.

O plano traz um conjunto de princípios e uma concepção fundante e estrutural, ao ins-tituir um sistema nacional de educação, com visão sistêmica, aplicado por meio do regime de colaboração e responsabilidade comparti-lhada entre União, Distrito Federal, estados e municípios. Entre seus pressupostos, está o oferecimento de uma educação democrática e ampla para todos, e integral e obrigatória para crianças e jovens na faixa etária de 4 a 17 anos.

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CORES 1918 janEiRO | jUNHO / 2014

O desafio inerente ao ensino e à

aprendizagem está em integrar os

saberes com uma abordagem global e interdisciplinar do

conhecimento

A educação preconizada no

século 21 vê o aluno na perspectiva de sua integralidade como ser humano

A União terá dois anos para instituí-lo, cabendo aos demais entes federados elaborar seus próprios planos, os quais serão avalia-dos a cada 4 anos. O PNE foi articulado com a participação da sociedade brasileira, por meio dos fóruns municipais, estaduais e nacional de educação e prevê formas de a sociedade moni-torar e avaliar a qualidade do ensino no Brasil.

A nova política prevê a formação inicial e continuada de professores, com equiparação sa-larial com os profissionais de mesma titulação; investimento na expansão e reestruturação das redes físicas, e em equipamentos educacionais, como livros, laboratórios de informática, redes de internet e novas tecnologias. Os recursos também serão utilizados para financiar a edu-cação infantil e especial, os programas como o do ensino técnico e emprego (Pronatec), o de

O pesquisador e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), Nel-son Pretto, fala da necessidade de consi-derar esse movimento contemporâneo uma oportunidade de aproximar novas e antigas tecnologias ao processo educativo, que leve em conta os aspectos multiculturais e multi-raciais. Os estudos realizados pela Fundação Itaú Social, Unicef e Cenpec, bem como a íntegra dos artigos dos professores citados nesta matéria, estão acessíveis nos sites www.educacaoeparticipacao.org.br e www.fundacaoitausocial.org.br.

novos saberes - A educação está inserida em um contexto de transformação, com mu-danças na visão e na concepção dos modelos de ensino, traduzidos por uma diversidade de novos conteúdos, formas e meios de se edu-car. Apreender o conhecimento acumulado pela educação tradicional e agregar a ele no-vos saberes inerentes ao mundo contemporâ-neo, é uma tendência mundial, a que o Brasil vem seguindo. As distinções que separam e enquadram as disciplinas acadêmicas até então estabelecidas são insuficientes para atender a grande diversidade de fenômenos culturais e sociais que caracterizam o mundo pós-industrial, ao qual se convencionou cha-mar de a Era do Conhecimento.

Os tempos atuais colocam em evidência os processos de construção do conhecimen-to que valorizam o pensamento relacional, articulado, crítico e criativo no contexto da educação. O aluno passa a ser considerado na perspectiva de sua integralidade como ser humano. “O século 21 exige uma formação multifacetada que permita ao jovem interpre-tar e expressar, com clareza, pontos de vista, posições críticas sobre os fatos e capacidade transformadora de processos e juízos de va-lores que um mundo em mutação, no qual vivemos, requer”, diz a professora Marilene Raio, do Centro Cultural Guia Aprendendo a Aprender, que prepara jovens pré-vestibu-landos em redação, na faixa etária de 12 a 18 anos. “Educar o jovem para expressar suas ideias com clareza, coerência e conhecimen-to de sua própria realidade é o maior desafio dos regimes democráticos que se firmaram nos ideais de prosperidade que desfrutamos de forma fragmentada e desigual”, ressalta.

Relações de troca - As novas práticas educativas se baseiam numa política hori-zontalizada, em que professores e alunos ensinam e aprendem, superando diferenças de geração, conforme preconizado pelo bra-sileiro e notório educador Paulo Freire: “Só ensina quem aprende e só aprende quem en-sina”. Esse é um processo de mão dupla, de diálogo, que passa por uma visão ampla de

homem, mundo e sociedade, tendo por base o respeito aos direitos humanos, à diversida-de e à sustentabilidade. “A escola tem que ser atrativa para estimular o aluno a ver nela uma esperança de se tornar um cidadão produtivo, autossuficiente, participativo nos desafios de construir um espaço em que ele possa se sen-tir respeitado, orgulhoso de pertencer à sua comunidade, ao seu país, ao planeta Terra”, diz a professora Marilene Raio.

A necessidade de se integrar os saberes para uma formação plena é um pensamento unâni-me. Dentre esses saberes, a música e as artes, em suas mais diversas expressões, têm colhido resultados surpreendentes, com experiências que transformaram a vida de muitas crianças e adolescentes. A música tem correlação com as ciências, a exemplo da matemática, ajudando a construir o pensamento lógico, além de intera-gir culturas de diferentes matizes.

O site educarparacrescer.abril.com.br traz a opinião dos educadores: “A música contri-bui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de par-ceria e cooperação, e auxilia o desenvolvi-

bolsas em faculdades privadas (Universidade para Todos - ProUni), o financiamento estu-dantil (Fies) e o de bolsas para estudo no exte-rior (Ciência sem Fronteiras). O financiamento custo-aluno, a ser adotado nos dois primeiros anos, deverá ser compatível com um conjunto de padrões mínimos de qualidade de ensino, estabelecidos no texto constitucional.

Os avanços a que o plano propõe e os desa-fios que o Brasil terá que enfrentar para torná--lo uma realidade são abordados na entrevista concedida à revista CORES (página 28), pelo professor, doutor Luiz Fernandes Dourado, que integra a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e o Conselho Superior da Capes (Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior), e que participou da formulação do plano.

Educação integral - Nesse cenário de confluência entre educação e inclusão social, se fortalecem os pressupostos da educação integral, cujas referências históricas estão nos ideais de educação democrática propos-tos por Anísio Teixeira na primeira metade do século XX. A partir de 1990, o tema ganha outra dimensão e caráter, refletidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que sinaliza como horizonte o aumen-to progressivo da jornada escolar, a valoriza-ção de ações educacionais para além do currí-culo escolar padrão e a necessária articulação entre escola e sociedade.

No mesmo sentido apontou a Constitui-ção Federal de 1988, expressando uma pers-pectiva dupla de proteção social e qualidade da educação, ao fortalecer a educação como um direito social fundamental e estabelecer uma ampla rede de proteção à criança e ao adolescente, regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Estudo realizado pela Fundação Itaú So-cial e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), sob a coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), compilado na publicação Tendências para Educação Integral, aponta a educação integral como instrumento de inclusão social e traz a opinião dos educa-dores sobre os novos postulados de ensino e aprendizagem, cujo grande desafio é integrar os saberes com uma abordagem global e in-terdisciplinar do conhecimento. Ana Lúcia Braga, do projeto Escola Viva na Rede, do Ins-tituto Kairós, diz que a educação de hoje deve entender o ser humano como um processo. “O saber do passado não é o passado, é o saber da sociedade que está se transformando e se abrindo para o que há de novo”.

Com o novo plano, ensino integral passa a ser obrigatório para crianças e jovens de 4 a 17 anos

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CORES 2120 janEiRO | jUNHO / 2014

mento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos”. Ao entrar em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas - os sentidos, as emo-ções e a própria mente.

Em conformidade com esse pensamento é a Lei nº 11.769, de 18/8/2008, que veio con-solidar o que muitas escolas já estão fazendo, ao dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Nas escolas, a música não deve ser necessariamente uma disciplina exclusiva. A ideia é trabalhar com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter entre os profissionais o professor de música. Cada escola tem autonomia para decidir como in-cluir esse conteúdo de acordo com seu proje-to político-pedagógico.

Tecnologia agregada - Outros fatores, como inovação e tecnologia, estão concor-rendo para as transformações sociais no Bra-sil e no mundo, e também na educação. As crianças aprendem a ler e a contar por meio de abordagens interativas que incluem jogos, brincadeiras, música e artes de um modo ge-ral. O acesso às tecnologias de informação, a internet e, particularmente o advento das redes sociais, induzem a outras realidades.

Nas escolas públicas, no entanto, a inclu-

são digital ainda é um embrião, mesmo com a chegada dos computadores, notebooks, ta-blets e smartphones. O problema maior, nesse caso, reside nos professores. Em entrevista recente à novaescola.org.br, por ocasião do evento Transformar 2014, realizado em São Paulo, Mitchel Resnik, diretor do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massa-chusetts (MIT) diz que o grande desafio está na qualificação dos professores para lidar com os instrumentos que a tecnologia oferece.

Para Resnik, apesar de virem incorporando as lousas digitais e projetores multimídia, os professores têm dificuldades em desenvolver es-tratégias que usem esses recursos para ensinar os conteúdos. “As novas tecnologias ainda ser-vem com frequência para reproduzir um modelo tradicional, com aulas expositivas e pouca cons-trução coletiva do conhecimento”, declarou.

Diálogo intersetorial - As parcerias pú-blico-privadas e de composição de redes cada vez mais vêm influenciando a arquitetura de gestão que se observa na implementação da educação integral, com a associação de esco-las, organizações não governamentais e em-presas. A educação está entre as áreas com maior volume de investimento social privado, e os projetos relacionados a ela são os que

A internet consolidou o processo de globalização, dando às pessoas a oportu-nidade de se conhecerem, de manifesta-rem suas ideias, de trocarem experiências, compartilharem o gosto musical, de se jun-tarem em grupos que pensam na mesma linha e de se articularem em redes sociais. Interligadas, passaram a ter mecanismos próprios para a propagação simultânea de fatos e acontecimentos, agregando a eles seus valores e opinião pessoal.

No Brasil, o número de usuários ativos na web passou dos 60 milhões. O primeiro trimestre de 2014 registrou 145 milhões de acessos à banda larga, de acordo com dados levantados pela Associação Brasi-leira de Telecomunicações (Telebrasil). O volume total representa um avanço aci-

Os projetos na área da educação

estão entre os que mais recebem

investimento social privado no Brasil

têm maior adesão por parte das empresas. O motivo é claro: os projetos focados na edu-cação fazem muito bem a interlocução entre as empresas e a comunidade, bem como aos demais segmentos de sua cadeia produtiva, também chamados de stakeholders.

Ajudar a comunidade na gestão da esco-la pública está entre as principais políticas de responsabilidade social corporativa no Brasil, conforme se observa no estudo Inves-timento Social Privado no Brasil - Tendências, Desafios e Potencialidades, publicado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), entidade sem fins lucrativos, que congrega grande parte das organizações que realizam investimento social privado no país (www.gife.org.br).

A indústria, representada pelas fede-rações nos estados e por sua confederação nacional, a CNI, participa de todos os fóruns cuja pauta seja a formulação de políticas pú-blicas. Foi assim com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e, agora, com o Plano Na-cional de Educação. Em seu artigo Mundo exi-ge e Sesi e Senai mudam (ver página 4), o pre-sidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, diz que para o País melhorar sua posição em padrões mun-diais baseado no ranking de PISA (programa internacional de avaliação de estudante) é imprescindível que se aumente a qualidade da educação básica e se amplie a oferta e me-lhoria da qualidade da educação profissional.

Em sintonia com as instruções do PNE, as escolas da rede Sesi Senai em Goiás introdu-ziram novas metodologias de ensino e sabe-res inerentes à linguagem atual para atender as demandas do mundo do trabalho. Desde 2013, elas ministram aulas de robótica. Capa-cidade de inovação, criatividade, raciocínio lógico, trabalho em equipe e valores huma-nos são os novos conceitos, fortalecidos com a disciplina (ver página 42).

As empresas, de outro modo, reúnem con-dições ideais para contribuir com a escola pú-blica. Muitas já o fazem, por meio de projetos sociais estruturados, voltados para o ensino regular e, paralelamente, para a difusão da cidadania, atuando na formação de uma cons-ciência individual e coletiva. O processo se dá na abordagem de conceitos sobre sustentabi-lidade em sala de aula, nas práticas responsá-veis em relação ao lixo, no uso comedido de energia, no não desperdício, na não contra-tação de mão de obra infantil, dentre outras normas, tomadas como princípios.

Fontes de pesquisa: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) · Constituição Federal de 1988 · Fórum Nacional de Educação – Educação brasileira: Indi-cadores e Desafios (2013) · Tendências para Educação Integral (Fundação Itaú Social, Unicef e Cenpec) · Investimento Social Privado no Brasil – Tendências, Desafios e Potencialidades (GIFE) · Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) · Nova Escola ([email protected]) · Agência de notícia do Senado e da Câmara Federal

ma de 50% em relação aos três primeiros meses de 2013. De lá para cá, 50 milhões de novas conexões via banda larga foram ativadas. O número de pessoas conectadas passou de 8% em 2005 para 72% em 2013 (webinsider.com.br). O trabalho do gover-no para ampliar o acesso à internet, leva os analistas a projetarem que até 2016, o país terá 100 milhões de internautas, o que corresponde a 80% da população.

A plataforma de comunicação virtual se propaga pela interação que proporcio-na entre pessoas de todas as partes do mundo, pelas novidades que oferece aos usuários, pela agilidade na busca de in-formações, pelo volume de informações disponíveis na web e pelas opções de diversão e entretenimento que oferece.

Geração conectada

O desenvolvimento do Brasil passa por uma escola pública inclusiva e de qualidadeA música e as artes ajudam a construir o pensamento lógico e a interagir culturas de diferentes matizes

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CORES 2322 janEiRO | jUNHO / 2014

Esporte abre portas para jovem goiano

Reconhecido como um dos melhores lu-tadores de sua categoria no Brasil, o adolescente de apenas 17 anos come-

çou a treinar aos dois e levou dezoito títulos regionais e nacionais, além do mundial no Campeonato da Paz de Artes Marciais (WTMF), na Tailândia, conquistado em março deste ano. A participação foi viabilizada graças à parceria com a Mineração Maracá Indústria e Comércio (MMIC), empresa da Yamana, que patrocinou sua ida ao continente asiático.

O apoio da empresa fez a diferença. “Foi muito importante ela ter acreditado em mim, cheguei até a fazer rifa para juntar o dinheiro e poder disputar o campeonato”, diz. “Foi a maior felicidade do mundo, uma sensação úni-ca! Parecia que eu estava em um filme, lutando dentro de um templo, com imagens de dragões ao redor e danças típicas da Tailândia. Nunca pensei que levaria a medalha para casa, mas vi-nha treinando ao máximo e estava preparado”.

O gosto pelas artes marciais vem de berço.

Com apenas 17 anos, Max Yury é dezenove vezes campeão de karatê em torneios locais e recebe seu primeiro título mundial na modalidade

YAMANA

Influenciado pelo pai, que trabalha como ope-rador de máquinas na MMIC e ministra aulas de karatê há 20 anos para crianças, jovens e adul-tos, Max ganhou seu primeiro título aos cinco. “Este era o meu sonho desde que comecei a praticar karatê, mas não pude realizar. Graças a Deus meu filho conseguiu, alcançou vários tí-tulos nacionais e internacionais. É uma alegria muito grande”, diz Osmilton Guilherme Lopes.

Tendo a determinação como sua palavra--chave, o adolescente treina três horas por dia, sete dias por semana, sem deixar os estu-dos de lado. Aluno do 3º ano do Ensino Médio, sonha em cursar Direito e atuar na Polícia Fe-deral, mantendo o esporte como um comple-mento em sua vida. “O karatê é importante para mim, ajuda no desempenho da escola, contra a ansiedade, ensina a respeitar o pró-ximo e ocupa a mente, sem contar que ajuda muitos a se afastar das drogas. Tenho que con-tinuar lutando, sem parar de estudar”, diz.

Wilson Borges, gerente administrativo da

MMIC, explica que o patrocínio é uma forma de incentivar o esporte nos municípios onde a em-presa atua em Goiás. “Para nós, tem sido uma honra patrocinar um atleta local que, com garra e determinação, acumula conquistas e se tornou um exemplo para muitas pessoas”, diz Borges.

Inclusão social - O gerente-geral da Mi-neração Maracá Indústria e Comércio, Carlos Eduardo Paraizo, destaca ainda que esta é apenas uma das realizações da empresa na área. “Acreditamos que o esporte é mais do que um entretenimento, ele é saudável, pro-porciona interação social e traz benefícios no desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. Por isso, apoiamos diversas iniciati-vas e vamos continuar seguindo esta linha, impulsionados por estes bons exemplos”, diz.

Entre os programas apoiados pela empre-sa, está o Atleta do Futuro, realizado pelo Ser-viço Social da Indústria (Sesi). A ação utiliza o esporte para promover a educação e a inclusão social de crianças e adolescentes. Com isso, be-neficia mais de 190 mil pessoas em todo o país, por meio do fomento à prática de atividades físicas e disseminação dos valores do esporte como hábito de aprendizagem e inclusão social.

O Instituto Yamana de Desenvolvimento Socioambiental também apoia projetos que proporcionam bem-estar aos moradores de co-munidades próximas à sua operação, por meio do Seminário de Parcerias. “Trata-se de um im-portante programa de responsabilidade social, que visa estimular o crescimento e a qualidade de vida da população. Nos últimos três anos, doamos equipamentos a instituições locais que incentivam o esporte, além de instalarmos aca-demias gratuitas ao ar livre”, conta Guilherme Araújo, gerente de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Comunidades (SSMAC).

Seu Geraldo Tavares, de 65 anos, aprovou a ideia. Emagreceu 16 quilos em seis meses, di-minuiu o colesterol e as dores nas articulações após o uso dos aparelhos de ginástica, com au-xílio de um profissional da área. “Esta academia é um bem na saúde da população, não só para os idosos, mas para toda a cidade”, garante.

Todos os palitos Creme Mel são feitos a partir de madeira reflorestada,

pois acreditamos que ao cuidar do mundo estamos cuidando da gente.

A GENTE PLANTOU E DEPOIS COLHEU.

Por Amanda Oliveira

Max Yury comemora vitória no mundial de karatê e registra mais uma conquista na trajetória do esporte

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CORES 2524 janEiRO | jUNHO / 2014

Boas práticas construtivas mostradas em documentário

Para ampliar a percepção do público em relação à temática da sustentabilidade, e sobre como a construção civil pode

contribuir com o equilíbrio entre desenvolvi-mento e preservação dos recursos, a Toctao Engenharia lançou um documentário sobre boas práticas, no encerramento de sua 17ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e Meio Ambiente (SIPATMA).

Com 14 minutos de duração, o vídeo mostra os processos construtivos desenvol-vidos com base em premissas econômicas, ambientais e sociais, e contou com o finan-ciamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A organização desti-nou R$ 15 mil à empresa, vencedora do Prê-mio CBIC de Responsabilidade Social 2013, para aprimorar suas ações sustentáveis, re-conhecidas nacionalmente. Como o recurso deveria ser investido no próprio projeto que motivou a premiação, a Toctao optou por aplicá-lo na comunicação das práticas do programa Gestão da Responsabilidade Am-biental. Um deles é o documentário.

O expectador entenderá porque a adoção da responsabilidade socioambiental traz be-nefícios econômicos à empresa, ao reduzir o uso dos recursos, a geração de resíduos, evi-tar desperdícios, além de fomentar uma mu-dança de comportamento e cultura entre os colaboradores. “O vídeo será uma ferramenta de educação e disseminação das boas práti-cas, pois os recursos audiovisuais facilitam a compreensão dos processos”, diz a coorde-nadora de Meio Ambiente, Cinthia Martins.

No vídeo, é possível ver como funciona o Canteiro Ecológico da Toctao, que adota medidas de economia nas obras, como o uso da iluminação natural nos escritórios, energia solar nos chuveiros dos vestiários dos trabalhadores, reuso de água, inclusi-ve a do ar condicionado, reaproveitamento de resíduos de concreto e cultivo de hortas para estimular os bons hábitos na alimenta-ção, entre outras medidas.

Multiplicadores - Projetos para des-pertar o engajamento dos colaboradores à

Vídeo lançado na 17ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e Meio Ambiente da Toctao Engenharia pode ser visto em www.youtube.com/tvtoctao

TOCTAO

causa e aqueles visando o relacionamento com o público externo, também foram mos-trados. Dentre eles, o Canteiro Aberto, diri-gido à comunidade acadêmica, e o Vizinho Amigo, programa implantado com o fim de promover o diálogo e mitigar os impactos da construção nos locais vizinhos às obras. Todas essas práticas tiveram início em 2010, juntamente com a adequação dos proces-sos para a certificação pela NBR ISO 14001 (meio ambiente). O sistema de gestão da empresa é certificado ainda pelas normas NBR ISO 9001 e PBQP-H nível A (qualidade) e OHSAS 18001 (saúde e segurança).

O roteiro do vídeo foi escrito pelo diretor cinematográfico e roteirista Pedro Novaes. Ele mesmo se surpreendeu com a realidade que encontrou nos canteiros de obra. “O cuidado que a empresa tem com o meio am-biente é admirável. Observa-se que a Toctao mudou completamente sua maneira de construir, adaptando e aplicando técni-cas que causam menor impacto ambiental, geram benefícios econômicos, bem como valores intangíveis”, diz ele.

Para Cinthia Martins, a gravação do do-cumentário reservou outras surpresas para a empresa, como a descoberta de que havia formado multiplicadores de boas práticas. “Fomos surpreendidos com depoimentos de trabalhadores que passaram a praticar a co-leta seletiva em casa e que se atentaram para eliminar o desperdício de água e energia, porque viram os resultados dessas medidas no ambiente de trabalho”, diz ela.

No evento de lançamento do vídeo, a coordenadora do Sistema de Gestão Inte-grado (SGI) da Toctao Engenharia, Ana Clara Schreiber, destacou o quanto é importante o aprimoramento da comunicação, com o fim de reforçar a cultura interna da sustentabilidade. “Uma empresa só pode ser construída com a ajuda de colaboradores capacitados e empe-nhados em colocar em prática as ações pro-postas. Quando percebem que as sugestões trazem resultados, a dedicação deles é ainda maior”, ressalta. O vídeo será exibido também para estudantes que visitam os canteiros de obras, em reuniões com a comunidade e em apresentações institucionais da empresa.

Cinthia Martins na apresentação do vídeo que mostra boas práticas nos processos construtivos

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26 janEiRO | jUNHO / 2014

MARCA empresarial Por Márgara Morais

CORES 27

Os japoneses deram um show de civilidade na Copa do Mundo. As imagens que circularam na internet, mostrando os nipônicos catando o lixo que ficou nas arenas, estão entre as mais emble-máticas do evento. Eles coloriram as arquibanca-das com sacos de lixo azuis, cheios de ar, como balões, inicialmente para festejar o momento e, ao final, para depositar o lixo que acumularam. O gesto, comum no Japão, mostrou que a educa-ção passa pelos princípios de cidadania.

Entre os brasileiros, esta atitude ainda não é comum, mas isso deverá mudar nos próximos anos, é o que define a Política Nacional de Re-síduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010. O lixo, agora, é da responsabilidade de todos, começando pelo cidadão comum. Os exem-plos de boas práticas relacionadas ao lixo es-tão se sobressaindo principalmente nas esco-las de ensino básico, com crianças e jovens, e dentro das empresas, com os adultos.

Exemplo de cidadania chama atenção na Copa do Mundo

ConferênciaEthos 360°Uma dinâmica que propõe integrar todas as atividades, possibilitando aos participantes acompanhar o evento de forma global e intera-tiva, será a marca da Conferência Ethos 360º, este ano. Entre os te-mas a serem abordados estão os formatos de negócios do futuro, as tendências em termos de finanças, lideranças e consumo. Está confir-mada a presença de dois aclamados economistas contemporâneos, Pa-van Sukhdev e Cameron Hepburn. A conferência acontecerá dias 24 e 25 de setembro, em São Paulo. As inscrições estão abertas no site www3.ethos.org.br/ce2014.

Prêmio Brasil Ambiental elege a biodiversidadeEstão abertas as inscrições para o 10º Prêmio Brasil Ambiental, promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio), que tem por fim reconhecer o mérito de trabalhos e práticas socioambientais conduzidos por empresas com atuação no Brasil. O tema deste ano é Biodiversidade e a importância do patrimônio genético. As inscrições po-dem ser feitas até o dia 12 de agosto pelo site www.premiobrasilambiental.com, nas seguintes categorias: Emissões Atmosfé-ricas, Gestão de Resíduos Sólidos, Inova-ção Ambiental, Preservação e Manejo de Ecossistemas, Responsabilidade Socio-ambiental e Uso Racional dos Recursos Hídricos. A categoria especial tem o nome de Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado, e visa projetos de proteção do conhecimento das popula-ções tradicionais, escolhidos em função de sua relevância e da necessidade de en-gajar organizações e pessoas na proteção das riquezas nacionais.

A recente publicação de Líderes Sus-tentáveis com a Mão na Massa – O que Aprender com a Experiência dos Princi-pais Executivos de Sustentabilidade do Brasil é mais uma ação da Plataforma Liderança Sustentável, do consultor e jornalista Ricardo Voltolini. O livro traz depoimentos em primeira pessoa de Carlos Nomoto (Santander), Elisa Pra-do (Tetra Pak), David Canassa (Voto-rantim), Luciana Alvarez (AES Brasil), Jorge Soto (Braskem), Fábio Abdala

Executivos contam como implantaram suas políticas de responsabilidade social

Imagens como esta circularam o mundo - globoesporte.globo.com/rn/copa-do-mundo

(Alcoa), Denise Alves (Natura), Arman-do Ennes Jr. (Whirlpool), Denise Hills (Itaú), João Redondo (Duratex) e Síl-vio Gava (Even). A experiência deles es-tá ajudando outras empresas em suas políticas de responsabilidade social. O livro é uma ferramenta para educar li-deranças e fomentar a cultura da sus-tentabilidade. Pode ser adquirido em lotes, via Karina Marinheiro pelo e-mail [email protected] ou pe-lo telefone (11) 5579-8012.

Livro de Voltolini traz contribuições às empresas

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28 janEiRO | jUNHO / 2014

EnTREViSTa

LuiZ FERnandES dOuRadO

Plano Nacional de Educação universaliza ensino básicoDepois de mais de três anos em discussão, a Câmara dos Deputados aprovou e a presidente Dilma Rousseff sancionou dia 25 de junho, o Plano Nacional de Educação (PNE), em sintonia com a Emenda Constitucional nº 59, de 11/11/2009. O PNE estabelece em 7% do PIB (Produto Interno Bruto) o investimento em educação nos pró-ximos cinco anos, chegando a 10% do PIB em 2024. Foram esta-belecidas 20 metas a serem alcançadas nesse período, dentre elas, universalizar o Ensino Pré-Escolar, Fundamental e o Ensino Médio. O plano prevê ainda a erradicação do analfabetismo, o aumento de vagas em escolas de período integral, expansão de vagas no ensino superior, na educação técnica e na pós-graduação, além da valorização do professor.

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LuIz FERnAnDES DOuRADO é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mestre em Educação pela UFG, doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pós-doutor em Sociologia pela École des Hautes Études en Siences Sociales de Paris. Integra a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e o Conselho Superior da Capes e participou da elaboração do Plano Nacional de Educação. É autor do livro Plano Nacional de Educação - Avaliação e Perspectivas (Editora da UFG e Editora Autêntica/3ª edição).

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Em quais pilares o Plano nacional da Educa-ção (PnE) está fundamentado?

Luiz Fernandes Dourado - O plano é cons-tituído de várias metas e estratégias, li-gadas às políticas e gestão da educa-ção. Traz um conjunto de princípios e uma concepção fundante e estrutural, ao instituir um sistema nacional de educa-ção, por meio do regime de colaboração e responsabilidade compartilhada entre União, Distrito Federal, estados e muni-cípios. A União deverá instituí-lo dentro de 2 anos, cabendo aos demais entes fe-derados elaborar seus próprios planos, os quais serão avaliados pelo conjunto da sociedade brasileira a cada 4 anos.

Que desafios o Brasil terá de enfrentar para torná-lo uma realidade?

O Brasil ampliou a educação obrigató-ria antes restrita ao Ensino Fundamental, para uma educação abrangente, que inclui crianças e jovens na faixa etária de 4 a 17 anos, ou seja, da Pré-escola ao Ensino Mé-dio. A universalização da educação básica é uma meta definida na Constituição Fede-ral, a ser conquistada até 2016. Esse é, ao mesmo tempo, um avanço e um desafio, já que demandará um esforço enorme dos governantes para melhorar as condições de oferta dos processos de ensino-apren-dizagem, aprimorar e garantir a forma-ção inicial e continuada de professores, bem como carreira com salários atrativos e condições objetivas de trabalho.

O que o plano trouxe de novo para o ensi-no superior?

O PNE aprovou a duplicação de vagas para a educação superior. Trata-se de uma ne-cessidade histórica, tendo em vista o fato de o ensino superior no Brasil ainda es-tar acessível somente a uma elite social, e isso, sem dúvida, é um freio ao nosso desenvolvimento. Buscando mudar essa realidade, o plano propõe a ampliação da educação superior e define que 40% das novas vagas deverão ser garantidas para a escola pública. Esta política se articulará com a de cotas, que visa ampliar a parti-cipação de estudantes oriundos da escola pública, nas universidades públicas fede-rais. Temos deficiências a serem superadas para garantir a democratização da educa-ção e permitir que pessoas de todas as fai-xas etárias, e também a população de bai-xa renda, tenha acesso a ela. Este é um desafio do Estado brasileiro.

A internet, a música e as artes contribuem no aprendizado dos alunos?

Contribuem, mas podem contribuir mais. Para isso, é necessário que os processos pedagógicos das escolas contemplem a salutar integração entre conhecimento, cultura, participação e cidadania. É impor-tante destacar que programas como o Mais Educação, que ampliam a jornada escolar, proporcionam espaços alternativos, onde estudantes e professores compartilham de novas perspectivas formativas, lúdicas e culturais. Eles agregam valor aos conteú-dos e processos do ensino regular. A per-manência na escola tem de ser prazerosa, instigante e motivadora, e as artes de um modo geral conduzem a esse clima.

Como preparar os educadores para absorver esses novos conhecimentos?

Os cursos de formação de professores es-tão sendo objeto de questionamento e busca de melhoria, tendo em vista a ne-cessidade de formar profissionais com uma visão mais abrangente do processo educativo. Nesse sentido se requer dos professores o conhecimento específico de sua área de atuação, mas também de processos e dinâmicas pedagógicas que lhes permitam propor ações que aper-feiçoem a relação ensino-aprendizagem. Assim, é fundamental que os cursos de formação inicial e continuada de profes-sores façam a articulação de teoria e prá-tica, permitam o acesso às novas tecnolo-gias de comunicação e informação, para que o professor exercite, antes de tudo, seu papel de investigador, pesquisador e formulador do processo de educação.

Os investimentos privados em educação impactam na qualidade de ensino?

A educação e a escola vivem um momen-to de muitas avaliações e também de pro-postas pedagógicas as mais diversas. Nesse particular, é oportuno ressaltar a importância do apoio efetivo dado por instituições privadas às escolas públi-cas. Há empresas de fato envolvidas com a educação, sobretudo com o ensino pro-fissionalizante, cujo conhecimento é in-dispensável ao desenvolvimento econô-mico pretendido pelo Brasil. Quanto mais garantirmos educação para todos com qualidade, maiores chances teremos de superar os atuais indicadores de exclusão e desigualdades sociais e nos habilitarmos para a Era do Conhecimento.

Visão ampla da educação, com ga-rantia de políticas públicas para todas as etapas e modalidades; in-clusão social; financiamento cus-to-aluno compatível e estabeleci-mento de parâmetros nacionais de qualidade; fortalecimento de pro-cessos e mecanismos de gestão de-mocrática e participativa nas es-colas; consolidação de programas complementares de alimentação e saúde, com foco no desenvolvi-mento pleno dos estudantes; edu-cação em tempo integral.

Princípios diretores do PNE

EnTREViSTa

LuiZ FERnandES dOuRadO

EnTREViSTa

LuiZ FERnandES dOuRadO

30 janEiRO | jUNHO / 2014 CORES 31

“A universalização da educação básica é uma meta definida na Constituição Federal”

“O acesso aos novos saberes e às tecnologias

de comunicação e informação asseguram uma formação ampla. Para isso, é necessário

que os processos pedagógicos das

escolas contemplem a salutar integração entre conhecimento, cultura, participação

e cidadania”

É preciso estabelecer diretrizes e mecanis-mos direcionados à melhoria dos proces-sos formativos, à infraestrutura das esco-las, dos recursos pedagógicos e de gestão, de modo que reflitam na melhoria do ren-dimento escolar dos estudantes, superan-do assim altas taxas de reprovação e desis-tência nos processos formativos.

Em que nível a educação no Brasil se enquadra-ria, se comparada a países mais avançados?

Temos uma educação desigual e combi-nada. Há escolas convivendo com o que há de melhor em tecnologia e outras em péssimas condições, tanto públicas quanto privadas. Por isso, é preciso que haja mais recursos e uma política de in-vestimento efetiva, capaz de melhorar as escolas públicas e dar a elas condi-ções de permanência dos estudantes, possibilitando a eles uma formação com acesso a ciência, cultura e a diferentes formas de linguagem, como internet, la-boratório, música, dança, esporte, que são uma realidade em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, e mesmo no Brasil, só que aqui, as disparidades ainda são acentuadas.

Os saberes agregados ao mundo do traba-lho tiveram repercussão na PnE?

É importante situar que a legislação re-ferente à educação no Brasil sempre se pautou na promoção dos novos saberes, sobretudo os relacionados à cidadania e à formação para o trabalho. Tais ques-tões são fundamentais, uma vez que tra-duzem valores morais e éticos e é em cima deles que se fundamenta uma so-ciedade, daí a importância de nesse pro-cesso formativo se agregar a discussão e o respeito à diversidade, numa pers-pectiva de formação humanística, cien-tífica, cultural e tecnológica. Sem per-der de vista a promoção do princípio da gestão democrática, da superação das formas de discriminação, das lutas pela inclusão de diferentes linguagens e di-nâmicas culturais. Nessa direção, o acesso a novas tecno-logias de comunicação e informação, incluindo a internet e seus desdobra-mentos, é fundamental para um pro-cesso formativo amplo, que considere a articulação com o saber historicamen-te produzido pela humanidade com as novas demandas propiciadas por esses processos interativos.

Para falar sobre os avanços que o plano propõe e os desafios que o Brasil terá que enfrentar para torná-lo uma realidade, a

revista CORES entrevistou o professor, dou-tor Luiz Fernandes Dourado, que participou da elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) e integra a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e o Conse-lho Superior da Capes (Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

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CORES 3332 janEiRO | jUNHO / 2014

Projetos formam cidadãos para o mundoInvestimentos em educação e cultura elevam qualidade de vida da comunidade e resguardam crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social

ANGLO AMERICAN

condição de vulnerabilidade social. Para parti-cipar, é preciso estar matriculado na escola, já que o programa faz o acompanhamento escolar.

A Camerata de Violões de Barro Alto existe desde 2005 e é conduzida pela Asso-ciação dos Amigos da Cultura, com o apoio da Anglo American, por meio da Lei Fede-ral de Incentivo à Cultura, conhecida tam-bém por Lei Rouanet. O projeto tem como objetivo promover a cidadania e oferecer atendimento psicossocial para as crianças e adolescentes. Ministradas pelo maestro Levi Trindade Teixeira, as aulas para formação musical misturam arranjos de coral, percus-são e violão. Mais de 1.500 alunos já pas-saram pelo projeto e este ano 120 pessoas, entre 9 e 18 anos, serão beneficiadas.

Criado em 2007, o projeto Banda de Per-cussão Batuqueira é conduzido pela Associa-ção dos Parceiros da Arte Cultural de Barro Alto (APAC) e atende 120 jovens com vulne-rabilidade social em Barro Alto e Souzalândia. Com o mesmo objetivo, outro projeto, o Bola na Rede – Golaço Social, é executado pela APAC, com recursos da Anglo American, via Fundo Municipal da Criança e do Adolescente de Barro Alto. Busca-se, por meio do esporte, estimular o desenvolvimento pleno de 120 crianças e adolescentes. São oferecidas au-las de futsal e futebol. O projeto existe desde 2009 e cerca de 750 jovens já foram atendidos.

Em Niquelândia, a empresa mantém uma parceria sólida com o Instituto Paulo Rocha, que coordena o Projeto Social PAES - Paz, Amor e Educação Social, por meio do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente de Ni-quelândia. Este, por sua vez, consiste na for-

mação socioeducativa e cultural de 80 crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos de idade, com base na metodologia da Fundação Gol de Le-tra, reconhecida pela Unesco como modelo no apoio às crianças em situação de risco social.

Jovens residentes das vilas Mutirão, São Vicente, São Paulo e São José, em Niquelân-dia, participam de oficinas de música, artes plásticas, dança, informática, educação físi-ca, educação sexual, leitura, escrita e capoei-ra. Por meio das atividades, o PAES consegue mostrar aos jovens um caminho de luz e es-perança no sonho de um futuro melhor. Na mesma direção está o Sinfonia do Cerrado, que ministra aulas de violão e cavaquinho. Em 12 de anos de projeto, aproximadamente 2.780 crianças foram atendidas. Em 2014, a Orquestra de Violões será regida pelo maes-tro Levi TrindadeTeixeira, que também rege a Camerata de Violões de Barro Alto. A inicia-tiva levará diversidade de gêneros para 120 estudantes de música, entre 9 e 17 anos.

núcleos de capacitação - A Anglo American possui uma parceria sólida com o Sesi Senai nos municípios onde atua em Goiás (Catalão, Ou-vidor, Barro Alto e Niquelândia), com o fim de preparar a comunidade para o mercado de tra-balho. São oferecidos cursos gratuitos de inclu-são digital, educação continuada em diversas modalidades, programa Educação de Jovens e Adultos (Alfabetização, Ensino Fundamental e Médio). Existem ainda cursos de iniciação pro-fissional e aprendizagem industrial, entre eles para o cargo de assistente administrativo.

A empresa também desenvolve ações de capacitação profissional, com a finalidade de preparar os moradores para as oportunidades

que surgem dentro dos projetos e operações da companhia. Nessa mesma direção está o Programa de Priorização de Mão de Obra Local. Independentemente da fase em que o projeto se encontra, quem é da comunidade sempre terá prioridade na contratação, desde que preencha os requisitos necessários.

Primeiro emprego - Um curso profissio-nalizante durante a formação educacional de um aluno pode modificar sua carreira. Bus-cando contribuir com este processo e impul-sionar carreiras promissoras, a Anglo Ameri-can desenvolve, também em parceria com o Sesi Senai, o programa Jovem Aprendiz.

A iniciativa é baseada na Lei da Aprendi-zagem, que determina a contratação de jovens aprendizes por empresas de médio e grande porte em um número equivalente a pelo menos 5% do quadro de empregados. Os processos de seleção são realizados de acordo com a deman-da em cada área da companhia. Só podem par-ticipar do programa os candidatos indicados pelo próprio Sesi Senai, que avalia os alunos com melhor desempenho durante o curso.

O programa dá aos jovens a oportunidade de desenvolverem suas habilidades, podendo ser considerado uma escola profissionalizan-te. Há um ano e seis meses como aprendiz no departamento de Recursos Humanos da ope-ração de Fosfatos da Anglo American, Rafaela de Cássia Faria Rodrigues destaca sua evo-lução dentro da companhia: “Considero que este foi um período muito produtivo. A Anglo American contribuiu para o meu crescimento pessoal e profissional, hoje me sinto capaz de executar qualquer uma das tarefas relativas à área de Recursos Humanos”.

A política de investimento social da An-glo American é voltada para a comu-nidade local, priorizando áreas como

educação e cultura. São projetos que contri-buem para a formação de crianças e adoles-centes de Catalão, Ouvidor, Barro Alto e Ni-quelândia, cidades goianas onde a empresa mantém unidades operacionais.

Um exemplo é o “Era Uma Vez na Escola”, aprovado este ano via edital de Investimento Social da empresa. A ação é desenvolvida pela Secretaria Municipal de Educação de Ouvidor e objetiva melhorar o processo de ensino--aprendizagem, promovendo o gosto pela lei-tura e combatendo o analfabetismo funcional na educação infantil e no Ensino Fundamental. Prevê ainda a ampliação e renovação de mó-veis e equipamentos, criação de espaço para leitura, qualificação dos profissionais da edu-cação, além de melhorar o acervo da biblioteca escolar. Mais de 580 crianças e adolescentes que estudam na rede municipal de ensino são contemplados com a iniciativa.

Outra ação importante nessa área é o programa Educação Rural, que conta com o apoio da Anglo American e a parceria da ONG CARE Brasil. O objetivo é promover uma educação contextualizada no meio rural, que fortaleça no jovem o orgulho de pertencer à sua região, além de fomentar o papel da esco-la na construção do desenvolvimento susten-tável. Eles serão capacitados para práticas fi-nanceiras e empreendedoras que contribuam com as rotinas das famílias que residem no campo, nas regiões de Catalão e Ouvidor.

A ONG CARE Brasil, responsável pela me-todologia do programa Educação Rural, está presente em mais de 87 países no mundo e atua há 12 anos no Brasil, com foco no desen-volvimento local e sustentável das comunida-des e territórios, por meio de ações de inclu-são social, fortalecimento da economia local, preservação do meio ambiente, inovação na gestão pública e mobilização social.

Música e esporte - Cultura, educação e ci-dadania formam o tripé dos projetos em Barro Alto, voltados para crianças e adolescentes em Atraídos pelo projeto “Era Uma Vez na Escola”, alunos tomam gosto pela leitura

Ensino da música contextualiza novos saberes e contribui para a formação plena de crianças e jovens

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CORES 3534 janEiRO | jUNHO / 2014

Política social dá prioridade à educação

Cada vez mais, as empresas se preocupam com o relacionamento com os seus cola-boradores, dando a eles a mesma aten-

ção dispensada aos clientes. “Fidelizá-los é uma maneira de assegurar que permaneçam na empresa, que trabalhem com satisfação e prazer”, ressalta o gerente de Desenvolvimen-to de Pessoas da Refrescos Bandeirantes, Ju-liano Ribeiro da Costa, para quem o cresci-mento profissional dos colaboradores reflete diretamente em ganhos para as corporações.

Estar em condições de fazer planos e estabelecer metas pessoais é um estímulo para aqueles que querem investir na carrei-ra profissional, e essa possibilidade advém com o conhecimento, por meio da educação. É com esse entendimento que a Refrescos Bandeirantes, fabricante e distribuidora dos produtos Coca-Cola para Goiás e Tocantins, mantém projetos na área de educação volta-dos para os colaboradores.

Em 2011, a companhia implantou, em parceira com o Sesi, o Escolaridade, progra-

Capacitar os trabalhadores para o ofício e para a vida é uma estratégia que deu certo na Refrescos Bandeirantes, onde as pessoas são estimuladas ao estudo e ao conhecimento

REFRESCOS BANDEIRANTES

ma criado com o objetivo de oferecer formação escolar para os trabalhadores que não tiveram a oportunidade de completar o Ensino Funda-mental em idade regular. Em 2012, quinze alu-nos receberam os certificados de conclusão de curso, e, este ano, oito já concluíram o 9º ano e estão matriculados no Ensino Médio.

Salviano Pereira de Souza trabalha há 25 anos na Refrescos Bandeirantes e, há três, dedica parte do seu tempo ao programa. Graças a ele, viu despertar em si o desejo de estudar e a vontade de crescer profissional-mente. Salviano fala do orgulho que tem em fazer parte desse processo, do aprendizado que colheu e da satisfação em concluir o Ensino Fundamental. “O que mais quero é dar continuidade aos estudos!”, diz ele, que agora tem metas de vida pela frente.

A política de responsabilidade social ado-tada pela empresa privilegia a educação. Os colaboradores que estão num patamar de en-sino mais avançado são beneficiados com um convênio feito com as Faculdades Alfa, que

Comunidade é alvo de projetos e parcerias

Os projetos sociais mantidos pela Re-frescos Bandeirantes refletem os va-lores cultivados pela marca Coca-Cola e pela cadeia de fabricantes e distri-buidores do produto. Dentre eles, o Coletivo, que desde 2009 transforma a realidade de milhares de pessoas, especialmente de jovens e mulheres de baixa renda, com a oportunidade de ingresso no mercado de trabalho. Trata-se de uma plataforma de comu-nicação e relacionamento que envolve cerca de 500 unidades da companhia no Brasil, atuando em 150 comuni-dades. Em Goiás, centenas de adoles-centes receberam formação na área de vendas, logística e varejo, por meio das unidades instaladas em Goiânia, Trindade e Aparecida de Goiânia.

Por Astero da Mota Silva Neto

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Dieukenys Rodrigues Amado sempre quis fazer um curso superior. Há quase dois anos trabalhando na área de Planejamento e Con-trole de Produção (PCP), ele está mais próximo de realizar o seu sonho. Aos 20 anos, cursan-do Administração, Dieukenys reconhece que o apoio da empresa está sendo determinante em sua carreira. “O convênio é a grande motiva-ção para eu continuar meus estudos”, diz ele.

Oportunidade de adquirir conhecimento é o principal fator de motivação entre os colaboradores

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CORES 3736 janEiRO | jUNHO / 2014

Projetos promovem inclusão cultural em ambiente hospitalarOs momentos vividos durante a internação ficaram menos difíceis no HGG. A unidade hospitalar utilizou a música e a arte para levar alegria aos pacientes e visitantes

IDTECH

Por Luciana Porto

Humanizar o ambiente hospitalar é o maior desafio para o Instituto de De-senvolvimento Tecnológico e Humano

(Idtech), Organização Social gestora do Hos-pital Alberto Rassi (HGG). Integrados a uma política de humanização, os projetos “Sarau do HGG” e “Arte no HGG” têm como objeti-vo tornar esse ambiente menos hostil e mais acolhedor. As ações desenvolvidas por ambos valorizam a arte, proporcionando inclusão cultural e entretenimento aos pacientes, co-laboradores e visitantes da unidade.

Caracterizado por shows musicais, o Sarau do HGG é promovido semanalmente com o apoio de cantores e músicos voluntários. Sem estilo musical definido, o projeto resgata a memória afetiva dos pacientes e convidados, proporcio-nando, sobretudo, momentos inéditos para quem aprecia a música. Isso pôde ser observa-do durante a apresentação de Grace Venturini, quando a cantora levou à unidade repertório especial em comemoração ao Dia das Mães.

Moradora do município de Trindade, Maria Terezinha Moreira garante não esquecer jamais os dias em que fez companhia para o marido, internado no HGG devido a problemas cardía-cos. Mãe de três filhos, a dona de casa não conseguiu segurar as lágrimas na apresenta-ção da artista. “Eu me emocionei assim que ela começou a cantar, muitas das músicas marca-

ram meu romance com meu marido, só tenho a agradecer por esse presente maravilhoso.”

O hospital recebeu também Aline Araújo. De aparência frágil e delicada, a instrumentis-ta surpreendeu a todos ao tocar a imponente harpa paraguaia para os colaboradores do hospital. A assistente social Sônia Cristina Kuramoto não resistiu aos encantos do instru-mento. “A música tira o foco da doença e leva aos pacientes um pouquinho de conforto”. Essa constatação rendeu à Aline novo convite,

desta vez, para participar do Sarau do HGG.A apresentação da Orquestra Sinfônica Jo-

vem de Goiás foi um dos pontos altos do proje-to. Além do concerto, o maestro Andreyw Batis-ta deu uma aula de música para os presentes. Kerlane Vasconcelos, aprendiz de violino, foi convidada pelo maestro para reger a orques-tra. A jovem, que estava em tratamento contra a anorexia, sensibilizou a plateia. “Foi muito difícil segurar as lágrimas, muito emocionante mesmo”, avaliou uma colaboradora do hospital.

Exposição

O projeto Arte no HGG visa contribuir com a melhora dos pa-cientes em tratamento. A mostra “Senhora das Cores”, por Helena Vasconcelos, deixou o hospital repleto de telas co-loridas, protagonizadas por personagens folclóricos e figu-ras populares das festas religiosas do Estado. O contabilista Joaquim de Barros, de nacionalidade portuguesa, internado na unidade, se disse encantado com as obras. “Nem mesmo na Europa vi coisa igual”, enaltece. A primeira exposição foi realizada por Rucélia Ximenes. Referência no mundo da moda, a artista completou 40 anos de carreira com a mostra “Os caminhos da arte de Rucélia Ximenes”.

Arte colore ambiente hospitalar e agrada pacientes

Maestro convida paciente para viver a experiência de reger a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás

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CORES 3938 janEiRO | jUNHO / 2014

Trabalhadores são motivados a opinar sobre gestãoUtilizando ferramentas apropriadas de comunicação, empresa envolve as pessoas num exercício de “contação de histórias” e se prepara para recertificar seu sistema de gestão

BELCAR

A filosofia de gestão participativa faz parte da cultura da Belcar Caminhões. A empresa acredita que delegar poder

e autoridade às suas lideranças contribui para alavancar o negócio da concessionária.

Este ano, a Belcar apostou no storytelling (expressão em Inglês que significa “contando história”), ferramenta de comunicação sur-gida em 1992, tendo como pioneiro Robert McKen, para mobilizar os trabalhadores. Com o desafio de evitar os velhos hábitos de lista, planilhas e palestras, a área de Comunicação e Marketing decidiu contar a história dos conceitos da ISO 9001(qualidade), em que a empresa é certificada desde 2009, realizando a Gincana da Qualidade. O objetivo era se pre-parar para a auditoria de recertificação.

A ferramenta do storytelling coube perfei-tamente na proposta da gincana, criando uma conexão emocional com os trabalhadores e co-locando-os em condições de ouvir a “história” que a empresa queria contar sobre ela mesma: quem é, de onde vem e em quê acredita. Os trabalhadores foram estimulados a exercitar a criatividade e a autonomia nas tomadas de de-cisões para cumprir as missões da gincana.“Os resultados foram além da disseminação dos conceitos de qualidade. O que se obteve foi uma grande mobilização em cima de uma meta acordada, com o engajamento de todos os tra-

balhadores”, conta a coordenadora de Comu-nicação e Marketing, Grazielle Rosa.

As atividades foram encerradas com uma “pizzada”, quando, então, os participantes apresentaram as paródias produzidas pelos grupos, com o tema sobre a gestão da qualida-de, responsabilidade social e gestão ambiental.

Outras ações de cunho participativo foram criadas para aproximar a gestão do público in-terno, a exemplo do Faça a Diferença, reuniões em que os trabalhadores de vários níveis hie-rárquicos podem se reportar diretamente à alta direção, tirando dúvidas e dando sugestões.

Nas datas comemorativas, a empresa de-senvolve ações que fogem do senso comum. No Dia da Mulher, por exemplo, todas as trabalha-doras tiveram suas atividades diárias descritas em forma de superpoderes. Cada uma foi trans-formada em uma super-heroína. “Elas ainda foram surpreendidas no seu local de trabalho com um café da manhã servido num carrinho--bar, por dois rapazes escolhidos a dedo numa agência de modelos. Não precisa nem falar o alvoroço, que foi, não é?”, conta Grazielle.

A ideia é propor ações específicas que des-pertem em cada pessoa o sentimento de que aquela ação foi especialmente pensada para ela. “O trabalhador se sente valorizado e estimula-do a cooperar com a gestão da empresa”, diz a coordenadora de Comunicação e Marketing.

Ações integradas unem empresa e comunidade

A empresa busca integrar as ações externas de seu projeto Vínculos com propostas voltadas aos trabalhadores. Focado nas áreas de educação, cultura e meio ambiente, o projeto é desenvol-vido com a participação da comunidade e instituições parceiras. Por meio dele, a empresa mantém a Escola de Infor-mática e Cidadania e apoia as oficinas de arte e artesanato de produtos feitos com materiais reciclados. Seus parcei-ros são: Centro de Referência de Assis-tência Social (CRAS) da Vila Redenção, em Goiânia, APAE e Pestalozzi.

No último Dia das Mães foram confeccionadas bandejas produzi-das a partir do reaproveitamento das arandelas de filtro de ar de caminhões para compor o presente das mães. Além disso, foi criado um blog (www.maessobmedida.blogspot.com.br) com a “receita de mãe”, a partir do depoimento de cada uma delas.

Em 2013, os trabalhadores fo-ram, de forma voluntária, ministrar palestras para as alunas dos cursos de artesanato do CRAS da Vila Reden-ção sobre técnicas de vendas, noções de marketing, política de preços e comércio. No mesmo ano, empresa e CRAS promoveram o Redenção em Cena, que contou com a participação dos trabalhadores em oficinas de ar-tesanato, apresentações musicais, de dança e ações de saúde em prol da comunidade. “Acreditamos que quando as pessoas se sentem parte do processo, se potencializa a pos-sibilidade de alcançar os objetivos propostos”, observa Grazielle Rosa.

Equipe vencedora da Gincana da Qualidade comemora vitória ao lado de colegas e diretores

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CORES 4140 janEiRO | jUNHO / 2014

Profissionalização é fator de desenvolvimentoCapacitar os jovens para o mercado de trabalho faz parte da política de responsabilidade social da AngloGold Ashanti, aplicada à unidade Serra Grande, em Crixás (GO)

SERRA GRANDE

Há dois anos, fazer parte do quadro de profissionais da Serra Grande, em-presa do grupo AngloGold Ashanti,

para o jovem Jedelmar Moura Santos, de 20 anos, era apenas uma possibilidade. Filho de uma das colaboradoras da empresa, ele ficou sabendo do curso de Mecânico de Ma-nutenção de Equipamentos Pesados de Mi-neração, oferecido pela mineradora, e viu aí a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Há oito meses, Jedelmar integra a equipe da unidade, em Crixás (GO), e vislum-bra um futuro promissor. Outros 12 jovens

concluíram o mesmo curso e, atualmente, 10 deles estão no quadro da empresa, que ope-ra no município há mais de 25 anos.

Assim como Jedelmar, Naiara Batista da Silva, de 23 anos, diz que o curso mudou sua vida. Ela, que antes obtinha sua renda com a prestação de serviços domésticos, agora diz se orgulhar de ter sido a primeira mulher da clas-se a concluir o curso e de ter encontrado nele a profissão para a qual realmente tem talento. “Foi uma oportunidade que nunca achei que teria na vida. Vejo chances de crescer profis-sionalmente aqui na Serra Grande”, diz ela.

Naiara, hoje no quadro de trabalhadores da empresa, comemora: “O curso de mecânica mudou minha vida. Vejo chances de crescer profissionalmente”

O curso foi idealizado a partir de proje-to elaborado pelos próprios empregados, juntamente com a Secretaria Municipal de Promoção Social de Crixás e com professores voluntários, e aprovado em 2011, na Chama-da Pública de Projetos (CPP). Esta é uma das linhas de investimento social adotada pela empresa nas unidades brasileiras. Segundo o gerente de Sustentabilidade, Rogério Car-valho da Costa, a CPP tem o objetivo de esti-mular a mobilização social e tornar a comuni-dade protagonista de seu desenvolvimento. “Por meio dela, promovemos empreendimen-tos sociais e estimulamos a qualificação das instituições locais para uma atuação susten-tável, com autonomia e o fortalecimento de novas competências”, explica.

A iniciativa reforça a intenção da com-panhia de promover a inclusão dos jovens no mercado de trabalho. “Sabíamos da nossa demanda interna e não havia por que não in-vestir na capacitação da população do muni-cípio, via Chamada Pública de Projetos, cria-da com a finalidade de aproximar empresa e comunidade”, observa Nicola Cassali, chefe de Manutenção Mecânica.

Parceria com Sesi Senai - Para 20 va-gas, na época, foram mais de 80 inscritos. Diante dessa demanda, a empresa optou por fortalecer o curso, incluindo o Senai (Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial), unidade Niquelândia, como parceiro. A gra-de curricular foi elaborada de acordo com as necessidades da indústria de mineração. Um investimento de cerca de R$ 100 mil.

Atualmente, o curso está em sua segunda turma. As aulas tiveram início em março, com 20 jovens aprovados no processo seletivo. O programa abrange temas como planejamen-to, desenho técnico, lubrificação, metro-logia, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Am-biente), eletrônica, entre outros. Com carga horária de 880 horas/aula, a oportunidade é direcionada a candidatos acima de 21 anos, que tenham cursado o Ensino Médio.

Juntamente com o Senai, várias turmas foram formadas nos cursos de Técnico em Mi-neração, Técnico em Eletrotécnica, Mecânico em Equipamentos Pesados de Mineração, Assistente Administrativo para Pessoas com Deficiência, entre outros. Atualmente, cer-ca de 80% dos empregados são oriundos do município ou de outras cidades do Estado de Goiás, resultado de um trabalho de estímulo à capacitação profissional da comunidade.

A empresa é mantenedora da Escola Sesi Crixás, que atende 600 alunos, entre filhos de empregados e da comunidade. A

política de responsabilidade social adotada pela companhia contribuiu para a melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano do Município (IDHM) que avalia itens como educação, longevidade e renda. De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em pes-quisa realizada em 2010, Crixás cresceu 75% em relação à primeira avaliação, feita em 1991, saltando de 0,404 (nível baixo) para 0,708 (nível alto).

A AngloGold Ashanti, unidade Serra Grande, situada no município de Cri-xás, Região Norte de Goiás, atua há mais de 25 anos na extração de ouro. Com uma força de trabalho de apro-ximadamente mil profissionais, sua produção anual chega a 4 tonela-das do metal, exportado para países como Inglaterra e Estados Unidos.

Sobre a empresa“Chamada Pública

de Projetos estimula a qualificação das instituições locais para uma atuação

sustentável”Rogério Carvalho da Costa, Gerente de Sustentabilidade

“Sabíamos da nossa demanda interna e

não havia por que não investir na capacitação

da população do município, via Chamada

Pública de Projetos, criada com o fim de

aproximar empresa e comunidade”

nicola Cassali,Chefe de Manutenção Mecânica

DAIANY BATISTA

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CORES 4342 janEiRO | jUNHO / 2014

Robótica muda salas de aula e traz novos conceitos

Em vez do quadro negro, um computador. Peças de plástico que se encaixam subs-tituem o lápis. A sala de aula dá lugar a

um laboratório com maletas de kits da Lego. O resultado da lição não é a resolução de um problema de matemática, e sim um robô. Des-de o ano passado, essa é a realidade nas es-colas Sesi de Goiás com a implantação da ro-bótica. Capacidade de inovação, criatividade, raciocínio lógico, trabalho em equipe e valo-res humanos são os novos conceitos, fortale-cidos com a disciplina. A iniciativa está dando tão certo que estudantes goianos participa-ram da etapa nacional do Festival de Robótica First Lego League (FLL) e foram selecionados para a fase internacional da disputa, que será realizada em agosto deste ano.

Escolas da rede Sesi introduzem metodologias e saberes consoantes com linguagem dos tempos atuais para atender as demandas do mundo do trabalho

SESI

A implantação da metodologia faz parte das mudanças que Sesi e Senai promovem em seu modelo educacional para atender às exi-gências do mundo do trabalho, sobretudo nas vertentes tecnológica e pedagógica. No caso das aulas de robótica, a metodologia desperta o interesse de alunos para áreas mais afeta-das pelo déficit de mão de obra qualificada na indústria, como engenharia, física e matemá-tica, que ainda é um gargalo para a economia.

Durante as aulas no Sesi, crianças e ado-lescentes são convidados a construir robôs que cumpram missões em curto espaço de tempo – tirar objetos do caminho é uma das ta-refas –, além de desenvolver soluções para um problema a partir da execução de um projeto de pesquisa (ver box). Teoria e prática caminham

juntas do início ao fim da iniciativa. Todo o tra-balho é desenvolvido por uma equipe de alunos, sob supervisão de professores orientadores.

Os resultados são perceptíveis e alunos que passaram a ter acesso à robótica exibem melhoria nas notas e no comportamento na sala de aula, aponta o professor Ednaldo Cos-ta, do Sesi Campinas, uma das escolas mais tradicionais de Goiânia. O projeto envolve as disciplinas de geografia, matemática, portu-guês, física, biologia, inglês e educação físi-ca. “É uma atividade que possibilita o apren-dizado de maneira prática”, diz o professor.

Gilda Teixeira, mãe do aluno Matheus Antônio de Passo, também do Sesi Campinas, notou que o filho melhorou o comportamento, fez novas amizades e até ficou menos tímido

Por Daniela Ribeiro

Projeto alerta sobre riscos de alagamentos

após entrar para equipe que disputou a etapa nacional do torneio de robótica. “Ele está ten-do a chance de ver a vida de outra forma. Na minha época, eu não tive essa oportunidade.”

O estudante Lucas Felipe, de 14 anos, deixou para trás as dificuldades em matemá-tica e melhorou as notas. “Agora tenho mais facilidade para fazer cálculos, nas aulas de física e ciências.”

A melhoria no desenvolvimento dos estu-dantes é ressaltada por Jaime Mendes, coorde-nador pedagógico do Sesi Planalto, também na Capital. “Muitos alunos estavam na mesma es-cola e não se conheciam. Descobrimos líderes e grandes talentos durante os trabalhos”, revela.

Edvaldo Júnior, de 13 anos, aluno do 8º ano do Sesi Planalto, diz que aprendeu que o trabalho em conjunto sempre terá um resul-tado melhor. “Sozinho posso menos do que atuando em equipe.”

Alunos do Sesi Canaã, em Goiânia, desen-volveram um sensor ultrassônico, usando kit de robótica da Lego, para alertar sobre riscos de alagamentos. Os estudantes utilizaram fios de silicone e sensores nas paredes de construções. O mecanismo capta quando a estrutura sofre abalos, dilata ou contrai e adquire rachaduras. O começo e o fim das fissuras são medidos para saber se há riscos. As informações são processadas em uma central de diagnós-ticos. Alerta sonoro e luzes de emergência nas cores vermelha e amarela e verde indicam se é necessária a evacuação das pessoas, se a situação é estável ou se está tudo bem. Parece coisa de adulto, mas é o estudante Amós Messias Mendes, de 13 anos, que explica como funciona o projeto

Torneio aborda temas inquisidores

“Fúria da Natureza” foi o tema da edição 2013 do Torneio de Robótica First Lego League (FLL). Estudantes com idade entre 9 e 15 anos, de todo o Brasil, apresentaram soluções inova-doras para prevenir desastres naturais como tornados, ciclones, avalanches, tempestades, terremotos, tsunamis, enchentes e deslizamentos de terra. Além dos projetos apresentados, fo-ram premiadas as equipes que mais se destacaram nas categorias Design do Robô, Core Values (inspiração, traba-lho em equipe e gracious professiona-lism) e Desafio do Robô.

Em 2014, os estudantes irão tra-balhar o tema “World Class”. Os pro-jetos devem propor modos de como o conhecimento e as habilidades para o século 21 devem ser adquiridos. Os times irão ensinar as maneiras pelas quais as crianças querem e precisam aprender. Os detalhes do tema da próxima temporada serão divulgados apenas em agosto, mas estudantes de todo o País já podem montar suas equipes e começar a se preparar.

selecionado para representar Goiás no Festival Internacional de Robótica.

Amós fala com desenvoltura e entu-siasmo de circuitos, conexões e sensores. O menino diz que tem visto a escola de maneira diferente. “Gosto muito da mon-tagem e programação. Vejo como algo inovador. A gente aprende brincando con-ceitos de matemática e de geometria.”

Marcela Costa de Almeida, de 14 anos, também ajudou no desenvolvimento do sensor e se destacou na equipe. “Nós, mu-lheres, somos mais detalhistas e isso faz toda a diferença”, afirma. O gosto pela ro-bótica fez com que a estudante repensasse o curso superior que pretende fazer. “Sem-pre quis medicina, mas agora quero fazer algo ligado à informática.”

Marcela faz parte da equipe que representará Goiás no Festival Internacional de Robótica

Professor Ednaldo Costa: “Alunos com acesso à robótica melhoraram nas notas e no comportamento”

ALEX MALHEIROS

ALEX

MAL

HEI

ROS

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CORES 4544 janEiRO | jUNHO / 2014

Crianças são educadas em sua essênciaProjetado com o objetivo de oferecer uma formação plena na primeira infância, centro de educação infantil se baseia nas relações de afeto para transmitir valores às crianças

HALEX ISTAR

A comunidade do Jardim das Aroeiras, em Goiânia, viveu uma experiência pouco comum. A escola que atende o

bairro, e sofria com a falta de recursos, difi-culdades para os professores ministrarem suas aulas, ambientes inadequados ao aprendizado e uma infinidade de outros problemas comuns às escolas públicas, viu tudo se transformar quando o Colégio Estadual Jardim das Aroei-ras ganhou o apoio da Halex Istar Indústria Farmacêutica, em 2010. A partir daí, teve iní-cio uma história de conquistas e realizações.

O colégio foi fundado em 1989, graças à mobilização dos moradores, sobretudo das mulheres, que desejavam garantir o direito dos filhos à educação. A escola do “buracão”, assim conhecida por fazer divisa com uma invasão e pelas mazelas de sua condição social, conseguiu superar o estigma que lhe fora imposto, para tornar-se motivo de orgulho da comunidade. Hoje, com 242 alunos no Ensino Fundamental, em regime de tempo integral, e 142 no Ensino Médio, no período noturno, alunos, professores e colaboradores vivem tempos de glória.

A escola é pública e gratuita, todos os que estudam e trabalham nela têm acesso à alimentação. O dia começa com o café da ma-nhã, servido no refeitório, onde, mais tarde, as turmas se reúnem para o almoço. Pela manhã, estudo regular, após a refeição, os alunos da primeira fase se recolhem para uma soneca, enquanto que os da segunda fase podem optar por outras atividades, como assistir a vídeos e participar de jogos de entretenimento. Na par-te da tarde são ministradas aulas do currículo complementar, como letramento e matemáti-ca. Depois, os alunos vão para as oficinas eleti-vas de judô, karatê, futsal, jogos de raciocínio, dança, teatro, pintura, coral e percussão.

Walkyria Menezes, professora e diretora da unidade, conta que o apoio da Halex Istar estaria a princípio restrito a um suporte finan-ceiro, mas que a relação foi muito além disso. “Logo percebemos o interesse e envolvimento da empresa com a comunidade local, os esfor-ços para mudar a realidade daquelas pessoas, mesmo que em um contexto de dificuldade e

Associação sem fins lucrativos, certi-ficada como Organização da Socieda-de Civil de Interesse Público (OSCIP), tem como articulador em Goiás o seg-mento jovem da Associação Comer-cial e Industrial do Estado (Acieg). O processo consiste na identificação da escola pública a ser apoiada e na ela-boração de um diagnóstico de neces-sidades e plano de ação.

Parceiros da Educação

Escola do “buracão” deixa estigma para traz Incrustrada na divisa de uma favela, escola pobre e sem estrutura é transformada em unidade modelo, graças a investimento social privado no projeto Parceiros da Educação

HALEX ISTAR

exclusão”, diz ela. Até então preso aos proble-mas do cotidiano, como os de infraestrutura, o Colégio Estadual Jardim das Aroeiras estava diante da possibilidade de tornar-se uma esco-la modelo. “Conseguimos resgatar o compro-misso com o ensino e a aprendizagem, razão maior de nossa missão. Hoje, gestão escolar e professores sabem que é possível ter, ao mes-mo tempo, eficiência, qualidade e foco para influenciar de maneira positiva a vida dos alu-nos”, comemora Walkyria. A escola foi premia-da pelo Instituto de Desenvolvimento da Edu-cação Básica (IDEB), em 2011, ficando entre as sete melhores escolas públicas de Goiânia e entre as 40 melhores do Estado.

Perguntada sobre que sentimento tem a empresa ao ver o alcance de sua ação social, a conselheira e auditora interna da Halex Is-tar, Carmen Lúcia Perillo, responde: “Acredito que a empresa nem saiba calcular esse alcan-ce, diante dos desdobramentos e da extensão do público beneficiado por essa iniciativa”. Segundo ela, os pais de alunos que antes não participavam da vida escolar dos filhos, muda-ram seu comportamento, os alunos passaram a cuidar do colégio, a ter orgulho dele, antes vítima de atos de depredação e vandalismo. Um dos requisitos da parceria é o acompanha-mento das ações, sendo a escola avaliada pe-

riodicamente por indicadores de desempenho e aprendizagem, o que na opinião da empresa parceira faz toda a diferença.

A ação da Halex Istar se enquadra como in-vestimento social privado, segundo o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), que assim o define: “Investimento social privado é o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemáti-ca para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público”. A empresa parceira não desfruta de nenhum benefício fiscal, os valo-res são considerados pela legislação do impos-to de renda como despesas operacionais.

Sair para trabalhar e deixar os filhos pe-quenos em um local seguro, na compa-nhia de pessoas confiáveis, é o desejo

de toda família. Esse sonho tornou-se reali-dade para os colaboradores da Halex Istar In-dústria Farmacêutica, da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) e da comunida-de do bairro Caiçara, em Goiânia, onde está instalado o Centro de Educação Infantil (CEI). A iniciativa foi possível graças a uma parce-ria público-privada, celebrada em agosto de 2009, entre a Halex Istar e a Agetop.

As atividades educativas estão ampara-das em um diferenciado projeto pedagógi-co, baseado no binômio “cuidar – educar”. A pedagoga Gisele Estevam, coordenado-ra do Instituto Halex Istar e do CEI expli-ca: “Trabalhamos com a primeira infância, nossos alunos são bem pequenos e por isso requerem um atendimento especial, dife-rente do voltado ao Ensino Fundamental”. Tudo o que é realizado com as crianças, seja qual for a atividade pedagógica em ques-tão, está baseado nas relações, no afeto, nos vínculos. “Uma dança, cantiga de roda ou uma simples refeição são atividades educativas onde muitas coisas são ensina-das e aprendidas”, ressalta ela.

Partindo da realidade da clientela e em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Gisele Stevam defende que a educação infantil deve oferecer ao aluno, indiscriminadamente, todas as fer-ramentas intelectuais, emocionais e sociais que o permitam agir com autonomia, seja como estudante, no nível pessoal e, mais tarde, na vida profissional. “Nesse sentido, diariamente criamos condições em nossas propostas educativas para que as crianças possam construir valores éticos e morais, educando na essência para a solidariedade e também para a sustentabilidade”, diz Gisele.

Atualmente, 30 crianças, entre 5 meses e 5 anos e 11 meses de idade, estão matricula-das. Elas permanecem em período de tempo integral na creche, sem custo para as famílias. Em agosto, são aguardados 10 novos alunos.

A unidade está instalada em área pri-vilegiada e faz parte das dependências da Agetop. Possui lago, jardins, parque de brin-quedos e até uma horta. As crianças têm atividades educativas de música, linguagem e arte, de acordo com a faixa etária. Os con-teúdos são repassados por meio de vídeos, passeios, visitas, tarefas em sala de aula e ao ar livre, e até brincadeiras. Com os educado-res, elas aprendem sobre os cuidados com a higiene pessoal e alimentação.

Segundo Gisele, tudo foi projetado visan-do o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância. “O compromisso com uma formação plena faz parte da política de res-ponsabilidade social da Halex Istar”, destaca.

Os resultados do trabalho de cinco anos incluem a parceria com a Secretaria de Estado da Educação, que alocou cinco professores, trabalhando em regime de tempo integral, para atender as crianças. A parceria, segun-do Gisele Estavam é fundamental para fazer frente aos custos demandados pela creche.

Sobre a empresaOs alicerces nos quais se baseiam a só-lida política de responsabilidade social da Halex Istar expressa os valores culti-vados por Heno Jácomo Perillo e Zanone Carvalho, seus fundadores. Buscando atender as necessidades dos públicos envolvidos na cadeia de negócio da empresa, a Halex Istar foi uma das pio-neiras na adoção de medidas visando promover o bem-estar e a qualidade de vida de seus colaboradores. Fundada em 1959, veio ao longo dos anos am-pliando o relacionamento com os clien-tes, fornecedores, governo e comuni-dade. Em 2007, criou o Instituto Halex Istar, que administra os investimentos nas áreas de desenvolvimento humano, meio ambiente, pesquisa tecnológica e saúde. Hoje, mantém parceria com di-versos segmentos sociais, como forma de ampliar projetos de grande enverga-dura, a exemplo do Centro de Educação Infantil Halex Istar/Agetop.

Socialização entre crianças é estimulada nas atividades lúdico-pedagógicas

Revitalizada, escola resgata seu papel de educadora e proporciona formação plena aos alunos

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CORES 4746 janEiRO | jUNHO / 2014

Goiás é polo de referência da indústria farmacêutica

Heribaldo Egídio ([email protected]) é presidente do Conselho Administrativo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás - Sindifargo

Neste ano em que o Sindicato das In-dústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (Sindifargo) comemora sua primeira déca-da de fundação e a Lei 9.787 de 1999, que criou o medicamento genérico, 15 anos, o balanço do setor é importante para situar o papel desse segmento industrial no desen-volvimento de Goiás e do País. O Estado é o segundo maior polo produtor de genéricos e na produção geral de medicamentos, abri-gando mais de 25 indústrias em operação nos municípios de Anápolis, Goiânia e Apa-recida de Goiânia. Juntas, elas geram em torno de 13 mil empregos diretos, além de agregarem centenas de outras empresas que compõem a cadeia produtiva do setor, como as que atuam como fornecedoras de insu-mos, embalagens, máquinas, equipamentos e prestadores de serviços diversos.

O setor industrial goiano responde por aproximadamente 25% de toda a produção nacional de medicamentos destinados ao varejo, tanto público, quanto privado. E, para este ano, trabalhamos com uma pers-pectiva de crescimento da ordem de 12%, ou seja, num patamar bem superior à média de crescimento da indústria nacional.

Cabe ressaltar que a indústria farma-cêutica goiana é relativamente jovem. Ela ganhou maior impulso no final da década de 90, com o advento da Lei 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, a chamada Lei dos Gené-ricos. Com o apoio do Governo do Estado, foi implantado o Polo Farmacêutico de Goiás, com sede em Anápolis e, para dar suporte ao mesmo, foram criados o Instituto de Gestão Tecnológica Farmacêutica (IGTF), que cum-priu um importante papel nessa trajetória de crescimento, além do próprio Sindifargo, o qual tenho a honra de presidir, com a par-ticipação de uma diretoria forte, composta por empresários que conhecem bem o setor.

A indústria, no geral, tem inúmeros desafios a serem suplantados, dentre eles, fazer frente à enorme gama de normas regu-lamentadoras que, muitas vezes, retardam o crescimento e impõem altos investimentos às empresas, para se adequarem a um ver-dadeiro cipoal de normativas e leis. Outro problema é a falta de mão de obra qualifi-cada para atender às demandas de nossas plantas produtivas, que são todas dotadas de equipamentos de última geração. Isso, sem contar com a alta carga tributária e as deficiências estruturais para o escoamento da produção, que resultam no que se con-vencionou chamar de Custo Brasil.

Nosso trabalho tem sido justamente este, unir as empresas, os parceiros políticos e classistas do setor produtivo, para lutar pela eliminação ou minimização dos garga-los que nos afligem e nos afetam. Para tal, atuamos em consonância com as entidades coirmãs, levando os nossos posicionamentos às esferas competentes, em busca de solu-ções. Trabalhamos para que, cada vez mais, possamos melhorar a qualidade da mão de obra e para que as empresas adotem práticas inovadoras, mantendo-se na vanguarda da gestão, da qualidade e da produtividade.

É importante destacar as condutas sa-nitárias e ambientais adotadas por nossas indústrias. Não existe hoje, no estado, nenhuma empresa interditada ou parada por questões sanitárias legais, e a maioria

absoluta possui o certificado de boas práti-cas farmacêuticas. As que estão instaladas em polos industriais, todas elas possuem estação de tratamento primário de esgoto, própria e licenciada. A destinação final dos resíduos sólidos gerados no processo pro-dutivo é feita por empresas especializadas nesse tipo de serviço, indo os resíduos para incineração ou coprocessamento.

Evoluímos também na incorporação da responsabilidade social à gestão de nossas empresas. Entre as ações nessa área, vale ressaltar a participação do Sindifargo na criação Fórum Goiano de Inclusão no Merca-do de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS, fundado em maio de 2011, no qual assumimos a tarefa de coordenação. A entidade funciona na sede da Fieg, em Goiânia, e conta atualmente com mais de 40 parceiros, incluindo o Ministério Público do Trabalho em Goiás, gerência re-gional do Trabalho, OAB, Sesi, Senai e Sesc, além das entidades que atuam na promoção dos direitos da pessoa com deficiência e sua respectiva inclusão no mercado de trabalho.

Não temos medo nenhum de errar ao afirmarmos que a indústria farmacêutica é um orgulho para o Estado de Goiás. E nós, empresários do setor e lideranças classis-tas, temos o compromisso de atuar para que este crescimento continue em patamares elevados, contribuindo com a geração de emprego, renda e divisas.

Por Heribaldo Egídio

ARTIGO

Não existe hoje, em Goiás, nenhuma empresa interditada ou parada por questões sanitárias legais, e a maioria absoluta possui certificado de boas práticas farmacêuticas

Projeto de Terras Raras Nobres &Pesadas de Classe Mundial em Goiás

O Projeto de Terras Raras da Mineração Serra Verde, localizado em Minaçu, no norte do estado de Goiás, é o maior depósito de terras raras em argilas iônicas fora da China

www.mineracaoserraverde.com.br

É um dos projetos com maior volume de terras raras nobres e pesadas do mundo, que repre-sentam mais de 60% do recurso mineral

Responsabilidade ambiental, segurança, susten-tabilidade e desenvolvimento social são valores prioritários da empresa

Nossa equipe gerencial possui uma experiência combinada total de 215 anos no setor de mine-ração e inclui consultores de renome na indús-tria de terras raras

A geologia deste depósito de argila iônica é correspondente à dos produtores do sul da China, que dominam este mercado, permitindo um processamento mais simples e com custo mais baixo. O início das operações está previsto para 2017

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CORES 4948 janEiRO | jUNHO / 2014

Resíduo sólido é fontede receita para a Vila Centro de referência no tratamento de pessoas com deficiência múltipla, Vila São Cottolengo aposta no gerenciamento do lixo para obter recursos e engajar a comunidade à sua causa

SÃO COTTOLENGO

Por Antonio Erasmo Queiroz

Público atendido surpreende

O trabalho de mais de meio sé-culo fez da Vila São Cottolengo uma referência no tratamento de pessoas com deficiência, estando oficialmen-te cadastrada como Centro Especiali-zado em Reabilitação Física, Auditiva e Intelectual. Além do serviço ambu-latorial, voltado para as comunidades locais, a instituição atende 132 mu-nicípios com a concessão de órteses, próteses, meios auxiliares de locomo-ção e aparelhos auditivos, por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Diariamente, são reali-zados cerca de 2.400 atendimentos, incluindo os serviços nas duas unida-des educacionais, com ensino inclusi-vo e oficinas pedagógicas.

A instituição filantrópica é conhe-cida pelo trabalho humanizado que oferece a 360 pacientes internos de longa permanência. O público, que os-cila numa faixa etária de 0 a 109 anos, recebe atendimento de psicologia, terapia ocupacional, nutrição, serviço social, fisioterapia, educação física, fonoaudiologia e serviço médico-am-bulatorial durante 24 horas.

Fundada há mais de 60 anos em Trindade (GO), a Vila São José Bento Cottolengo tem atrás de si uma história de grandeza

por sua atuação na acolhida e no tratamento de pessoas com deficiência múltipla. Trata-se de uma organização social, sem fins lucrati-vos, ligada à Igreja Católica, e mantida com o apoio de pessoas físicas e jurídicas. Muitas delas são parceiras também em campanhas e eventos promovidos com o fim de mobilizar recursos para a manutenção do trabalho hu-manitário realizado pela instituição.

Dentre os projetos que estão em curso, um deles é visto como de grande impacto e alcance social, frente aos benefícios que acar-reta. Trata-se da gestão do lixo. “Queremos nos posicionar como uma instituição ambien-talmente correta, além de tirar do lixo toda a riqueza que ele pode nos proporcionar”, diz a Irmã Márcia Rocha, diretora administrativa. A venda de plástico e papel para a reciclagem tornou-se uma fonte de receita. Esta e outras ações fazem parte do Projeto Reciclar, implan-tado em 2010, no mesmo ano da instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Participar do projeto, fazendo a coleta seletiva de materiais, tornou-se uma motiva-ção para o público interno, e uma forma de interação com a comunidade, que aplaude a iniciativa. Hoje, todo o resíduo sólido gera-do na Vila vai para uma central de resíduos, onde é separado corretamente nas baias e posteriormente vendido a empresas parcei-ras, autorizadas e licenciadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídri-cos. “Não conseguimos reciclar, ainda, mas damos um destino correto ao lixo”, ressalta Meire Nancy, coordenadora da central.

Comunidade engajada - A coleta seletiva foi incorporada ao dia a dia dos colaborado-res. Os mais engajados, passaram a levar pa-pel e embalagens PET de casa para a central. Foram instalados Pontos de Entrega Volun-tária (PEVs) e lixeiras diferenciadas, tanto

na parte interna da Vila quanto em locais es-tratégicos da cidade. Escolas da rede pública também estão mobilizadas com a campanha.

Em outubro de 2013, teve início a par-ceria com a Goiás Recicláveis, em que ela se compromete a buscar os resíduos sólidos de empresas localizadas na Capital e em Apa-recida de Goiânia (GO). Nos oito meses de ação, quase 500 toneladas de papel, plástico e papelão foram recolhidos. O que seria lixo reverteu-se em recurso financeiro para a Vila São Cottolengo, investidos na melhoria da unidade de internação infantil e na adequa-ção do sistema de distribuição de água.

Comunidade e empresas contribuem com a doação de resíduos. Uma delas é a Organização Jaime Câmara, que por ver na iniciativa uma forma de mobilizar outras empresas, propôs parceria com a instituição para a coleta do lixo no trajeto por onde passam os atletas da Ca-minhada Ecológica, que saem de Goiânia, com destino a Aruanã (GO), como forma de alertar a sociedade para a preservação do Rio Araguaia.

Vila São Cottolengo e Organização Jaime Câmara mantêm contato com as prefeituras dos municípios que estão no trajeto da cami-nhada, em busca de apoio, para que a popu-lação participe da campanha, separando os resíduos sólidos e os doando na ocasião da chegada da comitiva. O caminhão da Goiás Recicláveis se responsabiliza em fazer a cole-ta. “Esta é uma maneira de engajar as pessoas na causa do lixo e tornar o trabalho da Vila mais conhecido”, destaca Romel José de Oli-veira, supervisor de Mobilização de Recursos.

As ações fazem parte do Plano de Geren-ciamento de Resíduos Sólidos da Vila São Cottolengo. “Mudar a visão sobre o lixo é um processo de educação, que mexe muito com os costumes de cada cidadão”, diz Daniela Mendes, coordenadora institucional. Hoje, após quatro anos da criação do Projeto Re-ciclar, a instituição colhe os frutos do traba-lho de conscientização que plantou.

Participar da coleta seletiva é um orgulho para internos, colaboradores e comunidade; campanha cresce com a conscientização das pessoas

Equipes da Vila São Cottolengo e Organização Jaime Câmara estão juntas na Caminhada Ecológica

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CORES 5150 janEiRO | jUNHO / 2014

Sindifargo vai a campo para implantar logística reversa

Marçal Henrique Soares ([email protected]) é presidente-executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás - Sindifargo

Após 20 anos de debate no Congresso Nacional, em 2 de agosto de 2010 foi san-cionada, finalmente, a Lei 12.305/2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Só-lidos (PNRS) e, com ela, o sistema de logís-tica reversa. Assim terminam os séculos de atividades econômicas sem a contrapartida de preservar e recuperar o meio ambiente em nosso País. Um dos pontos considerados de maior avanço no texto é o que determina a responsabilidade compartilhada de todos os segmentos da sociedade na destinação am-bientalmente adequada dos resíduos. Aos setores de nossa economia, por sua vez, cou-be a elaboração de acordos setoriais abran-gendo toda a cadeia produtiva, com o fim de implantar o sistema de logística reversa.

O Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de Goiás (Sindifargo) abraçou a missão de construir o acordo setorial e definir a campanha para recolhimento e destinação final dos medicamentos vencidos e ou impró-prios ao consumo, a maioria deles em poder dos consumidores, ainda pouco cientes quan-to à responsabilidade que lhes imputa a lei.

A Anvisa, coordenadora do Grupo de Trabalho (GTA) que responde ao Comitê Orientador para a Implantação da Logística Reversa (CORI), composto por cinco minis-térios, criou o Grupo Temático de Trabalho (GTT) e encomendou um estudo à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Unicamp para elaborar o projeto de logística reversa de medicamentos no Brasil. Destaca-se, que nunca tinha havido antes qualquer movimento nesse sentido, e que nenhum dado era conhecido.

Após vários debates, com a participação de instituições nacionais e regionais, dentre elas o Sindifargo, formou-se o grupo de tra-balho do setor privado, denominado Comitê Gestor da Logística Reversa de Medicamen-tos. Este, por sua vez, deu origem ao Grupo

Temático de Medicamentos (GTM), com re-presentação em cada estado da Federação. Em Goiás, o Sindifargo, juntamente com a Vi-gilância Sanitária, Conselho Regional de Far-mácia e outras entidades criou o projeto em-brião do sistema de logística reversa em nosso estado, lançando campanha de informação e conscientização do consumidor sobre o tema.

A partir daí, é importante ressaltar, o consumidor passa a ser o principal ator do processo, já que sem a adesão dele, levando os resíduos até os pontos de coleta, a campa-nha não lograria êxito.

Assim, em setembro de 2012, teve início a coleta amostral nas cidades de Anápolis, Apa-recida de Goiânia e Goiânia, que duraria seis meses. Ao todo, foram instalados 110 pontos de coleta e 231 urnas. O resultado foi a arre-cadação de 1.698 quilos de medicamentos impróprios ao consumo, uma média mensal de 7,35 quilos por urna e 1,23 quilos por pon-to de coleta. Calculou-se, aproximadamente, um ponto de coleta para cada 18,9 mil habi-tantes. Cidades com menos de 21 mil habitan-tes, como Rubiataba e Ceres, receberam um ponto de coleta para cada 4,4 mil habitantes.

A campanha, realizada concomitante-mente em outros estados, forneceu dados estatísticos ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) para subsidiar o edital que estabelece a meta progressiva da coleta de resíduos de medicamentos nos próximos cinco anos.

Em 09/10/2013, o MMA publicou o edital de chamamento 02/2013, convidando o setor

regulado (indústria, distribuidor e varejo) para elaborar propostas ao Acordo Setorial da Logística Reversa de Medicamentos. Em 07/04/2014 as entidades que representam a indústria farmacêutica no Brasil protocola-ram sua proposta. Na mesma data, os setores de distribuição e varejo de medicamentos protocolaram cada um, propostas indepen-dentes. Não houve consenso dentro da ca-deia. Assim, estamos esperando o parecer do CORI para dar continuidade ao projeto nacio-nal, lembrando que a cada cinco anos haverá uma revisão completa do acordo setorial. A falta de consenso reside no ponto central das discussões: “quem vai pagar a conta?”.

Destaco aqui o principal artigo do edital que publicou a meta progressiva da coleta de resíduos de medicamentos, a ser cumprida entre 2014 e 2018. A previsão inicial é atin-gir 39.754.203 habitantes, 20,84% da popu-lação nacional, Estima-se arrecadar 28.620 quilos/ano de medicamentos este ano. Em 2018, a meta salta para 104.444.745 habitan-tes, 54,75% da população, e recolhimento de 237.336 quilos de medicamentos. No perío-do, o Brasil terá recolhido 539.198 quilos de medicamentos impróprios ao consumo.

Como se vê, a questão do lixo impõe de-safios para toda a sociedade, demandando esforços concentrados e uma postura de maior flexibilidade por parte das entidades protago-nistas desse cenário. É preciso ir além do que já foi feito até agora para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos se torne uma realidade.

Por Marçal Henrique Soares

ARTIGO

Consumidor passa a ser o principal ator no processo da logística reversa, já que sem a adesão dele, levando os resíduos até os pontos de coleta, nenhuma ação logrará êxito

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52 janEiRO | jUNHO / 2014

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