Brasil 2011 4

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NAVEGANDO Fotos: Karla Machado Exótica e variada. Assim é a gastronomia da Patagônia, rica em cordeiros e frutos do mar, sempre acompanhados por batata. Normalmente, o legume é servido inteiro e co- zido, mas também pode vir na forma de purê, frito ou in- crementado com molhos. Experiente na preparação de cordeiros, Hector Hernan Mercgue dedicou 18 dos 63 anos de idade à arte. Segun- do ele, o ideal é que o cordei- ro tenha apenas seis meses, fase em que a carne é mais macia e saborosa. Para temperar, nada mui- to rebuscado. Bastam vina- gre, pimenta, alho em pó, menta e água. Já para sabo- rear, é preciso paciência: a partir do momento em que é colocada na brasa, a carne le- va cerca de três horas para assar. Nas fazendas de ovelhas, conhecidas na região como estâncias, é comum reunir- se em volta da fogueira e es- perar pela comida ao som de música típica. Para beber, além dos excelentes vinhos chilenos, não pode faltar à mesa o tradicional pisco sour, drinque local feito de aguardente de uva com li- mão, açúcar e gelo, batidos na coqueteleira. KM NAVEGANDO Lago reflete o glaciar Serrano entre glaciares Belezas encantam brasileiros PATAGÔNIA “Conhecer a Patagônia era um desejo antigo e aproveita- mos para viajar agora porque ainda não está tão frio”, diz a administradora de empresas de São Paulo Roselina Metz- ner Guido, 38 anos, enquanto navega e se encanta com a pai- sagem que rodeia o rio Serra- no ao lado do marido, o tam- bém administrador Nelson Guido, 36. O casal preferiu fazer um roteiro por conta própria em vez de contratar uma operado- ra de turismo e recomenda a iniciativa. “Gastamos US$ 640 com passagem de avião e reservamos pela internet ape- nas a hospedagem no hotel de Punta Arenas, as demais hospedagens fomos procuran- do quando chegamos aos dis- tritos”, detalha Nelson. Em duas semanas, eles co- nheceram Santiago, Punta Arenas, Puerto Natales e Peri- to Moreno, que pertencem ao trecho chileno, e também o glaciar Perito Moreno, na Ar- gentina. “Embora a parte ar- gentina seja a mais conheci- da, em minha opinião a paisa- gem mais interessante está no Chile. Além do Parque Torres Del Paine, que é maravilhoso, a natureza aqui sofreu pou- quíssima interferência huma- na”, justifica Roselina. Moradores de Belo Hori- zonte (MG), os namorados Maria Teresa Corahara, 27, e Mateus Brant, 26, ambos ad- vogados, ganharam a viagem de presente dos pais do jo- vem. Eles embarcaram em um cruzeiro que passou por Ushuaia, na Argentina e foi até Punta Arenas e declara- ram paixão pelo destino. “Sempre ouvi falar da Patagô- nia Argentina, mas estou apaixonada pelo Chile. Tem muita natureza, é mais limpo e as pessoas são mais educa- das”, declara Teresa. Tamanho foi o apreço pelo destino, que o casal resolveu esticar a viagem. “Meu sogro pagou o cruzeiro, que durou três noites, e ao fim da via- gem viemos de Punta Arenas a Puerto Natales de ônibus pa- ra aproveitar um pouco mais”, conta ela. KM entre glaciares Karla Machado Enviada à Patagônia “N avegar é preci- so”, já diziam os versos do portu- guês Fernando Pessoa. Quan- to mais na Patagônia, que me permita acrescentar o poeta. Isso porque a visão dos mais belos glaciares, como o Bal- maceda e o Serrano, só é pos- sível por meio de excursão marítima. Ambos os glaciares ficam no Monte Balmaceda, dentro do Bernardo O’Higgins, o maior parque nacional do Chi- le, que supera a Bélgica em extensão. O barco com capacidade para grupos de 70 pessoas sai de Puerto Natales e avança pe- lo canal de Última Esperança, passando por colônias de lo- bos-marinhos e, dependendo da época, os visitantes são presenteados com a presença de golfinhos até chegarem ao Monte Balmaceda. Com uma altitude de 2.035 metros, o glaciar Balmaceda pode ser usado para prática de trekking, montanhismo e escalada livre. Do outro lado do monte está o glaciar Serra- no, do qual os turistas podem se aproximar via terrestre, nu- ma caminhada de aproxima- damente 20 minutos, e con- templar uma lagoa formada pelo degelo e troços do des- prendimento do glaciar e que durante o dia espelha as mon- tanhas ao seu redor. Tal desprendimento é um processo natural, conforme explica o guia turístico Mi- guel Muñoz, porém acelera- do nos últimos anos em ra- zão do aquecimento global. O gelo chega a ter uma cor azul-turquesa, que contrasta com o verde da floresta, ca- paz hipnotizar os amantes da natureza. Na pausa para o lanche, além de batatas e amendoins, é servido uísque com pedras de gelo produzido há milhões de anos. Em excursões que duram o dia inteiro, os visitan- tes retornam à embarcação e partem para almoço em uma estância, para depois voltar à cidade de Puerto Natales. De botes zodiac, o passeio pode se estender pelo Rio Ser- rano. Para tanto, são cedidas roupas especiais, que ajudam a combater o frio, e flutuam, caso haja algum incidente. As excursões ocorrem dia- riamente, mas são suspen- sas entre os meses de abril e outubro. Para todos os paladares Roselina e Nelson Guido Hector Hernan Cordeiro com batatas GASTRONOMIA Trilha no Parque Bernardo O’Higgins DIÁRIO DO GRANDE ABC QUINTA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2011 4 TURISMO

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DIÁRIODOGRANDEABC QUINTA-FEIRA,28DEABRILDE2011 ▼ ▼GASTRONOMIA crementadocommolhos. Experientenapreparação decordeiros,HectorHernan Mercguededicou18dos63 anosdeidadeàarte.Segun- doele,oidealéqueocordei- rotenhaapenasseismeses, faseemqueacarneémais ▼ Exóticaevariada.Assimé agastronomiadaPatagônia, ricaemcordeirosefrutosdo mar,sempreacompanhados porbatata.Normalmente,o legumeéservidointeiroeco- zido,mastambémpodevir naformadepurê,fritoouin- Cordeiro combatatas Hector Hernan KM

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NAVEGANDOFotos: Karla Machado

▼ Exótica e variada. Assim éa gastronomia da Patagônia,rica em cordeiros e frutos domar, sempre acompanhadospor batata. Normalmente, olegume é servido inteiro e co-zido, mas também pode virna forma de purê, frito ou in-

crementado com molhos.Experiente na preparação

de cordeiros, Hector HernanMercgue dedicou 18 dos 63anos de idade à arte. Segun-do ele, o ideal é que o cordei-ro tenha apenas seis meses,fase em que a carne é mais

macia e saborosa.Para temperar, nada mui-

to rebuscado. Bastam vina-gre, pimenta, alho em pó,menta e água. Já para sabo-rear, é preciso paciência: apartir do momento em que écolocada na brasa, a carne le-va cerca de três horas paraassar.

Nas fazendas de ovelhas,conhecidas na região comoestâncias, é comum reunir-se em volta da fogueira e es-perar pela comida ao som demúsica típica. Para beber,além dos excelentes vinhoschilenos, não pode faltar àmesa o tradicional piscosour, drinque local feito deaguardente de uva com li-mão, açúcar e gelo, batidosna coqueteleira. KM

NAVEGANDO

Lago reflete oglaciar Serrano

entre glaciares

Belezas encantam brasileiros

PATAGÔNIA

▼ “Conhecer a Patagônia eraum desejo antigo e aproveita-mos para viajar agora porqueainda não está tão frio”, diz aadministradora de empresasde São Paulo Roselina Metz-ner Guido, 38 anos, enquantonavega e se encanta com a pai-sagem que rodeia o rio Serra-no ao lado do marido, o tam-bém administrador NelsonGuido, 36.

O casal preferiu fazer umroteiro por conta própria emvez de contratar uma operado-ra de turismo e recomenda ainiciativa. “Gastamos US$640 com passagem de avião ereservamos pela internet ape-nas a hospedagem no hotelde Punta Arenas, as demaishospedagens fomos procuran-do quando chegamos aos dis-tritos”, detalha Nelson.

Em duas semanas, eles co-nheceram Santiago, PuntaArenas, Puerto Natales e Peri-to Moreno, que pertencem aotrecho chileno, e também oglaciar Perito Moreno, na Ar-gentina. “Embora a parte ar-gentina seja a mais conheci-da, em minha opinião a paisa-gem mais interessante está noChile. Além do Parque Torres

Del Paine, que é maravilhoso,a natureza aqui sofreu pou-quíssima interferência huma-na”, justifica Roselina.

Moradores de Belo Hori-zonte (MG), os namoradosMaria Teresa Corahara, 27, eMateus Brant, 26, ambos ad-vogados, ganharam a viagemde presente dos pais do jo-vem. Eles embarcaram emum cruzeiro que passou porUshuaia, na Argentina e foiaté Punta Arenas e declara-ram paixão pelo destino.

“Sempre ouvi falar da Patagô-nia Argentina, mas estouapaixonada pelo Chile. Temmuita natureza, é mais limpoe as pessoas são mais educa-das”, declara Teresa.

Tamanho foi o apreço pelodestino, que o casal resolveuesticar a viagem. “Meu sogropagou o cruzeiro, que duroutrês noites, e ao fim da via-gem viemos de Punta Arenasa Puerto Natales de ônibus pa-ra aproveitar um poucomais”, conta ela. KM

entre glaciares

Karla Machado

Enviada à Patagônia

“N avegar é preci-so”, já diziam osversos do portu-

guês Fernando Pessoa. Quan-to mais na Patagônia, que mepermita acrescentar o poeta.Isso porque a visão dos maisbelos glaciares, como o Bal-maceda e o Serrano, só é pos-sível por meio de excursãomarítima.

Ambos os glaciares ficamno Monte Balmaceda, dentrodo Bernardo O’Higgins, omaior parque nacional do Chi-le, que supera a Bélgica emextensão.

O barco com capacidadepara grupos de 70 pessoas saide Puerto Natales e avança pe-lo canal de Última Esperança,passando por colônias de lo-bos-marinhos e, dependendoda época, os visitantes sãopresenteados com a presençade golfinhos até chegarem aoMonte Balmaceda.

Com uma altitude de 2.035metros, o glaciar Balmacedapode ser usado para práticade trekking, montanhismo eescalada livre. Do outro ladodo monte está o glaciar Serra-no, do qual os turistas podemse aproximar via terrestre, nu-

ma caminhada de aproxima-damente 20 minutos, e con-templar uma lagoa formadapelo degelo e troços do des-prendimento do glaciar e quedurante o dia espelha as mon-tanhas ao seu redor.

Tal desprendimento é umprocesso natural, conformeexplica o guia turístico Mi-guel Muñoz, porém acelera-do nos últimos anos em ra-zão do aquecimento global.O gelo chega a ter uma corazul-turquesa, que contrastacom o verde da floresta, ca-paz hipnotizar os amantes danatureza.

Na pausa para o lanche,além de batatas e amendoins,é servido uísque com pedrasde gelo produzido há milhõesde anos. Em excursões queduram o dia inteiro, os visitan-tes retornam à embarcação epartem para almoço em umaestância, para depois voltar àcidade de Puerto Natales.

De botes zodiac, o passeiopode se estender pelo Rio Ser-rano. Para tanto, são cedidasroupas especiais, que ajudama combater o frio, e flutuam,caso haja algum incidente.

As excursões ocorrem dia-riamente, mas são suspen-sas entre os meses de abril eoutubro. ▲

Para todos os paladares

Roselinae NelsonGuido

HectorHernan

Cordeirocom batatas

▼ GASTRONOMIA

Trilha no ParqueBernardo O’Higgins

DIÁRIO DO GRANDE ABC QUINTA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2011

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