Bomba de Infusao

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  • BOMBAS DE INFUSO: OPERAO, FUNCIONALIDADE E SEGURANA

    MRCIO ALEXANDRE DE CASTRO ALVES

    FLORIANPOLIS 2002

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    BOMBAS DE INFUSO: OPERAO, FUNCIONALIDADE E SEGURANA

    Dissertao submetida Universidade Federal de Santa Catarina

    como parte dos requisitos para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Eltrica.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA ELTRICA

    MRCIO ALEXANDRE DE CASTRO ALVES

    Florianpolis, Dezembro de 2002.

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    BOMBAS DE INFUSO: OPERAO, FUNCIONALIDADE E SEGURANA

    MRCIO ALEXANDRE DE CASTRO ALVES

    Esta Dissertao foi julgada adequada para obteno do Ttulo de Mestre em

    Engenharia Eltrica, rea de concentrao em Engenharia Biomdica, e aprovada

    em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica da

    Universidade Federal de Santa Catarina.

    ______________________________________ Prof. Renato Garcia Ojeda, EE, Dr

    Orientador

    ______________________________________

    Prof. Edson Roberto De Pieri, Dr. Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    Banca Examinadora:

    ______________________________________

    Prof. Renato Garcia Ojeda, EE, Dr. Presidente

    ______________________________________ Prof. Raimes Moraes, EE, Ph.D.

    ______________________________________ Prof. Hans Helmut Zrn, EE, Ph.D.

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    Dedicatria

    minha famlia: aos meus pais, Antnio e Alade; aos meus irmos,Marco Aurlio e Luiza Andreza,

    pelo carinho e apoio em todos os momentos.

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    Agradecimentos

    Aos meus pais, Antnio e Alade, razo da minha existncia. Aos meus irmos, Marco Aurlio e Luiza Andreza.

    Aos amigos do IEB, pela orientao e apoio recebidos ao longo do trabalho, em especial, Humberto Pereira, Marcos Lucatelli, Kleide, Ana Claudia, Ana Paula,

    Gisele, Erlon Rocco, Jos Fabio, Lo, Pantaleo, Euler, Bruno, Wilson, Alexandre, Helio, Raul, Flavio....

    Agradeo aos amigos de Mestrado pelo incentivo e pelas discusses, em

    especial, ao Luciano, ao Luiz, Marisete, ao Renan, Sabrina...

    Agradeo tambm aos amigos, incentivadores e colaboradores, Margarete e Vnio.

    Assim como ao Unileste, pelo apoio financeiro.

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    Resumo da Dissertao apresentada UFSC como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Eltrica.

    BOMBAS DE INFUSO: OPERAO, FUNCIONALIDADE E SEGURANA

    MRCIO ALEXANDRE DE CASTRO ALVES DEZEMBRO/2002

    Orientador: Renato Garcia Ojeda, EE, Dr.

    rea de Concentrao: Engenharia Biomdica.

    Palavras-chave: Engenharia Clnica, equipamento eletromdico, bomba de

    infuso, operao, funcionalidade, segurana

    Nmero de Pginas: 109.

    RESUMO

    Bomba de infuso um equipamento eletromdico (EEM) destinado terapia intravenosa quando se necessita de maior preciso na infuso, importante dentro de um estabelecimento assistencial de sade (EAS). A no observncia dos procedimentos de uso da bomba de infuso, bem como de suas caractersticas funcionais e de segurana, pode acarretar danos ao paciente, ao usurio, ao equipamento e s instalaes.Neste trabalho, do ponto de vista da Engenharia Clinica (EC), discutem-se as caractersticas relativas operao, funcionalidade e segurana na utilizao de bombas de infuso.Nesse sentido, promoveu-se o estudo das normas NBR IEC 601-1 (ABNT, 1994), a qual trata das prescries gerais para segurana, e NBR IEC 60601-2-24 (ABNT, 1999), que estabelece as prescries particulares para segurana de bombas e controladores de infuso.Com base nas referidas normas, propem-se ensaios para avaliao das principais caractersticas de funcionalidade e segurana para bombas de infuso.Tambm se apresentam exemplos de avaliao qualitativa e ensaios quantitativos de segurana eltrica segundo a metodologia proposta.

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    Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master in Electrical Engineering.

    INFUSION PUMPS: OPERATION,

    FUNCIONALITY AND SAFETY

    MRCIO ALEXANDRE DE CASTRO ALVES DECEMBER /2002 Advisor: Renato Garcia Ojeda, EE, Dr

    Area of Concentration: Biomedical Engineering

    Keywords: Clinical Engineering, electromedical equipments, infusion pumps, operation, funcionality, safety.

    Number of Pages: 109.

    ABSTRACT Infusion pumps are electromedical equipments (EME) destined to intravenous therapy when a higher infusion precision is needed, important in a health assistance establishment (HAS). If the correct ways of use infusion pumps use procedures, as well as its functional and safety characteristics, are not observed, this may cause damage to patients, users, equipments, and the facilities. In this work, from the point of view of Clinical Engineering, the characteristics related to operation, functionality and safety in the use of infusion pumps are discussed. The Brazilian norms NBR IEC 301-1 (ABNT, 1994), that deals with the general safety rules, and NBR IEC 60601-2-24 (ABNT, 1999), which establishes the particular rules to safety of infusion pumps and controllers were studied. Based on the mentioned norms, tests to evaluate the main characteristics of functionality and safety to infusion pumps are offered. Also, examples of qualitative evaluation and quantitative tests concerning electrical safety according to the proposed methodology.

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    SUMRIO

    LISTA DE ABREVIATURAS ...............................................................................................XII

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................XIII

    LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................XIV

    LISTA DE QUADROS..........................................................................................................XV

    1. INTRODUO..................................................................................................................... 1

    1.1 MOTIVAO...................................................................................................................... 2 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 2 1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................. 3 1.4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 4 1.5 ORGANIZAO DO TRABALHO .................................................................................. 4

    2. ANATOMIA, FISIOLOGIA E COMPLICAES RELACIONADAS TERAPIA INTRAVENOSA....................................................................................................................... 6

    2.1 PELE ................................................................................................................................... 6 2.1.1 Epiderme ......................................................................................................................... 7 2.1.2 Derme .............................................................................................................................. 7 2.1.3 Hipoderme....................................................................................................................... 8 2.2 RECEPTORES SENSORIAIS ......................................................................................... 8 2.3 SISTEMA VENOSO.......................................................................................................... 9 2.3.1 Tnica adventcia ........................................................................................................... 9 2.3.2 Tnica mdia ................................................................................................................10 2.3.3 Tnica ntima ................................................................................................................10 2.4 VEIAS DAS MOS E DOS BRAOS ..........................................................................11 2.5 VIAS DE ACESSO PERIFRICO PARA TERAPIA PEDITRICA .........................12 2.5.1 Veias da regio ceflica..............................................................................................12 2.5.2 Veias do dorso da mo e antebrao .........................................................................13 2.5.3 Veias do dorso do p...................................................................................................14 2.6 VIAS ALTERNATIVAS DE ADMINISTRAO EM PACIENTES PEDITRICOS .......................................................................................................................14 2.6.1 Via intra-ssea..............................................................................................................14 2.6.2 Veias e artrias umbilicais..........................................................................................15 2.7 VIAS DE ACESSO AO SISTEMA VENOSO CENTRAL...........................................15 2.7.1 Estrutura venosa do brao .........................................................................................15 2.7.2 Estrutura venosa do trax...........................................................................................16 2.8 COMPLICAES LOCAIS ............................................................................................17 2.8.1 Hematoma.....................................................................................................................17 2.8.2 Trombose ......................................................................................................................17 2.8.3 Flebite ............................................................................................................................18 2.8.3.1 Flebite mecnica.......................................................................................................18

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    2.8.3.2 Flebite qumica..........................................................................................................18 2.9.3.3 Flebite bacteriana .....................................................................................................19 2.8.4 Tromboflebite ................................................................................................................19 2.8.5 Infiltrao.......................................................................................................................19 2.8.6 Extravasamento ...........................................................................................................19 2.8.7 Espasmo venoso..........................................................................................................19 2.9 COMPLICAES SISTMICAS..................................................................................20 2.9.1 Septicemia.....................................................................................................................20 2.9.2 Sobrecarga circulatria ...............................................................................................20 2.9.3 Edema pulmonar ..........................................................................................................20 2.9.4 Embolia gasosa ............................................................................................................21 2.9.5 Choque por infuso rpida .........................................................................................21 2.9.6 Embolia por cateter......................................................................................................21

    3 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS RELACIONADOS TERAPIA INTRAVENOSA.....................................................................................................................22

    3.1 SISTEMA PARA ADMINISTRAO DA INFUSO..................................................22 3.1.1 Frasco de vidro.............................................................................................................23 3.1.2 Frasco de plstico ........................................................................................................23 3.2 EQUIPOS .........................................................................................................................24 3.2.1 Equipos primrios ........................................................................................................26 3.2.2 Equipos secundrios ...................................................................................................26 3.2.3 Equipo primrio em Y..................................................................................................26 3.3 CATETERES INTRAVENOSOS PERIFRICOS.......................................................26 3.3.1 Cateteres agulhados ...................................................................................................27 3.3.2 Cateter sobre agulha ...................................................................................................27 3.3.3 Cateteres sob agulha ..................................................................................................28 3.3.4 Cateteres de linha mdia............................................................................................28 3.3.5 Cateter perifricos de duplo lmen...........................................................................29 3.4 CATETERES INTRAVENOSOS CENTRAIS .............................................................29 3.5 FILTROS DE LINHA PARA SOLUO INTRAVENOSA.........................................29 3.6 SISTEMA DE ADMINISTRAO POR GRAVIDADE...............................................30 3.7 SISTEMA DE ADMINISTRAO UTILIZANDO BOMBAS DE INFUSO............30

    4. BOMBAS DE INFUSO ..................................................................................................32

    4.1 PRINCPIOS DAS BOMBAS DE INFUSO ...............................................................32 4.1.1 Controle das infuses..................................................................................................32 4.1.2 Motor de passo.............................................................................................................34 4.1.3 Mecanismo de direcionamento ..................................................................................34 4.2 ESTRUTURA DAS BOMBAS DE INFUSO...............................................................36 4.3 Tipos de bombas de infuso .........................................................................................38 4.3.1 Bomba de infuso volumtrica...................................................................................38 4.3.1.1 Finalidade...................................................................................................................39 4.3.2 Bomba de seringa ........................................................................................................39 4.3.2.1 Finalidade...................................................................................................................40 4.3.3 Bomba de infuso ambulatorial .................................................................................40

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    4.3.3.1 Finalidade...................................................................................................................41

    5 SEGURANA E FUNCIONALIDADE NAS BOMBAS DE INFUSO......................42

    5.1 SEGURANA NA OPERAO DE BOMBAS DE INFUSO .................................42 5.1.1 Terminologia de infuso..............................................................................................43 5.1.2 Terminologia dos componentes das bombas de infuso ......................................44 5.1.2.1 Sensor de gotejamento............................................................................................44 5.1.2.2 Alarme de ar no equipo (Air-in-line).......................................................................44 5.1.2.3 Alarme de ocluso....................................................................................................45 5.1.2.4 Alarme de infuso incompleta ................................................................................45 5.1.2.5 Alarme de bateria fraca ...........................................................................................45 5.1.2.6 Alarme de mau funcionamento...............................................................................45 5.1.2.7 Alarme sem infuso..................................................................................................45 5.1.2.8 Alarme de programao incompleta......................................................................46 5.1.2.9 Alarme de equipo......................................................................................................46 5.1.2.10 Alarme de porta ......................................................................................................46 5.1.2.11 Alarme de fluxo livre...............................................................................................46 5.2 SEGURANA QUANTO FUNCIONALIDADE........................................................46 5.2.1 Medio dos dados de sada das bombas de infuso...........................................47 5.2.2 Medio da presso de ocluso ................................................................................50 5.2.3 Medio do volume de bolus .....................................................................................51 5.2.4 Alarmes..........................................................................................................................51 5.2.5 Imunidade......................................................................................................................51 5.3 SEGURANA QUANTO AO RISCO DE CHOQUE ELTRICO.............................52 5.3.1. Medio das caractersticas relacionadas ao risco de choque eltrico .............53 5.3.1.1 Resistncia de aterramento ....................................................................................53 5.3.1.2 Rigidez dieltrica.......................................................................................................53 5.3.1.3 Medies de corrente de fuga permanente em bombas de infuso................53 5.3.2 Valores admissveis para correntes de fuga em bombas de infuso..................54

    6. PROPOSTAS DE PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS PARA AVALIAO DE FUNCIONALIDADE E SEGURANA................................................................................56

    6.1 PROCEDIMENTOS PARA AVALIAO QUALITATIVA RELATIVA FUNCIONALIDADE SEGURANA.................................................................................57 6.1.1 Aparncia externa ........................................................................................................57 6.1.2 Marcaes.....................................................................................................................58 6.1.3 Botes e teclas .............................................................................................................58 6.1.4 Mostradores digitais.....................................................................................................58 6.1.5 Fusvel de proteo .....................................................................................................58 6.1.6 Cabo de alimentao...................................................................................................59 6.1.7 Sensor detector de gotas e de bolhas de ar............................................................59 6.1.8 Imunidade......................................................................................................................59 6.1.9 Bateria interna ..............................................................................................................59 6.1.10 Alarmes .......................................................................................................................60 6.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO QUANTITATIVO RELATIVOS AOS DADOS DE SADA DAS BOMBAS DE INFUSO...........................................................................61

  • xi

    6.2.1 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada das bombas de infuso volumtrica ................................................................................................................62 6.2.1.1 Vazo mnima ...........................................................................................................63 6.2.1.2 Vazo intermediria .................................................................................................65 6.2.1.3 Vazo de bolus .........................................................................................................66 6.2.2 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada das bombas de seringa .....................................................................................................................................66 6.2.2.1 Vazo mnima ...........................................................................................................68 6.2.2.2 Vazo Intermediria .................................................................................................69 6.2.2.3 Vazo de bolus .........................................................................................................69 6.2.3 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada em bombas de infuso para utilizao ambulatorial do Tipo 1 ..................................................................70 6.2.3.1 Vazo mnima ...........................................................................................................71 6.2.3.2 Vazo intermediria .................................................................................................71 6.2.4 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada em bombas de infuso ambulatorial doTtipo II.............................................................................................72 6.2.5 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada em bombas de infuso ambulatorial do Tipo III............................................................................................73 6.2.6 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada em bombas de infuso ambulatorial do Tipo IV ...........................................................................................73 6.2.7 Procedimento de ensaio quantitativo dos dados de sada em bombas de infuso ambulatorial do Tipo V ............................................................................................73 6.3 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO QUANTITATIVO DE VOLUME BOLUS E DE PRESSO DE OCLUSO....................................................................................................74 6.4 PROCEDIMENTO DE ENSAIO QUANTITATIVO RELATIVO SEGURANA ELTRICA...............................................................................................................................75 6.5 PROPOSTA DE PROCEDIMENTOS PARA OPERAO SEGURA DAS BOMBAS DE INFUSO........................................................................................................77 6.6 EXEMPLOS DE APLICAO DO PROCEDIMENTO DE ENSAIO PROPOSTO............................................................................................................................79 6.6.1 Ensaios realizados.......................................................................................................79 6.6.1.1 Dados dos equipamentos........................................................................................79 6.6.1.2 Avaliao qualitativa.................................................................................................80 6.6.1.3 Ensaio quantitativo relativo segurana eltrica ................................................80

    7. CONCLUSES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS.........................83

    7.1 TRABALHOS FUTUROS ..............................................................................................86

    ANEXOS .................................................................................................................................87

    ANEXO I..................................................................................................................................88 anexo II ....................................................................................................................................92 anexo III ...................................................................................................................................94 anexo IV ...................................................................................................................................99

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................................106

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    C Conforme

    CA - Corrente alternada

    CASF Condio anormal sob uma s falha

    CC - Corrente contnua

    Celec Centro local de engenharia clnica

    CN Condio normal

    EAS Estabelecimento assistencial de sade

    EC Engenharia clnica

    ECRI Emergency Care Research Institute

    EEC Estrutura de engenharia clnica

    EEM Equipamento eletromdico

    FDA Food and Drug Administration

    GTMH- Gesto de tecnologia mdico-hospitalar

    IV - Intravenosa

    LAT - Laboratrio de Avaliao Tcnica

    NC No conforme

    UEC Unidade de centro cirrgico

  • xiii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 -. Anatomia da pele (PHILLIPS, 2001).........................................................6 Figura 2.2- Anatomia de uma veia (PHILLIPS, 2001)...................................................9 Figura 2.3 - Veias superficiais do antebrao (PHILLIPS, 2001)................................12 Figura 2.4 - Veias superficiais da regio ceflica (PHILLIPS, 2001)........................13 Figura 2.5 - Distribuio das veias superficiais (PHILLIPS, 2001). ..........................13 Figura 2.6 - Veias superficiais do p (PHILLIPS, 2001).............................................14 Figura 2.7- Sistema venoso intramedular (SPIVEY, 1987)........................................15 Figura 2.8 - Estrutura anatmica venosa (PHILLIPS, 2001). ....................................16 Figura 3.1 - Comparao dos frascos de administrao (PHILLIPS,2001) ............23 Figura 3.2 - Equipo e componentes bsicos (PHILLIPS, 2001)................................25 Figura 3.3 - Tipos de cateteres agulhados (PHILLIPS, 2001) ...................................27 Figura 3.4 - Tipos de cateteres sobre agulha (PHILLIPS, 2001). .............................28 Figura 3.5 - Cateter perifrico de duplo lmen (PHILLIPS, 2001). ...........................29 Figura 4.1 - Tipos de sistemas de infuso (MOYLE & DAVEY, 2000). ...................33 Figura 4.2 - Mecanismos peristlticos (MOYLE & DAVEY, 2000)............................35 Figura 4.3 - Princpio de uma bomba de infuso (MOYLE & DAVEY, 2000). ........36 Figura 4.4 - Mecanismo de direcionamento ................................................................36 Figura 4.5 - Sistema em blocos (adaptado de WEBSTER, 1998). ...........................38 Figura 4.7 - Modelo de uma bomba de seringa comercial (ECRI, 2001 b) .............40 Figura 4.7 - Modelo de uma bomba ambulatorial comercial (ECRI, 2001 c) ..........41 Figura 5.1 - Grfico de partida (ABNT, 1999). .............................................................48 Figura 5.2 - Grfico de partida de estabilizao (ABNT, 1999). ...............................49 Figura 5.3 - Curva de trombeta da segunda hora de ensaio (ABNT, 1999). ..........49 Figura 5.4 - Curva de trombeta durante a ltima hora do ensaio (ABNT, 1999)....50 Figura 6.1 - Aparelhagem de ensaio bomba volumtrica (ABNT, 1999).................62 Figura 6.2 - Grfico de partida para vazo mnima ....................................................64 Figura 6.3 - Curva de trombeta da segunda hora do perodo ..................................64 Figura 6.4 - Curva de trombeta da ltima hora do perodo .......................................65 Figura 6.5.- Aparelhagem de ensaio para bomba de seringa. ..................................67 Figura 6.6 - Diagrama de ensaio presso e alarme de ocluso (ABNT, 1999). .....74 Anexo III - Circuito proposto para verificar corrente de fuga para o terra. ..............94 Anexo III - Circuito proposto para verificar corrente atravs do gabinete ...............95 Anexo III - Circuito proposto pela norma atravs do paciente ...................................96 Anexo III - Circuito proposto pela norma para verificar a corrente causada por

    tenso na parte aplicada..........................................................................................97 Anexo III -Dispositivo de medio (ABNT, 1999) ........................................................98 Anexo III - Dispositivo de medio (Equipamento sob ensaio) (ABNT, 1999). .....98

  • xiv

    LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 - Tipos de problemas levantados nas ordens de servios . ...................43 Tabela 5.2 - Valores de corrente determinados pela norma ....................................54 Tabela 6.1 - resultados da rigidez dieltrica.................................................................81 Tabela 6.2 - Resultados das correntes de fuga . .........................................................82 Tabela 6.3 - Resultados com a bomba alimentada externamente. ..........................82 Anexo I Tabela 4.1 - Vazo mnima...............................................................................90 Anexo I Tabela 4.2 - Vazo intermediria.....................................................................90 Anexo I Tabela 4.3 - Vazo intermediria com contra presso ..............................90 Anexo I Tabela 4.4 - Vazo com o reservatrio Abaixo do Mecanismo ..................90 Anexo I Tabela 4.5 - Vazo de Bolus ...........................................................................90 Anexo I Tabela 5.1 - Volume de Bolus e Presso de Ocluso .................................91

  • xv

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1 - Seleo do local da insero (adaptado de PHILLIPS, 2001)...............11 Quadro 2.2 - Seleo do local da insero nas veias superficiais (adaptado de

    PHILLIPS, 2001). ...........................................................................................................11 Quadro 6.1 - Definio dos perodos relacionados ao ensaio de bombas de

    infuso volumtrica (ABNT, 1999). .............................................................................63 Quadro 6.2- Definio dos perodos relacionados ao ensaio de bombas de infuso

    de seringa (ABNT, 1999)..............................................................................................67 Quadro 6.3 - Definio dos perodos relativo ao ensaio de bomba de infuso

    ambulatorial do Tipo 1 (ABNT, 1999). ........................................................................70 Quadro 6.4. - Realizao do ensaio de acordo com a classe do equipamento. .........76 Quadro 6.5 - Situao e possveis causas (adaptado do manual de manuteno

    bomba de infuso Infusomat compact). .....................................................................78 Quadro 6.6 - Resultados da avaliao qualitativas das bombas de infuso. ..............80 Anexo I: Dados do equipamento .........................................................................................88 Anexo I: Avaliao qualitativa ..............................................................................................88 Anexo I: Resistncia de isolao (rigidez dieltrica) ........................................................89 Anexo I: Ensaio de resistncia de aterramento ................................................................89 Anexo I: Corrente de fuga para o terra geral (mA)............................................................89 Anexo I: Corrente de fuga atravs do gabinete (mA)........................................................89 Anexo I: Corrente de fuga atravs do paciente (mA)........................................................89 Anexo I: Corrente de fuga atravs do paciente com tenso sobre as partes

    Aplicadas (mA)................................................................................................................89

  • 1. INTRODUO

    Bombas de infuso so equipamentos amplamente utilizados nos

    estabelecimentos assistenciais de sade (EAS), presentes em diversos ambientes

    da rotina hospitalar, como emergncia, UTIs, unidades de queimados, entre

    outros.

    As principais aplicaes clnicas das bombas de infuso so a manuteno

    dos nveis de fluidos no corpo durante e aps as cirurgias, a nutrio parenteral

    em pacientes peditricos e auxlio da administrao de drogas.

    A utilizao das bombas de infuso necessria quando a infusioterapia

    deve atender a requisitos como: erro menor que 5% durante a infuso de

    medicamentos, paciente sob restrio hdrica, proteo contra ocluso, bolha de

    ar e fim de infuso.Atualmente, no h, por parte da equipe mdica, uma

    assimilao quanto a aspectos construtivos do equipamento e da correta

    utilizao das bombas de infuso, em razo, sobretudo, da ausncia de suporte

    de treinamento. A falta de conhecimento sobre o equipamento que est sendo

    utilizado pode, por conseqncia, acarretar erros de operao e comprometer a

    segurana dos pacientes e usurios.

    Os equipamentos eletromdicos apresentam uma srie de caractersticas

    construtivas que devem ser analisadas periodicamente, visando minimizar riscos

    de danos aos usurios e pacientes provocados por funcionamento inadequado.

    As tecnologias so colocadas disposio das equipes mdicas com o

    intuito de melhorar o atendimento prestados aos pacientes nos estabelecimentos

    assistenciais de sade (EAS). Entretanto, cabe a Estrutura de Engenharia Clnica

    (EEC) dar o suporte adequado aos usurios para uma correta utilizao dos

    equipamentos eletromdicos. Atravs da aquisio de equipamentos adequados

    aos procedimentos realizados no EAS, de treinamento dos usurios de

    equipamentos eletromdicos, da realizao de procedimentos de ensaios dos

    parmetros funcionais e dos aspectos de segurana, de disponibilizao de

  • 2

    instalaes adequadas, a EEC pode auxiliar na diminuio de acidentes que

    envolvem equipamentos eletromdicos.

    1.1 MOTIVAO

    Uma justificativa para desenvolver o estudo poder auxiliar a Estrutura da

    Engenharia Clnica (EEC) a realizar algumas etapas da Gesto de Tecnologia

    Mdico Hospitalar (GTMH), que necessitam de dados de funcionalidade e

    segurana eltrica referente ao EEM bomba de infuso para a tomada de

    decises.

    1.2 OBJETIVOS

    O objetivo deste trabalho estudar as bombas de infuso, suas

    caractersticas principais, e elaborar uma proposta de procedimentos de ensaio

    de funcionalidade e segurana, baseando-se em normas da srie NBR IEC

    60601-1 para este tipo de EEM.

    Para ser utilizado de forma segura e efetiva, o EEM deve apresentar

    caractersticas metrolgicas de acordo com os padres estabelecidos pelos

    rgos normativos. Assim, caractersticas de funcionalidade e segurana devem

    ser verificadas periodicamente atravs de procedimentos de ensaios.

    A adequao dos parmetros funcionais preestabelecidos nos rgos

    normativos no garante, contudo, a utilizao de forma segura de um EEM. O

    conhecimento do operador quanto correta operao de EEM tambm um fator

    importante na utilizao segura desse tipo de tecnologia. Para ser capaz de

    programar qualquer tipo de bomba de infuso, o profissional precisa estar

    familiarizado com a terminologia para administrao da infuso e controle do

    equipamento. Dessa forma, descrevem-se procedimentos para a utilizao das

    bombas de infuso, visando orientar os usurios sobre a forma correta de

    operao do equipamento.

    O trabalho objetiva, tambm, servir como uma ferramenta de auxlio no

    gerenciamento de tecnologia mdico-hospitalar (GTMH) - especificao,

  • 3

    aquisio, recebimento e instalao, treinamento de operadores, manutenes

    preventivas e corretivas e a prpria substituio do equipamento - das bombas de

    infuso.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    Por ser um EEM destinado terapia intravenosa, o correto funcionamento

    das bombas de infuso imprescindvel para que o paciente receba a terapia

    prescrita.

    O correto funcionamento das bombas de infuso alcanado se houver

    conhecimento do operador quanto ao equipamento que est utilizando e se o

    equipamento apresentar caractersticas mnimas de funcionalidade e segurana.

    Entretanto, durante sua formao, os profissionais da rea clnica no recebem

    informaes adequadas sobre o funcionamento e a operao de EEM, e at

    mesmo conceitos bsicos de eletricidade so desconhecidos por eles. Portanto, o

    seu contato com EEM d-se j no exerccio de sua profisso, ou atravs de

    demonstraes, geralmente feita superficialmente, sobre aspectos construtivos e

    riscos envolvidos na utilizao de EEM.

    Em virtude dessa deficincia na formao, falhas de funcionalidade e

    segurana dificilmente so observadas pelos profissionais da rea clnica durante

    a operao de um EEM. Para a verificao das caractersticas funcionais e de

    segurana, necessria a realizao de ensaios, nos quais observada a

    adequao dos parmetros mensurados aos limites considerados seguros para

    utilizao de EMM, no caso, das bombas de infuso.

    Ensaios de funcionalidade e segurana podem ser uma ferramenta de

    suporte tomada de deciso da engenharia clnica quando da avaliao da

    necessidade de envio de um equipamento para manuteno, da aceitao de um

    equipamento vindo da manuteno externa ou da incorporao de tecnologia. No

    entanto, ensaios de funcionalidade e segurana de bombas de infuso no so

    atualmente realizados pelo LAT por falta de procedimentos normativos. Por isso,

    h a necessidade de se propor procedimentos de ensaios baseados em norma

    estabelecida pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).

  • 4

    1.4 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho iniciou com

    a pesquisa bibliogrfica sobre o tema proposto, de modo a sintetizar informaes

    e limitar a abrangncia dos assuntos abordados.

    A etapa seguinte do trabalho foi a realizao do estudo sobre as seguintes

    normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT): NBR IEC 601-1

    (ABNT, 1994), a qual trata das prescries gerais para segurana, e NBR IEC

    60601-2-24 (ABNT, 1999), que trata das prescries gerais para segurana e

    controladores de infuso.

    Paralelamente ao estudo atravs da leitura, foram realizadas visitas a

    hospitais para interao com os profissionais da sade que utilizam o EEM bomba

    de infuso para realizao da terapia intravenosa (IV). Aps a interao com

    profissional da sade e dos estudos das normas, foram elaboradas as seguintes

    propostas: procedimento para utilizao segura das bombas de infuso,

    procedimentos de ensaios de funcionalidade e segurana eltrica. E, por ltimo,

    foram realizados ensaios de segurana eltrica seguindo a metodologia proposta

    nesta dissertao.

    1.5 ORGANIZAO DO TRABALHO

    Esta dissertao est dividida em sete captulos, incluindo este, em que

    so expostos os objetivos e as motivaes para a realizao deste trabalho.

    No Captulo 2, apresentam-se os conceitos bsicos sobre anatomia e

    fisiologia da pele e do sistema venoso, para realizar a terapia intravenosa (IV)

    com eficcia. Tambm se descrevem neste captulo as complicaes locais e

    sistmicas.

    As terminologias relacionadas aos materiais, equipamentos de infuso IV e

    mtodos para infuso IV, constam no Captulo 3.

  • 5

    J, no Captulo 4, explicam-se o mecanismo propulsor, o princpio de

    funcionamento e de proteo das seguintes bombas de infuso: bomba de

    infuso volumtrica, bomba de infuso ambulatorial e bomba de seringa.

    O Captulo 5 analisa os aspectos relacionados segurana e

    funcionalidade dos dispositivos de infuso que podem vir a comprometer a

    segurana do paciente e do operador. Os itens abordados so operao,

    funcionalidade, risco de choque eltrico e radiao excessiva. H tambm o risco

    mecnico, que no ser abordado nesta dissertao.

    No Captulo 6, tem-se como objetivo estabelecer procedimentos de ensaios

    relativos funcionalidade e segurana em bombas de infuso, baseado nas

    normas de srie NBR IEC 60601. No captulo 7, apresentam-se as concluses

    referentes ao trabalho realizado.

  • 6

    2. ANATOMIA, FISIOLOGIA E COMPLICAES

    RELACIONADAS TERAPIA INTRAVENOSA

    Para a realizao da terapia intravenosa IV, utilizando-se o equipamento

    eletromdico bomba de infuso, faz-se necessrio que o profissional da sade

    tenha conhecimentos bsicos de anatomia e fisiologia. Apresentam-se assim,

    neste captulo, conceitos sobre anatomia e fisiologia da pele e do sistema venoso.

    Abordam-se tambm algumas complicaes locais e sistmicas decorrentes

    desta terapia.

    2.1 PELE

    Na infusioterapia, a pele (Fig. 2.1) o primeiro rgo do corpo humano a

    ser transposto. Para conhecer a estrutura da pele, utiliza-se a exposio

    encontrada em JUNQUEIRA & CARNEIRO (1999, p. 303).

    A pele recobre a superfcie do corpo e apresenta-se constituda por uma poro epitelial de origem ectodrmica, a epiderme, e uma poro conjuntiva de origem mesodrmica, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme est a hipoderme, que, embora tenha a mesma origem da derme, no faz parte da pele, apenas lhe serve de suporte e unio com os rgos subjacentes.

    Figura 2.1 -. Anatomia da pele, camadas e tecido transposto durante a realizao da

    puno venosa (PHILLIPS, 2001).

    Segundo DANGELO & FATTINIC (1988), no adulto a rea total de pele

    corresponde a aproximadamente 2m2 e apresenta espessura varivel de 1 a

  • 7

    4mm, dependendo da regio do corpo. O fator etrio condiciona a espessura da

    pele, de modo que mais delgada na infncia do que na velhice.

    2.1.1 Epiderme

    A epiderme primeira camada da pele a ser transposta durante a puno

    venosa. Segundo PHILLIPS (2001), a epiderme composta de clulas

    escamosas menos sensveis do que as estruturas inferiores. Primeira linha de

    defesa contra infeces, mais grossa nas palmas das mos e nas solas dos ps

    e mais fina nas superfcies internas das extremidades. Sua espessura varia com a

    idade e a exposio a elementos externos, como o vento e o sol.

    2.1.2 Derme

    Durante a puno venosa, a derme a segunda camada da pele a ser

    transposta. Conforme PHILLIPS (2001), a derme a superfcie mais grossa da

    pele e encontra-se localizada abaixo da epiderme, sendo constituda de veias

    sangneas, folculas capilares, glndula sudorpara, glndulas sebceas,

    pequenos msculos e nervos. Assim como a epiderme, a espessura da derme

    varia com a idade e a condio fsica.

    A puno venosa pode ser dolorosa, pois, conforme prescrito em PHILLIPS

    (2001, p.206),

    A pele um rgo especial de sensao ao toque e a derme reage rapidamente ao estimulo da dor, da mesma forma como s mudanas de temperatura e sensao de presso. Esta a camada mais dolorosa durante a puno venosa devido grande quantidade de veias e nervos contidos nesta bainha.

    A realizao adequada do procedimento pode diminuir a dor durante a

    transposio da derme.

  • 8

    2.1.3 Hipoderme

    A hipoderme ou fscia no considerada como camada da pele, mas, sim,

    como um tecido conjuntivo que se localiza abaixo da epiderme e da derme e que

    propicia a cobertura das veias.

    Essa camada de tecido conjuntivo varia de espessura e encontrada sobre toda a superfcie do corpo. Qualquer infeco na fscia, chamada de celulite superficial dissemina-se pelo corpo facilmente; portanto, essencial usar uma tcnica assptica, quando inserir dispositivos de infuso. (PHILLIPS, 2001, p.206).

    2.2 RECEPTORES SENSORIAIS

    Em relao aos receptores sensoriais, segundo PHILLIPS (2001), dos

    cincos tipos de receptores existentes, quatro esto envolvidos diretamente na

    terapia intravenosa.

    GUYTON (1991) relata que os receptores sensoriais so transmitidos ao

    longo das fibras aferentes. Estimulaes como presso, calor, som e frio so

    processadas ao longo dos receptores sensoriais. Os receptores sensoriais

    relacionados terapia parenteral so:

    mecanorreceptores: aqueles que processam as sensaes tteis da pele,

    sensao de tecidos profundos (palpao das veias);

    termorreceptores: aqueles que processam frio, calor e dor ;

    nociceptores: aqueles que processam dor (puno venosa para insero

    do cateter);

    quimioceptores: aqueles que processam as trocas osmticas no sangue,

    diminuindo a presso arterial (diminuio do volume de sangue circulante).

    Muitos estmulos so processados ao longo dos receptores sensoriais,

    principalmente os de dor. Assim, conforme prescrito por PHILLIPS (2001, p. 207),

    para diminuir a dor durante a puno venosa, o profissional da sade deve:

    Manter a pele do paciente esticada, aplicando uma trao nela, o dispositivo de

  • 9

    infuso deve ser inserido rapidamente atravs das camadas da pele para que

    seja ultrapassado o receptor da dor.

    2.3 SISTEMA VENOSO

    O sistema circulatrio do corpo humano constitudo de duas subdivises

    principais: pulmonar e sistmica. Na circulao sistmica so acessadas as veias

    perifricas para a terapia intravenosa.

    As veias funcionam similarmente s artrias, mas so mais finas e tm menos tecidos musculares, a parede de uma veia apenas 10% do dimetro total do vaso, comparado com 25% em uma artria. Como a veia fina e tem menos tecido muscular, pode ser distendida facilmente, permitindo suportar grandes volumes sob baixa presso. PHILLIPS (2001, p. 207).

    SMELTZER & BARE (1992) afirmam que algumas veias tm vlvulas,

    especialmente as que transportam sangue contra a gravidade. As vlvulas so

    compostas de dobras endoteliais e ajudam a prevenir o refluxo distal do sangue.

    As artrias e veias tm trs camadas de tecidos que formam a parede, as

    tnicas ntima, adventcia e mdia, como mostrado na Figura 2.2.

    Figura 2.2- Anatomia de uma veia, camadas venosas que so transpostas durante a puno venosa (PHILLIPS, 2001).

    2.3.1 Tnica adventcia

    A tnica adventcia primeira camada da veia a ser transposta durante a

    realizao da puno venosa. Segundo PHILLIPS (2001), consiste de um tecido

  • 10

    conjuntivo que contorna e sustenta a veia. O suprimento de sangue dessa

    camada, chamado de vaso vasorum, alimenta tanto a camada adventcia como a

    mdia. Afirma tambm que, algumas vezes, durante a puno venosa pode-se

    sentir um estalo assim que perfurada esta camada.

    Dando continuidade apresentao da estrutura venosa, abordam-se, a

    seguir, as camadas tnica-mdia e ntima.

    2.3.2 Tnica mdia

    Esta a segunda camada da veia a ser perfurada durante a puno

    venosa. PHILLIPS (2001) informa que composta de tecido muscular e elstico,

    contendo fibras nervosas responsveis pela vasoconstrio e pela vasodilatao.

    Durante a realizao da puno venosa se a ponta do cateter perfurar a tnica adventcia ou se for inserida na camada da tnica mdia, uma pequena quantidade de sangue retornar no cateter; entretanto, o cateter no progredir porque ficou preso entre as camadas. Se voc no conseguir um retorno de sangue estvel, a agulha pode estar nessa camada; ento avance o estilete levemente, antes de progredir com o cateter. PHILLIPS (2001, p207).

    Certos cuidados, segundo WEINSTEIN (1993), devem ser tomados com a

    tnica mdia durante a infusioterapia; estimulaes provocadas por mudana de

    temperatura ou irritao qumica podem produzir espasmos que impedem o fluxo

    de sangue, provocando dor.

    2.3.3 Tnica ntima

    PHILLIPS (2001) explica que a tnica ntima, terceira camada transposta

    no procedimento em questo, por ser a mais interna, constituda de uma

    camada fina de clulas, referidas como revestimento endotelial.

    Em relao puno venosa dessa camada, o mesmo autor prescreve que

    qualquer rugosidade neste leito de clulas durante a puno venosa, ou

    enquanto o cateter est no local, ou ainda, durante sua retirada, cria um processo

    de formao de trombose.(p. 208)

  • 11

    2.4 VEIAS DAS MOS E DOS BRAOS

    Na infusioterapia, vrias veias podem ser usadas para infuso de fluidos

    intravenosos (IV), mas as veias das mos e dos braos so mais comumente

    utilizadas.

    Os Quadros 2.1 e 2.2 expem a identificao e seleo do local mais

    efetivo para puno IV.

    Veia Localizao

    Digital Pores laterais e dorsais dos dedos

    Metacarpal dorsal Dorso da mo formado pela unio das veias entre as

    articulaes

    Quadro 2.1 - Seleo do local da insero nas veias superficiais do dorso da mo (adaptado de PHILLIPS, 2001).

    Veia Localizao

    Ceflica Poro radial da regio inferior do brao, ao longo do osso

    radial do antebrao.

    Baslica Face ulnar da regio inferior do brao e estende-se para cima

    do osso ulnar.

    Ceflica acessria Ramos desligados da veia ceflica ao longo do osso radial.

    Ceflica superior Face radial da regio superior do brao, sobre o cotovelo.

    Antebraquial

    mediana

    Estende-se para cima e para frente do antebrao, das veias

    antecubitais medianas.

    Baslica mediana Poro ulnar do antebrao

    Cubital mediana Lado radial do antebrao; atravessa na frente da artria

    braquial no espao antecubital

    Antecubital Na dobra do cotovelo.

    Quadro 2.2 - Seleo do local da insero nas veias superficiais do brao (adaptado de PHILLIPS, 2001).

  • 12

    A Figura 2.3 ilustra as veias superficiais dos membros superiores.

    Figura 2.3 - Veias superficiais do antebrao utilizadas na terapia IV (PHILLIPS, 2001).

    2.5 VIAS DE ACESSO PERIFRICO PARA TERAPIA PEDITRICA

    As vias de acesso perifrico utilizadas na terapia IV peditrica incluem as

    veias da regio ceflica e veias no dorso da mo, do antebrao e do p, conforme

    prescrio de PHILLIPS (2001).

    Nos itens seguintes, trata-se das veias de acesso perifrico na terapia

    peditrica.

    2.5.1 Veias da regio ceflica

    O acesso da regio ceflica para a terapia IV utilizado em crianas de at

    18 meses; aps essa idade, os folculos do cabelo ficam maduros e a epiderme,

    endurecida. H quatro veias da regio ceflica que so mais freqentemente

    utilizadas para o procedimento em estudo: frontal, pr-auricular, supra-orbital e

    occipital (PHILLIPS, 2001). A Figura 2.4 ilustra as veias da regio ceflica.

  • 13

    Figura 2.4 Veias superficiais da regio ceflica (PHILLIPS, 2001).

    2.5.2 Veias do dorso da mo e antebrao

    Segundo PHILLIPS (2001), estas veias podem ser utilizadas na terapia

    intravenosa em pacientes de todas as idades. As veias sobre a rea do

    metacarpo so mveis e no so rodeadas por tecido de suporte; portanto, o

    membro deve ser imobilizado com uma tala e fita antes da puno. A Figura 2.5

    ilustra a distribuio das veias no dorso da mo.

    Figura 2.5 Distribuio das veias superficiais do dorso da mo, que so utilizadas na

    terapia IV (PHILLIPS, 2001).

    Ainda conforme o autor, no convm utilizar a fossa antecubital na terapia

    IV, uma vez que essa rea freqentemente escolhida como local para coleta de

    sangue e pelos problemas de mobilidade resultante do uso desse local.

    Entretanto, pode ser utilizada para colocao de cateteres centrais de puno

    perifrica.

  • 14

    2.5.3 Veias do dorso do p

    As veias do dorso do p so usadas na terapia IV em bebs e crianas

    pequenas. O cateter no deve ser fixado ao redor do tornozelo, pois dificulta sua

    entrada e a progresso. As veias comumente utilizadas so a safena, a mediana

    marginal e a do arco dorsal do p, ilustradas na Figura 2.6.

    Figura 2.6 Veias superficiais do p que so comumente utilizadas na terapia IV

    (PHILLIPS, 2001).

    2.6 VIAS ALTERNATIVAS DE ADMINISTRAO EM PACIENTES

    PEDITRICOS

    Em casos de impossibilidade de aplicao da terapia IV acima estudada,

    utilizam-se as vias alternativas, que so a intra-ssea, as veias e artrias

    umbilicais, das quais se trata na seqncia.

    2.6.1 Via intra-ssea

    A via intra-ssea uma alternativa segura de administrao de lquidos e

    drogas no lactente ou criana; uma importante cadeia vascular dos ossos para

    transportar lquidos e medicaes da cavidade medular para a circulao.

    Para SPIVEY (1987), a cavidade medular composta de uma cadeia

    esponjosa de sinusides venosas que drenam para um grande canal venoso

    atravs das veias nutrientes e emissrias para dentro da circulao, ilustradas na

    Figura 2.7. Os lquidos infundidos no espao medular difundem-se em curto

    espao de tempo, sendo ento absorvidos na circulao venosa.

  • 15

    Figura 2.7- Sistema venoso intramedular usado como via alternativa na terapia IV

    (SPIVEY, 1987).

    2.6.2 Veias e artrias umbilicais

    H trs vasos no cordo umbilical: uma veia e duas artrias. Esses vasos

    proporcionam vias para acesso vascular alternativos, reservadas para situaes

    de emergncia na sala de parto e para monitorao hemodinmica em unidade

    de cuidado intensivo neonatal.

    2.7 VIAS DE ACESSO AO SISTEMA VENOSO CENTRAL

    No sistema venoso central, conforme PHILLIPS (2001), as veias mais

    importantes so a baslica, a ceflica, a subclvia, a jugular interna e externa, a

    inominata direita e esquerda e a cava superior.

    2.7.1 Estrutura venosa do brao

    A estrutura venosa do brao inclui as veias baslica e ceflica. Esta

    ascende junto borda do bceps at o tero superior do brao e passa por um

    espao entre os msculos peitoral maior e deltide (GRAY, 1997). Normalmente,

    a veia ceflica muda de direo em um ngulo de 90 assim que penetra a fscia

    clavipeitoral, passando sob a clavcula. Prximo a essa terminao, pode bifurcar-

    se em duas veias menores, uma confluindo para a veia jugular externa e uma

    para a veia axilar. As vlvulas esto localizadas ao longo da veia ceflica.

  • 16

    A veia baslica maior que a veia ceflica. Passa de forma ascendente, em

    um caminho plano ao longo do lado interno do bceps e termina na veia axilar.

    Na puno venosa, quando um cateter passado na baslica, pode-se

    observar uma tendncia de entrada na veia jugular. Se a cabea do paciente for

    virada para o lado da insero durante a progresso do cateter, esse mau

    posicionamento pode ser evitado (BRIDGES, CARDEN & TAKAC, 1979).

    A Figura 2.8 ilustra a estrutura anatmica venosa do brao e do trax

    relacionada ao sistema venoso central.

    Figura 2.8 Estrutura anatmica venosa do brao e do trax (PHILLIPS, 2001).

    2.7.2 Estrutura venosa do trax

    A estrutura venosa do trax inclui as veias subclvia, jugular interna e

    externa, inominata e cava superior. Para a exposio dessas veias,toma-se por

    base SPEER (1990).

    A veia subclvia estende-se da borda externa da primeira costela at o

    trmino da clavcula.

    A veia julgar externa encontra-se na lateral do pescoo e segue em um

    caminho descendente para se unindo-se veia subclvia na poro

    mediana da clavcula.

    A veia julgar interna desce, primeiramente, atrs da artria cartica e

    depois para o lado externo desta, unindo-se subclvia do pescoo.

  • 17

    A veia inominata direita tem aproximadamente 2,5 cm e encontra a veia

    inominata esquerda, abaixo da cartilagem da primeira costela. A veia

    inominata esquerda tem cerca de 6,5 cm e, juntando-se veia

    inominata direita, forma a veia cava superior.

    A veia cava superior recebe todo o sangue da metade superior do

    corpo. composta de um pequeno tronco de 6,5 a 7,5 cm de

    comprimento. Inicia-se abaixo da primeira costela e termina no trio

    direito do corao.

    2.8 COMPLICAES LOCAIS

    Complicaes locais na terapia IV so reaes adversas ao redor do local

    da puno; raramente so graves e podem ser reconhecidas precocemente por

    uma avaliao objetiva. Avaliar e monitorar so as aeschave em interveno

    precoce. Uma boa tcnica de puno o principal cuidado relacionado

    preveno da maioria das complicaes locais associadas terapia IV.

    2.8.1 Hematoma

    A formao de hematoma, massa de sangue localizada do lado de fora do

    vaso, , via de regra, relacionada tcnica do procedimento de enfermagem no

    local da puno. Segundo PHILLIPS (2001), pacientes que formam equimoses

    com facilidade podem desenvolver um hematoma quando grandes cateteres so

    utilizados para iniciar a terapia IV, em razo do trauma na veia durante a insero.

    2.8.2 Trombose

    A trombose define-se como uma formao ou presena de cogulo de

    sangue na veia. Esta complicao local advm de trauma nas clulas endoteliais

    da parede venosa e causa aderncia de plaquetas, que podem levar formao

    de cogulo, bloqueando a circulao sangnea.

    A formao de trombos manifestada pelo fluxo de soluo IV quando: a velocidade de gotejamento lenta ou o acesso no tem boa permeabilidade ou, ainda, quando uma resistncia sentida, especialmente na tampa de ltex puncionvel (plug macho). O local

  • 18

    de puno IV pode parecer sem problemas. Existem dois pontos de grande preocupao na avaliao de trombose. Primeiro, no introduzir o cogulo na corrente sangunea com a presso da seringa, e segundo, lembrar que em casos de trombose, a veia pode disseminar uma bactria. A trombose, junto com tromboflebite, pode levar embolia sistmica (PHILLIPS, 2001, p.242)

    2.8.3 Flebite

    Segundo HARRIGAN (1984), flebite uma inflamao na veia que afeta as

    clulas endoteliais da parede venosa, permitindo aderncia de plaquetas.

    Os sintomas dessa complicao local so vermelhido ou queixa de

    sensibilidade. O local de puno IV deve ser checado. A flebite classificada de

    acordo com fatores causais, que podem ser qumicos, mecnicos e bacterianos,

    os quais sero tratados a seguir.

    A flebite comumente relatada como uma complicao da terapia IV. O

    fato de 27% a 70% dos pacientes que recebem terapia IV desenvolvem algum

    estgio de flebite faz com que essa complicao local seja uma das mais comuns.

    (MAKI & RINGER, 1991).

    2.8.3.1 Flebite mecnica

    A flebite mecnica geralmente provocada pela insero de cateter com

    lmem maior que o da veia, irritando a camada interna da mesma, o que causa

    inflamao.

    2.8.3.2 Flebite qumica

    Vrios fatores contribuem para o desenvolvimento de flebite qumica.

    Alguns medicamentos ou solues irritantes, medicaes diludas ou misturadas

    inapropriadamente, infuso muito rpida e presena de pequenas partculas na

    soluo podem ser a causa dessa complicao local.

  • 19

    2.9.3.3 Flebite bacteriana

    Segundo PHILLIPS (2001), flebite bacteriana, tambm referida como

    sptica, o tipo menos comum de flebite.

    uma inflamao da parede interna da veia associada com infeco

    bacteriana. Fatores que contribuem para o desenvolvimento de flebite bacteriana

    incluem tcnica assptica inadequada, falha na deteco de quebras na

    integridade dos dispositivos IV, tcnica inadequada de insero do cateter,

    fixao ineficaz do cateter e falha na realizao de avaliaes locais.

    2.8.4 Tromboflebite

    Conforme WEINSTEIN (1993), a tromboflebite uma leso dupla:

    trombose e inflamao. Sinais e sintomas de tromboflebite so velocidade de

    fluxo lento, edema nos membros, veia sensvel e aparecimento de cordo fibroso,

    local quente ao toque e cordo visvel acima do local da puno

    2.8.5 Infiltrao

    A infiltrao o extravasamento de soluo ou medicao no-vesicante

    ao redor do tecido, ocorrendo em razo do deslocamento do cateter da ntima da

    veia e em decorrncia da flebite (HECKER, 1988).

    2.8.6 Extravasamento

    Em TABOR (1993), o extravasamento definido como infiltrao de

    medicao vesicante. Uma soluo vesicante um fludo ou medicao que

    causa a formao de bolhas, com crostas subseqentes de necrose tecidual.

    2.8.7 Espasmo venoso

    Para PHILLIPS (2001), o espasmo venoso pode ocorrer subitamente e por

    uma variedade de razes. Geralmente, resulta de uma administrao de infuso

  • 20

    fria, uma soluo irritante, uma administrao muito rpida de soluo IV ou

    solues viscosas, tais como produtos e sangue.

    2.9 COMPLICAES SISTMICAS

    Complicaes sistmicas podem pr a vida do paciente em risco e podem

    ser do tipo septicemia, sobrecarga circulatria, edema pulmonar, embolia gasosa,

    choque por hipervolemia e embolia por cateter.

    Em seqncia, aborda-se cada uma dessas complicaes.

    2.9.1 Septicemia

    A septicemia, conforme PHILLIPS (2001), pode ocorrer quando

    microrganismos migram para a corrente sangunea. Esta complicao sistrmica

    est relacionada pobre tcnica de assepsia e a dispositivos contaminados

    durante sua fabricao, estocagem ou uso. Alm disso, infuses perifricas IV

    tm menos riscos de acarretar infeces do que quando realizadas em acesso

    venoso central ou associadas nutrio parenteral total.

    2.9.2 Sobrecarga circulatria

    A sobrecarga circulatria ocorre na infuso de quantidades excessivas e

    rpidas de cloreto de sdio, provocadas por falhas no sistema de administrao

    de fluidos, comprometendo a sade do paciente.

    2.9.3 Edema pulmonar

    Conforme SMELTZER & BARE (1992), edema pulmonar o acmulo

    anormal de fludo nos pulmes. Sobrecarga circulatria pode levar a um edema

    pulmonar, pois fludos infundidos rapidamente aumentam a presso venosa e

    levam a um edema pulmonar.

  • 21

    2.9.4 Embolia gasosa

    A embolia gasosa rara, porm uma complicao letal, especialmente

    quando envolve dispositivo de acesso vascular. Quando, porm, reconhecido

    imediatamente, conforme RICHARDSON & BRUSO (1993), o problema tratvel.

    Para LAMBERT (1982), a embolia gasosa o resultado da entrada de ar

    nas veias centrais, que rapidamente captado pelo sangue conforme ele flui. O ar

    captado carregado para o ventrculo direito, onde se aloja contra a vlvula

    pulmonar e bloqueia o fluxo de sangue do ventrculo direito para as artrias

    pulmonares.

    2.9.5 Choque por infuso rpida

    Na terapia IV, o choque por infuso rpida pode ocorrer quando o fluido a

    ser infundido introduzido rapidamente de maneira descontrolada na circulao.

    A infuso rpida da medicao permite que a concentrao no plasma possa

    alcanar propores txicas, sobrecarregando os rgos ricos em sangue

    corao e crebro(PHILLIPS, 2001, p.258).

    2.9.6 Embolia por cateter

    Embolia por cateter uma complicao sistmica que provoca a obstruo

    do vaso sangneo. Nessa situao, fragmentos do cateter quebram-se e percorre

    o sistema vascular, migrando para o trax e alojando-se na artria pulmonar ou

    no ventrculo direito (PHILLIPS, 2001).

  • 22

    3 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS RELACIONADOS

    TERAPIA INTRAVENOSA

    A Engenharia Clnica (EC) tambm realiza estudos sobre os materiais que

    acompanham os equipamentos, com o intuito de aproveit-los na tomada de

    deciso durante a etapa da GTMH. Alm de servir como uma ferramenta para

    tomada de deciso, estes estudos podem servir de apoio aos profissionais da

    rea da sade na rotina hospitalar.

    Os profissionais da sade que trabalham com terapia IV, sempre que

    necessitam, utilizam materiais e EEM. Dessa forma, faz-se, neste captulo, uma

    breve exposio das terminologias relacionadas aos materiais e equipamentos

    dessa terapia. Trata-se tambm dos mtodos para realizao da terapia IV,

    procurando abordar o mecanismo propulsor do fluido a ser administrado para o

    paciente.

    3.1 SISTEMA PARA ADMINISTRAO DA INFUSO

    Atualmente, nos EAS, para realizao da terapia IV, utiliza-se o EEM

    bomba de infuso, e como sistema de administrao do fluido, comum se

    encontrar frascos de plstico.

    Segundo AUSUMAN (1984), dois sistemas de infuso so utilizados para

    administrao intravenosa de fluidos; o sistema com frasco de vidro e o sistema

    com frasco de plstico. Os frascos de plstico tornaram-se acessveis para

    estocagem e administrao de hemocomponentes. Hoje, o sistema de plstico

    usado em 90 a 95 % dos casos para administrao de solues. A Figura 3.1

    ilustra uma comparao entre os frascos de infuso.

  • 23

    Figura 3.1 - Comparao dos frascos de infuso e acessrios de administrao

    (PHILLIPS,2001)

    3.1.1 Frasco de vidro

    O sistema de administrao com a utilizao do frasco de vidro pode ser

    com o frasco aberto ou fechado.

    DELANEY & LAUER (1988) explicam que o frasco de vidro tem um vcuo

    parcial e requer respiros de ar. Em um sistema de vidro aberto, o ar entra por

    meio de um tubo plstico e coletado em um espao no frasco, permitindo a

    sada da soluo. J no sistema de vidro fechado, o ar filtrado no frasco por

    meio de um respiro. Aqui necessrio utilizar um equipo com respiro para permitir

    a entrada de ar no frasco.

    O frasco de vidro tem uma tampa, tambm chamada de tampa de

    borracha. Durante a insero do equipo, fragmentos de borracha podem se

    formar, o que promove a introduo de fragmentos de borracha na soluo. Isso

    se torna uma desvantagem na utilizao do sistema frasco de vidro.

    3.1.2 Frasco de plstico

    A maioria dos fluidos IV compatvel com o sistema que utiliza o frasco de

    plstico para sua administrao.

  • 24

    No frasco de plstico flexvel, a estrutura entra em contato com o fluido,

    incluindo o conector, que composto do mesmo material: cloreto polivinil (PVC)

    ou outro material similar. A introduo dos frascos para fluidos de PVC, tem sido

    acompanhada pela preocupao de compatibilidade, especificamente com o

    componente plstico dietilexiftalato (DEPH). Tais cuidados tm sido reiterados

    pela indstria de sade; entretanto, algumas solues causam preocupao com

    relao compatibilidade com o plstico, como insulina, nitroglicerina, emulses

    gordurosas e outros (OLIN, 1991).

    O sistema plstico no possui vcuo; portanto, os frascos precisam ser

    colabveis. Este sistema no precisa de ar para repor o fluido do frasco. Tanto

    equipos com ou como os sem respiro so aceitveis para a administrao da

    infuso. Como no h uma tampa de borracha no frasco de plstico, a perfurao

    do sistema pode ser realizada por um simples movimento giratrio.

    com razo que Olin (1991) afirma que os frascos devem ser colabveis,

    pois pode ser difcil infundir os ltimos 50 ml da soluo contida no frasco caso

    no sejam colabveis.

    3.2 EQUIPOS

    Os equipos, dispositivos que transportam o lquido do reservatrio para o

    paciente, variam conforme o fabricante (ABNT, 1999). A variao pode ser quanto

    ao tipo de gotejamento, porm todos apresentam os mesmos componentes

    bsicos, apresentados na Figura 3.2 e que sero definidos a seguir.

  • 25

    Figura 3.2 - Equipo com todos os seus componentes bsicos (PHILLIPS, 2001).

    Adaptador / extremidade para conexo no frasco de soro: um tubo plstico com ponta pontiaguda, prpria para ser inserida no frasco de infuso. Ela conectada borda, orifcio de gotejamento e cmara para gotejamento.

    Borda: um protetor plstico que ajuda a prevenir a contaminao por toque durante a insero do adaptador.

    Orifcio de gotejamento: uma abertura que determina o tamanho e a forma de gotejamento do fluido. O tamanho desse orifcio de gotejamento que determina o fator de gotejamento.

    Cmara para gotejamento: um compartimento transparente de plstico claro dilatado e adaptvel que contm o orifcio de gotejamento. Ele conectado ao tubo.

    Tubo do equipo: O tubo do equipo plstico conectado cmara de gotejamento. Dependendo do fabricante, o equipo pode ter vrios tipos de pinas, injetores, conectores ou filtros construdos no sistema. O comprimento mdio do equipo primrio de 1,6 a 2,5 m. O comprimento mdio do conjunto secundrio em torno de 80 a 105 cm.

    Pina: A pina de controle de fluxo opera sobre os princpios da compresso da parede do tubo do equipo. Cada fabricante utiliza um tipo de pina (rolete, fecho ou dobradia) e todos operam sobre o principio da compresso.

    Injetores: Servem como um acesso no equipo e esto localizados em vrios pontos ao longo do mesmo. Usualmente, os injetores so utilizados para administrao de medicamentos. Deveriam ser utilizadas agulhas pequenas para o acesso a esses orifcios para assegurar a vedao.

    Filtro: O filtro remove partculas estranhas da infuso. Pode fazer parte do equipo ou podem ser adicionados. (PHILLIPS, 2001, p. 174)

    Os equipos mais comumente utilizados so equipo primrio, equipo

    secundrio e equipo primrio em Y.

  • 26

    3.2.1 Equipos primrios

    Os equipos primrios so conhecidos como padro e utilizados com ou

    sem respiro. Os conjuntos com respiro tm um filtro de ar preso ao adaptador o

    qual permite que o ar entre no frasco. Os equipos com respiro devem ser

    utilizados em sistema de vidro fechado; os sem respiro, em sistema de frasco de

    vidro aberto ou sistema de plstico colabvel.

    3.2.2 Equipos secundrios

    So utilizados dois tipos de equipos secundrios: o piggyback e a bureta.

    O equipo piggyback tem um tubo mais curto (75 a 90 cm) com um fator de gotejamento padronizado de 10 a 20 gotas/ml. utilizado para administrao de 50 a 100ml de infuso. Na instalao do equipo piggyback, o frasco da infuso primria posicionado abaixo do frasco secundrio, usando uma extenso de conexo contida na caixa do equipo secundrio (PHILLIPS, 2001, p.176).

    A bureta possui cmara de controle de volume, sendo indicada para

    administrao intermitente de volume de fluido medido em uma cmara graduada.

    3.2.3 Equipo primrio em Y

    O equipo primrio em Y utilizado para infuso rpida ou para

    administrao de mais de uma soluo por vez. Ele apresenta dois adaptadores

    separados com cmaras de gotejamento tambm separadas e equipo de

    comprimento curto com pinas individuais. Os equipos primrios em Y so

    destinados infuso de grandes quantidades de fluidos.

    3.3 CATETERES INTRAVENOSOS PERIFRICOS

    Vrios tipos de cateteres perifricos esto disponveis comercialmente:

    cateteres agulhados (scalp), cateteres sobre agulha, cateteres de linha mdia e

    cateteres de duplo lmen. Na seqncia aborda-se cada um desses materiais.

  • 27

    3.3.1 Cateteres agulhados

    Os cateteres agulhados (PHILLIPS, 2001) so feitos de ao inoxidvel com

    nmero mpar de tamanho (17, 19, 21, 23, 25) e comprimento de 1,25 a 3,0 cm.

    As asas, presas haste so feitas de borracha ou plstico e o tubo flexvel

    estende-se por trs das asas. A Figura 3.3 ilustra os cateteres agulhados.

    Figura 3.3 - Tipos de cateteres agulhados utilizados na terapia IV (PHILLIPS, 2001)

    Segundo JENSEN (1995), cateteres agulhados so utilizados nas

    seguintes situaes: terapia de curta durao em pacientes com tempo esperado

    para mant-la menor que 24 horas, como uma terapia de dose nica e

    administrao de medicao IV em bolus.

    3.3.2 Cateter sobre agulha

    O cateter sobre agulha (PHILLIPS, 2001) consiste de uma agulha com um

    cateter por cima. O cateter consiste de uma cnula com um comprimento de 2,0 a

    5,0 cm e calibres em nmeros pares variando de 12 a 24. Depois da puno da

    veia, a agulha retirada e descartada, deixando um cateter flexvel no vaso. A

    Figura 3.4 ilustra o cateter venoso sobre agulha.

  • 28

    Figura 3.4 - Tipos de cateteres sobre agulha, utilizados para terapia de uso prolongado (PHILLIPS, 2001).

    Os materiais dos cateteres sobre agulha podem ser de teflon, aquavene e

    vialon. Segundo ALTAVELA, HAAS & NOWAK (1993), o cateter de vialon, uma

    vez dentro da veia, torna-se macio e flexvel, permitindo que o cateter flutue na

    veia ao invs de ir contra a ntima da parede da veia. Por isso o cateter de vialon

    indicado para terapia de uso prolongado.

    3.3.3 Cateteres sob agulha

    Os cateteres sob agulha tm o dimetro menor que o da agulha;

    apresentam um revestimento plstico que os protege de contaminao por

    manuseio.

    A agulha pode ter de 3,0 a 7,5cm de comprimento, enquanto o cateter pode ter de 20 a 90 cm. (...) Depois que o cateter instalado, a agulha retirada e fixada fora da pele. Como o cateter radiopaco, a confirmao pelo raio-X pode ser feita antes da administrao de solues viscosas. (PHILLIPS, 2001)

    3.3.4 Cateteres de linha mdia

    Os cateteres que so inseridos entre a rea antecubital e a cabea da

    clavcula so chamados de cateter de linha mdia. Este cateter indicado para

  • 29

    terapias de tempo intermedirio, de duas semanas ou mais, e tem

    aproximadamente 15cm de comprimento. Sua composio de hidrogel

    elastomrico (MEARES,1992).

    3.3.5 Cateter perifricos de duplo lmen

    Segundo PHILLIPS (2001), o cateter de duplo lmen est disponvel em

    uma faixa de calibre correspondente ao tamanho do lmen. Existem dois canais

    de infuso totalmente separados, tornando possvel a infuso das solues

    simultneas. A Figura 3.5 ilustra o cateter perifrico de duplo lmen.

    Figura 3.5 - Cateter perifrico de duplo lmen com canais de infuso totalmente separados (PHILLIPS, 2001).

    3.4 CATETERES INTRAVENOSOS CENTRAIS

    Cateteres venosos centrais tm sido indicados especificamente para

    terapia de longa durao, afirma Phillips (2001). Ainda conforme o autor, h trs

    tipos principais de instalaes de cateteres venosos centrais: cateteres

    percutneos e cateteres venosos centrais tunelizados, localizados em nvel

    central, (ambos devem ser inseridos pelo mdico) e cateteres centrais de insero

    perifrica (podem ser inseridos por enfermeiros).

    3.5 FILTROS DE LINHA PARA SOLUO INTRAVENOSA

    Filtros de linha so usados na administrao de terapia IV para filtrar

    microrganismos que vivem e podem se multiplicar na corrente sangnea ou, se

    mortos, que entram no tecido e causam um abscesso estril. H dois grupos de

    problemas particulares: contaminantes noviveis (tais como partculas de

  • 30

    metal, amianto, algodo, poeira e vidro) e contaminantes viveis (consistindo de

    bactrias e fungos).

    O Food and Drug Administration (FDA, 1994) recomenda o uso de

    dispositivos com filtro de linha para remoo de bactrias, fungos, partculas, ar e

    algumas endotoxinas de fluidos administrados por via intravenosa.

    3.6 SISTEMA DE ADMINISTRAO POR GRAVIDADE

    Este um sistema de infuso bastante comum, utilizado na alimentao

    parenteral. Consiste-se de um frasco de plstico contendo o fluido ou droga,

    equipo de cloreto de polivinil (PVC) (para controlar a quantidade e a velocidade

    com que a soluo infundida para o paciente) e, logicamente, um cateter.

    Durante a administrao da infuso, no deve ocorrer fluxo contrrio, ou

    seja, o sangue do paciente nunca deve entrar no cateter e passar para o equipo.

    Para que isso no ocorra, o frasco de plstico colocado de 20 a 30 cm acima da

    cabea do paciente, pois a altura do frasco responsvel pela produo da

    presso necessria para contrabalanar a presso venosa, permitindo a vazo da

    droga.

    A fora da gravidade responsvel pelo fluxo da soluo em direo ao

    cateter e o controle do fluxo feito pela pina, que pressiona a parede do equipo

    de forma a regular a taxa de fluxo.

    Nesse sistema de administrao, a taxa do fluxo determinada em gotas

    por minuto, o que um inconveniente, pois o volume da gota depende do

    dimetro do equipo e da viscosidade da soluo a ser infundida (SAMTRONIC,

    2002).

    3.7 SISTEMA DE ADMINISTRAO UTILIZANDO BOMBAS DE INFUSO

    As bombas de infuso so utilizadas como meio de administrao de

    fluidos IV. Este mtodo de administrao utilizado quando surge a necessidade

  • 31

    de preciso na infuso ou fluxos mais elevados que aqueles providos pelo mtodo

    de administrao por gravidade (ECRI, 1998 a).

    O sistema de administrao utilizando bombas de infuso difere de outros

    mtodos de infuso por no depender da gravidade para alcanar a presso

    necessria. A presso obtida por um motor eltrico acionando uma seringa ou

    um dispositivo peristltico. Na sua maioria, as bombas so volumtricas, isto , a

    vazo medida em mililitros na unidade de tempo em lugar de gotas na unidade

    de tempo (SAMTRONIC, 2002).

  • 32

    4. BOMBAS DE INFUSO

    Segundo a ABNT (1999), bomba de infuso um equipamento destinado a

    regular fluxo de lquidos administrados ao paciente sob presso positiva gerada

    pela bomba.

    Nos EAS, h trs tipos de bombas de infuso. Abordam-se, neste captulo,

    os tipos e princpios das bombas de infuso, independentemente do fabricante,

    pois os fabricantes utilizam-se de princpios diferentes para a administrao do

    fluido (soluo a ser infundida).

    4.1 PRINCPIOS DAS BOMBAS DE INFUSO

    As bombas de infuso so similares na aparncia, mas podem divergir nos

    princpios e na preciso das velocidades de infuso. As primeiras bombas

    introduzidas nos EAS utilizavam apenas a gravidade como fonte de energia.

    Portanto, necessrio que se conhea o tipo de funcionamento de cada bomba

    que se utiliza (MOYLE & DAVEY, 2000).

    4.1.1 Controle das infuses

    O controle da infuso usualmente se faz por meio de um sistema de

    contagem fotoeltrica das gotas em conjunto com muitas formas de ocluso

    ajustveis aos equipos por onde passa a soluo, como ilustrado na Figura 4.1,

    ou por sistema de ultra-som a efeito Doppler.

  • 33

    Figura 4.1 - Tipos de sistemas de controle de infuso: (a) controle manual, (b) controle manual com detector de gotas, (c) controle ajustado atravs de microprocessador, (d)

    controle ajustado atravs do microprocessador utilizando sensor detector de gotas com ajuste no mecanismo da bomba e (e) controle atravs do microprocessador com ajuste

    no mecanismo da bomba. (MOYLE & DAVEY, 2000).

    No sistema de contagens de gotas, os contadores eletrnicos no

    controlam a velocidade de infuso, mas informam, com grande exatido, o uso de

    uma taxa anteriormente regulada. Um pequeno feixe de luz, que pode ser

    infravermelho e visvel, passado atravs da cmara de gotejamento do sistema,

    e as interrupes desta emisso de luz so detectadas por uma clula

    fotoeltrica. De acordo com a medida de tempo entre os gotejos, a taxa de

    infuso eletronicamente calculada e mostrada em um display. Estes sistemas

    so exatos somente se os tamanhos das gotas forem conhecidos, e estes

    tamanhos podem ser programados dentro dos aparelhos que determinam a

    velocidade de infuso (MOYLE & DAVEY, 2000, p. 395).

    No sistema que utiliza sensor de ultra-som a efeito Doppler para realizar o

    controle da infuso, a velocidade do fluido informada com grande exatido. Um

    feixe de luz emitido com uma freqncia apropriada sobre o equipo (meio de

    conduo do fluido), o qual refletido, sensibilizando o transdutor do receptor.O

    sinal assim obtido amplificado por um amplificador apropriado e demodulado.

    Da demodulao obtm-se um sinal que contm a soma das freqncias e outro

    sinal que contm a diferena das freqncias. essa freqncia que interessa no

    caso. Passando o sinal por um filtro passa-baixa, eliminam-se os componentes de

    (a) (b) (c) (d) (e)

  • 34

    freqncia mais alta, obtendo-se apenas um sinal de freqncia igual ao desvio

    Doppler. Finalmente, o sinal passa por um conversor de freqncia para tenso,

    sendo a converso proporcional velocidade (WERNECK, 1996). A taxa de

    infuso eletronicamente mostrada em um display.

    4.1.2 Motor de passo

    Os fabricantes dos equipamentos eletromdicos bombas de infuso

    utilizam-se do motor de passo como fora de direcionamento do fluido. Os

    motores de passo podem ser diretamente controlados por um sistema digital.

    A velocidade de um motor eltrico convencional, alimentado por corrente

    alternada (CA) ou por corrente contnua (CC), pode variar de acordo com sua

    voltagem, com o suprimento de carga mecnica ou com a freqncia. Seu

    funcionamento dificultado na ausncia de um mecanismo de feedback para se

    avaliar a exatido do motor. Segundo MOYLE & DAVEY (2000), os motores de

    passo so designados a fornecer uma srie de pulsos gerados em intervalos de

    tempo por uma bobina, o que causa uma rotao constante para cada pulso,

    tipicamente de 1,8 graus, 2,5 graus, 3,75 graus ou 7,5 graus, independentemente

    da carga, dentro de certos limites. Os sistemas de infuso so projetados de

    forma que um gerador de pulso, com freqncia varivel, possa produzir um

    controle exato de uma infuso e um ajuste da velocidade calibrada diretamente

    em mililitros por hora.

    4.1.3 Mecanismo de direcionamento

    O mecanismo de direcionamento das bombas de infuso pode ser

    peristltico ou pode usar uma pequena seringa com vlvula associada a um

    pisto convencional ou a uma rosca sem fim que movimenta o mbolo da seringa.

    No sistema peristltico, o equipo ritmicamente comprimido por uma srie

    de roletes rotatrios ou por uma srie de pulsos, conforme mostrado na Figura

    4.2. O motor de passo que direciona esses dois mecanismos controlado por um

    microcontrolador (MOYLE & DAVEY, 2000).

    (b)

  • 35

    Figura 4.2 - Mecanismos peristlticos utilizados em bombas de infuso volumtrica: (a)

    Mecanismo que utiliza pulsos para comprimir o equipo e (b) Mecanismo que utiliza roletes rotatrios para comprimir o equipo (MOYLE & DAVEY, 2000).

    O mecanismo tpico da bomba de seringa que utiliza uma pequena seringa

    com uma vlvula associada a um pisto convencional mostrado na Figura 4.3.

    Este mecanismo tambm comandado por um motor de passo, controlado

    diretamente por um microcontrolador. O volume da seringa, segundo MOYLE &

    DAVEY (2000), usualmente de 5 ml. O cassete da seringa fornecido estril e

    descartvel. Ainda conforme o autor, o fluido direcionado rapidamente da bolsa

    reservatria para dentro da seringa em menos de 1s. A vlvula ento comea a

    atuar de forma que o contedo da seringa seja expelido com a velocidade

    regulada para o paciente, e ento o processo vai se repetindo.

    Embora, teoricamente, isso produza um fluxo intermitente, tambm

    produzida uma taxa de infuso muito precisa, com uma interrupo de apenas um

    segundo.

    (a) (b)

  • 36

    Figura 4.3 - Princpio de uma bomba de infuso do tipo seringa que utiliza uma vlvula

    associada com um pisto convencional para o controle da velocidade da infuso (MOYLE & DAVEY, 2000).

    O mecanismo de direcionamento de bomba de seringa que utiliza a rosca

    sem fim para movimentar o mbolo mostrado na Figura 4.4. Esse mecanismo

    tambm comandado por um motor de passo que propele a soluo empurrando

    o mbolo; nesse caso, a seringa deve estar na altura do paciente, evitando que o

    fluxo do lquido seja maior que o desejado.

    Figura 4.4 - Mecanismo de direcionamento de bomba de seringa que utiliza rosca sem

    fim para movimentar o mbolo.

    4.2 ESTRUTURA DAS BOMBAS DE INFUSO

    As bombas de infuso de presso positiva so geralmente utilizadas para

    administrao de grandes volumes e de terapias complexas em situaes de alta

    preciso. A administrao dos fluidos realizada conforme a programao e tem

    diversas configuraes, incluindo o mecanismo para manter a quantidade de fluxo

  • 37

    dos fluidos e para tocar o alarme por vrios problemas de funcionamento

    (JENSEN, 1995).

    O diagrama de blocos apresentado na Figura 4.5 ilustra a estrutura

    utilizada pela maioria dos fabricantes de bombas de infuso, composta pelas

    seguintes etapas:

    Ajuste: etapa de programao do equipamento, aqui ocorre a entrada

    de dados como taxa de infuso, volume a ser infundido, presso de

    ocluso e volume da bolha de ar;

    Sensores: nesta etapa, os sensores utilizam-se do infra-vermelho, num

    sistema transmissor-receptor para monitorar a taxa de infuso, presso

    de ocluso e volume de bolha de ar na linha do equipo. Os valores

    obtidos so enviados para etapa controladora;

    Controlador: nesta etapa ocorre a comparao entre os dados

    monitorados atravs dos sensores com os dados programados na etapa

    de ajuste. Os resultados obtidos so enviados para a etapa de potncia

    ou de alarmes;

    Alarmes: estes so acionados pelo controlador, emitindo sinais sonoros

    e visuais;

    Etapa de potncia: recepo e amplificao dos sinais enviados pela

    etapa de controle, os quais so transmitidos para a etapa de fora;

    Motor de passo: etapa designada para rotocionar o pisto,

    independentemente da carga, dentro de certos limites, produzindo o

    controle da taxa de infuso.

  • 38

    Figura 4.5 Sistema em blocos ilustra as etapas do controle da administrao de fluidos utilizados pela maioria dos fabricantes de bombas de infuso volumtrica (adaptado de

    WEBSTER, 1998).

    4.3 TIPOS DE BOMBAS DE INFUSO

    Nos EAS, encontram-se trs tipos de bombas de infuso: bombas de

    infuso volumtrica, bombas de seringa e bombas de infuso ambulatorial.

    4.3.1 Bomba de infuso volumtrica

    Segundo a ABNT (1999), bomba de infuso volumtrica uma bomba na

    qual a vazo selecionada pelo operador e indicada pelo equipamento em

    volume por unidade de tempo.

    Este equipamento eletromdico calcula o volume infundido por meio da

    medida do volume acondicionado em um reservatrio que parte do equipo. A

    bomba de infuso calcula cada ciclo de preenchimento e esvaziamento do

    reservatrio, que manipulado internamente por uma ao especfica da bomba

    de infuso (JENSEN, 1995).

    A terminologia da presso inclui os termos fixado e varivel. Com a

    presso de infuso fixada, a bomba de infuso programada internamente para

    infuso acima de uma certa presso (limite de ocluso). As bombas de presso

  • 39

    variveis permitem a avaliao da presso para administrao segura da terapia.

    Uma bomba de infuso de presso varivel pode ser ajustada pelo usurio por

    meio de programao (JENSEN, 1995). Um modelo de bomba de infuso

    volumtrica ilustrado na Figura 4.6.

    Figura 4.6 - Modelo de bomba de infuso volumtrica peristltica rotativa (ECRI, 2000 a).

    4.3.1.1 Finalidade

    As bombas de infuso volumtri