BOLETIM INFORMATIVO DA A.A.G.G. ANO: 8 JUL-AGO- SET...
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BETELGEUSEBOLETIM INFORMATIVO DA A.A.G.G.
ANO: 8 JUL-AGO- SET N s:25
ASSOCIAÇAO ASTRONÔMICA GALILEU GALILEI
CONSELHO ADMINISTRATIVO
Marco Junio de Faria Godinho Antonio Carlos Vianna Braga
CONSELHO ADMINISTRATIVO
Diretor Presidente Diretor Adjunto
Ronaldo Rogério de Freitas Mourao - CNPQ/RJ Luiz Eduardo da Silva Machado - UFRJ/RJ Antonio Rezende Guedes - UFJF/MG Nelson Travnik - Observatório de Americana/SP
ASSESSOR JURÍDICO
Dr. Jorge Henrique Valle dos Santos
SECRETÁRIO GERAL / TESOUREIRO
Antonio Carlos Garcia Junior
COORDENADORIA DE FOTOGRAFIA
Flávio Lobos Martins
BIBLIOTECÁRIA / EDITORA DO BETELGEUSE
Luciana Maria Hibner
CAPAt
Eclipse Solar em Vitória, 11.07.91 : 1?- 1 segundo de exp. 200rnm Fujichrorne 50 (Alexandre Magno) . 2ã- 1/500 seg. de exp. 800 mm f 32. Fujichrorne 100 (Flávio Lobos e Luiz Guilherme de Oliveira)
ENDEREÇO PARA CONTATO
A.A.G.G.Caixa Postal 1993 Vitória - ES CEP: 29.001 Brasil
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EDITORIAL
Mercê do bom trabalho conjunto AAGG/UFES, a Astronomia avança no Espírito Santo, apesar da crise que assola e atravanca. Aliás, esta junção do setor informal e civil, no caso a Associação Astronômica Galileu Galilei, com o formal e publico / representado pela Universidade Federal, parece ser uma solução / eficiente para a travessia dos tempos bicudos. Mesmo com ausen- de recursos financeiros significativos, o apoio da UFES tem sido vital para o cumprimento dos nossos Estatutos. Mais do que is to, a articulação das duas instituições gerou dividendos de qualidade, e está permitindo um salto tecnológico qualitativo tanto nos aspectos educativos quanto científicos. Evidentemente, este sucesso repousa nos ombros de poucas pessoas, tanto de uma insti^ tuição como da outra. Mas o que importa é que a A.A.G.G. conse-
Aguiu gerar um centro de massa em torno do qual a cultura astrono mica vai se implantando, Oxalá o que fazemos de certo por aqui , seja usado por pessoas e entidades de outras partes, com o mesmo fim.
Em recente périplo pelo pais, chegando ate o cone sul, pode ser constatado que os problemas sao os mesmos, e que as soluções , apesar de variadas, estão escoradas no mesmo pilar: von tade de fazer. Recursos humanos e financeiros para atender deman das e os entraves burocráticos, somados as dificuldades que a Academia tem para divulgar ciência eficiente e constantemente, / deixam para o amador a tarefa de traduzir a Astronomia e seus avanços para a "cultura popular". Segundo o que foi relatado no / Uruguai, o panorama é o mesmo na Europa e nas Américas. Ou seja, Montevideu confirmou o que havia emergido no III E.N.A. em Fortaleza, e que foi abordado com profundidade na 63 Semana do Planetário no Rio, ressaltando-se o movimento nacional pelo retorno da Astronomia à educação brasileira. Confrontados que fomos, com a cultura de um país que a mais de um seculo ensina Astronomia , enquanto disciplina obrigatória nas suas escolas do 2ã grau, so nos restou pedir ajuda.
Antes de usufruí-la porém, é necessário divulgar o / que esta ocorrendo, primeiro entre as outras entidades e seus as sociados e imediatamente aos professores, alunos e comunidade em geral. Daí, a discussão em torno da Astronomia aplicada as questões ambientais. 1991/2 e 1992 serão ótimos anos para fazer divulgação científica e lutar pelo retorno dos céus às escolas, / mormente pegando carona na educação ambiental, que carece de / consciência planetaria. Assim, o Betei atrazou. Mas achamos que
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a causa, além de nobre, oferece um atalho para a Astronomia! É nossa obrigaçao leva-la ao debate na Rio 92.
Bem, novos instrumentos e novos projetos aguardam aqueles que tem a vontade de participar. Compareçam a Assembléia Geral, inclusive para ajudar a decidir sobre os projetos de pesquisa , apresentar o seu projeto e requerer tempo de telescopio se for o caso. Na pior das hipóteses, apareçam para trocar "cau- sos" , "duelar" com idéias e planejar a "invasão" dos céus com o novo telescópio.
Saudações Planetárias A EDITORA
ÍNDICE PÁG
. Editorial....................................................... 02
. Transientes Lunares............................................ 04
. Agenda Astronômica............................................. 06
. 0 "Laboratório de Ensino de Astronomia" do Observ. da UFES. 08
. Consciência Planetaria: Uma Abordagem Astronômica Para Ques tões Ambientais................................................. 11
. Efemérides: À Guisa de Prestações de Contas de 91/1......... 16i
. Astronomia e Meio Ambiente.................................... 20
. Poeira das Estrelas............................................ 22
PLANETA TERRA. NOSSO DESTINO COMUM.
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TRANSIENTES LUNARES
Talvez por estar próxima da Terra, a Lua desperta pouco interesse tanto nos astrônomos profissionais quanto amadores. / Trata-se do primeiro objeto celeste que todo mundo observa quando começa a se interessar pelo ceu. Terra e Lua formam um estranho planeta duplo, como Plutão e Caronte. Mapeada pelos sateli— tes das séries Luna e Lunar Orbitter, percorrida pelos astronautas do projeto Apollo, a superfície lunar parece não ter mais / mistérios.
Isso não é verdade. Os astronautas da Apollo observaram apenas uma diminuta fração da superfície lunar. 0 mesmo pode ser dito sobre todos os robôs das séries Ranger, Surveyor e Lunokhod. Enquanto o homem não fixar residência na superfície lunar ela / continuará desconhecida e misteriosa. Existe toda uma classe de fenomenos, os transientes lunares que ainda nao tem uma explicação científica definida e cuja observação esta ao alcance dos amadores dedicados.
Desde o século passado que inúmeros observadores afirmara ter visto luzes e nevoas misteriosas em algumas regiões da Lua. Durante muito tempo essas observações não foram levadas em consideração e consideradas como ilusões provocadas pela turbulência da atmosfera terrestre. Então, em 1958 o astronomo N. / Kozyrev teve a sorte de observar um desses fenômenos com equipamento adequado.
Kozyrev encontrava-se no Observatório Astrofisico da / Criméia na noite de 3 de novembro de 1958,tirando um espectrogra ma do pico central da cratera Alphonsus, um pouco abaixo do equa dor lunar. Subitamente o pico adquiriu uma coloração avermelhada e depois brilhou esbranquiçado. Num dos espectrográmas, Kozyrev notou uma absorção de luz violeta, fazendo a luz solar refletida parecer .rubra. Outro mostrava características do espectro produzido por um gas de atomo de carbono.
Algumas semanas depois, no dia 18 de novembro, dois amadores americanos, Bond e Poppendiek afirmaram ter vibto uma nuvem escura cobrir o pico central de Alphonsus. Outras crateras, como a brilhante Aristarco foram palco de fenômenos transitórios, como luzes azuladas. Platão,a escura cratera nas regiões boreais da Lua parecia se cobrir de uma nevoa cinza, varias vezes relatada, mas nunca confirmada.
A agencia espacial americana, Nasa, levou a serio estas observações e organizou uma rede de observadores, formada por amadores e profissionais durante as missões da Apollo. Em 1968, durante as missões da Apollo 8, o astrônomo Ronaldo Mourão e o engenheiro Ivan Mourilho observaram um brilho anormal na cratera Aristarco. Em 19 de julho de 1969,um brilho pulsante também foi
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visto perto de Aristarco pela equipe do Observatório Nacional e confirmado pelos astronautas em órbita da Lua.
Para o americano William Chapman, tais fenômenos ocorreriam durante os periodos de maior aproximação da Lua com a Ter ra. Fontes do gás radônio 222, detectadas perto de Aristarco e no desfiladeiro Schroeter, pela missão Apollo 15, parecem estar ligadas a estas luzes efêmeras. Infelizmente a missão Apollo 19, que deveria ter descido em Aristarco para checar o fenomeno foi cancelada: É possível que algum tipo de atividade vulcânica,abalos sísmicos lunares ou impactos de meteoritos tenham causado ad guns dos fenômenos observados. Enquanto não existir uma base lu nar tudo fica no terreno da especulação.
Para os escritores de ficção cientifica os transientes lunares são um prato feito. Ha alguns ano escrevi um conto sobre um alienígena plasmático, vivendo no fundo do vale Schoerater . Perto do terminador este profundo canyon fica negro e sinistro , com ou sem monStros imaginários. Para o amador paciente, os transientes lunares podem ser um interessante objeto de pesquisa. Afinal, a Lua está aqui pertinho e sua observação não exige instrumentos eletrônicos caros e complicados. Basta uma luneta de
* A * m . * m ,razoavel potência, uma camara fotográfica ( Do contrario os amigos não vão acreditar naquela luz que voce viu perto do Monte Pi_ co e sua observaçao vai virar uma historia de pescador ) e , se você for um observador realmente sofisticado, um espectroqrafo.
Jorge Luiz Calife Escritor e Jornalista
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AGENDA ASTRONÔMICAhora legal do fuso de -3 horas
JULHO
DIA HORA FENOMENOS
04 04 Urano em oposição05 00 QUARTO MINGUANTE06 12 Terra no afelio08 21 Netuno em oposição09 04 Aldebaran 8 S da Lua09 16 Vesta em conjunção com o Sol11 05 Venus 1,0 S de Regulus11 07 Lua no perigeo11 16 LUA NOVA12 01 Pollux 7 N da Lua13 11 Mercúrio 3 N da Lua13 14 Júpiter 3 N da Lua14 12 Regulus 4 N da Lua14 12 Marte 5 N da Lua14 13 Marte 0,7 N de Regulus14 15 Venus 3 N da Lua15 05 Mercúrio 0,08 S de Júpiter16 20 Juno em oposição17 02 Venus em sua máxima brilhancia18 11 Spica 4 N da Lua18 12 QUARTO CRESCENTE22 02 Antares 1 S da Lua22 03 Venus 4 S de Marte24 18 Lua no apogeo24 18 Urano 0,4 N da Lua (Ocultação)24 23 Mercúrio em maxima elongaçao (27 E)25 02 Netuno 1,2 N da Lua26 15 LUA CHEIA (Eclipse Penumbral)26 17 Saturno 1,9 S da Lua26 21 Saturno em oposição26 22 Mercúrio 2 S de Regulus30 01 Venus estacionário
AGOSTO
DIA HORA FENOMENOS
02 16 Plutão estacionário03 08 QUARTO MINGUANTE
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AGOSTO
DIA HORA FENOMENOS
05 12 Aldebaran 8 S da Lua07 01 Mercúrio estacionário07 03 Mercúrio 2 N de Venus08 11 Pollux 7 N da Lua08 15 Lua no perigeo09 23 LUA NOVA10 23 Regulus 4 N da Lua11 04 Venus 3 S da Lua11 05 Mercúrio 0,6 S da Lua (Ocultação)12 05 Marte 6 N da Lua14 19 Spica 3 N da Lua16 21 Venus 9 S de Regulus17 02 QUARTO CRESCENTE17 19 JÚpiter em conjunção com o Sol18 09 Antares 1 S da Lua19 23 Lua no apogeo20 23 Urano 0,4 N da Lua (Ocultaçao)21 07 Netuno 1,2 N da Lua21 18 Mercúrio em conjunção inferior22 17 Venus em conjunção inferior22 20 Saturno 1,8 S da Lua25 06 LUA CHEIA29 02 Mercúrio 6 N de Venus30 17 Mercúrio estacionário
SETEMBRO
DIA HORA FENÔMENOS
01 15 QUARTO MINGUANTE01 19 Aldebaran 9 S da Lua04 20 Pollux 7 N da Lua05 16 Lua no perigeo06 14 Venus 5 S da Lua06 15 Juno estacionário07 02 Mercúrio 3 N da Lua07 08 JÚpiter 5 N da Lua07 09 Regulus 4 N da Luao7 15 Mercúrio em máxima elongação08 08 LUA NOVA09 23 Marte 6 N da Lua10 05 JÚpiter 0,4 N de Regulus
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SETEMBRO
DIA HORA FENÔMENOS
10 07 Mercúrio 0,07 S de Júpiter10 07 Mercúrio 0,3 N de Regulus11 05 Spica 3 N da Lua11 23 Venus estacionário14 17 Antares 2 S da Lua15 19 QUARTO CRESCENTE17 06 Urano 0,2 N da Lua (Ocultaçao)17 12 Lua no apogeo17 14 Netuno 1,0 N da Lua (Ocultação)19 01 Saturno 1,8 S da Lua19 06 Urano estacionário23 10 Equinócio da primavera23 20 LUA CHEIA26 02 Netuno estacionário28 20 VÔnus em sua maxima brilhancia29 00 Aldebaran 8 S da Lua30 21 QUARTO MINGUANTE
FONTE : "ANUÁRIO ASTRONÔMICO DO OBSERVATÓRIO NACIONAL - 1991" Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
0 "Laboratório de Ensino de Astronomia" doObservatório Astronômico da UFES
Em 1986, época da passagem do cometa Halley e da inauguração do Observatório da Universidade Federal do Espirito Santo (OA-UFES) , teve início, quase que espontaneamente, um trabalho que o tempo revelaria ser de enorme importância para o desen volvimento futuro de atividades ligadas a Astronomia em nosso es tado : a Associação Astronômica Galileu Galilei e a UFES, através do Departamento de Fisica e Quimica, uniram seus esforços pa ra oferecer a comunidade sessões semanais de observações astronômicas no OA-UFES, visando divulgar a Astronomia junto a popula ção em geral, com especial ênfase a comunidade estudantil , da maneira mais direta e atraente possivel - a observação do ceu no turno a olho nu e através de telescopio. Nascia assim, o projeto "Observações Astronômicas", em execução até hoje, com sucesso ca da vez maior de publico.
Esta uniao inicial de esforços entre AAGG e UFES abril
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caminho para a promoção de inúmeros outros projetos conjuntos que, de outra forma, dificilmente seriam viabilizados (por exemplo, os projetos Atualização de Professores do l9 Grau em Astronomia, PROMARTE, Observações Lunares, o registro da passagem de cometas, cursos de monitores, etc.). Esta associaçao tem sido extremamente benéfica para ambas as partes e, mais ainda, para a comunidade, como bem o demontra o sucesso atingido por todos estes projetos, prometendo ainda varios desdobramentos extremamente importantes para o futuro (por exemplo: a implantação do Planetário no Centro de Ciências de Vitoria e do Observatório Municipal de Fundão).
0 atendimento a escolas, dentro do projeto "Observa— ção Astronômicas", iniciou-se timidamente, porem, com o passar dos anos, passou a ter papel de destaque, sendo as escolas, atualmente, a principal clientela do projeto. Dois dias da semana , em geral terça e quarta-feira, são especialmente destinados ao seu atendimento, durante o qual nao so sao realizadas observações com o telescopio, mas tambem promovidas palestras, sessões de slides e muito debate com grande participação dos estudantes.
0 trabalho com as escolas tornou-se bastante gratifi- cante e desafiador: por um lado, a curiosidade e o fascinio dos estudantes e professores pelo tema Astronomia sao imensos ( como nos que ja temos a Astronomia incorporada a nossa vida, muito / bem o sabemos ); por outro, uma serie enorme de questões passaram a nos preocupar, como, por exemplo: qual seria a melhor maneira de trabalhar com este público? como recebê-lo? o que ele espera de nós? quais os principais objetivos a serem atingidos / durante o atendimento de uma escola? que tipo de postura ueveri- amos assumir? quais as informações mais relevantes a serem trans mitidas? como estas informações devem variar de acordo com a fai xa etária? como estabelecer a diferença entre uma atitude cient_i fica e considerações de ordem religiosa ou mistica sobre o universo? qual deveria ser o alcance deste nosso trabalho: restrin- giríamo-nos ao momento da visita ou deveríamos trabalhar previamente com o projeto preparando a turma? como tratar das informações erradas muitas vezes transmitidas nos livros didáticos? como responder a questões sobre o surgimento e a existencia de vida no universo? etc., etc., etc...
A solução que naturalmente vislumbramos diante deste quadro de inúmeras indaguações nao foi, na verdade, dar respos-
M A # • *acabadas a estas questões, e nem poderia se-lo, ja que nao existe uma resposta unica para a maioria destas perguntas. 0 que nos ocorreu foi, na verdade, uma ideia de como tratar destas questões. A solução que imaginamos foi a de criar um espaço onde estas questões pudessem ser amplamente debatidas e onde as eventuais respostas pudessem nao aDenas ficar a nivel de discurso, po
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rem serem postas em pratica, testando-as com a nossa clientela - as escolas - observando a sua reação,discutindo com os professores, refazendo testando novamente, enfim, buscando atingir o objetivo de divulgar a Astronomia num processo bastante criativo e em estreito contato e intercâmbio com nossa clientela, buscando ao máximo aproximar-mo-nos da sua realidade e atender da melhor maneira possível as suas necessidades.
Assim, surgiu o Laboratório de Ensino de Astronomia / (LEA), no início deste ano, como decorrência natural de nossas &_ tividades com as escolas, visando aprofundar este trabalho, que já vinhamos executando há alguns anos, aperfeiçoando-o e amplian do seu alcance.
Mais especificamente os objetos do LEA seriam:* Produção e adaptação de "kits", roteiros de ativida
des, textos, áudio-visuais, softwares para microcomputador, que£ tionários e banco de problemas para o ensino de Astronomia.
* Desenvolvimento de técnicas para a abordagem de di-St *versos temas astronomicos de interesse, por exemplo, através da
utilização de telescópios, planetários, microcomputador, observa ções do ceu a olho nu, maquetes representando os astros, apresen tação de slides ou vídeo mescladas a discussões e questionamentos .
* Treinamento de professores de física, ciências ou geografia para a utilização das técnicas e materiais didáticos / produzidos.
* Acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos professores treinados com seus alunos.
Atualmente o LEA, ainda numa fase inicial, vem promovendo, além do atendimento às escolas, reuniões bi-semanais, às segundas-feiras, das 18:30 às 21:00 horas na sala 8 do IC-1, on-
M M /de debatem-se as questões a que ele se propoe e esta se forjando sua filosofia e metodologia de trabalho. Participam do LEA da AAGG, monitores do OA-UFES, uma professora da Prefeitura Municipal de Vitória,outra da Secretaria Estadual da Educação e profes sores da UFES (um do Depto. de FÍsica e Química e outra do Depar tamento de Didática e Prática de Ensino).
É importante lembrar que o LEA faz parte do projeto / "Rede Interdisciplinar do Ensino de Ciências e Matemática do Espirito Santo", encaminhado à CAPES no inicio deste ano, que objetiva contribuir para a melhoria do ensino de Ciências e Materna tica em nosso estado.
Pela sua própria natureza, o LEA encontra-se aberto a participação de todos os interessados, sem qualquer distinção.Se este for o seu caso, basta que você compareça as reuniões realizadas as segundas-feiras, no horário e local acima especificados. Maiores informações podem ser obtidas diretamente comigo, no De
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partamento de FÍsica e Química da UFES, telefone (027) 325-1711 ramal 267 ou com qualquer um dos demais participantes.
Sérgio Mascarelho Bisch Coordenador do Observatório Professor de FÍsica
CEG - DFQ - UFES
Consciência Planetária: Uma Abordagem AstronômicaPara Questões Ambientais.
A Karel Frans Van Den Bergen, pela transmissão da higiene filosofica.
A ciência não passa de um aspecto, ou fragmento , do* 9 * unico produto artificial que a humanidade concebeu ate hoje , ouseja, a cultura! Todo o resto, plásticos e lixo tóxico inclusive, são meramente combinações de partículas e atomos gerados continuamente, e em varios momentos da gênese cosmológica, portanto , naturais. Mesmo aqueles produzidos em laboratorio, são constitu- idos de matéria e energia da natureza, oriundos muitas vezes de regiões para além, mas muito além da biosfera, como por exemplo, o interior das estrelas.
A ciência nao conseguiu se impor, entre os muitos outros aspectos que compoem o vasto espectro de conhecimento dis- ponivel, em qualquer tempo, na historiada civilização. Não houveram governantes, lideres ou ditadores cientistas. No máximo , amantes da ciência, ou homens de conhecimento exerceram o poder, e mesmo assim, foram pouquissimos. Porem, homens de conhecimento e mesmo cientistas sempre foram conselheiros de poderosos. Desde os xamãs das cavernas, passando pelos sacerdotes e astrólogos im periais, até os especialistas dos vários ramos e instituições ci entíficas especializadas de hoje que ampliam as fronteiras do es paço, até com novas formas de fazer o comércio e a guerra,dentre centenas de outras atividades para vários fins. E se o auxílio / que prestam, é bom ou ruim, não pode ser creditado a ciência enquanto tal, e sim a como a informação fornecida pela ciência esta sendo usada.
Além disso, é preciso acabar com outro mito. Aquele / comumente aceito pela maioria da população, de que o homem de
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conhecimento e uma pessoa melhor, mais inteligente e capaz,nobre sensível, e mesmo competente para resolver problemas. Isto não e verdadeiro! Cientistas tem diarréia, sofrem com a inflação, as vezes atrasam suas contas de agua e luz, amam, odeiam, temem , usam muito a intuição e creem no minimo na ciência. Em meio as atividades cotidianas, nivelam-se com o mais analfabeto dos cida dãos em qualquer lugar, confrontados com o problema de todos nos - A SOBREVIVÊNCIA. E a historia tem confirmado sobejamente que a melhor chance para sobreviver e o estabelecimento de metas coletivas, desejadas por todos, ou pela grande maioria. 0 grande pro blema com o qual nos defrontamos e a nossa capacidade nao so de comprometer, mas também de reduzir o planeta a pedaços. Como lidar com este potencial inibindo-o de uma vez por todas? Se em al_ gum lugar do Universo deveria haver alguma preocupação com a nos sa extinção, é exatamente aqui, no Planeta Terra que ela deve ser considerada. 0 unico vestigio da nossa existencia que sobrará, é a sonda Voyager, com seu disco de ouro carregado com fragmentos da nossa cultura. Além do Sistema Solar portanto, esta a salvo das conseqüências da estupidez caracteristicamente humana. Para o Cosmos, tanto faz. Catástrofe definitiva para nós , não abalaria minimamente seu eterno destruir e construir caotico, acontecendo a todo momento. Seremos mera estatistica se alguem houver para anota-la!
Apesar disso, somos constituidos dos mesmos elementos, carbono, cálcio, ferro, silício e todos os outros combinados de infinitas formas. Somos basicamente a mesma maquina organj^ ca, que produz cultura, e ate onde sabemos, o que nao e muito, usando o cérebro como peça mais importante no processo. Onde está o fator diferencial a.quele que faz um indivíduo mais ou menos capaz e uma naçao mais ou menos desenvolvida? Pois bem, este fator é a informação. Alguem poderia argumentar que a alimentação
A / f ' . ' ftem precedencia, afinal, e com proteína que a maquina e construi da. E com lipídios e carboidratos que funciona e e mantida. Mas mesmo a comida depende das informações sobre o ambiente, para / ser reconhecida e adotada.0 critério seletivo exige opçao, a opção por sua vez, depende de julgamento e este, esta assentado em informação (investigação).
Mas, onde entra a Astronomia nesta questão? Bem, nos somos, temos sido, e seremos sempre dependentes de informações .0 homem contemporâneo construiu a aldeia global de Mac Luhan , pelas possibilidades da mídia eletrônica e das redes mundiais / via satelite computadorizadas. No inicio da historia da nossa percepção visual, quando o ancestral abriu os olhos escrutinando a sua volta em busca de informaçao, foram cometidos varios atos em um só momento. Destacaremos dois, o ato ecológico e o ato astronômico. Começávamos naquele momento uma exploração planetaria
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e descobriamos de imediato o ambiente proximo, onde brilha mages- tosa a luz da estrela mais próxima, o sol. A história da Astronomia, mesmo antes da própria, pois observar (questionar) o Universo, nasceu com o homem, demonstra claramente o alcance destes eventos combinados. Aprendendo os ciclos e os ritmos da natureza , construimos as nossas civilizações, mesmo sem saber o quanto não sabemos. E a Astronomia continua sendo a espinha dorsal do conhecimento humano, grande abóbada donde pendem as outras perguntas , cujas respostas modelam a cultura; Aao havendo porem; pergunta / mais abrangente do que a questão do Universo. Exemplos corriqueiros estão na nossa noção e uso do tempo, que enrolamos nos pulsos à moda de Santos Dumont, e com ele medimos o existir, em recorrên cia a.o movimento do Sol, da Lua e de cinco planetas. A unica exce ção para os nomes dos dias da semana está na língua portuguesa.
Antes da agricultura, possivel somente pelo aprendizado de alguns ciclos planetários, como o clima; os grupos humanos dependiam mais fortemente das observações permanentes do céu e da natureza circundante. Surgiram as cidades, os estados, as nações. A coleta, produção e uso que fazemos da informação tambem acompanhou as mudanças. De alguma forma, o contato interativo e direto com a natureza está cada vez mais distante.Dèntro de um elevador, uma senhora pode reclamar da chuva que cai sobre a cidade e molha suas vestes, sem perceber que a mesma agua salvou a safra de feijão da seca, e este nao faltara na sua mesa. 0 garoto do bairro / periférico, não entende a importância do mangue, la ele sempre jo gou o lixo doméstico toda sua vida, mesmo estando proibido. Na es cola e na burocracia e impossivel relacionar o consumo excessivo de papel, como fator de pressão sobre os recursos naturais. 0 que dizer da energia? E da água? Todos utilizamos recursos hídricos / como se fossem infinitos^bastando abrir ou fechar torneiras, que ficam a pingar em somatório copioso, apesar das campanhas consci entizadoras que não conseguem conscientizar. Por que?
0 que quer que seja necessário a sobrevivência nascidades, esta muito distante daquilo que ja usamos e ainda precisamos usar. No entanto, e nelas què a informaçao, na sua maioria, é gerada. Além disso, ela é processada e transmitida a partir das escolas, instituições e meios de comunicação, com um traço dominante em prol de um estilo de vida supostamente melhor. Os grandes centros formadores de opinião, como Sao Paulo, nao possuem / nem horizontes. 0 mundo aparece limitado por corredores, ruas e avenidas fechadas por paredões de varios andares. As estrelas, / quando aparecem, luzem timidamente, perdidas na feerica iluminação urbana. Não é surpresa, que falte a nossa imagem de mundo , uma visao, uma dimençao ou melhor uma Consciência PTanetaria. Nos nossos desejos ecologicos, alguns traços aparecem, mas sem a cons ciência permitida pelas informações necessárias. Estamos falando da visão de mundo preponderante no imaginario das nossas popula-
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çoes! 0 imaginario e o mix usado pelo homem para julgar e tomar decisões. Ele e feito de emoções, sentimentos e sensações , modelado pela informação que recebe. Portanto, qualquer idéia, grande descoberta ou invenção, ou mesmo fatos que não alcancem o imagina rio popular são inúteis para a grande maioria da população. E a ciência tem a informação. Os cientistas pensadores, técnicos, tra balhadores, loucos, poetas, e muitos mais, produzem informações , que na sua maioria não estao disponiveis, ou ao alcance do cida - dao. Fazer ciência requer julgamento, e simplesmente viver, também. Se nos detemos informações de melhor qualidade e podemos pr£ cessar em maior quantidade, recai sobre nossos ombros, a obrigação de fertilizar o imaginario popular. As opções de um cidadão , enquanto resultado de julgamento, somente podem ser tomadas dentro dos limites da cultura, seja a de um pesquisador de primeira linha ou de um faminto analfabeto em busca de decisões cotidianas mais acertadas. Assim, não podemos aceitar que fatos e dados , mormente os cientificos, fiquem encerrados nas torres de marfim / ou no eterno circuito fechado das puplicações especializadas. E este é o mandamento central da Astronomia popular de Camille Fla- mmarion!
Somente o questionamento astronômico ao longo do seu desenvolvimento produziu modelos de Abordagem Planetária completa e eficiente . Se na década de 60 e ao longo de 70, devíamos pensar universalmente e agir localmente, sob a égide de idéias como as de Schumacher no seu "0 Negócio é ser pequeno" , amplamente / difundido pela O.N.U. ; & mister para 90 perceber que o "local" eo "pequeno" assumem dimenções planetarias. A nossa sorte, é que nosso planeta esta localizado em uma região pacata e tranqüila da Galaxia, onde os magistrais e violentos acontecimentos do Universo não ocorrem. Poderíamos, sob este aspecto, classificar o nosso nicho cosmico como tedioso. No entanto, a nossa biosfera nao esta a salvo dos eventos menores que acontecerão por aqui. Em aproxima damente 5 bilhões de anos, a expansao do Sol no seu processo evolutivo, de acordo com a nossa ciência, varrera da existencia a Terra e sua infestaçao de unidades organicas a base de carbono. A não ser que nos aniquilemos antes, pois o potencial destrutivo existe, somos obrigados a desenvolver as viagens espaciais se planejamos um futuro para estas unidades a base de carbono ( a raça humana e todo o banco genetico associado ).
Nos detemos uma das mais formidáveis ferramentas produzidas pelo cérebro humano , habilitada a fornecer as molduras e cenários na reversão do status quo - 0 Conhecimento Astronomico . Sempre de ponta,nas fronteiras do descobrimento, fornece belis- simas imagens do Universo, aqui tratado de forma indistinta da natureza, pois ambos, por definição encerram a totalidade, inclusive tudo aquilo que podemos pensar. Sedutora, a astronomia excita a curiosidade nata do Universo, como se descascasse uma cebola
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do centro para fora, cutucando atualmente uma casca a mais de 15 bilhões de anos luz de distância. Estas são as referencias necessárias para o resgate do velho respeito para com o meio ambiente, a recuperação da sensação de pertencer. É preciso ao cidadão,mais do que saber sobre o Universo, e preciso sentir com toda a força do seu imaginário, que faz parte dele, assim como as estrelas, as galáxias, os planetas, incluindo o nosso, com todas as formas de vida, ciclos e padrões que contém. Esta relação interativa, semelhante àquela experimentada pelo pescador, quando se faz ao mar / na sua faina diária, somente será reativada quando imagens de uma minúscula nave viva vagando pelo imenso oceano cósmico forem comuns em nosso imaginario. Com as ideias e os fatos aportados pela Astronomia, a respeito da espaçonave Terra, estamos compreendendo como ela funciona e o que e necessário a sua manutenção. Nossos / satélites, e a série de missões científicas da Terra, deslanchadas, e por deslanchar nesta década, estarão detalhando este conhe cimento. Antes da expansao solar, poderemos ser atingidos por as- teroídes, ou núcleos cometários e seus fragmentos ou comprometer totalmente os parâmetros biológicos. A elevação da quantidade de CO2 na atmosfera, o efeito estufa, as radiações que nos atingem , o ozônio, a magnestofera, as interações gravitacionais, as forças de coriolis, os grandes fluxos de ar e de água; Enfim , estamos a sós; ou a vida, como os planetas, são fenômenos comuns em todo o cosmo? Perguntas, respostas fatos e especulações que carecem de uma macro moldura e de um tratamento que incorpore todas as tec- cas do marketing moderno e as tecnologias de comunicação, para atingir e se espalhar pelo imaginário. Somente com a vulgarização maciça da Astronomia poderemos atingir uma Consciência Planetária^ resultando numa relação mais propicia com a biosfera existente em GAIA. É uma questão de opção^fazer delata nossa tumba ou o nosso destino comum.
Marco Junio de Faria Godinho SÓcio da A.A.G.G.
Nota do autor: Este trabalho começou a ser delineado por ocasião do III E.N.A. (Encontro Nacional de Astronomia) , promovido pela S.B.A.A; em Fortaleza na segunda quinzena de janeiro. Conheceu / novo vigor durante a 6 ? Semana de Astronomia do Planetario do Rio de Janeiro, no inicio de junho durante o evento "Planeta Ter ra - nosso destino comum" pre Rio 92. Finalmente, tomou a forma aqui apresentada, no coloquio internacional "A Cultura astronomi ca na sociedade moderna" realizado em Montevidéu entre 16 e 20 de julho do corrente ano.
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Efemérides:'A Guisa de Prestação de Contas 91/1
Ha três semestres a A.A.G.G. está sem sede. No ano / passado, as demandas impostas pelo convênio com a UFES exauriram quase todos os recursos humanos da associação, já dilapidados / por motivo de mudanças de uns e apertos domésticos de outros , agravados pela crise. Mesmo assim, em 1990 foram oferecidos cursos de astronomia com opçoes para carga horaria e conteúdo. 0 Be telgeuse continua circulando e a V Semana de Astronomia foi realizada. As pespectivas de uma sede na virada do ano não se confirmaram, e perdemos os nossos encontros semanais, que juntamente com o observatório são fatores de agregaçao do nosso corpo so ciai. Ao final do curso de monitores, a Biblioteca Giordano Bruno continuou montada no Departamento de Fisica da UFES, o que di ficulta o acesso à mesma, a não ser para os associados que também freqüentam a Universidade.
No primeiro semestre deste ano, 91/1, a Galileu Gali- lei juntou forças, acumulou energias e está pronta para 91/2 e muito mais. E o que passamos a relatar.
Todos os nossos projetos institucionais estao acontecendo. No "Observações Astronômicas" ja contamos com os novos mo nitores do curso já atuando; alguns inclusive filiaram-se a associação. A VI Semana de Astronomia já esta sendo pensada para o interior do estado, conforme proposto na última Assembléia Geral. 0 grande evento do ano foi o eclipse total do Sol. Chegamos a es boçar uma tentativa de deslocar uma equipe para Teffe. Porem, os altos e os entraves burocráticos invibializaram esta tentativa . Restou-nos o consolo da participação de Antonio Guedes, socio- fundador, como metereologista da missão internacional em Teffe e o bom trabalho de recepção no Observatório da UFES, aliado a ori_ entação geral transmitida para todo o estado, o que levou muita gente para os locais altos e com visão desimpedida para o oeste. Para completar, Alexandre Magno e Flávio Lobos Martins conseguiram ótimos registros do pouco que se podia fotografar aqui em Vi_tória, e Antônio Carlos Garcia logrou desenhar e cronometrar o A * fenomeno. Com a alternativa oferecida pela P.M.V. de uma nova a-rea para o Centro de Ciências e os contatos feitos com o novo /governo do estadual, retornam os trabalhos em prol do mesmo, animados pelo telex MEC/BSB 05786 de 25 de abril de 91, avisando /nos que o Planetario devera chegar até dezembro do corrente . 0"Observatório Municipal de Fundão" ja foi apresentado ao governodo estado pelo Prefeito Gilmar Borges e o processo segue a trami_taçao de praxe, com sinais claros e positivos de um possivel yy
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sível início de construção ainda este ano, patrocinado também pe lo Conselho EstaduAl de Cultura que visa a concretização do Parque Ecologico do Goapaba-Açu. A solução do problema de sede esta prestes a acontecer, uma vez que descobrimos um local em área da UFES, e recebemos uma proposta de ajuda para reformar o imóvel / cedido pelo associado Antenor Guimarães, por parte da P.M.V..Esperamos optar e resolver na Assembléia Geral Extraordinária, con vocada para deliberar sobre esta e outras questões. Mas esses / sao projetos e problemas antigos, que de uma forma ou de outra / estão caminhando conforme planejado uns,e proximos da solução ou tros.
Resta nos apresentar as novas realizações e possibili dades! As atividades de 1990 deixaram um saldo mais do que positivo em novos projetos. Baseados no sucesso da metodologia empregada nos cursos, os próprios alunos acertaram com a coordenação UFES/AAGG,a continuidade dos encontros mensais de astronomia, sempre no primeiro sabado de cada mes , na sala 08 do DFQ, a par ticipaçao dos associados e interessados, e que vao continuar no segundo semestre. No formato seminário, um tema relevante, ou de interesse do grupo, é apresentado e debatido. Por iniciativa e muito esforço do sócio Flávio L. Martins, o Projeto Astrofoto- grafia com Películas Hipersensibilizadas consolidou-se, gerando no seu bojo o Folder Educativo do 0.A.-UFES, ora tramitando na F.C.A.A.. Permitirá a impressão e distribuição ao publico e escolas de um mosaico fotográfico da galaxia, acompanhado de fotos menores de objetos celestes de interesse e observáveis ao telescópio instalado no campus. Também, devido ao trabalho do Flavio, e ao apoio do Professor Sérgio Mascarelho Bischi, Foi constitui- do um grupo de pesquisa que está se capacitando para fotometria com C.C.D. e na obtenção e tratamento de imagens eletronicamente com o uso de computadores. Alem de viagens e treinamento e absor ção de tecnologia no I.N.P.E., com o apoio dos Profes. João Stei ner e Francisco Jablowski, daquela instituição, uma missão astro nõmica, a convite, foi cumprida por Flávio no Zeiss 600 mm do L.N.A., resultando em 92 imagens que estão sendo estudadas pela equipe do projeto. Respondemos assim, dentro das nossas possibilidades, ao desafio colocado pelo Prof. Oscar Matsuura do IAG , quando da sua participação na 3 9 Semana de Astronomia , propon- o trabalho com estrelas variáveis, onde uma das opções era o uso do C.C.D.. Sonho? Não, realidade! Graças ao trabalho financeiro implacável da tesouraria, e à captação de recursos levada a efei to pelo Conselho Administrativo, a A.A.G.G. dispõe para investir em equipamentos, da quantia de U$ 6.000,00 aproximadamente . Já processamos a coleta de preços, com o auxilio do Departamento de Projetos da F.C.A.A. e relacionamos os seguintes instrumentos : Meade 50 H/2120, 10" , f 10 Schmidt-Cassegrains; Daystar T-Scan- ner H-Alfa e um CCD LYNXX PC PLUS com sistema fotométrico. Esse
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conjunto nos permitira iniciar trabalhos serios de coletas de dados, atendendo à demanda de alguns profissionais que já colocaram suas necessidades e apoio inerente, no Brasil, na Argentina e no Uruguai; alem da execução de programas de observação e pesquisa da nossa própria lavra. Vale observar que a operação deste tipo de instrumentação, nao pelo porte, mas / pelos avanços tecnológicos incorporados, nos coloca no mesmo patamar da astronomia praticada nos centros mais avançados. 0 domínio da técnica, e os bons resultados que obtivermos, nos habilitarão a postular por mais recursos financeiros e equipa mentos de maior porte. E so uma questão de tempo. Com o filtro H-Alfa poderemos finalmente começar um programa permanente de observações solares. Estas possibilidades já repercurti ram no D.F.Q., onde o Prof. Sérgio encaminhou ao C.E.G.,com a assessoria da A.A.G.G., os projetos de ampliação do sítio astronômico na Universidade.
Além destas boas novas, marcamos presença em even tos estaduais, nacionais e internacionais, e o que e melhor,/ sem ônus algum para o caixa da associaçao. Em todos eles,alem da apresentação de trabalhos, travamos conhecimento com a luta de outras entidades, fizemos novos contatos e trouxemos ps ra o Estado idéias e propostas que somente intercâmbios deste nível podem oferecer. De 17 a 21 de janeiro em Fortaleza, jun tamente com 14 Estados da Federação, Universidades Federais e Estaduais, vários Clubes, Observatórios e Associações, alem / do MAST-RJ e alguns planetários; aconteceu o III Encontro Nacional de Astronomia, promovido pelo Colégio Christos, Univer cidade Estadual do Ceará, que na ocasião inaugurou nova cupu- la para um novo instrumento, e a Sociedade Brasileira de Amigos da Astronomia - S.B.A.A.. A.A.G.G. apresentou o trabalho "Divulgaçao Cientifica na Astronomia - Uma Abordagem Interati va" para uma platéia de velhos e novos amigos. Foi gratifican te tomar contato com a tradicional e histórica astronomia do Nordeste, conhecer pessoalmente algumas figuras ja lidas, como RÔmulo Argentieri e Rubens de Azevedo, só para citar dois entre os mais conhecidos. Descobrir também o projeto de Recife, do Observatório em pleno Parque Ecológico Urbano, reforçou a crença no Centro de Ciências de Vitória. Duas deliberações importantes foram tomadas pela plenaria do encontro, pre sidida pela A.A.G.G. e o Movimento Nacional pelo Retorno da Astronomia à Educação Brasileira.
De 20 a 25 de maio, durante a X Semana de Geografia, promovida pelo Centro Acadêmico de Geografia, Depto. de Geociências e Sub-Reitoria de Extensão da UFES, a A.A.G.G./ colaborou com o Prof. Antonio R. Guedes no mini-curso "Espaço e Meio Ambiente", não só elaborando o material didático co
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mo ministrando aulas em conjunto, durante o evento.Na Semana de Astronomia do Planetário da Cidade /
do Rio de Janeiro, realizada na Jornada "Planeta Terra - nosso destino comum" de 02/05 a 23/06 de 1991, juntamente com a exposição itinerante do Observatório Austral Europeu - ESO - "Tecno logia e Ciência Desvendam o Universo" ; com o Primeiro Encontro Tecnico-Científico de Astronomia e o FÓrum Permanente de Debates sobre Meio Ambiente; promovida pela Secretaria de Cultura , Turismo e Esportes da Prefeitura da Cidade, um evento pré Rio- 92 ; a A.A.G.G. debateu em mesa redonda no dia 08/06, "A Divulgação da Astronomia e o Papel das Associações de Astronomos Ama dores e dos Museus de Ciência". Cumpre salientar que a maior d£ legação presente na 6ã Semana foi a da A .A .G .G ./UFES, com associados, professores e membros do Laboratorio de Ensino de As- tronomia-L.E .A . (vide matéria páginas anteriores). As ideias co locadas pelos debatedores da A.A.G.G. lhe valeram um convite, junto com outras entidades, para participar de um programa espe ciai sobre o assunto no Globo Ciência. Não sabemos ainda se vai acontecer, porque a Fundação Roberto Marinho está reformulando a produção.
Retornando ao Espírito Santo, a equipe do observatório, numa dobradinha A .A .G .G ./UFES, apresentou "0 Universo" para oa mais de 300 participantes no Seminário "Ciência Alem da Razão?", promovido pelo Centro Pedagogico e pela Sub-reitoria / de Extensão da UFES, em 14, 15 e 16 de julho.
Finalmente, a Associação apresentou as comunicações "Consciência Planetaria - uma abordagem astronômica para questões ambientais" e "Astronomia e Educaçao no Brasil - o caso es pecífico do Espírito Santo", no Colóquio Internacional "A Cultu ra Astronômica na Sociedade Moderna", de 16 a 20 de julho de / 1991, ocorrido em Montevideu e pelo Comite Nacional de Astronomia do Ministério da Educação do Urugüai, pais onde o ensino da disciplina Astronomia acontece a mais de 100 anos. Os trabalhos de pesquisadores, professores, jornalistas, divulgadores e amadores da Europa e das Américas serão publicados sob os olhos observadores da Comissão 46 da Uniao Astronômica Internacional- I.A.U., que cuida exatamente do ensino da astronomia.
Concluindo, a Associação Astronômica Galileu Galilei, reafirma sua crença na Vontade de fazer, na eficiencia do coletivo e do multi-institucional interdisciplinar, e apesar da crji se, entende-se que na Astronomia, somente o céu e o limite.
Conselho Administrativo Biênio 91/92
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ASTRONOMIA E MEIO AMBIENTE
Em nossos dias, assistimos a um importante processo de sensibilização da consciência humana diante dos problemas que ameaçam a preservação do ambiente terrestre, e portanto, da vida em nosso planeta.
Desde 1869, quando Ernesto Haeckel introduziu o termo ECOLOGIA, como um ramo das Ciências Biológicas, este conceito evoluiu, passando por BIOCENOSE, ECOSSISTEMA e BIOSFERA; chegando ao entendimento de que o tema do meio ambiente não é patrimônio de campo algum do saber, e que somente para começar a entende-lo, é preciso uma abordagem multi e interdisciplinar. Normalmente aceita-se que a Biologia, Geografia, Metereologia, Sociolo gia, Ciências Físicas e etc, se integrem para enfocar o meio ambiente. Porém, a pergunta aqui é: o que a Astronomia tem a dizer? Que contribuições pode fazer para ajudar na melhor compreensão do tema?
Podemos afirmar que tem importantes contribuições pa ra realizar, tanto no aspecto puramente científico, como também no que se refere a educaçao ambiental, princípio e fim de toda e qualquer açao orientada para a proteção do ambiente na Terra.
De acordo com a Unesco, a educação ambiental não é um ramo cientifico separado, e deve estar integrado à educação / permanente, sendo um processo ativo relacionado com todas as dis ciplinas. Em uma reunião recente sobre educaçao ambiental para o 19 e 29 graus, num projeto OEA/BID, com a presença de docentes / de todo o Urugüai, tentei mostrar as contribuições da Astronomia para com a mesma. Nao foi uma tarefa facil, e e necessário muita clareza para tratar do assunto.
As contribuições se dao nos aspectos técnicos e edu cativos, e a importância das ciências astronômicas para a preser vação ambiental do nosso mundo poda ser exemplificada, utilizando elementos de diversos ramos como a Planetologia, a Fisica Solar e a Exobiologia, dentre outras. Qual e o primeiro indício / buscado em qualquer planeta para saber se existe vida? Uma Biosfera como a nossa. Condições que propiciem ou inibam a vida são analisadas em cada caso, tais como a temperatura, combinações mo leculares complexas, água líquida abundante, atmosfera e etc. Is to permite cenários para as hipóteses das Ciências Naturais, ofe recendo o tempo e o lugar para as mesmas. As evidências das son das Voyager, Venera, Viking , Mariner e Pioneer, e dos vôos tripulados à Lua, foram revolucionários neste sentido. 0 estudo dos planetas quentes como Mercúrio; Vênus, com o efeito estufa insta lado; Lua, nossa vizinha sem atmosfera e com temperaturas radicais para a vida; Marte, com elementos favoraveis, porém sem H20
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líquida, sem a camada de ozônio e com a evidência de um passado mais favorável, mostram dados de modificações ambientais importantes. Podemos ajuntar ainda o estudo de Satélites de Júpiter / (Europa, Io) e de Saturno (Titan). Em todos estes encontraremos/ algumas condições favoraveis a vida, mas nao todas como aqui na nossa "Nave Espacial Terra". Este conjunto de questionamentos / conduz o homem a valorizar e buscar uma proteção maior para seu planeta, a aumentar seu conhecimento comparando situações, e a um maior impulso no seu desejo de explorar outros mundos, compre endendo que estamos todos juntos nesta viagem, sem distinção de raças, credos e nem das condiçoes economicas dos paises; reafirmando os conceitos de igualdade entre os habitantes/tripulantes/ do planeta.
Alem da Planetologia, o Sol e sua física, fonte de e nergia, ignitor da vida na BIOSFERA, com sua influência no clima, na vegetação, nos ciclos das aguas e ate no comportamento humano e animal; somado às hipóteses da EXOBIOLOGIA propÔe mais pergun_ tas do que respostas, e estas são sempre intrigantes.
A ASTRONOMIA tem muito com o que contribuir para a proteção do meio ambiente na Terra e este suporte aumentará na medida em que aumentem as explorações e investigações espaciais.
Victor Canton (Uruguai)
Bibliografia:- El Nuevo Sistema Solar - Inv. y Ciência - Ed. Prensa Científi
ca - 1982- El Sistema Solar - Roman Smoluchowski - Editorial Labor - 1986- Curso de Astronomia General - Bakulin Et. Al. - Ed. Mir - 1987- La Ensenanza de la Astronomia y El Desarrollo Social y Econo-
mico - Prof. Gonzalo Vicino - 1988- Viking Fact Sheet - J.P.L./ NASA - 1990- Evolucion dei Clima en Los Planetas Terrestres - Inv. y Ciên
cia - Kastings, Toon e Pollack - 1990
Tradução/ Versão com a autorizaçao expressa do autor: equipeA.A.G.G.
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POEIRA DAS ESTRELAS
1- O Departamento de Fotografia da A.A.G.G. está em festa! Além das fotos já arquivadas na Astronomy, para publicação, dos associados Antenor Guimarães Filho e Flávio Lobos Martins, o último viu seu trabalho estampado na Deep Sky n 5 35 - Verão de 1991.Com direito a elogios, Dave Eicher diz textualmente: " Em nossa história - 0 esplendor da Via Lactea (página 24) você verá incrí veis fotos panorâmicas da Galáxia, feitas por Flávio Lobos Martins. Estamos orgulhosos por apresentar seu trabalho aqui". E lá estão elas, as cinco, ocupando as páginas de 25 a 29.
2- Jean Nicolini, que vinha de um contato imediato com um computador no nordeste, foi o cidadão mais homenageado em Montevidéu. De "pai espiritual" dos amadores urugüaios, com direito ao corteda fita simbólica da Exposição Copérnico, pelos 40 anos da "Aso-ciacion de Aficionados a la Astronomia" do Urugüai; chegou ao / "albuelito" mais festejado de todo o coloquio, paparicado por ar gentinos, paragüaios e "nosotros"
3- Visando o Betei outubro-novembro-dezembro, solicitamos o mate rial sobre o Eclipse do Sol para publicaçao . Especialmente ao / conselheiro Prof. Antonio Rezende Guedes, rogamos um copioso e / minudente relato sobre a expedição com os russos, e com os cientistas brasileiros na Amazônia.
4- 0 Projeto "Observações Astronômicas" A .A .G .G ./UFES, mesmo com a greve, vai bater o record de atendimento anual mais uma vez. / Alem disso,incorporará inovações já geradas no âmbito do "Labora torio de Ensino de Astronomia" - L.E.A.
© Coloquio Inlcrnacionnl
"LA C U L T U R A A S TR O N Ô M IC A
EN LA SO CIED AO M O D ER NA"
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