Boletim Da ANPEGE 2
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8/19/2019 Boletim Da ANPEGE 2
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Boletim Informativo
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EMGEOGRAFIA
Nº 2 JUNHO de 2007
. Editorial
Dia do Geógrafo: 29 de maio de 2007: Oportunidades para refletir sobre a
gênese desta profissão e as aventuras de pesquisar questões geográficas: O
que se pode apreender das pesquisas geográficas?
A pesquisa geográfica costuma debater as transformações ou as possibilidades
de mudanças espaciais e sociais: entender o passado, explicar o presente e
projetar o futuro.
O processo de trabalho geográfico pode ser revelador de poucas certezas e de
muitas errâncias, mas pode também ser capaz, na atualidade, de oferecer
respostas originais e julgamentos teóricos e metodologicamente consistentes
aos desafios (teóricos e empíricos) motivados pela intensificação de novas ou
velhas relações entre sociedade e natureza, midiatizadas pelas técnicas.
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A ANPEGE - Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia
convida a todos a pensar e a comentar os dilemas (teóricos e empíricos) da
pesquisa em torno dos diferentes processos de apropriações sociais ou das
transformações sociais e espaciais, objetos da pesquisa geográfica. Envie seu
texto para nós! Participe!
. Balanço das Inscrições no VII Encontro Nacional da ANPEGE
Segundo a companhia de evento - ITARGET por nós contratada, até a data
de 30-05-07, havia um total de 858 trabalhos inscritos, sendo 167 para
pôsteres e 791 para a apresentação oral. Estes trabalhos serão agora
encaminhados para o comitê científico que os julgará quanto ao mér ito.
Dúvidas mais Comuns
Recebemos diferentes e-mails nos indagando sobre a possibilidade de
participação do graduando em geografia com apresentação de trabalhos.
Lembramos a todos que a ANPEGE - Associação Nacional de Pós-graduação
e Pesquisa em Geografia visa a atender as demandas e necessidades da
pós-graduação e que há outros fóruns igualmente respeitáveis destinadas à
graduação. Historicamente, com seus eventos bienais a ANPEGE e os
programas de pós-graduação em geografia (contando com pesquisadores com
certo acúmulo de conhecimento e leitura), chamam a si a responsabilidade com
a renovação crítica dos temas, conceitos, matrizes teóricas, métodos e fontes
(primárias e secundárias) das pesquisas geográficas.
Prepare-se para o VII Encontro Nacional da ANPEGE
O sucesso do evento depende de todos nós, de nosso empenho em preparar
os textos e intervenções de forma crítica, teoricamente embasados e sem
deixar de fazer conexões com o tema central que versará sobre as
Espacialidades Contemporâneas: o Brasil, a América Latina e o Mundo e com
os eixos norteadores do encontro.
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Lembramos que os eixos temáticos vinculados ao seu tema central foram:
1) Espacialidades no mundo contemporâneo: desafios teóricos eempíricos;
2) América Latina: temporalidades e territorialidades;
3) Brasil: espaço, identidades e projetos de nação;
4) Alterações nas relações entre natureza e sociedade no mundo e no
Brasil.
O evento será realizado no mês de setembro (de 24 a 27) de 2007, na
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói/RJ.
Não deixe de se preparar! Não improvise! Não refaça trabalhos disciplinares
(são raros os casos que isto se justifica) ou já anteriormente apresentados! Não
faça colagens! Faça citações corretas e com sabedoria, sem esquecer as
aspas!
Se você ainda não leu, leia textos sobre espacialização como, entre outros, o
livro indicado abaixo:
SOJA, E. W. Geografias Pós-Modernas: A Reafirmação do espaço na teoria
social crítica. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
. Geógrafa Premiada
A Professora Emérita da UFRJ, a Dra. Bertha K. Becker, receberá do
Presidente Luís Inácio Lula da Silva o título de Comendadora, pelo prêmio daOrdem do Mérito Científico - fato já publicado no Diário Oficial. Parabéns para
ela! Ficamos orgulhosos da nossa profissão.
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. Nossa Última Homenagem
Por Márcio Piñon de Oliveira.
Presidente da ANPEGE.
O grande geógrafo Prof. Manoel Correia de Andrade, autor de inúmeros livros,
dentre os quais, a famosa obra "A terra e o homem no Nordeste", classificada
como uma das 100 obras selecionadas do século passado, faleceu em 22 de
junho de 2007, em virtude de infarto.
Considerado grande referencia nacional e internacional da área de ciências
sociais, este cientista morre com 84 anos, em plena vitalidade intelectual e
produtiva. Pesquisador sênior do CNPq, bolsista ininterrupto ao longo de sua
trajetória profissional, conseguiu imprimir um ritmo marcante pela profundidade
e vanguardismo de suas idéias.
Após anos de pesquisa na Fundação Joaquim Nabuco, centenas de palestras,
artigos publicados, livros, participação em bancas, centenas de orientações,
pesquisador da SUDENE. Este incansável pesquisador continuava trabalhando
todos os dias à frente da Cátedra Gilberto Freyre, na qual empreendeudiferentes e sistemáticas atividades, dentre elas, o seminário Redescobrindo o
Brasil, no qual possibilitava através de convites a intelectuais proeminentes do
Brasil, a discussão sobre as idéias e obras de grandes referências do
pensamento nacional.
O professor Manoel Correia estava vinculado ao Mestrado em Gestão e
Políticas Ambientais, da UFPE, no qual ministrava disciplinas e orientava,
dando seqüência ao trabalho iniciado por seu filho Joaquim Correa. No
mestrado em Geografia, por ele criado, continuava colaborando e participando
de bancas. A sua última participação em banca remete ao dia 30 de maio do
corrente em uma defesa de mestrado em gestão e políticas ambientais. Dentre
os seus futuros planos estava a organização de um curso sobre Pernambuco
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para dar suporte científico ao programa de interiorização das IFES, em especial
a UFPE e UFRPE com a criação de novos campi.
A sua tenacidade e vitalidade reconhecida por todos, ficou presente mais uma
vez, na sua última participação em eventos acadêmicos, ocorrido na mesma
semana de seu falecimento. Ele se despediu no 8º Encontro Alagoano de
Geografia, realizado em Maceió, no qual proferiu a palestra de abertura no dia
18 de junho (segunda feira) desta mesma semana de seu falecimento. Não
pode estar presente ao lançamento do seu mais novo livro chamado
"Redescobrindo o Brasil 2", coletânea de artigos e de palestras realizados no
evento, cujo título empresta o nome, e que o professor organizava a cada ano
enquanto atividade da Cátedra Gilberto Freyre que coordenava há 6 anos.
Sem dúvida, foi uma inestimável perda!
Em nome da ANPEGE Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Geografia - gostaríamos de registrar o nosso imenso pesar pela perda do
nosso colega e eminente geógrafo Manoel Correia de Andrade e prestar aqui a
nossa última homenagem.
. XII Encontro da ANPUR - Avaliações Diversas
- Avaliação da Profa. Dra. Maria Célia Nunes Coelho:
O Encontro foi certamente um marco na história da ANPUR, não só
pelos altos níveis da organização, mas também dos debates em torno de
trabalhos apresentados com destaque para questões voltadas para a América
do Sul , para as cidades, em geral, conflitos ambientais e questões de
identidades e territórios. As mesas (compostas de três membros e de um
coordenador), em sua maioria, respeitaram os tempos de apresentação e
debate, viabilizando o confronto de idéias.
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A discussão em torno das supostas mudanças climáticas e o destino das matas
amazônicas apareceu numa mesa-redonda que contou com a presença do
Prof. Dr. Carlos Nobre do INPE. Todavia, faltaram geógrafos para ajudar os
presentes a repensar a importância da escala de análise. Fica então o nosso
convite para geógrafos debaterem esta questão. A palavra continua aqui emaberto.
- Avaliação da Profa. Dra. Elis Miranda e Luiz Jardim (mestrando da UFRJ):
O XII Encontro da ANPUR, sob o tema Integração Sul-Americana, Fronteiras e
Desenvolvimento Urbano e Regional apresentou mostra de vídeos e
exposições fotográficas produzidas, em sua maioria, em Belém. Mesmo que
tenha acontecido como mostra paralela esta foi a oportunidade de um espaço
de diálogo entre a produção cultural e o planejamento urbano e regional.
A veiculação de imagens, em muitos momentos, serviu para criar uma
representação da cidade, destacando objetos e pessoas cuidadosamente
selecionadas. Os filmes e as fotografias apresentados nas mostras de vídeos e
exposições apresentam recortes espaço-temporais e de temáticas que
discutem a realidade dos problemas contemporâneos a partir de um olhar
analítico e relacional, que entende a Amazônia como uma região integrada aoBrasil, mas ao mesmo tempo, possui uma dinâmica sócio-cultural própria.
Os aspectos urbanos de Belém foram destacados no filme NAZA, de Silvio
Figueiredo e na mostra fotográfica Cidades, de Roberto Menezes; o filme Maria
das Castanhas, de Edna Castro, expõe os problemas agrários e do trabalho da
economia extrativista.
O professor Maurício de Almeida Abreu nos ensinou que é possível reconstituir
contextos espaço-temporais por meio de imagens. Assim, incluir as mostras de
fotografias e de vídeos na programação oficial dos eventos científicos deve ser
uma prática a ser seguida. A organização do XII Encontro ANPUR acertou ao
agregar o Cinema Olympia como lugar para pensar o Planejamento Urbano e
Regional.
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. Diálogos atuais
Convidamos docentes e discentes dos Programas de Pós-Graduação filiados a
ANPEGE a debater sobre estes ou outros temas veiculados recentemente pela
Mídia.
. Febre do etanol, mudanças no mapa da cana e exploração do trabalho.
Por Júlia Adão Bernardes1
O acentuado interesse gerado pela questão energética nos últimos anos,
principalmente pelo etanol combustível, vincula-se a percepções globais
relacionadas com preocupações ecológicas, mas também a fortes motivações
de ordem econômica, política e estratégica. Se nos Estados Unidos a febre do
etanol alcança várias atividades, principalmente o cultivo de milho, no Brasil é o
setor sucro-alcooleiro o mais atingido, cercado de perspectivas e desafios,
revelando tendências de enorme expansão até 2012, significando a instalação
de uma nova usina por mês.
Na escala nacional, entre a safra 2003/04 e 2006/07 a quantidade de cana
moída passou de 359.315 mil toneladas para 426.002, crescendo 18,56%,passando a produção de álcool de 14.809 bilhões de litros para 17.763,
correspondendo a um aumento de 19,95%. Tal cenário vem incentivando o
capital estrangeiro a participar do setor, a exemplo dos grupos franceses
Tereos e Dreyfus, da Cargill e da Noble Group (sediada em Hong Kong),
significando concentração dos negócios nas mãos de poucas pessoas.
Segundo a revista Agroanalysis, os investimentos para o período 2007 a 2012
referentes aos novos projetos de usinas de açúcar e álcool no país envolvem
86 plantas, totalizando US$ 17 bilhões, dos quais US$ 14 bilhões serão
destinados às novas unidades e US$ 3 bilhões às unidades já existentes2.
Enquanto São Paulo detém a liderança no setor, detendo o maior número de
unidades produtivas no país, 148 na safra 2006/07, produzindo 264 milhões de
1 Professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRJ e pesquisadora do CNPq.
2 Revista Agroanalysis, caderno especial. vol.27 nº5 maio de 2007, Fundação Getúlio Vargas p. E2-E11.
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toneladas de cana, participando com 62,06% da produção nacional, os novos
investimentos mostram que os estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul,
Goiás e Paraná constituem áreas preferenciais.
As fronteiras agrícolas emergentes, a exemplo da região Centro-Oeste, do
cerrado do Triângulo Mineiro, do Tocantins, do Maranhão, do Pará e da Bahia,
dotadas de amplas áreas de pastagem , disponibilidade de terra fértil, barata e
plana, de temperatura, luminosidade e distribuição adequada de chuvas, com
mão-de-obra abundante, incentivos fiscais e tributários, despontam como o
caminho natural de expansão da produção sucro-alcooleira. As previsões
apontam para a redução da participação de São Paulo na produção de cana
entre as safras de 2006/07 e 2012/13, passando de 62,06% para 53,11%, ao
passo que Minas Gerais deverá aumentar a mesma de 6,83% para 10,90%,Mato Grosso do Sul de 2,74% para 9,04% e Goiás de 3,79% para 7,85%.
Com base no cenário de intensa expansão da demanda por combustíveis
renováveis no contexto internacional, o setor sucro-alcooleiro tende a passar
por forte reestruturação, repensando a reformulação do modelo produtivo. Com
vistas à obtenção de maior produtividade, o processamento da matéria-prima
deverá estender-se aos 12 meses do ano, eliminando-se o período da
entressafra. A valorização do ativo imobilizado, constituído pelo capital fixo
industrial, exige quantidades crescentes de matéria-prima, levando a usina a
controlar todo o processo produtivo, ajustando-se a força de trabalho que põe
em movimento fábricas e canaviais a esse ritmo, através das estruturas e
relações vigentes. Ou seja, é o capital industrial que comanda e submete o
capital agrário, ditando o nível de mudanças e o ritmo das atividades.
Assim, o pagamento por produtividade leva os trabalhadores a um esforço
excessivo para obtenção de maior salário e, tal esforço, ao que tudo indica,
levou 17 bóias frias à morte em canaviais paulistas desde 2004 (Coissi, 2004)3
.A Folha de São Paulo colocou em destaque o fato do trabalhador Juraci
Barbosa morrer aos 39 anos em junho de 2006, depois de trabalhar 70 dias
3 Publicado originalmente por Coissi, Juliana (2004) Entidade quer limitar trabalho no canavial artigopublicado na Folha de São Paulo de 24/03/07, caderno B9.
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sem folga, cortando quantidades superiores a 19 toneladas nos canaviais
paulistas, chegando a alcançar 24,6 ton./dia.4
A existência do salário por tarefa significa que, para alcançar a mesma renda,
tendo que trabalhar mais horas, a responsabilidade de fazer o salário seja
transferida ao trabalhador, supondo uma avaliação, por parte do mesmo, do
trabalho a realizar. Não obstante, com a crescente alienação em relação à
totalidade do processo produtivo, o trabalhador não tem como conhecer as
condições desse trabalho, o que se converte em fonte de poder para o capital
(Benetti, 1986).5
Na medida que a eliminação do pagamento por produtividade é polêmico, a
proposta da CONTAG é limitar o número de toneladas, possivelmente até 10,
teto a ser definido de acordo com o tipo de cana e qualidade da lavoura.Atualmente, na principal região produtora do país, Ribeirão Preto, a média
excede 12 ton./dia, não sendo nunca inferior a 10 toneladas (Coissi, op cit). O
aumento da produtividade se vincula à seleção feita pelas usinas, uma vez que
com o avanço da mecanização, as vagas recentes passam a ser ocupadas por
bóias frias mais jovens.
Além do pagamento por produtividade, outra situação a ser discutida é a
condição de trabalhador temporário, no caso do bóia fria safrista. É importante
notar a precária estabilidade do trabalho permanente e o aumento do trabalho
temporário, não sendo computados os assalariados vinculados a empreiteiros,
cuja importância no abastecimento de força de trabalho é crescente. Nessa
direção, crescem as denúncias do Ministério Público em Mato Grosso do Sul,
que incluem as condições degradantes de trabalho de indígenas no corte de
cana, envolvendo entre 5.000 a 6.000 contratos por ano.
Em geral os cortadores de cana são aliciados por empreiteiros de mãos de
obra de preferência em estados que têm tradição no plantio da cana, aexemplo de Alagoas, Bahia, Pernambuco, além dos estados do Maranhão,
Piauí, Ceará, Pará e Minas Gerais, para trabalhar no interior paulista,
estabelecendo-se em condições miseráveis, sem opção de retornar ao lugar de
4 Folha de São Paulo de 18/05/07.
5 Benetti, Pablo. (1986). Unificação do mercado de trabalho rural/urbano . In: Acumulação e pobrezaem Campos: uma região em debate. Rio de Janeiro, Publipur/UFRJ.
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origem, constituindo verdadeiros bolsões de miséria na periferia dos centros
urbanos.
Como a tendência atual é a intensificação da mecanização no corte de cana,
implicando em enormes reduções de mão-de-obra, esta passa a ser admitida
sob critérios mais rigorosos de seleção, dificultando as negociações salariais,
aumentando o trabalho temporário, condicionando novas formas de
organização do mercado de trabalho e das relações de produção, favorecendo
a expansão das empresas de contratação de mão-de-obra, incrementando o
trabalho por tarefa.
Como observa Gaudemar (1981),6 o trabalhador deve continuar a ser produtor
de trabalho, porém abandona a sua função de vendedor de trabalho,
relegando-a a outros. Ou seja, além da separação do produtor dos meios deprodução, cada vez mais se dá a separação do trabalhador de sua capacidade
para negociar sua própria força de trabalho.
Assim, o nível de desenvolvimento das forças produtivas determina que
relações são ótimas para seu posterior desenvolvimento, caracterizando-se tais
relações, no caso do mercado de trabalho no corte da cana, por instabilidade
do emprego, alta rotatividade, fragilidade do vínculo trabalhista, baixos salários
e burla dos compromissos trabalhistas. Sem dúvida, a intensa espoliação da
força de trabalho é parte intrínseca do crescimento econômico, constituindo um
exemplo de como relações arcaicas se articulam às novas, indicando que a
dinâmica da modernização é menos de integração e mais de exclusão. Esse é
o lado perverso da modernização.
Afinal, será que transformar cana em combustível ao custo da intensificação da
exploração do trabalho é a resposta para reduzir as emissões de gases
responsáveis pelo efeito estufa?
. Implicações Ecológicas e Políticas do Etanol - uma contribuição ao debate.
6 Gaudemar, J.P. (1977). Mobilidade do trabalho e acumulação do capital. Lisboa, Editora Estampa.
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Por Carlos Walter Porto Gonçalves7
O complexo de poder industrial-tecnológico-científico-midiático que se estrutura
em torno da matriz energética fossilista e que nos ameaça a todos com oaquecimento global parece ter descoberto uma nova panacéia o etanol. Para
além do simplismo de achar que existe uma única solução para um problema
de tamanha complexidade, o debate em torno do aquecimento global está nos
metendo numa armadilha maniqueísta Etanol versus Não-etanol. A questão,
todavia, parece ser bem outra. Ainda que seja discutível o benefício ambiental
efetivo da mudança de fonte de energia para algo diferente das fontes fósseis,
são gravíssimas as implicações políticas do que está sendo urdido. A recente
visita do ex-governador do Texas, Sr. Jeb Bush, não só por razões familiaresligadas ao complexo político-industrial-tecnológico-científico-midiático do
petróleo, põe a nu as razões bem longe do hommo ecologicus com que estão
procurando se recobrir os que defendem o etanol como solução para o
aquecimento global. Jeb Bush faz parte de um bloco de poder que sabendo do
significado estratégico da energia é capaz de fazer qualquer coisa, mas
qualquer coisa mesmo, para estabelecer o controle das fontes de energia que o
possa sustentar. Na atual configuração geopolítica não há país do mundo que
tendo petróleo nas suas entranhas geológicas em proporções capazes de
sustentar a matriz industrial hegemônica que não seja um país com
instabilidade política ou sob permanente ameaça vide o Oriente Médio, a Ásia
Centra e mais especificamente a Nigéria, a Colômbia, a Venezuela, a Bolívia. É
esse mesmo setor constituído pelos Senhores da Guerra que hoje se
apresenta como guardião da vida - os combustíveis sendo abençoados pelo
prefixo Bio. Os exemplos invocados para dizer que o Brasil vai se tornar
7 Doutor em Geografia e Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade FederalFluminense. Membro do Grupo Hegemonia e Emancipações de Clacso. Ex-Presidente da Associação dosGeógrafos Brasileiros (1998-2000). Membro do Grupo de Assessores do Mestrado em EducaçãoAmbiental da Universidade Autônoma da Cidade do México. Ganhador do Prêmio Chico Mendes emCiência e Tecnologia em 2004. É autor de diversos artigos e livros publicados em revistas científicasnacionais e internacionais, em que se destacam: - Geo-grafías: movimientos sociales, nuevasterritorialidades y sustentablidad , ed. Siglo XXI, México, 2001; Amazônia, Amazônias , ed. Contexto,São Paulo, 2001; Geografando nos varadouros do mundo , edições Ibama, Brasília, 2004; O desafioambiental , Ed. Record, Rio de Janeiro, 2004; A globalização da natureza e a natureza daglobalização , Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2006.
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importante na nova configuração geopolítica em curso no mundo a partir dessa
nova fonte de energia - como dizer que o Brasil vai ser a nova Arábia Saudita -
só faz reforçar nossas análises e preocupações. A Arábia Saudita é o país de
Osama Bin Laden que também já foi aliado desse mesmo bloco de poder
político-industrial-tecnológico-científico-midiático do petróleo e sabe que elenão tem amigos e, sim, interesses. A visita de Jeb Bush explicita uma aliança
política de caráter estratégico das oligarquias dos agronegociantes brasileiros
por meio da Associação Interamericana de Etanol que tem além do irmão do
Presidente Bush entre seus dirigentes, o Sr. Roberto Rodrigues, ex-ministro da
agricultura e presidente da Abag Associação Brasileira de Agrobusiness (o
nome é assim mesmo, em inglês). Mesmo tendo os modernos latifundiários das
monoculturas experimentado, em 2004 e 2005, o lado amargo do complexo
financeiro-tecnológico-industrial-midiático do agronegócio, quando os preços
das commoditties caíram no mercado internacional, mas não as suas dívidas
contraídas na compra de insumos e equipamentos, cujos credores eram
basicamente a Monsanto, a Syngenta, a Bunge, uma nova e perigosa cartada
vem sendo jogada não só aliando-se politicamente a um setor tão estratégico
para o capitalismo global, mas, o que é mais grave, atando a vida dos
brasileiros a esse setor político que, historicamente, já deu mostras suficientes
do que é capaz.
De um ponto de vista estritamente nacional, é preciso ter em conta que a
principal contribuição o Brasil ao efeito estufa não é a queima de combustíveis
fósseis e na medida em que o etanol já faz parte de nossa matriz energética,
sobretudo no transporte individual, a onda atual em torno do tema em nada
alterará a situação do país para o aquecimento climático. Assim, o Brasil
considerado isoladamente não vai diminuir a sua contribuição ao aquecimento
global. Entretanto, a ampliação de áreas destinadas ao cultivo de cana
desencadeia processos que haveremos de levar em consideração como o
aumento do preço da terra com conseqüências não só econômicas, como
sociais, geográficas e ecológicas. Afinal, o aumento do preço da terra não se
restringirá à terra destinada à lavoura da cana, ao contrário, se espraiará pelo
mercado de terras em geral. Com certeza haverá implicações nos custos de
produção, inclusive, nos preços dos alimentos. Além disso, o preço da terra
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tende a ser maior nas áreas próximas aos grandes mercados ou de mais fácil
acesso às vias de transporte e, assim, as atividades que tendem a exigir
maiores extensões de terra tendem a buscar as regiões mais afastadas onde
os preços são menores (lei de Von Thünen). No caso do México em que o
etanol é obtido a partir do milho o resultado foi danoso para a população hajavista que a tortilla, base alimentar do povo mexicano, também é produzida a
partir do milho. O mercado destinou o milho para a exportação para os Estados
Unidos onde podia obter maiores lucros, como é da sua lógica, o que fez do
país, historicamente auto-suficiente em milho, agora tenha que o importar e,
assim, tenha visto os preços das tortillas dispararem até 40%, o que ensejou
manifestações populares, inclusive com saques a supermercados. No Brasil,
tentam nos tranqüilizar dizendo que a cana não se destina exclusivamente à
alimentação e que o país dispõe de amplas extensões de terra o que faria ser
perfeitamente compatível a expansão do seu cultivo sem maiores danos. Afora
a permanência do mito fundador do em se plantando tudo dá e que temos
terras em abundância, é preciso considerar o que já vem se desenhando na
geografia social brasileira recentemente com o avanço da cana, sobretudo
sobre áreas antes destinadas à pecuária, como já vem ocorrendo no estado de
São Paulo nos últimos três anos, e que nos coloca diante do problema de para
onde levar milhares e até milhões de cabeças de gado que haverão de ser
deslocados (o Brasil detém o maior rebanho de gado bovino do mundo com
200 milhões de cabeças). Nos cerrados, área para onde vêm se expandindo
nas últimas duas décadas os modernos latifúndios monocultores de
exportação, as únicas áreas disponíveis são as unidades de conservação
ambiental, as áreas indígenas, além das áreas de comunidades
remanescentes de quilombolas e camponesas. Com certeza essas áreas e as
populações que as ocupam vão viver nos próximos anos o impacto dessa nova
onda moderno-colonizadora. Tudo indica que a Amazônia vai continuarcumprindo o papel de válvula de escape de um modelo de desenvolvimento
que se reproduz ampliadamente há 500 anos trazendo riqueza para alguns,
pobreza para muitos e devastação ambiental para todos! Não nos esqueçamos
que o Brasil nos séculos XVI e XVII não exportava matéria prima, como se
costuma dizer, mas exportava o produto manufaturado de maior circulação no
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mercado mundial de então, o açúcar. Os nossos engenhos de açúcar eram o
que havia de mais moderno no mundo. Nós já somos modernos há 500 anos!
Dados recentes revelam que o próprio governo, entre 2003 e 2005, realizou na
Amazônia, a título de reforma agrária , 66,5% dos assentamentos rurais do
país reproduzindo, assim, com políticas públicas a mesma lógica espontâneados grileiros, madeireiros, pecuaristas e agronegociantes de avançar sobre a
fronteira agrícola. A produção de etanol tende, assim, a pressionar os
processos que já vêm causando a devastação da Amazônia que,
paradoxalmente, tem sido a maior contribuição do Brasil para o aquecimento
global, para não falar da perda de diversidade biológica e cultural. O resultado
da contribuição do Brasil com a expansão do etanol pode, assim, ser bem o
contrário do que vem sendo propagado.
É preciso se levar em conta que a produção de cana de açúcar e de etanol
consome combustíveis fósseis e, apesar de o balanço energético da cana ser
melhor via a vis o milho, a soja, o girassol e outros, não devemos esquecer que
o aumento de sua produção também aumenta o consumo de combustíveis
fósseis, sobretudo quando avança sobre áreas antes destinadas à pecuária ou
de florestas ou de cerrados ou savanas. A mistura de etanol à gasolina que
poderia diminuir, por outro lado, a demanda de combustíveis fósseis e, assim,
compensar o aumento que haveria com a expansão do cultivo da cana e dopróprio etanol, pode simplesmente ser anulada com um aumento
correspondente da frota de automóveis, o que está no horizonte dos que
continuam a confundir a melhoria do bem estar da população com o aumento
do PIB.
Se se quer fazer um debate sério sobre alternativas eficazes para combater o
aquecimento global estamos mirando, com o etanol, na direção errada, ou seja,
continuamos buscando respostas para uma demanda que em si mesma não é
questionada. A pergunta é bem outra, qual seja, por que continuamos a
associar progresso humano com aumento do consumo per capita de energia?
Por que continuamos a buscar maior produção de energia e não melhor
eficiência energética com aparelhos e máquinas que consumam menos
energia, como as lâmpadas fluorescentes, o que por si só geraria melhor renda
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para as famílias pobres, mesmo que elas continuassem com a mesma renda,
simplesmente com a diminuição do consumo com equipamentos mais
eficientes! É o que podemos ler no estudo realizado sob coordenação de
pesquisadores da Universidade de Campinas e do International Energy
Initiative intitulado Agenda Elétrica Sustentável 2020 que, baseado empolíticas ambiciosas de conservação (economia) de eletricidade e de expansão
nas novas fontes renováveis de energia (dos ventos, solar, da biomassa e das
pequenas hidrelétricas), revela ser possível, até 2020, uma economia de R$ 33
bilhões para os consumidores com a diminuição de até 38% na demanda de
eletricidade do país, o que equivaleria a seis hidrelétricas de Itaipu, criando
ainda oito milhões de empregos8.
Além disso, por que não apoiar com incentivos e isenções fiscais os produtosque tenham uma longevidade maior do que os já existentes, o que implicaria
menos consumo de matérias primas e energia? Aliás, a durabilidade deveria
ser a condição sine qua non para que qualquer produto pudesse ter o selo de
ecológico.
Enfim, o insucesso das políticas estadunidenses para controlar as fontes
fósseis de energia no mundo é que está levando a que estes mesmos setores
busquem uma alternativa que lhes dê maior segurança energética. Toda a
questão passa a ser se essa segurança energética significa segurança e bem
estar para a população dos países que voluntária ou involuntariamente se
vêem envolvidos nesse complexo de poder. Que Bagdá ou Cabul não seja o
nosso destino.
. Migrações Internacionais
- Comentários do texto Desemprego estrutural no Brasil e a anomalia da fuga
de cérebros de Márcio Pochmann.
8 Ver o documento em http://assets.wwf.org.br/downloads/wwf_energia_ebook.pdf .
http://assets.wwf.org.br/downloads/wwf_energia_ebook.pdf
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Por Maria Célia Nunes Coelho9
Professor do Instituto de Economia (IE) e pesquisador de Estudos Sindicais e
da Economia do Trabalho (CESIT) da UNICAMP diz que há fugas de cérebrosno Brasil. De acordo com dados apresentados pelo pesquisador, o fenômeno
da emigração de cérebros para os países do centro do capitalismo atingiu o
Brasil, nas duas últimas décadas. Somos surpreendidos por tal anomalia (?!)
numa economia que continua sendo, em muitos sentidos, primário-exportadora,
de crescimento econômico apoiado basicamente na exportação de minérios,
madeira e produtos agrícolas (grãos) in-natura ou semibeneficiados? A
educação, básica e superior, deixam, assim de atrair os que nela viam
possibilidades de mudança, ou até mesmo de reprodução de posição socialdos indivíduos na sociedade brasileira. O desemprego estrutural é, certamente,
a nossa maior violência: assunto polêmico que divide o país.
O autor fundamentado na assertiva de que o Brasil tende a se especializar na
produção e comercialização de bens de baixo valor agregado, contido
conteúdo tecnológico e dependente de reduzido custo da mão-de-obra , aborda
a questão do desemprego estrutural no Brasil (que não mais fica restrito aos
grupos tradicionalmente mais vulneráveis jovens, mulheres, negros todos
geralmente de reduzida escolaridade) e do fenômeno da fuga de cérebros.
Para o autor inegavelmente, a presença de baixo crescimento econômico no
país, acompanhada das políticas neoliberais e da inserção passiva e
subordinada do Brasil na economia mundial, constituíram o novo quadro do
desemprego massivo e estrutural . Assim, segundo seus dados nesta primeira
metade da década do século XXI, estima-se que entre 140 a 160 mil brasileiros
a cada ano emigram , muitos dos quais tendo sido beneficiados por
consideráveis investimentos intelectuais, incluindo treinamento no campo dapesquisa científica.
9 Doutora em Geografia e Professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pesquisadora do CNPq. Membro da Diretoria da ANPEGESecretária.
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Leia o artigo completo Desemprego estrutural no Brasil e a anomalia da fuga
de cérebros
Marcio Pochmann em http://www.social.org.br/ (No Link: Relatórios ) Assista
O filme O Corte de Costa Gavras
. Perspectivas da Pós-Graduação em Geografia: pontos para debate.
Por Gisela Aquino Pires do Rio10
O VII Encontro da ANPEGE que se realizará em Niterói, Rio de Janeiro,
consiste em excelente oportunidade para debater as perspectivas da pós-
graduação em Geografia.
Desde sua criação, em 1993, até hoje muitas foram as mudanças ocorridas.
Primeiro a ampliação do número de programas. Atualmente trinta e sete
programas integram a ANPEGE. Esse crescimento representa um inegável
aprimoramento dos respectivos cursos de graduação que estão na origem dos
diversos programas bem como a formação mais qualificada do corpo docente.
Segundo, a abertura do leque de questões associada a uma constante
renovação da Geografia traduzida nas respectivas linhas de pesquisa dos
programas. Um exemplo dessa diversidade pode ser constatado nos dois
exemplares do Panorama da Geografia no Brasil, publicação que reúne
trabalhos apresentados no VI Encontro, realizado em Fortaleza em 2005.
Resta, todavia, nos indagarmos que institucionalidade desejamos para a Pós-
Graduação? Como percebemos o contexto que vivemos e que projeções
fazemos para o futuro? Que projetos mobilizadores estão sendo pensados?
Como estabelecer parâmetros que reconheçam os esforços de cada programae as diferenças entre eles? Não se trata aqui de reduzir tudo a esquemas
simplificados de pontuação, mas ao contrário de buscarmos a essência da
formação em nível de pós-graduação.
10 Geógrafa e Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ) e Pesquisadora do CNPq.
http://www.social.org.br/
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. Resenhas Chamada
O que estamos lendo? Encaminhe resenhas (duas laudas, no máximo) para
nós!
- Comentários ou resenhas sobre Vídeo:
. Com Poesia na Luta pela Terra
Por Luiz Jardim M. Wanderley (mestrando do PPGG/UFRJ)
O documentário Expedito: em busca de outros nortes (2006) do professor
Roberto Novaes faz parte das quase vinte obras de áudio-visual realizadas por
esse doutor em economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde
1978. Indo na contramão dos pesquisadores em geral, Novaes vem apostando
em outros tipos de produções do conhecimento para promover as discussões
entorno da questão agrária brasileira. Dentre seus projetos de extensão de
cunho científico-pedagógico podemos citar Califórnia à brasileira (1991) e
Quadra Fechada (2006) dentre os vários que abordam a problemática do
trabalho da cana e ainda Conversas de Crianças (2001) e Meninas Mulheres
(1999) sobre trabalho infantil. Entretanto, o filme Expedito funda uma nova fasedo diretor-professor devido a alta qualidade dos recursos técnicos (imagens,
som, desenhos gráficos etc.). Expedito Ribeiro dos Santos, agricultor rural e
poeta, rumou, como muitos, com esperança de uma vida melhor, para
longinqua e desconhecida terra sem homens da Amazônia , na década de
1970. Instalado no povoado de Santa Maria, Sul do Pará, Expedito passou a
lutar por um lote de terra, tornando-se sindicalista rural, apoiados pela
Comissão Pastoral da Terra. No fim dos anos 1980, com a retomada dos
debates sobre a Reforma Agrária, intensificaram-se as lutas pela terra, osconflitos e as mortes no campo brasileiro. Em 1991, mesmo com sua morte
anunciada, Expedito se tornou mais um vítima dos fazendeiros da região, como
muitos dos seus companheiros de luta. Seus assassinos foram presos, mas já
se encontram em liberdade. Esse filme, repleto de emoção e poesia, retrata a
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história de injustiça, tragédia e esperança que marcou e marca as lutas sociais
no Brasil.
- Comentários ou resenhas sobre Livro:MARCOVITCH, Jacques. (2005) Pioneiros & Empreendedores. A Saga do
Desenvolvimento no Brasil São Paulo: Edusp.
2 Volumes:
Volume 1: Pioneiros & Empreendedores 1.
Volume 2: Pioneiros & Empreendedores 2.
Por Maria Célia Nunes Coelho leia mais:
Os dois volumes reúnem perfis e trajetórias de personagens (os Prados, Nami
Jafet, Francisco Matarazzo - o Conde Francisco Matarazzo -, Ramos de
Azevedo, Jorge Street, Roberto Simonsen, Julio Mesquita, Leon Feffer, Irineu
Evangelista de Souza o Visconde de Mauá - Luiz de Queiroz, Attilio Fontana,
Valentin Diniz, Guilherme Guinle, Wolf Klabin, Horácio Lafer, José Ermínio de
Moraes, João Gerdau e Curt Johannpeter) da história empresarial brasileira,
referente aos ramos mais diversos. Os empresários - exportadores de café e
recursos naturais, comerciantes, importadores, industriais, banqueiros e etc. -
objetos da descrição são tidos como empreendedores a lá Joseph
Schumpeter, e não como componentes de uma burguesia nascente. Foram
reapresentados como heróis ou self-made men pelo autor, que traz à tona os
mitos dos pioneiros e de empreendedores.
O raciocínio do autor é simplista e ingênuo (e isto é o mínimo que se pode dizer
dos dois volumes). Indagamos: Havia um projeto que não fosse de exaltarpersonalidades, uma aplicação acrítica do conceito de empreendedor de J.
Schumpter, ou de colecionar e destacar tipos inesquecíveis ou lendários de
empresários? O autor não dialoga com a obra de Fernando Henrique Cardoso
(1967 e 1971), Warren Dean (1971 obra utilizada apenas para confirmar
aspectos dos perfis traçados de determinados personagens, como é o caso de
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o empresário Francisco Matarazzo), de José de Souza Martins (1974), de
Sérgio Silva (1976) que, entre tantos outros (Caio Prado Jr., Florestan
Fernandes, Nelson Werneck Sodré, Jacob Gorender, José Murilo de Carvalho,
Rui Mauro Marini, Luciano Martins, Wilson Cano, Fernando Motta, Octávio
Ianni, Luiz Carlos Bresser Perreira, Eli Diniz, e etc., para citar mais alguns, poisexistem muito mais. - Estamos, certamente, cometendo inúmeras injustiças,
pois a bibliografia é farta e rica nestes assuntos!), criticaram as visões do
empresariado brasileiro como self-made men, destrindo lendas, mitos e clichês
a cerca da história do empresariado ou da burguesia brasileira de diferentes
períodos.
O autor relata de forma descritiva indivíduos inteligentes, aventureiros,
excêntricos pertencentes às épocas diversas: do Brasil Colônia à última décadado século XX, privilegiando uma visão positiva e ufanista dos personagens
descritos. Não os classifica, não os compara. O tempo não é diferenciado ou
dividido. Assim, o autor perde a oportunidade de identificar, distinguir e analisar
condições materiais, instituições, relações, regras e normas que estes próprios
personagens, na maioria das vezes, ajudaram ou criaram em benefícios
próprios ou corporativistas. As qualidades e naturezas das relações
interpessoais de uma dada sociedade (redes de amizade, de contatos
pessoais, de parentesco, etc.) num determinado período histórico sãoapresentadas como normais, ou quase naturais.
Seus dois livros não foram, portanto, reveladores das velhas estruturas de
funcionamento das empresas, ou mesmo improvisadas estratégias de
organização de empresa (não confrontadas com as contemporâneas) e antigas
relação ou gestão de trabalhos que garantiam um determinado regime de
acumulação e de analisar as mentalidades empresariais de diferentes épocas.
O mérito do autor (se há algum) foi apenas de reunir fragmentos informativos,
contribuindo precária e equivocadamente para se compreender a formação
econômica empresarial brasileira, ou a gênese do empresariado brasileiro, em
momentos específicos da história mundial, em geral, e brasileira, em particular.
Os personagens objeto da descrição foram retratados como construtores de
uma tendência nacional que tem tudo para desdobrar-se mais ainda e ganhar
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maior número de seguidores no século XXI (dizeres que constam da contra-
capa do Primeiro Volume) como se as eras descritas ainda existissem. Omite,
assim, que o momento hoje é outro, não é mais do investimento produtivo, mas
dominantemente do capitalismo financeiro.
A visão do autor não contribui (sendo mesmo um retrocesso) para
entendermos os problemas históricos de nossa economia ainda primária
exportadora ou comercial e industrial periférica. Muitos dos casos por ele
analisados se encaixam no contexto de sociedades paternalistas e estados
patrimonialistas de acordo com os quais o público se confundia comumente
com o privado. Tudo que não gostaríamos de ver perpetuado.
CARDOSO, Fernando Henrique (1967) Des elites: les entrepreneurs
d Amérique. In: Sociologie du Travail, nº 3.
CARDOSO, Fernando Henrique (1971) Empresário industrial e
Desenvolvimento Econômico no Brasil. São Paulo: Difusão Européia do Livro ,
2ª Edição
DEAN, Warren (1971) A industrialização de São Paulo (188-1945). São Paulo:
Difusão Européia do Livro.
SILVA, Sérgio (1976) Expansão Cafeeira e Origens da Indústria no Brasil. São
Paulo Editora Alfa-Omega. 1ª Edição.
MARTINS, José de Souza (1974) Empresário e empresa na biografia do Conde
Matarazzo. Rio de janeiro: Instituto de Ciências. Reeditado pela Hucitec (São
Paulo).
. Premiação da Melhor Dissertação e Tese
Continua aberto o Edital para premiação da melhor tese de doutoramento e da
melhor dissertação de mestrado em Geografia do País. As inscrições vão até
01 de agosto de 2007. Cada programa de Pós-Graduação deverá selecionar e
encaminhar a ANPEGE uma única tese de doutoramento e uma única
dissertação de mestrado, defendidas no período de setembro de 2005 a julho
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de 2007. A Comissão julgadora, instituída pela Coordenação da ANPEGE, é
inteiramente autônoma para criar regras, critérios e restrições que regularão
suas escolhas. Os resultados avaliados serão divulgados e as premiações
conferidas durante a realização do nosso VII Encontro.
. Revista da ANPEGE: Chamada de Trabalhos
Convidamos docentes e discentes dos Programas de Pós-Graduação filiados à
ANPEGE a enviar textos a serem submetidos ao corpo Editorial da Revista da
ANPEGE Nº 3/2007 até o prazo de 01 de julho para o site da ANPEGE
www.anpege.org.br/anpege7Favor enviar cópia digital e uma cópia em papel para o endereço. Nosso intuito
é dar continuidade à publicação de nossa revista a ser lançada durante o VII
Encontro Nacional da ANPEGE.
A REVISTA DA ANPEGE é um periódico especializado em Geografia de
publicação anual da ANPEGE Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Geografia do Brasil, aberto a contribuições da comunidade
geográfica pós-graduada ou em processo de pós-graduação.
Os trabalhos submetidos serão encaminhados pela diretoria atual da ANPEGE
para pelo menos dois revisores (membros do Conselho Editorial), em
procedimento sigiloso quanto à identidade do(s) autor(es) e revisores.
A REVISTA DA ANPEGE publica artigos inéditos que sejam considerados
fortes, em pelo menos, um dos 4 (quatro) critérios que são:
a) enfoque ou problematização inovadora do tema tratado;
b) procedimentos metodológicos criativos, consistentes e renovares;
c) arcabouço teórico rico e de apropriação consistente;
d) no caso de revisão teórica ou temática, que seja contribuição nova ao
campo.
http://www.anpege.org.br/anpege7
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Para serem analisados pelo Conselho Editorial as contribuições científicas
deverão obedecer aos seguintes critérios:
1. Os textos devem ser inéditos e redigidos em português ou espanhol; 2. Os artigos devem ser enviados em base digital e uma cópia impressa
em A4, para o endereço atual da ANPEGE;
3. Os originais devem ser apresentados no seguinte padrão:
conter no máximo 30 (trinta) e no mínimo 20 (vinte) laudas com 30 (trinta)
linhas, incluindo ilustrações (tabelas, quadros, gráficos e figuras);
- o texto deve ser editado no editor Word, em espaço 1,5 com margens de 2,5
cm, configuradas para impressão em papel A4;
- texto deve precedido de título, nome de todos os autores por extenso,
indicando a filiação e endereço eletrônico de cada um;
- O título deve vir em negrito e os sub-subtítulos em letras iniciais maiúsculas e
demais minúsculas em itálico;
- as ilustrações, tabelas e gráficos (Excel ou Power Point), vinculados ao Word,
devem ter fonte Times New Roman e corpo 10 e devem fazer parte do corpo
do texto. A exemplo do resumo expandido e pelo mesmo motivo, os nomes do
autor e do co-autor não devem constar de nenhuma parte do trabalho
completo. Além disso, deve-se observar os seguintes pontos: a) não serão
aceitas notas de rodapé; b) todas as notas deverão estar incluídas como notas
de final de texto, antes das referências bibliográficas.
- não serão aceitos trabalhos com tamanho de arquivo superior a 2 megabytes,
assim como trabalhos que requeiram softwares não contidos no Microsoft
Office para sua completa visualização; - somente serão aceitos trabalhos com redação e ortografia adequadas, pois a
versão enviada, caso aprovada, será definitiva, não podendo haver alterações
posteriores.
- os artigos deverão ter resumo no idioma original e em inglês, de 100 a 200
palavras. Destacar no mínimo três palavras-chave;
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- todas as citações devem constar da lista de referências;
- os artigos deverão ser formatados nos termos da ABNT.
Qualquer dúvida sobre citações, bibliografia, etc. consultar a ABNT (edição
mais recente).
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