Blog Como Ferramenta PedagóGica
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Transcript of Blog Como Ferramenta PedagóGica
MARCO AURELIO YAMAMOTO ITO
BLOG COMO FERRAMENTA
PEDAGÓGICA: UM ESTUDO DE CASO
Trabalho de conclusão do curso de pedagogia apresentado à Faculdade Mozarteum de São Paulo, sob orientação da Profª Ms. Ana Cláudia Barreiro.
FAMOSP – Faculdade Mozarteum de São Paulo SÃO PAULO
2008
1
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ ORIENTADOR (A)
______________________________________________ PROFESSOR (A)
______________________________________________ PROFESSOR (A)
2
Dedico a todos os professores que trabalham para mudar a situação da educação do país.
Dedico também à minha noiva Tatiana, mulher especial que é meu porto seguro para onde corro em momentos difíceis, e é a minha companheira para os momentos mais felizes da minha vida.
E não podia deixar de dedicar à minha mãe Cristina, que sempre esteve ao meu lado, amparando minhas decisões, por mais errôneas que parecessem. Sempre foi o exemplo a ser seguido, aquela que incrustou em mim valores como honestidade, bondade e gentileza.
3
Agradeço a FAMOSP e aos professores por tornar possível a minha graduação.
Agradeço igualmente ao professor Jarbas Novelino que, mesmo distante, me ajudou bastante.
E finalmente agradeço a minha orientadora Ana Cláudia Barreiro, pela paciência e dedicação ao meu trabalho.
4
Hay hombres que luchan un día y son buenos. Hay otros que luchan un año y son mejores. Hay quienes luchan muchos años y son muy buenos. Pero hay los que luchan toda la vida: esos son los imprescindibles.
Bertolt Brecht Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que
lutam um ano e são melhores. Há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há aqueles que lutam por toda a vida: esses são os Imprescindíveis.
Bertolt Brecht
5
RESUMO A cada dia o computador se torna mais presente na vida das pessoas: no trabalho, em casa e, na escola, não poderia ser diferente. Este estudo tem como objetivo mostrar que existem meios interessantes de se utilizar o computador na educação, tornando-o uma proveitosa ferramenta pedagógica. Muitos alunos e professores desconhecem as diversas tecnologias educacionais disponíveis. Assim, apresentamos, no corpo do texto, algumas destas tecnologias, em especial o blog (weblog). Adotando a metodologia de estudo de caso e fundamentando teoricamente nos pensamentos de Moran, Vygotsky e Valente, nossa intenção foi a de, através do relato de uma experiência vivenciada, apresentar os resultados obtidos que nos levam a crer que o professor pode utilizar o blog (weblog) em suas aulas como ferramenta de ensino. A contribuição de idéias sobre tecnologias da informação e comunicação (TICs) de Barato também foi fundamental para a formação do corpo teórico da pesquisa, assim como depoimentos de professores que já utilizam o computador de forma positiva na educação. Ao fim, concluimos que os computadores podem ser utilizados como ferramenta pedagógica, e que o blog (weblog) é um excelente instrumento para se trabalhar diversos fatores educacionais. ABSTRACT Every day the computer becomes more present in people's lives: at work, home and at school, could not be different. This study aims to show that there are interesting ways to use the computer in education, making it a useful educational tool. Many students and teachers don’t know about the various educational technologies available. Thus, we present in the body of the text, some of these technologies, especially the blog (weblog). Adopting the methodology of case study and theoretical reasoning in Moran's thoughts, Vygotsky and Valente, through the story of an experience, our intention was to presenting the results which lead us to believe that teachers can use the blog (weblog) in their lessons as a tool of education. The contribution of ideas about information and communication technologies (ICTs) from Barato was also crucial for the formation of the body of theoretical research, as well as testimonials from teachers who already use the computer in a positive way in education. At the end, we conclude that the computers can be used as a pedagogical tool, and that the blog (weblog) is an excellent tool to work in various educational factors.
6
ÍNDICE
Índice.................................................................................................................. 7
I - Introdução ...................................................................................................... 9
Capítulo1 - O computador ................................................................................ 11
1.1 – Hardware ............................................................................................. 11
1.2 – Softwares............................................................................................. 12
1.3 – Periféricos............................................................................................ 12
Cap. 2 – Inclusão Digital .................................................................................. 15
Cap 3 – Tecnologia educacional ...................................................................... 18
3.1 – Relatos de uso de tecnologias educacionais ....................................... 23
3.1.1 – BLOG e Língua Portuguesa .......................................................... 23
3.1.2 – Projeto blog das 4as séries......................................................... 24
3.1.3 – Wiki uma experiência coletiva ....................................................... 24
3.1.4 – WebGincana uma pesquisa segura........................................... 25
3.1.5 – Arte com tecnologia ................................................................... 26
3.2 – TIC – Tecnologia da informação e comunicação................................. 27
Cap. 4 – Internet............................................................................................... 32
4.1 – www – World wide web........................................................................ 33
4.2 – Sites..................................................................................................... 34
4.3 – Distâncias reduzidas............................................................................ 34
4.4 – Facilidades........................................................................................... 35
4.5 – Cuidados.............................................................................................. 35
Cap. 5 – WEBLOG ou BLOG ........................................................................... 38
5.1 – Origens ................................................................................................ 39
5.2 – Características..................................................................................... 40
5.3 – Criação de um blog.............................................................................. 42
5.3.1 – Publicadores de blogs ................................................................... 42
5.3.2 – Passo-a-passo .............................................................................. 42
5.3.3 – Postagem ...................................................................................... 44
5.3.3.1 – Criar........................................................................................ 44
5.3.3.2 – Editar postagens..................................................................... 44
5.3.3.3 – Moderar comentários.............................................................. 45
5.3.4 – Configurações ............................................................................... 45
7
5.3.4.1 – Configurações básicas ........................................................... 45
5.3.5 – Layout ........................................................................................... 46
5.4 – Blog na educação ................................................................................ 47
II - Procedimentos metodológicos .................................................................... 51
1 – metodologia do trabalho desenvolvido com os alunos ........................... 52
2 – Resultados e discussão.......................................................................... 53
III - Conclusão .................................................................................................. 54
IV - Bibliografia ................................................................................................. 55
8
I - INTRODUÇÃO
O computador como auxílio na educação vem gerando polêmica entre
estudiosos, professores e pais. Em recente trabalho publicado na revista
Educação e Sociedade, Jaqcques Wainer, do Instituto de Computação e Tom
Dwayer, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Unicamp. Intitulado
“Desvendando mitos: os computadores e o desempenho no sistema
escolar”1, um trecho da discussão mostra um pouco do motivo que a
pesquisa vem gerando tanta polêmica:
“Os resultados da nossa análise da bibliografia internacional parecem indicar que as evidências em favor da hipótese de que computadores são benéficos para o desempenho escolar fundamental e médio são pouco convincentes e provavelmente não muito significantes. Isso parece contrastar fortemente com a crença da maioria das pessoas.” (2007, p. 1322)
A polêmica acontece, pois eles afirmam que não encontram evidências
dos benefícios do uso do computador para a educação, e seguindo essa linha
de raciocínio existem trabalhos publicados dizendo que o uso do computador
não traz ajuda educacional alguma aos alunos e diversos outros falando
exatamente o contrário como diz o Prof. Dr. César Nunes em reportagem no
portal Educarede2:
“aparentemente os autores3 sentem-se incomodados com o pequeno número de estudos experimentais encontrados pois pelos resultados encontrados o “placar” sobre o impacto positivo versus negativo está 10 X 3 (ou 18 X 3 quando consideradas também teses e apresentações em congressos). Por que dizem que não há evidência? Há poucos estudos porque é dificílimo faze-los, mas quando existem são claramente favoráveis”.
(NUNES 2008)
O trabalho tem como objetivo mostrar que o computador poderá sim ser
utilizado como instrumento pedagógico se bem explorado, com foco maior à
utilização dos blogs.
1 O trabalho pode ser encontrado na íntegra no site: www.scielo.br/pdf/es/v28n101/a0328101.pdf 2 Portal de educação – www.educarede.org.br 3 Jaqcques Wainer e Tom Dwayer, autores do trabalho Desvendando mitos: os computadores e o desempenho no sistema escolar.
9
Esta pesquisa se dividiu em cinco partes principais: introdução onde é
feita a apresentação do trabalho; fundamentação teórica onde se encontra toda
a base teórica do trabalho, da introdução ao computador, inclusão digital,
tecnologia educacional, TIC, Internet e Blog; metodologia que explica os
procedimentos metodológicos adotados para a pesquisa; conclusão e
bibliografia.
A pesquisa segue principalmente as correntes teóricas de Vygotsky
(1998), Valente (1998) e Moran (1998).
O computador a cada dia se torna mais presente na vida das pessoas,
apesar de muitas ainda terem pouco ou nenhum contato com esse
equipamento, no entanto as vendas de computadores mostram que cedo ou
tarde ele será tão presente nas casas das pessoas como os televisores são. É
preciso entender que os computadores, podem sim, ser utilizados como
instrumentos pedagógicos, que existem diversas ferramentas que
potencializam essa função. O que acontece muitas vezes é que professores e
alunos não conhecem esses instrumentos, e utilizam os computadores sem
bases educacionais, a isso se deve a importância acadêmica do trabalho,
mostrar uma visão geral do computador e como ele pode ser utilizado como
ferramenta pedagógica, enfatizando o blog nesse processo.
10
CAPÍTULO1 - O COMPUTADOR
O computador a cada dia torna-se mais comum na vida das pessoas,
mas, para muitos, ainda é um objeto estranho. Para que este trabalho
monográfico seja bem compreendido, se faz necessário uma breve introdução
ao computador. O computador é formado por hardwares, softwares e
periféricos.
1.1 – HARDWARE
Os hardwares são as partes físicas internas dos computadores, como
placas, memórias, discos rígidos, processadores.
- Placa mãe (mother board): é a principal placa do computador, onde
todos os hardwares são conectados. A figura abaixo mostra um exemplo de
placa mãe citando os principais slots4.
Slot para placa de vídeo Entradas de microfone, caixas de som, mouse, teclado, impressora, etc.
Slots para placas diversas, som, captura de vídeo, tv, etc.
Slot para processador
Conectores para ligar HD
Entrada de energia
4 slots para memória RAM
Fonte: site da ASUS - http://br.asus.com/prog_content/middle_enlargement.aspx?model=1198
- Processador: é o hardware que executa todos os processos do
computador, é o responsável por tudo que, como o próprio nome diz, é
processado.
- Memória RAM: é nela que são carregados os programas em execução.
- Disco rígido (HD): é onde se grava todos os programas e informações.
4 Slot – conectores da placa mãe que recebem um outro hardware.
11
- Placas de vídeo e som: muitas delas já vem incorporadas à placa mãe
e são as chamadas on-boards.
- Fonte de alimentação: é o que alimenta o computador com energia.
1.2 – SOFTWARES
Os softwares são os programas instalados no computador. Todo
computador necessita de um sistema operacional, os mais conhecidos são o
Linux e Windows, este último utilizado pela maioria.
É o software que nos permite navegar na Internet, escrever um texto,
fazer uma apresentação, criar vídeo, escutar uma música, editar uma foto, etc.
Microsoft Office, PhotoShop, winamp, Open Office, Internet Explorer,
FireFox, são todos exemplos de softwares.
1.3 – PERIFÉRICOS
Os periféricos são todos os componentes ligados ao computador.
Existem alguns periféricos importantes que sem eles não é possível a utilização
do computador, são eles:
• Teclado: é o periférico que permite a digitação.
Fonte: foto Marco Aurélio Y. Ito
12
• Mouse: é o que torna possível a movimentação do cursor na tela do
monitor, baseia-se em posições nos eixos X e Y.
Fonte: foto Marco Aurélio Y. Ito
• Monitor: é onde se visualiza todas as atividades feitas no computador.
Hoje existem vários tipos e tamanhos de monitor, as tecnologias mais
conhecidas são: CRT (Cathode Ray Tube ou tubo de raios catódicos)
são monitores mais antigos conhecidos como “tubos”, LCD (liquid cristal
display ou display de cristal líquido) vem se popularizando por possuir
melhor imagem, tela fina e menores proporções, e o ainda não muito
conhecido OLED (Organic Light-Emitting Diode ou diodo orgânico
emissor de luz) tecnologia muito nova, a princípio para utilização como
televisão, mas que futuramente, promete funcionar como monitores mais
finos e baratos que os de LCD.
Monitor CRT Monitor LCD Monitor OLED
fonte: www.sony.com
Outros periféricos não são essenciais como os citados, mas permitem
uma experiência multimídia muito mais relevante, são eles:
13
• Caixas de som: reproduz som de músicas, softwares, jogos, filmes,
vídeos, e tudo mais que necessita efeito sonoro.
• Câmera ou web cam, serve para interação, vídeo conferências, fotos,
cursos, etc.
• Microfone é utilizado para gravar som, vídeo conferência, conversas,
etc.
O computador apesar de sua popularização, ainda é equipamento de
luxo, objeto de sonho de consumo. Este trabalho é dirigido para profissionais
da área de educação, e esta introdução ao computador se tornou necessária
pela constatação de que muitos professores e futuros professores não
possuem um mínimo de conhecimento sobre computadores.
Esta introdução ao computador tem caráter de torná-lo mais familiar a
estes novos e futuros usuários com pouca afinidade ao mesmo. Assim ao ser
apresentado ao verdadeiro propósito do trabalho monográfico, poderá se sentir
mais a vontade com o assunto. Essa breve apresentação ao computador serve
de entrada para a discussão da inclusão digital.
14
CAP. 2 – INCLUSÃO DIGITAL
A inclusão ou exclusão digital vai muito além dos parâmetros técnicos e
educacionais. É um problema político e social. No Brasil, a inclusão digital não
faz parte alguma na realidade de grande parte da população brasileira, uma
vez que não possuem nem as suas necessidades básicas supridas, como os
dados do IBGE5, levantados por Ana Claudia Barreiro6 em texto que originou
sua tese de mestrado.
“em todo o território brasileiro, 49 milhões de pessoas, aproximadamente um terço da população, vivem com renda igual ou inferior à meio salário mínimo. São acrescentados a esse número, 5 milhões de brasileiros sem fonte de renda: são 54 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, o que significa que uma grande parte da sua população hoje está excluída de utilizar o mínimo necessário para uma vida digna e saudável: não tem acesso/garantia de permanência à educação; moradia; alimentação; saúde e saneamento básico; não tem emprego ou como gerar renda...” (2004. p.4)
Assim sendo, é preciso uma mudança social no Brasil, a necessidade de
estreitar as diferenças econômicas e sociais, e assim ver a inclusão digital
como assunto de caráter político, para que em algum momento se torne uma
meta educacional e social a ser cumprida. Assim como a saúde e a educação a
inclusão digital tem grande importância para as pessoas, como disse Sergio
Amadeu7, “a inclusão digital é um elemento fundamental para o
desenvolvimento das potencialidades não só econômicas, mas sociais e
culturais do país” (AMADEU, 2005). Muitos educadores não escapam desta
exclusão digital, devido ao tipo de sistema educacional, estes que são os que
estão em maior contato com os alunos não possuem direito de voz, quanto ao
processo coletivo de construção. Sua formação muitas vezes também não
condiz com as novas necessidades que se apresentam atualmente.
5 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 6 Mestre em Educação: Currículo pela PUC-SP, Professora de Informática aplicada a Educação da Faculdade Mozarteum de São Paulo, e doutoranda em Lingüística Aplicada e Estudos de Linguagem. 7 Sérgio Amadeu da Silveira é um sociólogo brasileiro, sendo considerado um dos maiores defensores e divulgadores do Software Livre e da Inclusão Digital no Brasil.
15
“A inclusão digital deve ser considerada como agenda no campo das políticas públicas, como um objetivo social e educacional a ser atingido... poderia ser encarada como uma necessidade básica para que possam ser criadas, verdadeiramente, condições para que esta seja um catalisador de transformações sociais.. E entre os excluídos se encontram os próprios educadores, os quais estão impedidos de participar do poder decisório... deve ser formado de maneira condizente com as novas exigências da sociedade atual, de modo que a ele sejam facultadas condições tanto teóricas quanto práticas para que a sociedade o perceba como peça fundamental no processo educativo e mais ainda, no processo de mudança, de transformação social.”
(BARREIRO, 2004. p. 5)
Há muito vem se discutindo sobre inclusão digital no Brasil, o que ela
representa, como deve ser realizada. Muitas definições são propostas, mas no
trabalho de monografia, adotaremos a definição dada pelo governo eletrônico
brasileiro8, que diz que inclusão digital,
“é a denominação dada, genericamente, aos esforços de fazer com as populações das sociedades contemporâneas - cujas estruturas e funcionamento estão sendo significativamente alteradas pelas tecnologias de informação e de comunicação - possam: - obter os conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de proficiência os recursos de tecnologia de informação e de comunicação existentes; - dispor de acesso físico regular a esses recursos.”
http://www.disabilityworld.org/05-06_01/spanish/acceso/inclusiondigital_port.shtml
As escolas cada vez mais estão sendo equipadas com computadores,
porém apenas equipa-las com as máquinas, não garantem a inclusão digital, é
preciso capacitar os professores, para que estes com auxilio de monitores,
façam o trabalho da inclusão digital, pelo menos no âmbito escolar.
“a tecnologia pode contribuir facilitando a aprendizagem. Operar segundo este paradigma favorece maior interesse na busca de
8 O desenvolvimento de programas de Governo Eletrônico tem como princípio a utilização das modernas tecnologias de informação e comunicação (TICs) para democratizar o acesso à informação, ampliar discussões e dinamizar a prestação de serviços públicos com foco na eficiência e efetividade das funções governamentais. (http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br)
16
respostas e é um passo muito importante para a construção do conhecimento, assim como para a inclusão social e digital.”
(BARREIRO, 2004. p. 5)
O professor deve ir além daquilo que se vê na tela do computador, é
preciso um forte trabalho de mediação, perceber as possibilidades pedagógicas
que a máquina oferece e assim trabalhar com seus alunos para a construção
de conhecimentos significativos.
17
CAP 3 – TECNOLOGIA EDUCACIONAL
A capacidade de comunicação e expressão dos seres humanos permitiu
aos mesmos passar de geração a geração os conhecimentos construídos ao
longo de sua história. Toda ferramenta que aparece para auxiliar e melhorar
essa construção de conhecimentos consideramos tecnologias9 educacionais.
São exemplos desta a lousa, os livros, as bibliotecas, as salas de aula, a
televisão, o rádio e etc. Na atualidade o computador se torna cada vez mais
presente na educação, e é considerada uma forte ferramenta, que se bem
utilizada pode auxiliar muito o trabalho do professor e o aprendizado dos
alunos.
Pensando na utilização de novas tecnologias educacionais podemos
citar:
• BLOGS - são páginas na Internet de fácil utilização, que permite uma
atualização rápida e dinâmica. E é tema principal deste trabalho
monográfico, portanto será explicado com maior profundidade, em
capítulo próprio;
Exemplo de blog: www.educultirsao.blogspot.com
9 Tecnologia – segundo o dicionário Houaiss é uma teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.)
18
• Wiki - sistema on-line de elaboração coletiva de textos, um texto
publicado na Internet pode ser alterado ou mantido atualizado por um
grupo de pessoas determinado, ou ser livre para qualquer pessoa
modificá-lo e complementá-lo. O melhor exemplo de boa utilização é a
enciclopédia virtual wikipédia10, a página inicial do site pode ser vista
abaixo;
Fonte: página de boas vindas do wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Boas-vindas
• WebQuest - sistema de pesquisa orientada, segundo o site vivência
pedagógica,
“é uma metodologia de pesquisa orientada, em que quase ou todos os recursos utilizados são provenientes da Web. Foi proposta pelo Professor Bernie Dodge, da Universidade de São Diego, em 1995. Para desenvolver uma WebQuest é necessário criar um site que pode ser construído com um editor de HTML, serviço de blog ou até mesmo com um editor de texto que possa ser salvo como página da Web”
(Vivência pedagógica, 2008)
WebQuest sobre Mario Quintana - http://br.geocities.com/marlidf/webquest/introducao.htm
10 Wikipédia é uma enciclopédia escrita em colaboração pelos seus leitores. Este sítio utiliza a ferramenta Wiki, que permite a qualquer pessoa, melhorar de imediato qualquer artigo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Boas-vindas
19
• WebGincana - uma espécie de caça ao tesouro na web, que estimula a
pesquisa orientada, o site exibe uma série de questões e mostra uma
lista de sites em que as respostas podem ser encontradas. No site:
http://webgincana.utopia.com.br/testes/ encontra-se 5 bons exemplos de
webgincana.
• Criação de vídeos e stop motion (vídeo que traz imagens colocadas em
seqüência dando a impressão de ação), a criação desses vídeos podem
ser feita com softwares simples como o Windows Movie Maker11.
• Elaboração de podcast, que são arquivos de áudio compartilhados na
web;
• E muitas outras ferramentas, como simples editores de texto que podem
ser utilizadas de forma muito efetiva.
As tecnologias educacionais podem ajudar em muito os profissionais da
área da educação, tanto na elaboração de material, quanto para auxiliá-lo no
processo de aprendizado dos alunos. No entanto não deve-se pressupor que
apenas a tecnologia será capaz de garantir o aprendizado dos alunos. É
preciso muita intervenção do professor, além de interesse e aplicação por parte
de professor e aluno.
A lousa, o rádio, a televisão, o retro-projetor, a sala de aula, a biblioteca,
o computador, por si sós não são tecnologias educacionais, esta implica a
utilização destes equipamentos de forma adequada para que não seja apenas
um mero instrumentismo, ou seja, os equipamentos estão sendo utilizados,
mas não de forma inovadora, é o que diz Jarbas Novelino em publicação à
Quaderns Digitals12, no texto Tecnologia é imaginação, considerações sobre o
uso de ferramentas em educação.
11 Programa (software) da Microsoft que permite criar, editar e compartilhar filmes. 12 Revista digital - http://www.quadernsdigitals.net/index.php?accionMenu=inicio.InicioIU.getLista
20
“1. adota novos meios de comunicação e informação transferindo antigas arquiteturas para ambientes que não as acomodam de maneira eficiente; 2. elege as qualidades de engenharia como portadoras de inovação na transmissão de informação e elaboração de novos conhecimentos; 3. ignora a necessidade de inventar soluções estéticas apropriadas aos novos meios; 4. gera deslumbramento por ferramentas que não são bem compreendidas, embora usadas com muito entusiasmo; 5. desconhece a circunstância de que tecnologia é sobretudo, inteligência humana, não uso indiscriminado de ferramentas.”
(BARATO, 2008)
Antes de utilizar qualquer tecnologia na educação, o professor deve ter domínio
total sobre o conteúdo, e sobre as possibilidades que essa tecnologia traz.
Valente fala sobre isso, dizendo que
“em uma determinada situação, a TV pode ser mais apropriada que o computador. Mesmo em relação ao computador existem diferentes aplicações que podem ser exploradas, dependendo do que está sendo estudado ou dos objetivos que o professor pretende atingir.”
(VALENTE, 2005, p. 23)
As tecnologias educacionais devem aparecer no processo a contribuir
com os alunos para a construção do conhecimento, e caberá ao professor
verificar se isto está ou não acontecendo.
Está ocorrendo uma concepção errônea sobre o conceito de tecnologia
educacional, muitos educadores estão acreditando que esta deve tornar a
educação divertida, e divertida entenda-se abrir mão de esforço intelectual e
elaboração pessoal
“Estamos falando aqui de uma alternativa do modo experiencial de cognição. Ela é envolvente, interessante e não exige muito esforço do expectador ou jogador. Ela é, numa palavra, divertida. Como essa dimensão dos meios de comunicação faz grande sucesso, muitos educadores passaram a considerá-la como solução para encantar os estudantes.”
(BARATO, 2008 – Tecnologia é educação)
21
As tecnologias educacionais devem despertar o interesse dos alunos
pelos assuntos e temas abordados e não pelas tecnologias em si. Por exemplo,
a utilização dos computadores na educação, este deve fazer que o assunto
abordado se torne mais atrativo, interessante, e que estimule os alunos a
construir o seu conhecimento, mas o que se vê freqüentemente é que os
alunos se interessam mais pelas máquinas do que pelo conteúdo abordado
pelo professor.
“Nos anos de 1970 ele dava aulas de história num programa de educação de adultos. Para dinamizar suas aulas levou um videocassete a fim de mostrar alguns episódios da história do Brasil. Obteve grande sucesso. Não no campo de resultados de aprendizagem. Mas no campo de interesse por suas aulas. Os alunos, porém, não se entusiasmaram tanto com os filmes. Entusiasmaram-se mais com a possibilidade de manipular aquela novidade tecnológica. Cessado o efeito novidade, as aulas com uso de videocassete caíram na rotina.”
(HAMMOUD apud BARATO, 2008)
A tecnologia educacional deve proporcionar novas experiências aos
alunos de maneira a estimulá-los sempre de forma reflexiva, e para isso é
preciso saber quando e que tipo de tecnologia utilizar.
“...o modo reflexivo pode proporcionar grandes prazeres a quem consegue embarcar em soluções de problemas, desenvolvimento de novas idéias, descoberta de novos campos de saber etc., mas nunca é divertido. ...necessidade de encontrar linguagem própria e adequada para cada um dos meios de informação e comunicação disponíveis.”
(BARATO, 2008)
É preciso conhecer as tecnologias educacionais, saber onde cada uma
pode ser aplicada de melhor forma possível para trazer aos alunos novas
maneiras de se ver um mesmo ou novo conteúdo. As tecnologias educacionais
não devem facilitar o trabalho intelectual, pelo contrário devem estimula-lo ao
máximo.
22
3.1 – RELATOS DE USO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Os relatos aqui apresentados não possuem conotação experimental, muito
menos comprovativas, servem apenas de ilustração para a utilização
pedagógica de algumas tecnologias educacionais. Todos os relatos são de
professores de escolas particulares, que me mandaram as experiências via e-
mail, e pediram para que seus nomes não saíssem publicados, temendo
represália das escolas em que trabalham. Dois professores fizeram esses
trabalhos de forma paralela ao programado pela coordenação pedagógica da
escola, e por essa razão preferem não ter os nomes publicados. Uma outra
professora diz ter feito o trabalho mesmo sem a aprovação da diretora da
escola, e mesmo obtendo ótimos resultados no final, teve seu trabalho
recriminado pela parte administrativa por não seguir ordens superiores. Outros
dois preferiam simplesmente não ter os nomes divulgados, pois não tinham
autorização da escola para falar de projetos ou trabalhos realizados dentro da
instituição.
3.1.1 – BLOG e Língua Portuguesa
O professor utilizou os blogs para auxiliá-lo no aprendizado dos alunos dos
conteúdos vistos em sala de aula.
“O blog se apresentou como uma ferramenta bem interessante no auxílio da aprendizagem dos alunos nas aulas de Língua Portuguesa. Utilizado como recurso didático, pode possibilitar que os alunos compartilhem textos, reflexões, opiniões, vinculadas ao seu cotidiano escolar, sempre procurando enriquecer os estudos diários. Além de poderem analisar diversas situações de aprendizado em interpretação de textos, conclusões e ortografia, se mostram interessados em estar desenvolvendo uma atividade diretamente no computador, instrumento tão visado e atrativo para os nossos alunos atualmente. Os resultados foram bem satisfatórios e pretendo continuar usando o blog como ferramenta de apoio no aprendizado de conteúdos em sala de aula.”
23
3.1.2 – Projeto blog das 4as séries Relato de professor que utilizou blogs em turmas de quartas séries para
auxilia-lo na interação com os alunos. O blog permitiu ao professor utilizar a
Internet de forma mais segura, pois selecionava tudo o que os alunos
acessariam previamente.
“Este projeto foi algo novo este ano, muito utilizado pelos alunos, os quais, sempre visitaram o site, inclusive alguns pais, também. Os blogs publicaram idéias em tempo real e possibilitaram a interação com qualquer pessoa do mundo que esteja conectada. Sua principal característica foram os textos curtos e os vídeos que puderam ser lidos, assistidos e comentados. Como num veloz arquivo eletrônico, ele permite a abordagem de diversos assuntos, aumentando a interatividade com os visitantes, que passam a constituir uma comunidade. Ampliam-se assim, as possibilidades de um diálogo com outras formas de saber entre as diferentes disciplinas do conhecimento escolar. Na educação , os blogs são uma excelente ferramenta para publicação de idéias. Esses diários eletrônicos são uma ferramenta diferente, com potencial para reinventar o trabalho pedagógico. Vantagens de trabalharmos com este projeto: apresentação de conteúdos; preparação de atividades com vídeos; Reflexão em torno de temas educativos; Apresentação de projetos/trabalhos realizados por alunos; Apoio a uma disciplina; A web é uma ótima ferramenta para compartilhar conhecimento; Escrever sobre algo, implica em reflexão e crítica, o que é fundamental no processo de ensino-aprendizagem; Desenvolver a habilidade de gerenciar informação; Desenvolver a habilidade de transformar informação em conhecimento; Desenvolver o espírito de colaboração (aprender a conviver); Aprender a aprender. Os conhecimentos adquiridos pela turma durante os projetos de estudo, bem como as demais atividades, podem ser registradas no blog, sendo possível enriquecer os relatos com links, fotos, ilustrações e sons. Os blogs são usados com o objetivo de desenvolver o hábito de registro e para divulgar boas iniciativas. São estratégias que visam dar a palavra aos estudantes e desenvolver a sua criatividade. Para os professores: Desenvolvimento de projetos escolares; Trabalhos Inter-trans-Multi disciplinares;Produção de material instrucional.”
3.1.3 – Wiki uma experiência coletiva
A professora, visando o trabalho cooperativo, e exercício da escrita e
imaginação criou um livro virtual utilizando-se da ferramenta cooperativa de escrita
wiki.
24
“Com meus alunos da 3ª série do ensino médio utilizei wiki, para trabalhar a imaginação e a escrita. Fizemos uma espécie de livro virtual, criamos um wiki no site http://pbwiki.com/, que é gratuito. O site é em inglês, mas muito intuitivo e fácil de utilizar. Estabelecemos um rodízio entre os alunos, e algumas regras, cada aluno deveria respeitar o rodízio, e escrever apenas um parágrafo ou um diálogo completo. Tudo a ser escrito teria que estar coeso com o que já havia sido escrito. O tema e título do livro virtual foram discutidos e definidos em sala de aula. Criei o wiki, e a criação do livro começou, no inicio os alunos se sentiram um pouco intimidados com a nova experiência, mas logo se empolgaram, e um começou a pressionar o outro para escrever logo, e assim chegar suas vezes. Eu como professora, procurei não intervir nas idéias do texto me atentando apenas às concordâncias e erros gramaticais que levava à sala de aula para serem discutidas e depois corrigidas no texto. Concluindo, achei o trabalho muito satisfatório, os alunos passaram a tentar escrever de forma mais polida e clara, com menos erros ortográficos, e exercitaram a leitura, a escrita, a imaginação, a interpretação, e o trabalho coletivo.”
3.1.4 – WebGincana uma pesquisa segura
A professora notando a necessidade dos alunos de informações sobre
drogas, e notando a presença de conteúdos pouco apropriados a idade deles,
resolveu utilizar a webgincana, proporcionando uma pesquisa mais dinâmica e
segura, pois ela direcionou a pesquisa a sites que julgou adequados, e com
informações corretas e relevantes.
“Percebi que muito de meus alunos do 5º ano do ensino fundamental estavam com muitas dúvidas sobre drogas, propus uma pesquisa na Internet, mas descobri junto a eles, que existem coisas pesadas de mais para a idade deles, e desnecessárias de serem vistas. Então me deparei em um dilema, faço eu a pesquisa e monto uma apresentação ou deixo o tema para ser abordado quando tiverem mais idade? Pesquisando encontrei as WebGincanas, e percebi que elas completavam as minhas necessidades. Estimulavam a pesquisa, e ao mesmo tempo a orientava, de forma que as informações que os alunos iriam ter acesso seriam adequadas, e corretas. Criei uma webgincana, como não tenho domínio sobre programação HTML13, adaptei a webgincana em um blog. Foi uma experiência nova para mim e para os alunos, tive resultados ótimos, os alunos se informaram sobre o assunto em
13 Programação HTML é a linguagem básica utilizada na criação de sites na internet.
25
questão, mostraram grande interesse nessa nova maneira de pesquisar, um aluno até comentou: “professor, muito legal essa webgincana, como você mostra os sites que vamos pesquisar, não tem erro de pegarmos informações ruins”.
3.1.5 – Arte com tecnologia
A professora mesmo com certo medo de utilizar o computador em suas
aulas de artes, gostou da ferramenta stop motion que ouviu falar, e resolveu
utiliza-la com seus alunos, e foi muito bem sucedida segundo seus relatos.
“Sou professora de artes a cerca de 15 anos, e no ano passado utilizei o computador pela primeira vez em minhas aulas. Tinha receio de perder o foco da disciplina artes ao usar o computador, no em tanto ouvi falar do stop motion, e me despertou muito interesse. Tive a idéia de criar um vídeo com os alunos da 4ª série, utilizando massa de modelar. Falei para a turma e logo de inicio todos adoraram a idéia. A sala toda iria produzir o mesmo vídeo, mas era preciso dividi-los em equipes de roteiro, fotografia, modelagem, dublagem e edição. Essa separação foi realizada após discutir o tema do vídeo, e todos optaram em fazer um vídeo sobre reciclagem. O trabalho durou cerca de 2 meses, e o resultado final foi excelente, no decorrer alunos foram trocando de equipes, ficando onde melhor se adaptavam. Foram utilizadas massinhas feitas pelos próprios alunos, o trabalho de roteiro, apesar de ter uma equipe para isso, foi feito coletivamente todos dando idéias e propondo melhorias. Na modelagem alguns alunos se destacavam pela facilidade em atribuir formas à massa. Na edição, os alunos tiveram suporte do setor de informática da escola. Consegui com esse trabalho, unir toda a turma em um único objetivo, o que era muito complicado em específico nessa turma, que apesar de novos já possuía muitos grupinhos fixos, que não se davam muito bem uns com os outros. Exercitei o trabalho artístico em vários momentos, no roteiro, na dublagem, na modelagem e na confecção da massa. “
Utilizando do título de uma das publicações do professor Jarbas
Novelino Barato, realmente tecnologia é imaginação. Cabe ao professor o
papel de educador, interventor, explorador, para utilizar as tecnologias que
possui às mãos para junto de seus alunos construir um conhecimento
significativo para o aprendizado escolar e formação do cidadão.
26
3.2 – TIC – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Novas tecnologias sempre surgem com o avanço das pesquisas e
estudos científicos. Tecnologias sempre surgem para facilitar nossas vidas,
“mas também não podemos ignorar que a excessiva dependência delas nos
torna vulneráveis, individual e coletivamente” (MORAN, 1998, p. 68).
As TICs ou tecnologias da informação e comunicação, estão
promovendo uma nova maneira de nos comunicarmos, tudo está se tornando
cada vez mais dinâmico, por meio dos computadores temos a possibilidade de
conversar com pessoas reais de todo o Planeta, por meio de uma comunicação
virtual, como diz Moran,
“eu permaneço aqui, na minha casa ou escritório navego sem mover-me, trago dados que já estão prontos, converso com pessoas que não conheço e talvez nunca verei ou encontrarei de novo.”
(MORAN, 1998, p. 68)
As TICs estão permitindo cada vez mais que tenhamos escolhas quanto
ao virtual e ao real, e a tendência é que utilizemos o virtual para ações
rotineiras, em que a presença física não nos traga mais satisfação que as
facilidades do virtual, assim Moran nos relata,
“O que consideramos fundamental nas nossas vidas o faremos presencialmente. As tarefas, serviços, trabalho e a manutenção dos grupos a que pertencemos poderemos fazê-lo virtualmente”.
(MORAN, 1998, p. 76)
Segundo Moran a interação virtual e física pode variar de pessoa para
pessoa, cada pessoa possui um interesse diferente, um nível de socialização
específico, dentre outros fatores que determinarão se essa pessoa se sente
melhor em interações virtuais ou físicas. É importante lembrar que interação
virtual não é restrito ao computador, aos chats14, etc. Ao entrar em contato com
14 chats , em inglês significa conversas, chats são conversas virtuais em tempo real que podem acontecer em um site ou softwares de mensagens instantâneas.
27
histórias fictícias de filmes, novelas, seriados as pessoas estão emergidas em
um mundo virtual, como diz o estudioso,
“Muitos vivem hoje mais interações virtuais do que reais, se emocionam mais com histórias de uma telenovela do que com historias semelhantes que acontecem ao seu redor”.
(MORAN, 1998, p. 77)
A relação virtual entre pessoas vai além da simples comunicação por
meio de computadores, ela possibilita a construção de conhecimento, pois
permite um amplo trabalho coletivo de cooperação, em que um complementa o
outro, e quando isso não acontece um professor ou especialista pode suprir as
maiores dúvidas.
“A ação de cada aprendiz produz resultados que podem servir como objetos de reflexão. Essas reflexões podem gerar indagações e dificuldades que podem impedir um aprendiz de resolver o problema ou projeto. Nessa situação, ele pode enviar essas questões ou uma breve descrição do que ocorre para os demais membros do grupo ou para um especialista. Esse especialista reflete sobre as questões solicitadas e envia sua opinião, ou material, na forma de textos e exemplos de atividades que poderão auxiliar o aprendiz a resolver seus problemas.”
(VALENTE 2005 – Integração das tecnologias na educação, p. 29)
Fonte: imagem copiada do livro Integração das tecnologias na educação, p. 29
28
Vygotsky também relata sobre a importância do aprender coletivamente,
que é na interação daqueles que sabem mais com os que ainda não
conseguem fazer sozinhos que o conhecimento se desenvolve, e ainda vai
alem, diz que o
“aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daquelas que as cercam.”
(VYGOTSKY 1998)
As TICs, principalmente o computador, e em específico a Internet, está
permitindo às pessoas acesso as informações como nunca antes foi visto,
podemos saber o resultado do jogo de futebol segundos após o seu termino,
quando não acompanhado em tempo real. Pode-se ver os gols, escutar e ler
comentários. É possível ver a previsão do tempo, escutar o noticiário, ler mais
de um jornal. No entanto, todo esse acesso a informação de nada serve se não
colocada em uso, na educação, o aluno não vai aprender tudo de história
apenas visitando diversos sites sobre o assunto, é o que diz Valente,
“Se a informação obtida não é posta em uso, se ela não é trabalhada pelo professor, não há nenhuma maneira de estarmos seguros de que o aluno compreendeu o que está fazendo. Nesse caso, cabe ao professor suprir essas situações para que a construção do conhecimento ocorra.”
(VALENTE, 2005, p. 28)
O termo TIC é cada vez mais visto em diversas áreas de atuação, na
educação não poderia ser diferente, as tecnologias educacionais são todas
TICs. O desafio é utilizá-las de forma eficaz, que traga melhoras ao sistema de
ensino, e aprendizado dos alunos. As TICs se não forem bem utilizadas podem
não surtir efeitos positivos. Um bom exemplo foi uma propaganda amplamente
divulgada na televisão, de uma empresa de Internet de banda larga15, em que
os alunos que a possuíam em casa traziam trabalhos muito extensos, cheio de
imagens, e a professora recebia com grande contentamento, e recebe sem
entusiasmo algum o trabalho, do aluno trajado de homem das cavernas,
15 Banda larga, é o nome dado à internet de alta velocidade, geralmente utiliza-se de cabos, ondas de radio ou satélite.
29
esculpido na pedra. O que ocorre no caso, é um explícito acordo e agrado por
parte da professora com as cópias que os alunos fizeram da Internet, e um
desafeto ao aluno que fez o trabalho com seu esforço e dedicação. As TICs
devem surgir para ajudar os alunos a construir o conhecimento, a trabalhar as
informações em prol de um aprendizado. Valente coloca muito bem a
contraposição de informação X conhecimento.
“O conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, muito próprio e impossível de ser passado – o que é passado é informação que advém deste conhecimento, porém nunca o conhecimento em si.”
(VALENTE, 2005, p. 24)
Outro ponto que Valente toca é o do ensinar X aprender, muitos ainda
pensam no ensinar como o simples ato de transmitir informações. O que
sabemos não ser verdade, se assim fosse, qualquer pessoa poderia aprender
tudo assistindo televisão, ouvindo rádio, utilizando um computador, lendo
jornais.
“...aprender significa apropriar-se da informação segundo os conhecimentos que o aprendiz já possui e que e que estão sendo continuamente construídos. Ensinar deixa de ser o ato de transmitir informação e passa a ser o de criar ambientes de aprendizagem para que o aluno possa interagir com uma variedade de situações e problemas, auxiliando-o em sua interpretação para que consiga construir novos conhecimentos.”
(2005 P.26)
A professora Beth Almeida16 em entrevista ao Jornal do Professor disse,
referindo-se a dispositivos de mídia e tecnologia,
“O essencial é que este dispositivo possua ferramentas de produção colaborativa de conhecimento, de busca de informações atualizadas. Isso possibilita uma comunicação multidirecional, na qual todos são autores do processo ou, pelo menos, têm potencial para ser.”
(ALMEIDA, 2008)
30
Voltando ao caso da propaganda e baseando-se nos aspectos
levantados, fica claro que os alunos não construíram nada, apenas
organizaram as informações, sem nenhuma interpretação ou muito menos
compreensão. Ao passo que a professora não assume uma postura de ensinar,
ela simplesmente aceita a idéia de que ensino é apenas transmissão de
informação.
Para se construir um conhecimento significativo aos alunos, o professor
deve conhecer a zona proximal de desenvolvimento de cada um,
“Vygotsky considerou que a criança só pode operar dentro de certos limites siyuados entre o seu desenvolvimento (já atingido) e as suas possibilidades intelectuais. E relacionou a arendizagem com o desenvolvimento em um constructo denominado zona proximal de desenvolvimento (ZPD).”
(PROINFO, 2000, v.1, p. 69)
“O que a criança a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinha amanhã. Portanto, o único tipo positivo de aprendizado é aquele que caminha à frente do desenvolvimento, servindo-lhe de guia... o aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não para o passado”.
(VYGOTSKY, 1989, p.89)
Assim se nota a importância do professor, de ter tato para identificar e
saber o que o aluno traz de bagagem (conhecimento prévio), verificar suas
possibilidades intelectuais, e finalmente utilizar as TICs como forma de auxiliá-
lo a estimular a interação entre os alunos e então promover o aprendizado dos
mesmos.
As TICs são uma realidade em diversos setores, e na educação elas
devem ser utilizadas para auxiliar na formação de cidadãos mais críticos
capazes de construir seu próprio conhecimento, e assim tornar a sociedade
mais igual e justa, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
16 Professora associada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
31
CAP. 4 – INTERNET
Para se conectar a Internet é preciso uma linha telefônica para conseguir
acesso discado, ou então possuir serviços de banda larga. No Brasil os mais
conhecidos são Speedy, BrTurbo, NetVirtua e AJato.
A Internet é composta de várias redes que ligam mundialmente diversos
computadores. Para se navegar17 na Internet é preciso um web browser, mais
conhecido como navegador. Os mais conhecidos são Internet Explorer e
FireFox.
Aparência do navegador Internet Explorer 7
Aparência do navegador Firefox 3
17 Navegar – é o termo utilizado pelos usuários de internet para explorar seu conteúdo.
32
4.1 – WWW – WORLD WIDE WEB Para acessar qualquer documento, site, informação na Internet é preciso
um endereço que sempre se inicia com o www. Exemplos: www.uol.com.br,
www.blogger.com, www.terra.com.br, e etc.
“A World Wide Web (que significa "rede de alcance mundial", em inglês; também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras. Para visualizar a informação, pode-se usar um programa de computador chamado navegador para descarregar informações (chamadas "documentos" ou "páginas") de servidores web (ou "sítios") e mostrá-los na tela do usuário. O usuário pode então seguir as hiperligações na página para outros documentos ou mesmo enviar informações de volta para o servidor para interagir com ele. O ato de seguir hiperligações é comumente chamado de "navegar" ou "surfar" na Web.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Www
Local para digitar endereços de sites
Endereços gravados
Imagem do navegador Internet Explorer 7, com alguns endereços gravados,
ilustrando onde deve ser digitado, e também a necessidade do uso www.
33
4.2 – SITES
Sites são páginas na Internet formadas por textos, vídeos, imagens. São
hospedadas em um servidor e geralmente utilizam protocolo HTTP18. Os sites
podem ter acesso livre ou restrito. O moderador do site é responsável por sua
administração. Os sites podem ser para informação, diversão, comunicação, e
qualquer outro fim que consiga estabelecer à ele.
4.3 – DISTÂNCIAS REDUZIDAS Com a Internet é possível conhecer o mundo inteiro dando alguns
cliques19, navegando na Internet é possível ver vídeos de todas as partes do
mundo, conhecer pessoas de todos os países, ver fotos de todos os pontos
turísticos. Educacionalmente é uma ponte cultural, pode-se abrir o mundo para
os alunos, mostrar que existe mais lá fora do que eles imaginam, mais que o
bairro dele, mais que a cidade dele, existe um mundo todo para ser explorado e
visto. Com o auxílio do Google Earth20 é possível mostrar aos alunos a rua
onde moram, o bairro, a cidade, “viajar” até Paris e mostrar a Torre Eiffel, ou ir
até o Japão e mostra o Monte Fuji, e por que não olhar o Cristo Redentor, no
Rio de Janeiro, Brasil?
Museu do Louvre21
Fonte: site oficial do museu (http://www.louvre.fr/llv/musee/alaune.jsp?bmLocale=en)
18 http – protocolo de comunicação utilizado para transferir dados pela internet. 19 Clique – termo utilizado para a ação de clicar em alguma coisa, com o cursor do mouse. 20 Google Earth é um programa desenvolvido e distribuído pelo Google cuja função é apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de fotografias de satélite obtidas em fontes diversas. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Google_earth dia 09/04/08) 21 instalado no Palácio do Louvre, em Paris, é um dos maiores e mais famosos museus do mundo.
34
4.4 – FACILIDADES
A Internet facilita a vida de milhares de usuários ao redor do globo,
compras on-line22, pagamento de contas pela Internet, informações úteis
(trânsito, tempo, telefones úteis, mapas, serviços públicos), dentre outras
coisas que facilitam muito a vida das pessoas.
4.5 – CUIDADOS O estreitamento de relações que a Internet proporciona também traz
seus perigos. Um exemplo que vem sendo muito discutido nos últimos anos é a
pedofilia na Internet.
“Habilidosos, os pedófilos criam mecanismos para atrair crianças utilizando a própria linguagem infantil. A violência cibernética se concretiza, basicamente, em dois níveis: um deles consiste em conquistar a garotada para a prática sexual ou buscar nessa criança o objeto para a exposição de fotografias em situações eróticas. O outro é jogar para as crianças imagens pornográficas sem a menor cerimônia e, a partir delas, estabelecer um vínculo promíscuo. Para isso, é frequente a estratégia de estabelecer um link entre uma palavra comum ao vocabulário das crianças – como, por exemplo: kids, Mickey, ninfetas, chiquititas e outras – e os mecanismos de busca. Os menores, dentro de suas próprias casas ou até nas escolas, digitam qualquer uma dessas palavras numa pesquisa em sites de busca e em poucos segundos estará diante de centenas de imagens com conteúdo de pornografia infantil.”
Revista ISTOÉ ONLINE – Perigo digital - Alan Rodrigues e Mário Simas Filho http://www.terra.com.br/istoe/1829/ciencia/1829_perigo_digital.htm - 26/05/2008
Esta reportagem é de 2004, quase 4 anos atrás, e ainda é um tema em
muita evidência. O site de relacionamentos Orkut23 tem sido utilizado por
muitos pedófilos como mostra reportagem da SaferNet Brasil24.
22 On-line é o termo utilizado pelos usuários de internet para tudo que está disponível ou conectado. Compras on-line, seria compras realizadas em sites especializados. Estar on-line é estar disponível para conversas. 23 Orkut, é um site de relacionamentos. www.orkut.com.br 24 SaferNet Brasil - é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que reúne cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em Direito com a missão de defender e promover os Direitos Humanos na Sociedade da Informação no Brasil.
35
“...o Orkut acabou virando um celeiro de pedófilos no Brasil. É o
que revela um relatório elaborado, a pedido do Ministério Público
Federal..” Trecho de texto de Paola Oliveto – Pedofilia no Orkut, 23/08/06 -
http://209.85.215.104/search?q=cache:bUPK5lYV_e4J:www.denunciar.org.br/twiki/bin/view/SaferNet/Noticia20060823013403+orkut+pedofilia&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=2&gl=br – 29/05/08
No próprio Orkut encontramos:
“Com o Orkut é fácil conhecer pessoas que tenham os mesmos hobbies e interesses que você, que estejam procurando um relacionamento afetivo ou contatos profissionais. Você também pode criar comunidades on-line ou participar de várias delas para discutir eventos atuais, reencontrar antigos amigos da escola ou até mesmo trocar receitas favoritas.”
Orkut - http://www.orkut.com.br/About.aspx - 29/05/08
O ambiente gerado pelo Orkut é propício para que atos maldosos e
criminais aconteçam. A própria polícia tem-se utilizado do site para tentar coibir
atos de violência previamente planejados e atos criminosos, como a pedofilia.
Os pais devem ter muito cuidado com o que seu filho acessa na Internet e com
as pessoas com quem se relacionam.
A criação de uma política interna nas escolas para treinar os professores
quanto ao bom uso da Internet é fundamental, o que acontece, no entanto, é
que muitos ainda devem passar pelo processo de inclusão digital. Com
professores capacitados, a escola deve voltar as atenções para os alunos e
pais, e orientá-los da melhor forma possível sobre os perigos da Internet, mas
principalmente mostrando que se usada de forma correta é uma ótima
ferramenta para o aprendizado dos alunos.
“...no Brasil, todos os programas voltados para TICs na educação têm essa preocupação de capacitar os professores. Mais do que permitir o acesso à tecnologia, os programas trabalham a preparação dos educadores. E isso é uma questão de longo prazo, porque a formação se dá ao longo da vida, tem que ser continuada e voltada para a própria prática. Além disso, temos hoje várias pesquisas sendo desenvolvidas nesta área e o Brasil se destaca por ter um projeto de tecnologias na educação que integra a formação de educadores, a prática de uso de tecnologias e a pesquisa científica.”
(ALMEIDA, 2008 entrevista jornal do professor)
36
A Internet como a maioria das inovações tecnológicas surgiu para
facilitar a vida do ser humano, junto a essas facilidades vieram alguns perigos.
No âmbito educacional a Internet proporciona uma experiência sem igual
quanto ao acesso a informação e comunicação. É preciso ressaltar que acesso
à informação não garante aprendizado, muito menos construção de
conhecimento. É preciso que o professor esteja preparado para essa nova
ferramenta, sua formação deve ser contínua adequada a essas novas
necessidades, o professor deve ser aquele que é capaz de detectar as
necessidades dos alunos, e ver possibilidades de uso da Internet para auxiliá-lo
a suprir-las buscando em conjunto aos alunos formar e construir o
conhecimento que eles necessitam.
É preciso ter precaução com o que se lê na Internet, a facilidade para
expor conteúdos, torna a presença de material incorreto e de baixa qualidade,
inevitável. Sendo assim, faz-se necessário pesquisar em sites confiáveis, mas
mais do que isso, é preciso que o leitor reflita sobre a leitura, para discernir o
bom e o mau material.
37
CAP. 5 – WEBLOG OU BLOG
WEBLOGs ou simplesmente BLOGs, são páginas na Internet assim
como os sites, porém possui mecanismo simplificado de forma que qualquer
pessoa consiga postar textos, imagens e vídeos na Internet.
As pessoas criam blogs geralmente por dois motivos, “para convencer e
para deixar um registro” (HEWITI, 2007, p.137). Criar um blog é a maneira mais
fácil de escrever alguma coisa e torná-la pública. Para atingir um público
determinado ou não. Que é outro ponto a ser abordado, muitos autores de blog
escrevem para que outras pessoas leiam, mas quando seus blogs “passam a
ser ignorados tendo como únicas visitas um colega de faculdade ou um
cunhado... alguns ficam cansados e desistem do esforço” (HEWITI, 2007,
p.137). E é aí que está um fator fundamental, a Internet “oferece uma platéia
quase ilimitada... oferecer, não garantir” (HEWITI, 2007, p.137). Assim muitos
autores de blogs acham que por ter essa platéia disponível, bastará começar a
escrever para milhares de pessoas começarem a ler seus texto, no entanto a
sistemática não é essa, para pessoas que não são conhecidas, como
jornalistas famosos, atores, críticos, que já estão expostos na mídia. É preciso
um “trabalho de formiga”, é preciso que além de ter um bom conteúdo a ser
exposto, ter persistência no trabalho, pois se á algo que valha a pena ser lido,
alguém o lerá e as chances dessa pessoa passar para outra são grandes, e
assim aos poucos acaba criando o leitor fiel do blog.
“Os visitantes desses blogs de pequeno tráfego estão ligados a eles por alguma razão – amigos, parentes, colegas de trabalho – o impacto do comentário será maior do que se um estranho visitar... Esses blogs ocupam um nicho semelhante ao do informativo da associação de pais e mestres, do boletim da igreja e talvez do jornal local gratuito que cobre os esportes colegiais.”
(HEWITI, 2007, p.144)
Muitas pessoas tem a necessidade de saber que seu trabalho está
sendo acompanhado, e gosta de opiniões, comentários de pessoas próximas
ao autor geralmente surtem mais efeito do que os de estranhos, mas muitas
38
vezes os comentários de pessoas desconhecidas trazem mais verdades
consigo. Quando você não conhece a pessoa, não tem aquela preocupação
iminente de dizer toda a verdade com o medo de magoá-la.
5.1 – ORIGENS
O surgimento dos blogs não tem data específica, mas o termo weblog
surgiu em dezembro de 1997 com Jorn Barger que, em sua página pessoal
Robot Wisdom, postou pequenos comentários e alguns links. A própria origem
da palavra blog é uma mistura “entre web (página na Internet) e log (diário de
bordo)” (SCHITTINE, 2004, p.12). O Blog ainda mantém o mesmo visual dos velhos
tempos. O termo weblog é utilizado por servidores25 web para os acessos aos
mesmos, então com o tempo preferiu-se a utilização de uma versão mais curta,
BLOG. Peter Merholz em 1999 sugeriu o termo “we blog” (em português, nós
blog), e assim surgiu o verbo blogar, e por conseqüência o adjetivo blogger
para aqueles que utilizam os blogs. No entanto Blogger é um serviço de
publicação de blogs e por isso Branun sugeriu o termo bloggist (no Brasil é
mais usado blogueiro que faz referência a blogger, mas o termo bloguista
também é utilizado).
Robot Wisdom – Blog de Jorn Barger
25 Servidor é um sistema de computação que fornece serviços a uma rede de computadores.
39
Os blogs surgiram primeiramente como diários pessoais, que poderiam
ser privados ou abertos às pessoas. No entanto foi adquirindo outras funções.
Divulgação de trabalhos, páginas pessoais, educação, entretenimento,
informação etc. A popularização dos blogs se deu devido as suas
características técnicas simples, como diz Denise Schittine26:
“o blog surgiu como um sistema de disponibilização de textos e fotos na web27 menos complexo e mais rápido, o que facilitou a fabricação de páginas pó indivíduos com pouco conhecimento técnico”
(SCHITTINE, 2004, p.13)
5.2 – CARACTERÍSTICAS
O BLOG tem como principal característica a rápida atualização de seu
conteúdo, e este é exposto em ordem cronológica inversa, ou seja, as
postagens mais recentes se encontram no inicio da página.
Outra característica marcante dos blogs são as ligações com outros
blogs e sites, formando a blogosfera, que é a rede de blogs interligados, a
dinamicidade dos blogs é uma forte ferramenta de informação e comunicação.
Os comentários de cada post é o que permite uma comunicação rápida e
dinâmica entre autor e leitores.
Os blogs possuem classes ou categorias, podem ser de conteúdo aberto
ou privado, falar de trivialidades ou de assuntos polêmicos, pode ter cunho
informativo ou apenas de entretenimento. Acontece que o blog vai assumir em
certa parte as características do seu autor. Forma de escrita, organização,
aparência, conteúdo etc.
Muito se diz sobre o privado e o público, com o blog, a partir do
momento que o autor permite qualquer pessoa visualizar as suas escritas e
postagem, tudo passa a ser público, por essa razão é preciso ter cuidado com
26 Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 27 Web – referente ao web do WWW, na gíria computacional web, refere-se à Internet.
40
o que se escreve, mas principalmente com o que se lê nos blogs. É preciso ter
em mente que muitos blogueiros são escritores informais, que muito do que
escrevem são nada mais que suas opiniões sobre determinado assunto, sem
nenhuma base científica ou comprovatória, tanto é que muitos blogueiros não
assumem identidade própria, como diz Schittini,
“o computador permite ao autor do escrito íntimo realizar um desejo que jamais poderia ter sido realizado através de outro meio de comunicação: o de se expor sem se identificar”
(SCHITTINE, 2004, p.35)
O surgimento dos diversos blogs deu origem a uma nova expressão a
blogosfera, que seria a rede de blogs na Internet. Essa nova forma de expor
informações para as pessoas de forma muito mais dinâmica e coorporativa,
tem revolucionado a maneira das pessoas verem e encararem os blogs.
“Kathleen Parker afirmou que a blogosfera se caracterizava pela velocidade, demandando uma nova palavra: instantaneidade (...) notícias em um instante de pixel28, porque os minutos de Nova York se tornaram lentos demais”.
(HEWITI, 2007, p.55)
Ainda sobre a velocidade e o dinamismo que a Internet proporciona
HEWITI diz, “Quem busca no Wall Street Journal da semana passada uma fonte para tomar decisões sobre investimento? Quem, antes de comprar uma ação, não confere algum serviço na Internet para ver os preços e as últimas manchetes? Em outras palavras, ‘informação confiável’ passou a significar, informação confiável muito recente” (HEWITI, 2007, p.121)
A sociedade tem uma demanda enorme por informação rápida e
confiável, para muitos já não é possível esperar até o jornal de amanhã, o tele
jornal da noite, ou esperar alguma coisa no rádio. Temos uma ânsia por
imediatismo, isso é devido à fluidez e dinâmica do mundo contemporâneo. E é
na blogosfera que se pode encontrar todo esse dinamismo e fluidez, noticias
28 é o menor elemento num dispositivo de exibição (como por exemplo um monitor), no caso do texto, refere-se como um tempo muito menor do que os minutos.
41
coletadas em portais, escritas de especialistas, comentários sobre algum
ocorrido, etc.
5.3 – CRIAÇÃO DE UM BLOG
O primeiro passo para criar um blog, é possuir uma motivação, ou seja,
um objetivo que o blog se destinará. Por exemplo, criar um blog para servir de
diário, ou para publicar notícias, e tudo que a criatividade permitir. No nosso
caso o destino do blog é para a educação.
5.3.1 – Publicadores de blogs
Antes de começar a montar um blog, é preciso escolher um publicador,
que é um site que nos da todas as ferramentas para construir e editar o blog,
além de hospedá-lo. Existem muitos publicadores de blog, os mais utilizados
no Brasil são:
Wordpress (www.wordpress.com) e Blogger (www.blogger.com)
Utilizaremos o blogger, por ser o mais popular, estar totalmente no
idioma português, ser mais simples de utilizar e possuir vários recursos.
5.3.2 – Passo-a-passo
Para criar um blog no blogger, é preciso possuir uma conta de e-mail.
Vários sites oferecem o serviço de e-mail gratuito, os mais conhecidos são:
42
Yahoo (www.yahoo.com.br), Hotmail (www.hotmail.com) e Gmail
(www.gmail.com).
Outro motivo da escolha do blogger como publicador, é que o site é
totalmente auto explicativo, ele informa tudo que é necessário para criar o blog.
Por essa razão este tópico não será muito detalhado, apenas falando o básico.
- acessar o site: www.blogger.com. Na página principal clicar na seta
laranja escrito “criar blog”.
- na página que se segue, preencha os campos solicitados. São eles,
respectivamente: endereço de e-mail; confirmação do endereço de e-mail;
senha; confirmação de senha; nome de tela; verificação de palavras; e marcar
o espaço de aceitação dos termos. E por fim clicar na seta continuar.
- agora deve-se atribuir: um título para o blog; o endereço do blog (ex. tc
ficará – www.tc.blogspot.com, ou diariodefulano, ficará –
www.diariodefulano.blogspot.com); e por fim clicar na seta continuar.
- na etapa que se segue é necessário a escolha de um modelo para o
blog, modelo também é conhecido como template, é a aparência do blog. Após
selecionar o modelo, clicar na seta continuar.
- a última página informa que o blog está pronto, e basta clicar na seta
começar a usar o blog.
- a página principal de gerenciamento do blog é a da imagem abaixo,
existem três abas principais, postagem, configurações e layout, indicados pelas
setas.
43
5.3.3 – Postagem
Ao clicar na aba de postagem, ficará disponível 3 campos de trabalho,
criar, editar postagem e moderar comentários.
5.3.3.1 – criar
É onde se cria as mensagens (posts) a serem publicadas no blog. Existe
um campo para escrever, funciona basicamente como um editor de textos,
pode-se alterar a fonte29, tamanho, posicionamento do texto, cor, é possível
inserir imagens do arquivo ou já existentes na Internet (neste último é preciso o
endereço de hospedagem da imagem), o mesmo vale para vídeos, por
exemplo, é possível passar um vídeo do youtube30 na própria página do blog.
5.3.3.2 – editar postagens
29 Fontes, referente a editores de texto, são os tipos de letras. Ex. arial, times new roman etc. 30 Youtube é o site de hospedagem de vídeos mais difundido na atualidade. Endereço do site: www.youtube.com
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É onde ficam todas as mensagens postadas no blog, e é também onde
permite edita-las, publicadas ou não. É aqui também que se pode apagar os
posts caso não tenha mais interesse de mantê-lo publicado.
5.3.3.3 – moderar comentários
Caso esteja ativado (a ativação é feita em configurações, que será
abordado à frente), é onde permite ser feita a moderação de todos comentários
feitos no blog, antes do comentário ser publicado ele precisa de sua
autorização.
5.3.4 – Configurações
Na aba configurações encontramos nove campos para trabalhar
configurar, são eles respectivamente: básico; publicação; formatação;
comentários; arquivamento; site feed; e-mail; OpenID; e Permissões. Todas as
configurações do blog serão feita nessa sessão. Nos prenderemos apenas às
configurações básicas, comentários e permissões.
5.3.4.1 – Configurações básicas
Nessa guia, temos acesso à:
• Título do blog – É possível alterar o titulo do blog a qualquer momento.
Este não é o endereço do blog, é a frase que aparecerá no topo da
página principal do blog;
• Descrição – é neste espaço que se pode escrever sobre o que o blog
trata, objetivos, apresentação pessoal, informações relevantes, etc;
• Adicionar blog às nossos listagens – essa opção diz se deseja tornar o
blog disponível ou não à listagem de blogs do publicador;
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• Permitir que mecanismos de pesquisa localizem seu blog – esta opção
permite dizer se o blog estará disponível em mecanismos ou sites de
busca31, é muito bom para tornar o número de visitas maior;
• Mostrar edição automática em seu blog – habilitando essa opção, um
link32 ficará disponível em cada parte que pode ser editado na página do
blog, isso após ter entrado com usuário e senha na tela inicial do
blogger;
• Exibir link enviar esta postagem – habilitando esta opção, abaixo de
cada post, fica um link que permite aos visitantes enviar o link do
referido post para alguém via e-mail;
• Conteúdo adulto – caso o blog tenha conteúdo adulto esta opção deve
ser habilitada, assim todo visitante será avisado sobre conteúdo adulto
antes de entrar no blog;
É nesta área que também fica disponível a opção para excluir o blog.
5.3.5 – Layout É na aba de layout que se fazem todas as configurações quanto a
aparência do blog e links que irão aparecer na página inicial. É possível mudar
o modelo do blog, adicionar Gadgets33, no blogger, existe uma infinidade de
gadgets prontos para serem adicionados ao blog, no entanto se o usuário
dominar programação computacional, pode criar seus próprios gadgets. Alguns
exemplos de Gadget, são aqueles contadores de visita, tocadores de música
(sintonizam uma radio on-line), mostrador de quantas pessoas estão on-line no
blog.
31 Sites ou mecanismos de buscas são ferramentas que nos permitem fazer pesquisas na internet, o mais conhecido e utilizado é o google – www.google.com.br 32 Link como o nome em inglês diz, é uma ligação. Os links na internet permite ir de uma página a outra, em linguajar simples, tudo que se clica na internet e te direciona a outra página é um link. 33 Gadget é uma gíria tecnológica recente que se refere a, genericamente, a algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior.
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É possível também posicionar os blocos de conteúdos, por exemplo
clicando e arrastando é possível escolher o lugar do arquivo do blog, do
gadget, etc.
Imagem da aba de configurações do layout.
5.4 – BLOG NA EDUCAÇÃO
Os blogs devem ser encarados como uma nova forma de atrair os
alunos para um mundo que sempre sofreu muita discriminação por parte deles,
o da escrita e leitura. Isso é possível, pois o blog tem algumas características
que esta nova geração está acostumada, dinamismo, acesso rápido à
informação, comunicação, socialização. E tudo depende da capacitação e
imaginação do professor,
“(...) tudo depende da imaginação do educador na hora de propor as atividades (...) É um espaço muito interessante, autoral. Os alunos se sentem orgulhosos e querem realizar bons
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trabalhos, que sejam valorizados pelos outros. Se o professor souber aproveitar, poderá ter ótimos resultados. Não podemos mais inibir o aluno, que já está tão acostumado com aquela caneta vermelha rabiscando o texto. O interessante do blog é que o estudante se manifeste sem restrições, interagindo com outros alunos e professores".
(BARATO apud RAGAZZI, 2006)
O uso do blog na educação pode trazer muito mais prazer e dinamismo
para a realização e apresentações de trabalhos, eles podem servir de arquivo
de documentos para alunos e professores. Contudo o mais importante é a
experiência social que ele proporciona, já que alunos e professores podem
discutir idéias e opiniões sobre determinados assuntos sem que estejam no
mesmo espaço físico e ao mesmo tempo.
A possibilidade de comentário em cada post é um excelente aliado do
professor.Ao fazer uma colocação no blog poderá ter idéia do que seus alunos
estão pensando ou assimilando sobre o que escreveu, isso numa velocidade
fabulosa. Para os alunos ler os comentários dos outros alunos, ampliam a sua
visão sobre o assunto, e pode aumentar seu nível crítico.
Assim o blog se apresenta como uma ótima forma professor do
professor melhorar seu trabalho com os alunos. O blog lhe proporcionará novos
espaços de socialização, avaliação, exploração e retorno dos alunos. Para os
alunos, o blog apresenta o novo, o trabalho que beira a diversão, portanto
agradável de fazer. Aquele tema complicado de se trabalhar com os alunos,
pode parecer muito mais atrativo se conduzido em parceria à utilização do blog.
No blog Boteco Escola34 é possível encontrar razões para criar um blog,
em uma tradução feita pelo próprio autor do blog do artigo Ways to use
weblogs in education35.
“O professor pode criar um diário eletrônico reflexivo para: Refletir sobre suas próprias experiências docentes; Ter um
34 Blog criado pelo professor Jarbas Novelino Barato, http://www.jarbas.wordpress.com 35 Local de consulta http://anvil.gsu.edu/EduBlogInsights/2004/10/04. , site hoje desativado.
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registro sobre experiências de capacitação docente; Escrever a descrição de uma unidade específica de ensino; Descrever o que funcionou para você na sala de aula, assim como o que não funcionou; Fornecer alguma dica de ensino para outros docentes. Escrever o que você aprendeu com outro professor; Explicar os insights que você tem a partir do que acontece na sala de aula; Compartilhar idéias de atividades de ensino ou jogos de linguagem para uso em sala de aula; Fornecer dicas de “como fazer” no uso específico de tecnologias em sala de aula, descrevendo como você usou determinadas tecnologias em sua classe; Explorar assuntos importantes sobre ensino e aprendizagem. O professor pode iniciar um blog da classe para: Postar mensagens sobre informações úteis tais como calendário, agenda de eventos, tarefas de casa e etc.Postar tarefas baseadas na leitura de referências recomendadas, e solicitar aos alunos que respondam em seus próprios blogs, criando um tipo de portfólio de seus trabalhos; Comunicar-se com pais se você está ensinando numa escola elementar; Postar desafios para a escrita; Fornecer exemplos de trabalho em sala de aula, de atividades de vocabulário, ou de jogos gramaticais; Fornecer exercícios de leitura on line para que seus alunos leiam e “reajam”; Reunir e organizar recursos da Internet para cursos específicos, fornecendo links para sites apropriados assim como informações sobre sua relevância; Postar fotos e comentários sobre atividades em classe; Convidar os alunos a comentarem ou postarem mensagens sobre determinados assuntos com o objetivo de lhes dar “voz” por meio da escrita; Publicar bons exemplos de redações dos alunos; Expor produtos de arte, poesia e histórias criativas dos alunos; Criar um site de ensino dinâmico, postando não somente assuntos relacionados com atividades da classe, mas também atividades, tópicos de discussão, links com informação adicional, informação sobre tópicos que os alunos estão estudando, leituras para inspirar a aprendizagem; Criar círculos de literatura; Criar clubes do livro on line; Fazer uso do comentário para que os alunos publiquem mensagens sobre tópicos utilizados no desenvolvimento de habilidades lingüísticas; Solicitar aos alunos para eles criarem seus próprios blogs individuais do curso, onde postarão suas próprias idéias, reações e trabalhos escritos; Postar tarefas para levar em frente aprendizagens baseadas em projetos; Editar jornais de classe, usando artigos escritos por alunos, assim como fotos que eles possam ter produzido; Linkar sua classe com outra classe em qualquer lugar do mundo. O professor pode encorajar seus alunos (seja em seu blog, seja por encorajamento via comentários nos blogs individuais deles) a publicarem: Suas reações a questões intelectualmente instigantes; Suas reações a fotos que você tenha postado; Diários pessoais; Resultados de investigações que eles tenham realizado sobre um tópico do programa; Suas idéias e opiniões sobre tópicos discutidos em classe. O professor pode incentivar seus alunos a criarem blogs para: Aprender sobre blogs; Completar tarefas de redação; Criar um portfólio sobre sua produção escrita; Expressar suas opiniões a
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respeito de tópicos que estão estudando; Escrever comentários, opiniões, ou questões sobre o noticiário dos jornais ou assuntos de interesse pessoal; Discutir atividades e dizer o que pensam sobre elas (Você, professor, pode aprender muito com isso!); Escrever sobre tópicos do programa de estudos, utilizando o novo vocabulário aprendido assim como novas expressões idiomáticas; Mostrar suas melhores redações. O professor também pode solicitar à classe para criar um blog comunitário para: Completar trabalho de projeto em pequenos grupos, designando para cada grupo uma tarefa diferente; Expor produtos de aprendizagens baseadas em projeto; Completar uma WebQuest.”
(tradução BARATO, 2005)
Como pode ser visto, o blog pode ser utilizado de muitas maneiras na
educação, tanto pelo professor, quanto pelo aluno. Acontece que não existe
uma maneira correta ou errada de se utilizar o blog na educação, existem
formas mais efetivas ou não de se utilizar o blog para os alunos construírem
conhecimentos significativos para si. O professor deve conhecer os alunos,
explorar as possibilidades do blog, e adequá-lo da melhor maneira para seus
alunos.
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II - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada na pesquisa foi de estudo de caso. Esta é uma
pesquisa qualitativa. Maria Alice Hofmann Martins36 cita Bogdan e Biklen
(1982) para definir este tipo de pesquisa de acordo com cinco características
básicas:
“1- A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento; 2 -Os dados coletados são predominantemente descritivos; 3- A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto; 4 - O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial do pesquisador; 5- A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.” (MARTINS, 2002)
O estudo de caso, por sua vez, é uma categoria de pesquisa cujo objeto
é analisar profundamente um caso. Este caso pode ser o estudo de uma algo
bem definido, como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma
pessoa, uma unidade social ou no caso o a utilização do blog como ferramenta
pedagógica. Visa conhecer o seu “como” e os seus “porquês”. É uma
investigação que se foca sobre uma situação específica, procurando descobrir
o que há nela de mais essencial e característico.
Embasado nas considerações de TICs aplicadas à educação, visando a
construção de conhecimento em conjunto, trabalhei com blogs em duas turmas
de 4º ano, e duas do 5º ano do ensino fundamental. O foco da pesquisa
baseou-se em alguns poucos aspectos. Tais como: prática da leitura e escrita;
trabalho cooperativo; correção gramatical; e imaginação.
Cada sala era composta por cerca de 30 alunos. E a duração da
pesquisa foi de dois bimestres, os alunos utilizavam o laboratório de informática
da escola uma aula por semana para trabalhar com os blogs. O laboratório
possuía 20 micro computadores, e internet de alta velocidade. A coleta de
dados foi feita em conjunto com os professores regulares dos alunos. Dados
36 Professor da UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
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como melhora na postura dos alunos quanto ao trabalho cooperativo, quanto à
leitura e escrita, erros gramaticais e imaginação.
1 – METODOLOGIA DO TRABALHO DESENVOLVIDO COM OS ALUNOS
Na sala de informática com o projetor multimídia, montamos o blog em
conjunto, escolhendo sua aparência e nome.
Toda semana os alunos deveriam trabalhar com o blog, comentando
sobre um texto, escrevendo sobre uma imagem ou vídeo. Sempre relacionados
aos conteúdos e realidade dos alunos.
Os alunos não editam o blog, apenas participam por meio de
comentários, e escolhas de temas a serem abordados, sempre dentro do
conteúdo geral visto em sala de aula.
Uma segunda etapa ainda não executada, colocará os alunos como
editores dos blogs, assim, cada aluno ou grupo de alunos serão responsáveis
por seus próprios blogs. Cuidando da aparência e do conteúdo, e
principalmente garantir que não se torne um blog isolado, é preciso que todos
os blogs da turma e de outras turmas se comuniquem, troquem informações,
um deve complementar o outro. O professor enquanto mediador, deve garantir
que os assuntos complementem uns aos outros
Os comentários dos alunos no início eram pobres, com frases curtas e
sem expressão, com uma série de erros ortográficos, o que deu espaço para
outra atividade, a cada semana os alunos deveriam procurar por erros nos
comentários e corrigi-los, se faltasse algum eu selecionava e pedia para que
fosse feita a correção.
Passei a estimular que os alunos não ficassem restritos às informações
do texto, imagem ou vídeo, que era importante eles lerem o que os outros
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colegas estavam escrevendo sobre o assunto. E isso foi um estímulo a mais as
discussões saudáveis que se seguiram.
2 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como já mencionado, os primeiros comentários dos alunos eram
pequenos, com muitos erros, e linguajar pobre. Mas insistindo no trabalho e
mostrando a importância da escrita os alunos passaram a elaborar melhor seus
comentários, escreviam com mais destreza tentando cometer o mínimo de
erros gramaticais possíveis, pois não queriam que seus erros fossem
comentados e corrigidos nas outras aulas. Passaram a considerar também o
que os colegas escreviam, e assim podiam escrever comentários mais coesos,
e completos.
As turmas dos quintos anos apresentaram melhor assimilação quanto à
escrita e leitura. Ao passo que os alunos dos quartos anos mostraram uma
imaginação maior, quando era apresentado apenas imagens, e solicitados que
escrevessem sobre elas, estes alunos apresentaram comentários melhores e
mais criativos que os alunos mais velhos do quinto ano.
Em sala de aula os alunos passaram a ler e a escrever com mais
atenção, trabalhos em grupos que sempre geraram confusão, passaram a ser
mais aceito pelos alunos. A maioria dos alunos passaram a respeitar mais o
colegas, descobriram que opiniões diferentes eram boas para eles terem
melhores idéias, assim, passaram a dar mais atenção ao que os colegas
tinham a dizer.
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III - CONCLUSÃO
A utilização do computador foi um estímulo para que os alunos
passassem a ler e a escrever mais. O fato de ter sua escrita publicada na
Internet era motivo de grande orgulho, pois qualquer pessoa poderia ler o que
ele escreveu, vários alunos mostraram o blog aos pais, e muitos desses,
comentaram no blog congratulando o trabalho.
A melhoria do rendimento dos alunos não pode ser atribuída apenas ao
trabalho com o blog, os alunos passam muito mais tempo em sala de aula, do
que no laboratório de informática, no entanto, ficou evidente que os alunos
passaram a se interessar mais pela leitura e escrita, erros ortográficos
diminuíram consideravelmente e a imaginação dos alunos foi notada
principalmente pela professora de artes. Os alunos passaram a contestar mais
as idéias, no final do semestre, alguns alunos até contestavam a escolha de
determinados assuntos, o que abria a possibilidade de discussão de novas
idéias, e o que os alunos achavam que seria mais interessante discutir e
escrever, desde que se relacionasse ao conteúdo das matérias vistas em sala
de aula.
O blog se mostrou uma ótima ferramenta pedagógica, cabe ao professor
saber utiliza-lo de forma atraente e eficaz. Muito se fala na melhora da
educação no país, mas poucos professores buscam novas soluções e
principalmente novas atitudes, a ferramenta apresentada no trabalho, mais que
uma alternativa de trabalho pedagógico, requer uma mudança nas atitudes e
posturas dos professores, para efetivamente promover uma melhora na
capacidade de dar autonomia ao aluno para criar, organizar, socializar, criticar
e construir o conhecimento significativo.
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IV - BIBLIOGRAFIA Livros ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel. Integração das tecnologias na educação: Salto para o futuro. Brasília, 2005. HEWITI, Hugh. Blog: entenda a revolução que vai mudar o seu mundo; tradução de Alexandre Martins Morais. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007. MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal: gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica. Ed. Paulinas. São Paulo, 1998. PROINFO. Informática e formação de professores / Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da educação, Seed, 2000. SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet – Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2004 SEVERINO, Joaquim Antônio. Metodologia do trabalho científico – 22ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. VALENTE, José Armando. Computadores e conhecimentos: repensando a educação – 2ª ed. – Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1998. VIGOTSKY, Lev Semyonovitch. A formação social da mente. 6ª ed – São Paulo: Martins Fontes, 1998 Blogs Barato, Jarbas Novelino, Boteco Escola – acesso 22/09/2008 www.jarbas.worpress.com Blog Educultirsão, exemplificação de blog – acesso dia 03/09/2008 www.educultirsao.blogspot.com BLOG PUC SP – educação e currículo, post de entrevista feita no jornal do professor. Acesso 06/09/2008. http://cedpuc.blogspot.com/2008/07/entrevista-prof-beth-almeida.html
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BARREIRO, Ana Claudia Gomes Pereira - A inclusão digital sob o prisma da construção do conhecimento – acesso 23/09/2008 http://www.ced.pucsp.br/encontro_2004/textos/word/doc038.doc Disability World, informações sobre inclusão digital – acesso 01/09/2008 http://www.disabilityworld.org/056_01/spanish/acceso/inclusiondigital_port.shtmlGoverno eletrônico brasileiro, informações sobre inclusão digital – acesso 01/09/2008 - http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br MARTINS, Maria Alice Hofmann. Metodologia da Pesquisa. Acesso 24/09/2008 - http://mariaalicehof5.vilabol.uol.com.br/ Museu do Louvre – acesso 06/09/2008, http://www.louvre.fr/llv/musee/alaune.jsp?bmLocale=en Orkut – acesso - 29/05/08 - http://www.orkut.com.br/About.aspx Quaderns Digitals, BARATO, Jarbas Novelino - Tecnologia é imaginação, considerações sobre o uso de ferramentas em educação – acesso dia 03/09/2008 http://www.quadernsdigitals.net/index.php?accionMenu=hemeroteca.VisualizaArticuloIU.visualiza&articulo_id=10457 RAGAZZI, Vivian. BLOGS na educação: por que não? publicado 10/02/2006, acesso 23/09/2008 http://www.microsoft.com/brasil/educacao/parceiro/blogs_na_educacao.mspx Revista ISTOÉ ONLINE – Perigo digital - Alan Rodrigues e Mário Simas Filho – acesso 26/05/2008 http://www.terra.com.br/istoe/1829/ciencia/1829_perigo_digital.htm Sony, imagem de monitor OLED – acesso dia 03/09/2008 http://www.sonystyle.com/webapp/wcs/stores/servlet/CategoryDisplay?catalogId=10551&storeId=10151&identifier=S_BrandShowcase_OLED&SR=sensory:shop:oled:ss&ref=http%3A//www.sony.com/index.php Tele síntese – entrevista com Sérgio Amadeu da Silveira. Acesso 23/09/08 http://www.telesintese.ig.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=54&Itemid=41 Vivência pedagógica, definição de webquest – acesso dia 03/09/2008 http://vivenciapedagogica.com.br/wq
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Webgincana, exemplos de webgincana – acesso dia 03/09/2008 http://webgincana.utopia.com.br/testes/ WebQuest, exemplo de webquest – acesso dia 06/10/2008 - http://br.geocities.com/marlidf/webquest/introducao.htm Wikipédia, informações sobre o próprio site – acesso dia 03/09/2008 http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Boas-vindas
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