Biorremediação de solo impactado com borra oleosa ... · triplicata com solo de Landfarming...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Biorremediação de solo impactado com borra oleosa utilizando resíduo agroindustrial como material estruturante Alana Flemming Pelotas, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Biorremediação de solo impactado com borra oleosa utilizando resíduo agroindustrial como material

estruturante

Alana Flemming

Pelotas, 2015

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ALANA FLEMMING

Biorremediação de solo impactado com borra oleosa utilizando resíduo agroindustrial como material

estruturante

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Orientadora: Profª. Drª. Vanessa Sacramento Cerqueira

Pelotas, 2015

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Banca examinadora: Profª. Drª. Vanessa Sacramento Cerqueira - Centro de Engenharias/UFPel - Orientadora

Profª. Drª. Adriana Gonçalves da Silva Manetti - Centro de Engenharias/UFPel Profª. Drª. Rubia Flores Romani - Centro de Engenharias/UFPel

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Aluir e Deocélia, minha irmã Josieli e minha sobrinha Luiza.

À minha orientadora Vanessa Cerqueira.

Às minhas amigas e amigos.

Às minhas amigas e colegas de apartamento Angela e Pâmela.

A todos que de alguma maneira me ajudaram e apoiaram.

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RESUMO FLEMMING, Alana. Biorremediação de solo impactado com borra oleosa utilizando resíduo agroindustrial como material estruturante. 2015. 57 f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. No processo de refino do petróleo é gerada uma grande quantidade do resíduo sólido denominado borra oleosa que possui características de inflamabilidade, toxicidade, corrosividade e patogenicidade. Uma das técnicas de biorremediação utilizadas para o tratamento deste resíduo é o Landfarming. Para aumentar a eficiência desta técnica foram adicionados dois resíduos agroindustriais como material estruturante visando melhorar as condições de biodegradabilidade da borra oleosa no solo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial da adição da casca de arroz e cavaco de madeira, como material estruturante, na degradação de borra oleosa petroquímica em solos de Landfarming. Foram montados ensaios em triplicata com solo de Landfarming contaminado com 1% de borra oleosa e feita a adição de casca de arroz e cavaco de madeira, em diferentes proporções, 5 e 10%. Para comparação da eficiência de degradação da borra oleosa com os tratamentos foi realizado o experimento de atenuação natural. Para a avaliação da degradação da borra oleosa foram utilizados dois métodos, a respirometria basal através da evolução acumulativa de C-CO2 ao longo do tempo de processo, e avaliação da ecotoxicidade dos solos antes e após a aplicação das técnicas de biorremediação através dos ensaios de fitotoxicidade utilizando repolho e rúcula. A máxima produção acumulada de C-CO2 (2899,65 mg/Kg) foi alcançada no ensaio no qual foi adicionado 10% de casca de arroz. A menor produção ocorreu no ensaio de atenuação natural (861,44 mg/Kg). Nos testes de toxicidade, verificou-se que o maior índice de germinação (IG) para ambas sementes foi no tratamento com 10% de casca de arroz (214% para repolho e 257,30% para rúcula). Os menores valores de IG para ambas as espécies ocorreram na atenuação natural. A casca de arroz e o cavaco de madeira mostraram serem alternativas promissoras para a biorremediação de solos impactados devido ao aumento promovido na degradação da borra oleosa. Palavras-chave: Biorremediação; borra oleosa; Landfarming; material estruturante; resíduos agroindustriais.

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ABSTRACT

FLEMMING, Alana. Bioremediation of soil impacted with oily sludge using agroindustrial waste as structural materials. 2015. 57 f. Course Conclusion Paper (TCC). Graduation in Environmental and Sanitary Engineering. Federal University of Pelotas, Pelotas.

In the oil refining process is generated a large amount of solid residue called oily sludge that has flammability, toxicity, corrosivity and pathogenicity characteristics. One of bioremediation techniques for the treatment of this waste is Landfarming. To increase the efficiency of this technique have added two agro-industrial waste as a bulking agente to improve soil biodegradability conditions. The objective of this study is to evaluate the potential of adding rice husks and wood chips, as a bulking agents in the petrochemical oily sludge degradation in Landfarming soils. Assays were set up in triplicate with Landfarming contaminated soil 1% oily sludge and addition of rice husks and wood chips in different proportions, 5 to 10%. For comparison of the oily sludge degradation efficiency on the treatments was carried out the experiment of natural attenuation. For the evaluation of the oily sludge degradation two methods were used, basal respirometry by the cumulative growth of C-CO2 throughout the process time, and evaluation of soil ecotoxicity before and after the application of bioremediation techniques through tests phytotoxicity using cabbage and arugula. The maximum cumulative production of CO2-C (2899.65 mg / kg) was achieved on assay in which was added 10% of rice husk. The lower production occurred in the test natural attenuation (861.44 mg / kg). In toxicity testing, it was found that the highest germination index (GI) for both seed was in treatment with 10% of rice husk (257.30 for arugula and 214% for cabbage). The lower GI values for both species occurred in the natural attenuation. The rice husk and wood chips shown to be promising alternatives for the bioremediation of soils impacted due to the increase in degradation of oily sludge.

Key-words: bioremediation; sludge oil; Landfarming; bulking agent; agroindustrial waste

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

1.1 Objetivos...............................................................................................................14

1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14

1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 15

2.1 Petróleo e a Indústria Petrolífera ......................................................................... 15

2.2 Borra oleosa ........................................................................................................ 17

2.3 Biorremediação ................................................................................................... 20

2.4 Resíduos agroindustriais ..................................................................................... 22

2.4.1 Casca de Arroz..................................................................................................23

2.4.2 Cavaco de Madeira...........................................................................................24

2.5 Métodos de avaliação da biodegradação ............................................................ 25

2.5.1 Respirometria basal ......................................................................................... 26

2.5.2 Fitotoxicidade ................................................................................................... 27

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 29

3.1 Coleta das amostras ........................................................................................... 29

3.2 Montagem dos experimentos...............................................................................30

3.3 Análises no solo .................................................................................................. 32

3.3.1 Respiração Basal ............................................................................................. 32

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3.3.2 Fitotoxicidade ................................................................................................... 33

3.3.2.1 Análises para a avaliação da fitotoxicidade ................................................... 34

3.3.3 Análise estatística ............................................................................................ 35

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 36

4.1 Medida da atividade microbiana .......................................................................... 36

4.2 Avaliação da fitotoxicidade dos solos .................................................................. 40

5. CONCLUSÕES .............................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Histórico de Produção de Petróleo (Mbbl/d). .............................................. 16

Figura 2. Efeitos tóxicos e estruturas dos 16 HPAs considerados poluentes

prioritários pela USEPA. ............................................................................................ 19

Figura 3. Mapeamento do arroz irrigado no Rio Grande do Sul - Safra 2014/15. ..... 23

Figura 4. Valos de Tratamento e Disposição do SICECORS em Triunfo/RS. ........... 29

Figura 5. Célula de Landfarming do Pólo Petroquímico em Triunfo/RS .................... 30

Figura 6. Materiais estruturantes utilizados (a) casca de arroz e (b) cavaco de

madeira ..................................................................................................................... 31

Figura 7. Unidades experimentais retiradas da câmara climatizada após 120 horas.

.................................................................................................................................. 34

Figura 8. Figura 8. (a) Produção diária de C-CO2 ao longo dos 84 dias de processo.

(b) Produção acumulada de C-CO2 ao longo dos 84 dias de processo. ................... 37

Figura 9. Germinação relativa das sementes de rúcula. ........................................... 42

Figura 10. Germinação relativa das sementes de repolho. ....................................... 42

Figura 11. Desenvolvimento relativo da raiz da rúcula. ............................................. 43

Figura 12. Desenvolvimento relativo da raiz do repolho. ........................................... 43

Figura 13. Índice de germinação para rúcula. ........................................................... 44

Figura 14. Índice de germinação para repolho. ......................................................... 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção máxima acumulada de C-CO2 no tempo final de processo ....... 38

Tabela 2. Porcentagem de germinação do controle negativo, atenuação natural e

tratamentos de biorremediação no período inicial e final de biorremediação. ........... 46

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1. INTRODUÇÃO

O atual modo de vida da sociedade está profundamente atrelado com a

utilização em larga escala de fontes de energia. O crescimento da demanda

energética mundial faz com que cada vez mais se invista em extração e refino do

petróleo. Além do seu papel como combustível, os seus derivados são utilizados

para a produção de bens de consumo, tendo assim uma extrema importância na

vida das pessoas (MARIANO, 2001).

Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a

demanda mundial de petróleo no segundo trimestre de 2015 foi de 91,76 milhões de

barris/dia. No Brasil, a demanda aumentou cerca de 0,12 milhões de barris/dia em

2015 enquanto que a distribuição interna brasileira em junho do mesmo ano foi de

2,48 milhões de barris/dia (OPEC, 2015).

A produção de petróleo no Brasil foi intensificada após a descoberta de poços

petrolíferos em toda costa brasileira na camada pré-sal. Segundo a Agência

Nacional do Petróleo (ANP) a produção de petróleo em maio de 2015 foi de 2,412

milhões de barris/dia, cerca de 10,2% a mais que no mesmo mês do ano anterior. A

produção do pré-sal no mesmo período foi de 726,4 milhares de barris/dia (ANP,

2015).

Nas refinarias e indústrias petroquímicas são gerados resíduos sólidos,

líquidos e gasosos. Dentre estes, o que tem recebido maior atenção é a borra

oleosa. Este resíduo é classificado como Classe 1 pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), apresentando características de inflamabilidade,

toxicidade, corrosividade e patogenicidade (ABNT, 2004).

A borra oleosa apresenta em sua constituição água, sólidos grosseiros, óleos,

gorduras, compostos orgânicos, elementos químicos e metais (CERQUEIRA, 2011).

Entre os compostos orgânicos presentes, os mais comuns são os hidrocarbonetos

saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos (LIU et al., 2011). Um dos principais

problemas ambientais da borra oleosa são os hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos (HPA), baseados na sua ecotoxicidade 16 deles foram classificados pela

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Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) como poluentes

prioritários para a remediação (CHAUHAN et al., 2008).

Assim, a poluição por petróleo constitui um grande risco ambiental e sanitário

e, consequentemente, a degradação microbiana de hidrocarbonetos é um tema que

permanece em destaque (SEO et al., 2009). O desenvolvimento de tecnologias

ecológicas, compatíveis e acessíveis economicamente para a remediação de áreas

impactadas por hidrocarbonetos é uma prioridade atual (MEDAURA e ÉRCOLI,

2008). A biorremediação é uma tecnologia ecologicamente aceitável para degradar

eficientemente poluentes, como óleo e derivados, no meio ambiente (MOLINA-

BARAHONA et al., 2004).

Uma das técnicas utilizadas é o Landfarming, na qual se introduz o

contaminante na camada reativa do solo e através de operações de aragem e

gradagem é estimulada a degradação do resíduo pelos microrganismos aeróbios ali

presentes (SOUZA, 2010). A eficiência dessa técnica está relacionada a fatores

climáticos e ambientais que afetam a microbiota do solo (URURAHY et al., 1998).

Por isso se fazem necessárias ações que visem estimular processos naturais de

biodegradação para acelerar o tratamento.

As técnicas de biorremediação para a recuperação de solos contaminados

por petróleo são principalmente baseadas em processos aeróbicos, cujas etapas

iniciais de degradação dos hidrocarbonetos envolvem a oxidação de substratos por

enzimas oxigenases (BOOPATHY, 2003). Segundo Díaz (2004), o processo de

biorremediação aeróbia de compostos do petróleo é mais rápido se comparado ao

anaeróbico e mais ecológica quando comparada a tratamentos químicos.

O teor de água no solo tem relação inversa com a disponibilidade de oxigênio

e, consequentemente, com a atividade dos microrganismos aeróbios, que são os

principais responsáveis pela degradação dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(JACQUES et al., 2007). O Landfarming é um reator aberto, assim está sujeito as

condições ambientais da região que está localizado. As variações de temperatura e

pluviosidade durante as diferentes estações do ano na Região Sul do Brasil fazem

com que a eficiência dessa técnica seja reduzida durante alguns períodos

(CERQUEIRA, 2011).

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A adequada oxigenação do solo é de suma importância para o

desenvolvimento e desempenho dos microrganismos aeróbios, o que pode ser

melhorado utilizando materiais estruturantes para aumentar a aeração. Os materiais

estruturantes mais comuns são a serragem, palhas e cascas de origem vegetal,

resíduos agrícolas, dentre diversos outros (SANTOS, 2007).

A casca de arroz e o cavaco de madeira, considerados passivos ambientais

das suas respectivas indústrias, surgem como alternativa interessante para

aplicação em solos contaminados. Ambos são materiais disponíveis e baratos e

podem ser utilizados como agentes na biorremediação do solo impactado com borra

oleosa.

Segundo o Instituto de Pesquisa Aplicada a Economia (IPEA), o Brasil é o

nono maior produtor mundial de arroz, e colheu na safra 2009-2010 11,2 milhões de

toneladas e estão distribuídas entre os estados do Rio Grande do Sul (RS), Santa

Catarina (SC) e Mato Grosso (MT) (IPEA, 2015). O RS é o estado com maior

geração de casca de arroz do país, com uma quantia estimada em 1,24 milhões de

toneladas ao ano (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2014).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009, na

lenha da silvicultura, os principais produtores foram o Rio Grande do Sul, o Paraná,

São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. A geração de resíduo da cadeia florestal

para o Brasil em 2010 foi equivalente a 87.840.218,78 m³. A região Sul apresentou a

maior geração de resíduo com valor estimado de 31.609.453,07 m³ (IBGE, 2010).

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Este trabalho teve por objetivo avaliar o potencial da adição dos resíduos

agroindustriais, casca de arroz e cavaco de madeira, como material estruturante, na

degradação de borra oleosa petroquímica presente em solos de Landfarming

visando melhorar as condições de biodegradabilidade no solo.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Investigar a influência dos resíduos, casca de arroz e cavaco de madeira, na

biodegradação de borra oleosa no solo através da técnica de respirometria basal;

- Avaliar a fitotoxicidade do solo antes e após os tratamentos de biorremediação

utilizando diferentes indicadores (repolho e rúcula);

- Analisar o potencial dos indicadores nos ensaios de fitotoxicidade;

- Relacionar as respostas de fitotoxicidade e de degradação da borra oleosa.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Petróleo e a Indústria Petrolífera

O petróleo é um recurso natural utilizado em larga escala para a produção

dos mais variados tipos de produtos industriais, agropecuários, domésticos e

combustíveis.

Composto por uma mistura orgânica complexa de hidrocarbonetos, formados

por carbono e hidrogênio, o petróleo é proveniente, de acordo com a teoria mais

aceita, da decomposição de matéria orgânica sob condições específicas de

temperatura e pressão (VILAS, 2012). Dependendo da sua origem a sua

composição química e as suas propriedades físicas podem variar de um campo

petrolífero para outro (ANDRADE et al., 2010).

Segundo Balba (1998) os hidrocarbonetos do petróleo podem ser divididos

em quatro frações: alifáticos, aromáticos, resinas e asfaltenos. A fração dos

compostos alifáticos inclui os n-alcanos, alcanos ramificados (isoalcanos) e

cicloalcanos (naftenos). A fração aromática contém: hidrocarbonetos

monoaromáticos voláteis, tais como benzeno, etilbenzeno, tolueno e xileno (BTEX),

os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e compostos de enxofre, tais

como tiofenos e dibenzotiofenos. As resinas e a fração asfalteno consistem de

moléculas polares contendo nitrogênio, enxofre e oxigênio. As resinas (piridina,

quinolinas, carbazóleo, amidas, tiofeno, entre outros) caracterizam-se por serem

sólidos amorfos dissolvidos no óleo, enquanto os asfaltenos, tais como fenóis,

ácidos graxos, cetanos e ésteres, apresentam-se como grandes moléculas coloidais,

dispersas no óleo (BALBA et al., 1998).

A produção de petróleo no Brasil está em constante crescimento. Conforme a

Figura 1, em dezembro de 2014 a produção chegou a 2,5 milhões de barris/dia.

Comparando a produção de maio de 2014 com o mesmo período 2015 observa-se

que a produção aumentou 10,2% neste período (ANP, 2015). Segundo dados da

ANP (maio/2015) a produção de petróleo ocorreu em 9.059 poços, sendo 803

marítimos e 8.256 terrestres, porém os campos marítimos foram responsáveis por

93,3% do total obtido.

16

Para obter os produtos derivados do petróleo é necessário submetê-lo ao

refino, uma série de processos pelos quais o mineral bruto passa. Esses processos

envolvem etapas físicas e químicas de separação, que originam as grandes frações

de destilação. Estas frações são então processadas através de outra série de etapas

de separação e conversão que fornecem os derivados do petróleo. O petróleo em si,

possui pouco ou nenhum valor prático e comercial, sendo o refino essencial na

indústria do petróleo. São as características do petróleo que definem quais métodos

de refino serão aplicados, os rendimentos e a qualidade das frações que serão

obtidas (MARIANO, 2001).

Nas refinarias são produzidas as matérias-primas para as indústrias

petroquímicas, como a nafta, etano e gasóleos. As indústrias petroquímicas são as

empresas beneficiadoras do petróleo e podem ser de primeira, segunda e terceira

geração. Os primeiros produtos são os petroquímicos básicos, fabricados pelas

centrais petroquímicas, que são divididos em dois grupos: as olefinas, que

abrangem o eteno, o propeno e o butadieno; e os aromáticos, que incluem o

benzeno, o tolueno e os xilenos (ABREU, 2001). Os produtores de segunda geração

são responsáveis pelo processamento dos petroquímicos básicos em produtos

intermediários como polietileno, poliestireno e PVC, polipropileno e acrilonitrila,

Figura 1. Histórico de Produção de Petróleo (Mbbl/d). Fonte: ANP/SDP/SIGEP

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caprolactama e polibutadieno (CERQUEIRA, 2011). As indústrias de terceira

geração compram os produtos finais das de segunda geração para transformá-los

em produtos para os consumidores finais, por isso denominadas transformadoras.

Essas empresas produzem os mais variados bens de consumo e produtos

industriais para indústrias automobilísticas, alimentícias, eletroeletrônicas, de higiene

e limpeza, entre outras (MARTINKOSKI, 2007).

As indústrias ligadas ao setor petroquímico são geradoras de resíduos tóxicos

e representam uma fonte potencial poluidora de grande impacto ambiental (SILVA

FILHO, 2007). Os resíduos sólidos tipicamente gerados na indústria de refino de

petróleo incluem a lama dos separadores de água e óleo (API), a lama dos

flotadores a ar dissolvido e o ar induzido, os sedimentos do fundo dos tanques de

armazenamento do petróleo cru e derivados, borras oleosas, as argilas de

tratamento, lamas biológicas, lamas da limpeza dos trocadores de calor e das torres

de refrigeração, além de sólidos emulsionados em óleo (MARIANO, 2001).

2.2 Borra oleosa

A borra oleosa é o principal resíduo gerado pelos processos industriais de

uma refinaria de petróleo e indústrias petroquímicas. Caracteriza-se como uma

emulsão formada de água, sedimentos, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos,

resinas e asfaltenos (ORANTAS, 2013).

Os hidrocarbonetos alifáticos (alcanos, alcenos, alcinos, alcadienos), não são

considerados um grupo de elevada toxidade a biota, contudo são importantes

indicativos da contaminação petrogênica e das fontes da matéria orgânica de origem

biogênica (PEDERZOLLI, 2006).

Os hidrocarbonetos monocíclicos aromáticos, como o benzeno, etilbenzeno,

tolueno e xileno, o BTEX, constituem-se em um grande problema, não somente no

Brasil, mas em todo o mundo. Esses compostos aromáticos são tóxicos tanto ao

meio ambiente como ao ser humano, nos quais atuam como depressores do sistema

nervoso central e apresentam toxicidade crônica mais significativa que os

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hidrocarbonetos alifáticos mesmo em concentrações da ordem de μg L-1 (WATTS et

al., 2000).

O benzeno, composto mais tóxico do BTEX, é associado ao desenvolvimento

de leucemia mielóide aguda em trabalhadores expostos ao composto, evidenciado

por estudos epidemiológicos. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer

(IARC) classifica o benzeno como cancerígeno humano (Grupo 1) (CETESB, 2012).

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos químicos

constituídos unicamente de átomos de carbono e hidrogênio, arranjados na forma de

dois ou mais anéis aromáticos (JACQUES et al., 2007). São eles: acenaftaleno,

acenaftileno, antraceno, benzo (a) antraceno, benzo (a) pireno, benzo (b)

fluoranteno, benzo (k) fluoranteno, benzo (g,h,i) pireleno, criseno, dibenzo (a,h)

antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno, indeno (1,2,3-c,d) pireno, naftaleno e

pireno (POTIN et al., 2004).

O impacto ambiental adverso causado por eles faz com que sejam

classificados como poluentes ambientais prioritários pela Agência de Proteção

Ambiental dos Estados Unidos – USEPA (LIU et al., 2011). Conforme mostrado na

Figura 2, os 16 HPAs classificados pela USEPA possuem características tóxicas,

carcinogênicas e mutanogênicas. Eles estão entre os compostos aromáticos que

mais se destacam por sua resistência à biodegradação e por persistirem no solo e

sedimentos durante muitos anos (LOPES et al., 2007). Algumas das implicações

adversas à saúde humana da exposição à HPAs observadas são câncer de pele,

anemia, supressão do sistema imunológico, aumento da incidência de tumores no

pulmão, fígado, ovário e outros órgãos, morte fetal e anormalidades na prole,

hemólise intravascular aguda, principalmente em indivíduos com deficiência da

enzima glicose 6- fosfato desidrogenase, acompanhada de anemia, leucocitose,

febre, hematúria, icterícia, disfunção renal e hepática, entre outros (CETESB, 2012).

19

A borra oleosa, devido às características poluentes, recalcitrantes e seus

efeitos adversos à saúde humana e ao meio ambiente, tem recebido atenção e

diversos estudos têm sido realizados com o intuito de propor tratamentos adequados

para este resíduo.

Atualmente, diversas tecnologias físicas e químicas têm sido empregadas na

remediação de áreas contaminadas por petróleo, dentre elas: oxidação química,

extração de vapores e incineração (ANDRADE et al., 2010). Todavia, as técnicas

convencionais apresentam problemas operacionais em razão do alto custo e da

necessidade de pessoal e de equipamentos especializados (MORAIS, 2012). Os

processos biológicos ganham destaque por serem tecnologias ambientalmente

corretas, eficientes e econômicas, portanto com um bom custo-benefício (LIU et al.,

2011).

Figura 2. Efeitos tóxicos e estruturas dos 16 HPAs considerados poluentes prioritários pela USEPA.

20

2.3 Biorremediação

A biorremediação é um processo que envolve a utilização de microrganismos

de ocorrência natural ou cultivados para degradar contaminantes em áreas

impactadas (ANDRADE et al., 2010). Neste processo, os microrganismos passam a

utilizar os compostos orgânicos como fonte de carbono, provocando a redução das

concentrações dessas substâncias ao longo do tempo (ROBB e MOYER, 2001).

O objetivo principal da biorremediação é minimizar o impacto das substâncias

recalcitrantes no ambiente, criando condições favoráveis ao crescimento e à

atividade bacteriana (CRAPEZ et al., 2002). É uma técnica que promove a

aceleração dos processos naturais de biodegradação e assim uma das melhores

soluções para o problema de poluentes derivados do petróleo que causam

problemas nos ecossistemas (HENCKLEIN et al., 2007).

Desde os meados dos anos 80 do século XX, as estratégias de

biorremediação têm sido aplicadas como uma tecnologia eficaz e economicamente

acessível para o tratamento de solos impactados com hidrocarbonetos (DELFINO e

MILES, 1985). Essas estratégias criam condições ambientais favoráveis para o

crescimento populacional da microbiota do solo (SILVA, 2009).

Esta biotecnologia vem sendo utilizada há vários anos em outros países e, em

certos casos, apresenta menor custo e maior eficiência na remoção dos

contaminantes do que as técnicas físicas e químicas (como incineração e lavagem

do solo), sendo atualmente utilizada em escala comercial no tratamento de diversos

resíduos e na remediação de áreas contaminadas (BANFORTH e SINGLETON,

2005).

Variáveis como investimento inicial e de operação, volume de solo tratado,

tempo de remediação, dependência de condições ambientais, aceitação pública e

impacto ambiental, entre outros, também devem ser consideradas para que o

processo de biorremediação seja eficiente, de baixo impacto ambiental e

economicamente viável (JACQUES et al., 2007).

21

Existem diversas técnicas de biorremediação, tais como: atenuação natural,

landfarming, bioventilação e biopilhas.

Uma das técnicas com menor custo é a atenuação natural. Consiste na

remediação passiva do solo que envolve a ocorrência de diversos processos, de

origens naturais, como a biodegradação, a volatilização, a dispersão, a diluição e a

adsorção, promovidos na subsuperfície. Dentre os processos citados apenas a

biodegradação, realizada pela microbiota do solo, promove uma destruição física do

contaminante quando ocorre a degradação completa, os demais apenas o

transferem de local (ANDRADE et al., 2010).

Outra estratégia de tratamento para resíduos do petróleo é o Landfarming,

onde o contaminante é adicionado à camada superficial reativa do solo e através de

aragens e gradagens é homogeneizado (SILVA FILHO, 2007). Essas aragens e

gradagens são realizadas para promover a aeração do solo, estimulando os

microrganimos a degradar a borra oleosa, visto que a principal via de degradação é

aeróbia (ORANTAS, 2013).

A escolha do sistema Landfarming deve-se à simplicidade de operação e à

possibilidade de alta taxa de aplicação dos resíduos ao solo (CERQUEIRA, 2011).

As refinarias e indústrias petroquímicas de vários de países, assim como o Brasil,

utilizam o Landfarming para o tratamento dos seus resíduos sólidos. No entanto,

condições ambientais desfavoráveis à atividade microbiana durante alguns períodos

do ano podem reduzir as taxas de degradação (JACQUES et al., 2007).

Além dos microrganismos com a habilidade em degradar hidrocarbonetos de

petróleo, das características do solo, concentração e tipo do contaminante, diversos

fatores ambientais influenciam o processo de degradação do contaminante. Os mais

importantes são a temperatura, concentração de oxigênio (aeração eficiente), teor

de umidade, pH e nutrientes inorgânicos (MORAIS, 2005).

Os compostos orgânicos são metabolizados por fermentação, respiração ou

co-metabolismo (CETESB, 2004). Portanto, o processo de biorremediação pode ser

aeróbico, anaeróbico ou facultativo (ANDRADE et al., 2010). Entretanto, de acordo

22

com Díaz (2004), a degradação microbiana do petróleo e seus produtos refinados é

muito mais rápida em condições aeróbicas do que em condições anaeróbicas.

Na biorremediação aeróbica o oxigênio atua como receptor final de elétrons e

o contaminante como fonte de carbono (doador de elétrons), necessários para

manter as funções metabólicas dos micro-organismos, incluindo crescimento e

reprodução (ANDRADE et al., 2010). O domínio das tecnologias que exploram a

atividade aeróbica está relacionado a observações históricas de que as etapas

iniciais de degradação dos hidrocarbonetos pelos microrganismos envolvem a

oxidação de substratos pelas enzimas oxigenases e pelo reconhecimento do

oxigênio como um fator limitante em muitos ambientes naturais (SANTOS, 2007).

Em algumas regiões, como no caso do estado do Rio Grande do Sul, esta

técnica tem apresentado baixo rendimento em algumas épocas do ano,

principalmente, em períodos de muita chuva e temperaturas mais baixas

(CERQUEIRA, 2011). Por isso uma estratégia para melhorar a eficiência do

landfaming nessas condições é a adição de materiais estruturantes visando

melhorar a aeração do solo por meio do aumento da sua porosidade.

Materiais estruturantes são materiais de baixa densidade que diminuem

densidade do solo, aumentam a porosidade e difusão de oxigênio, e podem ajudar a

formar agregados estáveis em água. Estas estratégias para promover aeração

aumentam a atividade microbiana (VASUDEVAN e RAJARAM, 2001 apud HILLEL,

1980).

Alguns agentes estruturantes que podem ser utilizados são casca de coco,

aparas e cavacos de madeira, farelos e cascas de grãos, resíduos de colheitas e

palhas (BAMFORTH e SINGLETON, 2005; MANIOS et al., 2006; MARÍN, 2006;

MEDAURA e ÉRCOLI, 2008; MOLINA-BARAHONA, 2004; VASUDEVAN e

RAJARAM, 2001).

23

2.4 Resíduos agroindustriais

Nos últimos anos, especial atenção vem sendo dada para minimização ou

reaproveitamento de resíduos sólidos gerados em diferentes processos industriais,

em especial os resíduos agroindustriais, visando a redução dos impactos ambientais

causados pelo mau gerenciamento destes resíduos (SANTOS, 2007). Em vista

disto, a adição de resíduos agroindustriais como material estruturante em solos

impactados surge como alternativa para promover não apenas uma melhora nas

suas características físicas, mas também para minimizar impactos ambientais de

outras indústrias, dando um destino ambientalmente correto a esse resíduo.

2.4.1 Casca de Arroz

A casca de arroz é um resíduo agroindustrial decorrente do beneficiamento

das indústrias arrozeiras, sendo largamente encontrada no Rio Grande do Sul, pois

historicamente, esse é o maior produtor de arroz no Brasil (ALMEIDA, 2010). O Rio

Grande do Sul possui uma área plantada de arroz de 1.114.380 hectare (ha), onde

foram produzidos 8.240.847 toneladas (t) (EMATER, 2014). Na Figura 3 observa-se

a concentração da produção de arroz no Estado do Rio Grande do Sul.

Figura 3. Mapeamento do arroz irrigado no Rio Grande do Sul - Safra 2014/15.

24

Após o beneficiamento do arroz, a casca apresenta o maior volume entre os

subprodutos, chegando, em média, a 23% do peso final. O Brasil é um dos 10

maiores produtores mundiais desse grão e anualmente cerca de 2 milhões de

toneladas de cascas de arroz são geradas no país (SANTOS, 2007). O Rio Grande

do Sul é o estado do Brasil que mais gera casca de arroz. No ano de 2010, o volume

deste resíduo foi de 1,24 milhões de toneladas (MINISTÉRIO DE MINAS E

ENERGIA, 2014).

A casca de arroz é insolúvel em água, rica em matéria orgânica (80%), em

carbono orgânico oxidável (34%) e apresenta alta relação C/N (que varia de 50 a

150) (IRANZO et al., 2004). Os principais componentes da casca de arroz são

celulose, hemicelulose, lignina e minerais (DELLA et al., 2005). Também, apresenta

baixa densidade (0,73 g/mL) e grande quantidade de biopolímeros (32,24% de

celulose, 21,44% de lignina e 21,34% de hemicelulose) (GLISSMAN e CONRAD,

2000).

Atualmente, a casca de arroz tem sido utilizada para queima em fornos

secadores e caldeiras para geração de energia e como cama de aviário. Em menor

escala tem-se a incorporação na ração animal devido a seu baixo valor nutritivo

(GONÇALVES e SACCOL, 1997). Porém ela não tem valor econômico e como é

gerada em grandes quantidades acaba sendo depositada em grandes áreas rurais

(ALMEIDA, 2010).

O estudo realizado por Souza (2010) em São Paulo (SP) mostra que a casca

de arroz, empregada como agente descompactante do solo a 20%, constitui uma

alternativa economicamente viável para a biorremediação de resíduos derivados da

indústria do petróleo. A adição desse material promoveu um aumento da quantidade

de CO2 liberado, diminuiu a concentração de hidrocarbonetos totais de petróleo

(TPHs) do solo de landfarming e reduziu sua genotoxicidade.

25

2.4.2 Cavaco de Madeira

O processo de produção de madeira serrada gera um volume significativo de

resíduos. Por ser um resíduo natural e, desta forma biodegradável, os resíduos de

madeira não causam grande preocupação, porém para sua biodegradação é

necessário um longo período de tempo e pelo volume gerado concentrado em um

determinado local pode gerar problemas ambientais (FAGUNDES, 2003).

Os problemas da atividade madeireira resultam principalmente da quantidade

variável de resíduos gerados no processo, que oscilam em função da espécie,

técnicas de conversão e qualificação dos colaboradores, defeitos naturais e

demanda. De fato, as gerações de resíduos nesses empreendimentos são

consequência do processo de transformação, no entanto, podem servir de matéria-

prima para a produção de subprodutos, como pallets e compensados, bem como

para a geração de energia térmica e elétrica (SANTOS, 2007).

A geração de resíduo da cadeia florestal no Brasil, em 2010, foi equivalente a

87.840.218,78 m³. A região Sul apresentou a maior geração de resíduo com valor

estimado de 31.609.453,07 m³ (IBGE, 2012).

2.5 Métodos de avaliação da biodegradação

Os testes laboratoriais mais comumente utilizados para avaliar a eficiência da

biodegradação incluem a contagem de microrganismos heterotróficos totais,

contagem de microrganismos degradadores de um ou de vários substratos

específicos, medidas da taxa de respiração microbiana (consumo de oxigênio e/ou

produção de dióxido de carbono) e a determinação das taxas de

consumo/degradação de poluentes (desaparecimento de contaminantes

individualmente e/ou na totalidade), além de testes complementares como os

bioensaios para determinar a toxicidade na área contaminada (BALBA et al., 1998;

CERQUEIRA, 2011; HAMDI et al., 2006; MARÍN et al., 2006; MOLINA-BARAHONA

et al., 2004).

26

A medida mais direta da eficiência da biodegradação é o monitoramento da

taxa de consumo dos poluentes (MARIANO, 2006). Para obter dados sobre a taxa

de monitoramento de consumo de poluentes é necessário utilizar análises mais

complexas e mais caras, tais como a cromatografia gasosa. Porém os métodos que

quantificam a produção de CO2 e de carbono mineralizável (C-CO2) têm sido

utilizados em diversos trabalhos para avaliar a biodegradabilidade juntamente com

outras análises (BALBA et al., 1998; BARAJAS-ACEVES et al., 2002; CERQUEIRA,

2011; COLLA et al., 2014; LOPES, 2014; MARIANO, 2006; MARÍN et al., 2006;

MOLINA-BARAHONA et al., 2004; ORANTAS, 2013).

Os métodos respirométricos (consumo de oxigênio e/ou produção de dióxido

de carbono) podem ser utilizados como um primeiro teste para se avaliar a pronta ou

inerente biodegradabilidade de poluentes em solo ou água (MARIANO, 2006).

Estudos sobre a mineralização envolvendo a medida de produção total de

dióxido de carbono (CO2) podem prover excelentes informações sobre o potencial de

biodegradabilidade em solo contaminados com hidrocarbonetos (BALBA et al.,

1998). A respiração e o metabolismo microbiano são importantes indicadores da

atividade dos microrganismos na biodegradação (LOPES, 2014).

Porém a biodegradação não inclui necessariamente a mineralização, que

consiste na degradação completa da substância tóxica, podendo gerar subprodutos

tão tóxicos quanto o original (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Por esse motivo se faz

necessária a verificação, através de análises complementares, da ecotoxicidade do

solo, para avaliar o impacto da biorremediação no meio ambiente.

2.5.1 Respirometria basal

A respiração é um dos mais antigos parâmetros para quantificar a atividade

microbiana no solo, sendo ela um método de avaliação indireta da microbiota

através da sua atividade biológica. A respirometria basal pode ser medida através da

quantificação do O2 consumido ou do CO2 produzido pela respiração aeróbia, a partir

da descarboxilação dos compostos orgânicos, dentre eles os hidrocarbonetos

(MOREIRA e SIQUEIRA, 2006; ORANTAS, 2013).

27

A determinação do CO2 pode ser realizada através da titulação ou

condutividade elétrica (quando é capturado por NaOH ou KOH), cromatografia

gasosa, espectroscopia de infravermelho (IRGA) ou por 14C (MOREIRA e

SIQUEIRA, 2006).

A respiração da comunidade microbiana é utilizada como indicador de

atividade biológica, constituindo-se numa ferramenta importante para avaliar o

potencial de biodegradação de compostos orgânicos (LOPES, 2014).

A produção de CO2 foi citada por Ortiz et al. (2006) como um dos métodos

mais simples para avaliar a atividade global da comunidade microbiana do solo, visto

que a produção de CO2 reflete a respiração endógena microbiana e esta quantidade

pode ser relacionada diretamente à presença de biomassa ativa nas amostras de

solo. A partir dos dados de respiração pode-se quantificar o carbono mineralizável

(C-CO2), que se origina da quebra das moléculas orgânicas pela degradação dos

substratos incorporados ao solo, convertido em energia e biomassa pelo processo

da respiração (ROSA et al., 2003).

2.5.2 Fitotoxicidade

A degradação é um processo de alteração da estrutura química de

xenobióticos mediado por microrganismos, plantas ou enzimas, transformando uma

substância tóxica em outra mais simples, mas não necessariamente menos tóxica.

Já a mineralização é a degradação completa de uma molécula a formas inorgânicas

como o CO2 (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).

Biosensaios de toxicidade são importantes na determinação da eficácia do

processo de biorremediação, não considerando apenas a diminuição na

concentração dos hidrocarbonetos no ambiente e/ou os altos índices de atividade

microbiana (LOPES, 2014).

Embora a caracterização qualitativa e quantitativa de poluentes no solo

possam ser determinados por métodos químicos a qualidade geral do solo não pode

ser mensurada apenas por análises químicas. Métodos biológicos, como por

exemplo, a avaliação da fitotoxicidade tem se mostrado importantes ferramentas na

28

avaliação da qualidade do solo sendo, mais adequados para a determinação de

possíveis riscos que os contaminantes possam oferecer quando presentes no solo.

O diagnóstico de ecotoxicidade inclui diferentes metodologias que podem utilizar

animais ou plantas como métodos de análise (TANG et al., 2011).

Os ensaios de ecotoxicidade possuem uma série de vantagens para o

controle ambiental, como baixo custo, obtenção de respostas rápidas, simplicidade

da maior parte dos métodos, fácil interpretação dos resultados e evidências diretas

das consequências da contaminação (CESAR et al., 2002).

Análises fitotoxicológicas são consideradas de curto prazo e avaliam os

efeitos de toxicidade aguda. Nestes estudos, as sementes são plantadas em uma

pequena quantidade do solo contaminado e, após o período de incubação, são

contabilizadas aquelas que germinaram e avaliados o desenvolvimento do hipocótilo

e da raiz (KAPANEN e ITAVAARA, 2001).

Devido à sua baixa sensibilidade e custo razoável, a germinação de sementes

é um teste de toxicologia importante e é um recurso prático para indicar a presença

qualitativa dos inibidores tóxicos ou orgânicos (LOPES et al., 2007).

Bioensaios vegetais aplicados a estudos de contaminação de ambientes

terrestres contaminados com hidrocarbonetos incluem vários organismos-teste

relatados por Lopes (2014): Allium cepa (cebola), Allium sativum (alho), Amaranthus

spinosus, Arachis hypogaea (amendoim), Avena sativa (aveia), Barbarea verna,

Brassica Alba (mostarda-branca), Brassica oleracea (couve), Brassica parachinensis

(nabo), Calamagrostis canadensis, Capsicum frutescens (Pimenta de Caiena),

Cardamine pratensis (Agrião-dos-prados), Cucumis sativus (pepino), Eruca sativa

(rúcula), Euchlaena mexicana, Festuca arundinacea (Festuca-alta), Gossypium

hirsutum (algodão), Lactuca sativa (alface), Lolium perenne (azevém), Lycopersicon

esculentum (tomate), Medicago sativa (alfafa), Hordeum vulgare (cevada), Picea

glauca (Espruce-branco), Picea mariana, Pinus banksiana (pinus), Pisum sativum

(ervilha), Solidago canadensis (vara-de-ouro), Populus tremuloides (álamo),

Sorghum sp. (sorgo), Triticum aestivum (trigo), Vigna unguiculata (feijão-de-corda),

Zea may (milho), entre outros.

29

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Coleta das amostras

A amostra de borra oleosa foi coletada de Valos de Tratamento e Disposição

(VTD’s), (Figura 4), localizados no Sistema Centralizado de Controle de Resíduos

Sólidos (SICECORS) sob a responsabilidade da Companhia Riograndense de

Saneamento (CORSAN) na cidade de Triunfo/RS.

Figura 4. Valos de Tratamento e Disposição do SICECORS em Triunfo/RS.

Créditos: Vanessa Cerqueira

As amostras de solo foram coletadas de 10 pontos distintos a uma

profundidade de 0-30 cm de uma célula de Landfarming do SICECORS (Figura 5) e

acondicionadas em sacos plásticos em temperatura ambiente. Essa célula não

recebia borra oleosa há cerca de 4 meses. O solo foi homogeneizado e peneirado

em peneiras a 2 mm.

30

3.2 Montagem dos experimentos

Em frascos de vidro de 1 L com fechamento hermético foram montados os

ensaios de biorremediação, nos quais foram adicionados 200 g de solo e adicionado

1% de borra oleosa. A umidade dos solos foi ajustada para 80% da capacidade de

campo com água destilada. Os frascos foram mantidos em estufa a 30°C durante 84

dias. Em média, a cada 5 dias foi realizado o revolvimento do solo no frasco com o

intuito de homogeneizar e promover a aeração dos solos (CERQUEIRA, 2014). A

adição de água destilada, borra oleosa e os materiais estruturantes foram realizados

sob homogeneização.

Foram testados dois materiais estruturantes, casca de arroz (Figura 4a) e

cavaco de madeira (Figura 4b), e em diferentes proporções, 5 e 10%, sendo

montados os seguintes experimentos em triplicata:

Ba – Branco: frasco vazio;

CN – Controle: solo sem contaminação de borra oleosa em laboratório;

AN - Atenuação natural: solo contaminado com borra oleosa;

CA5 - solo contaminado com borra oleosa e adicionado de 5% de casca de arroz;

Figura 5. Célula de Landfarming do Pólo Petroquímico em Triunfo/RS

Créditos: Vanessa Cerqueira

31

CA10 - solo contaminado com borra oleosa e adicionado de 10% de casca de arroz;

CM5 - solo contaminado com borra oleosa e adicionado de 5% de cavaco de

madeira;

CM10 - solo contaminado com borra oleosa e adicionado de 10% de cavaco de

madeira;

(a)

(b)

Figura 6. Materiais estruturantes utilizados (a) casca de arroz e (b) cavaco de madeira

32

3.3 Análises no solo

Para avaliação da biodegradação da borra oleosa foi utilizado o método da

respirometria basal através da avaliação da evolução acumulativa de C-CO2 ao

longo do tempo de processo, utilizado como indicador da atividade microbiana.

Como análise complementar na avaliação da biodegradação foi realizada a

avaliação da fitotoxicidade dos solos antes e após a aplicação das técnicas de

biorremediação. Para isto, foram realizados ensaios de fitotoxicidade utilizando duas

diferentes espécies de hortaliças. Esta técnica foi realizada para avaliar a reação de

organismos vivos na presença dos hidrocarbonetos e de possíveis metabólitos

tóxicos envolvidos na degradação destes.

3.3.1 Respiração Basal

A produção acumulada de C-CO2 foi utilizada para mensurar a atividade

respiratória dos microrganismos nos experimentos de biorremediação (STOTZKY,

1965). Para a captura de dióxido de carbono (CO2) foram colocados dentro dos

frascos, em um suporte de metal, um copo plástico com 20 mL de hidróxido de sódio

(NaOH) a 0,5 M. Os frascos hermeticamente fechados, abertos apenas para realizar

as análises em média a cada 5 dias, foram incubados em uma estufa a 30ºC durante

84 dias. Os frascos vazios foram utilizados como prova em branco para quantificar o

CO2 presente no frasco.

Para realizar a análise, foi adicionado 1 mL de cloreto de bário (BaCl2) 30% e

3 gotas de fenolftaleína 1% imediatamente após o copo plástico ser retirado do

frasco. A quantidade de NaOH residual na solução foi titulada com ácido clorídrico

(HCl) a 0,5 M para analisar a quantidade de C-CO2 produzido. A quantidade de C-

CO2 produzido é dada pela seguinte equação:

( ) ( ) (

)

33

Onde:

VB: volume de HCl 0,5 M utilizado para titular o branco, em mL;

VA: volume de HCl 0,5 M utilizado para titular o tratamento, em mL;

MC: massa molar do carbono em g/mol;

MHCl: concentração molar da solução padronizada de HCl, em mol/L;

FC: fator de correção da molaridade de ácido/base (MHCl/ MNaOH);

m: massa (Kg) de solo seco no frasco.

3.3.2 Fitotoxicidade

Os ensaios de fitotoxicidade das amostras de solo dos diferentes tratamentos

foram realizados no tempo inicial e final de processo, de acordo com Lopes (2014).

Foram utilizados dois organismos-teste: Brassica oleracea (repolho), e Eruca sativa

(rúcula) (Figura 5). As sementes utilizadas foram de um mesmo fornecedor

(FELTRIN) e do mesmo lote.

Para a realização dos bioensaios foram adicionados, em copos plásticos com

capacidade de 50 ml, 25 g de solo, 2 ml de água destilada e 10 sementes do

organismo-teste. Para cada tratamento foram realizados bioensaios em triplicata.

Depois de semeado, os copos plásticos foram cobertos com plástico filme para não

haver perda de umidade, e incubados em uma estufa climatizada a 21 ºC, no escuro,

durante 120 horas. Foi realizado o ensaio de fitotoxicidade também para o controle

negativo a fim de verificar a eficácia do ensaio.

Após 120 horas, recipientes foram retirados da estufa (Figura 7) e foram

realizadas as medições do hipocótilo e da raiz dos organismos-teste, assim como

realizada a contagem de sementes germinadas.

34

3.3.2.1 Análises para a avaliação da fitotoxicidade

As análises realizadas para cada experimento, utilizando a metodologia de Lopes

(2014), foram: germinação relativa das sementes, desenvolvimento da raiz,

desenvolvimento do hipocótilo e o índice de germinação.

Germinação relativa das sementes (%G)

A determinação da germinação das sementes dos tratamentos foi feita em

relação a quantidade de sementes germinadas no controle negativo (CN). Foram

consideradas germinadas as sementes que desenvolveram raiz e hipocótilo maiores

ou iguais a 2 mm, conforme a equação:

Onde:

SGa = número total de sementes germinadas na amostra analisada;

SGc = número total de sementes germinadas no CN.

Figura 7. Unidades experimentais retiradas da câmara climatizada,

a 21ºC, após 120 horas.

35

Desenvolvimento da raiz e do hipocótilo (%R)

Para a determinação do desenvolvimento de cada plântula, foram efetuadas as

medidas de tamanho da raiz e do hipocótilo utilizando um escalímetro.

O cálculo foi desenvolvido utilizando a média do alongamento da raiz e do

hipocótilo nas sementes germinadas nos tratamentos e da média do alongamento da

raiz e do hipocótilo nas sementes germinadas no controle negativo, conforme

equação:

Onde,

MRa = média do alongamento da raiz e do hipocótilo nas sementes germinadas

no experimento analisado;

MRc = média do alongamento da raiz e do hipocótilo nas sementes germinadas

no CN.

Índice de germinação (IG)

A determinação do índice de germinação foi calculada a partir das medidas de

germinação relativa das sementes ao CN (%G) e do alongamento da raiz e do

hipocótilo relativo ao CN (%R), conforme a equação:

( ) ( )

3.3.3 Análise estatística

Os resultados obtidos foram analisados empregando o teste de Tukey

(comparação entre médias) a um nível de confiança de 95%, utilizando o software

Statistica 7.1.

36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Medida da atividade microbiana

As Figuras 8a e 8b mostram, respectivamente, a produção diária e a

produção acumulada de C-CO2 ao longo de 84 dias, para os diferentes experimentos

de biorremediação.

A partir da análise dos valores obtidos de produção diária de C-CO2 (Figura

8a), verifica-se que as maiores liberações de C-CO2 foram obtidas nos primeiros 20

dias com máxima produção em 18 dias de processo, para todos os tratamentos

avaliados. Esse comportamento ocorre provavelmente pela maior disponibilidade de

hidrocarbonetos mais facilmente biodegradáveis para serem utilizados como fonte

de carbono no início do processo. A alta atividade microbiana nos primeiros dias

sugere que a microbiota presente nos solos se adaptou ao substrato adicionado

(borra oleosa), visto que o solo utilizado nos experimentos foi retirado de células de

Landfarming, ou seja, ambiente em que a microbiota nativa já estava em contato

com a borra oleosa. Após o período inicial de 20 dias, houve um decréscimo na

produção diária de CO2 (Figura 8a), fato que pode ter sido causado pela transição da

fonte de carbono, devido ao consumo das frações de hidrocarbonetos mais

facilmente biodegradáveis e exigindo uma adaptação dos microrganismos a

hidrocarbonetos mais recalcitrantes (MARIANO, 2006).

Aos 18 dias de processo o tratamento que apresentou maior produção diária

de C-CO2 (333 mg/Kg) foi o CA10 seguido pelo CM10, que produziu 284 mg/Kg de

C-CO2. Comportamento semelhante foi observado em estudo realizado por Orantas

(2013), onde a produção de C-CO2 atingiu os maiores valores (cerca de 175 mg/Kg)

em torno dos 20 dias de tratamento de solo contaminado com 1,5% de borra oleosa

utilizando técnicas de bioaumentação com consórcio bacteriano e bioestimulação.

Estudos realizados por Mariano (2006) também mostraram máxima produção de

CO2 nos primeiros 20 dias de processo em solos contaminados com diesel e

biorremediados com a adição de consórcio microbiano composto de Staphylococcus

hominis e Kocuria palustris.

37

(a)

Tempo (d)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Pro

du

ção

diá

ria d

e C

-CO

2 (

mg

/Kg

)

0

50

100

150

200

250

300

350

CN

AN

CA5

CA10

CM5

CM10

(b)

Tempo (d)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Pro

du

ção

ac

um

ula

da

de

C-C

O2 (

mg

/Kg

)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

CN

AN

CA5

CA10

CM5

CM10

Figura 8. Figura 8. (a) Produção diária de C-CO2 ao longo dos 84 dias de processo. (b) Produção

acumulada de C-CO2 ao longo dos 84 dias de processo.

Tratamentos: CN: Controle; AN: Atenuação Natural; CA5: adição de 5% de casca de arroz; CA10:

adição de 10% de casca de arroz; CM5: adição de 5% de cavaco de madeira; CM10: adição de 10%

de cavaco de madeira.

38

A Figura 8b mostra as produções máximas acumuladas de C-CO2 ao longo

dos 84 dias de processo. A máxima produção (2899,65 mg/Kg) foi alcançada no

ensaio CA10, no qual foi adicionado 10% de casca de arroz. Observa-se que valor

próximo a este foi obtido para o ensaio utilizando 10% de cavaco de madeira (CM10)

o qual alcançou produção máxima de 2857,90 mg/Kg de C-CO2 no tempo final.

Valores próximos de produção acumulada de C-CO2 (3010,1 mg/Kg) foram

encontrados em estudo realizado por Cerqueira (2011) em solos de Landfarming

contaminado com 1,5% de borra oleosa e com adição de um consórcio bacteriano

composto pelos isolados Stenotrophomonas acidaminiphila, Bacillus megaterium,

Bacillus cibi, Pseudomonas aeruginosa e Bacillus cereus e de nutrientes em 90 dias

de processo. A máxima produção acumulada de C-CO2 no experimento conduzido

por Hamdi et al (2006) utilizando solo contaminado com os HPAs, antraceno, pireno

e benzo(a)pireno biorremediado com palha de arroz decomposta alcançou cerca de

3700 mg/Kg de C-CO2 em 120 dias de processo. Já em estudo realizado a partir de

solo contaminado com mistura de diesel/biodiesel (B10) e bioaumentados com um

inóculo de bactérias nativas do solo de um posto de combustíveis B10 apresentou

valores maiores de produção máxima acumulada (em torno de 7500 mg/Kg de C-

CO2) em 30 dias de processo, uma vez que esse contaminante é mais facilmente

biodegradado quando comparado a borra oleosa (COLLA et al., 2014).

A Tabela 1 apresenta os valores finais de produção máxima acumulada de C-

CO2 nos experimentos de biorremediação ao final dos 84 dias de processo.

Tabela 1. Produção máxima acumulada de C-CO2 no tempo final de processo

Tratamento Produção máxima acumulada de C-

CO2

AN 861,44 ± 43

CA5 2200,65 ± 389,26 a

CA10 2899,65 ± 226,13 b

CM5 2002,90 ± 93,53 a

CM10 2857,90 ± 89,35 b

Letras minúsculas iguais indicam que os ensaios não apresentaram diferença significativa (p>0,05).

39

Como mostrado na Tabela 1, nota-se que a dose de 10%, tanto para o cavaco

de madeira quanto para a casca de arroz, mostrou ser mais eficiente do que quando

utilizada a dose de 5% (p<0,05). Isto sugere que a adição de 10% de material

estruturante é mais adequada para essa quantidade de borra oleosa. Esse

comportamento indica que os materiais estruturantes em maior quantidade

promovem maior espaçamento entre as partículas de solo permitindo assim maior

aeração. Materiais estruturantes são adicionados ao solo contaminado com a

finalidade de aumentar a permeabilidade, aeração e facilitar o contato da água e dos

nutrientes com os microrganismos consequentemente intensificando a atividade

microbiana (SANTOS, 2007).

Em estudo realizado por Santos (2007) onde foi avaliado o efeito do material

estruturante (pó da casca de coco), nas proporções de 5 e 10 % e correção da

relação C/N com ureia e nitrato de sódio, no tratamento de solo contaminado com

5% de petróleo cru, foi obtido melhores resultados na remoção dos hidrocarbonetos

com a adição de 10% do material estruturante em comparação com a adição de 5%

em ambas as adições de nitrogênio.

O estudo da adição de farelo de trigo como material estruturante em solos

contaminados com 5% borra oleosa realizados por Vasudevan e Rajaram (2001)

mostraram que houve degradação de 76% a mais dos hidrocarbonetos presentes no

solo em 90 dias de experimento comparando com outros tratamentos testados

(bioaumentação com consórcio bacteriano e adição de nutrientes). Resultado

semelhante foi encontrado em estudo desenvolvido por Rhykerd et al (1999) em

solos contaminados com petróleo avaliando o efeito da adição de diferentes

materiais estruturantes (serragem, vermiculita e grama-bermudas) (proporção de

1:1) e aeração forçada num período de 30 semanas, onde foi alcançado remoção de

aproximadamente 72% dos hidrocarbonetos totais de petróleo utilizando a serragem

e 82% utilizando grama-bermudas.

A atenuação natural mostrou produção acumulada de C-CO2 de 861,44

mg/Kg, enquanto que o controle apresentou produção de 607,57 mg/Kg no tempo

final de processo. Os tratamentos utilizando casca de arroz e cavaco de madeira em

doses de 5 e 10% mostraram valores mais altos que a atenuação natural, os quais

40

diferiram estatisticamente (p<0,05), mostrando a potencialidade do uso destes

resíduos no aumento da taxa de biodegradação dos hidrocarbonetos presentes na

borra oleosa. Em comparação com a atenuação natural, o experimento de maior

eficiência (CA10) produziu 4,8 vezes mais C-CO2.

Os valores de produções máximas acumuladas de C-CO2 na mesma

porcentagem de material estruturante não diferiram estatisticamente (p<0,05) entre

os resíduos, mostrando que ambos foram igualmente eficientes na degradação da

borra oleosa (Tabela 1). Os ensaios de biorremediação utilizando maior quantidade

de material estruturante (10%) melhores resultados quanto à produção de C-CO2

quando comparado a dose de 5%, visto que os valores diferem estatisticamente

(p<0,05).

Observa-se que a adição de material estruturante estimulou a degradação de

borra oleosa presente nos solos visto que os tratamentos utilizando casca de arroz e

cavaco de madeira em doses de 5 e 10% obtiveram valores maiores, e que diferem

estatisticamente (p<0,05) (Tabela 1), de produção acumulada de C-CO2 quando

comparados com o tratamento atenuação natural.

4.2 Avaliação da fitotoxicidade dos solos

Testes de toxicidade podem ser definidos como procedimentos nos quais as

respostas dos organismos-teste são utilizadas para detectar ou avaliar os efeitos,

adversos ou não, de uma ou mais substâncias sobre os sistemas biológicos

(LAITANO e MATIAS, 2006). Essa avaliação é necessária quando se deseja

certificar que não houve formação de metabólitos tóxicos durante a degradação da

borra oleosa, os quais não são avaliados quando realizados apenas métodos

respirométricos.

Biosensaios de toxicidade são importantes na determinação da eficácia do

processo de biorremediação, não considerando apenas a diminuição na

concentração dos hidrocarbonetos no ambiente e/ou os altos índices de atividade

microbiana (LOPES, 2014).

41

Esse método de avaliação da fitotoxicidade utilizando sementes inoculadas

diretamente no solo traz a vantagem de diminuir dúvidas sobre a presença ou não

do contaminante na amostra. Segundo Marín et al (2006), nos bioensaios realizados

com solução aquosa são avaliados apenas os contaminantes que estão presentes

nesse extrato.

Com o objetivo de avaliar a ecotoxicidade dos solos de Landfarming

impactados com borra oleosa petroquímica após diferentes tratamentos de

biorremediação, foram realizados ensaios fitotoxicológicos com dois organismos

testes (rúcula e repolho), onde foram avaliados: a germinação das sementes, o

desenvolvimento da raiz e do hipocótilo e o índice de germinação.

As Figuras 9 e 10 mostram os resultados obtidos de germinação relativa nos

ensaios utilizando rúcula e repolho, respectivamente. A medida da germinação

relativa (%G) representa, em porcentagem, a relação entre a quantidade de

sementes germinadas no tratamento avaliado e no controle negativo.

O experimento que mostrou maior resposta de germinação relativa, utilizando

as sementes de rúcula (Figura 9), foi o ensaio CA5 (111,1%), fato este que se

repetiu nos ensaios utilizando sementes de repolho (Figura 10), onde a maior

germinação alcançou a mesma porcentagem (111,11) tanto para o ensaio CA5,

quanto para o ensaio CA10.

42

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

Ge

rmin

ão

Re

lati

va

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

Figura 9. Germinação relativa das sementes de rúcula.

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

Germ

inaçã

o R

ela

tiva

(%

)

0

20

40

60

80

100

120

140

Figura 10. Germinação relativa das sementes de repolho.

As Figuras 11 e 12 exibem os valores obtidos de desenvolvimento relativo da

raiz e do hipocótilo (%R) para as sementes de rúcula e repolho, respectivamente. O

desenvolvimento relativo da raiz e do hipocótilo é calculado a partir da relação entre

43

a média do alongamento da raiz e do hipocótilo das sementes germinadas na

amostra e a média do alongamento da raiz e do hipocótilo do controle negativo.

No desenvolvimento relativo da raiz, o melhor resultado para ambas

sementes ocorreu no experimento CA10, apresentando 257,30% para rúcula e

192,76% para o repolho.

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

De

se

nv

olv

ime

nto

re

lati

vo

da

ra

iz (

%)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Figura 11. Desenvolvimento relativo da raiz da rúcula.

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

Desen

vo

lvim

en

to r

ela

tivo

da r

aiz

(%

)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Figura 12. Desenvolvimento relativo da raiz do repolho.

44

Os resultados índice de germinação são apresentados nas Figuras 13 e 14

para rúcula e repolho respectivamente. Esse índice é calculado com base na

porcentagem de germinação e do desenvolvimento da raiz e do hipocótilo.

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

Índ

ice d

e g

erm

ina

çã

o

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Figura 13. Índice de germinação para rúcula.

Experimento

AN CA5 CA10 CM5 CM10

Índ

ice

de

ge

rmin

ão

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Figura 14. Índice de germinação para repolho.

45

Os maiores índices de germinação foram encontrados, tanto para a rúcula

como para o repolho, no ensaio CA10. Os valores obtidos foram de 257,3 e 214,17

para a rúcula e para o repolho, respectivamente.

Comparando os valores de índice de germinação (Figuras 13 e 14) observa-

se que houve uma redução da toxicidade do solo, pois todos os tratamentos com

adição de material estruturante obtiveram valores maiores no tempo final que a

atenuação natural, mostrando que os tratamentos aplicados são mais eficientes na

degradação de contaminantes e não geram compostos intermediários tóxicos para

organismos vivos.

Os valores altos encontrados podem ser explicados pelo fato de que os

cálculos se baseavam no controle negativo. O solo utilizado como controle negativo

era proveniente de células de Landfarming, que, mesmo não tendo sido utilizada há

aproximadamente quatro meses, ainda poderia conter hidrocarbonetos, visto a

recalcitrância dos mesmos. Sendo assim, o controle negativo apresentou baixos

valores de alongamento de raiz e hipocótilo e por ser uma medida inversamente

proporcional aumentou os valores de desenvolvimento de raiz e consequentemente

de índice de germinação.

Em estudo realizado por LOPES (2014) utilizando alface e rúcula como

organismos-testes para avaliar a fitotoxicidade de solos contaminados com óleo

lubrificante e biorremediados com a adição surfactante comercial e biosurfactante foi

concluído que os tratamentos de biorremediação diminuíram os efeitos fitotóxicos do

contaminante num período de 180 dias.

Souza (2010) avaliou a fitotoxicidade, através de bioensaios com sementes

de cebola, em solos contaminados com borra oleosa e biorremediados com adição

de 20% casca de arroz e observou que houve diminuição do efeito de

clastogenicidade e mutagenicidade após 180 dias de tratamento.

A Tabela 2 mostra as porcentagens de sementes germinadas de repolho e

rúcula nos ensaios realizados, comparando os tempos inicial e final de

biorremediação.

46

Tabela 2. Porcentagem de germinação do controle negativo, atenuação natural e

tratamentos de biorremediação no período inicial e final de biorremediação.

Observa-se na Tabela 2 que nos bioensaios com sementes de repolho houve,

no tempo final, diminuição da ecotoxicidade do solo no tratamento de atenuação

natural tanto quanto houve nos demais tratamentos envolvendo a adição de material

estruturante. O mesmo não ocorreu com as sementes de rúcula, onde a atenuação

natural e o ensaio CM5 obtiveram porcentagens de germinação menores no tempo

final comparando com o controle negativo no tempo inicial, mas mesmo assim

maiores que a porcentagem de germinação da atenuação natural no tempo zero.

Isso indica que houve diminuição da ecotoxicidade com menor eficiência. Esse

comportamento corrobora com os resultados obtidos na respirometria, pois o

tratamento CM5 apresentou a menor produção de C-CO2 dentre os tratamentos com

adição de material estruturante.

As sementes, quando comparadas em relação ao estresse provocado pelo

contaminante, observa-se que a rúcula foi mais sensível. O mesmo comportamento

foi descrito por Lapa (2014) em estudo utilizando rúcula e alface como

bioindicadoras da ecotoxicidade de um solo contaminado com borra oleosa

petroquímica pós-tratamento com bioaumentação e bioestimulação, onde foi

Tempo Tratamentos

Sementes

germinadas

REPOLHO (%)

Sementes

germinadas

RÚCULA (%)

Inicial

CN 83,33 73,33

AN 36,67 30

Final

AN 93,3 63,3

CA5 100 100

CA10 100 90

CM5 93,3 60

CM10 93,3 96,6

47

observado que a rúcula foi a mais sensível. Em diversos estudos o tamanho das

sementes foi relatado como causador da maior sensibilidade de sementes a fatores

ambientais adversos, sendo as menores as mais sensíveis, como por exemplo, a

rúcula (CRUZ, 2013; SATERBAK et al., 1999; WIERZBICKA e OBIDZINSKA, 1998).

Os tratamentos que apresentaram melhores resultados quanto à diminuição

da ecotoxicidade do solo após a biorremediação foram os ensaios que tiveram

adição de casca de arroz nas duas porcentagens. O tratamento mais eficiente para a

biorremediação de solo de Landfarming impactado com borra oleosa foi o

experimento com adição de 10% de casca de arroz pois apresentou melhores

resultados tanto nas análises respirométricas quanto nas análises de fitotoxicidade.

Isso demonstra que a casca de arroz além de promover a degradação dos

hidrocarbonetos diminuiu a ecotoxicidade do solo. Apesar do tratamento contendo

10% de cavaco de madeira ter apresentado maior produção de C-CO2 nas análises

respirométricas, apresentou valores menores de índice de germinação nas análises

de fitotoxicidade.

Como a eficiência da biorremediação de ambientes contaminados com

hidrocarbonetos está diretamente ligada não somente à degradação destes

compostos, como também à diminuição da toxicidade inicial na área impactada

(DORN e SALANITRO, 2000), os resultados obtidos mostram que a incorporação de

materiais estruturantes é uma boa estratégia para aumentar a eficiência em células

de Landfarming.

48

5. CONCLUSÕES

A adição de resíduos agroindustriais como material estruturante ao solo

possibilitou um aumento na atividade microbiana, visto os resultados obtidos na

análise de respirometria basal. O aumento da atividade microbiana demonstra que a

adição de casca de arroz e cavaco de madeira no solo favoreceu a biodegradação

da borra oleosa presente no solo.

Os solos apresentaram redução da toxicidade após os 84 dias de tratamentos

de biorremediação. Os experimentos onde houve adição de material estruturante

apresentaram índices de germinação maiores quando comparados à atenuação

natural.

Frente aos resultados as sementes de rúculas mostraram ser mais sensíveis

a estresse ambiental que as sementes de repolho.

Os melhores resultados foram observados quando a proporção de material

estruturante foi de 10% tanto de casca de arroz quanto de cavaco de madeira. A

adição de 10% de casca de arroz apresentou os melhores resultados nas análises

respirométricas e nas análises de fitotoxicidade, sendo assim o tratamento com

maior eficiência no tratamento da borra oleosa no solo de Landfarming.

49

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