Bem estar fe na vida-20130127
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Editorial
A fé é o tema da reportagem de capa da edição destedomingo. Em entrevista à revista Bem-Estar, GilbertoCabeggi, autor do livro “Todo dia é dia de ter fé navida”, fala sobre a importância de ter fé, independentede religião. Ele afirma que a obra foi escrita com oobjetivo de incentivar as pessoas a buscarem uma fontede energia para suportar as dores dos desafios, passarpelos sofrimentos e ainda tirar aprendizado deles. Parao autor, essa força é a fé, não apenas a religiosa, mas aque existe dentro de cada um e ampara os medos e osmomentos de angústia. Na área comportamental, umareportagem explica porque as pessoas acabamescondendo sentimentos e emoções negativas, emnome da harmonia dos grupos. Na área derelacionamento, especialistas alertam sobre anecessidade de seguir em frente quando o amor acaba eresta apenas a amizade na relação.
24
Províncias Neuquén, Salta e Jujuy,na Argentina, têm paisagensverdejantes e áridas no verão
14
Rafael Cardoso, o Albertinho de “Ladoa Lado”, está animado com seusúltimos papéis em novelas da Globo
13
O mundo não acabou, por isso éhora de recomeçar, o que implicaem suportar fardos que podem nãoser fáceis de enfrentar
Poesia
Quebra-cabeças
Voar.
Planar nos céus como fazem as aves.
Ser uma; águia, condor, o que seja.
Apenas voar. Livre, leve.
O sol como testemunha.
O Universo como destino.
A noite, um manto.
E na melodia do vento, acalanto.
Olhar o mundo como se dele não fizesse parte.
Ser apenas alma, espírito, sentimento enfim.
Ser apenas parte deste todo.
Imensurável peça no quebra-cabeça da vida.
Valdíria Carvalho Corrêa, em “Palavras”
COMPORTAMENTOPessoas mentem e escondemsuas emoções negativasem nome de um ambientecom mais harmoniaPáginas 4 e 5
RELAÇÕES HUMANASMudanças no desenvolvimentohumano têm vícios que podeprejudicar futuras geraçõesPàginas 8 e 9
RELACIONAMENTOQuando o amor acaba é precisoafastar as mágoas, seguir emfrente e buscar a felicidadePáginas 10 e 11
BEM-ESTARO sorriso proporciona muitosbenefícios, além da alegria,e é uma das formas de aliviaro estressePágina 12
Michel Filho/Agência O Globo
Jorge Rodrigues Jorge
Turismo
Guilherme Baffi 3/4/2011
Televisão
Busque a fé queexiste em você
Mara LúciaMadureira
DIÁRIO DA REGIÃO
Editor-chefeFabrício Carareto
Editora-executivaRita Magalhães
CoordenaçãoLigia Ottoboni
Editor de Bem-Estar e TVIgor Galante
Editora de TurismoCecília Demian
Editor de ArteCésar A. Belisário
Pesquisa de fotosMara Lúcia de Sousa
DiagramaçãoCristiane Magalhães
Tratamento de ImagensArthur Miglionni, Humberto
Pereira e Luciana Nardelli
Matérias
Agência EstadoAgência O GloboTV Press
2 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
A CONSCIÊNCIADE MILAGRES
Espiritualidade
Com frequência, nosso trabalho es-
piritual não é tão incondicional as-
sim. Quando se trata de compartilhar,
podemos ter algum interesse pessoal
envolvido. Geralmente, queremos al-
go em troca, mesmo que seja apenas
um “obrigado” ou que alguém nos
ame como retribuição.
Certamente, deveríamos nos empe-
nhar para fazer mais, porém com a
consciência correta. Sempre há a épo-
ca em que os bons ventos sopram, mas
se passarmos esses dias fazendo o bem
ao outro com o pensamento no que va-
mos receber em troca, o que podere-
mos receber se tornará limitado.
O que realmente devemos buscar
em troca é apenas nos aproximarmos
cada vez mais da Luz. A Luz nunca
pensa no que está obtendo de volta.
Ela simplesmente dá infinitamente.
Se pudermos ter esse tipo de consciên-
cia em apenas uma ação de comparti-
lhar, não haverá nada que a impeça de
se manifestar em nossas vidas.
É um grande paradoxo o fato de
que quanto menos pensarmos em nós
ao compartilhar, mais receberemos
no final das contas.
Se pudermos começar a retribuir
apenas para revelar Luz, nossa cone-
xão com a energia de milagres não du-
rará apenas o período dos “bons ven-
tos”, mas o ano inteiro.
Yehuda Berg é codiretor doThe Kabbalah Centre e jáescreveu mais de 30 livros sobreassuntos que abordam desdedepressão e capacitação, atérelacionamentos e a Bíblia. Doisde seus maiores best-sellers, OPoder da Kabbalah e Os 72Nomes de Deus, foramtraduzidos para 20 e 14 idiomas,respectivamente.www.kabbalahcentre.com.br
Um dos segredos para atrair a energia de milagres não
é apenas realizar ações positivas, mas onde está nossa
consciência quando estamos fazendo aquele ato
Quem é
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 3
Gisele [email protected]
Hoje em dia são tantas as in-
certezas e é grande o sofrimen-
to que acompanha a maioria
das pessoas, que se torna difícil
ter paz de espírito e ser feliz. Vi-
vemos angustiados e sofrendo
com medo de perder o empre-
go, terminar o casamento, ter
problemas de saúde, que os fi-
lhos sofram, que as coisas deem
errado. Mas existe algo podero-
so que não nos deixa cair nem
desistir e que nos ajuda a ven-
cer as dificuldades. Seu nome é
fé . E é justamente sobre isso
que fala o escritor Gilberto Ca-
beggi no livro “Todo Dia é Dia
de Ter Fé na Vida”. “Escrevi es-
se livro para incentivar as pes-
soas a buscar uma fonte que
lhes dê energia para suportar as
dores dos desafios, passarem pe-
lo sofrimento com resignação e
tirar deles um aprendizado, e
não deixar que as incertezas to-
mem conta da sua mente e do
seu coração”, diz. O livro traz a
mensagem de que sim, existe
uma fonte que o possibilita su-
perar os desafios sem desistir
do prazer de viver. E essa fonte
de energia tem um nome: fé. A
fé é aquela força que lhe dá con-
fiança e o ajuda a fazer as coisas
acontecerem na sua vida den-
tro daquilo que você sente que
lhe é importante e o faz feliz.
“Quando digo para você ter fé
na vida, quero dizer que não es-
tou falando aqui apenas de
uma fé religiosa, mas sim de
um conceito mais amplo de fé”,
explica ainda. Daquela fé que
lhe dá forças para mudar a sua
realidade para melhor. Aquela
fé que você tem em si mesmo,
no seu potencial, e também na
vida e em um poder superior
que o ampara em seus medos e
em seus momentos de angús-
tia. Sobre esse assunto e a ma-
neira de reforçarmos nossa fé, o
escritor falou com exclusivida-
de com a Revista Bem-Estar.
Bem-Estar- Por que deve-mos ter fé na vida?
Gilberto Cabeggi- Porque a
fé lhe dá a convicção de que tu-
do é como tem de ser e que o de-
safia a mudar o que ainda será.
A fé o ajuda a aceitar que você
não pode tudo, mas o incentiva
a mudar o que você pode.
Quem tem fé não desiste, mes-
mo quando aparecem as dificul-
dades, ou quando surgem as
barreiras inevitáveis em qual-
quer percurso. Com fé você
atinge seus objetivos, trabalha
com convicção, vai até o fim da
empreitada, vence as dificulda-
des e realiza o que quer e o que
sabe ser importante. Com fé vo-
cê também descobre que a ori-
gem de todos os seus medos na-
da mais é que a falta de acredi-
tar firmemente que a vitória vi-
rá, mesmo que no momento vo-
cê esteja vivendo algum tipo de
fracasso.
Bem-Estar- O que aconte-ce com as pessoas que têmfé?
Cabeggi- Quem tem fé é
mais forte, é mais constante, é
mais determinado. Quem vive
com base na fé conta não só
com a sua força pessoal, mas
também com um modo de ser
amparado em algo maior do
que ele mesmo. E isso é deter-
minante em tudo o que ele se
propõe a fazer na vida. Proble-
mas existem, desafios são cons-
tantes, mas com fé na vida você
recupera a energia e a persistên-
cia para ir em frente. A grande
diferença na sua vida, no final
das contas, dependerá da sua fé
em você mesmo, na vida, em
Deus ou em um poder superior
que você reconheça como seu
condutor. Tudo o que o ho-
mem pode fazer, ele pode fazer
melhor se tiver uma boa dose
de fé.
Bem-Estar- Como pode-mos incentivar as pessoas aterem fé na vida num mundoainda com tantas desigualda-des?
Cabeggi- Para aumentar a
força da sua fé e continuar lu-
tando sempre para obter o que
deseja, você precisa desenvol-
ver cinco competências funda-
mentais:
A força de seus princípios -
Uma pessoa de fé é fiel aos seus
princípios e valores.
O preparo adequado - A fé
se fortalece a cada vitória e se
renova a cada derrota – desde
que você se prepare sempre pa-
ra os desafios. Os medalhistas
olímpicos sempre se preparam
para vencer. E a cada nova der-
rota, eles se fortalecem ainda
mais para a próxima vez.
O fortalecimento da sua au-
toconfiança - A autocon-
fiança é a convicção de ser ca-
paz de suportar as dificuldades
e realizar seus objetivos, e sem-
pre ir em frente. É uma postura
positiva ligada à sua competên-
cia pessoal e é um dos pilares
que sustentam a sua autoesti-
ma e que não o deixam desistir
das metas. Sua fé na vida vai se
beneficiar com sua autocon-
fiança.
O aumento do seu conheci-
mento - É importante perceber
que a estrada para o sucesso é
continuação de outra que é a da
obtenção de conhecimento. É
impossível ter sucesso sem co-
nhecer o que é necessário para
chegar até ele. Quanto mais co-
nhecimento, mais realização,
mais fé. Todas essas três estão
interligadas.
O respeito à sua dignidade -
Um homem que respeita sua
dignidade é capaz de se levantar
mesmo depois das mais duras
quedas sofridas na vida. Já al-
guém que passa por cima da pró-
pria dignidade, ou permite que
outros o façam dificilmente se
levanta depois de um tombo.
É relativamente simples
imaginar os efeitos que cada
uma dessas competências tem
no fortalecimento da sua fé. Co-
mo você pode ver, o conceito
de fé a que me refiro é muito
mais amplo do que a fé pura-
mente ligada à religião. Na ver-
dade, entendo a vida como
Espiritualidade
Acreditena vida
Raio X
Gilberto Cabeggi é escritor, comespecialização em comportamento humano, eassessor de comunicação escrita. Participaregularmente de grupos de estudo voltadospara o desenvolvimento da espiritualidade.Durante dez anos atuou como colaborador emrevistas brasileiras voltadas para a comunidadebrasileira que vive no Japão. Foi editor daRevista Papolegal, publicada no arquipélagojaponês. É autor dos livros “Todo dia é dia deser feliz”, “Antes tarde do que nunca” e “Tododia é dia de ter fé na vida”, pela Editora Gente.
4 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Para a igreja católica
2013 é o ano da fé,
mas o autor
Gilberto Cabeggi
em seu novo livro
fala sobre a
fé além da religiosidade
uma declara-
ção de fé, co-
mo uma jorna-
da cujo objeti-
vo é ampliar a
nossa fé na pró-
pria vida e em
tudo que a ela se
relaciona como
instrumento para
o nosso crescimen-
to individual.
B e m - E s t a r -Qual a vantagemque as pessoas que têmfé na vida levam sobre aque-las que não têm a mesma con-fiança?
Cabeggi- As pessoas que
não tem fé vivem com medo de
se machucar diante dos desafios
da vida. Por isso desistem de coi-
sas importantes e abrem mão de
seus objetivos. O medo de sofrer
mina sua coragem de lutar e elas
acabam negando seus sonhos.
Só que tudo perde o sentido
quando a pessoa abre mão daqui-
lo que dá significado e propósito
à sua vida. Quem tem fé não per-
mite que essas aflições tomem
conta de sua mente. Elas tam-
bém sofrem, é claro, com as mes-
mas coisas que sofrem aqueles
que não têm fé. Mas para quem
tem fé, sem-
pre existe a esperança e é essa
esperança que torna as dificulda-
des mais fáceis de serem venci-
das e a vida mais simples de ser
vivida.
Bem-Estar- De que formapodemos reforçar nossa fé navida, de forma a vencer os obs-táculos e viver melhor?
Cabeggi- É preciso acredi-
tar em si mesmo, que você tem
força para vencer as dificulda-
des e conquistar suas metas, pa-
ra que você se dê a chance de
enxergar a sua fé. E a sua cren-
ça no seu poder de resolução
das dificuldades vai ajudá-lo a
percorrer o caminho até a reali-
zação de uma fé genuína. Por is-
so é tão importante que você de-
senvolva as cinco competên-
cias que mencionei nas ques-
tões acima. Quanto mais essas
competências forem fortaleci-
das, mais você obterá resulta-
dos desejáveis e isso vai contri-
buir para fortalecer a sua fé na
vida. Então, para aumentar a
força da sua fé: fortaleça seus
valores e princípios, prepare-se
adequadamente para enfrentar
as dificuldades, fortaleça sua
autoconfiança, aumente seu co-
nhecimento, respeite a sua dig-
nidade.
Bem-Estar- Como pode-mos aumentar a força dos nos-sos princípios?
Cabeggi- No meu livro “To-
do dia é dia de ter fé na vida”
sugiro um processo de 31 dias
exatamente para trabalhar cor-
retamente seus princípios e
fortalecê-los. São atividades
diárias que irão ajudá-lo a ter
uma visão diferente sobre co-
mo usar seus princípios para
fortalecer a sua fé e vice-versa.
Como você poderá perceber, es-
se é um processo cíclico: quan-
to mais você fortalece essas
competências ou princípios na
sua vida, mais aumenta a sua
fé. E quanto mais sua fé aumen-
ta, mais força você dá para es-
sas competências. Então, tudo
se resume a se dispor a começar
o processo. E começar se resu-
me a duas palavras simples:
acreditar que você pode fazê-lo
e agir para realizá-lo.
Bem-Estar- Em que deve-mos nos inspirar como formade superar todas as dificulda-des e viver melhor?
Cabeggi- O importante é vo-
cê perceber que não precisa
abandonar seus sonhos. Sua
mente é um instrumento pode-
roso, capaz de traçar o próprio
destino. Depende apenas de co-
mo você coloca os seus pensa-
mentos. Aquilo que você pensa
cria a sua realidade. Quanto
mais positivos forem seus pen-
samentos, mais positivas e deci-
didas serão suas ações e muito
melhores seus resultados. Por
isso afirmo sempre que viver
com fé é trazer seus sonhos pa-
ra o mundo real. Você pode ser
um realizador de sonhos usan-
do sua fé serena e acolhedora.
Com a fé dentro de você, não
existirão obstáculos que o impe-
çam de levar tudo o que você
quiser até a concretização.
Usando a fé, você se moverá de
maneira consciente e focada,
perceberá a felicidade que exis-
te na sua jornada e isso tornará
sua vida totalmente renovada e
mais feliz, repleta de vitórias,
dia após dia.
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 5
Pessoas escondem emoções negativas para não serem recriminadas, esse comportamento pode
canalizar frustrações que são questionadas em nome da harmonia dos grupos
Elen [email protected]
Em nome de um ambiente
mais harmônico e leve, as pes-
soas acabam mentindo, escon-
dendo sentimentos e emoções
negativas. Embora todas as pes-
soas, em algum momento da vi-
da, já se viram diante de situa-
ções assim, preferem evitar de-
monstrar.
As mentiras, por exemplo,
têm seus motivos, quando se
trata de manter o bom relacio-
namento com alguém ou um
grupo. Mentir evita chatea-
ções e desapontamentos. Uma
situação é preferir dormir à
tarde a ir ao cinema com ami-
gos. Para não soar mal, uma
mentira pode ser usada para
camuflar esta falta.
As pessoas mentem para
não serem julgadas. “Todos
mentem” era o lema do médi-
co politicamente incorreto
Dr. House, personagem da ex-
tinta e famosa série norte-ame-
ricana que levava seu nome.
Os motivos para as mentiras
podem ser diferentes – algu-
mas mais nobres, outras nem
tanto –, mas o fato é que ele ti-
nha lá suas razões.
Sentimentos de vaidade, in-
veja, raiva, egoísmo, conflitos
entre razão e instinto... assu-
mir isso não é agradável. Isso
porque existe uma certa censu-
ra, e surgem julgamentos de to-
dos os cantos para quem conse-
gue assumir o que sente ou pen-
sa porque gera um desconforto.
Imagine, então, se esse alguém
acaba deixando a raiva escapar
no auge de seu descontrole.
Mas por que isso incomoda
tanto as demais pessoas quan-
do presenciam uma cena des-
sa? Elas conseguem imaginar
que a reação teve algum moti-
vo, assim como também pode-
ria acontecer – ou já aconteceu
com elas.
Para a psicóloga Maria Apa-
recida Junqueira Zampieri, es-
pecialista em psicodrama, ten-
demos a nos incomodar com o
que não sabemos lidar, com ao
que foge ao culturalmente espe-
rado. Mesmo podendo, o ser
humano não consegue. “Por is-
so é saudável permitir e aco-
lher expressões de diferentes
sentimentos, todos eles, inclusi-
ve a raiva, são legítimos. Pode-
se moderar com a educação e
percepção do contexto, adequa-
ção do modo de expressão de ca-
da sentimento, para que se pos-
sa expressar a dor, a raiva, o ciú-
me, a frustração. Mas que tam-
bém se aprenda atitudes de en-
frentamento e superação”, diz
a psicóloga.
Essa censura para quem sai
da linha existe exatamente por
ser uma reação e atitude não es-
perada, até imprópria moral ou
juridicamente, dependendo o
caso, diz a psicóloga Aline
Belluzi Martins Pina. “É nessa
hora que são testados os víncu-
los pessoais verdadeiros, e é do
confronto de ideias com estes
que surge a franqueza e víncu-
los que promovam de fato me-
lhora humana em nosso egoís-
mo natural”, diz.
Para Aline, outra influencia-
dor é a barreira social criada na
base do “ter”. É essa linha de
pensamento que exige um pa-
drão físico, social e postura su-
perficial. “Assim vamos estabe-
lecendo relações sem respeito
próprio, e quando adotamos
posturas não hipócritas, bus-
cando se recompor, corremos o
risco de ficarmos solitários – já
que passamos a ser interpreta-
dos como alguém chato ou an-
tissocial”, diz.
Bater uma porta depois de
um dia difícil ou uma situação
irritante ou angustiante pode
até dar sensação certamente de
alívio para quem pratica, mas
tal atitude será reprovada. Para
Maria Aparecida esses senti-
mentos que movem as pessoas
podem ser resultado de uma ne-
cessidade de descarregar, mas
ao ouvir a batida de uma porta,
por exemplo, há o experimento
e sensação de risco.
A psicóloga Aline afirma
também que quando surge um
comportamento mais extremo
e fora dos padrões, o desequilí-
brio provoca descarga, satisfa-
ção e alívio. “Mas pode gerar
ainda culpa e reparação, permi-
tindo o amadurecimento, afi-
nal, o desequilíbrio, também
grita por harmonia”.
Chorar compulsivamente
pode ser outra fuga para descar-
regar tanto sentimento repre-
sado. “Desabafar, chorar, la-
var a alma é tão importante
como brincar, criar, extra-
vasar, fazer uma higiene
de emoções. Nossas
emoções são reais, pre-
cisam encontrar
meios adequados de
expressão até para
que não tenham
que ser expressas
por meio de for-
mas alternati-
vas, como do-
res, doenças
ou explosões
descontrola-
das”, desta-
ca a psicó-
loga.
Comportamento
Pela harmoniade todos
6 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Mantenhaaharmonia
Tire as máscarasNa verdade, o que real-
mente coloca as pessoas nessa
posição de renegar as próprias
imperfeições – e também a
alheia – é a cultura de que tu-
do precisa ser perfeito. As pes-
soas até podem mentir, sentir
inveja, medo, raiva e outros
sentimentos e sensações nada
agradáveis, é inevitável: só
não podem assumir isso.
“Desde criança ouvimos
que é feio mentir, sentir deter-
minadas emoções negativas.
As famílias e a educação reli-
giosa colaboram bastante para
algumas confusões que ten-
dem a perpetuar de geração
em geração. É feio, pecado,
um agravo, papai do céu não
gosta. Então, sentimos, mas
não podemos expressar”, des-
taca Maria Aparecida.
Crianças crescem ouvindo
isso, mas, contraditoriamen-
te, veem o próprio pai ou a
mãe (às vezes, os dois juntos),
expressarem raiva, e já emi-
tem o pensamento de que isso
não está certo. Da mesma for-
ma acontece nos grupos so-
ciais, um recriminando o com-
portamento do outro, mesmo
sabendo que também são pas-
síveis de sentir e ter as mes-
mas atitudes em determina-
das situações.
“Vivemos pressões (e tam-
bém as exercemos), e nessa
dança o que soar desarmonio-
so é melhor esconder e não
correr o risco de rejeição. Faz,
mas faz escondido. Sente, mas
não pode expressar”, destaca
a psicóloga Maria. � (EV)
Gratificação
Cumplicidade
Assertividade
Autoestima
Autoreciclagem
Respeito àpersonalidade
Sensação de bem-estar
Fonte: Aline Belluzi Martins Pina,psicóloga
Duas principais característi-
cas para manter essa harmonia
social estão empenhadas na
franqueza e habilidade emocio-
nal, afirma a psicóloga Aline
Belluzi Martins Pina. Saber
das próprias limitações, percor-
rendo caminhos com coerência
é parte desse processo de auto-
conhecimento.
“Sugiro termos coragem
em olhar os sinais que nosso
psiquismo dá de que não esta-
mos bem. Enquanto formos re-
fém do estresse seremos eter-
nos frustrados, pois acaba sen-
do sinônimo de desordem, e is-
so adoece. Que tenhamos a
perspicácia de trabalhar, amar
e desfrutar a vida com a intensi-
dade compatível a ela”, destaca
a psicóloga.
É importante buscar esse en-
contro com si mesmo já que
nem sempre os sentimentos ne-
gativos encontram espaço para
ser expressados. É saudável
também ajudar quem está nes-
sa situação, uma vez que essa
pessoa que vive represando sen-
timentos, pode explodir e ser
mal compreendida.
“O que poderia ser recebi-
do como sinais e sintomas de
que algo não vai bem com a
pessoa, às vezes é recebido co-
mo falta de controle ou falha
na educação e respeito. Mas é
respeitosa uma atitude que ad-
mite a expressão desajeitada
de alguém que pode estar so-
frendo, orientando a pessoa
com meios mais adequados e
assertivos de expressão”, diz a
psicóloga Maria Aparecida
Junqueira Zampieri. (EV)
Benefíciosda harmonia
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 7
Para onde
Mudanças no desenvolvimento humano estão cheias de vícios
que podem prejudicar as próximas gerações
Elen [email protected]
A mudança é necessária,
mas muitas vezes é difícil de
fazê-la acontecer. É com essa
observação que o psiquiatra e
psicoterapeuta Flávio Gikova-
te inicia um dos vídeos em
seu canal oficial no site Youtu-
be. Mas por que mudar é im-
portante?
Primeiro porque mudar é
crescer, é renovar, é acompa-
nhar a vida que mantém-se
em constante movimento. Se-
gundo, e talvez mais importan-
te, porque ajuda a fugir de
crenças enraizadas, convic-
ções e pontos de vista que não
levam a lugar algum, e afasta
sentimentos e comportamen-
tos negativos da atualidade,
como o excesso de competitivi-
dade, o estresse, o egoísmo e a
inveja.
A incessante busca pela
aparência é dos obstáculos do
crescimento das pessoas, e que
gera dúvidas sobre o destino
da humanidade com essa vi-
são. Para Rodrigo Fonseca, es-
pecialista em Inteligência
Emocional, de São Paulo, e au-
tor do livro “Emoções – A inte-
ligência emocional na práti-
ca!” (editora Reflexão), a rede
social, por exemplo, é um am-
biente muito usado para se au-
toafirmar e expandir o que se
tem. “A rede social é uma tela
projetora de coisas que gosta-
riam de ser. Se a pessoa preci-
sa disso, ela não é o que de-
monstra. Quando sabe das qua-
lidades ou coisas que têm, não
precisa mostrar para nin-
guém”, diz.
As postagens de frases, tex-
tos, imagens e vídeos na inter-
net podem até passar informa-
ções distorcidas da realidade
daquelas pessoas, como uma
falsa felicidade, gerando até in-
veja alheia. O psicoterapeuta e
escritor, Renato Dias Marti-
no, de Rio Preto, concorda
com Fonseca ao afirmar que a
internet e as redes sociais são
um meio de comunicação de
uma sociedade que se mostra
“afetivamente incapaz”.
Segundo Martino, vê-se
“um meio de comunicação ex-
tremamente eficaz e rápido pa-
ra proliferar regras sociais
que podem tanto trazer
mensagem de esperança
da consciência, como
corromper mais a pró-
pria humanidade em
uma ação de fazer o ab-
Relações humanas
8 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
vamos?Saúde física: Procure fazer uma atividade
que lhe dá prazer de verdade, seja academia,dança, caminhada, sem interrupção
Saúde espiritual: Identifique-se com umafilosofia de uma religião, buscando aquelaque oferece mais sensação de paz interior
Saúde intelectual: Busque encontrarinformações gratificantes e que prendem aatenção durante a leitura, seja em romances,aventuras ou gibis
Saúde familiar: Crie o hábito de expor oque sente de bom e o que não gosta para osfamiliares e amigos, evitando entendimentoserrados ou frustrações
Saúde profissional: O sucessovirá com o desenvolvimento daspróprias habilidades e talentos, por isso épreciso amar o que se faz
Saúde financeira: Direcionecom mais atenção seu dinheiro: invista nofuturo, em você mesmo e pague suas contasem dia
Saúde social: Faça o bem. Doe-se eagradeça ao universo todos os talentos ecoisas boas que recebeu de graça,repassando para outras pessoas
Fonte: Rodrigo Fonseca, especialista em InteligênciaEmocional
surdo se tornar lugar co-
mum”.
A necessidade de manter
uma aparência pessoal para o
grupo e sociedade a qual está
envolvido demonstra ainda
uma grande ilusão ao se indivi-
dualizar para isso. Fonseca
destaca que muitas pessoas
querem ter apenas para colo-
car em exibição para o outro o
que ganhou ou conquistou.
“Vivemos em uma época
da personificação dos objetos,
de amar o que tem. Acredito,
no entanto, que em um dado
momento, quem pen-
sa dessa maneira
acabará descobrin-
do que o amor de
verdade existe com
ou sem nada mate-
rial”, analisa o especia-
lista em Inteligência
Emocional.
Para onde vai uma popula-
ção em que as pessoas querem
o “seu” computador, o “seu” te-
lefone, o “seu” quarto, o “seu”
carro, e nada para dizer “nos-
so”? Essa individualidade ex-
cessiva e esse egoísmo podem
ser observados facilmente den-
tro de uma família ou um gru-
po de amigos, onde a tendên-
cia tem desgastado os vínculos
e diminuído diálogos.
É comum encontrar em
uma casa cada membro da fa-
mília em um canto distinto:
um no computador, outro na
televisão, no celular, no video-
game ou lendo uma revista.
Não se comunicam! Essa situa-
ção é séria, avalia Martino,
pois pode indicar uma impro-
vável mudança social geral.
Para o psicoterapeuta, es-
tão surgindo gerações menos
preocupadas e preparadas pa-
ra a família, e que tenham
bons exemplos de seguir e re-
passar. “As crianças têm sido
instruídas para se tornarem tu-
do, menos pais e mães. Mas,
apesar disso, as chances de se-
rem pais e mães, sobrepõem
qualquer que seja a oportuni-
dade de desempenhar qual-
quer outra função”.
A restauração dos laços fa-
miliares, no entanto, não está
tão perdida já que poderá
acontecer por meio de uma
mudança consciente ou força-
da. Somente assim percebe-se
que a felicidade está em com-
partilhar momentos com as
pessoas que amamos e nos
querem bem. É isso que faz to-
da a diferença, e também evita
a solidão.
Menos tolerância
O estresse é natural e impor-
tante ao corpo humano. Não há
como querer evitá-lo. O que
não se pode é deixar que perma-
neça constante e afete tanto as
pessoas e suas relações.
Tudo pode começar com
um sentimento de baixa autoes-
tima, mesmo dentro da família.
Sem ser amado, compreendido
ou ter a atenção que julgava ser
necessária, essa pessoa tende a
preencher o que lhe falta (ou
faltava) com o que a vida mate-
rial pode lhe oferecer para cha-
mar a atenção de outras pes-
soas, afirma o psicoterapeuta e
escritor, Renato Dias Martino.
Mas como a baixa autoesti-
ma pode provocar o estresse?
Com o excesso de trabalho para
ganhar mais dinheiro para as
compras. “O estresse sempre
existirá e a cobrança também,
mas o problema é que as pes-
soas vão fazer muitas coisas pa-
ra ter mais dinheiro, o que aca-
ba mantendo o mercado”, diz o
especialista em Inteligência
Emocional, Rodrigo Fonseca.
“Já que ser desejado é uma
necessidade emocional, o indi-
víduo deve trabalhar muito pa-
ra acumular bens, cada vez
mais e assim talvez conseguir
ser desejado pelo outro. Um
processo que gera sujeitos es-
tressados e incapazes de amar”,
acrescenta Martino.
É preciso entender que o
ser humano tem um estado de
felicidade constante, mesmo
com todas as adversidades que
possa acabar enfrentando, co-
mo angústias, medos ou situa-
ções difíceis. “Ninguém deixa
de ser feliz. A felicidade está no
estado puro do ser humano,
por trás de todas as cascas”,
conclui Fonseca. � (EV)
O suporte que dá força pa-
ra a mudança é a coragem pa-
ra enfrentar, suportar e supe-
rar os medos e desafios. O
psiquiatra e psicoterapeuta
Flávio Gikovate destaca em
um de seus vídeos no Youtu-
be que como a vida está em
constante movimento, é pre-
ciso ousar e adequar-se a to-
das as modificações que que-
remos ou somos conduzidos
a fazer. Valores e regras tam-
bém se modificam.
Tudo isso em nome de
mais liberdade, afirma o psi-
coterapeuta e escritor, Rena-
to Dias Martino. Porém, um
efeito colateral tem se mani-
festado: a tolerância às frus-
trações tem diminuído pro-
porcionalmente ao cresci-
mento dessa tal liberdade,
principalmente nos relacio-
namentos pessoais e sociais.
“O sujeito tem tolerado
cada vez menos as frustra-
ções implicadas no vínculo
afetivo com o outro, logo na
união matrimonial. Tendo o
resguardo da lei e de certa
cultura contemporânea, os
compromissos são desfeitos
com extrema facilidade e ca-
da vez os processos legais
têm se mostrado mais ágeis
nessa ordem de eventos”,
diz o psicoterapeuta.
Na formação de uma fa-
mília, por exemplo, como so-
bra menos tempo dos pais pa-
ra dedicarem-se a seus fi-
lhos, o desenvolvimento
emocional da criança aconte-
ce sem essa importante pre-
sença. O resultado são indiví-
duos inseguros e até com me-
nos capacidade de amar,
criando brechas para caracte-
rísticas de competitividade e
ambição.
“O futuro e um sujeito
privado das experiências
emocionais de base parece
ser muito incerto. Já que não
foi possível receber os cuida-
dos fundamentais no seio do
lar, será muito difícil encon-
trar isso de qualquer outra
forma, ou em qualquer outro
lugar que seja”, destaca Mar-
tino. (EV)
Exercite-se para o bem
Rumos do estresse
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 9
Gisele [email protected]
Vocês se amavam louca-
mente e planejavam passar o
resto da vida juntos. Pelo me-
nos, faziam planos para isso.
Ai, um belo dia, sem que você
se dê conta, por um amontoa-
do de motivos - muitos deles
bem pequeninhos - percebe
que o amor acabou e resta ape-
nas a amizade. Isso pode acon-
tecer com qualquer um e em
qualquer lugar. “O amor aca-
ba. Numa esquina, por exem-
plo, num domingo de lua no-
va, depois de teatro e silên-
cio; acaba em cafés engordura-
dos, diferentes dos parques
de ouro onde começou a pul-
sar; de repente, ao meio do ci-
garro que ele atira de raiva
contra um automóvel”, diz o
escritor mineiro Paulo Men-
des Campos (1922-1991) no li-
vro “O Amor Acaba” (Ed. Ci-
vilização Brasileira).
Você até que tenta conti-
nuar a relação, mas não conse-
gue. E fica cheio de culpas por
não ter conseguido sustentar es-
se amor. O carinho continua, o
afeto não acaba, mas já não é
amor. Para alguns especialis-
tas, quando se chega a esse pon-
to, é difícil voltar atrás. O que
se pode fazer é refletir sobre a
experiência vivida e limpar a al-
ma para os próximos relaciona-
mentos. O que não podemos, é
deixar de buscar nossa felicida-
de por culpa ou remorso.
“A perda do desejo pode
ter sua origem em diferentes
fatores. Cada pessoa é detento-
ra de um repertório próprio
que determina sua reação a ca-
da estímulo recebido. Nós sa-
bemos que conviver é um desa-
fio. Enquanto o casal limita-se
ao namoro, é muito simples
manter o encantamento, uma
vez que cada um tem sua inti-
midade devidamente reserva-
da”, diz o psicólogo cognitivo-
comportamental Alexandre
Caprio. Nada é mais desgastan-
te que a rotina, seja ela profis-
sional ou afetiva. Se nós muda-
mos, então muda também o
que os outros sentem por nós.
Algumas pessoas se anulam
no casamento, deixando para
trás seus amigos, hobbies, so-
nhos e família. Tornam-se
frias e distantes e, por isso, per-
dem as qualidades que a torna-
va apaixonante. A amizade po-
de permanecer, mas a chama
do amor se apaga. A partir des-
te ponto- ressalta Caprio- são
muitos os casais que permane-
cem juntos em respeito a tudo
que viveram juntos. É comum
- principalmente em relação à
mulher – culpar-se por sentir-
se insatisfeita. É recorrente o
pensamento de que estão com
um homem que, apesar de tu-
do, é bom e que qualquer aven-
tura nessa altura da vida seria
uma imprudência. Esse medo
transforma o casamento em
uma procrastinação que se ar-
rasta, ano a ano, tornando-se
uma relação meramente amigá-
vel. “Nós não vivemos sem so-
nhos. Se o sonho morre, mor-
re também o homem. Não po-
demos enganar nossa mente
com conformismo e nem acre-
ditar em argumentos de ami-
gos como se fosse uma verda-
de absoluta ao qual nós esta-
mos submetidos”, explica o
psicólogo.
Não devemos ter medo de
buscar nossa felicidade. Abrir
mão dela é criar um sentimen-
to de auto-traição. Não pode-
mos desistir de nós mesmos.
Se, ao final de um grande
amor, temos um grande amigo,
não foi tão ruim assim. Cada fa-
se de nossa vida é o preparo da
próxima. Não negue seu direi-
to de seguir em frente. “A estra-
da não termina na curva. Embo-
ra não possamos ver o que exis-
te depois, ela continua, e nos re-
serva muitas surpresas, que só
conheceremos se nos mantiver-
mos firmes e pararmos de dar
ouvidos às pessoas que, cegas
ou tomadas pelo medo, já deixa-
ram seus próprios caminhos há
muito tempo”, garante Caprio
O professor e sexólogo Mar-
cos Ribeiro lembra que é preci-
so ter o desejo. Quando ele aca-
ba, é como se alguma coisa fos-
se desligada dentro da pessoa.
O desejo é o que impulsiona pa-
ra o amor; para a intimidade;
para o querer estar junto o tem-
po todo, a noite toda, até o pra-
zer da manhã. Sem desejo, fica
difícil manter uma relação.
Nessa hora, não adianta sentir
Relacionamento
10 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Amor ouAmor ouamizade?amizade?Quando o amor acaba é preciso afastar as culpas e mágoas,
seguir em frente e continuar a busca pela felicidade
culpa. Até porque nunca é só
um fator que leva o casal ao tris-
te desfecho. Podem ser muitos,
com responsabilidades de am-
bos os lados.
Para piorar as coisas, nem
sempre há sincronicidade no es-
morecimento do desejo, nem
sempre o amor acaba ao mesmo
tempo para os dois. Por isso,
um sofrerá mais e não há muito
o que fazer a não ser refletir so-
bre o que aconteceu, até para le-
var o aprendizado para outras
relações. Pensar nessas ques-
tões é essencial para o amadure-
cimento individual, o que aju-
da a eliminar mágoas e culpas
para chegar à relação seguinte
mais inteiro (ou inteira) e não
aos pedaços. O segredo, segun-
do ele, está na autoestima. Gos-
tar de si ajuda a recomeçar e a
abrir o coração, que, quando
menos se espera, fica em festa e
feliz outra vez. É assim até no
texto de Paulo Mendes Cam-
pos. “Em todos os lugares o
amor acaba; a qualquer hora o
amor acaba; por qualquer moti-
vo o amor acaba; para recome-
çar em todos os lugares.”
Um estudo coordenado pe-
la antropóloga Helen Fisher,
da Rutgers University, nos Es-
tados Unidos, publicado no
“Journal of Neurophysiolo-
gy”, mostra que os efeitos do
término de um relacionamen-
to podem ser difíceis de con-
trolar. Isso pode ajudar a expli-
car por que determinadas pes-
soas ficam obcecadas pelo ex-
parceiro. O sentimento funcio-
na como um vício, por isso
não é fácil de ser superado.
Pessoas com dificuldade de li-
dar com perdas podem estar lu-
tando contra um instinto for-
te, que é a base de muitos ví-
cios. O estudo de Helen Fi-
sher afirma que o sentimento
de angústia e sofrimento causa-
do pela rejeição pode estar liga-
do em grande parte a uma área
específica do cérebro relacio-
nada à motivação, recompensa
e vício. O fim de um relaciona-
mento para a cientista deve
ser como um processo de de-
sintoxicação, por isso deve-se
livrar da lembrança do ex par-
ceiro a fim de desativar a área
do cérebro ligada ao apego. He-
len Fisher confirma que o tem-
po cura as feridas.
Se você é parte do casal que
ainda ama nesta relação, antes
de insistir em um relaciona-
mento fracassado, é bom ficar
atento ao que escreveu o poeta
chi leno Pablo Neruda
(1904-1973). “Se sou amado,
quanto mais amado, mais cor-
respondo ao amor. Se sou es-
quecido, devo esquecer tam-
bém. Pois amor é feito espelho:
tem que ter reflexo.”
Mas antes de desistir
de um relacionamento só
porque o coração não bate
mais tão forte como antes,
é bom avaliar algumas coi-
sas. “Creio que todo casal,
em algum momento da re-
lação, já se perguntou: - se-
rá que eu realmente amo
esta pessoa ou estou com
ela apenas porque já me
acostumei? Ou seja, a dúvi-
da parece reincidir sobre
dois sentimentos que apa-
rentemente exigem postu-
ras diferentes: amor e ami-
zade. Porém, creio que al-
guns conceitos necessitem
de certa reflexão. Se pode-
mos nos apaixonar por um
amigo, supomos que ami-
zade e amor podem ter ín-
tima correlação”, diz a es-
critora e consultora em re-
lacionamentos, Rosana
Braga, autora dos livros
“Alma Gêmea - Segredos
de um Encontro” e “Sem
Regras para Viver”. Se po-
demos nos tornar amigos
de quem amamos, a afirma-
ção continua valendo. Isto
é, podemos acrescentar
amor à amizade e amizade
ao amor.
Mas por que, em mui-
tos casos, quando uma pes-
soa se questiona sobre o fa-
to do amor ter-se tornado
amizade, fica a impressão
de que algo se perdeu?,
questiona a escritora. Fica
a sensação de que falta al-
guma coisa, de que foi sub-
traído da relação o mais
importante? Será? “O que
quero dizer, na verdade, é
que a base de uma relação
de amor, especialmente
com o tempo, a dedicação
e a construção de uma vi-
da em comum, vai ganhan-
do mais em amizade e per-
mitindo que se apague, de
forma saudável e necessá-
ria, o fogo da paixão. E é
absolutamente preciso
que seja assim, acredite”,
explica.
Mas as crenças e os ro-
mances nos enganam -
continua Rosana - deixam
no ar a ilusão de que pode-
mos estar constante e inin-
terruptamente apaixona-
dos, ardendo, como se o
amor se resumisse a isso.
E assim, nos perdemos em
desejos impossíveis. Acre-
ditamos que falta algo nas
relações duradouras. Sim-
plesmente porque não
aprendemos a apreciar a
sutileza do amor. “Não es-
tou, de forma alguma, su-
bestimando a importância
da paixão. Ela é necessária
e imperdível. Contém em
si o impulso da provoca-
ção, a coragem para a en-
trega. Sem ela não há iní-
cio, não há motivação para
o nascimento do amor. De-
sejo assim, que todos nós
tenhamos a oportunidade
de nos envolver nas cha-
mas da paixão. Se preciso
for, até arder, doer e apren-
der. Para depois, enfim, va-
lorizar a calmaria do
amor. Afinal, a paixão
queima e machuca enquan-
to que o amor aquece e aco-
lhe. E que você descubra e
usufrua do segredo conti-
do na relação que torna-se
mais parecida com amiza-
de e menos com a angústia
das paixões”, diz. (GB)
Avalie a relação
www.sxc.hu/Divugação
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 11
Sorrir é um dos diferenciais do ser humano e o caminho mais curto na comunicação
entre pessoas, além de aliviar o estresse
Gisele [email protected]
São poucos gestos tão gosto-
sos e significativos quanto dar
ou receber um sorriso. E não
importa se o dia está quente ou
frio; chuvoso ou se faz sol. Vo-
cê nem imagina o poder que
tem um sorriso. Eles são uma
bênção. Mensageiros da ale-
gria, os sorrisos partem dos lá-
bios, irradiam para os olhos e
alimentam o coração. Sorrir é
uma dos maiores diferenciais
do ser humano: é o caminho
mais curto na comunicação en-
tre as pessoas. Ao sorrir, nosso
cérebro interpreta que esta-
mos felizes e reage, rapidamen-
te, diminuindo a liberação de
hormônios causadores do es-
tresse. Resultado: ficamos cal-
minhos, calminhos. São ainda
uma bênção para quem recebe.
Já aconteceu com você de estar
triste e, ao receber um sorriso
sincero, sentir toda a tristeza se
dissipar como num passe de
mágica? Pois é, o sorriso tem
sim esse poder.
“Sorrir não é apenas um
bom exercício para a mente.
Também conserva o corpo
constantemente abastecido de
renovada energia cósmica”, di-
zia o iogue e guru indiano Para-
mahansa Yogananda, um dos
primeiros a promover a prática
da meditação no mundo oci-
dental. Em seu livro “Onde
Existe Luz”, o guru garante
que a pessoa que possui alegria
dentro de si constata que seu
corpo está carregado de corren-
tes elétricas, energia vital pro-
veniente não dos alimentos,
mas de Deus. E dá uma dica:
“Se você sente que não pode
sorrir, fique diante de um espe-
lho e, com os dedos, arme um
sorriso em sua boca. Isso é im-
portante.” Ainda, segundo Yo-
gananda, a alegria sincera trans-
forma as pessoas em milioná-
rios de sorrisos. “Um sorriso ge-
nuíno distribui a energia cós-
mica, prana, a todas as células
do corpo. O homem feliz é me-
nos sujeito a doenças, pois a fe-
licidade de fato atrai para o cor-
po um maior suprimento da
universal energia vital.”
O sorriso encanta e é o pon-
to de partida para quem quer
elevar sua autoestima. Quando
sorrimos para outra pessoa,
transmitimos a ideia de simpa-
tia, aceitação e ele se torna o
idioma universal. Não há
quem não o entenda. E, ele é
mais uma prova de uma lei na-
tural: a da atração. Você atrai o
que dá, por isso quando sorri-
mos, atraímos uma infinidade
de outros sorrisos O sorriso ge-
ra sorrisos porque você atrai o
que você transmite. É uma lei
natural.
Se o simples gesto de sorrir
para transformar seu dia não
for suficiente, existem outras
boas razões que poderão ajuda-
lo a sorrir. Quando sorri, você
utiliza 28 músculos da face.
Não é de hoje que os especialis-
tas de todo o mundo estudam
para descobrir de que forma es-
se ato afeta o corpo e a saúde
das pessoas. O que grande par-
te dos resultados mostra é que
os efeitos vão muito além da
sensação de bem-estar ou da
moleza no corpo após uma lon-
ga gargalhada. O riso faz bem
ao coração, enquanto a depres-
são aumenta os riscos de pro-
blemas cardíacos e de mortali-
dade, indicam estudos apresen-
tados pela da Sociedade Ameri-
cana de Cardiologia (ACC).
Ambos os estudos, realizados
por pesquisadores das universi-
dades de Maryland e da Caroli-
na do Norte, assinalaram a in-
fluência direta dos fatores psi-
cológicos na saúde humana. Se-
gundo Michael Miller, da Uni-
versidade de Maryland, “a am-
plitude da alteração observada
no tecido que recobre a parede
interna dos vasos (endotélio)
nas pessoas que riem é seme-
lhante à que teriam numa ativi-
dade física intensa”.
“O sorriso, assim como as
emoções positivas liberam as
beta-endorfinas que ajudam na
melhoria da fisiologia cardía-
ca. Ele facilita a produção de
óxido nítrico e as artérias coro-
nárias trabalham melhor”, ex-
plica o cardiologista Percival
Trindade, do Incor Rio Preto.
Um artigo também foi publica-
do pela Sociedade Europeia de
Cardiologia (ESC) 2012, em
Munique, na Alemanha. As
doenças cardiovasculares conti-
nuam sendo a principal causa
de morte no mundo. E quando
a pessoa sorri, elimina emoções
negativas que certamente fa-
zem mal para o coração.
“Ele é a porta de chegada e
de partida da alma”, diz a vi-
dente Marina Gold. O sorriso,
ainda segundo ela, além de sim-
patia, também pode significar
empatia e é algo fundamental
no processo de conquista.
Quem sorri é mais feliz, por-
que o sorriso atrai tudo o que é
positivo e gera felicidade. “Me
lembrei de um livro superinte-
ressante, ‘Como lidar com emo-
ções destrutivas’ (ed. Campus).
Um dos cientistas participan-
tes era Paul Eckman, especialis-
ta na ciência das emoções e das
expressões faciais. Ele fala dos
estudos sobre o ‘sorriso de Du-
chenne´, ou o sorriso verdadei-
ro, que é diferente do sorriso
falso, pois utiliza músculos di-
ferentes para ser expresso. Esse
sorriso verdadeiro ativa áreas
cerebrais associadas ao prazer
e felicidade, além de liberar
beta-endorfinas, que são subs-
tâncias produzidas pelo cére-
bro e que geram sensação de
bem-estar”, diz o coach e ioga-
terapeuta Salvador Hernan-
des. Experimente sorrir. Não
importa o lugar e veja como o
mundo fica mais agradável. O
sorriso, verdadeiro funciona
como um abridor de cora-
ções. “Muita coisa que ontem
parecia importante ou signifi-
cativa virará pó no filtro da
memória. Mas o sorriso (...)
ah, esse resistirá a todas as ci-
ladas do tempo”, disse o dra-
maturgo e escritor Caio Fer-
nando de Abreu (1948-1966).
Perfeita definição. �
Bem-Estar
O poder do sorriso
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz”
(Braguinha - C. Chaplin -J. Turner - G. Parsons)
“Sorri quandoa dor te torturar
www.sxc.hu/Divulgação
12 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Continuar implica suportar fardos que não são poucos, não são leves e não têm fim,
mas somos fortes e capazes de enfrentar todas as adversidades
Mara Lúcia MadureiraPsicóloga
O mundo não acabou. As
tempestades solares não foram
intensas o bastante para produ-
zir caos nas redes elétricas e
destruir satélites terrestres. A
interpretação do calendário
maia foi equivocada. O fim do
13 baktun, como era dividido e
medido o tempo pelos Maias,
era apenas o fim de um ciclo,
não o fim do mundo. Quanto
ao Armagedom e outras teorias
escatológicas, melhor seguir al-
guns conselhos bíblicos: “orai
e vigiai”, mas “não vos escanda-
lizeis com nada nessa vida”.
Grande parte da humanida-
de aprecia tragédias, adora pro-
duzir notícias alarmistas e se vi-
cia em emoções pessimistas, ne-
gativismos, ansiedade e outros
horrores da vida diária. Passa a
vida toda cindida entre as ver-
tentes emocionais da realidade
(quase sempre negada) e cria-
ção ilusória, permeada por um
amontoado de distorções per-
ceptivas, desejos não realiza-
dos, rancores, mágoas, medos e
projeções.
A ideia e as profetizações
sobre o fim de mundo são proje-
ções coletivas do medo do fim
da vida, das tragédias pessoais
e catástrofes imaginárias, po-
rém, mais confortante, já que
na hipótese do fim do mundo
não se morre solitário e não há
mais nada depois de nós.
A questão é que estamos vi-
vos e, com ou sem motivos, ire-
mos continuar por mais algum
tempo e, continuar implica su-
portar os fardos que não são
poucos, não são leves e não têm
fim. A cada ano, em diferentes
faixas de idade eles se apresen-
tam diferentes, mas continuam
fardos, pedados, desafiadores,
intermináveis.
O lado bom da história é
que somos mais fortes e poten-
cialmente capazes de enfrentar
as adversidades e abraçar as
oportunidades do que costuma-
mos supor. Desenvolvemos tec-
nologias, somos inteligentes,
inventivos, inovadores. Pode-
mos fortalecer os músculos do
corpo, desenvolver defesas
imunológicas e blindagens
emocionais. Sabemos e pode-
mos expandir o componente
mágico chamado fé, adquirir
autoconfiança e poderes nunca
antes imagináveis.
A notícia ruim é que somos
muito bons em distorcer a reali-
dade. Costumamos exagerar a
crueldade de eventos ruins, mi-
nimizar ou negar benefícios de
ações positivas, projetamos nas
pessoas o que há de ruim em
nós mesmos e negamos neles, o
bem que nos falta. E o pior é
que acreditamos fácil e com tal
veemência em nossas percep-
ções caóticas que o desapego é
uma tarefa difícil.
Interpretamos calendários,
fatos, situações e as próprias
sensações de forma equivoca-
da. Apegamo-nos a tais ideias e
relutamos em aceitar uma ver-
dade menos dramática. Um
exemplo comum é o sofrimen-
to real do Transtorno do Pâni-
co, uma interpretação exagera-
da dos sintomas da ansiedade
que leva o sujeito a acreditar
que está sofrendo um infarto
do miocárdio e, em geral, con-
sulta de cinco a sete cardiologis-
tas antes de se convencer de
que seu problema é psicológico
e não cardíaco.
O tempo na Terra e o tem-
po da Terra são coisas distin-
tas. No entanto, o homem se
confunde com Deus de tal ma-
neira que chega a defini-Lo e
representá-Lo à sua imagem e
semelhança, num esforço
constante de aproximação da
inteligência criadora à igno-
rância humana. O conheci-
mento poderá livrar o homem
das cadeiras de ilusão e aproxi-
ma-lo de Deus. Seja Deus a in-
teligência criadora do univer-
so, a paz de espírito ou estado
de bem-estar. Cada um conce-
be (ou não) Deus conforme
suas crenças, mas todos reco-
nhecem Sua ausência na imi-
nência da morte e Sua presen-
ça na prática do bem.
O pensamento megaloma-
níaco, causa e consequência
de muitas loucuras humanas,
fomentador do desejo e ações
desordenadas de posse e con-
sumo, torna as condições de vi-
da na Terra cada vez mais in-
sustentável.
Aqueles que estiverem dis-
postos a ficar fora das ruínas
precisarão construir novos sig-
nificados para suas histórias,
não importa o quanto já te-
nham avançado na idade, o
tempo é agora. Mudar signifi-
ca pensar a vida como a conti-
nuidade de dias, independente
de virar a página do mês, do
ano ou encerrar o Baktun do
calendário desta ou daquela ci-
vilização.
É preciso abandonar esse
discurso infeliz de “energias ne-
gativas”, “gente invejosa”, “co-
biça”, “perseguição”. Pare de
supor que todos deixaram de se
ocupar com as próprias vidas
para se ocuparem com a formi-
dável existência. Pergunte-se:
Quem é mesmo que está julgan-
do os outros? Quem é mesmo
que fica se ocupando da vida
alheia? Os outros estão ocupa-
dos comigo como eu me ocupo
com eles? Será que eu sou real-
mente uma pessoa tão célebre,
magnânima e invejável como
eu gostaria?
Um dia, não se sabe quan-
do e nem como, o mundo certa-
mente irá acabar e, bem mais
breve, todos nós iremos mor-
rer, antes que isso ocorra, o me-
lhor a fazer é viver em paz. Res-
peitar a vida, as pessoas e o pla-
neta.
Reconheçamos que não te-
mos a eternidade a nosso favor,
não somos os melhores exem-
plos na face da Terra, não so-
mos tão invejáveis como supo-
mos. Encontremos ocupações
mais nobres do que gastar o bre-
ve tempo que nos resta lamen-
tando, acusando, condenando.
Comecemos a ousar, arriscar,
errar, recomeçar, aprender, er-
rar de novo. �
Não recomece,continue
Thomaz Vita Neto
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 13
No ar em “Lado a Lado”, Rafael Cardoso anima-se com a
repercussão de seus últimos papéis na Globo
TV Press
Ver seus personagens ganha-
rem peso e consistência é o so-
nho de qualquer ator em início
de carreira. Rafael Cardoso con-
segue enxergar esse crescimento
profissional no destaque dado às
conquistas e pequenas maldades
de Albertinho, o aprendiz de vi-
lão que ele interpreta em “Lado
a Lado”. “O tamanho do perso-
nagem define as chances que o
ator tem de mostrar serviço. Es-
tou aproveitando o momento e
me dedicando ao máximo. Nove-
las são carregadas pelos seus per-
sonagens principais e encaro is-
so com responsabilidade”, anali-
sa. Na Globo desde 2008, quan-
do estreou com um pequeno pa-
pel em “Beleza Pura”, Rafael se
revelou na pele do “bad boy” Jor-
gito, de “Ti-Ti-Ti”. Mas cha-
mou a atenção do público e de
outros diretores da Globo ao
mostrar o amadurecimento de
Rodrigo, o jovem pai de “A Vi-
da da Gente”, de 2012, a partir
de uma atuação naturalista e de-
licada. “Foi um trabalho denso
e muito emocional. Rodrigo era
um cara do bem e que tinha de
lidar com problemas cotidianos
e familiares sem parecer clichê.
Tenho muito orgulho desse per-
sonagem”, valoriza.
Se sair bem no papel de
galã poderia render a Rafael o
convite para voltar a viver o su-
jeito boa praça e disputado por
duas mulheres, tipo tão recor-
rente em qualquer folhetim. No
entanto, para surpresa e satisfa-
ção do ator, o que surgiu foi um
“playboy” de época, filho de aris-
tocratas do Império, que, in-
fluenciado pela mãe, Constân-
cia, de Patrícia Pillar, não mede
esforços para beneficiar seus in-
teresses. “Albertinho não chega
a ser totalmente do mal, mas é,
muitas vezes, sem escrúpulos.
Acaba escorregando em suas
próprias maldades e isso o huma-
niza”, teoriza. Essa caráter nada
maniqueísta de Albertinho insti-
gou ainda mais o ator que, mes-
mo com o folhetim a pouco
mais de dois meses do fim, ain-
da surpreende-se com a trajetó-
ria do “bon vivant”. “É engraça-
do o poder da novela de se desen-
volver e tomar rumos desconhe-
cidos”, analisa Rafael, entusias-
mado com a nova descoberta de
seu personagem: um filho.
Para o ator, Albertinho
funciona como uma espécie de
retrato coerente de um jovem
aristocrata do início do século
20, época em que a trama assina-
da por Claudia Lages e João Xi-
menes Braga é ambientada. “Al-
bertinho tem um lado machista
bem comum para a época, o que
evidencia esse jeito conquista-
dor e garanhão dele. Ao mesmo
tempo, é um tipo extremamente
frágil e manipulável”, destaca.
Além de pesquisas e inspira-
ções, como os filmes “Don Juan
DeMarco”, de Jeremy Leven, e
“Ligações Perigosas”, de Ste-
phen Frears, boa parte do pro-
cesso de construção do persona-
gem foi formatado nos dez dias
em que Rafael passou gravando,
ao lado de parte do elenco de
“Lado a Lado”, no centro histó-
rico de São Luis, capital do Ma-
ranhão, que com suas constru-
ções evocavam o Rio de Janeiro
da época. Além disso, o ator en-
trega que os cenários e figurinos
da novela são essenciais para
mergulhar nas cenas de Alberti-
nho. “É meu primeiro trabalho
de época na tevê, fiquei impres-
sionado com a atenção aos míni-
mos detalhes”, admite.
Mesmo focado em sua car-
reira televisiva, Rafael mantém
intensa sua dedicação ao cine-
ma. Os novos frutos desse envol-
vimento com a sétima arte pode-
rão ser vistos ao longo de 2013,
com a estreia de “Senhores da
Guerra”, dirigido por Tabajara
Ruas, e “O Tempo e O Vento”,
de Jayme Monjardim. O ponto
em comum entre os longas é o
forte laço de ambas as histórias
com o Rio Grande do Sul, terra
natal do ator de 27 anos. O pri-
meiro conta a história da Revo-
lução de 1923, enquanto o filme
dirigido por Monjardim é basea-
do na obra do escritor gaúcho
Érico Veríssimo. “É uma honra
contar histórias da minha re-
gião através do cinema. Estou
ansioso por esses lançamentos”,
conta.
Perfil
Fase de crescimento
Durante a preparação pa-
ra “Lado a Lado”, um dos
elementos que mais aproxi-
maram Rafael Cardoso de
seu personagem foi o envol-
vimento dele com os primór-
dios do futebol no Brasil. Tu-
do porque, além de gremista
roxo, Rafael já jogou nas cate-
gorias de base de times lo-
cais, como Internacional, Ay-
moré, Mont Serrat e o pró-
prio Grêmio. “Modéstia à
parte, eu até jogo bem fute-
bol. Então, meu trabalho pa-
ra as cenas foi tentar jogar
mal. Afinal, a novela retrata
os primeiros jogos do espor-
te no país”, explica.
Nem mesmo os unifor-
mes de época tiram o bom
humor e o clima descon-
traído das cenas onde Rafael
divide o campo com Caio
Blat, Daniel Dalcin e Kleb-
ber Toledo, os outros “bolei-
ros” da atual novela das seis.
“A gente se diverte gravan-
do, pois todos somos muito
ligados em futebol. Nem
mesmo o calor do Rio de Ja-
neiro atrapalha”, garante. �
Antes de fazer novelas naGlobo, a primeira experiênciade Rafael Cardoso com atelevisão foi na série “Pé naPorta”, produzida e exibidapela RBS, emissora regionaldo Sul do Brasil
Em setembro do anopassado, ao serdiagnosticado com catapora,o ator teve de se ausentar dasgravações de “Lado a Lado”por 10 dias
Em 2009, no polêmico
filme “Do Começo Ao Fim”, deAluizio Abranches, Rafaelinterpretou o jovem Thomásque, ao longo da história,descobre-se apaixonado pelomeio-irmão Francisco, vividopor João Gabriel Vasconcelos
No ano passado, Rafaelmostrou sua porção diretor,ao comandar a gravação doclipe musical de “Vida”,música da banda de “reggae”brasiliense Mente Sã
“Lado a Lado” – Globo – desegunda a sábado, às 18h15
Na zona do agrião
Instantâneas
Jorge Rodrigues
TV - 14 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Devoltaàs raízesCom uma sucessão de papéis na tevê, Bianca Bin sente fal-
tadoteatro,ondecomeçousuacarreira.Noarcomoainve-
josa Carolina, de ‘’Guerra dos Sexos’’, ela saiu de Itu, inte-
riordeSãoPaulo,parasededicaraospalcos.Masasoportu-
nidades para a televisão começaram a dar mais certo. “Não
consegui voltar a estudar. Sinto falta da base teórica. Te-
nho vontade de me reciclar, ficar em cartaz e viajar com a
peça”, explica. Apesar do tempo afastada do teatro, a atriz
não se considera angustiada e está curtindo sua fase na te-
vê. “Não é uma angústia, mas é uma vontade que eu tenho
dentro de mim. Assim que eu tiver um tempinho, vai ser
meu foco”, afirma Bianca.
Sem medoUma das maiores surpresas para Rômulo Estrela ao inte-
grar o elenco de “Balacobaco” foi repetir a parceria com o
diretor Edson Spinello, com quem havia trabalhado em
“ReiDavi”.“Foiumagratasurpresa.Pudeabrirminhaca-
beça ainda mais após trabalhar com ele’’, elogia. Na trama
de Gisele Joras, Rômulo dá vida ao alternativo André. Fi-
lho de Genivaldo, vivido por Humberto Magnani, o per-
sonagem vive um conflito com o pai por não ter assumi-
do os negócios da família, pois prefere crescer pelos pró-
prios meios. “Ele gosta de fotografar e quer viver disso.
Um cara autêntico e verdadeiro. Está sempre em busca
da inquietação”, explica o ator, que está em sua sexta pro-
dução na Record.
Da academiaO Telecine garantiu o direito de exibição exclusiva na tevê
paga de 25 filmes indicados ao Oscar 2013. Entre algumas
das produções selecionadas estão: “Lincoln’’, ‘’As Aventu-
ras de Pi’’, ‘’O Lado Bom da Vida’’ e ‘’Os Miseráveis’’.
TestosteronaOelenco masculino da novelade Carlos Lombardi na Re-
cord ganhou reforços. Além de Fernando Pavão, farão
parte da trama Claudio Heinrich, Marcos Pitombo e
Iran Malfitano. Cláudio e Iran serão dois primos golpis-
tas, uma dupla de trambiqueiros, diferentes em tudo e
iguais na cara de pau.
Segundos de ouroAminissérie ‘’JosédoEgito” irácobrarcaroporumespaço
publicitário durante os intervalos. A emissora planeja ven-
der cada 30 segundos por R$ 208 mil.
Nas alturasThiago Martins dará vida a um piloto de caças em “Flor
do Caribe”, próxima novela das seis. Seu personagem,
Rodrigo, fará parte do esquadrão comandado por Cas-
siano, interpretado por Henri Castelli. O jovem de famí-
lia humilde - sua mãe é empregada doméstica e o pai,
vendedorambulante-semprefoicuriosoebatalhador.Ele
irá batalhar para conquistar a tenente Isabel, vivida por
Thaíssa Carvalho.
Juntos de novoMarina Ruy Barbosa está reservada para a próxima novela
dasnovedeWalcyr Carrasco.Aatrizpoderáservistaapar-
tirde junhonaestreiadoautornesta faixadehorário.Mari-
na já trabalhou com Walcyr em “Sete Pecados” e “Morde
& Assopra”.
Nível HollywoodAlexandre Avancini está encantado com as câmaras Arri
Alexa, equipamento utilizado em produções cinematográ-
ficas, com as quais trabalhou durante as gravações de “José
doEgito’’.ComopróximotrabalhonaRecordjáengatilha-
do, o diretor da primeira novela de Carlos Lombardi na
emissoranão escondeodesejode levaressa tecnologiapara
os folhetins. “É uma vontade. Queremos muito utilizar.
Mas ainda temos alguns desafios”, explica.
De voltaEm ‘’José do Egito’’, Mylla Christie será Raquel, a esposa
preferida de Jacó, interpretado por Celso Frateschi. Ela se-
rá mãe de José, vivido na primeira fase por Rick Tavares e
depoisporÂngeloPaesLeme.Aúltimanoveladaatrizha-
via sido em 2007, “Amor e Intrigas’’.
Calor baianoAndré Vasco estará à frente da cobertura do Carnaval de
Salvador do SBT. Ele irá dividir a apresentação com
Eliana, Celso Portiolli, César Filho, Karyn Bravo e He-
len Ganzarolli.
Na pele do malLonge da tevê desde “Morde & Assopra”, Paulo Vilhe-
na já garantiu sua volta em grande estilo. O ator será o
vilão na nova série policial da Globo, “A Teia”. As grava-
ções já começaram no Mato Grosso, com direção de Ro-
gério Gomes.
ResponsabilidadeChandelly Braz já tem novo trabalho na Globo. Após dar
vida à “periguete” Brunessa, em ‘’Cheias de Charme”, a
atrizestá confirmadano elencode “Saramandaia”.No “re-
make”, ela será Marcinha, papel vivido na primeira versão
por Sônia Braga.
De novoMiá Mello já começou as gravações do seu novo programa
para o Multishow, “Cê Faz o Quê?”. Anteriormente, a hu-
morista estava à frente do “Viajandona” e protagonizou a
série “Meu Passado Me Condena” com Fábio Porchat.
’’Debout’’ naavenidaMariana Ferrão vai comandar, pela primeira, vez as trans-
missões dos desfiles do Carnaval paulistano. A apresenta-
dora do “Bem Estar” está estudando sobre a história e o
que cada escola pretende apresentar no dia. Ela dividirá a
bancada com Cleber Machado.
Mais espaçoÀ frente do “Cante Se Puder” ao lado de Patrícia Abrava-
nel, Marcio Ballas poderá ganhar seu próprio programa de
humor no SBT. Ele é o principal nome cotado para assu-
mir a versão brasileira do “Thank God You’re Here!”,
uma comédia de improviso, semelhante a atrações como o
extinto “Quinta Categoria”, da MTV.
ZappingTV Press
Jorge Rodrigues
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 15 - TV
Conhecida pelo humor,
Zezé Polessa mergulha no drama
através dos dilemas morais
de Berna, de “Salve Jorge”
TV Press
A liberdade artística é um dos
maiores trunfos de Zezé Polessa.
Aos 59 anos, a intérprete da sofri-
da Berna, de “Salve Jorge”, garan-
te que prefere, educadamente, di-
zer “não” a um personagem do
que se repetir. “Para mim, não
tem graça viver tipos semelhan-
tes. Busco novas possibilidades
de atuação”, admite. A exótica tur-
ca da atual novela das nove, inclu-
sive, surgiu em um momento on-
de Zezé queria se dedicar a uma
história mais dramática, depois
do tom bem humorado de seus úl-
timos personagens em “Escrito
Nas Estrelas”, de 2010, e “Cordel
Encantado”, de 2011. “Berna tem
uma fixação tão grande pela ma-
ternidade que acabou encontran-
do problemas”, analisa.
Carioca, formada em Medici-
na pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Zezé deixou tudo
para trás em nome das Artes Cêni-
cas. Sua estreia na tevê foi em
meados dos anos 1980, em progra-
mas humorísticos da extinta Man-
chete. Ao entrar para a Globo, em
1989, a atriz pôde experimentar o
reconhecimento do público por
conta de Naná, sua personagem
em “Top Model”. Ao longo da
carreira, destacou-se pelos tipos
fortes e extravagantes que inter-
pretou em tramas como “Salsa e
Merengue” e “Porto dos Mila-
gres”. “A cada novo trabalho, eu
procuro o prazer de viver as perso-
nagens. Sem isso, fica complica-
do. Não quero ser apenas funcio-
nal para o papel”, assume.
Pergunta – Você viajou pa-ra a Turquia mesmo sem terde gravar cenas de “Salve Jor-ge” no país. O que a instigoua conhecer o região natal desua personagem?
Zezé – Fiz questão de ir para
a Turquia conhecer o país, seus
costumes e tradições. Foi essen-
cial para estabelecer um ponto de
conexão com a personagem. Infe-
lizmente, não tive de gravar cenas
lá, mas acho que sentir aquela re-
gião foi extremamente importan-
te para dar conta da minha perso-
nagem. Até porque eu estava com
a cultura árabe, já vista em outras
novelas da Gloria (Perez, autora),
entranhada na minha cabeça. E
não tem nada a ver. A viagem me
fez criar com mais embasamento
o jeito cosmopolita da Berna.
Pergunta – O que mais cha-mou a sua atenção nessa via-gem?
Zezé – A Turquia equilibra
muito bem o novo e o antigo em
sua cultura. Muito disso vem da
mistura de costumes ocidentais e
orientais de um país que é metade
Europa e o outra metade Ásia. Es-
se grande detalhe muda tudo. E
deixa o país com um ar tradiciona-
lista e moderníssimo ao mesmo
tempo. O par formado pela Berna
com o Mustafa (Antônio Calloni)
retrata muito esse contraste da re-
gião.
Pergunta – Como assim?Zezé – Ele é um empresário
do Grand Bazar, dono de lojas
de tapetes caríssimos. Enquanto
ela trabalha com restauração de
azulejos antigos. São ricos por
conta desses trabalhos, mas am-
bos têm mente aberta para os ne-
gócios e para os assuntos familia-
res. O único dilema deles era
não poder ter filhos. Algo que
foi resolvido com a adoção de
uma criança brasileira.
Pergunta – O desejo deAisha (Dani Moreno) em co-nhecer a família biológica é oponto de partida dos proble-
Entrevista
Dohumorao drama
Ped
roPau
loFi
guei
redo
TV - 16 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
mas de Berna. Você acha queela foi realmente enganadapor traficantes ou estava cien-te que recorreu a um proces-so ilegal de adoção?
Zezé– Acho que é um pouco
de cada coisa. Em um primeiro
momento, acredito que minha
personagem tenha sido ingênua
demais. Quando ela veio pegar a
criança no Brasil, a suposta assis-
tente social disse que estava tudo
certo, mas que o processo de ado-
ção ainda demoraria uns seis me-
ses para ser definido. A menos
que a Berna contratasse um despa-
chante. De acordo com o roteiro,
ela achou que daria dinheiro para
isso e não para comprar a criança.
Pergunta – A criança foi
entregue a Berna durante amadrugada em um quarto dehotel. Você acha que foi aíque a personagem pecou aoignorar o crime?
Zezé– Sem dúvida. A vonta-
de em ser mãe fez com que ela fe-
chasse os olhos para o que estava
acontecendo. A relação dela com
a Aisha é muito forte, até porque
ela não poderia ser mãe por méto-
dos naturais. E adotar aquela
criança foi um momento de reali-
zação para Berna. No fundo, ela
achava que estava fazendo uma
gesto de bondade e é a partir des-
sa ação que os dramas dela são ge-
rados.
Pergunta – Você é sempreescalada para papéis mais le-ves e cômicos. Voltar a inter-pretar um tipo mais dramáti-co era um objetivo seu?
Zezé – Eu queria fugir do
que geralmente é reservado para
mim. Berna é emotiva e tem um
lado bem trágico. A única coisa
mais leve dela é o fato de ser uma
figura exótica. Achei-a interessan-
te desde o momento em que li a si-
nopse. Não tenho nada contra per-
sonagens de humor, tenho algu-
mas no currículo e, por mais se-
melhantes que elas sejam, sempre
dei um jeito de apronfudá-las e di-
ferenciá-las.
Pergunta – Você tem recu-sado muitos papéis ultima-mente?
Zezé – Minha postura hoje
em dia é um pouco mais criterio-
sa. Converso com a direção da
emissora e com os produtores de
elenco. Quando aparece um perso-
nagem muito parecido com algo
que eu já tenha feito, recuso o pa-
pel, mas não saio do projeto. Peço
para continuar na trama, mas
com outra personagem. Não tem
graça ficar me repetindo o tempo
todo. Ainda mais em novelas. É
difícil até de imaginar ficar inter-
pretando por meses algo que não
me estimule.
Pergunta – Na última déca-da, você vem mantendo afrequência de fazer um traba-lho, seja ele novela ou série,por ano. Esse ritmo está dei-xando você cansada de fazertevê?
Zezé – Não estou cansada de
tevê. Adoro trabalhar em um lo-
cal onde minha atuação é valoriza-
da e estão sempre me chamando
para trabalhar. No entanto, nove-
la boa ou ruim, normalmente,
tem um esquema exaustivo. Por
isso, é preciso ter uma motivação
a mais para encarar o trabalho. Es-
sa motivação pode estar em novas
técnicas da direção, uma persona-
gem mais consistente e diferente,
uma boa equipe.
Pergunta – Você estava co-tada para interpretar a Muricyde “Avenida Brasil”, persona-gem que acabou ficando coma Eliane Giardini. Se arrepen-de de ter recusado o convite?
Zezé – Eu tinha acabado de
fazer “Cordel Encantado” e teria
de ir imediatamente para “Aveni-
da Brasil”. Fiquei tentada, até por-
que a diretora era a Amora (Maut-
ner) e o trabalho na novela das
seis foi muito legal. Não tenho do
que me arrepender porque seria
difícil emendar as produções. É
uma questão de escolha mesmo.
Antes de entrar para “Salve Jor-
ge”, estava quase certa de que eu
faria o “remake” de “Gabriela”.
Mas a equipe da Gloria foi mais
rápida e me reservou.
Pergunta – Recentemen-te, o canal pago Viva reprisou“Top Model”, sua primeira no-vela na Globo. Você chegou arever alguma cena sua nessetrabalho?
Zezé – Foi ótimo rever a
Naná! Não deu para acompanhar
tudo, mas vi algumas cenas e fi-
quei bem nostálgica. Não foi um
papel fácil. Era minha primeira
experiência em novelas, em uma
personagem de destaque, então
eu me pressionava muito para fa-
zer aquilo dar certo. Engraçado,
ao rever as cenas, senti o descon-
forto que eu estava sentindo na
hora de gravar (risos). “Top Mo-
del” foi o tipo de novela que, além
de cair no gosto do público, era
muito gostosa de se fazer. Isso
nem sempre acontece.
Pergunta – Este ano, vocêcompleta 24 anos de Globo. Épossível escolher um trabalhoque represente seu amadure-cimento como atriz na emisso-ra?
Zezé – Eu fiz muita coisa ao
longo desses anos, fica difícil men-
cionar somente uma persona-
gem. No entanto, acho que se não
fosse a Firma, de “Memorial de
Maria Moura”, eu poderia ficar
um bom tempo sendo lembrada
apenas por personagens de hu-
mor. Ela tinha aquele bigodinho
(risos) e foi uma quebra, um refe-
rencial, onde pude provar para
mim mesma que eu poderia fazer
uma vilã.
”Salve Jorge” - Globo - de segunda asábado, às 21 horas
Zezé Polessa já tem pla-
nos para quando “Salve Jor-
ge” terminar. Depois de ro-
dar o país ao longo dos últi-
mos cinco anos, sob a dire-
ção de Victor Garcia Peral-
ta, com o monólogo “Não
Sou Feliz, Mas Tenho Mari-
do”, a atriz se prepara para
estrelar o clássico “Quem
Tem Medo de Virginia
Woolf?”, de Edward Albee
– com estreia prevista para o
próximo semestre. “Quero
continuar no drama. É um
projeto incrível e motivador
onde vou contracenar com o
Marco Ricca”, adianta.
Por conta do tempo que
precisaria ter para as leitu-
ras e ensaios do novo espetá-
culo, a atriz admite que não
daria conta de fazer “Salve
Jorge” e a peça simultanea-
mente. “Seria pressão e dra-
ma demais. Já fiz muito tea-
tro e televisão ao mesmo
tempo e ficava muito cansa-
da”, conta, aos risos.
“Tudo em Cima”
(Manchete, 1985) - Clara.
“Tamanho Família”
(Manchete, 1985) - Duda.
“Top Model” (Globo,1989) - Naná.
“Vamp” (Globo, 1991)- Sílvia.
“O Portador” (Globo,1991) - Vilma.
“Noivas deCopacabana” (Globo,1992) - Mariana.
“Memorial de MariaMoura” (Globo, 1994) -Firma.
“Decadência” (Globo,1995) - Jandira.
“Explode Coração”(Globo, 1995) - Mila.
“Salsa e Merengue”(Globo, 1996) - Marinelza.
“Hilda Furacão”(Globo, 1998) - DonaNeném.
“Andando nas
Nuvens” (Globo, 1999) -Bonitona.
“Porto dos Milagres”,
(Globo, 2001) - Amapola.
“Agora é Que São
Elas” (Globo, 2003) -Tintim.
“A Lua Me Disse”
(Globo, 2005) - Ester.
“O Sistema” (Globo,2007) - Valquíria.
“Amazônia, de Galvez
a Chico Mendes” (Globo,2007) - Justine.
“Beleza Pura” (Globo,2008) - Ivete.
“Toma Lá, Dá Cá”
(Globo, 2009) - Harolda.
“Escrito Nas
Estrelas”
(Globo, 2010) - Sofia.
“Cordel Encantado”
(Globo, 2011) - Ternurinha.
“Salve Jorge”
(Globo, 2012) - Berna.
Entre uma novela e outra, Ze-
zé Polessa sempre gostou de se
aventurar por pequenas partici-
pações especiais em outras pro-
duções da Globo. Na extensa lis-
ta da atriz, constam presenças
em episódios de “Você Decide”,
“Toma Lá, Dá Cá”, “Brava Gen-
te”, “Os Normais”, “Carga Pesa-
da”, entre outras séries e progra-
mas. “Adoro fazer coisas meno-
res na tevê. É onde consigo rever
amigos e diversificar minha par-
ticipação dentro da emissora”,
acredita.
Plano clássico TrajetóriaTelevisiva
Porçõesespeciais
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 17 - TV
Geneton Moraes Neto produz primeiro documentário do canal de notícias Globo News
TV Press
AsaspiraçõesprofissionaisdeGene-
ton de Moraes Neto sempre se dividi-
ramentreocinemaeo jornalismo.Ago-
ra,opernambucanoencontrouum jeito
de unir suas duas principais paixões. A
Globo News passa a investir também
na produção de documentários. O pri-
meiro, “Garrafas ao Mar: A Víbora
Manda Lembranças”, foi idealizado pe-
lo próprio Geneton e homenageia o jor-
nalista Joel Silveira, ex-correspondente
deguerra e considerado “omaiorrepór-
ter brasileiro”, que morreu em 2007.
Com estreia marcada para sábado, 2 de
fevereiro, às 20:30 h, o filme reúne ví-
deos, fotografias e áudios de conversas
dos dois e é feito em primeira pessoa.
“Contamosa históriade uma convivên-
cia de 20 anos entre um repórter que
um dia bateu na porta do Joel atrás de
umaentrevista e acaboudesenvolvendo
com ele uma relação de mestre e apren-
diz”, adianta Geneton, que chegou a es-
crever dois livros com o “tutor”: “Hi-
tler /Stalin:OPactoMaldito”,queabor-
daosefeitosqueaesquerdabrasileiraso-
freucomopactodenão-agressãoassina-
do entre a Alemanha e a União Soviéti-
ca nos anos 30, e “Nitroglicerina Pura”,
umareportagemsobredocumentoscon-
fidenciais produzidos por governos es-
trangeiros a respeito do Brasil.
Foram120horasparaeditaromate-
rial bruto em 80 minutos, tempo que
“Garrafas ao Mar” terá na grade da Glo-
bo News. Só de gravações de conversas
entre os dois, Geneton calcula que te-
nha mais de 700 minutos em fitas K-7s.
E o jornalista garante que, quando deci-
diagravar conversascomele –quealgu-
mas vezes nem seriam usadas em maté-
rias –, não tinha planejado utilizar isso
no futuro. “Com o passar do tempo, até
pensamos em um livro. Já tinha título:
‘Conversas Com O Último Dinossau-
ro’, mas não aconteceu. Esse documen-
tário é uma espécie de ajuste de contas
comigo”, conta Geneton.
No documentário, os textos de Joel
são interpretados por Othon Bastos e
Carlos Vereza. Os dois foram escolhi-
dos pelo próprio idealizador do projeto.
“Othon foi uma das estrelas do cinema
novo, fez ‘Deus e O Diabo na Terra do
Sol’. E Vereza ficou muito marcado na
minha cabeça quando viveu Graciliano
Ramos no cinema, personagem que era
amigodo Joel.Tudoseconecta”, justifi-
ca. A narração do filme também traz
umasurpresa. Como nãoqueria umjor-
nalista nessa função e não se considera
um bom leitor de “off”, Geneton convi-
dou o cantor Fagner. “Queria alguém
que fosse mais natural. Nem repórter,
nem artístico demais. E o Fagner trou-
xe um diferencial. Acho que vão ouvir e
pensar: ‘conheço essa voz de algum lu-
gar’. Adorei o resultado”, valoriza.
Geneton ainda não sabe se a Globo
Newsdeve lançaremDVDodocumen-
tário.Mas, comoacreditaqueo jornalis-
mo brasileiro empobreceu nas últimas
décadas, já estuda uma forma de exibir
para estudantes da área esse material.
“Estamoscombinandoumcircuitouni-
versitário com o Globo Universidade.
Espero que as novas gerações possam
aprender algo de bom. É importante
que se saiba que o Brasil já teve um jor-
nalismo de altíssima qualidade”, torce,
em tom de crítica.
Para as próximas edições, Geneton
– que parece ter ficado responsável pelo
segmento de documentários do canal
de notícias pago da Globo – ainda não
temcertezasobreoquepretendeprodu-
zir. Mas tem um palpite de que, prova-
velmente,escolheráalgo quetenharela-
ção direta com o Nordeste brasileiro.
“Sempreevitei porque, no Rio de Janei-
ro e em São Paulo, cria-se uma ideia de
que o Brasil puro, ingênuo, está lá. Mas
não posso fingir que não sou nordesti-
no. Passei mais de 20 anos ali”, diz. De
qualquer forma, Geneton deseja seguir
um caminho similar ao empregado na
produção de “Garrafas ao Mar”: apro-
veitar seu próprio baú de memórias de
trabalho. “As pessoas não costumam
guardar muito material bruto. Mas eu
sempresepareio quede mais importan-
teeutinha.Hoje,possoreutilizaremou-
tro formato, ritmo e também com um
olhar diferente sobre esses assuntos”,
analisa. �
“Garrafas ao Mar: A Víbora MandaLembranças” – Globo News – Estreia previstapara sábado, 2 de fevereiro, às 20h30
Inside
Baú de memóriasPedro Paulo Figueiredo
TV - 18 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
“Amigos da Onça” aposta na câmara escondida para fazer graça com pessoas em locais públicos
TV Press
Faz tempo que o humor
vem ganhando espaço na pro-
gramação das emissoras. Princi-
palmente através de programas
do gênero de baixo orçamento.
Ou seja, aqueles que não neces-
sitam de um cenário complexo
ou qualquer outro tipo de pro-
dução careira: se sustentam, ba-
sicamente, na capacidade de en-
treter de seus comediantes. E
esta parece ser a intenção do
“Amigos da Onça”, do SBT: fa-
zer rir pura e simplesmente.
Versão brasileira do “Im-
practical Jokers”, criado
nos Estados Unidos e ex-
portado para países como
Alemanha, Bélgica e Ho-
landa, o programa ex-
plora a câmara escondi-
da. Quatro comedian-
tes – Marco Zenni,
Murilo Gun, Allan Benatti e
Edú Nunes – se revezam em si-
tuações inusitadas. Enquanto
um está com a “mão na massa”,
os outros três assistem ao que
acontece por uma televisão e or-
denam o que o comediante da
vez precisa fazer para atingir
determinado objetivo por um
ponto eletrônico. Entre as me-
tas estipuladas estão tentar ser
o pior frentista do mun-
do e conseguir
gorjeta em uma padaria. Para al-
cançá-las, o humorista faz as
coisas mais constrangedoras,
como fingir ser o “bonecão” do
posto ou beijar o pé de uma
cliente em uma loja de sapatos,
por exemplo.
Mas nem sempre as situa-
ções são tão engraçadas assim.
Em alguns momentos, a mono-
tonia se estabelece, apesar dos
esforços dos comediantes. O
quarteto de humoristas, inclu-
sive, é bastante competente.
São os desafios propostos que
não necessariamente rendem
boas piadas. Sem falar que eles
ficam muito tempo tentando
alcançar a mesma meta. Cansa-
tivo.
À primeira vista, a simplici-
dade do “Amigos da Onça” sal-
ta aos olhos. Mas a equipe de
produção precisa ser ágil para
angariar os diferentes ambien-
tes em que os come-
diantes atuam. A
variedade de lu-
gares em um mesmo episódio
conta a favor e dá um ritmo
mais interessante, mesmo que
em alguns momentos os desa-
fios fiquem tediosos.
Apesar de seguirem as or-
dens de quem está por trás da
câmara, os comediantes têm a
chance de mostrar sua capaci-
dade de improviso. E todos se
saem muito bem. Principal-
mente Zenni, que tem ótimas
“tiradas”. O que também pro-
voca graça é a reação das pes-
soas, que não fazem ideia
que estão sendo vítimas de
uma “pegadinha”. Lidar
com o inesperado,
aliás, é o que gera as
melhores piadas do
programa. �
”Amigos da Onça” – SBT– Segundas, às 22h30
Ponto de Vista
Sujeito oculto Divulgação
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 19 - TV
Instável desde sua estreia,Instável desde sua estreia,
“Lado a Lado” parece“Lado a Lado” parece
finalmente empolgar o públicofinalmente empolgar o público
TV Press
No ar há pouco mais de qua-
tro meses, “Lado a Lado” alcan-
çou, na última semana, a maior vi-
sibilidade desde a sua estreia.
Com média geral em torno de 18
pontos, a trama chegou aos 23
pontos na semana em que Isabel,
de Camila Pitanga, descobriu que
seu filho Elias, interpretado por
Cauê Campos, está vivo. E, como
toda mocinha que deve ir à forra,
se vinga de sua algoz, Constância,
vivida por Patrícia Pillar, humi-
lhando a baronesa publicamente.
Ambientada no século passa-
do, a novela de João Ximenes Bra-
ga e Claudia Lage não empolgou
os espectadores de início. A retra-
tação de passagens históricas e
eventos importantes no Rio de Ja-
neiro, como a Revolta da Vacina
e da Chibata, ganhou tons monó-
tonos devido ao didatismo apre-
sentado pela trama. Uma das for-
mas para aumentar o número de
telespectadores foi a passagem
de tempo. Após seis anos separa-
dos, as protagonistas Isabel e
Laura – vivida por Marjorie Es-
tiano –, encontraram seus pares
Zé Maria e Edgar, respectiva-
mente interpretados por Lázaro
Ramos e Thiago Fragoso. A
aposta dos autores animou a no-
vela, que, no entanto, não enga-
tou e acabou voltando ao maras-
mo em que se encontrava.
Pode-se pensar que o fio con-
dutor de “Lado a Lado” é ultra-
passado e antiquado. Com dire-
ção de Dennis Carvalho, a nove-
la, que gira em torno da história
de duas mulheres completamen-
te diferentes entre si e que lutam,
juntas, pelos direitos femininos,
não poderia ser mais atual. Ape-
sar da forma ser diferente e mais
velada atualmente, as mulheres
ainda brigam por direitos iguais,
o que aproxima o folhetim do co-
tidiano de seu público alvo: as do-
nas de casa que assistem à faixa
das seis. A veracidade das lutas
por ideais, como o de Laura e Isa-
bel, discriminadas por desejarem
trabalhar é tão fiel ao passado e
presente das mulheres, que torna
a trama mais crível, diferente-
mente da novela das sete, “Guer-
ra dos Sexos”, de Silvio de Abreu,
que é extremamente caricata.
A parte técnica da produção
se manteve impecável desde sua
estreia, em setembro de 2012. O fi-
gurino da Belle Époque já seria
um motivo a mais para ver a nove-
la. As vestimentas de cada perso-
nagem, além do período históri-
co, acompanham sua personalida-
de. A fotografia de “Lado a La-
do”, comandada pelo cineasta
Walter Carvalho, mais escura do
que o normal, procura revelar
com precisão o dia a dia em um
Rio de Janeiro que ainda não con-
tava com luz elétrica. Outro lado
importante da trama é caracteri-
zar e detalhar o processo de
favelização dos morros da cidade
e a popularização da capoeira e do
samba. Dessa forma, os persona-
gens, ainda que protagonistas,
complementam o quadro de
transformações econômicas, cul-
turais e políticas do período.
Além da história forte e da
produção invejável, a música é
uma grande aliada da novela. A
trilha sonora permeia a raiz do
samba, que nasceu na época retra-
tada. Clássicos do ritmo ao som
de vozes consagradas fazem um
importante contraponto com as
d e m a i s p r o d u ç õ e s
dramatúrgicas, que apostam em
um repertório “chiclete” de músi-
cas vazias e “hits” do momento.
“Lado a Lado” é a prova de que
nem sempre uma combinação de
elenco de peso, produção impecá-
vel e trama sólida rendem uma
boa média de audiência. Mas tam-
bém reforça o fato de que os altos
números no Ibope, muitas vezes,
são inversamente proporcionais à
qualidade da produção. �
”Lado a Lado” – Globo – de segunda asábado – às 18h15
Opinião
ReviravoltaReviravoltaatraenteatraente
Div
ulga
ção
TV - 20 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Marcos Veras se divide entre “Zorra Total” e “Encontro com Fátima Bernardes”
TV Press
Transitar em áreas diferentes sem-
pre instigou Marcos Veras. O humorista
do “Zorra Total” e do “Encontro com Fá-
tima Bernardes” já escreveu peças, atuou
na novela “Amor e Intrigas”, da Record
– na pele do garçom Márcio – e até foi
vendedor do canal Shoptime. Talvez por
isso tenha encarado a ideia de fazer hu-
mor no programa que a ex-âncora do
“Jornal Nacional” ganhou nas manhãs
da Globo como uma possibilidade de
mostrar um diferencial. “Não me interes-
sa a estagnação. Eu não conhecia a Fáti-
ma, mas o contato que tivemos nas reu-
niões e nas gravações foi muito bom. Ela
confiou em mim e me deu liberdade de
criação. Fiz uma escolha totalmente acer-
tada”, acredita. A oportunidade serviu
também para que, pela primeira vez, Mar-
cos trabalhasse como redator na televi-
são. Uma atividade que, no futuro, pre-
tende exercer com mais intensidade.
“Quero apresentar projetos de humor na
Globo. Tentar emplacar uma série ou
programa próprio. De repente, fazendo
também reportagens na rua”, adianta.
Pergunta – Você vinha se desta-cando no “Zorra Total” com persona-gens caricatos e imitações. Quandorecebeu o convite para o programa daFátima Bernardes, chegou a pensarque poderia ser um espaço mais com-plicado para a comédia pela serieda-de com que o nome dela era visto?
Marcos Veras – Hoje o humor con-
quistou uma posição em que consegue es-
paço em qualquer programa. O “Fantás-
tico” é um jornalístico, mas sempre teve
humor. É claro que, quando foi implanta-
do o “Encontro com Fátima Bernardes”,
tínhamos metade das expectativas de ho-
je. É durante a partida que a gente perce-
be como vai ser o jogo. Depois de ter es-
treado e passado um tempo no ar já, en-
tendo melhor como funciona e acho que
ocupo um lugar muito bacana ali. O
mais importante eu recebi: a liberdade
de criação.
Pergunta – A faixa de exibição do“Encontro com Fátima Bernardes”,que é matinal, é completamente dife-rente da do “Zorra Total”, noturna. Fa-
zer humor na parteda manhã tem sidomais difícil em fun-ção da classifica-ção indicativa?
Marcos Veras– Meu trabalho
não passa por
censura porque
é sem escatologias
e n ã o t e m
conotação sexual.
Então, sinceramente,
acho que dá no mes-
mo estar no ar às 10
ou às 23 horas. Ca-
rimbo meu no-
me e minha ar-
te de manei-
ra dife-
rente .
No “Zorra”, estou sempre caracteri-
zado. Já com a Fátima, apareço qua-
se sempre de cara limpa, como um
comediante que atua como repór-
ter, um pouco apresentador.
Não tenho interesse em me aco-
modar ou me prender a um de-
terminado personagem.
Pergunta – Muitos humoris-tas investem no “Zorra Total”e em outras produções da linha
de shows da Globo sonhandocom uma vaga em no-
velas. Tem von-tade de, as-
sim comojá aconte-
ceu naR e -cord,
ser escalado para um folhetim?Marcos Veras – Ainda não. Sou de
deixar as coisas acontecerem. Claro que
daqui a algum tempo posso não estar no
“Zorra” e nem com a Fátima. Mas, agora,
não tenho interesse em mudar. Estou
bem satisfeito por poder fazer dois progra-
mas bem diferentes dentro da mesma
emissora. É, sim, complicado por conta
das gravações. Mas conciliamos as agen-
das sem que qualquer um fique prejudica-
do. Acho que ainda tenho muito a experi-
mentar e fazer no “Encontro”. E eu nun-
ca procurei testes para novelas na Globo,
não me movimentei nesse sentido.
Pergunta – Você já fez novela e atétrabalhou em canal de vendas na te-vê. Optou pelo humor ou foi uma ques-tão de oportunidade?
Marcos Veras – Em algum momen-
to da vida, precisamos escolher o que va-
mos fazer de forma mais forte. Incons-
cientemente, desde criança, gosto da co-
média. Imitava meus professores, fami-
liares, primos, sempre fui o contador pia-
das de casa. E nos últimos seis, sete anos,
o humor ganhou um peso maior na mi-
nha carreira. Mas a minha formação é de
ator, não sou só um humorista.
Pergunta – Você também atua co-mo redator no “Encontro com FátimaBernardes”. Sentia falta de escreverpara a tevê, como vários outros humo-ristas fazem atualmente? Tem ou-tros projetos nessa área?
Marcos Veras – Acho que todo
ator tem de escrever. Pode ser pouco
ou muito, profissionalmente ou de for-
ma amadora, mas todos devem exerci-
tar isso. Ainda mais quando se faz hu-
morsolo. Tenho um projeto de um tex-
to para cinema, para esse ano ainda,
que escrevi com o Saulo Aride. E tenho
vontade de apresentar projetos de hu-
mor na própria Globo. A empresa dá
essa oportunidade de conversar com a
direção.Quero tentar emplacaruma sé-
rie ou um programa próprio, com hu-
mor e entretenimento, de repente fa-
zendo também reportagens na rua. Mas é
uma coisa bem mais para frente.
”Encontro com Fátima Bernardes” –
Globo – Segunda a sexta, às 10h40 �
”Zorra Total” – Globo – Sábado, às 22h45
Cinco Perguntas
Pluralidade até no nome
Ped
roPau
loFi
guei
redo
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 21 - TV
MALHAÇÃO - 17H50
Segunda-feira - Carolina pede pa-ra Juliana deixar que ela more namansão. Charlô fica animadacom o treino de Ulisses, e Zenonse aproxima. Roberta cobra umaresposta de Nando sobre seu pe-dido de casamento. Otávio con-vence Vânia a sair com ele. Nan-do leva Roberta para a piscina eKiko fica furioso. Felipe encontrasua ex-namorada, Natália, em umbar e vai para casa com ela.Charlô convida Zenon para sair.Felipe sonha com Roberta, mes-mo estando com Natália. Kikoconstrange Roberta e Nando nafrente de seus amigos. Robertaavisa a Kiko que pediu Nando emcasamento.Terça-feira - Charlô gosta de verOtávio com ciúmes por causa de
Zenon. Nieta se desespera com asaída de Dino de sua casa. Nandose arrepende de investir em Julia-na. Natália tenta consolar Felipe.Otávio desafia Charlô. Nando e Lu-cilene tentam descobrir o que hou-ve na casa de Nieta. Nando afir-ma a Ulisses que resolverá seuproblema com Juliana. Roberta fi-ca perplexa ao descobrir que o se-questro de Nando foi planejadopor Analú. Otávio se irrita com aafirmação de Vânia de que ele es-tá com ciúmes de Charlô. Charlôflagra Nando e Juliana juntos.Quarta-feira - Juliana e Nando seexplicam para Charlô. Otávio recla-ma de Charlô ter saído com Ze-non. Felipe leva Natália ao zoológi-co. Nando pede ajuda a Ulissessobre seu dilema entre Roberta e
Juliana. Dino pede demissão. Ju-liana diz a Vânia que está cadavez mais interessada em Nando.Felipe começa a ter fantasias nozoológico. Olívia ouve Otávio con-tratar um detetive para investigarZenon e conta para Charlô. Felipediscute com o guarda do zoológi-co. Charlô procura Zenon, e Caroli-na se irrita. Nando presencia o en-contro entre Fábio e Juliana.Quinta-feira - Juliana se afasta deFábio. Nieta faz um escândalo naPositano com Roberta e Dino. Otá-vio se irrita ao saber que Charlôprocurou Zenon. Felipe e Natáliacaem no fosso do urso. Zenon sesurpreende com a proposta deCharlô. Fábio fala para Nando queele e Juliana se amam. Nando fa-la para Vânia que teme perder Ju-
liana e Roberta. Lucilene senteciúmes de Ulisses. Otávio eCharlô são chamados à delegaciapara libertar Felipe. Juliana pensaem convidar Nando para sair. Feli-pe finge não conhecer Otávio eCharlô. Nando aceita se casarcom Roberta.Sexta-feira - Roberta e Nando ig-noram a presença de Juliana. Feli-pe diz que não vai sair da delega-cia com Otávio e Charlô. Nandoafirma a Dino que esquecerá Julia-na. Juliana sofre por causa deNando. Felipe fica com raiva porsonhar com Roberta. Kiko tentachamar a atenção de Roberta.Nando decide comprar uma joiapara sua noiva. Kiko e Analú im-ploram que Felipe impeça o casa-mento de Roberta. Nando entrega
a aliança que comprou para Ro-berta. Felipe procura Nieta e reve-la que tem um plano para separarNando e Roberta.Sábado - Nieta expulsa Felipe desua casa e Carolina fica furiosa.Vânia aconselha Juliana a investirem Nando enquanto ele não se ca-sa com Roberta. Roberta chamaCharlô para ser sua madrinha decasamento. Charlô flagra Nando eJuliana juntos e repreende a neta.Felipe se desespera com suasfantasias sobre Roberta. Felipepaquera uma mulher na loja e elatenta seduzi-lo. Veruska sugereque Nenê conte a verdade paraRoberta. Nando e Charlô desco-brem que Otávio sumiu. Felipe pro-cura Roberta e revela sua paixãopor ela.
LADO A LADO - 18H15
Segunda-feira - Zé Maria expul-sa Albertinho da casa de Isabel.Laura diz a Guerra que gostariade conhecer Antônio Ferreira.Sandra se sente angustiada pornão dizer a Teodoro que Ângeloé seu filho. Laura tenta conven-cer Isabel a conversar com Al-bertinho, lembrando à amigaque ele é o pai de Elias. Bereni-ce depõe contra Isabel, alegan-do que ela abandonou o filho. Jo-nas convida Zé Maria para as-sistir a uma apresentação de jiu-jitsu. Edgar sente ciúmes deLaura. Berenice segue Caniço eacaba chegando à casa de Cata-rina.Terça-feira - Berenice tira Cani-ço da casa de Catarina. Etelvinaconsidera Túlio um bom compa-
nheiro para Jurema. Juremaagradece ao padre Olegário portê-la ajudado a sair da cadeia.Elias beija Isabel, que se emo-ciona. Guerra fica noivo de Celi-nha, deixando claro para Cons-tância que isso não o faz ser ummembro da família Assunção.Luciano lembra Diva de quecresceu sozinho, sem a presen-ça da mãe. Laura avisa a Isabelque Albertinho concordou emencontrá-la no teatro. Zenaidedepõe contra Isabel, seguindoas orientações de Constância.Laura e Edgar se encontram.Quarta-feira - Laura interpretamal a conversa com Edgar e con-clui que o ex-marido está comHeloisa. Isabel deixa claro paraAlbertinho que vigiará sua apro-
ximação de Elias. Celinha eConstância discutem. Praxedesdá voz de prisão para Mário, Fre-derico e Luciano. Edgar contapara Jurema que escreverá umamatéria no jornal e pede segre-do, revelando que assinará otexto com nome falso. Zé Mariaaceita desafiar o lutador de jiu-jitsu, quando Isabel chega paratentar impedir.Quinta-feira - Zé Maria aceita odesafio e diz a Isabel que lutarápelo seu povo e pela capoeira.Praxedes liberta Luciano, Márioe Frederico da prisão. Zé Mariaconfessa a Laura sua angústiapor não ser o pai de Elias. Cons-tância pede a Albertinho paraUmberto procurá-la para ser seuadvogado. Bonifácio se interes-
sa por Berenice. Caniço avisa aCatarina que fará o serviço enco-mendado por ela. Mário avisa aIsabel que a bilheteria do teatrofoi fraca. Isabel conclui que teráde adiar a inauguração da esco-la. Umberto promete a Constân-cia que vai defendê-la até o fim.Sexta-feira - Constância conver-sa com Umberto, para que o ad-vogado possa defendê-la da acu-sação de Isabel. Diva depõe afavor de Isabel. Diva acusa Lu-ciano de ter deixado fotos deManuel Loureiro no seu cama-rim, sem saber que foi Neusi-nha. Edgar se preocupa com ademora de Isabel, que está comMelissa. Jonas avisa a Carlotaque Augusto é um charlatão. Ca-tarina fica apavorada ao saber,
por Edgar, que Melissa foi paraa escola com Isabel.Sábado - Zé Maria ajuda Laura eMelissa. Praxedes convida Lu-ciano para trabalhar como escri-vão da delegacia. Zé Maria pro-mete para Sandra, Isabel e Lau-ra que vai ajudá-las a reerguer aescola. Constância tenta a re-conciliação com Assunção.Guerra desconfia da reação deCatarina ao informar a ela e Fer-nando que Melissa está bemcom Edgar. Praxedes tenta pren-der Zé Maria por ter lutado ca-poeira contra um lutador estran-geiro, mas não consegue. Ole-gário avisa a Edgar que a madrevai tirar Melissa do colégio.Elias diz a Isabel que desejaque Zé Maria seja seu pai.
Segunda-feira - Bruno aceita o de-safio de Fatinha para a competi-ção de dança. Mario comunicaBárbara que se mudará para Mia-mi. Fatinha provoca Vitor até queele lhe beija, deixando Bruno des-confortável. Passa-se um mês. Fa-tinha cobra de Raquel o dinheirodos holandeses para as obras nacomunidade. Do Marrocos, Dinholiga para sua mãe, tranquilizan-do-a. Bárbara decide ir com Ticopara Miami. Fatinha convence Vi-tor a lhe dar uma carona em suamotocicleta, deixando Bruno en-ciumado.Terça-feira - Raquel se irrita com
o som de Lia tocando guitarra emcasa. Fatinha assume para Vitorque gosta de Bruno. Marcela cui-da de Lorenzo enquanto ele nãotem onde ficar. Raquel impõe re-gras à casa e Tatá insinua que Lianão obedecerá suas ordens. Vitorassiste a Lia tocando no Mistura-ma. Fatinha pede que Pilha a aju-de a ficar com Vitor. Vitor convidaLia para um passeio de motocicle-ta e Gil não gosta. Gil conta paraLorenzo que Lia saiu com Vitor e omédico se preocupa. Lia e Vitorsão parados em uma blitz e o ra-paz se desespera.Quarta-feira - Vitor relembra do in-
cidente que causou sua prisão.Gil confessa para Marcela quegosta de Ju, mas que se senteconfuso em relação a Lia. Lia ten-ta acalmar Vitor, que conta todasua história para a menina. Vitortenta beijar Lia, mas ela pede queeles sejam apenas amigos. Fati-nha convence Vitor a lhe dar umacarona até o hostel. Lia se emo-ciona ao ler uma antiga carta deDinho, e Tatá a conforta. O progra-ma de Pilha entra no ar na TV Ore-lha. Ju visita Lia e pergunta sobreseu passeio com Vitor. Bruno vêFatinha com Vitor e enfrenta o mo-toqueiro.
Quinta-feira - Vitor afirma que Bru-no tem ciúmes de Fatinha. Lia afir-ma para Ju que ela e Vitor são ape-nas amigos. Lorenzo enfrenta Ra-quel e repreende Lia por ter passa-do a noite fora. Gil fica confuso aosaber que Lia estava com Vitor. Jurevela para Bruno que Vitor nãotem nada com Fatinha. Tatá pedeque Lia dê uma chance para Ra-quel. Feliz, Rafael revela aos ami-gos que foi aceito em uma escolana Inglaterra. Com ciúmes de Vi-tor, Fatinha provoca Lia lembran-do de Dinho.Sexta-feira - Lia se enfurece comas provocações de Fatinha. Vitor
e Lia combinam de se encontrardepois das aulas. Lia ouve Ra-quel pedir um empréstimo finan-ceiro e desconfia da mãe. Orelhaprepara um programa sobre Ra-fael. Nas aulas particulares comFera, Rita suspeita de que o rapaztenha um distúrbio de atenção.Bruno pede desculpas a Fatinha,mas ela finge desinteresse. Olavoavisa a Vitor que seu processo se-rá reaberto. Pilha tenta impedirOrelha de divulgar o vídeo ofen-dendo Rafael. Olavo diz a Vitorque ele pode ser preso novamen-te se não entregar a pessoa queestá protegendo.
Resumo das novelas
GLOBO
GUERRA DOS SEXOS - 19H15
TV - 22 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Segunda-feira - Norberto é inter-rompido pela enfermeira. Ele des-liga o aparelho que mantém seuantigo capanga vivo e tenta matara enfermeira. Guardas escutam obarulho, mas o vilão escapa e afuncionária do hospital conseguesalvar Magno. Taís conta para Isa-bel que Norberto a ameaçou demorte. Norberto conta para Ar-naud que tentou matar Magno emvão e exige que o atirador resolvao problema. Diva reconhece Nor-berto ao ver as imagens de segu-rança do hospital na tevê e Dórisse desespera. Paulo consegue en-curralar Norberto com a ajuda deDiva e ameaça o bandido comuma arma.
Terça-feira - Norberto implora porsua vida e diz a Paulo que podetorná-lo rico, lhe dando a AventuraRadical. O vilão diz que assume aagência publicamente, mas o di-nheiro vai para Paulo, que aceitaa proposta. Isabel questiona Nor-berto sobre ter ameaçado matarTaís, mas ele se faz de desenten-dido. Arnaud se apresenta paraIsabel e afirma que será seu segu-rança. Ela pede a ajuda de Arnaudpara matar uma barata e foge doatirador. Mauro conta para Eduar-do que o novo dono da AventuraRadical é também o dono da lan-cha que matou Teresa e Nestor.Isabel vai ao hospital ver Magno.
Quarta-feira - Isabel exige que aenfermeira a deixe ver Magno eas duas discutem. Álvaro volta pa-ra Petrópolis e conta para Taísque Eduardo é legalmente seupai, deixando-a eufórica. Eduardodiz para Isabel que Norberto deveter sido coagido a entregar a agên-cia e pede que ela descubra se éverdade. Fabiana tenta seduzirEduardo e começa a se despir,mas ele a repele, deixando a ex-namorada indignada. Norberto li-ga para Taís e diz que vai cumprircom a sua ameaça de matá-la. Ál-varo estranha o nervosismo damenina, mas ela não revela nada.Quinta-feira - Norberto chega à
agência e se espanta ao ver Fabia-na nua. Ele a agarra. Lígia pedeque Isabel não se anule pelo mari-do, como fez quando se casoucom Arthur, e a aconselha a fugir,dizendo que Norberto é louco. Fa-biana afirma para Norberto queeles foram feitos um para o outro,mas o vilão desdenha. Norbertoadmite para Isabel que vendeu aagência de turismo, mas não reve-la o nome do dono e alega que foipara a segurança da esposa. Álva-ro e Taís se preparam para visitarEduardo no Rio de Janeiro. Heloi-sa recebe a visita inesperada deLito, que é o apelido de Paulo.Sexta-feira - Paulo suplica pela
ajuda de Heloisa, que fica receo-sa. Norberto tenta se aproximarde Isabel e pede que ela o ensinea mergulhar. Paulo relembra opassado e deixa Heloisa constran-gida. Ele pede a ela que guardeuma carta com sua confissão,mas não deixa que ela leia. Nor-berto e Isabel mergulham juntos.Mauro revela que algumas fotosda festa do casamento de Lucaspodem ajudar Eduardo a incrimi-nar Norberto. Eduardo conta paraIsabel e Taís que Norberto era o pi-loto da lancha que matou Teresae Nestor. Isabel não acredita,mas Mauro mostra as fotos.Eduardo garante que vai denun-ciar o vilão.
Segunda-feira - Helena diz para Ci-rilo que, para ser médico, bastaele estudar e que isso não depen-de da pessoa ter ou não dinheiro.A professora conversa com MariaJoaquina e diz que ficou muito tris-te com a maneira maldosa queela tratou Cirilo. Ela diz que falouapenas a verdade e Helena afir-ma que isso é preconceito com aclasse social do garoto. Sandra,antiga assistente de Graça, estádesesperada por não conseguiremprego e ter de viver na rua comsua filha de colo. Ela deixa a meni-na com Firmino e vai embora.Terça-feira - Valéria vê Firminocom o bebê e faz várias pergun-
tas. Ele tenta explicar para ela co-mo a criança foi parar na escola.Firmino, Helena, Renê e algumascrianças conversam sobre o bebêe decidem chamá-la de Juju. Elespensam na melhor maneira de cui-dar do bebê. Olívia pede para queGraça ajude Firmino a cuidar de Ju-ju. Renê diz que sentiu muito a fal-ta de Helena, que diz o mesmo.Os dois se abraçam. Todas ascrianças preparam coisas para le-var para Juju: um berço, roupas,mamadeira e alimentos. Sandradorme na rua, mas fica triste ecom insônia por se sentir culpadapor deixar sua filha.Quarta-feira - Olívia diz a Firmino
que não se pode criar uma crian-ça na escola. Helena pede paraOlívia deixar a bebê ficar. Rosacomenta com Ricardo que elespoderiam ficar com Juju até amãe dela voltar. Na sala de músi-ca, as crianças cantam em tombaixo para não acordar Juju. Ro-sa vai conversar com o juiz, quedá a custódia temporária paraela ficar com a bebê. Olívia contaa Glória que abriu a vaga para pro-fessora de inglês na Escola Mun-dial do interior. Glória fica confu-sa, pois teme as mudanças paraTom, que está se adaptando. Gló-ria conta a Tom que eles vão mu-dar de cidade.
Quinta-feira - Glória afirma a Tomque quer decidir a ida para o inte-rior junto com ele. Tom revela àsmeninas que vai embora para ointerior, mas não quer deixarseus amigos para trás. Paula, Re-beca, Clara, Rosana e Rafael vãoà escola conversar com Helena.Os pais descobrem que estão to-dos ali por conta da adoção de Ju-ju e começam a discutir. Sandravai até a Escola Mundial. Na por-taria da escola, Rosa pergunta aSandra se ela precisa de algo.Ela sai correndo. Rosa entra nasala dos professores e conta a to-dos que está com uma decisãodo juiz para ficar com a guardatemporária de Juju.
Sexta-feira - Helena conta aos alu-nos que a tutela de Juju foi decidi-da e a bebê vai ficar com Rosa,mãe de Valéria. Sandra vai à esco-la e pergunta a Cirilo se acharamalgum bebê. O menino conta queJuju vai para a casa de uma amigasua, a Valéria. Sandra encontraValéria no pátio da escola. A meni-na afirma que Juju terá uma famí-lia. Sandra pede para que ela cui-de bem da bebê, pois a mãe delavoltará para buscá-la assim queas coisas se resolverem. Mais tar-de, Valéria pede para Rosa deixarJuju dormir em seu quarto, mas abebê chora a noite toda e Valérianão consegue dormir.
Segunda-feira - Sheila fica cho-cada com a revelação de More-na sobre o tráfico de mulheres.Helô comenta que estranhou areação de Morena com Wanda.Lurdinha vê um bebê no carrocom Wanda e a ajuda a levá-lopara casa. Théo ameaça desis-tir de Morena se ela aceitar via-jar com Lívia. Morena decide de-nunciar Wanda por tráfico de be-bês. Sarila fica encantada aover Ayla vestida de noiva. Zyahafirma a Demir que ama Ayla.Russo inventa para Lucimar queMorena está envolvida com dro-gas. A polícia flagra Wanda comum neném.Terça-feira - Wanda é presa eLívia sugere que ela convoqueStênio para defendê-la. Morena
comemora a prisão de Wanda.Helô discute com Stênio por cau-sa de Wanda. Morena pensa emcontar a verdade para Helô. Luci-mar acusa Morena de estarusando drogas. Helô pede parafazer um reconhecimento comWanda. Todos participam do ca-samento de Ayla e Zyah. Faridcritica Mustafá por ter saído decasa depois de descobrir a men-tira de Berna. Morena pede paraconversar com Helô. Berna e Del-zuite chegam à delegacia parafazer o reconhecimento.Quarta-feira - Berna diz não reco-nhecer Wanda. Antônia pede di-nheiro a Lívia para pagar a fian-ça de Wanda. Lívia marca de seencontrar com Morena. Théo exi-ge que Morena conte o que está
escondendo. Bianca liga paraStênio. Wanda manipula um dospoliciais. Mustafá avisa a Pepeuque tem como saber se foi elequem roubou o dinheiro de suacasa. Irina fala para Rosângelaque sua vida vai mudar quandoRusso voltar. Lívia espera More-na em frente à casa de Théo. Mo-rena discute com Théo. Líviadescobre que Morena pretendeencontrar Helô para contar todaa verdade.Quinta-feira - Lívia leva Morenapara seu hotel. Théo decide re-solver o problema com a namora-da e sai. Lívia distrai Morena en-quanto espera Russo chegar.Stênio e Bianca conversam.Théo chega à casa de Helô pro-curando Morena e todos ficampreocupados. O capitão avisa
que a namorada foi encontrarLívia. Mustafá anuncia que se di-vorciará de Berna. Théo contapara Helô sobre a viagem de Mo-rena com Lívia para a Turquia.Lívia leva Morena para uma ar-madilha. Helô estranha ao sa-ber que Lívia deixou seu quartono hotel. Russo decola levandoMorena à força para a Turquia.Sexta-feira - Lucimar conta paraThéo que Morena está envolvidacom drogas. Helô pede para fa-lar com Lucimar. A delegadaquestiona Lívia sobre o sumiçode Morena. Stênio tira Wandada cadeia. Berna fala para Lenaque Helô acabou com seu casa-mento. Diva insinua que Morenafugiu com Russo. Stênio foge deBerna. Lívia conta para Wandaque Morena a denunciou. Helô
pega os vídeos da segurança dohotel. Berna leva Aisha para acasa de Helô. Morena se preocu-pa com Lívia.Sábado - Berna discute comHelô. Barros fala para Helô queJéssica e Morena não foram re-conhecidas na casa noturna.Russo manda uma mensagempara Lucimar. Helô ouve Lurdi-nha e Rayane falando sobre o be-bê que estava no carro de Wan-da e desconfia. Helô manda Bar-ros investigar Wanda. Russochega com Morena em Istam-bul. Lucimar chora abraçada aThompson. Helô assiste à fitade segurança do hotel de Lívia.Théo não atende ao telefonemade Junior. Russo leva Morena devolta ao alojamento das mulhe-res traficadas.
Resumo das novelas
BALACOBACO - 22H30
CARROSSEL - 20h30
SALVE JORGE - 21 HORAS
GLOBO
RECORD
SBT
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 23 - TV
Junto à Cordilheira dos Andes, províncias de Neuquén, Salta
e Jujuy no verão contrastam paisagens verdejantes e áridas
Dois opostosque atraem
TURISMO
Vista da cidade a partir das
montanhas nos arredores
TURISMO - 24 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Agência OGlobo
Em comum, além do fato de serem
argentinas e dos belos cenários que
abrigam, as províncias de Neuquén,
Salta e Jujuy estão junto à Cordilheira
dos Andes. A primeira região já é bas-
tante conhecida pelos brasileiros, que
lotam Bariloche a cada temporada de
inverno, mas a pequena cidade de San
Martín de los Andes, a cerca de 200 qui-
lômetros de lá, ainda é pouco explora-
da pelos viajantes verde-amarelos. Me-
lhor mesmo é ir no verão, para aprovei-
tar as paisagens verdejantes, os espor-
tes ao ar livre, o clima bucólico e as he-
ranças da colonização europeia. No ex-
tremo norte do país, Salta e Jujuy são
vizinhas, e compartilham as mesmas ca-
racterísticas humanas e geográficas,
que são bastante diferentes de Neu-
quén, apresentando uma paisagem ári-
da, que por vezes parece lunar, e uma
população de traços e tradições indíge-
nas que vive em cidades que podem es-
tar a até 4 mil metros de altitude em re-
lação ao nível do mar, terra onde estão
plantados alguns dos vinhedos mais al-
tos do mundo, que estão dando origem
a vinhos cada vez melhores.
Agência O Globo
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 25 - TURISMO
Região de San Martín tem paisagens verdejantes, com passeios pela florestas e pelos lagos patagônicos
Agência O Globo
Brasileiros associamos Barilo-
che ao frio. Além disso, quase sem-
pre esgotamos as viagens na pró-
pria cidade, que apresenta uma óti-
ma estrutura. Mas, desta maneira,
deixamos de aproveitar algumas
das maiores virtudes turísticas da
região:as paisagens verdejantes do
verão, com passeios pelas florestas
epelos lagos patagônicos, eas cida-
des dos arredores. San Martín de
los Andes está a pouco menos de
200quilômetrosdeBarilochee ser-
ve como ponto de partida para
uma jornada menos óbvia por
aqueleque é umdosmais belospe-
daços da Argentina. Só a paisagem
pelo caminho entre as duas cida-
des, em si, já justificaria uma ida
até lá. Mas há muitas outras boas
razões,acomeçarpelaboamesaba-
seada em ingredientes locais, co-
mo o famoso cordeiro patagônico
e as trutas, além de tradições que
chegaramcomoscolonizadores,co-
mo a produção de chocolates e o
chá da tarde.
SanMartíndelosAndesestálo-
calizada na Cordilheira dos Andes,
à beira do Lago Lácar, na provín-
cia de Neuquén, e faz parte do Par-
queNacionalLanín.Suaarquitetu-
ra lembra um pouco o cenário dos
contos de fadas: casinhas coloridas
de madeira e pedras, barquinhos
na margem do lago, três praças e
inúmeras roseiras espalhadas pelos
canteiros das ruas sem sinais de
trânsito.Foiconstruídaem1898so-
bre o território da comunidade in-
dígenaMapuchoesuascaracterísti-
cas foram rigorosamente preserva-
das, sob um plano urbanístico que
limitava seu crescimento horizon-
tal e, principalmente, vertical.
Esse lindo lugarejo demorou a
ser conhecido devido ao seu isola-
mento geográfico. Sem o privilégio
dos voos diários partindo de Bue-
nos Aires (são apenas três voos se-
manais para o pequeno aeroporto
local), os turistas seguiam direta-
mente para Bariloche, e escolhiam
rotaspelo entornodoLago Nahuel
Huapi.
Nos anos 70 foi construído um
grande hotel em San Martín de los
Andes,quepassouachamaraaten-
ção dos turistas. Do grande hotel
restousóaEstradaDelSol,quepos-
suiumadasmaisbelasvistasdoLa-
go Lácar, começando a quatro qui-
lômetros do centro.
Passear a pé pela cidade é um
dos bons programas que devem es-
tar na lista de viagem, já que o pe-
queno núcleo urbano é um char-
me, as vias são planas e a brisa está
sempre presente. Por isso, mesmo
noverão,érecomendadoterumca-
saquinho e um cachecol guardados
na bolsa para qualquer imprevisto.
Osmesesdoiníciodoanoporessas
bandas estão longe do que a maio-
ria dos brasileiros entende por ca-
lor. Em dias de sol, a temperatura
pode chegar a 25˚C, com queda de
maisde 10˚C ànoite. Emdias chu-
vosos, todo esse cálculo se reverte e
ostermômetrospodemmarcarme-
nos de 10˚C durante a a madruga-
da. Lembre-se que estamos falan-
do da Cordilheira dos Andes.
Quem comanda a vida ali são os
ventos que, quando se mostram
“enraivecidos”, podem dificultar
até mesmo uma simples caminha-
da.Averdadeéque, independente-
mente da estação do ano, o vento é
uma marca característica de San
Martín.
Oportodacidadeébempeque-
no,masoserviçodepasseiosdebar-
co não deixa a desejar. São diversos
os roteiros, como os que levam até
as praias vizinhas, entre elas a Villa
Quila Quina, do outro lado do La-
go Lácar, num trajeto de apenas
meia hora.
A Hosteria Miralejos, a 11 qui-
lômetros do centro, possui quartos
individuais, duplos ou triplos com
direito a café da manhã e almoço
com reserva. O cordeiro na brasa é
a especialidade da casa. As cavalga-
das e caminhadas podem ser agen-
dadas. A prática de arvorismo tam-
bém pode ser realizada no El Refu-
gio de Miramás, um recanto reser-
vadoaesportes, apoucosmetrosda
hosteria, com possibilidade de al-
moço ou lanche no local.
Nos anos 1930 a chegada de
uma inglesa à região instituiu uma
tradição de San Martín. Renée Di-
ckinson se apaixonou pelo lugar e,
com extremo capricho e bom gos-
to, fundou a Casa de Té Arrayan,
construídanuma pequena colina, a
poucos minutos do centro. O no-
me Arrayan na língua indígena re-
presenta “os últimos raios de sol”.
De lá é possível apreciar o mais be-
lo pôr do sol da região, regado a
chás e tortas, seguindo a tradição
britânica. Renée faleceu pouco de-
pois, mas a casa ainda mantém as
características da época e oferece,
além do “english tea”, hospeda-
gemaconchegante,comvistasarre-
batadoras do Lago Lácar.
ARGENTINA
Além do frio
TURISMO - 26 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Três caminhos
Chá da tarde na Casa
de Té Arrayan, com
vista para o Lago
Lácar
Receitas da Mamusia chegaram com família polonesa
Pescadores
tentam a
sorte no
Lago Falkner
Passeios de bicicleta
estão entre as atividades
esportivas de verão
Fotos-A
gênciaO
Globo
Agência O Globo
São pelo menos três cami-
nhos diferentes que se pode
fazer de Bariloche, principal
porta de entrada da região,
até San Martín de los Andes.
Em comum a todos, os belos
panoramas que podemos
apreciar da janela do carro.
A Rota dos Sete Lagos é a
mais famosa e utilizada. Se-
guindo a partir de Bariloche
e passando por Villa La An-
gostura, o percurso total é de
190 quilômetros, sendo 35
deles em estrada ainda sem
asfalto. Além da pequenina
e charmosa La Angostura,
os lagos chamam a atenção,
e pedem para que se faça o
percurso com calma, paran-
do para admirar o cenário.
Do ponto mais alto da serra,
pode-se ver a luz do sol refle-
tida no Lago Espejo. Na pri-
mavera e no verão, é possí-
vel ver e sentir o aroma das
coloridas lupines, flor de has-
te comprida, em tons pas-
téis, espalhadas pelas mar-
gens dos lagos e rios.
Outro caminho, o preferi-
dos dos mais aventureiros e
dos que dispõem de tempo, é
o chamado Paso Córdoba,
com 170 quilômetros, dos
quais 70 são de terra. Um dos
recantos mais bonitos do tra-
jeto é o Lago Hermoso, com
troncos de árvores secas em
suas margens e uma colora-
ção que varia entre o azul e o
verde-esmeralda. Perto dali
está o Rio Hermoso Hotel, co-
mandado por Gisele Kaplan,
uma argentina de Buenos Ai-
res que cansou da cidade
grande e foi buscar uma vida
alternativa no campo. O lu-
gar é perfeito para quem bus-
ca privacidade e contato dire-
to com a natureza.
A poucos quilômetros es-
tá o restaurante Vie Plage, de
Miguel Chara, outro porte-
nho, que montou seu negó-
cio a partir da compra de to-
ras de madeira, que estavam
com preços baixos no merca-
do, no início de 2001. Duran-
te anos ele guardou as toras
em uma garagem, sem saber
o que fazer com elas. Acabou
apostando, então, em um es-
paço sustentável, à beira do
Lago Meliquina.
Para evitar estradas de
terra é preciso rodar cerca de
250 quilômetros, via Junín
de los Andes. Com uma es-
trada de mão dupla e veloci-
dade limitada de 90 km/h, é
possível apreciar a verdadei-
ra natureza da Patagônia ar-
gentina. As estepes, interca-
ladas pelos rios represados,
são mesmo impactantes e
nos fazem lembrar tudo aqui-
lo que estudamos nas aulas
de geografia. A simples bele-
za natural do Parque Nacio-
nal Lanin já vale a visita.
A melhor opção de via-
gem é de carro, mas existem
passeios guiados com vans ou
ônibus oferecidos por empre-
sas de turismo receptivo que
organizam uma série de ativi-
dades pela região, que nos me-
ses mais quentes convida à
pratica de esportes, como pes-
ca, cavalgadas, mountain bi-
ke, canoagem e golfe.
É grande a oferta de bons
restaurantes, com variedades
de carnes de cervo e javali,
peixes, massas, frutas finas,
chocolates caseiros, sorvetes
artesanais e doces. O restau-
rante Ku de los Andes é dos
melhores: com decoração
aconchegante, possui um car-
dápio amplo e uma ótima car-
ta de vinhos.
Durante a tarde, são mui-
tas as opções de cafés e, claro,
de casas com chocolates casei-
ros. A Mamusia, por exem-
plo, surgiu na região, através
de uma família polonesa, fugi-
da da Segunda Guerra, e man-
tém as receitas de chocolates
originais até hoje.
Para a noite, o restauran-
te El Regional pode satisfa-
zer dois prazeres: a boa co-
mida e a badalação. O dono,
Alfredo Bernhardt, fica na
porta recebendo seus clien-
tes. Sob seu rigoroso coman-
do, as garçonetes, vestidas
com roupas típicas da re-
gião, circulam com rapidez
e simpatia pelos três anda-
res da casa, um dos points
noturnos da vila. O serviço
e a comida são impecáveis.
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 27 - TURISMO
Roteiro cultural é
rico, cidade
oferece também
boa gastronomia e
ótimos vinhos, tudo
com cenários
naturais
Agência O Globo
Salta, no norte da Argentina,
não está apenas geograficamente
afastada de Buenos Aires, e mais
ainda de Neuquén. O espírito do
lugar, conectado às tradições an-
dinas e indígenas, é totalmente di-
verso do clima europeu que impe-
ra na capital do país, proporcio-
nando um roteiro rico em aspec-
tos culturais, com boa mesa e óti-
mos vinhos de produção local, tu-
do isso diante de cenários natu-
rais lindíssimos.
A cidade de Salta, capital da
província, é o ponto de partida pa-
ra se explorar a região, no norte ar-
gentino. Com aproximadamente
500 mil habitantes ela pode ser
vista do alto do Cerro San Bernar-
do, de onde se descortina um dos
panoramas mais belos. Há duas
formas de se chegar até lá: por te-
leférico, em 10 minutos de via-
gem, ou subindo a sua escada
com exatos 1.060 degraus, numa
prova de fé e obstinação. Pelo ca-
minho estão as 14 estações da Via
Crucis. No topo uma complexa
obra de engenharia faz caminhos
de cascatas e vertedouros de água
“artificial”, segundo o guia, lem-
brando que aquela abundância
de água não é natural: o homem
resolveu levá-la até lá para embe-
lezar a obra de aspectos divinos.
E por falar em beleza, Salta
significa a mais bela, em aymará,
idioma local pré-colombiano.
Em outra versão, o nome refere-
se ao efeito das chuvas que des-
ciam das montanhas e, para se
chegar ao povoado, era preciso sal-
tar essas grandes poças de água.
Seja como for, Salta é mesmo be-
la. Tem um ar pacato, de cidade
que soube crescer com personali-
dade e recato. Mantém o clima de
“pueblito” com o charme de lojas
modernas de artesanato colorido
e muitas peças em prata, vendi-
dos a bons preços.
A Igreja de São Francisco,
bem no centro da Praça 9 de ju-
lho atesta o estilo colonial da cida-
de. Ali, todos os anos, no dia 15
de setembro, milhares de peregri-
nos vindos de toda a Argentina,
além de Chile e Bolívia, partici-
pam da Festa dos Milagres, em
devoção a Virgem Santíssima, pa-
droeira da cidade desde 1692.
A noite revelará um outro la-
do da cidade fortemente religio-
sa. Agende no seu hotel uma visi-
ta a uma “peña” onde a mistura
de empanadas e folclore será ines-
quecível. Longe de tangos e mi-
longas, a música é animada, turis-
tas sobem ao palco e alardeiam
sua felicidade em pisadas compas-
sadas no tablado de madeira. É
hora de rir e ser feliz em locais co-
mo a Peña Balderama, há 58 anos
ali.
Mas é abandonando o períme-
tro urbano que a natureza come-
ça a mostrar a sua força e seu do-
mínio sobre o homem. O percur-
so até Cafayate pela rota 68 ser-
penteia o estrondoso encontro
das montanhas e formações geoló-
gicas de La Quebrada de Las Con-
chas. Placas tectônicas, em movi-
mentos descontrolados, se choca-
ram há milhares de anos, empur-
rando a natureza para fora da cros-
ta terrestre, produzindo um espe-
táculo de cores, formas e som-
bras. Lindo.
As famosas fendas Gargantas
do Diabo e Anfiteatro foram es-
culpidas pela água há milênios e
agora são alisadas pelo vento cor-
tante. Dependendo da hora do
dia e da posição do sol, as impo-
nentes rochas mudam de cor e
forma. As mais famosas são iden-
tificadas por placas: Sapo, Frade,
Obelisco.
ARGENTINA
Cultura tradicional,boa mesa e lindoscenários em Salta
Construções
coloniais são a
marca do centro
da cidade
Fotos – Agência O Globo
TURISMO - 28 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Cafayate: terrados vinhos
O bondinho do
teleférico conduz
ao Cerro San
Bernardo
Turistas em
Quebrada das
Conchas,
apreciam a
paisagem
Agência O Globo
A vida volta ao plano terre-
no na hora do almoço, que
acontece em La Casa de La Bo-
dega - Wine Boutique Hotel,
com apenas oito quartos, onde
o proprietário e arquiteto, Ma-
rio Kirchuk, recebe pessoal-
mente seus hóspedes. “Trata-
mos nossos convidados com a
mesma atenção e o carinho
com que elaboramos nossos vi-
nhos”, conta Mario, referindo-
se à pequena produção de sua
bodega que faz vinhos orgâni-
cos a quase 1.500 metros de alti-
tude: o clima temperado ajuda
na qualidade do famoso Tor-
rontés, um branco frutado ca-
racterístico da Argentina.
La Bodega produz anual-
mente 60 mil litros de vinho e
a casa faz parte da Cooperativa
de Vinhos de Salta que, junto a
outras sete bodegas estão en-
trando no mercado brasileiro
com seus “vinhos de altura”, co-
mo são chamados. Juntas, as oi-
to bodegas produzem 1,5 mi-
lhão de vinhos por anos.
Em Cafayate, uma praça
quadrada e “decorada” com pe-
quenos arbustos, típicos de cli-
ma seco e árido, remonta a
imagem das cidades espanho-
las. Ao redor da praça circula a
vida do lugar: igreja, peque-
nos restaurantes, hospedarias,
lojinhas e sorveterias, que pa-
ra não fugir ao tema local ser-
vem sorvete de vinho (melhor
ficar com o original mesmo).
O vinho continua sendo a
pauta das visitas pela cidade.
O Museo de La Vid y El Vino,
que mistura doses exatas de
arquitetura arrojada, criativi-
dade e tecnologia. O museu é
moderno e recria ambientes
que contam a história da re-
gião e a introdução do cultivo
da uva, explicando as condi-
ções especiais do clima e do
solo. Finalizamos sendo apre-
sentados ao mercado de vi-
nhos saltenhos, recebendo in-
formações sobre o futuro da
produção. Ao longo do percur-
so, um guia virtual aparece em
telões e vai explicando cada
ambiente, como se conversas-
se com cada visitante.
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 29 - TURISMO
Destino do passeio é chegar aos
quatro mil metros de altitude
e apreciar a paisagem inusitada
das montanhas
Agência O Globo
Serpentear montanhas, su-
bir até 4 mil metros de altitude e
quase tocar o céu. Esta é a pro-
posta do Safári das Nuvens, pas-
seio de um dia a bordo do Movi-
track, um caminhão com tração
4x4 adaptado e que em cada pol-
trona existe um “teto solar”. Bas-
ta o passageiro abri-lo, ficar em
pé e ter 360 graus de visão da im-
pressionante região do noroeste
argentino. Providencialmente,
o Movitrack cede um enorme
poncho de lã para os momentos
mais gelados nas alturas.
São três rotas que provocam
fortes emoções. A quatro mil de
altitude o mundo é diferente e,
logo no começo do passeio que
parte de Salta, a primeira parada
é num pequeno bar que vende
folhas de coca que devem ser co-
locadas na boca e esquecidas na
parede da bochecha. Elas aju-
dam o visitante a se aclimatar ao
efeito das alturas.
Depois, é só apreciar a paisa-
gem inusitada, composta por
montanhas de terra escura em
vários tons em contraste com o
céu azul. É o Caminho para as
Nuvens, que segue o percurso
do famoso Trem das Nuvens
que não circula mais por ali.
Mas sua intrincada e ousada
obra de engenharia construída
nos anos 1920 ainda está de pé.
O café da manhã é servido
em Chorillos, uma antiga e soli-
tária estação de trem. Dali, se-
gue-se pela impressionante Que-
brada del Toro até San Antonio
de los Cobres, um pequeno po-
voado com 2 mil habitantes que
parecem ter por norma sorrir
sempre. O tipo físico dos mora-
dores, andino na essência, as
roupas de lã colorida e a simpa-
tia gratuita ao ver um turista
nos recorda que estamos bem na
fronteira com a Bolívia. As casas
são agrupadas parede a parede,
com no máximo dois metros de
altura. Parece que, permanecen-
do juntinhos, eles estão mais
protegidos do sol, da chuva e do
que mais vier.
O almoço é preparado e ser-
vido no meio da estrada com ex-
trema rapidez pela equipe do
Movitrack. Até onde a vista po-
de alcançar, só o caminhão cria-
do por alemães que se apaixona-
ram pela região corta o horizon-
te, carregando os turistas. O car-
dápio é yakisoba bem tempera-
do com refrigerante e salada de
frutas de sobremesa. Para o vege-
tariano, a opção é macarrão de
soja. É só avisar com antecedên-
cia.
Cruzando a região de Puna,
depois de 40 quilômetros, chega-
se a Salinas Grandes, já no limi-
te geográfico entre Salta e Jujuy.
Um óculos de sol bem escuro e
muito protetor solar são alta-
mente recomendáveis. São mais
de 200 quilômetros quadrados
de salinas, com vários poços
abertos cheios de água muito
fria e salgadíssima, esperando o
vento para ser evaporada lenta-
mente. Sim, você pode provar
para matar a curiosidade. Mas te-
nha por perto uma garrafa de
água mineral para matar a sede.
Ali não existe água nem para la-
var a mão que, ao secar ao vento,
ficará toda coberta de sal.
O incômodo de se estar nas
alturas vai ceder lugar ao alívio
da descida íngreme da Cuesta
de Lipán, que leva o Movitrack
até 2 mil metros de altitude em
apenas 22 quilômetros de estra-
da. É um verdadeiro zigue-za-
gue com curvas fechadíssimas
ARGENTINA
Caminhão 4x4 conduzCaminhão 4x4 conduzturistas em Jujuyturistas em Jujuy
TURISMO - 30 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
vencidas trafegando em veloci-
dade muito lenta. Tão lenta que
emociona, principalmente se o
motorista decidir colocar Merce-
des Sosa cantando “Gracias a la
vida”.
E é isso mesmo. Aos poucos
a vida verde vai ressurgindo,
transformando o deserto numa
paisagem pulsante e fértil dos va-
les mais úmidos até se chegar ao
povoado de Purmamarca, que fi-
ca no sopé do famoso Cerro de
los Siete Colores. Nome óbvio
de montanhas com uma pecu-
liar gama de cores, resultante de
uma história geológica que reú-
ne sedimentos marinhos e subs-
tâncias subterrâneas.
O povoado de Purmamarca
transpira um clima de paz quase
intocada. No idioma Aimara,
“purma” significa deserto e
“marca” cidade. Mas aqui a “ci-
dade do deserto” se refere mais
à terra virgem e intocada pela
ação do homem do que necessa-
riamente não habitada. Talvez
daí seu encanto.
Deixando Purmamarca pela
rodovia 9 em direção mais ao
Norte está Tilcara, considerada
a Capital Arqueológica do No-
roeste Argentino por seus ricos
vestígios de presença humana
com mais de 10 mil anos. Ali é a
região de Quebrada de Hu-
mahuaca, povoada de assenta-
mentos indígenas desde a época
pré-incaica. Com 7 mil habitan-
tes, o povoado tem no Parque
Arqueológico Pucará de Tilcara
seu principal atrativo.
Pucará, palavra de origem
quéchua, significa “lugar fortifi-
cado” e o de Tilcara está numa
colina que durante muito tempo
defendeu o povoado de ataques
de forasteiros. Datada do perío-
do pré-hispânico, o Pucará de
Tilcara foi originalmente ergui-
do pela tribo Omaguaca por vol-
ta do século 12 e foi ocupada
também pelos incas até o mo-
mento do contato entre espa-
nhóis e indígenas, por volta de
do século 16.
No começo do século passa-
do essa forma de ocupação foi to-
da descoberta após um minucio-
so trabalho de escavações, que
revelou uma cidade toda feira
de pedra. Equipes de estudiosos
depois reproduziram esse local,
reconstruindo casas e ruas da
forma como foram então encon-
tradas.
Hoje, num passeio pelo sítio
arqueológico, é possível cami-
nhar calmamente por suas ruas
e bairros, imaginando como a so-
ciedade se organizava há milha-
res de anos. Os caminhos e vias
unem os três bairros como ver-
dadeiras artérias.
A visão panorâmica que se
tem do alto da colina de Pucará
de Tilcara é imperdível. Era, pa-
ra seus antigos moradores, e até
hoje é, um lugar privilegiado.
As empresas AerolíneasArgentinas (via Buenos Aires) eLAN têm passagens para SanMartín de los Andes a partir deR$ 2.375. A viagem para Saltapelas empresas Aerolíneas (viaIguazu) e LAN, (por Buenos Aires)têm bilhete a partir de R$ 2.052.Preços, com taxas, pesquisadospara fevereiro
Onde ficar
Loi Suites Chapelco: apartir de R$ 313.loisuites.com.ar
Rio Hermos: a partirde R$ 495. riohermoso.com
Hosteria Miralejos: diáriasa R$ 148.posadamiralejos.com.ar
Sheraton Salta Hotel: apartir de R$ 285.starwoodhotels.com
Alejando Primero:a partir de R$ 343.alejandro1hotel.com.ar
Las Marias: a partirde R$ 296. Em Jujuy.lasmariastilcara.com.ar
Passeios
O caminhão 4x4 Movitrack(movitrack.com.ar) faz roteirosdiferentes a partir de Salta, comitinerários e preços variados(custam a partir de R$ 237).
Como chegar
Os passeios a cavalo
estão entre os
programas de verão
em San Martín
de los Andes
Um dos belos
cenários que
compõe a
Cordilheira dos
Andes, na
Argentina
Monumento em
Quebrada de
Humahuaca
Passeios de
caminhão, com
teto solar, até
Jujuy partem de
Salta
DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 31 - TURISMO
Paulo Coelho
Das três formasde amor: Eros
Escritor
Existem três palavras gregas para designar o amor, nesta
coluna o escritor explica a manifestação de Eros,
que é o sentimento entre duas pessoas
Em 1986, enquanto fazia o cami-
nho de Santiago com Petrus, o meu
guia, passamos pela cidade de
Logroño enquanto se realizava um ca-
samento. Pedimos dois copos de vi-
nho, preparei um prato de canapés, e
Petrus descobriu uma mesa onde pu-
déssemos sentar junto com outros
convidados.
O casal de noivos cortou um imen-
so bolo.
– Eles devem se amar – pensei em
voz alta.
– É claro que eles se amam – disse
um senhor de terno escuro que estava
sentado na mesa. Você já viu alguém
casar por outro motivo?
Mas Petrus não deixou passar a
pergunta:
– A que tipo de amor o senhor se
refere: Eros, Philos ou Ágape?
O senhor olhou sem entender na-
da.
– Existem três palavras gregas pa-
ra designar o amor – disse ele. – Hoje
você está vendo a manifestação de
Eros, aquele sentimento entre duas
pessoas.
Os noivos sorriam para os flashes
e recebiam cumprimentos.
– Parece que os dois se amam.
Dentro de pouco tempo estarão lutan-
do sozinhos pela vida, vão montar
uma casa, e vão participar da mesma
aventura: isto engrandece e torna dig-
no o amor. Ele vai seguir sua carreira,
ela deve saber cozinhar e será uma ex-
celente dona-de-casa, porque foi edu-
cada desde criança para isto. Vai
acompanhá-lo, terão filhos, e se con-
seguirem construir alguma coisa jun-
tos, serão realmente felizes para sem-
pre.
“De repente, entretanto, esta his-
tória pode acontecer de maneira in-
versa. Ele vai começar a sentir que
não é livre o suficiente para manifes-
tar todo o Eros, todo o amor que tem
por outras mulheres. Ela pode come-
çar a sentir que sacrificou uma carrei-
ra e uma vida brilhante para acompa-
nhar o marido. Então, ao invés da
criação conjunta, cada um irá sentir-
se roubado em sua maneira de amar.
Eros, o espírito que os une, irá come-
çar a mostrar apenas seu lado mau. E
aquilo que Deus havia destinado ao
homem como seu mais nobre senti-
mento, passará a ser fonte de ódio e
destruição”.
Olhei em volta. Eros estava pre-
sente em vários casais. Mas eu podia
sentir a presença de Eros Bom e Eros
Mau, exatamente como Petrus havia
descrito.
– Repare como é curioso – conti-
nuou meu guia. – Apesar de ser bom
ou ser mau, a face de Eros nunca é a
mesma em cada pessoa.
A banda começou a tocar uma val-
sa. As pessoas foram para um peque-
no espaço de cimento em frente ao co-
reto para dançar. O álcool começava
a subir e todos estavam mais suados e
mais alegres. Notei uma menina vesti-
da de azul, que deve ter esperado este
casamento apenas para que chegasse
o momento da valsa, porque queria
dançar com alguém com quem sonha-
va estar abraçada desde que entrou
na adolescência. Seus olhos seguiam
os movimentos de um rapaz bem ves-
tido, de terno claro, que estava numa
roda de amigos. Eles conversavam
alegremente, não haviam percebido
que a valsa tinha começado, não nota-
vam que a alguns metros de distância
uma menina de azul olhava insisten-
temente para um deles.
Pensei nas cidades pequenas, nos
casamentos sonhados desde a infân-
cia com o rapaz escolhido.
A menina de azul reparou meu
olhar e saiu de perto. E como se todo
o movimento estivesse combinado,
foi a vez do rapaz procurá-la com os
olhos. Ao descobrir que ela estava
perto de outras garotas, voltou a con-
versar animadamente com os amigos.
Chamei a atenção de Petrus para
os dois. Ele acompanhou durante al-
gum tempo o jogo de olhares, e de-
pois voltou ao seu copo de vinho.
– Agem como se fosse uma vergo-
nha demonstrar que se amam – foi
seu único comentário.
Outra menina olhava fixamente
para nós dois: devia ter metade de
nossa idade. Petrus levantou o copo
de vinho, fez um brinde, a garota riu
encabulada, e fez um gesto apontan-
do para os pais, quase se desculpando
por não chegar mais perto.
– Este é o lado belo do amor – dis-
se. – O amor que desafia, o amor por
dois estranhos mais velhos que vie-
ram de longe, e amanhã já partiram
por um caminho que ela também gos-
taria de percorrer. O amor que prefe-
re a aventura.
(na próxima semana: Philos e
Ágape)
32 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO