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BARROCOAntonio Castelnou
Introdução
• O BARROCO originou-se na Itália e estendeu-se pela
Europa e restante do mundo, abrangendo todas as artes
desde o final do século XVI até todo o século XVII,
principalmente como fruto da Contra-Reforma; uma reação
da Igreja católica à expansão da Reforma protestante.
• A arte barroca também foi reflexo da consolidação dos
Estados Nacionais, encontrando seu ápice na França com
a afirmação do Absolutismo, que concentrava todos os
poderes nas mãos do rei e na distinção da nobreza.
• A principal manifestação
da Contra-Reforma foi a
reunião do Concilio di
Trento (1545/63), que
reafirmou a doutrina
católica e suas questões
disciplinares, como a
supremacia do Papa, o
celibato do clero e a
hierarquia eclesiástica.
Catedralle di Trento
(1212/1321)
Concilio di Trento (1545/63)
convocado pelo papa Paolo III
e seus sucessores até Pio IV
Pio V
(1566/72)
Gregorio XIII
(1572/85)
Sisto V
(1585/90)Urbano VII
(1590)
Gregorio XIV
(1590/91)
Innocenzo IX
(1591)
Clemente VIII
(1592/1605)
Leone XI
(1605)
Paolo V
(1605/21)Gregorio XV
(1621/23)
Papa Urbano VIII (1623/44)
Pietro da Cortona (1596-1669)
Diego Velázquez (1599-1660)
Papa Innocenzo X
(1644/55)
Piazza di San Pietro (1656/67)
CIDACITTÀ DEL VATICANO
Papa
Alessandro VII
(1655/67)237º Papa
Giovan
Battista Gaulli
(1639-1709)
• Arquitetos, escultores e pintores foram
convocados para transformar igrejas em
verdadeiras exibições artísticas, cujo
esplendor tinha o propósito de converter
ao catolicismo todas as pessoas.
• Ao mesmo tempo, nobres e burgueses
passaram a exigir ambientes mais belos
e refinados, com decorações ricas e
exuberantes. Multiplicam-se os aposentos e
seus móveis, que ganharam maior requinte.
Trionfo della Divina Provvidenza
(1633/39, Palazzo Barberini – Roma)
Pietro da Cortona (1596-1669)
• Entre os séculos XVI e XVIII, houve
grandes mudanças com relação ao
comportamento, aparecendo uma nova
atitude em relação ao corpo (pudor e
intimidade) e principalmente a adoção
de NORMAS DE CONDUTA.
• Com as regras de etiqueta,
estabelecidas durante o reinado de
Luís XIV (1638-1715), demonstrações
escandalosas e patéticas foram
substituídas por gestos discretos e
furtivos, evitando-se tudo que fosse
instintivo ou excessivo.
• O aumento da civilidade e refinamento levou à diminuição dos
cômodos, à multiplicação de pequenos espaços como apêndices
dos aposentos principais (gabinetto|bureau, salottino|boudoir,
alcova|alcôve, etc) e ao aparecimento de novos móveis, como
mostradores de preciosidades (vitrines), graciosas cômodas que
substituíam baús e poltronas mais confortáveis (bèrgeres).
Palais de Versailles
Galerie des Glaces (1678)
• A época barroca caracterizou-se pela
exuberância decorativa, obtida por
entalhes dourados, espelhos, tapeçarias
e profusão de brilhos, nichos e colunas
salomônicas, além do desenvolvimento
da arte paisagística e da culinária.
• O termo BARROCO nasceu da
designação de uma pérola irregular,
passando a ser usado no início do século
XVII para caracterizar um tipo de música,
arte e literatura que se distinguia por sua indefinição, obtida por conflito ou tensão.
Apollo e Dafne (1622/25)
2,43m – Galerie Borghese, Roma
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
• Em suma, o BARROCO foi marcado pela
noção do espaço infinito e do
movimento contínuo, além do desejo de
tocar os sentidos e despertar emoções.
• Para tanto, seus artistas exploraram
efeitos cenográficos, como: contrastes
de luz e sombra; movimentos de curvas,
contracurvas e súbitas interrupções –
côncavas ou convexas –; e uso de
elipses, helicoidais e oblíquas, além da
sobreposição de elementos escultóricos.
L'adorazione dei magi/pastori (1645)Óleo sobre tela – Chiesa di San Luca a Genova
il Grechetto (1609-64)
Pintura e Escultura no Barroco
• A arte barroca seguiu o caminho aberto pelos maneiristas,
afastando-se cada vez mais dos princípios clássicos de
simetria, clareza e unidade; e voltando-se para a
instabilidade, o contraste e o movimento, além de resgatar
a emoção, a tensão e o sentimento exacerbado.
• A maior audácia resultou em composições que faziam uso de
formas sinuosas, movimentos rodopiantes e direções
inclinadas que, embora ainda realistas, acentuavam o aspecto
de TEATRALIDADE por meio do forte apelo emocional.
• Visando provocar o observador,
o artista barroco abusava da
VEROSSIMILHANÇA das cenas
retratadas, o exigia uma acurada
observação da natureza para usar
todos seus recursos ao emocioná-lo.
• Para tanto, explorava efeitos de cores,
texturas, jogos de luz e sombra,
diagonais e curvas, bem como o
domínio do uso do espaço. Os temas
místicos e aqueles tirados da vida
cotidiana foram os mais frequentes. Crocifissione di san Pietro (1600/01)
1,75x2,30m – Óleo sobre tela
Caravaggio (1571-1610)
• Enquanto que para os renascentistas,
a HARMONIA do todo era garantida
por cada detalhe da obra em perfeito
equilíbrio – ou seja, cada elemento era
tomado separadamente –, para os
barrocos, a fusão harmônica do
conjunto era mais importante. Assim, a
harmonia individual dos componentes
do trabalho poderia ser sacrificada em
nome da harmonia de toda a obra.
Tomba del Papa Alessandro VII (1671/78)
Basilica di San Pietro – Roma
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
• Devido a essa valorização da unidade geral, o BARROCO entrelaçou
muito a arquitetura com a escultura e a pintura: o ideal passou a ser o
do inter-relacionamento desses elementos, dialogando
harmonicamente e trabalhando-se com a simetria relativa.
Tomba di
Leone XI (1644)
Alessandro Algardi(1598-1654)
Ercole Ferrata (1610-86)
Monumento funebre
a Giulio del Corno
(1682)
• As principais características da PINTURA BARROCA foram:
• Sobreposição do aspecto emocional sobre o racional, com o objetivo
de tocar os sentidos e despertar emoções, além da espiritualidade;
• Predomínio de composições em diagonal ou espiral, explorando o
sentido de movimento, energia e tensão (dinamismo);
• Busca de efeitos decorativos e visuais, através de linhas curvas e
sinuosas; violentos contrastes de luz e sombra; e naturalismo
(representação individualizada, com personalidade própria);
• Representação correta do espaço e da perspectiva, com especial
predileção por efeitos ilusionistas em trompe-l’oeil (impressão de
ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida); e
• Ênfase da assimetria, da intensidade e do imediatismo.
• Na ESCULTURA BARROCA,
predominavam as linhas curvas,
as poses contorcidas, os
drapeados das vestes em
movimento e o uso do dourado.
Perfeccionistas, os gestos e os
rostos das personagens
revelavam emoções violentas e
atingiam uma dramaticidade
desconhecida no Renascimento. Ratto di
Proserpina (1621/22)2,55m – Mármore
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
David
(1523/24)1,70m – Mármore
Barroco Italiano
• Em Roma, o Barroco encontrou
sua primeira expressão entre os
arquitetos encarregados de
terminar a obra de Michelangelo,
como Giacomo della Porta
(1532-1602) e Carlo Maderno
(1556-1629), seguidos por Gian
Lorenzo Bernini (1598-1680) e
Francesco Borromini (1599-
1667), entre outros.Fontana dei Quattro Fiume
(1651, Piazza Navova – Roma)
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
Giacomo della Porta (1532-1602)
Fontana del Nettuno (1575/76)Piazza Navona – Roma
Fontana del Moro (1575/76)Piazza Navona – Roma
Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)Transverberazione di
Sta. Teresa d'Avila (1647/52)Cappella Conaro – Roma
Facciata della
Chiesa di San Carlo
alle Quattro Fontane
(1634/35, Roma)
Francesco Borromini (1599-1667)
• Entre escultores barrocos na Itália, cita-se: Stefano Maderno (1576-
1636) – irmão mais novo de Carlo –, Francesco Mochi (1580-1654),
Alessandro Algardi (1598-1654) e Ercole Ferrata (1610-86).
Il martirio di Santa Cecilia (1600)
Stefano Maderno (1576-1636)
Francesco Mochi
(1580-1654)
Angelo dell'Annunciazione
(1608)
Statua del Papa Innocenzo X
(1645)Alessandro Algardi (1598-1654)
• Em Trento, reafirmou-se que as
crenças católicas e seus dogmas
se fundamentavam nas
Sagradas Escrituras e
exclusivamente na tradição da
IGREJA; única capaz de
interpretar a Bíblia, o que seria
garantido por eficazes
instrumentos, como a Inquisição
(Tribunal do Santos Ofícios).
Fontana antica di San Pietro (1614)
Carlo Maderno (1556-1629)
Tiziano (c.1489-1576)
Papa Paolo III (1468-1549)
220º Papa da Igreja católica
Duração do Pontificado: 1534/49
Sucessores: Giulio III (1550/55),
Marcello II (1555), Paolo IV
(1555/59) e Pio IV (1560/65)
• Na pintura barroca, o maior mestre
foi Michelangelo Merisi ou
Amerighi, que adotou o nome da
sua cidade natal, Caravaggio
(1571-1610), trabalhando
magistralmente com a técnica do
chiaroscuro (ênfase aos efeitos
escultóricos do modelado), a qual
conferia grande expressividade e
naturalismo às obras, na maioria,
com temas religiosos.
Depozisione (1602/04)2,03x3,00m – Óleo sobre tela
• Sua influência estendeu-se por toda a Europa do século XVII e foi
chamada de CARAVAGGISMO ou TENEBRISMO, caracterizando-se por:
✓Ênfase dramática: pela intensidade do chiaoroscuro, que deixava partes
da tela no escuro, enquanto outros destaques ficavam muito iluminados; e
cortando as figuras para dar a impressão de que o drama representado na
tela estava sendo observado de perto;
✓Grande realismo: pelo domínio da distorção ilusionista e representação
das figuras religiosas como pessoas comuns, provocando enorme
emoção e também polêmica em mostrar peles intumescidas e nuas, veias
e rugas, assim como detalhes de tecidos, estampas e armaduras; e
✓Apelo erótico: pela apreciação holítisca – simultaneamente sexual e
espiritual – da natureza humana, acentuando o caráter mundano mesmo
em cenas religiosas, além de um cunho materialista e provocativo.
David con la testa di Golia
(1609/10)
Cena in Emmaus
(1601/02)
Amor Vincit Omnia
(1602/03)
Caravaggio (1571-1610)
• Outros grandes expoentes em Roma
foram os pintores Giovanni Baglione
(1573-1643), Giovanni Francesco
Barbieri – conhecido como il
Guercino (1591-1666) – e Pietro da
Cortona (1596-1669), entre outros.
• Já pertencentes a uma segunda
geração barroca, da segunda metade
do século XVII, destacaram-se os
pintores Carlo Maratta (1625-1713)
e Ciro Ferri (1634-89).
Amore sacro e amore profano (1602)
Giovanni Baglione (1573-1643)
il Guercino (1591-1666)Cristo risorto appare
alla Madonna (1629)
Visione di Maria
a San Francesco (c.1664)
Pietro da Cortona(1596-1669)
Carlo Maratta (1625-1713)
Ciro Ferri (1634-89)
Mosè difende le figlie di Jehtro
(1660/89)
Natività (1655) Papa Clemente IX (1669)
Ananías curando
la ceguera de Saulo
(1660)
• Fora de Roma, o maior
nome foi o de Artemisia
Gentileschi (1593-1656) –
primeira mulher que se
tornou membro da
Academia de Belas-Artes
de Florença –, além dos
florentinos Francesco
Furini (1603-46) e Carlo
Dolci (1616-86).
Giaele e Sisara (1620)
Artemisia Gentileschi(1593-1656)
Susanna e i Vecchioni
(1610)
Auto-ritratto (1616)
Francesco Furini (1603-46)Giuditta e Oloferne (1636)
Mater Dolorosa (1655) | L’Apostolo Giovanni (1671)
Carità (1660) | Pazienza (1677) | Madonna (c.1650)
Carlo Dolci (1616-86)
• Outros destaques foram o veneziano Carlo Saraceni (1588-1625), o
genovês Giovanni Benedetto Castiglione, dito il Grechetto (1609-
64) e o napolitano Salvatore Rosa (1615-73).
Sabato delle streghe (1643)Salvatore Rosa (1615-73)Martirio di Santa Cecilia (1610)
Carlo Saraceni (1588-1625)
• Da escola bolonhesa, os maiores
expoentes foram: Guido Reni
(1575-1642), Francesco Albani
(1578-1660) e Domenico
Zampoieri ou il Domenichino
(1581-1641), entre outros.
Battesimo di Cristo (c.1625)
Francesco Albani (1578-1660)
Guido Reni
(1575-1642)
L'Arcangelo Michele
che sconfigge Satana
(1636)
Sacrificio di Isacco
(1627/28)
il Domenichino
(1581-1641)
• Na pintura barroca, a técnica ilusionista
do trompe-l’oeil passou a simular nos
tetos arquiteturas ou céus povoados de
figuras planantes, estas circundadas por
consolos e balaustradas em perspectiva
aérea denominada quadratura.
• Entre seus mestres, cita-se o napolitano
Luca Giordano (1634-1705), o genovês
Giovanni Battista Gaulli, dito il Baciccio
(1639-1709) e o trentino Andrea Pozzo
(1642-1709), além de outros.
Trionfo del Sacro Nome di Gesù (1674/79)
Chiesa del Gesù – Roma
il Baciccio (1639-1709)
Apoteosi della famiglia Medici
(1682/85, Firenze)
Palazzo Medici Riccardi
Luca Giordano (1634-1705)
Apoteosi d’Inazio (1685, Chisa di Sant’Inazio – Roma) Andrea Pozzo (1642-1709)
Bibliografia
❑BAUMGART, F. Breve história da arte. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
❑CONTI, F. Como reconhecer a arte barroca. Lisboa: Edições
70, 1978
❑DUCHER, R. Características dos estilos. São Paulo: Martins
Fontes, 1992.
❑KITSON, M. O barroco. O MUNDO DA ARTE: Enciclopédia das
artes plásticas em todos os tempos. Rio de Janeiro:
Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1979.
❑TRIADÓ, J. R. Saber ver a arte barroca. São Paulo: Martins
Fontes, 1991.