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PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE
CLIMA ORGANIZACIONAL: UMA
REVISÃO BIBLIOMÉTRICA
ANDRE SPURI GARCIA (UFLA)
JOSE WILLER DO PRADO (UFLA)
Ana Flavia Rezende (UFLA)
Thatiana Stacanelli Teixeira (UFLA)
MICHELLA CHRISTIAN DO PRADO (IFMG)
A questão norteadora deste artigo é: Como se configura o campo de
pesquisas sobre clima organizacional? Nesse sentido, o objetivo é
demonstrar como se encontra estruturado o campo de pesquisas sobre
clima organizacional. Para tanto, utilizamos a base de dados Web of
Science para realizar uma pesquisa caracterizada como um estudo
bibliométrico com a utilização do software CiteSpace. Os principais
resultados indicam que o tema está em alta, o que se evidencia no
aumento do número de artigos publicados na última década. Os
resultados mostram também que Benjamin Schneider, Lawrence James
e George Litwin são os autores mais citados e influentes do campo.
Ainda, foi possível observar que o termo ainda é pouco explorado na
Administração Pública.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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Palavras-chave: Clima Organizacional, bibliometria, revisão
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1. Introdução
De forma ampla e genérica, clima organizacional está relacionado com a atmosfera da
organização, isto é, a atmosfera organizacional percebida pelos funcionários (RANDHAWA;
KAUR, 2014). Nesse sentido, o clima organizacional deriva do clima psicológico (JAMES et
al., 2008), ou seja, é um agregado de diversas análises individuais, pois está relacionado com
a percepção dos trabalhadores sobre o ambiente de trabalho. Este clima é um componente
significativo para a motivação e comportamento dos colaboradores, pois o ambiente
organizacional é um fator imoprtante para o bem-estar destes (RANDHAWA; KAUR, 2014;
RIZATTI, 2002).
O conceito de clima organizacional é bastante utilizado no campo da administração. Suas
ideias iniciais remetem a década de 1930 e, desde então, o conceito passou por modificações,
sendo aprimorado ao longo dos anos (MENEZES; GOMES, 2010; DUTRA et al., 2009).
Além disso, por sua importância empírica, vários são os estudos dedicados a discutir
categorias, variáveis e modelos para pesquisas de clima organizacional (RIZATTI, 2002;
BISPO, 2006). Segundo Randhawa e Kaur (2014), as pesquisas de clima organizacional
continuam evoluindo, pois os pesquisadores continuam buscando fatores ambientais internos
e externos que influenciam no clima da organização.
No Brasil já foram realizadas algumas revisões sobre clima organizacional (MENEZES;
GOMES, 2010; KELLER; AGUIAR, 2004; CALADO; SOUZA, 1993; DUTRA et al., 2009;
RIZATTI, 2002). No entanto, estas revisões estão mais preocupadas com a construção
histórica do construto ou com o levantamento de estudo empíricos que utilizaram a pesquisa
de clima organizacional. Não foram encontradas pesquisas bibliométricas ou revisões
quantitativas sobre o conceito, como a pretendida nestes artigo. Assim, a questão norteadora
deste artigo é: Como se configura o campo de pesquisas sobre clima organizacional? Nesse
sentido, o objetivo é demonstrar como se encontra estruturado o campo de pesquisas sobre
clima organizacional. Para tanto, utilizamos a base de dados Web of Science para realizar uma
pesquisa caracterizada como um estudo bibliométrico com a utilização do software CiteSpace
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(CHEN, 2004, 2006) que, apesar das limitações, avalia a produção científica e possibilita
encontrar tendências, autores, obras, palavras-chave e temáticas centrais (PRADO et al.,
2016).
2. Referencial Teórico
Como nossa pesquisa é uma revisão de literatura, que apesar de quantitativa busca mostrar
tendências conceituais e um delineamento inicial de como vem sendo tratado o clima
organizacional, não buscamos neste tópico definir e hermetizar o conceito de clima
organizacional. Buscaremos neste tópico apresentar outras pesquisas que se propuseram a
revisar o campo de conhecimento relacionado a clima organizacional. Esta recuperação de
algumas revisões permite: a) agregar nossos resultados, pois coloca em um mesmo trabalho
conclusões encontradas em várias revisões sobre um determinado tema e; b) comparar
resultados de revisões distintas em períodos distintos.
Em uma revisão qualitativa, Menezes e Gomes (2010) estudaram a evolução do conceito de
clima organizacional em três momentos, a saber: entre as décadas de 1930 e 1960, entre as
décadas de 1970 e 1980 e, por fim, a partir da década de 1990. De acordo com os autores,
“clima organizacional é um dos construtos de maior centralidade dentro do campo do
comportamento organizacional e têm sido uma das variáveis psicológicas mais investigadas
em organizações.” (MENEZES; GOMES, 2010, p. 159). Os autores apontam um problema
em relação ao conceito de clima organizacional. De acordo com estes, devido a grande
aplicabilidade prática, há negligência em relação a construção e reflexão sobre o construto.
Entre 1930 e 1960, a preocupação “estava dirigida para a identificação das variáveis que
compunham ou constituíam o construto” (MENEZES; GOMES, 2010, p. 162) e o trabalho
mais representativo da época foi Forehand e Gilmer (1964). Adiante, entre 1970 e 1980 o
campo ficou marcado pela discussão e aproximação entre cultura organizacional e clima
organizacional. Por fim, “na atualidade, a principal preocupação em relação ao estudo do
clima organizacional diz respeito à investigação da sua dimensionalidade, devido à
diversidade operacional da constituição do atributo.” (MENEZES; GOMES, 2010, p. 169).
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Em sentido semelhante, Keller e Aguiar (2004) buscaram demonstrar a evolução do conceito
de clima organizacional. Corroborando com Menezes e Gomes (2010), os autores ressaltam
que as pesquisas de clima organizacional começaram na década de 1930. Os autores destacam
também a discussão sobre cultura organizacional e clima organizacional. Sobre essa
discussão, os autores colocam que os métodos utilizados para pesquisas sobre clima e cultura
divergem, pois nas pesquisas sobre clima prevalecem as pesquisas quantitativas, enquanto nas
pesquisas sobre cultura prevalecem pesquisas qualitativas (KELLER; AGUIAR, 2004).
Em mais uma revisão, Calado e Souza (1993) destacam que o primeiro texto a discutir o
conceito de clima organizacional foi o trabalho de Argyris (1958). Segundo os autores, desde
a origem o conceito de clima organizacional possui distintas significações, pois “as definições
de clima obedecem a diferentes critérios.” (CALADO; SOUZA, 1993, p. 201).
A definição e operacionalização do conceito, variam em
função do tipo de medições feitas, dos objetivos dos estudos e
dos resultados obtidos. As inúmeras definições produzidas
para clarificar o conceito de Clima Organizacional
conduziram a inconsistências impeditivas da cimentação do
saber na área. (CALADO; SOUZA, 1993, p. 201)
Em uma perspectiva diferente, Dutra et al. (2009) realizaram uma revisão para investigar o
uso da pesquisa de clima organizacional pelo mercado brasileiro. Segundo os autores, o
“diagnóstico de clima organizacional é utilizado para compreender as necessidades,
preocupações e percepções dos empregados.” (DUTRA et al., 2009, p. 46). Corroborando
com os textos acima apresentados, Dutra et al. (2009) destacam que as pesquisas de clima
organizacional existem desde a década de 1930. Por meio de pesquisa empírica e aplicação de
questionários, os autores encontraram que 78% das empresas utilizam frequentemente a
pesquisa de clima organizacional para melhorar o ambiente de trabalho e a organização.
Rizzatti (2002), em sua tese de doutorado, também desenvolveu uma revisão não sistemática
sobre clima organizacional. Segundo Rizatti (2002, p. 41), “a análise de clima é um
instrumento eficaz que estabelece o elo de ligação entre o nível individual e o nível
organizacional” e por isso “é muito utilizada para detectar as possíveis causas e consequências
de problemas ocorridos nas organizações”. No trabalho de Rizatti (2002) não há uma
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recuperação histórica da construção do construto como observado em Menezes e Gomes
(2010) e Keller e Aguiar (2004).
3. Metodologia
Webster e Watson (2002) colocam que revisões de literatura são essencias para qualquer
projeto acadêmico. Considerando que a ciência está em constante evolução, isto é, um projeto
acadêmico eternamente inacabado, ressaltamos que artigos de revisão são importantes para
mostrar àqueles pesquisadores de um determinado campo de conhecimento o estado da arte,
as tendências e as lacunas deste campo.
Ademais, Moreira (2004) ressalta que hoje em dia a quantidade de textos e trabalhos
produzidos é muito grande e acontece de forma muito rápida. Segundo o autor, esse cenário
foi denominado de “explosão da informação” (MOREIRA, 2004, p. 21). Nesse contexto, as
revisões de literatura assumem uma função importante.
As revisões de literatura podem apresentar um caráter mais qualitativo ou uma ênfase mais
quantitativa, como é o caso da bibliometria e da cientometria (SILVA; HAYASHI;
HAYASHI, 2011). Enquanto as abordagens qualitativas estão mais preocupadas com o
resgate de conceitos, abordagens, paradigmas, entre outros, as abordagens quantitativas estão
mais preocupadas com análises estatísiticas das produções e atividades científicas. Diante
disso, este artigo pode ser entendido como uma revisão de literatura quantitativa.
Alguns autores costumam comparar a bibliometria com um censo demográfico (ARAÚJO,
2006). Segundo Araújo (2006, p. 12), a bibliometria consiste em “aplicação de técnicas
estatísticas e matemáticas para descrever aspectos da literatura e de outros meios de
comunicação (análise quantitativa da informação)”. A bibliometria permite identificar quais
são as palavras-chave mais citadas, os autores e obras mais referenciados, as instituições,
países e periódicos que mais publicam em um determinado campo de conhecimento. Ambas
as formas de revisão de literatura, seja ela qualitativa ou quantitativa, possuem sua
importância científica.
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Tudo exposto, para realização da pesquisa utilizamos a base dados Web Of Science. Nesta
base buscamos o termo “organizational climate” em todos os anos desponíveis na base – até
2016, pois consideramos o último ano completo. Além disso, o termo deveria constar no título
do artigo. Essa busca resultou em 341 artigos. Depois disso, para análise dos dados utilizamos
os softwares CiteSpace e Excel. Insta ressaltar que não foi realizada a leitura dos artigos, uma
vez que se trata de uma revisão de literatura quantitativa.
4. Resultados e discussões
Apresentamos inicialmente (Figura 1) o número de artigos publicados por ano. Pela Figura 1 é
possível observar que 2015 e 2016 foram os anos com maior número de artigos publicados, o
que indica a relevância e pertinência do tema. É possível observar também um grande número
de trabalhos publicados entre 1970 e 1980, seguido de uma queda considerável entre 1985 e
2005. Esta queda pode estar associada a pouca discussão teórica sobre o conceito de clima
organizacional nesse período.
Figura 1 - Frequência de artigos publicados por ano.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir da Web Of Science
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Após 2005 observamos uma retomada do tema, o que se evidencia pelo alto número de
artigos publicados entre 2005 e 2016. Esta retomada pode estar associada a um maior
interesse teórico pela temática e também pelo grande número de pesquisas empíricas de clima
organizacional.
Adiante, a próxima figura (Figura 2) mostra as palavras-chave mais utilizadas pelos artigos da
busca. A análise das palavras-chave mais utilizadas é importante, pois elas “servem como
representações temáticas” dos artigos (SILVA; SMIT, 2009, p. 98). Nesse sentido, observar as
palavras-chave mais utilizadas pode indicar aspectos importantes de um campo de
conhecimento.
No caso deste estudo, as palavras-chave job-satisfaction, satisfaction e perceptions nos
fornecem um primeiro delineamento do que seja clima organizacional. Assim, clima
organizacional está relacionado com a percepção e satisfação dos colaboradores com o
ambiente de trabalho (RIZZATI, 2002; McMURRAY; SCOTT; PACE, 2004; BISPO, 2006).
Além disso, a palavra work deixa claro que clima organizacional está, de alguma forma,
relacionado ao trabalho – pode ser ambiente de trabalho, condições de trabalho, qualidade de
vida no trabalho, dentre outras relações possíveis.
Ainda nesse contexto podemos ressaltar a palavra turnover, que está relacionada com a
rotatividade dos funcionários em uma determinada organização. Bispo (2006) coloca que um
clima organizacional desfavorável gera um alto nível de rotatividade dos funcionários. Outros
trabalhos também destacam a relação entre clima e rotatividade como Dutra et al. (2009),
Keller e Aguiar (2004), entre outros.
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Figura 2 - Palavras-chave mais citadas.
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace
Além disso, a palavra innovation sugere uma relação entre clima organizacional e inovação.
Diversos autores destacam a importância de um clima organizacional saudável para estimular
a confiança e criatividade dos colaboradores e, consequentemente, a inovação (EKVALL,
1996).
Outra palavra que aparece entre as mais citadas é burnout. Assim, podemos concluir que
muitos trabalhos relacionam clima organizacional e Síndrome de Burnout, que é caracterizada
como “um fenômeno psicossocial que surge como resposta aos estressores interpessoais
crônicos presentes no trabalho.” (FERREIRA; LUCCA, 2015, p. 70). Pode ser entendida
também como um esgotamento causado pelo stress vivenciado no ambiente de trabalho.
O termo psychological climate refere-se ao clima psicológico. De acordo com Gomes (2002),
o clima organizacional não está relacionado apenas com o ambiente físico de trabalho, mas
também com o clima psicológico, mesmo que os elementos deste último não sejam tão
concretos.
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Em relação ao termo culture (cultura), Bispo (2006) coloca que a cultura organizacional é um
fator que afeta o clima organizacional, pois está relacionada com as tradições, práticas e
costumes da organização e sua influência sobre os trabalhadores. Puentes-Palacios e Freitas
(2006) diferenciam cultura e clima organizacional. Segundo os autores, cultura é “àquilo que
é defendido e valorizado pela organização, e serve de sustento para a definição tanto da
estrutura adotada, quanto do comportamento a ser privilegiado” (PUENTES-PALACIO;
FREITAS 2006, p. 50). Corroborando com Bispo (2006), os autores colocam que a cultura
“serve de base para a construção do clima” (PUENTES-PALACIO; FREITAS, 2006, p. 50).
Assim, cultura e clima são construtos teóricos distintos, mas não são independentes (BISPO,
2006; PUENTES-PALACIOS; FREITAS, 2006; McMURRAY; SCOTT; PACE, 2004).
Em relação aos termos behavior (comportamento) e performance (desempenho), diversos
autores mostram que o clima organizacional exerce impacto sobre o comportamento e
desempenho dos colaboradores (MARTINS et al., 2004; PUENTES-PALACIOS; FREITAS,
2006; BISPO, 2006). Puentes-Palacios e Freitas (2006, p. 46) colocam que o “clima da
organização [...] orienta tanto o comportamento como o desempenho dos atores que nela
participam”. O fato de influenciar desempenho e comportamento explica a presença das
palavras outcomes (resultados) e management (gestão), pois o clima organizacional deve ser
administrado (LUZ, 2003; LIMA; AMORIM; FISCHER, 2015) para que os resultados e a
produtividade sejam os melhores possíveis.
A figura 3 abaixo mostra quais são os autores mais citados pelos artigos da busca – os 341
artigos da Web Of Science. Conhecer quem são os autores mais citados é importante, pois
evidencia quem são os mais influentes em um determinado campo de conhecimento ou em
uma determinada temática.
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Figura 3 - Autores mais citados pelos artigos da busca
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace – corte em 35.
Nesse sentido, ao realizar uma pesquisa de clima organizacional, por exemplo, já se sabe
quais autores pesquisar. Pela figura é possível observar que o autor mais citado do campo é
Benjamin Schneider (127 citações), seguido por Lawrence James (75 citaçãoes) e George
Litwin (56 citações). Estes três autores possuem diversas e importantes obras sobre clima
organizacional, o que justifica o grande número de citações. Completam a lista dos dez
autores mais citados: Don Hellriegel (45 cit.), Rensis Likert (45 cit.), Roy Payne (39 cit.),
Robert Pritchard (38 cit.), Garlie Forehand (38 cit.), Edward Lawler (35 cit.).
A tabela 1 abaixo evidencia as obras mais referenciadas pelos artigos da busca. A obra de
George Litwin e Robert Stringer “Motivation and Organizational Climate” (1968) é a mais
citada, o que reforça a importância de George Litwin para o campo de clima organizacional.
Por ser uma obra da década de 1960, provavelmente foi uma das primeiras a tratar do assunto,
lançando assim as bases conceituais e teóricas do que viria a ser clima organizacional, mesmo
que a ideia de satisfação no trabalho seja ainda mais antiga. Benjamin Schneider, que é o
autor mais citado, conta também com duas obras entre as mais referenciadas, evidenciado sua
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importância para o campo. Além destes, Hellriegel, James, Pritchard, Lawler e Forehand
também constam entre os mais citados e com obras mais referenciadas.
Tabela 1 - Obras mais referenciadas pelos artigos da busca
Autores/Ano Título Cit.
Litwin e Stringer (1968) Motivation and organizational climate 55
Hellriegle e Slocum (1974) Organizational climate: Measures, research and contingencies. 41
Pritchard e Karasick (1973)The effects of organizational climate on managerial job
performance and job satisfaction38
James e Jones (1974) Organizational climate: A review of theory and research 36
Campbell el al (1970) Managerial behavior, performance, and effectiveness 34
Guion (1973)A note on organizational climate. Organizational Behavior and
Human 31
Forehand e Gilmer (1964) Environmental variation in studies of organizational behaviour 30
Schneider (1975) Organizational climates: an essay 28
Lawler, Hall e Oldman (1974)Organizational climate: Relationship to organizational structure,
process, and performance26
Schneider e Reichers (1983) On the etiology of climates 25
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace – corte em 25.
Outra informação importante da Tabela 1 é que todas as obras mais referenciadas são
anteriores a 1985 – mais especificamente, 9 das 10 obras são anteriores a 1975. Isso pode
significar, dentre outras coisas, que o campo não avançou em termos conceituais e teóricos.
Nesse sentido, as pesquisas sobre clima organizacional são mais aplicadas, instrumentais, do
que teóricas. Além disso, os mesmos autores que estão entre os mais citados estão também
entre aqueles que possuem obras entre as mais referenciadas. Nesse sentido, o campo está
fechado em torno destes autores e parece não apresentar grandes avanços nos últimos anos,
uma vez que não possui nenhuma obra ou autor mais citado no século XXI.
A figura 4 mostra os países que mais publicaram – em relação à nacionalidade dos autores. Os
EUA aparecem com o maior número de publicações (145), seguido de Espanha (13),
Austrália (13), Inglaterra (13), Canadá (12), Taiwan (11), Suécia (10), Holanda (8), Brasil (8),
Irã (7) e China (7). Importante ressaltar que a Web Of Science “privilegia” a literatura dos
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EUA e Europa, devido à característica das bases indexadas na principal coleção da Web Of
Science (PRADO et al., 2016).
Figura 4 - Países com maior número de artigos
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace – corte em 7
Além de possuir o maior número de publicações, é notória a grande quantidade de redes que
os EUA fazem com outros países – tem ligações com China, Inglaterra, Suécia, entre tantos
outros. Isso significa que autores de países distintos estão trabalhando em conjunto. Esse
intercâmbio tende a ser benéfico e incentivado por programas como Ciências Sem Fronteira,
por exemplo. Por outro lado, o Brasil não possui redes com nenhum outro país. A tabela 2
apresenta os artigos brasileiros que aparecem na busca. Insta ressaltar que oito dos dez artigos
foram publicados após 2014.
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Tabela 2 - Artigos brasileiros encontrados na busca
Autor Título
Coda, Silva e Custódio (2014) Multidimensional configurations of the organizational climate construct
Silva, Azevedo e Pinho (2015)
El Clima Organizacional En Las Bibliotecas Universitarias: Un Estudio De
Las Bibliotecas Sectoriales De La Universidad Federal De Pernambuco
Tortorella, Escobar e Rodrigues (1977)
Organizational climate research: a proposed approach focused on banking
institutions
Silva et al (2016)
Pesquisa de Clima Organizacional: ferramenta de modelo de Gestão na
promoção de melhorias contínuas no Ambiente Institucional Financeiro
Sanches e Castro (2015)
Relação entre a percepção do clima organizacional e o comportamento
organizacional positivo: estudo no setor de obras da prefeitura de
Tamboara-PR
Rodrigues et al (2016)
Paradigms for Assessment of Organizational Climate in a Public Research
Institute
Rodrigues et al (2016)
A importância da pesquisa do Clima Organizacional para o funcionamento
de uma Instituição Federal de Ensino Superior
Hesketh (1977) Motivação e clima organizacional Fonte: elaborado pelos autores
Em relação às categorias, a figura 5 mostra como o termo orgnizational climate tem sido
utilizado em múltiplas áreas do conhecimento. Entretanto, as categorias com maior destaque
foram Business & Economics, Management e Psycology. Não há surpresas diante destas
categorias, pois clima organizacional, conforme já sabemos pelo referencial teórico e por
alguns resultados já expostos, está diretamente relacionado a gestão e psicologia.
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Figura 5 - Categorias nas quais os artigos estão indexados
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace – corte em 11
Ainda, a figura 5 mostra uma timezone, mostrando em ordem cronológica em quais categorias
os artigos foram aparecendo. Em relação a esta ordem, é interessante notar que a questão do
clima organizacional demorou aparecer na categoria Public Administration. Enquanto o termo
apareceu nas categorias Business & Economics e Management em 1958, foi aparecer em
Public Administration apenas em 1984 e aparece ainda de forma bastante tímida. Neste
sentido, podemos supor que o campo da Administração Pública não dedica muita atenção a
questão do clima organizacional. Diante disso, pesquisas teóricas e empíricas são necessárias
para entender esse distanciamento do campo e como o clima organizacional está inserido nas
organizações da Administração Pública.
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A figura 6 apresenta os journals (periódicos) mais referenciados pelos artigos – isto não
significa citação do próprio journal, mas de artigos publicados nos respectivos. Essa análise é
importante, pois pode auxiliar a busca de artigos sobre determinado tema e também indicar
possíveis periódicos para publicação de eventuais trabalhos.
Figura 6 - Periódicos mais referenciados
Fonte: Elaborado pelos autores por meio do software CiteSpace
Pela figura observa-se que o periódico mais referenciado é o Journal of Applied Psychology
(183 citações), seguido por Academy of Management Journal (137 cit.), Personnel
Psychology (129 cit.) e Psychological Bulletin (110 cit.). Observa-se que dos quatro
periódicos mais referenciados, três estão relacionados com psicologia, o que indica, mais uma
vez, forte relação entre clima organizacional e assuntos relacionados ao psicológico dos
colaboradores. Completam a lista dos dez periódicos mais referenciados: Organizational
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Behavior and Human Performance (109 cit.); Administrative Science Quarterly (106 cit.);
Journal of Organizational Behavior (82 cit.); Human Relations (81 cit.); Journal of
Management (76 cit.).
Por fim, ressaltamos que os resultados apresentados nos forneceram um panorama de como
está configurado o campo de pesquisas sobre clima organizacional. Na próxima seção
apresentamos as considerações finais e deixamos uma agenda de pesquisa.
5. Considerações finais
Buscamos responder neste trabalho como se configura o campo de pesquisas sobre clima
organizacional. Nesse sentido, nosso objetivo foi demonstrar como se encontra estruturado o
campo de pesquisas sobre clima organizacional. Para tanto utilizamos uma pesquisa
bibliométrica, uma revisão de literatura de caráter quantitativo.
Os principais resultados indicam que o tema está em alta, o que se evidencia no aumento do
número de artigos publicados na última década. Aumento este que sucedeu um período com
baixo número de artigos publicados entre 1985 e 2005. Tal aumento pode ser decorrência de
maiores discussões teóricas sobre o conceito ou também devido a retomada de pesquisas
empíricas de clima organizacional.
Os resultados mostram também que Benjamin Schneider, Lawrence James e George Litwin
são os autores mais citados e influentes do campo. Em relação aos países, observamos que o
maior número de trabalhos sobre clima organizacional foi produzido nos EUA.
Ainda, foi possível observar que o termo ainda é pouco explorado na Administração Pública.
Diante disso, sugerimos como agenda de pesquisa explorar o conceito no campo da
Administração Pública, pois esta também é composta de organizações e funcionários.
Ressaltamos que nosso trabalho tem um caráter limitado, uma vez que utiliza apenas uma
base de dados. Além disso, nos propusemos a uma analise quantitativa, o que limita a revisão.
Sugerimos, portanto, revisões qualitativas e que incluam outras bases de dados.
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Referências
ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em questão, v. 12, n. 1,
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