AVALIAÇÃO ECONÔMICA DAS ILHAS DE ALTA PRODUTIVIDADE: PLANTIO DE SERINGUEIRA NA FLORESTA NATURAL

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NMREO 99 - AVALIAÇÃO ECONÔMICA DAS ILHAS DE ALTA PRODUTIVIDADE: PLANTIO DE SERINGUEIRA NA FLORESTA NATURAL REYDON, B. P.; Universidade Estadual de Campinas; Brasil; [email protected] MACIEL, R. C. G.; Universidade Estadual de Campinas; Brasil.; [email protected] RESUMO A sustentabilidade do extrativismo vegetal da borracha tem sido centro de grandes discussões na região amazônica. Considerada como uma atividade inviável que padece de atraso técnico inerente à cultura e desempenho econômico inferior às demais atividades. As Ilhas de Alta Produtividade (IAP’s) surgem como uma alternativa produtiva para viabilização do extrativismo. Neste estudo analisa-se mediante indicadores de avaliação econômica (valor presente líquido, taxa interna de retorno e relação benefício custo) as IAP’s implantadas em seringais localizados na Reserva Extrativista (RESEX) Chico Mendes, estado do Acre, Brasil. Os resultados demonstraram a viabilidade econômica desses plantios. Palavras-chave: progresso tecnológico, extrativismo vegetal, desenvolvimento sustentável. ABSTRACT The sustainability of the extractive vegetable of the rubber has been center of great discussions in the Amazonian region. Considered as an unviable activity that suffers from inherent technical delay to the culture and inferior economical performance to the other activities. The Islands of High Productivity (IAP's) appear as a productive alternative for viability of the extractive. This study, aims to analyze by indicators of economical evaluation (net present value, internal rate of return and benefit/cost) IAP's implanted in located rubber plantations in Extractive Reserve (RESEX) Chico Mendes - Acre, Brazil. The results demonstrated the economical viability of those plantings. Key words: technological progress, vegetable extractive, sustainable development.

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A sustentabilidade do extrativismo vegetal da borracha tem sido centro de grandes discussões na região amazônica. Considerada como uma atividade inviável que padece de atraso técnico inerente à cultura e desempenho econômico inferior às demais atividades. As Ilhas de Alta Produtividade (IAP’s) surgem como uma alternativa produtiva para viabilização do extrativismo. Neste estudo analisa-se mediante indicadores de avaliação econômica (valor presente líquido, taxa interna de retorno e relação benefício custo) as IAP’s implantadas em seringais localizados na Reserva Extrativista (RESEX) Chico Mendes, estado do Acre, Brasil. Os resultados demonstraram a viabilidade econômica desses plantios.

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NMREO 99 - AVALIAÇÃO ECONÔMICA DAS ILHAS DE ALTA

PRODUTIVIDADE: PLANTIO DE SERINGUEIRA NA FLORESTA NATURAL

REYDON, B. P.; Universidade Estadual de Campinas; Brasil; [email protected] MACIEL, R. C. G.; Universidade Estadual de Campinas; Brasil.; [email protected]

RESUMO A sustentabilidade do extrativismo vegetal da borracha tem sido centro de grandes discussões na região amazônica. Considerada como uma atividade inviável que padece de atraso técnico inerente à cultura e desempenho econômico inferior às demais atividades. As Ilhas de Alta Produtividade (IAP’s) surgem como uma alternativa produtiva para viabilização do extrativismo. Neste estudo analisa-se mediante indicadores de avaliação econômica (valor presente líquido, taxa interna de retorno e relação benefício custo) as IAP’s implantadas em seringais localizados na Reserva Extrativista (RESEX) Chico Mendes, estado do Acre, Brasil. Os resultados demonstraram a viabilidade econômica desses plantios. Palavras-chave: progresso tecnológico, extrativismo vegetal, desenvolvimento sustentável. ABSTRACT The sustainability of the extractive vegetable of the rubber has been center of great discussions in the Amazonian region. Considered as an unviable activity that suffers from inherent technical delay to the culture and inferior economical performance to the other activities. The Islands of High Productivity (IAP's) appear as a productive alternative for viability of the extractive. This study, aims to analyze by indicators of economical evaluation (net present value, internal rate of return and benefit/cost) IAP's implanted in located rubber plantations in Extractive Reserve (RESEX) Chico Mendes - Acre, Brazil. The results demonstrated the economical viability of those plantings. Key words: technological progress, vegetable extractive, sustainable development.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente o grande desafio na Amazônia é a implementação de políticas públicas

que alterem o padrão de desenvolvimento vigente no sentido de maior justiça social,

de contenção do desflorestamento e de utilização racional do meio ambiente de

forma conservacionista. Há um crescente reconhecimento que as atuais formas

predatórias de desenvolvimento na região acarretam pesados ônus sócio-

econômicos e ambientais, aliado à compreensão de buscar alternativas de

desenvolvimento sustentáveis. Dessa forma, enfatiza-se o desenvolvimento

sustentável na Amazônia mediante duas faces ambientais complementares: a

concomitante conservação da biodiversidade com a diversidade social. (Becker ,

2001; Hall, 2000a)

Os movimentos sociais, em particular dos seringueiros, aliados aos movimentos

ambientais e ecológicos, contribuíram para a criação das Reservas Extrativistas

(RESEX) que surgiram como uma alternativa para atenuar o problema fundiário de

concentração de terra, promover a exploração dos recursos naturais de forma

sustentável e de conservar a biodiversidade no território amazônico (Allegretti,

1989; Costa Filho, 1995).

Ainda que as RESEX sejam indicadas como modelo de sustentabilidade para a

região Amazônica, alguns autores divergem desse conceito. De acordo com Homma

(1989), as RESEX que têm como cerne o extrativismo vegetal tradicional, mais

precisamente a produção de borracha, não podem ser consideradas como modelo de

desenvolvimento viável para a Amazônia, pois o baixo rendimento da terra e da

mão-de-obra, aliado ao progresso tecnológico, incentivam o processo de

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domesticação - plantios racionais - e a substituição por produtos sintéticos,

conduzindo a atividade extrativa tradicional ao desaparecimento no médio e longo

prazo. Por outro lado, autores como Kageyama (1996), apresentam propostas que

vão de encontro à abordagem de Homma, afirmando que com o cultivo intensivo da

seringueira, o extrativismo tradicional estará fadado ao extermínio. Acrescenta,

porém, que isso não ocorrerá desde que haja um avanço para o Sistema de produção

denominado Neoextrativismo1. Sistema este também defendido por Rêgo (1996),

dando ênfase à importância das RESEX como impulsionadoras de “uma economia

baseada nas atividades extrativas e na organização familiar do trabalho” (p. 05) na

região amazônica.

Nesse contexto, o Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre - UFAC

vem executando, desde 1995, um Projeto de pesquisa denominado Ilhas de Alta

Produtividade (IAP’s) que se insere na proposta de Neoextrativismo. Esse projeto

tem como objetivo principal a realização de pequenos plantios2 de seringueira

(Hevea sp.), em áreas de roçado, espaçados entre si e circundados pela diversidade

da floresta natural. Prevê, ainda, o uso de técnicas adequadas e específicas que

influenciam no aumento da produção e da produtividade do extrativismo, tornando-

o competitivo no âmbito nacional e internacional. Essa proposta presume a

convivência da seringueira, em situação de equilíbrio, com o mal das folhas, doença

provocada pelo fungo Microcyclus ulei, principal responsável pelo fracasso dos

cultivos racionais da espécie incentivados na Amazônia (Souza, 1997). Esta

1 Segundo Rego (1996, p.1) “o sistema neoextrativista supõe a construção de uma nova base técnica ou um desenvolvimento técnico por dentro do extrativismo, subordinado aos padrões e exigências sócio culturais dos seringueiros.” Ver também, Rêgo (1999). 2 Há uma previsão para que sejam implantadas no máximo 5 IAP’s por unidade de produção familiar.

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proposta, segundo Kageyama apud Souza (1997, p.5) “somente se aplica para

proprietários de grandes áreas como os seringueiros”, mais precisamente nas

Reservas Extrativistas.

A introdução de espécies de valor econômico nas entrelinhas das seringueiras,

combinadas com o estudo da sucessão ecológica, previsto nos Sistemas

Agroflorestais (SAF’s), auxilia na sanidade das IAP’s possibilitando também um

aumento na renda do seringueiro por meio da diversificação da produção (Souza,

1997).

2. MATERIAL E MÉTODO

No município de Xapuri-AC - RESEX Chico Mendes - foram implantadas

aproximadamente 90 IAP’s, distribuídas entre 9 seringais. Considerou-se para fins

de avaliação econômica uma amostra de 23 IAP’s definida de acordo com os

seguintes critérios: acesso às áreas3 (longa distância - 08 IAP’s; média distância - 08

IAP’s; Curta distância - 07 IAP’s); colocações que representavam todos os anos de

implantação (1995 -1998); uma IAP por colocação4.

Os plantios das IAP’s foram realizados de duas formas: 14 IAP’S foram

implantadas a partir de semente (pé-franco); 9 IAP’s a partir de estacas clonais. A

implantação das clonais corresponde ao ano de 1997 e pé-franco aos anos de 1995,

1996 e 1998. Em média, cada IAP implantada tem uma área correspondente a 0,68

hectare (ha), com vários tipos de espaçamentos. Um dos pré-requisitos para a

implantação foi o aproveitamento de uma área de roçado já aberta. Inicialmente, na

3 O acesso às áreas foi definido de acordo com o grau de dificuldade para chegar ao município mais próximo, no caso, Xapuri (Acre). 4 A colocação representa a unidade produtiva do seringueiro, localizada dentro de um seringal específico.

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maioria das IAP’s constituídas foram plantadas apenas as seringueiras, sendo

denominadas como solteiras. No final de 2001, foram planejados a consorciação de

6 IAP’s que tinham pré-requisitos necessários para a realização dessa atividade

dentro da amostra.

Para fins de avaliação econômica do sistema, considerou-se a vida útil da

seringueira, correspondente ao período de 35 anos, como tempo limite para

obtenção do retorno do investimento. Avaliou-se as áreas das IAP’s implantadas,

extrapolando-se os resultados para 1 ha, além de 5 IAP’s por colocação.

Considerou-se o sistema estabilizado em seus fluxos econômicos a partir do 12º ano

para as IAP’s com base na seringueira clonal, e 15º ano para as IAP’s com base na

seringueira de pé-franco.

Para realizar a análise econômica de curto prazo (ano agrícola), quando da

estabilização do sistema, utilizou-se as seguintes medidas de resultado econômico5:

Renda Bruta (RB) – valor da produção; Renda Líquida (RL) – RB deduzidas as

despesas efetivas; Índice de Eficiência Econômica (IEE) – Benefícios/Custos

Totais.

Para calcular a rentabilidade da IAP, utilizou-se os seguintes indicadores

financeiros: o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e a

relação Benefício/Custo (B/C). A taxa de juros usada nos cálculos foi de 5,16% -

custo de oportunidade do mercado - que é a mesma utilizada nas linhas de crédito

(PRODEX) destinada ao extrativismo pelo Banco da Amazônia S/A (BASA).

5 Baseado na metodologia do projeto ASPF (Rego, 1996)

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Segundo Buarque (1984), o valor presente líquido (VPL) que é a atualização do

fluxo de caixa anual, descontada por uma determinada taxa de desconto, indica a

rentabilidade do investimento.

Em relação a TIR, Buarque (1984, p.149) afirma que, "a taxa interna de retorno é

calculada a partir dos próprios dados do fluxo de fundos do projeto, sem a

necessidade de arbitrar-se uma taxa de desconto". Este índice permite calcular o

percentual de retorno do investimento e compará-lo ao custo de oportunidade de

mercado.

Segundo Rêgo (1996, p. 40), "a relação benefício/custo é o quociente entre o valor

atualizado das rendas brutas e o valor atualizado dos custos totais, descontados a

uma taxa de juro, durante os anos da vida útil do sistema de produção”.

A avaliação econômica é realizada ex-ante, pois foram utilizados em sua maior

parte custos e resultados econômicos projetados. Porém, para o cálculo dos custos

de implantação da seringueira utilizou-se dados reais que foram coletados

diretamente nas colocações dos seringueiros. Para o cálculo dos custos e resultados

da produção das outras culturas, todos projetados, foram utilizadas informações de

fontes secundárias.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme a tabela 1, percebe-se claramente o papel da incorporação do progresso

tecnológico no processo de produtivo da borracha, cujo processo tradicional traz na

sua raiz o atraso tecnológico herdado do período da economia do “aviamento”. Pois,

em apenas 1 ha de seringueira plantada a partir de estacas clonais, a produção de

borracha da colocação se elevará cerca de 22,5%, aumentando a produtividade da

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mão-de-obra, reduzindo-a em 24%. Além disso, a seringueira plantada a partir de

sementes, alcançará o mesmo resultado utilizando-se 1,5 ha de floresta. É

importante ressaltar que a produção tradicional utiliza uma área média em torno de

300 ha – tamanho de uma colocação – para obter a produção total. Confirmando,

assim, uma das hipóteses da pesquisa de que as IAP's presumem um aumento na

produtividade da seringueira com o mínimo de dispêndio de mão-de-obra.

Tabela 1 – Exploração tradicional de borracha x IAP: produção e necessidade de mão-de-

obra anual na RESEX “Chico Mendes” – 2002 – Acre/Brasil Forma de Exploração

da Seringueira Produção

Média (Kg)Necessidade de Mão-

de-obra (H/D) Extração Tradicional 620,00 202,00 IAP - Estaca Clonal 800,00 48,00 IAP - Semente 400,00 48,00 Obs. IAP - Ilha de Alta Produtividade; H/D - homem por dia

Por outro lado, ressalta-se que a consorciação nas IAP’s reduz a dependência de

uma única cultura (seringueira) para a geração de renda, proporcionando o

abatimento dos custos de implantação já no primeiro ano, além de fluxo de caixa

positivo no segundo ano, desde que planejado adequadamente observando-se a

composição das culturas de acordo com a vida útil produtiva6. Pois, com o

monocultivo da seringueira nas IAP’s – devido ao período de maturação – tem-se

custos de implantação até o quarto ano e rendimentos da produção a partir do

sétimo ano, sem fluxos monetários positivos.

Como mostra a tabela 2, os resultados da produção e produtividade, além da

consorciação, têm sua expressão nos fluxos monetários, do ponto de vista dos

indicadores econômico, decorrentes desse novo sistema de produção. Os

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seringueiros da RESEX “Chico Mendes”, de acordo com o Índice de Eficiência

Econômica (IEE), praticamente gastam tudo que ganham, com o sistema

tradicional. Mas, com as IAP’s os resultados indicam que para cada real gasto

receberão como benefício três. Isso significa um fôlego significativo a esses

produtores, traduzido nos rendimentos a serem auferidos, visto que saem de um

rendimento monetário líquido de quase um salário mínimo (SM) por ano, para mais

de 1,5 SM por mês, no caso das IAP’s – semente, e para mais de 2,5 SM/mês, no

caso das IAP’s com seringueiras clonais.

Tabela 2 – Comparação entre o desempenho econômico do tradicional com as Ilhas de Alta

Produtividade (IAP’s) na RESEX “Chico Mendes” – Acre Indicadores UnidadeUPF/RESEX CHICO MENDES*5 IAP'S - Semente 5 IAP's - CloneRB R$/ano 1.707,50 5.614,16 8.963,11 RL R$/ano 146,00 4.266,59 6.536,08 IEE un. 1,09 3,33 3,44 Obs.: 1. UPF – Unidade de Produção Familiar (Colocação)RB - Renda Bruta; RL - Renda Líquida; LE -Lucro da Exploração; IEE - Índice de Eficiência Econômica. 2. *Dados de 1997, atualizado com projeção do subsídio estadual, implementado em 1999. * Fonte: Projeto ASPF - Depto de Economia da UFAC.

Os retornos financeiros do investimento nas IAP’s, conforme tabela 3, corroboram

os resultados econômicos acima, pois comparando as taxas de retorno previstas e

que estão bem acima do custo de oportunidade da região, em torno de 5%

(PRODEX/BASA), além dos expressivos retornos em termos de valores e da

comparação entre os benefícios e os custos serem também favoráveis – ratificando

os resultados do IEE – é plenamente justificável investir nas IAP’s como atividade

produtiva sustentável tanto do ponto de vista econômico quanto do financeiro.

6 A seqüência a ser observada é: anuais (produção anual – ex.: arroz); semi-permanentes (vida útil de até 3 anos – ex.: Banana) e permanentes (vida útil de 4 a 35 anos, no caso da IAP’s – ex.: Café e Seringueira)

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Tabela 3 – Indicadores de avaliação Financeira das Ilhas de Alta Produtividade na RESEX “Chico Mendes” – 2002 - ACRE

Indicadores 5 IAP's - Clone 5 IAP's - Semente VPL 52.207,13 32.034,34 TIR 40% 30% B/C 3,11 2,39 Obs.: VPL - Valor Presente Líquido; TIR - Taxa Interna de Retorno; B/C - Benefício/Custo

Os resultados anteriores demonstram a inviabilidade econômica do extrativismo

tradicional da seringueira. Porém, essa inviabilidade não é inerente ao extrativismo,

pois a incorporação de tecnologias - por intermédio das IAP's - respeitando a

tradição do seringueiro e sua relação com o meio ambiente, pode reverter essa

situação, conforme demonstrado. Isso corrobora a necessidade de transição para um

novo sistema de produção denominado neoextrativismo, que é a base para as IAP’s,

utilizando a floresta de forma sócio-econômica e ambientalmente correta.

4. CONCLUSÕES

Os baixos rendimentos dos seringueiros oriundos principalmente das atividades

extrativas tradicionais estão promovendo a discussão da insustentabilidade das

RESEX, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Pois, além de gerar

problemas na manutenção desses produtores, estão afetando, em particular, a

preservação da floresta. Entretanto, pode-se relacionar essencialmente esse

desempenho ao atraso tecnológico evidente nas atividades extrativistas e que com a

implementação de inovação tecnológica, característica das IAP’s, o desempenho

melhorará significativamente, tornando o extrativismo viável e garantindo a

manutenção dos seringueiros. Ademais, como a implantação das IAP’s ocorrem em

áreas desmatadas, essa atividade prestará um serviço essencial no sentido de

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reflorestamento da floresta natural, além de evitar novos desmatamentos devido à

melhoria dos rendimentos das famílias extrativistas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALLEGRETTI, Mary Helena. Reservas Extrativistas: uma proposta de desenvolvimento da floresta amazônica. R. Pará Desenvolvimento. Extrativismo vegetal e reservas extrativistas, Belém, n.25, p. 3-29, jan./dez. 1989. BECKER, Berta K. Síntese do Processo de Ocupação da Amazônia: Lições do passado e desafios do presente. In: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Causas e dinâmica do desmatamento na Amazônia. Brasília: MMA, 2001. p. 5-28. BUARQUE, Cristovam. Avaliação Econômica de Projetos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1984. p. 130-178. COSTA FILHO, Orlando Sabino da. Reserva Extrativista - Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida. 1995. 156 p. Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade Federal de Minas Gerais, 1995. HALL, Anthony. Introduction. In: HALL, Anthony (ed.) Amazonia at the Crossroads: The challenge of sustainable development. London: ILAS, 2000a. p. 1-7. HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. Reservas Extrativistas: uma opção de desenvolvimento viável para a Amazônia? R. Pará Desenvolvimento. Extrativismo vegetal e reservas extrativistas, Belém, n.25, p. 38-48, jan./dez. 1989. KAGEYAMA, Paulo. Reserva Extrativista: um modelo sustentável para quem? São Paulo, 1996. 4 p. (trabalho apresentado na mesa redonda sobre Reserva extrativista dentro do programa da reunião anual da SBPC) SOUZA, Alexandre Dias de. IAP’s - Ilhas de Alta Produtividade: Racionalização da Produção Gumífera em Áreas de RESEX - Reservas Extrativistas. Rio Branco: UFAC/Parque Zoobotânico, 1997. 25p. (Projeto de Pesquisa)

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RÊGO, José Fernandes do (coord.). Análise econômica de sistemas básicos de produção familiar rural no vale do Acre. Rio Branco: UFAC, 1996. 53 p. (Projeto de Pesquisa do Departamento de Economia da UFAC) _______________________. Amazônia: do extrativismo ao neoextrativismo. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 25. n. 147, p. 62-65, mar.1999.