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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMACIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS NATALIE DEL CARMEN MOLINA SPATH AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS EM AMOSTRAS DE MÉIS DE Melipona scutellaris Salvador-BA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMACIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

NATALIE DEL CARMEN MOLINA SPATH

AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS EM AMOSTRAS

DE MÉIS DE Melipona scutellaris

Salvador-BA

2013

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NATALIE DEL CARMEN MOLINA SPATH

AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS EM AMOSTRAS

DE MÉIS DE Melipona scutellaris

Salvador-BA

2013

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial. para obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos. Orientadora: Profa. Dra. Maria Spínola Miranda Co-orientador. Cleber Schmidt

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Sistema de Bibliotecas da UFBA

Molina Spath, Natalie del Carmen. Avaliação de compostos bioativos em amostras de méis de Melipona scutellaris / Natalie del Carmen Molina Spath. - 2015. 72 f.: il.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Spínola Miranda. Co-orientador: Prof. Dr. Cleber Alberto Schimidt.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2013. 1. Mel. 2. Mel - Composição. 3. Mel - Análise. 4. Fenóis. 5. Melipona. I. Miranda, Maria Spínola. II. Schimidt, Cleber Alberto. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. IV. Título.

CDD - 638.16 CDU - 638.162

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e meus protetores espirituais pela presença

constante e por renovar meu ânimo e minhas esperanças, me mostrando sempre

um novo caminho quando achava que tudo estava perdido;

Á professora Mara, um modelo exemplar de docente, que me auxiliou e participou do

trabalho, sem o seu apoio eu não teria conseguido;

Ao meu pai, por toda ajuda e amor;

A Elmo, por todo companheirismo, carinho, dedicação e amor;

Ao pessoal do Labe (Marília, Alvanice e Synara), pelo apoio durante a realização

deste trabalho e pelas amostras de méis doadas;

Ao meus cães, pela alegria e companhia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL..................................................................................................... 09

OBJETIVOS...................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1

2

2.1

3

4

5

5.1

6

7

MELIPONICULTURA..........................................................................................

BIOLOGIA DOS MELIPONÍNEOS.....................................................................

Melipona scutellaris............................................................................................

USO DO MEL DE M. scutellaris NA MEDICINA POPULAR............................

COMPOSIÇÃO DO MEL....................................................................................

OXIDAÇÃO E RADICAIS LIVRES.....................................................................

Antioxidantes......................................................................................................

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO MEL..............................................................

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO MEL.........................................................

14

16

18

20

22

25

26

29

31

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 33

CAPÍTULO 2

AVALIAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS EM AMOSTRAS DE MÉIS DE Melipona

scutellaris

RESUMO.......................................................................................................................... 45

ABSTRACT...................................................................................................................... 45

1

2

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

3

INTRODUÇÃO...................................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................

Amostras.............................................................................................................

Análises físico-químicas......................................................................................

Análises de compostos bioativos........................................................................

Análise estatística.............................................................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................

Análises físico-químicas.....................................................................................

47

48

48

49

50

53

53

53

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3.1 Análises de bioativos......................................................................................... 58

4 CONCLUSÕES.................................................................................................. 65

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 65

CONCLUSÕES GERAIS..................................................................................... 72

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Figura 5

Figura 6

Figura 7

Meliponário – caixas em abrigos individuais.......................................................

Células de cria de meliponíneo...........................................................................

Potes de alimento de meliponineo .....................................................................

M. scutellaris – rainha e operárias.....................................................................

Áreas de ocorrência natural e local de dispersão de M. scutellaris no Estado

da Bahia..............................................................................................................

Estrutura química do fenol (Hidroxibenzeno)......................................................

Estrutura química dos principais tipos de flavonoides........................................

15

17

18

19

20

28

29

CAPÍTULO 2

Figura 1

Figura 2

Curva padrão de ácido gálico.........................................................................

Atividade antimicrobiana de amostras de mel de M. scutellaris frente às cepa

6538 de S. aureus...............................................................................................

51

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4

Tabela 5

Tabela 6

Valores médios com desvio padrão de atividade de água, medida de pH e

acidez de amostras de mel de M. scutellaris...................................................

Valores médios com desvio padrão de açúcares redutores, sacarose

aparente e sólidos solúveis de amostras de mel de M. scutellaris.........

Valores médios com desvio padrão de fenólicoa totais, flavonóide totais e

teor de ácido ascorbico de amostras de mel de M. scutellaris........................

Valores médios com desvio padrão da capacidade sequestrante do radical

2,2 difenil-1picrihidrazila a 60 μM expressa em porcentagem de méis...........

Valores médios da a tividade antioxidante do extratos etanólicos e aquosos

de amostras méis de M. scutellaris pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico

frente a Catequina e ao BHT...........................................................................

Atividade antimicrobiana de amostras de méis de M. scutellaris testadas

frente a diferentes cepas..................................................................................

54

56

59

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RESUMO

O mel tem sido utilizado desde a antiguidade por suas propriedades nutricionais e curativas. Antes da introdução da espécie exótica Apis melífera, as abelhas sem ferrão ou meliponineos, eram as únicas fontes de mel utilizadas para alimentação em nosso país. Dentre as espécies nativas criadas na região Nordeste, a Melipona scutellaris se destaca pela grande produção de mel e facilidade de manejo, cujo mel é bastante consumido em virtude das propriedades terapêuticas que lhes são atribuídas. Este estudo, portanto, teve como objetivos avaliar a qualidade do mel de M. scutellaris provenientes do litoral norte baiano, por meio de parâmetros físico-químicos, compostos bioativos e do potencial de atividade antioxidante. Para tanto, foram analisadas 05 amostras de diferentes criadores do município de Camaçari, Bahia. Em relação aos parâmetros físico-químicos, avaliou-se a atividade de água, pH, acidez, açúcares redutores, sacarose aparente e sólidos solúveis, obtendo-se, respectivamente as seguintes médias: 0,74 Aa, pH 4,9, 12,7 meq kg-1, 67,85%, 3,38% e 71,35 ºBrix. Apenas no parâmetro atividade de água não foi observada diferença significativa entre os resultados das amostras analisadas. Com relação à análise de bioativos, avaliou-se o teor de fenólicos totais, flavonóides totais, vitamina C, se obtendo valores médios de 78,9 mg/100g em ácido gálico, 21,88 mg/100g em catequina e 26,56 mg/100g de ácido ascórbico, respectivamente. No que se refere à capacidade antioxidante, as amostras apresentaram baixo potencial na captura, ou sequestro do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH), enquanto que pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico, o potencial apresentado foi significativo, sendo observada uma elevada correlação com o teor de fenólicos totais presentes nas amostras. Na avaliação de atividade antimicrobiana, todas as amostras mostraram-se eficientes na inibição do crescimento de cepas de Staphylococcus aureus e negativas para as demais cepas testadas.

Palavras chave: M. scutellaris, compostos fenólicos, atividade antioxidante.

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ABSTRACT

Honey has been used since antiquity for its healing and nutritional properties. Before the introduction of exotic species Apis mellifera, stingless bees were the only sources of honey for food in our country. Among the native species established in the Northeast, the Melipona scutellaris is distinguished by great honey production and easy management, whose honey is widely consumed because of the therapeutic properties attributed to them. This study had as objective evaluate the quality of honey M. scutellaris from the northern coast of Bahia by means of physical chemical parameters, besides knowing their antioxidant and microbiological activity. Thus, we analyzed five samples from different creators of Camaçari, Bahia. In relation to the physico-chemical, it was evaluated the water activity, pH, acidity, reducing sugars, apparent sucrose and soluble solids, yielding respectively the following means: 0.74 Aw, pH 4.9, 12, 7 meq kg -1 67.85%, 3.38% and 71.35 ° Brix. Alone the parameter water activity was not significant difference in the results of the samples. In order to determine of bioactive was evaluated the content of total phenolics, flavonoids, vitamin C, and mean values 78.9 mg/100 g gallic acid, catechin 21.88 mg/100g and 26.56 mg/100 g of ascorbic acid, respectively. In respect the antioxidant activity, the samples presented negligible potential in capturing the radical 2,2-diphenyl-1-picryl-hydrazyl (DPPH), while the system β-caroteno/ácido linoleic shown the potential was significant, and observed a high correlation with total phenolic content. In the evaluation of antimicrobial activity, all samples were effective in inhibiting the growth of Staphylococcus aureus and negative for the others samples tested.

Keywords: M. scutellaris, phenolics, antioxidant activity

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INTRODUÇÃO GERAL

Nobre produto das abelhas, desde a antiguidade se reconhece no mel a

importância como alimento e produto terapêutico (MARTINS et al., 2010). A

composição do mel é, contudo, bastante variável, uma vez que depende em grande

parte da sua origem botânica e da espécie de abelha que o produziu, assim como

das condições ambientais - tipo de solo e clima - da zona onde é produzido (SERRA,

2007; RIBEIRO et al., 2009).

Basicamente composto de açúcares simples, facilmente absorvidos, o mel

contêm inúmeras substâncias benéficas ao equilíbrio dos processos biológicos do

nosso organismo (CAMARGO et al., 2006), tais como ácidos orgânicos,

aminoácidos, enzimas, sais minerais, vitaminas (BODGANOV et al., 2008) e

compostos fenólicos, considerados os principais responsáveis pelas propriedades

terapêuticas deste alimento (BERETTA et al., 2005; LIANDA et al., 2006; AL-

MAMARY et al., 2002).

O mel dos meliponíneos vem sendo bastante utilizado em terapias

populares, principalmente, nas zonas rurais e entre indígenas, que acreditam que

diferentes tipos de mel possuem propriedades curativas específicas, sendo

empregado para a cura de um amplo espectro de doenças (CAMPOS, 1967;

COSTA-NETO, 1998; RODRIGUES, 2005). Entretanto, essa utilização tem se

baseado apenas em um conhecimento empírico adquirido com a eficácia do

consumo do mel no tratamento de determinada enfermidade, sem nenhum

conhecimento real dos princípios envolvidos nesta ação medicinal (MOLAN, 1999).

São muito poucos os trabalhos publicados com relação aos constituintes

bioativos e as propriedades medicinais dos méis de abelhas sem ferrão e muitas de

suas atribuições carecem de comprovação científica (MACEDO, 2007), tornando-se

necessários estudos de atividades biológicas para determinação das reais

potencialidades terapêuticas deste tipo de mel (AL-MAMARY et al., 2002; AL et al.,

2009).

Dentre as espécies manejadas na região nordeste do Brasil, merece

destaque a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), que apresenta grande potencial

produtivo e reprodutivo (LOCATELLI et al., 2006; VILLAS-BOAS, 2010) e cujo mel é

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comumente utilizado em terapias populares para combater um largo espectro de

problemas de saúde (COSTA NETO e PACHECO, 2005; ALVES et al., 2010).

No entanto, ainda são restritos os estudos científicos relativos a estes

produtos. A confirmação da presença de compostos bioativos e da capacidade

antioxidante ou microbiológica desse tipo de mel pode conduzir a uma valorização

do produto pelo consumidor, subsidiando ações que definam parâmetros de

qualidade e estratégias de comercialização, incentivando o desenvolvimento da

meliponicultura no Estado da Bahia.

REFERÊNCIAS AL M. L.; DANIEL, D.; MOISE, A.; BOBIS, O.; LASLO, L.; BOGDANOV, S. Physico-chemical and bioactive properties of different floral origin honeys from Romania. Food Chemistry, v. 112, p. 863-867, 2009. AL-MAMARY, M.; AL-MEERI, A.; AL-HABORI, M. Antioxidant activities and total phenolics of different types of honey. Nutrition Research, v. 22, n. 9, p. 1041-1047, sep. 2002. ALVES, R. R. N.; DIAS, E. T. L. P. Usos de invertebrados na medicina popular no Brasil e suas implicações para conservação. Tropical Conservation Science, v.3, n. 2, p 159-174, 2010. BERETTA, G.; GRANATA, P.; FERRERO, M.; ORIOLI, M.; FACINO, R. M. Standardization of antioxidant properties of honey by a combination of spectrophotometric/fluorimetric assays and chemometrics. Analytica Chimica Acta, v. 553, n. 2, p. 185-190, mar. 2005. BOGDANOV, S.; JURENDIC, T.; SIEBER, R.; GALLMANN, P. Honey for Nutrition and Health: A Review. Journal of the American College of Nutrition, v. 27, n. 6, p. 677-689, 2008. CAMARGO, R. C. R.; PEREIRA, F. M.; LOPES, M. T. R.; WOLFF, L. F. Mel: Características e propriedades. Documentos, 150. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2006. 28 p. CAMPOS, E. Medicina popular do Nordeste: superstições, crendices e meizinhas. 3ª ed. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1967. 169 p. COSTA-NETO, E. M. Folk taxonomy and cultural significance of "abela" (Insecta, Hymenoptera) to the pankarare, Northeastern Bahia State, Brazil. Journal of Ethnobiology, v. 18, n. 1, p. 1-13, 1998.

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COSTA-NETO, E. M.; PACHECO, J. M. Utilização medicinal de insetos no povoado de Pedra Branca, Santa Terezinha, Bahia, Brasil. Biotemas, v. 18, n. 1, p. 113-133, 2005. LIANDA, R. L. P.; CASTRO, R. N.; ECHEVARRIA, A.; PISSINATE, K. Atividade Antioxidante de Méis de Apis mellifera. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:<http://www.ice.ufrrj.br/posgrad/pdf/res-02.pdf>. Acesso em: 04. jun. 2011 LOCATELLI, J. C.; MEDEIROS, L.; SANTANA, W. C. Censo 2005 realizado sobre a meliponicultura no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 16, 2006, Aracajú. Anais... Aracajú, AL: Confederação Brasileira de Apicultura, 2006. MACÊDO, L. M. Propriedades prebióticas e antimicrobianas de mel de abelhas. 2007, 58 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Tecnologia, Rio de Janeiro, 2007. MARTINS, W. L. D.; ALBUQUERQUE, D. S.; AZEVEDO, L. C.; FRANCO, T. C. R. S. Avaliação das propriedades de um composto a base de mel de abelhas e extrato de acerola. Revista Científica, São Luis, Cadernos de Pesquisa, Universidade Federal do Maranhão, 2010. MOLAN, P. C. Why honey is effective as a medicine: Its use in modern medicine. Bee World, v. 80, n. 2, p. 80-92, 1999. RIBEIRO, M.; MATOS, A.; ALMEIDA, A.; FONSECA, A.; FERNANDES, B.; MOTA, C.; GONÇALVES, E.; GARCIA, E.; PEREIRA, E.; GARÇÃO, H.; GUEDES, H.; RODRIGUES, M.; NETO, M.; ABREU, R. Produtos alimentares tradicionais: hábitos de compra e consumo do mel. Revista de Ciências Agrárias, v. 32, n.2, p. 97-112, dez. 2009. RODRIGUES, A. S. Etnoconhecimento sobre abelhas sem ferrão: saberes e práticas dos índios guarani m’byá na mata atlântica. Piracicaba, 2005. 252f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agrossistemas), Universidade de São Paulo, 2005. SERRA, M. C. C. As Propriedades antioxidantes do mel. Centro de Estudos de Engenharia Química, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, 2007. Disponível em: <http://www.oapicultor.com/artigos/Propriedades%20anti%20Oxidante.pdf>. Acesso: 20 de nov. 2011. VILLAS-BÔAS, J. K. Sistema produtivo e bionomia aplicada ao manejo da abelha uruçu (Melipona scutellaris, Latreille, 1811) no litoral da Paraíba. João Pessoa, 2010. 123f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente), Universidade Federal da Paraíba, 2010.

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OBJETIVOS:

GERAL

Avaliar as características fisicoquímicas e de bioativos de amostras de méis

abelha sem ferrão Melipona scutellaris proveniente do Município de Camaçari.

ESPECÍFICOS

-Determinar as características fisioquímicas: aw, pH, acidez, sólidos solúveis;

presença de substâncias antioxidantes no mel através de análises do teor de

vitamina C, compostos fenólicos totais e flavonoides totais.

-Determinar os bioativos: compostos fenólicos totais e vitamina C;

-Avaliar a atividade antioxidante em diferentes sistemas: DPPH e β-caroteno ácido

linoléico.

-Contribuir no fornecimento de subsídios para a padronização e construção dos

padrões de qualidade e identidade de méis de M. scutelaris.

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CAPÍTULO 1

REVISÃO DE LITERATURA

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1. MELIPONICULTURA

A criação racional de abelhas pode ser dividida em duas práticas

distintas, a apicultura, individualizada pelo manejo da espécie exótica Apis mellifera,

cujas técnicas são bastante difundidas e as características de seus subprodutos

mais conhecidas, e a meliponicultura, que se destina à criação de abelhas nativas

sem ferrão (LOCATELLI et al., 2006; NOGUEIRA-NETO, 1970; ALVES et al., 2011).

A meliponicultura é uma prática rudimentar no Brasil, entretanto, tem se

destacado como atividade agropecuária auto-sustentável, compatibilizando de forma

positiva a obtenção de mel e subprodutos, a preservação de espécies de abelhas e

a consequente manutenção dos serviços de polinização da flora nativa (CÂMARA et

al., 2004; VILLAS-BOAS, 2010). Assim, além de se caracterizar incremento às

práticas agrícolas do país, a criação de abelhas sem ferrão é hoje uma das

possibilidades de inovação para os produtos alimentícios disponíveis no mercado,

sendo capaz de ocupar a mão de obra familiar e gerar renda para pequenas

propriedades rurais (VILLAS-BOAS e MALASPINA, 2005).

Antes do “descobrimento” e da conquista das Américas, o uso de produtos

de abelhas sem ferrão, e, em alguns casos, a sua criação, fazia parte dos costumes

socioculturais, inclusive alimentares, medicinais, ritualísticos e comerciais de muitos

povos indígenas da América. O mel caracterizava-se como o principal adoçante

natural, fonte de energia indispensável em longas caçadas e caminhadas que estes

povos realizavam na busca por alimento (BALLIVIAN, 2008).

Muito do conhecimento tradicional acumulado pelos indígenas foi

gradativamente assimilado por diversas sociedades pós-colonização, tornando a

domesticação das abelhas sem ferrão também uma prática corrente entre

quilombolas, comunidades tradicionais e camponesas, em particular nas regiões

Norte e Nordeste do país (VILLAS-BOAS, 2010; LOPES et al., 2005). Entretanto, a

introdução da Apis mellifera no Brasil produziu um forte declínio da criação das

espécies nativas (SGATIGLIA et al., 2010), estando muitas espécies ameaçadas de

extinção em consequência da alteração de seus ambientes pelo desmatamento, uso

indiscriminado de agrotóxicos e ação predatória de meleiros (KERR et al., 1996;

DUARTE, 2009).

Embora produzam mel em menor quantidade, as abelhas nativas fornecem

um produto diferenciado pela doçura inigualável, sabor peculiar e seguramente mais

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aromático que o mel de A. mellifera (MARCHINI et al., 1998; VENTURIERI, 2008),

atingindo preços elevados no mercado informal de diferentes regiões do Brasil

(MENDES et al., 2009; CARVALHO et al., 2005; SOUZA, 2010). O litro chega a ser

vendido por R$ 40,00 no nordeste, podendo alcançar até R$ 100,00 na região

sudeste do País (DRUMOND, 2010).

De acordo com Venturieri et al. (2003) e Venturieri (2008), a criação de

abelhas sem ferrão possui muitas vantagens em relação à criação da abelha

africanizada, pois elas são dóceis, de fácil manejo e necessitam de pouco

investimento para a sua criação, podendo ser desenvolvida em pequenas

propriedades rurais, além de ser uma atividade que pode ser integrada a culturas de

ciclo curto, plantios florestais e de fruteiras, contribuindo ainda, através da

polinização, com o aumento da produção agrícola e regeneração da vegetação

natural.

Entretanto, pouco se conhece sobre o número de produtores ou a

produtividade da meliponicultura no Brasil. Na Região nordeste, onde esta atividade

é bastante praticada, são encontrados criadores com até 1.500 ninhos de abelhas, e

que sobrevivem, basicamente, do comércio do mel. Alguns conseguem coletar de 5

a 8 litros de mel/colônia/ano, o que, segundo os especialistas, está muito abaixo do

potencial de produção das abelhas sem ferrão (DRUMOND, 2010).

Figura 1. Meliponário - Caixas em abrigos individuais. Fonte: EMBRAPA (2013).

De acordo com o censo de 2005 sobre a meliponicutura brasileira, dentre

as espécies manejadas, a que mais se destaca na região nordeste em número de

criadores e ninhos é a Melipona scutellaris (Uruçu) (Figura 1), seguida de M.

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subnitida (Jandaíra), M. quadrifasciata (Mandaçaia) e Tetragonisca augustula (Jataí)

(LOCATELLI et al., 2006).

2. BIOLOGIA DOS MELIPONÍNEOS

As abelhas compõem um dos maiores clados da ordem Hymenoptera, com

cerca de 16.000 espécies reconhecidas, agrupadas em diversas famílias, tribos e

gêneros; todavia calcula-se que este número ultrapasse os 20 mil (MICHENER,

2007). Estima-se que pelo menos 3000 espécies ocorrem no Brasil, porém, de

acordo com Silveira et al. (2002), estão catalogadas no país apenas 1576 espécies,

das quais 450 são de abelhas sem ferrão.

Estas últimas caracterizam-se por serem sociais e possuírem o ferrão

atrofiado, impossibilitando o seu uso, sendo esta a razão pela qual são

popularmente conhecidas como abelhas sem ferrão (FREITAS, 2003; LOPES et al.,

2005). São encontradas em grande parte das regiões de clima tropical e subtropical

do planeta (NOGUEIRA-NETO, 1997), incluindo América do Sul, América Central,

sudoeste da Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e África (BALLIVIAN,

2008).

Os meliponíneos enquadram-se na família Apidae, sub-família Apinae e

Tribo Meliponini, representada no Brasil por 27 gêneros (MICHENER, 2007;

SILVEIRA et al., 2002), merecendo destaque o gênero exclusivamente neotropical

Melipona Illiger, 1806 (ALVES, 1996) que possui cerca de 23% das suas espécies

presentes na região Nordeste do país (LIMA-VERDE e FREITAS, 2002).

Também conhecidas como abelhas nativas ou indígenas, estão presentes

em todo o território nacional, embora as espécies difiram de região para região

(FREITAS, 2003.. No nordeste, destacam-se as abelhas uruçu nordestina (M.

scutellaris), mandaçaia (M. quadrifasciata), jataí (Tetragonisca angustula Latreielle),

jandaíra (M. subnitida Ducke), tiúba (M. compressipes) e rajada (M. asilvae)

(VILLAS-BOAS e MALASPINA, 2005; SANTOS et al., 2007).

Os meliponíneos, em geral, são abelhas robustas, construindo seus

ninhos em cavidades pré-existentes, como ocos de árvores, fendas de rochas,

ninhos de pássaros, cupinzeiros ou formigueiros abandonados ou cavidades de

construções antrópicas; algumas espécies constroem ninhos expostos ou semi-

expostos em galhos de árvores (ALONSO, 1998; SILVEIRA et al., 2002). O tamanho

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do ninho é bastante variado, tanto no que se refere ao seu volume, quanto ao

número de indivíduos (CÂMARA et al., 2004). As colônias de abelhas do gênero

Melipona apresentam entre 500 e 4000 indivíduos (FREITAS, 2003).

De uma maneira geral, o ninho é construído com uma mistura de cera,

própolis e barro denominado cerume, e consiste basicamente das células de cria e

potes para armazenamento de pólen e mel (Figura 2). As células de cria

apresentam-se quase sempre envoltas por uma fina membrana de cera e/ou resinas

chamada invólucro e podem estar arrumadas em camadas horizontais chatas

sobrepostas, espiraladas ou em cachos (FREITAS, 2003).

Figura 2. Células de cria de meliponineo. Fonte: ABENA (2014).

As colônias dessas abelhas são formadas por uma rainha cuja função é

botar ovos, centenas de operárias que realizam todas as tarefas do ninho, e

machos, cuja função é a de fecundar as novas rainhas (rainhas virgens).

(IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2004). Em cada célula, a rainha deposita um ovo

que originará uma abelha, sendo que todo alimento consumido pela larva é colocado

na célula antes da postura da rainha. Após a ovoposição, a célula é fechada com

cerume pelas operárias (CÂMARA et al., 2004).

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As operárias vivem em média de 30 a 40 dias e são quase brancas ao

saírem dos favos, escurecendo com o passar do tempo. Na vida adulta,

desempenham diversas funções no ninho, seguindo normalmente a seguinte ordem:

faxineiras, nutrizes, arquitetas, ventiladoras, guardas e campeiras (NOGUEIRA-

NETO, 1997).

A entrada do ninho apresenta-se como um pequeno orifício situado no

centro de uma estrutura raiada, feita de terra ou argila e resinas vegetais

(geoprópolis), possuindo o formato de um vulcão (FREITAS, 2003). Em algumas

espécies, essa entrada dá passagem para uma abelha de cada vez e é guardada

por uma única operária (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2004).

Os alimentos coletados e transformados são armazenados no interior da

colméia em potes de alimento distintos, havendo, portanto, potes de mel e potes de

pólen (Figura 3). Geralmente apresentam formato elipsóide, podendo apresentar

tamanhos variados conforme a espécie (VILLAS-BOAS, 2010)

Figura 3. Potes de alimento de meliponineo.

Fonte: ABENA (2014).

2.1. Melipona scutellaris

Popularmente conhecida como “Uruçu Nordestina” ou “Uruçu verdadeira”, a

M. scutellaris (Figura 4) foi uma das primeiras espécies de abelhas a serem

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domesticadas pelos índios, sendo a partir de então, uma das abelhas nativas mais

criadas no nordeste brasileiro (KERR et al. 1996; IMPERATRIZ-FONSECA et al.;

2004). Esta espécie se destaca em virtude da produção de mel de ótima qualidade,

elevado número de abelhas presentes na colméia, higiene, facilidade de

domesticação e eficiência na atividade polinizadora de 40 a 90% das plantas nativas

(SOUZA et al., 1998; CAMPOS et al., 2010).

Figura 4. M. scutellaris – Rainha e operárias. Fonte: REVIDE (2014).

A palavra uruçu é originária do tupi "eiru'su", que significa "abelha grande".

Portanto, trata-se de uma abelha de grande porte, entre 10 e 13 mm de

comprimento total, e massa corporal acima de 60 mg (RAMALHO et al., 1998;

PEREBOOM e BIESMEIJER, 2003).

A uruçu nordestina nidifica preferencialmente em cavidades de troncos de

árvores, de espécies e dimensões diversificadas (VILLAS-BOAS, 2010),

principalmente em ocos de árvores velhas de até 80 m de altura (EVANGELISTA-

RODRIGUES et al., 2010). Em uma criação, pode chegar a produzir até 10

litros/ano/colônia de mel em épocas favoráveis, embora a média seja de 2,5-3

litros/ano, sendo este considerado medicinal principalmente pelas populações

regionais (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2004).

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As abelhas do gênero Melipona ocorrem exclusivamente no continente

americano, sendo que M. scutellaris é endêmica do nordeste brasileiro, incidindo

numa área que abrange desde o estado da Bahia até o Rio Grande do Norte

(CAMARGO e PEDRO, 2008). Na Bahia, se distribui numa vasta área, ocorrendo

desde o litoral às serras do centro do Estado (Figura 5); ocupa principalmente o

bioma Mata Atlântica, onde encontra ambiente adequado para expressar seu

potencial produtivo (ALVES, 2010). Entretanto, fatores como a redução dos seus

habitat naturais, destruição de ninhos por meleiros e a pulverização com defensivos

agrícolas têm contribuído para a diminuição das populações desta espécie

(CARVALHO-ZILSE et al., 2009).

Figura 5. Áreas de ocorrência natural e local de dispersão de M. scutellaris no Estado da Bahia. Fonte: Alves (2010).

3. USO DO MEL DE M. scutellaris NA MEDICINA POPULAR

Conhecido desde a antiguidade, o mel sempre foi considerado um produto

especial, não somente por suas qualidades nutricionais, mas também por inúmeras

propriedades terapêuticas (PEREIRA et al., 2003). Seu uso como medicamento foi

registrado desde os tempos mais remotos, tendo sido prescrito pelos antigos

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médicos egípcios, assírios, chineses, gregos e romanos para uma grande

variedade de distúrbios intestinais, respiratórios, além de ferimentos (MOLAN, 1999).

Ainda nos dias de hoje, o mel se faz presente na medicina popular. Em

diversas comunidades tradicionais de países da América latina - como Brasil,

Venezuela, Guatemala, México e Equador - diferentes tipos de méis de abelhas

nativas têm sido recomendados para o tratamento de diabetes, catarata, distúrbios

urinários e respiratórios, erupções muco-cutâneas, micose oral e impotência; além

de serem utilizados como cicatrizantes, vermífugos, no auxilio à parturiente e até

como antídoto contra mordidas de cobra ou de cães raivosos (VIT, 1994; VIT et al.,

1994; VIT et al , 2004; COSTA NETO, 2004).

De acordo com Alves e Dias (2010) o uso do mel na medicina tradicional é

o resultado de experiências acumuladas e transmitidas de geração a geração,

especialmente por meio da tradição oral, estando bem integrados com outros

aspectos da cultura da qual fazem parte.

Pesquisas que abordam o uso de remédios relacionados a animais na

região nordeste do Brasil ilustram bem esta condição, uma vez que em todas elas

produtos das abelhas, em especial mel de uruçu (M. scutellaris), são citados. O mel

dessa abelha é empregado principalmente para o tratamento de doenças de origem

brônquio-respiratória, como asma, gripe, tosse e dor de garganta, e doenças

gastrointestinais, como amebíase e gastrite (VILLAS-BOAS, 2010), o que justifica o

status dessa espécie, definida por Kerr (1998), como uma das três espécies de

abelha mais conhecidas e criadas no Brasil.

Em revisão bibliográfica realizada por Alves e Dias (2010) referente a

trabalhos que apontam o emprego de invertebrados medicinais no Brasil, foi

observado que as espécies utilizadas para tratamento de uma maior variedade de

enfermidades foram as abelhas A. mellifera, utilizada no tratamento de 28

enfermidades, seguida da M. scutellaris (26) e Trigona spinipes (23). Costa Neto

(2011), em estudo sobre os recursos zooterapêuticos no Estado da Bahia, registrou

a utilização do mel de uruçú para o tratamento de inflamação nos olhos, dor de

cabeça, gripe e sinusite nas cidades de Serra Preta, Feira de Santana e Teodoro

Sampaio.

Almeida e Albuquerque (2002), em trabalho realizado na feira de Caruaru

em Pernambuco, reportaram o consumo freqüente de mel de M. scutellaris entre os

entrevistados para curar acessos de tosse e também para impotência. Costa Neto e

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Pacheco (2005) observaram o consumo deste mel no povoado de Pedra Branca,

Feira de Santana-BA, para tratar gripe, bronquite, tosse, asma, recuperação de

mulher parturiente e problemas intestinais.

Costa Neto (1998) verificou que o mel de uruçu era utilizado contra

picadas de cobra, mordida de cães raivosos e impotência pelos índios Pankarare em

uma aldeia do semi-árido Baiano. Costa Neto (2000), também relatou o uso

tradicional do mel de urucu no combate a tosse por uma comunidade afro-brasileira

na cidade de Lençóis-BA,

4. COMPOSIÇÃO DO MEL

De acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 2000), entende-se por mel o

produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores,

secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos

sugadores de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com

substâncias próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colméia.

Trata-se de um alimento bastante complexo visto a riqueza de elementos

constituintes e composição variada, dependendo principalmente da origem floral e

de sua origem entomológica, visto que as diferentes espécies de abelhas possuem

hábitos florais distintos. Além disso, fatores externos, tais como, tipo de solo,

condições climáticas, período de maturação, processamento e armazenamento do

produto podem também influenciar na sua composição (CRANE, 1996; SILVA et al.,

2004; AZEREDO et al., 2003; PÉREZ et al., 2007).

Conforme Pereira et al. (2003), o aroma, paladar, coloração, viscosidade e

propriedades medicinais do mel estão diretamente relacionados com a fonte de

néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu.

A elaboração do mel resulta de duas modificações principais sofridas pelo

néctar, uma bioquímica, através da adição de enzimas: invertase, que desdobra a

sacarose em frutose e glicose; amilase, que transforma o amido em maltose; e

glicose-oxidase, que transforma a glicose em ácido glicônico e peróxido de

hidrogênio. Na segunda transformação, física, ocorre uma desidratação, que

começa com a absorção da água no papo das abelhas. Em seguida o néctar é

regurgitado nos alvéolos do favo, onde ocorre a evaporação do excesso de água e a

maturação do mel, culminando com a operculação dos favos (LENGLER, 2001).

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Em se tratando de abelhas sem ferrão, quando as abelhas campeiras chegam

à colméia trazendo o néctar, elas freqüentemente o entregam a outras abelhas, que

o desidratam, expondo e retraindo a gotícula de néctar durante certo tempo, na

ponta da língua, após o que guardam o mel dentro dos seus ninhos, no interior de

potes feitos de cerume (NOGUEIRA-NETO, 1997).

De um modo geral, pode-se dizer que o mel é constituído por três

componentes essenciais: água (17%), glicídios (80%) e substâncias diversas (3%),

como aminoácidos, proteínas, enzimas, ácidos orgânicos, minerais, pigmentos,

vitaminas, substâncias flavorizantes, cera e grãos de pólen, totalizando cerca de 180

substâncias (CRANE, 1996; ALVES et al., 2005). Apresenta, ainda, vestígios de

fungos, algas, leveduras e outras partículas sólidas resultantes do seu processo de

obtenção (BENDINI e SOUZA, 2008).

Os carboidratos são os componentes principais do mel, compreendendo

cerca de 95% do seu peso seco (BODGANOV et al., 2008), sendo que os

monossacarídeos frutose e glicose perfazem juntos cerca de 70% do total;

dissacarídeos, incluindo sacarose, somam cerca de 10% (CRANE, 1996). Após a

ingestão do mel, esses açúcares são rapidamente transportados para o sangue,

podendo ser utilizados como fonte energética pelo corpo humano (BODGANOV et

al., 2008). A alta concentração de diferentes tipos de açúcar é responsável pelas

diversas propriedades físicas do mel, tais como: viscosidade, densidade,

higroscopicidade, capacidade de granulação (cristalização) e valores calóricos

(CAMPOS, 1987).

A água é o segundo constituinte em quantidade no mel, influenciando

diretamente na sua viscosidade, peso específico, maturidade, cristalização, sabor,

conservação e palatabilidade. A água presente no mel apresenta forte interação com

as moléculas dos açúcares, deixando poucas moléculas de água disponíveis para os

microorganismos (PEREIRA et al., 2003). É sabido que o mel de meliponíneos

apresenta um maior teor de água que o mel de A. mellifera devido à baixa taxa de

desidratação do néctar durante o processo de transformação em mel (ALVES et al.,

2005), tornando-o mais suscetível à fermentação microbiana (CAMPOS et al., 2010).

O mel contém cerca de 0,5% de proteínas, principalmente enzimas

(BODGANOV et al., 2008), as quais são provenientes das abelhas (sucos salivares

e secreções faríngeas). As enzimas presentes em maior quantidade no mel são a

invertase, amilase (diastase) e a glucose oxidase; a fosfatase ácida e a catalase

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estão presentes em menor quantidade (ALMEIDA, 2010). A catalase e a fosfatase

são enzimas que facilitam a associação açúcar-álcool, sendo um dos fatores que

auxiliam na desintoxicação alcoólica pelo mel (SERRANO et al., 1994). As enzimas

catalase e glicose oxidase são conhecidas por terem propriedades antioxidantes

(D’ARCY, 2005). Em concentrações bem menores, encontram-se diferentes

aminoácidos livres, a maioria prolina, também adicionado ao mel pelas próprias

abelhas (BOGDANOV et al., 2004). Juntamente com o conteúdo de água, sua

concentração é usada como um parâmetro de identificação da "maturidade" do mel

(COSTA et al., 1989).

Os ácidos orgânicos do mel representam menos que 0,5% dos sólidos, tendo

um pronunciado efeito no flavor, podendo ser responsáveis, em parte, pela

excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos. Na literatura, pelo

menos 18 ácidos orgânicos do mel já foram citados (PEREIRA et al.,2003). O ácido

glucônico presente em maior quantidade, esta relacionada com as reações

enzimáticas que ocorrem durante o processo de amadurecimento. Em menor

quantidade, pode-se encontrar os ácidos fórmico, acético, cítrico, láctico, málico,

oxálico, piroglutâmico, succínico, entre outros (BOGDANOV et al., 2004).

Já os minerais estão presentes numa concentração que varia de 0,02% a

valores próximos de 1%¸ predominando o potássio, seguido de sódio, fósforo,

magnésio, ferro e zinco (PEREIRA et al., 2003). Também estão presentes cromo,

manganês e selênio, boro, cobalto, flúor, iodeto, molibdênio e silício, considerados

importantes na nutrição humana (BODGANOV et al., 2008). Com relação ao teor

vitamínico do mel, têm-se traços de vitaminas C e D, assim, como piridoxina,

tiamina, niacina, ácido pantotênico e riboflavina, pertencentes ao grupo B,

provenientes do pólen e do néctar presentes no mel (BODGANOV et al., 2008).

Dentre as vitaminas, de acordo com Silva et al., (2009) o ácido ascórbico

(Vitamina C) é o que se encontra em maior concentração no mel, com cerca de

4mg/100g de mel. A vitamina C é considerada um poderoso antioxidante, além de

prevenir doenças como o escorbuto (MARTINS et al., 2010).

Existe uma grande variedade de méis com diferentes cores e sabores,

dependendo de sua origem botânica (CRANE, 1996). Os açúcares são os principais

compostos que interferem no sabor; geralmente, o mel com alto teor de frutose é

mais doce do que aquele com elevada concentração de glicose. Já o aroma

depende da quantidade e do tipo de ácidos orgânicos e aminoácidos presentes. Os

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polifenóis são outro grupo de compostos importantes não só na aparência e flavor,

como nas propriedades funcionais do mel, tendo sido observado de 56 a 500 mg/kg

de polifenóis totais em tipos diferentes de mel (AL-MAMARY et al., 2002; GHELDOF

et al., 2002).

Os principais polifenóis encontrados no mel são os flavonóides (por

exemplo, a quercetina, luteolina, kamferol, apigenina, chrisina, galangina), que

podem variar entre 60 e 460 mg/100 g, ácidos fenólicos (como o ácido abscíssico,

elágico, para-cumárico, gálico e ferulico) e derivados de ácidos fenólicos (TOMAS-

BARBERAN et al., 2001; PEREIRA, 2010; KENJERIC et al., 2007).

5. OXIDAÇÃO E RADICAIS LIVRES

Radicais livres (RL) referem-se a átomos ou moléculas cuja estrutura

química possui um ou mais elétrons desemparelhados, o que os torna muito

instáveis e altamente reativos. Buscando atingir a estabilidade, as espécies reativas

necessitam adquirir elétrons e, para isso, reagem com a maioria dos compostos

orgânicos, oxidando-os (PASSOS, 2010; VEDANA, 2008).

Os radicais livres são naturalmente produzidos nas células como

subprodutos do metabolismo, durante a cadeia transportadora de elétrons,

fagocitose, atividade enzimática, auto-oxidação de compostos solúveis no citosol,

regulação do crescimento celular, sinalização intracelular e síntese de substâncias

biológicas importantes (CRUZ, 2007; PASSOS, 2010; HALLIWELL, 2011).

Entretanto, a exposição a agentes nocivos exógenos, como o tabaco, poluição do ar,

solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações também tendem a

estimular a geração de radicais livres nos sistemas orgânicos (SOARES, 2002).

Fisiologicamente, os radicais livres de maior importância e que geralmente

estão associados aos efeitos deletérios observados no organismo são denominados

Espécies Reativas, podendo ser centrados no oxigênio (ERO), basicamente, ou no

nitrogênio (ERN). As EROs são as várias formas de oxigênio ativado, singlete (1O2),

entre as quais se incluem os radicalares hidroxila (OH•), superóxido (O2-•), peroxila

(ROO•) e alcoxila (RO•) e o não radicalar peróxido de hidrogênio (H2O2), enquanto

que dentre as ERN incluem-se o óxido nítrico (NO), óxido nitroso, dióxido de azoto

(NO2 • -) e peroxinitrito (OONO-) (HAMID et al., 2002; TSAO e DENG, 2004;

D’ARCY, 2005; RIBEIRO et al., 2005; ARBOS, 2009).

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Alguns desses radicais apresentam atividades biológicas, com ação

quimiostática e efeitos sobre a divisão celular, entretanto, efeitos deletérios podem

ocorrer devido ao seu excesso e consequente ação sobre os constituintes celulares,

levando a: peroxidação dos compostos lipídicos de membrana, agressão às

proteínas dos tecidos e das membranas, modificação da atividade enzimática,

polimerização de carboidratos e alterações cromossômicas (KAWANISHI et al.,

2002; LAGUERRE et al., 2007; MONIRUZZAMAN et al., 2012), estando

relacionados ao envelhecimento precoce e desenvolvimento de diversas

enfermidades como cânceres, doenças cardiovasculares, catarata, processos

inflamatórios, doenças auto-imunes, entre outras manifestações (HUANG et al.,

2005; ALBRIGHT, 2008; KADENBACH et al., 2009; KHALIL et al., 2010).

Os danos oxidativos aos tecidos biológicos causados pelas espécies

reativas são modulados por muitos fatores, incluindo a composição do substrato,

concentração de oxigênio e presença de pró-oxidantes (SALVADOR e HENRIQUES,

2004). Os sistemas biológicos tentam controlar esses fatores oxidativos via diversos

mecanismos antioxidantes que restringem a reatividade dos radicais livres (SILVA et

al., 2010). No entanto, quando há um desequilíbrio entre as substâncias pró-

óxidantes e antioxidantes em favor dos oxidantes, ocorre o distúrbio conhecido como

estresse oxidativo, gerando assim o dano molecular sobre os constituintes orgânicos

(BOGDANOV et al., 2008; EREJEWA et al., 2012).

5.1. ANTIOXIDANTES

O excesso de radicais livres no organismo humano pode ser combatido por

antioxidantes endógenos, produzidos pelo corpo, ou adquiridos através da dieta

(PASSOS, 2010; EREJEWA et al., 2012). Agentes antioxidantes são quaisquer

substâncias que, quando presentes em baixa concentração quando comparada à do

substrato oxidável, regenera-o ou inibe a oxidação do mesmo de maneira eficaz,

sendo responsáveis pela inibição e redução das lesões causadas pelos radicais

livres nas células (VEDANA, 2008; ARBOS, 2009).

As substâncias antioxidantes podem apresentar diferentes propriedades

protetoras e agir em diferentes etapas do processo oxidativo, funcionando por

diferentes mecanismos, sendo classificadas, de acordo com seu modo de ação, em

antioxidantes primários ou secundários (SILVA et al., 2010). Os antioxidantes

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primários atuam interrompendo a cadeia da reação através da doação de elétrons

ou hidrogênio aos radicais livres, convertendo-os em produtos termodinamicamente

estáveis (PEREIRA, 2010). Já os antioxidantes secundários atuam retardando a

etapa de iniciação da autoxidação por uma variedade de mecanismos, incluindo:

complexação de metais, sequestro de oxigênio, decomposição de hidroperóxidos

para formar espécie não radical, absorção da radiação ultravioleta ou inativação de

oxigênio singlete (MAISUTHISAKUL et al., 2007).

A eliminação ou interceptação das espécies reativas formadas é feita

através de mecanismos enzimáticos e não enzimáticos (ANGELO e JORGE, 2007).

Através da ação das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD), glutationa

redutase, glutationa peroxidase e catalases, o organismo mantém a concentração de

espécies reativas dentro de limites fisiológicos, enquanto que através do sistema

tiorredoxina, que inclui as enzimas oxirredutases tiorredoxinas e tiorredoxina

redutase, regula o nível de alvos moleculares oxidados (NORDBERDG e ÁRNER,

2001; RIBEIRO et al., 2005).

A proteção antioxidante por mecanismo não enzimático é feita por

moléculas que protegem alvos biológicos da oxidação, por apresentarem uma das

seguintes propriedades: supressão da formação de radical livre (quelação de metais

ou inibição de enzimas geradoras de radicais livres), eliminação de radicais livres ou

desativação, formando um produto estável e participação em processos de reparo

(VASCONCELOS et al., 2006; VIURDA-MATOS et al., 2008). Existe uma grande

variedade de moléculas que apresentam uma destas características, incluindo

algumas do próprio organismo e outras exógenas, sintéticas ou naturais (EREJEWA

et al., 2012).

Antioxidantes exógenos, adquiridos através da dieta, constituem o principal

mecanismo antioxidante não enzimático que atua no organismo. Como exemplo,

cita-se tocoferol, ascorbato, carotenoides e compostos fenólicos encontrados

principalmente em alimentos de origem vegetal (HUANG et al., 2002; LAGUERRE et

al.; 2007; OLIVEIRA et al., 2012).

Os compostos fenólicos são um dos principais grupos de substâncias que

ocorrem nas plantas e que contribuem para as propriedades antioxidantes e

sensoriais (cor, aroma, adstringência) de frutas, mel, bebidas e vegetais. São

originadas do metabolismo secundário das plantas, não apresentando uma função

direta nas atividades bioquímicas primárias, mas estão envolvidos na adaptação a

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condições estressantes atuando na defesa contra a radiação ultravioleta ou

agressão por patógenos, ou podem ser pigmentos, dando a aparência colorida aos

alimentos (NACZK e SHAHIDI, 2004; NASS, 2007).

O efeito antioxidante dos compostos fenólicos se deve a sua atuação como

agentes redutores de radicais livres ou quelantes de ions metálicos pró-oxidantes

(BORSATO, 2008). Quimicamente, caracterizam-se por possuírem um anel

benzênico e um ou mais grupamentos hidroxila na molécula (Figura 6)

(BALTRUSAITYTE et al., 2007). De acordo com Leja et al. (2007), a alta habilidade

dos fenóis em neutralizar os radicais livres está fortemente associada com a sua

estrutura, principalmente com número de duplas ligações e a quantidade de

grupamentos hidroxilas em anéis aromáticos. Na natureza, os polifenóis podem

apresentar-se na sua forma livre ou complexados a açúcares e proteínas (PEREIRA,

2010).

Figura 6. Estrutura química do fenol (Hidroxibenzeno). Fonte: Duarte (2009).

Os compostos fenólicos apresentam uma grande diversidade, podendo ser

divididos em dois grupos: flavonóides (polifenóis) e não-flavonóides (fenóis simples

ou ácidos). Os flavonóides compreendem um grupo de compostos fenólicos

amplamente distribuídos nas frutas e nos vegetais, apresentando-se sob muitas

variações como flavonóis, flavonas, flavononas, catequinas, antocianinas,

isoflavonas e chalconas (Figura 7). Na classe dos não-flavonóides estão os

derivados dos ácidos hidroxicinâmico e hidroxibenzóico (SILVA et al., 2010).

Os flavonoides são polifenóis constituídos por um dois anéis aromáticos

conectados por uma ponte de três átomos de carbono, formando um anel

heterocíclico (CUSHNIE e LAMB, 2005). Podem ser encontrados na forma livre

(agliconas) ou conjugadas (heterosídeos), porém frequentemente ocorrem como

glocosídeos (DORNAS, 2007).

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Figura 7. Estrutura química dos principais tipos de flavonoides. Fonte: Molnár-Perl e Füzfai (2005).

Existem cerca de 5000 flavonóides naturais largamente distribuídos em

alimentos. A existência de uma grande diversidade estrutural dos flavonóides é

explicada pelas modificações que tais compostos podem sofrer, tais como:

hidroxilação, metilação, acilação, glicosilação, entre outras (ADELMANN, 2005;

CUSHNIE e LAMB, 2005). As duas principais classes de flavonoides presentes na

natureza são as flavonas, dentre as quais a apigenina, tricetina e luteonica, e os

flavonóis, como a quercetina, campferol, rutina e miricetina (BOBBIO e BOBBIO,

1992). A diferenciação dos e a atividade antioxidante dos flavonoides é dada,

principalmente, pelo número e posição de metoxilas e hidroxilas presentes nos anéis

aromáticos (SHAHIDI et al., 1992).

Diversas atividades biológicas são atribuídas aos flavonóides, sendo

mencionadas na literatura científica a inibição da proteína quinase e APTase, ação

antiproliferativa, antioxidante, antiviral, antifúngica, antimicrobiana, antibacteriana,

antiinflamatória, antialérgica, antitrombótica, antitumoral e moduladora do sistema

imune (COOK e SAMMAN, 1996; CROZIER et al., 2000; NARAYANA et al., 2001;

KAMPA et al., 2004; CUSHNIE e LAMB, 2005; JAGANATHAN e MANDAL, 2009).

6. ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO MEL

De acordo com Al et al. (2009), desde a década de 1970 pesquisadores de

diferentes campos científicos têm investigado as propriedades químicas e biológicas

do mel, existindo atualmente o aumento no interesse sobre sua aplicação como

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antioxidante natural no tratamento de doenças causados pelo estresse

oxidativo (ALJADI e KAMARUDDIN, 2004; BERETTA et al., 2005).

As duas classes de compostos com atividade antioxidante estão presentes

no mel: os que possuem atividade enzimática, incluindo glicose-oxidase, a catalase

e a peroxidase; e os antioxidantes não enzimáticos, como o ácido ascórbico,

compostos fenólicos, derivados carotenóides, e produtos da reação de Maillard,

além de aminoácidos (D’ÀRCY, 2005; KUÇUK et al., 2007; BALTRUSAITYTE et al.,

2007). Os primeiros atuam como conservantes naturais do mel, reduzindo o oxigênio

atmosférico em peróxido de hidrogênio (H2O2), que por sua vez age como barreira

antimicrobiana na superfície do mel (BOGDANOV, 1997).

Entre os componentes do mel, os compostos fenólicos são tidos como os

principais responsáveis pelo seu efeito antioxidante, podendo ser encontrados

flavonóis, flavonas, flavononas, ácidos benzóicos e cinâmicos (BIESAGA e

PYRZYNKA, 2009). O perfil fenólico dos méis, sua concentração e,

consequentemente, suas propriedades antioxidantes dependem de vários fatores,

como a região, sazonalidade, origem floral, clima e fatores de tensão ambiental,

como umidade, temperatura e composição do solo (AL-MAMARY et al., 2002;

SCHRAMM, et al., 2003; KUÇUC et al., 2007; BALTRUSAITYTE et al., 2007;

VIURDA-MATOS et al., 2008).

O néctar é a principal fonte de compostos fenólicos presentes no mel; com

base nisso, diversos estudos também têm sido realizados com o objetivo de validar

a utilização dos compostos fenólicos como ferramenta para a determinação da

origem botânica e autenticidade de cada tipo de mel (ALVAREZ-SUAREZ et al.,

2012).

Diversos métodos tem sido utilizados na determinação da atividade

antioxidante no mel, baseados na habilidade de sequestrar os radicais que

compõem espécies reativas de oxigênio ou radicais livres como o DPPH (2,2 difenil-

1-picrilhidrazil) (CHENG et al., 2003; GUEDOLF et al., 2006). A atividade

antioxidante de vários alimentos tem sido determinada pelo método DPPH, que pode

ser utilizada tanto em amostra líquidas quanto sólidas, não apresentar especificidade

para nenhum antioxidante em particular, ser rápido e preciso (FERREIRA et al.

2009; MONIRUZZAMAN et al., 2012). O DPPH é um radical livre estável que é

capaz de aceitar um radical hidrogênio para se tornar uma molécula estável e assim,

sofrer redução na presença de um antioxidante (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

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7. ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO MEL

Dentre as propriedades terapêuticas atribuídas ao mel, as mais

investigadas são as propriedades antissépticas e antimicrobianas (RACOWSK et al.,

2007). De acordo com Ginzburg et al. (2000), os antimicrobianos são substâncias

que atuam diretamente sobre microrganismos, agindo sobre sua membrana celular,

suas enzimas ou seu DNA, promovendo a inibição do crescimento ou a morte.

Diversos estudos clínicos tem apontado a importância da utilização tópica

do mel no tratamento de feridas infectadas, queimaduras, úlceras e na cicatrização

de feridas, doenças gastrointestinais, candidíase, doenças orais (faringite e cáries) e

doenças oculares como catarata e inflamação de pálpebras ou das córneas

(SUBRAHMANYAM, 1993; MOLAN, 1992; MOLAN, 2001; MONTENEGRO et al.

2001; MIRAGLIO, 2002; ALJADI e KAMARUDDIN, 2004; MEDA, et al., 2004).

A atividade antimicrobiana do mel foi estudada por diversos pesquisadores,

que descreveram suas ações sobre bactérias gram-positvas, bactérias gram-

negativas, fungos e vírus (YAO et al., 2004; GONÇALVES et al., 2005; KOC et al.,

2009; MOUSSA, 2011).

De acordo com a literatura, existem vários fatores que podem contribuir para a

propriedade antimicrobiana do mel, dentre os quais: formação de peróxido de

hidrogênio pelo sistema glicose oxidase; alta pressão osmótica; baixa atividade de

água (Aa); baixo pH; baixo teor de proteínas; alta taxa carbono-nitrogênio; baixo

potencial redox; alta viscosidade; presença de lisozima, ácidos fenólicos e

flavonoides (GONÇALVES et al. 2005; RACOWSKI et al., 2007, VIUDA-MARTOS et

al., 2008; BORSATO et al., 2009).

O peróxido de hidrogênio é o principal agente antimicrobiano existente no

mel. No entanto, no mel não diluído, a acidez também é um significativo fator

antimicrobiano, além da alta pressão osmótica. O pH, variando de 3,2 a 4,5, é baixo

o suficiente para o desenvolvimento de patógenos, cujos valores de pH ótimo variam

entre 7,2 e 7,4 (MACEDO, 2007; AL-WAILI et al., 2011). Entretanto, as

características associadas com atividade antibacteriana e propriedades cicatrizantes

do mel são variáveis, podendo ser afetadas pela espécie da abelha, localização

geográfica e origem botânica do mesmo. Além disso, fatores físicos, como o calor, a

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luz e o processamento do mel podem alterar a sua composição do mel e,

consequentemente, na sua atividade (AL-WAILI et al., 2011).

De acordo com Biscaia (2010), a atividade antimicrobiana dos extratos de

produtos naturais pode ser determinada através de vários métodos disponíveis na

literatura. Os diferentes métodos não são igualmente sensíveis e os resultados

passam a ser influenciado pelo método selecionado, pelos microrganismos utilizados

e pelas características de solubilidade dos extratos.

O método de difusão em ágar é um método qualitativo amplamente

utilizado na triagem dos extratos dos quais se deseja determinar a atividade

antimicrobiana. Através deste método pode-se verificar a capacidade do extrato em

inibir ou não o crescimento do microrganismo de interesse (VIEIRA, 2005). Caso

seja comprovada a atividade antimicrobiana, o extrato deve então ser submetido a

testes quantitativos de atividade para determinação da concentração mínima

inibitória (CMI), ou seja, a concentração mínima da substância testada capaz de

inibir o microrganismo de interesse, a qual pode ser determinada através de três

técnicas: diluição em caldo, diluição em ágar e microdiluição em caldo de cultivo

(SMÂNIA, 2003).

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CAPÍTULO 2

COMPOSTOS FENÓLICOS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE MÉIS

DE Melipona scutellaris PROCEDENTES DE CAMAÇARI-BA.

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RESUMO

O mel de abelhas nativas tem sido bastante consumido em virtude de suas propriedades nutricionais e curativas. Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade físico-química e de bioativos de 05 amostras de mel de M. scutellaris provenientes do Município de Camaçari, Bahia. As amostras foram obtidas por doação de produtores das localidades de Jauá (Amostras A e B), Cajazeiras de Abrantes (Amostras C e D) e Arembepe (Amostra E). Em relação aos parâmetros físico-químicos avaliados, os resultados obtidos para as medias das amostras foram: atividade de água - 0,75, 0,71, 0,74, 0,75, 0,76 Aa; pH - 4,95, 4,89, 4,75, 4,78, 5,30); acidez - 10,84, 27,51, 8,61, 13,10, 9,45 meq kg-1; açúcares redutores - 69,62, 66,33, 69,80, 66,72, 66,80 %; não redutores (sacarose aparente) - 4,74, 3,30, 3,40, 3,76, 1,70%; ºBrix em sólidos solúveis - 75,60, 71,73, 72,03, 69,92, 67,56. Com relação à análise de bioativos, os resultados obtidos foram: teor de fenólicos totais - 58,90, 70,50, 78,20, 63,80, 123,10 mg/100g de ácido gálico; flavonóides totais - 0,20, 0,20, 0,27, 0,21, 0,21 mg/100g de catequina; vitamina C - 17,06, 62,08, 8,53, 26,45, 18,40 mg/100g de ácido ascórbico. No que se refere a capacidade antioxidante, os resultados obtidos demonstram que todas amostras apresentaram capacidade muito baixa no seqüestro ou captura do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH), enquanto que pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico, o potencial apresentado foi significativo, sendo observada uma elevada correlação destes resultados com o teor de fenólicos totais. Na avaliação qualitativa de atividade antimicrobiana das amostras integrais dos méis todas as amostras mostraram-se eficientes na inibição do crescimento de cepas de Staphylococcus aureus. Palavras-chave: M. scutellaris, compostos fenólicos, atividade antioxidante.

Abstract The native honey bees has been widely consumed because of their nutritional properties and healing. This study aimed to evaluate the physico-chemical quality and bioactive of 05 honey samples of M. scutellaris from the Camaçari, Bahia. Samples were obtained by donation of producer localities Jauá (Samples A and B), Cajazeiras de Abrantes (Samples C and D) and Arembepe (Sample E). Into respect to physicochemical parameters evaluated, the averages were obtained: water activity - 0,75, 0,71, 0,74, 0,75, 0,76 Aw; pH - 4,95, 4,89, 4,75, 4,78, 5,30; acidity - 10,84, 27,51, 8,61, 13,10, 9,45 meq kg-1; reducing sugar - 69,62, 66,33, 69,80, 66,72, 66,80 %; nonreducing sugar (apparent sucrose) - 4,74, 3,30, 3,40, 3,76, 1,70%; ºBrix of soluble solids - 75,60, 71,73, 72,03, 69,92, 67,56. Regarding the analysis of bioactive, the results were: total phenolics - 58,90, 70,50, 78,20, 63,80, 123,10 mg/100g of gallic acid; total flavonoids - 0,20, 0,20, 0,27, 0,21, 0,21 mg/100g of catechin; C vitamin - 17,06, 62,08, 8,53, 26,45, 18,40 mg/100g of ascorbic acid. In respect the antioxidant activity, the samples presented negligible potential in capturing the radical 2,2-diphenyl-1-picryl-hydrazyl (DPPH), while the system β-caroteno/ácido linoleic shown the potential was significant, and observed a high correlation with total phenolic content. In the evaluation of qualitative antimicrobial activity, all samples were effective in inhibiting the growth of Staphylococcus aureus. Keywords: M. scutellaris, phenolics, antioxidant activity.

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1. INTRODUÇÃO

Os meliponíneos, abelhas nativas, sociais e sem ferrão, ocupam grande

parte das regiões de clima tropical e subtropical no planeta, especialmente na

América do Sul, onde são responsáveis por cerca de 40% da polinização das

plantas floríferas (BIESMEIJER e SLAA, 2006; DUTRA et al, 2008). Antes da

introdução da espécie exótica Apis mellifera, em meados do século 19, as abelhas

sem ferrão eram as únicas fontes de mel para alimentação em nosso país

(NOGUEIRA-NETO, 1997).

No Brasil, as abelhas sem ferrão são abundantes, sendo conhecidas mais

de 400 espécies (SILVEIRA et al., 2002). A sua criação racional constitui a

meliponicultura, desenvolvida principalmente por povos indígenas e comunidades

rurais nas regiões Norte e Nordeste do país (CÂMARA et al., 2004; VILLAS-BOAS,

2010). Dentre as espécies manejadas, as mais criadas e produtivas estão inclusas

no gênero Melipona, destacando-se na região nordeste a M. scutellaris (LOCATELLI

et al., 2006; CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006).

Popularmente conhecida como uruçu nordestina, a M. scutellaris está

amplamente distribuída no Estado da Bahia, principalmente na área costeira, região

de mata atlântica (ALVES, 2010). Trata-se de uma abelha de grande porte,

destacando-se das demais melíponas pela quantidade de abelhas presentes na

colméia, grande produção de mel e facilidade de manejo (IMPERATRIZ-FONSECA

et al., 2004).

Além de ser muito saboroso, o mel de M. scutellaris é bastante consumido

em virtude das propriedades terapêuticas que lhes são atribuídas, sendo empregado

principalmente para o tratamento de doenças de origem brônquio-respiratória, como

asma, gripe, tosse e dor de garganta, e doenças gastrointestinais (COSTA NETO e

PACHECO, 2004; VILLAS-BOAS, 2010).

As atividades terapêuticas do mel têm sido relacionadas tanto aos

compostos químicos nele existentes, abarcando péptideos, ácidos orgânicos,

enzimas, produtos da reação de Maillard, derivados carotenoides e compostos

fenólicos (GUELDOF et al., 2002; NAGAI et al., 2006), quanto às suas propriedades

físico-químicas, como alta pressão osmótica, baixa atividade de água (Aa), baixo pH,

baixo conteúdo proteico, alto teor de açúcares, alta taxa carbono-nitrogênio e baixo

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potencial redox (RACOWSKI et al., 2007, VIUDA-MARTOS et al., 2008; BORSATO

et al., 2009).

Os compostos fenólicos, principalmente os flavonoides, são os principais

responsáveis pela atividade antioxidante do mel, podendo atuar como agentes

redutores de radicais livres ou como quelantes de íons metálicos pró-oxidantes. Esta

habilidade está fortemente associada à sua estrutura química, principalmente com o

número de duplas ligações e a quantidade de grupamentos hidroxilas nos anéis

aromáticos (RIBEIRO et al., 2005; BALTRUSAITYTE et al., 2007; LEJA et al., 2007).

Já as propriedades antimicrobianas são atribuídas ao efeito combinado das

propriedades físico-químicas do mel com agentes químicos e fitoquímicos, incluindo

peróxido de hidrogênio, ácidos orgânico, lisozima e produtos da reação de Maillard

(TAORMINA et al., 2001; GONÇALVES et al., 2005).

Contudo, a composição efetiva dos compostos bioativos e,

consequentemente, a atividade terapêutica do mel variam consideravelmente com a

espécie de abelha, origem floral e geográfica, condições ambientais, bem como

processamento e armazenamento do mel (ALMEIDA-ANACLETO, 2007; ALVAREZ-

SUAREZ et al., 2009).

O mel tem sido investigado como uma alternativa no tratamento de

diversas condições clínicas de doenças, bem como na promoção da saúde global e

bem-estar (BOGDANOV et al., 2008; PYRZYNSKA e BIESAGA, 2009). Entretanto,

estudos sobre a composição química e ação farmacológica de méis de abelhas

nativas são escassos. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a

qualidade do mel de Melipona scutellaris provenientes do litoral norte baiano,

através de suas características fisicoquímicas e de bioativos, em especial os

fenólicos totais, flavonóides e ácido ascórbico e o potencial antioxidante das

amostras em dois diferentes sistemas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. AMOSTRAS

As amostras de mel de M. scutellaris foram obtidas diretamente de seus

produtores através de doação. As amostras coletadas foram provenientes das

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localidades de Jauá (Amostras A e B), Cajazeiras de Abrantes (Amostras C e D) e

Arembepe (Amostra E), situadas no município de Camaçari-BA. As amostras de

aproximadamente 100 g foram coletadas nos meses de outubro e novembro de

2012, no início da época de pastagem da M. scutellaris. Imediatamente após o

recebimento, as amostras foram armazenadas sob refrigeração até o momento das

análises.

2.2. ANÁLISES - FÍSICO-QUÍMICAS

Todas as análises foram realizadas em triplicata no laboratório LAPAAC –

Laboratório de Pesquisa em Alimentos, Aditivos e Contaminantes da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal da Bahia.

Atividade de água (Aa)

A atividade de água foi determinada por meio do aparelho analisador de

atividade de água Aqualab, modelo 4TE na temperatura de 25ºC. Esse aparelho

possui como princípio o método da temperatura do ponto de orvalho por

resfriamento e condensação em espelho, para determinar a atividade de água.

pH

O pH foi determinado utilizando-se 3 g das amostras diluídas em 30 ml de

água destilada, até obtenção de uma mistura homogênea, com medição direta no

pHmetro digital MS TECNOPON , modelo mPA 210 devidamente calibrado com

solução tampão de pH 4,0 e 7,0.

Acidez titulável (AT)

A Acidez titulável foi determinada pela diluição de 2 g da amostra em 100 ml

de água destilada titulando-se a amostra com solução de NaOH 0,1M padronizada,

usando solução de fenolftaleína como indicador, conforme descrito nas normas

AOAC (1995). Os resultados foram expressos em grama (g) de ácido cítrico/100g de

amostra.

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Açúcares redutores e Sacarose aparente

Foram determinados segundo o método do CAC (1990), baseado na

capacidade dos açúcares redutores, como glicose e frutose, reduzirem o cobre

presente na solução cuproalcalina (soluções de Fehling A + Fehling B, modificada

por Soxhlet) sob ebulição, passando-o da forma Cu2+ para Cu+ (redução de íons

cúpricos em cuprosos), sendo que os açúcares são oxidados a ácidos orgânicos.

Azul de metileno é utilizado como indicador. A sacarose foi mensurada após sua

inversão por hidrólise ácida, tendo como resultado duas moléculas de açúcares

redutores, uma de glicose e uma de frutose, que foram então determinadas

quantitativamente pelo método descrito anteriormente.

Teor de sólidos solúveis (SS)

O teor de sólidos solúveis foi determinado utilizando o refratômetro

INSTRUMENT modelo RT 280 com escala de 0 a 80 ºBrix. Uma alíquota da amostra

foi colocada diretamente sobre o prisma do aparelho e procedeu-se em triplicatas as

leituras dos teores de sólidos solúveis expressos diretamente em °Brix.

Cor

Para a verificação da cor do mel foi utilizado o método de Bianchi (1986),

segundo o qual as amostras de mel foram aquecidas a 50ºC para dissolver os

cristais de açúcar, sendo a cor determinada por espectrofotometria, com medição de

uma solução de 50% de mel a 635 nm. Os méis foram classificados de acordo com

a escala de Pfund após a conversão dos valores de absorbância.

2.3. ANÁLISES DE COMPOSTOS BIOATIVOS

Obtenção dos extratos

Apenas os extratos em etanol a 70% foram utilizados para as análises de

compostos fenólicos, tendo em vista que este extrato foi o que apresentou maior

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eficiência na extração de compostos fenólicos das amostras. Para a extração foi

utilizada a proporção de mel de meliponineos 1:10 em etanol a 70%.

Fenólicos totais

A determinação do teor de fenólicos totais dos extratos foi efetuada na

diluição das amostras (1:10) por método espectrofotométrico, utilizando o reagente

Folin-Ciocalteau (Merck), segundo metodologia descrita por Singleton et al. (1999) e

modificado por Meda et al. (2005). Este método fundamenta-se na reação de

oxidação-redução entre os polifenóis e o reagente de Folin da qual resulta um

complexo de cor azul que ao absorver radiação a 765 nm permite a quantificação

dos compostos fenólicos. O teor de fenólicos totais foi determinado por interpolação

da absorbância das amostras contra uma curva de calibração construída com ácido

gálico (40 a 150µg/ml) (Figura 2), e os resultados expressos em µg em equivalente

(GAE) de ácido gálico por mL do extrato. Para expressar os resultados considerou-

se o peso e o fator de diluição das amostras.

Figura 1. Curva padrão de ácido gálico.

Flavonóides totais

Os flavonoides totais foram determinados por espectrofotometria

empregando o reagente cloreto de alumínio (AlCl3), conforme Lee et al., (2003).

A

b

s

o

r

b

â

n

ci

a

Concentração de ácido gálico em µg / mL

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Este método fundamenta-se na reação entre os flavonóides e o cloreto de alumínio

resultando num complexo de cor amarela que ao absorver radiação a 415 nm

permite a quantificação dos flavonóides. O teor em flavonóides foi expresso em

termos de concentração em catequina, através da utilização de uma curva de

calibração com soluções padrão de catequina de diferentes concentrações.

Teor de Vitamina C

Foi determinada através do método quantitativo recomendado pelo Instituto

Adolf Lutz (2004), para determinação de vitamina C ou ácido L-ascórbico em

alimentos in natura. O método consiste na quantificação da oxidação do ácido

ascórbico mediante a titulação de uma solução de iodato de potássio.

Medida da atividade antioxidante pela capacidade de inibição do radical DPPH

A atividade antioxidante do mel foi medida por meio da capacidade

sequestrante do radical livre DPPH (2,2 difenil-1-picril-hidrazil), método

espectrofotométrico desenvolvido por Chen et al. (2000) e modificado por Meda et

al. (2005).

Neste método, os radicais de DPPH, que absorvem a 515nm são, em

parte, neutralizados pelos compostos antioxidantes presentes, resultando numa

mudança de coloração e consequente diminuição da absorvância do sistema

reacional ao referido comprimento de onda. A redução do radical DPPH foi medido

através de um monitoramento contínuo do declínio da absorbância a 515nm até

valores estáveis de absorção. A atividade antioxidante foi expressa em percentual

de BHT, utilizado como controle-positivo (BRAND-WILLIAMS et al, 1995).

A percentagem de atividade de sequestrante (%AA) foi determinada

segundo a fórmula de Vinson et al. (2001):

%AA = 100-{(Abs amostra – Abs branco) X 100] / Abs controle},

onde % AA: atividade antioxidante (%)

Abs: absorbância lida em 517nm no início e após 30 min de reação.

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Medida da atividade antioxidante pelo sistema ß-caroteno/ácido linoléico

Este método ecpestrofotométrico emprega a associação entre o ácido

linoléico e o β-caroteno, método desenvolvido por Marco (1968), modificado por

Miller (1971). Este método baseia-se na oxidação (descoloração) do β-caroteno

induzida pelos produtos da degradação oxidativa do ácido linoléico (SILVA et al.,

1999), ou seja, o método avalia a atividade de inibição de radicais livres gerados

durante a peroxidação do ácido linoléico (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

Os resultados da atividade antioxidante das amostras foram calculados

com base na redução da absorbância da amostra em relação ao branco, obtendo-se

a porcentagem da inibição da oxidação (%I) (RUFINO et al., 2006).

Medida da atividade antimicrobiana

A determinação da atividade antimicrobiana qualitativa das amostras de

mel foi realizado por meio da prova de sensibilidade por difusão em ágar (BAUER et

al.,1966), que baseia-se na formação de um alo de inibição em uma cultura de

microrganismo ao entrar em conato com uma substância com capacidade

antimicrobiana. A leitura dos resultados consistiu na medição do diâmetro dos halos

de inibição. As cepas de microrganismos utilizados foram Staphylococcus aureus

6531, Escherichia coli, Klebsiela. rizophila 9341, Pseudomonas aeruginosa 27853 e

Candida albicans 10231.

2.5. Análise estatística

A partir dos resultados obtidos, procedeu-se a Análise de variância

(ANOVA), aplicando-se o teste de T-student mediante o programa Excel. Em todas

as análises o valor de (p<0,05) foi considerado como significante.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Análises físico-químicas

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Na Tabela 1 são apresentados os valores obtidos nas determinações de

atividade de água, pH e acidez das análises de mel.

Tabela 1. Valores médios com desvio padrão de atividade de água, medida de pH e acidez de amostras de mel de M. scutellaris.

Amostras

de Mel

Medida de Atividade de água -Aw

Medida de pH

Medida de Acidez

em meq Molar

A 0,752a ± 0,002 4,95a ± 0,05 10,84a ± 0,31

B 0,708b ± 0,001 4,89a ± 0,01 27,51b ± 0,69

C 0,743a ± 0,001 4,75b ± 0,05 8,61c ± 0,32

D 0,756a ± 0,003 4,78b ± 0,12 13,10d ± 0,03

E 0,761a ± 0,003 5,30a ± 0,18 9,45e ± 0,02

Obs. As análises foram realizadas em triplicata. Valores assinalados com a mesma letra na mesma coluna entre as médias parciais não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de T-student.

Em relação à atividade de água, verifica-se na tabela 1 que houve pouca

diferença entre as amostras analisadas, com apenas a amostra B apresentando um

valor médio significativamente inferior aos demais. As valores observados variaram

entre 0,709 e 0,763. Esta característica, ainda pouco avaliada em méis produzidos

por abelhas sem ferrão, tem variações registradas por Souza et al. (2009) de 0,662 a

0,743 para méis de M. scutellaris coletados nos municípios de Cruz das Almas, Mata

de São João e Camaçari, sendo que neste último, a variação observada foi de

0,711 a 0,736, semelhante à observada neste estudo.

Valores similares também foram relatados para méis de outras espécies do

gênero Melipona. Almeida-Muradian e Matsuda (2007) registraram variação de 0,74

a 0,76 em méis de abelhas amazônicas e Vit et al. (2004) encontraram valores entre

0,694 e 0,730 Aa para duas espécies de Melipona da Guatemala e Venezuela.

Entretanto, Souza et al. (2009), ao analisarem o mel de quatro espécies de Melipona

provenientes de diferentes regiões do Estado da Bahia, encontraram variações entre

0,662 e 0,851. Uma grande variação também foi registrada por Almeida-Anacleto

(2007), de 0,58 a 0,82 para méis de diversos gêneros do Estado de São Paulo.

A atividade de água (Aa) representa a quantidade de água disponível no

mel para reações químicas, enzimáticas e desenvolvimento microbiano, tendo

influência sobre sua estabilidade (CHIRIFE et al., 2006). O mel de meliponíneos

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apresenta um grande teor de água devido à baixa taxa de desidratação do néctar

durante o processo de transformação em mel. Além disso, méis de espécies de

habitat úmidos, como a M. scutellaris, geralmente apresentam um conteúdo maior

de água que o de outras espécies de abelhas por causa da influencia das condições

ambientais (ALVES et al., 2005, ALVES, 2010). Contudo a atividades de Aa

encontrada nos méis analisados (0,74) garante estabilidade relativa em relação à

bactérias patogênicas.

Com relação ao pH, observa-se na tabela 1 que houve diferença

significativa entre as amostras analisadas, tendo as amostras C e D apresentado

valor de pH ligeiramente menor que as demais. O valor médio de pH obtido foi de

4,90 com variação entre 4,75 e 5,30. Quanto à acidez, foi observada uma diferença

significativa entre todas as amostras, com variação entre 8,6 e 22,08 meq kg-1 e

valor médio de 12,7 meq kg-1.

Os resultados obtidos para pH e acidez neste trabalho estão dentro da

amplitude de valores encontrada em amostras de méis de diferentes espécies de

meliponíneos. Para estas características, ao analisarem mel de M. scutellaris no

Estado da Paraíba, Evangelista-Rodrigues et al. (2005) relatam valores de pH

variando entre 3,8 e 3,9, e de acidez entre 25 e 30 meq kg-1, enquanto que Campos

et al. (2010) encontraram valores variando entre 3,71 e 4,46 e 35,5 e 86,5 meq kg-1,

respectivamente. No Estado de Alagoas, Duarte (2009) registrou valores de pH

variando entre 3,83 e 6,90 e de acidez entre 2,40 e 110,88 meq kg-1, enquanto que

na Bahia, Souza et al. (2009) encontraram para M. scutellaris valores variando entre

3,90 e 6,50 e 5,1 e 53,3 meq kg-1, para pH e acidez, respectivamente.

Em méis de Melipona da região amazônica analisados por Almeida-

Muradian e Matsuda (2007), os valores de pH ficaram entre 3,41 e 4,06, e os de

acidez entre 20,6 e 25,3 meq kg-1. Para méis de Melipona dos Estados de Minas

Gerais e Espírito Santo, Lage et al., (2012) encontraram valores entre 3,17 e 5,67

para pH e de 30,5 e 132,5 meq kg-1 para acidez.

O pH e a acidez são considerados importantes fatores antimicrobianos,

uma vez que a maioria das bactérias prefere um ambiente neutro a levemente

alcalino, enquanto que as leveduras e bolores são capazes de se desenvolver em

um ambiente mais ácido (PH = 4,0-4,5) e não crescem bem em meios alcalinos

(CONTI, 2000).

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A acidez do mel tem sua origem na variação dos ácidos orgânicos causada

pelas diferentes fontes de néctares e na ação da enzima glicose-oxidase que origina

o ácido glucônico, sofrendo influência da ação de substâncias mandibulares

acrescidas ao néctar pelas próprias abelhas, da ação de bactérias durante a

maturação do mel e da quantidade de minerais presentes no mel, sendo ainda

afetada pelas condições durante a extração e armazenamento (CRANE, 1985;

HORN et al, 1996; CAMPOS et al., 2010).

De acordo com Rebelo et al. (2009), a acidez em mel de abelhas sem

ferrão costuma ser muito alta em relação ao de Apis mellífera, fato detectável pelo

sabor, sendo esperado valores de acidez variáveis de acordo com a espécie de

abelha e pasto apícola utilizado pelas mesmas (EVANGELISTA-RODRIGUES et al.,

2005).

Na Tabela 2 são apresentados os valores obtidos nas determinações de

açúcares redutores, sacarose aparente e sólidos solúveis nas análises de méis.

Os teores de açúcares redutores e sacarose variaram nas amostras de mel

entre 63,88 e 72,36% e 1,68 e 5,5%, com médias de 67,85 e 3,38%,

respectivamente. Resultados diferentes foram obtidos por Campos et al. (2010) no

Estado da Paraíba, que mostraram variação de 43,66 a 66,49% para açúcares

redutores e 4,08 a 8,89 para sacarose, e por Souza et al. (2009), cujos valores de

açúcares redutores variaram de 56,7 a 92,5%, e sacarose de 0 a 12,9; enquanto

para Duarte (2009), os valores encontrados para açúcares redutores variaram entre

57,87 e 75,30 e sacarose de 0 a 7,23%.

Tabela 2. Valores médios com desvio padrão de açúcares redutores, sacarose aparente e sólidos solúveis de amostras de mel de M. scutellaris.

Amostras

de Mel

% de Açúcares

redutores

expressos em glicose

% de Açúcares Não

redutores expressos

em sacarose

Percentual de Sólidos

Solúveis em º Brix

A 69,62 a ± 2,74 4,74 a ± 0,76 75,60a ± 0,4

B 66,33 b ± 2,45 3,30 b ± 0,65 71,73b ± 0,6

C 69,80 a ± 0,54 3,40 b ± 0,23 72,03b ± 0,22

D 66,72 b ± 1,30 3,76 b ± 0,86 69,92c ± 0,23

E 66,80 b ± 2,03 1,70 c ± 0,20 67,56d ± 0,31

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Obs. As análises foram realizadas em triplicata. Valores assinalados com a mesma letra na mesma coluna entre as médias parciais não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de T-student.

Para espécies diferentes de Melípona, Alves et al. (2005) para M.

mandacaia e Souza et al. (2004) para M. asilvai, encontraram valores variando entre

62,10 e 64,29% e 0,61 e 6,19%, 66 e 76,2% e 1,13 e 8,35 , respectivamente, para

açúcares redutores e sacarose.

Como pode ser observado, existe uma grande variação na distribuição dos

açucares redutores e sacarose entre as amostras de mel de meliponíneos nos

trabalhos encontrados na literatura. De acordo com Alves et al. (2005), méis de

melíponas possuem menor teor em açúcares (cerca de 70%) e gosto mais

adocicado.

Os açúcares juntamente com a água são os principais componentes do

mel, onde os monossacarídeos frutose e glicose representam 80% e os

dissacarídeos sacarose, principalmente, e maltose apenas 10% da quantidade total

(KERR, 1996; MOREIRA e MARIA, 2001). Normalmente a frutose é predominante,

sendo um dos fatores responsáveis pela doçura do mel e sua alta higroscopicidade.

Assim, méis com altas taxas de frutose podem permanecer líquidos por longos

períodos ou nunca cristalizar (CRANE, 1985; HORN et al, 1996).

Segundo Komatsu et al. (2002), o teor elevado de sacarose pode significar,

na maioria dos casos, uma colheita prematura do mel, ou seja, um produto em que a

sacarose ainda não foi totalmente transformada em glicose e frutose, através da

ação da enzima invertase.

Em relação ao teor de sólidos solúveis, verifica-se na Tabela 2 que houve

diferença significativa entre as amostras analisadas, sendo apresentadas variações

entre 67,5 e 75,1 ºBrix com média de 71,35 ºBrix. Esta característica, pouco avaliada

em méis produzidos por abelhas sem ferrão, tem variações registradas por Campos

et al. (2010) de 71,65 a 73,27ºBrix para méis de M. scutellaris coletados no Estado

da Paraíba.

Lage et al. (2012), analisando três espécies de Melipona (M. capixaba, M.

rufiventris e M. mondury), encontraram teores de sólidos solúveis variando entre

62,2 e 77ºBrix. Estes resultados corroboram com os achados de Souza et al.

(2006), que estudou os méis de M. compressipes triplaridis (67,0-75,5ºBrix), M.

fuliginosa (68,0-75,0 ºBrix) e M. panamica (57,2 a 75ºBrix).

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O grau Brix (ºBrix) indica a quantidade, em gramas, dos sólidos que se

encontram dissolvidos na água de um alimento (IDRIS et al., 2011). Além disso, de

acordo com Anupama et al. (2003), existe uma correlação negativa entre o grau Brix

e o teor de umidade no mel. Assim, o menor teor de sólidos solúveis em méis de

Melipona pode estar relacionado com um conteúdo de água mais elevado.

Com relação à analise de cor do mel de M. scutellaris, foi observada uma

coloração variando de branco (amostra E) à âmbar (amostra B), predominando o

âmbar claro demonstrado pelas amostras A, C e D. A cor âmbar claro também foi

considerada a predominante por Azeredo et al. (2000), em amostras de méis de M.

scutellaris, M. compressipes e T. angustula no Estado do Tocantins e por por Alves

et al. (2005), ao analisarem amostras de mel de M. mandacaia provenientes da

região semiárida do Estado da Bahia.

De acordo com Souza et al. (2009), esta característica do mel é a de

maior influência sobre a preferência do consumidor que, na maioria das vezes,

escolhe o produto apenas pela aparência. Como nos mercados mundiais, méis mais

claros alcançam preços mais elevados (CARVALHO et al., 2003), a predominância

de cores claras nos méis de meliponíneos pode resultar num produto de alta

aceitação no mercado internacional (ALVES et al., 2005).

3.2. Análises de compostos bioativos

Na Tabela 3 são apresentados os valores obtidos nas determinações de

compostos fenólicos totais, flavonóides totais e teor de ácido ascórbico das amostras

de mel.

Com relação ao conteúdo de compostos fenólicos, foi observada uma

diferença significativa entre as amostras analisadas, com a amostra E apresentando

um teor de compostos fenólicos superior às demais. O valor médio foi de 78,9 com

variação entre 56,8 e 123,4 mg/100g de ácido gálico. Valores inferiores foram

relatados por Duarte (2009) ao analisar méis de M. scutellaris coletados no Estado

de Alagoas, cuja variação de fenóis totais foi de 39,3 a 85,7 mg/100g de ácido

gálico, com media de 51,92 mg/100g. Méis de M. quadrifaciata, M. subnitida e

Plebéia sp apresentaram, respectivamente, 6,92 ± 45,61, 42,7 ± 3,6 e 106,01 ± 9,85

mg/g de ácido gálico.

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Tabela 3. Valores médios com desvio padrão de fenólicos totais, flavonóides totais e teor de ácido ascorbico de amostras de mel de M. scutellaris.

Amostras de Mel

Fenólicos mg de ácido GAE-1

Flavonóides mg CAE-1

Ácido ascórbico mg/100g

A 58,90 a ± 2,10 0,202 a ± 0,001 17,06a ± 0,75

B 70,50 b ± 1,20 0,203 a ± 0,002 62,08b ± 0,92

C 78,20 c ± 1,50 0,272 b ± 0,001 08,53c ± 5,23

D 63,80 d ± 2,90 0,208 c ± 0,001 26,45a ± 6,36

E 123,10 e ± 2,30 0,209 c ± 0,002 18,40a ± 0,36

GAE-1 –; CAE-1 Equivalentes em ácido Gálico e Catequina respectivamente. Obs. As análises foram realizadas em triplicata. Valores assinalados com a mesma letra na mesma coluna entre as médias parciais não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de T-student.

Valores inferiores aos encontrados neste estudo também foram

encontrados por Oddo et al. (2008) ao pesquisarem o teor de compostos fenólicos

em méis de uma espécie nativa da Austrália (Trigona carbonária), descrevendo

valores entre 48,53 e 63,43 mg/100g de ácido gálico, com média de 55,74 mg/g.

Uma variação semelhante foi observada por Ruiz-Navajas et al. (2011) para

amostras de méis provenientes de abelhas nativas do México, cujos valores ficaram

entre 51,32 e 134.02 mg/100 g de ácido gálico.

Idris et al (2011), ao analisarem méis de abelhas nativas do Sudão,

encontraram diferenças significativas entre méis de diferentes fontes florais e

regiões geográficas, obtendo valores médios que variaram entre 4,44 ± 0,85 e

201,08 ± 2,49 mg/100g de ácido gálico. Do mesmo modo, uma grande variação foi

relatada por Meda et al. (2005), ao analisarem méis de abelhas nativas de Burkina

Faso, que obtiveram valores entre 32,59 e 114,75 mg/100g de ácido gálico para

méis de diferentes origens florais.

Diversos estudos tem indicado que a intensidade da cor do mel reflete no

seu teor de fenólicos totais e pode ser correlacionada com a sua atividade

antioxidante (AL-MAMARY et al, 2002; BERETTA et al., 2005;. AL et al, 2009;

FERREIRA et al., 2009; ALVAREZ-SUAREZ et al., 2009). Entretanto, no presente

estudo, o maior teor de compostos fenólicos foi encontrado no mel mais claro

(amostra E), não corroborando com os resultados encontrados na literatura.

No que se refere ao teor de flavonoides totais, as diferenças observadas

entre as amostras foram bem menores, sendo que a amostra C apresentou um

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resultado significativamente superior aos demais. Foram registrados valores entre

20,19 e 27,2 mg/100 g de catequina, com media de 21,88 mg/100g. Duarte (2009)

relatou valores inferiores para méis coletados no estado de Alagoas, com variações

entre 7,94 e 29,51 e media de 17,93 mg/100 g de quercetina; no entanto, méis de M.

quadrifaciata, M. subnitida e Plebéia sp apresentaram valores de flavonoides totais

entre 7,63 e 49,50 mg/100 g, 10,44 e 10,76 mg/100 g e 39,19 e 40,44 mg/100 g de

quercetina, respectivamente.

Valores inferiores também foram descritos por Oddo et al. (2008) para teor

de flavonoides em méis australianos, com valores entre 8,12 e 12,67 mg/100g e

média de 10,02 mg/100g de quercetina. Em contrapartida, valores superiores foram

encontrados por Ruiz-Navajas et al. (2011) ao pesquisarem o teor de flavonoides em

méis de abelhas nativas mexicanas, encontraram valores entre 29,58 e 187,08

mg/100g de ácido rutina, com média de 55,74 mg/g.

Com relação ao teor de ácido ascórbico, verifica-se (Tabela 3) que houve

diferença significativa entre as amostras analisadas, sendo apresentadas variações

entre 8,1 e 67,84 mg/100g com média de 26,56 mg/100g de ácido ascorbico. Esta

característica, pouco avaliada em méis de abelhas nativas, tem variações

registradas por Veiga et al. (2011) de 2,76 a 4,46 mg/100g para méis de M.

flavolineata coletados no Estado do Pará.

Oliveira et al. (2006) estudando méis de diferentes meliponíneos

paraenses também encontraram valores inferiores ao do presente estudo, com uma

variação de 1,04 a 8,28 mg/100g de ácido ascórbico, enquanto que Kishore et al.

(2011), ao analisarem méis de abelhas de espécies nativas da Malásia, encontraram

variações entre 13,92 e 36,5 mg/100g de ácido ascórbico para méis de diferentes

origens florais.

Oddo et al. (2008) ao pesquisarem o teor de vitamina C em méis de

Trigona carbonária na Austrália, descreveram valores entre 32,5 e 67,67 mg/100g de

ácido ascóbico, com média de 48,03 mg/100g. Valores bastante elevados foram

relatados por Silva et al. (2009), ao analisarem o mel da abelha nativa Zamboque

(Frieseomelitta varia) da região do Seridó-RN, encontrando teor médio de 203,32

mg/100g de Vitamina C para o mel analisado.

Na Tabela 4 são apresentados os valores obtidos na determinação da

capacidade sequestrante do radical DPPH das amostras de mel.

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No que se refere a capacidade antioxidante, as amostras de méis

analisadas apresentaram potencial insignificante no seqüestro do radical DPPH,

tanto em sistema etanólico, quanto em solução aquosa. No presente estudo, os

resultados variaram entre 1,81 e 8,78 %. Resultados semelhantes foram descritos

por Duarte (2009) para mel de M. scutellaris do Estado de Alagoas, que apontou

valores entre 0,30 e 8,85 mg/100g de quercetina. No entanto, no tocante aos méis

de M. quadrifaciata, M. subnitida e Plebéia sp, o conteúdo de antioxidantes variou

respectivamente entre 6,32 e 15 %, 5,66 e 6,69% e 5,09 e 17,60% (DUARTE, 2009).

Tabela 4. Valores médios com desvio padrão da capacidade sequestrante do radical 2,2 difenil-1picrihidrazila a 60 μM expressa em porcentagem de méis.

Amostras de Mel e

BHT

Percentual de seqüestro de radical DPPH com mel a 10 %

em etanol a 70%

Percentual de seqüestro de radical DPPH por de mel em sol. aquosa a 10%

A 1,81 a ± 0,0013 1,82 a ± 0,0060

B 1,28 b ± 0,0040 3,80 b ± 0,0010

C 2,16 c ± 0,0015 2,16 c ± 0,0160

D 2,72 d ± 0,0028 2,27 c ± 0,0060

E 8,78 e ± 0,019 4,05 d ± 0,0050

BHT 98,9% 98,9%

Obs. As análises foram realizadas em triplicata. Valores assinalados com a mesma letra na mesma coluna entre as médias parciais não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de T-student.

Kishore et al .(2011), ao analisarem méis de abelhas de espécies nativas

da Malásia, encontraram variações entre 5,68 e 11,24 para méis de diferentes

origens florais. Valores superiores foram descritos por Ruiz-Navajas et al. (2011)

para amostras de méis provenientes de abelhas nativas do México, cujos valores

ficaram entre 32,6 e 85,5%; assim como no presente estudo, foi observado que os

extratos alcoólicos apresentaram melhor atividade antioxidante que os extratos

aquosos.

No ensaio de redução do radical livre DPPH·, à medida que o radical

sofre redução pelos componentes presentes na solução testada, observa-se uma

mudança da coloração violeta original da solução para amarela, cuja intensidade é

proporcional à concentração das substâncias com potencial antioxidante presentes.

Ou seja, quanto maior a atividade antioxidante, menor será a coloração violeta da

solução e maior a coloração amarela. Entretanto, relatos têm alertado para o fato de

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que há substâncias antioxidantes que reagem de forma particular com o DPPH·,

implicando uma cinética diferenciada (BRAND-WILLIAMS et al., 1995,; ARBOS,

2009).

Na Tabela 5 são apresentados os valores obtidos na determinação da

atividade antioxidante do mel pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico. Como pode

ser observado, as amostras de méis analisadas apresentaram resultados

significativos, tanto em sistema etanólico, quanto em solução aquosa. As médias

obtidas variaram entre 38,12 e 61,19% e 42,78 e 55,08%, respectivamente.

Observa-se uma ligeira diferença entre os resultados dos extratos (etanólico e

aquoso) de cada amostra, a qual pode ser explicada pelas diferenças existentes

entre os teores de compostos ativos de cada amostra, que apresentam maior ou

menor solubilidade em álcool ou água, conforme cada caso.

Tabela 5. Valores médios da atividade antioxidante dos extratos etanólicos e aquosos de amostras méis de M. scutellaris pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico frente a catequina e BHT.

Amostras de Mel e

BHT

Percentual de Atividade Antioxidante de mel a 10%

em sol etanólica a 70%

Percentual de Atividade Antioxidante de amostras méis em sol aquosa a 10%

A 38,12 a 42,78 a

B 47,54 b 55,08 b

C 49,80 b 47,80 c

D 45,03 b 46,22 c

E 61,19 c 54,03 b

BHT 88,91% 88,91%

Obs. As análises foram realizadas em triplicata. Valores assinalados com a mesma letra na mesma coluna entre as médias parciais não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de T-student.

A avaliação da atividade antioxidante de méis pelo sistema β-

caroteno/ácido linoleico é escassa na literatura, principalmente no que se refere a

méis de abelhas sem ferrão.

Silva et al. (2012) testaram a inibição da oxidação do sistema β-

caroteno/ácido linoleico pelo mel puro de M. subnitida proveniente do Estado da

Paraíba, assim como seu extrato metanólico, obtendo variações entre as medias de

51,5 a 74,6% e 29,7 a 63,2%, respectivamente. Os resultados apresentados foram

bastante semelhantes aos observados no presente estudo.

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Foi encontrada uma alta correlação entre a concentração de fenóis totais

e a atividade antioxidante medida pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico

(coeficiente de correlação 0,95).

Tabela 6. Atividade antimicrobiana de amostras de méis de M. scutellaris testadas frente a diferentes cepas.*

CEPAS A B C D E Controle

S. aureus 6531 +++ +++ +++ +++ +++ ---

E. coli --- --- --- --- --- ---

P. aeruginosa -- --- --- --- --- ---

K. rizophila -- --- --- --- --- ---

C. albicans

10231

--- --- --- --- --- ----

* Testes iniciais realizada pelo Dr Cleber Alberto Schimidt FAR/UFBA.

Como pode ser observado, todas as amostras de méis in natura avaliadas

apresentaram atividade bacteriana relevante em relação às cepas 6538 de S. aureus

quando comparado com o controle (Negativo) em ágar Muller Higton (Figura 1),

porém não foi apresentada atividade frente aos demais micro-organismos E. coli; K.

rizophila 9341; P.aeruginosa 27853 e C.albicans 10231 testados no presente estudo.

Figura 2. Atividade antimicrobiana de amostras de mel de M. scutellaris frente às cepas 6538 de S. aureus (controle negativo na região central).

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Existe uma grande variação nos resultados de atividade antimicrobiana de

méis de meliponineos nos trabalhos encontrados na literatura. Em estudo realizado

por Chan-Rodríguez et al. (2012), avaliou-se a atividade antibacteriana do mel de M.

beecheii provenientes de Yucatán, México, sendo observado um efeito inibitório

sobre o crescimento de cepas de S. aureus, como no presente estudo, e de E. coli;

entretanto não foi observada nenhuma ação sobre o crescimento de Enterococcus

faecalis.

De modo semelhante, Guerrini et al. (2009), analisando méis de Melipona

provenientes da Amazônia Equatoriana, observaram uma forte inibição do

crescimento de cepas de S. aureus, porém pouca atividade foi observada contra

cepas de E. coli.

Sgariglia et al. (2010) avaliaram a atividade antibacteriana de méis de

Tetragonisca angustula fiebrigi e Plebeia wittmanni sobre cepas de E. coli, P.

aeruginosa, S. aureus, S. aureus coagulase-negativa sensível a meticilina e E.

faecali , sendo observado que o mel de ambas as abelhas foram eficazes na inibição

da maioria dos microrganismos testados, sendo que esse efeito foi sempre maior

para o mel de P. wittmanni; o mel de T. angustula fiebrigi não foi capaz de inibir o

crescimento de E. faecalis em nenhuma das concentrações testadas.

De acordo com a literatura, vários fatores presentes no mel parecem

contribuir para a sua atividade antimicrobiana, dentre os quais: formação de

peróxido de hidrogênio pelo sistema glicose oxidase; alta pressão osmótica; baixa

atividade de água (Aw); baixo pH; baixo teor de proteínas; alta taxa carbono-

nitrogênio; baixo potencial redox; alta viscosidade; presença de lisozima, ácidos

fenólicos e flavonoides (RACOWSKI et al., 2007, VIUDA-MARTOS et al., 2008;

BORSATO et al., 2009). Porém, a real capacidade de inibição do crescimento

microbiano pelo mel deve ser atribuída ao efeito combinado destes fatores

(TAORMINA et al., 2001; GONÇALVES et al., 2005).

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4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo demonstram que os méis de Melipona scutelaris

(A,B,C,D,E) analisados apresentam-se com atividade de água intermediária (0,74)

que permite a sua conservação em relação às bactérias patogênicas. Apresentam

ainda, importante fonte de compostos fenólicos e média atividade antioxidante no

sistema β -caroteno- ácido linoléico, enquanto que, em relação ao seqüestro do

radical DPPH, todas as amostras foram ineficazes na sua captura. Por outro lado,

embora não tenha sido o foco principal desta pesquisa, a avaliação qualitativa da

atividade antimicrobiana sinalizou ser um produto com potencial importante relativo à

inibição do S. aureus, portanto estudos posteriores com a padronização e cinética

dos méis já estão sendo planejados e devem ser explorado.

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CONCLUSÃO GERAL

Com base na literatura consultada verifica-se que, ainda há poucos estudos

relativos aos méis produzidos pelas meliponinas, em especial relativos à presença

de substancias bioativas destes produtos. Constata-se também que a qualidade dos

méis sofrem alta influencia de vários parâmetros: ambientais (clima, temperatura,

florada) e das espécies de abelhas produtoras sobre as características

fisicoquímicas dos méis. Neste contexto os resultados obtidos no presente trabalho

demonstram que, apesar de que, todas as amostras tenham sido produzidas por M.

scutelaris, coletadas no mesmo município e no mesmo período, os resultados

obtidos diferiram significativamente, em relação aos compostos bioativos (compostos

fenólicos) e as características fisicoquímicas (acidez). Assim os resultados obtidos

consistem em uma importante contribuição para a definição dos padrões de

qualidade e identidade dos méis de Melipona scutellaris e consequentemente

fornecer subsídios para a valorização e melhoria da qualidade de produtos

regionais.