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AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO EM
RISERS RÍGIDOS COM DANOS MECÂNICOS DO TIPO
MOSSA
Thiago Moraes Rego Sales
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro Naval e Oceânico.
Orientadora: Bianca de Carvalho Pinheiro
Rio de Janeiro
Setembro de 2018
ii
AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO EM
RISERS RÍGIDOS COM DANOS MECÂNICOS DO TIPO
MOSSA
Thiago Moraes Rego Sales
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
ENGENHEIRO NAVAL E OCEÂNICO.
Examinado por:
Profa. Bianca de Carvalho Pinheiro, D.Sc.
Prof. Ilson Paranhos Pasqualino, D.Sc.
Prof. Carlos Magluta, D.Sc.
Rio de Janeiro
Setembro de 2018
iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ
como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro
Naval e Oceânico.
Avaliação da concentração de tensão em risers rígidos com danos mecânicos
do tipo mossa
Thiago Moraes Rego Sales
Setembro/2018
Orientadora: Bianca de Carvalho Pinheiro
Risers rígidos estão sujeitos a danos mecânicos decorrentes de
impactos acidentais ao longo de sua instalação e operação. Este trabalho tem
como objetivo estudar os efeitos do fator de concentração de tensão (FCT) em
risers rígidos com danos mecânicos do tipo mossa submetidos à flexão
alternada. Foi desenvolvido um modelo numérico tridimensional, com base no
método dos elementos finitos, para a realização de simulações numéricas
segundo uma nova metodologia para estimar o FCT, segundo a qual as
tensões residuais e o encruamento do material associados ao processo de
indentação são desprezados, em contraste a um trabalho anterior, cuja
metodologia admite a ação destes efeitos sobre a concentração de tensão
resultante. Foram realizadas simulações numéricas em um extenso estudo
paramétrico com a variação das dimensões do duto e dano, assim como das
direções de flexão. Os resultados obtidos foram comparados àqueles obtidos
anteriormente, permitindo a análise comparativa entre as duas metodologias.
Resultados similares foram obtidos com as duas metodologias, indicando que
os efeitos de tensões residuais e alterações no estado material sobre o FCT
podem ser desprezados, após os primeiros ciclos de alívio de tensão. Assim, a
metodologia aqui proposta (simplificada) permite a redução do tempo
computacional das simulações numéricas para o cálculo do FCT, mantendo-se
fundamentada teoricamente, já que considera este como função apenas das
geometrias do riser e do dano.
Os resultados obtidos neste trabalho corroboram a metodologia
simplificada aqui proposta, capaz de estimar fatores de concentração de
tensão, com suficiente precisão, que posteriormente poderão ser aplicados em
estimativas de redução da vida em fadiga de risers danificados.
Palavras-Chave: Fator de concentração de tensão, Fadiga, Risers rígidos,
Mossas, Dano Mecânico, Tensões Residuais.
iv
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial
fulfillment of the requirement for the degree of Naval and Ocean Engineer.
Evaluation of the stress concentration on steel risers with mechanical damages
caused by dents.
Thiago Moraes Rego Sales
September/2018
Advisor: Bianca de Carvalho Pinheiro
Steel risers can undergo mechanical damage due to impacts during their
installation procedure and operational life. This work aims evaluate the effects
of stress concentration factors on steel risers with mechanical damage induced
by plain dents under bending moments in different directions. It was developed
a three-dimensional numeric model based on finite elements method in order to
perform numerical simulations according to the new methodology for estimating
the stress concentration factor, which the residual stresses and the hardening of
the material associated with the indentation process are not being considered,
in contrast to previous work, which the methodology admits the action of these
effects on the resulting stress concentration. Numerical simulations were
performed in an extensive parametric study with the variation of the duct
dimensions and damage, as well as the bending directions. The obtained
results were compared to those obtained previously, allowing the comparative
analysis between the two methodologies. Similar results were obtained by both
methodologies, indicating that the effects of residual stresses and changes in
state of the material on the stress concentration factor may be neglected after
the first cycles of tension relief. Therefore, the proposed methodology
(simplified) lead to the computational time reduction of the numerical
simulations for the calculation of the stress concentration factor, keeping itself
theoretically well founded, since it considers only the riser’s geometrical aspects
and damage.
The obtained outcomes in this work confirm the simplified methodology
proposed here, which is capable to estimate the stress concentration factors
with sufficient accuracy that can be applied later to estimate the reduction in the
fatigue life of damaged risers.
Keywords: Stress Concentration Factor, Fatigue, Steel Risers, Dents,
Mechanical Damage, Residual Stresses.
v
Sumário
1 Introdução 1
1.1 Objetivo 2
1.2 Estrutura do Texto 4
2 Revisão Bibliográfica 5
2.1 Dutos submarinos 5
2.1.1 Risers 5
2.1.2 Risers rígidos em catenária 7
2.2 Danos mecânicos em dutos 8
2.2.1 Danos do tipo mossa 9
2.3 Fadiga 11
2.3.1 Fases de Fadiga 12
2.3.2 Carregamentos de Fadiga – Alto e baixo ciclo 13
2.3.3 Carregamento de fadiga – Amplitude constante e variável 14
2.3.4 Dano Acumulado – Regra de Miner 17
2.4 Concentração de Tensão 18
2.4.1 Fator de Concentração de Tensão ( ) 21
2.4.2 Tensões residuais 22
2.5 Trabalhos anteriores 24
3 Modelo Numérico 25
3.1 Parâmetros Geométricos 26
3.2 Material 27
3.3 Condições de contorno e Carregamento 29
3.4 Determinação do FCT 30
3.5 Resultados 32
4 Comparação entre modelos 40
4.1 Motivação 40
4.2 Diferenças entre Metodologias 40
4.3 Comparação dos resultados 41
4.4 Nova metodologia proposta 43
4.5 Resultados obtidos 45
4.5.1 Comparação entre modelos 48
vii
Índice de Figuras
Figura 1 - Risers rígidos (TMK-ARTROM).......................................................... 5
Figura 2 - Ilustração da configuração em catenária ........................................... 6
Figura 3 - Camadas de Riser Flexível ................................................................ 7
Figura 4 - Dimensões de um dano tipo mossa ................................................. 11
Figura 5 - Exemplo de uma Curva S-N ............................................................ 12
Figura 6 - Carregamento cíclico completamente reverso ................................. 14
Figura 7 - carregamento cíclico flutuante ......................................................... 15
Figura 8 - Carregamento aleatório de amplitude variável ................................. 16
Figura 9 - Barra sob tração uniaxial ................................................................. 19
Figura 10 - Distribuição de tensão em uma barra com entalhe sob tração
uniaxial ............................................................................................................. 20
Figura 11 - Diagramas de Kt para em peças sob tração e flexão..................... 22
Figura 12 - Ilustração do modelo numérico preliminar ..................................... 25
Figura 13 - Ilustração da geometria deformada inicial do modelo numérico .... 26
Figura 14 - Tensão verdadeira versus deformação plástica logarítmica do aço
API 5L X60 [13]. ............................................................................................... 28
Figura 15 - Condições de Contorno (Simetria em Z) ........................................ 29
Figura 16 - Condição de Contorno no modelo para aplicação de flexão em Y. 30
Figura 17 - Geometria deformada submetida à flexão (D/t = 15 - di/D = 1 - d'/D
= 12%) .............................................................................................................. 30
Figura 18 - Região em vermelho contendo o elemento de tensão máxima de
von Mises ......................................................................................................... 32
Figura 19 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30,
di/D = 0,5, d’/D = 2% e Mx- .............................................................................. 32
Figura 20 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30,
di/D = 0,5, d’/D = 12% e Mx- ............................................................................ 33
Figura 21 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30,
di/D = 0,5, d’/D = 2% e My................................................................................ 33
Figura 22 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30,
di/D = 0,5, d’/D = 12% e My.............................................................................. 34
Figura 23 - Kt na superfície positiva para D/t = 15 e Mx- ................................. 35
Figura 24 - Kt na superfície positiva para D/t = 22,5 e Mx- .............................. 35
Figura 25 - Kt na superfície positiva para D/t = 30 e Mx- ................................. 36
Figura 26 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D =0,5 e Mx- .................. 36
Figura 27 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D = 1 e Mx- .................... 37
Figura 28 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e My ..................... 37
Figura 29 - Comparação entre os resultados dos modelos após o carregamento
de flexão em X negativo ................................................................................... 42
Figura 30 - Comparação entre os resultados dos modelos após o carregamento
de flexão em Y ................................................................................................. 42
Figura 31 - Alteração do campo de tensões após o alívio de tensões ............. 44
viii
Figura 32 - Configuração do campo de tensões definido como a variação entre
as tensões final e inicial do último passo de carga de flexão .......................... 45
Figura 33 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D =0,5 e Mx- .................. 46
Figura 34 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e Mx- .................... 46
Figura 35 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e My .................... 47
Figura 36 - Comparação entre comportamento das diferentes razões D/t ....... 48
Figura 37 -Comparação entre comportamento dos diferentes diâmetros de
indentador (Di) .................................................................................................. 49
Figura 38 - Comparação entre modelos do comportamento sob flexão em Y . 49
1
1 Introdução
Existem milhares de instalações offshore ao redor do mundo produzindo
petróleo e gás através de diferentes sistemas submarinos, que ligam a cabeça
do poço e o manifold à unidade flutuante, por meio de risers, de forma a
permitir à condução dos hidrocarbonetos do poço até a unidade flutuante.
Esses sistemas submarinos podem operar em diferentes condições
ambientais, com lâminas d’água variando de 2 a 3.000 metros de profundidade,
sendo submetidos a diferentes intensidades e combinações de forças
ambientais, que incluem as ações do vento, ondas, correntes e marés. Com a
exploração e produção das reservas de petróleo em territórios antes não
explorados, em condições ambientais cada vez mais severas e lâminas d’água
cada vez mais profundas, é importantíssimo estudar o comportamento
estrutural e os fatores críticos no projeto de risers.
Pode-se distinguir os risers por dois tipos: rígidos, que consistem em uma
série de tubos de aço unidos por meio de solda, e flexíveis, que são
constituídos por uma série de camadas sobrepostas, de diversos materiais,
cada uma delas com uma função estrutural própria. Como o presente trabalho
visa explorar o comportamento apenas de risers rígidos, enfoque será dado a
este tipo de riser.
Risers rígidos vêm sendo amplamente utilizados em operações offshore de
exploração de petróleo, principalmente em configuração de catenária. No
projeto de um riser, os fatores básicos que são levados em conta são: o
diâmetro, a espessura, o tipo (rígido ou flexível), lâmina d’água de operação e o
tipo de configuração que a linha terá, além das condições ambientais da região
de instalação.
As regiões de um campo de exploração de petróleo podem apresentar um
grande congestionamento de equipamentos e embarcações, que acabam
expondo a integridade dos dutos ao risco. Portanto, essas estruturas estão
sujeitas a danos mecânicos durante sua vida útil; tais danos podem ser
causados, por exemplo, por quedas de equipamentos, operações de
ancoragem, lançamentos de dutos, choques com outras embarcações ou com
outros risers.
Os danos mecânicos, geralmente associados a defeitos do tipo mossa, se
caracterizam por variações abruptas em sua geometria, ovalizações, quinas,
ondulações e outras imperfeições, sendo capazes de comprometer ou impactar
o funcionamento e a integridade estrutural de dutos submarinos. Dessa forma,
um grande esforço tem sido dedicado ao entendimento do comportamento de
dutos submetido a danos mecânicos, tais como danos do tipo mossa,
2
contribuindo para o aprimoramento de técnicas apropriadas de inspeção,
análise de risco e previsão de vida útil, evitando a geração de impactos
socioambientais e financeiros [1].
As variações geométricas na seção do riser causadas pelo dano geram
concentrações de tensão na região danificada, que podem ser agravadas
devido às forças ambientais da região e ao movimento da unidade flutuante.
Uma das maiores causas de falhas em dutos submarinos é causada pela
redução da sua vida em fadiga (sob ação de cargas cíclicas) devido à
concentração de tensão na seção onde se localiza o dano. Portanto, para
garantir que o riser continue operando com segurança, é necessária uma
avaliação assertiva dos danos mecânicos e como eles podem comprometer a
sua integridade estrutural.
Um grande esforço vem sendo feito na tentativa de estimar o fator de
concentração de tensão em tubos com seções danificadas, mas este ainda é
um tema que precisa ser estudado mais a fundo [2]. No presente trabalho, o
estudo do fator de concentração de tensão (FCT) será feito por meio do
método dos elementos finitos, considerando uma nova metodologia
(simplificada), segundo a qual as tensões residuais e alterações no estado do
material são desprezadas.
A partir da determinação precisa do fator de concentração de tensão
associado ao dano mecânico, é possível avaliar a vida em fadiga de um duto
danificado, permitindo a estimativa da sua vida em fadiga remanescente [2].
Além disso, observa-se a importância de estudar como outros parâmetros,
além da profundidade do dano, que exercem influência no fator de
concentração de tensão.
1.1 Objetivo
Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos do fator de
concentração de tensão (FCT) em risers rígidos com danos mecânicos do tipo
mossa submetidos à flexão em diferentes direções. Para isso foi desenvolvido
um modelo numérico tridimensional com base no método dos elementos finitos.
Nesse modelo, o riser é modelado com elementos de casca fina e sua
geometria danificada é gerada a partir de uma simulação numérica preliminar,
elasto-plástica, do processo de indentação (geração de dano mecânico do tipo
mossa). Em seguida, após a importação da geometria deformada, utilizada
como configuração inicial do riser, é realizada uma análise essencialmente
elástica para estimar o fator de concentração de tensão no riser danificado, em
termos da tensão equivalente de von Mises.
3
Neste caso na metodologia proposta, foram filtrados os efeitos da tensão
residual e do encruamento do material para o cálculo do FCT. A metodologia
proposta no presente estudo é comparada com aquela desenvolvida em um
trabalho anterior [3], no qual esses efeitos não são desprezados na estimativa
do FCT. Após a comparação entre as duas, diferentes, metodologias de
determinação do FCT verificou-se que os efeitos da tensão residual e do
encruamento do material são relevantes para o cálculo do FCT.
A metodologia proposta neste estudo promove uma variação a partir de
metodologia apresentada em trabalho anterior [3], compreendendo a uma única
simulação numérica, onde o duto é submetido à indentação seguida pela
aplicação de três ciclos de flexão alternada, de forma a eliminar, ou minimizar,
o efeito das tensões residuais e alterações micro estruturais no material
(encruamento) no cálculo do FCT. Essa modificação levou à obtenção de
resultados similares àqueles obtidos de acordo com metodologia anterior,
indicando que a nova metodologia proposta pode ser utilizada de forma a
permitir a redução do tempo computacional das simulações numéricas, já que,
após gerada uma configuração deformada (danificada), esta pode ser
analisada sob flexão alternada em diferentes direções. Além disso, a presente
metodologia mostra-se fundamentada teoricamente, já que considera o cálculo
do FCT em função apenas das geometrias do riser e do dano. Esse
procedimento foi validado com base na análise comparativa entre as duas
metodologias, que indicou que o efeito de tensões residuais e alterações no
estado material sobre o FCT pode ser desprezado após os primeiros ciclos.
O modelo numérico foi utilizado, então, de acordo com a nova
metodologia proposta, em um amplo estudo paramétrico, gerando um
compêndio de FCTs para diferentes dimensões do dano e do riser, sob flexão
alternada em duas direções distintas. Os resultados desse compêndio serão
usados no desenvolvimento de formulações analíticas capazes de estimar
fatores de concentração de tensão, com suficiente precisão, que
posteriormente poderão ser aplicados em estimativas da redução na vida em
fadiga de risers rígidos danificados sob flexão alternada.
4
1.2 Estrutura do Texto
A monografia foi organizada em 5 capítulos, onde o Capítulo 1 introduz o
tema abordado ao longo deste trabalho, as motivações por trás do estudo
realizado e o seu objetivo.
O Capítulo 2 apresenta conceitos básicos para o entendimento do que
foi desenvolvido no trabalho, por meio de uma revisão da literatura sobre dutos
submarinos, danos mecânicos, fadiga, concentração de tensões e citações a
trabalhos anteriores, que motivaram a discussão dos resultados obtidos
posteriormente aqui.
O Capítulo 3 descreve o modelo numérico desenvolvido, incluindo
parâmetros geométricos, carregamentos aplicados e condições de contorno, e
apresenta os resultados obtidos.
No Capítulo 4 é apresentada a metodologia proposta para o cálculo do
fator de concentração de tensões (FCT), que é em seguida comparada àquela
apresentada em um trabalho anterior.
O Capítulo 5 encerra o trabalho com a discussão dos resultados e as
conclusões obtidas durante o presente estudo.
5
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Dutos submarinos
Os dutos submarinos, flowlines e risers, fazem parte do sistema de
escoamento da produção de óleo e gás, sendo responsáveis pela drenagem
dos reservatórios e o transporte dos hidrocarbonetos e demais fluidos do poço
para a plataforma. Além dos dutos, fazem parte do sistema de escoamento de
produção os umbilicais, responsáveis por transmissão de energia, sinais de
controle, fluidos hidráulicos e outras funções essenciais para o funcionamento
do sistema.
As linhas de dutos que, depois de instaladas, permanecem apoiadas no
fundo do mar são submetidas essencialmente a solicitações estáticas, ainda
que possam ocorrer variações de pressão interna e flexão dinâmica em vãos
livres. No entanto, os risers consistem no trecho suspenso da linha, que, após
conexão, deve resistir a carregamentos estáticos e dinâmicos, como, por
exemplo, aqueles causados pela ação das forças ambientais de onda e
corrente.
2.1.1 Risers
Vale um esforço para detalhar um pouco mais sobre os risers, que foram
os objetos motivadores do presente estudo. Portanto, é interessante distinguir e
classificar os dois tipos de risers: rígidos e flexíveis, Figuras 1 e 3,
respectivamente.
Os risers rígidos consistem em tubos de aço, geralmente com 12 metros
de comprimento, conectados uns aos outros por meio de juntas soldadas ou
conectores mecânicos. Os risers rígidos são normalmente fabricados em aço,
podendo também ser fabricados com materiais abrasivos, e possuem elevadas
rigidezes à tração e à flexão.
Figura 1 - Risers rígidos (TMK-ARTROM)
6
Devido à sua simplicidade de construção, o riser rígido é a opção mais
econômica e de simples fabricação, porém possui desvantagens operacionais
em comparação ao riser flexível, como, por exemplo: peso elevado da linha,
dificuldades de manuseios, armazenagem e instalação.
Por constituírem a solução mais simples e barata, são geralmente
empregados em configurações verticais em plataformas que possuem pouco
movimento vertical como as Spar, TLPs (Tension Leg Platform) e Semi-
submersíveis. Em plataformas do tipo FPSO (Floating Production Storage and
Offload), que possuem grandes movimentos verticais e ainda estão sujeitas
aos movimentos de deriva lenta, este excesso de movimentos pode
comprometer a vida útil do riser devido às grandes variações de tração e às
cargas cíclicas (fadiga). Para contornar esse problema, pode-se utilizar uma
configuração em catenária (Figura 2) e/ou lazy wave, que utiliza flutuadores
para aliviar o efeito do peso da linha e seus movimentos. A criticidade da
implementação dessas soluções demanda que o projeto seja capaz de
considerar as cargas hidrodinâmicas atuantes na determinação do diâmetro a
ser utilizado [4].
Figura 2 - Ilustração da configuração em catenária
Os risers flexíveis possuem fabricação e configuração bem diferentes,
sendo constituídos por uma série de camadas concêntricas, onde cada uma
possui uma função específica que contribui para as características gerais do
riser.
7
Figura 3 - Camadas de Riser Flexível
Devido ao seu arranjo em camadas, o riser flexível é uma estrutura
complacente de baixa rigidez à flexão, característica que possibilita ser
instalado com raios de curvaturas muito menores que os risers rígidos. Por
serem complacentes, é possível contornar o problema enfrentado por risers
rígidos em plataformas que possuem maiores amplitudes de movimento vertical
[5].
Geralmente, este tipo de riser é projetado de acordo com as condições
de carregamento onde será instalado. Assim, é possível otimizar sua estrutura
para aplicações específicas e condições mais extremas e reduzir
significantemente o seu peso. Em resumo, é possível chegar-se a um arranjo
leve, flexível e resistente, porém trata-se de uma alternativa relativamente cara.
2.1.2 Risers rígidos em catenária
O riser rígido em catenária (steel catenary riser, SCR) é a solução mais
conveniente quando se deseja explorar petróleo em águas profundas com
controle do poço a partir da árvore de natal molhada (injeção de água/gás ou
exportação de gás/petróleo). Os sistemas de risers representam uma
significante parcela dos custos em sistemas flutuantes de produção, e atentar
para esses custos é cada vez mais comum quando se trata de exploração de
petróleo em águas profundas e ultra profundas. O uso de SCR oferece uma
alternativa de baixo custo quando comparado àquele de risers convencionais
em plataformas flutuantes e, além disso, pode prover uma solução econômica
para plataformas fixas [5].
Os desafios encontrados nas fases de projeto, soldagem e instalação
associado ao uso de SCRs em águas ultra profundas estão relacionados
principalmente às condições de carregamento críticas encontradas no topo do
8
riser, próximo ao hang-off, devido ao peso próprio suspenso ser maior nestas
condições. Unidades flutuantes também estão sujeitas a movimentos verticais
mais acentuados, o que pode vir a ser um fator crítico e limitante de sua
utilização. Somado a estes fatos, grandes lâminas d’água propiciam altas
pressões, baixas temperaturas e condições rigorosas de serviço. Portanto,
existem diversas configurações para risers a fim de contornar esse problema,
associado à catenária simples (como Lazy Wave, Steep-wave, Lazy-S e Steep-
S) e um contínuo esforço para pensar em soluções para contornar os desafios
citados.
2.2 Danos mecânicos em dutos
No presente trabalho, o dano mecânico é definido como um dano
localizado, causado pelo impacto acidental entre o duto e um objeto pesado.
Entende-se como dano localizado todo e qualquer dano confinado por uma
parte da seção transversal e que se estende por uma porção limitada do
comprimento do duto (geralmente menor do que 5 diâmetros) [6].
O dano resultante do impacto acidental entre o duto e um objeto pesado
resulta em uma concentração de tensão e deformação localizada na região
danificada do duto, não considerada durante a fase de projeto. Essa
concentração de tensão no duto pode comprometer a sua integridade estrutural
e a sua capacidade de operação.
Danos mecânicos em dutos podem ocorrer em diferentes situações,
como durante o seu processo de manufatura, manutenção, transporte e/ou
instalação. No contexto de dutos submarinos e risers, em geral, a maioria dos
danos mecânicos capazes de levar essas estruturas a uma ruptura precoce
ocorrem durante a instalação, devido à sua complexidade, e a operação, pois é
usual que a região de operação esteja cercada de outras estruturas
submarinas e existir um constante fluxo de embarcações realizando operações
de lançamento, ancoragem e manutenção, por exemplo.
Portanto, os risers estão sujeitos a danos mecânicos durante a sua vida
útil, podendo tais danos ser causados por queda de equipamentos, operações
de ancoragem, lançamento de dutos e choque com outras embarcações ou
outros risers. Esses danos podem comprometer ou impactar o seu
funcionamento, sendo um risco para a operação e para o ambiente.
Geralmente, esses danos estão associados a variações abruptas de forma
como: variações da seção transversal, ovalizações, flambagem, trincas e
mossas.
9
Por ser uma externalidade do projeto de um duto, é crucial que seja
possível identificar o agente causador, avaliar o tipo do dano e a sua
severidade, para compreender como podem ser comprometidos o seu
funcionamento e a sua integridade estrutural, e definir quais medidas devem
ser tomadas para contornar ou mitigar o problema. Esforços no caminho de
contribuir para a identificação e análise deste problema têm progredido,
resultando na proposta de metodologias que permitem avaliar o efeito de danos
na integridade estrutural dos dutos. É importante que as vantagens,
desvantagens e limitações de cada uma sejam conhecidas em cada caso de
aplicação.
2.2.1 Danos do tipo mossa
O dano do tipo mossa é um dano mecânico comum em dutos,
consistindo em uma deformação plástica da seção transversal do duto, que
gera uma depressão na seção transversal do tubo. Em geral, essa depressão é
causada pelo contato de um agente externo (conhecido como indentador)
contra o tubo.
É interessante também trazer a definição do dano mecânico conhecido
como sulco, definido como um dano de superfície causado pelo contato de um
corpo estranho contra o duto com remoção de material do tubo, resultando em
um defeito de perda de metal.
Pode-se listar as seguintes classificações para os tipos de mossa [7]:
● Mossa suave ➔ Uma mossa que causa mudanças suaves na
curvatura da seção transversal do duto.
● Mossa aguda ➔ Uma mossa que causa mudanças abruptas na
seção transversal do duto (raio de curvatura na profundidade
máxima é menor do que cinco vezes a espessura da parede do
tubo)
● Mossa sem restrição ➔ Uma mossa que está livre para retornar
elasticamente quando o indentador é removido (spring back).
● Mossa com restrição ➔ Uma mossa que não está livre para
retornar, i.e. o indentador não é removido.
10
● Sulco ➔ Dano causado à superfície devido ao contato com um
objeto externo que removeu material do duto, resultando em um
defeito de perda de material e, consequentemente, de espessura.
Existem esforços ao redor do mundo para o entendimento do
comportamento dos danos mecânicos do tipo mossa e sulco em dutos, pois
estes representam um grande potencial para falhas, capazes de provocar
danos socioambientais e financeiros, resultantes da concentração de tensão
localizada e redução da resistência e da vida em fadiga do material.
A profundidade do dano (d) é o parâmetro mais importante na
caracterização de uma mossa, pois ele afeta significantemente a resistência e
a vida em fadiga de um tubo danificado. As distribuições de tensão e
deformação também dependem do comprimento e largura da mossa. Uma
característica importante com relação às dimensões, é que em mossas de
maiores comprimentos a tensão máxima ocorre na base, enquanto que em
mossas de comprimentos menores a concentração de tensão ocorre nas
bordas do dano. A tensão máxima em mossas é mais elevada quanto maior o
comprimento do dano, dado uma mesma profundidade. Essa diferença na
distribuição de tensões se faz evidente com os resultados de testes de fadiga,
onde as mossas longas apresentam trincas de fadiga orientadas
longitudinalmente e próximas ao centro do dano, já as mossas curtas
apresentam trincas de fadiga em torno das bordas.
Algumas definições importantes para o estudo de danos do tipo mossa
em dutos:
● Profundidade da mossa (d): redução máxima no diâmetro do duto,
comparado com o diâmetro original.
● Diâmetro externo do duto (D).
● Profundidade relativa da mossa (d/D): razão entre a profundidade
da mossa e o diâmetro externo do duto.
● Esbeltez do duto (D/t): razão entre o diâmetro do duto (D) e a sua
espessura (t).
11
Figura 4 - Dimensões de um dano tipo mossa
Mossas não são responsáveis apenas por danos estruturais em dutos,
elas também podem levar a problemas operacionais, que, não
necessariamente, provocam uma preocupação estrutural. Portanto, é
importante inspecionar dutos danificados a fim de garantir que não tenha
ocorrido uma redução, ou obstrução, do escoamento do fluido interno [8].
2.3 Fadiga
Define-se fadiga como um fenômeno de perda de resistência ou ruptura
progressiva de um material que foi submetido a carregamentos repetidos.
Algumas estruturas estão sujeitas a carregamentos cíclicos ao longo de sua
vida útil e, mesmo que a magnitude da carga atuante seja inferior à resistência
estática do material, pode ocorrer um processo progressivo e localizado de
perda de resistência, tendo como consequência o surgimento de trincas, que
pode culminar na fratura completa da estrutura após um número suficiente de
ciclos de carregamento [6].
Uma maneira muito comum para avaliar o fenômeno de fadiga e o
número de ciclos necessários para causar a falha por fadiga de um
determinado material é por meio da curva S-N. A curva S-N consiste em um
gráfico de tensão por números de ciclos até a falha, com a magnitude da
tensão plotada no eixo vertical e o número de ciclos no eixo horizontal,
conforme ilustra a Figura 5.
12
Figura 5 - Exemplo de uma Curva S-N
A tensão na qual ocorre a falha para um determinado número de ciclos é
denominada de resistência à fadiga (Fatigue Strength) e o número de ciclos
necessários para um material falhar a certa tensão é chamado de vida em
fadiga
A curva S-N geralmente é obtida a partir de ensaios com muitos corpos
de prova; conta-se com um vastíssimo banco de dados com o resultado desses
ensaios na literatura. Trata-se de um método simples, confiável e amplamente
utilizado para casos práticos de dimensionamento mecânico à fadiga.
2.3.1 Fases de Fadiga
A falha de um material devido à fadiga pode ser observada em três
estágios:
1. Iniciação da trinca: É o estágio onde ocorre o surgimento de uma
microtrinca.
2. Propagação da trinca: A microtrinca se propaga devido à continuação do
carregamento cíclico até atingir dimensões macroscópicas.
3. Ruptura final: Este estágio acontece rapidamente, a falha ocorre quando
o material já afetado pela trinca não suporta mais os carregamentos
cíclicos.
13
O estágio inicial, onde ocorre o surgimento (iniciação) da trinca,
corresponde a maior parte da vida em fadiga do material e depende de uma
série de fatores, como: características da superfície, propriedades do material,
geometria do material, concentração de tensão e condições de carregamento.
Uma vez iniciada, a trinca se propaga a cada ciclo.
Nesse estágio, o crescimento e a propagação da trinca por ciclo de
carregamento dependem, principalmente, da variação de amplitude das
tensões e a trinca se propaga perpendicularmente à direção da tensão principal
máxima (trativa). A propagação da trinca amplifica a concentração de tensão,
levando à deformação plástica localizada na ponta da trinca. A trinca se até
atingir a espessura do material, caracterizando o último estágio, em que ocorre
a ruptura catastrófica da estrutura [9].
2.3.2 Carregamentos de Fadiga – Alto e baixo ciclo
Dentre as distintas causas de falhas de componentes mecânicos, a mais
comum é devida à fadiga do material. A fadiga chega a ser responsável por em
torno de 70% a 90% de todas as falhas em estruturas ou acessórios
submetidos a esforços mecânicos, sendo, na maioria das vezes, falhas
repentinas e bastante perigosas. Esse dado corrobora a importância de se
estudar o fenômeno de fadiga [9].
O estudo de fadiga pode ser interpretado como uma investigação do
comportamento de estruturas sujeitas a carregamentos cíclicos, que pode ser
classificado de acordo com o número de ciclos necessários para a falha por
fadiga:
1. Fadiga de baixo ciclo Ocorre com um baixo número de ciclos de
carregamento, entre 1 e 1.000 ciclos.
2. Fadiga de alto ciclo Ocorre com um alto número de ciclos de
carregamento, em geral, entre 1.000 e 106 ciclos.
O número de ciclos que uma estrutura sujeita a carregamentos de fadiga
resiste depende do nível da solicitação, pois quanto maior a amplitude de
tensão, menor a vida à fadiga [10].
Em geral, as estruturas offshore, como os risers rígidos, estão
submetidas a carregamentos de fadiga de alto ciclo, pois essas estruturas são
normalmente projetadas para uma vida útil em torno de 25 anos, durante a qual
14
Figura SEQ Figura \* ARABIC 6 - Carregamento de Amplitude Constante - Completamente
estão sujeitas a forças ambientais como vento, corrente e ondas, cujas
variações são majoritariamente de baixa magnitude. Portanto, para estruturas
offshore, a análise de fadiga de alto ciclo é um critério de projeto bastante
crítico.
2.3.3 Carregamento de fadiga – Amplitude constante e variável
A vida à fadiga está associada à variação e ao número de ciclos de
tensão. Um ciclo de tensão de fadiga traduz a variação da tensão aplicada com
o tempo. Os carregamentos cíclicos podem se caracterizar por ciclos de
amplitude constante ou variável.
Nos carregamentos de amplitude constante, a variação de tensão é
constante ao longo de todos os ciclos. Os carregamentos de amplitude
constante podem ainda ser completamente reversos, ou seja, quando as
tensões mínimas e máximas possuem uma mesma magnitude (constante) e
sentidos opostos, conforme ilustra a Figura 6. Nesse caso, a tensão média é
igual a zero.
Quando as tensões mínima e máxima (constantes) não possuem mesma
magnitude, a tensão média assume um valor não nulo. Nesse caso,
representado na Figura 7, o carregamento caracteriza-se como flutuante.
Figura 6 - Carregamento cíclico completamente reverso
15
Figura SEQ Figura \* ARABIC 7 - Carregamento de Amplitude Constante Flutuante
O carregamento pode, assim, ser definido pelos seguintes parâmetros:
● → Tensão máxima
● → Tensão mínima
● → Amplitude de tensão
● → Variação de tensão
● → Tensão média
A variação de tensão pode ser obtida da seguinte maneira:
(1)
A tensão média é dada por:
(2)
Como amplitude de tensão, tem-se:
(3)
Figura 7 - carregamento cíclico flutuante
16
Outros dois parâmetros que podem ser usados na caracterização do
carregamento cíclico são as razões de amplitude e de tensão, dadas por,
respectivamente:
(4)
(5)
Nos carregamentos com amplitude de tensão variável não existe uma
relação bem definida entre as magnitudes de tensão e o tempo, como ilustra a
Figura 8.
Figura 8 - Carregamento aleatório de amplitude variável
A maioria das estruturas offshore estão sujeitas a este tipo de
carregamento, com amplitudes de tensão variáveis, causadas por forças
ambientais (onda, corrente e vento) e por movimentos de deriva lenta de
estruturas flutuantes. Esse tipo de carregamento não é de simples
identificação, portanto na prática muitos casos podem ser simplificados
utilizando diferentes combinações de carregamentos de amplitude constante,
possibilitando desta forma o estudo da variação de tensão ao longo do tempo.
Outra maneira de analisar os dados de um carregamento aleatório é
utilizar métodos de contagem de ciclo, que transforma um carregamento
randômico em blocos de tensões alternantes relacionados com números de
ciclos, sendo o método Rainflow [15] um dos métodos mais utilizados na
17
indústria e que pode representar fielmente um carregamento de amplitude
variável.
2.3.4 Dano Acumulado – Regra de Miner
Geralmente, um componente mecânico sofre uma combinação de
cargas cíclicas e variáveis, de amplitude constante ou não, ao longo da sua
vida de fadiga, o que acaba dificultando a análise de fadiga do componente.
Em laboratório, os ensaios com corpo de prova são testados com amplitude
constante. Porém, ao longo de sua vida útil, um componente mecânico está
sujeito a cargas que podem variar em uma grande faixa de amplitude de
tensão, e deve-se considerar a condição de projeto, onde o componente
mecânico deve resistir a uma condição de trabalho onde as cargas são de
amplitude variável. Um processo empírico simples foi então proposto para
chegar-se a uma boa aproximação para a condição de cargas com amplitudes
variáveis, conhecido como regra de Regra de Palmgren-Miner ou regra linear
de acúmulo de dano [10].
Segundo a regra de Palmgren-Miner, o fenômeno da fadiga consiste em
um processo de acúmulo de danos no material, até que se atinja certo dano
máximo, ou seja, um material pode tolerar apenas certa quantidade de dano
(limite). De acordo com essa regra, o dano sofrido pelo componente ou peça,
sob a ação de uma determinada amplitude de tensão cíclica, é diretamente
proporcional ao número de ciclos em que esta amplitude atuou. A regra irá,
então, considerar a ação de cada uma das amplitudes de tensões
experimentadas pelo componente para determinar o dano acumulado no
material.
A hipótese básica da regra de Miner é a de que o dano sobre a
estrutura, por ciclo de carregamento, é constante numa dada faixa de tensões,
sendo igual a:
(6)
Onde N (Δσ) é extraído da curva S-N.
A regra também estabelece que os danos se acumulam de modo linear,
considerando um cenário onde existem diferentes amplitudes de tensão
atuando, sendo o número de ciclos atuantes em cada uma, o dano total
será:
∑
(7)
18
onde,
● j = número de total de faixas de carregamento.
● = número de ciclos aplicados para uma amplitude de tensão (Curva
S-N).
● = vida em fadiga do material quando submetido a uma amplitude de
tensão (curva S-N).
● Dano = dano total acumulado em fadiga, considerando todas as
diferentes amplitudes de tensão atuantes.
O critério de falha por fadiga, considerando a lei linear de acúmulo do
dano, é indicada por D ≥ 1. A vida útil da estrutura com base no critério de falha
por fadiga é:
(8)
A regra de Miner possui algumas limitações, pois na regra a ordem dos
carregamentos não é considerada, ainda que os efeitos causados por
diferentes sequências de carregamentos tenham sido observados em muitos
casos. Outra limitação se deve ao fato de que a regra de acúmulo linear de
danos não leva em consideração o nível de tensão que a estrutura foi
submetida. Apesar das limitações, a regra de Palmgren-Miner é amplamente
utilizada na prática devido à sua simplicidade matemática e ao fato de fornecer
resultados aproximados com uma razoável margem de segurança.
2.4 Concentração de Tensão
É possível calcular as tensões em diversos componentes e elementos
estruturais por meio das formulações apresentadas pela Mecânica dos Sólidos,
porém as fórmulas clássicas da análise de tensões só são válidas nas regiões
do elemento estrutural que fiquem longe das descontinuidades da estrutura e
pontos de aplicação de carga concentrada. Logo, as fórmulas clássicas só são
adequadas para o cálculo de tensões nominais, as quais desprezam os efeitos
localizados nas transições geométricas bruscas. A Figura 9 ilustra a
distribuição de tensões atuantes em uma peça sob tração uniaxial sem grandes
variações geométricas.
19
Figura 9 - Barra sob tração uniaxial
Contudo, a grande maioria dos componentes mecânicos reais
apresentam entalhes, variações localizadas de geometria, furos, cortes ou
outros acabamentos que modificam, de alguma forma, sua continuidade
geométrica; em muitas peças essas alterações são cruciais para o seu correto
funcionamento e/ou fixação. Qualquer uma dessas descontinuidades altera a
distribuição de tensões atuante na região próxima à descontinuidade, onde são
encontradas tensões de magnitude muito superior às encontradas em regiões
sem nenhuma variação geométrica. Tais pontos onde ocorre esse aumento
localizado de tensões são denominados pontos de concentração de tensões,
conforme mostrado na Figura 10.
20
Figura 10 - Distribuição de tensão em uma barra com entalhe sob tração uniaxial
Portanto, denomina-se efeito de Concentração de Tensões o fenômeno
de alteração da distribuição de tensões que leva a um aumento localizado de
tensões. É fundamental compreender os efeitos de concentração de tensão na
análise dos modos de falha do material onde as características locais de
resistência do material são importantes, como no caso da fadiga, ruptura frágil,
corrosão sob tensão, início de escoamento, entre outros. Assim, é importante
que o estado de tensões nesses pontos possa ser avaliado, visto que
praticamente em toda e qualquer peça ocorre o efeito de concentração de
tensão, pela necessidade de introduzirmos detalhes na geometria da peça [11].
De acordo com as expressões da Mecânica dos Sólidos, o estado de
tensão de um componente estrutural sob flexão pode ser caracterizado pelo
valor de tensão nominal que atua na seção transversal analisada.
(9)
onde,
● = Tensão nominal
● M = Momento Fletor atuante
● = Momento de Inércia do elemento estrutural
21
Porém, quando em um determinado elemento estrutural são
encontradas descontinuidades geométricas, é observada a atuação de um pico
de tensão cujo valor máximo (tensão máxima) é de magnitude muito superior a
. Como as ferramentas Mecânica dos Sólidos não permitem calcular com
precisão a concentração de tensões causada pela descontinuidade, é preciso
recorrer a outros métodos de análises de tensões, que permitem determinar o
campo de tensões na região onde se encontra a descontinuidade. Esses
métodos podem ser tanto analíticos, experimentais ou numéricos. Neste
trabalho, será utilizado o método numérico dos elementos finitos para estudar a
concentração de tensões, por meio da obtenção do fator de concentração de
tensões .
2.4.1 Fator de Concentração de Tensão ( )
Como apresentado anteriormente, descontinuidades geométricas
causam pontos de concentração de tensão, resultando em tensões mais
elevadas do que a tensão nominal na seção, cuja distribuição é dada pela
Mecânica dos Sólidos (Figura 10). A concentração de tensões pode ser
quantificada pelo fator de concentração de tensões , dado por:
(10)
onde:
● = Fator de concentração de tensão
● = Tensão máxima na descontinuidade
● = Tensão nominal na seção transversal
O fator de concentração de tensão depende apenas da geometria do
componente estrutural e do seu modo de carregamento, não dependendo do
material de que é constituído de. A análise de formas geométricas para
determinar fatores de concentração de tensão, sob diferentes modos de
carregamento, é um problema difícil. Algumas soluções podem ser encontradas
na literatura na forma de gráficos e tabelas, contemplando as descontinuidades
geométricas mais comumente encontradas em projetos. Uma maneira comum
de determinar esses fatores é por meio de técnicas experimentais (Figura 11).
Os valores de Kt também podem ser determinados com grande precisão por
22
meio de modelos numéricos com base no método dos elementos finitos, que
permite estimar a concentração de tensão em geometrias mais complexas.
Os concentradores de tensão são responsáveis por um grande número
de falhas por fadiga de elementos estruturais ou mecânicos sujeitos a
carregamentos cíclicos, pois estes representam regiões potenciais para o
surgimento de trincas na superfície do material, que podem se propagar
levando à fratura progressiva do material. Portanto, na modelagem dos
problemas da fadiga, o efeito da concentração de tensões é de primordial
importância, e determinar o Kt é indispensável para o dimensionamento de
peças mecânicas que estarão sujeitas a carregamentos cíclicos [10-11].
2.4.2 Tensões residuais
Quando uma estrutura metálica é deformada além do regime elástico e o
carregamento atuante sobre ela é removido, o não retorna à sua configuração
inicial, pois deformações plásticas (permanentes) são atingidas no material,
que estão associadas a tensões residuais.
As tensões residuais podem ser introduzidas deliberadamente ou de
forma acidental durante os diversos processos de fabricação, tais como
soldagem, tratamentos térmicos, nas operações de conformação mecânica
(forjamento, trefilação, laminação, por exemplo) no dobramento e nos
processos mecânicos de usinagem, auto-fretagem ou jateamento de partículas
[9].
Figura SEQ Figura \* ARABIC 11 - Diagramas de Kt para em peças sob tração e flexão
Figura 11 - Diagramas de Kt para em peças sob tração e flexão
23
Tensões residuais podem ser encontradas em estruturas metálicas por
diferentes razões, como consequência do processo de fabricação, do processo
de soldagem ou de danos mecânicos. Elas podem causar alterações
significativas na tensão de escoamento do material (encruamento, ou
endurecimento) e resistência à fadiga, uma vez que as tensões residuais se
sobrepõem ao carregamento aplicado na estrutura, contribuindo para a
concentração de tensão no componente estrutural.
O fator de concentração de tensão Kt pode ser obtido por diferentes
métodos analíticos, experimentais ou numéricos. Sabendo que as tensões
residuais interferem na determinação do Kt, é importante entender se as
premissas do modelo a ser estudado levarão em consideração ou não as
tensões residuais.
24
2.5 Trabalhos anteriores
Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos do fator de
concentração de tensão (FCT) em risers rígidos com danos mecânicos do tipo
mossa, submetidos à flexão em diferentes direções. Existem diversas maneiras
de estudar os efeitos da concentração de tensão. Neste trabalho, explorou-se o
uso de modelos numéricos com base no método dos elementos finitos.
Modelos de elementos finitos são amplamente utilizados em estudos e análises
estruturais.
Inicialmente, propôs-se estudar o comportamento do fator de
concentração de tensão de um duto com dano do tipo mossa. Por tratar-se de
um parâmetro puramente geométrico (fator de concentração teórico ou
elástico), idealizou-se um modelo que emulasse a geometria do duto danificado
(após introdução do dano), de forma a para evitar influências nos resultados
associadas ao comportamento do material, como as tensões residuais, por
exemplo.
Portanto, para obter a geometria utilizada neste modelo seria necessário
realizar uma simulação elasto-plástica preliminar. Essa simulação foi realizada
com base em um modelo desenvolvido por Nathalia França [3], em seu
trabalho de conclusão de curso “Avaliação de Fadiga em Risers Rígidos com
Dano Mecânico do Tipo Mossa”.
No modelo desenvolvido por AZEVEDO [3], o riser é modelo com o uso
de elementos de casca fina e o indentador é representado como uma superfície
analítica rígida de forma semiesférica. O indentador ao entrar em contato com
o riser gera uma deformação elasto-plástica; após sua remoção, a mossa
gerada está livre para retornar elasticamente (spring back).
Após essa simulação, pode-se obter a geometria de um duto com dano
do tipo mossa. Essa geometria é então importada geometria inicial do duto
para simulação numérica subsequente, essencialmente elástica, para estimar o
fator de concentração de tensão no riser, em termos da tensão equivalente de
von Mises. A configuração inicial do duto é assumida apenas como geometria
deformada (danificada), após indentação, sem incorporar as tensões residuais
e o encruamento do material resultantes do processo de introdução do dano, e,
consequentemente, seus efeitos sobre o fator de concentração de tensão.
Mais à frente neste trabalho serão descritas mais detalhadamente as
diferenças entre as duas metodologias e seus resultados serão comparados.
Este exercício acabou motivando a proposição de uma alteração na
metodologia utilizada em [3], mais adiante serão apresentados mais detalhes
sobre as mudanças propostas.
25
3 Modelo Numérico
Para estudar os efeitos do fator de concentração de tensão em risers
rígidos danificados, optou-se por desenvolver um modelo numérico
tridimensional com base no método dos elementos finitos. Para isso fez-se
auxílio do software ABAQUS [14]. O modelo inicial tem como objetivo gerar a
geometria deformada que o riser irá a adquirir após a introdução de um dano
mecânico (mossa), que então será considerada como configuração geométrica
inicial em modelo subsequente para o estudo dos efeitos exclusivos da
concentração de tensão, sem considerar a influência das tensões residuais e
do encruamento do material,introduzidos no material, devido ao dano causado.
Primeiramente, para obter tal geometria danificada, um modelo
tridimensional de um riser foi modelado a partir de elementos de casca fina e o
elemento causador do dano (indentador) foi modelado como uma superfície
analítica rígida [3]. Com isso temos um modelo preliminar a ser analisado,
constituído pelo tubo (riser) e pelo indentador de forma semiesférica, conforme
apresentado na Figura 12.
Figura 12 - Ilustração do modelo numérico preliminar
A geometria danificada é gerada a partir de uma simulação numérica
preliminar elasto-plástica no qual o riser é submetido à geração do dano
mecânico do tipo mossa (indentação). Simulações preliminares geraram
diferentes configurações de duto danificado, com danos de diferentes
profundidades, que serão exportadas, a fim de expurgar os efeitos de
26
encruamento e de tensões residuais. A Figura 13 ilustra uma geometria
danificada considerada como configuração geométrica inicial do modelo
numérico.
Figura 13 - Ilustração da geometria deformada inicial do modelo numérico
objetivo deste trabalho é estudar e propor uma metodologia para
determinar o fator de concentração de tensão de forma assertiva, tendo como
base o modelo preliminar desenvolvido em [3] para gerar a geometria de
estudo. Os resultados obtidos serão comparados com aqueles obtidos em [3].
3.1 Parâmetros Geométricos
Como dito anteriormente, o modelo utilizado neste trabalho teve sua
forma gerada a partir de um modelo preliminar, por isso ele compartilha de
parâmetros geométricos similares e a diferença está em sua forma, que possuí
uma deformação na seção transversal (dano).
O diâmetro (D) do tubo foi definido como 10,8 polegadas (274,32 mm)
por tratar-se de um diâmetro usual utilizado para risers rígidos em catenária
(Steel Catenary Risers), que é uma das configurações mais utilizadas
atualmente.
A esbeltez (caracterizada pela razão D/t) é um fator importante no
projeto de dutos, pois estes sofrem grandes deslocamentos e dependem de
27
suas características de inércia para resistir ao carregamento ambiental,
portanto a espessura (t) do riser pode variar, de forma que sejam configurados
diferentes valores de esbeltez do riser. Por sua vez, a esbeltez do riser exerce
influência sobre o FCT.
O comprimento (L) do tubo foi definido como sendo quatorze vezes o
diâmetro do tubo (14D), pois assim é possível minimizar os efeitos de bordo
sobre a região danificada. Porém, por tratar-se de um modelo simétrico,
apenas metade do comprimento do tubo (L/2) foi modelada, considerando as
condições de contorno de simetria longitudinal (direção Z).
Por último, outra característica geométrica importante no modelo
consiste nas diferentes profundidades de penetração do indentador a fim de
gerar diferentes configurações iniciais de geometria deformada. Tais
profundidades geraram diferentes configurações iniciais de acordo com a
esbeltez (D/t) do riser e o diâmetro do indentador (di) utilizado para gerar o
dano. Foram prescritas profundidades correspondentes a 2%, 4%, 6%, 8%,
10% e 12% do diâmetro (D) do tubo, estas profundidades somente a
profundidade que a mossa penetrou no tubo e não consideram o retorno
elástico do material.
3.2 Material
Existem normas internacionais que regulamentam a produção de dutos
para transportes de hidrocarbonetos, como as normas da API (American
Petroleum Institute) [14]. Portanto, para o modelo numérico foi escolhido um
material amplamente utilizado na fabricação de pipelines e risers para a
indústria offshore, o API 5L X60.
Aços API 5L são aços de alta resistência e baixa liga, usados em dutos
submetidos a médias e altas pressões, onde a preocupação com a economia
de peso é importante [12].
As propriedades mecânicas médias do material foram obtidas a partir de
testes de tensão uniaxial [13] e são apresentadas na Tabela 1, , onde E é o
módulo de elasticidade, ou módulo de Young, é a tensão limite de
escoamento (para um “offset” de 0,20%), é a tensão última ou, limite de
resistência à tração, e A é o alongamento percentual.
28
Tabela 1 - Propriedades Médias do Aço API 5L X60
E (GPa) (MPa) Su (MPa) A (%)
183 ± 9 520 ± 6a 602 ± 6 19 ± 1b
a 0.2% offset.
b 50mm de comprimento útil.
Além das propriedades apresentadas na Tabela 1, foi considerada a
curva tensão verdadeira versus deformação plástica logarítmica do aço API 5L
X60, também obtida em [13]. Essa curva, mostrada na Figura 14, representa o
comportamento do material no regime elasto-plástico, que é considerado na
simulação numérica preliminar para a geração do dano (indentação),
assumindo o modelo de encruamento isotrópico e cinemático combinados e o
critério de escoamento de von Mises. A simulação subsequente considera a
geometria do duto danificado obtida anteriormente como configuração
geométrica inicial e consiste numa análise puramente elástica, sendo o material
neste caso representado apenas pelas constantes elásticas. Essa simulação é
conduzida com o objetivo de determinar o FCT do duto danificado sob flexão,
sem a influência das tensões residuais e do encruamento do material devido ao
processo de indentação.
Figura 14 - Tensão verdadeira versus deformação plástica logarítmica do aço API 5L X60 [13].
29
3.3 Condições de contorno e Carregamento
Na simulação elástica, apenas um passo de carga é aplicado, referente
ao carregamento de flexão em X ou em Y. O carregamento de flexão consiste
na aplicação de uma rotação de +/- 0,01 radianos em torno da direção X ou Y
em um nó, ou ponto, de referência (RP), distante longitudinalmente 50 mm do
centro do bordo, conforme ilustra a Figura 16. A aplicação de uma rotação
dessa magnitude possibilita a comparação com o modelo de Nathália França
[3], visto que assegura-se a resposta do modelo no regime elástico, evitando o
surgimento de deformações plásticas e permitindo a determinação do FCT
geométrico. Para aplicação da rotação (flexão) foi prescrita uma condição de
acoplamento cinemático, vinculando os movimentos dos nós do bordo àqueles
do ponto de referência, de forma a transmitir o carregamento aplicado.
No modelo desenvolvido para o trabalho foram utilizadas condições de
contorno idênticas para os carregamentos de flexão nas direções X e Y. As
condições de contorno, ilustradas nas Figuras 15 e 16, consistem na
caracterização da simetria em relação ao eixo longitudinal (direção Z) e o
acoplamento cinemático (kinematic coupling) dos movimentos dos nós do
bordo em relação a um nó de referência para a aplicação dos carregamentos
de flexão.
Figura 15 - Condições de Contorno (Simetria em Z)
30
Figura 16 - Condição de Contorno no modelo para aplicação de flexão em Y
3.4 Determinação do FCT
Ao propor uma nova metodologia para o estudo do comportamento do
fator de concentração de tensão, é interessante compará-la à metodologia
anterior, apresentada em [13], de modo que se possa analisar os eventuais
ganhos de processamento ou de precisão dos resultados.
Assim como em [13], a concentração de tensão é analisada em um riser
rígido contendo um dano do tipo mossa esférica, conforme ilustra a figura 17.
Figura 17 - Geometria deformada submetida à flexão (D/t = 15 - di/D = 1 - d'/D = 12%)
31
A partir de simulações numéricas preliminares, foram geradas 36
geometrias danificadas diferentes, onde os parâmetros variados foram a
esbeltez do duto (D/t = 15, 22,5 e 30), o diâmetro do indentador em relação ao
diâmetro do riser (di/D = 1, 1/2) e a profundidade residual do dano (d’) causado
pelo indentador em relação ao diâmetro do riser (d’/D = 2%, 4%, 6%, 8%, 10%,
12%). Além das variações geométricas, o estudo contemplou o carregamento
de flexão nas direções longitudinal e transversal. A Tabela 2 resume as
diferentes combinações geométricas que resultaram nas várias geometrias
estudadas.
Direção da Flexão
Sentido da Flexão
D/t Di/D d’/D
X +/- 15; 22,5 e
30 0,5 e 1
2% ; 4% ; 6% ; 8 % ; 10% e 12%
Y + 15; 22,5 e
30 0,5 e 1
2% ; 4% ; 6% ; 8 % ; 10% e 12%
Tabela 2 - Parâmetros geométricos do duto e do dano variados no estudo
Para cada uma das combinações de configuração, apresentadas na
Tabela 2, calculou-se o fator de concentração de tensão na região mais crítica
do dano mecânico, ou seja, a região onde encontrava-se o elemento da malha
com a tensão equivalente máxima de von Mises. Para determinar a tensão
nominal, considerou-se a tensão de von Mises na mesma localização do
elemento na malha, porém foi utilizado o modelo numérico do riser intacto
correspondente, submetido ao mesmo carregamento de flexão.
(11)
onde:
● Kt = Fator de concentração de tensão
● = Tensão máxima, determinada a partir do elemento da
malha com a maior tensão equivalente de von Mises no modelo
numérico do riser de geometria inicial deformada, conforme ilustra
a figura 18.
● = Tensão nominal, determinada a partir do elemento de
mesma localização da tensão máxima, porém no modelo numérico
do riser intacto
32
Figura 18 - Região em vermelho contendo o elemento de tensão máxima de von Mises
3.5 Resultados
Nas Figuras 19 a 22, são apresentados alguns resultados das simulações
numéricas para ilustrar as diferentes análises realizadas, bem como as
diferenças na distribuição da tensão de von Mises à medida que os parâmetros
geométricos foram variados. Nessas figuras são apresentados os resultados
numéricos obtidos para um tubo com a razão diâmetro sobre espessura
(Esbeltez) D/t = 30, considerando os dois diâmetros do indentador (Di = 0,5 e
Di = 1), as profundidades de dano (d’/D) mínima e máxima, 2% e 12%,
respectivamente, e momentos fletores em x negativo e em y.
Figura 19 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30, di/D = 0,5, d’/D = 2% e Mx-
33
Figura SEQ Figura \* ARABIC 20 - Tensão de Von Mises (MPa) na superfície externa para D/t =
Figura 21 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30, di/D = 0,5, d’/D = 2% e
My
Figura 20 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30, di/D = 0,5, d’/D = 12% e Mx-
34
Figura 22 - Tensão de von Mises (MPa) na superfície externa para D/t = 30, di/D = 0,5, d’/D = 12% e My
Após apresentar os resultados da distribuição da tensão de von Mises
para uma determinada gama de configurações de tubos danificados,
apresentados nas figuras anteriores, os demais resultados serão apresentados
por meio de gráficos para facilitar a compilação dos dados.
Foram construídos dois tipos de gráficos para apresentar os resultados.
No primeiro grupo de gráficos, a razão do diâmetro sobre a espessura (D/t)
permanece constante e para cada esbeltez (D/t) são apresentadas duas curvas
que representam a variação de Kt em relação às diferentes profundidades de
dano, para as variações de diâmetro do indentador (Di = 0,5 e Di = 1). Nas
figuras 23 a 25, são apresentados graficamente os resultados de concentração
de tensão (Kt) para cada profundidade de dano (d’/D).
35
Figura 23 - Kt na superfície positiva para D/t = 15 e Mx-
Figura 24 - Kt na superfície positiva para D/t = 22,5 e Mx-
36
Figura 25 - Kt na superfície positiva para D/t = 30 e Mx-
Os gráficos apresentados nas figuras 26 a 28 ajudam a analisar a
correlação entre o fator de concentração de tensão (Kt) e a esbeltez (D/t) para
os danos causados por um mesmo diâmetro de indentador.
Figura 26 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D =0,5 e Mx-
37
Figura 27 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D = 1 e Mx-
Figura 28 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e My
38
Os resultados da tensão máxima de von Mises obtidos para a superfície
positiva (SPOS) do duto foram superiores em relação àqueles para a superfície
negativa (SNEG), em todos os casos analisados, com a aplicação de flexão
tanto em torno do eixo X (positiva e negativa), como em torno do eixo Y. No
caso de flexão em X, observou-se que a aplicação de rotação negativa
resultou, para todos os casos analisados, em valores de tensão máxima de von
Mises superiores àqueles obtidos com a aplicação de rotação positiva.
Portanto, optou-se por apresentar apenas os resultados numéricos obtidos na
superfície positiva e, no caso de rotação em X, apenas para rotação negativa,
pois estes casos levam a concentrações de tensão mais elevadas.
No caso de flexão em Y, apenas uma direção de rotação foi
considerada, pois os efeitos das rotação negativa e positiva são idênticos,
devido à simetria do dano em relação ao plano Y-Z. Além disso, os resultados
de Kt se mostraram muito próximos de 1, nesse caso, pois a flexão nessa
direção não altera significativamente a concentração de tensão da região
danificada.
A partir dos resultados apresentados pelos diferentes grupos de gráficos,
é possível concluir que o maior fator de concentração de tensão (Kt) no riser é
obtido para o dano causado por um indentador de menor diâmetro (di/D = ½),
com a geometria que apresenta dano de maior profundidade (d’/D = 12%) e
para o riser de menor rigidez (D/t = 30).
Analisando os gráficos onde foram aplicados carregamentos de flexão
na direção X-, para uma mesma esbeltez (D/t) e mesma profundidade relativa
do dano após retorno elástico (d’/D), os valores de Kt são ligeiramente maiores
para o tubo que cuja configuração inicial foi deformada a partir do indentador
de diâmetro menor (Di = 0,5). Isso se deve ao fato de que esse indentador gera
deformações mais acentuadas na geometria do duto, devido ao seu menor
diâmetro, resultando em danos mais agudos, associados a variações mais
abruptas da geometria, que levam a concentrações de tensão mais elevadas.
No segundo grupo de gráficos, onde pode-se observar o comportamento
dos diferentes valores de esbeltez (D/t), é possível notar um comportamento
crescente do fator de concentração de tensão (Kt) à medida que a rigidez do
duto é reduzida. Assim, a esbeltez pode ser interpretada como parâmetro de
rigidez flexional, ou seja, a resistência oferecida por um elemento estrutural
enquanto está sendo fletido.
Em ambos os grupos de gráficos fica evidente que quanto maior a
profundidade do dano (d’/D), presente na configuração inicial, maiores são os
valores de concentração de tensão. Esse fato é observado independente do
diâmetro do indentador que originou a geometria danificada, bem como da
esbeltez do duto. Portanto, é possível concluir que o máximo fator de
39
concentração de tensão (Kt) no riser, entre os casos analisados, ocorre para o
dano causado por um indentador de menor diâmetro (di/D = ½), com a
geometria que sofreu maior dano de maior profundidade (d’/D = 12%) e para o
riser de menor rigidez (D/t = 30).
40
4 Comparação entre modelos
4.1 Motivação
Anteriormente foi apresentado o modelo desenvolvido para o presente
estudo, cuja configuração geométrica inicial deformada, obtida a partir da
exportação da geometria danificada resultante de simulação numérica
preliminar (indentação).
A ideia de realizar um estudo similar, porém partindo de premissas
diferentes foi motivado pela busca de resultados cada vez mais assertivos e
confiáveis. Portanto a comparação trata-se de um caminho interessante para
observar as diferenças, vantagens, desvantagens e possíveis divergências de
premissas entre as diferentes metodologias propostas nos dois estudos. Todo
este esforço acaba forçando o entendimento de uma nova metodologia, de
modo a permitir uma crítica constante tanto da metodologia aqui proposta,
como da metodologia previamente desenvolvida.
Esse exercício de criticar, revisar e entender as diferentes metodologias
é muitíssimo rico, pois permite realizar ajustes em premissas e atentar para
detalhes, que podem não terem sido notados no momento de definição das
premissas. Outro ponto importante é que este exercício acaba por permitir não
só uma convergência para resultados melhores, mas também um
aprimoramento de metodologias de forma que seja obtida uma solução que
contemple de forma adequada a complexidade do modelo, o tempo de
processamento e a qualidade de resultados.
4.2 Diferenças entre Metodologias
A metodologia proposta anteriormente [3], mencionada anteriormente no
capítulo 3, tem por objetivo simular a introdução do dano mecânico do tipo
mossa e, após a deformação do duto e remoção do agente gerador do dano
(mossa), simular o carregamento operacional de flexão, muito comum em
risers. Portanto, essa metodologia é capaz de reproduzir a introdução de um
dano mecânico do tipo mossa esférica simples no duto, aplicar um
carregamento de flexão no duto e estimar a concentração de tensão resultante.
Nesse caso, a introdução do dano consiste em uma etapa de carregamento,
quando o tubo sofre deformação plástica conforme a curva de deformação do
material (aço API 5L X60), gerando tensões residuais, que correspondem a
uma distribuição não homogênea de deformações no material.
41
Na metodologia proposta no presente trabalho, o estudo parte de uma
geometria importada de uma simulação numérica preliminar (indentação).
Logo, o tubo tem a sua configuração geométrica inicial já danificada, oriunda da
introdução do dano, porém sem considerar o efeito de tensões residuais e
encruamento do material.
Em ambas as metodologias, o último passo de carga consiste na
aplicação do carregamento de flexão, suficientemente pequeno de modo a
garantir que o tubo permaneça no regime elástico. O fator de concentração de
tensão é então determinado após flexão.
Para determinar a concentração de tensão é necessário definir a tensão
máxima ( ) e a tensão nominal ( ). Nas duas metodologias, a tensão
máxima foi considerada como a região no modelo onde encontrava-se o
elemento da malha com maior tensão média de von Mises.
Já a tensão nominal, na metodologia preliminar, foi considerada como a
tensão média de von Mises em uma região mais distante do dano, que
praticamente não sofreu alterações na sua distribuição de tensões. Enquanto
que na metodologia aqui proposta, ela é determinada por meio do mesmo
elemento de malha da tensão máxima, porém em um modelo de um tubo
intacto, sem nenhum dano presente.
4.3 Comparação dos resultados
Depois de uma breve explicação das diferenças entre as metodologias
para determinar o Kt, apresentadas anteriormente, os resultados por ambas
foram comparados. As Figuras 29 e 30 apresentam os resultados obtidos para
as mesmas configurações geométricas de dutos danificados, contemplando
uma extensa variação de esbeltez, profundidade do dano e momentos fletores
na direção X e Y, respectivamente.
42
Figura 29 - Comparação entre os resultados dos modelos após o carregamento de flexão em X negativo
Figura 30 - Comparação entre os resultados dos modelos após o carregamento de flexão em Y
Primeiramente, é possível notar diferentes magnitudes de Kt. De acordo
com a presente metodologia, foram obtidos valores de Kt próximos de 2, já na
metodologia preliminar os resultados obtidos são superiores a 4.
Adicionalmente, a região mais crítica na presente metodologia encontra-se na
superfície positiva, enquanto que na metodologia preliminar encontra-se na
superfície negativa.
43
Outro ponto importante de atenção, diz respeito ao comportamento do Kt
em função da variação da esbeltez, ou seja, da razão D/t. Na metodologia aqui
desenvolvida, o duto de maior rigidez, ou seja, menor razão D/t (D/t = 15)
apresentou os menores valores de concentração de tensão. Em oposição a
isso, na metodologia preliminar o duto de menor rigidez, D/t = 30, apresentou
os menores valores de concentração de tensão.
Na Figura 30, quando comparamos os resultados obtidos para a flexão
em Y é possível observar que no modelo puramente geométrico o dano não
exerce influência sobre a concentração de tensão para carregamentos nessa
direção, enquanto que no modelo sem alívio de tensões [3] é possível notar a
interferência das tensões residuais na metodologia do cálculo do FCT.
A observação das diferenças entre os resultados obtidos pelas duas
metodologias motivou a busca por explicações, críticas a premissas, revisão de
metodologias, resultando, finalmente, na ideia de propor algumas alterações
que poderiam filtrar uma fonte potencial de distorção entre os resultados: as
tensões residuais. A seguir, será apresentada uma nova metodologia, com
premissas um pouco diferentes e que novamente terá seus resultados
confrontados com a metodologia desenvolvida inicialmente no presente
trabalho, que fornece fatores de concentração de tensão puramente
geométricos.
4.4 Nova metodologia proposta
A motivação de propor uma nova versão para a metodologia
preliminarmente desenvolvida visa explorar as oportunidades mapeadas ao
longo deste trabalho. A intenção é obter uma nova metodologia que forneça
resultados mais acurados.
O passo de carga correspondente ao processo de introdução do dano na
metodologia preliminar [3] resulta em tensões residuais que permanecem no
componente estrutural mesmo após cessadas as forças externas anteriormente
aplicadas. Uma vez que as tensões residuais se sobrepõem à tensão aplicada
no tubo com aplicação do carregamento de flexão, elas podem aumentar ou
reduzir a tensão efetiva aplicada. Portanto, é interessante filtrar esse efeito
para que seja possível estudar apenas os efeitos de concentração de tensão
originados do desvio da geometria original intacta da seção transversal do tubo
(antes do dano).
44
Para mitigar os efeitos das tensões residuais optou-se por realizar um
alívio de tensões no tubo, conforme ilustrado pela Figura 31. Iniciou-se o
processo de alívio de tensões aplicando carregamentos alternados de mesma
magnitude do carregamento de flexão, observou-se que entre 2 e 3 ciclos de
carregamentos alternados o campo de tensões se estabilizou e quaisquer
incrementos no número de ciclos de alívio de tensão trariam ganhos pouco
significativos aos resultados. Portanto, o alívio de tensões deu-se por meio da
aplicação de três carregamentos cíclicos de flexão, antes do carregamento final
de flexão considerado para a determinação do Kt
Portanto, foram aplicados carregamentos alternados de flexão positiva e
negativa, certificando-se que o carregamento era suficientemente pequeno de
modo a não levar o material ao escoamento.
Figura 31 - Alteração do campo de tensões após o alívio de tensões
Após a aplicação do carregamento cíclico para o alívio das tensões
residuais, finalmente aplicou-se o carregamento de flexão utilizado para
determinar o fator de concentração de tensão.
Além das mudanças nos passos de carga, outra mudança importante
deu-se no âmbito do cálculo das tensões máxima ( ) e nominal ( ),
utilizadas para determinar o Kt. A tensão máxima foi determinada como a maior
tensão, presente na malha de elementos finitos, proveniente da diferença entre
as tensões final e inicial no último ciclo do carregamento de flexão (após o
alívio de tensão). A distribuição dessa variação (diferença) de tensão é
apresentada na Figura 32. Já a tensão nominal foi obtida pelo mesmo elemento
45
da malha em um modelo de tubo intacto, apenas submetido ao carregamento
de flexão.
Figura 32 - Configuração do campo de tensões definido como a variação entre as tensões final e inicial do último passo de carga de flexão
Com essa nova proposta de metodologia, motivada por oportunidades
mapeadas ao longo deste estudo, deu-se sequência a uma nova comparação
com o modelo proposto neste trabalho, de forma a verificar a sua acurácia,
uma vez que houve a preocupação de filtrar efeitos indesejados nos valores de
concentração de tensão, proveniente de tensões residuais.
Essa nova proposta contempla a implementação de um alívio de tensões
para mitigar os efeitos das tensões residuais geradas pela introdução do dano
e mudanças na definição de tensão máxima e nominal.
4.5 Resultados obtidos
Aqui serão apresentados os resultados obtidos para as diferentes razões
diâmetro sobre espessura D/t, para o indentador com diâmetro di = 0,5D, para
o caso da aplicação de flexão negativa na direção X (Figura 33). Serão também
apresentados os resultados obtidos para a razão diâmetro sobre espessura D/t
= 30, para os diferentes indentadores, submetidos à flexão negativa na direção
X (Figura 34).
46
Figura 33 - Kt na superfície positiva (SPOS) para di/D =0,5 e Mx-
Figura 34 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e Mx-
47
No caso de flexão na direção Y, Figura 33, devido à simetria do dano em
relação ao plano Y-Z, a aplicação do carregamento de rotação foi considerado
apenas em uma direção Y.
Figura 35 - Kt na superfície positiva (SPOS) para D/t = 30 e My
Observou-se que os resultados obtidos por essa nova metodologia estão
bem alinhados com os resultados obtidos anteriormente [3]. Com base nos
resultados apresentados, é possível verificar que o fator de concentração de
tensão (Kt) no riser é maior quando no caso do dano causado por um
indentador de menor diâmetro (di/D = 0,5), com uma profundidade de dano
maior (d’/D = 12%) e para o riser de menor esbeltez (D/t = 30). Os resultados
obtidos para a flexão na direção Y mostraram novamente que a concentração
de tensão na região danificada não sofre influência significativa do
carregamento aplicado.
48
4.5.1 Comparação entre modelos
A partir da comparação entre os resultados da nova metodologia e
aqueles resultados do modelo proposto neste trabalho, com uma geometria
importada de um modelo preliminar, pode-se perceber resultados mais
condizentes, com a obtenção de valores do fator de concentração de tensão de
mesmas magnitudes.
Nas Figuras 36 e 37, é possível visualizar a comparação dos resultados
entre os 2 modelos para aplicação de flexão na direção X. A Figura 38
apresenta a comparação dos resultados entre os dois modelos na direção Y.
Momento em X:
Figura 36 - Comparação entre comportamento das diferentes razões D/t
49
Figura 37 -Comparação entre comportamento dos diferentes diâmetros de indentador (Di)
Momento em Y:
Figura 38 - Comparação entre modelos do comportamento sob flexão em Y
Portanto, analisando os resultados obtidos para a nova metodologia
proposta, é possível notar que os valores de Kt possuem a mesma magnitude e
que a flexão na direção Y não gera um aumento da concentração de tensão,
pois, neste caso, a intensidade e a direção do carregamento aplicado, no
regime elástico, não altera significativamente a distribuição de tensão na região
danificada.
50
5 Conclusões
Ao longo deste trabalho foram apresentadas algumas importantes
aplicações de risers rígidos na indústria offshore, bem como pontos
importantes de seu projeto. Além disso, salientou-se a importância de estudar a
vida em fadiga e maneiras de determinar a concentração de tensão que esses
dutos podem apresentar devido a variações abruptas de geometria, geralmente
causada por danos mecânicos.
O trabalho aprofundou-se sobre o estudo da concentração de tensão em
um riser de aço API 5L X60, sob flexão, devido à introdução de um dano
mecânico do tipo mossa. Para isso foi necessário desenvolver um modelo
numérico tridimensional com base no método dos elementos finitos. Desse
modelo foram extraídos resultados e conclusões importantes sobre o
comportamento da concentração de tensão. Além disso, o presente modelo foi
comparado com um modelo preliminar, previamente desenvolvido. Tal
comparação fomentou uma discussão sobre os diferentes resultados obtidos e
suas possíveis explicações, motivando a elaboração de uma nova metodologia
para abordar e tratar o modelo preliminar.
A análise e a comparação entre os resultados, permitiram que os
resultados obtidos pelo modelo desenvolvido no presente trabalho fossem
corroborados. Os resultados obtidos foram muito condizentes e expuseram a
importância do impacto das tensões residuais no modelo preliminar. Por conta
disso, conclui-se que não se pode descartar os impactos do encruamento do
material e das tensões residuais no estudo da concentração de tensão. Apesar
de neste trabalho não ter explorado o efeito do encruamento, as tensões
residuais se mostraram muito relevantes no estudo da concentração de tensão.
Por fim, o presente trabalho também contribuiu para o estudo do fator de
concentração de tensão e de seu comportamento em função da variação de
parâmetros geométricos do duto e do dano. Outra contribuição importante foi a
apresentação de duas metodologias, diferentes, porém bem fundamentadas
conceitualmente que permitem estudar a concentração de tensão de risers
danificados sob flexão livre dos efeitos de tensões residuais. Um aspecto
importante e que permitiria confirmar os resultados obtidos neste trabalho seria
a realização de testes experimentais para validação dos resultados aqui
obtidos. Adicionalmente, o modelo numérico pode ainda ser utilizado para
avaliar outros parâmetros que podem influenciar a concentração de tensão em
risers rígidos danificados, sob flexão, como a ação combinada de
carregamentos de pressão, a introdução de danos com outras geometrias e
verificar se existe alguma correlação entre o valor do FCT e a magnitude do
carregamento aplicado para a sua avaliação.
51
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