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VIDAS SECAS Graciliano Ramos AULÃO DE LITERATURA Professora Karen Neves Olivan

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VIDAS SECASGraciliano Ramos

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Vidas Secas Comentários• Para entender a ruptura de Vidas Secas com a plenitude das tradições da ficção regionalista brasileira, é preciso retroceder às origens do regionalismo e a construção de uma tradição literária no Brasil.

• O Brasil não possuía escolas, os filhos dos mais abastados iam para a Europa, onde entravam em contato com a cultura e a literatura do velho continente.

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• Quando retornavam traziam as tradições desta cultura e literatura, aplicavam-na, mas ficava algo de muito artificial, especialmente, durante o parnasianismo, pois este movimento caracterizado como um retorno ao passado, restava excêntrico, singular, estranho quanto aos seus resultados, pois não havia como se tornar para algo que nunca existiu, sem embargos de que a mitologia grega não detinha nexo cultural com o país nesta época do neoclassicismo.

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• A busca das raízes brasileiras levou a literatura para a figura do índio, visando estabelecer um passado heróico e lendário à nossa civilização, bem como dos habitantes dos sertões e regiões distantes da Corte.

• Neste ambiente nacionalista, desenvolveu-se uma literatura com enfoque indianista, histórico e regionalista, isto é desde o romantismo.

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• Nesta construção o eixo do romance do século XIX foi o respeito a realidade, manifesto pela verossimilhança na narrativa.

• O Realismo caminhou para descrição e o estudo das relações humanas em sociedade, lugares, paisagens, cenas, épocas, acontecimentos, personagens-padrão, tipos sociais, convenções, usos e costumes do país.

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• Em seguida, no século XIX, com o advento do Modernismo, especialmente, em face da Semana de Arte Moderna de 22, houveram algumas rupturas, especificamente, na “prosa de ficção encaminhada para o “realismo bruto”... beneficiando-se amplamente da “descida” à linguagem oral, aos brasileirismos e regionalismos léxicos e sintáticos.

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• Assim, na década de 30, “o panorama literário apresentava em primeiro plano, a ficção regionalista, o ensaísmo social”....” A sua paisagem nos é familiar: O Nordeste decadente, as agruras das classes médias no começo da fase urbanizadora, os conflitos internos da burguesia provinciana e cosmopolita”..

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• Neste panorama, contextualizamos Vidas Secas, obra regionalista que faz um retrato real, cruel e brutal das relações sociais, nitidamente, feudais imperantes no Nordeste do Brasil na época, servindo para demonstrar de forma violenta, com traços do realismo, que aqueles fatos embora até aceitos pela sociedade local, causavam graves lesões ao tecido da pessoa humana.

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• Por tais motivos, Vidas secas é uma obra pela sua formação e conteúdo singular na literatura, embora faça uma análise das condições sociais do Nordeste do Brasil o que é inerente ao contexto da literatura da época.

• Graciliano Ramos penetra no pensamento, na carne e na alma de cada um dos membros da família de Fabiano, visando mostrar de forma brutal a discriminação, a cultura e a realidade do sertanejo nordestino.

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Características LiteráriasGraciliano Ramos, assim como José Lins

do Rego, destaca-se como romancista da segunda fase do Modernismo (1930 - 1945).

Graciliano Ramos foi um seguidor de Machado de Assis, devido à forma de exprimir a realidade.

Graciliano Ramos Vidas Secas romance regionalista.

Com estilo seco, conciso e sintético, o autor deixa de lado o sentimentalismo a favor de uma objetividade e clareza.

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Com estilo seco, frio, enxuto e impessoal, soube exprimir a amarga realidade do homem nordestino com agudeza.

Graciliano descrever os tipos e as paisagens do nordeste, evocando os problemas daquele lugar.

Seus melhores romances (São Bernardo, Angústia e Vidas Secas), mostram um perfil psicológico e sócio-político que nos indica uma versão crítica dos rumos que a sociedade moderna toma.

Características Literárias

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Características LiteráriasA análise psicológica tomada pelo autor

com relação aos seus personagens, parte do regional para o universal, confrontando o homem comum que vive com classes superiores e autoritárias.

O nordeste é o palco deste conflito.A preocupação com os problemas do

povo brasileiro sempre foram traços marcantes de suas obras.

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Características LiteráriasGraciliano Ramos escreveu ainda um

romance autobiográfico que contém elementos ficcionais, Memórias do Cárcere, onde há toda a violência que o autor passou enquanto esteve preso, denunciando o autoritarismo estabelecido pelo Estado Novo.

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• Narração em terceira pessoa, com narrador onisciente. • Muitas vezes encontramos os discursos indiretos livres. • É o próprio narrador que revela o interior dos personagens através de monólogos interiores. • O foco narrativo ganha destaque ao converter em palavras os anseios e pensamentos das personagens.

... Aí, a coleira diminuiu e Fabiano teve pena.

(Cap. 01 – Mudança)

Vidas Secas Narrador

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Vidas Secas Tempo• O tempo de narrativa medeia duas secas. • A primeira que traz a família para a fazenda e a segunda que a leva para o Sul. • Mesmo possuindo algumas referências cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular.

... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de acontecimentos antigos, até ser

despertada pelo grito da ave e ter a idéia de transformá-la em alimento.(Cap. 01 – Mudança)

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Vidas Secas Espaço

• O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino, descrito com precisão pelo autor.

... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e capões de mato.

(Cap. 11 – O soldado Amarelo)

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Protagonista: Fabiano

• Nordestino pobre, marido de Sinhá Vitória, pai de dois filhos. • Procura trabalho desesperadamente, bebe muito e perde dinheiro no jogo. • Possui grandes dificuldades linguísticas, mas é consciente delas. Por isso, isola-se.• Possui atitudes selvagens, aproximando-se dos animais, com os quais se identifica melhor.

Vidas Secas Personagens

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Vidas Secas Personagens

Antagonista: Soldado Amarelo

• Corrupto, oportunista e medroso, é símbolo de repressão e do autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura Vargas), porém não é forte sozinho; sem as ordens da ditadura, é fraco e acovarda-se diante de Fabiano.

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Vidas Secas Personagens

Secundários:

• Sinhá Vitória – Mulher de Fabiano, sofrida, mãe de dois filhos, lutadora, sonhadora e inconformada com a miséria em que vive, trabalha muito. É a mais inteligente de todos controlando assim as contas e os sonhos de todos.

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Vidas Secas PersonagensSecundários:

• Filho mais novo e Filho mais velho – crianças pobres e sofridas que não tem noção da miséria em que vivem. O mais novo vê no pai um ídolo, sonha sobressair-se realizando algo, enquanto o mais velho é curioso, querendo saber o significado da palavra inferno, desvendar a vida e ter amigos.

• O dono da fazenda – Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda, é desonesto e explora seus empregados.

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Vidas Secas PersonagensSecundários:

• O fiscal da prefeitura – Intolerante e explorador.

• Baleia – Cadela da família, tratada como gente, humanizada em vários momentos e muito querida das crianças.

• Tomás de Bolandeira - Aparece somente por meio de evocações, é tido como referência por Fabiano e Sinhá Vitória.

• Seu Inácio – Dono do bar.

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Vidas Secas Análise• Narrado em 3ª pessoa diferente das obras anteriores de Graciliano Ramos).

• Pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos.

• Nessa obra não é a personagem que ressalta nele, mas o narrador que se faz sentir pelo discurso indireto, construído em frases curtas, incisivas, enxutas, quase sempre em períodos simples.

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• Capítulos autônomos, mas interligados pela repetição de alguns motivos e temas, como a paisagem árida, a zoomorfização e antropomorfização das criaturas, os pensamentos fragmentados das personagens e seu consequente problema de linguagem.

Vidas Secas Análise

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Vidas Secas Análise• As personagens são focalizadas uma por vez, o que mostra o afastamento existente entre elas.

• Vidas Secas é, portanto, a dramática descrição de pessoas que não conseguem comunicar-se.

• Nem os opressores comunicam-se com os oprimidos, nem cada grupo comunica-se entre si.

• A nota predominante do livro é o desencontro dos seres.

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Vidas Secas Análise• Os diálogos são raros e as palavras ou frases que vêm diretamente da boca das personagens são apenas xingatórios, exclamações, ou mesmo grunhidos.

• A terra é seca, mas sobretudo o homem é seco. Daí o título Vidas Secas.

•O discurso do narrador é igualmente construído com frases curtas, incisivas, enxutas, quase sempre períodos simples.