aula_3_-_introduÇÃo_À_fratura
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Prof. Ms. Fábio Facio
Aula 03
INTRODUÇÃO À FRATURA
DEFINIÇÃO
Fratura é toda solução de descontinuidade do tecido ósseo,
podendo ir desde um simples desarranjo nas trabéculas ósseas
até a rotura total da sua arquitetura, com ou sem
deslocamento do segmento ósseo.
É acompanhada de vários graus de lesão em tecidos moles
CLASSIFICAÇÃO
Localização Anatômica:
1. Intra Articulares
2. Extra Articulares
- Epífise
- Placa de crescimento
- Metáfise
- Diáfise
CLASSIFICAÇÃO
Extra Articulares
- Epífise
- Placa de crescimento
- Metáfise
- Diáfise
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao tipo:
- Incompleta (galho verde): lesa só uma cortical
- Completa
Direção da linha de fratura:
- Obliqua
- Transversal
- Espiral
-Transversa
- Obliqua
- Helicoidal
- Distração (diastase)
- Cavalgamento (encurtamento)
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao número de fragmentos:
- Cominutiva: múltiplas extensões – fragmentos pequenos
- Dupla
- Simples
Outras denominações de Fraturas
“impactada” – a diáfise é impulsionada para dentro da extremidade esponjosa
“expostas” – tecidos moles sobrejacentes são rompidos
Outras denominações de Fraturas
“fechada” – quando a pele ainda está intacta
“patológicas” – osso é quebrado através de uma área enfraquecida por doença pré-existente, por um grau de esforço que teria deixado intacto um osso normal
Ex.: osteoporose/metástase óssea
Outras denominações de Fraturas
por esforço ou estresse” – o osso também reage ao carregamento repetido, podendo levar à fadiga desenvolvendo uma fenda que pode levar a fratura completa
Ex.: militares/atletas
Biomecânica das Fraturas
Forças internas e externas são geradas ou repelidas pelo corpo
durante as atividades diárias, influenciando se o osso fratura sob
estresse ou não
- Externas: força de reação, atrito, gravidade e forças pelo contato
- Internas: contrações musculares, contatos das articulações e
forças de cisalhamento faz articulações
Saúde musculoesquelética depende da capacidade dos tecidos
biológicos de suportar essas tensões durante as atividades
BIOMECÂNICA DAS FRATURAS
FATORES EXTRÍNSECOS: magnitude, duração e direção das forças atuando sobre o osso, bem como a velocidade com a qual o osso é atingido.
Força – ação ou influência (compressão ou tração) que, quando aplicada a um corpo, tende acelerá-lo ou deformá-lo.
Carga – é uma força sofrida por um corpo Esforço – resistência interna a deformação ou a força interna gerada
dentro de uma substância como resultado da aplicação de uma carga externa
ESFORÇO E FORÇA - CLASSIFICAÇÃO:
Tensão –TRACIONA (puxa) uma substância ou material
rompendo-o
Compressão – COMPRIME (empurra) uma substância ou
material rompendo-o
Cisalhamento – atua em direção paralela ao plano de
absorção de carga do osso
Torção – forças que ocorrem em volta do próprio eixo
longitudinal da estrutura e uma de suas extremidades
permanece fixa
Fatores intrínsecos
É a capacidade de absorção de energia, elasticidade, resistência à
fadiga e densidade.
Capacidade de absorção de energia – energia de
deformação é a energia que um corpo é capaz de absorver
alterando sua forma sob a aplicação de uma carga externa
Modelo de Young e curvas de esforço e
deformação:
deformação elástica – deformação em que quando a carga
imposta é removida, o “tecido” retorna ao comprimento de repouso.
deformação plástica – carga imposta excede o poder de
recuperação do “tecido” deformado, fazendo com que fique
permanentemente deformado.
ponto de ruptura – carga excessiva, chegando ao ponto de falha
do material.
Curva Carga-Deformação
Resistência à fadiga
Material é submetido a esforços repetidos ou cíclicos, podendo falhar, ainda que a magnitude dos esforços individuais seja muito inferior à Resistência Final à Tração (RTF) do material – falha de fadiga
Limite da resistência – maior esforço repetitivo com a qual o material não falha
O osso tem grande capacidade de suporte de carga (10 a 20 vezes o peso), mas geralmente é auxiliado por outros meios que aumentam essa capacidade.
As formas de auxílio podem ser:
dispositivos de proteção EXTERNO – capacetes, coxins, cintos, caneleiras, etc...
massa muscular – a contração muscular pode absorver os impactos diminuindo a sobrecarga sobre o osso.
Ex.: pular com os MMII totalmente estendidos e pular com os joelhos fletidos
Absorção de energia pelo músculo lesões por impacto ou fadiga
músculos fortes fornecem boa proteção contra fraturas
OSTEOPOROSE
CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DE ACORDO COM O
MECANISMO DE LESÃO
TRAUMATISMO DIRETO
- Fraturas por impacto – como principal característica de identificação encontra-se uma linha transversal de fratura e a freqüente constatação de que no antebraço ou na perna apenas um osso está fraturado. Também há pouca lesão de tecidos moles. EX.: chute/golpe
- Fraturas por esmagamento – geralmente acompanhadas por extensa lesão de tecidos moles, ficando o osso extremamente fragmentado ou quebrado transversalmente.
- Fraturas penetrantes – são produzidas por projéteis que podem ser de alta e baixa velocidade.
TRAUMATISMO INDIRETO
- Fraturas de tração ou tensão – mais freqüente na patela,
olecrano e maléolo medial. Na patela e no olecrano, podem
acontecer devido a flexões exageradas do joelho e cotovelo,
respectivamente. Quanto ao maléolo medial pode acontecer por
uma tração do ligamento deltóide em lesões em eversão e rotação
externa do tornozelo.
CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DE ACORDO COM O
MECANISMO DE LESÃO
Fraturas de angulação
Inicia-se com a angulação de umaalavanca, em que encontra-seforças de tensão na parte convexa,uma força de compressão na partecôncava e um plano neutro quenão está nem sobre compressãonem sob tensão. O osso é maisforte em compressão do que emtensão, portanto as fibras daconvexidade falham primeiro,levando mais esforço as fibrasadjacentes. Por esta progressão,uma linha transversal de fratura épropagada.
OUTROS TIPOS
Fraturas rotacionais – a torção faz com que ocorra uma
quebradura que contém uma linha de fratura em espiral que faz
uma rotação completa em torno da circunferência.
Fraturas de compressão ossos longos – como a diáfise dos
ossos longos não são cilíndricos e uniformes, uma compressão axial
raramente produz fraturas nestes ossos, mas quando isso acontece a
diáfise do osso longo é impulsionada para dentro da extremidade
esponjosa, dando origem à fratura em forma de T ou de V.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS FRATURAS
Na maioria das fraturas o diagnóstico é auto-evidente, mas os
seguintes sinais e sintomas isoladamente ou em combinação
devem ser levados em consideração:
Dor espontânea e à palpação – todas as fraturas causam dor
em pessoas neurologicamente intactas, embora a intensidade
possa variar consideravelmente. Ex.: fraturas de compressão
vertebral, fraturas de escafóide e fraturas por fadiga.
Perda de função – devido à dor e a perda de um braço de
alavanca.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS FRATURAS
Deformidade – a hemorragia decorrente de uma fratura geralmente causa aumento perceptível de volume especialmente quando há espasmo muscular intenso.
Atitude – atitude que o paciente adota para minimizar suas dores, principalmente. É geralmente denominada de posição antálgica.
Mobilidade anormal e crepitação – possibilidade de movimentação dentro de um osso longo - fratura.
Lesão neurovascular – necessidade de avaliação da função nervosa periférica e da vascularidade, especialmente nas fraturas supracondilianas do úmero e fêmur.
PRINCIPAL EXAME COMPLEMENTAR
Achados radiológicos – é a prova final de uma fratura. Há algumas armadilhas que devem ser evitadas com os seguintes cuidados:
incidências apropriadas
incluir as articulações em cada extremidade
filmes ruins não devem ser aceitos
fraturas do carpo podem não aparecer imediatamente
fraturas por estresse podem não ser evidentes até o início da dor
Cicatrização Óssea Composta por 3 fases:
- Processo de inflamação
- Reparos
- Remodelamento
Em termos histológicos existem 2 grandes fases:
- Cicatrização primária (cortical): tentativa direta do córtex de se restabelecer
- Cicatrização secundária: respostas no periósteo e tecidos moles (maioria das fraturas realiza esse tipo de cicatrização)
1ª Fase de formação de hematomas
(inflamatória): afluência de células
inflamatórias
2ª Fase de formação de calos moles
(reparatória): formação de TC (tecido
conjuntivo), vasos sanguíneos (angiogênese)
- Entre 7 e 10 dias: formação de osso
reticulado pelo periósteo
- Entre 10 e 14 dias: cartilagem reveste o local
da fratura
- Parte proliferadora externa
Cicatrização Óssea
Cicatrização Óssea
3ª Fase de formação de calos duros (modelagem): formação de
ossos reticulados. Calcificação por meio intramembranoso ou
endocondral
4ª Fase de remodelamento: substituição da cartilagem por osso e
do osso esponjoso em compacto, o calo sofre modelamento
Cicatrização Óssea
Período de imobilização:
- 3 semanas para ossos pequenos
- 8 semanas para ossos maiores das extremidades
- Cicatrização pode durar até um ano
Importante :
- a isometria submáxima deve ser iniciada no período de modelagem
- Após retirada do molde, continuar aplicando esforços
Lei de Wolff ossos se remodelam ao longo das linhas de esforço
Cicatrização Óssea
Fatores determinantes da cicatrização:
Suprimento sanguíneo vasos laterias estimulam formação
de neovasos (angiogênese) caminho para osteogênese
Quantidade de movimento das extremidades das fraturas:
- Se excessivo inibem pois evitam ligações de vasos sanguíneos
- Micromovimentos estimulam o fluxo sanguíneo e formação
de calo periósteo
PRINCÍPIOS BIOMECÂNICOS DOS
DISPOSITIVOS DE FIXAÇÃO
DISPOSITIVOS DE FIXAÇÃO
Biomecânica da fixação está baseada em 2 dispositivos:
- De compartilhamento de estresse
- De proteção contra estresse
DISPOSITIVOS DE FIXAÇÃO
COMPARTILHAMENTO DE ESTRESSE
- Um estresse (tensão ou compressão) transmite cargas parciais ao local de fratura e o micromovimento induzirá à consolidação óssea secundária (formação do calo ósseo)
Ex: GESSO, HASTES e PINOS
PROTEÇÃO CONTRA ESTRESSE:
- Protege o local fraturado contra o estresse e faz com que as extremidades dos ossos fraturados exerça um estresse de compressão sem, em hipótese alguma, ocorrer movimento. Ocorre consolidação primária sem formação de calo ósseo
Ex: PLACAS DE COMPESSÃO, PARAFUSOS.
IMPORTANTE
CONSOLIDAÇÃO COM FORMAÇÃO DE CALO
(SECUNDÁRIA) CURAM MAIS RAPIDAMENTE
QUE AS DE FORMAÇÃO PRIMÁRIA.
DISPOSITIVOS DE FIXAÇÃO:
1) Aparelhos de gesso:
- É um dispositivo de compartilhamento de estresse. Permite a formação de
calo. Geralmente consolidações relativamente rápidas. Imobilizar a
articulação acima e abaixo da fratura para evitar movimentos de rotação e
translação dos fragmentos fraturados.
- Se a fratura for estável (diáfise da tíbia) poderá ocorrer sustentação de
peso precoce. Fraturas oblíquas já não poderão ter descarga de peso.
2) Pinos e Hastes Intra Medulares:
São dispositivos de compartilhamento de estresse, que
permitem a consolidação óssea secundária razoavelmente
rápida.
Proporciona boa fixação e permite as articulações acima e abaixo
da fratura ter livre grau de ADM.
São mais utilizadas em fraturas de diáfisa de fêmur, de tíbia e do
úmero.
TIPOS DE HASTES Podem ser usadas hastes fresadas => possuem grande diâmetro
transversal que a tornam muito forte.
Importante:
poderão prejudicar a irrigação sg no canal intramedular, retardando a consolidação óssea.
Podem ser travadas com parafusos (na transversal), um proximal e outro distal, para impedir: Encurtamento ou rotação do osso fraturado.
Ás vezes podem suportar pequenas cargas, e dependendo da formação do calo ósseo retira-se os parafusos para ocorrer uma compressão melhor.
3) PLACAS DE COMPRESSÃO:
Placas metálicas retangulares e estreitas com superfícies curvas que
se encaixam no osso. São fixadas com parafusos, criando uma
compressão no local fraturado.
Ocorre uma consolidação primária pela rigidez da compressão, fixação e
rigidez anatômica.
Por isso é um processo lento e exige períodos longos sem sustentação (+/-
3 meses) para evitar quebra ou defeito da placa.
Geralmente vem acompanhado por apoio secundário como gesso
ou tala.
4) FIOS e PARAFUSOS:
Fios de kirschner ( fio k) e parafusos são dispositivos
metálicos finos, que proporcionam imobilização parcial com
certo grau de micromovimentos no local fraturado.
Portanto, ocasionarão uma consolidação óssea secundária.
Não há necessidade de fixação (gesso). Após ocorrido a consolidação
óssea são retirados.
Freqüentemente utilizados nas fraturas de tornozelo, patela,
metacarpofalangianas e olécrano.
5) FIXADOR EXTERNO:
Mantêm o alinhamento e comprimento da fratura e permite graus
de mobilidade. Pinos são aplicados acima e abaixo ( ou proximal e
distal ) do local de fratura e unidos externamente para estabilização
da fratura.
Utilizados para fraturas expostas com comprometimento extenso de tecidos
moles. Isso permite que a fratura fique fixada e as lesões de tecidos moles
sejam tratadas (feridas, etc) e os pinos não fiquem em contato direto com a
lesão.
Há perda de movimento da articulação: os pinos podem se afrouxar por isso o
acompanhamento médico é importante.
Também utilizada para ossos de sustentação que perderam massa
óssea.