Aula 2 cânon bíblico

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Cânon Bíblico

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Curso Bíblico com Pe Rogério toda terça e sábado

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Cânon Bíblico

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Cânon Bíblico é a lista de todos os livros da Bíblia. Canôn vem de cana que era usada como metro, medida. Daí a palavra passou a ser usada também como norma, regra de verdade ou de fé.

Os livros da Bíblia foram chamados de “canônicos” a partir do século IV, porque foram reconhecidos como normativos para a fé e a vida dos fiéis.

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Para o Antigo Testamento existem dois cânones:

O Cânon Alexandrino (ou longo): com 46 livros, presentes na Bíblia Católica;

O Cânon Palestinense (ou curto) com 39 livros, presentes nas Bíblias Hebraica e Protestante;

Para o Novo Testamento, o cânon é o mesmo para católicos e protestantes contendo 27 livros.

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Tendo em vista a aceitação ou não no Cânon, os livros da Bíblia são chamados de Protocanônicos e Deuterocanônicos.

Protocanônicos: são os livros presentes nas três Bíblias (Católica, Hebraica e Protestante). Isto é, aqueles livros que foram considerados inspirados por Deus, sempre e por todos.

Deuterocanônicos: são os livros cuja inspiração foi objetos de debates e que são aceitos por um e rejeitados por outros. Encontram-se somente na Bíblia Católica.

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Formação do Cânon

É muito fácil refazer a história do cânon do Antigo Testamento; sabemos que pelo ano de 130 a.C., o tradutor do livro de Eclesiástico do hebraico para o grego sabia da existência de três grupos de livros que eram o tesouro de Israel: a lei, os Profetas e os Escritos.

O primeiro e o segundo grupo já estavam bem definidos. Quanto aos escritos, ainda no tempo de Jesus, havia incertezas. No final do primeiro século depois de Cristo, os rabinos reconheceram que alguns livros “manchavam as mãos” isto é, eram sagrados e depois de manuseá-los era preciso purificar-se.

O Cânon judaico, com 39 livros, foi fixado nos finais do século II d.C. Um dos motivos que contribuiu para isso foi a Igreja Primitiva que usava o texto grego da Bíblia, que continham 46 livros. Portanto, com os sete livros deuterocanônicos, não aceitos pelos judeus.

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Quanto ao cânon da Bíblia Católica, os autores dos livros do Novo Testamento, ao citar textos do Antigo Testamento, usaram todos os livros da Bíblia Grega, inclusive os deuterocanônicos. A Igreja Primitiva, portanto, considerou inspirados por Deus os 46 livros da Bíblia Grega e não apenas os 39 livros da Bíblia Hebraica.

A formação do cânon no Novo Testamento também é complexa. O anônimo autor da Segunda Carta de Pedro fala das coleções de cartas de cartas de Paulo, colocando-as ao lado das “outras Escrituras”

“Ele trata disso também em todas as suas cartas, se bem que nelas se encontrem algumas coisas difíceis, que homens sem instrução e vacilantes deformam, para a sua própria perdição. Aliás, é o que fazem também com as demais Escrituras” (2Pd 3,16)

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Não sabemos quantas e quais cartas ele conhecia. São Justino, nos meados do século II depois de Cristo, afirma que os cristãos liam, nas assembléias litúrgicas, as “memórias dos apóstolos”, isto é, os Evangelhos.

A lista dos livros do Novo Testamento mais antiga que possuímos é o chamado Cânon de Muratori,, no final do século II d.C. Nela faltam Hebreus, Tiago, as duas cartas de São Pedro e a Segunda e Terceira Cartas de João.

Um dos fatores que pode ter contribuído para a fixação do cânon no Novo Testamento foi o herege Marcião que, em sua igreja, rejeitou todos os livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento e admitiu apenas o Evangelho de Lucas e as dez cartas de Paulo. Por isso alguns concílios locais, como os de Hipona em 393 d.C e os de Catargo em 397 e 419 d.C, aprovaram listas de livros do Antigo e do Novo Testamento, que coincidem com os cânons atuais.

Mas o primeiro Cânon oficial da Igreja é o do Concílio Ecumênico de Florença em 1441, sob o papa Eugênio IV. Porém, a declaração definitiva do cânon bíblico só aconteceu em 1946, na IV sessão do concílio de Trento. Ali Definiu-se co cânon do Antigo Testamento com 46 livros e do Novo Testamento com 27 livros.

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Critérios de CanonidadeComo a Igreja tem certeza que esses livros são

canônicos? Sem dúvida, não foi por uma revelação especial. O Concílio Vaticano II diz que: “mediante a Tradição a Igreja conhece o cânon inteiro dos livros sagrados” (DV 8). Isso significa que, no processo de reconhecimento do cânon, está implícita a ação do Espírito Santo que, segundo Jesus, levará a Igreja à Verdade Total. O mesmo Espírito, que inspirou os autores sagrados a escrever, guia também a Igreja para reconhecer quais livros são inspirados ou não. Além da ação do Espírito Santo, existem outros critérios secundários.

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Para os judeus, um livro era inspirado e, portanto, canônico, se fosse escrito por um profeta, em hebraico e em Israel. Por isso os livros chamados deuterocanônicos não foram aceitos pelos judeus. Ou porque foram escritos em grego, ou fora de Israel ou por uma pessoa que não era considerada profeta. Já os cristãos olharam a prática de Jesus e dos apóstolos, o uso litúrgico e a sua conformidade com a fé. Os livros que não são inspirados e não fazem parte de nenhum cânon são chamados Apócrifos.

Apócrifos: livros escritos no tempo dos demais mas que não foram escritos sobre a inspiração de Deus e por isso, não pertence ao livro da Bíblia.

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Os LivrosOs cânones, ou lista, dos livros sagrados para cristãos, protestantes e judeus estão demonstrados nas tabelas a seguir:

Obs.: Os livros sublinhados são aqueles que ocupam lugares diferentes nos três cânones. Os escritos em negrito são

deuterocanônicos.

Antigo TestamentoBíblia Católica Bíblia

ProtestanteBíblia

Hebraica

Pentateuco Pentateuco Lei

GênesisÊxodo

LevíticoNúmeros

Deuteronômio

GênesisÊxodo

LevíticoNúmeros

Deuteronômio

GênesisÊxodo

LevíticoNúmeros

Deuteronômio

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Bíblia Católica Bíblia Protestante Bíblia Hebraica

Históricos Históricos Profetas Anteriores

JosuéJuízesRute

1 e 2 Samuel1 e 2 Reis

1 e 2 CrônicasEsdras

NeemiasTobiasJuditeEster

1 e 2 Macabeus

JosuéJuízesRute

1 e 2 Samuel1 e 2 Reis

1 e 2 CrônicasEsdras

Neemias

Ester1 e 2 Macabeus

JosuéJuízes

1 e 2 Samuel1 e 2 Reis

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Bíblia Católica Bíblia Protestante

Profetas Profetas

IsaíasJeremias

LamentaçõesBaruc

EzequielDanielOséias

JoelAmósAbdiasJonas

MiquéiasNaum

HabacucSofonias

AgeuZacarias

Malaquias

IsaíasJeremias

Lamentações

EzequielDanielOséias

JoelAmósAbdiasJonas

MiquéiasNaum

HabacucSofonias

AgeuZacarias

Malaquias

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Novo TestamentoBíblia Católica Bíblia

ProtestanteHistóricos Históricos

Evangelho de Mateus

Evangelho de Marcos

Evangelho de Lucas

Evangelho de JoãoAtos dos Apóstolos

Evangelho de Mateus

Evangelho de Marcos

Evangelho de LucasEvangelho de JoãoAtos dos Apóstolos

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Bíblia Católica Bíblia ProtestanteDidáticos Didáticos

Cartas aos RomanosI Carta aos CoríntiosII Carta aos Coríntios

Carta aos Gálatas Cartas aos Efésios

Cartas aos FilipensesCartas aos Colossenses

I Carta aos TessalonicensesII Carta aos Tessalonicenses

I Carta a TimótioII Carta a Timótio

Carta a TitoCarta a Filêmon

HebreusCarta de Tiago

I Carta de PedroII Carta de PedroI Carta de JoãoII Carta de JoãoIII Carta de João Carta de Judas

Cartas aos RomanosI Carta aos CoríntiosII Carta aos Coríntios

Carta aos Gálatas Cartas aos Efésios

Cartas aos FilipensesCartas aos Colossenses

I Carta aos TessalonicensesII Carta aos Tessalonicenses

I Carta a TimótioII Carta a Timótio

Carta a TitoCarta a Filêmon

HebreusCarta de Tiago

I Carta de PedroII Carta de PedroI Carta de JoãoII Carta de JoãoIII Carta de João Carta de Judas

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Bíblia Católica Bíblia Protestante

Proféticos Proféticos

Apocalipse Apocalipse(Revelação)

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A Inspiração

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Por “inspiração” entendemos a ação particular de Deus sobre algumas pessoas.

Deus inspirou algumas pessoas para AGIR. Por exemplo: Abraão, Moisés e muitos outros;

Inspirou outras para FALAR. Por exemplo, os profetas

Inspirou outros para ESCREVER. Esses são os hagiógrafos, ou autores sagrados, que escreveram a Bíblia.

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Ao falar de Inspiração da Sagrada Escritura, entende-se inspiração para escrever a Bíblia. A Igreja herdou dos judeus a crença que seus livros sagrados foram escritos por inspiração divina.

Não existem, no Antigo Testamento, textos explícitos que falem da inspiração divina. Porém, à proporção que os livros do Antigo Testamento se formavam, crescia sempre mais, entre os judeus, a crença na inspiração divina.

Assim, o rei Josias fez uma grande reforma religiosa em Judá, baseando no livro da Aliança, encontrado no Templo em Jerusalém (2Rs 23) . Sabemos, hoje, que esse livro é o Deuteronômio.

Esdras leu ao povo “o Livro da Lei de Moisés que o Senhor mandou a Israel”. Esse livro de Moisés, hoje, é identificado com todo o Pentateuco. Os rabinos chegaram a afirmar que a Torá (o Pentateuco), tinha sido escrita pelo próprio Deus, antes da criação do Mundo. Por acreditar na origem divina de seus livros sagrados, os judeus ficaram conhecidos como “Povo do Livro”.

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Tanto Jesus como os apóstolos acreditavam que as Escrituras eram livros sagrados. Várias vezes encontramos afirmações de que Deus ou o Espírito Santo falou através de Moisés, de Davi ou dos Profetas.

É certo que, para Jesus e para a Igreja Primitiva, as Escrituras são livros sagrados onde se encontra a palavra de Deus.

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O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Dei Verbum (III, 11), diz:

“As verdades divinamente reveladas que estão contidas e expressas nos livros da Sagrada Escritura

foram escritas por inspiração do Espírito Santo. A Santa Mãe Igreja, por fé apostólica, considera

sagrados e canônicos todos os livros inteiros, seja do Antigo como no Novo Testamento com todas as suas

partes, porque escritos por inspiração do Espírito Santo, tem Deus por autor e como tais foram dados a Igreja. Para a composição dos Livros Sagrados, Deus

escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, afim de

que, Ele agindo neles, escrevessem como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele queria

que fossem escritos”

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Resumindo, Deus é o autor da Bíblia. Mas, para dirigir o texto, serviu-se de homens. Por isso, a Bíblia é um livro divino e humano.

Mas como entender a inspiração? Alguns afirmam que a inspiração é um dom natural, como oratória, a pintura, a culinária e entre outras. Para outros é um dom sobrenatural, um carisma divino, concedido a quem Deus escolheu.

A principio, entendeu-se a inspiração como sendo um DITADO. Deus teria ditado, palavra por palavra, e o autor humano teria escrito tudo com fidelidade. Para outros, Deus teria inspirado apenas a MENSAGEM, as idéias, deixando ao homem a expressão verbal das mesmas.

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Hoje com base em vários documentos da Igreja, entendemos a inspiração com a explicação da “CAUSA INSTRUMENTAL”, isto é, Deus é a causa principal e primeira na composição da Bíblia. Foi Ele quem moveu os homens a escrever. O homem é a causa instrumental, isto é, o instrumento de Deus para escrever o texto. Quando escrevemos, a ação é da caneta ou do lápis. Mas eles não escrevem sem a nossa contribuição. Assim o resultado de um texto é da pessoa e também da caneta.

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Porém, o homem não pode ser comparado à caneta ou a qualquer outro instrumento, porque ele possui vontade própria, imaginação, memória, fantasia e etc. Não é um instrumento passivo e inerte na mão de Deus. É sim, um instrumento, mas um instrumento ativo, e por isso escreveu, como verdadeiro autor, tudo o que o autor principal, Deus, queria. A Bíblia é, pois, um livro divino porque Deus é seu autor principal, mas também um livro humano, pois é fruto da ação do homem.

A inspiração incide sobre todas as faculdades do escritor, imaginação, conhecimento, memória, vontade e faculdades executivas. Porém, cada autor humano continuou filho do seu tempo, de sua cultura e escreveu com os conhecimentos que possuía. O texto bíblico reflete o estilo e a cultura de cada autor humano. Não existe livro mais inspirado que outro. Existem, sim, autores humanos diferentes entre si, vivendo em épocas e lugares diferentes, com graus de cultura diferentes. Os “erros” de história, geografia, ciências e outros que encontramos na Bíblia se devem a limitação dos autores humanos

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Sabemos que a Sagrada Escritura é obra de muitas pessoas. Todas elas, desde que influíram no texto sagrado, foram inspiradas, mesmo que a contribuição do autor tenha sido uma frase, um retoque. Do mesmo modo, todos os livros inteiros são inspirados. A inspiração atinge a totalidade da Bíblia e não só algumas partes mais importantes.

A conseqüência mais importante da inspiração é que a Bíblia, por ter Deus como autor principal, não pode conter erro algum, até pouco tempo atrás falava-se de IERRANCIA , isto é, a ausência de erro na Bíblia. Mas basta ler alguns textos para se notar uma série de erros nos mais diversos assuntos. Hoje após o Concilio Vaticano II, fala-se de VERDADE BÍBLICA. A Bíblia não é um livro de história, nem de ciências naturais ou de psicologia.

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A Verdade que a Bíblia quer ensinar é religiosa, importante para nossa salvação. Portanto, não devemos procurar nela outras verdades. Os erros que ela contem são devidos aos conhecimentos limitados de seus autores humanos. Aliás, não deveríamos falar em erros mas em ignorância. O erro existe quando, sabendo a verdade, se ensina o falso. A ignorância consiste em não saber e em não afirmar . Os autores humanos não pretendiam ensinar o falso, mas ignoravam muitas coisas que nós hoje conhecemos.

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A verdade bíblica não deve ser buscada em apenas um versículo, parágrafo ou capitulo da Bíblia. Deve ser buscada na sua totalidade. Porque Deus não se revela de uma só vez. Mas o faz aos poucos, à proporção que o homem pode compreender. Houve um progresso na revelação e na pedagogia divina. Por isso a moral do Antigo Testamento é imperfeita em comparação com a moral evangélica. O próprio mistério de Deus vai se esclarecendo pouco a pouco. A Abraão, Deus se revela como um entre muitos outros deuses. A Moisés, como o único Deus. Somente Jesus nos revela o mistério profundo de Deus Uno e Trino. Portanto, é preciso tomar a Bíblia na sua totalidade para conhecer a verdade que Deus quis que fosse escrita para a nossa Salvação