Aual 16 -

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Gestão da Cadeia de Suprimentos Aula 16 Avaliação de riscos e o planejamento de conngências Objevos Específicos • Estabelecer critérios para avaliação de uma visão de médio e longo prazo na operação de cadeias de suprimentos e demonstrar a necessidade de planejamento de conngências na configuração da rede. Temas Introdução 1 Caracterizando o risco em cadeias de suprimentos 2 Idenficação e mensuração de riscos em supply chain management (SCM) 3 Estratégias de migação e conngenciamento em SCM Considerações finais Referências Ricardo Souza Cerqueira Professor

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  • Gesto da Cadeia de Suprimentos

    Aula 16

    Avaliao de riscos e o planejamento de contingncias

    Objetivos Especficos Estabelecer critriosparaavaliaodeumavisodemdioe longoprazo

    na operao de cadeias de suprimentos e demonstrar a necessidade deplanejamentodecontingnciasnaconfiguraodarede.

    Temas

    Introduo

    1Caracterizandooriscoemcadeiasdesuprimentos

    2Identificaoemensuraoderiscosemsupply chain management (SCM)

    3EstratgiasdemitigaoecontingenciamentoemSCM

    Consideraesfinais

    Referncias

    Ricardo Souza CerqueiraProfessor

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    Introduo

    A noo de risco sempre esteve associada atividade humana, desde a Pr-Histria

    nabuscaporalimentoeabrigo,quandoentoseexpunhaaperigosdeenfrentamentodas

    condiesclimticasadversasedosanimaisferozes,atosdiasatuais,emqueasconsequentes

    de viver em sociedades extremamente complexas nos expem a riscos associados ao

    desabastecimento ou violncia urbana. Particularizando nosso estudo no entendimento

    do funcionamentodascadeiasdesuprimentos,percebe-sequeexistemmuitas formasde

    risconesta,tantoosinternossempresasparticipantesquantoosriscosexternos,inerentes

    aomercadoeaoambientesociopoltico,equepodemafetaracapacidadedaempresade

    mantersuasoperaesecontinuarservindoseusclientes.

    Aolongodestanossaaula,vamostentarentenderasformaseosimpactosdosriscos

    nascadeiasde suprimentoseestudaralgumasdas formascapazesdemitigarosefeitos

    dessasocorrncias.

    1 Caracterizando o risco em cadeias de suprimentos

    Empresas inovadoras e bem-sucedidas tm buscado o desenvolvimento de novas

    formasdeorganizaocapazesdesatisfazerasdemandasdemercadosaltamenteexigentes

    edevenceracompetiopelaprefernciadessesclientesatravsdodesenvolvimentode

    estratgiasdecadeiasdesuprimentosgerenciadasdeformaestratgicaeintegrada.

    Essaformadeorganizaraproduoeadistribuiodeformamaiseficazeeficientesempre

    envolveaterceirizaodeoperaesefrequentementetambmousodefornecedoresem

    basesmundiais.Essasformassempreseconstituememcomponentes-chavenacriaode

    valorparaocliente,entretantoexpemessasmesmasorganizaesamltiplosambientes

    denegcios,cadavezmaisturbulentos,easexpemavriosriscoscausadoresdepresses

    edesafiosemescalasnuncaantesimaginadas.

    Segundo Hendricks e Singhal (2003), isso ocorre porque no desenvolvimento de

    estratgias focadas em eficincia e em reduo de custos, as organizaes costumam

    ignorarousubestimarosriscosprovenientesdesuasdeciseseestratgias,porexemplo,da

    possibilidadedeocorrnciademanifestaessociaisaoredordomundo.Outraformaderisco

    subestimadosoosdecorrentesdosdiversoseventosnaturaisqueocasionamparalisaes

    daproduoedofluxodesuprimentos.

    Adificuldadeemseperceberemeavaliaremcorretamenteosriscosassociadosauma

    decisoemcadeiasdesuprimentopossivelmentedecorreda faltadeentendimentoedas

    tcnicas de avaliao de riscos, que, apesar de serem bem consolidadas nomercado de

    segurosedefinanas,somenterecentementeforampadronizadaseestendidasparaoutras

    reasdaatividadeempresarial.

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    Segundo Figueiredo (2010) e Bowersox et al. (2006), riscos de ruptura devem seranalisadosdesdeaconcepoeoprojetodacadeiadesuprimentos,inclusivecomautilizao

    deferramentasdesimulaoedepesquisaoperacionaldeformaqueasmelhoressolues

    sejamencontradas.

    1.1 A evoluo histrica do conceito de risco

    Paramelhorentendermosemqueconsisteumaavaliaoderisco,vamosaproveitar

    para revisar como esse conceito evoluiu ao longo do tempo. Atualmente o conceito de

    riscoestassociadonoodeperigo;probabilidadeoupossibilidadedeperigo:estarem

    condioderisco.

    Segundo Freitas e Gomez (1997), nas antigas civilizaes o privilgio de realizar

    previseseraprivativodosorculoseadivinhos,eoseventoseramcompreendidoscomo

    manifestaesdaprovidnciadivina.SegundonoscontaBernstein(1997),adescobertada

    teoriadasprobabilidadesem1654pelomatemtico francsBlaisePascalemcolaborao

    com o tambmmatemtico francs Fermat mudou o sentido determinstico do risco de

    divinoparaocampodeestudodamatemtica.Aanlisederiscoatualmentefundamenta-se

    integralmentenosconceitosemanadosdessateoria.

    Outrasevolues sobreoconceitode risco foramtrazidaspelosestudosdeBernoulli

    em1711,queenunciouaLeidosGrandesNmeros,aqualnospermiteobtereentender

    a amostragem de grandes populaes, Moivre, em 1738, que enunciou os princpios da

    distribuionormal,edeBayes,em1738.Maisadiante,em1763,Bayespublicouseutrabalho

    sobrecomoatualizarhiptesespreexistentesmedidaquenovasinformaessocoletadas.

    SegundoFreitaseGomez(1997),asprofundasalteraestecnolgicasprovocadaspela

    RevoluoIndustrial,queiniciouporvoltadoanode1760,deramincioaosgrandesprocessos

    deindustrializao,queprosseguiramatnossosdias,substituindootrabalhohumanopela

    mquina.Essesmesmosprocessostambmfizeramsurgirnovosriscos,diferentesemtermos

    decaractersticasemagnitudedosencontradosnopassado.Esseprocessodetransformaes

    dosriscosteveimplicaesdiretaseindiretasnoscustosdasindstrias,sendofundamentais

    paraqueaanlisederisco,incluindoseugerenciamento,emergissecomodisciplinacientfica.

    DesdeoinciodosculoXIX,otermoriscotemsidoadotadopelasindstriasdeseguros,

    inicialmentenaInglaterra,edepoisemtodoomundodesenvolvido,sempreseservindode

    modelosmatemticosparaoclculodoriscototaldeumacarteiradeativos.

    Desde a dcada de 1960, graas ao desenvolvimento tecnolgico e ao aumento do

    tamanhoedograudeinternacionalizaodasorganizaes,oriscoeseugerenciamentose

    tornaramobjetodegrandeinteresseparaaamplacomunidadedenegcios.

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    Realizaram-seestudosmaissistemticossobreriscos,marcadostantopormultiplicidade

    de abordagens terico-metodolgicas quanto por temas de investigao e com ampla

    variedade demedies e interpretaes. Tal multiplicidade contribuiu para que os riscos

    passassemaservistoscomoalgomultifacetadoquenopodesercaptadoatravsdeuma

    nicaviso.

    1.2 NBR ISO 31000 Gesto de riscos

    Hojeaanlisede riscoconta,porexemplo, comospadresemanadosdanorma ISO

    31.000 Enterprise Risk Management International Organization for Standardization

    (organizaointernacionaldepadres);umaorganizaosemfinslucrativosquerenea

    maioriadosinstitutosnormatizadoresdevriospases;noBrasil,aAssociaoBrasileirade

    NormasTcnicas(ABNT)ainstituionormatizadoraoficialeassociadaISO;anorma

    ISO31000EnterpriseRiskManagement(gerenciamentoderiscoempresarial)possuiaverso

    oficialdaABNT(queaNormaNBRISO31000),queopadroadotadopelamaioriadas

    organizaesbrasileirasparaanliseegestoderiscos.Segundoessanorma,asorganizaes

    detodosostiposetamanhosenfrentaminflunciasefatoresinternoseexternosquetrazem

    incerteza em relao a se e quando atingiro seus objetivos. O efeito que essa incerteza

    temsobreosobjetivosdaorganizaochamadoderisco.Aindasegundoamesmanorma:

    Todasasatividadesdeumaorganizaoenvolvemrisco.Asorganizaesgerenciamorisco,

    identificando-o,analisando-oe,emseguida,avaliandoseoriscodevesermodificadoporseu

    tratamentoafimdeatenderaseuscritriosderisco.Aolongodetodoesseprocesso,elas

    comunicameconsultamaspartesinteressadasemonitorameanalisamcriticamenteorisco

    eoscontrolesqueomodificam,afimdeassegurarquenenhumtratamentoderiscoadicional

    sejarequerido.Estanormadescreveesteprocessosistemticoelgicoemdetalhes(ABNT

    NBRISO31.000,2009).

    1.3 Riscos em cadeias de suprimentos

    Asorganizaeseascadeiasdesuprimentosso,pornatureza,suscetveisaeventosde

    riscos,eKraljic(1983)enfatizouaimportnciadeseconsideraremosriscosoriundosdefluxos

    interconectadosdemateriais, informaesefinanasnas relaes interempresariais.Uma

    grandequantidadedaliteraturarecenterelataeventosqueperturbaramouinterromperam

    cadeiasdesuprimentoseseusimpactosnegativosnosnegcios.

    Cadeias de abastecimento globais so suscetveis amaiores riscos do que as cadeias

    deabastecimentodomsticas,devidoainmeraspossibilidadesdeligaesouinterconexo

    emumaamplarededeempresas.Essasligaesourelacionamentoscomerciaissosujeitos

    arompimentos,falncias,avarias,mudanasmacroeconmicasepolticas,eaosdesastres

    naturaisquenosomenteconduzemamaioresriscos,comotambmdificultamenormemente

    aidentificaoeagestoderiscos.

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    SegundoBarry (2004),emse tratandodecadeiasde suprimentosglobais, aempresa

    poderoptarporseestabeleceremdeterminadopas,quandooambientemundialestiver

    relativamentecalmo,eentoobterocustogeralmaisbaixoqueseusconcorrentes,entretanto

    poderteromaisaltonvelderiscosequaisquerdosmltiplosfatoresquepodemafetara

    estabilidadedacadeiadesuprimentosglobalforemretorcidos.

    Chopra e Sodhi (2004) afirmamque amaioria das empresas desenvolve planos para

    se proteger contra os riscos de baixo impacto que so recorrentes em suas cadeias de

    suprimentos.Muitas,noentanto,ignoramosriscosdealtoimpactoou,ainda,osriscosde

    baixaprobabilidadedeocorrncia.

    Aocompreenderavariedadeeainterconectividadedosriscosdacadeiadeabastecimento,

    osgestorespodemadaptarasestratgiasdereduoderiscosequilibrada,quesejaeficaz

    paraaproteodesuasempresas.Hauser(2003),propeque,noambientecadavezmais

    complexo de hoje, o risco ajustado de gerenciamento da cadeia de suprimentos pode se

    traduziremummelhordesempenhofinanceiroevantagemcompetitiva.

    SegundoChristopherePeck(2004),eManujeMentzer(2008),possvelsegmentaros

    riscosnacadeiadesuprimentosemquatrocategorias:deoferta,demanda,operacionaise

    associadossegurana/integridadedascargas.

    Risco de ofertaOudefornecimento,adistribuioderesultadosrelacionados

    aoseventosadversosnoabastecimentoquepodemafetaracapacidadedaempresa

    focalematenderademandadocliente,tantoemtermosdequantidadequantode

    qualidade,dentrodoscustosprevistosetempo,ouriscosquepossamrepresentar

    ameaasvidaeseguranadosclientes,taiscomocontaminaesnodetectadas

    nasmatrias-primas.

    Risco de demandaadistribuiodeprobabilidadesdeocorrnciadeeventos

    relacionadosasituaesadversasnosfluxosdeentregademercadoriasquepossam

    afetaracapacidadedaempresafocalementregarospedidosdeclientesqueesto

    colocados em suas mos na quantidade, na qualidade, no prazo, no preo e na

    variedadedesejadospelocliente.

    Risco operacionaladistribuiodeprobabilidadesdeocorrnciadeeventos

    relacionadosasituaesadversasquepossamocorrernoespaointernodaempresa

    focalequepossamafetarsuacapacidadedeproduzirbenseserviosemqualidade,

    custo,prazoerentabilidadeadequados.Essetipoderiscotambmestrelacionado

    com falta de flexibilidade no processo produtivo, dependncia de base nica de

    fornecimento,tecnologiadeinformaoinadequada,lead time longonolanamento

    denovosprodutoseperdasdepessoasqualificadas.

    Risco associado segurana/integridade das cargas a distribuio de

    probabilidades de ocorrncia de eventos relacionados a situaes adversas que

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    possamameaarseus recursoshumanos, integridadedasoperaesedossistemas

    deinformaocontribuindo,ento,paraaocorrnciadeviolaesdecarga,roubode

    dados,roubodesegredosindustriaisnopatenteados,vandalismo,crimeesabotagem.

    SegundoGhoshal(1987),osriscosemcadeiasdesuprimentospodemserclassificadoscomo:

    Riscos macroecnomicos: associados a mudanas econmicas significativas nos

    salrios,taxasdejuros,taxasdecmbiooupreosdosinsumosrelevantes.

    Riscos polticos:associadosaaesinesperadasdosgovernosnacionais.

    Riscos competitivos:soassociadossincertezassobreatividadesdosconcorrentes

    nosmercadosexternos.

    Riscos associados com as diferenas de exigncias: de determinados mercados

    sobreos requisitos deprodutos,matrias-primasou tecnologias queno tenham

    sidopreviamenteconsideradosnoprojetodacadeiadesuprimentos.

    SegundoManuj e Mentzer (2008), os eventos de risco mais temidos pelos gestores

    de cadeias de suprimentos globais so os associados a mudanas nas taxas de cmbio,

    variabilidadedo tempode trnsito,erros sistemticosdeprevises,qualidade, segurana,

    interrupodosnegcios,sobrevivncia,perdadecontrolesobreosestoquesousobreos

    direitosdepropriedadedestes,diferenasculturais,dependnciaeoportunismodosvrios

    participantesdacadeiadesuprimentos,flutuaodopreodopetrleo,eeventosderisco

    quepossamafetarseusfornecedoreseclientes.

    Gesto de riscos da cadeia de suprimentos trata da identificao e da avaliao dos

    riscose,consequentemente,depossveisprejuzosnacadeiadeabastecimentoglobaleda

    introduodeestratgias capazesdeevitaroupelomenosmitigarosefeitosdoseventos

    adversos.Aaplicaodasestratgiasadequadasedeumaabordagemcoordenadaentreos

    membrosdacadeiadesuprimentostornapossvelreduzirumoumaisdosseguintesriscos:

    perdas,velocidadedeocorrnciadoevento,velocidadedasperdas,tempoparaadeteco

    doseventosnegativos,frequnciaouexposioaesseseventos.

    Tambmimportantedestacarquenaintroduodeestratgiasdegerenciamentodos

    riscosnascadeiasdesuprimentossejamconsideradososimpactosdasmedidasdepreveno

    sobreosresultadoserentabilidadedesejados.

    2 Identificao e mensurao de riscos em supply chain management (SCM)

    Aprimeiraetapadaimplantaodeestratgiasdegestoderiscosdeveseraidentificao

    dosriscos.Nessaetapa,realizam-seasatividadesdelevantamentodasfontesderiscoscom

    asdevidascaracterizaesehoobjetivodescobrirtodososriscosrelevantesnacadeiaem

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    estudo.Issoimplicaaelaboraodeumjulgamentoprecocequepossaauxiliarnadeciso

    sobreseumriscopodeserconsideradorelevanteecontinuaraseravaliadoouno.Segundo

    orientaaNBRISO31.000,aidentificaoderiscosdeveseguirumaabordagemholstica,com

    observaoampladetodososprocessosparaidentificarpontosfracos,ameaaspotenciaise

    todasasvulnerabilidadesrelevantes.

    Segundo Craighead et al. (2007), as empresas ou cadeias precisam desenvolver acapacidadedeefetuaranlisesprecoces,demodoqueos riscospossamserdevidamente

    avaliados.Dessaforma,osriscosrelevantespodemserreconhecidosantecipadamente,eas

    aesdemitigaopodemsermaisbemdesenvolvidas.

    De qualquer forma, devido grande complexidade das operaes de uma cadeia de

    abastecimento, a capacidade de identificao dos riscos requer profundo conhecimento

    daempresasobreoscomponenteseasoperaesmaiscrticasnoquediz respeitoaseu

    processoprodutivoefornecedores,afimdeconcentraresforosnasreasmaisvulnerveis

    decadaoperao.Operaescrticasemlogsticageralmenteestopresentesematividades

    em que uma falha tem enorme dificuldade para recuperao imediata. Um exemplo de

    operaocrticapodeseroembarquedeumamercadoriacujafontedeproduonica

    e est localizada em um ponto distante, onde qualquer dano mercadoria seguramente

    produzirfaltadeestoqueemdeterminadomercado.

    Asegundaetapa,denominadaavaliaodosriscos,consistenaseleoenapriorizao

    dosriscosquesejamconsideradosmaisrelevantesparaobomfuncionamentodacadeia.Logo

    aps,deve-seestimaraprobabilidadedeocorrnciadecadarisco,bemcomoavaliarasperdas

    potenciaiseosimpactossobreodesempenhodacadeiadesuprimentoscomoumtodo.

    A terceira etapa do processo de gesto de riscos, denominada controle dos riscos,

    consisteemestabelecerpropostasouestratgiasparamitigaoecontingnciadosriscos.

    Asatividadesdemitigaodorisco,ouseja,tomadasantesdeoeventoindesejvelocorrer,

    fazem uso dos dados coletados na etapa anterior para avaliar as aes propostas para o

    enfrentamentodosriscospotenciaisedocustodessasaesemtermosdedesempenhoda

    cadeia.Damesmaforma,soconcebidososplanosdecontingnciaouconjuntodeaesa

    seremadotadasapsaocorrnciadoeventoobjetodaavaliaoderisco.SegundoChoprae

    Sodhi(2004),paracadariscorelevante,umaestratgiaapropriadademitigaoeumplano

    decontingnciaprecisamserdesenvolvidoseexecutados.

    Segundo Zsidisin e Ritchie (2009), a etapa de controle de riscos composta pelo

    monitoramento dos riscos e pela avaliao do impacto da mitigao dos riscos sobre os

    resultadosdedesempenhodacadeiadesuprimentos.

    Com relao ao monitoramento dos riscos, considera-se que as aes de mitigao

    dos riscos podem ser eficazes ao diminuir ou eliminar a possibilidade de ocorrncia dos

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    eventosindesejveisdestacadosnafaseanterior,oueficientesnamedidaemqueasaes

    demitigaopossamtransformaressamesmaocorrnciaemalgomensurvelemtermosde

    perdafinanceirae,portanto,objetodeseguros.

    Naavaliaodoimpactodamitigaodosriscossobreosresultadosdedesempenhoda

    cadeiadesuprimentosdevem-seutilizarmedidasfinanceirasenofinanceirasdeformaa

    apoiaradequadamenteoprocessodedecisosobreosplanosdemitigaoecontingncia.

    3 Estratgias de mitigao e contingenciamento em SCM

    Algumas das estratgias de mitigao ou de contingenciamento podem at ser

    muito simples, como aumento de preo dos produtos no nvel do varejo ou limitao de

    unidadesvendidasparacadacliente,quepodemresolverumainesperadavariaopositiva

    da demanda. Diminuio de preos atravs promoes pode, em certa medida, resolver

    problemasassociadosaosriscosdevariaonegativadademanda,entretantoasestratgias

    depreopodemfacilmenteimpactarnafidelidadedoclienteeabrircaminhoparaasaes

    daconcorrncia.

    Outras estratgias, mais complexas, podem mitigar os efeitos tanto de variao da

    demandaquantoderiscosdecorrentesdasoperaes.Algumasdessasestratgiasso:

    O uso de estratgias de postergao, ou postponement: a postergao ou oadiamentoimplicaatrasarocomprometimentorealderecursoscomoobjetivode

    aumentaraflexibilidadenasoperaes.Asaesdepostergaovisamespecialmente

    reduodeestoques, tanto retardandoomomentoemqueasmercadorias so

    distribudasparaovarejoquantoretardandoafinalizaodamontagemdoproduto

    omximopossvel,eventualmenteparauminstanteposterioraopedidodocliente.

    Esse aumento da flexibilidade tambm auxilia na reduo dos riscos associados

    demanda na medida em que aumenta a flexibilidade no uso dos estoques e

    diminuiapossibilidadederiscosnasoperaesdeproduoaorealizaroperaes

    externamentesinstalaesdaempresafocaldarededesuprimentos.Valedestacar

    queasoperaesdepostponementexigemgrandesinvestimentosemequipamentos

    etreinamentodepessoaldeterceiros,enemsemprepossuirecursostecnolgicos

    queaviabilizem.

    Estratgia de especulao:tambmchamadadetomadaderiscoseletiva,uma

    estratgiadegestoderiscodoladodademanda.SegundoBucklin(apud MANUJ;

    MENTZER,2008),oprincpiodaespeculaosustentaqueastransformaespara

    afinalizaodoprodutoeoenviodasmercadoriasnadireodo varejodevam

    ocorrer antecipadamente, obtendo-se ganhos de escala em transportes e no

    sistema de comercializao. Isso inclui enviar mercadorias para estocagem em

    outrospases,compraantecipadadeprodutosacabadosematrias-primas,tudo

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    isso em antecipao da demanda futura. Naturalmente a adoo bem-sucedida

    dessa estratgia requer sistemas acurados de previso da demanda e situaes

    relativamenteestveiseconomicamente.

    Hedging:umaestratgiadegestoderiscodoladodaoferta.Emumcontextodecadeiade fornecimentoglobal,acoberturado riscoobtidaatravsda formao

    de uma carteira globalmente dispersa de fornecedores e instalaes, de modo

    queumnicoevento,talcomoasflutuaesdecmbiooudesastresnaturais,no

    possaafetartodasasentidadesaomesmotempoounamesmamagnitude.Esta

    consideradacomoumaestratgiadealtocusto,poisenvolveacriaodevriasopes

    paracadaumadasvariveisedeciso.SegundoBergeret al.(2004),desenvolveremanterduplafontedematrias-primasumaestratgiaquepodeserusadacomo

    umhedge contra riscosdequalidade,quantidade, interrupo,preo, variaode

    desempenhoeoportunismo,maspode requerermaiores investimentos doque a

    simplesterceirizaodaoperao.

    Controle/compartilhamento/transferncia:nessaestratgiabuscam-seocontrole,

    aparticipaoouatransfernciadosriscosatravsdeaesdeintegraovertical,

    contratoseacordos.Aintegraoverticalaumentaacapacidadedeummembrode

    umacadeiadeabastecimentoparacontrolarprocessos,sistemas,mtodosedecises.

    Aintegraoverticalpodeassumirumaformadecontroledasoperaesconsiderando

    ofluxodaempresafocaltantoparaafrente,nadireodosconsumidores,quanto

    paratrs,emqueoobjetodaintegraosoosfornecedores.Aliteraturasugereque

    aintegraotambmpodeserusadaparacriarbarreirasentradadecompetidores

    nomercadoouparaevitarmobilidadedeparceirosparaoutrasredesdesuprimentos.

    Atticadeescrevercontratosespecficosparacompartilharoutransferirriscospode

    ser empregada como uma alternativa integrao vertical. Partilha e transferncia de

    riscos ocorrem por meio da terceirizao ou da elaborao de contratos flexveis, com

    clusulasqueestipulamocompartilhamentodasresponsabilidadesnocasodeocorrerem

    noambientedenegciosqueafetemodesempenhodacadeiadesuprimentos.Apartilha

    eatransfernciadoriscopodemocorreremcadeiasdesuprimentosacurtoprazooucom

    umfocoalongoprazo.

    Seguranadacadeiadefornecimentoglobalabrangeaseguranaea integridadedos

    sistemas de informao, violaes das mercadorias e embalagens durante o transporte,

    terrorismo,vandalismo,outrasaescriminosasesabotagem.Aestratgiadeseguranavisa

    aumentar a capacidadedeumacadeiadeabastecimentopara resolverosproblemasque

    surgemenquanto asmercadorias esto emmovimento, de forma a identificar elementos

    incomunsoususpeitos.Essasestratgiasenglobamotrabalhoemestreitacolaboraocom

    os funcionrios do governo e porturios para cumprir de forma proativa as orientaes

    emanadas dos regulamentos visando evitar atrasos desnecessrios, especialmente nos

    pontosdepassagemdefronteira.

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    Consideraes finais

    Nesta aula tivemos a oportunidade de estudar a evoluo das definies sobre o

    gerenciamento de risco em cadeias de suprimentos e quais so os principais processos

    envolvidosnaidentificao,namensurao,nocontroleenamitigaoderiscos,especialmente

    emcadeiasglobaisoumuitocomplexas.

    Referncias

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    Introduo1 Caracterizando o risco em cadeias de suprimentos2 Identificao e mensurao de riscos em supply chain management (SCM)3 Estratgias de mitigao e contingenciamento em SCMConsideraes finaisReferncias