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Atuação Fisioterapêutica nas Disfunções Sexuais Femininas Profa. Aline Teixeira Alves

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Atuação Fisioterapêutica nas Disfunções Sexuais Femininas

Profa. Aline Teixeira Alves

Incidência

• A Disfunção Sexual Feminina é um importante problema de saúde pública e afeta a qualidade de vida de 30 a 50% das mulheres americanas.

• O censo populacional americano mostrou que 9 ,7 m i lhões de mu lhe res ap resen tam desconforto no intercurso e dificuldade de atingir o orgasmo.

• Estudo em menopausadas mostrou prevalência de 88% de disfunção sexual.

Incidência

• O e s t u d o d a E C O S ( E s t u d o d o Comportamento Sexual Brasileiro) avaliou 1502 mulheres, maiores de 18 anos e residentes em sete cidades.

• As principais disfunções sexuais foram: ✓ Falta de desejo sexual (34,6%); ✓ Ausência de orgasmo (29,3%).

❖ XIX: Sexualidade foi estudada de forma científica - sexologistas: Havellock Ellis (1859-1939) e Alfred Kinsey* (1894-1956) - fisiologistas: William Masters (1916) e Virginia Johnson (1924)

Sexualidade

http://www.indiana.edu/~kinsey/

Critérios de Sexo

• É necessário fixar bem que a sexualidade, como tudo que é humano, deve ser encarado sob três aspectos ou critérios fundamentais:

✓ Biológico; ✓ Sociocultural; ✓ Psicológico.

Adequação Sexual

❖ Fases biológicas da resposta sexual humana:

• Desejo (apetência); • Excitação (tumescência, vasocongestiva); • Orgasmo; • Relaxamento (detumescência, resolução).

Fatores de risco para as disfunções sexuais

❖ Diabetes Mellitus ❖ Doenças cardiovasculares ❖ Hipertensão arterial ❖ Tabagismo ❖ Alterações hormonais ❖ Lesões medulares ❖ Esclerose múltipla ❖ Medicamentos ❖ Alterações psicológicas ❖ Outros

Classificação das Disfunções¹

❖ Diminuição do Desejo sexual (Inapetência Sexual)

❖ Diminuição da Excitação (e manutenção)

❖ Anorgasmia

❖ Dores na Relação (penetração) - Dispareunia - Vaginismo

¹American Foundation of Urologic Disease Consensus Panel, 1998

Fisioterapia

O que é Orgasmo?

• É objetivamente caracterizado pelo quadro miotônico das contrações musculares reflexas.

• Subjetivamente é marcada pela sensação de prazer sexual, perda da acuidade dos sentidos, sensação de desligamento do meio externo, referida por Kinsey como “la douce mort”.

• Todo indivíduo que é submetido a um estado de crescente excitação sexual, chega a um ponto em que a tensão é tão intensa que detona um reflexo de alívio, acompanhado por uma agradável sensação de prazer psicofísico.

Cavalcanti & Cavalcanti

Fase de Excitação

Fase de Platô

Fase do Orgasmo

Fase de Resolução

Schultz, W. W. Magnetic resonance imaging of male and female genitals during coitus and female sexual arousal. BMJ, 1999

Sexualidade

Anorgasmia

❖ Ausência ou atraso do orgasmo

❖ Primária - nunca experimentou o clímax sexual, nem mesmo em sonho.

❖ Secundária - já teve orgasmo, porém passou a bloqueá-lo.

Anorgasmia

❖ Incidência: Daniel Brown, combinando dados de uma

sér ie de pesquisas real izadas na população feminina em geral, afirma que 6 0 - 7 0 % d a s m u l h e r e s c a s a d a s e x p e r i m e n t a r a m o o r g a s m o “habitualmente”; cerca de 25% “de vez em quando”, e apenas 5-10% “raramente ou nunca”.

Vaginismo

• É associação da atividade sexual com dor e medo.

• O vaginismo é um espasmo involuntário da musculatura da vagina.

• Pode ser causado por abuso físico ou sexual, procedimentos médicos realizados durante a infância, dor no primeiro intercurso sexual, medo da gravidez ou da intimidade.

Vaginismo❖ Contração involuntária dos músculos no terço externo da vagina

http://highered.mcgraw-hill.com/sites/dl/free/0072562463/91056/thumbimages/fig1504_thumb.jpg

Dispareunia❖ Definição: Dor na penetração que também pode ocorrer durante a estimulação sexual.

❖ Causas de dor superficial: vulvovaginites, herpes genital, uretrite, atrofia vulvovaginal, irritantes (espermaticidas e látex), episiotomias, radioterapia local e traumas sexuais.

❖ Causas de dor profunda: trauma pélvico durante o intercurso sexual, doença inflamatória pélvica, fibromialgia, cirurgia abdominal, pélvica ou ginecológica, aderência pós-operatória, endometriose, tumores pélvicos e genitais.

Tratamento Fisioterapêutico - Objetivos

❖ Conscientização corporal

❖ Relaxamento e alongamento

❖ Diminuição da dor e desconforto

❖ Fortalecimento do assoalho pélvico

❖ Promover bem-estar da vida sexual

❖ Orientar sobre a utilização de instrumentos terapêuticos

❖ Encaminhar a um acompanhamento Psicológico em conjunto com a Fisioterapia

❖ Conduta Inicial - Esclarecimentos sobre a disfunção e anatomia feminina - Alongamentos - Exercícios de relaxamento: respiração associada aos movimentos - Dissociação de cintura pélvica: em pé e na bola suíça

Tratamento Fisioterapêutico

Tratamento Fisioterapêutico

❖ Em pé, pernas semi-flexionadas, mãos na cintura ❖ Manter os pés separados, porém paralelos ❖ Inspirar movendo a pelve para trás ❖ Expirar trazendo a pelve para frente

❖ Na inspiração, contrair a vagina ❖ Na expiração, relaxar a musculatura da vagina

Dissociação de cintura

Fortalecimento

Tratamento Fisioterapêutico

- A partir da 2ª.Consulta: ➢ Alongamento/Relaxamento

Técnica do Espelho❖ Autoconhecimento

Técnica do Espelho

• A técnica do espelho é um encontro com o nosso corpo e com os nossos sentimentos, uma modalidade de relacionamento intrapessoal que nos leva a aceitação de nosso esquema físico.

• “É necessário que a pessoa se conheça verdadeiramente para que possa amar a si mesma. Se não amamos a nós mesmos como poderemos nos dar amorosamente?”

Cavalcanti & Cavalcanti

Vaginismo

TENS

❖ Alívio da dor e melhoramento da circulação local.

❖ Frequência: 100 Hz

❖ Duração de pulso (T) : 50 µs

❖ Tempo: 20 min - Local: Centro tendíneo do períneo

Dessensibilização❖ Massagear região púbica com os dedos - intróito vaginal (gel) - tentar introduzir dedo mínimo - massagear parede interna da vagina ao longo das sessões - dilatadores¹

Vaginismo* Orientar a fazer em casa

¹ BUTCHER, J. ABC of Sexual health: Female sexual problems II: sexual pain and sexual fears. BMJ, 1999

Dilatadores Vaginais

Fortalecimento

❖ Fase tardia: depois de diminuir o espasmo

❖ Controle voluntário da contração muscular da vagina (Biofeedback – fase tardia) - contração - relaxamento

❖ Exercícios de contração e valsalva

Vaginismo

Biofeedback de Pressão

Dispareunia

❖ Mesma conduta para o vaginismo

❖ Dor aguda: - banho de assento (água morna) por 5 minutos e Infra-vermelho por 15-20 minutos.

❖ TENS = vaginismo - Locais: intracavitário (sonda) ou centro tendíneo do períneo

DispareuniaTENS❖ Eletrodos

e e

ee

e eIntra - vaginal

AnorgasmiaFortalecimento

❖ Avaliação: AFA

❖ Fortalecimento - Freqüência: 50 Hz - Duração de Pulso: 400 µs - Ton: 5 seg - Toff: 10 seg - Tempo subida e descida: 1 seg - Tempo: 20 min

Valores podem evoluir

Cinesioterapia de Assoalho Pélvico

• Fortalecimento muscular favorecendo a ordenha do pênis;

• Melhora da irrigação sangüínea; • Eliminação das tensões residuais decorrentes

dos movimentos de alargamento através do controle muscular;

• Melhora da conscientização das sensações vaginais que facilitando e incrementando a excitação sexual, determina maior probabilidade de detonar uma descarga orgásmica.

AnorgasmiaFortalecimento

❖ Exercícios de Kegel (adaptado) - Fibras tipo I (15 contrações sustentadas por 5s, descanso de 10s) - Fibras tipo II (20 contrações rápidas) - 3 vezes ao dia

❖ Treinar contração na penetração - pênis entra: força com valsalva - pênis sai: contração para dentro

Fortalecimento

❖ Sentada, com a coluna um pouco inclinada para frente, mãos nos joelhos, pés paralelos

❖ Inspirar contraindo os músculos da vagina

❖ Expirar relaxando

❖ Em pé, contrair e relaxar a musculatura da vagina

❖ Contração de “pulsação”

❖ Deitada de costas no chão (colchonete), encostar os pés na parede

❖ Contrair ânus, abdômen e vagina

Fortalecimento

TRATAMENTO FISIOTERÁPICO

➢ Exercícios de Kegel

AnorgasmiaFortalecimento

❖ Cones vaginais - Agem forçando para baixo os músculos do AP e isso gera uma contração reflexa na tentativa de retenção do cone, aumentando a propriocepção muscular desejada.

Anorgasmia• Ben-wa * • - Usar gel nas bolinhas • - Introduz uma bolinha

- tentar sugar a outra • - Expulsar bolinha • - Resistência: segurar

uma bolinha • - Instruções sobre

higiene do dispositivo

AnorgasmiaEROS Therapy

❖ Instrumento portátil (elétrico ou não) - aprovado pela FDA como tratamento para disfunções sexuais - colocado sobre o clítoris - vácuo: fluxo sanguíneo para a região

❖ Estudo - “Clitoral therapy device for treatment of sexual dysfunction in irradieted cervical cancer patients.”

EROS Therapy

❖ Estudo (SCHRODER, M. et al)¹

- mulheres tratadas com radioterapia e com relatos de disfunção sexual - 4 x por semana durante 3 meses

Anorgasmia

¹ SCHRODER, M. et al.“Clitoral therapy device for treatment of sexual dysfunction in irradieted cervical cancer patients.” International Journal of Radiation Oncology, Biologic and Physics, 2005.

- melhoras significativas: desejo sexual, excitação, lubrificação, orgasmo, dor - melhoras da coloração da mucosa vaginal, umidade e elasticidade - limitações

“Para fazer terapia sexual é necessário que o profissional caminhe sempre no mais rigoroso cumprimento ético, não se afastando nunca dos menores preceitos que regem a conduta moral. Nenhum profissional que se preze de sua honra e de sua capacidade teme, ou reprova, a vigilância da lei. Nenhum se sente tolhido em suas ações, nem prejudicado em seu trabalho terapêutico. Muito ao contrário, eles se sentem livres e felizes, dormindo de consciência tranqüila, dando para posteridade com o exemplo de suas vidas, a lição de como se pode distribuir o bem e promover a felicidade das pessoas”.

Cavalcanti & Cavalcanti

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS• CAVALCANTI & CAVALCANTI, TRATAMENTO CLÍNICO DAS INADEQUAÇÕES

SEXUAIS, ED. Roca, 1992. • POLDEN Margarete, Mantle Jill, FISIOTERAPIA EM GINECOLOGIA E OBSTÉTRICIA,

ED. Livraria Santos • STEPHENSON Rebecca G, FISIOTERAPIIA APLICADA À GINECOLOGIA E

OBSTETRICA. ED. Manole. 2ª.edição • PETRICELLI Carla Dellabarba, A IMPORTÂNCIA DOS EXERCÍCIOS PERINEAIS NA

SAÚDE E SEXUALIDADE FEMININA,2002 • http://www.acessa.com/mulher/arquivo/sexualidade/2005/02/23-pompoarismo/ • http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?136 • http://www.corpobelo.com.br/sexo1.htm • http://www.geomedica.com.br/page/disfuncoessexuais.html • http://www.medstudents.com.br/content/resumos/

resumo_medstudents_20050510_04.doc • http://www.continencecenter.com.br/ml_8_2_reabilitacao_pelve.html • http://mixbrasil.uol.com.br/cio2000/grrrls/pumping/pumping.shl • http://www.mulheres.org.br/fiqueamigadela/anatomia7.html • http://www2.uol.com.br/assuntodemulher/esp_vag_07.htm • http://plasticaebeleza.terra.com.br/41/saude/anorgasmia.htm • http://www.maringasaude.com.br/drnevton/pompoarismo.shtml

Referências Bibliográficas

• CHIA, Mantak. Segredos toístas do amor: cultivando a energia sexual masculina. São Paulo: E. Roka, 1998

• CHIA, Mantak. O orgasmo múltiplo do casal: prazer intimidade e saúde – como aproveitar ao máximo a vida a dois. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002

• HOOPER,Anne. Kama Sutra: para amantes no século XXI. Rio de Janeiro:Ediouro, 2004

• KEGEL, A.H. Progressive resistence exercises in functional restoration of the perineal muscles. An J Obstet Gynecal, 56:238,1948.

• MASTERS, W.H. e JOHNSON, V.E. A Resposta Sexual Humana. São Paulo: Roca, 1984.

• MORENO, A.L. Fisioterapia em uroginecologia. São Paulo: Manole, 2004.