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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA
MUSCULAR APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA
EM IDOSOS: UM ESTUDO TRANVERSAL
Alana Monteiro Bispo da Silva
NATAL/RN
2021
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ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR
APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: UM ESTUDO
TRANVERSAL
ALANA MONTEIRO BISPO DA SILVA
Projeto de dissertação apresentado ao Programa
de Pós-graduação em Educação Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como pré-requisito para obtenção do grau de
Mestre em Educação Física.
ORIENTADOR: Prof. Dr. ANA PAULA TRUSSARDI FAYH
COORIENTADOR: Prof. Dr. EDUARDO CALDAS COSTA
NATAL/RN
2021
Silva, Alana Monteiro Bispo da. A ssociação entre força muscular e massa muscular apendicularcom qualidade de vida em idosos: um estudo tranversal / AlanaMonteiro Bispo da Silva. - 2021. 61f.: il.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) - UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2021. Orientadora: Dra. Ana Paula Trussardi Fayh. Coorientador: Dr. Eduardo Caldas Costa.
1. Envelhecimento - Dissertação. 2. Bioimpedância -Dissertação. 3. Força do aperto de mão - Dissertação. 4. Testede sentar e levantar - Dissertação. 5. Qualidade de vidarelacionada à saúde - Dissertação. I. Fayh, Ana Paula Trussardi.II. Costa, Eduardo Caldas. III. Título.
RN/UF/BS-CCS CDU 616-053.9
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263
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ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA
MUSCULAR APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA
EM IDOSOS: UM ESTUDO TRANVERSAL
Projeto de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em
Educação Física.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Professor Dr. Ana Paula Trussardi Fayh
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
____________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Co-orientador
____________________________________________
Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro Titular Interno
____________________________________________
Prof. Dr. Renata Moraes Bielemann
Universidade Federal de Pelotas
Membro Titular Externo
Aprovado em: ___/___/2021.
NATAL/RN
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Dedico este trabalho a Deus, minha família e
queridos amigos.
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, meu criador, redentor e Pai. Pois sem seu
direcionamento e permissão, nada disso seria possível.
Gostaria de agradecer também aos meus pais, Luciano e Cristina, por tamanho amor,
investimento, incentivo e cuidado. Sem vocês eu nada seria!
Agradeço também aos meus irmãos, Luciana e Leonardo, por todo o suporte e
irmandade que me ajudaram a chegar até aqui. Amo vocês.
Quero expressar minha gratidão à minha orientadora, Ana Paula e seu grupo de pesquisa
GEMEN, primeiramente por ter me acolhido e, posteriormente, dado todo o suporte necessário
para que eu chegasse até aqui. Meu muito obrigada a todos vocês!
Quero agradecer imensamente ao meu coorientador, Eduardo Caldas, e ao seu grupo de
pesquisa GPEACE, por terem me acolhido, ensinado e ajudado quando eu mais precisei. Sem
a ajuda de cada um de vocês dessa família eu não conseguiria ter chegado até aqui. Serei
eternamente grata por tamanha empatia e amor pelo trabalho que fazem! Obrigada a todos
vocês!
Agradeço também aos meus antigos colegas e professores do grupo de pesquisa LAFIS,
os quais me introduziram no mundo da pesquisa na educação física. Obrigada pela jornada que
vivemos!
Quero agradecer a todos os amigos do mestrado e da vida, colegas e participantes desse
estudo que, de alguma forma, contribuíram para que esse trabalho fosse feito. Da mesma
forma, a todos os docentes por quem passei nessa pós-graduação e que de alguma forma
deixaram um pouco deles em mim, muito obrigada por todo aprendizado.
Em especial, gostaria de agradecer ao meu grande amigo Elmir Henrique por acreditar
em mim e me incentivar durante todo o processo, se não fosse por você, amigo, eu não teria
feito aquela seleção. Agradeço também ao amigo Matheus Dantas que me socorreu por
diversas vezes durante essa jornada, obrigada de coração! E aos queridos Geovani e Márcio
que me deram todo o suporte necessário durante as coletas e organização do banco de dados,
Ludmila pelo ombro amigo durante toda essa trajetória e Rodrigo, pelo suporte durante a fase
final de análise estatística e organização do trabalho. Serei eternamente grata a cada um de
vocês!
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Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao meu noivo e melhor
amigo, Flávio Anselmo. Que me incentivou, ajudou e acolheu desde o período de estudos para
o processo seletivo e que durante toda essa jornada esteve comigo, dando todo o suporte
necessário para que eu pudesse caminhar, se não fosse por você, nada disso estaria
acontecendo. Eu te amo e obrigada por tudo!
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 15
2 OBJETIVO GERAL......................................................................................... 16
2.1 Objetivos Específicos....................................................................................... 16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 17
3.1. Envelhecimento Populacional: Epidemiologia................................................. 17
3.2. Força Muscular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação..................... 18
3.3. Massa Muscular Apendicular: Fisiopatologia e Mecanismos de
Identificação. 20
3.4. Qualidade de Vida no Envelhecimento: Associação com a Perda da Função
Física............................................................................................................ 22
3.5. Associação entre massa e força muscular com qualidade de vida em idosos 25
4. MÉTODOS........................................................................................... 29
4.1. Delineamento do Estudo.............................................................................. 29
4.2. Caracterização da Amostra............................................................................... 29
4.3. Aspectos Éticos................................................................................................ 29
4.4. Logística do Estudo.......................................................................................... 30
4.5. Avaliações........................................................................................................ 30
4.5.1. Características Socioeconômicas e demográficas............................................ 30
4.5.2. Avaliações de Força e Massa Muscular........................................................... 31
4.5.3. Avaliação Antropométrica e da Composição Corporal ................................... 31
4.5.4. Força Muscular................................................................................................. 32
4.5.5. Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF (escore total e seus domínios)............ 32
4.5.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 33
5. RESULTADOS................................................................................................ 34
6. DISCUSSÃO.................................................................................................... 42
7. CONCLUSÃO.................................................................................................. 46
8. REFERÊNCIAS............................................................................................... 47
ANEXO I – Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF.............. 56
APÊNDICES.................................................................................................... 58
Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de confusão
dos idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de
2019............................................................................................................ 58
Covariáveis incluídas nos modelos ajustados multivariáveis da figura 2, de
idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de
2019............................................................................................................. 59
Razão de prevalência para baixos scores de QV entre os idosos com baixa
vs. adequada força de MMII, baixa vs. adequada força de MMSS e baixa vs.
adequada MMA de idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a
dezembro de 2019............................................................................................ 60
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características dos participantes do estudo (n = 399)......................... 35
Tabela 2- Correlação entre teste de força de preensão manual, teste de sentar e
levantar e massa muscular apendicular com qualidade de vida em
idosos................................................................................................... 38
Tabela 3 - Prevalência para baixos e altos scores de qualidade de vida entre os
idosos com desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs.
adequado, força de preensão manual baixa vs. adequada e massa
muscular apendicular baixa vs. adequada............................................ 39
Tabela
suplementar
1 -
Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de
confusão...............................................................................................
58
Tabela
suplementar
2 -
Covariáveis incluídas nos modelos ajustados da Tabela 6..................
59
Tabela
suplementar
3 -
Razão de prevalência para baixos scores (necessita
melhorar/regular) de qualidade de vida entre os idosos com
desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs. adequado, força
de preensão manual baixa vs. adequada e massa muscular
apendicular baixa vs. adequada........................................................... 60
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma do Estudo........................................................................... 34
Figura 2 - Razão de prevalência para baixos scores de QV e baixa vs adequada
força de MMII, MMSS e MMA............................................................ 40
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Levantamento dos principais estudos associando força de MMII,
MMSS, MMA e QV. 27
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
AVC Acidente Vascular Cerebral
BIA Bioimpedância Elétrica
CORE Cardiovascular, Cognitive and Exercise Study in Elderly
DEXA Absorciometria por Raios-X com Dupla Energia
DP Desvio Padrão
EDG Escala de Depressão Geriátrica
EWGSOP2 Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Pessoas Idosas
FPM Força de Preensão Manual
HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Intervalo de Confiança
IMC Índice de Massa Corporal
MMA Massa Muscular Apendicular
N Valor absoluto
NAF Nível de Atividade Física
NHSS Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
OMS Organização Mundial da Saúde
PESQCLIN Laboratório de Pesquisa Clínica
QV Qualidade de vida
RP Razão de Prevalência
SARQOL Questionário de Qualidade de Vida para Sarcopenia
SM Salário Mínimo
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TSL Teste de Sentar e Levantar
WHO World Health Organization
WHOQOL Grupo de Qualidade de Vida
MMSS Membros superiores
MMII Membros inferiores
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RESUMO
ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA MUSCULAR E MASSA MUSCULAR
APENDICULAR COM QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS: UM ESTUDO
TRANVERSAL
Autor: Alana Monteiro Bispo da Silva
Orientador: Prof. Dr. Ana Paula Trussardi Fayh
Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
Introdução: Alterações neuromusculares são observadas com o envelhecimento, incluindo
composição corporal e força muscular. Reduções na massa muscular apendicular (MMA) e
força muscular são associadas com eventos adversos à saúde em idosos. Porém, a relação entre
MMA e força muscular de membros superiores e inferiores com qualidade de vida (QV) de
idosos ainda é pouco compreendida. Objetivo: Analisar a associação da força de membros
inferiores e superiores e MMA com a QV de idosos. Métodos: Estudo transversal realizado
com 399 idosos, entre 60 e 80 anos, não institucionalizados e residentes em Natal/RN. A força
muscular de membros inferiores (MMII) foi avaliada pelo teste de sentar e levantar em 30 s
(TSL) e a força de membros superiores (MMSS) pela força de preensão manual (FPM). A
MMA foi avaliada por bioimpedância elétrica. Valores abaixo do percentil 25 de força de
MMII, MMSS e MMA, estratificados por sexo, foram considerados como “baixa MMA” e
“baixa força muscular”. A QV foi avaliada pelo questionário WHOQOL-BREF (geral e
domínios específicos: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente). Escores de QV
geral e domínio específico “regular” e “necessita melhorar” foram agrupados para as análises
multivariadas. Resultados: Houve correlação positiva entre MMA e domínios psicológicos e
relações sociais da QV (r = 0,105-0,121; p < 0,05). Não houve correlação entre força de
MMSS e QV (p > 0,05). A força de MMII se correlacionou positivamente com todos os
domínios da QV (r = 0,175-0,343; p < 0,05). Baixa MMA foi associada com baixa QV no
domínio psicológico (razão de prevalência [RP]: 1,30, IC 95% 1,12–1,52). Baixa força de
MMSS foi associada com baixa QV geral (RP: 1,09, IC 95% 1,01–1,17). Baixa força de MMII
foi associada com baixa QV geral (RP: 1,20, IC 95% 1,05–1,39), domínio físico (RP: 1,34, IC
95% 1,10–1,63), psicológico (RP: 1,34, IC 95% 1,10–1,63) e meio ambiente (RP: 1,12, IC
95% 1,00–1,24). Conclusão: A força muscular, principalmente de MMII, foi associada com a
qualidade de vida dos idosos não institucionalizados, o que não ocorreu com a massa muscular
apendicular e a força de MMSS.
xiii
Palavras-chave: Envelhecimento; Bioimpedância, Força do aperto de mão; Teste de sentar e
levantar; Qualidade de vida relacionada à saúde.
ABSTRACT
ASSOCIATION BETWEEN MUSCLE STRENGTH AND APPENDICULAR MUSCLE
MASS WITH QUALITY OF LIFE IN OLDER ADULTS: A CROSS-SECTIONAL
STUDY
Author: Alana Monteiro Bispo da Silva
Advisor: Prof. Dr. Ana Paula Trussardi Fayh
Co-advisor: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
Introduction: Neuromuscular alterations are observed with age, including body composition
and muscle strength. Reduction of appendicular muscle mass (AMM) and muscle strength are
related to adverse events in older adults health. However, relation between AMM and muscle
strengh of lower and upper limbs with quality of life (QoL) of older adults is not sufficiently
understood. Objectives: Evaluate the relation between muscle strength of lower and upper
limbs and AMM with QoL of older adults. Methods: Cross-sectional study composed by 399
older adults with 60 to 80 years old community-dwelling. Muscle strength of lower limbs (LL)
was evaluated by sit-to-stand test in 30 seconds (SST) and strength of upper limbs (UP) by the
test of hand grip strength (HGS). AMM was evaluated by bioelectrical impedance. Data lower
than 25 percentiles of LL, UP and AMM by gender were considerate “low AMM” and “low
muscle strength”. QoL was evaluated by WHOQOL-BREF questionnaire (general and
specifics aspects: Phisical, Psychological, Social, Environmental). General and specifics
aspects scores of QoL such as “needs to improve” and “regular” were grouped for multivariate
analysis. Results: There was positive correlation between AMM and Pshycological and Social
aspects of QoL (r = 0,105-0,121; p < 0,05). There was no correlation between strength of UP
and QoL (p > 0,05). Strength of LL was correlated positivily with all the aspects of QoL (r =
0,175-0,343; p < 0,05). Low AMM was related to low QoL in Psychological aspect
(prevalence ratio [PR]: 1,30, IC 95% 1,12–1,52). Low muscle strength of UP were associated
to low general QoL (PR: 1,09, IC 95% 1,01–1,17). Low muscle strength of LL were
associated to low general QoL (PR: 1,20, IC 95% 1,05–1,39), physical aspect (PR: 1,34, IC
95% 1,10–1,63), psychological (PR: 1,34, IC 95% 1,10–1,63) and environmental (PR: 1,12, IC
xiv
95% 1,00–1,24). Conclusion: Muscle strength, lower limbs mainly, was related to quality of
life in older adults community-dwelling but did not with appendicular muscle mass and
strength of UP.
Key words: Aging; Bioimpedance; Strength of hand grip; Sit-to-stand test; Quality of life
related to health.
15
1. INTRODUÇÃO
No envelhecimento, observam-se alterações na composição corporal, incluindo perda de
força muscular e massa muscular esquelética (1). A partir dos 50 anos, a perda de músculo dos
membros inferiores é de 1 a 2% ao ano e a perda de força de 1,5 a 5% por ano (2). Em alguns
indivíduos, essas alterações são atribuíveis ao envelhecimento, em outros as causas podem ser
fatores genéticos e de estilo de vida, nutrição, sedentarismo e outras doenças (3).
A redução de força e massa muscular apendicular (MMA) está associada a vários
eventos adversos para a saúde, como maior risco de declínio funcional, mobilidade reduzida,
incapacidade física, hospitalização e aumento do tempo de internação, maior número de
quedas, fraturas, aumento do risco de fragilidade (4). Todas essas consequências têm um efeito
prejudicial sobre a qualidade de vida (QV), além de aumentar a dependência de idosos (5).
O Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL), da Organização Mundial da Saúde (OMS),
define QV como o entendimento do ser humano de seu posicionamento na vida no contexto
cultural e sistema de valores nos quais ele está inserido e em relação às suas metas,
expectativas, padrões e aflições. Nesse conceito estão englobadas a subjetividade, o contexto
social e cultural, a multidimensionalidade, o biológico e o psicológico (6).
A força e massa muscular reduzidas tem prevalência de 16,6 a 34,4% e 4,3 a 5,5% (7),
respectivamente, em homens e mulheres, da população brasileira a partir dos 50 anos (7,8). No
entanto, podem ter sua aparição retardada quando proporcionado um envelhecimento ativo e
saudável (9). Para valorizar medidas preventivas, é essencial conhecer as repercussões dessas
mudanças e seu impacto na QV de idosos não institucionalizados, que seriam idosos
considerados com melhor QV (9,10).
Apesar de estudos avaliarem a baixa força, quantidade muscular e QV (1,5,11), a
maioria avalia somente a força de membros superiores (MMSS) e usa a absorciometria por
raios-X com dupla energia (DEXA) como ferramenta de avaliação corporal. No entanto, sabe-
se que a perda é diferente entre os membros no envelhecimento (12,13), e o DEXA nem
sempre é viável na prática clínica, devido ao alto custo do equipamento (14,15). Além disso,
pouco se sabe sobre a associação da força de MMSS, de membros inferiores (MMII) e da
MMA com a QV de idosos, a partir da BIA que é uma ferramenta prática, de menor custo e de
fácil uso na prática clínica. Diante disso, há a necessidade de avaliar o impacto desses
parâmetros na QV, principalmente em idosos, que seria o público mais afetado pela perda de
força e MMA (4,5) e fornecer subsídios para a prática clínica na prevenção e tratamento.
16
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar a associação da força de MMII, MMSS e MMA com a qualidade de vida em idosos
não institucionalizados.
2.2 Objetivos Específicos
1) Descrever a força de MMII, MMSS e MMA de idosos não institucionalizados;
2) Descrever a QV de idosos não institucionalizados;
3) Investigar a associação da força muscular e MMA com a QV de idosos não
institucionalizados.
17
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Envelhecimento Populacional: Epidemiologia
O envelhecimento humano é mediado e influenciado por mudanças complexas. Em nível
biológico, o envelhecimento é associado ao acúmulo de uma grande variedade de danos
moleculares e celulares (16). Com o tempo, esse dano leva a uma perda gradual nas reservas
fisiológicas, um aumento do risco de contrair doenças e um declínio geral na capacidade
inerente ao indivíduo (11).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 2015 e 2050, a proporção da população
mundial com mais de 60 anos quase dobrará, com estimativas de aumento de 12% para 22%
(18). O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, representando 13% da
população do país. Esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção
da População divulgada em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (19).
A partir dos 60 anos de idade, é comum a perda de audição, visão e movimentos
relacionados ao envelhecimento, bem como a aparição de doenças crônicas não transmissíveis,
incluindo doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, doenças respiratórias crônicas, câncer
e demência (16,20). Além disso, o envelhecimento também é associado ao risco de
multimorbidade. O impacto da multimorbidade no funcionamento, utilização de instalações de
saúde e custos é inúmeras vezes significativamente maior do que poderia ser esperado dos
efeitos individuais dessas condições (16).
Além dos problemas de saúde citados, a perda da musculatura esquelética é um
problema de grande interesse na saúde pública, e é consequência das mudanças demográficas
na população (17,21). Está associado a alto risco de quedas, perda de autonomia em idosos e
institucionalizações e suas causas incluem a idade, mudanças na composição corporal,
inflamação e desequilíbrio hormonal (17). Ademais, associar as mudanças na massa e na força
muscular, em conjunto, implica em aceitar que há uma relação causal entre estas variáveis e
que alterações na massa muscular são direta e integralmente responsáveis pela mudança na
força muscular (22). Portanto, recomenda-se a investigação individual de cada variável e seus
impactos na QV dos idosos.
18
3.2. Força Muscular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação
Estudos longitudinais envolvendo massa e forca muscular vem demonstrando uma
redução muito mais rápida da forca muscular do que da massa muscular em idosos, sugerindo
que, ao envelhecer, ocorre um comprometimento da qualidade do músculo e que o ganho de
massa muscular, isoladamente, pode não prevenir o declínio da forca muscular (23–25). Nesse
contexto, autores sugerem que seja separado o conceito de redução de massa muscular do
conceito de redução de força (2,7,11,26).
A perda de força muscular é um declínio multifatorial em que a massa muscular pode ser
uma das causas (27,28). As modificações corporais do processo de envelhecimento geram
alterações na qualidade das fibras musculares com consequente redução da sua capacidade
intrínseca de gerar força (29). Os mecanismos envolvidos incluem a perda de elasticidade e
alterações nos processos celulares e moleculares, que afetam as células satélite, a função
mitocondrial, o acoplamento excitação-contração e a interação entre os miofilamentos (28,30).
Além disso, a arquitetura geral do músculo esquelético é alterada com o envelhecimento,
observando-se diminuição nas dimensões dos fascículos musculares e do ângulo de inserção
dos tendões (ângulo de penação) (31). A diminuição do comprimento fascicular leva a uma
perda de sarcómeros em série e consequentemente redução da velocidade de encurtamento
muscular, ou seja, além da perda de sarcómeros, um decréscimo no potencial de gerar força
muscular (32).
A perda de força muscular relacionada à idade parece ter maior peso em sua aparição em
indivíduos com estilo de vida sedentário, doenças crônicas, histórico de quedas, perda
inexplicada de peso, fatores psicológicos ou percepção subjetiva de limitações (33). A perda
de força é um preditor de incapacidade e mortalidade mais importante do que a perda da massa
muscular isoladamente, principalmente a força dos membros inferiores (34). Uma possível
explicação seria o fato de ela estar mais relacionada com a realização de tarefas cotidianas, as
quais são habilidades básicas relacionadas com o nível de independência funcional (35).
Embora essa diminuição seja um fenômeno sistêmico, identificar o grupo muscular
representativo desta alteração pode agilizar o processo avaliativo dos idosos com propensão de
desenvolver a síndrome (26).
Segundo Marques e colaboradores (2019), aproximadamente um quarto da população do
seu estudo com idosos apresentava baixa força, principalmente associada ao sexo masculino,
19
idade avançada, menor circunferência do braço e panturrilha e tríceps como menor dobra
cutânea. A baixa força representa maior risco de morbimortalidade em pessoas idosas. Além
disso, a avaliação da força muscular pode ajudar nos procedimentos de intervenção para
impedir ou retardar futuras limitações ou deficiência em idosos (37).
Reconhecendo este contexto, torna-se importante avaliar tanto a força de MMSS quanto
a de MMII, já que se sabe que há diferenças desse parâmetro entre os membros (12,38,39).
Sugere-se que a perda de força de MMII tem maior influência nas atividades da vida diária e
na autonomia que a força de MMSS (40).
Para avaliar força existem testes direcionados para avaliação de força de MMSS e
MMII, validados e com indicação de uso pelo Consenso Europeu de Sarcopenia (EWGSOP2)
(2,41). Para avaliar força de MMSS pode ser utilizado o teste de força de preensão manual
(Grip strength) através do equipamento dinamômetro de preensão manual (42), para força de
MMII, o teste de sentar e levantar da cadeira (Chair stand test) (43), onde o indivíduo senta e
levanta 5 vezes ou repete esse movimento durante 30 segundos (44,45).
Apesar da baixa força muscular estar associada ao envelhecimento, o seu
desenvolvimento é reconhecido por começar mais cedo na vida e tem muitas causas que
contribuem para o surgimento no envelhecimento (46). É grande a importância de se conhecer
sobre esse fenômeno bem como ter possibilidades cada vez maiores de prevenir, retardar e
tratar o aparecimento por meio de intervenções precoces e eficazes (16).
20
3.3. Massa Muscular Apendicular: Fisiopatologia e Mecanismos de Identificação
O músculo esquelético representa aproximadamente 40% do peso corporal total e
deteriora-se quantitativa e qualitativamente com o processo de envelhecimento (47). Entre os
20 e 80 anos estima-se uma redução de 30% na massa muscular e de 20% na área de secção
transversal muscular, sendo mais notável a redução nos grupos musculares dos MMII (48).
O músculo esquelético é constituído por milhares a centenas de milhares de fibras, que
de acordo com a sua estrutura e composição molecular são classificadas em tipo I (fibras
lentas) e tipo II (fibras rápidas) (29,32). As fibras do tipo I são de contração lenta e têm
elevada capacidade oxidativa devido à grande quantidade de mitocôndrias e enzimas aeróbias,
sendo por isso altamente resistentes à fadiga. As fibras do tipo II são fibras de contração rápida
e com menor capacidade de oxidação (fadigam mais rapidamente), são adaptadas para
contrações rápidas e descontínuas. As do tipo II podem ainda ser subdivididas em IIA (perfil
de contração e metabólico intermediário) e IIB (mais rápidas e dependentes de glicólise)
(30,49).
A diminuição da massa muscular com o envelhecimento parece ser devida
principalmente à diminuição do número de fibras musculares, que afeta na mesma proporção
as fibras do tipo I e II (29,30). Porém, o diâmetro das fibras musculares também é afetado,
predominantemente as do tipo II que sofre uma redução de 10% a 40% (32). Estudos têm
demonstrado que as fibras do tipo IIB são as que percentualmente são mais afetadas tanto em
quantidade como em tamanho (29,49).
Vale ressaltar que várias alterações fisiológicas, além das citadas, estão associadas ao
envelhecimento muscular e que muitas delas não acontecem dentro das fibras musculares (28).
Como o acúmulo de tecido adiposo entre as fibras musculares, a perda de neurónios motores, a
remodelação das unidades motoras através da reinervação colateral e o comprometimento da
ativação neuromuscular (28,32).
Embora tenha sido postulado que a redução de massa muscular desempenha um papel
importante no declínio de força relacionado à idade, uma coorte de adultos com idade
avançada demonstrou que mudanças na quantidade de massa muscular poderiam explicar
apenas 5% da variabilidade do declínio da força (50). A construção da massa muscular é
regulada tanto por fatores sistêmicos quanto por fatores como concentração sarcoplasmática de
cálcio, estoque de nutrientes, concentração intramuscular de oxigênio, citocinas e temperatura.
21
Esses fatores aumentam diretamente ou indiretamente a quantidade de proteínas da miofibrila
que compõe a musculatura esquelética (51).
A massa muscular esquelética pode ser estimada por uma variedade de técnicas
validadas para uso na prática clínica e em pesquisas, na maioria dos estudos utiliza-se a massa
muscular apendicular que é a massa muscular dos membros superiores e inferiores e é
postulada como medida padrão para investigação de doenças associadas ao músculo (2). A
massa muscular esquelética pode ser avaliada pela MMA através do DEXA (14), avaliação da
massa muscular esquelética ou apendicular (52) pela ressonância magnética e impedância
bioelétrica (BIA) (53), além de avaliação da massa muscular pela imagem de corte transversal
do músculo lombar pela tomografia computadorizada (2,54,55). Além disso, vários métodos
propiciam o ajuste desses valores pela altura, peso ou para o IMC (35). A maioria dos estudos
utiliza o DEXA e a BIA como ferramenta de avaliação da massa muscular (7).
A BIA se apresenta como uma ferramenta prática e de fácil uso para estimativa da massa
muscular total ou apendicular (56). O equipamento BIA estima a massa muscular, derivando a
informação a partir de informações da condutividade da passagem de uma corrente elétrica de
baixa intensidade no corpo inteiro (53). Trata-se de um método duplamente indireto de
composição corporal. É amplamente disponível, portátil e, em sua maioria, acessível,
especialmente instrumentos de frequência única (57). Idade, etnia e outras discrepâncias
relacionadas entre populações e pacientes devem ser consideradas na avaliação, além da
escolha da fórmula de predição de composição corporal mais adequada para a amostra (58).
Além disso, as medições da BIA também podem ser influenciadas pelo estado de hidratação
do paciente, uso de adornos ou acessórios de metal, prática de atividade física nas 24 horas
antecedentes ao exame, entre outros fatores (59). A BIA tem alta correlação com as medidas do
DEXA (60) e boa reprodutibilidade (61). Para acessibilidade e portabilidade, as determinações da
massa muscular baseadas na BIA podem ser preferíveis ao DEXA (28,29).
22
3.4. Qualidade de Vida no Envelhecimento: Associação com a Perda da Função Física.
Segundo o Grupo de Qualidade de Vida, da Divisão de Saúde Mental da OMS, a QV
pode ser conceituada como a capacidade do indivíduo de perceber sua posição na vida no
contexto cultural e sistema de valores nos quais ele vive e, também, em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações (63). Seu conceito é subjetivo e
multidimensional, incluindo elementos de avaliação positivos e negativos (63). Os
especialistas no assunto diferem ao conceituar QV, uma tentativa de definição engloba desde
estado de saúde, assim como uma variedade de domínios, como meio-ambiente, recursos
econômicos, relacionamentos, tempo para trabalho e lazer (33).
De acordo com essas definições, é necessário planejar um envelhecimento saudável para
a população idosa e esse processo é definido como o sistema de desenvolvimento e
manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada, segundo a
OMS (65). Para que aconteça o indivíduo precisa priorizar dois parâmetros, a capacidade
intrínseca, que se refere ao composto de todas as capacidades físicas e mentais que um
indivíduo pode apoiar-se em qualquer ponto no tempo (21). E os ambientes nos quais vivem e
suas interações neles. Esses ambientes fornecem uma gama de recursos ou barreiras que
decidirão se pessoas com um determinado nível de capacidade pode fazer as coisas que
consideram importantes (66). Portanto, embora pessoas com mais idade possam ter a
capacidade limitada, elas ainda podem ser capazes de realizar atividades da vida diária se
tiverem acesso a medicamentos, recursos de apoio (como muleta) e viverem próximas a
transportes acessíveis (16).
A QV é uma construção multidimensional proposta como um indicador de saúde da
população e sua avaliação é importante para planejar ações de promoção em saúde. A OMS,
em seu programa de saúde mental, desenvolveu alguns instrumentos para avaliar qualidade de
vida, como o WHOQOL-100, WHOQOL-OLD e WHOQOL-BREF (6).
Dentre os instrumentos mais comuns para se avaliar QV, tem-se o WHOQOL-BREF.
Ele consiste em um questionário simples e curto, que valoriza a percepção individual, podendo
avaliar a QV em diversos grupos e situações, independendo o nível de escolaridade do
indivíduo avaliado. Sua pontuação varia de zero a 100, e uma pontuação mais perto de 100
significa uma melhor qualidade vida. O instrumento apresenta propriedades psicométricas
satisfatórias e demanda pouco tempo de aplicação, além de ser possível descrever a percepção
23
subjetiva de um indivíduo em relação à sua saúde física e psicológica, às relações sociais e ao
ambiente (67).
O WHOQOL-BREF tem 26 questões que variam a respeito da qualidade de vida global
e demais domínios, como “físico” (dor física e desconforto, dependência de
medicação/tratamento, energia e fadiga, mobilidade, sono e repouso, atividades da vida
cotidiana, capacidade para o trabalho), “psicológico” (sentimentos positivos e negativos, espi-
ritualidade/crenças pessoais, aprendizado/memória/concentração, aceitação da imagem
corporal e aparência, autoestima), “relações sociais” (relações pessoais, atividade sexual,
suporte/apoio social) e “ambiente” (segurança física, ambiente físico, recursos financeiros,
novas informações/habilidades, recreação e lazer, ambiente no lar, cuidados de saúde,
transporte) (67,68).
Levando em consideração os aspectos envolvidos na avaliação da qualidade de vida, é
importante pensar os impactos dos problemas relacionados à massa, força e função muscular
na vida dos idosos. A diminuição da função física está diretamente relacionada com a QV,
levando em conta que aproximadamente um terço dos idosos caem pelo menos uma vez por
ano e 4,1% das quedas resulta em fraturas (69). As quedas estão associadas à incapacidade
física, prejuízo funcional, dependência em atividades de vida diária, institucionalização,
aumento da morbidade e mortalidade (70). Vários fatores de risco foram encontrados para
predispor os idosos a quedas, incluindo velhice, sexo feminino, medo de cair, prejudicado
cognição, mobilidade e marcha, e um dos potencialmente fatores de risco modificáveis são a
baixa força e massa muscular (69,71).
Segundo um estudo transversal com 3493 participantes portugueses de ambos os sexos,
a partir dos 65 anos de idade, a baixa função muscular demonstra ter maior impacto sobre o
risco de dependência física em comparação com baixa massa muscular de forma isolada (72).
Além disso, força muscular foi associada a prejuízo cognitivo em múltiplas dimensões e
função cognitiva global (73). A obesidade, associada a esses componentes, aumentou o risco
de queda nesta população (74). Os idosos com baixa massa muscular esquelética ou baixa
função muscular são mais propensos a correr o risco de perder independência física na vida
adulta, principalmente acima de 90 anos. Embora baixa massa muscular represente fator de
risco para a independência física, a função muscular demonstra ter papel de liderança neste
relacionamento, e juntas, as condições desempenham um papel sinérgico na aumentando o
risco de perda de independência física (72).
24
Em particular, a força muscular diminui com o envelhecimento, pois os níveis de
citocinas inflamatórias aumentam devido à infiltração de gordura no músculo e diminuição da
massa muscular pela à resistência à insulina (75). Um estudo coreano que avaliou dieta e
estado nutricional em idosos observou que a dificuldade com a preparação das refeições à
medida que o funcionamento físico se deteriora com o passar dos anos é um importante fator
de risco para a desnutrição, aumentando o nível de estado nutricional de vulnerabilidade e
consequentemente, diminuindo a massa, força e função muscular (76). Programas
multidimensionais e multidisciplinares que enfatizam nutrição e exercícios são necessários
para melhorar a FPM e massa muscular em idosos (46).
Diante disso, é importante prezar pelo cuidado para pessoas com baixa força e massa
muscular, pois tem altos encargos pessoais, sociais e econômicos quando não tratadas (66).
Esta situação de baixa massa muscular e força aumenta o risco de quedas e fraturas, prejudica
a capacidade de realizar atividades da vida diária, além de ser associada a um aumento do
risco de doenças crônicas e mortalidade precoce (70). Em termos financeiros, a baixa massa e
força muscular têm alto custo para os sistemas de saúde, aumentando o risco de hospitalização
e o custo dos cuidados durante a estadia do paciente no hospital e o tempo de internação (2).
Por fim, estudos enfatizam a importância da promoção do envelhecimento fisicamente ativo
com foco em programas de treinamento de resistência, para não apenas aumentar a massa
muscular, mas também força e função muscular são determinantes para adiar dependência
física no envelhecimento (42,49).
25
3.5. Associação entre massa e força muscular com qualidade de vida em idosos
Na tentativa de proporcionar um envelhecimento ativo e saudável para pessoas idosas e
proporcionar mais autonomia e independência nas atividades da vida diária (65), é possível
observar um aumento crescente nos estudos sobre os parâmetros de massa e força muscular e
sua influência na QV de idosos (11,46,78–80).
Na Bélgica, um estudo longitudinal denomidado “SarcophAge” acompanhou 534 idosos,
a partir dos 65 anos, durante um ano e usou o DEXA para avaliar composição corporal e a
FPM para avaliar força de MMSS e o TSL para avaliar força de MMII. O estudo encontrou
que os indivíduos com baixa força e massa muscular estiveram associados a piores escores de
QV, idade mais avançada, a mais comorbidades, desnutrição e consumo de polifarmácia (1).
Na Coréia, um estudo transversal que avaliou a qualidade de vida em associação com a
FPM em 2377 idosos a partir dos 65 anos, encontrou 25,4% de baixa FPM nessa amostra.
Além disso, a baixa força se associou com piores escores de QV nos domínios, mobilidade,
autocuidado, atividades usuais, dor e desconforto, ansiedade e depressão. Foi usado o
instrumento EuroQol de auto relato de QV (46). Essas evidências mostram que o suporte,
interesse e intervenções da sociedade devem ser fornecidos de forma efetiva para idosos com
baixa força. Além disso, a promoção e educação sobre a importância da FPM adequada em
idosos (81).
De acordo com um estudo transversal realizado na Áustria, com idosos a partir dos 65
anos, não foi observada associação entre a massa muscular esquelética e QV (78). Em relação
às valências físicas, este mesmo estudo mostrou uma associação entre equilíbrio, habilidades e
força de preensão manual com QV, sendo o equilíbrio a valência com mais forte asociação aos
domínios de QV de saúde física, autonomia e participação social (78). Ainda nesta
perspectiva, outro estudo prospectivo e observacional realizado em Portugal, com o intuito de
comparar os níveis de força, massa muscular e QV em idosos não institucionalizados, avaliou
105 idosos a partir dos 60 anos e usando o questionário SF-36 de QV, e encontrou que maior
massa muscular esquelética foi associada com maior QV nessa amostra (79).
De acordo com os estudos internacionais apresentados, apesar da associação da força
com a QV, pouco se pesquisou sobre a associação da força de MMII e seu impacto nos
diferentes domínios de QV já que se sabe que a força se altera diferentemente entre os
membros superiores e inferiores no processo de envelhecimento (12,13). Além disso,
diferentes instrumentos têm sido utilizados entre os países para avaliação da QV, dificultando
26
a padronização dessa análise, apesar de termos instrumentos validados mundialmente pela
OMS para avaliação dessa variável (6).
No Brasil, um estudo transversal avaliou 584 idosos do sul do país, a partir dos 60 anos.
Os autores avaliaram a associação entre FPM, baixa massa muscular e QV, e observaram que
associação positiva entre FPM e QV e associação negativa entre baixa força e massa muscular
com QV (11). Nesta mesma perspectiva, um outro estudo brasileiro avaliou a associação entre
desempenho físico de membros inferiores, FPM e QV em idosos. Esse estudou tranversal
avaliou 608 idosos de Minas Gerais a partir dos 60 anos e usou o WHOQOL-BREF e o
WHOQOL-OLD para avaliar QV, a FPM para avaliar força de MMSS e o Short Physical
Performance Battery (SPPB) para avaliar desempenho físico dos MMII. Piores escores de QV
se associaram a menor força de MMSS e menor desempenho de MMII (80).
Os estudos brasileiros começam a investigar a associação também da força de MMII
com a QV, além da força de preensão manual, e se tem preferido usar os instrumentos
desenvolvidos pela OMS para avaliação da QV melhorando a padronização dos estudos (80).
Ainda assim, os estudos usam apenas o DEXA para avaliação da massa muscular, que além de
alto custo para financiamento das pesquisas não é uma ferramenta prática nem viável para uso
na prática clínica na investigação de baixa massa muscular esquelética (11,79). Além disso,
estudos avaliando tanto os parâmetros de força quanto o de massa muscular nos mesmos
indivíduos e associando com a QV se fazem necessários para entender não só a repercussão
deles na QV, mas também para compreender se isoladamente tratados ou prevenidos trazem
algum impacto positivo na QV dos idosos.
O Quadro 1 sintetiza panorama geral dos estudos associando força de MMII e MMSS
com QV. De uma forma geral, é possível observar que existe uma relação linear direta entre a
massa muscular e a qualidade de vida. No entanto, resta saber se esta relação ocorre de forma
semelhante entre os MMII e MMSS, pois a escassez de estudos na temática não nos permite
tirar esta conclusão.
27
Quadro 1 – Levantamento dos principais estudos associando força de massa muscular apendicular total e de membros
superiores e inferiores com a qualidade de vida.
Autor (ano)/
Local
Delineamento do estudo
e amostra Variável avaliada
Instrumento de
Avaliação Principais Resultados
Beaudart et al
(2015) / Bélgica
Prospectivo longitudinal
com duração de cinco
anos/ N = 534/ ≥ 65 anos
MMA
Força de MMSS
Força de MMII
QV
DEXA
FPM
TSL
SF-36
Baixa força e MMA se associaram a
piores escores de QV, idade mais
avançada, mais comorbidades,
desnutrição e consumo de polifarmácia.
Kwak, Kim
(2017) / Coreia
Transversal/ N = 2377/ ≥
65 anos
Força de MMSS
QV
FPM
EuroQol
Baixa força se associou com piores
escores de QV nos domínios,
mobilidade, autocuidado, atividades
usuais, dor e desconforto, ansiedade e
depressão.
Haider et al
(2016) / Áustria
Transversal/ N = 83/ ≥ 65
anos
MMA
Força de MMSS
Força de MMII
BIA
FPM
TSL
Não foi observada associação entre a
MMA e QV. Força de MMSS se
associou com QV geral.
28
QV WHOQOL-BREF e
WHOQOL-OLD
Miguel, Guerreiro
(2021) / Portugal
Prospectivo
observacional/ N = 105 /
≥ 60 anos
MME
Força de MMII
QV
BIA
Cadeira isocinética
SF-36
Maior massa muscular esquelética foi
associada com maior QV.
Marques et al
(2018) / Brasil
(Florianópolis)
Transversal / N = 584 / ≥
60 anos
MMA
Força de MMSS
QV
DEXA
FPM
Associação positiva entre FPM e QV e
associação negativa entre baixa força e
massa muscular com QV.
Mara et al (2021)
/ Brasil (Minas
Gerais)
Transversal / N = 608 / ≥
60 anos
Força de MMSS
Força de MMII
QV
FPM
TSL
WHOQOL-BREF e
WHOQOL-OLD
Piores escores de QV se associaram a
menor força de MMSS e menor
desempenho de MMII.
Abreviações: N, número de participantes do estudo; MME, massa muscular esquelética; MMA, massa muscular apendicular; MMII, membros inferiores; MMSS,
membros superiores; QV, qualidade de vida; DEXA, absorciometria por raios-X com dupla energia; FPM, força de preensão manual; TSL, teste de sentar e
levantar; WHOQOL-BREF, questionário de QV; WHOQOL-OLD, questionário de QV; SF-36, questionário de QV; EuroQol, questionário de QV.
29
4. MÉTODOS
4.1. Delineamento do Estudo
Trata-se de um estudo observacional de corte transversal.
4.2. Caracterização da Amostra
A pesquisa foi realizada com idosos de ambos os sexos, com idade entre 60 e 80 anos,
não institucionalizados, residentes em Natal-RN. O estudo foi divulgado em mídia (i.e., rádio,
televisão e jornal) e redes sociais para recrutamento da amostra por conveniência. Os critérios
de elegibilidade foram: i) idade entre 60 e 80 anos; ii) ausência de histórico de doenças ou
eventos cardiovasculares (i.e., infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico,
doença arterial coronariana, arritmias, doença vascular periférica); iii) ausência de limitações
osteomioarticulares que impedissem a realização de testes físicos. Critério de exclusão: não
comparecimento nas avaliações.
Trata-se de um estudo proveniente de um estudo guarda chuva intitulado de
“Cardiovascular, Cognitive and Exercise Study in Elderly” (CORE) que avaliou a saúde
cardiovascular de idosos residentes em Natal/RN. A amostra por conveniência, a limitação da
idade até 80 anos, critérios de inclusão e exclusão e tamanho amostral foram definidos de
acordo com o estudo maior.
4.3 Aspectos Éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL (CEP-HUOL)
da UFRN (protocolo CAAE: 82609318.0.0000.5292; número do parecer: 2.603.422 /2018).
Os sujeitos da pesquisa foram totalmente esclarecidos no que diz respeito à natureza, aos
riscos e aos objetivos inerentes da pesquisa através do TCLE, de acordo com a Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A desistência da participação neste estudo pôde ser
feita a qualquer momento sem nenhum prejuízo ao participante.
30
Ao final, foi entregue um relatório da avaliação realizada com cada idoso e seus
resultados com explicações de fácil entendimento para que os participantes pudessem ter uma
ideia de seu estado geral de saúde e qualidade de vida.
4.4. Logística do Estudo
As coletas de dados aconteceram no Laboratório de Pesquisa (Pesqclin) nas
dependências do Hospital Universitário Onofre Lopes e no departamento de educação física,
de junho a Dezembro de 2019. Foi realizada uma triagem inicial nos idosos com o objetivo de
definir melhor os sujeitos que participariam da pesquisa. Após a apresentação dos motivos e
métodos adotados na pesquisa, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi
explicado e assinado. Em seguida os idosos foram questionados sobre o histórico de doenças
para que fosse confirmada a sua elegibilidade como participante efetivo do estudo.
Cada indivíduo compareceu aos laboratórios da Universidade em três momentos
diferentes, para obtenção de dados de caracterização da população estudada, aplicação dos
testes físicos e de força, além do questionário de qualidade de vida.
4.5 Avaliações
4.5.1. Características Socioeconômicas e demográficas
As variáveis demográficas e socioeconômicas analisadas foram sexo, idade em anos,
renda per capita (se possuía mais ou menos que um salário mínimo), escolaridade (se possuía
ou não ensino superior), convivência marital dividida em duas categorias: sem companheiro e
com companheiro. A renda foi coletada através da renda total da família, incluindo auxílios e
benefícios recebidos e dividido pelo número de pessoas que vivem dessa renda. Quanto à
escolaridade foi perguntado até que série escolar o indivíduo estudou e após a coleta foi feita a
divisão se tem ou não ensino superior. Foram coletadas também informações sobre tabagismo,
se fumante, ex-fumante ou não fumante, de uso abusivo de álcool (quatro ou mais doses para
mulheres e cinco ou mais doses para homens), nível de atividade física (se ativo ou inativo de
acordo com os mets/semana) e presença de comorbidades como obesidade, diabetes,
hipertensão arterial e dislipidemias. Todas essas informações foram coletadas através de
questionário lido pelos responsáveis pela pesquisa.
31
4.5.2. Avaliação Antropométrica e da Composição Corporal
Foram coletadas as seguintes medidas antropométricas para a caracterização da
população: massa corporal (Kg) e estatura (m). Para a medida da massa corporal foi utilizada a
balança eletrônica do equipámento InBody 270. A estatura foi aferida em estadiômetro digital
Charder modelo HM-210D (Charder Eletronic Co., LtdTaiwan) sem uso de nenhum
procedimento para minimizar as peculiaridades envolvidas no envelhecimento para avaliação
da estatura. Tanto para avaliação de peso quanto estatura o indivíduo foi orientado a estar
descalço, ereto, com roupas leves e sem adornos ou acessórios de cabelo que pudessem
atrapalhar a avaliação. As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o cálculo do IMC:
[IMC = peso (kg)/ altura (m)²], em que o estado nutricional foi organizado de acordo com a
classificação utilizada pelo Ministério da Saúde para idosos, com pontos de corte de ≤
22kg/m2 para baixo peso, de 22 a 27kg/m2 para adequado, ≥ 27kg/m2 para sobrepeso e
adicionado o estado nutricional de obesidade para IMC maior que 30kg/m² (82).
Para avaliação da composição corporal foi utilizada a bioimpedância tetrapolar pelo
equipamento InBody 270 modelo BPM040S12F07 (InBody Co., Ltda). A BIA é uma técnica
para avaliação da massa magra apendicular com alta correlação com as medidas obtidas pelo
DEXA (60). Ela foi citada como método de avaliação da massa magra pelo Consenso Europe
de Sarcopenia (2,53), além de boa reprodutibilidade (61). O participante foi instruído de
acordo com as orientações do fabricante para realização da avaliação. Foi avaliada nesse
exame a massa muscular esquelética apendicular (MMA), cujo valor foi obtido diretamente do
equipamento em kg. O participante precisava estar em jejum de água e comida por pelo menos
três horas, sem nenhum utensílio ou adorno de metal e não realizar atividade física nas 24
horas antecedentes a avaliação. No momento da avaliação, o paciente precisava estar descalço
e estar em contato com os quatro eletrodos de metal do equipamento, dois encostados nos pés
e dois encostados nas mãos.
4.5.3. Força Muscular
Para avaliar força MMSS (kg) foi utilizado o teste de Força de Preensão Manual (FPM)
com o dinamômetro Jamar® modelo 5030J1. Tal procedimento foi conduzido conforme o
protocolo adotado por Coldham e colaboradores (83), e teste foi indicado pelo Consenso
32
Europeu de Sarcopenia pra avaliação da força muscular (2,41). Os voluntários foram
orientados a realizar a preensão com o cotovelo do braço dominante na angulação de 90°, sem
estar apoiado ao corpo, durante a expiração, sem realizar a manobra de Valsalva e estimulados
verbalmente durante todo o teste, a aferição foi repetida três vezes com intervalo de um a dois
minutos entre cada medição (2). Essa avaliação foi feita em ambos os braços, com o pulso na
posição neutra e foi utilizado o maior valor entre as medições para as análises estatísticas.
Foi realizado também o TSL como medida de força MMII, a partir do número de
repetições. Foi contabilizado 30 segundos para o indivíduo realizar o máximo de repetições do
movimento de sentar e levantar em uma cadeira reta, sem “braços” e com encosto. Os
voluntários foram orientados a realizar o movimento com os braços levemente cruzados a
frente do peito e com os cotovelos em linha reta com os ombros, sem estar apoiado ao corpo
(37).
4.5.4. Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF (escore total e seus domínios)
Para avaliar qualidade de vida foi utilizado o questionário WHOQOL-BREF (Anexo 1),
desenvolvido pela OMS, com unidade de medida em pontos. Este instrumento é constituído de
26 perguntas atribuídas a quatro domínios: Capacidade física, bem-estar psicológico, relações
sociais e meio ambiente. Além disso há um domínio separado que analisa a qualidade de vida
global. O instrumento WHOQOL-BREF apresenta desempenho psicométrico satisfatório em
idosos brasileiros, sendo uma alternativa útil na aferição de qualidade de vida da população
idosa. Suas questões são formuladas para respostas em escalas incluindo intensidade (“nada” a
“extremamente”), capacidade (“nada” a “completamente”), frequência (“nunca” a “sempre”) e
avaliação (“muito insatisfeito” a “muito satisfeito”; “muito ruim” a “muito bom”). Sua
classificação foi definida em pontuação menor que 59 (Necessita Melhorar a QV), pontuação
entre 60 a 79 (QV regular), entre 80 a 99 (boa QV) e 100 (Muito boa QV) (67,84,85).
4.5.5. Escala de depressão geriátrica (EDG)
A versão brasileira da GDS-15.20 é uma escala dicotômica, em que os participantes
responderam 15 perguntas sobre a presença ou a ausência de sintomas referentes a mudanças
de humor e a sentimentos específicos como desamparo, inutilidade, desinteresse,
aborrecimento e felicidade. A classificação dos resultados foi definida em pontuação 0 a 5
33
“depressão improvável”, 6 a 9 “possível depressão” e 10 a 15 “depressão provavelmente
presente” (86).
4.5.6. Análise estatística
Os dados contínuos e categóricos foram expressos como média ± desvio padrão e
frequências absolutas e relativas, respectivamente. Os testes correlação de Spearman, Qui-
quadrado e exato de Fisher foram usados para a análise bivariada. Na análise multivariável, o
modelo de regressão de Poisson com variância robusta foi usado para calcular a razão de
prevalência (RP) e seus intervalos de confiança (IC) de 95% para baixos scores (“Necessita
melhorar”/”Regular”) de QV entre os idosos com “baixo” e “adequado” níveis de força de
MMSS, MMII e MMA.
Em relação aos resultados de força de MMSS, MMII e MMA, a distribuição dos dados
foi avaliada para determinar os quartis da amostra. Para determinar baixa força de MMSS,
baixa força de MMII e baixa MMA, foi utilizado como ponto de corte o percentil 25 (P25) da
amostra, estratificado por sexo, seguindo a metodologia proposta por Rikli e Jones (1999), que
sugerem considerar valores abaixo do percentil 25 como abaixo da média para desempenho
físico funcional de idosos, considerando sexo e faixa etária, além disso, a amostra por
conveniência também propiciou a escolha dessa metodologia (87).
Todos os modelos multivariáveis foram ajustados para as variáveis independentes que
foram associadas aos desfechos de QV nas análises bivariadas com um p < 0,20 (ver Tabela
Suplementar 1). A permanência da variável independente no modelo multivável obedeceu a
um p < 0,20, bem como sua capacidade de aprimorar o modelo por meio do teste de Omnibus
(ver Tabela Suplementar 2). Os pressupostos da regressão de Poisson foram verificados. O
teste Omnibus foi usado para verificar a qualidade do ajuste dos modelos; um modelo bem
ajustado é representado por um p < 0,05. O nível de significância adotado no estudo foi p <
0,05. A análise estatística foi realizada por meio do programa IBM SPSS Statistics for
Win/v.27.0 (IBM Corp., Armonk, NY).
34
5. RESULTADOS
Os pontos de corte para homens na força de MMII, MMSS e MMA foram 12,0 rep, 30,2
kg e 7,4 kg/m², respectivamente. Já para as mulheres, os pontos de corte para força de MMII,
MMSS e MMA foram 11,0 rep, 18,9 kg e 5,9 kg/m², respectivamente.
A Figura 1 apresenta o fluxograma do estudo. Dos indivíduos, 702 foram potencialmente
elegíveis para o estudo, desses 232 não foram avaliados devido aos critérios de inclusão e
exclusão, 71 foram perdas durante o seguimento e 399 foram incluídos e analisados no estudo.
Figura 1 | Fluxograma do estudo: Associação entre força muscular e MMA com QV em
idosos: um estudo transversal.
A Tabela 1 apresenta as características dos participantes. Um total de 399 idosos foram
incluídos na análise final (Figura 1). A maioria dos participantes foram mulheres (~73%), com
convivência marital (~69%) e com renda per capita maior que 1 salário mínimo (~61%).
Alguns participantes eram fumantes (3,8%), ex-fumantes (35,1%) e faziam o uso abusivo de
Potencialmente elegíveis
(n = 702)
Incluídos e analisados
(n = 399)
Não avaliados (n = 232)
• Desistência voluntária (n = 109)
• Dados de contato errados (n = 101)
• Idade não compatível (n = 8)
• Doença cardiovascular (n = 9)
• Histórico de AVC (n = 5)
Perdidos durante seguimento (n =71)
• Dados ausentes (n =71)
Elegibilidade confirmada
(n = 470)
35
álcool (7,0%). Além disso, a maioria dos participantes tinha hipertensão (~67%), diabetes
(~34%) e obesidade (~39%).
Tabela 1 | Características sociodemográficas dos idosos, residentes em Natal/RN,
outubro de 2018 a dezembro de 2019 (n = 399).
Média ± DP ou N (%)
Idade, anos 66,3 ± 4,8
Feminino 290 (72,7%)
Ensino superior 97 (24,3%)
Convivência marital 276 (69,2%)
Renda per capita > 1 SM 243 (60,9%)
IMC, kg/m2 28,9 ± 4,9
Força MMII, n 13,4 ± 3,6
Força MMSS, kgf 26,3 ± 8,4
MMA, kg/m² 6,9 ± 1,1
Qualidade de vida
Físico 66,9 ± 16,0
Psicológico 70,5 ± 14,8
Relações sociais 70,6 ± 17,4
Meio ambiente 58,8 ± 14,6
Geral 65,9 ± 12,5
Escala de depressão geriátrica 3,7 ± 2,6
Possível depressão 74 (18,5%)
Depressão provavelmente presente 15 (3,8%)
Ex-tabagista 140 (35,1%)
Tabagista 15 (3,8%)
Uso abusivo de álcool 28 (7,0%)
Inativo fisicamente 199 (49,9%)
36
Comorbidades
Obesidade 157 (39,3%)
Diabetes 137 (34,3%)
Hipertensão 266 (66,7%)
Dislipidemia 154 (31,3%)
Os dados são expressos em média ± desvio padrão ou frequência absoluta (n) e relativa (%).
Abreviações: IMC, índice de massa corporal; MMA, massa muscular apendicular; MMII, membros
inferiores; MMSS, membros superiores; SM, salário mínimo.
A Tabela 2 apresenta a correlação entre teste de força de MMII, MMSS e MMA com
qualidade de vida. A força de MMII se correlacionou positivamente e significativamente com
todos os domínios de QV, bem como com o escore geral de QV (p < 0,05). A MMA se
correlacionou positivamente e significativamente apenas com os domínios psicológicos e de
relações sociais de QV (p < 0,05). Não foram observadas correlações significativas entre força
de MMSS e QV (p > 0,05).
As Tabelas Suplementares 1 e 2 indicam, respectivamente, as análises bivariadas entre
QV e as possíveis variáveis de confusão que poderiam entrar na análise, bem como as
covariáveis que após o p valor no teste de modelo de efeitos se encontrou menor que 0,20,
sendo incluídas no estudo (ver tabela suplementar 2).
A Tabela 3 apresenta os valores de prevalência para baixos (necessita melhorar/regular)
e altos (boa/muito boa) scores de QV entre os participantes de acordo com seu perfil de força
de MMII, MMSS e MMA. No baixo domínio físico e meio ambiente, a maior prevalência foi
nos participantes com baixa força de MMII (~84% e ~94%, respectivamente). A maior
prevalência de baixa QV geral foi encontrada nos participantes que tiveram baixa força de
MMSS (~93%, n = 64). Já nos baixos domínios psicológico e de relações sociais, a maior
prevalência ocorreu nos participantes com baixa MMA (~81% e ~74%, respectivamente).
A Figura 2 e a tabela suplementar 3 (em apêndice) mostram a RP para baixos (necessita
melhorar/regular) scores de QV em idosos com baixa força de MMII, MMSS e MMA em
comparação com o grupo de referência (níveis adequados). O grupo com baixa força de MMII
apresentou maior RP para baixos níveis de QV geral (RP 1,20, IC 95% 1,05–1,39) e seus
domínios físico (RP 1,34, IC 95% 1,10–1,63), psicológico (RP 1,34, IC 95% 1,10–1,63) e de
37
meio ambiente (RP 1,12, IC 95% 1,00–1,24). O grupo como com baixa força de MMSS
apresentou maior RP para QV geral (RP 1,09, IC 95% 1,01–1,17), mas não para os domínios
de forma isolada. O grupo com baixa MMA apresentou maior RP para baixo domínio
psicológico de QV (RP 1,30, IC 95% 1,12–1,52). A MMA não se associou com os demais
domínios de QV, bem como com a QV geral.
38
Tabela 2 | Correlação entre força de MMII, MMSS e MMA com QV dos idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de
2019.
Os resultados estão expressos em coeficiente de correlação (r) de Spearman.
Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.
Domínio
Físico
Domínio
Psicológico
Domínio
relações sociais
Domínio
meio ambiente
Qualidade
de vida geral
R P R P R P R P R P
n = 390
Força MMII, n 0,343 <0,001 0,257 <0,001 0,175 0,001 0,230 <0,001 0,325 <0,001
n = 394
Força MMSS, kgf –0,013 0,802 –0,072 0,155 –0,070 0,169 –0,074 0,142 –0,055 0,278
n = 399
MMA, kg/m² 0,075 0,135 0,121 0,015 0,105 0,037 0,039 0,435 0,098 0,051
39
Tabela 3 | Prevalência para baixos e altos scores de qualidade de vida entre os idosos com baixa vs. adequada força de MMII, baixa vs.
adequada força de MMSS e baixa vs. adequada MMA dos idosos residentes em Natal/RN, de outubro de 2018 a dezembro de 2019.
Domínio físico Domínio psicológico Domínio relações
sociais
Domínio meio
ambiente
Qualidade de vida
geral
Necessita
melhorar/Regular
Necessita
melhorar/Regular
Necessita
melhorar/Regular
Necessita
melhorar/Regular
Necessita
melhorar/Regular
Força MMII n = 390
Baixa MMII 264 (84,1%) 240 (76,4%) 226 (72,0%) 296 (94,3%) 287 (91,4%)
Adequada MMII 44 (57,9%) 43 (56,6%) 44 (57,9%) 62 (81,6%) 55 (72,4%)
Força MMSS n = 394
Baixa MMSS 57 (82,6%) 55 (79,7%) 49 (71,0%) 65 (94,2%) 64 (92,8%)
Adequada MMSS 255 (78,5%) 232 (71,4%) 220 (67,7%) 297 (91,4%) 282 (86,8%)
MMA n = 399
Baixa MMA 80 (81,6%) 79 (80,6%) 72 (73,5%) 90 (91,8%) 89 (90,8%)
Adequada MMA 237 (78,7%) 213 (70,8%) 202 (67,1%) 277 (92,0%) 262 (87,0%)
Os dados são expressos em frequência absoluta (n) e relativa (%).
Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.
40
Abreviações: FM de MMSS, força de membros superiores; FM de MMII, força de membros inferiores;
MMA, massa muscular apendicular; RP, razão de prevalência; QV, Qualidade de vida; IC, intervalo de
confiança.
Figura 2 | Razão de prevalência para baixos scores de QV e baixa força de MMII, MMSS
e baixa MMA dos idosos, residentes em Natal/RN, de outubro de 2018 a dezembro de
2019.
Foi analisada a RP para baixos scores (necessita melhorar/regular) de qualidade de vida
entre os idosos com baixa vs. adequada força de MMII (n = 390), baixa vs. adequada força de
MMSS (n = 394) e baixa vs. adequada MMA (n = 399). Os modelos foram analisados pela
regressão de Poisson com variância robusta e foram expressos em RP e IC de 95%. Todos os
modelos apresentaram o p valor < 0,05 no teste Omnibus. Os modelos foram ajustados para as
covariáveis que se associaram a cada desfecho na análise bivariada (veja Tabela suplementar
2).
Além disso, nós realizamos modelos múltiplos adicionais dos modelos múltiplos
significativos a fim de analisar se a força e massa muscular são preditores da qualidade de vida
41
de forma independente um do outro. Referente aos modelos preditores do domínio físico, a
força de MMII permaneceu como preditor significativo, independente da massa muscular (RP
1,32; IC 95% 1,08 –1,61; p = 0,006). Quanto aos modelos preditores do domínio psicológico,
a massa muscular continuou um preditor significativo, independente da força de MMII (RP
1,28; IC 95% 1,09 –1,50; p = 0,003) e MMSS (RP 1,29; IC 95% 1,10 –1,61; p = 0,001). Já nos
modelos preditores do domínio de meio ambiente, a força de MMII perdeu seu poder preditivo
após a inclusão da massa muscular no modelo múltiplo (RP 1,11; IC 95% 1,00 –1,24; p =
0,054). Por fim, referente aos modelos preditivos da qualidade de vida geral, a força de MMII
(RP 1,19; IC 95% 1,03 –1,37; p = 0,017) e MMSS (RP 1,09; IC 95% 1,01 –1,17; p = 0,026)
continuaram preditores significativos após a inclusão da massa muscular no modelo múltiplo.
42
6. DISCUSSÃO
Os principais achados deste estudo foram que a força muscular, principalmente de
MMII, se associou com mais domínios de QV (físico, psicológico, meio ambiente e geral), a
força de MMSS se associou somente com a QV geral e a MMA se associou somente com o
domínio psicológico da QV. Além disso, esse foi o primeiro estudo que avaliou esses
parâmetros em conjunto nos mesmos indivíduos e com ferramentas acessíveis, de baixo custo
e de fácil uso na prática clínica, podendo ser utilizado como parâmetro de investigação desses
fatores frente à realidade de saúde pública brasileira.
A perda de força muscular pode ser diferente entre os membros durante o processo de
envelhecimento e por isso a importância de medir essa variável em ambos (12,13). Em nosso
estudo, somente 17,4% dos indivíduos tinham baixa força tanto de MMSS quanto de MMII. É
possível encontrar na literatura uma gama de estudos que avaliam força somente de MMSS,
mostrando a limitação do uso somente da FPM em comparação com TSL, pelo qual a força de
MMII se associou a todos os domínios (46,88,89).
A força de MMII, medida através do TSL, demonstrou estar associada a todos os
domínios da QV, menos o de relações sociais, confirmando resultados de estudos anteriores
que encontraram associação entre força de MMII e QV (80,90). Essa associação pode ser
explicada pela relação dos músculos dos MMII às atividades da vida diária e locomoção, além
disso, perda de força nesses músculos é fator de risco para quedas e fraturas e gera
dependência para realizar atividades do dia a dia (91). Ademais, o teste engloba mais do que
somente força, para realizar tal avaliação o indivíduo necessita de outras habilidades
relacionadas à funcionalidade como coordenação, potência e equilíbrio, por exemplo. (92).
Em relação à força de MMSS, nesse estudo, a baixa FPM demonstrou associação
somente com a QV geral, diferentemente de outros estudos (1,72) como um realizado com 534
idosos com média de idade de 73,5 ± 6,16 anos, de ambos os sexos, que encontrou que baixa
QV teve associação com baixa FPM em mais domínios. Embora 92,8% dos participantes do
nosso estudo que tinham baixa FPM tenham sido classificados com QV “regular/necessita
melhorar”, uma possível justificativa para associação da força de MMSS apenas com QV geral
é que esse teste avalia somente força, sem adição de outro parâmetro físico (93).
No presente trabalho, a MMA se associou somente com o domínio psicológico da QV.
Nossos resultados são semelhante a um estudo prospectivo realizado com 534 idosos a partir
dos 65 anos que usou o SarQol para avaliar QV e encontrou que avaliações baseadas apenas
43
na massa muscular, nenhuma diferença na QV foi vista, somente nos domínios atividades da
vida diária e medo (5). O medo tem relação com o domínio psicológico, afirmando a relação
da MMA com fatores psicológicos e QV (94). Além disso, estudos que abordem o impacto das
mudanças de composição corporal do envelhecimento no âmbito psicológico dos idosos se
fazem necessários para compreender melhor esse processo e como os indivíduos se percebem.
O maior escore no domínio de relações sociais da QV pode ser explicado por todos
idosos morarem com alguém, o que contribui para melhor resultado de parâmetros como as
relações pessoais, suporte social e atividade sexual (95). Já o menor escore encontrado foi no
domínio meio ambiente e pode ser justificado por 40% dos participantes terem renda menor
que um salário mínimo. Recursos financeiros interferem no poder de escolha, preferências e o
controle de parâmetros ambientais, e consequentemente, interferem na QV (16).
A associação entre o domínio psicológico, baixa força de MMII e baixa MMA pode
estar relacionada ao processo de envelhecimento propriamente dito, marcado por mudanças
que ocasionam perdas nas reservas fisiológicas e declínio geral na capacidade intrínseca. Esse
comprometimento pode levar a perda da funcionalidade privando-os do engajamento em
atividades físicas, sociais e de lazer que possibilitam a manutenção do bem-estar psicológico,
maior sociabilidade e integração social (16,96). A ocorrência dessas mudanças corporais pode
gerar sentimentos negativos em relação à imagem corporal e aparência, além disso, pressupõe-
se que as próprias alterações de força e massa muscular possam gerar descontentamento nos
idosos sobre suas conquistas e perspectivas futuras influenciando o domínio psicológico (80).
O domínio físico e a baixa força de MMII se associaram e uma possível justificativa é a
relação entre as perdas motoras do envelhecimento e o comprometimento com o desempenho
físico, principalmente de MMII dos idosos (16), adicionando o fato de que metade da amostra
é inativa fisicamente (97). Dessa forma, com a diminuição da independência, a necessidade de
auxílio para desempenhar funções pode afetar sua autonomia (98,99). Além do mais, a vida
íntima dos idosos fica afetada já que, muitas vezes, residir com familiares, causa sentimento de
incômodo e pode interferir nas relações e sensações sobre companheirismo e amor na vida e,
consequentemente, interfere nas capacidades físicas do indivíduo (80,99).
Referente à associação da QV geral, baixa força de MMII e MMSS, sugere-se que os
declínios do envelhecimento geram repercussões negativas para os próprios idosos e para a
sociedade impactando nas relações sociais, no meio ambiente, no psicológico, no físico e,
consequentemente, na QV geral (80).
44
É importante destacarmos que para as associações de baixa massa muscular e força,
usamos valores de referência extraído da nossa própria população para esta categorização.
Com isso, não podemos realizar comparações com estudos que realizaram estas mesmas
análises usando os pontos de corte sugeridos no EWGSOP2 (2). Em nosso trabalho, os
parâmetros de força de MMII foi de 12 repetições para homens e 11 repetições para mulheres,
enquanto Rikli e Jones preconizam 9 e 8 repetições respectivamente, a partir dos 60 anos (45).
Para MMSS encontramos P25 de 30,2kg para homens e 18,9kg para mulheres enquanto o
EWGSOP2 traz valores de <27kg e <16kg, respectivamente. Quanto a MMA foi de 7,4kg para
homens e 5,9kg para mulheres, enquanto o EWGSOP2 preconiza menor que 7kg e menor que
6kg, respectivamente. De acordo com esses dados, os resultados do nosso P25 não se
distanciam dos pontos de corte preconizados pelas referências, no entanto, as caracteristicas da
população não eram condizentes com risco de sarcopenia. E por isso optou-se por avaliar o
ponto de corte derivado da própria população.
Além desses achados principais, houve uma maior participação de indivíduos do sexo
feminino no estudo (72,7%) e isso confirma os dados de que mais da metade dos indivíduos
com idade igual ou superior a 60 anos são mulheres (100). Além disso, mulheres estão mais
presentes em ações ou eventos de saúde, visto que vivem mais e culturalmente utilizam os
serviços de saúde com mais frequência que os homens (37).
É interessante observar que nenhum participante deste estudo relatou morar sozinho.
Esse resultado coincide com o perfil geral dos idosos brasileiros, visto que 85% dos idosos
afirmam morar com alguém (100). Ademais, morar com alguém pode influenciar na relação
social, meio ambiente e pode prejudicar funções físicas já que sempre terá alguém a auxiliar
em tarefas diárias e isso pode implicar em melhor QV no domínio psicológico por ter sempre
companhia (80). Um estudo transversal feito com 796 idosos da comunidade em Uberaba/MG
que avaliou arranjo domiciliar e QV verificou que residir com filhos ou outras pessoas geram
menores escores de QV quanto a sentidos, autonomia, participação social e intimidade (101).
Como limitações do estudo, vale destacar que a populaçao refere-se a pessoas idosas,
não institucionalizadas e sem limitações físicas. A amostra foi principalmente composta por
mulheres e pessoas que vivem com companheiro. Por isso, provavelmente, essa amostra tem
melhor perfil de saúde do que a população em geral e, assim, possivelmente melhor força
muscular e QVa. Desse modo, havendo pouca heterogeneidade em exposição e desfecho, a
possibilidade de observar associações diminui. Outra limitação é o tamanho amostral, que por
45
se tratar de um estudo secundário e exploratório, utilizou-se o tamanho amostral do estudo
principal que encontrou um n de 184 participantes.
Outra limitação é o método de avaliação da massa muscular utilizado. Embora a BIA
seja reconhecida como um método amplamente difundido na prática clínica para avaliação da
composição corporal, ele é um método duplamente indireto. Com isso, a estimativa de massa
muscular ocorre por equações preditivas de composição corporal, podendo ainda sofrer
interferência na avaliação por diversos fatores como quebra do jejum de comida e água,
realização de exercício físico em tempo menor que 24 horas, etc (58). Além disso, o
equipamento utilizado no presente estudo não informa qual equação de predição de MMA foi
utilizada pelo equipamento, limitando assim a avaliação. Essas características provavelmente
fazem com que as associações com QV sejam fracas e limitam a validade externa do estudo.
Como pontos fortes do estudo, temos que este é um estudo pioneiro em associação da
QV com a força de MMII, MMSS e MMA na mesma amostra e comparando a diferença entre
os membros, além disso, trata-se de uma amostra do nordeste brasileiro trazendo mais dados
regionais para trabalhos futuros e com equipamentos de fácil manuseio e aquisição na prática
clínica.
Diante disso, as intervenções que visam promover ou manter altos níveis de atividade
física, particularmente direcionado às adaptações neuromusculares, como o treinamento
resistido ou treinamento de força, podem ser ferramentas úteis para a prevenção e tratamento
da perda de força e de massa muscular (102). Foi observado que as intervenções têm um efeito
benéfico na massa muscular, força e função física, isoladamente (103). Há divergências na
literatura quanto às configurações do programa de exercícios ideais para indivíduos com a
diminuição desses parâmetros, porém, o treinamento resistido é recomendado nessas
populações devido aos seus efeitos na hipertrofia do músculo esquelético (102,103).
Ademais, existem diretrizes elaboradas pelo Americam College of Sports Medicine
(ACSM) e pela OMS para orientar esse treinamento (104,105). No entanto, embora exercícios
e alimentação interfiram nas variáveis de força e massa muscular é necessário estudar de
maneira isolada essas variáveis, pois o ganho de força está mais associado a habilidade do
sistema nervoso em ativar os músculos envolvidos em movimentos específicos (106–109).
Dessa forma, um indivíduo com um bom controle neural e capacidade de recrutar as fibras de
maneira mais eficiente vai gerar mais força do que uma pessoa que tem uma maior quantidade
de fibras musculares, mas não consegue recrutá-las (110).
46
7. CONCLUSÃO
A força muscular, especialmente de MMII, está mais associada com menores escores de
QV de idosos não institucionalizados. Na prática, investigar e prevenir a diminuição de força e
MMA, além de estimular a prática de exercícios de força, principalmente dos MMII, pode
auxiliar na melhora da QV dos indivíduos.
47
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ANEXOS
Anexo 1. Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL-BREF.
57
58
APÊNDICES
Tabela suplementar 1 | Análise bivariada entre qualidade de vida e potenciais variáveis de confusão dos idosos, residentes em
Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019.
Domínio físico Domínio
Psicológico
Domínio de
relações sociais
Domínio de meio
ambiente
Qualidade de
vida geral
x2 p x2 P x2 P x2 P x2 p
Idade 1,138 0,768 2,819 0,420 9,109 0,028 6,336 0,096 2,486 0,478
Sexo 21,300 <0,001 8,909 0,003 4,598 0,032 11,669 0,001 19,809 <0,001
Ensino superior 10,214 0,001 6,923 0,009 0,432 0,511 23,246 <0,001 13,736 <0,001
Renda per capita 5,292 0,021 4,186 0,041 5,018 0,025 12,908 <0,001 7,644 0,006
Convivência marital 1,605 0,205 0,000 0,997 0,117 0,732 0,003 0,957 0,161 0,688
EDG 23,562 <0,001 26,241 <0,001 20,440 <0,001 5,299 0,071 15,665 <0,001
Tabagismo* 4,287 0,038 0,634 0,426 2,715 0,099 0,944 0,331 1,121 0,290
Uso abusivo de álcool 0,365 0,546 0,051 0,822 0,886 0,346 3,950 0,047 2,010 0,366
Nível de atividade física 7,291 0,007 7,811 0,005 3,244 0,072 0,522 0,470 7,571 0,006
Obesidade 6,778 0,009 7,838 0,005 0,069 0,793 8,204 0,004 6,173 0,013
Diabetes 1,705 0,192 0,237 0,627 1,269 0,260 1,247 0,264 0,761 0,383
Hipertensão 1,714 0,190 0,579 0,447 0,011 0,915 1,281 0,258 1,593 0,207
Dislipidemia 0,744 0,389 0,130 0,719 0,001 0,970 0,000 0,992 0,966 0,326
59
Os valores em negrito são resultados com valor de p < 0,20. *Tabagismo: fumantes e ex-fumantes.
Abreviações: EDG, escala de depressão geriátrica.
Tabela suplementar 2 | Covariáveis incluídas nos modelos ajustados multivariáveis da figura 2, de idosos, residentes em
Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019 .
Domínio
físico
Domínio
psicológico
Domínio
relações
sociais
Domínio
meio ambiente
Qualidade
de vida geral
Força de
MMII
Escolaridade, EGD,
tabagismo, NAF,
dislipidemia e obesidade.
Escolaridade, EGD, NAF
e obesidade.
Renda, EGD,
tabagismo e
diabetes.
Escolaridade, EGD,
obesidade e diabetes.
Escolaridade, EGD, NAF
e obesidade.
Força de
MMSS
Escolaridade, EGD,
NAF, obesidade, sexo,
dislipidemia e tabagismo
Sexo, escolaridade, EGD,
NAF e obesidade.
Renda, EGD,
tabagismo e
diabetes.
Sexo, escolaridade, EGD,
obesidade e diabetes.
Sexo, escolaridade, EGD,
NAF e obesidade.
MMA Escolaridade, EGD,
NAF, obesidade,
tabagismo, dislipidemia e
sexo.
Sexo, escolaridade, EGD,
NAF e obesidade.
Renda, EGD,
tabagismo e
diabetes.
Sexo, escolaridade, EGD
e obesidade.
Sexo, escolaridade, EGD,
NAF e obesidade.
Abreviações: Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular ajustada por altura; EGD,
escala de depressão geriátrica; NAF, nível de atividade física.
60
Tabela suplementar 3 | Razão de prevalência para baixos scores (necessita melhorar/regular) de qualidade de vida entre os
idosos com desempenho no teste de sentar e levantar baixo vs. adequado, força de preensão manual baixa vs. adequada e massa
muscular apendicular baixa vs. adequada de idosos, residentes em Natal/RN, outubro de 2018 a dezembro de 2019.
Domínio
físico baixo
Domínio
psicológico baixo
Domínio
relações sociais baixo
Domínio
meio ambiente baixo
Qualidade
de vida geral baixa
RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P RP (IC 95%) P
Força de
MMII
Modelo bruto n = 390
Baixa MMII 1,45 (1,19; 1,77) <0,001 1,35 (1,10; 1,66) 0,004 1,24 (1,01; 1,52) 0,036 1,16 (1,03; 1,29) 0,010 1,26 (1,09; 1,46) 0,001
Modelo
ajustado
Baixa MMII 1,32 (1,09; 1,32) 0,005 1,21 (0,99; 1,49) 0,064 1,17 (0,96; 1,43) 0,127 1,11 (1,00; 1,24) 0,049 1,20 (1,04; 1,38) 0,013
Força de
MMSS
Modelo bruto n = 394
Baixa MMSS 1,05 (0,93; 1,19) 0,409 1,12 (0,97; 1,28) 0,116 1,05 (0,89; 1,24) 0,577 1,03 (0,96; 1,10) 0,377 1,07 (0,99; 1,16) 0,096
Modelo
ajustado
Baixa MMSS 1,09 (0,96; 1,22) 0,174 1,13 (0,99; 1,30) 0,073 1,05 (0,90; 1,23) 0,532 1,05 (0,98; 1,13) 0,129 1,09 (1,01; 1,17) 0,034
MMA
Modelo bruto n = 399
Baixa MMA 1,04 (0,93; 1,16) 0,523 1,14 (1,01; 1,29) 0,035 1,09 (0,95; 1,26) 0,214 1,00 (0,93; 1,07) 0,952 1,04 (0,97; 1,13) 0,277
Modelo
61
ajustado
Baixa MMA 1,08 (0,95; 1,23) 0,258 1,28 (1,09; 1,) 0,002 1,08 (0,94; 1,25) 0,251 1,04 (0,96; 1,13) 0,338 1,09 (0,99; 1,20) 0,087
Os modelos foram analisados pela regressão de Poisson com variância robusta e foram expressos em razão de prevalência (RP) e intervalo de
confiança (IC) de 95%. Todos os modelos ajustados apresentaram o p valor < 0,05 no teste Omnibus.
Os valores de referência foram força de MMII adequada, força de MMSS adequada e MMA adequada, respectivamente.
Os modelos foram ajustados para as covariáveis que tiveram um p valor < 0,20 dentro da análise.
Abreviações: MMII, membros inferiores; MMSS, membros superiores; MMA, massa muscular apendicular.