ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA … · HYGOR MARCELINA BROEDEL . ASSISTÊNCIA...

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FACULDADE CATÓLICA SALESIANA DO ESPÍRITO SANTO HYGOR MARCELINA BROEDEL ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A VENTILAÇÃO MECÂNICA VITÓRIA 2016

Transcript of ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA … · HYGOR MARCELINA BROEDEL . ASSISTÊNCIA...

  • FACULDADE CATLICA SALESIANA DO ESPRITO SANTO

    HYGOR MARCELINA BROEDEL

    ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A VENTILAO MECNICA

    VITRIA

    2016

  • HYGOR MARCELINA BROEDEL

    ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A VENTILAO MECNICA

    VITRIA 2016

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Graduao em Enfermagem da Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo/ES, como requisito para a obteno do ttulo de Bacharel em Enfermagem. Orientador: Profa. Dra. Thase Valentim Madeira

  • HYGOR MARCELINA BROEDEL

    ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE DA PNEUMONIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A VENTILAO MECNICA

    Trabalho de Concluso de Curso da Faculdade Salesiana de Vitria do Estado do

    Esprito Santo/ES do curso de Graduao em Enfermagem.

    Apresentado e aprovado em______ de_______________ de 2016.

    _________________________________________ Profa. Dra. Thase Valentim Madeira Orientadora

    __________________________________________ Prof Dr Livia Bedin

    _________________________________________ Prof Me. Cludia Curbani

  • Dedico esse trabalho aos meus pais que sempre

    acreditaram que chegaria a conquista

    dos meus sonhos. Ao Ronaldo por ter me

    dado o ponta-p inicial e ter sempre me dado

    o apoio necessrio. Aos meus irmos Rmulo

    e Bruno pelo carinho e fora que me deram,

    por estarmos sempre juntos nos momentos

    mais importantes, a famlia Marcelino e aos

    meus amigos sou feliz e grato, pois, fui abenoado

    com um extraordinrio conjunto de pessoas

    nicas com que posso compartilhar a minha vida.

    So pessoas que atravs de sua presena,

    seus sorrisos, seus abraos, apoio, compreenso,

    amor e amizade, do sentido minha vida

    e a tornam mais fcil e prazerosa de viver.

  • AGRADECIMENTOS

    Aps tantos obstculos enfrentados ao longo desta caminhada, com fora de

    vontade, perseverana e acima de tudo muito comprometimento finalmente consegui

    realizar este feito, no entanto nada teria conquistado se no fosse presena de

    alguns envolvidos que me ajudaram durante esta minha trajetria.

    Assim, deixo meus agradecimentos:

    Deus, pela fora e coragem durante toda essa longa caminhada, pois, grandes

    foram as lutas, maiores as vitrias. Sempre esteve comigo. Muitas vezes, pensei que

    este momento nunca chegaria. Queria recuar ou parar, no entanto, Tu sempre

    estavas presente, fazendo da derrota uma vitria, da fraqueza uma fora. Com a Tua

    ajuda venci. A emoo forte. No cheguei ao fim, mas ao incio de uma longa

    caminhada.

    Aos meus pais Maria Antnia Marcelina Broedel e Vanilton Jos Broedel que hoje

    sorriem orgulhosos ou choram emocionados, que muitas vezes, na tentativa de

    acertar, cometeram falhas, mas que inmeras vezes foram vitoriosos que se doaram

    por inteiro e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudesse realizar

    o meu.

    A vocs que compartilharam os meus ideais e os alimentaram, me incentivando a

    prosseguir na jornada, me mostrando que o caminho deveria ser seguido sem medo,

    fossem quais fossem os obstculos. Minha eterna gratido vai alm de sentimentos,

    pois vocs cumpriram o dom divino. O dom de ser Pai, o dom de ser Me.

    Difcil por em palavras o sentimento de gratido que tenho por voc Ronaldo Ferreira

    de Castro o meu grande incentivador de tudo. Ora fomos amantes ora amigos e at

    momentos que substitua meus pais, me aconselhando quando os caminhos da vida

    pareciam escuros. Descobri que estamos completos quando olhamos nos olhos de

    algum e juntos criamos expectativas de compartilharmos o futuro, concretizando o

    mesmo sonho, o mesmo destino. Lembrei-me de voc e fiquei pensando o que

    fazer Ento fechei os olhos e agradeci a Deus por voc existir.

  • As minhas amigas de sala onde formamos o Quarteto Fantstico Beatriz Novais

    Tonoli, Marina Santos, Mirela Kiffer, onde tudo no incio parecia to distante;

    estvamos na busca do desconhecido. No entanto, com o tempo, no decorrer

    desses anos, conhecemos uns aos outros, doamos todo nosso jeito, as melhores e

    as piores partes.

    Momentos bons e ruins sempre sero lembrados, com altos e baixos vencemos a

    luta do dia-a-dia. Com certeza fica um pedao, um trao de cada um na lembrana

    de cada acontecimento, gesto e fala! Os caminhos comeam a se dividir e o sabor

    da despedida muda de cor quando a certeza do encontro permanece em chama

    viva. E por tudo, a saudade h de ficar, aos que no constam na lista, que a

    ausncia nunca signifique o esquecimento.

    Aos meus Mestres, Thase Valentim Madeira Orientadora e Bruno Henrique Fiorin,

    que estiveram frente desse trabalho que por diversas vezes no me deixou

    desanimar. Agradeo por seus conhecimentos a mim transmitidos, sua pacincia,

    compreenso, dedicao e boa vontade.

  • O hbito de basear convices em

    evidncias e dar a elas apenas o grau

    de certeza que a evidncia garante,

    seria se generalizado, a cura para a

    maioria dos males dos quais o mundo

    est sofrendo.

    Bertrand Russel (1957)

  • RESUMO Introduo: Um dos bens mais preciosos que o ser humano possui, a sade, a busca por estilo de vida de vida saudvel e manuteno da condio vital uma necessidade indispensvel para o equilbrio da sade-doena. A infeco hospitalar tem sido evidenciada com um dos mais importantes riscos ao paciente internado, o que justifica sua incluso nos indicadores de eficincia da qualidade sade. As unidades de terapia intensiva (UTI) vinham da necessidade de evoluo e destreza seja dos recursos mecnicos ou humanos para o atendimento de pacientes que se encontram em estado crtico e necessitam de uma ateno de toda equipe multidisciplinar. Objetivos: Identificar as principais caractersticas relacionadas ventilao mecnica, bem como, os principais cuidados da assistncia de enfermagem; Verificar quais os mtodos de avaliao utilizados pelos enfermeiros aos pacientes internados na unidade de terapia intensiva com pneumonia; Verificar os principais cuidados de enfermagem junto aos pacientes internados na terapia intensiva que utilizam a ventilao mecnica. Mtodo: Pesquisa bibliogrfica. Foram encontrados nos banco de dados do Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine), Lilacs (Literatura Latino-americana e do Caribe em Cincias da Sade), Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e da Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Resultados: Encontradas 297 publicaes que aps a anlise e aplicao dos critrios de incluso resultaram em 80. Da amostra, 06 da base de dados Lilacs; da Medline no foi encontrado nenhuma publicao, 26 da base de dados da Scielo, da BDENF foram encontrados 2 e 46 foram resultantes da busca avanada em outras bases, como o Google Acadmico. Da Seleo pesquisada, foram encontrados 39 publicaes que esto de acordo com os objetivos propostos desta pesquisa. Concluso: Os estabelecimentos voltados para a sade esto cada vez mais se empenhando para realizar mudanas pertinentes no que diz respeito implantao de novas tecnologias e avanos que visem melhoria da qualidade dos servios prestados, trazendo agilidade, segurana e manejo do trabalho da equipe de enfermagem. Diante disso a enfermagem se v frente a um novo desafio que leva a repensar os seus processos de trabalho, por isso ela pode contribuir de forma mais efetiva, tendo como foco necessidades do paciente. Palavras-chave: Ventilao mecnica. Pneumonia. Cuidados. Enfermagem.

  • ABSTRACT Introduction: One of the most valuable assets that a human being has, is health, the search for lifestyle of healthy living and maintaining the vital condition is an indispensable need for the balance of health and disease. Hospital infection has been demonstrated with one of the most important risks to inpatient, justifying their inclusion in quality health performance indicators. The intensive care units (ICU) came from the need for evolution and dexterity is mechanical or human resources for the care of patients who are critically ill and require attention of the entire multidisciplinary team. Objectives: To identify the main characteristics related to mechanical ventilation, as well as the main care of nursing care; Check that the assessment methods used by nurses to patients admitted to the intensive care unit with pneumonia; Check the main nursing care to the patients admitted to the intensive therapy using mechanical ventilation. Method: Literature search. Were found in the Scielo database (Scientific Electronic Library online), Lilacs (Latin American and Caribbean Health Sciences), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) and the Nursing Database (BDENF). Results: Found 297 publications that after the analysis and application of inclusion criteria resulted in 80. Of the sample, 06 is the Lilacs database; Medline has found no publication, 26 of the database Scielo, BDENF were found of 2:46 were resulting from the advanced search on other grounds, such as Google Scholar. Selection searched, found 39 publications that are consistent with the goals of this research. Conclusion: Establishments facing health are increasingly striving to make relevant changes with regard to the implementation of new technologies and advancements that aim to improve the quality of services, bringing agility, security and management of team work nursing. Thus nursing is faced with a new challenge which leads to rethink their work processes, so it can contribute more effectively, focusing on patient needs.

    Keywords: Mechanical ventilation. Pneumonia. Care. Nursing.

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Taxa de PAVM de janeiro de 2009 a agosto de 2012...................... 32

    Quadro 2 - Principais caractersticas dos modos ventilatrios bsicos............... 38

    Quadro 3 - Critrios clnicos para considerar o paciente apto ao desmame....... 44

    Quadro 4 - Classificao e locais de ocorrncia da PAVM.................................. 46

    Quadro 5 - Fatores de risco para aquisio de pneumonia associada

    assistncia sade..............................................................................................

    50

    Quadro 6 Preveno para pneumonia.............................................................. 51

    Quadro 7 Categorias, cuidados relacionados preveno da pneumonia

    associada ventilao mecnica e nvel de evidncia dos cuidados..................

    58

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Descrio da Amostra Selecionada para a pesquisa........................... 69

    Tabela 2: Informaes expressas nos textos que informem as principais

    caractersticas relacionadas ventilao mecnica e os principais cuidados da

    assistncia de enfermagem, conforme objetivo proposto....................................

    75

    Tabela 3: Informaes expressas nos textos que informam a modo de,

    verificar os mtodos de avaliao dos enfermeiros em pacientes internados na

    UTI com pneumonia, conforme objetivo proposto................................................

    78

    Tabela 4: Informaes expressas nos textos, verificando os principais

    aspectos dos cuidados de enfermagem junto aos pacientes internados na UTI

    que utilizam a ventilao mecnica, conforme objetivo proposto........................

    82

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMIB Associao de Medicina Intensiva Brasileira

    ATS/IDSA American Thoracic Society/ Infectious Diseases Society of America

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    AHRQ Agency for Heal Thcare Research & Quality

    BDENF Base de Dados de Enfermagem

    BAL Lavabo Alveolar

    CCIH Comisso de Controle de Infeco Hospitalar

    CTI Centro de Terapia Intensiva

    CVC Cateter Venoso Central

    CMV Ventilao Mandatria Controlada

    CUFF Controle da Presso do Balo

    COFEN Conselho Federal de Enfermagem

    CPAP Ventilao com Presso contnua nas Vias Areas

    DC Dbito Cardaco

    DPOC Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica

    EEUU Estados Unidos da Amrica do Norte

    FBP Fstula Broncopleural

    Hb Hemoglobina

    IH Infeco Hospitalar

    INT Intubao Nasotraqueal

    ITO Intubao Nasotraqueal

    IRpA Insuficincia Respiratria Aguda

    LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade

    MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

    MS Ministrio da Sade

    NNISS National Nosocomial Infections Surveillance System

    NAVA Neurally Adjusted Ventilatory Assisted

    OMS Organizao Mundial da Sade

    OPAS Organizao Pan Americana de Sade

    PAVM Pneumonia Associada a Ventilao Mecnica

    PSV Ventilao com Presso Suporte

    PSB Broncoscpico Escovado Protegido

  • PNM Pneumonia

    PE Processo de Enfermagem

    PNSP Programa Nacional de Segurana do Paciente

    PEEP Presso Positiva Expiratria Final

    QEA Aspirado Traqueal Quantitativo

    RDC Resoluo da Diretoria Colegiada

    REBRAENSP Rede Brasileira de Enfermagem e Segurana do Paciente

    PIC Presso Intracraniana

    SCIELO Scientific Electronic Library Online

    SBPT Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

    SVD Sonda Vesical de Demora

    SDR Sndrome do Desconforto Respiratrio

    SIMV Ventilao Mandatria intermitente Sincronizada

    SARA Sndrome da Angstia Respiratria

    TT Tubo T

    TOT Tubo Orotraqueal

    TQT Traqueostomia

    TVP Trombose Venosa profunda

    UTI Unidade de Terapia Intensiva

    VM Ventilao Mecnica

    VNI Ventilao No Invasiva

    VMI Ventilao Mecnica Invasiva

    VMNI Ventilao Mecnica no Invasiva

  • LISTA DE SMBOLOS

    Indicador Ordinrio Masculino

    % Nmero

    XXI Algarismo Romano

    ` Apstrofe

    PaO2 Presso Parcial de Oxignio

    CaO2 Presso Parcial de gs carbnico

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ...................................................................................................... 25

    2 REFERENCIAL TERICO ..................................................................................... 29

    2.1 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .................................................................. 29

    2.2 INFECO HOSPITALAR .................................................................................. 31

    2.3 VENTILAO MECNICA .................................................................................. 33

    2.3.1 Indicaes da assistncia ventilatria mecnica .................................. 36

    2.3.2 Modos e parmetros de ventilao ........................................................ 37

    2.3.3 Ventilao com presso suporte ............................................................ 39

    2.3.4 Novas modalidades respiratrias ........................................................... 40

    2.3.5 Complicaes da ventilao mecnica .................................................. 40

    2.3.6 Desmame ventilatrio .............................................................................. 43

    2.4 PNEUMONIA ASSOCIADA COM A VENTILAO MECNICA ......................... 45

    2.4.1 Definio e diagnstico .......................................................................... 45

    2.4.2 Fisiopatologia ........................................................................................... 48

    2.4.3 Fatores de risco ....................................................................................... 50

    2.4.4 Incidncia ................................................................................................. 51

    2.5 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM ASSISTNCIA VENTILATRIA ........................................................................................................ 53

    2.5.1 Interrupo diria da sedao ................................................................ 56

    2.5.2 Profilaxia da lcera pptica e a descontaminao digestiva ............... 56

    2.5.3 Profilaxia da trombose venosa profunda .............................................. 56

    2.5.4 Aspirao subgltica ............................................................................... 57

    2.6 MTODOS DE AVALIAO UTILIZADOS POR ENFERMEIROS EM

    PACIENTES NA UTI COM PNEUMONIA ................................................................. 59

  • 2.7 PLANO DE ASSISTNCIA DA ENFERMAGEM PARA A PREVENO DA PAVM ....................................................................................................................... 60

    2.8 SEGURANA DO PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA............61

    2.8.1 Definio e conceito ....................................................................................... 61

    3. METODOLOGIA ................................................................................................... 67

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................ 69

    5. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................87

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 91

  • 25

    1 INTRODUO

    Um dos bens mais preciosos que o ser humano possui, a sade, a busca por estilo

    de vida de vida saudvel e manuteno da condio vital uma necessidade

    indispensvel para o equilbrio da sade-doena (VICTORINO, 2007). O homem

    vulnervel a inmeros fatores que podem afet-lo e colocar a sua vida em risco,

    podendo causar danos irreversveis entre outras situaes de maior ou menor

    complexidade. Um dos danos que afeta a sade a infeco hospitalar (IH)

    (BERALDO, 2008).

    A infeco hospitalar tem sido evidenciada com um dos mais importantes riscos ao

    paciente internado, o que justifica sua incluso nos indicadores de eficincia da

    qualidade sade. O Ministrio da Sade (MS) define a IH em mbito nacional

    como a infeco adquirida depois da admisso que se manifesta durante a

    internao e pode ser tambm aps a alta hospitalar do paciente, a IH pode estar

    relacionada internao ou a procedimentos hospitalares (LINS; PONTES;

    DAMIAN, 2013; CNDIDO, 2012).

    Portanto, a assistncia sade do paciente deve ser independente da preveno,

    da proteo, tratamento ou da reabilitao, dessa forma, o olhar para o paciente

    deve ser integral e no holstico, que no se fragmenta para receber atendimento

    em partes. Sabemos que as IH existem por diversos fatores, e todas as condutas de

    como reduzir as infeces, intervenes nas situaes de surtos e manter sob

    controle as infeces, por meio de um trabalho feito em equipe. Vale ressaltar que

    as IH no qualquer doena infecciosa, mas de fato ela pode ocorrer da evoluo

    das prticas e condutas assistenciais realizadas pelos profissionais de sade, para

    tanto, indispensvel que a organizao invista em recursos humanos, no sentido

    de minimizar procedimentos e aprimorar e aplicar normas e rotinas baseadas em

    evidncias (PEREIRA, 2005).

    O que pode de incio, representar algo simples e tratvel, pode alterar todo o quadro

    da sade, pois e provado que as infeces hospitalares atuam de forma evidente

    sobre o tempo de hospitalizao, taxa de morbimortalidade, repercutindo de forma

    importante no acrscimo de custos, principalmente o consumo de antibiticos,

  • 26

    despesas com medidas de precaues de contato e exames laboratoriais.

    (ANDRADE; ANGERAMI, 1999; ANDRADE; LEOPOLDO; HAAS, 2006).

    A frequncia da IH ocorre entre pacientes internados nas Unidades de Terapia

    Intensiva (UTI), ambiente mais exposto ao risco de infeco a julgar sua condio

    clnica e os tambm pelos variados tipos de procedimentos invasivos realizados.

    importante evidenciar que pacientes internados na UTI tm entre cinco a dez vezes

    mais capacidade de adquirir um IH que pode demonstrar cerca de 20% do total de

    infeces de um hospital. O risco de infeco equivalente magnitude da doena,

    das condies de nutrio e imunolgicas do paciente, ao perodo de internao,

    qualidade dos procedimentos diagnsticos e/ou teraputicos entre outras situaes

    (OLIVEIRA; KOVNER; SILVA, 2010; FRANCISCO, 2009).

    Entre as infeces est a pneumonia hospitalar, cuja procedncia bacteriana e seu

    foco so as vias areas inferiores. Ela costuma ser diagnosticada aps 72 horas de

    internao (FERNANDES et al., 2000; FEIJ; COUTINHO, 2005).

    O uso da ventilao mecnica um dos principais fatores para o desenvolvimento

    da pneumonia hospitalar (AMARAL; CORTEZ; SILVA, 2009; FEIJ; COUTINHO,

    2005). Dados do National Nosocomial Infections Surveillance System (NNISS)

    evidenciam que pacientes em uso contnuo de ventilao mecnica (VM)

    apresentam um risco de 6 a 21 vezes maior para pneumonia (BERALDO, 2008;

    VIEIRA, 2009).

    Ao longo da ltima dcada, ocorreu um avano no que se refere preveno da

    pneumonia associada ventilao mecnica (PAVM). Diversos estudos

    investigatrios foram realizados para descobrir o impacto de medidas direcionadas

    reduo da incidncia da pneumonia hospitalar indicaram variadas formas pelas

    quais a bactria atinge as vias areas inferiores. A pneumonia hospitalar pode ser

    resultado da aspirao de microrganismos da orofaringe, da inspirao de aerossis

    incluindo a propagao por bactrias ou, menos repetidamente, dissipao

    hematognica partindo de algum foco distante ou deslocamento bacteriano, sendo

    este, o acesso microbiano e depois do lmem do trato gastrintestinal (GARCIA,

    2007; MELO, 2008; VIEIRA, 2009).

    No entanto a via mais comum para obteno da doena, tanto hospitalar como a

    comunitria, permanece sendo por meio da inalao de microrganismos viventes na

  • 27

    orofaringe. Assim como a orofaringe, o estmago tambm apresenta uma ameaa,

    uma vez que o tubo gstrico ou enteral eleva a probabilidade de colonizao

    microbiana da nasofaringe possibilitando, desta forma, que os microorganismos

    migrem para o trato respiratrio. (BERALDO, 2008; SANTOS, 2006).

    Assim, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT),

    podemos dizer que, a infeco por pneumonia hospitalar e seus principais fatores de

    risco so de forma a ser divididos em trs categorias, tais como: meios de

    favorecimento de colonizao da orofaringe e/ou estmago (uso de antimicrobianos,

    hospitalizao em UTI, presena de doena pulmonar crnica).

    A PAVM tem sua definio, segundo a literatura, como aquela que se desenvolve de

    48 a 72 aps a intubao endotraqueal e inicio da VM. classificada como precoce

    quando ocorre at 96 horas da intubao e instituio da VM, e tardia, quando se

    iniciada aps 96 horas da instalao da VM. Geralmente, as PAVM tardias esto

    relacionadas a microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos, como a P.

    aeruginosa, Acinetobacter spp. E S. aureus resistente a oxacilina (SOCIEDADE

    BRASILEIRA DE PNEUMONIA E TISIOLOGIA, 2007; GONALVES, 2012;

    BERALDO, 2008).

    A presena do tubo orotraqueal e apontado como um fator de risco para a PAVM,

    principalmente, por afetar as defesas do hospedeiro e proporcionar que partculas

    inspiradas tenham acesso as vias areas inferiores. Tambm acomete a eficcia do

    processo de tosse, pois os pacientes quando entubados perdem a barreira natural

    entre a orofaringe e traquia, facilitando o acmulo de secrees acima do cuff que

    podem ser aspiradas para as vias areas inferiores (KOERNNER, 1997 apud,

    BERALDO, 2008).

    Vale ressaltar que os microrganismos da cavidade bucal so, de fato, uma ameaa

    aos pacientes crticos, especialmente aqueles em VM. A condio clnica do

    paciente dificulta a realizao da higiene bucal de maneira adequada, favorecendo o

    crescimento microbiano assim como a formao do biofilme. Assim, est

    comprometida a manuteno da sade bucal nos pacientes crticos que esto

    impossibilitados de realizar o autocuidado devido ao seu estado de inconscincia.

    Diante disso, vale afirmar que o tubo orotraqueal no facilita o acesso a cavidade

  • 28

    bucal prejudicando a higienizao (MACHADO, 2013; SCHLESENER, 2012).

    Maneiras simples e rotineiras como a mudana de decbito do paciente ou a

    elevao da grade do leito podem acarretar na passagem do liquido condensado do

    umidificador, existentes nos circuitos do ventilador mecnico, para o trato

    respiratrio. Este fludo contaminado pode ser levado para dentro das vias areas ou

    fluindo at os nebulizadores da medicao, onde so criados aerossis, que chegam

    aos alvolos pulmonares (NEPOMUCENO, 2007).

    Com base, nesse contexto, o problema do estudo fica assim definido: quais as

    consequncias da assistncia de enfermagem nos pacientes internados na unidade

    de terapia intensiva submetidos a assistncia ventilatria?

    Dessa forma, caracterizando o tema proposto, o objetivo geral desta pesquisa,

    verificar na literatura as publicaes sobre os cuidados e contribuies da

    assistncia de enfermagem na preveno da pneumonia que decorre da ventilao

    mecnica nos pacientes em terapia intensiva. Tendo como objetivos especficos,

    Identificar as principais caractersticas relacionadas ventilao mecnica, bem

    como os principais cuidados da assistncia de enfermagem; verificar quais os

    mtodos de avaliao utilizados pelos enfermeiros aos pacientes internados na

    unidade de terapia intensiva com pneumonia; verificar os principais cuidados de

    enfermagem junto aos pacientes internados na terapia intensiva que utilizam a

    ventilao mecnica.

    O presente estudo descreve as evidncias cientficas em torno das prticas de

    preveno de PAVM visando estreitar as lacunas do conhecimento e contribuir para

    a melhoria da qualidade da assistncia de enfermagem. Estes fatores e a relevncia

    social, cientfica e profissional do tema justificam o desenvolvimento e o meu

    interesse pelo tema desta pesquisa. Quanto aos procedimentos metodolgicos,

    trata-se de uma reviso integrativa que vai reunir e sintetizar resultados de

    pesquisas sobre o tema em questo, de maneira sistemtica e ordenada,

    contribuindo para o aprofundamento do conhecimento sobre a assistncia de

    enfermagem aos pacientes submetidos a assistncia ventilatria.

  • 29

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

    As unidades de terapia intensiva (UTI) surgiram da necessidade de evoluo e

    destreza seja dos recursos mecnicos ou humanos para o atendimento de pacientes

    que se encontram em estado crtico e necessitam de uma ateno de toda equipe

    multidisciplinar (VILA; ROSSI, 2002).

    A UTI tem sua definio pela AMIB (Associao de Medicina Intensiva Brasileira),

    conforme a resoluo n7 da RDC de 24 de Fevereiro de 2010, como uma rea

    crtica que se destina internao dos pacientes em estado grave, que necessitam

    de prudncia profissional de maneira especializada e permanente, materiais e

    condutas mdicas especficas com cincia necessrias ao diagnstico, com

    vigilncia e terapia (BORGES, 2012).

    Em 1947, a epidemia de poliomielite nos Estados Unidos da Amrica do Norte (EEUU) e na Europa desencadeou a necessidade de estudos em suporte ventilatrio, o que levou ao desenvolvimento dos primeiros ventiladores artificiais. Em 1950 foram criadas as primeiras Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) nos EEUU. Peter Safar, austraco que imigrou para os EEUU aps a segunda guerra mundial, foi o primeiro mdico intensivista (MORITZ et al, 2010, p. 52).

    A autora ainda diz que a primeira UTI surgiu na cidade de Baltimore e, em 1962, foi

    criada a primeira disciplina de medicina de apoio crtico na Universidade de

    Pittsburgh. Segundo Borges (2012), as UTIs no Brasil surgiram na dcada de 60 e

    70, a primeira UTI surgiu no ano de 1967 no dia 08 de fevereiro, pelo Doutor Tufik,

    na cidade localizada no Rio de Janeiro com 16 leitos. No Estado de Santa Catarina a

    primeira UTI foi inaugurada em 1968, no Hospital Governador Celso Ramos, em

    Florianpolis.

    As UTIs so indicadas ao atendimento de pacientes que se encontram em estado

    crtico e risco elevado de morte no momento em que necessitam de uma ateno e

    observao ininterrupta dos mdicos e da enfermagem, com presena de

    equipamentos e recursos especializados. No ambiente de terapia intensiva as

    ocorrncias de infeces hospitalares so mais frequentes e esto relacionadas a

    certas doenas e a diversos fatores como a sondas nasogstricas ou sondas

  • 30

    enterais, que permitem a colonizao de microorganismos nas vias areas

    superiores, possibilitando um maior risco de infeces do trato respiratrio

    (PADOVEZE; DANTAS; ALMEIDA, 2010).

    Outro conceito do surgimento do setor de unidade de terapia intensiva, surgiu no

    conflito da Guerra da Crimia, quando Florence Nightingale em Scutari (Turquia),

    atendeu, juntamente com 38 enfermeiras, os soldados britnicos brutalmente feridos

    na guerra, sendo agrupados, de forma, isolados em espaos e com padres

    preventivos para conter infeces e epidemias, como disenteria e ttano, sendo

    marcante a reduo de mortalidade nesta poca (FERNANDES, 2011).

    A incidncia de mortalidade nos pacientes em UTIS e com pneumonia hospitalar

    10 vezes maior do que pacientes que se encontram sem essa infeco. Essa taxa

    maior para aqueles que se encontram colonizados pela bactria Pseudomonas

    aeroginosa, sendo responsvel por 13% dos pacientes em precauo de contato,

    seguida pela Pseudomonas aureus (12%) (WEY; DARRIGO, 2002).

    Em UTIs encontram-se pacientes com diversas patologias e comorbidades

    pacientes clnicos e cirrgicos graves, que necessitam de que sejam monitorizados e

    com suporte de forma contnua das funes vitais. Estes tipos de paciente

    apresentam uma doena ou condies clnicas que os predispe a infeco,

    diversos deles so admitidos infectados e diversos deles sero submetidos a

    diversos procedimentos invasivos com finalidade diagnstica e teraputica

    (PEREIRA; PENTEADO; MARCELO, 2000).

    A atuao do enfermeiro em UTI visa o atendimento do paciente de uma forma

    holstica onde inclui o diagnstico, interveno e avaliao dos cuidados especficos

    da enfermagem, permeando a qualidade de vida (MAIA; BASTIAN, 2013). Seja na

    UTI ou em outras reas de atuao da enfermagem, o cuidar tico, baseados no

    conforto, empenho, pudor e interao humana (DREYER; ZUNIG, 2005).

    A equipe de enfermagem composta de enfermeiros, tcnicos de enfermagem e

    auxiliares, cabendo ao enfermeiro chefiar e discriminar tarefas a toda equipe de

    enfermagem, melhorar seus conhecimentos tcnico-cientficos para desenvolver

    uma melhor assistncia. Quanto s competncias do profissional enfermeiro, Primo,

    (2014), afirma em sua pesquisa que compete ao enfermeiro liderar os trabalhos da

  • 31

    unidade e executar tarefas descritas, responsabilizando-se por um padro ideal de

    servios tais como: envolver-se na admisso de pacientes; especificar as

    complicaes relativas a cada deficincia bsica afetada; criar um programa de

    cuidados e conduzir sua execuo; proporcionar a educao em servio; participar

    da Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH), ou seja, do controle de

    infeco hospitalar, cumprindo normas de servio; elaborar e executar as rotinas e

    procedimentos de enfermagem e; participar de reunies clnicas.

    2.2 INFECO HOSPITALAR

    Perante a situao da Infeco Hospitalar (IH), importante destacar que, mediante

    a literatura pesquisada, o sculo XXI nos demonstra um novo contexto no cuidado

    sade em decorrncia dos progressos cientficos e tecnolgicos, logo a

    manifestao de novos agentes infecciosos e de infeces que gradativamente

    estavam equilibradas. Desta forma, com os avanos tecnolgicos relacionados aos

    procedimentos invasivos, procedimentos de diagnsticos e teraputicos, o

    aparecimento dos microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos tornaram-se

    as infeces existentes em UTI um problema de sade pblica para os governantes

    e um desafio aos profissionais que atuam na rea (LIMA; ANDRADE; HAAS, 2007)

    Para tanto, a Infeco Hospitalar (IH) obtida aps a admisso do cliente que pode

    se manifestar no decurso da internao ou aps a sua alta hospitalar, a IH da

    mesma forma pode estar relacionada a condutas realizadas no hospital ou pode

    estar relacionada internao hospitalar. Diante disso, a Organizao Mundial de

    Sade (OMS), define que IH geralmente se relaciona com a flora bacteriana

    humana, que entra em desequilbrio com os mecanismos de defesa do organismo,

    em valor da doena, dos mtodos invasivos e da proximidade com a flora hospitalar

    (LINS, 2013; FERNANDES, 2008).

    As IHs em centros de terapia intensiva (CTI) esto associadas, primariamente, ao

    estado clnico dos pacientes, ao uso dos procedimentos invasivos, como, cateter

    venoso central (CVC), sonda vesical de demora (SVD), o uso do ventilador

    mecnico, medicamentos imunossupressores, internao por longo tempo,

  • 32

    ordenamento de colonizao por microrganismos fortes, aplicao de

    antimicrobianos e o respectivo ambiente do CTI, que auxilia a escolha natural de

    microrganismos (OLIVEIRA, 2010).

    As taxas de IH em UTI, de acordo com Oliveira (2010), diversifica entre 18 e 54%,

    assim sendo de cinco a dez vezes maior que os outras unidades de internao da

    unidade hospitalar, sendo, portanto, responsvel entre 5 a 35% de todas as IHs e

    por, aproximadamente, 90% de todos os surtos ocorrem na UTI. Sabemos que no

    Brasil, infelizmente, os dados sobre IH so pouco divulgados. Alm disso,

    importante ressaltar que muitas unidades hospitalares no consolidam os dados de

    IH, dificultando assim, por diversas razes, o conhecimento da dimenso do

    problema no pas (LIMA; ANDRADE; HAAS, 2007).

    A pneumonia que est associada com a ventilao mecnica (PAVM) aquela que

    evolui depois de 48 horas de ventilao mecnica. A proporo de acontecimento

    varia muito, alcanando at 39,7% dos casos por 1000 dias de ventilao. A

    mortalidade tambm varia, podendo chegar, segundo alguns informes, at a 70%

    (BORGES, 2012).

    Diante do descrito acima, importante informar que os dados do NNIS (National

    Nosocomial Infections Surveillance System) apontam que as pneumonias somam

    aproximadamente 31% de todas as infeces em uma UTI. Sendo assim, as

    pneumonias so menos recorrentes que as infeces urinrias que chegam at a

    35% das infeces (OLIVEIRA, 2010).

    A seguir num levantamento dos relatrios de CCIH feitos por Borges (2012), em sua

    pesquisa sobre a taxa mensal da pneumonia quando associada ventilao

    mecnica (p/1000 pac/dia), verificou-se que a mdia da taxa de PAVM de janeiro de

    2009 a agosto de 2012 :

    Quadro 1 - Taxa de PAVM de janeiro de 2009 a agosto de 2012

    (continua)

    2009 2010 2011 2012 Janeiro 24,00% 35,40% 48,70% 27,60%

    Fevereiro 21,70% 24,60% 15,60% 29,10%

  • 33

    Quadro 1 - Taxa de PAVM de janeiro de 2009 a agosto de 2012

    (concluso)

    2009 2010 2011 2012 Maro 28,50% 22,90% 66,10% 0 Abril 44,10% 80,00% 38,80% 33,60% Maio 29,70% 43,40% 25,10% 46,90% Junho 106,00% 26,30% 23,50% 23,90% Julho 54,70% 39,20% 31,40% 6,00%

    Agosto 15,50% 16,00% 19,50% 37,30% Setembro 0 20,90% 6,25% XXXX Outubro 17,20% 19,30% 22,80% XXXX

    Novembro 9,80% 32,70% 36,30% XXXX Dezembro 7,30% 33,60% 23,30% XXXX

    Fonte: (BORGES, 2012).

    2.3 VENTILAO MECNICA

    Em algumas situaes, a condio de sade do paciente coloca a vida em elevado

    risco de morte e uma das espcies de clnica complexa que acolhe pacientes graves

    ou sistematicamente descompensados alternativas para mant-la a internao na

    Unidade de Terapia Intensiva. Uma entre as inmeras preocupaes em relao a

    esses pacientes a necessidade de uso da ventilao mecnica que pode causar,

    por exemplo, a pneumonia, alm de interferir na evoluo clnica do paciente de

    forma negativa (COLAO; ROSADO, 2011).

    Nesta perspectiva importante conhecer e apresentar os principais aspectos da

    ventilao mecnica, ou seja, um processo de respirao artificial. Estudos

    enfatizaram que h anos a ventilao mecnica (VM) um desafio no campo da

    medicina no sentido de ocupar, quando necessrio e de forma eficaz, o lugar da

    respirao natural como suporte vida. Os mesmo estudos destacam que os

    experimentos realizados por Vesalius e Hooke em animais com o trax aberto

    demonstrou que um dos meios de preservar a vida insuflar os pulmes com um

    balo de ar que passa pelos primeiros ventiladores mecnicos por presso

    negativa, com os pacientes aprisionados no interior de cmaras fechadas para

  • 34

    manter a ventilao e oxigenao de forma artificial (RODRIGUES et al., 2012;

    POMBO; ALMEIDA; RODRIGUES, 2010; DOURADO, GODOY, 2004).

    Os autores Carvalho, Junior e Franca (2007), dizem em sua pesquisa que a

    ventilao artificial ou mecnica (VM) ou, que podemos chamar tambm de suporte

    ventilatrio, se define como um mtodo de manuteno para os pacientes em

    tratamento da insuficincia respiratria aguda ou crnica agudizada, que so

    classificadas de duas formas: Ventilao Mecnica Invasiva e a ventilao mecnica

    no invasiva da suporte as trocas gasosas minimizando o trabalho por parte da

    musculatura respiratria nos eventos de alto requerimento metablico; retornar ou

    impedir a fadiga do msculo respiratrio que reduz o consumo de oxignio,

    diminuindo assim, o incmodo respiratrio proporcionando a aplicao de tratamento

    especfico.

    Mas, com o passar dos anos, com a insero dos recursos tecnolgicos em todos os

    segmentos sociais e com mais nfase na medicina, Schwonke (2012) explica que

    nos anos 50, em funo da epidemia de poliomielite, os centros de atendimento

    trajaram novas tecnologias de ventilao mecnica e o uso de ventiladores por

    presso positiva, nesse caso, os pulmes dos pacientes contaminados poca

    eram ventilados manualmente por voluntrios.

    No se pode negar que esta tcnica em casos de impossibilidade de respirao

    natural funciona, tanto que os ventiladores mecnicos evoluram ao longo dos anos

    e se transformaram em um recurso constantemente aplicado nos casos de pacientes

    graves e este desempenho possibilita novas intervenes assistenciais e novas

    monitorizaes. Por conseguinte, exatamente em 1950, era o pulmo de ao; j nos

    anos 60, os ventiladores Bird Mark-7; e no ano de 1970 surge o ventilador mecnico

    volumtrico-Benneti; nos anos 80 surgem os ventiladores microprocessados; em

    1990, surgem as vlvulas mecatrnicas e nos anos 2000, enfim, chegou a

    monitorizao ventilatria (SCHWONKE, 2012).

  • 35

    Figura 1 - Ventilador Mecnico

    Fonte: (FILHO, 2010, p. 4).

    Para os pacientes que so internados numa UTI, a ventilao mecnica constitui um

    importante mecanismo de suporte vida por ser um tipo de mquina que substitui

    de maneira total ou parcial a respirao do paciente cujo propsito restabelecer o

    balano entre a oferta e a demanda de oxignio, alm de diminuir a carga de

    trabalho respiratrio dos pacientes com diagnstico de insuficincia respiratria

    (RODRIGUES et al., 2012, p. 3).

    Portanto, importante para o conhecimento, informar os tipos de acesso das vias

    areas superiores para que a ventilao mecnica invasiva seja feita com sucesso e

    que pode ser obtido atravs dos acessos por: intubao orotraqueal (ITO), intubao

    nasotraqueal (INT), cricotireotomia, ou traqueostomia. A Mscara larngea e o

    combitubo so os tipos de dispositivos que podem ser utilizados nos pacientes com

    acesso de via area e ainda a ventilao no invasiva que por sua vez, pode ser

    conduzida com o uso dos dispositivos que no atravessam a traqueia, bem como, as

    como mscaras faciais, mscaras nasais e ou os capacetes (CUNHA, 2013).

    Um dos fatores que contribuiu para a evoluo dos equipamentos e para

    crescimento o uso da ventilao mecnica, segundo Carvalho, Toufen e Frana

    (2007, p. 65) foi o surgimento da rea de Terapia Intensiva, nos anos 60 tornando o

    seu uso rotineiro e auxiliando na recuperao do paciente, contudo, mesmo com

    este desenvolvimento tecnolgico, o prognstico era reservado, se tornando uma

    preocupao para os profissionais que atuavam nessas unidades devido alta taxa

    de mortalidade dos pacientes com insuficincia respiratria.

    Como todo processo e equipamento que se aplica ao tratamento, recuperao e

  • 36

    preservao da sade, a ventilao mecnica tem aspectos positivos e negativos.

    Embora tenha sido utilizada desde como suporte respirao ainda nos anos de

    1950, somente mais de trinta anos depois, em 1985, que os efeitos colaterais

    negativos causados pelo uso da ventilao mecnica comearam a aparecer, assim,

    o conceito de leso induzida pela ventilao mecnica artificial passou a receber

    ateno especial, pois se comprovou que a VM inadequada era capaz de lesar as

    microestruturas pulmonares e ser deletria ou at fatal para o paciente

    (NEPOMUCENO; RODRIGUES, 2012, p. 790). 2.3.1 Indicaes da assistncia ventilatria mecnica

    Vale ressaltar e entender que, de acordo com Dias (2012), a ventilao mecnica

    em terapia intensiva pode ser utilizada tanto na sua forma invasiva, nos pacientes

    que esto intubados e tambm traqueostomizados, como em sua forma no

    invasiva, sendo por meio de mscaras. Assim, para utilizar a VM, sabemos que um

    procedimento de intubar e de ventilar um paciente, deve ser uma deciso feita no

    feita no momento certo da necessidade do paciente, portanto, este procedimento

    requer conhecimento e tcnica a fim de evitar mortes e morbidade e deve ser feitos

    nos paciente sob a anestesia geral e nos paciente em UTI dependentes de cuidados

    intensivos.

    Dias (2012), descreve abaixo as indicaes para ventilao mecnica que variam

    para diferentes distrbios e, raramente, so absolutas. Em termos prticos, e de

    alguma forma simplista, incluem:

    A Sndrome do desconforto respiratrio (SDR); Pneumonia; Asma; Doena obstrutiva crnica; Fraqueza dos msculos respiratrios; Trauma torcico; Edema pulmonar; Ventilao ps-operatria eletiva; e ex-trauma mltiplo ou choque sptico. (DIAS, 2012, p. 19).

    Vejamos abaixo outras indicaes, de acordo com Carvalho et al., (2007), em sua

    pesquisa:

    Reanimao por motivo de parada cardiorrespiratria;

    Hipoventilao e apnia: A elevao na PaCO2 (com acidose respiratria) indica que est ocorrendo hipoventilao alveolar, seja de forma aguda, como em pacientes com leses no centro respiratrio, intoxicao ou abuso de drogas e na embolia pulmonar, ou crnica nos pacientes portadores de doenas com limitao crnica ao fluxo areo em fase de agudizao e na obesidade mrbida;

  • 37

    (CARVALHO, JUNIOR, FRANA, 2007, p. 56);

    Insuficincia respiratria devido a doena pulmonar intrnseca e hipoxemia: Diminuio da PaO2 resultado das alteraes da ventilao/perfuso (at sua expresso mais grave, o shunt intrapulmonar). A concentrao de hemoglobina (Hb), o dbito cardaco (DC), o contedo arterial de oxignio (CaO2) e as variaes do pH sanguneo so alguns fatores que devem ser considerados quando se avalia o estado de oxigenao arterial e sua influncia na oxigenao tecidual (CARVALHO, JUNIOR, FRANA, 2007, p. 56);

    Falncia mecnica do sistema respiratrio;

    Fraqueza geral do msculo, doenas neuromusculares e a paralisia;

    Controle respiratrio de forma irregular (acidente vascular enceflico,

    traumatismo craniano, intoxicao exgena e ao excesso das drogas).

    2.3.2 Modos e parmetros de ventilao Define-se sistema ventilatrio como mtodo pelo qual o ventilador pulmonar

    mecnico estabelece, parcialmente ou totalmente, a forma, tal como, e quando os

    ciclos respiratrios mecnicos e concedido ao paciente. Dessa maneira, a

    modalidade ventilatria controla impreterivelmente a forma do padro respiratrio do

    paciente dependente a ventilao mecnica e durante toda ventilao mecnica. A

    literatura refere ainda que h uma obrigao de se ter um consenso ou um padro

    internacional sobre ventilao mecnica, pois sucede nos dias de hoje uma

    nomenclatura e umas definies confusas e que ainda no so normalizadas

    (HOLANDA. 2014).

    Diante da interatividade entre a interface-circuito-ventilador, a escolha do ventilador

    e do modo ventilatrio determinante e fundamental para o sucesso da Ventilao

    No Invasiva (VNI), principalmente na fase aguda. Ultimamente, com o aumento do

    conhecimento e da aplicao da VNI, cresceu a preocupao dos fabricantes dos

    ventiladores mecnicos no que diz respeito em incluir as funes especficas, no que

    tange facilitar a aplicao da tcnica, que promove o conforto e melhora a sincronia.

    Todos os modos ventilatrios tm as suas vantagens e suas limitaes. Portanto, a

    escolha do modo ventilatrio, tem como premissa obter o melhor resultado

    fisiolgico e clnico para o paciente (CRUZ, ZAMORA, 2013, p. 98).

  • 38

    Quadro 2- Principais caractersticas dos modos ventilatrios bsicos

    Fonte: Holanda, 2014.

    O avano tecnolgico proporciona uma monitorao da interao do paciente com o

    ventilador que cada vez mais a tecnologia nos ajuda a compreender as dificuldades

    que encontramos na estratgia ventilatria escolhida, seja ela de forma invasiva ou

    no-invasiva. Para termos uma maior evidncia e aprimorarmos o conhecimento,

    de suma importncia sabermos diferenciar a ventilao mecnica invasiva da

    ventilao mecnica no invasiva, assim posto, esta diferena : na VM invasiva

    usa-se tipos de prteses traqueal para que a intubao acontea, sendo que a

    ventilao no invasiva usa-se as mscaras faciais na sua forma nasal ou facial que

    facilita a respirao do paciente no seu leito (JERRE et al., 2007; ANDRADE, 2013).

    Ainda sobre os modos ventilatrios convencionais e diante da literatura pesquisada,

    podemos dizer que existem diversos tipos de ventilao, bem como diversos tipos

    de variveis de fases, o que chamamos de modo ventilatrio, ou melhor, modos

    ventilatrios. Portanto, padronizar o sistema de classificao e a descrio dos

  • 39

    modos, entendemos que se faz necessrio, j que, alguns autores relatam uma

    definio confusa para o termo. No entanto, mantm-se muitos modos acessveis

    nos ventiladores com graus diferentes de complexidade tecnolgica, contudo os

    mais tradicionais so os mais aproveitados no cotidiano da assistncia diria

    (HOLFF, 2008; CARVALHO; JUNIOR; FRANCA, 2007).

    Modo ventilatrio e suas variveis, descritos abaixo, so apresentados por Gonzales

    (2013) e Barbas (2013), como:

    CONTROLE: Se mantm constante durante a fase inspiratria, podendo ser a volume ou a presso;

    FASE: Variveis de fase (presso, volume, fluxo e ou tempo), so medies utilizadas para iniciar ou terminar alguma da fase do ciclo ventilatrio, dessa

    forma, tais variveis incluem: disparo (abertura vlvula inspiratria) e ciclagem

    (passagem da fase inspiratria para a expiratria);

    CONDICIONAL: Sozinha ou de maneira combinada determinado pelo ventilador que analisa qual de dois ou mais de dois ciclos ventilatrios ser

    possvel, essa verificao, usualmente e vista em modos convencionais,

    entendido como modos ventilatrios avanados.

    Diante do apresentado, podemos exprimir que um modo ventilatrio , ento, uma

    combinao especfica de variveis de controle, fase e condicionais estabelecidas

    tanto para ciclos mandatrios quanto para ciclos espontneos. Dessa maneira, so

    quatro os modos ventilatrios bsicos:

    1) Ventilao Mandatria Controlada (CMV);

    2) Ventilao Assistido-Controlado (A/C);

    3) Ventilao de forma Mandatria intermitente Sincronizada (SIMV) e;

    4) Ventilao com a Presso Positiva e Contnua nas Vias Areas (CPAP) (HOLANDA, [2000?])

    2.3.3 Ventilao com presso suporte De acordo com Holff, 2008, a ventilao com presso suporte (PSV), foi introduzida

    nos anos 80, sendo modo ventilatrio simples, no entanto, requer aparelhos

    sofisticados e conhecimento tcnico e clnico para seus parmetros, utilizada

  • 40

    ultimamente como modo isolado de ventilao em 15% dos pacientes em VMI. um

    modo ventilatrio parcial auxiliando na ventilao espontnea por meio de presso

    positiva predeterminada e constante, durante a inspirao. Sendo, portanto, um

    modo ventilatrio disparado pelo paciente, limitado presso e geralmente ciclado a

    fluxo.

    Dessa forma, o volume corrente que ocorre provm do esforo inspiratrio, e da

    presso de suporte j pr-estabelecida e tambm da forma mecnica que ocorre no

    sistema respiratrio. Com isso a desvantagem que ocorre esta modalidade funciona

    apenas quando o paciente exibe um drive respiratrio (CARVALHO; JUNIOR;

    FRANCA, 2007).

    2.3.4 Novas modalidades respiratrias Em virtude evoluo e a incluso que ocorre dos microprocessadores dos

    ventiladores mecnicos, a viabilidade de sofisticar-se os modos bsicos de

    ventilao mecnica tornou-se enorme, considerando que novos mtodos sejam

    criados para diminuir as limitaes presentes e agregar mtodos bsicos de

    ventilao mecnica. Sendo necessrios mais avanos, pois ainda existe pouca

    clareza quanto efetividade e segurana de alguns desses modos. (LUZ, 2012,

    CARVALHO; JUNIOR; FRANCA, 2007).

    Existem dois novos modos apresentados recentemente, segundo Holff (2008), que

    utilizam a presso diafragmtica e atividade eltrica do diagrama NAVA (neurally

    adjusted ventilatory assisted assistncia ventilatria ajustada neuramente).

    Portanto, as tcnicas relacionadas acima so certamente promissoras, visto que, os

    disparos que ocorrem nos modos citados no afetam, de certa forma, o auto-PEEP,

    sendo este a diferena positiva que ocorre da presso alveolar positiva no final da

    expirao e tambm da presso positiva que ocorre na expiratria final, assim

    determina o auto-PEEP.

    2.3.5 Complicaes da ventilao mecnica A VM um tratamento e um procedimento artificial utilizado na terapia intensiva,

  • 41

    sendo eficaz e seguro para promover a troca gasosa pulmonar, diante disso, os

    profissionais da enfermagem requerem cuidados de enfermagem criteriosos, tais

    como: a aspirao traqueal; o controle da presso do balo (cuff) do TOT ou TQT;

    alterao do decbito; realizar transporte seguro para setores do hospital; implantar

    aes que previnem complicaes como a pneumonia por aspirao ou por VM,

    evitar lceras de presso, a extubao acidental, os barotraumas e pneumotrax,

    como forma de prevenir tais complicaes enunciadas (MELO, 2014; GOMES et al.,

    2010).

    De acordo com a literatura encontrada, uma das maiores indicaes da VM a

    insuficincia respiratria aguda (IRpA) e o seu uso est completamente associado

    s complicaes existentes, como:

    [...] leso pulmonar microscpica induzida pela ventilao artificial, barotrauma, pneumonia com associao ventilao mecnica, leso de via area, fraqueza da musculatura respiratria e comprometimento gastrointestinal e cardiovascular. Tambm o suporte ventilatrio prolongado pode elevar a possibilidade dessas complicaes, e dessa mesma forma, a retirada prematura da intubao que pode levar reintubao, aumentando o risco de morbidade e mortalidade, bem como ao aumento do tempo de internao na UTI (GOLDWASSER, 2007, p. 133).

    Nemer e Barbas (2011), citam em uma pesquisa outras complicaes associadas

    VM prolongada. O desmame deve ser feito o mais breve possvel afim, de se evitar

    problemas tais como: disfuno diafragmtica induzida pela VM, polineuropatia do

    doente crtico, entre outras. Portanto, para evitar essas e outras complicaes, o

    desmame da VM deve ser feito o mais breve possvel.

    Discorreremos a seguir, as principais complicaes associadas VM, encontradas

    na literatura pesquisada, segundo: Faraco (2013); Carvalho; Junior; Franca, (2007).

    Dbito Cardaco diminudo: Sabemos que o Dbito cardaco o volume ou a frequncia de sangue bombeado pelo corao em um minuto, para tanto, o dbito

    cardaco diminudo quando este bombeamento cardaco no ocorre da forma

    correta dentro de um minuto, no entanto, com relao em pacientes com VM, com

    distenso pulmonar, ocorre a presso positiva acrescentada com a presso

    intratorcica, prejudicando o retorno venoso, principalmente quando utilizado o

    PEEP.

    Alcalose Respiratria Aguda: um fato que ocorre dificultando a oxigenao

  • 42

    cerebral, alterao do ritmo cardaco, prejudicando o desmame de forma

    concomitante. Tambm o momento da falta de ar secundria, inquietao ou dor, o

    aumento de ar que ocorre no alvolo que resulta de uma regulagem de forma no

    adequada do ventilador e pelo fato de ser alterado pelos acertos da frequncia

    respiratria, do volume corrente, de acordo que prope as exigncias do paciente.

    Com isso, ocorre o aumento da presso intracraniana (PIC), onde o fluxo sanguneo

    do crebro fica prejudicado, pois, a VM exerce presso positiva sob a presso

    intracraniana aumentada, isso ocorre de fato quando se utiliza o PEEP elevado,

    diminuindo o retorno venoso e aumentando a PIC.

    Meteorismo (Distenso Gstrica Macia): Os pacientes que esto sob a ventilao artificial, ainda mais aqueles pacientes que decorre com baixa tolerncia

    no pulmo-trax, podendo apresentar alongamento intestinal ou distenso gasosa

    gstrica. Isto, previsivelmente, pode ocorrer quando o vazamento do gs em volta do

    tubo endotraqueal ultrapassa o esfncter esofgico inferior. Problema este que pode

    ser resolvido e at amenizado pela introduo de uma sonda nasogstrica ou com o

    ajuste da presso do balonete.

    Pneumonia: Rotinas de troca implementadas no setor e os cuidados com os circuitos e com os nebulizadores, e tambm desinfeco e esterilizao adequada

    de alto nvel dos mesmos, com diminuio da incidncia de complicaes. Os

    nebulizadores pequenos para administrar broncodilatadores e at outras

    medicaes so fontes de infeco quando no so manuseados corretamente de

    forma estril adequadamente. Assim, o condensado que se acumula no circuito

    expiratrio se contamina pelos microrganismos por vias respiratrias do paciente,

    que tambm se no for manuseado de forma correta, pode de fonte de infeco

    nosocomial. Tambm a lavagem das mos de forma adequada diminui infeco.

    Atelectasia: A atelectasia e suas causas esto associadas com a ventilao mecnica e tambm referente a intubao programada ou seletiva. A atelectasia

    tambm esta associada a presena de secreo secrees espessas existentes no

    tubo traqueal e nas vias areas e da hipoventilao alveolar.

    Barotrauma: O ar extra-alveolar traduzem situaes como pneumotrax, pneumomediastino e tambm de enfisema intercutneo. A presso e o volume

    corrente de forma elevado ficam relacionados ao barotrauma nos pacientes com

  • 43

    ventilao mecnica.

    Fstula Broncopleural: No suceder da ventilao mecnica, a fuga broncopleural contnua de ar ou a fstula broncopleural (FBP) pode advir ruptura alveolar

    espontnea ou correspondente a lacerao direta da pleura visceral. Com isso, a

    introduo de um sistema de drenagem deixado ao dreno de trax (Sistema de

    aspirao contnua) faz com que o gradiente de presso aumente cada vez mais

    atravs do sistema e pode aumentar o vazamento, particularmente se o pulmo no

    expandir perfeitamente.

    A frequncia de desenvolvimento de FBP desconhecida como complicao direta

    da VM. Estudo aborda e demonstra a heterogeneidade de formato padro de dano

    pulmonar que ocorre na sndrome da angstia respiratria do adulto (SARA), dessa

    forma, a antiga noo refora que o barotrauma pode ser mais uma doena que se

    manifesta do que de seu tratamento, mesmo quando ocorre de forma tardia na

    evoluo da sndrome e da existncia de sepse.

    Leses de Pele e/ou lbios (TOT, TNT e TQT): As ulceraes de pele e dos lbios sucede devido forma da fixao do tubo orotraquel, todavia do tipo de material

    utilizado, como esparadrapo e falta de movimentao da cnula nos intervalos de

    tempos regulares.

    Leses Traqueais: As leses da traqueia so leses que provocadas pelos fatores como o aumento da presso do cuff ou do tracionamento dos TOT ou TQT. Por

    presses aumentadas do balonete que assim, levam menor quantidade de

    atividade do epitlio ciliado, da diminuio ou suspenso do sangue (isquemia), e da

    necrose at fstulas traqueais.

    Granuloma: um tecido de granulao benigno. uma leso que se prolifera e se estabelece em torno das cordas vocais levando a rouquido ou afonia, se

    caracteriza de forma esbranquiada, amarela ou vermelha. Sua forma

    arrendondada, bilobada ou multibolada.

    2.3.6 Desmame ventilatrio

  • 44

    Saber o momento certo da interrupo da ventilao mecnica a qual chamamos de

    extubao, pode at ser considerada uma maneira simples, nos casos em que

    pacientes que se despertam depois de um procedimento com anestsico, mas pode

    ser bastante difcil e complicado nos pacientes que esto sob a ventilao mecnica

    h vrios dias ou at por vrias semanas. Nesse ltimo caso, precisamos lanar

    mo de alguns critrios para nos certificarmos de que o momento cabvel para a

    retirada, pois do contrrio a reintubao que ocorre nas primeiras 48 horas, sendo

    de forma precoce, e definida como falha na extubao (CUNHA, 2013).

    Portanto, a retirada da ventilao mecnica um procedimento ou uma tomada de

    deciso importantssima na terapia intensiva, pois, a forma e a utilizao dos vrios

    termos para definir este processo da retirada da VM, pode se tornar difcil no que

    tange a avaliao da sua durao, dos diferentes modos, dos protocolos e do

    prognstico existente. O desmame um processo de substituio que ocorre da

    ventilao artificial para a espontnea nos pacientes que continuam na ventilao

    mecnica invasiva por tempo maior que 24 horas. O Quadro 3 identifica alguns

    critrios que podem ser considerveis de um paciente apto ao desmame (NEMER;

    BARBAS, 2011).

    Quadro 3 - Critrios clnicos para considerar o paciente apto ao desmame

    Critrios clnicos para o desmame

    Motivo do incio da ventilao mecnica solucionado ou amenizado Paciente sem hipersecreo (necessidade de aspirao superior a 2h) Tosse eficaz (pico de fluxo expiratrio > 160 L/min) Hemoglobina > 8-10 g/dl Adequada oxigenao (PaO2/FiO2 > 150 mmHg ou SaO2 > 90% com FiO2 < 0,5) Temperatura corporal < 38,5-39,0C Sem dependncia de sedativos Sem dependncia de agentes vasopressores (Ex: dopamina < 5 g . Kg. min) Ausncia de acidose (pH entre 7,35 e 7,45) Ausncia de distrbios eletrolticos Adequado balano hdrico

    Fonte: (NEMER; BARBAS, 2011, p.25).

    Para aprimorar o conhecimento, importante ressaltar que o processo de desmame

    do sistema ventilatrio possvel de complicaes, tais como:

    O adiamento desnecessrio da extubao traqueal at a ocorrncia do risco de complicao secundria pela extubao precoce e a necessidade de

  • 45

    reintubao do paciente. Portanto, as diretrizes baseadas em evidncias, recomendam a realizao do teste de respirao espontnea ou da retirada progressiva, realizada antes da extubao, a fim de, fornecer informaes sobre a capacidade respiratria do paciente. Entre as mais estudadas esto ventilao mandatria intermitente (SIMV), a presso de suporte (PSV) e o tudo T (TT) (PEREIRA et al, 2013. p.506).

    2.4 PNEUMONIA ASSOCIADA COM A VENTILAO MECNICA

    2.4.1 Definio e diagnstico

    A pneumonia pode ser compreendida de duas formas, tais como, precoce ou tardia:

    a primeira ocorre at 96 horas aps intubao endotraqueal e instalao da VM tem

    um melhor prognstico, normalmente ocasionada por bactrias sensvel a

    antibiticos; e a outra, se manifesta aps 96 horas da intubao endotraqueal e

    inicio da VM, tendo essa com maior possibilidade da causa ser atravs de bactrias

    multirresistentes, aumentando a permanncia hospitalar, a mortalidade e a

    morbidade (FREIRE; FARIAS; RAMOS, 2006; BORGES, 2012).

    A pneumonia associada ventilao mecnica (PAVM) a infeco nosocomial mais comum no ambiente de cuidados intensivos. Tem prevalncia varivel, com taxas desde 6 at 50 casos por 100 admisses na unidade de terapia intensiva (UTI).(1,2) Tal variabilidade se deve principalmente a dois aspectos: a presena de diferentes case-mix em diferentes unidades avaliadas na literatura e a inexistncia de critrios diagnsticos precisos que permitam um diagnstico operacional acurado, tornando a subjetividade um aspecto importante na definio dos casos e nas decises teraputicas.(3) Vrios estudos demonstram que a incidncia dessa infeco aumenta com a durao da ventilao mecnica e apontam taxas de ataque de aproximadamente 3% por dia durante os primeiros 5 dias de ventilao (DALMORA et al., 2013, p.81).

    Quanto ao tipo de Pneumonia por Ventilao Mecnica o tipo hospitalar que

    acomete os pulmes, causada por bactrias gram-negativas, vrus ou fungos em

    pacientes em VM por mais de 48 horas, aps intubao endotraqueal (POMBO;

    ALMEIDA; RODRIGUES, 2010).

    Diante disso, no mbito da literatura, h conflitos em relao ao diagnstico clnico

    da PAVM em funo da dificuldade de ser feito um diagnstico diferencial com

    infeces de vias respiratrias inferiores como traqueobronquites. Alm disto, outras

    doenas apresentam caractersticas semelhantes, como por exemplo, a

    tromboembolia pulmonar, a atelectasia, o dano alveolar difuso, o edema pulmonar, e

  • 46

    a toxicidade por frmacos e hemorragia alveolar (VIEIRA, 2009; TEIXEIRA et al.,

    2007; SELIGMAN et al., 2006).

    Ainda realizada a coleta do material das vias areas e alvolos, tcnica de

    broncoscopias e no-broncoscpicas para realizao de culturas e se ter o

    diagnstico (SELIGMAN et al., 2006, p. 341).

    Esses procedimentos so testes executados em pacientes que carecem da VM

    prolongada que oferece um resultado precoce e especifico para VM. No modelo no

    broncoscpio e realizado um aspirado traqueal quantitativo (QEA); no broncoscpio,

    o escovado protegido (PSB) ou lavado alveolar (BAL) so ferramentas mais

    minuciosas para identificao de PAVM, seguro o exame tecidual direto (VIEIRA,

    2009; LIMA, 2007; MATURANA, 2011).

    Segundo, Oliveira e Pombo; Almeida; Rodrigues (2010), a suspeita de que o

    paciente est desenvolvendo uma PAVM, quando est em evidncia o infiltrado

    pulmonar novo ou progressivo radiografia de trax (presente mais que 48 horas),

    associado presena de febre, leucocitose ou leucopenia ou secreo brnquica

    purulenta.

    Neste sentido importante destacar a classificao e o local de ocorrncia dos

    diferentes tipos de pneumonia, conforme descrito no quadro 4:

    Quadro 4 Classificao e locais de ocorrncia da PAVM. Classificao Local de ocorrncia Pneumonia Comunitria

    Ocorre fora do hospital, em pacientes sem fatores de risco para pneumonia associada aos cuidados de sade.

    Pneumonia associada ao cuidado em sade

    Ocorre em pacientes que tem sua residncia nos asilos ou so admitidos e ou tratados em sistema de internao domiciliar; pacientes que receberam medicamentos antimicrobianos por via endovenosa, ou quimioterapia, nos 30 dias anterior infeco; clientes em tratamento renal de substituio; e aqueles que foram internados com risco iminente de morte por dois ou mais dias nos ltimos 90 dias de infeco.

    Pneumonia hospitalar

    Ocorre aps 48 horas de admisso hospitalar: precoce quando ocorre ate 96 horas de internao e tardia aps 96 de hospitalizao.

    Pneumonia associada ventilao mecnica

    Surge aps 48 a 72 horas da intubao endotraqueal e a introduo da ventilao mecnica (VM) invasiva. Tambm e classificada como precoce e tardia: precoce quando ocorre ate 96 horas aps intubao e VM; tardia aps 96 da intubao e VM.

    Traqueobronquite Hospitalar

    Descreve pelo aparecimento de sinais de pneumonia, sem diagnstico de opacidade radiolgica nova ou gradual, desconsiderando outras possibilidades de anlises que seja capaz de comprovar tais sintomas, sobretudo febre.

    Fonte: (VIEIRA, 2009; TEIXEIRA et al., 2007).

  • 47

    Percebe-se pela classificao apresentada por Teixeira e outros (2007) que cada

    tipo de pneumologia tem caractersticas especficas e no caso da hospitalar. O

    tempo mnimo de ocorrncia varia entre 48 e 72 horas e em se tratando da PAVM o

    prazo mesmo a contar da intubao endotraqueal, ou seja, ventilao mecnica

    invasiva.

    Os fatores de riscos relacionados pneumonia se classificam em modificveis

    aqueles cujas medidas podem ser realizadas com implementao das prticas para

    a preveno e o controle da IH (limpeza das mos, vigilncia epidemiolgica, uso

    racional de antimicrobianos), nmero adequados de profissionais na assistncia ao

    paciente, confeco e implantao de protocolos sobre desmame ventilatrio; e no

    modificveis aqueles que so inerentes ao hospedeiro (SOCIEDADE BRASILEIRA

    DE PNEUMONIA E TISIOLOGIA, 2007).

    Com relao ao microrganismo associado pneumonia hospitalar tm-se bacilos

    gram-negativos (Pseudomonas aeruginosas, Proteus spp., Acinetobacter spp.) e

    Staphylococcus aureus. A microbiota pode variar dependendo do tempo e

    internao na UTI, o uso de VM, antimicrobianos e a sensibilidade do hospedeiro

    (SELIGMAN, 2013; AMARAL, 2009).

    Ainda assim Gomes (2014, p. 11), descreve os agentes mais envolvidos na PAH que

    so:

    Enterobacteriaceae, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus. Entre as bactrias multirresistentes, destacam-se: Staphylococcus aureus meticilinorresistente, Pseudomonas aeruginosas, Acinetobacter calcoaceticus baumannii, Stenotrophomonas maltophilia, dentre outras.

    O risco de infeco aumenta mais ainda em torno de 86% dos casos de pneumonia

    (PNM) hospitalar quando so associados VM. A prevalncia citada de 20,5 a

    34,4 casos de PNM por 1.000 dias de VM, e de 3,2 casos por 1.000 dias em

    pacientes no ventilados.

    Alm disso, a patognese da PNM est inteiramente ligada aos cuidados prestados

    na UTI, compreende a relao de patgeno, hospedeiro e variveis epidemiolgicas

    que facilitam esta dinmica, dessa forma, vrios mecanismos existentes contribuem

    para a infeco dita (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2009, p.

    11).

  • 48

    Diante do exposto vale ressaltar que diante da literatura pesquisada que o

    desenvolvimento da PAVM decorrente de aspirao se secrees da orofaringe,

    condensado gerado no circuito do ventilador mecnico ou contedo gstrico

    colonizado por microorganismos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E

    TISIOLOGIA, 2007).

    As informaes citadas acima so de fato importantes, pois elevam discusso de

    outro ponto relevante em relao PAVM: a sua fisiopatologia. 2.4.2 Fisiopatologia essencial o entendimento da patognese da PAVM para se estabelecer os

    cuidados de preveno (VIEIRA, 2009; BORGES, 2012). A seguir descreve-se o

    mecanismo de defesa na preveno da infeco respiratria no hospedeiro.

    Habitualmente as vias areas superiores e o trato digestivo so colonizados por

    bactrias. Contudo, as vias areas inferiores so habitualmente estreis, a menos

    que a pessoa tenha bronquite crnica ou sofrido manipulao das suas vias areas

    respiratrias (VIEIRA, 2009; GOMES, 2014, AGENCIA NACIONAL DE VIGILNCIA

    SANITRIA, 2009).

    Estudos mostram que 50% dos adultos aspiram noite, mas raramente

    desenvolvem pneumonia. Para desencadear uma pneumonia, os patgenos

    necessitam chegar s vias areas inferiores e sobressair sobre os mecanismos de

    defesa do aparelho respiratrio. Os maiores mecanismos de defesa envolvem as

    barreiras anatmicas das vias areas, o reflexo gltico e da tosse e o sistema de

    transporte mucociliar. O transporte mucociliar tem uma significativa atribuio nas

    vias areas superiores na retirada de partculas inaladas e de micrbios que ganham

    alcance a rvore brnquica (GOMES, 2014, AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA

    SANITRIA, 2009).

    A limpeza mucociliar um mtodo composto que depende do movimento mucociliar

    por meio de uma tosse eficaz. Inferiormente dos bronquolos terminais, os sistemas

    imunes humorais e celulares so elementos essenciais para a defesa do hospedeiro.

    Os linfcitos e os macrfagos alveolares retiram materiais particulados e patgenos,

    criando dessa forma as citoquinas para reforar a resposta do sistema celular imune,

  • 49

    que atuam como clulas antignicas que ativam o brao humoral da imunidade e

    favorece a fagocitose (BERALDO, 2008; TEIXEIRA et al., 2007; GOMES, 2014).

    So inmeros fatores que comprometem as defesas do Paciente em VM, como:

    doena crtica, comorbidades, sistema de defesa imune comprometida pela m

    nutrio e intubao traqueal, a qual impede o reflexo de tosse, compromete a

    limpeza mucociliar, traumatizando a superfcie epitelial traqueal de certa forma

    promovendo um meio direto e de fcil alcance das vias areas superiores para as

    inferiores (AMARAL, 2006; MORAIS, 2006).

    Os procedimentos de dispositivos invasivos e de teraputica antimicrobiana firmam

    um ambiente favorvel para os patgenos hospitalares, resistentes aos antibiticos,

    colonizarem as vias areas superiores e o trato digestivo. Essa combinao

    comprometem a defesa do hospedeiro e a exibio contnua das vias areas

    inferiores e amplo nmero de patgenos, por meio do tubo endotraqueal, como

    mostra a Figura 2, que evidencia o paciente em VM ao risco de desenvolver PAVM

    (VIEIRA, 2009; GADELHA; ARAJO, 2011).

    Um dos pontos crticos a secreo que se concentra sobre o balonete do tubo

    endotraqueal, vinda da orofaringe, que so possveis reservatrios formados nas

    cavidades sinusais e do sistema digestivo superior. Outro ponto a presena do

    biolfilme, dentro do tubo traqueal, com contaminao de bactrias. Outra fonte so

    os aerossis contaminados nas nebulizaes e nos circuitos de ventilao. No

    deve ser desprezada a translocao bacteriana via trato intestinal na corrente

    sangunea. (MATURANA, 2011, p.12).

    Figura 2 Pontos crticos da secreo

    Fonte: (VIEIRA, 2009)

  • 50

    A Figura 2 mostra como se formam os pontos crticos decorrentes do acmulo de

    secreo acima do balonete. A infeco pode ocorrer em qualquer etapa do

    tratamento, assim preciso descrever a incidncia em pacientes internados na UTI.

    2.4.3 Fatores de risco

    De acordo com Gomes (2014), o principal fator de risco para se adquirir a

    pneumonia hospitalar atravs da ventilao mecnica invasiva, onde este risco se

    eleva de 4 a 20 vezes por cada dia de VM invasiva. Esta pneumonia com pacientes

    em VM ocorre devido colonizao de patgenos da orofaringe ocasionada pela

    aspirao no tubo traqueal. Abaixo, no quadro 5, mostraremos outros fatores de

    risco que podem ocasionar esta infeco agrupadas em grupos:

    Quadro 5 - Fatores de risco para aquisio de pneumonia associada assistncia

    sade: Fatores que aumentam a colonizao da orofaringe ou do estmago por microrganismos

    Uso prvio de antibiticos; Presena de doena pulmonar crnica; Permanncia numa Terapia Intensiva; Contaminao do circuito do ventilador.

    Condies que favorecem a aspirao do trato respiratrio ou refluxo do trato gastrintestinal

    Intubao orotraqueal; Re-intubaes; Traqueostomia; Utilizao de sonda naso-entrica; Posio supina (decbito abaixo de 30); Rebaixamento do nvel de conscincia; Reduo do reflexo de tosse; Procedimentos cirrgicos envolvendo a cabea, pescoo, trax e abdome superior; Imobilizao; Durao da ventilao mecnica; Uso de anticidos ou antagonistas H2.

    Fatores do hospedeiro Sexo masculino; Idade superior a 60 anos; Desnutrio; Imunossupresso; Paciente queimado; Gravidade da doena de base; Imunossupresso.

    Fonte: (BRASIL, 2014, p.10).

    Desta forma, podemos trabalhar na preveno, principalmente com os fatores de

    risco que podemos modificar, segundo o Ministrio da Sade (2014), como mostra o

    quadro 6:

  • 51

    Quadro 6: Preveno para pneumonia: cabeceira da cama do paciente deve estar elevada entre 30 e 45 graus, prevenindo a infeco; Checar a sedao rotineiramente no intuito de sempre diminuir quando possvel e que no tenha risco para o paciente; A aspirao da subgltica deve ocorrer sempre acima do balonete, prevenindo riscos; Realizar rotineiramente a higiene bucal/oral com antisspticos padronizados, como a clorexidina, prevenindo infeces.

    Fonte: (BRASIL, 2014).

    2.4.4 Incidncia

    A infeco a maior complicao dos pacientes internados, principalmente aqueles

    doentes graves que necessitam de terapia intensiva. A PAVM uma das infeces

    mais recorrentes na UTI e, por meio dela, ocorre um elevado nmero na taxa de

    mortalidade, de permanncia hospitalar e de custos para a instituio (GUIMARES;

    ROCCO, 2006; AMARAL; CORTES; PIRES, 2009; SILVA; NASCIMENTO; SALLES,

    2014).

    A incidncia da PAVM nas literaturas varia bastante. Podendo ocorrer desta forma

    em funo das diferentes interpretaes ou mecanismo que feito o diagnstico

    diferencial, com infeces do trato respiratrio inferior, como traqueobronquites. As

    taxas variam conforme a definio da pneumonia e da populao que sendo

    investigada. Nas diretrizes da American Thoracic Society Infectious Disease

    Society of America - ATS/IDSA (2005), o diagnstico de PAVM duas vezes maior

    que as culturas qualitativas ou semi-qualitativas, que nas culturas quantitativas de

    exame de secrees das vias areas inferiores (RODRIGUES et al., 2012; VIEIRA,

    2009).

    A PAVM ocorre em 9% a 27% de todos os pacientes intubados e sua ocorrncia

    est relacionada com o tempo de VM (VIEIRA, 2009; GOMES, 2014). O aumento e

    mais evidente nos trs primeiros dias: 3% por dia, com durao nos cinco primeiros

    dias; 2% ao dia, entre o 5 e 10 dia; 1% ao dia, aps o 10 dia. O risco de PAVM

    de fato maior nos primeiros quatro dias de VM, quando a metade de todos os

    acontecimentos de PAVM ocorre, pois o tempo de VM da maioria dos casos curto

    (BUSTAMANTE, 2011; GONALVES, 2012; GOMES, 2014).

    Conforme estudos brasileiros, as taxas de IH apresentadas variam de 20% a 40%

  • 52

    (VIEIRA, 2009; AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2009; GOMES,

    2014). Essa variao de taxas mostra que h, no s no Brasil, mas em todo

    mundo, tanto a dificuldade do diagnstico como a necessidade de um olhar mais

    desenvolvido para essa questo. A dimenso desse problema e muito extensa, pela

    quantidade em nmeros de eventos que podem ser evitados, e pesquisas devem ser

    feitas em busca de cuidados nos variados efeitos adversos. Para aumentar a

    segurana do paciente e a qualidade nos servios de sade, preciso implantar a

    preveno na prtica diria (DUARTE et al., 2015).

    De acordo com a Agncia Nacional De Vigilncia Sanitria (2009), ocorrem por ano

    de 5 a 10 ocorrncias de PNM, relacionados assistncia sade por 1000

    admisses. Em 2008, a incidncia da PAVM nas UTIs clnicas e cirrgicas dos

    hospitais de ensino dos EUA, foram de 2,3 casos por 1.000 dias de uso do

    ventilador, e, nas UTIs coronarianas, foi 1,2 casos por 1.000 dias de uso de

    ventilador. J na Amrica Latina e no Brasil, estudos demonstram que a incidncia

    de PAVM para cada 100 dias de VM difere de 13 a 80%, ou 2,6 a 6,2 casos, com

    mortalidade entre 20 a 75%.

    Outros estudos mostram que a PNM a segunda principal infeco associada VM, a infeco que mais ocorre nos pacientes internados em UTI, sendo que sua incidncia pode variar de 9 a 68%. Alm disso, 86% dos casos de PNM hospitalar esto associados VM. Por outro lado, de 9 a 27% dos pacientes em ventilao desenvolvem a PNM. Sendo sua prevalncia de 20,5 a 34,4 casos de PNM por 1.000 dias de VM, e de 3,2 casos por 1.000 dias em pacientes no ventilados. H uma variao de 10% a 50% dos pacientes intubados que podem desenvolver PNM, com risco aproximado de 1 a 3% por dia de IOT e VM. (GOMES, 2014, p 107 ).

    O manual do trato respiratrio da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (2010),

    diz respeito a acontecimentos nacionais de PAV, tende a ser mais alta do que o

    considerado, visto que no comunicados nacionais por ausncia de dados de forma

    organizada e padronizada em todos os estados. As taxas da pneumonia mudam

    conforme o paciente e os meios de diagnsticos disponveis, perante a descrio

    dos clientes atendidos, nmeros assistenciais de qualidade e aplicaes na

    educao contnua dos profissionais (VASCONCELOS, 2015).

    Dados do Ministrio da Sade atribuem a incidncia desta infeco ao tempo de

    permanncia na ventilao mecnica. Portanto, existem quatro fatores de risco da

    PAV, agrupados em quatro categorias, que veremos descritas abaixo, que assim

    foram definidas pelo Ministrio da sade: o uso prolongado contnuo da ventilao

  • 53

    mecnica por muito tempo fazendo com que os aparelhos e ou as mos dos

    profissionais de sade estejam cataminados, causando uma condio de risco para

    a infeco; o refluxo gastrointestinal e a aspirao endotraqueal so formas e

    condies que predispem a risco para infeco devido colonizao dos

    microorganismos que podem existir no estmago e na orofaringe; a idade do

    paciente, bem como a desnutrio, doenas de base e imunidade diminuda

    predispe a infeco (BRASIL, 2010b; VASCONCELOS, 2015).

    2.5 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM ASSISTNCIA

    VENTILATRIA

    Em 2012 foi publicada a Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) nmero 26, que

    dispe sobre os quesitos mnimos para o funcionamento das Unidades de Terapia

    Intensiva com nmero dos recursos humanos, determina no seu Artigo 14 a

    quantidade de um Enfermeiro que presta assistncia para cada 10 (dez) leitos em

    cada turno e no mnimo 1 (um) Tcnico de Enfermagem para cada 2 (dois) leitos em

    cada planto e/ou turno, com isto nota-se que h um nus de trabalho para o

    profissional, o que por sua vez impossibilita de prestar o cuidado individualizado e

    especifico (BRASIL, 2012).

    Dentre os cuidados dirios primordiais, primeiramente o enfermeiro deve higienizar

    as mos antes e aps a manipulao do aparelho de VM, a fim de evitar infeco

    respiratria.

    A enfermagem exerce primordial papel na instalao e ajuste do ventilador, papel do enfermeiro testar o ventilador antes de iniciar a teraputica do paciente bem como conectar o aparelho a rede eltrica e as sadas de oxignio e ar comprimido (OLIVEIRA, MARQUES, 2007, p. 64).

    A enfermagem realiza uma funo primordial no processo de avaliao do paciente

    em VM. Dessa forma, no momento que a avaliao com enfse no sistema

    neurolgico, o grau de conscincia e orientao no tempo e no espao padres para

    iniciar o processo de desmame da prtese ventilatria (ANDRADE, 2013).

    Oliveira e Marques (2007 p. 64) retratam com detalhes os cuidados essenciais aos

    pacientes submetidos a VI:

  • 54

    O enfermeiro deve estabelecer meios de comunicao alternativos com os pacientes, avaliar diariamente a relao inspirao/expirao, avaliar altos e baixos picos de presso, proteger pele e face nos locais de maior presso do cadaro de fixao, evitar trao da cnula por meio de utilizao de dispositivos do circuito respiratrio, acompanhar a realizao de exames no leito, por outros profissionais, realizar ausculta pulmonar e avaliar o uso de musculatura acessria, realizar aspirao traqueal, avaliando a caracterstica da mesma, manter mecanismos de monitorizao invasiva e no invasiva, trocar circuitos a cada 15 dias, conforme protocolo do CDC (Center for Disease Control and Prevention) e identificar sinais de infeco (leucocitose, hipertermia e bastonetes acima de 10% no hemograma).

    Outro autor ressalta em sua pesquisa sobre os cuidados de enfermagem criteriosos

    aos pacientes com VM, tais como:

    Aspirao traqueal; controle da presso do balo (cuff) do TOT ou TQT; mudana de decbito; transporte seguro de pacientes para outras unidades do hospital; aes para a preveno de complicaes como pneumonia por aspirao ou associada ventilao, lceras por presso, extubao acidental, barotraumas e pneumotrax (MELO et al, 2014, p. 58).

    A fim de se ter um resultado favorvel, positivo para os pacientes em ventilao

    mecnica, existem vrios fatores que interferem neste resultado satisfatrio, entre

    eles esto: entender e compreender o que a ventilao mecnica, bem como, seus

    princpios e sua manuteno; de extrema importncia a comunicao entre a

    equipe para um cuidado pleno, baseado nas necessidades do paciente. As metas da

    terapia, os protocolos de desmame, todos devem estar alinhados com relao a

    qualquer alterao feita no cuidado pertinente e nos procedimentos para com o

    paciente (MELO et al., 2014; RODRIGUES et al., 2012).

    O enfermeiro no centro do cuidado, ao monitorar o ventilador, deve observar: o tipo de ventilador; as suas modalidades de controle; os parmetros existentes de volume corrente e frequncia respiratria; os parmetros de frao de inspirao de oxignio (FiO2); a presso inspiratria alcanada e limite de presso; a relao inspirao/expirao; o volume minuto; os parmetros de suspiro, quando aplicveis; a verificao da existncia de gua no circuito e nas dobras ou a desconexo das traqueias; a umidificao e a temperatura; os alarmes, que devem estar ligados e funcionando adequadamente; e os nveis da presso positiva no final da expirao (PEEP) e/ou suporte de presso, quando aplicvel (RODRIGUES et al., 2012, p. 791).

    Para tanto, a atuao do enfermeiro assistencial na assistncia ventilatria e de

    extrema importncia, intensa, extensa, complexa pela responsabilidade da

    assistncia contnua; extensa tambm por iniciar-se antes da instalao dos

    dispositivos ventilatrios at a reabilitao, recuperao do paciente. Assim, a

    criao de estudos e os treinamentos temticos devem ser frequentes, regular, a fim

    de qualificar a equipe de enfermagem, fornecendo conhecimento e tcnica.

    Compreender a correlao entre as ocorrncias nas quais ocorrem o disparo dos

  • 55

    alarmes e os cuidados de enfermagem que orientam a aplicao dos cuidados com

    segurana e competncia (NEPOMUCENO, 2007).

    Wagner (2015) e Primo (2007), em suas pesquisas, discorrem sobre os cuidados de

    enfermagem em pacientes com VM na preveno da PAVM, tais como:

    Quanto elevao da cabeceira:

    Posio semi-fowler;

    Para evitar a broncoaspirao, deve-se manter a cabeceira do paciente entre

    30 e 45 graus;

    Nos pacientes com trauma cervical e em estado grave, a cabeceira dever

    estar com elevao de no mnimo a 30 graus;

    Quando algum caso clnico do paciente impedir a elevao da cabeceira,

    mediante ao recomendado, portanto, deve-se adotar a posio de

    Trendelenburg reverso que uma posio de inclinao da cama.

    Quanto higiene oral:

    Recomenda-se o uso de clorexidina oral apenas em eventos de alto risco,

    haja vista que seu uso costumeiro pode acarretar resistncia de germes;

    Recomenda-se a realizao da higiene oral no mnimo 3x ao dia;

    Lembramos obedecer rigorosamente os horrios de administrao das

    dietas; certificar-se da insuflao do balonete das cnulas durante a

    administrao das dietas; trocar filtro de barreira a cada 24 horas e sempre

    que necessrio.

    Quanto aspirao endotraqueal:

    Aspirao feita sob sistema fechado quando PEEP elevado;

    Todo o sistema da aspirao feita somente uma vez no paciente;

    A PAVM transmissvel e para que isso no ocorra, a troca do frasco dever

    ocorrer a cada paciente aspirado;

    Portanto devemos ressaltar como forma de preveno a aspirao, enquanto

    tipo de tcnica estril;

  • 56

    Na evoluo de enfermagem deve conter os achados da secreo

    encontrada.

    Quanto aos cuidados com traqueostomia:

    O tubo da traqueostomia trocado de forma estril, evitando contaminao;

    Trocar o tubo de traqueostomia com a tcnica assptica;

    A traqueostomia melhora a retirada das secrees.

    2.5.1 Interrupo diria da sedao A retirada ou a diminuio da medicao para sedao uma medida primordial

    recomendada em todos os bundles, pois fundamental na profilaxia da PAV,

    reduzindo o tempo de VM. O protocolo de sedao deve ser realizado diariamente

    antes das 10 horas da manh, no entanto, a sedao deve ser suspensa para

    anlise do nvel de conscincia do paciente e, se pertinente, dever ser desligada.

    2.5.2 Profilaxia da lcera pptica e a descontaminao digestiva A preveno de lcera de estresse destinada apenas para aqueles pacientes com

    ameaa evidente de sangramento (lcera gastrointestinal duodenal ativa sangrante,

    sangramento digestivo prvio), com traumatismo crnio-enceflico, em uso de

    ventilao mecnica, com politrauma, coagulopatia e em uso de corticosterides

    (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2009).

    2.5.3 Profilaxia da trombose venosa profunda Portanto, esse cuidado com a trombose venosa profunda, tem grande impacto no

    tempo de internao e na diminuio da mortalidade. indicada em pacientes com

    risco de trombose venosa profunda como obesos, pacientes idosos, histria de

    estase venosa profunda, imobilizao prolongada, cirurgias de grande porte e

    doenas vasculares e pulmonares prvias (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA

    SANITRIA, 2009; RABELO, 2010).

  • 57

    2.5.4 Aspirao subgltica

    A drenagem da subgltica avalia o uso de tubo endotraqueal com luz superior do

    balonete, planejando a preveno da colonizao das vias areas inferiores e da

    PAV de incio prvio. As intervenes de enfermagem acima descritas esto ligadas

    diretamente ao cuidado com o paciente, portanto, para a preveno da PAVM, se faz

    necessrio uma interveno atravs de uma equipe multidisciplinar, com abordagens

    indispensveis, como: higienizao das mos, a presso do cuff, a intubao e

    reintubao, bem como a limpeza e desinfeco de equipamentos mdicos

    hospital