ASESI – ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DOS … · Artigo Científico apresentado como Trabalho...

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ASESI – ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DOS INCONFIDENTES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE ITABIRITO – FACCI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO, NÍVEL LATO SENSU, CURSO CONTROLADORIA E FINANÇAS MARCELO MAIRINS NONATO ESTUDO DE CASO SOBRE O CRESCIMENTO DA VALE APÓS A PRIVATIZAÇÃO: MITO OU REALIDADE? ITABIRITO – MG 2008

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ASESI – ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DOS INCONFIDENTES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE ITABIRITO – FACCI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO, NÍVEL LATO SENSU, CURSO CONTROLADORIA E FINANÇAS

MARCELO MAIRINS NONATO

ESTUDO DE CASO SOBRE O CRESCIMENTO DA VALE APÓS A PRIVATIZAÇÃO: MITO OU REALIDADE?

ITABIRITO – MG 2008

DIRETOR GERAL BRUNO AUGUSTO MELILLO

DIRETOR ADMINISTRATIVO E ACADÊMICO HENRIQUE GUIMARÃES MALHEIROS

COORDENAÇÃO CURSO PÓS-GRADUAÇÃO NÍVEL LATO SENSU COORDENADOR MÁRCIO DE SOUZA E SILVA

COORDENADOR ADJUNTO TARCÍSIO CLÁUDIO TELES PASSOS

SECRETÁRIA ACADÊMICA PATRÍCIA ALMEIDA RODRIGUES BAIÃO

MARCELO MAIRINS NONATO

ESTUDO DE CASO SOBRE O CRESCIMENTO DA VALE APÓS A PRIVATIZAÇÃO: MITO OU REALIDADE?

ARTIGO CIENTÍFICO APRESENTADO COMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO AO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO, NÍVEL LATO SENSU, DA FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE ITABIRITO –FACCI, COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM CONTROLADORIA E FINANÇAS. ORIENTADOR: PROF. MÁRCIO DE SOUZA E SILVA.

ITABIRITO – MG 2008

ESTUDO DE CASO SOBRE O CRESCIMENTO DA VALE APÓS A PRIVATIZAÇÃO: MITO OU REALIDADE?

Artigo Científico apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso à Faculdade de Ciências Contábeis de Itabirito, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Controladoria e Finanças, nível Latu Sensu.

Aprovado em 29 de agosto de 2008.

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________ Orientador: Márcio de Souza e Silva

________________________________ Professor: Gilson de Oliveira Carvalho

________________________________ Professora: Carolina da Cruz Cardoso

AGRADECIMENTOS

Foram muitas as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a

realização deste artigo. Gostaria de agradecer:

Ao meu orientador Márcio de Souza e Silva, por acreditar em mim e me

conduzir neste trabalho com muita competência, paciência, dedicação, amizade e

atenção. A todos professores e funcionários da ASESI, especialmente o professor

Gilson de Oliveira pelo excelente profissionalismo e dedicação em suas aulas.

Aos colegas de sala pelo carinho e companheirismo. Aos colegas de grupo de

trabalho, por todo tempo que passamos juntos, pela amizade, compreensão e apoio

durante vários momentos.

A minha esposa Denise, pelo incentivo, presença e dedicação durante

momentos difíceis e que nunca me deixou desistir, sempre me apoiando e

incentivando nos momentos em que precisava.

RESUMO

Este artigo discute o crescimento da Vale após a privatização ocorrida em 06

de maio de 1997. Quando foi incluída no Programa Nacional de Desestatização

(PND) gerou muita polêmica, pois nenhuma outra privatização ganhou tanta

ressonância política e ideológica como a venda da Vale. Isso fez com que surgissem

opiniões favoráveis a privatização e também opiniões contrárias. Dez anos após a

privatização a Vale passou a ocupar o segundo lugar como maior mineradora

diversificada do mundo e com atuações em outros 26 países.

Quando a Vale foi privatizada, a economia brasileira encontrava-se

engessada e as despesas aumentavam a cada dia o que impedia grandes empresas

estatais de acompanhar o crescimento mundial devido a burocracia e para isso era

necessário promover a descentralização e promover o desenvolvimento. Esta

reestruturação do setor público se fez necessária para a retomada do processo de

crescimento e manutenção da estabilidade econômica. Alguns autores afirmam que

a má administração e técnicas gerenciais ultrapassadas deixaram as estatais com

pouca eficiência e um ritmo muito lento com pouca eficiência e baixa produtividade.

A Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização (CDPND) selecionou

para entrar no programa de privatização as empresas cujas desestatizações

devessem ser efetuadas imediatamente em função de sua natureza industrial.

Para análise dos principais indicadores financeiros foi utilizado o banco de

dados da Economática e os relatórios anuais publicados pela Vale no período antes

da privatização (1986 - 1996) e após a privatização (1997 - 2007).

O resultado obtido na pesquisa evidencia um crescimento até então não

imaginável quando estatal. Crescimento que colocou a Vale como a segunda maior

empresa mineradora diversificada do mundo, o que foi bom para seus acionistas e

para a economia brasileira, o ROE1 (Return On Equity), em valores ajustados pelo

poder de compra base Maio/2008, que é muito utilizado por investidores, em 1997

era apenas de 8% passando para 35% em 2007, um aumento de 337,5% em

apenas 10 anos.

1 ROE – Retorno Sobre o Patrimônio

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Lucro Líquido Real Ajustado em Milhares (R$) ................................. 17

Gráfico 2 – Evolução do Lucro por Ação de 1986 a 2007 .................................... 22

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lucro Líquido Nominal e Lucro Líquido Real em Milhares (R$) ........ 18

Tabela 2 – Quantidade de ações da Vale entre 1986 e 2007 ............................. 20

Tabela 3 – Histórico das negociações das ações ordinárias no período entre

1986 e 2007 ...................................................................................... 21

Tabela 4 – Histórico das negociações das ações preferenciais no período entre

1986 e 2007 ...................................................................................... 21

Tabela 5 – Histórico das cotações das ações ordinárias Vale3 (ON).................. 23

Tabela 6 – Histórico das cotações das ações preferenciais Vale5 (PNA)........... 24

Tabela 7 – Retorno sobre o patrimônio de 1997 e 2007 ..................................... 25

Tabela 8 – Indicadores de endividamento de 1986 a 2007................................. 27

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 11

3 COLETA, TRATAMENTO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS.... 16

4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais as empresas buscam técnicas administrativas que sejam mais

dinâmicas e que possam torná-las mais competitivas no cenário mundial. Com

atuação e crescimento expressivo nos últimos anos, a Vale tem se destacado na

economia brasileira e também no cenário econômico mundial. Desde o dia 1º de

julho de 1942, que foi então criada a Companhia Vale do Rio Doce pelo presidente

Getúlio Vargas, através do decreto-lei nº 4.352 e no ano de 1943 foi aprovado os

estatutos da CVRD e o registro da Vale na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro dia

26 de outubro e em abril de 1968 na Bovespa, a CVRD, hoje apenas Vale, não

parou de crescer. Fez novas aquisições, inaugurou minas e fez muitas parcerias

contribuindo para o desenvolvimento de comunidades. Quando passou a se chamar

Vale em 2007, a empresa quis buscar uma forma mais simples de se comunicar com

todo o mundo, mantendo ainda a razão social como Companhia Vale do Rio Doce.

A Vale tem o foco tanto na diversificação de seu portifólio de produtos e

serviços quanto em resultados. É líder do mercado transoceânico mundial de minério

de ferro e também é a maior mineradora diversificada das Américas e a maior

prestadora de serviços de logística do Brasil, está inserida no cenário mundial com

governança corporativa clara e transparente, compromisso com a causa ambiental e

com o investimento no desenvolvimento social das comunidades nos cinco

continentes e nos 14 estados brasileiros onde atua, com operações, pesquisa

mineral e escritórios comerciais. É a maior empresa no mercado de minério de ferro

e pelotas, posição que atingiu em 1974 e ainda se mantém. Em julho de 2000, as

ações da Vale foram listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), tornando-

se efetivamente, uma empresa global.

O processo de privatização da Vale iniciou-se em 1995, quando o então

presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou em 1º de junho a inclusão da

Vale no Programa Nacional de Desestatização, assinando o Decreto nº 1.510, que

depois foi alterado pelo Decreto nº 1.539. A Vale até então era considerada uma das

jóias da coroa do patrimônio público brasileiro. No dia 06 de maio de 1997, data da

privatização, houve inúmeras manifestações em todo Brasil, e diante da sede da

Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), local da privatização, mais de 600

policiais militares e cerca de cinco mil manifestantes se confrontaram e resultou em

10

33 pessoas feridas e no fim, a privatização da Vale. Dez anos depois, a sociedade

civil organizada realizou plebiscito em nível nacional para saber a opinião dos

brasileiros sobre a anulação da venda da segunda mais importante mineradora do

mundo e a maior da América do Sul.

A polêmica gerada pela privatização fez com que surgissem opiniões a favor

e outros que são contra. Dentre os que são contra está Clair da Flora Martins2, que

usou de uma metáfora, “podemos dizer que sem a posse da Vale, podemos tirar a

cor amarela de nossa bandeira”. Em 10 anos, o lucro da Vale de 13,4 bilhões, foi

quatro vezes maior que o seu valor de venda em 1997.

Para Modiano3 (2000), o processo de privatização enraizou a economia

brasileira. Este autor cita a importância da privatização para a economia brasileira:

...se olharmos o que aconteceu na economia brasileira e no processo de privatização, veremos quanta coisa mudou e, de fato, foi realizada nesses últimos nove anos. Os objetivos iniciais do programa eram múltiplos e nem nós sabíamos, claramente, quais deveriam ser enfatizados, porque eram muitos e, muitas vezes, conflitantes, o que nos impunha, sempre, um processo decisório bastante complexo. Porque queríamos tudo ao mesmo tempo: queríamos reduzir a dívida pública; queríamos aumentar a competição da economia; queríamos recuperar os investimentos; queríamos desenvolver o mercado de capitais; e tudo isso numa economia que enfrentava situação - como eu disse - de grave desequilíbrio, com uma poupança muito pequena, com empresas estatais na sua maioria gerando prejuízos ou poucos lucros, ou seja, um ambiente completamente adverso para a instalação de um programa de privatização. (MODIANO, 2000, p. 4)

Ainda conforme Modiano (2000), a privatização se deu em três fases

importantes, começando com o governo Collor em 1990, quando o objetivo era de

reformar o Estado, quebrar o modelo antigo. A segunda etapa foi com o presidente

Itamar Franco que ficou a despeito de certa indefinição se era ou não uma grande

meta do governo. A partir de 1996 no governo de Fernando Henrique Cardoso, é

que se inicia a terceira fase e que realmente a privatização deu um grande salto.

Ajudou e foi importante para a estabilização da economia.

Com base nestas informações este trabalho caracteriza-se como um estudo

de caso que conforme Beuren et al (2006, p.84): “é realizado de maneira mais

intensiva, em decorrência de os esforços dos pesquisadores concentrarem-se em

2 Clair da Flora Martins, ex-presa política do Regime Militar, ex-vereadora em Curitiba e ex-deputada Federal pelo PSOL-Paraná. 3 Eduardo Modiano: Economista, Ex-presidente do BNDES e Ex-presidente da Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização.

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determinado objeto de estudo.” Sendo assim, este artigo concentra-se no

comportamento da Vale no período pré-privatização (1986 - 1996) e pós-privatização

(1997 - 2007), através de análise das informações obtidas no banco de dados da

Economática e análise dos relatórios anuais, com o objetivo de aprofundar e

detalhar o comportamento da empresa após a privatização em 1997. É um trabalho

bibliográfico porque se recorre a materiais já elaborados e divulgados ao público

pela Vale conforme resolução da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, e busca

responder a seguinte questão-problema:

Qual o comportamento dos resultados financeiros da Vale após sua a

privatização?

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com o elevado crescimento da despesa pública e a ineficiência do Estado,

fizeram com que a motivação da intervenção estatal seria a mesma que qualquer

outra ação econômica, alguém com interesse privado que cede o voto em troca de

determinado benefício. Nos últimos anos o aumento do número de servidores

inativos tem crescido muito, causando assim um desequilíbrio e com isso,

aumentando o tempo de contribuição dos trabalhadores em atividade. Nunes (1997),

cita que a corrente denominada ilusão financeira desenvolvida por Pluviani no século

XIX, a despesa pública cresceria porque a percepção que os agentes tem dos

benefícios por ela gerados é maior do que dos custos que lhes é repassado através

da cobrança de impostos, que estão atrelados a acontecimentos favoráveis e a

relação entre a despesa pública e os recursos fiscais recolhidos de cada contribuinte

são imprecisos. Coase (1960, apud NUNES, 1997), a mudança do conceito de bem

público cria condições para que se venha a reduzir o papel do Estado na economia.

Com a falta de bens intrinsecamente públicos, o governo pode deixar de incrementar

as despesas estatais e transferir à iniciativa privada os gastos com infra-estrutura,

saúde e educação.

Alguns setores eram considerados monopólios naturais, tais como

telecomunicações, ferrovias, produtores de bens e serviços de utilidade pública

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porque caracterizavam ser de necessidade de grande volume de capital, presença

de economistas de escala e externalidades, caracterizando assim sua atuação como

públicas ou que operavam sob a supervisão das agências. O conceito de bem

público cria argumentos convincentes para que o setor privado venha a produzir

bens e serviços que até então eram considerados de domínio público e agora se

advoga no modelo de direitos de propriedade que devem ser privatizados para

impedir que a despesa pública se torne crescente. O aumento da intervenção do

Estado na economia implica na perda de produtividade com conseqüente redução

da taxa de crescimento econômico e aumento do déficit público. Um fator favorável

da privatização aponta diretamente para a ineficiência das empresas estatais em

decorrência da estabilidade dos funcionários e da busca pelo burocrata da

maximização do seu salário, poder e tamanho da repartição em detrimento do lucro,

de acordo com Zweifel & Zaborowsky (1996). A estabilidade dos funcionários

desencoraja incrementos de produtividade e por terem seus empregos garantidos

não se esforçariam para melhorar o desempenho.

A burocracia era uma modalidade de organização com adequação dos meios

aos objetivos desejados, para alcançar a máxima eficiência. Alguns autores

sustentam a tese da privatização argumentando que a administração privada das

empresas proporciona maiores lucros que a gestão pública. Autores como Davies

(1959), Husain & Sahay (1992) fizeram estudos comparativos entre empresas

públicas e privadas e concluíram que a maior eficiência eram das empresas privadas

por responderem mais rapidamente aos sinais do mercado. Landau (1995) afirma

que a fonte de ineficiência da economia é a propriedade pública, o grau de eficiência

da economia se reduz à medida que aumenta a participação pública. Mas autores

como Tyler (1978), Vickrers & Yarrow (1995) dizem que não há diferença entre os

níveis de eficiência de empresas públicas e privadas e que mesmo no arcabouço

teórico da microeconomia é possível que o empreendimento público seja mais

produtivo que o privado em várias situações. A eficiência depende de como é

gerenciada a empresa, das particularidades da atividade e do ambiente econômico

onde está inserida. A simples ameaça de privatização faz com que muitas empresas

passem a obter expressivos ganhos em produtividade e também melhora na

performance. Alguns autores afirmam que a privatização contribui para a melhoria da

performance da indústria devido à ação das forças de mercado. Outros autores

afirmam que a competição induz ao aumento da concorrência.

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A privatização faz com que aumente a eficiência das empresas, diminuindo

monopólios, contribuindo com a reorganização industrial. Com a impossibilidade de

falência das empresas públicas, desestimula seus administradores a buscar lucros,

pois apesar de sucessivos déficits, as empresas contam com o aporte de recursos

do Tesouro Nacional. A ineficiência de empresas estatais muitas das vezes decorre

do fato de seus dirigentes, escolhidos por razões políticas, não seguem os mesmos

caminhos em direção ao objetivo da empresa, buscando na verdade os objetivos

próprios. Mesmo com a privatização, o governo ainda se beneficia com o aumento

da eficiência das empresas privatizadas através do aumento no recolhimento de

receita tributária, devido a maior lucratividade das empresas, mas ainda se livrando

de despesa governamentais e com isso, reduzindo o déficit público. A explicação é

simples, de um lado a redução do déficit público com isso a redução da despesa

pública, do outro lado aumento da arrecadação beneficiando assim o governo com a

arrecadação tributária, refletindo assim na economia do país em geral.

Conforme Nunes (1997), com a falta de recursos para a realização de

investimentos para adequação à modernidade e também para a demanda de

serviços, são elementos que induzem a pressão para a privatização. A manutenção

de estatais compromete uma parcela da administração direta, com isso exigindo a

fiscalização de órgãos como secretarias, Tesouro Nacional, Tribunal de Contas da

União e com isso, grande dispêndio de recursos e de pessoal. A Lei 8.031/1990,

revogada pela Lei 9.491 de 1997, criou a Medida Provisória 1.481 e o Decreto 1.204

de 1994 regulamentaram o Programa Nacional de Desestatização – PND, com o

objetivo de redefinir o papel do Estado na economia, reduzindo seu tamanho,

tornando mais dinâmico, restrição da intervenção do setor empresarial estatal na

atividade econômica e criando condições para o crescimento econômico. Com a

privatização, criou-se oportunidades, aumentando o mercado de capitais e

estimulando a entrada de capitais estrangeiros.

No Brasil, a legislação vigente diz que a transferência de empresas públicas

para a iniciativa privada pode ser realizada por intermédio de oferta pública de ações

em leilão, venda por preço fixo de lotes de ações, negociação direta a interessado

específico, venda a trabalhadores da empresa e fragmentação da empresa e venda

das partes em separado. No Brasil o leilão é o método de venda ainda mais utilizado

no PND.

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Uma ação é um documento que indica ser seu possuidor o proprietário de

certa fração de determinada empresa. As ações são utilizadas como forma de

alavancagem financeira para a empresa que necessita de recursos. A alavancagem

é o conceito que define o grau de utilização de recursos de terceiros para aumentar

as possibilidades de lucro, aumentando conseqüentemente o grau de risco da

operação. No mercado financeiro também é utilizada a expressão equivalente em

inglês - financial leverage. No caso de uma empresa, quanto maior seu grau de

endividamento maior é a sua alavancagem. Já para o mercado financeiro, um

exemplo é comprar um lote de ações pagando somente parte de seu valor nos

mercados de opções, caso ocorra uma valorização desses papéis, o investidor é

extremamente beneficiado, pois a quantia inicialmente investida é reduzida e seu

retorno é bem mais acentuado. O inverso é verdadeiro: se ocorrer uma

desvalorização desses papéis, o valor das opções compradas será drasticamente

reduzido.

De acordo com Assaf Neto (2006), existem dois tipos de ações: as ações

ordinárias nominativas (ON) e as ações preferenciais nominativas (PN). As ações

ordinárias nominativas (ON) proporcionam participação nos resultados econômicos

de uma empresa e confere a seu titular o direito de voto em assembléia e não dá

direito preferencial a dividendos. As ações preferenciais nominativas (PN) oferecem

a seu detentor prioridades no recebimento de dividendos. No caso de dissolução da

empresa, no reembolso de capital. De maneira geral não concede direito a voto em

assembléia.

As ações emitidas pelas companhias abertas podem ser convertidas em

dinheiro a qualquer momento, desde que haja procura no mercado, por intermédio

de uma sociedade corretora, através da negociação em bolsa de valores ou no

mercado de balcão. No Brasil, contabilmente os custos de investimentos em ações

no qual não haja a intenção de permanência (Ativo Permanente), deverão ser

classificadas no Ativo Realizável (Investimentos Temporários). Desta forma, o fato

de poderem ser convertidas em dinheiro a qualquer momento não as habilita para

figurarem no grupo de Ativo Disponível do Balanço em função do caráter de

investimento de alto risco. Em investimento temporário ou de risco, a liquidez de

cada ação dependerá da lei da oferta e da procura, que no mercado acionário está

intimamente ligada ao momento presente da companhia e do cenário global. As

principais influências nos preços são as aquisições, vendas e fusões de companhias.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC),

governança corporativa trata-se de um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas

e monitoradas, sendo envolvidos os acionistas e os cotistas, Conselho de

Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas

de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade,

facilitar seu aceso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Uma parte significativa de companhias abertas já se empenham em oferecer

aos seus investidores, melhores práticas de governança e de transparência. A

adesão de níveis diferenciados de Governança Corporativa da Bovespa dá maior

destaque aos esforços da empresa na melhoria da relação com investidores e eleva

o potencial de valorização dos seus ativos. A adesão a essas práticas distingue a

companhia como “Nível 1”, “Nível 2”, “ Novo Mercado” e “ Bovespa Mais”.

A premissa básica é que a adoção de boas práticas de governança

corporativa pelas companhias confere maior credibilidade ao mercado acionário,

aumentando assim a confiança e disposição dos investidores em adquirirem as suas

ações pagarem um preço melhor por elas, reduzindo seu custo de captação.

Algumas práticas são necessárias para que as empresas “Nível 1”sejam

listadas na Bovespa, tais como melhorias na prestação de informações ao mercado

e com a dispersão acionária. Veja algumas das outras obrigações adicionais a

legislação:

- Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando

25% do capital;

- Realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de

mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;

- Realização de reuniões públicas com analistas e investidores;

- Melhoria nas informações prestadas trimestralmente.

- Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, a menos uma

vez por ano;

- Apresentação de um calendário anual, do qual conste a programação dos

eventos corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc;

- Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes

relacionadas.

- Quando da realização de distribuição de distribuições públicas de ações,

adoção de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital.

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3 COLETA, TRATAMENTO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a privatização em 1997 a Vale iniciou um processo de crescimento e

lucros que até então, não haviam sido alcançados pela empresa e com isso,

batendo recorde absoluto entre as empresas privatizadas no país. Através da

administração a Vale encontrou respostas rápidas a desafios crescentes num mundo

cada vez mais competitivo. A empresa está entre as 20 maiores empresas da

América Latina, ocupando o segundo lugar, atrás apenas para outra empresa

também brasileira, mas não privatizada, a Petrobrás. A Vale também é líder na

produção nacional de minério de ferro desde 1974.

A quantidade de funcionários também aumentou muito nos últimos anos

quando em 1997 o número de funcionários era em torno de 10.000, com as

aquisições de outras companhias e admissões no período, este número passou para

mais de 60.000 funcionários em suas unidades espalhadas em mais de 26 países

pelos cinco continentes.

No Gráfico 1, pode-se observar a evolução do lucro líquido antes e depois da

privatização. Em 1997, ano em que ocorreu a privatização, o lucro líquido, ajustado

pela poder de compra base Maio/2008, foi R$ 1.469.544.000, 39% acima do ano

anterior que era de R$ 1.057.462.000. Nos anos seguintes a média de crescimento é

de 43% até o ano de 2001. Neste período, a economia nacional enfrentou a

desvalorização do Real em 1999, devido a crise financeira internacional e frente à

moeda americana, uma vez que a Vale é a maior exportadora líquida do Brasil, e o

principal cliente neste período foi o Japão com 15% seguido da China e Coréia do

Sul com 6%. Já em 2000, com a aquisição do controle da Samitri, 50% da Samarco

e a incorporação da Socoimex, a Vale garantiu um crescimento de 70% em relação

ao ano anterior.

Devido às incertezas na economia norte-americana, também abalada pelo

impacto do choque dos preços do petróleo, o que constituiu nos principais fatores

determinantes do comportamento do mercado global, em 2001, apesar da recessão

da economia mundial, a Vale alcançou um lucro líquido 43% acima em relação ao

ano de 2000.

17

Gráfico 1: Lucro Líquido Real Ajustado em Milhares (R$)

Lucro Líquido Real Ajustado (R$)

-2.000.000

1.000.000

4.000.000

7.000.000

10.000.000

13.000.000

16.000.000

19.000.000

22.000.000

1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: Elaborado pelo autor.

O ano de 2001 foi marcado por uma crise internacional, afetando vários

setores econômicos. Foi quando aconteceram os atentados de 11 de setembro aos

Estados Unidos da América e as perdas foram significativas por todo mundo,

fazendo com que várias medidas fossem tomadas por seus governantes para que

esta crise não prejudicasse ainda mais o desempenho das organizações.

Acompanhando a crise, no ano de 2002 houve uma queda de 33% no lucro líquido

nominal (40% no lucro líquido ajustado) devido a desvalorização do Real em relação

ao Dólar, mas não impactando no desempenho no ano seguinte, que apresentou um

ganho nominal de 121% (102% ajustado) em 2003. Vale ressaltar que em 2002, foi

liberado pelo governo a utilização do FGTS – Fundo de Garantia de Tempo de

Serviço para a compra de ações pelos empregados, o que contribui

expressivamente com a alavancagem da empresa e com isso, melhorando seus

resultados frente a crise internacional. Para os anos seguintes a taxa de crescimento

apresentou comportamento normal, com pequena queda em 2004 e 2006, que

segundo relatórios da Vale, devido à queda do lucro operacional em virtude dos

preços médio mais baixos dos produtos níquel e alumínio. Graças aos investimentos

feitos pela Vale em suas unidades produtivas e também na aquisição da Inco,

mineradora canadense, saltando assim, da quarta para a segunda posição entre as

maiores mineradoras do mundo, os resultados foram positivos devido à alta

valorização do níquel no fim de 2006, e em conseqüência, o preço do minério de

ferro apresentou queda. Um recente relatório feito pelo banco de investimento Credit

Suisse apontou para uma expansão de 35% na receita da companhia para o ano de

18

2008, algo bem próximo de 43 bilhões de dólares, que será graças ao bom e velho

minério de ferro.

O mercado de renda variável é composto de ativos cuja remuneração ou

retorno de capital não pode ser dimensionado no momento da aplicação e como

principal exemplo de ativo de renda variável temos as ações. A privatização levou a

Vale efetuar investimentos nunca antes atingidos pela empresa, graças à eliminação

da necessidade de partilhar recursos com o Orçamento e a União. Este ganho

refletiu-se em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional. A

atividade principal da Vale é a extração, beneficiamento e comércio de minério de

ferro, transporte ferroviário e operação portuária. Graças ao aumento de preço do

minério de ferro entre 2005 e 2006, que subiu 123,5% a Vale obteve um enorme

ganho de lucratividade. Com um crescimento contínuo após a privatização, auferindo

lucros não só para seus acionistas, mas também para a economia nacional.

Na Tabela 1 pode-se observar o lucro líquido da Vale em valores nominais e

em valores ajustados juntamente com a taxa de variação percentual entre os anos

de 1986 e 2007.

Tabela 1: Lucro Líquido Nominal e Lucro Líquido Real em Milhares (R$) ANO LL Nominal Variação Nominal LL Real Variação Real 1986 0 - 1.390.213 - 1987 0 - -811.464 -158% 1988 0 - 1.036.804 -228% 1989 3 - 2.619.606 153%- 1990 7 133% 327.998 -87% 1991 98 1300% 857.564 161% 1992 1.350 1278% 970.442 13% 1993 31.050 2200% 865.780 -11% 1994 545.726 1658% 1.497.039 73% 1995 328.628 -40% 736.460 -51% 1996 516.995 57% 1.057.462 44% 1997 755.943 46% 1.469.544 39% 1998 1.029.400 36% 1.968.400 34% 1999 1.251.199 22% 2.196.183 12% 2000 2.132.657 70% 3.532.339 61% 2001 3.050.710 43% 4.692.826 33% 2002 2.043.256 -33% 2.793.093 -40% 2003 4.508.850 121% 5.639.108 102% 2004 6.459.519 43% 7.508.098 33% 2005 10.442.986 62% 11.484.753 53% 2006 13.431.005 29% 14.320.918 25% 2007 20.005.562 49% 20.420.867 43%

Fonte: Elaborado pelo autor. O desempenho dos últimos anos fez com que as ações da Vale apresentasse

resultado positivo. Valorização que segundo informações em seu relatório anual, se

19

deve a avaliação positiva da qualidade de execução da estratégia de longo prazo,

dos avanços da governança corporativa e das oportunidades de crescimento

rentável futuros.

No dia 6 de maio de 1997, data da privatização, as ações publicadas da Vale

totalizavam 388.559.056, sendo 249.983.143 ações ordinárias e 138.575.913 ações

preferenciais. Esta quantidade se manteve até o ano de 2003, quando em 2004,

este número aumentou devido a incorporação do grupo Caemi e em 2006 com a

aquisição da Inco, passando para um total de 4.919.314.116 de ações após

desdobramento acionário em setembro de 2007. Mantendo uma política de

remunerar bem seus acionistas, em 1998, a Vale distribuiu cerca de 71% do lucro

líquido que foi de R$ 1,029 bilhão em forma de remuneração para seus acionistas.

Em 1999 as ações que apresentaram maior liquidez foram as preferenciais, quando

apresentaram alta de 226,6%, superando a valorização de 151,9% do índice

Bovespa.

Apesar da crise financeira internacional ter provocado reflexo negativo no

desempenho da empresa, desvalorizando o Real frente ao dólar americano, pois a

Vale é o maior exportador líquido do Brasil, os resultados ainda foram

comemorados, superando os resultados de 1998. Assaf Neto (2006) afirma que as

ações constituem-se em títulos representativos da menor fração do capital social de

uma empresa, sendo seu acionista um co-proprietário com direito a participação nos

resultados. Ainda com o mesmo autor, uma sociedade pode emitir ações com

objetivos específicos com relação aos direitos dos acionistas. O estatuto da

companhia pode prever dividendos diferenciados a determinados acionistas, pode

limitar o investimento estrangeiro, dentre outros fatores. Para identificar estes

objetivos são emitidas diferentes classes de ações. Como no caso das ações

preferenciais da Vale, listadas na Bovespa como Vale5 (PNA), preferenciais

nominativas classe A, podendo a sociedade criar quantas classes desejar.

As ações são títulos de renda variável, podendo oferecer resultados em

ganhos ou perdas ao investidor baseado no comportamento de seus preços de

mercado, podendo depender de diversos fatores ligados ao desempenho esperado

da empresa emitente, das condições de mercado e evolução geral da economia,

podendo ainda oferecer duas formas de rendimentos aos investidores: dividendos

que representa distribuição de lucros auferidos pela empresa aos seus acionistas

normalmente pagos em dinheiro e a outra forma é a valorização de seu preço de

20

mercado que é conseqüência do comportamento de mercado e do desempenho da

empresa em determinado período.

As ações da Vale listadas na Bovespa são Vale3 (ON) e Vale5 (PNA). As

mais negociadas no período entre 1986 e 2007, foram as preferenciais com

4.068.107 negociações conforme Tabela 2. As ações ordinárias tiveram 931.397

negociações. Nas tabelas 3 e 4 veja o histórico das negociações entre 1986 e 2007.

As ações preferenciais, que apresentaram maior quantidade de negociações,

circulou 28.214.485.482 títulos o que proporcionou R$ 298.388.861.918,00 em

valores ajustados pelo poder de compra e as ações ordinárias com 3.441.537.692

títulos com R$ 70.341.448.809 também em valores ajustados pelo poder de compra

conforme tabelas apresentadas.

Ainda com Assaf Neto (2006), o investimento em ações envolve assumir certo

grau de risco com relação às oscilações de suas cotações de mercado. Este risco

deve compensado ocorrendo a remuneração oferecida pelo papel, sendo mais

elevada quanto maior for o risco. Pode ainda haver o risco da empresa que está

associado às decisões financeiras e o risco de mercado que diz respeito às

variações imprevistas determinadas por mudanças ocorridas na economia.

Tabela 2: Quantidades de ações da Vale entre 1986 e 2007

Ano Ações Ordinárias (x1000) Ações Preferenciais (x1000) Total de Ações (x1000)1986 20.161.103 11.176.127 31.337.230 1987 230.371 127.704 358.075 1988 230.371 127.704 358.075 1989 230.371 127.704 358.075 1990 2.603.989 1.443.498 4.047.487 1991 31.247.893 17.321.989 48.569.882 1992 31.247.893 17.321.989 48.569.882 1993 31.247.893 17.321.989 48.569.882 1994 31.247.893 17.321.989 48.569.882 1995 31.247.893 17.321.989 48.569.882 1996 249.983 138.576 388.559 1997 249.983 138.576 388.559 1998 249.983 138.576 388.559 1999 249.983 138.576 388.559 2000 249.983 138.576 388.559 2001 249.983 138.576 388.559 2002 249.983 138.576 388.559 2003 249.983 138.576 388.559 2004 749.949 415.728 1.165.677 2005 749.949 415.728 1.165.677 2006 1.499.899 959.758 2.459.657 2007 2.999.798 1.919.516 4.919.314

Fonte: Elaborado pelo autor.

21

Tabela 3: Histórico das negociações das ações ordinárias no período entre 1986 e 2007. Vale3 ON

Ano Quantidade Negociada Quantidade de Títulos Volume$ (Nominal) Volume$ (Ajustado) 1986 984 54.392.912 0,11 128.280.560 1987 527 49.695.402 0,01 23.213.840 1988 311 18.589.824 0,36 14.212.758 1989 507 14.027.904 9,74 26.595.903 1990 844 17.199.014 108 21.767.785 1991 992 14.824.867 784 16.780.192 1992 1.342 18.195.609 21.592 42.900.999 1993 1.118 44.678.400 959.553 110.902.784 1994 2.119 68.161.920 120.297.420 388.944.518 1995 1.378 45.265.920 117.185.358 299.118.228 1996 866 84.501.120 182.048.533 387.053.973 1997 1.844 51.439.200 117.543.919 233.815.602 1998 1.800 51.699.600 76.509.722 146.571.559 1999 5.451 139.166.400 287.659.206 527.693.812 2000 3.452 81.544.800 287.280.063 493.918.600 2001 4.133 150.898.800 637.798.812 1.021.958.757 2002 18.884 470.054.400 2.955.990.497 4.381.400.458 2003 34.958 293.503.200 2.618.012.828 3.366.801.247 2004 59.440 262.148.400 3.669.697.735 4.437.990.180 2005 116.438 405.132.400 8.391.976.827 9.479.666.861 2006 204.655 475.288.400 12.376.684.236 13.399.764.302 2007 469.354 631.129.200 30.095.065.500 31.392.095.893 Total 931.397 3.441.537.692 61.934.732.703 70.341.448.809 Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 4: Histórico das negociações das ações preferenciais no período entre 1986 e 2007. Vale5 PNA

Ano Quantidade Negociada Quantidade de Títulos Volume$ (Nominal) Volume$ (Ajustado)1986 12.171 264.828.833 1,00 1.189.661.371 1987 6.439 304.668.184 0,67 207.019.466 1988 4.678 366.209.280 4,63 347.000.833 1989 12.066 874.540.800 986,05 2.505.800.231 1990 70.470 1.383.384.845 13.197 2.510.476.363 1991 80.543 1.977.807.475 140.869 2.872.106.696 1992 60.457 1.386.879.485 1.677.365 4.099.415.402 1993 35.997 1.446.009.600 36.767.567 3.745.009.309 1994 59.724 2.140.585.920 1.987.787.491 9.585.107.343 1995 47.651 1.338.414.720 2.017.091.335 5.078.732.282 1996 31.783 1.174.007.040 1.973.871.199 4.200.492.629 1997 55.970 1.641.681.600 3.417.641.825 6.776.573.502 1998 44.429 1.308.975.600 2.349.855.893 4.499.951.157 1999 61.999 1.277.102.400 3.551.803.731 6.530.186.182 2000 71.753 1.140.483.600 4.465.098.234 7.649.914.185 2001 60.704 1.145.390.400 4.999.238.177 8.019.424.717 2002 53.716 898.616.400 5.158.605.601 7.694.992.745 2003 92.406 837.811.200 6.775.252.024 8.705.500.676 2004 209.368 970.222.400 11.466.599.200 13.865.297.408 2005 471.588 1.455.262.400 25.918.850.270 29.267.143.856 2006 765.146 1.953.441.800 43.700.514.587 47.304.426.983 2007 1.759.049 2.928.161.500 116.663.712.531 121.734.628.582 Total 4.068.107 28.214.485.482 234.484.522.088 298.388.861.918 Fonte: Elaborado pelo autor.

22

Uma das medidas de análise financeira são os indicadores de avaliação por

ação, dentre eles o lucro por ação, que é lucro líquido dividido pelo número de ações

emitidas pela empresa. Conforme Assaf Neto (2006), os indicadores de análise de

ações, objetivam avaliar os reflexos do desempenho da empresa sobre o valor de

mercado das ações. No caso da Vale, chama atenção, pois com sua política de boa

remuneração aos seus acionistas, a evolução foi bastante considerável no período.

Em 1986, o lucro por ação em valores ajustados, foi de R$ 0,04 e de R$ 4,15 em

2007, o que representa uma variação positiva de 10.275% no lucro por ação no

período entre 1986 e 2007, veja no Gráfico 2 esta evolução.

Gráfico 2: Evolução do Lucro por Ação de 1986 a 2007

Ano

Lucr

o Lí

quid

o /

Açã

o (R

$ A

just

ado)

200119981995199219891986

16

12

8

4

0

Fonte: Elaborado pelo autor.

O valor do lucro por ação de 2007 foi de R$ 4,15 cabendo

03 de setembro a Vale confirmou a proposta de desdobramento a

pela Assembléia Geral Extraordinária dos Acionistas da Comp

capital social da Vale passou a ser composto por 4.919.314

2.999.797.716 ações ordinárias e 1.919.516.400 ações preferenci

O mercado de ações no Brasil tem passado por importa

observando um passado recente. Tanto o número de empresas l

quanto a base de investidores aumentou substancialmente nos

R$ 14,51

R$ 7,32

2004

ressalta

cionár

anhia.

.116 a

ais.

ntes m

istadas

último

R$ 4,15

R$ 0,04

R$ 9,85

2007

r que no dia

io, aprovada

Com isso o

ções, sendo

udanças se

na Bovespa

s anos. Tal

23

fenômeno é conseqüência de uma série de fatores presentes no atual cenário da

economia brasileira, com o cumprimento das metas de inflação e superávit primário,

queda na taxa de juros e do risco-país, não esquecendo ainda do aumento da

transparência das empresas com implementação dos níveis de governança

corporativa.

Ao adquirir uma ação, o investidor passa a ser sócio da empresa, comprando

uma participação no capital desta empresa, e se ela for bem no mercado, o preço da

ação subirá positivamente e se as coisas não forem tão bem assim, o preço

possivelmente cairá. Sendo assim, é muito importante efetuar a análise de

desempenho dessa empresa e isso exige o entendimento dos determinantes do

preço das ações no mercado, que é influenciado por uma série de variáveis que

podem ser agrupadas em grupos básicos, por exemplo, as variáveis

macroeconômicas, variáveis setoriais, variáveis de mercado e desempenho da

empresa.

Tabela 5: Histórico das cotações das ações ordinárias Vale3 (ON) Vale3 Nominal Vale3 Ajustado

Abertura Fechamento Abertura Fechamento Ano Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo 1986 - - - - 1,48 0,41 1,48 0,51 1987 - - - - 0,37 0,09 0,40 0,09 1988 - - - - 0,38 0,09 0,39 0,09 1989 - - - - 1,38 0,27 1,35 0,27 1990 - - - - 1,77 0,18 1,84 0,18 1991 - - - - 1,14 0,18 1,19 0,18 1992 - - - - 1,76 0,78 1,76 0,78 1993 0,05 0,01 0,05 0,01 2,31 0,57 2,23 0,58 1994 1,68 0,05 1,67 0,05 4,82 1,23 4,79 1,19 1995 1,53 0,90 1,59 0,89 4,07 2,26 4,36 2,20 1996 1,41 0,90 1,42 0,88 3,12 1,88 3,13 1,86 1997 1,43 0,76 1,43 0,78 2,88 1,49 2,88 1,53 1998 1,20 0,53 1,21 0,52 2,31 1,02 2,31 1,00 1999 2,35 0,52 2,41 0,55 4,12 1,00 4,22 1,06 2000 2,93 1,98 2,97 1,95 5,11 3,44 5,18 3,39 2001 3,57 2,65 3,60 2,65 5,53 4,40 5,58 4,40 2002 7,60 3,43 7,60 3,39 10,61 5,27 10,61 5,21 2003 12,51 5,68 12,49 5,75 15,73 7,37 15,71 7,47 2004 18,06 9,46 17,82 9,64 20,99 11,58 20,90 11,80 2005 23,81 15,05 23,81 15,05 26,28 17,03 26,42 17,03 2006 31,91 21,20 31,47 21,16 34,19 22,91 33,71 22,86 2007 65,73 28,58 65,13 28,68 67,85 30,47 67,43 30,58

Fonte: Elaborado pelo autor.

24

Conforme a Tabela 5, no período compreendido entre 1986 e 2007, houve

uma taxa de crescimento de 98% nas ações ordinárias e preferenciais da Vale. Em

valores ajustados, o valor de uma ação ordinária atingiu no ano da privatização em

1997, sua cotação máxima de R$ 2,88 e R$ 67,43 em 2007 e valores mínimos de

fechamento com valores de R$ 1,53 em 1997 e R$ 30,58 em 2007.

O desempenho da empresa influencia muito, pois além dos elementos que

representam a situação financeira, alterações nos preços dos produtos produzidos e

de matérias-primas, aumento ou redução no endividamento, não deixando de

observar mudanças na perspectiva de novos negócios e alterações na estrutura

acionária podem impactar nos resultados.

Tabela 6: Histórico das cotações das ações preferenciais Vale5 (PNA) Vale5 Nominal Vale5 Ajustado

Abertura Fechamento Abertura Fechamento Ano Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo1986 - - - - 2,58 0,61 2,58 0,62 1987 - - - - 0,68 0,17 0,68 0,16 1988 - - - - 0,94 0,16 0,96 0,16 1989 - - - - 2,43 0,60 2,32 0,61 1990 - - - - 2,93 0,24 3,16 0,24 1991 - - - - 1,35 0,26 1,28 0,26 1992 - - - - 2,45 0,96 2,31 1,01 1993 0,05 0,01 0,05 0,01 2,31 0,75 2,22 0,75 1994 1,05 0,05 1,04 0,06 3,41 1,32 3,35 1,35 1995 0,96 0,57 0,95 0,54 2,51 1,53 2,51 1,44 1996 1,05 0,79 1,03 0,80 2,31 1,71 2,28 1,71 1997 1,47 0,90 1,43 0,89 2,88 1,76 2,81 1,77 1998 1,39 0,73 1,37 0,71 2,66 1,40 2,62 1,35 1999 2,69 0,76 2,87 0,80 4,76 1,45 5,04 1,53 2000 3,27 2,25 3,27 2,26 5,71 3,75 5,71 3,76 2001 3,67 2,75 3,66 2,77 5,80 4,45 5,80 4,58 2002 7,10 3,44 7,10 3,43 9,91 5,30 9,91 5,28 2003 10,94 5,49 10,83 5,49 13,75 7,07 13,62 7,07 2004 14,67 8,48 14,67 8,40 17,18 10,37 17,19 10,28 2005 20,66 12,81 20,75 12,69 22,91 14,50 23,03 14,37 2006 26,65 18,04 26,62 17,85 28,41 19,50 28,52 19,29 2007 54,53 24,54 54,72 24,81 56,39 26,16 56,65 26,45

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os investimentos em renda variável tendem a oscilar mais do que os

investimentos em renda fixa e a expectativa de retorno é maior do que renda fixa,

uma vez que não ocorreria a compra de ações com maior risco se o retorno

esperado fosse menor do que a renda fixa. Um dos índices utilizado para renda

variável é o IBovespa, que segundo Assaf Neto (2006) é o mais importante indicador

25

de desempenho das cotações de ações negociadas no mercado brasileiro. Este

índice retrata o comportamento dos principais papéis negociados na Bovespa, com a

finalidade básica de servir como indicador médio do comportamento do mercado,

sua composição procura aproximar-se da real configuração das negociações à vista

na Bovespa.

Para as ações preferenciais, de acordo com a tabela 6, a taxa de crescimento

ajustado foi de 96% no período entre 1986 e 2007. No dia da privatização, a Bolsa

de Valores do Rio de Janeiro suspendeu as negociações com as ações da Vale em

razão da realização do leilão de privatização, ficando também suspensas neste dia,

as negociações das ações da Vale na Bovespa. No dia seguinte, as ações ordinárias

fecharam cotadas em valor ajustado de R$ 2,53, totalizando 126.000 títulos

negociados. Para as ações preferenciais foram negociados 16.237.200 títulos, o que

gerou, em valores ajustados, R$ 69.980.070,96.

Fazendo o uso de um indicador financeiro percentual que se refere à

capacidade de uma empresa em agregar valor a ela mesma utilizando os seus

próprios recursos, o ROE4 (Return On Equity), ou seja, quanto ela consegue crescer

usando nada além daquilo que ela já tem. É muito utilizado por investidores,

acionistas para acompanhar o potencial e estabilidade de uma empresa. Em 1997,

era apontado um retorno de apenas 8%, passando em 2007 para 35% o que

equivale a um aumento de 337,5% no período entre 1997 e 2007. Tabela 7: Retorno sobre o patrimônio de 1997 e 2007

Ano Lucro Líquido Ajustado Patrimônio Líquido Ajustado ROE 1997 1.469.544 18.412.060 8% 2007 20.420.867 58.213.368 35%

Fonte: Elaborado pelo autor. Um outro indicador financeiro utilizado pelos investidores é o cálculo do valor

de mercado de uma empresa que é feito pelo preço de suas ações multiplicado pelo

número de ações. No ano da privatização o valor de mercado da Vale atingiu valor

máximo em valores ajustados, de R$ 1.109.349.767,37 passando para 2007,

também em valores ajustados, o equivalente a R$ 311.016.964.049,88 o

corresponde a um aumento efetivo de 27.935% entre 1997 e 2007.

4 ROE - Retorno Sobre o Patrimônio

26

O EVA5 (Economic Value Added), é uma das medidas de desempenho ligada

ao gerenciamento baseado em valor ou geração de valor ao acionista, que segundo

Basso, Alves e Nakamura (2004 apud Albuquerque), o EVA é uma medida em

moeda do superávit criado por investimento ou uma carteira de investimentos. Este

modelo foi criado para possibilitar o conhecimento e mensuração do desempenho

empresarial. É basicamente utilizado para calcular a riqueza criada em determinado

espaço de tempo, permitindo aos executivos, acionistas e investidores avaliar se o

capital empregado está sendo bem aplicado.

Para análise do período estudado foi utilizado como base para o custo de

oportunidade a taxa Selic, que em 2007 apresentou um percentual de 11%,

contribuindo assim para o EVA de R$ 13.871.863,00.

Segundo Vieira Sobrinho (1997), o custo de oportunidade, justifica-se pela

privação, por parte do seu dono. Este termo também é usado na economia para

indicar o custo de algo em renuncia a outro, bem como os benefícios que poderiam

ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada. Ele representa o valor associado

a melhor alternativa não escolhida, impedindo o usufruto dos benefícios que as

outras opções poderiam proporcionar. O mais alto valor associado aos benefícios

não escolhidos pode ser entendido como um custo da opção escolhida, chamado de

custo de oportunidade.

Na Tabela 8, pode-se observar a estrutura de capital para demonstrar alguns

indicadores de endividamento. Nota-se que o EBITDA - Earnings Before Interest,

Tax, Depreciation and Amortization (Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e

amortização), que no período que era estatal a Vale manteve um este indicador em

torno de R$ 1,5 bilhão e quando passou para o controle privado, este valor foi

aumentando, atingindo em 2007 a mais de R$ 8 bilhões. Em 2006, a dívida total

bruta saltou de R$ 3,330 bilhões para R$ 29,897 bilhões, período na qual a empresa

buscou recursos em bancos internacionais para aquisição à vista, da mineradora

canadense Inco. Nota-se que após a privatização, a dívida da Vale cresceu, o que

quer dizer um maior grau de endividamento mostrando também um maior grau de

alavancagem, podendo assim, responder rapidamente aos sinais do mercado.

5 EVA - Valor Econômico Agregado – medida desenvolvida e registrada pela empresa de consultoria norte-americana Stern & Stewart & Co. (EUA) em 1992. A fórmula do EVA = Lucro Líquido - Custo de oportunidade x Patrimônio Líquido

27

Tabela 8: Indicadores de endividamento de 1986 a 2007

ANO Divida Total Líquida

Ajustada (R$) Divida Total Bruta

Ajustada (R$) EBITDA Ajustado

(R$) Dívida Bruta /

EBITDA 1986 11.192.943.926,00 13.070.216.283,00 5.167.284.990,40 2,53 1987 11.360.511.023,00 13.181.907.371,00 1.472.530.610,40 8,95 1988 9.486.725.188,50 11.284.480.239,00 2.387.192.359,40 4,73 1989 4.899.952.477,40 6.034.212.475,30 - - 1990 4.908.511.876,90 5.801.207.768,40 976.619.398,96 5,94 1991 4.944.869.224,60 5.729.784.878,90 - - 1992 3.553.744.392,90 4.073.231.897,70 1.656.811.316,80 2,46 1993 2.722.127.861,60 3.799.722.147,50 1.617.988.398,10 2,35 1994 1.909.809.033,20 2.411.236.911,80 1.698.642.523,00 1,42 1995 3.087.842.531,60 3.269.580.250,70 1.673.465.640,20 1,95 1996 3.533.375.401,00 4.415.927.169,60 1.593.003.477,70 2,77 1997 2.233.473.099,70 4.387.248.725,80 1.891.357.115,70 2,32 1998 2.725.951.029,00 4.769.172.816,60 2.147.904.184,40 2,22 1999 2.795.025.770,10 6.145.825.606,80 3.397.674.124,80 1,81 2000 3.311.544.803,10 5.910.600.113,00 2.696.500.939,90 2,19 2001 6.144.699.172,80 7.137.417.747,20 2.476.495.545,90 2,88 2002 8.242.554.051,20 8.597.002.421,30 4.876.004.000,70 1,76 2003 5.541.576.616,80 5.969.317.629,10 5.147.620.100,80 1,16 2004 3.806.824.029,50 4.162.412.407,60 6.481.146.143,20 0,64 2005 3.185.856.860,20 3.330.438.686,40 8.138.671.085,00 0,41 2006 29.680.707.502,00 29.897.253.864,00 7.754.293.921,60 3,86 2007 10.515.865.312,00 10.638.549.374,00 8.098.609.861,80 1,31

Fonte: Elaborado pelo autor. Segundo o governo da época da privatização da Vale, a venda se deu por

duas razões. Uma delas era a necessidade do governo em quitar suas dívidas, o

que impediria a Vale de crescer estando sob comando do governo. Em empresas

estatais as decisões às vezes passam por conselhos e ministérios, atrasando os

negócios, o dia-a-dia de uma estatal é lento, pequenas ou grandes aquisições,

depende de Lei de Licitações com a finalidade de dar transparência às aquisições

governamentais, o que torna as atividades muito burocráticas e com muitas

dificuldades. A outra explicação era que a Vale seria privatizada para não perder

qualidade.

Devido aos investimentos pesados e constantes necessários às operações

em mineração, na época a Vale não tinha dinheiro suficiente para investir com a

mesma intensidade que seus concorrentes, o que a deixaria para trás. O mundo da

mineração é dominado por poucas empresas e todas gigantescas, bem preparadas

e dispostas a manter posição.

28

4 CONCLUSÃO A velocidade com que a transformação dos negócios e a tendência de

melhoria contínua faz com que as empresas busque atualização e adoção de

estratégias de longo prazo para obtenção de resultados econômicos duradouros. De

acordo com resultados encontrados na pesquisa caso a Vale tivesse continuado a

ser gerenciada por homens escolhidos pelo governo, e não por empresários

privados responsáveis perante os controladores da companhia, talvez não teriam

alcançado as condições que se encontram nos dias de hoje. O que a experiência da

privatização da Vale e de outras empresas cujo controle foi transferido para o setor

privado mostra que, mesmo aquelas que apresentavam um certo grau de eficiência

quando estatais, passaram a produzir resultados muito melhores quando geridas por

particulares.

Com as aquisições e as estratégias da empresa de atuar com maior

intensidade no exterior a Vale pode permitir a diversificação de sua produção, o que

deve resultar em ganhos expressivos. Os ganhos vão além da questão financeira,

pois junto com as aquisições, as tecnologias adotadas, o que torna os ganhos

também de eficiência na produtividade em seus projetos. De acordo com Mauro

Halfeld 6, colunista da Rádio CBN, o mercado brasileiro ainda é o mais caro do

planeta e as ações em média, valorizam-se 10% ao ano acima da inflação. Isto

contribui para que cada vez menos o investidor pague pelo futuro das empresas,

com a inflação em alta acorre a desvalorização dos ativos.

Os números da Vale são impressionantes, mas eles não seriam alcançados

se a Vale continuasse como empresa estatal, condição que a condenaria a manter-

se nos limites que atuava no ano de sua privatização, o que foi bom para a Vale,

para seus acionistas, que em grande número brasileiros e para o Brasil.

Lembrando que neste trabalho, existem limitações, tanto no contexto do

crescimento após a privatização quanto na falta de algumas informações como

Lucro Líquido Nominal entre os anos de 1986 e 1988, a falta das cotações das

6 Pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro nacional. Ex-Professor Doutor da Escola Politécnica e da Faculdade de Economia e Administração da USP, Professor Titular na Universidade Federal do Paraná em Curitiba.

29

ações ordinárias e preferenciais entre os anos de 1986 e 1992. Também não foram

encontradas informações sobre o EBITDA dos anos 1989 e 1991.

Sugere-se para futuros estudos sobre esse tema, uma análise de outras

empresas privatizadas ou uma análise de empresas estatais com empresas

privatizadas, bem como o uso de outros indicadores financeiros e modelos de

avaliação de empresas.

30

REFERÊNCIAS

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