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  • CILAMCE 2013

    Proceedings of the XXXIV Iberian Latin-American Congress on Computational Methods in Engineering

    Z.J.G.N Del Prado (Editor), ABMEC, Pirenpolis, GO, Brazil, November 10-13, 2013

    ESTUDO NUMRICO ATRAVS DO MEF PARA UMA ESTRUTURA

    DE CONCRETO MASSA CONSTRUDA EM CAMADAS E COM

    DIFERENTES PROPRIEDADES FSICAS

    Nailde de Amorim Coelho

    [email protected]

    Universidade de Braslia (UnB) e Instituto Federal do Serto Pernambucano (IFSertao-PE)

    Lineu Jos Pedroso

    [email protected]

    Joo Henrique da Silva Rgo

    [email protected]

    Universidade de Braslia Departamento de Engenharia Civil e Ambiental- Programa de Ps Graduao em Estruturas e Construo Civil - Grupo de Dinmica e Fluido-Estrutura. Caixa

    Postal 04492, Campus Darcy Ribeiro, CEP 70919-9700, Braslia-DF.

    Resumo. O efeito trmico em estruturas de concreto massa observado em grandes volumes

    de concreto. Alm das variaes de temperatura ao longo de sua vida til atravs dos

    processos de radiao, conduo e conveco, essas estruturas apresentam tambm o calor

    de hidratao, que a liberao de calor no processo de hidratao do cimento. O gradiente

    de temperatura, pode ocasionar a fissurao, caracterstica indesejvel nessas estruturas. O

    concreto massa est presente em grandes estruturas, como o caso de barragens e blocos de

    fundaes, fato que exige uma investigao antes do processo construtivo a fim de se tentar

    evitar o processo de fissurao. Isso possvel de forma rpida, dinmica e econmica,

    quando comparado com os procedimentos experimentais, atravs do uso de softwares

    baseados no MEF. Alguns dos fatores que proporcionam aumento de temperatura no

    concreto so o tipo de cimento utilizado, as composies do concreto e o processo

    construtivo. Neste artigo buscou-se estudar a gerao de calor e o campo de temperatura

    numa barragem construda em camadas, atravs do programa ANSYS. O programa permite

    que as temperaturas sejam verificadas para diferentes idades do concreto, propriedades e

    processos construtivos. Assim, pde-se avaliar as temperaturas obtidas e os fatores que

    influenciam nos resultados em um curto perodo de tempo e a um baixo custo. Com o auxlio

    do programa possvel se verificar as temperaturas para diferentes propriedades do

    concreto, analisando-as em diferentes dias de concretagem. Dessa forma, foi possvel

    constatar que as propriedades do concreto influenciam diretamente no fenmeno da evoluo

    da temperatura.

    Palavras-chave: Equao de Fourier, Temperatura, Calor.

  • Estudo Numrico de Concreto Massa com Diferentes Propriedades Fsicas

    CILAMCE 2013

    Proceedings of the XXXIV Iberian Latin-American Congress on Computational Methods in Engineering

    Z.J.G.N Del Prado (Editor), ABMEC, Pirenpolis, GO, Brazil, November 10-13, 2013

    1 INTRODUO

    De acordo com o American Concrete Institute - ACI (2005), o concreto massa definido

    como um grande volume de concreto que apresenta expressivas dimenses o suficiente para

    que algumas medidas sejam tomadas para reduzir a temperatura interna dessa estrutura, ou

    melhor, para reduzir o gradiente trmico entre as partes interna e externa do concreto.

    Esse tipo de concreto utilizado em obras de grandes dimenses e que demandam

    grandes solicitaes estruturais, tais como, blocos de fundaes e barragens. Assim, a

    preocupao com o desempenho da obra antes mesmo da execuo fundamental, pois so

    obras de alto investimento financeiro e que, em caso de surgimento de patologias, podem vir a

    provocar grandes desastres. Esse material desenvolve um aquecimento interno durante o

    processo de hidratao, sendo imprescindvel o estudo o comportamento trmico.

    Essas caractersticas influenciam para o aumento da temperatura no interior do concreto

    devido liberao de calor no processo de hidratao dos produtos cimentcios, esse processo

    chamado de calor de hidratao.

    Junto com o calor de hidratao, os efeitos de conduo, radiao e conveco, assim

    como as condies iniciais e de contorno do concreto tambm influenciam na elevao da

    temperatura do material. No entanto, a principal causa de preocupao nesse tipo de problema

    o gradiente trmico atingido, ou seja, a diferena entre as temperaturas mxima e mnima

    que o concreto est sujeito. Pois, quanto maior o gradiente trmico, maior a probabilidade de

    surgimento de tenses trmicas que provocam as fissuraes.

    As caractersticas e propriedades do concreto utilizado tambm influenciam diretamente

    nos efeitos trmicos. A variao trmica depende tambm do tipo de cimento utilizado e suas

    propores, medida que h uma mudana na dosagem ou tipo de cimento, h uma variao

    nas propriedades trmicas do concreto, as quais so afetadas tambm pelo aumento ou

    diminuio da temperatura.

    Alguns recursos, como a utilizao de softwares, podem prever e avaliar a temperatura

    interna no concreto massa. Este processo permite a identificao das maiores temperaturas

    atingidas, do tempo de evoluo do calor e dos locais de temperatura crtica na estrutura. Com

    esses dados possvel buscar solues para melhor adequao ao problema (Coelho, 2012).

    Um exemplo de software que pode ser utilizado nesses problemas o ANSYS, uma

    ferramenta poderosa que utiliza o mtodo dos elementos finitos para soluo de vrios

    problemas de engenharia, como estruturais, dinmicos, trmicos, entre outros. O que

    proporciona uma anlise rpida e econmica quando comparada com ensaios experimentais.

    Assim, este trabalho busca estudar a evoluo trmica do concreto massa em uma

    estrutura de barragem utilizando o programa ANSYS para avaliar algumas caractersticas,

    como temperatura de lanamento do concreto, temperatura ambiente, e propriedades trmicas.

    Os resultados so mostrados por meio de grficos comparativos, nos quais possvel observar

    as diferenas apresentadas para cada caso. Os modelos estudados tambm so elaborados para

    a construo em camadas, outro mtodo que busca diminuir o gradiente de temperatura em

    estruturas de concreto massa.

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    Os resultados podem ser utilizados para identificao das situaes mais crticas e,

    consequentemente, contribuiro para uma busca pelas melhores solues. Vale ressaltar ainda

    que o estudo pode ser aplicado para qualquer tipo de estrutura em concreto massa. Com isso,

    procura-se conhecer esse material, avaliando os fatores que influenciam no processo trmico

    trmico.

    2 CONCRETO MASSA

    O aspecto fundamental do concreto massa o comportamento trmico. O projeto desse

    tipo de estrutura busca evitar o aparecimento ou controlar a abertura e espaamento das

    fissuras.

    Segundo o International Comission on Large Dams (2009) o concreto massa difere do

    concreto estrutural na medida em que colocado em sees de espessura onde o calor de

    hidratao dissipa lentamente e o gradiente trmico pode induzir fissuras no concreto.

    As fissuras no concreto massa so prejudiciais e so causadas principalmente por tenses

    de trao desenvolvidas em resposta retrao trmica em combinao com restrio de

    mudana de volume do concreto. O gradiente de temperatura pode ser reduzido

    proporcionando a diminuio do pico da temperatura do concreto e utilizando um concreto

    com baixas propriedades de contrao trmica. A temperatura mxima dependente da

    temperatura de lanamento do concreto, do calor de hidratao e da perda ou ganho de calor

    pelo ambiente.

    As variaes de temperatura no concreto endurecido originam mudanas de forma e

    volume. Se tais mudanas so impedidas pela vinculao da estrutura da obra, resultam

    tenses que podem produzir a fissurao do concreto. Se as alteraes de volume ou de forma

    no se podem fazer livremente, aparecem tenses e talvez fissuras (Castro e Martins, 2006).

    Segundo Fairbairn et al. (2003) grandes estruturas de concreto, tais como barragens,

    blocos de fundao e lajes de pontes, podem estar sujeitas a fissuraes em idades precoces

    devido s tenses trmicas e a induo da retrao autgena. Do ponto de vista da engenharia,

    estas tenses podem ser evitadas com algumas medidas preventivas que tentam reduzir os

    efeitos trmicos na reao de hidratao do cimento. Entre elas pode-se citar:

    Escolha de um material capaz de reduzir a reao de hidratao do cimento e as tenses de retrao autgena;

    Controlar a espessura das camadas e o intervalo de tempo entre as camadas para permitir a dissipao do calor;

    Reduo da temperatura de lanamento do concreto ou fazer uso dos tubos de resfriamento.

    Albuquerque (2009) afirma que outra tecnologia utilizada para reduo de temperatura

    o concreto compactado com rolo (CCR). Esse se diferencia do concreto massa convencional

    por apresentar consistncia seca, consumo de cimento muito baixo e, consequentemente,

    menor elevao da temperatura, com a vantagem de resultar num custo de transporte e

    compactao mais baixo.

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    Segundo Krger (2001), durante as fases de construo, a medio e acompanhamento da

    evoluo da temperatura em pontos estratgicos possibilita a comparao com as estimativas

    efetuadas durante a fase de projeto. Ocorrendo discrepncia entre os valores previstos e

    medidos, que possam vir a causar danos estrutura, a anlise dos resultados permite a

    definio de medidas mitigadoras e de controles para que a variao trmica no seja

    prejudicial.

    Para se acompanhar um processo necessrio eleger quais os parmetros a serem

    monitorados e seus respectivos valores ou tendncias, levando-se em conta o grau de

    influncia de cada um deles nos resultados desejados. No h registro histrico na literatura

    do acompanhamento das estruturas construdas; e somente em algumas estruturas modernas

    h casos isolados de um acompanhamento tcnico de monitoramento tanto nas fases

    construtivas como operacionais das barragens. neste cenrio que surge ento a importncia

    de se criar modelos estruturais para o concreto em suas vrias idades e ter os valores das

    propriedades que o caracterizem instantnea, precisa e exatamente (Kavamura, 2005).

    Para tentar reduzir a gerao de calor interno do concreto algumas medidas ou artifcios

    podem ser adotados (Coelho et al., 2012):

    Escolher um cimento Portland com uma composio qumica que resulte um desprendimento lento de calor.

    O uso de agregado com um tamanho mximo grande e com baixa expansibilidade trmica.

    O isolamento superficial.

    Utilizao dos processos de pr-resfriamento do concreto e/ou ps-refriamento do concreto.

    3 PROPRIEDADES TRMICAS DO CONCRETO

    O estudo das propriedades trmicas do concreto, massa e calor especfico, condutividade

    e difusividade trmica, so importantes para o desenvolvimento de gradientes de temperatura,

    deformaes trmicas, empenamento e fissurao nas primeiras idades do concreto e tambm

    para a isolao trmica proporcionada pelo servio do concreto. As definies de cada uma

    delas so mostradas a seguir (Coelho, 2013):

    Massa especfica (d) a relao entre a massa de um corpo sobre o volume que esse mesmo corpo ocupa;

    Condutividade trmica (k) a capacidade do material conduzir calor, definido como a relao entre o fluxo de calor e o gradiente de temperatura;

    Calor Especfico (c) - um parmetro fsico que expressa capacidade de um material armazenar calor;

    Difusividade trmica () - representa a velocidade qual a temperatura varia no interior de uma massa, sendo, portanto um ndice da facilidade com a qual o

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    concreto pode sofrer variaes de temperatura. A difusividade trmica calculada

    de acordo com a Equao 1.

    cd

    k (1)

    Silveira (1961) falando de uma estrutura de concreto massa, afirmou que uma barragem

    gera calor nos primeiros tempos de sua existncia, conduz calor atravs de sua massa; recebe,

    emite e reflete calor atravs de suas faces e, aps certo tempo, atinge sua temperatura de

    equilbrio. Esta temperatura s pode ser atingida depois de dissipado o calor de hidratao do

    cimento, quando o calor absorvido em pocas quentes igual ao perdido durante pocas frias.

    Nessa altura, a temperatura de cada ponto no interior da barragem, embora sofrendo

    variaes, mantm um valor mdio ao longo do tempo, que a temperatura de equilbrio.

    4 EFEITOS TRMICOS EM CONCRETO MASSA

    Em uma estrutura de concreto massa o efeito da hidratao do cimento produz uma

    reao exotrmica com uma elevao significativa da temperatura desse material. Alm do

    calor de hidratao existem outros fenmenos trmicos que atuam diretamente em uma

    barragem: a radiao solar, a conduo e a conveco.

    De acordo com Silveira (1961), radiao trmica o processo de emisso, por um corpo,

    de energia radiante cuja quantidade depende da temperatura do corpo. Dependendo do

    material do corpo, a radiao solar recebida pode ser parte refletida e outra parte absorvida, o

    que aumenta sua temperatura. Quanto mais escura uma superfcie maior ser a absoro por

    ela adquirida sendo que a cor preta absorve totalmente a radiao imposta. Tambm

    influencia na quantidade de calor absorvido a inclinao dos raios solares.

    Analisando o concreto, como tambm outras estruturas expostas ao ambiente, durante as

    horas diurnas existe um ganho de energia calorfica. Tal fato resultado da radiao solar

    incidente sobre as superfcies da mesma, a qual absorve parte desta energia. Contrariamente,

    no perodo noturno, ocorre uma perda de energia calorfica armazenada pela estrutura, devido,

    em parte, a re-radiao emitida por esta ao ambiente (Calmon, 1995 apud Santos, 2004).

    O autor tambm ressalta que as temperaturas no muito altas dos efeitos da radiao

    trmica no so muito significativas e podem ser desprezados na modelao do fenmeno

    fsico.

    A conveco a troca de calor atravs do movimento de um fluido. A quantidade de

    calor que passa de um slido para um fluido ou que um fluido cede a um slido diretamente

    proporcional ao gradiente trmico da superfcie do slido. Para que ocorra a conveco

    necessrio que ocorra uma diferena de temperatura entre o fluido e o corpo.

    A conduo o processo de conduo de calor ocorre atravs de um material, geralmente

    em slido, podendo ocorrer tambm em fluidos. De acordo com Santos (2004), o calor

    transferido unicamente por conduo muito pequeno e difcil de quantificar, sendo comum

    admitir que a transferncia de calor por conveco e por conduo seja analisada

    conjuntamente, assumindo um nico coeficiente de transferncia de calor, o qual depender

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    das variveis que intervm no fenmeno da conveco: velocidade do vento, temperatura na

    superfcie e temperatura ambiente do ar.

    O calor de hidratao apresenta grande teor significativo no desenvolvimento das

    temperaturas do concreto, portanto ser dada uma maior nfase ao assunto no prximo tpico.

    4.1 Calor de hidratao

    O cimento, na reao de hidratao, responsvel por uma grande liberao de calor, que

    muda de acordo com a idade do concreto, o chamado calor de hidratao, medido em calorias

    por grama. A quantidade de calor desenvolvida depende dos diferentes componentes do

    cimento e de outros fatores: a finura do cimento, a relao gua-cimento, a temperatura inicial

    (Silveira, 1961).

    Carvalho (2002) declara que a reatividade dos compostos do cimento com a gua varia

    consideravelmente, sendo possvel modificar as caractersticas de desenvolvimento de

    resistncia, e por conseqncia o desenvolvimento de calor de hidratao, alterando-se as

    quantidades dos compostos do cimento; sendo o C3S, C2S, C3A e C4AF os componentes mais

    importantes do cimento. Dessa forma, podem-se produzir cimentos com caractersticas

    diferentes, como os de alta resistncia inicial, de baixo calor de hidratao, alta resistncia a

    sulfatos, etc.

    Faria (2004), afirma que a reao de hidratao na realidade a composio de diversas

    reaes de hidratao, podendo ser apresentadas, esquematicamente, sob a forma das

    Equaes 2 a 5 abaixo:

    C3S + H C-S-H + CH + calor (2) C2S + H C-S-H + CH + calor (3) C3A + CSH2 + H AFt + calor (4) C4AF + CSH2 + H AFt + CH + FH3 + calor (5)

    Onde o H representa a gua; o C-S-H os hidratos de silicato de clcio hidratado; o CH, o

    hidrxido de clcio ou Portlandita; e o AFt simboliza a etringita.

    Com a introduo da gua, os componentes do cimento comeam a se hidratar. Os

    produtos formados em sua maioria so os silicatos de clcio hidratado (CSH). A medida em

    que se desenvolvem mais CSH a mistura ganha resistncia. Imediatamente aps a introduo

    da gua na mistura de cimento, um pequeno perodo de intensa atividade qumica ocorre. Esta

    atividade qumica corresponde dissoluo dos ons, reao da gua com o C3A, na qual

    ocorre a liberao de uma grande quantidade de calor (Carvalho, 2002).

    Atkins (1998) apud Carvalho (2002) relaciona ainda o calor de hidratao com a energia

    de ativao: a energia de ativao provm da ideia de que as molculas devem possuir uma

    quantidade mnima de energia cintica para reagir. Esta energia aquela necessria para

    transformar os reagentes em produtos. Nas reaes do tipo exotrmicas (caso da hidratao do

    cimento), os reagentes esto em um estado de energia maior do que o estado dos produtos

    (Fig. 1). Assim sendo, a energia de ativao a diferena entre a energia necessria para

    ativar a reao e o nvel de energia dos reagentes, sendo que o calor total gerado na reao a

    diferena entre o nvel de energia dos reagentes e o nvel de energia dos produtos.

  • N. A. Coelho, L. J. Pedroso, J. H. S. Rgo

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    Figura 1 - Perfil de energia durante as reaes (Brown et al., 1991 apud Carvalho, 2002)

    O grau de dependncia entre as reaes dos minerais de clnquer ainda deixa muitos fatos

    inexplicados e, at agora, difcil avaliar quantitativamente as possveis causas e seus graus

    de influncia. Apesar disso, de consenso que concretos com cimentos de altos teores de C3S

    e C3A tero alta resistncia inicial somada a uma grande liberao de calor durante a sua

    hidratao. Por outro lado, um concreto com alto teor de C2S ir promover uma baixa

    resistncia inicial, alta resistncia a longo prazo e, ainda, baixa liberao de calor (Maekawa,

    1999 apud Faria, 2004). A Figura 2 mostra a quantidade de calor desenvolvida por cada

    componente do cimento segundo estudos de Choktaweekarn e Tangtermsirikul (2010);

    Figura 2 - Calor desenvolvido por cada componente de cimento (Choktaweekarn e

    Tangtermsirikul, 2010).

    Conforme Silveira (1961) outros fatores afetam diretamente o estado trmico de uma

    barragem. Entre esses fatores podem citar-se os fatores climticos que, de uma forma geral,

    influenciam as condies nos limites, as propriedades dos materiais que atuam sobre a difuso

    do calor na barragem e os mtodos de construo que atuam, principalmente, sobre as

    condies iniciais. Dentre os fatores climticos que interessa considerar tem-se a temperatura

    do ar, temperatura da gua, velocidade do vento, ritmo de concretagem.

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    As leis de transferncia de calor demonstram que em sistemas com fonte interna de calor,

    este pode fluir de um corpo, inversamente ao quadrado de sua menor dimenso. Considerando

    algumas paredes feitas com concreto normal e exposta ao ar em ambas as faces, temos que:

    para uma parede de 15 cm de espessura 95% do calor no concreto ser perdido para o ar em

    1h e 30 min. Para uma parede de 1,5 m de espessura, esta mesma proporo de calor seria

    perdida em uma semana. Para uma parede de 15 m de espessura, que poderia representar a

    espessura de uma barragem tipo arco, levaria 2 anos para dissipar 95% do calor armazenado,

    enquanto que para uma barragem de 152 m de espessura levaria 200 anos (Inoue, 1986).

    5 FUNDAMENTOS TERICOS

    Um dos principais objetivos da anlise trmica determinar o campo de temperatura em

    um domnio, resultante das condies impostas em suas fronteiras, ou fontes de calor geradas

    no interior desse domnio. Ou seja, deseja-se conhecer a distribuio final de temperaturas, ao

    longo do tempo e da posio de um ponto dentro desse domnio. Uma vez conhecida essa

    distribuio, o fluxo de calor por conduo em qualquer ponto do meio ou na sua superfcie

    pode ser determinado atravs da lei de Fourier.

    5.1 Equao geral da conduo de calor

    A deduo da equao do calor baseada em Azenha (2009) e Rao (1999) dada pela

    equao de taxa de conduo em slidos conhecida como a Lei de Fourier, e expresso por

    uma dimenso como a Eq. 1.

    (6)

    Onde:

    o fluxo de calor (W) atravs de uma rea (m2); a condutividade trmica ;

    T a temperatura (K); x a coordenada espacial (m).

    A equao de equilbrio de energias em coordenadas cartesianas pode ser mostrado com

    relao a um volume infinitesimal elementar de matria como representado na Fig. 3.

    Figura 3 Volume infinitesimal elementar de matria (Azenha, 2009)

  • N. A. Coelho, L. J. Pedroso, J. H. S. Rgo

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    Na presena de gradientes de temperatura haver conduo de calor atravs das faces da

    partcula infinitesimal, em direes perpendiculares s correspondentes superfcies. Nas trs

    das faces da partcula os fluxos de calor podem ser identificados por qx, qy e qz. Nas faces

    opostas, os fluxos de calor podem ser representados em expanso de srie de Taylor

    (ignorando termos de ordem superior):

    (7)

    A equao do balano energtico com base na Fig. 3 :

    + = +

    Ou ainda:

    (8)

    Denotando por , a taxa de gerao de calor interno (devido hidratao do

    cimento) por unidade de volume, a taxa de gerao de energia no interior do volume

    expresso por:

    (9)

    A taxa de acumulao de energia no interior do volume, , pode ser expressa

    como uma funo da derivada da temperatura em relao ao tempo , do calor especfico do

    material c e da massa especfica :

    (10)

    Trabalhando as equaes acima com o balano energtico chega-se a Equao 11.

    (11)

    A equao 11 a equao diferencial que rege a conduo de calor de um corpo slido

    isotrpico. Sendo as condutividades trmicas nas direes x, y, z assumidas como kx = ky = kz

    = k = constante. Esta tambm pode ser escrita como:

    (12)

    Calor que

    entra durante

    o tempo dt

    Calor gerado

    durante o

    tempo dt

    Calor que sai

    durante o

    tempo dt

    Armazenamento de

    energia interna

    durante o tempo dt

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    Em que , que chamado termo de difusividade. Se no houver gerao de calor

    interna a Eq. 12 se reduz Eq. 13:

    (13)

    5.2 Aspectos computacionais

    A maior parte dos problemas prticos de engenharia envolvem problemas complexos que

    no apresentam soluo analtica. O nvel de dificuldade est relacionado com a

    complexidade da geometria envolvida, as equaes que descrevem o fenmeno fsico, ou a

    variao das grandezas envolvidas.

    Para a soluo numrica/computacional envolvendo a parte trmica utilizou-se o

    programa ANSYS baseado no mtodo dos elementos finitos (MEF), A escolha foi motivada

    por se tratar de uma programa de anlise verstil com uma boa aceitao e utilizao nas

    aplicaes de engenharia. uma ferramenta que permite uma interao entre temperatura e

    tenso, e tambm possui recursos que permitem visualizar os resultados atravs de uma

    excelente interface software-usurio.

    O domnio do problema subdividido em pequenas regies discretas (elementos finitos).

    Estes elementos so definidos pela geometria, por ns e funes de interpolao. As equaes

    so escritas para cada elemento, estes elementos so montados e geram uma matriz global.

    Carregamentos e restries so aplicados e a soluo ento determinada.

    A quantidade de elementos a ser utilizado foi estudada para cada caso, e buscou-se

    sempre a convergncia. Para um caso de soluo conhecida da literatura, inicialmente fez-se a

    discretizao de uma malha e analisou-se seus resultados, posteriormente, refinou-se a malha

    e observou-se se os valores esto prximos aos encontrados anteriormente. Caso isso

    acontea, ento a primeira malha utilizada suficiente para a anlise dos resultados. Convm

    observar tambm que quanto mais refinada a malha, maior ser o tempo de processamento do

    programa. Os resultados mostrados neste artigo utilizam malhas testadas anteriormente em

    (Coelho, 2012).

    O objetivo dessa anlise simular matematicamente o comportamento trmico do

    concreto massa num problema real. Isto possvel a partir da criao de um modelo que

    represente a situao pretendida. Ento, este modelo dispe de todos os ns, elementos,

    propriedades dos materiais, constantes reais, condies de limite e outras caractersticas que

    so utilizados para representar o sistema fsico de interesse.

    Para a anlise dos efeitos trmicos nesse trabalho foi utilizado o elemento PLANE55 do

    ANSYS 11.0 que tem capacidade de conduo trmica em duas dimenses, 2D. O elemento

    tem quatro ns e um nico grau de liberdade por n (a temperatura). O elemento mostrado

    na Fig. 4 (biblioteca do ANSYS).

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    Figura 4 - Geometria do elemento PLANE55 (biblioteca do ANSYS).

    Um outro elemento que poderia ser usado seria o elemento PLANE 77, tambm para anlises

    trmicas em duas dimenses. Apresenta um grau de liberdade, a temperatura e oito ns,

    adequado para representar fronteiras curvas.

    6 RESULTADOS

    Esta sesso mostra o uso da simulao numrica atravs do programa ANSYS na anlise

    de uma estrutura de concreto massa, de forma que se possa observar o comportamento

    trmico da mesma.

    Inicialmente, ser mostrada o estudo em uma viga, que valida a utilizao do programa

    neste tipo de estudo pela autora, e posteriormente ser realizada a simulao em um perfil de

    barragem. Para ambos os casos foi utilizado o mtodo de construo em camadas o recurso

    Birth and Death no ANSYS. Sua funo de ativar e desativar os elementos conforme vai

    prosseguindo a anlise. Nos modelos estudados neste trabalho, primeiro desativa todos os

    elementos e a medida que o nmero de camada vai aumentando os elementos so ativados

    supondo a construo de uma nova camada.

    A simulao bidimensional instvel das vrias etapas da sequncia de construo pode ser

    realizada com o Birth and Death do software, que usado para ativar e desativar elementos. Desta

    forma, a anlise pode ser feita com uma nica malha computacional em vez de vrias, uma para

    cada fase de construo (Krger et al, 2003).

    6.1 Viga da usina hidreltrica Serra da Mesa

    Andrade (1997) traz o estudo realizado pela equipe de Furnas para as vigas de uma ponte

    rolante da Usina Hidreltrica (UHE) Serra da Mesa localizada na Bacia do Alto Tocantins, em

    Gois. As vigas so estruturas atirantadas ao macio rochoso da caverna da Casa de Fora, como

    mostra a Fig. 5. A Fig. 5 mostra a geometria e o perfil modelado no programa para a viga

    estudada.

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    Figura 5 Geometria da viga estudada (Andrade, 1997) e reas estudadas com o ANSYS.

    Andrade (1997) considerou a viga construda em trs camadas, sendo a primeira de 1,5 m de

    espessura e as demais de 0,75 m de espessura e temperatura ambiente de 27C. As propriedades

    utilizadas foram: condutividade trmica (k) = 2,27 W/m.C; massa especfica ou densidade (d)

    = 2295 kg/m; calor especfico (c) = 1063 J/g.C. Para anlise ele considerou a concretagem com intervalos de 7 e 14 dias; em todos os casos encontrou temperatura mxima no concreto de

    51,7C. Na simulao computacional, encontrou-se temperatura mxima para 36h de concretagem

    com um valor de 56,4C, como mostra a Fig. 6. Analisando a viga para intervalos de concretagem

    de 7 e 14 dias, os resultados obtidos so mostrados na Tabela 1 e comparados aos encontrados por

    Krger (2001).

    Figura 6 Temperatura mxima encontrada no ANSYS.

    Tabela 1 - Temperatura mxima para a viga.

    Camada Temperatura Mxima

    Intervalo de lanamento das camadas

    7 dias 14 dias 7 dias (Krger, 2001)

    1 43.106 C 35.583 C 44.310 C

    2 43.585 C 31.994 C 43.670 C

    3 46.089 C 34.816 C 44.220 C

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    perceptvel uma boa concordncia entre os resultados encontrados por Andrade (1997),

    Krger (2001) e o presente trabalho. Desta forma, pode-se ter o programa ANSYS como uma

    ferramenta confivel nesse tipo de anlise, e, portanto tornando seguras outras anlises

    semelhantes.

    6.2 Estrutura de Barragem em camadas

    Neste tpico, as anlises foram efetuadas em um perfil de barragem baseado em uma

    seo tpica real, porm, utilizou-se altura da barragem de 10 m e as demais medidas

    proporcionais a essa altura, uma vez que a simulao pode ser reproduzida para qualquer

    dimenso. Na verdade tnhamos limitaes computacionais para as anlises mais pesadas.

    Marques Filho (2005) afirma que em barragens utilizando o concreto massa convencional

    a espessura da camada varia, em geral, entre 2,0 m e 2,5 m, enquanto utilizando o mtodo

    construtivo de Concreto Compactado com Rolo (CCR) esses valores esto entre 0,25 m e 0,50

    m. No entanto, Bastos (2011), afirma que para concretos no refrigerados as camadas

    possuem no mximo 1 m de espessura.

    Para esse estudo, admitiu-se a estrutura macia, ou seja, sem a presena da galeria de

    drenagem, e a construo em camadas de 1 m. Admitiu-se tambm um intervalo de

    concretagem das camadas de dois dias. Dessa forma, quando a terceira camada lanada, a

    segunda camada est com dois dias e a primeira com quatro dias de concretagem. A Fig. 7

    representa as camadas estudadas, assim como a malha utilizada nas modelagens. De uma

    forma geral, as propriedades empregadas para concreto foram as mesmas utilizadas por

    Krger (2001), Silva (2003) e Kavamura (2005).

    Figura 7 Malha de elementos finitos e reas utilizadas na modelagem de um perfil de barragem com o programa ANSYS.

    Para os estudos mostrados no trabalho as propriedades adotadas para o concreto massa

    (valor dito normal/usual) foram:

    Condutividade trmica (k) = 1,79 W/m.C; Massa especfica ou densidade (d) = 2300

    kg/m; Calor especfico (c) = 1105 J/g.C; Coeficiente de conveco (h) = 13,95 W/m.C;

    Para simplificao de apresentao, os resultados foram disponibilizados em grficos.

    Entretanto, outros resultados, com outras estruturas, modelos e condies iniciais e de

    contorno podem ser comparados e observados em Azenha (2009), Coelho et al. (2012),

    Coelho et al. (2013), Coelho (2012), Gomes (2011), Kavamura (2005), Krger (2001), Santos

    (2004), Silva (2003), entre outros.

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    6.3 Anlise das condies iniciais e de contorno

    A fim de observar a influncia das temperaturas de lanamento do concreto, foram

    simuladas seis temperaturas de lanamento do concreto, 20C, 25,5C, 27C, 30C, 40C e

    50C, sendo a temperatura ambiente (T) igual a 25,5C. Os resultados obtidos so mostrados

    nas Fig. 8 e 9, sendo que a Fig. 8 apresenta o perfil das isotermas de temperatura para

    temperatura de lanamento do concreto de 20C. Os demais so desenvolvidos de forma

    semelhante e devido a uma limitao de espao no so mostrados neste trabalho, podendo

    ser encontrados em Coelho e Pedroso (2013).

    2 dias

    4 dias

    6 dias

    8 dias

    10 dias

    12 dias

    14 dias

    16 dias

    18 dias

    20 dias

    Figura 8 Isotermas de temperatura para temperatura ambiente de 25,5C e temperatura de lanamento do concreto de 20C.

    Figura 9 Temperaturas variando com a temperatura de lanamento do concreto.

    Para o modelo, nota-se que menores temperaturas foram atingidas para o concreto

    lanado a 20C e maiores temperaturas para um concreto com temperatura inicial de 50C.

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    Dessa forma, pode-se confirmar que na construo em camadas, assim como na construo

    convencional, quanto maior a temperatura do lanamento do concreto, maior ser a

    temperatura atingida.

    Na Fig. 10 tem-se o grfico comparativo entre as variaes da temperatura no contono da

    estrutura de concreto massa. Considerou-se a temperatura de lanamento do concreto fixa,

    27C, e a temperatura no contorno de 20C, 25,5C, 30C e 40C, supondo no haver

    variao ao longo do processo construtivo. Neste caso, assim como esperado, por semelhana

    com o processo construtivo convencional, quanto maior a temperatura do contorno, maior

    tambm a temperatura mxima alcanada no concreto. Pode-se ressaltar ainda que, analisando

    o caso anterior, os resultados para a temperatura no contorno de 40C so maiores que no

    caso para o lanamento do concreto com 50C e temperatura do contorno de 25,5C.

    Figura 10 Resultados para variao de temperatura no contorno.

    Alterando-se a temperatura da face esquerda da barragem mostrada na Fig. 7 para 25,5C,

    mantendo as demais faces com as condies do modelo anterior e comparando os dois

    resultados, nota-se pouca variao nas temperaturas mximas obtidas. O caso que apresenta

    maior variao quando h temperatura no contorno vale 40C, pois nesta hiptese h uma

    maior diferena entre as temperaturas impostas nas faces, como mostra a Fig. 11.

    Figura 11 Resultados para duas temperaturas no contorno.

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    6.4 Estudo das propriedades trmicas

    Para um melhor entendimento da influncia dos parmetros (calor especfico(c), massa

    especfica(d) e condutividade trmica(k)) utilizados na Equao de Fourier para os efeitos

    trmicos do concreto, estudou-se a estrutura da barragem mencionada construda em camadas

    para diferentes parmetros trmicos.

    importante ressaltar que os parmetros foram analisados supondo-se os valores

    mximos e mnimos admitidos para o concreto. Sendo que estes foram aproximados para

    valores inteiros; para o nmero inteiro imediatamente inferior no caso dos valores mnimos; e

    para o nmero inteiro imediatamente superior, no caso do valor mximo. Considerou-se

    tambm a no existncia da dependncia entre eles desses parmetros e a no alterao dos

    seus valores com a mudana de temperatura.

    As Fig. 12, 13 e 14, mostram as temperaturas para diferentes valores da condutividade

    trmica, da massa especfica e da condutividade trmica, respectivamente. Na Fig. 15 h uma

    comparao entre esses resultados.

    Observa-se que para menores valores de condutividade trmica, massa especfica e calor especfico, maiores as temperaturas alcanadas. Para a condutividade trmica, tem-se que uma

    menor condutividade trmica proporciona uma maior dificuldade de dissipao do calor gerado

    internamente nesse corpo.

    Com a reduo da massa especfica tem-se o aumento de temperatura. Sabe-se que a massa

    especfica a relao entre a massa de um corpo sobre o volume que esse mesmo corpo ocupa; e

    que a reduo da relao gua/cimento na mistura aumenta sua massa especfica. Dessa forma,

    pode-se afirmar que para uma menor massa especfica, tm-se uma maior porosidade, fato que

    dificulta a dissipao interna de calor

    Quanto ao calor especfico, sabe-se que este corresponde quantidade de calor necessria

    para elevar em um grau a temperatura de uma unidade de massa; e que atinge um valor mximo

    para o concreto saturado. Observa-se que para um menor valor de calor especfico, tm-se maiores

    temperaturas, ou seja, uma quantidade menor de calor necessria para que haja elevao de

    temperatura. Na Fig. 15 percebe-se tambm que o calor especfico baixo implica na maior

    temperatura atingida, denotando uma maior influncia na elevao trmica. Posteriormente, h

    uma maior elevao pela massa especfica e por fim, pela condutividade trmica.

    As Fig. 16, 17 e 18, mostram as isotermas finais de temperatura para a condutividade

    trmica, a massa especfica e a condutividade trmica, respectivamente. Nota-se uma pequena

    variao nas isotermas e nos pontos de aplicao da temperatura mxima.

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    Figura 12 Temperatura para diferentes valores de condutividade trmica.

    Figura 13 Temperatura para diferentes valores de massa especfica.

    Figura 14 Temperatura para diferentes valores de calor especfico.

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    Figura 15 Temperatura para diferentes propriedades trmica.

    As Fig. 16, 17 e 18, mostram as isotermas finais de temperatura para a condutividade

    trmica, a massa especfica e a condutividade trmica, respectivamente. Nota-se uma pequena

    variao nas isotermas e nos pontos de aplicao da temperatura mxima.

    Figura 16 Isotermas de temperatura para k = 1 W/m.C e k = 4 W/m.C.

    Figura 17 Isotermas de temperatura para d = 2000 kg/m e d = 3000 kg/m.

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    Figura 18 Isotermas de temperatura para c = 800 J/gC e c = 1300 J/gC.

    7 CONCLUSES

    O estudo do concreto massa para barragens ou qualquer outra estrutura antes da execuo

    fundamental na preveno dos riscos. O conhecimento detalhado da obra que se deseja construir

    essencial para que futuros problemas possam ser evitados. A temperatura no interior do concreto

    um exemplo disso, pois quando apresenta valores acima do suportvel, provoca tenses no

    concreto podendo danific-lo.

    Vrios so os fatores que influenciam na temperatura do concreto massa, entre eles tem-se o

    tipo e a quantidade de cimento utilizado, a relao gua-cimento, a finura do cimento, a espessura

    da camada concretada, a temperatura de lanamento, e os processos de pr ou ps-refriamento,

    quando existentes.Influi tambm na temperatura mxima alcanada pelo concreto no ambiente em

    que se encontra.

    Para as condies iniciais, foi possvel observar que a temperatura mxima atingida

    diretamente proporcional temperatura de lanamento do concreto, ou seja, quanto maior a

    temperatura de lanamento, maior ser a temperatura final atingida pelo concreto. Com isso,

    ressalta-se a importncia do processo de pr-resfriamento do concreto utilizando gua gelada ou

    gelo no processo de construo do concreto.

    Analisando as condies de contorno, conclui-se que quanto mais prxima a temperatura de

    lanamento da temperatura ambiente, menor ser o gradiente trmico e, consequentemente, menor

    os risco de fissurao. A temperatura do contorno, ou seja, as condies ambientais, tambm

    influencia na temperatura mxima. Assim, possvel afirmar que desejvel que as temperaturas

    do concreto, da superfcie de recebimento e do ambiente estejam prximas.

    Na anlise dos parmetros, notou-se que uma menor a condutividade trmica do concreto

    implica em uma maior temperatura mxima devido dificuldade de dissipao do calor gerado

    internamente nesse corpo. Com a reduo da massa especfica tem-se o aumento da temperatura.

    Isso porque tm-se uma maior porosidade, o que dificulta a dissipao interna de calor. Para o

    calor especifico, quanto menor o valor, maior a temperatura, pois uma quantidade menor de calor

    necessria para que haja elevao de temperatura. Dessa forma, percebe-se que para reduo do

    calor interno desejvel um concreto com uma maior condutividade trmica, densidade e calor

    especfico.

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    Verifica-se tambm que o Programa ANSYS um meio rpido e prtico de se obter o campo

    de temperaturas em qualquer estrutura. Isso implica que as estruturas podem ser analisadas antes

    mesmo da construo, viabilizando assim estratgias de reduo de tenses devido aos efeitos

    trmicos.

    AGRADECIMENTOS

    Agradecimentos equipe do PECC Programa de Ps-Graduao em Estruturas e Construo Civil da UnB Universidade de Braslia, a agncia de fomento CNPq e ao Instituto Federal Pernambucano Campus salgueiro.

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