Artigo TCC - formatação completa
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AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DA FORÇA EXCÊNTRICA DO QUADRÍCEPS E
ISQUIOTIBIAIS PRÉ E PÓS PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA
MUSCULAR EM ATLETAS DE FUTEBOL
Rodolfo Henrique Bostelmann. 1 Vanessa Becker Rodrigues. 1
Luiz Martins de O. Junior. 2
1Acadêmicos do curso de fisioterapia da Universidade Positivo; [email protected]
[email protected] 2 Professor e orientador do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo. Rua Prof Pedro Viriato
Parigot de Souza, 5300, Curitiba – PR.
RESUMO
Um desequilíbrio muscular na relação agonista e antagonista associado a um
déficit de força excêntrica podem levar a um maior estresse do sistema músculo-
esquelético, favorecendo o aumento de lesões, sendo a lesão muscular uma das
principais lesões ocorridas em atletas. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito
da aplicação de um protocolo de treinamento muscular excêntrico específico para
membros inferiores sobre a musculatura flexora e extensora do joelho de atletas
adolescentes de futebol, averiguando assim, a melhora da força excêntrica como
também a incidência de lesão muscular nos participantes da pesquisa. O estudo
consistiu em um ensaio clínico randomizado com oito atletas de futebol com idade
média de 16+0,5 anos do sexo masculino, divididos em dois grupos. Ambos os
grupos continuaram com suas atividades normais de treinamento e realizaram uma
avaliação isocinética para posterior comparação com a reavaliação. Somente um
grupo foi submetido a um programa treinamento muscular excêntrico. Também foi
aplicada uma pesquisa em relação à incidência de lesão muscular no decorrer deste
estudo. De acordo com os resultados na avaliação isocinética verificamos uma
tendência de melhora do Pico de Torque de força excêntrica, em todos os grupos
musculares estudados na pesquisa com significância estatística para o grupo flexor
esquerdo não dominante. Este estudo também demonstrou uma maior incidência de
lesão muscular no grupo que não realizou o treinamento muscular excêntrico.
Palavras-chave: Lesão muscular; Fortalecimento excêntrico; Avaliação
isocinética; Futebol.
1
ABSTRACT
A muscle misbalance in the agonist antagonist relation associated to a lack of
eccentric strengthening can lead to a higher stress in the muscle-skeletal system,
increasing the muscles injuries, when these are the main injuries happening with
athletes. This work aimed to analyze the effect of the application of an eccentric
muscular training protocol specific for the inferior limbs over the bending and
extending muscles of the knees of young soccer athletes, resulting this way, in the
improvement of the eccentric strengthening as well as the incidence of muscular
injuries in the participants of the research. The study consisted of a random clinical
test with eight soccer athletes whose average ages were 16+0,5 years old, all of
them males, divided in two groups. Both groups kept their normal activities of training
and carried out an isokinetic evaluation for further comparison with the re-evaluation.
Only one group was submitted to an eccentric muscular training program. Further
more, it was carried out a research regarding the incidence of muscular injury during
this study. According to the isokinetic evaluation’s results it was observed a tendency
of improvement of the Peak Torque of eccentric strengthening, in all the group
muscles studied in the research with statistic significance for the left bending group
not-dominant This work also demonstrated a higher incidence of muscular injury in
the group muscle that wasn´t submitted to the eccentric muscular training.
Key-words: Muscle injury, eccentric strengthening; isokinetic evaluation, soccer.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o envolvimento de
jovens atletas em esportes que
necessitam de um alto grau de força
tem causado uma preocupação em
relação às lesões musculares,
trazendo aos adolescentes
conseqüências para a atividade
corporal ou esportiva. 1,2
O futebol é um esporte bastante
popular no Brasil entre jovens, em
especial do sexo masculino. Devido a
essa popularidade, existe hoje uma
competitividade muito grande entre
clubes de futebol querendo sempre
destacar os melhores atletas por meio
da performance muscular.3,4
Em jogos esportivos como o
futebol, os grupos musculares
quadríceps e isquiotibiais são muito
utilizados, suportando diversas
habilidades motoras tais como a
2
corrida, saltos, passes e chutes. Esses
grupos musculares que envolvem a
articulação do joelho desempenham
igualmente um papel importante na
estabilidade desta articulação assim
como na prevenção de lesões. 5
Níveis insuficientes de força
poderão estar associados a um risco
de lesão dos tecidos moles. Por estas
razões a avaliação e controle da força
muscular assumem uma grande
importância na monitorização dos
efeitos dos programas de treino bem
como na prevenção de fatores de risco
de lesão. 6
Nos últimos anos, têm sido
abordadas na literatura apenas
informações sobre o movimento
concêntrico. Avanços tecnológicos têm
levado ao desenvolvimento de
equipamentos de testes musculares
isocinéticos que permitem a execução
de exercícios excêntricos em
associação à atividade concêntrica.7 O
uso desse tipo de equipamento vem se
popularizando no Brasil por meio dos
conhecidos dinamômetros isocinéticos
que tem viabilizado a execução de
pesquisas e avanços importantes na
área de reabilitação desportiva,
sobretudo usando e valorizando o
treinamento muscular excêntrico.8
Autores relatam que várias das
atividades esportivas necessitam de
uma ação muscular excêntrica de alto
nível em termos de velocidade,
repetição e intensidade, tanto para
desempenho máximo do atleta quanto
para proteger articulações sinoviais e
tecidos moles adjacentes. Outra
função importante para a fisioterapia
em relação ao condicionamento
muscular excêntrico é o fato deste
poder atuar de forma preventiva em
relação às lesões musculares
induzidas pelo overtraining em atletas
de alto nível.9
Segundo Weineck, citado por
Bulhões et al, a força excêntrica atua
na musculatura do joelho nas paradas
bruscas, mudanças de direções e na
fase inicial das corridas e saltos.10
Sendo assim, o objetivo deste
trabalho foi analisar o efeito da
aplicação de um protocolo de
treinamento muscular específico para
membros inferiores sobre a
musculatura flexora e extensora
excêntrica de atletas adolescentes de
futebol.
Com este objetivo, visa-se
chamar a atenção dos fisioterapeutas
que atuam na área da reabilitação
musculoesquelética, principalmente na
área de reabilitação esportiva em
relação à importância da força
excêntrica tanto na recuperação de
3
lesões como também na prevenção de
lesões musculares.
1.1 Força Excêntrica
Força muscular refere-se à
quantidade de tensão que pode ser
gerada pela unidade músculo-
tendinea, dando controle do
movimento e mantendo a postura. 11
A contração realizada pelos
músculos adjacentes à articulação do
joelho é diariamente utilizada, sendo
muito exigida, por isso da importância
da força muscular em torno dessa
articulação.11
Atualmente, são propostos vários
programas de fortalecimento muscular
com o intuito de ganho de força,
prevenção de lesões e melhora do
desempenho funcional.12 Estes
programas consistem em exercícios
que utilizam contração excêntrica ou
concêntrica, ainda não bem
estabelecida na escolha do tipo de
contração mais eficaz para realizar
fortalecimento.13
Estudos demonstram que a
contração excêntrica traz benefícios
maiores e em menor tempo de
treinamento do que os exercícios
utilizando força concêntrica.12
O termo excêntrico é definido
como sendo uma carga muscular que
envolve a aplicação de uma força
externa com aumento de tensão
durante o alongamento físico da
unidade músculo-tendinea.7
Estudos sugerem uma diferença
significativa da forca excêntrica na
musculatura flexora do joelho. Esta
diferença de força pode ser devido ao
mecanismo de controle articular
exercido pela musculatura, limitando a
amplitude de movimento do joelho
durante um chute ou agindo na
desaceleração durante uma corrida.10
Devido a este desequilíbrio, o
fortalecimento muscular se torna
importante não só para corrigir
diferenças entre músculos agonistas e
antagonistas, mais também para
buscar maior potencia muscular e
resistência aos exercícios.14
1.2 Avaliação Isocinética
A avaliação isocinética tem sido
muito utilizada, apesar do alto custo,
podendo apresentar muitas vantagens
como método para se determinar o
padrão funcional da força e
desequilíbrio muscular dos membros
inferiores e superiores.15
O dinamômetro isocinético, que
pode ser utilizado para fortalecimento
muscular ou para corrigir deficiências
musculares de maneira rápida e
segura, aplica uma resistência durante
toda a amplitude de movimento, assim
um aumento da força muscular dada
4
pelo indivíduo produz aumento da
resistência e não da velocidade como
acontece nos exercícios isotônicos.2
As velocidades angulares podem
ser ajustadas para permitir que o
músculo funcione em relação as
condições dinâmicas simulando as
demandas impostas pelas atividades
funcionais do atleta.16
Na articulação do joelho, a
literatura indica que na velocidade de
60°/seg a relação ideal entre o torque
máximo de isquiotibiais e quadríceps é
em média de 60%. Alterações nessa
relação predispõem jogadores de
futebol tanto a lesões nessas
articulações quanto distensões
musculares.17
1.3 Lesão muscular
Estudos relatam que cerca de
90% das lesões desportivas estão
relacionadas ao membro inferior, por
existir uma íntima relação entre os
esportes mais praticados e os gestos
esportivos.18
As lesões podem ocorrer por
conseqüência de um trauma direto,
laceração ou isquemia, sendo mais
freqüentemente nas atividades físicas
onde há um grande número de ações
excêntricas aumentando o estresse
sobre os tecidos.11,19
As lesões músculo-tendíneas
constituem-se em uma patologia
freqüentemente notada na prática
desportiva. Graças à avaliação
isocinética, pode-se evidenciar nestas
afecções, os desequilíbrios
musculares que existem entre
agonistas e antagonistas ou déficits,
interessando especificamente um
modo de contração excêntrica em
particular 20.
A lesão muscular decorrente da
prática desportiva é muito comum em
indivíduos ativos, o que causa dor e
incapacidade levando há um
comprometimento da performance
muscular.21
Um treinamento específico e
cuidadoso pode ser importante para
evitar lesões musculares
principalmente em adolescentes que
estão em fase de desenvolvimento.14
Apesar da alta incidência de
lesão, o músculo esquelético
apresenta grande capacidade de
regeneração, sendo bem
documentados na literatura que, as
fases do processo regenerativo são
similares independentes dos diferentes
mecanismos de lesão, porém com
duração e características específicas.22
As lesões associadas a pratica de
futebol podem acometer as mais
diversas articulações do corpo, sendo
5
de 68% à 88% dessas lesões nas
articulações do joelho e tornozelo.17
2 MÉTODO
O estudo consiste em um ensaio
clínico randomizado, realizado nas
dependências do Trieste Futebol
Clube e Clinica do Atleta em Curitiba,
PR, no período de maio a setembro de
2008.
A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Positivo sob nº
188/2007. Todos os atletas foram
informados sobre os objetivos da
pesquisa e forma de realização dos
procedimentos assinando um Termo
de Consentimento e só após a
assinatura e consentimento o atleta
pode participar da pesquisa
Foi realizada uma visita as
dependências do clube com o intuito
de convidar os atletas a participarem
da pesquisa, tendo como garantia a
não divulgação de informações que
comprometessem sua privacidade e
com o consentimento de que poderiam
deixar de participar da pesquisa
quando desejassem.
Uma amostra aleatória de
atletas do clube respondeu a um
questionário elaborado pelos
pesquisadores quanto a sua condição
física atual. Após análise dos
questionários (apêndice 1), foram
excluídos da pesquisa atletas que
apresentavam lesão muscular
diagnosticada previamente ao início da
pesquisa.
Participaram deste estudo oito
atletas do sexo masculino com idade
média 16+0,5 anos, que treinam na
categoria juvenil do Clube Trieste.
Os selecionados foram divididos
aleatoriamente em dois grupos, cada
um contendo quatro atletas
denominados caso e controle. Em
ambos os grupos os atletas realizaram
uma avaliação isocinética inicial para
posterior comparação com a
reavaliação, sendo esta realizada após
três meses do inicio do trabalho de
força excêntrica, conforme sugerido
pelo American College of Sports
Medicine, citado por Pereira. 23
Para a avaliação foi utilizado
dinamômetro isocinético da marca
Cybex, modelo Norm 7000, na Clinica
do Atleta, em Curitiba PR. Um
aquecimento de 10 minutos antes do
teste foi realizado pelos atletas em
uma esteira ergométrica na velocidade
de 6.0 km/h.
Os pacientes foram
posicionados sentados, mantidos fixos
ao aparelho mediante o uso de cintos
de segurança localizados ao nível do
tórax e abdômen. O braço móvel foi
6
fixado ao nível distal da perna, sendo o
joelho a ser testado posicionado em
90º para os testes de flexão e
extensão e o dinamômetro
posicionado a 60º/s, que é
considerada angulação de baixa
velocidade, assim como segue o
protocolo de Fonteque et al.17 A
avaliação foi iniciada pelo lado
dominante do atleta.24 Para realização
dos exercícios foram realizadas três
repetições para os atletas
reconhecerem a máquina e após, foi
realizada uma série de cinco
repetições que configuram os gráficos.
A avaliação isocinética foi realizada
por uma única pessoa responsável de
explicar todos os procedimentos aos
atletas.
O grupo caso foi submetido a
um programa de fortalecimento
muscular excêntrico adaptado de
protocolos já existentes 25,26,27 ,onde
foram compostos por três exercícios:
1) em decúbito ventral, era realizada
flexão do joelho resistida por
theraband presa a barra de Ling e
posicionada nos maléolos dos atletas;
2) em posição ortostática, com
theraband presa à barra de Ling e nos
maléolos dos atletas, era realizado o
movimento de chute com a perna
estendida; 3) também em posição
ortostática com theraband, presa à
barra de Ling e nos maléolos dos
atletas era simulado um movimento de
extensão de quadril seguido de flexão
de quadril e joelho retornando ao
ponto inicial. Todos os exercícios
descritos foram realizados 3 vezes na
semana e consistiam de 3 séries de 15
repetições cada com 40 segundos de
intervalo e realizados bilateralmente
focando o momento excêntrico dos
músculos quadríceps e isquiotibiais,
segundo recomendações do American
College of Sports Medicine (2000)28
Pereira (2002)23 e Kisner (1998)25.
Os exercícios foram realizados
com thera band de uma forma
progressiva iniciando da resistência
mais leve para mais pesada, como
sugerido por alguns autores. 25, 26, 27
Após a coleta das variáveis de
pico de força dos músculos flexores e
extensores dos joelhos direito e
esquerdo, os dados foram comparados
por meio do teste t-Student para
amostras pareadas, utilizando um nível
de significância de 0,05. Entre os
grupos (caso e controle) também foi
realizada a comparação utilizando o
teste t-Student para amostras
independentes. Após a segunda
avaliação e o termino da coleta de
dados, foi realizado uma pesquisa
junto ao fisioterapeuta do Clube
Trieste se os atletas que participaram
7
do estudo apresentaram uma
diminuição do índice de lesões
musculares.
Todos os custos referentes a
pesquisa e a avaliação isocinética
foram de responsabilidade dos
pesquisadores.
3 RESULTADOS
Os resultados das avaliações
isocinéticas na velocidade de 60o/s
para os grupos flexores e extensores
de joelho pré e pós programa de
fortalecimento muscular mostram uma
tendência de melhora em todos os
grupos musculares estudados na
pesquisa com significância estatística
para o grupo flexor esquerdo não
dominante, demonstrando assim
melhora no pico de torque da força
excêntrica dos atletas avaliados.
Ao comparar os dados das
avaliações isocinéticas do quadríceps
em ambos os grupos, verificou-se
tendência de melhora do pico de
torque excêntrico, conforme figura 1.
Figura 1 - Comparação do pico de torque excêntrico (Nm) no grupo extensor da perna (quadríceps) pré e pós avaliação isocinética em ambos os grupos.
Quando comparados os dados
para os isquiotibiais, os valores do
grupo controle mantiveram-se
praticamente iguais (figura 2),
diferentemente do grupo caso, onde
houve melhora significativa do pico de
torque, com p<0,05 apenas no lado
esquerdo, não dominante e tendência
de melhora para grupo flexor direito
para a amostra avaliada, conforme
figura 3.
Figura 2 - Comparação do pico de torque (Nm) do grupo flexor da perna (isquiotibiais) pré e pós avaliação isocinética em ambos os grupos.
Figura 3 - Diferença percentual entre flexores e extensores da perna, em ambos os grupos, com destaque para
8
os flexores do lado esquerdo com 33% de aumento.
Conforme a pesquisa feita com
o fisioterapeuta responsável do clube
Trieste Stadium os atletas do grupo
controle, que não realizaram o trabalho
de fortalecimento muscular excêntrico,
sofreram lesão muscular no decorrer
da pesquisa realizada. Os atletas do
grupo experimental, que realizaram o
treinamento de força excêntrica não
sofreram nenhum tipo de lesão
muscular.
4 DISCUSSAOSegundo Codine28, as lesões
músculo-tendíneas constituem-se em
uma patologia freqüentemente notada
na prática desportiva, em especial nas
amostras com atletas jovens. O
treinamento supervisionado associado
ao trabalho preventivo promove uma
melhor qualidade de vida do atleta,
bem como um aumento na sobrevida
útil no esporte.14
Graças à avaliação isocinética,
pode-se evidenciar nestas afecções,
os desequilíbrios musculares que
existem entre agonistas e antagonistas
ou déficits, interessando
especificamente um modo de
contração excêntrica em particular.28
Fonteque et al (2000) e
Robergs (2002), também relatam que
as lesões musculares são mais
freqüentes nas atividades físicas onde
há um grande número de ações
excêntricas aumentando assim o
estresse sobre os tecidos.17,19
Estas afirmações vão de
encontro com a pesquisa, onde
encontramos um maior número de
lesões musculares nos atletas que não
realizaram o treino excêntrico.
Evidenciamos assim, a
importância do treinamento muscular
como auxílio na prevenção da lesão
nas ações do gesto esportivo
excêntrico.
Arruda e Hespanhol (2007)
relatam que níveis insuficientes de
força poderão estar associados a um
risco de lesão dos tecidos moles. Por
estas razões a avaliação e controle da
força muscular assumem uma grande
importância na monitorização dos
efeitos dos programas de treino bem
como na prevenção de fatores de risco
de lesão.6
Nesta preocupação este trabalho
procurou desenvolver um programa de
fortalecimento muscular com ações
excêntricas, objetivando assim um
melhor reequilíbrio muscular em
relação aos músculos agonistas e
antagonistas de MMII, auxiliando
assim o trabalho preventivo nas lesões
musculares, pois de acordo com
9
Preis24 uma relação desequilibrada da
força entre grupos antagonistas e
agonistas tem sido associada a lesões
músculo-esqueléticas. Este mesmo
autor descreve a importância de um
trabalho preventivo e a perfeita relação
dentro de uma faixa de normalidade
biomecânica.
Fonseca et al (2007), demonstrou
em estudos que na velocidade de
60°/seg a relação ideal entre o torque
máximo de isquiotibiais e quadríceps
é, em média de 60%, e que alterações
nessa relação predispõem jogadores
de futebol tanto a lesões nessas
articulações quanto distensões
musculares.4
Neste estudo as avaliações
isocinéticas também foram realizadas
na velocidade de 60o/seg
possibilitando assim uma melhor
análise da força excêntrica.
As avaliações isocinéticas
demonstraram que, tanto o grupo
muscular flexor quanto o extensor da
perna, obtiveram uma tendência de
melhora da força excêntrica em
resposta ao trabalho proposto e que o
grupo flexor esquerdo apresentou
significância estatística com valores de
p<0,05 no lado não dominante em
comparação com o grupo flexor direito.
Croisier et al (1998), em revisão
de literatura relata que no passado, as
teorias existentes consideram que o
lado mais forte era o lado dominante.29
No entanto, hoje as pesquisas
relatam que nem sempre o lado
dominante é o mais forte, uma vez que
esse fato depende da maneira pelo
qual a musculatura desenvolvida é
estimulada, conforme sua atividade e
desempenho.29
De acordo com Preis24, a
discrepância tolerada entre membro
dominante e não-dominante pode ser
de até 10%.
Dentro desta linha de
pensamento é justificável o porquê de
nossa pesquisa ter apresentado valor
de significância no grupo flexor
esquerdo não dominante, como
também observamos uma tendência
de melhora sem significância
estatística no grupo extensor tanto
esquerdo como direito. Talvez esta
diferença possa acontecer por tipo de
treinamentos, alimentação, aspecto
psicológico, posições diferentes
ocupadas pelos atletas no campo de
jogo e treinos.
Concordando com os dados
achados por Holtmann e Hettinger,
citados por Bulhões 10, o lado não-
dominante, por ser o membro de
apoio, apresentou maior força
muscular em relação ao membro
dominante.
10
5 CONCLUSÃO
Diante do apresentado,
podemos concluir que o trabalho
específico de força muscular
excêntrica associado ao treinamento
desportivo melhora a relação de força
muscular agonista e antagonista dos
atletas como também diminui o
número de lesões decorrentes da
pratica esportiva, auxiliando assim na
prevenção das lesões musculares.
Apesar dos resultados positivos
da pesquisa sugere-se que novos
estudos sejam feitos com uma amostra
maior e talvez um tempo de
treinamento mais prolongado para que
haja resultados estatisticamente
melhores.
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APÊNDICE 1
QUESTIONÁRIO DE PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DA FORÇA EXCÊNTRICA DE QUADRÍCEPS E ISQUIOTIBIAIS PRÉ E PÓS PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA MUSCULAR EM ATLETAS DE FUTEBOL
13
NOME: _______________________________________________________________
___________________________________________________________________
IDADE: __________ DATA DE NASCIMENTO: ___/___/___ TEL(41)_____-______
NOME DOS PAIS/RESPONSÁVEL:
______________________________________________________________________________________________________________________________________
POSIÇÃO QUE JOGA: _____________________
QUANTO TEMPO TREINA? ____________________
QUANTAS VEZES POR SEMANA? __________________________
DURAÇÃO DOS TREINAMENTOS: __________________________
ATUALMENTE, VOCÊ APRESENTA ALGUM TIPO DE LESÃO? QUAL?
______________________________________________________________________________________________________________________________________
ALGUMA VEZ VOCÊ FEZ FISIOTERAPIA PARA TRATAR DE QUALQUER LESÃO DECORRENTE DOS TREINAMENTOS?
( ) SIM ( )NÃO
ATUALMENTE VOCÊ APRESENTA DORES LOCALIZADAS NA COXA E/OU JOELHOS? SE SIM, GRADUE SUA DOR EM UMA ESCALA DE 1 A 10 ONDE 1 É O MÍNIMO E 10 O MÁXIMO.
_____________________________________________________________________________________________________________________________________
14