Artigo Ivani Solange Pacci

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A PEDAGOGIA CRÍTICA E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA. IVANI SOLANGE PACCI ... aprender uma língua estrangeira é um empreendimento essencialmente humanístico e não uma tarefa afecta às elites ou estritamente metodológica, e a força da sua importância deve decorrer da relevância de sua função afirmativa, emancipadora e democrática. (Henry A Giroux) RESUMO: O presente artigo pretende refletir como o discurso da pedagogia crítica se apresenta no cotidiano do ensino de inglês. Com este estudo, se intensiona intensificar a discussão sobre a necessidade de uma prática pedagógica adequada ao contexto em que estamos inseridos, questionando a ausência de uma visão crítica acerca do papel do inglês no cotidiano escolar, ou na vida das pessoas da sociedade moderna. Anseia-se por uma pedagogia crítica emancipatória e transformadora que leve em consideração os aspectos políticos de se ensinar e aprender uma língua mundial, apontando o desenvolvimento da consciência cultural crítica como uma alternativa para atingir tal objetivo. Como suporte teórico deste estudo foram usados autores como Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, Pennycook, Giroux, Hymes. Palavras-chave: Pedagogia Crítica, Ensino-Aprendizagem, Língua Inglesa. ABSTRACT: This article aims to reflect how critical pedagogy discourse is presented in the daily English teaching. With this study, we have the intension to intensify the discussion about the need of an appropriate pedagogical practice to the context where we operate, questioning the absence of a critical vision about the role of English in daily school, or in people's lives in modern society. We desire to a critical pedagogy that promotes emancipates fellows and consider the political aspects of teaching and learning a world language, indicating the development of cultural awareness as a critical alternative to achieving that goal. As theoretical support of this study we considered authors as: Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, PENNYCOOK, Giroux, Hymes. Key words: Critical Pedagogy, Teaching-Learning, English Language.

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  • A PEDAGOGIA CRTICA E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LNGUA INGLESA.

    IVANI SOLANGE PACCI

    ... aprender uma lngua estrangeira um empreendimento essencialmente humanstico e no uma tarefa afecta s elites ou estritamente metodolgica, e a fora da sua importncia deve decorrer da relevncia de sua funo afirmativa, emancipadora e democrtica. (Henry A Giroux)

    RESUMO: O presente artigo pretende refletir como o discurso da pedagogia crtica se apresenta no cotidiano do ensino de ingls. Com este estudo, se intensiona intensificar a discusso sobre a necessidade de uma prtica pedaggica adequada ao contexto em que estamos inseridos, questionando a ausncia de uma viso crtica acerca do papel do ingls no cotidiano escolar, ou na vida das pessoas da sociedade moderna. Anseia-se por uma pedagogia crtica emancipatria e transformadora que leve em considerao os aspectos polticos de se ensinar e aprender uma lngua mundial, apontando o desenvolvimento da conscincia cultural crtica como uma alternativa para atingir tal objetivo. Como suporte terico deste estudo foram usados autores como Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, Pennycook, Giroux, Hymes.

    Palavras-chave: Pedagogia Crtica, Ensino-Aprendizagem, Lngua Inglesa.

    ABSTRACT: This article aims to reflect how critical pedagogy discourse is presented in the daily English teaching. With this study, we have the intension to intensify the discussion about the need of an appropriate pedagogical practice to the context where we operate, questioning the absence of a critical vision about the role of English in daily school, or in people's lives in modern society. We desire to a critical pedagogy that promotes emancipates fellows and consider the political aspects of teaching and learning a world language, indicating the development of cultural awareness as a critical alternative to achieving that goal. As theoretical support of this study we considered authors as: Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, PENNYCOOK, Giroux, Hymes.

    Key words: Critical Pedagogy, Teaching-Learning, English Language.

  • INTRODUO

    As mudanas nas teorias do processo de ensino aprendizagem e dos

    mtodos de ensino de lnguas estrangeiras durante toda a nossa histria

    refletem mudanas nas necessidades da sociedade.

    Com tantas transformaes no somente no processo de ensino e

    aprendizagem, mas tambm em praticamente todos os aspectos de nossas

    vidas, no ambiente poltico, econmico e social, exige-se um indivduo

    atualizado e apto a interagir com o mundo globalizado, onde o conhecimento

    de lnguas estrangeiras um requisito bsico. Por isso, enfrentamos hoje a

    necessidade de encontrar outros caminhos que favoream a aprendizagem da

    Lngua Inglesa e, que esta seja significativa e promova mudanas na vida de

    quem a aprende.

    Este trabalho iniciado com um olhar sobre a Pedagogia Crtica no

    Brasil, terra de Paulo Freire, sua convico de que a educao uma forma de

    libertao. Em seguida, tendo o suporte de pesquisadores, ( Paulo

    Freire,Focault, Pennycook, Moita Lopes, Giroux ) ser refletido sobre a

    Pedagogia Crtica e o ensino de Lngua Inglesa, sua importncia para a

    formao de agentes que podero transformar a sociedade em que vivem em

    um espao mais justo e igualitrio.

    Vale dizer que este estudo se originou de um processo de seleo

    vinculado a SEED que, visando a melhoria na educao pblica no estado do

    Paran, criou o programa PDE (Programa de desenvolvimento educacional)

    que obteve no seu primeiro ano (2007) o retorno de 1200 professores para as

    salas de aula das Universidades parceiras no Estado. Com uma carga horria

    a ser cumprida e leituras orientadas, neste ano o programa contempla a

    interveno na escola e a produo de material com as concluses dos

    estudos realizados.

  • A Pedagogia Crtica no Brasil

    O Brasil a terra de Paulo Freire, certamente um dos pensadores da

    pedagogia crtica. Paulo Freire a prpria encarnao do intelectual orgnico

    de que nos fala Gramsci (1971). Experimentando a violncia das oligarquias

    rurais remanescentes no nordeste brasileiro que tiram partido da ignorncia do

    povo, v na educao uma das formas de libertao. No incio da dcada de

    sessenta, Paulo Freire envolve-se no Movimento de Cultura Popular do Recife

    como coordenador do Projeto de Educao de Adultos. Como coordenador

    desse programa, v-se confrontado diretamente com o analfabetismo da

    regio. O nordeste , nessa poca, uma das regies mais pobres do pas com

    uma populao de 15 milhes de analfabetos entre os 25 milhes de

    habitantes. Alfabetizar essa populao coloca-se como um imperativo

    inadivel. Descarta, todavia, a hiptese de uma alfabetizao mecnica para

    pensar numa alfabetizao que tomasse o homem como sujeito do processo e

    no como paciente, numa alfabetizao que no condenasse homens,

    cansados por um dia de trabalho ou infelizes por um dia sem trabalho, a recitar

    lies que falam de Evas e uvas Eva viu a uva a quem no conhece e

    nunca comeu uva (Freire, 1982, p.104).

    O educador estabeleceu, a partir de sua convivncia com o povo, as

    bases de uma pedagogia onde tanto o educador como o educando, homens

    igualmente livres e crticos, aprendem no trabalho comum de tomada de

    conscincia da situao que vivem. Uma pedagogia que elimina pela raiz as

    relaes autoritrias, onde no h escola nem professor, mas crculos de

    cultura e um coordenador cuja tarefa essencial o dilogo. Diramos que para

    ele a pedagogia crtica tem um sentido existencial profundo. No sem razo

    que internacionalmente conhecido como o pedagogo dos oprimidos.

    Incansavelmente reafirma que a educao um ato poltico e no encar-la

    como tal permitir que ela reproduza a poltica das classes dominantes,

    perpetuando as desigualdades sociais.

    Pelas suas idias e prticas, Paulo Freire incomoda as elites

    tradicionais brasileiras, sistema este que favorece somente um grupo de

    pessoas. As elites so as classes mais cultas de uma sociedade. Nas

    sociedades tradicionais, eram constitudas pela aristocracia, da qual faziam

  • parte, os nobres e grandes proprietrios. Nas sociedades industriais, elas se

    converteram em detentoras do saber tcnico, poltico e intelectual. No caso da

    educao, por exemplo, elitista quando s favorece a minoria ao acesso ao

    conhecimento podendo chegar universidade. Por assim pensar ele preso e

    depois expatriado, juntamente com outros intelectuais, pelo regime ditatorial

    instaurado com o Golpe Militar de 64.

    Interrompe-se, assim, pela fora bruta a trajetria da pedagogia crtica no

    Brasil. Ela condenada clandestinidade. custa de censura e tortura, o

    silncio garantido at quase o final dos anos setenta quando o clamor da

    sociedade brasileira em prol do restabelecimento da democracia no pode

    mais ser abafado. O ltimo dos generais a ocupar a Presidncia da Repblica

    se apropria da bandeira da sociedade civil prometendo fazer do pas uma

    democracia. Uma das medidas includas em seu pacote de reformas polticas

    a Lei da Anistia, promulgada em 1979.

    A volta do exlio dos intelectuais contra-hegemnicos reanima as

    universidades brasileiras. Nunca se falou tanto em crtica - conscincia crtica,

    atitude crtica, educao crtica, professor crtico, aluno crtico, leitura crtica,

    texto crtico, anlise crtica como nesses anos. Do mesmo modo, nunca se

    falou tanto em ideologia ideologia burguesa, ideologia capitalista, ideologia

    dominante, contra-ideologia. Nas cincias humanas e sociais, torna-se prtica

    denunciar o jogo maquiavlico subjacente ideologia burguesa, jogo de fazer

    as relaes de subordinao passar por dados naturais da existncia humana.

    Os intelectuais politizados portam-se como agentes da conscincia,

    desvelando relaes de poder onde normalmente elas no so percebidas.

    Dizem a verdade queles que no a vem e em nome daqueles que no

    podem diz-la. Colocam-se um pouco a frente ou um pouco de lado para dizer

    a muda verdade de todos. So a um s tempo conscincia e eloqncia

    (Foucault, 1982, p. 70-71)

    No seu renascimento, a pedagogia crtica conserva pouco do

    enraizamento popular que teve no seu incio. principalmente um movimento

    sediado nas universidades, sobretudo na Universidade de Campinas

    (UNICAMP) e na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP),

    universidades que acolhem Paulo Freire aps o retorno do exlio. um

    movimento de intelectuais, no de intelectuais orgnicos maneira de Freire,

  • mas de intelectuais crticos (Giroux, 1992) que percorrem o Brasil relanando

    as sementes da pedagogia crtica. um movimento que se irradia do centro

    para a periferia, atravs da palavra iluminada dos intelectuais, vendida em

    encontros, conferncias, congressos e publicaes diversas.

    Pedagogia Crtica e o Ensino de Lnguas

    No final dos anos setenta e incio dos anos oitenta, sob o impacto da

    pedagogia crtica que ressurge dos pores da ditadura e volta do exlio,

    profissionais das letras, no campo do ensino de portugus, da lingstica, da

    literatura e da anlise do discurso, comeam a se referir a histria, poder,

    ideologia, poltica, classe social, conscincia crtica, emancipao, nas

    discusses acerca da linguagem.

    Com essas lentes desvelam-se facetas do fenmeno lingstico que at

    ento estavam na sombra. Por exemplo, evidencia-se o carter ideolgico da

    aludida neutralidade do portugus (nossa lngua materna) ensinado na escola.

    A lngua passa a ser pensada como um complexo contraditrio de variedades

    lingsticas cujo valor se define no por caractersticas intrnsecas, mas por

    caractersticas extrnsecas, ou seja, pela posio scio-econmico-poltico-

    cultural de seus falantes.

    Reconhecendo que o portugus ensinado nas escolas a variedade

    culta elevado categoria de a lngua por um processo de universalizao

    prprio da ideologia, altera-se radicalmente o discurso sobre o seu ensino. O

    domnio da variedade culta continua sendo visto como necessrio, mas no

    mais como uma necessidade incondicional. preciso aprend-la como uma

    estratgia de luta contra as desigualdades sociais. O domnio da lngua

    ensinada na escola justifica-se, no mais pela sua importncia cognitiva ou

    cultural, mas pela sua importncia poltica. a astcia dos dominados em

    ao.

    O renascimento da pedagogia crtica no Brasil coincide com o

    florescimento da teoria/anlise de discurso que se desloca para alm do

    gramatical e para alm do meramente lingstico porque sem fazer a crtica

  • verdadeira, histrica, do saber que colocava aos alunos, a escola considerava

    contedos, muitas vezes baseados em preconceitos, ignorncias, verdades

    incontestveis. De acordo com Almeida (1985) viam-se muitos professores de

    portugus, ensinando anlise sinttica a crianas mal alimentadas, plidas, que

    acabavam, depois de aulas onde no faltavam castigos e broncas,

    condicionadas a distinguir o sujeito de uma orao. Estas crianas segundo

    ele, passariam alguns anos na escola sem saber que elas poderiam acertar o

    sujeito da orao, mas nunca seriam o sujeito das suas prprias histrias.

    Sob o prisma da anlise do discurso e da pedagogia crtica a leitura e a

    produo de textos ganham a cena do ensino de lngua materna, se no na

    prtica, ao menos como princpio. O texto concebido no como um hiper-

    significante acabado, encerrando um significado nico espera de um leitor

    que o decifre. O texto analisado como um entrecruzamento de discursos,

    enredando significados contraditrios espera de um leitor que produza

    significados. O leitor que se quer formar um leitor consciente, crtico,

    emancipado, capaz de articular uma contra-palavra, uma contra-sentena, um

    contra-discurso nos interstcios dos sentidos hegemnicos, dominantes no

    texto. Do mesmo modo se quer formar um escritor que conte sua prpria

    histria e no se limite a papaguear a palavra alheia, alienada (Cox,1993,p.

    58). Quer como leitor quer como escritor, no compasso da pedagogia crtica, os

    alunos so imaginados/idealizados como sujeitos de sua prtica, como agentes

    histricos da transformao da sociedade em que vivem numa sociedade mais

    justa, mais igualitria.

    A PEDAGOGIA CRTICA E O ENSINO DE LNGUA INGLESA

    No Brasil, a pedagogia crtica, fecunda principalmente a imaginao de

    professores envolvidos com lngua materna, professores que trabalham com

    alfabetizao, leitura, produo de textos, literatura.

    Em relao a lngua estrangeira, as mudanas partiram da Inglaterra com

    a ateno voltada para a comunicao. A partir da noo de competncia

    comunicativa (Hymes, 1972), entendida como domnio das regras sociais de

  • uso da lngua, professores de ingls adeptos do Ensino Comunicativo, no final

    dos anos setenta, rompem com a prtica de recitar dilogos

    descontextualizados e memorizados sem significncia social. Passam a clamar

    pelo ensino de uma habilidade funcional que inclua no somente regras

    gramaticais, mas tambm capacidade para a interpretao, expresso e

    negociao de sentido no contexto imediato da situao de fala. O foco das

    atividades da sala de aula se desloca da forma (correo gramatical) para o

    sentido (fluncia comunicativa).

    No entanto, Kramsch (1998) coloca sob suspeita noes basilares do

    ensino comunicativo como comunicao autntica, materiais autnticos,

    abordagem natural, necessidades do aprendiz, interao e negociao de

    sentido. Segundo o autor, acredita-se que um indivduo tem o direito de ter

    necessidades, que essas necessidades devem ser satisfeitas e que no existe

    problema que no possa ser resolvido atravs da negociao honesta,

    desapaixonada e racional.

    Estudiosos brasileiros preocupados com um ensino que desse

    valor ao sujeito que se modifica e modificado pelo meio passam a

    defender uma abordagem interacional, baseada nos princpios de

    Vygotsky.

    No sentido de rever a nfase apenas na oralidade nas aulas de

    ingls e caminhar na busca de aulas mais significativas para o aluno

    brasileiro de escolas pblicas, com o intuito de direcionar o ensino

    para a criticidade, lembramos Moita Lopes (1996) que questiona o

    carter apaziguador, harmonizador e amigvel do ensino de ingls

    como meio de conhecer outra cultura e de fazer amigos. Para o autor,

    o ensino com base na motivao integrativa (desejo de se identificar

    com/pertencer cultura do outro) e com nfase na habilidade oral

    deve ser repensado no Brasil. Sublinhando o carter colonizador do

    ensino comunicativo, ele argumenta que a leitura, ancorada na

    suposta motivao instrumental e pragmtica, mais apropriada s

    necessidades dos aprendizes brasileiros que, na sua maioria, no tm

    a oportunidade de falar ingls com falantes nativos e precisam de

    ingls principalmente para ler.

  • Todavia, se considerarmos, o pensamento de Pennycook (1994,1995),

    que a expanso do ingls no mundo no a mera expanso de uma lngua,

    mas tambm a expanso de um conjunto de discursos que fazem circular

    idias de desenvolvimento, democracia, capitalismo, neoliberalismo e

    modernizao, podemos perceber que o ensino instrumental s mais uma

    armadilha. Afinal, nada mais conforme esses discursos do que o imediatismo

    de saber ler em ingls para consumir informaes, tecnologias e assim por

    diante. O aprendizado da lngua inglesa nos livra da sujeio a uma cultura

    localizada e tangvel para nos assujeitar a uma trama dispersa e intangvel de

    discursos que no cessam de expandir o processo de colonizao do mundo

    pelo Ocidente.

    Se, no seu incio, esse processo de ocidentalizao se irradiava a partir

    da Grcia, hoje ele se irradia principalmente a partir dos Estados Unidos.

    Mudanas nas relaes de foras internacionais deslocam o foco de onde se

    irradiam os discursos do Ocidente. Um professor bem formado pode entender e

    mostrar diferentes discursos no ingls, no somente o norte americano, pois

    nenhum conhecimento, nenhuma lngua e nenhuma pedagogia neutra ou

    apoltica (Pennycook, 1994, p. 301 ). Se o ingls , hoje, a lngua atravs da

    qual as foras do neocolonialismo se dizem, no seu interior que contra-

    discursos precisam ser engendrados. Pennycook otimista em relao a essa

    possibilidade, uma vez que v as pessoas no como consumidoras passivas

    das formas culturais hegemnicas. Ele acredita que uma pedagogia crtica no

    ensino de ingls, sensvel s vozes dos alunos, possa encoraj-los a produzir

    uma contra-palavra.

    Assim pensamos que uma prtica no ensino de ingls deve comear

    criticamente explorando as culturas dos alunos, conhecimentos e histrias de

    maneira desafiadora e ao mesmo tempo positiva e animadora. Pode-se dizer

    que a pedagogia do ingls no mundo uma tentativa de capacitar para

    aprender (escrever, falar, ler, ouvir) conjuntamente (professor e aluno)

    procurando conhecer para transformar a sociedade em que vivem e no a

    aceitarem tal como (injusta e desigual) . A noo de voz, portanto, no

    aquela que envolve qualquer uso da lngua, mas deve estar atrelada viso da

    criao e transformao de possibilidades. As vozes que estamos tentando

    ajudar os alunos a encontrar e a criar so vozes que falam em oposio ao

  • discurso global que influencia o local e que limitam e produzem as

    possibilidades que formam as vidas de nossos alunos.

    Aqueles que trabalham com o ensino de ingls no podem reduzi-lo a

    questes scio-psicolgicas de motivao, a questes metodolgicas, a

    questes lingsticas. A lngua est imersa em lutas sociais, econmicas e

    polticas e isso no pode ser deixado de fora da cena da sala de aula. Ensinar

    criticamente reconhecer a natureza poltica da educao (Pennycook, 1994).

    cmodo lidar com o ingls como se ele fosse uma lngua neutra da

    comunicao global, mas, sentencia Pennycook (1995), se queremos ensinar

    eticamente, nossas prticas de ensino e filosofias precisam se opor a tal viso.

    Quem ensina ingls no pode deixar de se colocar criticamente em

    relao ao discurso dominante que representa a internacionalizao do ingls

    como um bem, um passaporte para o primeiro mundo. Quem ensina ingls no

    pode deixar de considerar as relaes de seu trabalho com a expanso da

    lngua, avaliando criticamente as implicaes de sua prtica na produo e

    reproduo das desigualdades sociais. Quem ensina ingls no pode deixar de

    se perguntar se est colaborando para perpetuar a dominao de uns sobre os

    outros. Para Pennycook (1995), o professor de ingls deve ser um agente

    poltico, engajado num projeto de pedagogia crtica, que ajude o aluno a

    articular, em ingls, contra-discursos aos discursos dominantes do Ocidente.

    No mnimo, por estarmos intimamente envolvidos com a expanso do ingls,

    deveramos estar sensivelmente cientes das implicaes dessa expanso na

    reproduo e produo de desigualdades globais. (Pennycook, 1995).

    Nesse sentido entendemos que ensinar ingls para alunos de escolas,

    principalmente de escolas pblicas, significa proporcionar-lhes no s

    conhecimento de lngua, mas sim prepar-los para entender os discursos que

    o cercam e poder interferir, modificar, ser um agente em seu meio, buscando e

    promovendo um mundo melhor.

    CONCLUSO

    Podemos dizer, a partir deste estudo que a pedagogia crtica no ensino

    de ingls, ainda carece ser compreendida para ser adotada na prtica dos

  • educadores. Ainda h um grande caminho a percorrer. H necessidade das

    pesquisas realizadas nas universidades chegarem aos professores

    envolvendo-os e fazendo com que reflitam sobre sua prtica, sobre os

    resultados que alcanam e busquem entender e melhorar sua pratica

    pedaggica.

    Acreditamos que, por princpio, as pesquisas no contexto escolar,

    buscando compreenso e possveis encaminhamentos para as dificuldades

    encontradas permitem que os resultados possam modificar o quadro que se

    apresenta e os educadores possam refletir sobre como a pedagogia crtica

    poder auxiliar no ensino da lngua estrangeira fazendo com que essa

    disciplina se torne significativa para o educando e possa ajudar na

    transformao do contexto atual.

    Nada mais contraditrio com o esprito dessa pedagogia do que tomar

    o professor como um informante que doa a fala sobre a qual poucos

    pesquisadores debruam com as lentes das teorias e que lhes rende artigos,

    conferncias. Como diz MacLaren (1997), as narrativas que contamos e

    recontamos em nossas salas de aula so reflexivas e constitutivas de quem

    somos e de quem nos tornaremos. Narramos para convertidos? Narramos

    para converter? Ou narramos para encarar a possibilidade de viver uma outra

    posio ainda em estado de sonho? E para este sonho transformar-se em

    realidade os professores da educao bsica devem estar inseridos nas

    pesquisas, estudar mais, participar das discusses, pois o objetivo de todos o

    mesmo: melhorar a educao e, conseqentemente a sociedade.

    Sempre ouvimos de que no h como separar lngua de cultura. A

    lngua o meio principal atravs do qual conduzimos nossa vida social.

    Quando usada em contextos de comunicao, aparece impregnada pela

    cultura das mais diversas e complexas maneiras (KRAMSCH, 1998). Lngua e

    cultura esto sempre vinculadas e o professor preparado criticamente saber

    como demonstrar as diversas culturas que so transmitidas pelos diferentes

    falantes de ingls. E, tambm para interagir com as demais disciplinas.

    Ao longo da nossa histria, desenvolvemos uma admirao pelo que

    estrangeiro e a postura do professor frente a novas culturas e como ele/ela as

    repassa aos seus alunos, pode sim, reforar ou promover a transplantao de

    valores e comportamentos estranhos e inadequados nossa realidade. No

  • existe cultura mais importante ou melhor.Cultura algo que est

    profundamente enraizado em cada fibra de uma pessoa e a lngua o meio de

    comunicao usado pelos membros de uma certa cultura a sua expresso

    mais visvel e disponvel (Brown, 1980).

    Como assinala Leffa (2003), qualquer lngua ao se globalizar perde sua

    uniformidade e tem, necessariamente, que incorporar a diversidade, no s

    lingstica como cultural. Com o ingls no est sendo diferente e a grandeza

    da sua condio atual est exatamente em poder fazer com que a diversidade

    lingstica reflita a diversidade cultural, e ele passe naturalmente a transmitir

    no uma cultura nica, mas as mais diversas culturas, nativas ou no,

    consideradas de prestgio ou no. a que preciso haver a ruptura. Acabar

    com essa noo de cultura de prestgio. E o professor de ingls no pode se

    eximir desse papel. Sem incorrer no erro de celebrao romntica da cultura

    materna, devemos sim, estar conscientes de que por ensinarmos uma lngua

    estrangeira, no precisamos ser mais ou menos brasileiros. Precisamos ser

    apenas brasileiros, com uma viso mais ampla e crtica do mundo.

    O estudo de uma lngua (ou de uma literatura) estrangeira abre portas tanto para quem a ensina como para quem a aprende. Embora a relao de

    dominao entre povos seja algo que se possa pontuar ao longo da histria em

    todas as partes do mundo, a sala de aula jamais poder se tornar um locus em

    que se perpetue prtica to abominvel, muito menos produzir agentes que a

    fomentem. Ao contrrio, esse espao privilegiado precisa ser dotado de

    sujeitos transformadores que possam, atravs do ensino de uma lngua ou de

    uma literatura estrangeira, oferecer aos seus aprendizes um mundo novo e

    igualmente imperfeito, em contraste com a realidade em que estes vivem,

    levando-os a ser tolerantes para com as diferenas entre culturas, a

    entenderem melhor a cultura do outro. Acima de tudo, a resgatarem e

    valorizarem a sua prpria cultura para, numa instncia mais global, poderem se

    tornar cidados mais crticos, ou como assinala GIMENEZ (2001), cidados

    planetrios que, atravs do domnio de uma lngua de alcance planetrio como

    o ingls, possam no somente ter acesso a bens materiais, mas tambm

    vivenciar experincias de trocas que estimulem o respeito mtuo por este

    mosaico infinito de povos e culturas do qual fazemos parte.

  • Com base nas discusses promovidas pela Pedagogia Crtica, a

    educao aqui tratada como um todo complexo que relaciona a educao e o

    papel do professor. Educao como possibilidade de transformao do modelo

    social atual em realidade mais justa que permite e incentiva a incluso de

    sujeitos. E o ensino de uma LE pode colaborar e muito para isso. O papel do

    professor no mundo contemporneo e a necessidade de formao de

    profissionais primeiramente engajados em educao, com aprofundamento em

    disciplinas e contedos especficos de uma determinada rea.

    Caracterstico das relaes humanas, o processo educativo no

    apenas uma situao formal. Todos os seres humanos, independentemente de

    suas caractersticas individuais e culturais, so seres inacabados.

    exatamente a conscincia desse inacabamento que torna o ser humano

    educvel (FREIRE, 2001). Ser educvel estar em situao de abertura ao

    conhecimento, ter conscincia das incertezas e dvidas, aceitar que o

    conhecimento que at ento se possui j no d mais conta de responder s

    dvidas do momento. A situao de educabilidade percebida pelo

    aparecimento de questionamentos e dvidas originados pela incerteza. Para

    FREIRE (1996), perguntar essencial, pois a partir da pergunta que o ser se

    confirma inacabado. Portanto, fundamental educar para a pergunta,

    incentiv-la e permiti-la, pois dela e da dvida gerada pelo estranhamento

    que vm o conhecimento e a transformao. A educao da pergunta agua,

    estimula e refora a curiosidade (FREIRE, 2001) permitindo ao sujeito agir,

    interagir, tornar-se agente e transformador de sonho em realidade. Procurar

    respostas, mesmo sabendo-as provisrias, pode viabilizar a construo de

    aes transformadoras. Esta procura incita-nos pesquisa num processo que

    pode transformar situaes injustas em justas, desequilbrio em equilbrio.

    Portanto, a educao que discutimos sob esse prisma promove uma atitude

    crtica e pressupe o ensino no s de habilidades especficas mas tambm da

    capacidade de interrogao e questionamento, que devolve o sujeito

    incerteza, preparando-o para trabalhar novamente em busca de respostas

    enquanto cria certezas provisrias que tambm lhe daro condies, mesmo

    que efmeras, de sobrevivncia. Certezas provisrias so patamares

    alcanados momentaneamente, nos quais so criadas certezas, edificadas a

    partir de representaes ideolgicas da realidade. So certezas sociais e

  • polticas provisrias porque so dinmicas, mutveis, transformveis pelo

    contexto espacial e temporal onde so ou esto sendo vivenciadas.

    (McLAREN, 1999)

    Segundo FREIRE (2001), o ser humano pode e deve ser educado para

    ouvir suas necessidades de transformao e para saber reconhecer

    oportunidades de aperfeioamento pessoal e interpessoal, podendo ampliar

    suas potencialidades e qualidades humanas e tomar nas mos o compromisso

    de transformao da atual realidade social para uma situao em que existam

    equilbrio, justia e igualdade social. Assim sendo, o ensino de Lngua Inglesa

    deve contemplar os discursos sociais que a compem, ou seja, aqueles

    manifestados em forma de textos diversos. Trata-se, assim, de fazer da aula de

    lngua estrangeira um espao de acesso a diversos discursos que circulam

    globalmente, para construir outros discursos alternativos que possam colaborar

    na luta poltica contra a hegemonia, pela diversidade, pela multiplicidade da

    experincia humana, e ao mesmo tempo, colaborar na incluso de grande

    parte dos brasileiros que esto excludos dos tipos de conhecimentos

    necessrios para a vida contempornea, estando entre eles os conhecimentos

    em lngua estrangeira (MOITA LOPES, 2003, p. 43).

    Cabe ao professor criar condies para que o aluno no seja um leitor

    ingnuo, mas que seja crtico e reaja aos textos com que se depare e entenda

    que por trs deles h um sujeito, uma histria, uma ideologia e valores

    particulares e prprios da comunidade em que est inserido. Da mesma forma,

    deve ser instigado a buscar respostas e solues aos seus questionamentos,

    necessidades e anseios relativos aprendizagem.Isso significa desenvolver

    pedagogicamente maneiras de construo de sentidos, de relao com os

    textos, no para extrair deles significados que supostamente estariam em sua

    estrutura, mas para comunicar-se com eles, para lhes conferir significao. Tal

    proposta de ensino se concretiza no trabalho com textos que envolvem anlise

    e crtica das relaes entre texto, lngua, poder, grupos sociais e prticas

    sociais. Refere-se s formas de olhar o texto escrito, visual, oral para

    questionar e desafiar as atitudes, os valores e as crenas a ele subjacentes.

    No se trata de privilegiar somente a prtica da leitura, visto que na interao

    com o texto pode haver uma complexa mistura da linguagem escrita, visual e

    oral. Numa concepo discursiva de lngua, as prticas (oralidade, escrita e

  • leitura) no so segmentadas, pois elas no se separam em situaes

    concretas de comunicao. Assim ser possvel fazer discusses orais sobre

    sua compreenso, bem como produzir textos orais, escritos e/ou visuais a partir

    do texto lido, integrando todas as prticas discursivas neste processo.

    A afirmao de FREIRE (1996) de que somos seres da transformao e

    no da adaptao nos remete ao livro A sombra desta mangueira (FREIRE, 2001), no qual o prprio Paulo Freire refora que O inacabamento sem

    conscincia dele engendra o adestramento e o cultivo. Animais so adestrados,

    plantas so cultivadas, homens e mulheres se educam (FREIRE, 2001).

    Portanto, a conscincia do inacabamento pode produzir adaptao mas

    tambm transformao.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    RESUMO: O presente artigo pretende refletir como o discurso da pedagogia crtica se apresenta no cotidiano do ensino de ingls. Com este estudo, se intensiona intensificar a discusso sobre a necessidade de uma prtica pedaggica adequada ao contexto em que estamos inseridos, questionando a ausncia de uma viso crtica acerca do papel do ingls no cotidiano escolar, ou na vida das pessoas da sociedade moderna. Anseia-se por uma pedagogia crtica emancipatria e transformadora que leve em considerao os aspectos polticos de se ensinar e aprender uma lngua mundial, apontando o desenvolvimento da conscincia cultural crtica como uma alternativa para atingir tal objetivo. Como suporte terico deste estudo foram usados autores como Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, Pennycook, Giroux, Hymes. Palavras-chave: Pedagogia Crtica, Ensino-Aprendizagem, Lngua Inglesa. ABSTRACT: This article aims to reflect how critical pedagogy discourse is presented in the daily English teaching. With this study, we have the intension to intensify the discussion about the need of an appropriate pedagogical practice to the context where we operate, questioning the absence of a critical vision about the role of English in daily school, or in people's lives in modern society. We desire to a critical pedagogy that promotes emancipates fellows and consider the political aspects of teaching and learning a world language, indicating the development of cultural awareness as a critical alternative to achieving that goal. As theoretical support of this study we considered authors as: Paulo Freire, Focault, Kramsch, Moita Lopes, PENNYCOOK, Giroux, Hymes. Key words: Critical Pedagogy, Teaching-Learning, English Language. O Brasil a terra de Paulo Freire, certamente um dos pensadores da pedagogia crtica. Paulo Freire a prpria encarnao do intelectual orgnico de que nos fala Gramsci (1971). Experimentando a violncia das oligarquias rurais remanescentes no nordeste brasileiro que tiram partido da ignorncia do povo, v na educao uma das formas de libertao. No incio da dcada de sessenta, Paulo Freire envolve-se no Movimento de Cultura Popular do Recife como coordenador do Projeto de Educao de Adultos. Como coordenador desse programa, v-se confrontado diretamente com o analfabetismo da regio. O nordeste , nessa poca, uma das regies mais pobres do pas com uma populao de 15 milhes de analfabetos entre os 25 milhes de habitantes. Alfabetizar essa populao coloca-se como um imperativo inadivel. Descarta, todavia, a hiptese de uma alfabetizao mecnica para pensar numa alfabetizao que tomasse o homem como sujeito do processo e no como paciente, numa alfabetizao que no condenasse homens, cansados por um dia de trabalho ou infelizes por um dia sem trabalho, a recitar lies que falam de Evas e uvas Eva viu a uva a quem no conhece e nunca comeu uva (Freire, 1982, p.104). O educador estabeleceu, a partir de sua convivncia com o povo, as bases de uma pedagogia onde tanto o educador como o educando, homens igualmente livres e crticos, aprendem no trabalho comum de tomada de conscincia da situao que vivem. Uma pedagogia que elimina pela raiz as relaes autoritrias, onde no h escola nem professor, mas crculos de cultura e um coordenador cuja tarefa essencial o dilogo. Diramos que para ele a pedagogia crtica tem um sentido existencial profundo. No sem razo que internacionalmente conhecido como o pedagogo dos oprimidos. Incansavelmente reafirma que a educao um ato poltico e no encar-la como tal permitir que ela reproduza a poltica das classes dominantes, perpetuando as desigualdades sociais. Pelas suas idias e prticas, Paulo Freire incomoda as elites tradicionais brasileiras, sistema este que favorece somente um grupo de pessoas. As elites so as classes mais cultas de uma sociedade. Nas sociedades tradicionais, eram constitudas pela aristocracia, da qual faziam parte, os nobres e grandes proprietrios. Nas sociedades industriais, elas se converteram em detentoras do saber tcnico, poltico e intelectual. No caso da educao, por exemplo, elitista quando s favorece a minoria ao acesso ao conhecimento podendo chegar universidade. Por assim pensar ele preso e depois expatriado, juntamente com outros intelectuais, pelo regime ditatorial instaurado com o Golpe Militar de 64. CONCLUSO