ARTETERAPIA

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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ARTETERAPIA ALQUIMY ART SÃO PAULO MARIA DAS GRAÇAS SILVA MORAIS ARTETERAPIA, AUTO-ESTIMA E O ENVELHECIMENTO.

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ARTETERAPIA

Transcript of ARTETERAPIA

  • UNIVERSIDADE POTIGUAR - UNP

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-

    GRADUAO LATO SENSO

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM ARTETERAPIA

    ALQUIMY ART SO PAULO

    MARIA DAS GRAAS SILVA MORAIS

    ARTETERAPIA, AUTO-ESTIMA E O ENVELHECIMENTO.

  • NATAL - RN

    ABRIL/2006.

    MARIA DAS GRAAS SILVA MORAIS

    ARTETERAPIA, AUTO-ESTIMA E O ENVELHECIMENTO.

    Monografia apresentada Universidade

    Potiguar-UNP e Alquimy Art, como parte

    dos requisitos para obteno do ttulo de

    Especialista em Arteteterapia.

    Orientadora: Profa.Maria dos Prazeres

    Pereira da Silva.

  • NATAL - RN

    ABRIL/2006

    Dedico este trabalho monogrfico ao grande mestre Senhor Jesus que me

    ama como filha, pois est sempre comigo nas horas mais difceis da

  • minha vida. A Deus, todo poderoso, todo meu amor, gratido e respeito.

    Maria de Jesus da Silva, amiga, ouvinte e confidente em todos os

    momentos de minha vida, quando eu mais preciso de dilogo e ajuda voc

    que me escuta, me acolhe e colabora comigo. A voc minha querida irm

    o respeito e gratido. A minhas trs filhas queridas e amadas: Maria

    Conceio, Clarissa Maria e Ana Claudia, que souberam entender nas

    horas de minha ausncia compreendendo com pacincia este momento,

    como tambm colaboraram comigo em meus trabalhos acadmicos. A

    vocs jias preciosas, o meu carinho, amor e afeto. A minha eterna me,

    pela dedicao, esforos, incentivos e cuidados, que me deu para estudar

    e crescer como cidad. minha saudosa me, Maria Conceio da Silva

    (In Memorian).

  • Hoje pergunte a si mesmo: como posso

    servir? e como posso sorrir?

    As respostas a essas perguntas permitiro

    ajudar a servir a seus semelhantes com

    amor, e auto- respeito.

    Dalai Lama

    AGRADECIMENTOS

    Ao meu grande e poderoso Deus, cuja presena me propiciou momentos

    inesquecveis, e v o seu poder maravilhoso no cantar dos pssaros, na flor que desabrocha, no

    riacho que corre, no ser que nasce. Agradeo o dom maravilhoso de viver, pois ests sempre

    renovando minhas foras para prosseguir na grande caminhada da vida.

    Um agradecimento muito especial a minha querida irm, Maria de Jesus, pela

    compreenso, colaborao e incentivo, porque se no fosse ela, eu no poderia ter continuado

    meus estudos e ter concludo mais um curso. As minhas amadas e queridas filhas, pela

    colaborao em meus trabalhos e pela compreenso. Por est muitas vezes longe delas para

    estudar, e elas entenderem, agradeo de corao.

    A grade mestra Dr. Cristina Dias Allessandrini, pela competncia, dedicao e

    carinho nas suas aulas, sempre estimulando e orientando sobre as questes da arteterapia,

    ensinando-me a despertar para um novo ser criativo, a ela minha admirao e gratido. A todos

    os professores e mestres do Alquimy Art, por novos conhecimentos sob uma nova forma de olhar

  • a vida e porque no dizer o mundo, o meu profundo agradecimento. A orientadora Maria dos

    Prazeres por sua capacidade, alegria e tranqilidade nos encontros de orientao, a minha

    gratido.

    As colegas do curso, pelos bons momentos vividos no decorrer desta trajetria. O meu

    respeito e reconhecimento a todos, aqueles e aquelas que colaboraram comigo direto ou

    indiretamente a tornar realidade este to esperado resultado.

    SUMRIO

    1. INTRODUO ................................................................................................................ 16

    2. A ARTETERAPIA:PROCESSOS CRIATIVOS E TERAPIAS EXPRESSIVAS .......... 20

    3. APRENDIZAGEM E AUTO-ESTIMA ........................................................................... 24

    3.1 A importncia da Auto-Estima ........................................................................................ 25

    3.2 Os Seis Pilares ou Razes da Auto-Estima ....................................................................... 26

    3.3 A imagem e o Relacionamento da Auto-Estima .............................................................. 28

    4. A ARTETERAPIA, A AUTO-ESTIMA E O IDOSO ..................................................... 29

    5. ENVELHECIMENTO E A MELHOR IDADE ............................................................... 33

    5.1 O que Envelhece com Rapidez o Ser Humano ................................................................. 35

    6. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO ............................................ 37

    7. BASES BIOLGICAS DO ENVELHECIMENTO ........................................................ 38

  • 8. PROGRAMAS PARA A TERCEIRA IDADE ................................................................ 45

    9. EXPERINCIAS VIVENCIADAS ATRAVS DE RELATOS COM IDOSAS ........... 50

    10. CONCLUSO .................................................................................................................. 51

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................... 54

    ANEXOS .................................................................................................................................. 58

    Anexo A .................................................................................................................................... 58

    Anexo B ....................................................................................................................................64

    RESUMO

    Este trabalho monogrfico tem como objetivo evidenciar o papel da arteterapia na re-construo

    da auto-estima do idoso.Pois quanto mais avanada a idade maior a dificuldade de mant-la. O

    Fazer Arte, no critrio arteteraputico, viabiliza o reflexo das tendncias culturais e o processo

    histrico do indivduo enquanto ser humano, e como membro de uma sociedade.O envelhecer

    para alguns de nossos idosos, um grande transtorno, uma fase de desconforto corporal, fsico,

    mental e emocional.No nosso pas na maioria das vezes sentir-se intil, estagnado, cheio de

    impedimentos e constrangimentos.A partir dessa realidade, a sociedade tem caminhado a passos

    lentos, com o objetivo de reverter tamanho desrespeito com aquele ou aquela que fez e continua

  • fazendo histria.Recentemente tm surgido iniciativas para mudar essa realidade.Esse trabalho

    vem mostrar como o idoso deve ser tratado e qual o seu verdadeiro papel, buscando-o,

    submetendo-o, e transformando-o em ser ativo, e com vida, atravs do processo criativo, dado

    pela possibilidade de realizar algo novo. A arteterapia atua como recursos multidisciplinares e

    criativos, e refere-se ao processo pelos quais os problemas, conflitos e acontecimentos pessoais e

    particulares, sejam entendidos a partir da compreenso dessa nova forma criada.O trabalho

    arteteraputico desenvolvido com idosos (a), passa a ser troca de experincias de forma ldica,

    com a finalidade de trabalhar suas emoes, desenvolvendo suas criatividades expressando seus

    sentimentos e emoes de forma livremente, pois o envelhecimento um processo artstico,

    transformador, ressignificante e natural, pois a auto-estima a confiana em nossa capacidade

    para pensar e enfrentar os desafios da vida.

    PALAVRAS CHAVE: Arteterapia, auto-estima e envelhecimento.

  • ABSTRACT

    This document monographic has as objective evidences the paper of the art therapy in the

    reverse-construction of the senior's self-esteem. Because the more advanced the larger age is the

    difficulty of maintaining her. "Doing Art", in the criterion arteterapeutic, it makes possible the

    reflex of the cultural tendencies and the individual's historical process while human being, and as

    member of a society. Aging for some of our seniors, it is a great upset, a phase of discomfort

    corporal, physical, mental and our emotions .No country most of the time is to feel useless,

    stagnated, full of impediments and to constrain. The to leave of that reality, the society has been

    walking to slow steps, with the objective of reverting size disrespect with that or that that did and

    it continues making history. Recently initiatives have been appearing to change that reality. That

    work comes to show as the senior should be treated and which his/her true role, looking for

  • him/it, submitting him/it, and transforming him/it in being active, and with life, through the

    creative process, given by the possibility of accomplishing "something new". The art therapy

    acts as resources multidisciplinary and creative, and he/she refers to the process for the which the

    problems, conflicts and personal and private events, be understood starting from that new form

    maid's understanding. The work arteteraputic developed with seniors (the), it passes the being

    change of experiences of form ludic, with the purpose of working their emotions, developing

    their creativities freely expressing their feelings and form emotions, because the aging is an

    artistic process, transformer, ressignificant and natural, because the self-esteem is the trust in our

    capacity to think and to face the challenges of the life.

    KEY WORDS: Art therapy, self-esteem and aging.

  • TRAJETRIA PESSOAL

    Trajetria: Linhas percorridas por um corpo em movimento

    (FERREIRA,1975).

    Maria das Graas Silva Morais.

    Nasci em Natal/RN, e fui morar no interior numa cidadezinha cujo nome Cear-Mirim.

    Quando criana e jovem passei a maior parte de minha existncia morando ali, numa rua sem

    pavimentao, simples e humilde, na cidade no existia energia eltrica. Morava com a minha

    me, minha irm, minhas tias e um primo, filho adotivo de minha tia, pois o meu pai deixou-nos

    logo cedo, fugindo de seus compromissos. E minha me, assumiu toda responsabilidade da

    famlia. Foi uma infncia sem muitas novidades, poucas lembranas boas.

    Mas, na minha infncia existe um sentimento que nunca esquecerei, lembro-me muito bem,

    guardo at hoje na memria, histrias e contos. Como naquela poca no possuamos televiso,

  • nossa diverso era escutar as histrias contadas por Domdom, uma senhora, contadora de

    histrias, esperta, curiosa, franzina, morena clara, cabelos grisalhos e presos.

    Este era o nome de uma saudosa senhora, onde eu e minha famlia morvamos prximo de sua

    casa. No sabamos o seu nome, todos a chamavam de Domdom. No sei de onde ela arranjava

    tantas histrias. Eu e a minha irm (Jesus), a famlia e demais coleguinhas daquela rua, como

    tambm os vizinhos, aps o jantar, ouviam a contadora de histria que vinha at a nossa casa com

    o seu cachimbo na boca, dando boas baforadas de caminho a fora.

    Toda a crianada a esperava feliz para ouvir aquela senhora contadora de histrias, pois na poca,

    para ns era um grande divertimento, portanto fazamos a festa.

    Minha me era costureira e minhas tias confeccionavam chapus de palha de carnaba e faziam

    bonecas de pano tambm, toda aquela platia ouvia deliciosas histrias.

    Eu ainda no estudava, as escolas eram muito poucas. Existiam mais as particulares (em casa),

    quem sabia ler, escrever e fazer as quatro operaes j podia ensinar. A minha primeira

    professora foi a minha me.

    Dos cinco aos sete anos os sistemas verbais imaginrios se integram. Durante o perodo as operaes concretas de oito a doze anos, o imaginrio adquire uma qualidade

    dinmica e acelerada. Neste estgio a criana pode manipular as imagens internamente

    com expresses dela, atravs de meios concretos mais afetiva recomenda-se alguma

    expresso at mesmo grfica. (SINGNER,1971).

    Portanto, de acordo com essas relaes, retorno a contao de histria por Domdom.

    As histrias eram contos de fadas imaginrias (de almas), e a nossa mente viajava, ficava no

    pice, o desenvolvimento das expresses eram inmeras, eu e que, quantos ali se encontravam,

    ficvamos to ligados no que aquela senhora passava-nos que, nem pestanejvamos, naquela

    salinha de cho batido.

  • Era um silncio total, crianas e adultos, todos sintonizados na vivncia daquele acontecimento

    histrico, era a descrio verbal baseada na introspeco, parecia que todos absorviam o

    momento, era o caminho percorrido pelo sujeito com bonitas histrias; a forma de expressar-se

    em meio a histria nestes momentos, haviam gostosas risadas, era a reproduo atravs dos

    gestos. E quando ela falava de almas, nossa! Eu ficava to encolhidinha no canto da parede

    parecia que queria ultrapassar a mesma. Mas quando as histrias eram de Branca de Neve,

    Gata Borralheira, Lobo-Homem e outras engraadas, a exploso de risos novamente tomava

    conta da sala, luz de lampio de gs.

    Contar histria uma arte, e ela, a arte, tem funo social e teraputica, desde o teatro grego, com nveis diversos de identificao, o pblico libera sentimentos e

    emoes. (PONTY, 2003, p. 12).

    Era o que acontecia comigo e aquele pblico que ouvia Domdom, contar suas travessas

    histrias. L para as tantas, todos os que estavam presentes iam deixar a saudosa contadora de

    histrias em sua casa, pois era perto da nossa. Era outro motivo de alegria, pois, eu, minha irm e

    minhas colegas amos brincando no caminho e quando era noite de lua melhor ainda. Estas e

    aquelas histrias se renovavam duas ou trs vezes por semana.

    Tambm nas noites de lua, brincava de roda, amarelinha, corrida, anel e outras, em frente a

    nossa casa. Era tudo muito legal, a inocncia da infncia reinava em cada uma de ns, no

    existia tantas maldades como hoje.

    Ao descrever tudo isto, parece que estou revivendo todos aqueles momentos agora.

    O imaginrio mental, segundo (Piaget e Inhelder, 1971) :

    Descrio verbal baseada na introspeco;

  • Desenhos mentais, feitos pelo prprio sujeito;

    A escolha do desenho (a histria) feito pelo sujeito;

    Produes atravs dos gestos.

    O imaginrio mental como algo ativo e imitao internalizada, eles postulam uma relao

    prxima, entre a imagem mental, gestos imitatrios e imagem grfica.

    As festas inesquecveis eram da: Padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceio, So

    Pedro e So Joo, minha me tinha o capricho de fazer lindos vestidinhos para mim e minha

    irm. Naquela poca as festas juninas, eram festejadas com bastante alegria e fogos de artifcio,

    lindos bales multicoloridos, o cu era como na msica: ... pintadinho de bales.

    Eu no me cansava de correr, aplaudir e criar canes com eles quando avistava no firmamento,

    eu e a garotada fazamos aquela festa.

    A grande contribuio de Freud filosofia da mente, est na compreenso de que o comportamento humano, no apenas uma estratgia para obter alimento, mas tambm

    uma linguagem, que todo o movimento ao mesmo tempo com gestos.O fenmeno

    visual de imagens seria, portanto um precursor obrigatrio da simbologia fontica verbal

    e esse fenmeno visual subsistem nas profundidades do inconsciente de onde pode

    emergir.

    (R. PEREIRA,1976. p.21).

  • Continuao da infncia, da adolescncia, e vida profissional.

    Fui crescendo com vrios objetivos na minha vida, sempre trabalhei desde criana com a

    minha famlia, com a vontade de transformar os smbolos em realidade, com a vontade de

    crescer... possuir... era enorme, e me questionava: Como vou chegar l? Como fazer? O

    tempo foi passando e este no espera por ningum e eu fui observando e me conscientizando

    que s com o estudo que isto poderia acontecer para a concluso de meus objetivos.

    No foi fcil, as barreiras, os grandes obstculos, tive que subir vrias ladeiras que foram as mais

    diversas possveis, mas mesmo assim, nunca desisti de meus ideais, caa, me levantava, batia a

    poeira e seguia.

    Quando fui para a escola pblica j estava com dez anos de idade, na poca no existia a

    exigncia de faixa etria.

    Estudei o primeiro e segundo ano na Escola Estadual General Joo Varela, que ficava prximo a

    minha casa. Em seguida cursei o terceiro e quarto ano no Colgio Santa gueda (colgio de

    freiras) na mesma cidade, que bom estudar ali! Sentia-me muito bem e importante.

    Continuei neste mesmo colgio e cursei o quinto e sexto ano, aps estes dois anos foi preciso me

    transferir para cursar o stimo e oitavo ano na Escola Noturna Baro do Rio Branco, que a

    noite passava a ser chamada: Normal Regional. Conclui minha primeira etapa hoje: (Ensino

    Fundamental).Foi a que iniciei a vida de estgios.

    Estagiei na mesma escola onde estudava no turno vespertino. A partir deste ltimo ano, o sol

    passou a brilhar sobre mim. Concludo o Normal Regional, logo me submeti ao primeiro

    concurso pblico em mil novecentos e setenta, para assumir a vaga de Regente do Ensino

    Primrio. Fui classificada e iniciei a trabalhar em Extremoz numa Pr-escola, na Escola

    Estadual Felipe Camaro, mas continuava morando em Cear-Mirim.

    Sentia a necessidade de cursar o magistrio, pois na minha cidade no existia tal curso.

  • No pensei duas vezes: Vim a Natal, fiz a minha matrcula na Escola Municipal Jos Ivo que

    funcionava no turno noturno.

    No foi to fcil, morava em Cear-Mirim, trabalhava em Extremoz e estudava em Natal.

    Isto sem contar com a enorme dificuldade para ir e vir ao trabalho.

    Chegava de Natal s 23:00h, tinha que estar pronta para apanhar o nibus s 3:00h da manh para

    chegar ao trabalho (Extremoz) s 6:00h para uma nova jornada que iniciava s 7:00h da manh.

    O tal nibus percorria todo vale at chegar no lugar desejado, fiquei nesta luta dois anos e seis

    meses. Em mil novecentos e setenta e dois me mudei definitivamente para morar em Natal, a fim

    de concluir o curso que havia comeado.

    Comecei a trabalhar no Instituto Ary Parreiras onde tanto desejava e foi ali que fiquei trabalhando

    durante treze anos.

    Em mil novecentos e setenta e nove fiz um novo concurso pblico para professora municipal de

    Natal, fui novamente classificada e imediatamente contratada. Em janeiro de mil novecentos e

    oitenta, iniciei a trabalhar na Escola Municipal Monsenhor Jos Alves Landim tambm numa

    Pr-escola, neste mesmo ano fui chamada para assumir uma vice-direo da Escola Municipal

    Professor Herly Parente onde no futuro passei a ocupar o cargo de gestora da mesma, onde

    administrei este estabelecimento por doze anos.

    Casei-me neste mesmo ano, mil novecentos e oitenta, j no tinha me nem as tias, s contava

    com a minha irm que at hoje a minha amiga leal.

    Tenho trs filhas maravilhosas: Conceio, Clarissa e Ana Claudia, aps o nascimento das trs

    voltei a estudar, pois a minha irm tomou conta das mesmas, porque eu trabalhava os dois

    expedientes e estudava a noite. Assim, ela se comprometeu com esta tarefa.

    Fiz vestibular para Teologia, classifiquei-me e comecei a estudar. O curso teve durao de

    quatro anos com aulas dirias. Conclu o curso deTeologia e aps alguns anos, fiz vestibular

  • novamente em dois mil, para o curso de Educao Artstica na UnP, pois o meu desejo era de

    fazer este curso de artes, fui classificada e conclu o mesmo com muitas dificuldades, houve a

    ruptura de tendo (trs ligamentos), no meu brao direito no ano de dois mil e trs j no momento

    de realizar os trabalhos conclusivos do curso, passei por interveno cirrgica, pois no dava para

    continuar do jeito que estava. Esta etapa foi muito difcil, concluir todo trabalho, projeto e

    estgio, a fim de receber o to almejado certificado.

    Com a graa de Deus, boa vontade e auto-estima, conclu tudo muito bem e ainda estava l no

    baile de formatura danando a valsa.

    Quando de repente apareceu a Dr. Professora Allessandrini. Veio Universidade falar sobre o

    curso de Especializao em Arteterapia, eu no me encontrava na sala porque estava de licena

    mdica, porm, as colegas me informaram e procurei novas informaes e novamente no pensei

    outra vez, fui logo reservando a vaga para o novo curso, novos conhecimentos, novas

    expectativas em arteterapia.

    No incio achei tudo muito estranho e pensava: Desisto? Continuo? Estou gastando dinheiro em

    vo? O que fazer Senhor? Pensei: eu nunca desisti daquilo que comeo, sempre quero ver o final,

    ento este mais um... E graas a Deus, no desisti, hoje vejo como proveitoso estudar

    arteterapia porque a primeira a ser beneficiada sou eu, depois so as outras pessoas, pude sentir

    estes efeitos no estgio, alm de ser prazeroso, benfico, estou muito feliz com isto, conclu o

    meu estgio no Educandrio Oswaldo Cruz, na Av. Hermes da Fonseca Natal/RN. Escolhi

    como tema para o projeto: A arteterapia e a Aprendizagem Escolar, e para a monografia:

    Arteterapia, Auto-estima e o Envelhecimento.

    Acho que um teste de pacincia que o Senhor Jesus faz comigo. O ano passado, dois mil e

    cinco, passei por interveno cirrgica e neste ano, em dois mil e seis tambm est previsto a

  • seguinte... Tudo isto no meio do calor dos trabalhos monogrficos, so coisas que no podem

    esperar, pois a sade est em primeiro lugar.

    Tudo bem, tudo isto passa, o meu objetivo maior trabalhar com aquelas pessoas que necessitam

    de muita ajuda, principalmente os idosos e os doentes hospitalizados, pois eles esperam por mim

    e pelos meus esforos.

    Diante de tantas, para finalizar a minha trajetria de vida, com coisas boas e alegres j estou

    matriculada no curso de canto coral da UFRN, para s assim, aprender melhor cantar e louvar o

    Senhor, pois j fazemos este trabalho na igreja do meu bairro, eu e minhas trs filhas.

    Confesso, estou realizada com o curso de arteterapia e com a ajuda de Deus e a minha auto-

    estima estou bem, agradeo a Deus e a Dr. Professora Allessandrini por ter esta iniciativa de

    trazer este curso para esta universidade.

  • 16

    1. INTRODUO

    Arteterapia o uso da arte com terapia para desenvolver e revelar o potencial de cada

    um. Todos tm alguma maneira de exercitar a arte passando a se ocupar com a sua eficincia e

    no com a deficincia que normalmente convive. Ela integra vrios conhecimentos como:

    educao, sade e arte, promovendo assim a transformao na pessoa facilitando o processo de

    criao e de exteriorizao de contedos intrnsecos. Promove a comunicao, aprendizagem,

    mobilizao, expresso, organizao, relao e outros objetivos teraputicos importantes, no

    sentindo de alcanar necessidades fsicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

    Na arteterapia a arte no est presa a questes de ordem esttica, tcnica ou comercial,

    ela simplesmente a manifestao do inconsciente, possibilitando ao terapeuta um conhecimento

    do indivduo sem uso da palavra. As modalidades mais usadas so: desenho, pintura, modelagem,

    recorte e colagem, gravura, construo, dramatizao, criao de personagens, uso da argila,

    tabuleiro de areia, escrita criativa, msica, dana e contao de histrias. Ela possibilita esse

    processo de individuao concretizando o auto-conhecimento e o desenvolvimento de potenciais

    latentes. Assim a pessoa adquire liberdade e autoconfiana, tornando-se capaz de superar seus

    prprios conflitos.

    A arteterapia resgata o potencial criativo do homem, buscando a psique saudvel e

    estimulando a autonomia e a transformao interna, para reestruturao do ser.

    Partindo do princpio, de que muitas vezes no se consegue falar de conflitos

    pessoais, a arteterapia possui recursos artsticos para que sejam projetados e analisados, todos

    esses processos, obtendo uma melhor compreenso de si mesmo, e podendo ser trabalhado no

    intuito de uma libertao emocional.

  • 17

    atravs da expresso artstica que o homem consegue colocar seu verdadeiro self

    da maneira mais pura e direta que possa existir.

    De acordo com o pensamento Junguiano, devem-se observar os sonhos, pois so

    criaes inconscientes que o consciente muitas vezes consegue captar, e que junto ao teraputa,

    pode-se buscar sua significao.

    Para Jung, a arte tem finalidade criativa, e a energia psquica consegue transforma-

    se em imagens atravs dos smbolos, colocar seus contedos mais internos e profundos. A arte

    desbloqueadora, aproxima a pessoa da sensao e da emoo, dando acesso aos contedos

    internos no explicados pela linguagem verbal.

    A arteterapia um processo teraputico desenvolvido no formato das oficinas

    criativas, que valoriza o mtodo atravs das descobertas no cotidiano. paltada no uso do

    processo criador de novas circunstncias. Alm de facilitar o processo em que a pessoa se

    reconhece, abre tambm espaos com compreenso cada vez maiores, para uma leitura cultural

    vivenciada com o mundo.

    A velhice um processo dinmico de modificaes internas, fsicas e emocionais, e

    em nossa cultura pouco feito em funo de promover o bem-estar e o equilbrio interno e

    afetivo-emocional do idoso. O idoso protegido por um direito social expresso na Constituio

    Federal atravs do Estatuto do Idoso, sancionado no dia 04 de janeiro de 1994.

    Sendo assim, desenvolveu-se o conceito de estgios da velhice, sobre o

    desenvolvimento do ser humano, com representao nos pontos crticos de mudana no ciclo

    vital desde o nascimento at o bito. Como principal tarefa do idoso foi definida a integridade do

  • 18

    ego versus a desesperana. A integridade do ego sugere uma aceitao do prprio estilo de vida,

    significa tambm ter o controle da prpria vida, uma vida com dignidade. Quando isto no ocorre

    pessoa idosa fica desesperanosa e insatisfeita com a prpria vida.

    As mudanas psicolgicas tais como problemas ocorridos no processo de cognio - a

    memria, ateno, concentrao, ocorrem no processo de envelhecimento, envolvem certas

    dinmicas, deterioraes patolgicas. Est inaugurada uma vulnerabilidade, fragilidade,

    debilitao do corpo, at ento inexistentes. H mudanas tambm no nvel scio-afetivo,

    dificultando o relacionamento do idoso com as demais pessoas que lhes cercam principalmente

    com os jovens. O seu ritmo interno no consegue acompanhar o ritmo externo das exigncias do

    mundo atual, que requer bastante rapidez e lucidez.

    O idoso possui menos jovialidade, porm um ser vivo, ativo que necessita realizar

    atividades. Sendo assim, muitas pessoas idosas continuam a aprender e a participar de

    experincias educacionais variadas. Temos como exemplo a UNATI (Universidade Aberta a

    Terceira Idade), localizada nas dependncias da UNP (Universidade Potiguar), que desenvolve

    atividades para os idosos. Na UNATI eles desfrutam de uma boa quantidade de cursos e

    atividades possibilitando assim, motivao e velocidade de desempenho e estado fsico, so

    fatores importantes que influenciam o aprendizado, mas salientamos que, esta oportunidade no

    se estende a todos os idosos, devido a situao econmica, haja vista que os cursos no so

    gratuitos.

    Este trabalho pretende mostrar como a arteterapia pode ser um instrumento de ajuda e

    alvio de sintomas vividos pelos idosos, envolvendo tambm a auto-estima, pois, na terceira

    idade, que so sentidas muitas dificuldades vividas pelo ser humano, principalmente, a

  • 19

    incapacidade. Com isso, procura-se enfatizar o carter de ajuda da arteterapia para as pessoas da

    terceira idade.

  • 20

    2. A ARTETERAPIA

    A arteterapia vem colaborando com diversos profissionais da educao, da sade, nas

    atividades de compreenso e elaborao de alguns dos contedos emocionais que, esto presentes

    em todas as situaes da vida, ganhando contornos singulares na velhice. Para Andrade (2000), a

    arteterapia oferece subsdios para que as pessoas desenvolvam, durante o processo, um olhar que

    permita a adoo de vrias posturas e a ressignificao da vida dedicando-se construo de uma

    existncia mais gratificante.

    A expresso artstica, dentre outras possibilidades, pode levar o indivduo de

    diferentes idades a se perceberem com mais propriedade no que diz respeito a si mesmo.

    Portanto, a arte aparece como capacidade que tem o homem de por em prtica uma

    idia, valendo-se da faculdade em dominar a matria, atividade que supe a criao de sensaes

    ou de estado de esprito, em geral de carter esttico, mas carregados de vivncias ntimas e

    profundas, podendo suscitar em outrem o desejo de renovar.

    Segundo padres e critrios socialmente estabelecidos, aprender, desde muito cedo a

    vontade de criar. Lentamente vamos nos afastando da criatividade, da sensibilidade, de acordo

    com o nosso crescimento, aceitando e provando o que o outro fala e se esta fosse a condio

    primeira para uma vida melhor, saudvel e criativa.

    Segundo o mesmo autor citado, necessita-se fazer uma ampla pesquisa que resgate o

    surgimento e a evoluo da arteterapia no Brasil e no mundo. Este mesmo autor explica que foi

    no final do sculo XIX que surgiram as primeiras pesquisas relacionando arte e psiquiatria;

    alguns profissionais como mdicos e advogados comearam a observar o comportamento de seus

  • 21

    clientes com relao aos desenhos e pinturas que apresentavam. No incio do sculo XX, Freud

    escreveu sobre artistas e suas obras, analisando-os luz da teoria psicanaltica. Na dcada de XX

    Jung comeou a usar a arte como parte do tratamento, solicitando de seus clientes a representao

    de seus sonhos e situaes conflitivas em forma de desenhos.

    Para Andrade (2000), a arteterapia est se expandindo para alm do contexto

    psiquitrico, fazendo-se presente em consultrios, hospitais, empresas, escolas e demais

    organizaes.

    De acordo com Allessandrini (2000), criatividade observar e reconhecer

    absolutamente o sentido da vida. Em tempo de turbulncia como e o que vivemos hoje, natural

    que o ato de criar seja objeto de estudo e destaque das cincias. Precisamos desfrutar sua

    presena no cotidiano que nos convida a agir, cada momento, com alegria e entusiasmo, mas

    tambm com pertinncia e competncia. O mundo em constantes mudanas convida o homem a

    evocar seu potencial criativo em situaes pessoais e profissionais da vida. aprender a ser e a

    sentir criativamente o caminho a seguir.

    Assim sendo, as dimenses de tempo, de espaos, hoje, demandam uma agilizao

    dos movimentos mentais para uma agilizao contnua de seus esquemas de compreenso e

    elaborao de contedos os quais dinamizam as relaes entre o homem e todas as formas

    criativas. Considera-se a capacidade criativa como competncia fundamentalmente a ser

    desenvolvida e aprimorada, a cada momento de nossa vida.

    Segundo a mesma autora, a criatividade bsica para uma sobrevivncia digna,

    sustentvel e significativa nos desafios e desejos, submetendo o nosso ser interior reflexo

    ampla para torn-los real.

  • 22

    De acordo com Andrade (2000), na histria da humanidade conhecido o valor das

    mais variadas expresses artsticas. A arte tem uma funo simblica, criando substituto da

    vida, sem nunca ser descrio do real. Permite ao homem expressar e perceber significados

    atribudos vida, na constante busca de equilbrio, com o meio circundante, havendo uma

    profunda relao com o meio exterior e interior. A arte revela o homem no mundo.

    Na maioria das vezes exerce uma funo inteligente de aproximar-se do mistrio e ser

    veculo dele, em outras ocasies como uma realidade com o poder de criticidade de aspectos com

    grande variedade na vida. Por meio dela, o homem pode unir o seu eu limitado e individual a

    uma existncia coletiva possibilitando apoderar-se das experincias do outro, essa revelao tem

    como responsvel a arte. Ela originada da magia, da religio e da cincia, que esto integrados

    no mesmo contexto cultural e artstico. Com o desenvolvimento da civilizao ocidental vo se

    diferenciando em campos especficos do conhecimento.

    Alm da funo social, a arte tem funo teraputica, desde o teatro grego, com nveis

    diversos de identificaes, tambm em uma participao de um espetculo artstico, o indivduo

    pode se beneficiar teraputicamente do mesmo. A arte existe para o homem conhecer e

    transformar o mundo situa-se tanto quanto a envolve em seu inerente fator de energia.

    Percebe-se que o simples ato de riscar no papel tem um sentido, e descobre em meus desenhos, algumas verdades que o meu pensamento discursivo tinha sido incapaz de

    captar. Era como se fosse tecendo para mim, em fios, muitos fios a prpria trama do

    simblico.

    (PEREIRA, 1976, p.9).

  • 23

    Esta pesquisa mostra o conjunto de diversas maneiras e psicoterapia de se utilizar recursos

    de artes plsticas e outras expresses tais como: movimento dana, expresses corporais diversas,

    dramatizaes, escritas, entre outros recursos. necessrio diferenciar tambm os diversos usos

    conceituais que determinam tcnicas e teorias, das tcnicas das terapias que usam recursos

    artsticos com fins teraputicos, desde a terapia ocupacional, onde a maioria delas originou-se, at

    mesmo de sofisticadas aplicaes em diagnsticos em arteterapia e terapias expressivas e arte-

    educadoras.

    A expressividade ou arte possa a ser um instrumento tcnico conceptual de um

    mtodo de trabalho ao combinar ou fazer arte e expressar-se o uso de materiais plsticos e outras

    formas de expresso a um objetivo educacional ou teraputico. Para Andrade (2000), as artes

    terapias e as terapias expressivas procuram juntar essas duas atividades, ou seja, o fazer arte

    enquanto expresso humana e o fazer terapia. Pressupe que a expresso artstica revela a

    interioridade do homem, a fala do mundo de ser viso de cada um do seu mundo. Este ato revela

    um suposto sentido e, com teoria e mtodo em arteterapia e terapia expressiva se apodera deste

    ato diferentemente. Por intermdio desse fazer arte, expressa-se o terapeuta e pode estabelecer

    um contato com o cliente possibilitando a este ltimo, o auto-conhecimento a resoluo de

    conflitos pessoais de relacionamento e desenvolvimento geral.

  • 24

    3. APRENDIZAGEM E AUTO-ESTIMA

    Para se trabalhar a auto-estima, necessrio falar um pouco sobre criar e aprender.

    Criar: dar existncia, gerar, formar. Aprender: pressupe mudana, abstrao.

    (ALLLESSANDRINI, 1994).

    Ento, quando a aprendizagem ocorre, h modificao na estrutura interna do

    indivduo, a se efetiva a condio do novo presente no fazer de fato. Aprende-se quando

    adquirimos conhecimento. A aprendizagem ocorre em um sistema de fases inter-relacionadas

    que impe um processo complexo. Na maioria das vezes, no possvel observ-la enquanto se

    processa, mas apenas quando ela j se concretizou. A aprendizagem um processo oculto que

    ocorre dentro do indivduo. O homem abstrai a partir do seu prprio fazer, a incorpora novos

    conceitos e pode retrat-las. A conduta cognitiva do ser humano diante de uma situao nova,

    organizada no tempo, e no espao pode permitir que seu procedimento seja antecipado em busca

    de seu objetivo.

    Por isto, a auto-estima de acordo com Souza (2003) apud Miceli (2003), a vivncia

    de sentirmos e sermos apropriados vida, estando de bem com ela, o nosso senso de dignidade

    pessoal, originando-se das idias, sensaes e experincias que reunimos a respeito de ns

    mesmos durante a vida. O autoconceito se desenvolve desde muito cedo na relao entre o

    indivduo e os outros

    A teoria de Piaget segundo Wadsworth (2002) ao mesmo tempo compreensiva e til

    a todos. Ela oferece uma forma alternativa de se compreender o comportamento e o

    desenvolvimento humano, para aqueles interessados em educao e psicologia. Sem auto-estima,

  • 25

    dificilmente as pessoas enfrentaro seus aspectos mais desfavorveis e as eventuais

    manifestaes externas. A pessoa com auto-conceito positivo parece mais afetiva, tem facilidade

    em fazer amizade, tem senso de humor, participa de discusses e projetos, sabe melhor lidar com

    o erro, sente prazer por contribuir e mais feliz, confiante, alegre e ativa, um ser positivo.

    A auto-estima tem dois componentes: o sentimento de competncia pessoal e o sentimento de valor pessoal. Ou: a auto-estima a soma de auto-confiana, com auto-

    respeito. Ela reflete o julgamento implcito da nossa capacidade de lidar com os desafios

    da vida e o direito de ser feliz.

    (BRANDEN, 1997, p.43).

    3.1 A IMPORTNCIA DA AUTO-ESTIMA

    A auto-estima est presente em tudo que fazemos, da entrevista ao emprego, ao desconto

    em uma loja, de uma conquista amorosa aceitao de novos desafios. Num mundo competitivo

    em que vivemos tem enorme valor de sobrevivncia, sendo uma necessidade humana, essencial

    para o desenvolvimento psicolgico adequado. , ao mesmo tempo ingrediente fundamental do

    sucesso e, quando inadequada, componente de praticamente todos os quadros psicopatolgicos.

    Da depresso ao uso de droga, da anorexia e bulimia obesidade, da timidez ao medo do sucesso,

  • 26

    do fracasso dos relacionamentos ao insucesso acadmico e profissional. Dizemos que a auto-

    estima adequada funciona como o sistema imunolgico da mente.

    Quanto maior a nossa auto-estima mais bem equipados estaremos para lidar com os desafios e dificuldades da vida: quanto mais flexveis formos mais resistiremos presso

    de sucumbir os desesperos e derrotas que a vida nos impe.

    (BRANDEN, 1997, p.11).

    3.2 OS SEIS PILLARES OU RAZES DA AUTO-ESTIMA

    A auto-estima dividida em seis pilares ou razes segundo Branden (1997):

    1. A prtica de viver conscientemente seria o primeiro pilar da auto-estima. Dessa forma temos

    que observar a rea em que nossa vida funciona com menos transtornos, alguns tendo mais

    conscincia de suas necessidades bsicas priorizando a necessidade que deve estar em funo da

    posio que nos encontramos, nossas evolues globais e tambm dos nossos objetivos

    circunstanciais.

    2. A prtica da auto-aceitao o segundo pilar da auto-estima, porque ela a pr-condio para

    mudanas, crescimento e evoluo lutando contra os bloqueios. A aceitao do eu como ele ,

    evitar que nos comportemos como se estivssemos sendo julgados, assim sendo, no estaremos

    sempre na defensiva e conseguiremos ouvir crticas ou idias diferentes sem nos tornarmos hostis

    ou competitivos.

    3. A prtica da responsabilidade o terceiro pilar da auto-estima, ns mesmos somos

    responsveis e cumpridores por nossos atos e aes, no devemos esperar que o outro faa

    alguma coisa por ns, cumprimento do dever e responsabilidade de cada indivduo.

  • 27

    4. A prtica da auto-afirmao o quarto pilar da auto-estima, afirmar a si mesmo quer dizer ser

    autntico nas relaes interpessoais, respeitar os prprios valores e os dos outros, estar disposto

    a defender a si mesmo e suas idias de forma apropriada e circunstancial.

    5. A prtica de vivenciar intencionalmente ou subjetivamente o quinto pilar da auto-estima; o

    cumprimento da responsabilidade tomando as iniciativas para atingir os objetivos em que

    vivemos tambm intencionalmente ou subjetivamente.

    6. A prtica da integridade pessoal o sexto pilar da auto-estima, como viver com preciso com

    nossos conhecimentos, palavras e atos, falar a verdade, honrar os compromissos tratar outras

    pessoas de forma justa e benevolente.

    Quando nos comportamos de forma conflitante, como julgamento apropriado,

    perdemos o respeito por ns mesmos, tramos nossos valores, nossa mente e a auto-estima

    inevitavelmente prejudicada. Se a quebra da integridade fere a auto-estima, s a mesma prtica

    da integridade poder cur-la.

    O homem cria, no apenas porque quer, ou porque gosta, e sim porque precisa; ele s pode crescer, enquanto ser humano, coerente, ordenando, dando forma, criando. Ele (o

    homem), ser um ser consciente e sensvel em qualquer contexto cultural.

    (ALLESANDRINI, 2004, p.10 - 11).

  • 28

    3.3 A IMAGEM E O RELACIONAMENTO DA AUTO-ESTIMA

    Segundo Adler (2005), a percepo de si mesmo dentro do agir um aspecto relevante

    que distingue a criatividade humana. Portanto, precisa-se da auto-estima para fortalecer,

    energizar, inspirar e motivar a buscar resultados, proporcionando prazer, satisfaes decorrentes

    de realizaes e conquistas.

    Observa-se hoje mais do que nunca. Tal necessidade psicolgica tambm se tornou

    uma necessidade econmica, um requisito para a adaptao em um mundo cada vez mais

    complexo, desafiador e competitivo. Quando positiva, a auto-estima funciona como se fosse o

    sistema imunolgico da conscincia, fornecendo resistncias, foras e capacidade de regenerao.

    Ao contrrio, quando esta negativa, a resistncia diante da vida e de suas

    adversidades diminui. Neste caso, o sujeito se v em deteriorizao frente aos obstculos e

    frustraes que poderia superar, caso tivesse uma percepo mais clara dele mesmo.

    De acordo com Id.Ibid, quanto mais alta for auto-estima, mais aberta, honesta e

    adequada ser nossa comunicao, porque acreditamos e valorizamos nossas opinies. A clareza

    apreciada e no temida. Entretanto, quanto mais baixa for auto-estima, mais nebulosa, evasiva

    e imprpria ser a comunicao, devido incerteza quanto aos prprios pensamentos,

    sentimentos e ansiedade diante da reao do outro. Quem tem auto-estima elevada est mais

    predisposto, a estabelecer relacionamentos saudveis de modo que o alimento, no o intoxique.

  • 29

    4. A ARTETERAPIA, A AUTO-ESTIMA E O IDOSO

    Segundo Novaes (2004), um dos fatores que favorece nossa existncia pode ser a

    participao na produo e re-constituio da conscincia. Um deles o auto-respeito, que

    significa ter certeza de nossos valores, como uma atitude afirmativa diante de nossos direitos de

    viver e ser feliz, a sensao de conforto ao reafirmar de maneira apropriada os nossos

    pensamentos, as nossas vontades, as necessidades, o sentimento de que a alegria o direito

    natural de todos por termos sido criados e existirmos no mundo. A continuidade na fase da vida

    em que conquistamos a concretizao do raciocnio abstrato, fazendo associaes de

    representaes inacessveis.

    A insero de idosos em grupos de arteterapia cria e oportuniza o relacionamento e

    desenvolve atitudes que propicia o resgate de sua auto-estima, da descoberta de potencialidades

    ocultas, da liberao da emoo, objetivando sua valorizao perante si mesmo, aos olhos da

    sociedade e da famlia como um ser produtivo e cidado (a), pois, a prtica da arteterapia oferece

    condies teraputicas deixando reconstruir seus equilbrios emocionais, tentando reencontrar sua

    prpria expresso lingstica ao liberar as emoes e sentimentos. Portanto, o objetivo da

    arteterapia restabelecer, melhorar, equilibrar e qualificar o sistema de vida de cada indivduo.

  • 30

    Segundo o pensamento de Beauvoir (1978), para a melhor idade o processo

    teraputico, visa mudanas psquicas e comportamentais, colaborando com aqueles que no

    tiveram a oportunidade de se prepararem para enfrentar esta fase da vida.

    A auto-estima e o prazer de viver a convivncia social so resultados pretendidos com os

    recursos expressivos como: a modelagem (no barro, massinhas), a pintura, o desenho, a msica, a

    dana entre outros recursos que podero restabelecer e fortalecer a mente do idoso (a) e continuar

    a ser um bom produtor de seus prprios esforos e trabalhos.

    A problemtica do idoso na conjuntura social atualmente muito discutida e

    problematizada por conta de vrios fatores, principalmente o econmico.

    Os pases desenvolvidos e em desenvolvimento tiveram um considervel aumento da

    populao idosa, isto porque, houve a diminuio nos ndices de mortalidade e como tambm a

    reduo das taxas de natalidade.

    No Brasil a situao a mesma. A grande parte dessa populao possui uma qualidade

    de vida porque houve nas suas vidas a aposentadoria, se afastaram do convvio social, no se

    integrando em grupos de sua referncia, os familiares na maioria das vezes usam da negligncia

    para com eles ou elas no dando a ateno necessria, e no utilizam atividades que venham

    motiv-los, que os estimulem, dessa forma, o funcionamento fsico e mental. Na maioria das vezes

    ou sempre, o idoso torna-se intil, ocioso, melanclico, baixa a auto-estima, desenvolvendo vrias

    patologias que vo progressivamente limitando e debilitando o seu desempenho fsico e psquico

    restringindo sua autonomia e seus nveis de conscincia, e aos poucos acelerando o bito.

  • 31

    Segundo Novaes (2004), desta forma acontece o grave problema social pelos altos

    custos designados ateno mdico-hospitalar. As famlias mais abastadas, ou idosos com a renda

    prpria, podem encontrar o lugar para deixar seu idoso ou morar com conforto e at luxo, algumas

    vezes, mas com a mesma apatia, tristeza e incoerncia dos asilos, abrigos ou instituies. A

    barreira que as instituies em geral colocam entre o internado e o mundo externo,assinala a

    primeira mutilao do eu.

    De acordo com Smeltzer e Bare (2002, p. 101), a excluso do processo produtivo leva

    a uma marginalizao maior na velhice, mais da metade dos idosos chegam a bito antes de

    completar um ano de admisso, nos asilos. O destino destes sobreviventes pode ser resumido em

    poucas palavras num grande nmero de casos: abandono, segregao, decadncia, demncia e

    morte.

    De acordo com Beauvoir (1978), nestas instituies o regulamento muito severo e

    possuem rgidas rotinas, deve-se levantar e deitar-se muito cedo. Cortado de todo seu passado e do

    seu ambiente, vestindo muitas vezes uniformes que no so do seu agrado, o idoso se sente

    despersonalizado, reduzido at a um nmero. As visitas so raras e em alguns casos no

    acontecem nunca.

    Dessa forma o grupo economicamente inativo detm a perda de seus direitos sociais.

    Em todo mundo, esta situao tem inspirado medidas e aes sociais que visam melhorar a vida

    desses idosos. A melhor idade transforma-se em fonte de pesquisas, como tambm so exploradas

    por agncias de viagens, companhias de turismo, clnicas mdicas, centros de beleza, entre outros.

    Em nosso pas, esses empreendimentos iniciais, so acessveis a menor parte da

    populao, com poder aquisitivo melhorado financeiramente, enquanto a maioria dos idosos

  • 32

    continua abandonada nos asilos ou mesmo em casa, sem nenhuma dessas assistncias, pois no

    interior dos asilos aceleram-se todos os processos patolgicos a que est sujeita a velhice. O idoso

    por morar com a famlia no significa que est bem acolhido, na maioria das vezes convivem com

    a famlia e vivem abandonados, por falta de ateno, carinho e compreenso.

    Estudos comprovaram que em simples atividades de lazer e recreao com baixo custo,

    a realizao dessas atividades permite ao idoso uma melhora bem significativa em seus quadros

    clnicos, desta forma prevenindo o desenvolvimento de outras patologias mais graves, elevando a

    afetividade com sua prpria existncia e aumentando a expectativa de vida.

    A arte, como instrumento facilitador e mediador atravs da arteterapia direcionam e

    sensibilizam principalmente a um resultado satisfatrio nas expresses, emoes e sentimentos

    como tambm o crescimento da auto-valorizao, auto-respeito do eu, atravs do

    reconhecimento externo do seu potencial criativo. sbia e seguramente uma das tcnicas mais

    ricas e eficazes entre as atividades ldicas, possibilitando a concentrao da conscincia em

    atividades que lhes venham dar prazer.

  • 33

    5. ENVELHECIMENTO E A MELHOR IDADE

    Para Novaes (2004, p.24), Envelhecer no seguir um caminho j traado, mas pelo

    contrrio, constru-lo permanentemente.De acordo com a revista poca (2004, n 340-25/11),

    segundo pesquisas, 30% da populao mundial, ter de vez em quando, algum tipo de transtorno

    mental. Estes transtornos ligados famlia da ansiedade ou da depresso, onde os mais comuns

    so: fobias 24%, depresso 17%, distinia 6%, ansiedade generalizada 5% , promovem em parte

    dos pacientes distrbios simultneos, com o avano da idade. Observase a leve diminuio do

    volume de determinadas estruturas enceflicas causando transtornos obsessivos compulsivos e

    depressivos. Estas alteraes no crebro provocam o mal de Alzheimer.

    Em 1950, eram cerca de 204 milhes de idosos no mundo e, j em 1998, quase cinco

    dcadas, esse contingente alcanava 579 milhes de pessoas, um crescimento de quase 8 milhes

    de idosos por ano. De acordo com as projees estatsticas, em 2050, a populao de idosos ser

    de 1,9 bilho de pessoas, montante equivalente populao infantil de 0 a 14 anos de idade, ou

    um quinto da populao mundial. Uma das explicaes o aumento desde 1950, de 19 anos na

    esperana de vida ao nascer em todo o mundo. Os nmeros mostram que, atualmente, uma em

    cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais, e, para cinco em todo o mundo.

    O rpido crescimento da populao de idosos no Brasil causa um, grande impacto em

    toda sociedade, principalmente nos sistemas de sade. Os sistemas de sade, no se encontram

    estruturados para a atender demanda pelo envelhecimento populacional: taxas de internao

    bem mais elevadas, comparadas a outro grupo etrio.

    O avano da cincia conseguiu identificar o funcionamento cerebral nos transtornos,

    mas nada dizem sobre as causas para estabelec-las precisando investigar a hereditariedade e os

  • 34

    eventos da vida de cada individuo. Portanto, a importncia de integrar a gentica, a psiquiatria e o

    estudo dos fatores psicossociais com psiclogos e mdicos, tentam encontrar o caminho para o

    equilbrio mental combinando terapias e medicamentos: a nova era, prova a tal plula da

    felicidade, hoje uma utopia, como tambm o tratamento psicanaltico que caro, demorado e

    no oferece garantia de cura.

    Portanto, a parceria cada vez mais estreita entre psiquiatria e psicologia. Juntas

    oferecem vitalidade, fora para equilibrar-se num mundo to desequilibrado.

    Ento, para trabalharmos o oposto da depresso, no encontramos a felicidade e sim,

    maneiras de proporcionar a nossa clientela a vitalidade, atravs da arteterapia, o princpio do

    prazer, de estar vivo e viver o momento com dignidade, manter a cabea ativa e turbinar a sade,

    cultivar a auto-estima e saber como enfrentar os problemas do dia-a-dia.

    Manter a longevidade funcional que nada mais , que a manuteno na velhice da

    capacidade de realizar as tarefas dos dias que se seguem sem precisar de tanta ajuda. Desta forma,

    o indivduo pode se considerar saudvel mesmo com as patologias crnicas.

    O diferencial est no grau de independncia, desfrutado por ele. Nenhuma patologia

    crnica influenciou tanto a mortalidade como a perda de funes (mentais ou fsicas).

    Com a revoluo da melhor idade, os idosos esto vivendo mais, ampliando a sua vida

    social, amorosa (namoro), trabalhos, divertimentos (danas, cinemas e o ldico) como tambm o

    consumo.

    Sendo assim, calcula-se que por volta de 2050, pela primeira vez na histria da

    humanidade, o nmero de idosos no planeta ser igual ao de crianas, por isto, necessrio que

  • 35

    haja, um ajuste na sociedade a essa nova situao: o surgimento da quarta idade com pessoas

    acima dos oitenta anos. Para Fabietti, a velhice deveria ser o momento da vida em que o indivduo

    estaria com a mente e o corao mais aberto sociedade em geral. Contudo, a condio da

    velhice, implica em conhecer, analisar a circunstncia em que se encontra o velho na sociedade.

    Termos como: velhice, idoso e terceira idade foram atribudos com o intuito de modificar os

    meios de atendimento e reconhecimento pessoa idosa.

    Atravs da arteterapia, podemos criar mecanismos para tornar essa opo mais

    dinmica, auxiliando a dieta e a atividade fsica, ajudando a manter o estmulo intelectual, seja por

    meio da leitura, cantos e contos e, outros recursos que venham a subsidiar estes indivduos. Os

    aprendizados atravs de coisas novas, atividades criativas so gratificantes para a mente e alma,

    muito importante para preservar a sade cerebral.

    5.1 O QUE ENVELHECE COM RAPIDEZ O SER HUMANO

    O tipo de vida que a vida lhe imprime mente negativa, deprimida, triste, doentia,

    ressentida, infeliz, desgastada, tensa, preocupada, amedrontada, injusta, decepcionada, angustiada,

    perturbada e alterada. Sabemos que a harmonia do corpo altera o funcionamento, a cada

    procedimento negativo, fustiga algum dos rgos.

    A funo biolgica geral no organismo, a necessidade de preveno para viver bem, as

    situaes mentais negativas geram tenses, hipertenses, se muito repetitivas abatem as energias,

    gerando estresse e exausto, deixando que o organismo entre em desgastes. O resultado ser dos

    piores, o esgotamento fsico e a insuficincia imunolgica abrem caminhos para as patologias e

  • 36

    enfermidades, este o seguimento do envelhecimento. Poucas so as pessoas que entende o meio

    do rejuvenescimento, pois preciso descarregar esse fardo.

    As modalidades de cada dia libertam-se do passado atravs do perdo, que no

    coisa muito fcil. Segundo o Dr. Benie Siegel, o riso e a alegria levam o crebro a liberar

    endorfina, que alivia as dores profundas e causam bem-estar, as quais aes so fortes perenes de

    energia que rejuvenesce. Mente Positiva e harmonizada gera energia vital. Segundo o general

    Mac Arthur: No por termos vivido um certo nmero de anos que envelhecemos...

    Envelhecemos porque desistimos dos nossos ideais.(Revista Veja: 2005- pg. 12). A ausncia do

    sentimento de potencia, a ausncia do sentimento de auto-estima.

    Com a auto-estima elevada, mais provvel que consigamos persistir diante das

    dificuldades. Com a auto-estima baixa mais provvel que desistamos ou faamos o que tem que

    ser feito, sem dar de fato o melhor de ns. As pesquisas mostram que os indivduos com auto-

    estima alta persistem nas tarefas em tempo significativamente maior do que os indivduos com

    auto-estima baixa.

    No Brasil, onde poucas alternativas de apoio formal so oferecidas, o amparo dado

    pela famlia de fundamental importncia. Dados do IBGE (2000) mostram que a maioria dos

    idosos permanecem em domiclios. Os servios institucionais so responsveis por 10% desta

    populao. Os domiclios no Brasil, sendo hoje 54,1%. O fato de no Brasil a famlia ser a grande

    responsvel pelos cuidados do idoso o domiciliado deve-se a uma srie de fatores, como a tradio

    cultural de manter o idoso em casa. De acordo com o Estatuto do Idoso: Art.37 (da habitao).

  • 37

    6. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO

    Segundo as autoras Smeltzer e Bare (2002), psicologicamente, o envelhecimento bem

    sucedido reflete-se na capacidade da pessoa idosa em adaptar-se s perdas fsicas, sociais,

    emocionais e de conseguir contentamento, serenidade e satisfaes na vida.

    Como as mudanas nos padres de vida so inevitveis ao longo da existncia pessoa

    idosa necessita das habilidades de flexibilidade e enfrentamento quando se encontra com estresses

    e mudanas. Uma auto-imagem positiva estimula a aceitao do risco e a participao em novas e

    desconhecidas satisfaes. Embora, as atitudes em relao s pessoas idosas sejam diferentes nas

    sub-culturas tnicas, o tema sutil do idosismo, prejuzo ou descriminao das pessoas idosas -

    predomina em nossa sociedade.

    Freqentemente, baseiam-se em esteretipos, crenas reducionistas, quase sempre

    inverdicas, que reforam a imagem negativa da pessoa idosa para a sociedade. As pessoas idosas

    constituem um grupo bastante heterogneo, embora os esteretipos negativos sejam atribudos a

    todos os integrantes.

    O medo do envelhecimento e a incapacidade de muitos de se confrontarem com o seu

    prprio processo de envelhecimento podem deflagrar as crenas idosistas. A aposentadoria e a

    no percepo da no-produtividade tambm so responsveis por sentimentos negativos. Se os

    idosos forem tratados com dignidade e encorajados a manter sua autonomia, a qualidade de suas

    vidas ir melhorar.

  • 38

    7. BASES BIOLGICAS DO ENVELHECIMENTO

    Para este item as palavras-chave so: demncia, memria, transtornos cognitivos,

    medicina familiar e cuidadores. Um fato de grande importncia na epidemiologia da populao

    idosa a presena de incapacidades funcionais. Considerando-se um alto ndice de doenas

    crnicasdegenerativas neste seguimento populacional 85% dos idosos apresentaram pelo menos

    uma doena crnica. Para analisar melhor o estado de sade do idoso, preciso esquecer um

    pouco o conceito de estado de sade ou ausncia de doenas, assim utiliza-se capacidade

    funcional como parmetro.

    A rea de sade, e a capacidade funcional do idoso so os principais indicativos da

    qualidade de vida do mesmo. Aps os 64 anos de idade a prevalncia cerca de 5% a 10%, e a

    incidncia anual de cerca de 1 a 2 anos aps os 75 anos de idade para 15% a 20% e 2% a 4%

    respectivamente. De acordo com a literatura, a prevalncia das demncias muda a 1,4% dos

    indivduos entre 65 a 69 anos para 20,8% daqueles entre 85 a 89 anos, chegando a alcanar

    aproximadamente 38,6% daqueles entre 90 a 95 anos.

    A demncia um smbolo, ou seja, um grupo de sinais e sintomas que formam um

    conjunto e que podem ser causados por uma srie de doenas subjacentes relacionadas perda

    neuronais e danos estrutura cerebral. O padro central da demncia o prejuzo da memria.

    Alm disso, a sndrome demencial inclui um dos seguintes prejuzos cognitivos como: Afazia

    (que o prejuzo na linguagem secundaria a ruptura da funo cerebral). Apraxia (consiste nas

    incapacidades de realizar atividades motoras complexas, apesar da atividade motora intacta).

    Agonosia (so falhas em reconhecer ou identificar objetos apesar de funes sensoriais

  • 39

    intactas, perturbaes nas funes de execuo como planejamentos, organizaes seqenciais e

    abstrao).

    De acordo com Forlenza e Caramelli (2002) apud Smeltzer e Bare (2002), a

    ocorrncia de transtornos demenciais aumenta exponencialmente com a idade dobrando

    aproximadamente a cada 5,1 anos a partir dos 60 anos de idade, uns desses prejuzos cognitivos

    geram prejuzos significativos tambm no funcionamento (das capacidades funcionais e sociais, o

    que representam um declnio significativo em relao a um nvel anteriormente superior de seus

    funcionamentos vitais). Afirmam tambm, que o desempenho nas atividades da vida diria

    amplamente aceito e reconhecido, permite aos profissionais uma vivncia mais precisa quanto

    gravidade das patologias e suas seguintes seqelas. Os vrios tipos de demncias surgem com

    ocorrncia destacada entre as doenas crnico-degenerativas, devido principalmente ao seu alto

    grau de comprometimento com a incapacidade funcional.

    Segundo Groisman (2002) apud Reunio da Associao Brasileira de Antropologia

    (1998) a pessoa por se tornar progressivamente dependente, os transtornos demenciais podem

    provocar grande sofrimento tanto para os pacientes quanto para seus familiares que so obrigados

    a se organizarem para viabilizarem os cuidados pessoa que adoece e torna-se dependente.

    Na maioria dos idosos a ausncia da auto-estima j se tornou normal, pois traz alguns

    transtornos no sentido de que gera a necessidade para eleger outras pessoas para cuidarem desses

    pacientes. O valor da auto-estima no est apenas no fato de permitir que vivamos melhores

    respondendo aos desafios e oportunidades de forma mais apropriada. Muitas vezes a famlia o

    prprio cuidador, em outros casos contrata-se um profissional para realizar a tarefa de cuidar.

  • 40

    De acordo com Hoffmann (2006), em conscincia e envelhecimento: todo organismo

    multicelular possui um tempo limitado de vida e sofre mudanas fisiolgicas com o passar do

    tempo. A vida de um organismo multicelular costuma ser dividido em trs fases:

    1.A fase de crescimento e desenvolvimento;

    2. A fase produtiva;

    3. A fase da sinescncia ou envelhecimento.

    Durante a primeira fase, ocorre o desenvolvimento e crescimento dos rgos

    especializados, o organismo cresce e adquire habilidades funcionais que tornam hbitos a

    produzir.

    A segunda fase caracterizada pela capacidade de reproduo do individuo que garante a

    sobrevivncia, perpetuao e evoluo da espcie.

    A terceira fase, a sinescncia caracterizada pelo declnio da capacidade funcional do

    organismo. O envelhecimento causado por alteraes moleculares e celulares, que resultam em

    perdas funcionais progressivas dos rgos e do organismo como um todo. Esse declnio se torna

    perceptvel ao final da fase produtiva, embora as perdas funcionais do organismo comecem a

    ocorrer muito antes. J a partir dos 30 anos, o sistema respiratrio e o tecido muscular comeam a

    decair funcionalmente. A maturidade reprodutiva e as chances de sobrevivncia do individuo

    comeam a diminuir. Nas mulheres o inicio da sinescncia determinado pelo final da fase

    reprodutiva, marcada pela menopausa, por volta dos 45 anos. Isto , se no ocorrer o processo

    precocemente.

  • 41

    A velocidade de declnio das funes fisiolgica exponencial, isto , a ocorrncia de

    perdas funcionais acelerada com o aumento da idade. Num espao de 10 anos, ocorrem maiores

    perdas funcionais entre os 60 e 70 anos do que entre 50 e 60 anos. Quando a homeostase

    perdida, a adaptabilidade do individuo ao estresse interno e externo decresce a susceptibilidade as

    doenas aumentam. O bito acontece em algum momento da sinescncia, quando o organismo

    no consegue mais restabelecer o equilbrio funcional. Fatores inerentes ao processo do

    envelhecimento determinam um limite na durao da vida do individuo ou das espcies animais.

    A cincia que estuda o envelhecimento, sob seus mltiplos aspectos chamada gerontologia

    (geron = velho).

    preciso investir na promoo da sade pblica, para prevenir a morte prematura e

    aumentar a expectativa mdia de vida da populao, para os patamares dos pases desenvolvidos,

    que propiciam condies de vida saudvel e qualitativa para a populao idosa que cresce

    progressivamente.

    Segundo Hoffman (2006), foi com a descoberta dos antibiticos, e outros avanos das

    cincias da sade, os pases desenvolvidos conseguiram retardar o processo do envelhecimento e

    aumentar a expectativa mdia de vida humana ao nascer, no sculo passado.

    Ao vencer as causas da morte prematura, a expectativa mdia de vida da populao

    americana passou de 47 anos ao inicio do sculo para cerca de 77 anos ao seu final (75 para os

    homens e 80 para as mulheres). Mesmo com todas as melhorias das condies de vida

    conquistadas, a expectativa mdia de vida ao nascer no dever passar de 90 anos no futuro.

    Hoje, colocam-se vrias questes para pesquisa biomdica no meramente conseguir adiar o

    envelhecimento e sim, aumentar o tempo de vida com qualidade.

  • 42

    As mudanas funcionais que ocorrem com o avano da idade so atribudas a vrios

    fatores, como defeitos genticos, fatores ambientais, surgimento de doenas e expresses de

    genes do envelhecimento, ou gerontogenes.

    Mesmo que seja uma fase previsvel da vida, o processo de envelhecimento no

    geneticamente programado, como se acreditava antigamente. No existem genes que determinam

    como e quando envelhecer. Existem genes variantes cuja expresso favorece a longevidade ou

    reduz a durao da vida. Estudos genticos de pessoas centenrias tem contribudo para a

    identificao de genes variantes, alelos de genes normais, que podem estar associados com a

    longevidade. Por outro lado, genes variantes que comprometem o processo de desenvolvimento e

    de reproduo do individuo, tende a ser eliminados, como ocorre no caso da doena gentica

    humana do envelhecimento precoce.

    Diversas foram s teorias para explicar o processo de envelhecimento: A mais ampla e

    abrangente, aceita cientificamente na atualidade, a teoria do envelhecimento pelos radicais

    livres1, proposta pelo pesquisador Denham Harman (1954) apud Hoffman (2006) o qual

    descobriu a toxidade do oxignio. O envelhecimento e as doenas degenerativas a ele associadas

    resultam de alteraes moleculares e leses celulares desencadeadas por estes radicais livres.

    Os radicais livres esto envolvidos praticamente em todas as doenas tpicas da idade como a

    arteriosclerose, doenas coronrias, a catarata, o cncer, a hipertenso, as doenas

    neurodegenerativas e outras.

    1 Produtos de reaes metablicas, txicas ao organismo humano. Acredita-se que estes radicais so responsveis

    pelo envelhecimento.

  • 43

    Segundo Lesnikov e Pierpolie (1991) apud Hoffman (2006), tomaram dois grupos de

    ratos que sofreram transplante da glndula pineal, de maneira cruzada: ratos jovens receberam

    glndula de ratos idosos e os ratos idosos receberam transplante da glndula pineal de ratos

    jovens (1993).

    Os resultados foram surpreendentes e houve um grande impacto na comunidade

    cientfica. Os ratos idosos que haviam recebido a glndula pineal de animais jovens

    rejuvenesceram e sobreviveram quase 50% a mais do que o esperado em condies normais.

    Enquanto os animais jovens que tinham sido transplantados com a glndula pineal de idosos

    viveram apenas 2/3 do tempo normal de suas vidas.

    A melatonina desempenha um papel muito importante no fortalecimento do sistema

    imunolgico em humanos. Muitos problemas de doenas comuns aos idosos so decorrentes da

    perda da capacidade do sistema imunolgico de reagir a agresses, com o passar da idade.

    De acordo com Maestroni e Conti (1993) apud Hoffman (2006) a melatonina na

    estimulao do sistema imunolgico de animais ou seres humanos mostra seus benefcios na

    defesa corporal contra microorganismos invasores, bem como estresse emocional e fsico,

    incluindo-se o causador do cncer. Abaixo localizao da glndula pineal no crebro.

  • 44

    Os aspectos psicossociais e biolgicos do envelhecimento so fatores inevitveis, na

    vida humana, como j havia sido falado neste captulo, a arteterapia uma colaboradora neste

    aspecto.

    De acordo com Freud, o mesmo relata que freqentemente a experimentao dos

    sonhos em imagens visuais, sentimentos e pensamentos, o indivduo sente dificuldade de traduzir

    as imagens em palavras e seria mais fcil traduz-las em desenhos.

    Ento, o recurso da arte aplicado psicopatologia teve seu incio quando Jung passou a

    trabalhar com o fazer artstico, em forma de atividade criativa e integradora da personalidade. A

    arte uma expresso mais pura que h para a demonstrao do inconsciente de cada pessoa. a

    liberdade de expresso, sensibilidade, criatividade, vida. (JUNG, 1920).

    a utilizao dos pincis, cores, papis, argila, cola e outros recursos artsticos que

    cada pessoa vai associando s expresses do verdadeiro self. Nesta trajetria artstica no h

    preocupao com a esttica, e sim com o contedo pessoal implcito e explcito como resultado

    final. E ao envelhecer com um pensamento crtico, saudvel muito importante nesta construo

    biolgica e psicossociais do homem.

    A arteterapia o uso da arte com terapia para desenvolver e revelar o potencial de cada

    pessoa. Dessa forma h um melhor relacionamento com a mudana de idade, facilitando o

    processo de criao e de exteriorizao dos contedos intrnsecos. Promove ento, a comunicao,

    aprendizagem, mobilizao, expresso, organizao e relao com os elementos teraputicos

    importantes, no sentido de alcanar e restituir necessidades fsicas, emocionais, mentais, sociais e

    cognitivas. (NAGEM, 2004).

  • 45

    8. PROGRAMAS PARA A TERCEIRA IDADE

    De acordo com Lima (2006), algumas instituies so voltadas para a terceira-idade, com

    isto, a contribuio para a compreenso das representaes da velhice e do envelhecimento que

    organizam a transformao da velhice em uma questo pblica e a socializao da gesto da

    experincia de envelhecer. Parte-se do pressuposto de que a terceira-idade expressa uma nova

    sensibilidade em relao velhice que vem se transformando em reflexos e tambm sintomas das

    formas de sociabilidade que se desenvolvem contemporaneamente.

    Essa sensibilidade vivida atravs de um cdigo: de comportamento, de expresses

    corporais e, sobretudo de expresses de subjetividade, atravs das experincias individuais de

    envelhecimento e podem ser partilhadas e negociadas, em um contexto marcado pelo declnio dos

    modelos tradicionais de gerir a experincia de envelhecer e pelo surgimento de um discurso

    cientfico sobre velhice e envelhecimento. Nos ltimos anos, tem ocorrido um aumento de

    incentivo do nmero e da variedade de iniciativas voltadas para pessoas idosas. Vem crescendo

    tambm em todo pas as discusses em torno dos direitos deste grupo etrios, em especial

    relacionados aposentadoria e sua qualidade de vida.

    O Brasil, tradicionalmente identificado como um pas de jovens, que d pouca

    ateno aos seus idosos, a velhice vem se tornando, de forma particular, uma questo de ordem

    pblica, no mais restrita esfera privada e da famlia. Frente ao Estado e sociedade, que no

    podem mais ignor-lo, o idoso se tornou ator na cena poltica e social redefinindo imagens

    estereotipadas, nas quais a velhice aparece associada solido, doena, viuvez, e morte... enfatiza

    esta fase da vida com uma condio desfavorvel e at indesejada. No entanto, vem sendo

    divulgado pela mdia um nmero cada vez maior de matrias sobre pessoas idosas que de alguma

  • 46

    forma estariam agindo como no-velhos. So pessoas de idade avanada praticando esportes,

    ginstica, danando e se divertindo, em atividades que demonstram uma vitalidade e uma alegria

    normalmente identificada apenas com juventude.

    O aumento da participao social dos idosos e o surgimento de novas representaes

    sobre a velhice e o envelhecimento no podem ser explicados unicamente pelo envelhecimento

    da populao, so reflexes de mudanas que implicam redefinies das formas de deteriorizao

    da vida, das categorias etrias que recortam a organizao da sociedade e a reviso das formas

    tradicionais de gerir a experincia de envelhecimento. Este um processo de politizao, com

    caractersticas prprias das sociedades contemporneas, est alcanando velhice dimenso

    pblica, tornando mais evidentes os mecanismos e os agentes de sua construo social, bem

    como explicitando o papel desempenhado por cada um deles: o Estado, atravs de polticas

    sociais, o saber cientifico institucionalizando as pessoas idosas.

    A terceira idade expressa uma situao, pois uma sensibilidade em relao velhice

    que vem se transformando, como reflexo e formas de sociabilidade que se desenvolvem

    contemporaneamente nos grandes centros urbanos, onde se encontra programas para a terceira-

    idade, um espao propicio a sua realizao. A Universidade Aberta Terceira Idade - UNATI

    responsvel pelas programaes e divertimentos para idosos, especialmente os que pagam para se

    divertirem ou fazerem algo. O aumento da visibilidade e a importncia da velhice a que se assiste

    hoje tm como um de seus principais aspectos o surgimento de um de seus discursos cientficos.

    Sobre o envelhecimento, em nome do qual aparecem experts que se apresentam como

    agentes legtimos para falar da velhice, em seus aspectos individuais, sociais e polticos.

    importante salientar que pessoas com auto-estima elevada esto mais atentas a oportunidades.

  • 47

    Aceitam o risco de enfrentar situaes novas e no vem como ameaas, mas como desafios.

    (TOMMASO, 2005 p.6).

    De acordo com Salete (2002), auto-estima. So perspectivas aos sinais internos de

    intuio e de criatividade, acreditam neles, ao contrario de pessoas com baixa auto-estima, que por

    se julgarem incapazes, bloqueiam estes sinais.

    O comportamento social positivamente influenciado pela auto-estima adequada, pois

    a pessoa no sente no outro ameaa. Emite sinais de empatia, respeito e aceitao. Desenvolve

    maior cortesia na razo direta em que no teme a presena do outro. Quando falamos de auto-

    estima, falamos tambm em auto-confiana em nossos valores, crenas e regras interiorizadas, em

    nosso referencial interno.

    Princpios Gerais que Sustentam a Auto-Estima:

    Tenho direito de viver sou muito valiosos para mim mesmo.

    Tenho direito de honrar minhas necessidades e vontades de consider-las importantes.

    No estou nesse mundo para corresponder s expectativas alheias: minha vida pertence

    a mim.

    Aceito que isto igualmente verdadeiro para os demais seres homens. Cada pessoa

    dono de sua prpria vida. Ningum veio a este mundo para corresponder as minhas

    expectativas.

    No me vejo como propriedade de mais ningum, e no vejo ningum como

    propriedade minha.

    Sou capaz de ser amada. Sou admirvel.

  • 48

    Em geral, serei amada e respeitada por aqueles que amo e respeito.

    Minha conduta com os outros deve ser gentil e correta, e a dos outros comigo, tambm.

    Mereo ser tratado por todos com delicadeza e respeito.

    Se me tratam de modo indelicado e desrespeitoso, um reflexo deles e no meu. S

    ser um reflexo meu se eu aceitar como certa essa forma de me tratar.

    Se algum de quem gosto no corresponder aos meus sentimentos, pode ser

    decepcionante e at doloroso, mas isso no reflete ao meu valor pessoal.

    Nenhum individuo, ou grupo, tem o poder de determinar como vou pensar e sentir a

    respeito de mim mesmo. Confio no que penso. Vejo o que vejo. Sei o que sei.

    Sou mais bem vindo quando sei que verdade do que quando quero estar certo em

    determinado momento dos fatos.

    Se eu for perseverante, conseguirei entender o que preciso que eu entenda.

    Tenho competncia para lidar com os desafios bsicos da vida.

    Mereo a fidelidade.

    Sou capaz de cometer erros, essa uma maneira de aprender. Os erros no so motivos

    para a auto-condenao.

    De acordo com Allessandrini (1999), os processos criativos so processos construtivos globais,

    envolvem a personalidade toda o modo da pessoa diferenciar-se dentro de si, de ordenar e

    relacionar-se com os outros. Saber comunicar-se com o outro e criar estrutura quando se

    comunicar, integrar significados e transmit-lo.

  • 49

    Ao entender e ver o outro, ao criar, procuramos atingir uma realidade mais profunda do

    conhecimento das coisas e seres, ganhamos um sentimento de estruturao interior maior.

    Sentimos que ns estamos desenvolvendo algo de assistencial para o ser. Desta maneira de acordo

    com Ostrower:

    Torna-se to importante, para o individuo que consegue fazer uso desses princpios ou para qualquer pessoa sensvel, saber dos tratamentos comportamentais com

    seres criativos, no sentido de crescimento interior que tambm em ns se realiza quando

    podemos acompanhar a realizao do outro ser.

    (OSTROWER, 1978. 142)

  • 50

    9. EXPERINCIAS VIVENCIADAS ATRAVS DE RELATOS COM IDOSAS.

    Na oportunidade foi possvel vivenciar com as idosas (relatos em anexo), diferentes

    fatores de oficinas criativas. As observaes so as seguintes:

    Idosa de 77 anos: independente de cuidados, vive em sua prpria casa sozinha.

    Idosa de 82 anos: dependente de cuidados, mora com uma acompanhante que no de sua

    famlia.

    Idosa de 91 anos: dependente de cuidados, porm reside com seus familiares.

    A idosa de 77 anos e a de 85 anos esto lcidas, sendo que esta ltima se encontra em

    estgio de vida bastante debilitado; maiores informaes em anexo, no relato III.

    Atravs de seus relatos pude aprender a lio do prazer de viver, isto , a

    responsabilidade que cada uma deseja ter e que no momento no podem realizar devido a

    limitaes.

    Sendo assim, se estas idosas tivessem a oportunidade de terem sesses de terapia ou

    arteterapia, sem dvidas elas teriam uma melhor qualidade de vida. Falta algo, um instrumento

    que as ajude em suas caminhadas de vida.

    A arteterapia pode curar algumas patologias. O idoso no deve e no pode ficar

    totalmente dependente de outras pessoas, h a necessidade de autonomia, como por exemplo: se

    vestir, se alimentar sozinho entre outros processos do cotidiano. necessrio haver algo que os

    faa sentir melhor, e uma das alternativas a arteterapia.

  • 51

    10. CONCLUSO

    Partindo do princpio de colaborar e participar na atuao do mais importante que foi

    realizar esta pesquisa cujo tema: Arteterapia, Auto-estima e Envelhecimento, foi possvel ter um

    contato atravs de entrevistas e oficinas criativas, e perceber que a sociedade ainda se encontra

    adormecida, no sentido de colaborar melhor com idosos. Como facilitadora do auto-

    conhecimento, a arteterapia faz com que o individuo, materialize conflitos, nas diversas

    modalidades da expresso artstica, livrando-se do que oprime e perturba a mente, permitindo que

    se desenvolva uma maior aceitao de si mesmo, uma auto-responsabilidade como tambm, auto-

    confiana numa afirmao, num viver intencional e ntegro.

    Trazendo assim, a conscincia de limitaes e possibilidades, a arteterapia desenvolve,

    conceitos positivos numa valorizao pessoal que de suma importncia para o desenvolvimento

    e aprimoramento do comportamento humano. Se todos os idosos tivessem a oportunidade de

    vivenciar estas prticas teraputicas, suas vidas com certeza seriam vividas com mais dignidade e

    intensidade. Porm, as modificaes internas, fsicas, emocionais e financeiras ocorridas no

    processo do envelhecimento, fazem com que o idoso sinta-se em sua totalidade, rejeitado e at

    mesmo desprezado(a) e abandonado(a) pela famlia. Isso pode ser observado nitidamente quando

    deixado em instituies, asilos ou outros. Muitas vezes so internados nestes lugares sem a

    mnima ateno da famlia, estes quando a fazem atravs de visitas, que geralmente ocorrem

    uma vez por ms ou nunca acontecem.

    Um dos maiores desrespeitos a sociedade principalmente a de aposentados, o retorno

    de pagamentos previdncia social. Quinze milhes de aposentados recebem um salrio mnimo,

    embora tenham contribudo durante toda a vida, de acordo com as exigncias salariais.

  • 52

    Geralmente so aposentados com um salrio que vai de um a dez salrios. Dia 24 de janeiro o

    dia nacional do aposentado, e podemos ver atravs da TV a demora para se votar um salrio

    mnimo de trezentos e cinqenta reais. No se vota em pagar mais, porque assim sendo, causar

    prejuzos ao pas.

    Os servios emergenciais so de pssimas qualidades e quase que no so oferecidos,

    precisando o cidado (a) s vezes comprar um lugar para ficar nas filas, o que pode se observar

    atravs dos meios de comunicao.

    O estatuto do idoso foi muito bem elaborado e recheado de direitos, s que no Brasil

    esses direitos e as leis no condizem com a realidade do idoso, no dado atendimento e apoio

    aqueles(a) que tiveram ou tem a prioridade de envelhecer. O estatuto nos fala das Disposies

    Preliminares no Art.2, pargrafos VII e VIII, onde os direitos dos idosos como servio de sade,

    assistncia social e local, capacitao e reciclagens dos recursos humanos nas reas de geriatria e

    gerontologia e na prestao de servios aos idosos so prioridades. Se estes idosos no tiverem

    como se manterem, estes servios no tm maior funcionamento legal para lhes beneficiarem.

    Ainda nas Disposies Preliminares no art.7 os Conselhos Nacionais, Federal, Estadual e

    Municipal do idoso previsto na Lei n8.842, de 04 de janeiro de 1994, zelaro pelo cumprimento

    dos direitos do idoso definidos nesta lei.

    Dos Direitos Fundamentais, captulo I que fala dos Direitos vida, nos art.8 e 9 onde

    diz que o envelhecimento um direito personalssimo, que as polticas sociais pblicas permitam

    um envelhecimento saudvel e com dignidade. Diante de tudo isso sabemos que no dessa forma

    que funcionam os seus direitos como pelo menos os servios de sade e outros, pois so

    precarssimos.

  • 53

    Finalmente, importante que a pesquisa sobre o tema acima citado, no tenha seu fim

    com este trabalho. interessante que cada vez mais pessoas aprimorem este assunto para que

    todos os idosos de nosso pas tenham seus direitos preservados e respeitados, e tambm que

    tenham a oportunidade de se beneficiarem com tcnicas teraputicas como o caso da arteterapia.

    Cabe a ns arteteraputas, construir e tematizar nossas aprendizagens, estimando o papel dos

    valores humanos no aprender melhor.

  • 54

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    LIMA, Marcelo Alves. A Gesto da Experincia de Envelhecer em um Programa para

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    SALETE. Tese de Doutorado no Instituto de Psicologia (IP) da USP, 2002. Disponvel em:

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    VILAS BOAS, Magda. Terceira Idade: uma experincia de amor - Terapia Corporal para

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  • 58

    ANEXOS

    ANEXO A RELATOS DE EXPERINCIAS VIVENCIADAS

    RELATO I

    Entrevista realizada em dezembro de 2005. Local: Areia Preta Natal/RN.

    Entrevistada: M.L, 91 anos, idosa que reside com a famlia.

    M.L uma idosa de 91 anos de idade, mas encontra-se em um estgio de demncia

    bem acentuado. Ela no conseguiu lembrar o dia e o ms em que nasceu, lembrou-se apenas do

    ano e um dos filhos que se encontrava prximo a ela no dia da entrevis