ARTETERAPIA
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UNIVERSIDADE POTIGUAR
PR-REITORIA DE ESPECIALIZAO EM ARTETERAPIA
CURSO DE ESPECIALIZAO EM ARTETERAPIA
ALQUIMY ART SO PAULO
OLSA AID DE MESQUITA LEAL
ARTETERAPIA COMO FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
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NATAL/RN ABRIL/2006
OLSA AID DE MESQUITA LEAL
ARTETERAPIA COMO FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Monografia apresentada ao Curso de Especializao de Arteterapia da Universidade Potiguar e da Alquimy Art So Paulo, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Arteterapia.
Orientadora: Maria dos Prazeres P. da
Silva
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NATAL/RN 2006
OLSA AID DE MESQUITA LEAL
ARTETERAPIA COMO FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Natal, ____ de Janeiro de 2006
Monografia apresentada pela aluna Olsa Aid de Mesquita
Leal ao Curso de Especializao de Arte Terapia da
Universidade Potiguar e da Alquimy Arte So Paulo
conforme avaliao da banca examinadora constituda
pelos seguintes membros:
________________________________________________________
Prof(a) Orientadora
________________________________________________________
Membro
________________________________________________________
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Membro
Aos meus pais, esposo, filhos e neto por terem me dado fora ao longa de toda esta jornada.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pelo saber, pela minha
existncia, e por ter-me permitido chegar at aqui, enchendome de f, esperana,
fora e coragem e principalmente pelas bnos que me destina a cada dia em um
novo dia.
Em especial aos meus pais Francisco e Alda pelos ensinamentos e condies
dadas durante toda a minha caminhada, aos meus irmos e irms por acreditarem e
torcerem pela minha vitria durante em todos os momentos durante a
especializao.
Ao meu esposo Leal.
Aos meus filhos Annuska, Olnia e Oldson.
Aos professores-colaboradores e alunos da escola municipal Nossa Senhora
da Apresentao, em especial a vice-diretora Selma da Silva pela compreenso da
minha ausncia na escola durante o perodo de concluso da especializao em
arteterapia.
A minha orientadora Maria dos Prazeres pelos ensinamentos e contribuies
dadas no decorrer da confeco do trabalho monogrfico.
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A plena expresso do ser uma forma suprema de poder. Friedrich Nietzsche
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo investigar e aplicar as possibilidades de arte terapia como facilitadora no processo de ensino aprendizagem. A arteterapia ser pensada no sentido de possibilitar uma aprendizagem significativa, alm de facilitar a livre expresso verbal e no verbal dos alunos, favorecendo assim o desenvolvimento da linguagem oral, gestual e criativa. A sua aplicao foi preconizada, sobretudo, em alunos com sinais de desconcentrao e agressividade, apresentando, neste sentido, dificuldades de assimilao. A metodologia construda foi pautada nas oficinas de psicopedagogia, atividades ldicas, artsticas e corporais e de atividades de grupo. Com isso, atingiu-se uma relao mais harmnica entre os professores e alunos, aumento dos laos afetivos, integrao, maior poder de concentrao dos alunos e melhoramento nos mtodos de ensino aprendizagem proporcionados pelas escolas e o autoconhecimento dos prprios alunos. Palavras Chave: Arte-terapia. Educao. Aprendizagem. Oficinas de Artes. Auto
conhecimento de si.
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ABSTRACT The present work has as objective to investigate and to apply the art possibilities therapy in the education process learning. The art Therapy will be thought about the direction to make possible a significant learning, besides facilitating to the free verbal and not verbal expression of the pupils, thus favoring the development of the verbal and creative language. Its application was thought, over all, in pupils with signals of aggressiveness, presenting, in this direction, assimilation difficulties. The constructed methodology was in the psicology pedagogy workshops, artistic and corporal activities and of activities of group. With this, one reached a more harmonic relation between the professors and pupils, increase of the affective integration, greater to be able of concentration of the pupils and improvement in the methods of proportionate education learning for the schools and the auto knowledge of the proper pupils. Key words: Art therapy. Education. Learning. Workshops of Arts. Auto Knowledge of
itself.
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SUMRIO
1 INTRODUO __________________________________________________ 09
2 A TRAJETRIA DA MENINA ABENOADA __________________________ 11
3 AS EXIGNCIAS EDUCACIONAIS CONTEMPORNEAS _______________ 20
4 ARTETERAPIA _________________________________________________ 28
4.1 NOTAS HISTRICAS DA CRIAO E DESENVOLVIMENTO DA
ARTETERAPIA _______________________________________________ 28
4.2 ARTETERAPIA E DESENVOLVIMENTO ____________________________ 30
5 ARTETERAPIA E EDUCAO: POSSIBILIDADES APLICATIVAS ________ 37
5.1 A IMPORTNCIA DO AUTOCONHECIMENTO DE SI __________________ 37
5.2 A PSICOTERAPIA CORPORAL E A EDUCAO _____________________ 38
5.3 OS BENEFCIOS DA MSICA ____________________________________ 40
5.4 OFICINAS DE ARTES ___________________________________________ 42
5.4.1 A funo do mediador ________________________________________ 43
5.4.2 Visualizao criativa _________________________________________ 46
5.5 IMPORTNCIA DA ARTETERAPIA PARA INCORPORAO DO
PROCESSO PEDAGGICO NA ESCOLA MUNICIPAL NOSSA SRA DA
APRESENTAO _____________________________________________ 47
6 CONSIDERAES FINAIS ________________________________________ 50
REFERNCIAS ___________________________________________________ 53
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1 INTRODUO
O presente trabalho tem como objetivo investigar e aplicar as possibilidades
de arte terapia como facilitadora no processo de ensino aprendizagem, tendo como
anlise as repercusses da aplicao da arteterapia na educao na Escola
Municipal Nossa Senhora da Educao.
A arte terapia ser pensada no sentido de possibilitar uma aprendizagem
significativa, alm de facilitar a livre expresso verbal e no verbal dos alunos,
favorecendo assim o desenvolvimento da linguagem oral, gestual e criativa. A sua
aplicao foi pensada, sobretudo, em alunos com sinais de desconcentrao e
agressividade, apresentando, neste sentido, dificuldades de assimilao. A
metodologia construda foi pautada nas oficinas de psicopedagogia, atividades
ldicas, artsticas e corporais e de atividades de grupo.
O primeiro momento do trabalho ser dedicado elaborao da trajetria da
autora do presente trabalho. Tal medida importante, na medida em que promove a
compreenso dos porqus de a mesma ter chegado aonde chegou e oferece um
substrato histrico para a escolha de exercitar a arte-terapia dentro do mbito
educacional.
Tais aplicaes so importantes, na medida em que acompanham as
exigncias educacionais contemporneas. Foi justamente isso que ser tratado no
segundo momento do trabalho.
J no terceiro momento, sero apresentadas as notas histricas da criao e
desenvolvimento da arteterapia, alm de demonstrar o alcance proporcionados pela
arteterapia.
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J o quarto momento ser direcionado para a concretizao das
possibilidades aplicativas da arte terapia. As possibilidades aplicativas geram o
autoconhecimento de si, a psico corporal e a educao, os benefcios da msica,
das oficinas de arte, demonstrando a importncia da arteterapia para incorporao
do processo pedaggico na escola municipal Nossa Senhora da Apresentao.
Com isso, atingiu-se uma relao mais harmnica entre os professores e
alunos, aumento dos laos afetivos, integrao, maior poder de concentrao dos
alunos e melhora nos mtodos de ensino aprendizagem proporcionados pelas
escolas e o autoconhecimento dos prprios alunos.
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2 TRAJETRIA DA MENINA ABENOADA
No comearei com Era uma vez, pois no se trata de um conto fictcio, mas
contarei neste trabalho uma linda histria pessoal e verdica de uma menina com
sonhos fantsticos, esperana para busc-los e certeza de um dia realiz-los. Tudo
comeou no ano de 1950, da unio de um casal no menos determinado, cuja
histria exemplo para todos em todas as geraes. Um amor que transps
muralhas em um tempo em que os padres eram muito mais rgidos do que os de
hoje, numa sociedade muito mais severa que a de hoje. Ela, uma jovem, nos seus
18 anos, de beleza inconfundvel, tmida, recatada, criada numa fazenda com muito
rigor, da qual jamais arredara os ps. Ele, um jovem de 26 anos, bonito, viajado,
experiente, respeitado por todos pelo seu vasto conhecimento intelectual. Foi amor a
primeira vista. No dia 27 de Junho do mesmo ano, esse amor tornou-se oficial em
um matrimonio simples, porm inesquecvel. Um ano mais tarde, desta unio, nasce
o primeiro fruto do casal: uma menina. No transcorrer de oito anos, j so quatro os
frutos: uma menina e trs meninos. Como sempre relata a minha me, naquela
poca, no tinha como evitar a gravidez. Com trs vares na famlia, era inevitvel o
desejo de ter outra menina. Ento no dia 17 de Novembro de 1959, para felicidade
de toda a famlia, nasce uma linda menina.
partir deste acontecimento, concedido atravs do primeiro amor O Amor
de Deus inicia-se uma trajetria admirvel e abenoada. Foi neste contexto que
nasci. Rodeada de carinho e cuidados dos meus pais e irmos. Uma criana
inteligente e bonita, porm muito travessa. No dava um minuto sequer de sossego
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minha me nem irm mais velha. Muito curiosa, mexia em tudo, conseguia achar
e dar fim a tudo que elas escondiam de mim.
Fazendo uma viagem no tempo, vejo como fui compreendida e perdoada
pelos meus familiares, principalmente meus pais e minha irm. Nunca fui punida e
castigada por tantas travessuras.
Nos meus cinco anos, quando meus irmos j eram seis, meus pais, atravs
do meu irmo mais velho, tornaram-se evanglicos, fato marcante, pois tivemos
vrias mudanas nas nossas vidas, e talvez por isso, eu consiga lembrar mais
claramente da minha infncia aps esse momento. A cada ano, Deus me dava mais
um irmozinho, nesta poca mudvamos sempre de cidade, na tentava de melhoria
dos negcios do meu pai, que era comerciante. Todavia, nossa vida era alicerada
pelo amor de Cristo Jesus e de nossos entes queridos. Unidos neste amor,
transpomos muitos obstculos sem jamais testemunhar reclamaes ou desavenas
entre nossos pais.
Tive uma infncia maravilhosa, apesar dos momentos financeiros difceis, os
quais mal percebia, pois a preocupao dos meus pais em nos poupar disso no
deixava.
Cheguei a Natal aos doze anos de idade, onde, pouco tempo depois, nasce
dcima primeira filha da prole. Algum tempo depois, em 1974, exatamente h 31
anos, nasce a ltima filha de um total de doze filhos. Eu ento aos catorze anos
cursando a 7 srie do ginsio, moa bem aplicada, 1 aluna da turma na
aprendizagem, e muito tmida. Foi neste perodo que afloraram muitos sentimentos
na minha vida adolescente vivendo grandes transformaes na minha vida, as quais
no me lembro muito bem, mas com certeza devia ser cheia de sonhos, ansiedades,
incertezas, dvidas, como qualquer adolescente normal. Uma das poucas
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recordaes que tenho dessa poca a da minha primeira paixo. Amor lindo,
platnico que nutria por um colega de classe sem que ningum soubesse. Acho
interessante como diferente essa forma de amor, e ao mesmo tempo mgica. Vivia
sonhando em abra-lo, beij-lo, mas nunca o fiz... como disse, era platnico. Me
contentava-se s em imaginar as cenas, em v-lo, em admir-lo, isso j era
suficiente. Hoje na entendo como isso podia ser possvel, mas era assim. Ele era
muito ligado a mim e algumas vezes falava que eu era a mulher de sua vida, outras
vezes, me pedia em casamento, assim, com toda informalidade de criana, mas com
uma ponta dos planos que os adultos fazem. Tenho certeza que ele, como eu,
imaginava logo naquela cabecinha de criana que tnhamos, ns, casando, entrando
na igreja, depois na nossa casa, nossos filhos... nos concentrvamos tanto nas
nossas viagens, que passvamos vrios minutos calados, ali, um do lado do outro
s imaginando. Mas logo depois, quando algum ou alguma coisa interrompia
nossos sonhos pois s assim parvamos me arrependia de no dar nenhuma
resposta. Passaram-se dois anos e eu estava cursando o primeiro ano do magistrio
e primeiro ano do cientfico simultaneamente. E... continuava apaixonada, cada vez
mais que antes, mas nunca acontecera nada alm do que andar de mos dadas, foi
o mximo em que chegamos. Foi uma fase linda, ingnua e romntica. No 3 ano,
quando estava para concluir o cientfico e o magistrio, conheo um jovem por
intermdio de uma colega de classe e muito amiga, ele me prope namoro, eu
aceito, e comea uma linda histria de amor outra!
Me formo, e logo comeo a trabalhar como professora, e exatamente no dia
em que completamos um ano de namoro foi o nosso enlace matrimonial. E minha
vida sofre grande metamorfose. Fomos morar na nossa prpria casa, e, como ficava
no outro extremo da cidade, deixei de ensinar e fui fazer cursinho pr-vestibular. J
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grvida, dona de casa e muito feliz, pleiteava passar no vestibular para cursar
Letras. Ganhei minha filhinha em dezembro de 79, e com dezoito dias, fiz o
vestibular. No dia do resultado: S festa! Fui aprovada juntamente com meu irmo
que prestou para Medicina. Este dia foi marcante para todos ns!
Enfrentei os quatro anos do meu curso superior em meio a muitas
dificuldades, criana pequena, trabalhos a fazer, casa para arrumar, contas a
pagar... mas com a graa de Deus e a ajuda dos meus pais, marido e irmos, estava
conseguindo, e quando estava quase me formando, acontece uma grande tragdia!
A que mais me marcou, a que di ainda no fundo da minha alma, a que me deixou
mais saudades, a que me d mais tristeza ainda hoje: Perdi dois irmo num terrvel
acidente de carro. A grande ironia: O meu irmo Oliveira foi ao encontro do meu
irmo Ozas na cidade de Lajes, onde este tinha um ponto comercial, no qual
Oliveira iria ficar para que Ozas viesse ver seu filho que nascera no dia anterior.
Porm, como Deus mesmo Senhor de tudo, ningum sabe porqu, mas Oliveira
voltou junto com Ozas a natal, ao invs de ficar no interior, e ainda havia mais um
amigo deles quando aconteceu o acidente, fazendo deles vtimas fatais. Este quadro
das nossas vidas nunca fora superado. Sofremos at hoje (vinte e trs anos depois).
Quero revelar que se no fosse a misericrdia de Deus para conosco, no
estaramos com nossos pais hoje, pois grande foi o abalo e o sofrimento deles e
nosso ao perder dois seres to estimados. A criancinha nascida um dia antes a este
trgico acontecimento nosso querido sobrinho, criado por nossa irm Maria que
nunca deu luz, mas, como falei, Deus o Senhor de nossas vidas e providenciou-
lhe um filho que hoje est com 23 anos, e recentemente foi aprovado e chamado no
concurso do Banco do Nordeste e cursa direito na Universidade Federal. Neste dia
do acidente, engravidei da minha segunda filhinha, hoje professora e concluinte do
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curso de Educao Fsica. Nossas vidas foram aos poucos voltando a seu ritmo
normal, porm depois de acontecimento como esses, que deixam marcas e lacunas
nas nossas vidas que jamais se preenchero, nada pode ser como antes, nossa
posio diante da vida muda, nosso medos crescem, mas nossa fora aumenta, e
atravs dessa fora, dessa determinao e pela bondade de Deus, claro, consegui
passar em trs concursos pblicos na rea do ensino, tive minha terceira gravidez
encerramos com chave de ouro: um menino!
Meu filho Oldson j est com 19 anos, trabalhando como representante de
vendas e cursa a faculdade de Marketing. A filha mais velha, hoje casada, terminou
Letras assim como a me faz Direito e trabalha na procuradoria do municpio.
Graas a Deus todos esto bem encaminhados.
Eu e meu marido completamos 27 anos de casados e para comemorar
fizemos uma viagem maravilhosa para o Rio Grande do Sul. Na vida profissional,
tambm no tenho o que reclamar, na verdade, nunca estive to bem: sou diretora,
eleita pela prpria comunidade escolar, de uma escola municipal. Tenho muito amor
pela escola e pelas pessoas que a compe. Decidi fazer este curso de arte terapia
para buscar alternativas sobre como solucionar problemas diversos na rea
cognitiva e de desenvolvimento humano das crianas e jovens que apresentam
dificuldades na aprendizagem e distrbios no comportamento, oferecendo condies
para o desenvolvimento pessoal, harmnico e cognitivo destes indivduos atravs
dos mtodos e tcnicas da arteterapia.
Vejo-me na infncia refletida no espelho, representando uma professora,
tentando imit-la. Na adolescncia, fui uma aluna exemplar, com as melhores notas,
elogiada pelos professores, pelos quais sempre me apaixonava e nutria por eles
grande admirao. Prestei vestibular para o curso de letras em 1980 e obtive
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aprovao. Em 1982, fiz o concurso para professora da rede municipal de educao
e fui classificada em 17 lugar numa lista de duzentos aprovados. Comecei a
lecionar em 1978, quando cursava ainda o magistrio no Instituto Kennedy. Em
1982, j concursada, ingressei na rede municipal de educao. Em 1983, conclui o
curso de Letras, fiz concurso em 1984 para a rede estadual de ensino licenciatura
plena e passei a lecionar lngua portuguesa. Sempre com muitas dificuldades, pois
tive que conciliar as diversas funes: Me, esposa, professora e dona-de-casa.
Entretanto, nunca me acomodei: participava sempre de cursos de reciclagem,
inovaes, buscando melhorar a minha prtica em sala de aula. Me inscrevi em
alguns cursos de ps-graduao, mas trancava a matrcula por no me identificar
com os mesmos. Foi a que surgiu a arte terapia, enfrentando conflitos dirios de
pessoas numa relao aluno-professor-funcionrios da escola que eu administro
com novecentos alunos matriculados e um corpo de setenta funcionrios. Fiz minha
inscrio neste curso de arteterapia com grande expectativa mas consciente do
desafio que iria enfrentar, pois, mais uma vez teria de conciliar diversas atividades,
mas, como sempre fui persistente e o verbo desistir no tem muito espao no meu
vocabulrio, fui em frente. Aluna assdua aos mdulos, porm angustiada, pois os
primeiros mdulos tericos me deixaram ainda mais sobrecarregada, e com muitas
dvidas, as quais, com os professores morando em So Paulo, ficavam difceis de
tirar. S tnhamos dois encontros anuais e muitas apostilas, essas no faltavam...
algumas agradveis de ler, outras bem confusas. E minhas perspectivas iam
diminuindo em relao ao curso. Pedi foras a Deus para continu-lo e disposio
na minha rdua jornada diria. Ele atendeu. Em julho de 2004, o mdulo O Poder
do Gesto e das Palavras ministrado por Prazeres e Cristina Oslia me proporcionou
um despertar, uma verdadeira atividade no nvel enestsico que oportunizou me
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libertar de inibies, sentir prazer, saindo do esforo inato para uma exploso de
expresses emocionais ldicas. Este acontecimento foi o meu ponto de equilbrio e
percebi a partir deste momento, que havia encontrado a soluo para desenvolver
nos meus clientes alunos de 1 a 4 sries, com distrbios comportamentais,
apresentando falta de interesse e concentrao em sala de aula e por conseguinte,
no ocorrendo o processo de aprendizagem nestas crianas. Me senti na mesma
situao que eles se encontravam, precisando de estmulo e atividades prazerosas,
e neste encontro comigo mesma, constatei que poderia elaborar um projeto cuja
proposta seria a de oferecer condies para um bom desenvolvimento humano e
cognitivo aos meus clientes, estabelecendo um relacionamento de confiabilidade e
harmonia, fornecendo meios arteteraputicos, bem como um ambiente adequado e
a disponibilidade de diversos materiais expressivos.
Com o esprito encorajado nessa inteno de que eles coloquem para fora
suas angstias e frustraes e descubram um novo nvel de expresso: o ato
criativo de ser feliz.
Sabia que o curso de arteterapia traria inovaes nas prticas pedaggicas e
experincias fantsticas quando da tentativa de vencer as dificuldades de alguns
alunos no processo ensino-aprendizagem. Alicerada neste objetivo, escolhi o
seguinte tema para o estgio: A Arteterapia Como Facilitadora do Desenvolvimento
Pessoal e Cognitivo da Criana.
Que tem como objetivo de estudo Como a Arteterapia pode contribuir para o
desenvolvimento da criana.
Buscando somente vencer os obstculos surgidos rotineiramente dentro da
sala de aula, afetando o funcionamento da escola como um todo, fui impulsionada a
agir, pesquisar e usar o criativo na soluo dos problemas enfrentados. Me revesti
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de coragem e ousadia e decidi que utilizaria vrias prticas pedaggicas e essas
experincias inovadoras me levariam ao triunfo da minha investida. Confiante em
atingir esta meta, parti para a pesquisa de vrios livros que propusessem atividades
ldicas de ensinar atravs da arte. No estgio, comecei a planejar as neste contexto,
onde o ensinar e o aprender se desenvolvessem de uma maneira alegre e divertida,
atravs de jogos, brincadeiras e oficinas com atividades ldicas, acompanhando o
desenvolvimento do aluno passo-a-passo atravs dos temas propostos.
Os jogos, na minha rea de trabalho, com meus clientes, se inseriu como uma
tcnica extremamente eficaz, pois proporcionou relaxamento, integrao, raciocnio
lgico e aprendizagem. Pude perceber, atravs dos olhos brilhantes de alegria e
satisfao dos meus clientes o encontro maravilhoso e fascinante produzido atravs
dos jogos. Ao vivenci-los, descobri tambm que a maneira mais gostosa de faz-
los aprender matemtica com jogos e brincadeiras. A literatura infantil atuou como
uma grande aliada na conquista do meu objetivo, pois o ato de ler possibilita ao
indivduo desencadear reais processos de conhecimento. A virtuosidade e o esprito
de ser leitor, narrador ou personagem de uma obra infantil amplia os espaos da
sala de aula e remete a significados e representaes para avanarmos em todos os
aspectos, no aspecto da interao e do relacionamento principalmente. As
sensibilidades de perceber afetividades influenciam a prpria assimilao a
interpretao e reaes expressas so fatores transformadores do comportamento
infantil. Como disse Paulo Freire, o se faz esperanoso no a certeza do achado,
mas mover-se na busca...
As fbulas, parbolas, parlendas, trava-lnguas e contos clssicos so
recursos importantssimos na formao da criana que estimulada a ler e a
vivenciar a arte atravs de dobraduras, contos, dramatizaes, etc. Essas vivncias
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de literatura infantil so capazes de transformar o ser humano e o ambiente em que
ele vive e age e contribui para o crescimento individual da pessoa.
O que pretendo afirmar que as atividades de literatura infantil trabalhadas
com as crianas so prticas ldicas que demonstram grande aceitao e prazer
que as mesmas sentem, so maneiras privilegiadas que utilizamos para a aplicao
de uma educao visando o desenvolvimento pessoal das crianas, levando-as a se
tornarem adultos capazes, construtivos e independentes.
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3 AS EXIGNCIAS EDUCACIONAIS CONTEMPORNEAS
A concepo tradicional de ensino era regida pelas idias de que o aluno
deveria aprender os conhecimentos e regras normativas, para depois exercitar tal
prtica. O aluno, neste sentido, aprenderia regras de redao, de construo de
frases, para depois construir textos; aprenderia todo o sistema biolgico para depois
analis-lo, dentre outros exemplos.
Ocorre que as concepes de aprendizagem vm conhecendo frutferos
desenvolvimentos. A influncia das cincias lingsticas, da concepo
psicogentica da aprendizagem e outras cincias so os mais belos exemplos.
As implicaes prticas dessas teorias surgem, na medida em que se
enxerga o ensino como um meio ativo de aprendizagem no qual o indivduo aprende
em seu processo mesmo de confeco do conhecimento da gramtica, da histria,
etc. A idia compreender o conhecimento como um sistema, que o ser educando
vai aprendendo, na medida em que o testa, apreende as suas regularidades.
Nesta concepo o prprio erro uma tarefa construtiva, pois na anlise do
erro que o professor poder constatar o processo de incorporao do sistema a ser
conhecido. Posteriormente, ele poder intervir no sentido de fazer o aluno aprender
as regras ainda no interiorizadas. Em suma, na viso psicogentica o
conhecimento deve ser aprendido de um ponto de vista espontneo.
Este processo interessante, pois possibilitar que o indivduo desenvolva
habilidades ativas perante o conhecimento assimilado, no ficando restrito a meras
orientaes decoradas e de frases decoradas interligadas. Assim, o indivduo pode
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se tornar sujeito da produo de seu conhecimento, sempre pensando numa
interao com seu interlocutor, e no objeto de modelos impostos.
Dentro desta nova tica, a ao pedaggica deve levar em considerao o
fato de que a criana que aprende, j tem representaes, habilidades de produo
do texto oral e interage com os textos escritos de diferentes gneros e diferentes
portadores. Falta-lhe aprender a manejar e exercitar a reflexividade e sua
criatividade latente, fortalecendo a comunicao e a interao; levando em conta as
diferenas pragmticas, funcionais e estruturais dos conhecimentos.
A funo da escola aperfeioar as habilidades j adquiridas de produo de
diferentes gneros de conhecimento, alm de desenvolver os novos conhecimentos
a serem adquiridos. Neste sentido, deve-se partir do referencial cognitivo da criana,
para posteriormente desenvolver novas habilidades e conhecimentos nos quais as
crianas ainda no foram expostas a interao.
Agora isto supe que o prprio professor j tenha o pleno conhecimento
dessa nova metodologia. A professora deve conhecer as relaes entre os diversos
conhecimentos.
Ela deve reconhecer as similitudes e antagonismos entre o conhecimento j
adquirido com a representao do novo conhecimento. A professora sempre deve
acompanhar o processo de aprendizagem, atravs do processo de incorporao dos
novos conhecimentos.
Isto se deve a mudana de conjuntura que esta se vivenciando. A conjuntura
contempornea trouxe novos desafios que geraram a necessidade de pensar-se um
outro currculo para o Ensino. A educao na sociedade contempornea precisa
contemplar os avanos das novas tecnologias da informao e comunicao, os
avanos da microeletrnica; a revoluo da informtica promove mudanas
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marcantes na rea do conhecimento, a escola precisa criar as condies essenciais
para que o estudante compreenda e interprete essas mudanas. A construo dos
Parmetros Curriculares Nacionais para esse segmento uma proposta que atende
a essa necessidade de integrar os educandos s novas tecnologias e formas de
conhecimento que emergem das transformaes contemporneas.
Isto se torna ainda mais importante, na medida em que, atualmente, o volume
de informaes produzido encontra-se em constante mudana, exigindo um novo
perfil para a formao do cidado. O importante no acumular conhecimento, mas
constru-lo e/ou reconstru-lo.
Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino produzidos
pelo Ministrio da Educao (BRASIL,1999, p.16):
A formao do aluno deve ter como alvo principal a aquisio de conhecimentos bsicos, a preparao cientfica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas s reas de atuao. Prope se, no nvel do Ensino Mdio, a formao geral, em oposio formao especfica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informaes, analis-las e selecion-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invs do simples exerccio de memorizao.
Na nova perspectiva educacional, o Ensino dever vincular-se ao mundo do
trabalho e prtica social. Para chegar a esse objetivo, o (a) estudante necessita de
competncias bsicas, tais como: capacidade de abstrao, do desenvolvimento do
pensamento sistmico, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar
vrias alternativas para a soluo de problemas, da capacidade de trabalhar em
equipe, de aceitar crticas, do desenvolvimento do pensamento crtico, de saber
comunicar-se e de buscar conhecimento. Tais competncias so fundamentais para
o pleno exerccio da cidadania e para o desenvolvimento das atividades
profissionais.
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A igualdade e a autonomia deve ser buscada, respeitando as caractersticas
individuais dos estudantes, buscando criar um cenrio educativo propenso para o
respeito s diferenas, por meio da formao de competncias, habilidades e
disposies de conduta que operacionalizam o conhecimento didtico-pedaggico
voltado para a autonomia e para a igualdade.
Enquanto instrumentalizao da cidadania democrtica, o currculo da
educao deve contemplar contedos e estratgias de aprendizagem que capacitem
o ser humano para realizao de atividades na vida social e atividade produtiva
visando integrao de homens e mulheres no trplice universo das relaes
polticas, do trabalho e da simbolizao subjetiva. (BRASIL, 1999)
Incorporam-se, na nova concepo educacional, as seguintes premissas
apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educao na sociedade
contempornea: Aprender a conhecer; isto , expressar-se oralmente com clareza,
ler com compreenso, acessar informaes, analisar criticamente as mensagens da
mdia e analisar situaes-problemas e propor alternativas de soluo; Aprender a
fazer; ou seja, organizar, desenvolver e avaliar o prprio trabalho, saber liderar e ser
liderado, delegar responsabilidades, aprender a negociar e assumir compromissos e
aprender a trabalhar em grupo; Aprender a conviver; ou seja, aprender a elaborar
vitrias e derrotas de forma construtiva, competir com lealdade, aprender a propor
sem impor, levar em conta posies contrrias s suas; ser capaz de respeitar as
diferenas e, Aprender a ser, isto , desenvolver hbitos de auto-cuidado, aprender
a lidar com os sentimentos, elaborar pensamentos autnomos e crticos, superar
limites, estabelecer um projeto de vida. (BRASIL, 1999)
Uma das idias em vigor reiterada pelos Parmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) a de retirar o contedo que classifica o Ensino como restrito execuo de
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duas esferas: a de preparar para o prosseguimento dos estudos e habilitar para o
exerccio de uma profisso tcnica. A inteno de vincular o(a) estudante ao
mundo do trabalho prtica social. Esta filosofia deve perpassar toda a educao
escolar, articulando a formao da pessoa do ponto de vista individual e coletivo, o
aprimoramento do educando como pessoa humana do ponto de vista tico,
intelectual e crtico, a integrao do mundo do trabalho e o desenvolvimento das
competncias para continuar aprendendo de maneira autnoma e crtica. (BRASIL,
1999)
Estas novas competncias almejadas vo contribuir para que o(a) estudante
possa exercer plenamente a sua cidadania dentro do novo contexto que vem se
solidificando, exercendo sua plenitude, as suas capacidades cognitivas e relacionais,
inclusive, para se inserir no novo modo de produo.
Para que no ocorra um desenvolvimento educacional inadequado e/ou
desigual, a Lei 9.394/96 reza sobre a construo do conhecimento estabelecida
numa base nacional comum. O Art. 26 enfatiza que:
Estudos da Lngua Portuguesa e da Matemtica, o conhecimento do mundo fsico e natural e da realidade social e poltica, especialmente do Brasil, o ensino da Arte de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos, e a Educao Fsica, integrada proposta pedaggica da escola. (BRASIL, 1999, p.65).
A atual LDB se preocupa em apontar para um planejamento e
desenvolvimento do currculo de forma orgnica, ultrapassando os limites impostos
pelas disciplinas, gerando o conhecimento de forma transdisciplinar.
Essa Lei define ainda a diviso do conhecimento em trs reas de
conhecimento: Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias; Cincias da Natureza,
Matemtica e suas Tecnologias; e Cincias Humanas e suas Tecnologias.
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25
No campo das Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias, a Lngua
Portuguesa prioritria, pois, segundo os Parmetros Curriculares Nacionais,
geradora de significados e integradora do mundo da prpria interioridade. H
tambm a nfase numa lngua estrangeira, para que os indivduos tenham acesso a
outras culturas e informaes. O acesso Informtica tambm se apresenta como
um importante meio de se integrar a linguagem tecnolgica que se consolida na
contemporaneidade. Essas linguagens proporcionam a insero do aluno nas
prticas sociais e produtivas atuais e a formao do ser educando como cidado.
A rea das Cincias da Natureza, Matemtica e suas Tecnologias contribui
para consolidar os sistemas de pensamento mais abstratos, consolidar metodologias
cientficas e conhecimentos e finalidades de reas especficas do mundo fsico e
natural. Salienta-se que tal bloco de conhecimentos promove a insero do aluno
nos conhecimentos tecnolgicos requeridos pelo mundo do trabalho atual.
O ensino das Cincias Humanas e suas Tecnologias pretende criar
conscincias crticas e capazes de agir reflexivamente e ativamente no mundo,
possibilitando ao (a) estudante ser capaz tambm de discernir sobre as questes
histricas da cultura na qual se encontra inserido e ser sabedor dos seus direitos e
deveres, e desenvolver a conscincia cvica e dos laos de solidariedade social.
De acordo com Mitrulis (2002), as trs reas do conhecimento foram
pensadas de modo a contemplar o desenvolvimento scio-cultural da sociedade
tecnolgica, no perdendo de vista que esta diviso no visa compartimentalizar o
conhecimento, mas reforar reas que contribuem para a interao e compreenso
da realidade contempornea. Com isso, procura-se acabar com o acmulo de
conhecimentos divididos em disciplinas, para gerar um conjunto de capacidades
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26
cognitivas nos (as) estudantes capazes de compreender as diversas nuances da
realidade complexa.
A LDB enfatiza no apenas o ensino de conhecimentos, mas, principalmente,
proporciona ao aluno competncias cognitivas, revertendo, segundo Mello (1999,
p.01) o foco do ensino para a aprendizagem, no se trata de ensinar um contedo
especfico, mas sobretudo de desenvolver a capacidade de aprendizagem de
diferentes contedos por todo o Ensino Fundamental. Mello (1999, p.03) destaca
ainda as diferenas na filosofia do novo currculo amparado na LDB e a necessidade
de empenho para renovar a educao nacional ao afirmar:
Mobilizar conhecimentos para agir em situaes determinadas requer mais do que entender conceitos, compreender relaes e fazer extrapolaes. Exige senso de pertinncia, intuio, sensibilidade para a oportunidade, julgamentos de valor. Um currculo escolar voltado para competncias e no apenas para contedos requer assim um esforo permanente de transposio didtica para criar ambientes de aprendizagem facilitadores da constituio de conhecimentos que faam sentido e permitam ao aluno descobrir porque se a aprende e para que serve o aprendido.
Com a criao dessa nova filosofia da prxis, faz-se necessrio criar tambm
uma nova escola, capacitando e educando aquele que ir educar o (a) estudante,
contribuindo para transformar a educao no Brasil.
Portanto, nessa nova tica, a escola no ser mais um fim a ser atingido,
porm um meio de construo e reconstruo constante da conscincia crtica, da
participao ativa no mundo e formao de cidados autnomos.
Assim, conforme foi apontado, a concepo de aprendizagem no est mais
restrita a mera assimilao de conhecimentos, imprescindvel que o indivduo
desenvolva uma capacidade crtica e ativa perante o mundo em que se encontra
inserido, compreendendo bem o papel desempenhado no seu grupo, na sua famlia
e na sociedade como um todo.
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Da que, pelas razes que sero posteriormente estabelecidas, a arte terapia
pode desempenhar um importante papel na consolidao do novo projeto escolar a
ser desenvolvido nas escolas.
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4 ARTETERAPIA
De acordo com Andrade (2000), a arteterapia uma cincia teraputica
relativamente recente tem seus primeiros desdobramentos no incio do sculo XX,
com o advento das teorias psicanalticas. Nise da Silveira e Margarete Nauberg so
os principais fomentadores da terapia no Brasil. Da que importante conhecer um
pouco sobre o seu desenvolvimento, para posteriormente partir para os benefcios
que ela pode trazer.
4.1 NOTAS HISTRICAS DA CRIAO E DESENVOLVIMENTO DA ARTETERAPIA
A arteterapia uma atividade bastante antiga. No entanto, sua verso
contempornea comeou a ser gestada, a partir da dcada de 1940.
Como toda e qualquer cincia, no Brasil, grandes cientistas foram pioneiros
em desenvolver e direcionar a arte terapia para o tratamento clnico. Nise da Silveira
desenvolveu um importante trabalho de expresso e arteterapia na ala teraputica
ocupacional do centro psiquitrico Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro.
(ANDRADE, 2000)
Para o ensejo do referido tratamento, Nise da Silveira utilizou tcnicas de
pintura, confeco de esculturas, desenhos, msica, dana e teatro. Nise da Silveira
buscava partir do universo simblico dos seus pacientes, para a partir da eles
poderem expressar suas angstias, seus desejos e suas pulses primitivas de
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maneira mais inacabada, gerando um maior equilbrio entre a energia pulsional e o
desejo, possibilitando que se possa trabalh-los para control-los. Esta terapia
trabalha, alm das questes j mencionadas, com a contradio da vida instrutiva e
da vida moral vivenciada em sociedade adquirida e interiorizada pelos pacientes.
Sua terapia era fundamentada, principalmente, na teoria psicanaltica de Carl G.
Jung. Isso se deve ao fato de que Jung trabalhava, principalmente, com imagens e
pensamentos dotados de sentido em sua especificidade emocional e dotada de uma
universalidade cultural, que eivam os arqutipos, os quais possibilitam um
entendimento do ser humano consolidado no espao e tempo definido.
Talvez foi Jung um dos pioneiros na utilizao da arte como parte do
tratamento de seus pacientes. Ele acreditava que por meio da confeco dos
desenhos, o indivduo expressa seu interior, fazendo uso de uma simbologia, que
gera a organizao e compreenso do conhecimento interior do pensamento do
cliente. Da o uso da criatividade exteriorizada no desenho como elemento de cura.
(ANDRADE, 2000)
Nise da Silveira deu desenvolvimento s questes trazidas por Jung,
buscando encontrar relaes entre o uso da arte e a loucura. interessante
observar que ela compreendeu que pessoas poderiam, atravs da arte, aquilo que
no conseguiam exteriorizar atravs da linguagem estritamente verbal. Foi ento
que ela teve a idia de montar Oficinas de Criao Artstica e ps seus clientes para
pintar, modelar e produzir atividades artsticas. O que a ela interessava era
proporcionar aos pacientes um caminho pelo qual poderiam expressar sentimentos.
Diante de tal desenvolvimento, os desenvolvimentos adquiridos com a arte puderam
tomar uma importante funo como meio de teraputico para o doente mental
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reconstruir a sua realidade de maneira mais equilibrada e menos perturbadora.
(ANDRADE, 2000)
J durante os anos de 1940, 1950 e 1960, Margarete Nauberg criou e utilizou-
se da teoria da arte terapia com base na teoria desenvolvida pela psicanlise,
direcionando-a para o tratamento psiquitrico. Ela buscava, acima de tudo, o
equilbrio o desenvolvimento sustentvel do ego, a libertao dos contedos
reprimidos pelo inconsciente atravs das atividades artsticas imaginativas e criativas
postas em prtica. Foi ela que sistematizou e organizou a arte terapia como
atividade estritamente profissional.
De acordo com Andrade (2000), O processo de arteterapia dinamicamente
orientado baseado no reconhecimento de que os pensamentos e sentimentos
fundamentais do homem so derivados do inconsciente e, freqentemente, so
expressos mais em imagens do que em palavras.
4.2 ARTETERAPIA E DESENVOLVIMENTO
A arteterapia o resultado de um conjunto de conhecimentos advindos da
uso da arte para uso teraputico. Ela tem uma abordagem transdisciplinar, se
valendo da psicologia e da pedagogia, promovendo o desenvolvimento do indivduo,
atravs das tcnicas e prticas artsticas, tais como tcnicas de expresso e vivncia
caracterizadas nos desenhos, pinturas, colagem, modelagem e esculturas, prticas
teatrais, msicas, trabalhos com a linguagem corporal, visualizao, relaxamento,
dentre outros. Tais trabalhos arteterpicos promove o conhecimento introspectivo,
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desenvolve as habilidades individuais, promove a integrao scio cultural do grupo,
alm de trabalhar com possveis angstias e sofrimentos atravessados pelos
indivduos ordinrios da sociedade.
A arteterapia promove tais benefcios, na medida em que exerce o poder de
integrar realidade e fantasia, consolidando os alicerces subjetivos do mundo
interno e objetivos do mundo exterior, fazendo falar aqueles contedos que, at
ento, se encontravam suprimidos na psiqu. Atravs da emergncia, da promoo
e compreenso desses conhecimentos, o indivduo pode se compreender melhor,
alm de propiciar o desenvolvimento da personalidade individual e grupal.
Assim, importante mencionar o que defende Andrade (2000). De acordo
com este autor, ao se trabalhar com as potencialidades artsticas interiores,
promove-se a natureza humana e ambiental, proporcionando uma conscincia de si,
do outro e do mundo. A arteterapia promove, dessa maneira, a possibilidade que
nos intrnseca de atuar de forma criativa e responsvel com relao a si prprio e
a prpria insero no mundo em que o indivduo se encontra situado.
Assim, as possibilidades artsticas podem ser utilizadas das maneiras mais
variadas. O mediador pode fazer uso da arteterapia na psicoterapia, em oficinas de
grupo, reabilitao de pessoas com problemas de relacionamento, em trabalhos
pedaggicos, em comunidades, dentre outras. Em suma, sua rea de atuao pode
ser promovida, tanto do ponto de vista do crescimento individual, como meio de
potencializao dos laos de solidariedade de grupo.
Ainda de acordo com Andrade (2000, p.34)
A arte, como quer que seja entendida, tem uma funo extremamente importante e essencial para o desenvolvimento humano podendo fazer a integrao de elementos conflitantes: impsulso-controle, amor-envelhecimento, versus dio-agressividade, sentimento-pensamento, fantasia-realidade, consciente-inconsciente, verbal, pr-verbal e no verbal.
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importante enfatizar que, na medida em que a arteterapia promove o
autoconhecimento individual e coletivo e a reflexo, ela acaba por dirimir os meios
de acesso em atuao nos grupos sociais que levam a no reflexo, isto , o
recurso da violncia. Com isso, os laos sociais, quando a arte terapia promovida,
cominha no sentido de construir valores de respeito e compreenso para com
consigo mesmo e com o outro, j que consegue promover uma nova abordagem da
realidade e das relaes sociais.
A arteterapia caminha justamente no sentido de realar aquilo que o ser
humano tem de mais especial, que o ato de reflexo e criatividade empregado em
suas aes, potencializando assim as nossas emoes mais caras. Neste sentido, o
que caracteriza a arte terapia e o que ela traz de especial justamente o trabalho
com o processo criativo engendrado pelo ser humano. A arteterapia trabalha o
elemento psicolgico justamente para renovar e recombinar as aspectos complexos
da vida em sociedade. E quando se promove a criatividade, tem-se a possibilidade
de mexer na vitalidade humana, gerando novos meios de utilidade daquilo que
comumente constatado. Isto significa que o indivduo, atravs da arteterapia, pode
dar vazo de maneira diferenciada aos seus sonhos, sentimentos e angstias,
permitindo que se possa erigir uma sociedade mais harmnica e equilibrada.
Em resumo, de acordo com Andradre (2000), a arterapia pode ser
caracterizada pela utilizao da arte como terapia. Porm, esta simples idia pode
trazer grandes progressos para o ser humano.
Agora, importante que o terapeuta seja flexvel e tenha a mente aberta para
a nuances as quais est investigando, conforme nos aponta Barros (1994, p.134):
O terapeuta solicitado a responder vasta extenso das experincias humanas. Isso requer abertura, flexibilidade substancial e um talento artstico de mestre. Para dar exemplos concretos e simples: no decorrer de
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uma tarde, voc pode vir a ser solicitado a perceber em profundidade a viso de mundo de um menino de nove anos de idade, cujos colegas de escola debocharam dele por causa de seu peso; ou como ser uma pessoa de meia-idade angustiada pela dor crnica, ou um jovem e talentoso msico que no pode se apresentar um pblico por causa de uma doena que o incapacita. Em cada caso, os significados individuais e nicos dessas pessoas sero inevitavelmente moldados por suas formas diferentes de ser no mundo. O desafio do terapeuta responder a elas.
A arteterapia no tem preocupaes estritamente artsticas, no sentido de
promover a esttica. A preocupao direcionada para a exteriorizao dos
sentimentos suprimidos. Isto serve para colocar para fora aquilo que estava
reprimido, podendo re-organizar e atribuir outra lgica as experincias de opresso
pelo qual o indivduo passou. Assim, ele pode compreender e organizar aquelas
situaes dramticas, dando-lhe outro sentido que no aquele que gerou as
emoes perniciosas, pois, dessa maneira, ele tem idia e a dimenso da origem e
desenvolvimento do seu medo. A arte terapia gera uma verdadeira transformao do
esprito.
Isto traz a tona um dos muitos benefcios que o indivduo experimenta ao
praticar a arteterapia, que a reorganizao interna da conscincia e do modo de
conceber as suas relaes com as pessoas e com o mundo. Ela possibilita uma
regenerao do indivduo. Isto ocorre porque, no processo de criao, a energia do
inconsciente so unificadas a um determinado arqutipo e o exterioriza numa
linguagem que da ordem simblica. Dessa maneira, a arte um meio para a
exteriorizao no verbal da percepo, que acarreta no processo de individuao.
Neste processo, o indivduo tem a possibilidade de se relacionar com as inmeras
manifestaes do inconsciente que esto, comumente, em contradio parcial e/ou
constante com os comportamentos e vises caracterizados no consciente.
(ANDRADE, 2000)
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A arteterapia pode ento ser caracterizada como uma terapia que, por meio
do estmulo da expresso e do desenvolvimento da criatividade gerado pela energia
do inconsciente, ela favorece a libertao dos traumas, de conflitos interiores, das
imagens contraditrias do inconsciente. Isto , aquelas imagens que geram
ansiedades, represso, medos, cerceamento da coordenao motora,
comprometendo, em muitos momentos, o prprio processo de individuao e
equilbrio geral do indivduo.
O poder de atuao da arteterapia acarreta em grandes possibilidades de
aplicao. Ela pode ser aplicada:
Em organizaes em geral - ela pode desenvolver a diminuio da
tenso e do stress, melhorando o clima organizacional;
Em instituies escolares - o trabalho com a criatividade pode gerar o
combate da ansiedade, do medo e melhorar o sentimento de grupo;
Em consultrios de psicologia - a arte terapia pode promover a
expresso, gerando o melhor entendimento do paciente ajudando no
processo de integrao de si mesmo, bem como o seu equilbrio;
Em atividades teraputicas de grupos nas mais variadas faixa etrias,
no atendimento a criana, adultos, idosos e excepcionais. (ANDRADE,
2000)
Tais apontamentos demonstram que a arteterapia trabalha, principalmente,
com a auto-estima, amor ao prximo, valores positivos e de integrao,
exteriorizao dos sentimentos reprimidos, capacidade de reflexividade, trabalha
com a diminuio da agressividade, auto-crtica, sexualidade, produtividade,
ansiedade, auto-conscincia de si e de grupo. Ou seja, a arteterapia trabalha com a
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prpria efetivao do ser humano em ser social, promovendo uma verdadeira
integrao com a totalidade social e ambiental.
A arteterapia promove a integrao entre os processos criativos do ser
humano, atravs dos processos construtivos atravs da arte. importante, para
desenvolver ainda mais a questo, citar Ostrower (1998, p.142):
Os processos criativos so processos construtivos globais. Envolvem a personalidade toda, o modo de a pessoa diferenciar-se dentro de si, de ordenar e relacionar-se com os outros. Criar tanto estruturar quanto se comunicar, integrar significados e transmiti-los. Ao criar, procuramos atingir uma realidade mais profunda do conhecimento das coisas. Ganhamos, concomitantemente, um sentimento de estruturao interior maior; sentimos que ns estamos desenvolvendo em algo essencial para o nosso ser. Da, se torna to importante para o artista ou para qualquer pessoa sensvel, saber do trabalho dos outros, ter contato com seres criativos, no no sentido de uma realidade, mas no sentido de um crescimento interior que tambm em ns se realiza, quando podemos acompanhar a realizao de outro ser humano.
Assim, Ostrower (1978) concebe a criatividade como algo essencial para o
crescimento individual e coletivo, expressando tudo aquilo que mais caro ao ser
humano enquanto indivduo e enquanto atuando na sociedade.
Tal promoo se torna ainda mais importante, na medida em que a conjuntura
vivida constituda por sentimentos de individualismo, da busca incessante pelo
lucro e a prpria competitividade e concorrncia que permeia toda a sociedade.
De acordo com Ostrower (1998), a arte uma forma de crescimento para a
liberdade, um caminho para a vida. Da que a arte possibilita o compreenso do
mundo interior do artista, alm de promover a leitura do social que se encontra
interiorizada no indivduo. Isto se deve ao fato de que a arte trabalha com a
simbologia, que manifestada artisticamente e gera o crescimento da personalidade
e mantm o equilbrio psicolgico, direcionando a energia com a participao da
conscincia na formao imagtica do ser humano.
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Portanto, por meio da arte que o indivduo vivencia e re-semantiza seu
mundo interior e exterior, expressando os seus sentimentos, representando as suas
percepes, como tambm sensaes, fantasias, sonhos, desejos, traumas,
alegrias, medos e angstias. Assim, a arteterapia pode ser conceituada como um
meio de psicoterapia. A arteterapia tem o poder de atuar como uma funo
organizadora da psiqu, j que engendra o indivduo em novas formas de
comunicao com a sua subjetividade e com o seu ambiente, desenvolvimento as
habilidades psicolgicas e emocionais.
O que se constata que, atravs da arte, o sujeito pode se tornar autnomo,
fazendo descobertas, tendo a liberdade de optar por qual caminho pode enveredar.
Ele pode assumir as rdeas do seu destino e do seu comportamento no mundo.
Neste sentido, consolida-se um processa que abre caminhos para a mudana da
represso dos sentimentos e opresso das formas mais variadas de
comportamentos.
Assim, a prpria aceitao individual e coletiva se torna possvel, e, por isso,
menos penosa, pois que no feita amparada em medos e angstias. Tendo este
caminho consolidado, o indivduo pode agir de maneira a criar e valorizar a sua
prpria criao, j que se transforma e transforma o mundo de maneira consciente.
Isto , segue de maneira a se aceitar como ser humano e se orgulhar daquilo que .
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5 ARTETERAPIA E EDUCAO: POSSIBILIDADES APLICATIVAS
Como j foi rapidamente exposto anteriormente, a arteterapia pode
desempenhar inmeras funes positivas nas mais variadas reas da sociedade.
Isto se deve ao fato de que ela contribui para a conscientizao de si, promovendo
tambm uma interao diferenciada com o mundo e com a sociedade. Da que
tambm a arte terapia pode desempenhar importante papel no processo educacional
de crianas.
Assim, neste nvel do trabalho, o propsito demonstrar algumas prticas de
arte terapia em grupo para caracterizar meios de sensibilizao, conscientizao e
contribuio da arte terapia na vivncia social e auto-conhecimento, promovendo
uma educao mais reflexiva para as crianas.
5.1 A IMPORTNCIA DO AUTO CONHECIMENTO DE SI
O primeiro passo a ser buscado o auto-conhecimento de si. Perceber seu
corpo, sentir as tenses musculares, os batimentos cardacos, a respirao, deixar
fluir seus gestos, a entonao da fala, estimulando-se adquirir confiana, reforar
integrao grupal e mobilizar as participantes frente aos desafios de suas
necessidades vitais. Essa uma das funes que a arte terapia pode desempenhar
quando introduzida na vivncia educacional da criana.
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De acordo com Bezerra (2003), o corpo essencial quando sentido,
percebido e vivenciado de forma unitria. Isto se deve ao fato de que a Psique e
soma esto em constante interao, de forma que a razo no domine a emoo,
ambas devem estar conectadas e interagindo entre si.
Assim, deve-se reconquistar um espao igualitrio entre essas duas
instncias do ser. O ser consciente das suas sensaes e percepes racionais
(mente e emocionais - corpo). O ser educando deve saber trabalhar os seus limites
e potencialidades de uma forma espontnea e autntica, reencontrando-se com a
natureza e entrega-se ao viver sem tantas amarras e culpas, logo, interage bem
consigo mesmo, com outros, com o ambiente natural e com o cosmo. Da sua
importncia para o auto-conhecimento de si e para a vivncia das prticas
educacionais no qual a criana ser inserida. (BEZERRA, 2003)
Alm disso, o auto conhecimento de si significa o conhecimento do prprio
corpo. Quando se fala em corpo no est se pensando apenas em sua estrutura
orgnica, mas a maneira como o ser humano se relaciona com outros seres reflete a
multiplicidade das determinaes que o marcam para alm de seu carter anatomo-
fisiolgico.
5.2 A PSICOTERAPIA CORPORAL E A EDUCAO
Neste sentido, um dos meios que podem ser introduzidos no processo
educacional da criana a psicoterapia corporal. Atravs do controle dos estados de
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tnus muscular e ritmos de respirao, pode-se obter resultados de gerao de
maior reflexividade, conhecimento de si e integrao de grupo. A idia que, para
obter maiores resultados, a psicoterapia pode ser feita em grupo, agregando-se os
alunos de uma determinada classe.
Aliado a psicoterapia corporal, pode-se promover tambm atividades ldicas,
nos quais podem ser explorados diversos materiais, com movimentos, dana e
improvisao como forma de promover a integrao do grupo, equilbrio entre as
participantes. Com o trabalho corporal, trabalha-se nossa mente e psique para a
experincia criadora.
Estas atividades podem ser desenvolvidas por disciplinas especficas, tais
como as disciplinas de Artes e Educao Fsica, como tambm podem ser
ensejadas no incio das aulas ou em momentos programados destinados a um
relaxamento para maior absoro do contedo, j que, relaxado, o educando no
ter a tenso para dispersar. Neste sentido, o ndice de apreenso do contedo
aumenta vertiginosamente, j que a arte terapia ir promover o relaxamento e o
aumento dos sentidos. (ANDRADE, 2000)
Portanto, os benefcios educacionais de tais atividades dizem respeito a
caracterizao dos objetivos a serem alcanados, atravs do aumento da
reflexividade, alm de promover a capacidade motora, agilidade e reaes mentais
para com o contedo a ser enfrentado.
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5.3 OS BENEFCIOS DA MSICA
Convm observar que as atividades ldicas podem ser incrementadas pelo
trabalho com msicas que estimulem movimentos corporais, como forma de obter
um fluxo maior de energia criadora, abrindo caminho para a exteriorizao das
potencialidades dos indivduos.
A introduo da msica importante, na medida em que gera nos seres
educandos o desligamento do mundo externo e facilita o encontro com o grupo e
com os objetivos institucionais, que relaxar, se conhecer, se integrar, refletir e,
principalmente, promover a atividade criativa.
De acordo com Aleessandrini (1999, p.31),
Criar tocar a essncia mais profunda do ser humano. sentir a beleza do sutil, em um espao onde era nada, e que de repente passa a ser uma forma, um contorno emerge um gesto; enfim, a expresso de um sentimento presente dentro de ns. redimensionar o que existia em direo a algo que passa a ser conectado com os valores internos e constituintes.
Assim, atravs da msica e da dana que se torna possvel trabalhar
emoes e estabelecer comunicao significativa de aprendizado e troca. Isto se
deve ao fato de que os sinais rtmicos emitidos podem ter importante papel na rea
da comunicao e da interao social. Vale ressaltar que se trabalha, atravs da
promoo dos movimentos musicais, se cria uma linguagem no-verbal que
transmite mensagens significativas e trocas de grupo.
De fato, o corpo tem o poder de transmitir uma linguagem que no
percebida num primeiro momento, mas que desempenha um importante papel de
integrao social e sentimento de grupo.
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A definio das atribuies do corpo e como ele cria a questo expressiva nos
dada por Arcuri (2004, p.21):
O corpo um instrumento de relacionamento e pode tanto ser receptivo quanto expressivo. O corpo pode ser o canal eficiente de expresso dos nossos sentimentos e por isso tem que ser flexvel; os trabalhos corporais tanto funcionam para oferecer ao corpo alguns estmulos, quanto para desbloquear e permitir que ele se expresse mais livremente.
Neste sentido, o som um veculo na articulao de atividades e
mobilizaes para que os indivduos, atravs dele, possam se conhecer tendo
contato com algumas questes muitas vezes difceis de serem verbalizadas,
ampliando, assim, a conscincia sobre si mesmo, sobre o outro e o mundo.
importante mencionar que, muitas vezes, trabalhar essas questes que
permanecem escondidas no inconsciente, pode ser a chave para reverso da
disperso e do insucesso educacional.
O trabalho relacionando com tais tcnicas possibilita a concretizao de
vivncias, gerando uma organizao interna que, aos poucos, vai sendo assimilada,
o que significa um processo de maturao emocional, motora, espacial, visual, tctil
e gestual que estimula, sem dvida, o sucesso do processo educacional no qual a
criana ser inserida. Alm disso, o grupo passa por um processo de crescimento,
onde oferece a cada criana a possibilidade de ser si-mesmo, liberando
potencialidades e capacidades a serem desenvolvidas e aprimoradas, de forma
criativa e flexvel dentro do processo educacional e interao com o grupo e com o
professor.
As vivncias de atividades criativas feito dentro um contexto, que definido
por Ciornai (1995, p.60):
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Ao contatar o mundo que o rodeia, o indivduo convidado pela vida continuamente a viver o novo, a fazer novas escolhas, tomar decises, adentrar mistrios, caminhos desconhecidos, estabelecer novas relaes e descortinar novos horizontes.
Assim, com base no princpio de encontro com o novo no qual a criana se
defronta diariamente, torna-se possvel a essa mesma criana desenvolver a
criatividade. Alm disso, a criana pode-se perceber em sua prpria singularidade,
ajudando-a a expressar a sua necessidade, como tambm o levando a aprender
com a prpria experincia vivenciada.
Assim, pode-se afirmar que as atividades desenvolvidas, devem ser feitas
num ambiente acolhedor, de respeito e confiana mtua entre as crianas e o
prprio professor. Com isso, o grupo experimenta momentos de crescimento e
aprendizagem individual e de grupo.
5.4 OFICINAS DE ARTES
Portanto, o objetivo trabalhar as emoes, retorno ao mundo interior. Outra
medida pode ser a promoo de oficinas de artesanato, como pode representar, por
exemplo, a oficina de bonecos. A construo deve ser conduzida de forma ldica e
interativa, no sentido de permitir a comunicao e criatividade entre os educandos.
interessante que o educando seja orientado para libertar a sua individualidade e
deixar espao para externar as suas emoes atravs das atividades. A norma a ser
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seguida deve ser a da liberdade de atuao e de expresso dos sentimentos das
crianas.
Para efetivar tal norma, deve-se atentar para o fato de que o professor
mediador desempenha um importante papel. O papel deve ser caracterizado no
sentido de gerar a liberdade da ajuda.
5.4.1 A funo do mediador
De acordo com Santos (1999), mediador aquele que permite um contato
com o mundo interno. atravs dele que ocorre a identificao da pessoa com o
personagem da oficina desenvolvida, no momento do confeccionamento ou da
concretizao da arte desenvolvida. O mediador auxiliar tambm na relao com o
mundo externo, atravs do contato que o personagem vai estabelecendo com o
ambiente e com as pessoas.
O mediador no deve se preocupar com o envolvimento imediato dos
participantes. Ele deve se desenvolver progressivamente, abrindo espao para
escolhas pessoais, expresso dos desejos, ansiedades, sentimentos e emoes,
promovendo o contado com o mundo interno e externo da criana.
Assim, o cuidado deve ser orientado para a concretizao da atividade
artstica, bem como da caracterizao do cenrio, para que a compreenso se
relacione com a construo da arte, gerando a possibilidade de memorizao do
trabalho e da capacidade de improvisao para recuperar situaes no previstas,
no se restringindo expor as atividades e emoes diante do grupo.
Santos (1999, p.111) expressa, atravs das experincias que realizou com
bonecos, que:
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Por ser o boneco um objeto de comunicao, ele levar a pessoa a estabelecer relaes com o mundo externo, com o outro, assim, a construo da histria pessoal vai sendo mediada e ampliada pelo outro. Para a confeco de um boneco necessrio que se faam escolhas pessoais, pois decidido desde a expresso do rosto, at a cor da roupa que o boneco ter.
Com isso, a figura do boneco vai, com o passar da sua construo, dando
forma as experincias individuais da criana que o produziu vo sendo exteriorizada.
A construo dos bonecos, comumente, expressa os sonhos e desejos do indivduo,
despertando a alegria e o prazer de estar construindo um novo ser, que
simbolizado no boneco.
Alm disso, as crianas podem ser estimuladas a falarem e darem voz aos
seus bonecos, o que ir estimular a exteriorizao de sentimentos que se
encontravam at ento reprimidos, contribuindo para o melhoramento da
comunicao e do sentimento de pertencimento. Portanto, promove-se a
harmonizao dos conflitos individuais e o sentimento de pertencimento grupal.
(SANTOS, 1999)
Outras atividades artsticas podem ser desenvolvidas, o importa que o ser
educando passem por um processo de sensibilizao corporal e conhecimento de si
e do grupo no qual se encontra inserido e que aguce a imaginao.
Para isso, pode pedir s crianas que imaginem uma figura qualquer e depois
passem a construir e dar vida aquele objeto pensado. Porm, antes de iniciar a
construo do objeto, importante que o mediador pea que a criana exteriorize o
porque daquela escolha e o que pretende fazer. Isto pode contribuir para a
concretizao dos objetivos a serem ensejados, abrindo espao para que a criana
possa compartilhar sua histria pessoal e, de alguma maneira, o porqu de estar
desenvolvendo tal atividade com o grupo.
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Outra sugesto que se trabalhe com o prprio ambiente, pedindo que as
crianas construam frases relacionadas com tipos psicolgicos, as funes da
conscincia: sensao, sentimento, intuio e pensamento, as quais permitem
perceber as caractersticas de cada indivduo e como se relacionam com o meio
exterior e interior.
Posteriormente, importante que os discentes transcrevam e leiam o seu
trabalho, buscando levar a concretizao das frases que se relacionem intimamente
com as suas atitudes, para dessa maneira perceber algo mais sobre o modo de ser
da criana.
importante salientar que o estudo dos tipos psicolgicos permite perceber,
na medida do possvel, os movimentos caractersticos de cada indivduo,
compreend-los e encorajar de forma teraputica uma conscincia que se
encaminhe superao ou minimizao dos conflitos. Isso pode representar uma
importante arma para a maior compreenso de si, potencializando o ensino de
processo aprendizagem.
Diante disso, interessante lembrar o que diz Ciornai (1995, p.51), quando
afirma que, atravs da arte:
Retiramos a experincia humana da corrente rotineira e, por vezes, automtica do cotidiano, estabelecendo novas relaes entre seus elementos, misturando o velho com o novo, o conhecido com o sonhado, o temido com o vislumbrado, trazendo, assim, novas integraes, possibilidades e crescimento novas informaes, isto , a formao de figuras que criam um novo saber.
So, portanto, caminhos do conhecer humano, caminhos de criao,
ampliao e transformao de conhecimento. Da advm sua relevncia para o
caminho da concretizao do melhoramento do processo pedaggico aplicado a
discentes.
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5.4.2 Visualizao criativa
A visualizao criativa pode desempenhar o importante papel de clarear os
objetivos nos quais esto permeando a sala da aula. A visualizao criativa
importante para a harmonizao dos objetivos individuais com os objetivos coletivos.
Assim, pode-se pedir a criana que pensem em sua infncia e que a relacionem com
o fato de estarem ali, interagindo com outras crianas. Isso permitir um melhor auto
conhecimento de si e conhecimento do prprio grupo no qual a criana se encontra
inserida.
O mais importante nisso tudo recapturar a sensao do corpo naquele
momento. Ao entrar de novo no fluxo de um momento mgico, desencadeia uma
transformao no corpo. Os sinais enviados pelo crebro so ativados to facilmente
por lembranas e imagens visuais quanto por vises e sons concretos. Quanto mais
vivida a participao, mais perto se chegar de reproduzir a qumica do corpo
naquele momento da juventude. Os velhos canais nunca se fecham, apenas
deixaram de ser usados. (CHOPRA, 1994)
Assim, de acordo com o Chopra (1994, p.131):
Se voc imaginou a sua experincia com bastante intensidade, todos os tipos de reao involuntria presso, batimento cardaco, respirao, temperatura corporal e, assim por diante comearo a reproduzir exatamente o que voc sentiu no passado. Voc reviveu no apenas uma imagem visual, mas sim toda a reao fisiolgica que acompanhou a imagem.
A visualizao criativa pode ser acompanhada de uma pintura sobre aquilo
que foi imaginado. Pode-se ainda estimular que as crianas falem sobre aquilo que
pintaram, fortalecendo ainda mais a experincia reflexiva proporcionada pela arte
terapia.
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5.5 IMPORTNCIA DA ARTETERAPIA PARA INCORPORAO DO PROCESSO PEDAGGICO NA ESCOLA MUNICIPAL NOSSA SRA DA APRESENTAO
As possibilidades aplicativas da arte terapia no processo educacional
apontado acima foi posto em prtica na Escola Municipal Nossa Senhora da
Apresentao, que oferece o curso de ensino fundamental regular (Ciclo e EJA), nos
turnos matutino, vespertino e noturno. Ela conta com 778 alunos distribudos em 27
turmas.
O perodo de aplicao das atividades foram desenvolvidas em dois perodos.
O primeiro perodo foi caracterizado em 50 horas (12/02 a 28/06/2005), contando
com o grupo de trs clientes. J a segunda etapa foi feita num perodo de 30 horas
(02/08 a 21/10/2005), contando com um grupo de dois clientes.
Antes de desenvolverem as atividades, os educandos, quando ingressaram
nas atividades escolares, apresentavam uma desmotivao e uma falta de vontade
de participar das atividades devido, muitas vezes, nao compreenderem a
importncia de tais atividades por se encontrarem com problemas internos. Com
isso, as atividades podem ser desenvolvidas, muitas vezes, com baixa estima e sem
a atribuio da devida importncia que a atividade escolar merece.
Os alunos se encontravam muito agressivos, inquietos, desconcentrados em
sala de aula, apresentando dificuldades de assimilao, autoestima baixa,
insensibilidade e irritabilidade. Com isso, construiu-se uma ficha de caracterizao
de cada cliente.
Os recursos utilizados para efetivar as atividades de arteterapia foram um
Atelier da escola, alm de contar com os recursos materiais, tais como lpis,
colees variadas, barro, clssicos da literatura infantil, mscaras, jogos, revistas,
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cola, papis, cartolinas, CDs infantis, relaxamento, cantigas de roda, tesoura,
barbante, pinceis e tintas.
Aps a concretizao das oficinas de arte, psicopedagogia, atividades ldicas
e teatrais, pode-se constatar que as atividades desenvolvidas pela arteterapia se
apresentaram como uma importante ferramenta para reverter tal quadro de
desistmulo e incompreenso das atividades escolares. Na medida em que as
atividades arteterpicas vo sendo postas em prtica, o sentimento de grupo vai
sendo fortalecido, a introspeco superada em favor, da interao, reflexividade, e
solidariedade.
Este processo de reverso nos apresentado por Aleessandrini (1999,
p.121),
Os diferentes materiais possibilitaram em um fazer artstico altamente reestruturante e desencadeador de novos jeitos de lidar. O sensvel norteia a ao de inaugurar com alegria e preciso a energia amorosa que transcende antigos bloqueios.
Com isso, as crianas receberam os imulsos para se tornarem mais criativas,
descobrindo novas capacidades e habilidades, at ento adormecidas ou
desconhecidas. A ao transformadora passou a permear a atividade pedaggica e
a interao do aluno com o seu mundo interior e o mundo exterior, possibilitando a
expresso dos sentimentos, percepes, fantasias, pensamentos e sonhos, gerando
tambm laos de solidariedade e compreenso dos objetivos desenvolvidos na sala
de aula e o porqu deles estarem ali.
importante mencionar que a maior simpatia das crianas foram
direcionadas para as atividades teatrais desenvolvidas, principalmente, a confeco
da pea dramatizada pelos prprios alunos, que contava a histria da Dona
Baratinha.
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As tcnicas de arteterapia, neste sentido, proporcionaram o crescimento, a
vitalidade do grupo criado arbitrariamente na sala de aula, possibilitando de maneira
ldica e singela o melhor assimilamento do conhecimento e dos objetivos da sala de
aula.
Portanto, a arteterapia aplicadas com o objetivo pedaggico que permiaram
as tcnicas de ensino aprendizagem desenvolveram um conjunto de sentimentos de
pertencimento de grupo e de harmonizao interior, que promoveram a
receptividade e a reflexividade necessria para o melhoramento da relao do aluno
com o contedo a ser ministrado em sala de aula. A arteterapia proporcionou a
vontade de participar e a integrao, acabando com a incompreenso e a apatia e
contribuindo para reflexo e para a criatividade. O ensino-aprendizagem s pode se
fazer pelos meios do autoconhecimento, da integrao e da criatividade. E
justamente isso que a arteterapia sabe desenvolver.
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6 CONSIDERAES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo analisar os benefcios advindos da
arte terapia quando aplicados a educao, tendo como foco de anlise a aplicao
da arteterapia com fins pedaggicos na Escola Municipal Nossa Senhora da
Apresentao.
A conjuntura constatada foi a de uma apatia generalizada e desestmulo
enfrentado pelos alunos. Tal situao dificultava a relao entre os alunos, a relao
entre os alunos e os professores, assim como do educando com o conhecimento a
ser assimilado.
A arteterapia foi aplicada com o propsito de reverter tal situao. Ela foi
pensada justamente pelos seus benefcios intrnsecos. A sua prtica contribui, na
medida em que promove o autoconhecimento de si trabalhando os sentimentos
reprimidos e angstias incompreendidas, para o autoconhecimento, a interao
harmnica entre o grupo e promoo a interao, a reflexo e a criatividade.
Porm, sua aplicao comportou algumas dificuldades que merecem ser
mencionadas. As dificuldades enfrentadas disseram respeito ao fato de estagiar
sozinha, pois o monitoramento do desenvolvimento das atividades dificultava as
anotaes. Alm disso, era bastante cansativo conciliar observao, vivncia,
relatrio e frequncia na superviso do estgio. Outra dificuldade enfrentada foi a de
recorrer constantemente s fundamentaes tericas para planejar as vivncias.
Tais dificuldades foram superadas com uma boa dose de irreverncia,
ateno e o desejo de fazer o trabalho bem feito com os seres educandos. Da que
as intempries no foram suficientes para lograr xito nesta jornada.
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Pode-se afirmar, portanto, que os benefcios advindos da arteterapia foram
rapidamente sentidos na esocla em estudo. Quando a criana brinca, quando joga,
constri todo um universo mgico, que capaz de transforma meros palitos de
fsforo em drages cuspidores de fogo ou se transformar na princesa presa na torre.
Essa tcnica depende de ambos narrador e ouvinte. Cada indivduo possui dentro
de si recursos para autocompreenso e para modificao de seus autoconceitos que
o leva a aprendizagem.
Foi justamente esse aspecto mgico o constatado nas experincias da escola
Municipal Nossa Senhora da Apresentao. Os alunos se tornaram menos
agressivos; ocorreu uma maior concentrao em sala de aula; houve uma
amenizao da tristeza e melancolia. Os alunos demonstraram uma confiana
mtua, gerando uma participao ativa e demonstrao maior de interesse nas
atividades em sala de aula. O sentimento de grupo foi fortalecido, na medida em que
a sociabilidade com as pessoas, compartilhando experincias com colegas. Com
isso, ocorreu a melhoria no processo de assimilao do conhecimento, e,
principalmente, o aumento do auto conhecimento.
Portanto, pode-se afirmar que h, neste sentido, uma necessidade premente
de difundir o uso da arteterapia nas escolas e instituies pedaggicas. No h
contraindicaes para tal medida. A arte terapia pode ser trabalhada por pessoas de
nove a noventa anos de idade. Alm disso, ela uma importante ferramenta
pedaggica, que facilmente se entrelaa com os mais variados contedos, podendo
ser utilizada tanto nas disciplinas artsticas, como nas disciplinas estritamente
provindas das cincias fsicas e naturais.
Em suma, o seu carter plstico da arteterapia permite reverter o quadro de
opresso e apatia muitas vezes vivenciada pelos alunos. S a criatividade e a
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reflexividade e a podem estimular os alunos em busca do conhecimento e a
arteterapia sabe muito bem como desenvolv-las.
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REFERNCIAS
ALLESSANDRINI, Cristina Dias. Oficina criativa e psicopedagogia. So Paulo: Casa do psiclogo, 1999.
ANDRADE, Liomar Quinto. Terapias expressivas. So Paulo: Vetor, 2000.
ARCURI, Irene Gaeta. Memria corporal: o simbolismo do corpo na trajetria da vida. So Paulo: Vetor, 2004.
BEZERRA, Djakson da Rocha. A origem e a trajetria da Psicoterapia Corporal: desafios da Formao do Psiclogo Clnico em Anlise Bioenergtica. So Paulo, 2003. Instituto de Psicologia, Universidade de So Paulo.
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio. Braslia: MEC/SEF, 1999.
CHOPRA, Deepak. Corpo sem idade, mente sem fronteiras: a alternativa quntica para o envelhecimento. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
CIORNAI, Selma. Arteterapia: o resgate da criatividade na vida. In: ____ CARVALHO, M. M. A arte cura? So Paulo: PSYII, 1995.
CIORNAI, Selma. Janie Rhyne: pioneira da abordagem gestltica em arte-terapia. Arte Terapia: Reflexes, So Paulo, ano 1, n 1, p.5 9, 1995.
MITRULIS, Eleny. Ensaios de inovao no Ensino Mdio. In: Caderno de Pesquisa, [s.l.],n116, p. 217-244, jul.2002.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criao. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.