Ars Nova

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ARS NOVA - TRECENTO

1300 a 1450

Segunda etapa da polifonia

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Ars nova é uma nova expressão introduzida por Philippe

de Vitry e que designa a produção musical, tanto francesa

como italiana, depois das últimas obras da ars

antiqua até ao predomínio da

escola de Borgonha, a qual

esteve na vanguarda do

panorama musical do

Ocidente no século XV.

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Inovações da Ars Nova

• Motete (isoperiodicidade, isorritmia)

• Canção polifónica (cantilena)

• Sistema mensural

• Notação mensural

• Desaparecem o organum e o conductus

• Predomina a música profana

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• Comparativamente, podemos afirmar que o século XIII caracterizou-se por ser uma época de estabilidade e unidade, enquanto que o XIV foi de mudanças e diversidade. A diminuição do progresso e a recessão económica agravados pelos estragos causados pela peste negra (1348-50) e a Guerra dos Cem Anos (1338-1453) deram origem ao descontentamento urbano e às revoltas dos camponeses. O crescimento das cidades durante os séculos precedentes trouxe um crescente poderio político à classe média e ocasionou o declínio da antiga aristocracia feudal.

• Durante o século XIII a autoridade da Igreja, encarnada nos papas de Roma, gozava do respeito e reconhecimento geral com carácter de supremacia. Durante o século XIV começou-se a questionar esta autoridade e, em especial, a supremacia dos papas. Entre 1305 e 1378 os papas residiram em Avignon, no sudeste de França, devido à anarquia e tumultos em Roma.

• O rei Felipe V (o Formoso) através de intrigas conseguiu a eleição de um papa francês, Clemente V (1305-14) o qual nunca foi a Roma. Durante 39 anos, até 1417 existiram dois, e até mesmo três, rivais que pretendiam o papado (“O Grande Cisma").

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Ars nova em França

• Desde os finais do século XIII, as inovações rítmicas introduzidas

por Petrus de Cruce abriram novos caminhos.

• Testemunhos de que os próprios músicos reconheciam a inovação

da música do início deste século aparecem cerca de1320, sob a

forma de dois tratados: a Ars Nove Musice de Johannes de Muris e

a Ars Nova de Philippe de Vitry. O tratado de Johannes de Muris é

provavelmente o mais antigo dos dois, mas foi a obra de Vitry que

nomeou a música deste século.

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• O documento musical mais antigo do século XIV

francês é um manuscrito datado de 1310-14, sobre

um poema satírico, Roman de Fauvel. Trata-se de

uma sátira à corrupção social da época. Roman de

Fauvel é um poema francês atribuido ao escriba real

Gervais de Bus, apesar de se ter tornado conhecido

pelo arranjo musical de Philippe de Vitry ao estilo da

Ars Nova. Publicado em Paris em 1314, a obra

constitui uma crítica alegórica à igreja católica e ao

Estado, usando a metáfora do burro que se converte

em governador da casa do seu amo por causa de um

capricho da Fortuna.

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O legado da Ars Antiqua

Na música polifónica, é necessário saber com precisão quanto dura cada nota para que as diferentes vozes coincidam nos movimentos previstos pelo compositor. Por esta razão, os teóricos da Ars Antiqua preocuparam-se em encontrar uma escrita musical que correspondesse às crescentes exigências de uma polifonia que se desenvolvia com grande rapidez. Entre eles há que destacar Pierre de la Croix, Jean de Garlandia e Franco de Colónia, que codificam nos seus escritos a ciência musical dos seus contemporâneos e fixam as normas que haveriam de servir, um século depois, os músicos da Ars Nova.

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ARS NOVA - TRECENTO

França - ARS NOVA

Itália - TRECENTO

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Ars Nova (França)

CARACTERÍSTICAS

• Novos conceitos rítmicos.

• Estabelece-se a notação mensural de onde

derivará todo o sistema de notação musical

moderno

• Expressões melódicas de origem popular e

melodias mais elaboradas.

• Uso de certos intervalos de terceira e de sexta

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Formas Musicais • O Motete polifónico continua a ser escrito em

França, mas com importantes alterações.

Começa a usar-se o motete isorrítmico.

• Novas formas seculares polifónicas –

ballade, rondeau e virelai. (formas fixas).

• Continuando a tradição dos trouvères,

também se compõem canções monofónicas

("formes fixes“: ballade, rondeau e virelai). Ars Nova - Zuelma Chaves 12

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Motete Isorrítmico • É a forma mais importante do século XIV, contudo é

baseado num cantus firmus

Composição:

1. Selecciona-se um canto ou parte de um canto para o tenor

2. A melodia do canto constitui o color

3. O color repete-se até ao final da peça

4. O padrão rítmico chamado talea também é repetido, mas como o seu final não coincide com o final do color, resulta uma nova combinação de talea e color.

5. As vozes superiores têm a liberdade de usar princípios isorrítmicos.

6. O motete isorrítmico continua a práctica de textos diferentes nas vozes superiores e passagens em hoqueto.

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Formes fixes

• Ballade :várias estrofes de 4 versos (aabC). Geralmente são para três vozes com o interesse melódico e rítmico na voz superior.

• Rondeau polifónico: derivou da forma monofónica dos trouvères e seguia a mesma fórmula (AbaAabAB). Para 2, 3 ou quatro vozes. Os mais comuns a três vozes, com uma linha vocal solista e duas partes instrumentais mais graves em ritmos que se movem mais lentamente.

• Virelai, também chamado chanson balladée no século XIV, era como o rondeau derivado da forma monofónica dos trouvères, mas com as secções AbbaA para cada estrofe do poema.

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COMPOSITORES FRANCESES

• Philippe de Vitry (1291 – 1361) conhecido principalmente pelo seu tratado de notação, chamado ARS NOVA (ca. 1325), o qual deu nome a toda a prática musical francesa do século XIV.

• Johannes de Muris (ca. 1300 – ca 1350), que escreveu outro importante tratado: Ars Nove Musice.

• Guillaume de Machaut (1300-1377) O principal compositor da Ars Nova. Machaut teve uma educação religiosa, fez votos e foi também famoso como poeta. Produziu mais música secular que sacra. Tal como Perotin foi um símbolo da Ars Antigua, Machaut, foi a grande personalidade musical da Ars Nova.

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Guillaume de Machaut “Missa de Notre Dame”

• É a sua maior e mais famosa obra e uma das primeiras composições polifónicas do ordinário da missa, dando-lhe uma estrutura formal completa, ao considerar as cinco divisões do Ordinário (Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus-Benedictus, e Agnus Dei) como uma só composição musical em vez de peças separadas. Cada um destes andamentos termina com um grande Ámen melismático.

• O Kyrie, o Sanctus e o Agnus Dei são motetes isorrítmicos que têm o tenor dos cantos gregorianos do ordinário da missa, o mesmo não se passa com o Glória e o Credo, que estão compostas num estilo silábico , provavelmente devido à extensa dimensão dos seus textos.

• Utiliza em algumas secções a técnica do hoquetus.

• Não é possível saber ao certo a forma como esta obra terá sido executada, contudo, todas as vozes poderão ter sido dobradas por instrumentos.

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Motetes

• A maior parte baseava-se no esquema tradicional: um tenor litúrgico instrumental e textos diferentes nas duas vozes superiores, seguindo as tendências contemporâneas de um maior laicismo, maior extensão e complexidade rítmica. Nestes motetes utilizou com bastante frequência o hoquetus.

Formes Fixes

• As suas canções monofónicas podem ser consideradas como continuação da tradição dos trouvères, contudo foi nos seus virelais, rondeaux e ballades polifónicos — as denominadas "formes fixes"— onde Machaut mostrou com maior clareza as tendências progressistas da Ars Nova:

– Explorou as possibilidades da nova divisão binária do tempo.

– Embora ainda se oiçam muitas quintas paralelas e numerosas dissonâncias marcadas, as sonoridades mais suaves de terceiras e sextas e o sentido harmónico distinguem a sua música da prática da Ars antiqua.

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OTRECENTO (Itália)

• Pela primeira vez a música polifónica Italiana

torna-se proeminente no panorama musical.

• As principais características são:

• Normalmente não faz uso da técnica do cantus

firmus

• Ritmicamente é menos complexa que a música

francesa

• Emprega texturas mais simples.

• Introduziu um estilo vocal muito florido. Ars Nova - Zuelma Chaves 18

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Formas Musicais • O Trecento Italiano foi dominado pelas formas seculares: madrigal,

caccia e ballata.

Madrigal

• Os textos eram idílicos, pastorais, amorosos ou satíricos. Existia um gosto pelo bucólico: Cenas idílicas de pastores dedicados ao amor e à despreocupação, vivendo num mundo imaginário atemporal, um mundo remoto, de conto de fadas, povoado por duendes, bosques e fontes.

• Os principais poetas são Petrarca, Bocaccio, Sacchetti e Soldanieri.

• Escrita a duas vozes, ainda que mais tarde também se escreverá a três vozes, com o texto na voz superior.

• As estrofes de dois a três versos tinham a mesma música, no final um par de versos acrescidos chamados ritornello ou estribilho, de composição nova e métrica distinta (se as estrofes estavam compostas em ritmo binário, o estribilho passava a ritmo ternário).

• Nos estribilhos, ocasionalmente, aparecem passagens melismáticas ornamentadas que fazem lembrar os antigos conductus.

• Na 2ª metade do século XIV, por influência da caccia, nasceu o madrigal canónico a duas e a três vozes (com cânone na voz superior e um tenor livre).

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CACCIA

A caccia (caza ou cacería), floresceu desde cerca de 1345 até 1370 e foi a primeira forma musical que explora o princípio do cânone baseado em imitações contínuas entre duas ou mais vozes:

– As vozes superiores eram cantadas em imitação estrita ao uníssono e com um intervalo de tempo grande entre a primeira e a segunda voz.

– A terceira voz (a mais grave) era composta livremente em notas que se moviam

lentamente e provavelmente era tocada por um instrumento.

– Usualmente tinham uma secção de ritornello canónico no final.

– Os textos geralmente descrevem cenas de caça ou outra actividade de campo.

BALLATA

A ballata (que não deve ser confundida com a Ballade francesa) teve origem como

uma canção de dança e desenvolveu-se a partir do madrigal e da caccia. A sua estrutura seccional é semelhante à do virelai, com um estribilho chamado ripresa cantada no início e no final de cada estrofe. (AbbaA).

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COMPOSITORES ITALIANOS

• O compositor mais importante do Trecento foi Francesco Landini

(ca 1325 – 1397). Era um organista cego de Florença que compôs

mais de 140 ballatas a 2 e 3 vozes,10 madrigais e uma caccia.

Apesar de ser cego desde muito jovem, alcançou admiração como

organista, compositor, poeta e filósofo. A sua fama como organista

virtuoso, na igreja de San Lorenzo em Lucina de Florencia foi

extraordinária, executava também com igual perícia tanto o alaúde

como a flauta, entre outros instrumentos. É considerado como o

maior organista italiano anterior a Frescobaldi.

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• Giovanni da Cascia (também conhecido como Johannes de

Florencia) organista de Santa María del Fiore em Florença.

Esteve ao serviço da corte de Verona entre 1329 e 1351.

• Jacobo de Boloña músico também da corte de Verona entre

1340 e 1345.

• Ambos compuseram madrigais a duas vozes, caccias e

ballatas.

• No final do século XIV encontramos Matteo de Perugia,

falecido ca. de 1418. É autor de baladas tanto italianas como

francesas, rondós, virelais, Glórias a 4 vozes, Credos,

cânones, etc.

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Características importantes partilhadas

pela Ars Nova e o Trecento

1. Maior produção de música secular que sacra.

2. Tempus imperfectum (divisões binárias das notas)

era usado mais frequentemente que o tempus

perfectum.

3. Abandonam-se os modos rítmicos a favor de ritmos

mais complexos e diversificados.

4. Cantus firmus era usado menos frequentemente:

compunha-se mais música completamente original

sem materiais pré-existentes.

5. O interesse rítmico e melódico tende a concentrar-se

na voz superior.

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6. Aparecem mais frequentemente as harmonias de 3ªs 6ªs.

7. Recurso frequente a uma fórmula melódica conhecida

como a cadência de Landini. A qual consiste no padrão

resultante dos graus da escala 7 – 6 – 1, por vezes era

chamada de cadencia 7 – 6 – 1. Aparece em várias

formas diferentes na música do século XIV e início do século XV.

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Diferenças entre o sistema Mensural medieval e o

sistema actual de Notação

• A notação mensural, ou seja, com indicação estrita da

duração das notas sobreviveu até aos dias com muito poucas

modificações.

• Os primeiros passos fundamentais no desenvolvimento

histórico da notação mensural encontram-se nas obras de

Franco de Colonia (ca. 1260), Petrus de Cruce (ca. 1300), e

Philippe de Vitry (1322).

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Notação mensural

Notação moderna

Notação branca

(séculos XV-XVI)

Notação negra

(séculos XIV-XV)

Notação franconiana

(séculos XIII)

Anteriormente, no sistema original de Franco de Colonia (Ars cantus mensurabilis),

cada uma destas notas dividia-se em três da imediata seguinte, conseguindo assim

um ritmo ternário, que se suponha relacionado com a Santíssima Trinidade, mas na

Ars Nova aparece a possibilidade de cada nota se dividir em duas da seguinte

(como actualmente) dando origem aos ritmos binários e a todas as possibilidades combinatórias. Ars Nova - Zuelma Chaves 26

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Modos e símbolos mensurais

Brevis semibrevis Mínima

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