Após frase sobre AI-5, Maia diz que Heleno virou auxiliar ... · Gabinete de Segurança...

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Sem Opção Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política - Página: Capa e A8 - Publicação: 05/11/19 URL Original: Após frase sobre AI-5, Maia diz que Heleno virou auxiliar do radicalismo de Olavo Após frase sobre AI-5, Maia diz que Heleno virou auxiliar do radicalismo de Olavo Ao comentar declaração de Eduardo Bolsonaro sobre volta de ato da ditadura, general afirmou que 'tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir' Brasília e São Paulo O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou nesta segunda-feira (4) graves as declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional , general Augusto Heleno, sobre um novo AI-5 e afirmou que o militar virou um auxiliar do radicalismo do escritor Olavo de Carvalho. As declarações foram dadas por Maia em Jaboatão dos Guararapes (PE), onde o presidente da Câmara realizou visita ao prefeito local, Anderson Ferreira (PL). Na última quinta (31), Heleno comentou declarações do líder do PSL na Câmara, deputado Eduardo Bolsonaro (SP), de que a edição de um novo AI-5 poderia ser uma resposta a uma eventual radicalização da esquerda. O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, fala com a imprensa no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 30.abr.19/Folhapress

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Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política -Página: Capa e A8 - Publicação: 05/11/19URL Original:

Após frase sobre AI-5, Maia diz que Heleno virouauxiliar do radicalismo de OlavoApós frase sobre AI-5, Maia diz que Heleno virou auxiliardo radicalismo de OlavoAo comentar declaração de Eduardo Bolsonaro sobre volta de ato daditadura, general afirmou que 'tem de estudar como vai fazer, como vaiconduzir'Brasília e São PauloO presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou nesta segunda-feira (4) graves as declarações do ministro doGabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, sobre um novo AI-5 e afirmou que o militar virou um auxiliar doradicalismo do escritor Olavo de Carvalho.As declarações foram dadas por Maia em Jaboatão dos Guararapes (PE), onde o presidente da Câmara realizou visita ao prefeitolocal, Anderson Ferreira (PL).Na última quinta (31), Heleno comentou declarações do líder do PSL na Câmara, deputado Eduardo Bolsonaro (SP), de que aedição de um novo AI-5 poderia ser uma resposta a uma eventual radicalização da esquerda.

O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, fala com a imprensa no Palácio do Planalto -Pedro Ladeira - 30.abr.19/Folhapress

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O instrumento, adotado durante a ditadura militar, resultou em forte repressão, com cassação de direitos políticos e fechamentodo Congresso.Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Heleno havia dito que não tinha ouvido as declarações de Eduardo, filho dopresidente Jair Bolsonaro (PSL).“Se falou, tem de estudar como vai fazer, como vai conduzir. Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico quetem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo”, afirmou.Nesta segunda, Maia afirmou que há um pedido de convocação do general na Câmara. “Acho que a frase dele foi grave. Alémdisso, ainda fez críticas ao Parlamento, como se o Parlamento fosse um problema para o Brasil”, disse.“É uma cabeça ideológica, infelizmente o general Heleno, o ministro Heleno virou um auxiliar do radicalismo do Olavo. Umapena que um general da qualidade dele tenha caminhado nesta linha.”Olavo de Carvalho, radicado nos EUA, é o principal ideólogo do entorno presidencial: seus filhos, particularmente Eduardo e overeador Carlos, o chamam de professor. Também estão na cota de discípulos olavistas o chanceler Ernesto Araújo e oministro Abraham Weintraub (Educação), além de assessores como Filipe Martins (Assuntos Internacionais da Presidência).Procurado, Heleno disse à Folha que não tem "nada a comentar" sobre a declaração de Maia. Segundo relatos, ele foirecomendado a não responder à crítica para evitar um acirramento na relação entre Executivo e Legislativo."Nada a declarar. Não tenho nada a comentar", afirmou. "Não vou falar, pô", acrescentou, diante da insistência da reportagem.A postura é a mesma adotada por Heleno em julho, quando foi criticado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Na época, ofilho do presidente fez ilações sobre falha do GSI no episódio da descoberta de cocaína em um avião da comitiva presidencial.O tom adotado por Maia foi interpretado no Palácio do Planalto como uma tentativa do parlamentar de se distanciar deBolsonaro por motivações eleitorais. Segundo levantamento interno, as declarações de Eduardo e Heleno tiveram umarepercussão negativa nas redes sociais, inclusive entre eleitores bolsonaristas.Para auxiliares do presidente, o movimento de Maia, adequando-se a um discurso de centro, tem também como objetivo seaproximar do mercado financeiro, que tem reprovado o radicalismo de integrantes do governo e avaliado que ele atrapalha atramitação da pauta econômica.Há um outro fator. Heleno, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, tem ficado crescentemente isolado em posições maisradicais nos últimos meses. Generais da ativa que antes o consideravam uma garantia de bom senso ante as teorias maisradicais dos bolsonaristas agora preferem manter distância do oficial de quatro estrelas da reserva.Segundo conhecidos próximos, Heleno tem se mostrado irascível na condução dos trabalhos de governo. Pressionado pela aladita ideológica, aproximou-se taticamente dos bolsonaristas. Ele tem insistido em postagens a tese de que os protestos no Chilepodem contaminar as ruas brasileiras, algo já dito por Eduardo e pelo presidente.Seu principal assessor, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas, recebeu críticas entre oficiais da ativa por ter repetidono Twitter a pressão que fez no ano passado sobre o Supremo Tribunal Federal —em 2018, contra um habeas corpus a LuizInácio Lula da Silva (PT), e agora contra a revisão da prisão em segunda instância.Para evitar que o episódio se transforme em uma nova crise entre Legislativo e Executivo, a ordem de Bolsonaro é para que adeclaração de Maia não seja rebatida publicamente, sobretudo no momento que o presidente enviará uma proposta de reformaadministrativa, que já enfrenta resistência tanto na esquerda quanto na direita.O núcleo moderado do governo, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, considerou que o tom adotado por Maiafoi, nas palavras de um auxiliar palaciano, "acima do adequado", mas que ajuda a trazer o presidente "de volta para arealidade".O sentimento entre lideranças do Congresso é de que a conclusão da reforma da Previdência pode ocasionar um levante dosparlamentares contra o governo.Na visão de pessoas ouvidas pela Folha, alguns grupos podem deixar de lado um tom moderado e fazer críticas abertas aoPlanalto.Após forte repercussão da classe política, Eduardo tornou-se alvo de representação no Conselho de Ética na Câmara por suadeclaração sobre um novo AI-5.Diante das primeiras críticas, ele manteve sua declaração. Na sequência, foi repreendido pelo pai e então pediu desculpaspúblicas.Em entrevista ao SBT, Eduardo disse que foi "um pouco infeliz" ao ter mencionado a possibilidade da edição de um novo AI-5 eressaltou que deu munição aos partidos de oposição.No sábado (2), Bolsonaro afirmou que uma eventual punição a Eduardo será uma perseguição política."Punição, só se for perseguição política. Não acredito que isso aconteça, porque abre brecha para punir qualquer parlamentarpor suas opiniões. O parlamentar tem que ter imunidade do artigo 56 para defender o que bem entender. Se lá na frente apopulação acha que ele não foi bem, não vote mais nele. Agora, ele fez uma comparação hipotética se o que está acontecendono Chile viesse para o Brasil", disse o presidente.AI-5, 13 DE DEZEMBRO DE 1968

Deu novamente ao presidente o poder de fechar o Congresso, Assembleias e Câmaras. O Congresso foi fechado portempo indeterminado no mesmo dia

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Renovou poderes conferidos antes ao presidente para aplicar punições, cassar mandatos e suspender direitos políticos,agora em caráter permanenteSuspendeu a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica ea economia popularDeu ao presidente o poder de confiscar bens de funcionários acusados de enriquecimento ilícito

Danielle Brant, Gustavo Uribe , Talita Fernandes e Igor Gielow

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