Apresentaçao Veblen - why is economics not an evolutionary science

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A nossa apresentação é sobre o texto: “Why is economics not an evolutionary science?” Este texto é de Thorstein Veblen e foi escrito em 1898. Sobre o autor vale a pena dizer que este era americano, mas que criticava o estilo de vida conspícuo típico dos americanos. Pode ser considerado o pai do Institucionalismo, do “Velho institucionalismo” e também o autor do termo economia evolucionista. A sua obra é influenciada pela doutrina Maximiana e pela doutrina Historicista, e surge como uma crítica ao método neoclássico. Estudou economia e, nas suas obras, crítica também o método de análise económica utilizado pelos seus contemporâneos, assim como faz no artigo que iremos apresentar. Como foi dito, o artigo chama-se “Why is economics not na evolutionary science?”, em português, “Porque a economia não é uma ciência evolucionista?”. Com este ponto de partida, o autor começa por explicar que a economia não é uma ciência evolucionista, porque não se enquadra no contexto das ciências modernas. E a partir daqui discorre acerca da sua visão sobre a economia, do seu paralelismo com as ciências naturais e do porquê de considerar que esta não se pode considerar nem uma ciência moderna nem uma ciência evolucionista. No texto, o autor começa por afirmar que a antropologia veio revolucionar as ciências sociais, e que a Economia de seu tempo necessita de reabilitação, pois esta encontra-se impotente para lidar com os problemas da sua atualidade. Isto deve-se ao facto da economia não ter atingido um método de estudo definitivo. Contrariamente a isso, o conhecimento de então, baseava em doutrina e leis naturais, conciliadas com fatos que coincidentemente os confirmavam. Segundo o próprio, as ciências modernas e evolucionistas lidam com a natureza humana e com factos reais, e apesar da economia também lidar com factos reais, até de forma mais meticulosa, estes contentam-se com enumeração de dados e de narrativas acerca do desenvolvimento, a partir das quais não conseguiram criar nem teorias, nem conhecimento consistente acerca do assunto. E mesmo vendo esforços para contrariar este facto, nas doutrinas de Mills, ou nas teorias de Cairnes, e até mesmo nos economistas mais recentes, a visão da economia da época continua aquém das ciências consideradas evolucionistas.

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Texto que serviu de suporte para a apresentação oral acerca do texto de Veblen - why is economics not an evolutionary science

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A nossa apresentação é sobre o texto: “Why is economics not an evolutionary science?”

Este texto é de Thorstein Veblen e foi escrito em 1898. Sobre o autor vale a pena dizer que

este era americano, mas que criticava o estilo de vida conspícuo típico dos americanos.

Pode ser considerado o pai do Institucionalismo, do “Velho institucionalismo” e também o

autor do termo economia evolucionista.

A sua obra é influenciada pela doutrina Maximiana e pela doutrina Historicista, e surge

como uma crítica ao método neoclássico. Estudou economia e, nas suas obras, crítica

também o método de análise económica utilizado pelos seus contemporâneos, assim como

faz no artigo que iremos apresentar.

Como foi dito, o artigo chama-se “Why is economics not na evolutionary science?”, em

português, “Porque a economia não é uma ciência evolucionista?”. Com este ponto de

partida, o autor começa por explicar que a economia não é uma ciência evolucionista,

porque não se enquadra no contexto das ciências modernas. E a partir daqui discorre acerca

da sua visão sobre a economia, do seu paralelismo com as ciências naturais e do porquê de

considerar que esta não se pode considerar nem uma ciência moderna nem uma ciência

evolucionista.

No texto, o autor começa por afirmar que a antropologia veio revolucionar as ciências

sociais, e que a Economia de seu tempo necessita de reabilitação, pois esta encontra-se

impotente para lidar com os problemas da sua atualidade. Isto deve-se ao facto da

economia não ter atingido um método de estudo definitivo. Contrariamente a isso, o

conhecimento de então, baseava em doutrina e leis naturais, conciliadas com fatos que

coincidentemente os confirmavam. Segundo o próprio, as ciências modernas e

evolucionistas lidam com a natureza humana e com factos reais, e apesar da economia

também lidar com factos reais, até de forma mais meticulosa, estes contentam-se com

enumeração de dados e de narrativas acerca do desenvolvimento, a partir das quais não

conseguiram criar nem teorias, nem conhecimento consistente acerca do assunto. E mesmo

vendo esforços para contrariar este facto, nas doutrinas de Mills, ou nas teorias de Cairnes,

e até mesmo nos economistas mais recentes, a visão da economia da época continua

aquém das ciências consideradas evolucionistas.

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A diferença entre os cientistas evolucionistas e pré-evolucionistas, não reside na falta de

esforços para a explicação dos processos, de crescimento ou de desenvolvimento. Mas sim

na atitude espiritual perante os fatos. Ou seja, a verdadeira diferença encontra-se na

maneira como os factos eram avaliados.

Os grandes economistas da sua época, acreditavam que a relação causa-efeito era

independente do fator tempo e de todas as mudanças que este trás. O autor defende, na

sua análise acerca das ciências evolucionistas que embora a relação causa-efeito seja de

facto importante, é necessário que se analise o seu contexto local e temporal, e com isto

introduz o termo causalidade cumulativa. Tanto os pensadores naturalistas, como os

clássicos não ficaram satisfeitos com formulação de sequência mecânica e avançaram com

uma explicação derradeira, sendo esta a existência de uma lei natural. E aqui surge a

primeira crítica do autor à economia da sua atualidade, pois este critica a visão teleológica

que os seus contemporâneos exerciam perante a economia. Defendendo que a metafisica

deverá começar-se a sobrepor à providência, à ordem natural, ao direito natural e à lei

natural, o autor faz incidir as suas ideias sobre um assunto que era dominado por crenças

teleológicas e verdades absolutas, dando assim dessa forma importância ao método

económico científico.

Para o autor é importante ter em consideração a contextualização histórica dos

acontecimentos. A investigação científica deve ser baseada exclusivamente na análise de

factos, e das relações entre esses factos e situações do passado que os pudessem causar, ou

pelos quais puderam ter sido afetados. Neste sentido, nota-se a influência de Darwin nas

conceções do autor sobre a economia. Em Darwin, a evolução deve-se não por influência

espiritual mas sim pela força da necessidade e pelas interações estabelecidas ao longo do

processo. O autor vem então rejeitar o método de análise estático, e através do método

evolucionista de Darwin na biologia, estabelece um paralelismo com a economia e como

esta deve ser encarada. Assim como a visão de Darwin veio revolucionar a biologia, os

economistas deverão também procurar um método mais científico na análise da economia

por forma a se tornarem uma ciência. É então aqui percetível, que o autor defende uma

conceção darwinista da economia. Pois, assim como a evolução dos animais não se deve à

influência divina, mas sim a fatores externos, aos quais estes são obrigados a se adaptarem,

a economia também sofre alterações conforme as adaptações às quais é forçada. O homem

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como ser racional faz escolhas, escolhas essas pensadas num prisma de prazer ou dor. Essas

escolhas vão influenciar o sistema económico e irão causar alterações no mesmo, alterações

que influenciarão os indivíduos e assim consecutivamente. Assim, o estudo da história e do

contexto é de facto importante para a análise económica. Dado que os indivíduos não têm

opiniões nem gostos exclusivos, partilham-nas com outros indivíduos e assim agem como

grupos originando as instituições. A abordagem de Veblen foca-se portanto no aspeto

dinâmico do processo económico, ao que ele chamou “hábitos prevalentes de

pensamento”. Defende portanto uma abordagem do contexto cultural e institucional. Isto

diz respeito à importância da história na economia. O autor foca-se na importância do

contexto para a análise económica, o que contrasta fortemente com o paradigma

dominante na economia da época, na qual os modelos são concebidos e aplicáveis a

diferentes situações, ou seja, mantêm-se inalterados independentemente do contexto

institucional ou histórico. O autor argumentava então que as instituições e a sua influência

nos indivíduos e consequentemente nas suas ações, devem ser consideradas como a

unidade básica da análise económica. Os economistas não podem então apenas analisar a

“esfera económica” estritamente definida. Mas sim todas as áreas que a compõem, o

ambiente cultural dos agentes. A análise deve considerar a ideia das instituições sociais, e

não só fatores económicos, mas também fatores sociais e culturais que influenciam o

comportamento dos indivíduos.

Lembrando então a crítica inicial do autor ao conceito do equilíbrio estático que advém da

teoria da mão invisível, os economistas da sua época defendiam que o comportamento dos

indivíduos era estático. Veblen, vem por outro lado defender que embora o homem seja um

sistema que tende para o equilíbrio, a imensa variedade de consumíveis que lhe são

impingidos faz com que este se direcione numa ou noutra direção. Tudo isto implica então

uma teoria baseada na caracterização de um equilíbrio, o que de acordo com o autor não é

compatível com a visão evolucionista, pois nesta, a noção de equilíbrio não faz sentido pois

advém de visões teleológicas. Aqui novamente voltamos a ver o foco do autor nos

indivíduos, e nas instituições que estes compõem e de maneira que estas, em conjunto com

a natureza humana influenciam o seu comportamento. Comportamento esse que irá

influenciar a economia e que como tal, deve ser tido em consideração, segundo o autor para

uma análise científica da economia.

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Podemos então concluir que o foco principal da sua crítica, assim como a justificação ao

porquê da economia não ser considerada uma ciência moderna e evolucionista se deve a

dois pontos distintos:

Por um lado, o autor rotula a teoria económica clássica como puramente estática e

incapaz de se moldar à sociedade ou à mudança económica de forma adequada. Este

crítica o facto da teoria económica ser considerada uma projeção da conduta ideal;

E por outro lado, surge a crítica face aos economistas da sua época, que descartam

as relações de causalidade e a ação dos indivíduos e das instituições relevantes para

o processo de mudança económica.

Em síntese podemos então voltar a dizer que as teorias de Veblen foram bastante

importantes e que este exerceu uma influência fortíssima, pelo que ainda hoje existem

correntes que partiram de princípios apresentados pelo próprio. Com Veblen surge uma

mudança no paradigma do pensamento económico.

Neste artigo está presente a sua crítica ao neoclassicismo e às suas análises reducionistas e

estáticas, com ênfase no equilíbrio em vez de na mudança. O autor refere para que a

economia possa ser considerada uma ciência evolucionista esta deverá focar se na

mudança, que advém das interações estabelecidas entre indivíduos e instituições. O autor

é portanto considerado o pai do “velho instititucionalismo”, e como pudemos ver no artigo

este considera as instituições como a unidade básica da análise económica. Defendendo que

as instituições e os indivíduos devem ser observadas como um conjunto no processo de

evolução, e que a mudança e o crescimento não podem ser compreendidas sem uma

análise da modificação dos hábitos mentais que os afetam. O autor propõe-nos então que

para se tornar uma ciência evolucionista a economia necessita de reabilitação. Para estudar

economia deverá ter se em conta a relação de causalidade cumulativa, ou seja, estudar os

acontecimentos de um ponto de vista de causa-efeito, ou por outra, que têm de ser

estudado de um ponto de vista alheio a teorias e doutrinas baseadas em visões teleológicas,

assim como é sugerido na teoria da evolução de Darwin.