Aprendendo a Navegar

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Mestre

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Page 1: Aprendendo a Navegar

Sebastião FernandesCapitão Amador

#

3a EdiçãoRevista, ampliada e atualizada de acordo com o Pro�.�vad0 pela

Portaria 76/2006 da Diretoria de Portos e CostasdaMari.eto Brasil

Page 2: Aprendendo a Navegar

Se \tocê gostoU

das coisas do

mar, é porque

você o vê de uma forma

poética, romântica e nele

passa momentos de puro

prazer. Pois o mar é assim

mesmo, apaixonante.

Já dizia Fernando

Pessoa que navegar é

preciso, viver não é

preciso. Esta frase, de

pura poesia, nos leva a

várias interpretações e

nos induz a pensar que é

impossível viver longe

dele. Outros poetas e

escritores cantaram o

mar ou se encantaram

com ele. Ernest

Hermingway ou Dorival

Caymmi são bons

exemplos de como o mar

exerce este fascínio sobre

algumas pessoas.

Esta obra que agora

lhe cai nas mãos é para

estas pessoas que não

podem viver longe do

mar, pessoas que, como

eu e você, ao invés de

contar carneirinhos,

pensamos no mar e nos

seus encantos, enquanto

o sono não vem. E o sono

vem, gostoso como o

balanço do mar.

O autor.

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Page 3: Aprendendo a Navegar

Sebastião fernandesCapitão Amador

a

ApreV1deV1do

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3a Edição

Revista, ampliada e atualizada de acordo com a Portaria 76/2006

da Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil

I Manual da Navegação CosteiraPrograma completo para o Candidato à Carteira de Habilitação de Mestre Amador Ide acordo com as novas normas publicadas pela Marinha em 2006.

Page 4: Aprendendo a Navegar

Ficha Catalográfica

F363a

Fernandes, Sebastião

Aprendendo a navegar: manual da navegação costeira! Sebastião Fernandes, .. 3.ed­

Florianópolis Postmix. 2006

155 p. : ii

Programa Completo para o Candidato a Carteira de Habilitação de Mestre Amador

ISBN 85-905026-1-9

Inclui bibliografia.

1.Navegação. 2. RIPEAM. 3. Publicações Náuticas Radar e GPS.

4.1nstrumentos de Navegação. 5 Noções de Estabilidade 1. Título

CDD 623.89

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB 14/071

1'"

I

Registro no Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca NacionalEscritório de Direitos Autorais

Registro nº 278.480 livro 502 Folha 140

Todos os direitos reservados ao autor, conforme Lei 9.610/98.Proibida a reprodução total ou parcial da obra, sem autorizaç

)r.

Distribuição: (47) 9975.6691 ou pelo site: www.aprendendoam

Page 5: Aprendendo a Navegar

Jf) õop PlAõJ

Page 6: Aprendendo a Navegar

- I

PREfÁCIO

Quando você obteve sua Carteira de Habilitação de Arrais Amador você

legalmente se habilitou para conduzir embarcações em águas interiores, como baías,

enseadas, lagoas, rios e lagos. Na oportunidade, você deu seu pontapé inicial no

mundo da navegação amadora.

Se agora você retorna para obter sua Carteira de Mestre Amador é porque

você certamente gostou das coisas do mar, tornou-se um marinheiro de verdade e,

portanto, você quer se aprofundar naquilo que chamamos de a verdadeira

navegação, ou seja, a navegação costeira, longe das praias, bem distante da terra

firme, lá onde costumamos dizer que o filho chora e a mãe não ouve...

E agora a navegação não é mais para iniciantes, agora ela é coisa para quem

realmente é do mar, para quem tem a água salgada nas veias, para quem respira

maresia. Diz-se que o Mestre Amador sabe navegação e o Arrais Amador acha que

sabe....

Entre aqueles que possuem motocicletas costumamos dizer que há dois

tipos de usuários de motos: os motoqueiros e os motociclistas. Motoqueiro é aquele

que usa a moto de uma forma irresponsável, com a descarga toda aberta, em

altíssima velocidade e motociclista é aquele romântico, que usa a moto de forma

moderada, que curte o passeio, o visual das montanhas, que deixa o cabelo ao vento,

que respira liberdade.

Pois entre os navegantes este fenômeno também acontece: há os lancheiros

e os navegantes. Lancheiro é aquele exibicionista, que coloca 2 motores de popa de

250HP numa pequena lancha e faz besteiras inenarráveis com sua embarcação e

depois a vende por preço de banana, por não ter se adaptado ao mar. Navegante é

aquele cidadão que junto de sua amada faz uma travessia moderada com sua

embarcação (sim, porque navegante não tem lancha; tem embarcação), que obtém e

plota sua posição na carta usando dados obtidos com sua alidade própria (mesmo

tendo GPS a bordo), que manda gravar seu nome na sua régua para/ela de estimação,

que manda gravar o nome do barco no seu chapéu, que providencia vinho exclusivo,

com o nome de seu barco no rótulo, que vê o mar não só como uma via de transporte

e lazer, mas olha para o mar vendo-o como pura poesia.

É a estes que me dirijo. Você jamais poderá ser chamado de navegante se não

dominar as técnicas de transformação de rumos, a posição no mar obtida por

marcações, a navegação estimada. Portanto, seja bem vindo ao verdadeiro ninho

das gaivotas, a este maravilhoso mundo da verdadeira navegação: a navegação

costeira.

Sebastião Fernandes

Page 7: Aprendendo a Navegar

-

INSTRlAÇÕES AO CANDIDATO À CARTEIRA DE HABILITAÇÃO DE

MESTRE AMADDR

Para se inscrever para a prova de Mestre Amador você deverá comparecer a

qualquer Capitania dos Portos, Delegacia ou Agência das Capitanias, ser brasileiro(a) ou

estrangeiro(a), ter mais de 18 anos, pagar a taxa de inscrição e realizar a prova na data

estipulada por cada Capitania. Para a inscrição, leve consigo cópia e originais de sua

identidade e CPF, cópia de sua Carteira de Arrais Amador, além de um atestado de sanidade

psicofísica, fornecido por qualquer médico. A relação dos locais de prova em todo o Brasil

você poderá encontrar em nosso site, no link AUTORIDADES MARíTIMAS.

A prova para obtenção da Carteira de Habilitação é feita de forma escrita, com 40

questões de múltipla escolha, contendo cada questão 4 opções de resposta.

A prova tem duração de duas horas e você deverá levar no dia da prova sua ficha de

inscrição, caneta azulou preta, lápis, borracha, régua paralela, compasso, transferidor e

documentos pessoais. Junto com a prova escrita você receberá da Capitania uma pequena

carta náutica (trecho da carta 1500) para cálculos de navegação.

Para se preparar para a prova estude com afinco os capítulos 01 a 14 deste livro,

procurando realmente entender as questões, pois elas aparecem na prova muito bem

elaboradas e exigem que o candidato raciocine bastante antes de responder, principalmente

nas questões relacionadas a cálculos de navegação. Aconselho inclusive que nestas

questões você desenhe cada situação específica, traçando numa rosa dos ventos os

cálculos mencionados de rumos e marcações. Durante sua preparação para a prova, caso

queira tirar alguma dúvida, envie-nos um e-mail, que teremos o maior prazer em lhe orientar.

Durante sua preparação, caso apareçam neste livro expressões ou palavras que

não lhe sejam familiares, consulte o capítulo 14, onde há um pequeno glossário de palavras

e expressões típicas da vida marinheira.

A princípio, este livro tenta evitar que você tenha que freqüentar um curso

preparatório para a prova. Se durante a preparação você se sentir inseguro para realizar a

prova, coloco-me à disposição para ministrar curso de Mestre Amador, inclusive com

atendimento individual, no seu domicílio ou em nossas instalações, na cidade de

Itapema/SC. Atendemos em todos os estados do sul do Brasil.

Boa sorte na prova, bons ventos e bons mares. E após a prova, compartilhe

conosco o resultado da mesma. Envie-nos um e-mail relatando o resultado da prova, suas

impressões pessoais ou faça-nos uma visita.

Sebastião Fernandes

Autor

[email protected]

(47) 9975-6691

Itapema-SC

Page 8: Aprendendo a Navegar

COMENTÁRIOS DO AlATOR

Há alguns aspectos nesta obra que são bastante interessantes: sempre que alguém

deseja aprender as técnicas de navegação tradicional se depara com o seguinte problema:

as obras já existentes sobre o assunto são de boa qualidade, mas todos reclamam que elas

deveriam trazer em anexo um instrutor, pois é muito difícil para um iniciante aprender todas

as técnicas de navegação apenas com uma simples leitura.

Em minha vida profissional, durante mais de 20 anos lidando com a navegação,

nunca encontrei um texto que fizesse com que o aluno aprendesse a usar, por exemplo, a

régua paralela, sem que estivesse ao lado alguém mais experiente para auxiliá-lo nesta

técnica. O mesmo problema se repete em diversas outras situações. Ensinar, através de

palavras escritas, a usar uma alidade e obter uma marcação magnética de um ponto em

terra que se está avistando, é tão difícil quanto dizer para um aprendiz de cozinha que um

bolo se faz com trigo, ovos e manteiga, sem ter ao lado alguém que já fez este bolo antes.

As palavras escritas, os textos mais bem elaborados, as figuras mais bem

desenhadas são insuficientes para ensinar alguém a navegar de forma observada.

Entretanto, assumi o compromisso comigo mesmo de que conseguiria esta

façanha. Assim, da mesma forma que me expresso oralmente em sala de aula, tentei

também colocar nos textos um linguajar simples, quase uma repetição de meu jeito de me

expressar. Já ouvi, em diversas ocasiões, pessoas que me conhecem pessoalmente

citarem a seguinte frase: lendo os textos de seu livro, percebe-se de imediato que eles são de

sua autoria, pois está ali todo o seu jeito particular de falar. Parece que alguém escrevia

enquanto você falava. Só faltou o sotaque catarinense ...

Meu sotaque catarinense não foi possível incluir nos textos, mas neles inclui todo

meu esforço e dedicação para que uma pessoa leiga entenda, pelo menos na 33 tentativa,

tudo aquilo que eu quis ensinar. E se eu souber, no futuro, que alguém conseguiu aprender a

usar a régua paralela numa carta náutica - pelo menos unzinho só - sem a presença de um

instrutor, então todo meu esforço terá sido recompensado e eu, modestamente, poderei

dizer: consegui!

Sebastião Fernandes

Page 9: Aprendendo a Navegar

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INDIC£

Capítulo O 1 Navegação

Capítulo 02 Cartas Náuticas

Capítulo 03 Instrumentos Náuticos

Capítulo 04 Rumos e Marcações

Capítulo 05 Navegação Costeira Observada

Capítulo 06 Navegação Estimada

Capitulo 07 Navegação em Águas Restritas

Capítulo 08 Publicações Náuticas

Capítulo 09 Radar e GPS

Capítulo 1 O Noções de Estabilidade

Capítulo 11 RIPEAM

Capítulo 1 2 Meteorologia

Capítulo 1 3 Sobrevivênvia no Mar

Capítulo 1 4 Glossário de Palavras e Termos Náuticos

AV1exos:- anexo A Miniatura da Carta Náutica para instrução

- anexo B Posição obtida por marcações de pontos em terra

- anexo C Posição obtida por distâncias de pontos em terra

- anexo D Posição por alinhamentos com pontos de terra

- anexo E Posição por marcações com distância e posição por marcações sucessivas

- anexo F Posição obtida por distância e marcação

- anexo G Como medir distâncias na carta náutica

- anexo H Derrota de navegação

- anexo I Folha de Exercícios

- anexo J Miniatura de Carta Náutica para exercício.

- anexo K Guia de operação básica para alguns receptores GPS

- anexo L Prova Simulada

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MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo O 1••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

NAVEGAÇÃO

De acordo com as normas legais em vigor (Lei Federal nO 9.537/97 e suas Normas Complementares

previstas no artigo 4°), um MestreAmador está habilitado para praticar a navegação costeira, até o limite

máximo de 20 milhas da costa ou até onde for possível avistar a costa. Assim, é fundamental que um

Mestre tenha bons conhecimentos de navegação costeira, estimada e eletrônica, além de umbom domínio

de cartas náuticas.

Se você tenciona obter sua carteira de Mestre Amador, é porque você já possui a Carteira de

Arrais Amador. Você agora vai galgarum novo degrau na escala hierárquica da navegação de lazer.

Sendo assim, convém relembrar conceitos que você já viu quando de sua preparação para a

obtenção da Carteira deArraisAmador, para então nos aprofundarmos em outros aspectos da navegação.

Não seria possível o entendimento dos capítulos deste livro sem os conhecimentosjá obtidos quando de

sua preparação para a prova de Arrais Amador, pois em diversas situações neste livro serão abordados

assuntos que se imagina que vocêjá domina. Para uma boa revisão, recomendamos a atenciosa leitura do

livro"Aprendendo a Navegar- Manual doArrais Amador" - 58 edição - Este livro pode ser obtido

no site www.aprendendoanavegar.com.br.

NAVEGAÇÃO

É a arte e a ciência de conduzir com segurança uma embarcação de um ponto a outro em águas

navegáveis. De acordo com a distância em que se navega do litoral ou da costa, ela se divide em:

- navegação em águas restritas (ou navegação interior)

- navegação costeira (até 20 milhas da costa)

- navegação oceânica (além das 20 milhas da costa).

NOTADOAUTOR

Não se admite na navegação uma embarcação que seu Comandante não sabe onde se

encontra. No mar, precisamos saber, a todo momento, onde estamos. Quem não sabe onde se

encontra, em coordenadas de latitude e longitude, está a caminho de um desastre. Como você

conseguirá se safar de um perigo sem saber exatamente onde se encontra?

Page 11: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Paraque possamos iniciar nossa explanação sobre posição naterra, vamos conhecer alguns conceitos

iniciais sobre aspectos geográficos de nosso planeta.

Eixo Terrestre - é uma linha reta que passa pelo seu centro, na qual a terra gira em seu tomo.

Pólos Terrestres - intercessões do eixo terrestre com a superficie da terra.

EquadorTerrestre - círculo máximo perpendicular ao eixo terrestre.

Círculo Máximo - qualquer plano que corte a esfera terrestre e que passe pelo seu centro.

Meridianos - interseção de qualquer plano que contenha o eixo da terra.

Paralelos - plano perpendicular ao eixo da terra.

POSIÇÃO NA TERRA

A posição de um objeto na superficie da terra é determinada através de coordenadas de latitude e

longitude. É como se fosse nosso endereço completo para localização no planeta. Da mesma forma, a

posição de uma embarcação no mar ou em uma carta náutica é também determinada através de

coordenadas geográficas de latitude e longitude deste objeto.

Pode-se definir latitude como sendo o ângulo formado, no centro da terra, a partir do Equador,

até o paralelo do lugar, variando de 00° a 90°, para norte ou para sul. A linha do Equador é a latitude O

(zero). O pólo sul está na latitude 90° sul e o pólo norte está na latitude 90° norte. Como exemplo,

dizemos que Porto Alegre está na latitude 30° sul.

NOTADOAUTOR

o conceito de latitude anterior pode não ter sido muito esclarecedor, ok? Então, façamos o

seguinte exercício:

Crie uma linha imaginária ligando o leitor ao centro da terra.

Crie uma linha imaginária entre o centro da terra e a Linha do Equador

Observe que estas linhasformaram um ângulo ao se encontrarem no centro da terra. Se este

ângulopudesse ser medido (epode!), o ânguloformado no centro da terra, em graus, seria exatamente

sua latitude.

Contamos a latitude a partir da linha do Equador, para norte ou para sul. A linha do Equador é a

latitude zero ouprimeiro paralelo.Assim, se estamos navegando no hemisfério sul, numnuno sul, obviamente

nossa latitude estará aumentando para sul, em graus. Damesma forma, se estamos no hemisfério sul mas

navegando numnuno norte, nossa latitude estará diminuindo em graus. Mas continuará sendo latitude sul,

pois estamos no hemisfério sul, onde todas as latitudes são sul.

Abreviamos norte pela letraN e sul pela letra S.

Page 12: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Agora observe no mapamundi que nem todo Brasil está na latitude sul. Umapequena parte de seu

território e uma pequena parte de suas águas oceânicas estão na latitude norte, pois a Linha do Equador

cruza no norte do país.

O'

Observe também no mapa que todo o Brasil está na longitude oeste mas

nem todo Brasil está na latitude sul. Umapequena parte de

seu território e suas águas encontram-se na latitude norte.

NOTADOAUTOR

Há uma bela tradição marítima que manda que todo marinheiro seja "batizado" ao cruzar

pelaprimeira vez a linha do Equador. Nesta ocasião, faz-se a bordo uma grandefesta e os novatos

são submetidos a algumas brincadeiras, para registrar talfato. Quem ainda não cruzou a linha do

Equador navegando não é um marinheiro completo e ainda não pode usar sua primeira argola

(brinco) na orelha. Quemjá navegou pelos sete marespode usar 7 argolas na orelha.

o conceito de longitude tem uma pequena diferença. Pode-se definir Longitude como o ângulo

formado no pólo, entre um observador e o Meridiano de Greenwich, que é a longitude O (zero) da terra.

Este meridiano recebe este nome porque passa pelo Observatório de Greenwich, Londres, na Inglaterra.

Tudo que está à direita deste meridiano é longitude leste e tudo que está a esquerda deste meridiano

é longitude oeste. Abreviamos leste pela letra E (east) e oeste pela letraW (west).

A partir do Meridiano de Greenwich começamos a contar a longitude, que vai de 0° a 180°, para

leste ou para oeste. Agora vocêjá pode observar num mapa mundi que o Brasil e todas as suas águas

oceânicas estão na longitude oeste

Muito importante:

a latitude vai de 0° a 90°, para norte ou para sul, a partir da linha do Equador

a longitude vai de 0° a 180°, para leste ou para oeste, a partir do Meridiano de

Greenwich.

Page 13: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Ainterseção (cruzamento) de uma linha de latitude com outra de longitude nos dá a posição de um

objeto sobre a terra.

As linhas que marcam as latitudes chamam-se paralelos e as linhas de longitude chamam-se

meridianos.

Entretanto, os graus são insuficientes para determinar com precisão a localização de alguma coisa

sobre a face da terra. Assim, precisamos subdividir o grau da seguinte forma:

- Cada grau de latitude ou longitude se divide em 60 minutos.

- Cada minuto, por sua vez, se divide em 60 segundos.

Os aparelhos receptores do sistema GPS, para maior precisão, podem dividir o minuto em 1.000

partes mas também permitem que você os programe para dividir o minuto em 60 segundos. Para o

navegante basta que o minuto seja dividido em 60 segundos, não sendo necessário dividí-Io em 1.000

partes.

Os graus, minutos e segundos de latitude (somente de latitude!) também são referências para se

medir distâncias. Assim, para efeito de medida de distância, entre um grau de latitude e outro grautambém

de latitude há uma distância de 60 milhas (quando medido sobre um meridiano), ou seja, um minuto de

latitude mede exatamente umamilha náutica, que por sua vez mede 1.852m.

Muito importante:

1 grau de latitude ou longitude se divide em 60 minutos

1 minuto de latitude ou longitude se divide em 60 segundos

ATENÇÃO!

Para efeito de medida de distâncias numa carta náutica, 1 grau de latitude corresponde a 60 milhas

náuticas de distância. Como 1 grau tem 60 minutos pode-se também dizer que 1 minuto de latitude é igual

a 1 milha náutica de distância.

Exemplos:

a) do paralelo 23°S até o paralelo 24°S há uma distância de 60 milhas náuticas (desde que seja

feita esta medida sobre um mesmo meridiano)

b) do paralelo 23°1O'S até o paralelo de 23°11'S há uma distância de uma milha náutica.

A escala de latitude é usadapara medir distâncias em milhas e a escala de longitude é utilizada como

referência para tempo.

Para cada 15° de longitude há uma diferença de tempo de uma hora, que determinarão o horário

legal de cada país.

Observe a seguir uma posição de um barco qualquer em alto mar, exatamente como deve ser

escrito:

LAT 21032' 54"8

LONG 043024' 32"W.

(O sistema GPS usa as letras S, N, Wou E antes dos graus, minutos e segundos)

Page 14: Aprendendo a Navegar

MANUAL DENAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Observando o globo terrestre dividido pelo Meridiano de Greenwich e pela linha do Equador,

constatamos que todo o Brasil e suas águas oceânicas estão na longitude oeste e grande parte de seu

território e suas águas oceânicas estão na latitude sul (exceto estado do Roraima, partes dos estados do

Amapá, Amazonas e Pará, além de parte das águas do oceano Atlântico).

Assim, podemos deduzir que em águas brasileiras, quando estamos navegando ao longo da costa,

o território brasileiro estará sempre a oeste (exceto as ilhas oceânicas) e a África sempre a leste. Se nosso

rumo é no sentido de norte para sul, o território brasileiro (exceto as ilhas) estará pelo nosso boreste e a

África pelo nosso bombordo. Exercite este raciocínio, para melhor entender esta situação.

Observando o sentido das linhas de latitude (paralelos) traçadas nas cartas náuticas, sempre no

sentido leste-oeste, podemos deduzir que quando estamos navegando sobre um paralelo, estamos no

rumo leste ou oeste.

Damesmaforma, quando estamos navegando sobre ummeridiano de longitude qualquer, podemos

deduzir que nosso rumo é para o norte ou para o sul, pois estes meridianos, nas cartas náuticas, têm o

sentido norte-sul.

DIFERENÇA DE LATITUDE E DIFERENÇA DE LONGITUDE

Diferença de latitude entre dois lugares é o arco de meridiano entre os paralelos que passam por

estes dois lugares. Por exemplo:

• entre o paralelo 100S e o paralelo 3SoS há uma diferença de latitude de 2SoS*

• entre o paralelo 10tN e o paralelo OsoS há uma diferença de latitude de ISoS *

• entre o paralelo OsoS e o paralelo 10tN há uma diferença de latitude de IStN*

*indica-se o sentido (direção) da diferença de latitude, para norte oupara sul. Observe que a

diferença de latitude só épossível avaliar sefor medida sobre um mesmo meridiano. Para se certificar

de que você entendeu o conceito de diferença de latitude, verifique e certifique-se de que a diferença

de latitude é, na realidade, a distância entre 2 lugares, desde que medido sobre um mesmo meridiano.

Diferença de longitude entre dois lugares é o arco de paralelo entre os meridianos que passam por

estes dois lugares. Por exemplo:

• entre o meridiano 400W e o meridiano S3°W há uma diferença de longitude de 13°W*

• entre o meridiano 1 OOW e o meridiano 1 SOE há uma diferença de longitude de 2soE*

*no resultado, indica-se o sentido (direção) da diftrença de longitude, para leste oupara oeste.

Nota do autor

Vamosfazer um exercício com relação às orientações anteriores: o autor está no paralelo

27°S e o leitor está noparalelo 24oS e ambos estamos sobre um mesmo meridiano. Que distância de

latitude nos separam? E entre nós dois, há quantas milhas de distância?

Resposta: diferença de latitude: 3°S e 180 milhas de distância, pois como já vimos

anteriormente, cada grau de latitude tem 60 milhas, lembra?

Page 15: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

DECLINAÇÃO MAGNÉTICA

Estamos acostumados a ouvir a expressão "fulano foi ao pólo norte". Mas quando nos referimos ao

pólo norte, estamos falando do pólo norte verdadeiro ou magnético? Mas existem dois PÓlos?

Sim. Na latitude 90ONorte está situado o pólo norte verdadeiro (Nv), exatamente onde o meridiano

de Greenwich se encontra com a latitude 90ON. Todavia, um pouco mais à esquerda ou à direita deste

pólo norte verdadeiro, está localizado um outro pólo, chamado de pólo norte magnético (Nmg).

O pólo norte verdadeiro está localizado exatamente no encontro da latitude 90°N com a longitude

000°. O pólo norte magnético não tem uma posição fixa, podendo variar de posição, em função do

magnetismo terrestre.

Ligando o pólo norte verdadeiro ao seu extremo, o pólo sul verdadeiro, temos uma linha imaginária

chamada de linha norte-sul verdadeira.

Ligando o pólo norte magnético ao seu extremo, o pólo sul magnético, temos uma outra linha,

chamada de linha norte-sul magnética.

Podemos dizer que a linha imaginária norte verdadeiro-sul verdadeiro e a linha imaginária norte

magnético-sul magnético não são paralelas nempassam pelo mesmo local, mas se cruzam, formando um

ângulo. Aeste ângulo chamamos declinação magnética.

Se o pólo norte magnético está à direita do pólo norte verdadeiro, dizemos que háuma declinação

magnética para leste (E). Se o pólo norte magnético está à esquerda do pólo norte verdadeiro, dizemos

que há uma declinação magnética para oeste (W).

Mas então o norte magnético pode mudar de lugar?

Sim, dependendo do local em que você se encontra sobre a superficie do planeta, em virtude das

linhas de magnetismo terrestre. No caso do litoral brasileiro, a declinação magnética será sempre para

oeste (W), mas mesmo assim elatambém varia (aumenta ou diminui).

Sendo assim, pode-se definir Declinação magnética como sendo o ângulo formado pelo cruzamento

das linhas norte-sul verdadeira e a linha norte-sul magnética.

Declinação Magnética OESTE

Nv - Norte verdadeiro

Nmg - Norte magnético

Sv - Sul verdadeiro

Smg - sul magnético

Declinação Magnética LESTE

NOTADOAUTOR

A bússola de seu barco usa como referência o norte magnético. Mas as cartas náuticas que

você conhecerá nos próximos capítulos e que usará na sua navegação, sejam elas impressas ou

eletrônicas, usam como referência o norte verdadeiro. Este problema fatalmente fará você se

Page 16: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

questionar: mas então nãopoderei usar a bússola do meu barco em conjunto com a carta náutica?

A resposta é simples: pode, sim, desde que você use a declinação magnética para transformar os

dados verdadeiros da carta em dados magnéticos, pois a declinação magnética serve exatamente para

isto: transformar dados verdadeiros em dados magnéticos e vice-versa. É um fator de correção que

usaremos constantemente nos capítulos seguintes.

Cada local na superficie da terra tem a sua declinação magnética.Aunião de vários lugares da terra

com a mesma declinação magnética nos fornecerá uma linha isogônica (linha de igual declinação

magnética).

Para que o navegante possa transformar dados verdadeiros em magnéticos ou vice-versa, precisa

saber qual a declinação magnética do local onde ele se encontra.

Mas como saber qual a declinação magnética do local onde estou navegando?

Muito simples, basta consultar a carta náutica. Todas as cartas náuticas trazem uma figura chamada

de Rosa dos Ventos. Dentro da Rosa dos Ventos das cartas está citada a declinação magnética daquela

área abrangida pela carta e também a variação anual da declinação, pois comojá vimos, a declinação

magnética muda anualmente, devido a fatores naturais do planeta. Esta variação é previsível. Em alguns

lugares da terra há situações chamadas de anomalias magnéticas, onde a previsão de variação é dificultada

ou não há declinação, mas não é o caso do litoral brasileiro.

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I

Declinação

Magnética

da Região

Rosa dos Ventos

das Cartas Náuticas,

citando a declinação magnética

daquela região abrangida pela

carta náutica.

Para o navegante que realiza navegação observada ao longo da costa, a declinação magnética

daquela região é de extrema importância, pois ela permitirá transformar rumos e marcações, que veremos

em outro capítulo.

Vejamos então como aparece a declinação magnética dentro da Rosa dos Ventos da carta náutica

e como atualizá-Ia para o ano atual:

16°20'W 1995 (8'W)

Significa que em 1995 a declinação para a área abrangida por aquela carta era de 16°20'W e o

número entre parênteses (8'W) significaque a declinação está aumentando 8 minutos por ano. Se estivesse

diminuindo, também constaria esta informação na carta. Esta declinação citada na carta só é válidapara o

Page 17: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

ano citado. Se vocêjá se encontra em outro ano diferente do ano citado na carta, precisará atualizar a

declinação para o ano em que você se encontra.

Para atualizar a declinação para o ano atual (2005) considera-se que:

- entre 1995 e 2005 háum intervalo de 10 anos

- para cada ano a declinação aumentou 8' , logo 10 anos x 8' = 80' .

- Antes de somar este dado à declinação de 1995, faz-se necessário alertar que os 80' obtidos

podem ser transformados em 1 ° e 20', pois cada grau tem 60 minutos, lembra-se?

- Portanto, acrescentando 1 °20' à declinação de 1995, constata-se que a declinação atual é

de: 17°40'W. Simples, não?

- O navegante precisa apenas dos graus da declinação magnética, podendo desprezar os

minutos. Sendo assim, arredonde os minutos para o grau seguinte (maior) sempre que os

minutos forem superiores a 30'

Neste caso, pode-se arredondar 17°40' para 18°W.

Antes de fazer qualquer cálculo de navegação, atualize a declinação magnética citada dentro da

Rosa dos Ventos da carta para o ano em que você se encontra.

Atenção: quando você utiliza a carta náutica para fazer cálculos de navegação, você está usando

dados verdadeiros, pois a rosa dos ventos das cartas contém dados verdadeiros, ou seja, dados baseados

no norte verdadeiro da terra.

NOTADOAUTOR

Quer umaprova de que os dados das cartas são verdadeiros?

Entãofaça o seguinte exercício: localize a linha que une o norte ao sul da Rosa dos Ventos da

Carta. Coloque sua régua paralela sobre esta linha e corra com a régua, deforma paralela, até

encontrar qualquer meridiano de longitude. Observe que a linha norte-sul da Rosa dos Ventos das

cartas é paralela aos meridianos das cartas. Esta é a maiorprova de que os dados das cartas são

verdadeiros, pois o primeiro Meridiano (meridiano de Greenwich) liga o norte verdadeiro ao sul

verdadeiro e nas cartas todos os meridianos são paralelos ao Meridiano de Greenwich. Mas este

fenômeno só ocorre nas cartas náuticas, pois se você observar um globo terrestre ou um mapa

mundi vai notar que todos os meridianos começam e terminam nospólos e não são paralelos entre

si. Já osparalelos de latitude são realmenteparalelos entre si. Veremos esteproblema mais adiante,

quandoformos nos aprofundar em carta náutica.

TIPOS DE NAVEGAÇÃO

Quando você utiliza sua embarcação para se deslocar de um ponto a outro, se diz que você faz

navegação. Esta arte pode ser feita de várias formas, dependendo dos recursos que você dispõe a bordo

de seu barco. Caso você possua GPS, tudo ficará mais simples. À medida que sua embarcação se

desloca, você irá plotando na carta sua posição, a cada fiação de tempo determinada. É uma forma muito

confiável de se navegar e chama-se navegação eletrônica. Apesar desta navegação ser bastante utilizada

e ter uma precisão razoável, ela apresenta erros que podem variar de 10 a 100 metros.

Page 18: Aprendendo a Navegar

MA NUA L DE N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

o GPS, este aparelho que quase aposentou todos os recursos antes

existentes para navegação, apesar de ser muito eficiente e muito confiável, não

isenta o usuário de conhecer um mínimo de navegação tradicional e exige que

o navegante receba um mínimo de treinamento de seus recursos. Um GPS na

mão de um leigo não servirápara nada, a não serpara decorar seu barco. Conheça

os recursos de seu GPS e de preferênciafaça um rápido curso sobre o manuseio

do mesmo. Veja outras instruções sobre GPS no capítulo 9.

Se você não possui GPS e está navegando ao longo da costa, vendo os pontos notáveis em terra

como montanhas, faróis, etc, vai-se obtendo as posições através de distâncias ou marcações destes

pontos e também plotando estes pontos na carta. É o que chamamos de navegação observada, que

você aprenderá no capítulo 06. Mas há casos, durante longas travessias, que não há pontos notáveis para

se observar, nem pontos no radar, apenas mar e céu, céu e mar. E agora?

Ainda assim é possível navegar com relativa segurança. Conhecendo a velocidade de seu barco e

seus rumos anteriores, enquanto se fazia navegação observada ou eletrônica, pode-se estimar a posição

que você está, até encontrar novamente um ponto em terra conhecido, quando então faremos a correção

. de nossa posição. É o que chamamos de navegação estimada (capítulo 07), porque estamos na realidade

estimando onde estamos, sem muita certeza de realmente estarmos ali.

TIPOS DE BÚSSOLAS (AGULHAS)

Nanavegação marítima existem dois tipos de bússolas, mas a partir de agora você as chamará de

agulhas. Deixe a expressão bússola para os leigos. Você será um MestreAmador e deve se familiarizar

com a expressão agulha.

As agulhas de navegação podem ser de dois tipos:

- agulha magnética- são aquelas que funcionam segundo o principio do magnetismo terrestre

e apontam para o Norte magnético. Os barcos de lazer (lanchas, veleiros, etc) usam somente

agulhamagnética

- Agulha giroscópica - são aquelas que funcionam segundo o princípio de rotação e precessão

e apontam para o norte verdadeiro. São instaladas apenas nos grandes navios. Seu grande

peso e dimensões impedem que sejam instaladas em barcos de lazer.

As agulhas magnéticas ou giroscópicas precisam ser compensadas a cada dois anos, quando então

se verifica se as mesmas estão perfeitamente alinhadas ou se possuem desvios, ou seja, verifica-se nesta

compensação se elas estão com pequenos defeitos de fabricação ou defeitos adquiridos no decorrer do

tempo. Este desvio, fornecido em graus para leste ou oeste, é de suma importância no cálculo de várias

situações na navegação. Quando uma agulhatem desvio ela não aponta exatamente para o norte, mas um

pouco mais a esquerda (desvio W) ou a direita (desvio E) de seu norte de referência.

Jamais tente retirar o desvio de sua agulha, pois você certamente a danificará. Pergunte na sua

marina, iate-clube ou Capitania dos Portos de sua região onde contratar um compensador de agulha

credenciado pela Marinha. Veja outras instruções sobre agulhas magnéticas e seus desvios no capítulo 04.

Page 19: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

ABREVIATURASUSADASNANAVEGAÇÃO

(muito importante para aprova de Mestre amador)

Nv -Norte verdadeiro

Nmg-Norte magnético

Ngi - norte da agulha giroscópica

Nag -Norte da agulha magnética

Dmg-Declinação magnética

Mv- Marcação verdadeira

Mmg-Marcação magnética

Mrel- Marcação relativa

Mag- Marcação da agulha (o mesmo que marcação magnética)

Mgi- Marcação da agulha giroscópica (o mesmo que marcação verdadeira)

VT-variação total

Dgi -Desvio da agulha giroscópica

Dag (ou Da) - Desvio da agulha magnética

MpolBE - Marcação polar boreste (ou MpolBB - marcação polar bombordo)

BE-boreste

BB - bombordo

Rv- rumo verdadeiro

Rmg-rumo magnético

Rag -Rumo da agulha magnética (Rag = Rmg + ou - desvio da agulha)

Rgi - rumo da agulha giroscópica (Rgi = Rv + ou- desvio da giro)

N -Norte

S-sul

W -oeste

E-leste.

Page 20: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

GLOSSÁmODETERMOSDENAVEGAÇÃO

(muito importante para a prova de Mestre Amador)

Agulha Giroscópica - bússola que funciona segundo os princípios do giroscópio (precessão e rotação),

indicando o norte verdadeiro da terra.

Agulha magnética - bússola que funciona segundo o princípio do magnetismo terrestre, indicando o

norte magnético da terra.

Anemômetro - aparelho que registra a direção e intensidade do vento.

Apartamento - distância entre dois meridianos, medidanum desejado paralelo de latitude e expressa em

medida linear.

Bitácula - espécie de redoma de vidro ou outro material, destinada a proteger a agulha magnética.

Caminho em latitude - distância angular, tomada ao longo de um meridiano qualquer, entre os paralelos

que passam por dois pontos desejados.

Caminho em longitude - distância angular, tomada no Equador, entre os meridianos que passam por

dois pontos desejados.

Curva de Boutakow - manobra realizada por uma embarcação para recolhimento de um náufrago,

navegando no rumo oposto ao que vinha.

Declinação magnética - ângulo formado entre as linhas norte-sul verdadeiro e norte-sul magnético.

Desvio da Agulha - ângulo formado entre o norte magnético e o norte da agulha. É provocado por

perturbações magnéticas induzidas na agulha.

Desvio residual- desvio da agulha que permanece após sua compensação.

Düerença de Latitude - é a distância entre dois lugares, no mesmo meridiano.

Diferença de Longitude - é a distância entre dois lugares, num mesmo paralelo.

Enfiamento - é o alinhamento do navegante com dois pontos em terra, perfeitamente definidos e

conhecidos.

Equador terrestre - círculo máximo da esfera terrestre, que a divide em dois hemisférios.

Escala - relação entre a distância medida entre dois pontos, na carta náutica, e a verdadeira distância

entre esses pontos, na superfície terrestre.

Esferas de Barlow - parte da agulha magnética, que tem como função compensar os seus desvios,

causados pelo ferro da embarcação e pela presença de influências magnéticas da terra. São normalmente

instaladas ao lado da agulha.

Isobárica -linhas de igual pressão atmosférica.

Isogônicas -linha formada por pontos de igual declinação magnética.

Isobática (ou isobatimétrica) -linhas de igual profundidade.

Latitude -Arco de meridiano, compreendido entre a Linha do Equador e o paralelo do lugar desejado

ou o arco de meridiano formado, no centro da terra, a partir da Linha do Equador, até o paralelo do lugar

desejado, variando de 00° a 90°, para norte ou para sul.

Latitude crescida - comprimento de arco de meridiano, entre o equador e um paralelo, numa carta

mercatoriana, medido em unidade de minuto de longitude, no equador.

Linha de fé -linha em prolongamento à proa.

Linhas isogônicas -linha formada por pontos de igual declinação magnética.

Page 21: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Linhas agônicas -linhas que unem pontos de declinação magnética nula ou zero.

Linha de Posição -linha sobre a qual se encontra a embarcação.

Linha Loxodrômica -navegação feita, em arco de círculo menor, de um ponto a outro da superficie da

terra, formando ângulos iguais com os meridianos.

Linha Ortodrômica - parte de um círculo máximo, que une dois pontos na superficie da terra.

Meridianos -linhas que demarcam as longitudes.

Meridiano terrestre - círculo máximo da esfera terrestre, que passa pelos pólos.

Marcação verdadeira - ângulo formado entre o norte verdadeiro e a linha de um alvo avistado.

Marcação magnética - ângulo formado entre o norte magnético e a linha do alvo.

Marcação relativa - ângulo formado entre a linha de proa da embarcação e a linha do alvo, por boreste,

de 000° a 360° (independe do rumo).

Marcação polar (boreste ou bombordo) - ângulo formado entre a linha de proa da embarcação, de

000° a 180°, por boreste ou por bombordo.

Marcação sucessiva - marcação de um mesmo ponto, em posições diferentes, mantendo-se o mesmo

nnno.

Meridiano de Greenwich - é o primeiro meridiano, divisor das longitudes para leste ou para oeste.

Nível de Redução (NR) - É na realidade uma média de marés baixas observadas durante um certo

período. Pode ser também defInido como um nível tão baixo que a maré, em situações normais, não fIque

abaixo dele. Cada porto ou região tem a sua média de Nível de Redução, atualizado constantemente

através de marégrafos.

Paralelos -linhas que demarcam as latitudes.

Projeção de Mercator - projeção em que os meridianos e paralelos apresentam-se paralelos e

perpendiculares entre si, nas cartas de navegação. É utilizada especialmente nas baixas latitudes.

Radiogoniômetro - equipamento eletrônico, que determina a direção da estação transmissora de ondas

sonoras, com referência a um plano determinado, usando a propriedade direcional da antena de quadro.

Roteiros-publicações daDHN, com instruções específIcas sobre determinadas áreas, portos, etc., de

grande valia para os navegantes. É dividido em partes, chamados de Roteiros Costa Sul, Costa Norte,

etc.

Rumo verdadeiro - ângulo formado entre o norte verdadeiro e a linha de proa da embarcação.

Rumo magnético - ângulo formado entre o norte magnético e a linha de proa da embarcação

Rumo da Agulha - ângulo formado entre o norte da agulha e a linha de proa da embarcação.

Série de Traub - série de marcações polares de um mesmo objeto, tomadas em diversos ângulos e em

diferentes momentos. Está em desuso na modema navegação.

Setor de visibilidade -limite (ângulo) de onde pode ser avistada a luz emitida porum farol.

Suspensão cardin - parte da agulha magnética, permite que a mesma se mantenha na horizontal com o

jogo do navio.

Tangente- é a extremidade de um ponto em terra ou ilha. Quando se tira uma marcação de um acidente

geográfico como pontas, ilhas, etc, deve-se marcar a extremidade deste ponto, chamado de tangente.

Través -em navegação, diz-se que é um ângulo de 90°, a partir da proa, para boreste ou para bombordo,

visto por quem está a meia nau.

Variação total (VT) - soma algébrica da declinação magnética e desvio da agulha ou o ângulo formado

entre o norte verdadeiro e o norte da agulha.

Page 22: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 02••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

CARTAS NÁUTICAS

NOTADOAUTOR

Neste capítulo você conhecerá certamente o maior auxílio do navegante. Nenhum instrumento

de navegação, por mais moderno que possa ser, lhe oferecerá tanto auxílio e tanto recurso quanto

uma carta náutica. A partir deste capítulo, destaque a miniatura de carta náutica em anexo (anexo

A) e tenha-a ao seu lado. Em diversas circunstâncias você precisará consultá-la.

Cartas Náuticas são representações gráficas planas de uma determinada área da terra, dando

prioridade para as áreas marítimas, rios e lagos. É o maior auxílio do navegante amador ou profissional.

Fomece quase todas as informações desejadas de uma certa região. Serve tanto para navegação de alto

mar, costeira ou interior.

As cartas podem ser de 3 tipos:

- Cartas Gerais- cobre grandes extensões da parte marítimae se destinam navegação oceânica,

onde serão realizadas grandes travessias.

- Cartas Particulares - cobre área relativamente pequena. É muito rica em detalhes.

- Cartas Especiais - são cartas que indicam situações especiais de rotas oceânicas ou para

uso específico em conjunto comequipamentos eletrônicos, ouparauso em latitudes superiores

a 70°.

Além destas nomenclaturas acima, as cartas também podem ser classificadas de acordo com sua

utilidade e escala. Uma carta náutica que abrange um grande trecho e que tenha escala menor que

1 :3.000.000 e se destina a grandes travessias oceânicas são chamadas de cartas gerais.

Dizemos que cartas costeiras são aquelas que abrangem determinados trechos da costa e são

utilizadas para travessias de umporto a outro, onde sempre estamos avistando o litoral. As cartas costeiras,

apesar de serem as mais utilizadas, não podem ser consideradas infalíveis. Sendo assim, quando fazendo

uma travessia ao longo da costa deve-se evitar, na medida do possível, navegar em áreas com menos de

20m de profundidade.

As cartas com mais detalhes nas imediações da entrada de um porto (aterragem) são chamadas de

cartas de aproximação. As cartas náuticas que abrangem os rios navegáveis são chamadas de cartas

Page 23: Aprendendo a Navegar

A• APRENDENDO NAVEGAR

náuticas fluviais.

Como vocêjá sabe, o planeta terra é redondo. Mas observando ummapa mundi, constata-se que:

- os paralelos de latitude são paralelos entre si

- os meridianos de longitude não são paralelos entre si, pois todos começam e terminam nos

pólos e não são linhas retas, mas linhas curvas.

NOTADOAUTOR

Observe no globo ao lado que

as linhas de paralelo são realmente

paralelas entre si. Entretanto, os

meridianos começam e terminam nos

palas e consequentemente não são

paralelos entre si.

Entretanto, nas cartas náuticas todos os paralelos de latitude e meridianos de longitude são paralelos

entre si e os meridianos também aparecem como sendo linhas retas e paralelas entre si. Nas cartas

náuticas, sempre queumparalelo cruzaum meridiano formaum ângulo reta (90°). Isto não seriaum grave

erro?

Certamente que sim, mas como as cartas náuticas cobrem pequenos trechos do planeta, foi resolvido

o problema da seguinte forma: através de umaprojeção geográfica, chamada de projeção de Mercator.

Nela, as posições, distâncias e direções podem ser determinadas e as linhas de longitude e latitude são

representadas por linhas retas, bem como os ângulos também são perfeitos e evita que a distorção do

sistema de projeção usado altere a forma dos acidentes geográficos, principalmente nas cartas de grandes

escalas.

As cartas também trazem uma outra série de dados que são:

- escala da carta (relação entre unidade da carta x realidade)

- Título da carta e n° de ordem (as cartas têm número, que devem ser observados por ocasião

da escolha e aquisição das mesmas)

- Notas sobre precauções e avisos

- Dados sobre a continuação daquela carta para norte ou para sul

- Outras cartas de maior precisão dentro daquele trecho (delimitadas por linhas vermelhas).

- Dados sobre a existência de perigos (pedras, cascos afundados, baixios, pontes, etc). Todos

estes perigos estão localizados nas cartas através de símbolos.

Os dados técnicos das cartas são apresentados nas seguintes unidades de medidas:

- profundidades - em metros ou fração de metros.

- altitudes -em metros (são as alturas de algumas montanhas naparte comcor creme, referente

a região de terra).

- Distâncias - em milhas náuticas (l milha náutica = 1.852m).

Page 24: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

Sempre que você se depararcom um sÚTIbolo na carta que você não conhece o significado, consulte

a Carta 12.000, que traz todos os símbolos e abreviaturas das cartas náuticas. Esta carta 12.000 você

conhecerá com mais detalhes no capítulo 8.

ESCALA DAS CARTAS NÁUTICAS

A escala de uma carta náutica depende da área a ser abrangida pela mesma e da quantidade de

detalhes que o navegante deseja obter. Aescala mostrada numa carta náutica significa a relação entre

aquilo que é representado na carta e a realidade geográfica da área que é abrangida pela mesma carta.

Exemplo a): carta 1500 - escala 1 :300.000 (indica que 1 na carta corresponde a 300.000 na

realidade geográfica da área abrangida pela carta)

Exemplo b) carta 1907 - escala 1 :49.740 (indica que 1 na carta corresponde a 49.740 na realidade

geográfica da área abrangida pela carta).

Analisando os exemplos acima, constata-se que: "Uma carta de grande escala abrange umapequena

área e contém muitos detalhes. Em contrapartida, uma carta de pequena escala abrange uma grande área

e contém poucos detalhes". Logo, podemos concluir que: quanto maior a escala, mais detalhes terá a

carta.

Quando se deseja adquirir uma carta, consulta-se umapublicação chamada de Catálogo de Cartas

e Publicações. Nela encontraremos a relação de todas as cartas náuticas, com a área abrangida por cada

carta. Veja mais detalhes desta publicação no capítulo 8.

ANALISANDO UMA CARTA NÁUTICA

Uma carta deve ser analisada sobre umamesa totalmente plana, totalmente aberta, e seu observador

deve ficar ao sul da carta, tendo o norte à sua frente, voltado para cima, de forma que as escalas de

latitudes fiquem nas suas laterais e as escalas de longitudes na sua frente. O observador deve estar ao sul

da carta (analise com atenção a miniatura de carta náutica, no anexo A).

A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), órgão da Marinha que publica as cartas, as faz de

acordo com a necessidade, considerando o número de alterações que a mesmavem recebendo. Assim,

se uma cartajá recebeu grandes alterações, esta carta recebe nova edição e volta a ser publicada. Portanto,

verifique no rodapé da carta e também dentro da Rosa dos Ventos da carta o ano em que ela foi publicada

e evite cartas muito antigas.

As cores nas cartas tem os seguintes significados:

- azul forte - área de profundidade inferior a 10m

- azul claro - área de profundidade menor que 20m e maior que 10m

- branca- águas com profundidades a partir de 20m

- creme - área terrestre.

As numerações que aparecem nas áreas brancas e azuis são as profundidades daquele exato local,

expressas em metros ou fração de metros, usando como referência o nível de redução (vide Capítulo 09).

Uma carta náutica deve ser sempre estudada tendo-se ao lado a carta 12.000, que veremos adiante.

Page 25: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Hoje já estão disponíveis no mercado as cartas eletrônicas, integradas ao radar e/ou GPS. No

entanto, nada substitui em confiança a boa e velha carta náutica impressa empapel, pela enormidade de

informações que trazem.

Mostram dados como distância entre pontos, profundidade local, balizamento, pontos notáveis,

tipos de fundos, perigos à navegação, estruturas notáveis em terra e outras informações ao navegante.

Nota do autor

Convido o leitor afazer o seguinte raciocínio, para melhor compreensão de uma carta náutica:

- no Brasil, as latitudes aumentam em graus a medida que navegamos para o sul e as

longitudes aumentam em graus para oeste a medida que navegamos para oeste.

- Na Índia, as latitudes diminuem em graus a medida que navegamos para o sul e as

longitudes aumentam para leste a medida que navegamos para leste.

- No Canadá, as latitudes aumentam em graus a medida que navegamos para o norte e

as longitudes aumentam para oeste a medida que navegamos para oeste.

- Na Grécia as latitudes aumentam em graus a medida que navegamospara o norte e as

longitudes aumentam para leste a medida que navegamos para leste.

Concorda comigo? Tudo dependerá do quadrante da terra onde se encontra o navegador!!!

COMO USAR AS ESCALAS DA CARTA NÁUTICA

Nos lados superiores e inferiores de uma carta náutica são feitas as leituras de longitude e nas

laterais as leituras de latitude.

Observe na carta náutica do anexoAque tanto a latitude quanto a longitude são divididos em graus,

minutos e segundos. Conforme já foi mencionado, cada grau tem 60 minutos e cada minuto tem 60

segundos.

Muito importante: numa carta náutica da costa brasileira, a latitude aumenta em direção ao sul

(exceto o litoral acima da linha do Equador) e a longitude aumenta em direção ao oeste.

Na escala de latitude um grau é igual a 60 minutos e I minuto é igual a 60 segundos. Comojá foi

mencionado antes, cada minuto de latitude corresponde auma milha para efeito de medida de distância.

Assim, podemos dizer que, nas cartas, o grau de latitude vem dividido em 60 minutos (ou milhas) e um

minuto vem dividido em 60 segundos. Dependendo da escala utilizada na carta, o minuto pode estar

dividido em 10 partes de 06 segundos cada, como é o caso da carta anexa.

A carta anexa (anexo 1) trás boas instruções sobre estes aspectos.

COMO MEDIR DISTÂNCIAS NA CARTA NÁUTICA

Umdos recursos fornecidos pela carta náutica é a capacidade de fornecer distâncias entre pontos

com exatidão. Estas distâncias, obviamente, são fornecidas em milhas náuticas.

Page 26: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç A O C O S T E I R A : Sebastião Fernandes.

Para se saber a distância de um ponto a outro numa carta náutica, abre-se um compasso na carta

de um ponto a outro ponto desejado, leva-se o compasso na medida obtida até uma das laterais da carta

(escalas de latitude), próximo aos mesmos paralelos dos pontos desejados e faz-se a leitura. O resultado

é expresso em milhas ou fração de milha. Masjamais faça a leitura na parte superior ou inferior da carta

(escalas de longitude), pois são escalas diferentes. Lembre-se que para medir distâncias deve-se sempre

usar como referência as laterais das cartas, onde são lidas as latitudes. Observe o anexo G deste livro,

onde háum exemplo de como medir distância numa carta náutica.

Nota doAutor

Se a terra é redonda, estaforma arredondada não foi observada na confecção das cartas,

certo?

Errado!

Eparaprovar que nas cartas tambémfoi observado oformato arredondado da terra, apanhe

uma carta náutica de pequena escala (que abranja um grande trecho da terra) e obtenha com o

compasso, na escala de latitude, bem próximo à escala superior de longitude, uma medida de 5

milhas. Agora leve esta medida de 5 milhas obtida no compasso na escala também de latitude, mas

bem próximo à escala inferior de longitude. Observe que 5 milhas lá em cima tem uma medida

diferente de 5 milhas lá embaixo, mesmo tendo usado a mesma escala de latitude. Vamos explicar:

em navegação há um aspecto a ser observado, chamado de LATITUDES CRESCIDAS. Numa

carta náutica, uma milha próximo à linha do Equador não tem o mesmo tamanho de uma milha

próximo aos pólos.

Faça também a seguinte experiência: Retire uma fatia de casca de laranja qualquer, em

forma de meia lua. Tente deixar esta meia lua reta. Você observará que no centro deste pedaço de

casca de laranja houve uma aglomeração (amontoamento) mas tal fato não ocorreu nas

extremidades da casca de laranja. Pois com as cartas náuticas ocorre a mesma coisa, elasforam

"amontoadas" no centro da terra e expandidas nas extremidades. E as escalas de latitudejá contém

este aspecto. É por este motivo que quando medimos distância numa carta, devemos levar o

compasso na escala de latitude bempróximo ao paralelo daquele trecho que queremos medir.

Caso queiratransformar o resultado obtido em milhas para quilômetros, multiplique este resultado

obtido por 1.852 e terá o resultado em quilômetros desejado.

NOTADOAUTOR

Nãopague um mico a bordo! Evite transformar milhas em quilômetros.

Quilômetro é uma unidade de medidapara uso em terra.

Observe atentamente a escala de latitude da carta do anexo J. Verifique que o grau (23°) usa

algarismos maiores que os algarismos de minutos. Observe no lado esquerdo da carta, na escala de

latitude, que háuma orientação referente auma distância de 15 milhas. Para efeito de distância, comojá

foi citado anteriormente, cada minuto de latitude corresponde a umamilha de distância.

Page 27: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Mas atenção: jamais use a escala de longitude para medir distâncias. Faça um teste qualquer de

distância na escala de latitude e a seguir na escala de longitude. Você constatará que as medidas são

completamente diferentes.

A princípio, milha e nó parecem a mesma medida, pois ambos medem 1.852m, mas não é bem

assim. Quando você adquire e instala a bordo um odômetro (equipamento que registra a velocidade por

hora), ele lhe fornecerá a velocidade em milhas por hora. Mas este equipamento não tem a capacidade

de considerar se há vento contrário, se há ondas contrárias, se há corrente marítima, etc. E todos estes

fenômenos da natureza podem alterar sua velocidade para mais ou para menos, sem que o odômetro

perceba. Na velocidade em milhas não são considerados estes aspectos naturais.

Quando você obtém uma posição por coordenadas de latitude e longitude e uma hora depois

obtém nova posição também por coordenadas, você saberá realmente qual foi seu deslocamento e sua

velocidade sobre a superfície da terra.

Este dado final obtido não é dado em milhas, mas em nós. Assim, podemos resumir milha e nó da

seguinte forma:

- A milha é utilizada quando nos referimos a distâncias percorridas sobre a massa líquida,

sem considerar ventos, ondas, correntezas, etc.

- O nó é usado quando nos referimos a nosso deslocamento (velocidade) sobre a grande

superfície da terra, já descontado a força do vento, das ondas, da corrente marítima, etc.

Por exemplo: a ilha da Trindade está a 440 milhas da costa do Espírito Santo, ou a velocidade de

meu barco á de 25 nós. Quando queremos citar velocidade por hora, usamos a milha. Mas tanto milha

quanto nó tem a mesma medida quando desejamos transformar em Km, ou seja, 1.852m. Assim, diz-se

que nó é a unidade de medida de velocidade no mar, que representa a distância de umamilha percorrida

em umahora.

Comojá vimos no capítulo 1, dentro das cartas náuticas existe ainda uma representação gráfica

chamada de rosa dos ventos. Ela tem várias finalidades, sendo a principal finalidade é nos fornecer um

rumo a seguir. Mas cuidado: estas rosas dos ventos indicam rumos verdadeiros, ou seja, rumos que se

baseiam no norte verdadeiro da terra, conforme já citado no capítulo 1.

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w�.....�:.Il...'Iô ..."..,+� .;p

I

Declinação

Magnética

da Região

Rosa dos ventos das cartas nduticas.

O norte verdadeiro da terra corresponde

ao zero da rosa externa.

A rosa interna indica o norte magnético,

mas só vale para o ano da

publicação da carta, pois como jd vimos,

o norte magnético

muda de lugar todos os anos.

Page 28: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Mas acontece que as pequenas embarcações possuem apenas agulhas magnéticas que só permitem

seguir rumos magnéticos. Como saber qual o rumo verdadeiro?

Simples!

Dentro das rosas dos ventos está mencionada qual a Declinação magnética daquela área. Toma-se

então o rumo magnético de sua agulha, acrescenta-se ou subtrai-se a declinação magnética existente

dentro da rosa dos ventos, atualizada para o ano em curso, dependendo se a declinação for para oeste ou

leste, respectivamente, e se encontrará o rumo verdadeiro desejado. Este aspecto veremos posteriormente

com melhores detalhes no capítulo 04.

As principais peças para se usar numa carta náutica são o compasso, a régua paralela, o lápis e a

borracha de apagar. As réguas paralelas servem para traçar rumos, traçar marcações e plotar posições na

carta e o compasso serve para medir distâncias e auxiliar naplotagem de posições. Tudo o que for preciso

traçar na carta náutica, use somente o lápis. Acaneta só deve ser utilizada para plotar na carta as alterações

permanentes, distribuídas através de Aviso aos Navegantes (veja capítulo 8).

Mantenha a bordo de sua embarcação uma ou mais cartas náuticas da região em que vai navegar.

E quando for navegar em locais de águas restritas, como canais, procure utilizar cartas de grande escala,

elas fornecem maiores detalhes e são totalmente confiáveis.

Quando desejar carregar a bordo várias cartas náuticas, é aconselhável acondicioná-las em forma

de rolo, jamais dobradas, para evitar a criação de vincos. Para guardá-las por um longo período, adquira

um cano de PVC de 50 ou 100 mm, com um metro de comprimento, tendo em cada extremidade uma

tampa (clap). Isto permitirá que você guarde suas cartas sempre em forma de rolo e as mantenha em bom

estado por longo tempo.

Mas evite usar cartas publicadas a longo tempo, prefira as cartas de publicação mais recente. Na

parte inferior das cartas, é citado o ano de sua publicação e as últimas correções efetuadas nas mesmas.

Caso você tenha tempo e disposição, busque na Internet ou consiga nas Capitanias, as alterações em

cartas náuticas, fazendo as correções necessárias nas mesmas. Estas correções são distribuídas pela

DHN através de Aviso aos Navegantes, e você pode consegui-los nas Capitanias dos Portos ou na

ínternet, no site www.dhn.mar.mil.br.

As cartas náuticas trazem uma série de sinais (símbolos) e abreviaturas não compreensíveis paraum

leigo. O significado destes símbolos estão contidos na carta náutica nO 12.000, que lhe será apresentada

no decorrer deste livro, no capítulo 8.

COMO PLOTAR COORDENADAS NA CARTA

NOTADOAUTOR

Para ilustrar estas instruções a seguir, vou criar uma situaçãofictícia: suponhamos que você

receba uma chamada de um amigo navegante que está em alto mar, com problemas no motor e

precisando de reboque. Você certamente perguntará a ele a posição em coordenadas de latitude e

longitude do local onde ele se encontra. Mas como saber onde é este local onde seu amigo está? A

que distância ele se encontra de terra? Qual aprofundidade do local onde ele está? Qual o rumo

para chegar até ele?

Para resolver esteproblema, vocêprecisará saberplotar numa carta náutica as coordenadas

de latitude e longitude.

Page 29: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Como já vimos no capítulo 1, sempre que alguém indica sua posição no mar, o faz através de

coordenadas de latitude e longitude. Na carta náutica miniaturizada do anexo J, você encontrará uma

posição plotada, chamada de pontoALFA.

Observe que esta posição está nas seguintes coordenadas:

- Latitude 23°1O'S

- longitude 042°50'W

Mas como chegamos a esta posição plotada na carta?

Proceda da seguinte forma para plotar, na carta náutica, a posição de algo que você conhece as

coordenadas de latitude e longitude:

- na escala de latitude (laterais das cartas), localize a latitude citada nas coordenadas e anote,

a lápis, um pequeno sinal qualquer neste local;

- posicione a régua, de forma paralela, ao lado de qualquer paralelo de latitude existente na

carta e desloque a régua, também de forma paralela, até o sinal que você marcou no item

anterior. Quando a régua tocar neste sinal, faça um longo traço, a lápis.

- Proceda da mesma forma com os dados de longitude, usando, obviamente, um meridiano de

longitude para iniciar o movimento da régua paralela.

- Onde os traços se encontrarem, é aí que se encontra o ponto desejado.

E se eu desejar saber quais são as coordenadas de um ponto existente na carta, como uma ilha, por

exemplo?

Você pode usar também a régua paralela, da seguinte forma:

- Coloque a régua paralela sobre o paralelo de latitude mais próximo ao ponto desejado e

corra com a régua, de forma paralela, até este ponto. Trace uma reta e prolongue esta reta

até alcançar uma escala de latitude e faça a leitura da latitude na escala, onde a reta a tocou;

- Repita a operação com a longitude usando, obviamente, um meridiano de longitude.

Este sistema acima permitirá que você mantenha, na carta náutica, a sua posição sempre plotada,

desde que você saiba quais são as coordenadas de latitude e longitude, que são fornecidas pelo GPS.

Enquanto está navegando, habitue-se a plotar sua posição na carta a cada 10 ou 15 minutos, ou sempre

quejulgar conveniente.

NOTADOAUTOR

Depois de ler o parágrafo anterior, você certamente está ansioso para fazer a seguinte

pergunta: E se eu não tiver GPS a bordo, comofarei para saber onde estou na carta náutica e no

mar? Também é possível obter minhas coordenadas de latitude e longitude sem GPS?

Claro, e é muito simples. Ou você acha que a navegação só começou depois do aparecimento

do GPS?

Ouso inclusive afirmar que: o GPSnãopode ser utilizado como recursoprimáriopara obtenção

de sua posição. Ele deve ser um recurso secundário, ou seja, ele deve ser usado apenas como um

confirmador de posição. Maspor que razão?

Page 30: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

o GPS usafontes de energia esgotáveis (pilhas, bateria, rede elétrica do barco), quepoderão

acabar e lhe deixar literalmente a ver navios. Se isto acontecer e você não dominar as técnicas de

obtenção de posição por outros meios, tomara mesmo que você fique a ver navios. Pelo menos

você terá um navio por perto a quem pedir socorro...

As técnicas para obtenção de latitude e longitude sem GPS você verá no capítulo 5.

COMO ADQUIRIR CARTAS NÁUTICAS

A Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil possui uma relação de postos de

venda, que pode ser acessado pela Internet, no site www.dhn.mar.mil.br. Mas a princípio, você pode

adquirir as cartas diretarnente nas Capitanias dos Portos ou nas lojas náuticas credenciadas para a venda.

Quando adquiri-las, solicite-as pelo nO da carta. No capítulo 9 você vai conhecer umapublicação (livro)

chamado de Catálogo de Cartas e Publicações que vai lhe orientar na aquisição de cartas náuticas.

Nota do autor

Fornecemos cartas náuticas de todo litoral dos estados de Santa Catarina e Paranápara os

amigos navegantes, mediante encomenda antecipada, entrega em domicílio, com os mesmospreços

praticadospelas Capitanias dos Portos. Pedidos pelo e-mail [email protected]

oupelo telefone (47) 9975-6691.

Page 31: Aprendendo a Navegar

1:IV03i\VN v OON30N31:IdV •

Page 32: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 03••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

INSTRUMENTOS NÁUTICOS

Nota doAutor

Neste capítulo você terá um primeiro contato com os principais instrumentos utilizados na

navegação. Alguns deles, pela sua importância, são tratados de forma especial no capítulo 9.

Todos os instrumentos tratados neste capítulo ou no capítulo 9 destinam-se a facilitar a sua

localização no mar, pois comojáfoi citado no capítulo 1, todo navegante precisa saber onde está

(ou ele está em maus lençóis.. .)

Você está entrando no mundo da verdadeira navegação: a navegação em alto mar, longe da

praia. Recomendo que a partir de agora você substitua a palavra bússola pelo seu verdadeiro

nome: agulha magnética. Deixe apalavra bússolapara quempossui uma carteira de Arrais amador.

Você será um Mestre Amador. Orgulhe-se disto e assuma sua novaposição na navegação de lazer.

Epasse a adotar o linguajar típico dos verdadeiros lobos do mar. ..

AGULHA MAGNÉTICA (BÚSSOLA)

É certamente o mais importante equipamento de navegação utilizado abordo de pequenas e médias

embarcações (até 24m). Fornece dados magnéticos e funcionam de acordo com o princípio do magnetismo

terrestre. É obrigatória em todas as embarcações (exceto as miúdas) e deve ser o primeiro instrumento a

ser instalado a bordo. Deve também estar alinhada em relação ao eixo da embarcação e ao alcance da

visão de quem a conduz.

Por ocasião de sua aquisição e instalação, alguns cuidados devem ser tomados:

- ser instalada o mais longe possível de instrumentos e/ou equipamentos que possam emitir

ondas eletromagnéticas, pois estas interferem na orientação da agulha;

- namedidado possível, devem estar longe também de equipamentos e instrumentos metálicos

e/ou auto-falantes, pois estes também interferem na orientação da agulha

- certifique-se de que a agulha adquirida está programada para operar no hemisfério sul. Caso

contrário a rosa de manobras da bússola ficará desviada

Page 33: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

- procure adquirir uma agulha com uma rosa dos ventos do maior tamanho possível. Não

economize comprando umaagulhamagnéticamuito pequenapois elas não merecem confiança

"-'��� '.'.'�.'

Agulha magnética digital Agulha magnética de bancada

NOTADOAUTOR

No ano de 2003fui convidado por um amigo para conhecer sua nova lancha e realizarmos

algumas horas de prazerosa navegação. Logo no início da travessia o mesmo reclamou que sua

agulha magnética parecia maluca e não indicava absolutamente nada. Logo a seguir o citado

amigo também relatou, todo orgulhoso, que instalara a bordo um caríssimo equipamento de som,

inclusive com vários auto-falantespelo barco. Verificando seu equipamento de som, logo constatei

que ao lado da agulha magnética foram instalados dois potentes auto-falantes. Os imãs destes

equipamentos deixaram sua agulha magnética literalmente maluca...

Nas grandes embarcações, as agulhas magnéticas possuem ao seu lado duas esferas, chamadas de

esferas de Barlow, que servem para evitar que a agulha seja contaminada pela interferência dos metais e/

ou equipamentos do navio existentes próximo a ela.

Uma agulha magnética precisa ser compensada a cada dois anos, quando então será verificado se

amesmapossui desvio e qual o desvio (para E ou W), dado este muito importante na hora de se calcular

uma marcação ou um rumo. Pergunte na sua marina, iate-clube ou Capitania dos Portos de sua região

onde contratar um compensador de agulha credenciado pela Marinha. Voltaremos ao assunto Desvios de

Agulhas no capítulo 4.

Já estão disponíveis no mercado as chamadas agulhas digitais oufluxgate, que tem as seguintes

vantagens:

- sofrem menor interferência dos metais e equipamentos eletrônicos do barco e podem ser

instaladas em vários lugares;

- fornecem os dados em dígitos, facilitando muito a sua leitura e interpretação;

- podem ter repetidoras de seus dados em vários pontos do barco (muito útil em embarcações

de grande porte);

- permitem a introdução da declinação magnética local, favorecendo a obtenção de dados

verdadeiros diretamente no seu visor.

- permitem a integração com outros equipamentos tipo radar e/ou GPS.

Page 34: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇAO COSTEIRA

Finalidade da Agulha Magnética

�ebastião Fernandes.

Umaagulha magnética é instalada a bordo com duas finalidades principais:

- permitir que o navegante mantenha o barco num rumo pré escolhido;

- fornecer direções (marcações) de algo que estamos avistando e assim podermos obter nossas

coordenadas de latitude e longitude (capítulos 4 e 5).

AGULHA GIROSCÓPICA

Mostrador de uma grande

agulha magnética. O norte

magnético está no grau O

(zero), o sul magnético está

em 180, o leste magnético

em 90 e o oeste magnético

em 270. Os graus são

contados no sentido

horário, a partir do zero.

A agulha giroscópica é um tipo de bússola que funciona segundo os princípios do giroscópio

(precessão e rotação), indicando o norte verdadeiro da terra. Só é encontrada nos grandes navios. Não

seria possível instalá-la numa embarcação miúda ou de médio porte pois ocuparia um espaço muito

grande a bordo e sua instalação requer circuitos elétricos exclusivos. Agrande vantagem desta agulha é

que fornece dados verdadeiros, baseados no norte verdadeiro da terra, além de permitir a instalação de

repetidoras de seus dados em vários locais do navio. Não trataremos aqui de mais detalhes desta agulha

por não ser encontrada em pequenos e médios barcos de lazer.

O mostrador de uma agulha giroscópica é idêntico ao mostrador de

uma agulha magnética, mas o O (zero) aponta para o norte verdadeiro ao

invés do norte magnético.

ALIDADE

São na realidade pequenas agulhas magnéticas manuais, portáteis, com

mostrador igual a uma agulha magnética, mas que permite levá-la a vários

pontos do barco para obtenção de marcações de pontos avistados. Muito

útil na navegação costeira.

A lh . ó' - Há vários modelos no mercado, inclusive algumas com mostradoresgu a glTOSC 'P'ca, nao ... . . . . " �

disponfvel para pequenos e dIgItaIS (fluxgate), facIhtando ronda maIS a leitura e mterpretaçao de dados

médios barcos de lazer. obtidos.

Page 35: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Caso você adquira uma alidade, procure colocá-la lado a lado com a agulha magnética de seu

barco e verificar se as duas estão fornecendo os mesmos dados. Tenha muita atenção nesta informação

quando for obter marcações magnéticas de dados avistados. O ideal é que a agulha do barco e as

alidades estejam com os mesmos dados, quando navegando.

Alidade com dados digitais

onÔMETROS E VELOCÍMETROS

Marcando um/arol

com uma alidade

São equipamentos eletrônicos destinados a medir

velocidade e distâncias percorridas. São acoplados

normalmente nos painéis dos barcos e tem seu sensor

instalado em local que esteja permanentemente dentro da

água quando a embarcação navega. São chamados de

odômetro de fundo, pois seu princípio de funcionamento

baseia-se na diferença entre a pressão normal e a pressão

resultante do movimento da embarcação.

Comojá citado no capítulo 2, o odômetro fornece Odômetro digital

a velocidade em milhas sobre a superficie da água, mas não considera fatores como vento, ondas, corrente

marítimas, etc. Ou seja, não fornece distância percorrida sobre a superficie do planeta.

SEXTANTE

SEXTANTE

Instnunento óptico constituído de dois espelhos euma

luneta astronômica presos a um setor circular de 60° (1/6

do círculo) destinado a medir a altura de um astro acima da

linha do horizonte. Obtendo-se a altura de vários astros,

pode-se obter uma posição de onde está o observador.

Mas estejá é um assunto para o CapitãoAmador. Háainda

um outro tipo de sextante chamado de sextante de bolha,

comumente usado na navegação aérea, no qual a visada ao

horizonte é substituídaporumnível de bolhatomado como

referência.

Page 36: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç A O C O S T E I R A : Sebastião Fernandes.

Taximetro com alidade acoplada

ECOBATÍMETRO

De forma simples podemos dizer que estes

equipamentos enviam ondas sonoras que ao retomar

ao aparelho receptor informam a distância até o

objeto que as refletiu. Normalmente estas ondas

sonoras possuem freqüência menor que 18 khz. Seu

mostrador, dependendo do aparelho, fornece dados

analógicos ou digitais.

TAXíMETRO

Instrumento composto de um círculo graduado

(rosa dos ventos), tendo em cima uma régua que

permite passar a visão do observador entre ela e o

centro desta rosa. Muito útil para tirarmos marcações

de objetos avistados.

Ecobatimetro ou sonda mas

também chamado deflShfinder.

É também conhecido como sonda, ecossonda ou fishfinder e são extremamente úteis em várias

circunstâncias, principalmente na pesca, pois fornecem a profundidade e alguns modelos fornecem até o

tipo de fundo e informam a existência de peixes abaixo do barco. Alguns navegantes imaginam que o

ecobatímetro serve apenas para a atividade de pesca, mas ele também pode e deve ser utilizado como

instrumento de navegação, informando-nos daprofundidade e até auxiliando na obtenção de nossaposição

no mar. Este aparelho envia ondas sonoras, que ao retomarem são captadas porum receptor, que calculará

a profundidade do local.

Ecobadmetro ou Sonda

Ao adquirir um ecobatímetro, escolha aquele modelo

que forneça profundidades condizentes com aquelas

encontradas nos locais que costumeiramente você freqüenta.

Procure instalar o sensor numa parte do casco que esteja

dentro da água em qualquer situação, de preferência longe

do hélice e longe de áreas de turbulência.

Mas lembre-se de que o ecobatímetro fornece as

profundidades a partir da quilha de seu barco. Deve ser

considerado, para efeito de uma correta profundidade,

quanto seu barco está calando no ponto em que foi instalado

o sensor, naquele momento e somar este valor ao dado

fornecido pelo aparelho.

Quando estiver navegando em um local de águas

Page 37: Aprendendo a Navegar

_ APRENDENDO A NAVEGAR

restritas, considere que este equipamento só fornece a profundidade exatamente abaixo da quilha, ou

seja, ele não lhe avisará da aproximação de um local perigoso à frente.

ESTADÍMETRO, ESTACIÓGRAFO,CÍRCULO E PRISMA AZIMUTAL

o estadímetro é um instrumento utilizado nanavegação para se medir distâncias de objetos avistados

em curtas distâncias. O estaciógrafo é utilizado para se medir a distância a um barco que navega nas

imediações, desde que se conheça a altura de seu mastro. Não são utilizados na navegação de lazer,

motivo pelo qual não vamos entrar em detalhes sobre os mesmos.

Círculo azimutal e prisma azimutal são instrumentos utilizados tambémpara obtenção de marcações

de objetos avistados, mas também não são utilizados na navegação de lazer.

RÉGUAS PARALELAS, COMPASSO E LUPA

Também chamadas de régua de paralelas, é talvez o instrumento de

uso pessoal mais importante do navegador, pois pode e deve ser usada em

diversas situações, principalmente para determinação de posição pormarcações,

plotagem de posição na carta, determinação de rumos, etc. Todo experiente

navegante tem a sua régua paralela de uso pessoal, com seu nome gravado e

usa-a como instrumento símbolo de sua profissão ou prática de lazer.

Saber correr a régua paralela na carta é quase uma arte e seu uso

cuidadoso pode evitar graves erros de determinação de posição. Mantenha

sua régua paralela realmente paralela. Uma régua torta, com desvio ou gasta

deve ser destruída. Existem no mercado réguas paralelas que podem ser fixadas

sobre umamesa de navegação e são bastante úteis, mas não são recomendadas

para embarcações miúdas e de médio porte por não ser possível instalar nestas

embarcações uma mesa exclusiva para navegação.

Orgulhe-se de sua régua, exiba-a com orgulho. Ummestre amador sem

régua é como um dentista sem boticão. Ela é o símbolo de seus conhecimentos náuticos e deve ser o

primeiro instrumento a ser adquirido por quem deseja fazer

navegação costeira. Prefira o modelo de duas réguas, unida

uma a outra por duas hastes, podendo ou não ser graduadas e

de preferência que sejam transparentes (acrílico ou plástico).

As chamadas "réguas paralelas de correr", funcionando sobre

dois roletes, induzem o navegante iniciante a cometer erros de

navegação que ele não cometeria com uma régua comum, do

tipo tradicional.

O compasso (ponta seca ou ponta grafite) também é

indispensável a bordo e sua principal finalidade é medir

distâncias, mas pode ser também utilizado em várias situações.

Mantenha seu compasso sempre pronto e à mão para uso na

carta náutica e evite compasso muito dificil ou muito fácil de

abrir ou fechar. E nunca é demais ter abordo vários compassos.

A lupa serve para verificação de pequenos detalhes naCompassos para navegação

Régua paralela para

navegação

Page 38: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

carta, imperceptíveis a olho nu.

Como usar a régua paralela tradicional

A régua paralela, constituída de duas réguas unidas por duas hastes metálicas, são perfeitamente

paralelas entre si e sua principal fmalidade é traçar rumos e plotar coordenadas de latitude e longitude nas

cartas náuticas, através de marcações, que veremos adiante.

As hastes que unem as duas réguas permitem que possamos movimentar qualquer uma das duas

réguas, sem perder o paralelismo desejado. Para movimentá-la sobre a carta náutica, fixe uma das réguas

com um pouco de pressão dos dedos e corra com a outra parte, até chegar

onde pretende com a régua.

TERMÔMETRO

Instrumento de extrema importância a bordo para observações

meteorológicas e conseqüente previsão do tempo. Mede a temperatura

ambiente, devendo ser instalado em local arejado, longe de descargas de

motores e longe do alcance do sol forte, para que forneça realmente a

temperatura ambiente. Pode ser adquirido também em forma de termômetro

de máxima e mínima, que tem a capacidade de registrar a temperatura emum

determinado espaço de tempo, a critério de seu usuário. Pode fornecer a

temperatura em graus Celsius ou Fahrenheit.

BARÔMETROTermômetro de

máxima e minima

É indiscutivelmente o principal instrumento de

observação meteorológica. Mede a pressão atmosférica,

certamente o mais importante dado na previsão do tempo. Diz­

se que umapressão atmosférica normal é de 1015,0 milibares.

Mas de nada adianta verificar, por exemplo, qual a pressão

atmosférica num determinado momento, pois num barômetro,

faz-se necessário fazer um acompanhamento de suas

marcações, a cada fração determinada de tempo, para saber a

sua tendência (subindo, descendo ou estável).

Barômetro Sabendo-se a tendência da pressão atmosférica, em

conjunto com a tendência da temperatura do ar, pode-se prever com alguma certeza, o tempo nas

próximas horas. Sendo assim, tenha a bordo, além do barômetro, também um termômetro de máxima e

mínima. Caso possa ter também um higrômetro, que mede a umidade relativa do ar, então você poderá

orgulhar-se de ter a bordo uma pequena estação meteorológica.

Sabendo-se a tendência da pressão atmosférica e a tendência da temperatura, pode-se consultar

Page 39: Aprendendo a Navegar

A• APRENDENDO NAVEGAR

natabela abaixo, qual o provável tempo que vem por aí. Consulte a tabela abaixo:

Tendência da Tendência da PressãoPrevisão do tempo

Temperatura atmosférica

Subindo Subindo Quente e seco

Estável Subindo Bom tempo

Diminuindo Subindo Ventos

Subindo Estável Bom tempo

Diminuindo Estável Chuva

Estável Estável Sem alteração

Subindo Diminuindo Imprevisível

Estável Diminuindo Chuva

Diminuindo Diminuindo Chuva forte

Mas lembre-se: Só é possível usar a tabela acima se você fizerum acompanhamento das tendências

do barômetro e do termômetro a cada fração de hora (a cada meia hora, por exemplo), anotando os

dados e verificando como a temperatura e pressão atmosférica se comportam.

Hojejá existe no mercado o barômetro, o termômetro e o higrômetro tudo num só conjunto. Mas

estes equipamentos requerem que a cada dois ou três anos eles sejam aferidos, pois são muito suscetíveis

a alterações.

ANEMÔMETRO

Instrumento destinado a medir a força e direção do vento. Os

anemômetros mais modernosjá permitem que sejam inseridos neles

seus dados de velocidade e rumo e assim poder obter, diretamente no

visor, a direção e intensidade real do vento, pois os anemômetros mais

antigos não consideravam o rumo e velocidade do barco e só forneciam

dados relativos do vento, necessitando assim que o navegante calculasse

a verdadeira direção e intensidade do vento. Estes anemômetros antigos

estão caindo aos poucos em desuso. Veja outros dados sobre o vento

e anemômetro no capítulo 6 (navegação estimada).

OUTROS INSTRUMENTOS ÚTEIS

Anemômetro quepermite inserir

dados de rumo e velocidade do

barco,fornecendo assim os dados

reais do vento.

A critério do navegante, outros instrumentos e equipamentos podem ser levados ou instalados a

bordo, para auxílio ao navegante. São muito úteis, por exemplo, o binóculo, para observação e busca de

alvos em terra ou no mar. Procure adquirir um binóculo com lente 7x50, mantenha-o sempre em lugar

seco e evite pancadas com o mesmo, pois são extremamente sensíveis.Apotência de um binóculo (7x50)

é o número de vezes que o objeto avistado está sendo aumentado.

Além do binóculo, convém instalar a bordo uma pequena luz extra, chamada de luz estrobo ou

estroboscópica, que acende automaticamente com a chegada da noite e facilita muito a busca de uma

embarcação perdida. Deve ser instalada em local alto e ser visível em todos os ângulos. Se possível,

instale tambémum holofote de busca, muito útil em diversas situações no mar.

Por tradição, todo navegante possui um bom relógio, de pulso ou de parede, perfeitamente aferido

Page 40: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

com a hora local da região em que navega. Um relógio é extremamente importante na navegação, pois as

marcações devem ser tiradas nummesmo exato momento e aplotagem das posições precisam ser lançadas

na carta no exato minuto em que foram obtidas. O tempo é um grande e importante dado para obtenção

de posições no mar, como veremos nos capítulos seguintes.

Uma lanterna portátil, a pilha, de boa qualidade, também lhe será muito útil na navegação,

principalmente a noite, para visualização de equipamentos, preferindo, neste caso, uma lanterna com luz

vermelha .

Umamáquina de calcular, do tipo comum ou exclusiva para navegação, também lhe será muito útil.

RADAR E GPS-vejacapítulo 9.

RADIOGONIÔMETRO- veja capítulo 6.

Nota do autor

Como o leitor deve ter percebido, foram abordados neste capítulo (e também no capítulo 9)

apenas os instrumentos utilizados pelos navegantespara obtenção de suaposição sobre aface da

terra, especialmente no mar e alguns instrumentos meteorológicos. Se você acompanha o noticiário

náutico, certamentejá ouviufalar em outros instrumentos, como chart plotter, piloto automático,

etc.

As novidades eletrônicas que têm aparecido ultimamente nada mais são do que integrações

entre equipamentos tratados neste capítulo, ou seja, num só equipamento poderão existir: carta

náutica eletrônica, radar, agulha magnética digital, GPS, piloto automático, anemômetro, odômetro,

etc.

A utilização destas novidades com vários instrumentos numa só tela só poderá ser realizada

por quem domina individualmente cada um deles.

A seguir, três exemplos de integração entre equipamentos.

Ecobadmetro,

Odômetroe

Agulha magnética

digital

Chart-plotter

Integração entre

equipamentos

(Odômetro,

Anemômetro,

piloto automático)

Page 41: Aprendendo a Navegar

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Page 42: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 04••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

RUMOS E MARCAÇÕES

Nota do autor

Certamente o leitor já ouviu, em diversas ocasiões, alguém citar a seguinte frase: fulano

anda meio desnorteado... Pois umapessoa desnorteada significa exatamente isto: umapessoa que

está sem rumo por não saber onde fica o norte. Um navegante que não sabe onde fica o norte,

também está perdido e sem rumo...Mas ondefica o norte?

Aponte seu braço direitopara a direção de onde nasce o sol e seu braço esquerdo na direção

do local onde o sol sepõe. Nas suas costas estará o sul e na suafrente estará o norte. Mas este norte

ficou bem impreciso, hein?

Mas no decorrer deste capítulo você se tornará um expert em norte.

RUMOS

Pode-se definir rumo como sendo a direção em que uma embarcação de desloca de um ponto de

partida até um ponto de chegada. O rumo vai de O (zero) a 360 graus, no sentido horário, conforme

mostra a agulhamagnética, tambémchamada de bússola. Masvamos evitar chamá-la de bússola, acostume­

se a chamá-la de agulha, podendo ser agulha magnética ou agulha giroscópica. As embarcações miúdas e

embarcações de médio porte normalmente possuem apenas agulha magnética. As agulhas giroscópicas

são encontradas apenas nos grandes iates e navios e facilitam muito a navegação, pois seus dados se

baseiam em rumos verdadeiros e podem ter repetidoras de seus dados em vários pontos do navio.

O rumo 0000 (sempre em 3 algarismos) é o norte (N) e o rumo 1800é o sul (S).Assim, diz-se

de forma simples que o leste (E) está no rumo 0900 e o oeste (W) no rumo 270.

Sempre que tratarmos de rumos, devemos escrevê-los sempre em 3 algarismos e pronunciá-los

algarismo por algarismo.

Ex: Rumo 0930 - rumo zero nove três.

Page 43: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO

2700

Rumos

Agora vamos tratar de

rumos de uma outra forma.

Vamos dar a ele um conceito

geométrico: Rumo é um

ângulo entre o norte e uma

direção que se deseja seguir.

Portanto, quando dizemos que

nosso rumo é 045°, estamos

dizendo na realidade que nosso

rumo é um ângulo de 45 graus

entre o norte e uma direção

desejada. Veja o desenho.

A NAVEGAR

0000

N

+

s

1800

2700

0000

N

Os símbolo dos

pontos cardeais (N,S,E,

W) recebem estas letras

em razão das palavras

inglesas North, South,

Easte West.

/

/

/

/

/

/

/

Ânguto de 45° ///I' /

/

/

/

/

/

/

/

/

0900

Nota doAutor

Proponho ao leitor o seguinte exercício:

No local onde o leitor se encontra, localize deforma aproximada, ondefica o norte;

Crie uma linha imaginária entre o leitor e o norte

Crie também uma linha imaginária entre o leitor e um destino qualquer, como se fosse o

destino de sua viagem.

Page 44: Aprendendo a Navegar

M A NUA L U lê, N A V lê, LJ A <; A U CUS T lê, 1 K. A : Sebastião t'ernandes _

Observe que estas linhas, ambas partindo do leitor, formaram um ângulo. Se este ângulo

pudesse ser medido (epodeI), seria seu rumo, em graus. Observe que o nortefoi oponto departida

para contar os ângulos, ou seja, quando você está navegando exatamente para o norte, seu rumo

é OOO� Quando você está navegando para leste, seu rumo é 0900 e assimpor diante. O nortefoi o

ponto de partidapara iniciar a contagem dos graus do rumo, no sentido horário.

N•

Sentido Horário,

a partir do Norte

8

Setodo rumo é um ângulo, todo rumo tem uma referência, que é o norte. Entretanto, já vimos no

capítulo 1 que o norte pode ser verdadeiro (Nv) ou norte magnético (Nmg). Mas também vimos

anteriormente, que as agulhaspodem conter desvios. Sendo assim, quando umaagulha magnéticatemum

desvio, ela não está apontando exatamente para o norte magnético, mas sim um pouco mais para a

esquerda do norte magnético (desvio W) ou um pouco mais para a direita do norte magnético (desvio E).

Quando este fato acontece, dizemos que temos mais outro norte, que chama-se de norte da agulha (Nag),

ou seja, Norte da agulha é o norte que a agulha aponta em virtude de seu desvio. É um norte que ela

mesmacnou.

MUITOIMPORTANTE!

Quando você está navegando, dependendo do rumo, a sua agulha magnética pode não

estar apontando exatamente para o norte magnético. Em cada rumo poderá haver ou não um

desvio, em graus, para leste ou para oeste do norte magnético. Estes possíveis desvios da agulha

são descobertos quando o navegante faz uma Compensação daAgulha, ou seja, um profissional

habilitado navegará com seu barco em vários rumos e ao final destes testes lhe apresentará um

Certificado de Compensação da Agulha, contendo os possíveis desvios em cada rumo. Conheça

perfeitamente os desvios de sua agulha fazendo uma compensação da mesma. Pergunte na sua

marina, iate clube ou Capitania dos Portos onde contratar um Compensador de Agulhas

Magnéticas.

Page 45: Aprendendo a Navegar

A• APRENDENDO NAVEGAR

Q.. .

.

CB8'IfPICADO DE COMPENSAÇÃO DE AGULHA MAGNÉTICA

!XI PldrloAplhaNAVIO'_______ D Governo

Marca �""BRAS',JModelo -

Número -

DATA:Jd1..:i...!lfaj D L1pdo � RosaDepusllnl DiAmctro

LOCAL S. çATA a I t 8 C6J Delligado � Cuba

BXAME BFE!TUADO NA AGULHA

MtroDO UTILIZADO

c::iCJ ComparaçAo com a Giro

c:::J Azimute do Sol

c:::J Alinhamentos

c:::J DeRetor

SIM NÃO

ESFERA DE BARLOW

"BARRA DE FLINDERS �

IlXCENTRICIDADIl I"SeNSIBILIDADE

""ESTABILIDADE 1>01

....

TABELA DE DESVIOS CURVA DE DESVIOS

E R/lll w

, \' 4' 3' 2' I' O I' 2' 3' 4' S' 6

T ' .......i'-

045

I-'

090

I......

-.-.

-.135

,/

.L ..--

--.--

If.,:,

225

I . /270

I ""315 "I J

Raa<RmIDesvio

E�vlo IRapRIIlIRnw

Nv

w E

Os quatro nortes de

referência para rumos

Exemplo de certificado de

Compensação de Agulha

Magnética. Observe que neste

caso, a agulha deste barco tem

desvios para oeste em quase

todos os rumos, exceto no

rumo 1800(rumo sul). Estes

desvios precisam ser

considerados nos cálculos de

navegação.

Se a agulha giroscópica

também contém desvios, dizemos

que há ainda mais um outro norte: o

Norte da giroscópica (Ngi). O desvio

da giroscópica, assim como o desvio

da magnética, também podem ser

para leste (E) ou oeste (W).

Sendo assim, podemos dizer

que os rumos adotados pelas

embarcações usam como referência

4 tipos de norte:

- Norte verdadeiro (Nv)

- Norte magnético (Nmg)

- Norte da agulha magnética (Nag)

- (só existente quando a agulha

magnéticatem desvio)

- Norte da agulha giroscópica(Ngi}­

(só existente quando a agulha

giroscópica tem desvio).

Page 46: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Nota do autor

o leitor deve estar se perguntando: por que será que o autor deste livro se refere tanto a

agulha giroscópica, se nós, navegantes amadores, não temos este equipamento a bordo? Será que

não poderia tratar apenas de agulha magnética?

Não épossível omitir a existência da agulha giroscópica neste livro e nem na navegaçãopela

sua grande importância na navegação comercial, realizada com navios mercantes, onde toda

navegação é realizada com este equipamento. Ela facilita muito a navegação, é merecedora de

toda confiança e usa o norte verdadeiro como referência. Por este motivo, a DPC, sabiamente,

incluiu a agulha giroscópica no conteúdo daprova de Mestre Amador.

Considerando o que vimos sobre os 4 tipos de norte, podemos concluir que existem 4 tipos de

rumos;

- rumo verdadeiro (Rv) - é um ângulo entre o norte verdadeiro e a direção em que se deseja

seguir (linha de proa do barco). Usa como referência o norte verdadeiro da terra;

- rumo magnético (Rmg) - é um ângulo entre o norte magnético da terra e a direção em quese deseja seguir (linha de proa do barco). Usa como referência o norte magnético da terra.

- Rumo da agulha (Rag) - ângulo entre o Norte da agulha magnética (Nag) e a direção quese deseja seguir - so eXIstentes quando a agulha magnética tem desvio; e

- Rumo da giroscópica (Rgi) - ângulo entre o Norte da agulha giroscópica (Ngi) e a direção

que se deseja seguir - só existente quando a agulha giroscópica tem desvio.

NmgNv

Rmg

Rv �/////�//

/

/

/

/

/

/

/

/

.Jf/

<�o//,.::i

Observe no desenho que quando a declinação magnética épara W (caso

do litoral brasileiro), o ângulo do Rmg é maior que o ângulo do Rv.

Isto explica ejustifica as seguintesfórmulas:

Rmg =Rv +Dmg (W)

Rv =Rmg -Dmg (W)

Page 47: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

COMO OBTER O RUMO A SER SEGUIDO

Se você pretende navegar em um determinado trecho, você precisará definir qual o rumo a ser

seguido para se chegar no destino.

O rumo a ser seguido por uma embarcação só pode ser obtido de uma forma: usando uma carta

náutica. Este é o procedimento correto para se obter o rumo a ser seguido por um barco.

Proceda da seguinte forma para obter o rumo a ser seguido num determinado trecho:

- obtenha uma carta náutica da região onde vai navegar;

- localize na carta seu ponto de partida e seu ponto de chegada. Chame o ponto de partida de

ponto A e o ponto de chegada de ponto B

- verifique se é possível ir do pontoA ao ponto B em uma única pernada, sem guinadas no

percurso

- trace uma linha reta entre o ponto A e o ponto B Ú'á dizia a boa e velha matemática que a

menor distância entre dois pontos é uma reta, lembra-se?)

- coloque sua régua paralela exatamente nesta reta traçada. Corra com a régua, também de

forma paralela a esta reta, até que a régua toque o centro da Rosa dos Ventos mais próxima;

- agora faça a leitura do rumo obtido onde a régua tocou os graus da Rosa, na direção a ser

seguida.

- Este rumo que você obteve é umrumo verdadeiro, pois comojá mencionamos no capítulo 1,

as cartas náuticas usam o norte verdadeiro como referência. Todos os dados obtidos numa

carta náutica são dados verdadeiros, com relação ao norte verdadeiro.

- Para que você possa usar este rumo na agulha magnética de seu barco, será necessário

transformar este rumo verdadeiro em rumo magnético. Para isto, precisaremos usar a

declinação magnética como fator de transformação de rumos. Isto você aprenderá no tópico

seguinte.

TRANSFORMAÇÃO DE RUMOS

Atransformação de um rumo magnético para verdadeiro e vice-versa, dependerá de conhecer a

exata declinação magnética da área (W ou E), para somar ou subtrair. Tendo este dado disponível, você

facilmente saberátransformar rumos verdadeiros paramagnéticos e vice-versa. Considere, nestes cálculos

que:

"de umrumo verdadeiro para se obter um rumo magnético, acrescenta-se a declinação magnética

se esta for paraW ou diminui-se a declinação magnética se esta for paraE (leste). De umrumo magnético

para se obter um rumo verdadeiro diminui-se a declinação magnética se esta for paraW ou soma-se a

declinação se for para E (leste), de acordo com as seguintes fórmulas:

- Rv = Rmg - Dmg(W) ou Rv = Rmg + Dmg(E)

- Rmg = Rv + Dmg(W) ou Rmg = Rv - Dmg(E).

Emambos os casos não foi considerado os possíveis desvios das agulhas magnéticas ou giroscópicas.

Page 48: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

Vamos citarum exemplo de transformação de rumo verdadeiro para rumo magnético e logo depois

transformar o rumo magnético em rumo da agulha (agoraprecisaremos considerar que a agulhamagnética

tem um desvio de 3°W):

Rv 090°

Dmg17°W

Dag 3°W, logo:

Rmg = Rv+ Dmg(W)

Rmg= 107°

Rag = Rmg + Dag(W)

Rag= 107 + 3

Rag= 110°

(se Dmg fosse E, seria diminuído)

(se Dag fosse E, seria diminuído)

Nv

Rag

90' \--------_\_-- ------+

rumo

Agoravamos fazerum exercício onde aagulha giroscópicatemumdesvio de 2°W. Vamos transformar

umrumo magnético em rumo verdadeiro e depois transformar o rumo verdadeiro em Rumo da Giro (Rgi)

Rmg 065°

Dgi 2°W

Dmg 18°W, logo:

Rv = Rmg-Dmg(W)

Rv = 065° - 18°W

Rv=047°.

Rgi = Rv+- Dgi(W)

Rgi=047+2

Page 49: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Rgi =049°

Ngi Nv

A você, navegante amador, que só possui agulha magnética, cria-se o seguinte dilema: posso

realmente navegar com rumos magnéticos, traçando-os na carta náutica, tendo a bordo apenas uma

pequena agulha, na qual não costumamos confiar muito?

A resposta é clara e óbvia: Sim, desde que:

- você tenhauma agulha magnética de boa qualidade e compensada;

- saiba exatamente o desvio da agulha;

- conheça a declinação magnética daquela área, naquele ano; e

- saiba transformar rumos magnéticos para verdadeiro e vice-versa.

Já vimos este assunto anteriormente, mas para termos certeza de que aprendemos, vejamos

novamente a prática da transformação de rumos:

- trace na carta uma linha do ponto de partida ao ponto de chegada desejados;

- coloque a régua paralela sobre esta linha traçada e leve-a, de forma paralela, até o centro da

rosa dos ventos e faça a leitura do rumo verdadeiro obtido;

anote este rumo (Rv).

- anote a declinação magnética da área, atualizada para o ano em curso. Feito isto, faça o

seguinte cálculo:

- deumrumo verdadeiro para se obterumrumo magnético, acrescenta-se a declinação magnética

se esta for paraW ou diminui-se a declinação magnética se esta for para E (leste);

- de umrumo magnético para se obterumrumo verdadeiro diminui-se a declinação magnética

se esta for paraW ou soma-se a declinação se for para E (leste).

Page 50: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

Caso sua agulha tenha desvio, procede-se da mesma forma (desvio paraW ou para E).

Observe o desenho.

NvNgi

----_ ...rUmO

Vamos fazer um exercício de como definir o rumo a seguir?

Já vimos esta orientação antes, mas é muito importante que você reforce este conhecimento obtido,

pois definirumrumo a ser seguido éumgrande dilemapara quemvai navegar, usandoumaagulhamagnética

ou giroscópica. Proceda da seguinte forma para saber qual o rumo a seguir.

- defina qual o ponto de partida e ponto de chegada de sua viagem. Chame o ponto de partida

de pontoA e o de chegada de ponto B;

- se for possível ir do pontoAao ponto B em uma única pernada, sem guinadas no percurso,

trace uma reta, a lápis, unindo o pontoAao ponto B;

- coloque a régua paralela sobre esta reta traçada e leve-a de forma paralela, cuidadosamente,

até o centro da rosa dos ventos da carta e verifique na direção a seguir, qual o grau obtido.

Este é o rumo verdadeiro a ser seguido. Como provavelmente você só tem agulha magnética

a bordo, transforme este rumo verdadeiro em rumo magnético, usando as regras que já

vimos anteriormente. Cuidado paranão fazer a leitura no rumo recíproco daquele que pretende

ser seguido (Ex: se vou paraum rumo nordeste, provavelmente meurumo estarábempróximo

de 045°, mas a recíproca deste rumo é 225° - sudoeste).

Para se obter a recíproca de um rumo (rumo contrário ou rumo de regresso), soma-se ou diminui­

se 180°.

E como faço para governar (conduzir) meu barco no rumo escolhido?

Simples.As agulhas magnéticas possuem umapequena linha fixa, na frente do observador, chamada

de linha de fé, normalmente de cor amarela. Esta linha permanece parada, mesmo que o barco gire.

Sendo assim, guine seu barco até que a linhade fé esteja exatamente sobre o rumo anteriormente escolhido.

A partir daí, é só controlar o timão do barco durante a travessia, de forma que se mantenha a linha de fé

Page 51: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

sempre naquele rumo desejado. Um bom timoneiro é muito importante nestas horas, para evitar que o

rumo se altere e para evitar que seu barco faça zigue-zague, deixando atrás dele uma esteira em forma de

cobra. Neste momento, se for conveniente, poderá então ser acionado o piloto automático.

Quando se parte de um ponto querendo­

se chegar a outro ponto que está no seu visual,

não há a necessidade de se traçar rumos. Mas

mesmo assim, este cuidado deve ser adotado,

pois no meio da viagem, pode cairum nevoeiro e

você perder seu ponto de destino de vista. Mas

se você está navegando num rumo pré

determinado, vá em frente que com certeza você chegará lá, tomando, obviamente, os cuidados para

navegação com baixa visibilidade. Mas agora que você não está vendo o seu ponto de destino, um outro

fator deve ser considerado: o abatimento, que é um deslocamento de seu rumo causado por fatores

naturais como vento, maré, correnteza, etc, que poderão fazer seu barco não chegar exatamente onde se

desejava. Logo que for possível, deve-se corrigir este abatimento, conferindo, através da distância e

marcações de pontos notáveis, se você continua na derrota desejada. Veja mais detalhes sobre navegação

estimada no capítulo 07.

Linha de Fé

Se durante sua viagem for necessário fazer

várias guinadas ou utilizar vários rumos, proceda

da mesma forma a cada pernada.Aum conjunto

de rumos para chegar em um destino chamamos

de derrota. Portanto, não se assuste quando

alguém lhe perguntar qual a sua derrota. Ele está

na realidade querendo saber quais serão os seus

rumos para chegar ao destino pretendido.

Agulha magnética de

embutir

SIMPLIFICANDO OS RUMOS

Certamente após a atenciosa leitura desta explanação sobre rumos, uma enormidade de perguntas

vem causando uma grande confusão na sua cabeça. Vamos relembrar:

Rumo é um ângulo entre um tipo de norte e uma direção que se deseja seguir. O norte pode ser

verdadeiro, magnético, norte da agulha (quando esta tem desvio) ou norte da giroscópica (quando esta

tem desvio). Se você possui a bordo somente agulha magnética e esta não tem desvio, conseqüentemente

você não precisará se preocuparcomo Norte da agulha, nemcomo Rumo daAgulha. Como provavelmente

seu barco de lazer também não tem agulha giroscópica, você não precisará se preocupar com o desvio da

giroscópica (Dgi), nem com o norte da giro (Ngi).

MARCAÇÕES

Nota doAutor

Para que você entenda com mais facilidade o assunto a seguir (marcações), proponho ao

leitor outro exercício:No local onde o leitor se encontra, localize deforma aproximada, ondefica o

norte (qualquer norte);Crie uma linha imaginária entre o leitor e o norte. Crie também uma linha

imaginária entre o leitor e algo que está avistando, como sefosse umfarol sobre uma ilha. Observe

Page 52: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

que estas linhas, ambaspartindo do leitor, formaram um ângulo. Se este ângulopudesse ser medido

(epodeI), seria uma marcação, em graus. Observe que o nortefoi oponto departidapara contar os

ângulos, ou seja, quando você avista algo exatamente na direção norte, a marcação deste objeto é

exatamente OOO� Quando você avista algo a leste, a marcação deste objeto é 0900 e assim por

diante.Agora verifique que rumo e marcação têm conceitos bem semelhantes:

Rumo é um ângulo entre o norte e nosso destino pretendido (linha de proa do barco)

Marcação é um ângulo entre o norte e a direção de algo que estamos avistando.

Marcações são ângulos medidos entre uma direção de referência e a linha de visada de um

determinado objeto avistado (também chamado de alvo). É muito importante que você tenha um bom

domínio deste assunto pois as marcações lhe serão muito úteis para determinar sua posição em uma

navegação costeira.

Observe que tanto os rumos como as marcações são ângulos a partir de um tipo de norte. No caso

dos rumos, eram ângulos entre o norte e uma direção que se desejava seguir (direção para onde vai meu

barco). Para o caso das marcações, são ângulos entre o norte e a linha de visada de algo que estamos

avistando (uma linha reta entre meu olho e aquilo que avisto).

Nota do autor

Diante do que você leu no parágrafo anterior, pode-se concluir que:

Se vocêpretende irpara um certo local que está avistando, pode-se afirmar que o rumopara

irpara este local e a marcação deste local são iguais, em graus. Concorda comigo?

Entretanto, quando falamos em marcação, não só o norte é usado como referência, pois podemos

também usar a proa de seu barco como referência, como veremos a seguir.

As marcações podem ser:

- Marcação relativa (Mrel) - é o ângulo formado entre a linha de proa de seu barco e a linha de

visada de um determinado objeto avistado, ou seja, a proa de seu barco é o 0° (zero), a popa é 180°, o

través de boreste é 90° e o través de bombordo é 270°. Se você avista um certo objeto pela popa, a

marcação relativa será 180°. Conseqüentemente, se você avista um barco pela bochecha de boreste,

pode-se estimar que ele está na marcação relativa aproximada de 045° (pronuncia-se algarismo por

algarismo. Ex: marcação 045° - marcação zero quatro cinco).

Nota doAutor

Diz-se que marcação relativa é um tipo de marcação para consumo interno, ou seja, ela só

terá utilidadepara quem está dentro do barco. Imagine que você avistou uma baleiapela bochecha

de boreste e indica a localização desta baleiapara outrapessoa, que no entanto, não consegue vê­

la. Você usará aproa do barco como referência para indicar a posição da baleia e dirá para esta

pessoa que a baleia está aos 450apartir daproa. Diz-se que é uma marcação relativaporque é com

relação àproa.

Page 53: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Mrel

�///

////

/ '1>0

// v'l>u,/ h..<

/// �v

///

.=�'-FAROL000°

090°

Observe no desenho uma marcação relativa ondefoi usada

a linha deproa do barco como referência.

Marcação polar (MpoffiE ou DD) - é o ângulo formado entre a linha de proa de seu barco

e a linha de visada de um determinado objeto avistado. Só que neste caso a marcação vai de 0° a 180°,

começando pela proa de seu barco, tanto por boreste como por bombordo. Quando se usa a marcação

polar, faz-se necessário citar qual o bordo em que tal objeto foi avistado.

Exemplo: avistei um objeto pelo través de bombordo. Ele está aproximadamente na marcação

polar bombordo 090° (MpolBB 090°). Se eu avistar algo pela bochecha de boreste ele estará

aproximadamente na marcação polar boreste 045° (MpolBE 045°).

Nas marcações polares há uma característica única: a marcação polar bombordo é a única que

contamos no sentido anti-horário. Todos os rumos e marcações são contados a partir do zero, sempre no

sentido horário.

...

:::IAFAROL

0900

BB -

MpolIBE

Marcação � /Polar /

Boreste //

/

/

/

//

/

/

/

/

/

/

/

/

Observe no desenho que marcação polar também usa a linha de

proa como referência, de onde contamos os graus da marcação para

boreste ou para bombordo, de 000° a 180°.

Page 54: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

- Marcação verdadeira (Mv) - é o ângulo formado entre a linha do Norte verdadeiro e a linha

de visada entre você e o objeto que está sendo avistado, ou seja, usa como referência o norte verdadeiro

da terra. Conseqüentemente, pode-se dizer que é aquela marcação fornecidapela rosa dos ventos existente

na carta.

Proponho ao leitor o seguinte exercício:

No local onde o leitor se encontra, localize deforma aproximada, ondefica o norte verdadeiro;

Trace uma linha imaginária entre o leitor e o norte verdadeiro

Trace também uma linha imaginária entre o leitor e algo que está avistando, como umfarol

sobre uma ilha, por exemplo.

Observe que estas linhas,

ambas partindo do leitor, formaram

um ângulo. Se este ângulo pudesse

ser medido (e pode!), seria a

marcação verdadeira deste farol, em

graus. Observe que o norte

verdadeiro foi o ponto de partida

para contar os ângulos da marcação

verdadeira do farol.

Nota doAutor

Nv Sentido Horário, a partir

do Norte Verdadeiro•

:1FAROL

A marcação verdadeira de algo

que você avista não pode ser obtida

diretamente numaagulha magnética.

Numa embarcação de lazer somente

o radar fornece a marcação

verdadeira de algo que você avista.

Nenhum outro instrumento conseguirá

fornecer a marcação verdadeira de

algo que você avistou. Para obtê-la,

você precisaráprimeiramente obter a

marcação magnética (que veremos a

seguir) e logo após usar a declinação

magnética como fator de

transformação, exatamente comojá

fizemos com os rumos.

..:iFAROL

Nv

0900

Marcação verdadeira de umfaroL Observe

que a referência para

esta marcação é o norte verdadeiro.

Page 55: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

-Marcação magnética (Mmg)- é o ângulo formado entre a linha do Norte magnético e a linha de

visada entre você e o objeto que está sendo avistado. Para o navegante de lazer, esta é a mais importante

marcação, pois pode ser obtida com a própria agulha magnética do barco.

Usando as marcações magnéticas, pode-se saber a sua exata posição no mar, desde que você

esteja avistando pontos conhecidos em terra, conforme veremos no capítulo 6.

Nv

-li-FAROL

Mrng

"'. �/�//

/"

./"

./ '1:;0//�(;1>q

". ".'" .,<\.?).".'" '\,-

0900

Observe que quando a declinação magnética épara W (caso

do litoral brasileiro), o ângulo da Mmg é maior do que o ângulo

da marcação verdadeira. Isto explica as seguintesfórmulas:

Mmg=Mv+Dmg(W)

Mv=Mmg-Dmg (W).

Proponho ao leitor mais um exercício:

Nota doAutor

No local onde o leitor se encontra, localize deforma aproximada, ondefica o norte magnético

(como o leitor provavelmente se encontra no Brasil, o norte magnético está à esquerda do norte

verdadeiro);

Crie uma linha imaginária entre o leitor e o norte magnético.

Crie também uma linha imaginária entre o leitor e algo que está avistando, como umfarol

sobre uma ilha, por exemplo.

Observe que estas linhas, ambas partindo do leitor, formaram um ângulo. Se este ângulo

pudesse ser medido (e podeI), seria a marcação magnética deste farol, em graus. Observe que o

norte magnéticofoi oponto de partidapara contar os ângulos da marcação magnética destefarol,

Page 56: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

também no sentido horário. Nv•

Sentido Horário, a partir

do Norte Verdadeiro

liFAROL

Como obter a Marcação Magnética

Esta marcação, ao contrário da marcação verdadeira, pode ser obtida com qualquer instrumento

magnético, como a agulha de seu barco ou uma alidade magnética.

Com a agulha magnética do barco, olhe para o objeto avistado (um farol, por exemplo), formando

uma linha reta entre três pontos: seu olho, centro da agulha e objeto avistado. Na rosa dos ventos da

agulha, onde esta linha reta tocou a rosa, faça a leitura da marcação. Como você utilizou um instrumento

magnético, esta marcação obtida, obviamente, é uma marcação magnética do farol. Observe o desenho.

(il)"""

Olho do

Observador

JFAROL

Leitura da

Marcação

Mmg= 0640

Page 57: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Agoravamos "misturar" as duas marcações, ou seja, vamos obter amarcação verdadeira e magnética

deummesmo farol. Para isto, vamos usar dois nortes como referência (norte verdadeiro e norte magnético).

Já aprendemos anteriormente que o ângulo entre os dois nortes é chamado de declinação magnética.

Você perceberá então que a declinação magnética permitirá transformar marcações magnéticas em

marcações verdadeiras e vice-versa.

Nv•

�((\�•

Declinação

Magnética

para Oeste

.AFAROL

Os possíveis desvios das agulhas voltam a ser um problema, pois quando elas têm desvios

precisaremos considerar neste cálculo os desvios, exatamente comojá vimos nos rumos. Assim, se as

agulhas têm desvios teremos também mais dois tipos de marcações. São elas:

.�

�FAROL

Mgi

Mag '" /" ,\/'\.-o'o'o'o'

////

o'o'<!o/ r1>

o'<<..c.1>'"o'o'o' <..<:'1>

o'o'

Marcação da Agulha (Mag) e Marcação da giroscópica (Mgi),

só existentes quando as agulhas têm desvio.

Page 58: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

- Marcação daAgulha (Mag) e Marcação da Giroscópica (Mgi) - são marcações só existentes

quando a agulha magnética ou agulha giroscópica têm desvios. São, na realidade, a marcação magnética

e verdadeira, acrescidos ou diminuídos de seus respectivos desvios, quando houver.

Vejamos agora várias marcações de um mesmo objeto:

Estou navegando no rumo

verdadeiro 045°. Avisteium veleiro

pelo meu través de boreste. A

declinação magnética da área é

2loW e minha agulha não tem

desvio. Esta ilha está:

Nv

Nmg

,Jf r;:,r.<Jf/ o

/<.��

Vejamos agora outra situação de várias marcações de um mesmo ponto.

Nv

Nmg

!FAROl

na marcação

verdadeira 135°

na marcação

magnética 156°(135+21)

na marcação polar

boreste 090°.

Na marcação relativa 090°.

Estou navegando no

rumo magnético 250°. A

declinação magnética da

área é 200W. Avistei um

farol na marcação relativa

050°. Minha agulha

magnéticanão tem desvio..

As demais marcações são:

marcação magnética

300° (250+050)

marcação polar

boreste 050°

(000 da proa+050)

marcação verdadeira

280° (250-20+050).

o rumo verdadeiro

nesta situação é 230°

(rumo magnético ­

declinação magnética W).

Page 59: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Agora vejamos uma situação um pouco diferente, onde as agulhas têm desvio.

Estou navegando no rumo magnético 040°. Adeclinação magnética da área é 200W. Avistei um

veleiro na marcação relativa 060°. Minhaagulha magnéticatemum desvio de 2°W. Os demais dados são:

- Rumo verdadeiro é 020° (Rv = Rrng - Dmg(W)

- Marcação magnética é 100°

- Marcação verdadeira é 080° (Mv = Rv + Mrel)

- Marcação Polar BE é 060° (MpolBE = Mrel)

- Marcação daAgulha é 102°

Em todas as situações anteriores, sempre citamos uma declinação magnética para W, visando lhe

facilitar nanavegação ao longo do litoral brasileiro. Entretanto, convérnrelembrarque adeclinação magnética

pode ser também para leste. Damesma forma, quando citamos o desvio da agulha, o fazíamos para W,

mas ele também pode ser para leste. Também da mesma forma, sempre usamos o desvio da giroscópica

para E, mas ele também pode ser para W.

Nv Ngi

.�

...�---.FAROL

Vejamos então umatransformação de marcações, onde as agulhas têm desvios, mas de uma forma

diferente daquelas que vimos anteriormente.

- Estou navegando no rumo verdadeiro 044°, avistei um farol pela minha bochecha de boreste,

na marcação relativa 045°. Minha agulha magnética tem um desvio de 3° para E e minha

agulha giroscópica tem um desvio de 4° para W. Adeclinação magnética local é de 200W.

Os demais dados são:

- A marcação verdadeira é 089°

- A marcação magnética do farol é 109° (Mmg=Mv+dmg(W)

Page 60: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

- A marcação da agulha é 106° (Mag = Mmg- Dag (E)

- A marcação da giro é 093° (Mgi = Mv + Dgi(W)

- A marcação polar BE é 045°.

- O Rumo daAgulha (Rag) é 061 ° (Rag = Rmg - Dag (E)

- O Rumo magnético (Rmg) é 064° (Rmg = Rv + Dmg(W)

- O Rumo da Giro (Rgi) é 048° (Rgi = Rv + Dgi (W).

�Ngi

Jf/

// o

/<..v�

/

/-<\4° / � �

// �1% � 4

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FAROL

Como saber a marcação de algo que não estamos avistando

Há certas ocasiões, no mar, que precisamos saber qual a marcação de um ponto (uma ilha, por

exemplo), que ainda não está no visual mas que vai aparecer brevemente. Neste caso, procedemos da

seguinte forma:

- localize a ilha na carta náutica

- a partir da posição de seu barco plotada na carta, trace uma linha reta até a citada ilha

- com a régua paralela em cima desta linha que você traçou, corra com a régua até alcançar o

centro de uma rosa dos ventos da carta e faça a leitura da marcação na rosa dos ventos.

- Você usou uma carta náutica e portanto obteve uma marcação verdadeira. Para transformá­

la em marcação magnética basta acrescentar a declinação magnética, se esta for para oeste

(ou diminuir a declinação se esta for para leste)

Page 61: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Amatéria que você verá a seguir foi por mim escrita em 2003 e publicada numa

revista náutica de grande circulação. Abaixo, a matéria na íntegra:

PARA QUE SERVE A BÚSSOLA?

Observando os navegantes de lazer em nossa região, percebe-se que a grande maioria

desconhece afinalidade da bússola instalada em suas lanchas. Alguns chegam a afirmar que elas

servem apenaspara decorar o painel do barco.

Inicialmente convém esclarecer que quem sabe usar uma bússola não a chama de bússola,

mas de agulha magnética. Ela é um instrumento quefunciona segundo oprincípio do magnetismo

terrestre, um recurso natural que nãoprecisa defonte de energia comopilhas, baterias ou corrente

elétrica do barco. Ela está instalada a bordo de nossos barcos com duasfinalidades:

- orientar o navegante a se manter sobre um rumo que o levará a um destino

- fornecer direções (marcações) de algo que estamos avistando e assimpermitir obtermos

nossas coordenadas de latitude e longitude.

Para começarmos a entender uma bússola (ou agulha), vamosprimeiro tratar de norte. Com

certeza todos nós já ouvimos a expressão: fulano anda meio desnorteado. Pois desnorteado é

exatamente alguém que não tem um rumo a seguir, anda meio perdido na vida. Da mesmaforma,

um navegante que não sabe onde está o norte também está perdido no mar.

Para o navegante, o grande problema quando sefala em norte é que existem dois nortes. É

exatamente isto que você leu: existem dois nortes no planeta!

Em determinado ponto da terra existem dois pontos que chamamos de nortes.

- Um deles é chamado de norte geográfico (ou nor;te verdadeiro) e está localizado no

encontro da latitude 900N com a longitude OOO� E o norte que realmente interessa ao

navegante e as cartas náuticas de todos os países o utilizam como referência.

- Nas imediações deste norte geográfico há uma região quefunciona como um grande

centro de atração magnética, chamado de norte magnético.

Para o navegante amador é aqui que começam os problemas. O norte magnético

não está no mesmo lugar do norte geográfico, mas umpouco mais à esquerda ou à direita do norte

geográfico. Este ângulo ou distância entre o norte verdadeiro e o norte magnético é chamado de

declinação magnética epermitirá transformar os rumos verdadeirosfornecidospela carta náutica

em rumos magnéticos a ser seguido na bússola. É como sefosse umfator de correçãoparapodermos

traçar um rumo na carta náutica e conduzir nosso barco pela bússola, pois ela não apontapara o

norte verdadeiro, mas para o norte magnético da terra.

E para complicar ainda mais a vida do navegante, esta declinação magnética citada sofre

variações anuais, ou seja, o norte magnético muda de lugar todo ano. Sendo assim, o navegante

precisa saber dizer, a todo instante, qual a declinação magnética do local onde ele se encontra

navegando. Esta declinação pode ser obtida de duas formas: consultando uma carta náutica da

região onde se navega ou consultando o GPS, que tambémfornece a declinação do local.

A declinação magnéticapode ser para oeste (quando o norte magnético está à esquerda do

norte geográfico) oupara leste (quando o norte magnético está à direita do norte geográfico). No

litoral brasileiro, a declinação magnética será semprepara oeste, mas varia de lugarpara lugar e

Page 62: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

de ano para ano. A declinação magnética de Angra dos Reis não é a mesma de Porto Alegre.

Quando usamos a bússolapara seguir rumos, o norte magnético é o rumo 000, o sul magnético

é o rumo 180, o leste está no rumo 090 e o oeste no rumo 270.

Mas o que é rumo? - Rumo é uma linha reta entre nosso ponto de partida e nosso destino

pretendido. Mas este é um conceito de rumo muito simples. Vamos melhorar nosso conhecimento

sobre rumos. Se existem dois nortes (verdadeiro e magnético), existem também dois rumos: rumo

verdadeiro e rumo magnético. Se o navegante tem a bordo apenas uma bússola, o norte que lhe

interessa é o norte magnético e o rumo a ser seguido é o rumo magnético.

Para se descobrir o rumo de um ponto a outro, adote os seguintes procedimentos:

a) providencie uma carta náutica da região em que vai navegar;

b) marque na carta o local do ponto de partida de seu barco. Dê a este ponto o nome de

ponto A;

c) marque também na carta o seu ponto de destino. Chame-o de ponto B;

d) trace uma linha reta dopontoA aoponto B (diz a boa matemática que a menor distância

entre 2 pontos é uma reta, lembra-se?)

e) coloque sua régua paralela sobre esta linha reta e conduza-a (arraste-a), também de

forma paralela, até a régua tocar o centro da Rosa dos Ventos da Carta Náutica.

j) Faça a leitura do rumo onde a régua tocou a rosa dos Ventos. Este é o rumo verdadeiro.

g) Para transformá-lo em rumo magnético basta somar o rumo verdadeiro à declinação

magnética do local, que também está citada dentro da Rosa dos Ventos (soma-seporque

no Brasil a declinação magnética é sempre para oeste).

Feito isto, agora é só guinar o seu barco deforma que aquela linha amarela da sua bússola

(chamada de linha defé)fique constantemente sobre o rumo magnético obtido no cálculo anterior.

E durante a travessia manter o barco neste rumo.

Não citei aqui oproblema do desvio da agulhapara não me alongar no assunto. Mas convém

que você saiba que um navegante caprichoso manda fazer uma compensação em sua bússola a

cada dois anos, para verificar quais os desvios da agulha em cada rumo. Estes desvios (se houver)

também deverão ser considerados no cálculo do rumo, mas istojá é outra história.

Muitos navegantes de lazer não usam a bússola para seguir rumos porque normalmente

estão vendo seus destinos desde o ponto de partida, ou seja, navegam em curtos trechos. Mas

mesmo vendo o destino desde o ponto de partida, deve-se saber dizer qual é o rumo que estamos

navegando, poispode acontecer de no meio da viagem cair a noite ou umforte nevoeiro eperdermos

nosso destino e nosso ponto de partida de vista.

E agora, comoproceder? À noite ou no meio de um nevoeiro, comofaremospara saber onde

está nosso destino e nosso ponto de partida? Qual é o rumo de regresso para nosso ponto de

partida? Certamente você responderá: usarei o GPs. Esta resposta até certo ponto é aceitável,

mas se o GPS nãofuncionar, faltar bateria ou não houver a bordo quem saiba manuseá-lo?

Estasperguntas, por si só, jájustificam a existência da bússola a bordo de nosso barco. Domine

completamente o uso da bússola de seu barco. Ela é uma grande e indispensávelparceira do navegante

e nunca acaba apilha! Eporfavor, não a chame de bússola. Você é um navegante, chame-a de agulha

magnética. Deixe apalavra bússolapara quem navega sobre a superfície terrestre.

Page 63: Aprendendo a Navegar

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Page 64: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

Capítulo 05••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

NAVEGAÇÃO COSTEIRAOU

NAVEGAÇÃO OBSERVADA

Nota do autor

Fazer navegação costeira ou observada é talvez a maisperfeitaforma de se navegar. Consiste

em observar pontos visíveis da costa e obter marcações magnéticas e verdadeiras destes pontos e

assim obtermos nossaposição no mar. Para realizar este tipo de navegação,faz-se necessário tecer

alguns comentários:

- você precisará de carta náutica da região, régua paralela, compasso e lápis;

- o radar também ajuda, mas não é imprescindível;

- você deverá saber identificar as montanhas, faróis ou outros acidentes geográficos na

costa e saber localizá-los na carta;

- deverá ter bom conhecimento de marcações magnéticas e verdadeiras;

- deverá saber a declinação magnética do ano em curso para aquela região

- deverá conhecer os desvios da agulha de seu barco nos diversos rumos;

- Deverá dispor a bordo de uma alidade ou taxímetro, para obter as marcações depontos

de terra. Na falta destes equipamentos, as marcações podem ser obtidas usando a

própria agulha magnética do barco.

No fmal do capítulo 3, foi elaborada a seguinte pergunta:

E se eu não tiver GPS a bordo, como farei para saber onde estou na carta náutica e no mar?

Também é possível obter minhas coordenadas de latitude e longitude sem GPS?

Pois a resposta para esta pergunta é:

Sim, desde que você possua a bordo uma carta náutica, régua paralela, compasso, lápis, agulha

magnética ou alidade e desde que você saiba obter uma marcação daquilo que está avistando, como

vimos no capítulo anterior.

Page 65: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Este é um dilema do navegante: saber sua posição no mar. E saber sua posição no mar, em

coordenadas de latitude e longitude, é vital para quem navega.

Não havendo aparelho de GPS a bordo, suaposição no mar, em coordenadas de latitude e longitude,

pode ser facilmente obtida através dos seguintes métodos:

- por cruzamento de duas ou mais marcações de pontos em terra que se está avistando

- por cruzamento de duas ou mais distâncias de pontos em terra

- por observação de distâncias e marcações de pontos em terra

- por cruzamento de marcações e profundidades

- por alinhamento (enfiamento) com pontos em terra

- por obtenção de posição estimada.

Como vocêjá sabe, as distâncias de pontos de terra, a partir do mar, são fornecidas pelo radar, que

veremos no capítulo 9. Mas não havendo radar, suaposição no mar e na carta náuticapode ser determinada

através de marcações de pontos de terra.

Estas posições obtidas somente por marcações de pontos em terra podem ser feitas de duas formas:

- por observação de marcações simultâneas de diferentes pontos em terra, obtidas ao mesmo

tempo ou

- por observação de marcações sucessivas de um mesmo ponto, obtidas em momentos

diferentes.

POSIÇÃO POR MARCAÇÕES SIMULTÂNEAS

Se você está navegando em um determinado local e precisa obter e plotar na carta sua posição

atual e precisa saber suas coordenadas de latitude e longitude e não possui GPS, proceda da seguinte

fonua:

- escolha dois pontos em terra que você está avistando (faróis ou ilhas, por exemplo),

perfeitamente identificados e também existentes nacartanáuticadaregião emque você navega,

de preferência que formem entre eles e seu barco um ângulo igual ou superior a 60° (o ângulo

ideal é em tomo de 90°)

- com o auxílio de uma alidade, taxímetro ou mesmo da agulha magnética do barco, obtenha

uma marcação magnética destes pontos, emummesmo instante (tolera-se 10 segundos entre

uma marcação e outra, se o barco está em movimento);

- transforme estas marcações magnéticas em marcações verdadeiras, para que você possa

utilizá-las na rosa dos ventos da carta náutica (vide transformação de marcações no capítulo

4)

- coloque a régua paralela sobre a rosa dos ventos da carta, formando uma linha reta entre o

centro da rosa e a marcação verdadeira obtida. Lentamente e de forma paralela, leve a régua

até o ponto em que você obteve a marcação magnética (farol, por exemplo) e trace uma

linha. Vocêjá tem sua primeira linha de posição. Seu barco está em cima desta linha, em

algum ponto.

- Repita a operação no outro ponto em terra escolhido e trace nova linha de posição.

- Onde estas linhas se encontrarem, é ali que está seu barco. Se desejar, pode usar aindaum 3°

ponto em terra para confirmar sua posição. Se você cruzar uma terceira linha de posição,

provavelmente as linhas formarão um pequeno triângulo no seu ponto de encontro. Se isto

Page 66: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

ocorrer, considere que você se encontra exatamente no centro deste pequeno triângulo.

- Faça agora a leitura das coordenadas geográficas nas escalas de latitude e longitude, conforme

instruções contidas no capítulo 2, no subtítulo COMO PLOTAR COORDENADAS NA

CARTA.

- Observe os anexos B e E deste livro.

MUITO IMPORTANTE!

Comojá foi citado no capítulo anterior, para se obter uma marcação magnética de um ponto em

terra, use uma alidade ou na falta de alidade, olhe para este ponto por sobre o mostrador da agulha

magnética, passando a visão pelo centro da agulha e fazendo a leitura na direção de onde está o ponto.

Mas cuidado: esta é uma marcação magnética e para levar esta marcação para a carta, você precisará

transformá-la em marcação verdadeira. Assim, você deverá diminuir a declinação magnética da área (se

esta for para W) e também considerar o desvio da agulha magnética (se houver, conforme mostrado no

capítulo 4).

<iI>;;;

Olho do

Observador

miFAROL

Leitura da

Marcação

Mmg= 0640

POSIÇÃO POR MARCAÇÕESSUCESSIVAS DE UM MESMO PONTO

Nota do autor:

Por que motivo todo navegante tem um bom relógio, depulso ou de parede? A resposta você

verá a seguir, pois o tempo é umfator importantíssimo na navegação e nos auxilia na obtenção de

nossa posição no mar.

Page 67: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Como vimos anteriormente, há situações em que sua posição no marpode ser obtidapor marcações

de dois ou mais pontos visíveis em terra, cruzando as linhas de posição destes pontos. Entretanto, nem

sempre há dois ou mais pontos para serem observados, podendo, em algumas situações, existir apenas

um ponto para se obter uma marcação (uma ilha, por exemplo).

Havendo um só ponto para ser marcado, sua posição no mar também pode ser obtida, desde que

você saiba em que rumo está navegando e qual a sua velocidade. Proceda da seguinte forma:

- mantenhaumrumo e velocidade constante

- obtenha umamarcação magnética deste ponto, transforme-a em marcação verdadeira e plote

esta linha de posição na carta, anotando ao lado a hora da observação (08 :00 h, por exemplo);

- repita a operação exatamente as 08: 15 h e plote novamente a linha de posição obtida (atente

para o fato de que houve um intervalo de tempo de 15 minutos). Seja criterioso na análise do

fator tempo, não desconsidere nem mesmo os segundos entre as observações.

- observe que as linhas de posição não se cruzaram, mas formaram um ângulo a partir do

ponto observado.

- Trace o rumo atual na rosa dos ventos.

- Usando a sua velocidade como referência, avalie a distância percorrida durante o trajeto de

15 minutos (tempo entre as marcações) e abra o compasso na escala de latitude, em uma

abertura igual à distância percorrida neste trajeto.

- Leve a régua, de formaparalela ao rumo anteriormente traçado, até onde as duas extremidades

do compasso tocarem exatamente nas linhas de posição anteriormente traçadas. No encontro

da linha do rumo, uma das extremidades do compasso e a 2a linha de posição, é aí que se

encontra seu barco.

Veja o anexo E.

Nota do autor

Para que servem osfaróis da costa brasileira?

Eles foram construídos em posições estratégicas para servirem de referência para os

navegantes. Avistando a luz de um farol à noite ou o próprio farol, durante o dia, o navegante

facilmente vai obter uma marcação destefarol e conseguirá obter suaposição no mar.

Que outro recurso teria o navegante antes do advento do GPS para obter uma posição

confiável? Você agora certamente dirá: mas com o advento do sistema GPS osfaróis perderam a

utilidade e poderiam ser desativados!

Dejeito nenhum! Lembre-se de que o sistema GPS tem algumas características queproíbem

os governos de desativar seusfaróis. Estas características são:

- o sistema GPS tem dono. Nós o utilizamos por concessão do dono. Quem concede

direito de usopode retirar a qualquer momento;

- seu aparelho de GPSfunciona movido por fontes de energia esgotáveis. E se elas

acabarem? Você recorrerá aosfaróispara obter suaposição!

Um farol, além de servir de ponto de referência para os navegantes, também têm outras

finalidades, como transmissão de dados de rádio, observação meteorológica e à noite são essenciais

para orientar o navegante na escuridão.

Page 68: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

POSIÇÃO POR CRUZAMENTODE UMA MARCAÇÃO E UMA DISTÂNCIA

Você verá no capítulo 9 todas as instruções relacionadas ao radar. Mas considere que na navegação

este instrumento fornece distâncias e marcações de pontos em terra ou no mar.

Havendo um só ponto visível para se obter uma marcação e uma distância, você poderá obter

facilmente sua posição, procedendo da seguinte forma:

- obtenha uma marcação magnética deste ponto

- transforme-a em marcação verdadeira

- coloque a régua paralela sobre a rosa dos ventos da carta, formando uma linha reta entre o

centro da mesma e a marcação verdadeira obtida. Lentamente e de forma paralela, leve a

régua até o ponto em que você obteve a marcação magnética (farol, por exemplo) e trace

uma linha. Vocêjá tem uma linha de posição.

- Obtenha no radar, no mesmo instante da marcação (tolera-se 10 segundos), uma distância

deste mesmo ponto que você marcou anteriormente.

- Vá até a escala de latitude e obtenha uma abertura do compasso na mesma quantidade de

milhas de distância fornecida pelo radar.

- Com o compasso nesta abertura, coloque a ponta fixa do compasso na carta náutica, sobre

o ponto que você obteve a distância e trace um círculo de distância em redor deste ponto.

- Onde o círculo de distância cortar a linha de posição, é ali que se encontra seu barco. Veja o

anexo F deste livro.

POSIÇÃO POR CRUZAMENTO DE DUAS DISTÂNCIAS

Esta é uma marcação típica do uso do radar, pois como vimos anteriormente, este aparelho tem a

capacidade de fornecer distâncias de pontos em terra ou no mar. Geralmente esta posição é obtida em

situações de baixa visibilidade, quando não temos nenhum ponto no visual para se obter uma marcação.

Para obterumamarcação por cruzamento de círculos de distâncias, execute as seguintes operações:

- obtenha no radar uma distância de um ponto existente na carta, perfeitamente identificado

(não poderá haver dúvidas sobre sua identificação).

- Trace um círculo de distância em redor deste ponto, na carta náutica.

- Repita a operação em outro ponto existente na carta, preferencialmente distante do primeiro

e trace também um círculo de distância.

- Onde estes círculos se encontrarem, é ali que está seu barco. Veja o anexo C.

Um só círculo de distância de um ponto não é suficiente para determinar sua posição na carta, pois

um só círculo de distância mostra na realidade uma linha redonda, em volta de um determinado ponto,

onde você poderá estar. Da mesma forma, uma linha de posição, obtida por marcação, também não

fornece uma posição, mas apenas um alinhamento sobre o qual seu barco certamente se encontra.

OUTROS MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE POSIÇÃO

Além dos métodos acima mencionados, típicos da navegação observada ao longo da costa, outros

métodostambémpodem ser utilizados para determinar suaposição no mar, alguns merecedores de bastante

Page 69: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

confiança e outros apenas como referência para quem está se sentindo desnorteado e meioperdido no

meio do mar. São eles:

- Posição por satélite - são as coordenadas de latitude e longitude, fornecida pelo GPS. É aformamais simples, fácil e prática. Basta copiar os dados das coordenadas da tela do GPS

e plotar na carta náutica. É uma posição merecedora de bastante confiança.

- Posição Eletrônica - são as posições obtidas com o uso do radar, através de distâncias ou

marcações fornecidas por este equipamento eletrônico.

- Posição Estimada- é umaposição menos confiável e menos precisa, pois é plotada baseada

em dados de rumo e velocidade que você possuía enquanto fazia navegação observada, mas

mesmo assim é merecedora de alguma confiança, principalmente se você está avaliando a

corrente de maré, a corrente marítima e o vento, ou seja, seu abatimento. Este tipo de posição

é muito utilizada quando não se tem GPS e se está fazendo uma longa travessia, fora do

alcance visual de pontos de terra. Normalmente, você como Mestre Amador não fará este

tipo de travessia, mas convém que você saiba que era assim que se navegava em longas

distâncias, antes do advento do GPS (veja outros comentários sobre posição estimada no

capítulo 07).

- Posição por alinhamentos (enfiamento) - é a posição obtida quando você entra no

alinhamento de dois pontos em terra, ou seja, quando você está exatamente no prolongamento

da linha de dois pontos em terra. É o que chamamos de enfiamento, ou seja, você estáenfiado (em linha reta) na linha entre dois pontos. É como se você fosse a continuação deuma linha reta entre dois pontos em terra. Veja o anexo D deste livro.

- Posição por radiogoniômetro -Alguns faróis e estações costeiras transmitem sinais de

rádio, em código Morse, com ondas que são captadas a bordo porum equipamento chamado

de radiogoniômetro, que é na realidade equipamento eletrônico que determina a direção da

estação transmissora de ondas sonoras, com referência a um plano determinado, usando a

propriedade direcional da antena de quadro. Este aparelho, além de receber o sinal de Morse

de cada estação transmissora, fornece então umamarcação do ponto de onde vem este sinal,

facilitando ao navegante estabelecer umaposição no mar. Nas cartas náuticas estão citados

quais os faróis e estações que transmitem este sinal, as freqüências de rádio em que são

transmitidos e também as letras em código Morse, para identificar de ondevemo sinal recebido.

Este equipamento dificilmente será encontrado em barcos de lazer, sendo mais comum nos

navios mercantes.

- Posição por comparação com isobáticas (linhas de igual profundidade) - não é

necessariamente uma posição, mas apenas uma referência para quem possui a bordo um

ecobatímetro (sonda), pois analisando as profundidades citadas na carta náutica e as

profundidades mostradas pelo ecobatímetro, é possível avaliaruma posição, não merecedora

de muita confiança. Considerar, nestes casos, que o ecobatímetro fornece a profundidade

local a partir da quilha do barco. Assim, se seu aparelho mostra uma profundidade de 19

metros, você certamente estará nas imediações de uma isobática de 20 metros. Com uma

marcação de um ponto (linha de posição) em terra e uma profundidade temos umaposição

de razoável confiança.

Cada vez que plotar sua posição na carta, use um dos símbolos abaixo:

8 Posição observada, obtida por marcações ou distâncias de radar

A

t

Posição estimada

Posição por GPS

Page 70: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

COMO DETERMINAR A VELOCIDADE DA EMBARCAÇÃO

Paraum navegante, saber a toda hora a velocidade de seu barco é de extrema importância. Portanto,

saiba dizer, a todo instante, qual a velocidade de seu barco. Este dado lhe será muito útil. Veja, por

exemplo, o caso da posição no mar obtida por marcações sucessivas de um mesmo ponto, que vimos

anteriormente. Avelocidade do barco foi fundamental para obtenção daquela posição.

Certamente amelhor forma de se saber a velocidade de um barco navegando é consultar o odômetro.

Entretanto, no caso da falta deste aparelho, é perfeitamente possível obter a velocidade por hora de seu

barco, usando outros recursos. Se você tem GPS, o próprio equipamento já lhe fornecerá este dado.

Mas se também não tiver GPS a bordo, use o seguinte método de determinação de velocidade, através

de posições obtidas por marcações ou distâncias de pontos em terra:

- marque uma posição observada, obtida através de marcações, em um determinado minuto

(lO: 15 h, por exemplo). Plote esta posição obtida na carta e anote ao lado a hora desta

posição;

- repita a operação exatamente às 10:30 h. Plote a nova posição na carta e anote ao lado a

hora desta posição (observe que houve um intervalo de tempo de 15 minutos);

- com o compasso, verifique a distância de umaposição até a outra (3 milhas, por exemplo)

- Observe quenum espaço detempo de 15 minutos você navegou 3 milhas. Conseqüentemente,

a velocidade de seu barco será de 12 nós. Este método de obtenção de velocidade é o mais

perfeito, pois avalia a sua real velocidade sobre a face da terra e já considerou aspectos

como vento, correnteza, etc.

Há aindauma outra forma, bastante simples, de avaliar a velocidade. Sabendo o exato comprimento

total de seu barco, coloque uma pessoa exatamente no bico de proa, com o barco navegando, e mande

esta pessoa deixar cair no mar uma pequena bolinha de papel e verifique quanto tempo ela leva para

chegar na popa. Em seguida, considerando o comprimento do barco, faça o seguinte cálculo matemático:

se em 5s a bolinha de papel percorreu 16m, (por exemplo), quanto tempo levará para percorrer uma

milha?

Mas esta velocidade obtida merece pouca confiança, pois há vários fatores que poderão interferir

neste cálculo, como o vento, a corrente marítima, a corrente de maré, etc.

DETERMINAÇÃO DE DISTÂNCIAS NO MAR

O melhor equipamento, no mar, para se determinar distâncias, é o radar. Entretanto, não havendo

radar a bordo, ainda é possível avaliar, com alguma confiança, a distância de um ponto avistado em terra

ou no mar. Para isto, usamos duas fórmulas:

A - Distância ao horizonte - (D=2 ."-Ie) - é usada para avaliar a sua distância ao horizonte, desde

que você conheça a elevação (e) do nível do marem que você se encontra. Vamos imaginarum observador

a 16 m do nível do mar.

Fórmula: D=2x"-le

D=2x "-116

D=2x4

D=8' resultado em milhas náuticas.

Page 71: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

B) Distância a um objeto quando aparece no horizonte (conhecendo-se a elevação do

observador e a altura (h) do objeto avistado) - (D=lx-ve + lX-Vh). Vejamos o caso de um observador a

9m de elevação do nível do mar e um farol avistado com 81m de altura do solo.

Fórmula: D=2x-ve + 2x-vh

D=2x-v9 + 2x-v81

D=2x3 +2x9

D= 6 + 18

D= 24' resultado em milhas náuticas.

Mas até que distância da costa é possível avistar pontos em terra para se obter uma marcação?

Depende de vários fatores, principalmente da visibilidade e do formato do relevo da costa. Emum dia de

boa visibilidade, é possível avistar algo em terra até uma distância superior a 20 milhas, desde que este

ponto seja alto (uma montanha, por exemplo). E quanto mais alto você estiver do nível do mar, mais longe

você enxergará a costa.

Entretanto, em dias de pouca visibilidade causada por fenômenos atmosféricos, até mesmo uma

montanha amenos de 5 milhas fica invisível. Quando o litoral é uma planície, como o litoral gaúcho, fica

muito dificil avistar algo a mais de 5 milhas, mesmo com boa visibilidade. Nestas circunstâncias,

principalmente quando se vai obter marcações de pontos em terra, é muito importante que você não tenha

nenhuma dúvida sobre o ponto que está marcando. E quando estiver avistando uma alta montanha,

certifique-se que ela realmente está na costa. Há situações em que uma alta montanha está no visual, mas

na realidade ela está a várias milhas terra adentro e, neste caso, a carta náutica traz a altura e posição das

principais montanhas, para facilitar a sua identificação.

COMO TRAÇAR UMA DERROTA

Diz uma velha frase náutica que: quem vai para o mar se prepara em terra. Assim, se você vai

empreenderumaviagem, prepare-se para ela. Reúna as cartas da região em que vai navegar e planeje sua

derrota.

Vimos anteriormente que derrota é um conjunto de rumos para se chegar em um destino. Vamos

agora fazer umatravessia simulada. Primeiramente vamostomar algumas medidas relacionadas a segurança

do barco, que são:

- verificar a previsão do tempo para todo o período da travessia;

- checar combustível (1/3 para ida, 1/3 para volta e 1/3 de reserva);

- checar o material de salvatagem;

- testar o rádio VHF;

- testar GPS, radar, ecobatímetro, anemômetro, agulha magnética, alidade, etc;

- colocar as cartas e demais instrumentos e publicações à disposição.

Feito isto, vamos agora traçar nossa derrota, ou seja, os rumos para se chegar ao nosso destino.

Vamos proceder da mesma forma mostrada no anexo H deste livro, onde háuma derrota fictícia traçada.

De posse da carta náutica mais adequada para aquele trecho, passe o olho na carta por onde seu

barco provavelmente passará e verifique se há, na carta, alguma obstrução e perigo a navegação e se há

Page 72: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

profundidades suficientes. Consulte o Roteiro (capítulo 8) da região onde vai navegar. Cada ponto de

guinada, partida ou chegada será um ponto da viagem:

- . pontoA-local de desatracação

- ponto B -primeira guinada

- ponto C - segunda guinada

- ponto D - terceira guinada.

- Ponto E -local de chegada para fundeio.

A seguir, trace uma reta unindo estes pontos. Como vocêjá viu, cada uma destas retas é um rumo.

Sendo assim, com a ajuda da régua paralela e da rosa dos ventos da carta, verifique quais serão estes

rumos verdadeiros e magnéticos e anote ao lado destas retas traçadas.

Ao lado do ponto A e ponto E, anote o horário de partida e provável horário de chegada,

respectivamente. Sabendo sua provável velocidade durante o percurso, anote ao lado dos pontos B, C e

D aprovável hora em que chegará nestes pontos.

Anote também na carta os possíveis pontos notáveis em terra durante o percurso e os prováveis

pontos que você usará como referência para tirar marcações e distâncias durante a viagem.

Considere que do ponto A até o ponto B você fará navegação por rumos práticos, ou seja, se

orientará pelo balizamento ali existente, esquecendo quando necessário o rumo traçado, pois neste trecho

há grande movimento de embarcações e você deverá redobrar a atenção e manobrar sempre que

necessário, conforme instruções do capítulo 07.

Feito isto e tendo todos os dados favoráveis, pode desatracar. Você certamente faráuma travessia

bastante segura.

Nota do autor

Neste Capítulo, em diversas situações orientei o leitor a anotar na carta várias observações,

rumos, horários, etc. Mas euposso escrever na minha carta náutica?

Claro, elafoifeita exatamentepara isto, desde que seja a lápis. E se eu navego constantemente

numa mesma região, não devo apagar minhas observaçõesjáfeitas. Uma carta náutica cheia de

observações escritas não significa um navegante desleixado, muito pelo contrário... Significa um

navegante cuidadoso.

NAVEGAÇÃO NOTURNA OBSERVADA

Nota do autor

Navegar à noite épossível? Sim, e com total segurança. A navegação noturna não difere em

quase nada da diurna, desde que o navegantefique atento para osfaróis, bóias, faroletes, balizas,

ilhas, montanhas, luzes em terra, construções em terra, etc.

Page 73: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Anavegação noturnapode perfeitamente ser praticada, desde que sejam observados alguns aspectos

e que se possua a bordo alguns instrumentos. Estes aspectos são os seguintes:

- todas as luzes de navegação deverão estar funcionando perfeitamente (é terminantemente

proibido navegar às escuras);

- o navegador, preferencialmente, deve ser conhecedor da região e deverá saber identificar os

pontos que se está avistando e saber diferenciar as luzes dos sinais náuticos (faróis, bóias,

etc) de outras luzes existentes no litoral que poderão causar confusão;

- o navegador deverá conhecer e saber identificar os sinais náuticos da costa (vide nota do

autor nofinal deste subtítulo)

- a cabine onde se está fazendo a observação deverá estar às escuras. Isto facilitará a visualização

de pontos avistados (admite-se uma lanterna portátil, com luz de cor vermelha, para uso na

carta. Uma lanterna de luz branca ou amarela ofuscará sua visão);

- pratique, na medida do possível, umatécnica chamada de alinhamento com pontos em terra,

ou seja, aponte a proa de seu barco para algo que você está vendo em terra, verificando

antes na carta náutica se nesta linha reta existem águas seguras;

- tenha especial atenção no cumprimento das regras do RIPEAM que vocêjá aprendeu por

ocasião de sua preparação para obtenção da carteira de Arrais Amador.

No tocante aos instrumentos náuticos, alguns aspectos também devem ser observados:

- o radar é o principal instrumento parauso notumo masnão é indispensável. É possível navegarà noite sem ele;

- a agulha magnética deve estar iluminada, estar aferida e ser sempre consultada;

- o binóculo deve estar à mão para identificar aquilo que estamos avistando;

- o ecobatímetro (sonda) também lhe será extremamente útil para verificar profundidades;

- como nas demais circunstâncias, o GPS lhe será extremamente útil, mas também não é

indispensável.

São muito raras as situações em que não se deve praticar a navegação noturna, mas se houver uma

conjunção de fatores naturais com falta de equipamentos, recomendo que não se pratique a navegação à

noite. Estes fatores seriam os seguintes:

- má visibilidade causada por fatores naturais como neblina, chuva, etc;

- ausência de radar, agulha magnética inoperante ou inexistente;

- ausência de uma pessoa que conheça a região;

- luzes de navegação inoperantes; e

- fortes ventos e mar agitado.

Nota do autor

Como vimos em vários capítulos até aqui, umfarol é uma excelente referênciapara obtermos

uma marcação e assim determinarmos nossa posição no mar. Agora vamos imaginar a seguinte

situação: você está vindo de alto mar, à noite, e sabe que o primeiro ponto a ser avistado em terra

é um determinadofarol. Ao avistá-lo, você imediatamente obterá uma marcação destefarol.

Page 74: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Suponhamos então que você está avistando um farol mas não é o farol que você esperava

avistar. Como saber se avistei ofarol certo?

Numa mesma região, osfaróis possuem luzes com cores e características diferente do outro,

ou seja, umfarol não tem luzes iguais ao outro. Observando osfaróis na carta náutica, nela está

contido o tipo de lampejo de cadafarol, a cor da luz e afreqüência com que esta luz é exibidapara

que o navegante não confunda umfarol desejado com outro que ele não deseja marcar.

Na carta náutica, sob o símbolo de um farol, sempre virá a característica luminosa deste

farol. Assim, poderá vir, por exemplo, a seguinte observação:

Lp.B.3 seg.19m 12M O que significa esta abreviatura abaixo do símbolo dofarol?

Significa: 3 lampejos brancos a cada 3 segundos, está a 19 metros de altura do nível do mar

e é avistado a 12 milhas de distância.

Sempre que aparecer um símbolo ou abreviatura numa carta náutica, deve-se de imediato

consultar a Carta 12.000 ou a Lista de Faróis, publicações que veremos em outro capítulo.

Para que não ocorra esta confusão entrefaróis também durante o dia, os mesmosfaróis têm

construções diferentes e são pintados também com cores e aspectos diferentes um do outro. As

fotos dosfaróis também são encontradas na publicação Lista de Faróis.

Page 75: Aprendendo a Navegar

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Page 76: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 06••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

NAVEGAÇÃO ESTIMADA

Nota do autor

Para melhor entendimento de navegação estimada, vamos imaginar a seguinte situação: o

leitor está vindo de alto mar em direção à sua marina e de repente se depara com uma forte

neblina. Sua visibilidade está altamenteprejudicada. Nestas horas, certamente você seperguntará:

Será que estou indo no rumo certo? Será que estou na posição correta? Será que chegarei na

marina no horário previsto? Onde estou neste exato momento?

Fique tranqüilo, a partir daqui, se você não tem GPS e nem radar, você fará navegação

estimada, ou seja, você estimará onde está a cada minuto, desde que você conheça seu rumo e sua

velocidade.

Considere que: se eu estou naposiçãoA navegando em direção aposição B na velocidade de

12 milhaspor hora e a distância entre asposições é de 12 milhas, então dentro de meia hora estarei

6 milhas à/rente daposiçãoA e dentro de uma hora estarei chegando naposição B. Isto é navegação

estimada.

É um tipo de navegação realizada quando não temos nenhum tipo de objeto em terra no nosso

visual, apenas mar e céu. Assim, diz-se que fazer navegação estimada é usar dados obtidos anteriormente,

enquanto você avistava pontos notáveis no litoral.

Como vimos no capítulo anterior, a navegação costeira baseia-se em marcações de objetos visíveis

e perfeitamente indicados nas cartas náuticas. Assim, enquanto você via e plotava estes objetos na carta,

você fazia navegação observada. Durante estas observações, você com certeza calculou sua velocidade.

Entretanto, você foi se afastando da costa e de repente não há mais pontos notáveis, apenas céu e

mar, mar e céu. E agora?

Fique tranqüilo, vamos fazer navegação estimada, ou seja, sabendo sua velocidade e seu rumo

enquanto fazia navegação observada, você agora fará navegação estimada, ou seja, você agora não terá

mais certeza absoluta de onde está, mas apenas estimará sua posição, considerando que seu rumo e sua

Page 77: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

velocidade não se alterarão até encontrar novamente um ponto em terra, onde poderá corrigir sua posição

na carta.

Há certas situações, durante uma travessia, em que você poderá optar por fazer navegação costeira

ou fazer uma travessia com navegação estimada. Tal fato acontece, por exemplo, quando você precisa

ganhar tempo e o acompanhamento da costa faria você perder muito tempo. Assim, você prefere "fazer

um corte direto", praticando navegação estimada. Este fato é muito comum durante a travessia de uma

grande enseada ou golfo, onde você poderá fazer navegação costeira por dentro do golfo, acompanhando

a costa, ou cortar direto, de uma extremidade a outra deste golfo.

Uma outra circunstância que nos leva a praticar navegação estimada é quando navegamos no

período noturno ou em situações de baixa visibilidade (neblina, por exemplo). Mesmo que caia a noite, a

navegação estimada me permitirá saber onde estou.

Nota do autor

Para entender, deforma bem simples, aprática da navegação estimada, vamosfazer o seguinte

raciocínio:

Estou naposição A às 21 :00 h, navegando em direção à posição B no rumo magnético 230�

com velocidade de 12 nós. Onde estarei uma hora depois?

Simples. Se minha velocidade é de 12 nós (12 milhaspor hora) e se eu não me afastar deste

rumo e nem alterar minha velocidade, 15 minutos depois estarei 3 milhas adiante; 30 minutos

depois estarei 6 milhas adiante; 45 minutos depois estarei 9 milhas adiante e uma hora depois

estarei exatamente 12 milhas adiante. Claro que neste raciocínio nãofoi considerado o vento nem

as correntes marítimas. Mas o fator tempo foi fundamental para estimarmos nossa posição. Já

preparou seu relógio?

Durante a navegação estimada, é muito importante que você evite mudar sua velocidade e seu

rumo, mas se isto for inevitável, cada guinada ou cada mudança de velocidade deve ser plotada na carta

e suas posições estimadas deverão ser perfeitamente plotadas a cada fração de tempo. Sugere-se, nestes

casos, plotar a posição a cada 30 minutos e sempre que alterar seu rumo e velocidade.

Durante a navegação estimada é também muito importante que você saiba perfeitamente onde

deseja chegar e não se desespere com a sensação de solidão que nestas horas nos acomete.

Nota do autor

Em alto mar, quando não temos absolutamente nenhum ponto de terra no visual, somos

acometidospor uma espécie de solidão, acompanhada de um certo temor de que não chegaremos

em nosso destino. Puro medo sem razão!

Se você domina as técnicas de navegação estimada, a chegada em seu destino é apenas uma

questão de tempo...Acredite nos instrumentos, mas acima de tudo, acredite em você mesmo. Você é

um Mestre Amador, você sabe que seu destino vai aparecer na linha do horizonte dentro de alguns

instantes...

Page 78: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç A O C O S T E I R A : Sebastião Fernandes.

Tudo isto fica muito mais seguro se você tem a bordo um aparelho de GPS, mas quando se fala em

navegação estimada, considera-se que este equipamento não existe a bordo, não está funcionando ou não

há quem saiba manuseá-lo. Era assim que se navegava nas grandes distâncias antes do aparecimento do

GPS e você, como mestre amador, precisa saber perfeitamente como proceder nestas situações.

Quando se toma uma decisão de se fazer navegação estimada, há toda uma rotina de preparação

da derrota a ser seguida. É imprescindível, nesta rotina, que você trace na carta náutica da região o rumo

desta travessia, a sua última posição observada, a primeira posição estimada e dali em diante, uma exata

rotina de plotagem de posição estimada, preferencialmente posições a cada 30 minutos e sempre que for

feita umamanobra (desvio de outro barco, por exemplo), onde haja alterações temporárias de rumo e/ou

velocidade. Lembre-se que em navegação estimada seus únicos dados paraplotagem de sua nova posição

a cada fração de tempo são a velocidade do barco e o rumo pré determinado.

Na plotagem destas posições estimadas, vários aspectos deverão ser observados, mas o principal

deles é sem dúvida a velocidade do barco.

Sobre o rumo traçado na carta, a cada fração de tempo (30 minutos por exemplo), plote sua

posição estimada, usando como referência a velocidade do barco. Se ele desenvolve 12 milhas por hora,

abra o compasso na escala de latitude, em uma abertura de 6 milhas, e vá plotando esta posição a cada 30

minutos, pois se ele desenvolve 12 milhas por hora, navegará 6 milhas a cada 30 minutos.

Durante umatravessia estimada, é muito importante que o timoneiro não permita que o barco saia

do rumo desejado ou evite ao máximo que o barco faça zigue-zagues, pois esta imperícia no uso do timão

também pode afetar a hora e o local desejado para o destino final da travessia.

Os principais fatores que poderão afetar seu rumo e velocidade numa navegação estimada são o

vento, as correntes marítimas e as marés, ou seja, elas podem causarABATIMENTO de seu rumo e

velocidade, fazendo com que você não chegue exatamente onde tencionava chegar.

Assim, logo que começou a fazer navegação estimada, observe por onde está entrando o vento e

avalie sua intensidade, caso não tenha a bordo um anemômetro, que mede a intensidade e direção do

vento.

Se ele entra pela popa, ele deverá ser considerado no cálculo de sua velocidade, podendo a

velocidade ser estimada em 2 ou 3 nós a mais, de acordo com a força do vento.

Se ele entra pela proa, vai reduzir sua velocidade em alguns nós.

Se ele entra pelo través, vai alterar seu rumo sem que você também perceba, desviando o rumo

para sotavento (bordo contrário por onde sai o vento).

Nota do autor

Quer saber se seu barco está tendo abatimento? Olhepara a esteira deixadapelo movimento

dos motores e observe a direção da esteira enquanto ainda pode avistar o ponto de partida. Se a

esteira apontapara o ponto de partida, é porque você não está tendo abatimento. Se no decorrer

da navegação ela não aponta mais para o ponto de partida, é porque seu barco está tendo

abatimento, ou seja, alguma/orça da natureza o está empurrando para um dos lados...

Sendo assim, avalie cuidadosamente a direção e intensidade do vento, sempre observando se

muda de direção e de força, observando a escala Beaufort. A direção e intensidade do vento pode ser

obtida com um aparelho chamado de anemômetro. Mas atenção: o anenômetro fornece direção e

intensidade do vento relativa (em relação a seu rumo e sua velocidade), ou sej a, o anemômetro não

Page 79: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

considera a velocidade e rumo do barco. Os dados do anemômetro somente são reais quando o barco

está parado.

No entanto, há certas situações a bordo que temos a sensação de não existir vento ou a sensação

do que o vento é muito forte. Acompanhe o seguinte raciocínio:

- Se você navega namesma direção e mesmavelocidade do vento, terá a bordo a sensação de

que não há vento;

- Se você navega contra o vento, parecerá a bordo que o vento é muito mais forte do que

realmente é.

Diante destas observações, podemos concluir que se navegamos no rumo sul com 10 nós de

velocidade e temos a bordo a sensação de que não há vento, é porque o vento é de 10 nós e sua direção

é norte. Damesma forma, se navegamos no rumo sul com 10 nós de velocidade e temos a sensação de

que o vento está muito forte, entrando pela proa, é porque o vento vem da direção sul e estamos navegando

contra ele.

Nota do autor

Propositadamente não incluí aqui a fórmula para se calcular a direção e intensidade do

vento realpois os modernos anemômetrosjápermitem que neles sejam inseridos nossa velocidade

e nosso rumo, fornecendo então, deforma analógica ou digital, os dados verdadeiros do vento.

Quando se calcula o vento real, está se buscando a direção e a força do vento. Mas esta direção,

quando se trata de vento, não é a direção para onde ele vai, mas sim a direção de onde ele vem. Portanto,

quando dizemos que um vento é nordeste, estamos na realidade dizendo que ele "vem" de nordeste

Certamente vocêjá ouviu ou ainda vai ouvir no mundo náutico alguém citar a seguinte expressão: o

estado do mar era mar 7. Mas de onde vem esta expressão?

Umhidrógrafo inglês,

de nome Francis Beaufort

criou em 1805 uma escala

para medir a intensidade do

vento. Considerando que

somente o vento altera o

estado do mar, pode-se

afirmar que o estado do mar

é classificado de acordo com

a força do vento. Esta escala

recebeu o nome de Escala

Beaufort e é adotada em

todo o mundo. Vamos a ela:

Força do

VentolEstado doDesignação Nós Km/h

Mar

O Calmaria Oa1 Oa1

I Bafagem 2a3 2a6

2 Aragem 4a6 7 a 12

3 Vento fraco 7 alO 13 a 18

4Vento

11 a 16 19 a 26moderado

5 Vento fresco 17 a 21 27 a 35

6Vento muito

22 a 27 36 a 44fresco

7 Vento forte 28 a 33 45 a 54

8Vento muito

34 a 40 55 a 65forte

9 Vento duro 41 a 47 66 a 77

10Vento muito

48 a 55 78 a 90duro

11Vento

56 a 65 91 a 104tempestuoso

12 furacão + de 65 + de 104

Page 80: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

CORRENTES MARÍTIMAS

Um outro fator a ser considerado numa navegação estimada é a corrente marítima, que também

influencia o seu rumo e deve ser considerada no seu abatimento.

Nas águas brasileiras, as seguintes correntes marítimas devem ser consideradas:

Corrente Sul Equatorial, vem da África em direção àAmérica do Sul, quente

Corrente do Brasil, quase queumprolongamento da Corrente Sul equatorial, passa exatamente

na costa do Brasil e é quente. Corre no sentido norte-sul, acompanhando o litoral do nordeste, até o litoral

catarinense, com velocidade em tomo de 2 nós.

Corrente das Guianas, vai do nordeste brasileiro em direção as Guianas e é uma corrente

quente, no sentido sul norte

Corrente das Falklands ou das Malvinas, corrente fria que sobe do extremo sul daAmérica

do Sul e atinge parte do litoral sul do Brasil, encontrando-se com a corrente do Brasil na altura do litoral

catarinense.

A direção e intensidade da corrente marítima pode ser avaliada, de forma não muito confiável, ao

fmal de uma travessia, onde foi feita navegação estimada.

Para calcular, ao final de uma travessia estimada, a direção e intensidade da corrente, faz-se

necessário que você plote na carta a posição estimada final de sua travessia e anote ao lado dela a hora

em que pretende chegar neste ponto (posição e hora estimada prevista).

Quando seu barco chegar neste ponto oupróximo a ele, obtenha, de forma observada,umaposição

real de onde você está e calcule os seguintes dados:

diferença de hora entre aquela estimada para a chegada e aquela em que realmente você

chegou (uma hora antes ou uma hora depois, por exemplo)

distância do ponto final estimado ao ponto fmal real

avalie a direção para onde a corrente marítima lhe "empurrou", considerando aposição fmal

estimada prevista e a posição fmal real

avalie a velocidade da corrente, comparando a hora prevista para a chegada e a hora em que

realmente você chegou na posição fmal.

"111""00__

�- "...-

Movimento das correntes mar/timas

Page 81: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

COMO TRAÇAR UMA DERROTA ESTIMADA

Vimos no capítulo 6 como traçar uma derrota para uma navegação observada. Em se tratando de

navegação estimada, a situação é ligeiramente semelhante, com algumas características peculiares. Após

a verificação dos aspectos relacionados à segurança do barco, escolha as cartas a serem utilizadas no

percurso e vamos a ela:

- De posse da carta náutica mais adequada para aquele trecho, passe o olho por onde seu barco

provavelmente passará e verifique se há, na carta, alguma obstrução e perigo a navegação e se há

profundidades suficientes. Consulte o Roteiro da região onde vai navegar. Cadaponto de guinada, partida

ou chegada seráum ponto da viagem:

- pontoA-local de desatracação

- ponto B-primeira guinada-navegação ainda observada. Avaliar a força e direção do vento,

da corrente marítima e corrente de maré.

- ponto C - último ponto obtido por observação - checar a velocidade (muito importante!)

que o barco está desenvolvendo e anotar o exato momento em que foi obtido este ponto

(lO: 15 h, por exemplo). Reavaliar a intensidade do vento e sua direção.

- ponto D - plotar primeira posição estimada 30 minutos após o ponto C, tomando como

referências seu rumo e sua velocidade, considerando um possível abatimento causado pelo

vento. Se, por exemplo, seu barco está desenvolvendo 12 nós por hora, plotar a posição

estimada (ponto D), 6 milhas após o ponto C, na mesma linha do rumo.

- Ponto E - avistado uma ilha. Obter posição observada e corrigir o rumo, se necessário. Caso

o ponto E obtido por observação for muito diferente do ponto E previsto, calcule a velocidade

e direção da corrente marítima.

- Ponto F - posição estimada, obtida 30 minutos após a ponto E.

- Ponto G - posição estimada, 30 minutos após o ponto F

- Ponto H - posição observada, obtida por marcações de dois pontos em terra.

- Ponto I - destino final.

Ao lado do ponto A e ponto I, anote o horário de partida e provável horário de chegada,

respectivamente. Sabendo sual velocidade durante o percurso, anote ao lado dos pontos B, C, D, E, F, G

e H a provável hora em que chegará nestes pontos.

Anote também na carta os possíveis pontos notáveis durante o percurso e os pontos que você

usará como referência para corrigir a sua derrota estimada durante a viagem.

Considere que do ponto A até o ponto B você fará navegação por rumos práticos, ou seja, se

orientará pelo balizamento ali existente, esquecendo quando necessário o rumo traçado, pois neste trecho

há grande movimento de embarcações e você deverá redobrar a atenção e manobrar sempre que

necessário, conforme instruções do capítulo 08.

Feito isto e tendo todos os dados favoráveis, pode desatracar. Você certamente também

faráuma travessia bastante segura.

Page 82: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

EXERCÍCIO

Proponho ao leitor o seguinte exercício: Suponhamos queum amigo lhe informa que em determinada

posição existe umparcel muito piscoso e você tenciona ir pescarneste ponto. O tal parcel está situado nas

seguintes coordenadas:

Latitude 23° 20'S e Longitude 043°05 'W.

Plote na carta do anexo Aesta posição. Considere que seu barco sairá da seguinte posição: uma

milha de distância da Ilha Rasa, na marcação verdadeira 000° às 09:30 h. Pergunto:

- Qual a distância a ser navegada até o parceI?

- Navegando numa velocidade de 10 nós, que horas devo chegar no parceI?

- Qual será minha posição (onde estarei) 30 minutos após a partida?

- Qual o rumo verdadeiro e magnético para chegar neste parceI?

(Não considere nestes cálculos possíveis ventos ou correntes marítimas).

Nota do autor

Após fazer este exercício, mande-me um e-mail com suas respostas e obtenha comigo as

respostas para o exercício proposto. Terei o maiorprazer em colaborar com sua aprendizagem.

Meu e-mail: [email protected].

Page 83: Aprendendo a Navegar

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Page 84: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 07••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

NAVEGAÇÃO EM ÁGUAS RESTRITAS

Considera-se águas restritas aquelas em que há pouca profundidade a disposição do navegante, de

acordo com o calado de seu barco. Uma área com menos de 10 metros de profundidade é considerada

uma região de águas restritas para embarcações com até 5 metros de calado, pois só lhe resta 5 metros de

profundidade entre a quilha do barco e o fundo.

Nota doAutor

Num canal de pouca profundidade, a distância entre a quilha do barco e ofundo do mar é

chamada de Pé de Piloto. É a medida que sobra ao Comandante para que ele possa navegar com

alguma segurança, mas com boaspossibilidades de encalhe...

Nas cartas náuticas, as regiões de águas restritas são apresentadas na cor azul forte ou azul claro.

Assim, quando for adentrar em um canal de águas restritas, é muito importante que você utilize a carta

náutica de maior escala para aquele trecho.

Quando se vai navegar em águas restritas (canais, baias, enseadas, áreas de pouca profundidade,

etc), suas primeiras providências são:

- providenciar uma carta náutica de grande escala do canal onde se vai navegar;

- traçar na carta náutica com a devida antecedência a provável derrota que o barco usará

durante a navegação neste trecho, escolhendo com o devido critério os pontos em terra que

serão utilizados como referências para correção de posição.

- Estudar detalhadamente o balizamento existente naquela região (bóias, balizas, faroletes, faróis,

etc). Estes dados estão citados na própria carta náutica da região.

- convocar outra pessoa experiente em navegação para lhe auxiliar nas marcações de pontos

notáveis em terra;

- escolher os pontos em terra, faróis, bóias, balizas, etc, que lhe servirão de pontos de referência

Page 85: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

para as guinadas e rumos a seguir.

- ligar seu ecobatímetro e radar, se houver.

- conhecer exatamente quanto seu barco está calando.

- avaliar cuidadosamente as profundidades citadas na carta náutica, os perigos à navegação

naquele trecho e outros dados citados no Roteiro daquela região, para aquele trecho. O

Roteiro daquele trecho deve ser lido e relido porquem vai comandar amanobrana navegação

de uma área de águas restritas (você conhecerá o Roteiro no próximo capítulo).

- Avaliar a tábua de maré, preferindo entrar no canal no estofo da preamar ou próximo a ele,

pois você terá maiores profundidades à sua disposição.

- reduzir sua velocidade logo que entrar no canal.

- conhecer muito bem todas as regras do RIPEAM e estar pronto para executá-las, pois nos

canais certamente você terá maior tráfego de embarcações.

- Plotar sua posição, obtidas por radar ou por marcações, em uma fração de tempo bem

menor que normalmente você fariaem outra circunstância (5 minutos, por exemplo).

- usar rumos práticos, esquecendo momentaneamente rumos pré determinados. Assim, num

canal não conhecido, oriente-se pela carta náutica daquele local, cumprindo o balizamento ali

existente. Aesta forma de navegação chamamos de seguir rumos práticos.

- pedras, bancos de areia, pontes. Em se tratando de rios, navegue observando os pontos

notáveis nas margens, mantendo a embarcação á direita, sem se aproximarmuito da margem,

em razão das baixas profundidades, reduzindo sua velocidade. Caso possua ecobatímetro

ou sonda (equipamento que mede a profundidade), fique atento nas suas informações, mas

lembre-se de que o ecobatímetro fornece a profundidade local a partir da quilha.

- Use uma técnica chamada de seguir alinhamentos que consiste em "aproar" determinados

pontos em terra, ou seja, esquecer momentaneamente um rumo e "aproar" (apontar a proa)

para um ponto em terra, desde que este alinhamento tenha águas seguras e governar o barco

sempre com a proa apontando para aquele ponto escolhido (um farol, bóia, baliza, torre,

ponte, etc).

- Jamais decida, por vontade própria, a "cortar caminho" emum canal previamente balizado.

Você certamente terá uma desagradável surpresa.

Emáguas restritas, como rios e canais, mantenha sempre umaVELOCIDADEDESEGURANÇA,

que é na realidade uma velocidade que possibilita uma ação apropriada e rápida, capaz de evitar uma

colisão e parar a embarcação a uma distância segura. Com seu bom senso, determine qual será esta

Velocidade de Segurança nas áreas restritas em que for navegar. Certamente não será uma velocidade

obtida com a máxima potência dos motores!

APROXIMAÇÃO PARA ATRACAÇÃO

De acordo com a legislação náutica brasileira, uma embarcação com menos de 1.000 toneladas de

arqueação bruta (1000AB) não precisa contratar prático para entrar e sair de portos nacionais. Portanto,

a entrada e saída de seu barco em um porto brasileiro será responsabilidade sua.

Page 86: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Nota do autor

Prático? O que é isto?

As entradas de portos comerciais são geralmente locais de pouca profundidade, onde os

navios têm enormes dificuldadespara navegar. Assim, preferem contratar umprofissional aquaviário

chamado de Prático, grande conhecedor daquele canal, que assume o comando da navegação e

das manobras do navio durante a navegação naquele canal. Cadaporto tem os seus Práticos e um

Prático nãopode trabalhar em outroporto, somente naquele onde está legalmente autorizado. São

selecionadospor concurso público e trabalham emforma de cooperativa. Nos portos, geralmente

atendem no canal 14 do rádio VHF

Posso contratar um Prático para entrar com minha lancha num porto que não conheço?

Não há nada que impeça, mas gostaria de lhe alertar que prepare seu bolso. Os serviços de

praticagem não são nada baratos...

A parte mais difícil de uma manobra de entrada e saída de um canal com águas restritas é a

aproximação para atracação. Nesta manobra todos os tripulantes devem participar.

Reduza consideravelmente a velocidade nas imediações do local em que pretende atracar, mas não

reduza a atenção na carta náutica e nos dados daquele local, obtendo posições na carta emum espaço de

tempo ainda menor do que antes (a cada I minuto, por exemplo). Sabendo sua posição na carta a todo

instante, ficará bem mais fácil evitar colisões com perigos porventura existentes naquele trecho, tendo

também atenção especial com as chamadas "correntadas" existentes em alguns portos, provocadas pela

vazante de maré ou por desembocadura de rios.

Page 87: Aprendendo a Navegar

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Page 88: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 08••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

PUBLICAÇÕES DEAuxíLIO

AO NAVEGANTE

BIBLIOTECA DE BORDO

Nota do autor

Todo navegante caprichoso possui a sua própria hihlioteca náutica. Nela deve existir

uma série de livros que lhe servirão de orientação em diversas circunstâncias. A seguir, veremos

alguns destes livros, conhecidos no mundo náutico como Publicações de Auxílio aos Navegantes.

TÁBUAS DE MARÉS

Todo experiente navegador amador sabe que a maré tem fundamental importância na navegação,

principalmente nos aspectos relacionados à segurança Nada é mais vergonhoso paraumnavegante amador

do que fundear sua embarcação bem próxima a uma praia, desembarcar para almoçar ou passear e

quando retornar encontrá-la encalhada na areia.

Vamos de forma simples verificar conceitos ligados a este movimento natural das águas.

- Maré - é o movimento vertical dos níveis dos mares e oceanos, causado pela mudança de

atração gravitacional entre a terra, o sol e a lua;

- Corrente de Maré - movimento horizontal das águas de um ponto para outro, resultante da

diferença de altura de maré nestes pontos;

- Maré de enchente - movimento da água quando seu nível está subindo;

- Preamar- nível mais elevado que uma maré de enchente pode alcançar;

- Maré de vazante - movimento da água quando seu nível está descendo;

- Baixa-mar- nível mais baixo alcançado porumamaré de vazante;

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• APRENDENDO A NAVEGAR

- Amplitude de maré - é a diferença entre os níveis de preamar e de baixa-mar;

- Altura da Maré - medida vertical entre a superfície da água e o nível de redução adotado

para uso nas cartas náuticas;

- Estofo - breve período, variando de local para local, em que há umaparada das águas, tanto

na baixa-mar quanto na preamar, antes de iniciar seu movimento seguinte;

- Nível de Redução -plano de referência ao qual todas as profundidades cartografadas estão

relacionadas, ouum nível tão baixo que a maré não fique abaixo dele. São estes níveis aqueles

citados para as profundidades constantes nas cartas náuticas;

- Maré semi-diurna- maré que a cada dia tem baixa-mares e e preamares aproximadamente

iguais em altura;

- Maré mista-maré que a cada dia tem valores totalmente desiguais entre os mesmos tipos de

preamares e baixa-mares.

- Baixa-mar de sigízia- referência para as profundidades usadas nas cartas náuticas brasileiras.

o movimento das águas causado pela variação das marés são mais facilmente observáveis na

costa, onde as águas tocam a terra. Quando se está navegando em alto mar, a primeira vista não se

percebe o movimento das águas causado pelas marés, mas este fenômeno também deve ser considerado

e chama-se corrente de maré. Conheça o movimento das águas durante a enchente e vazante de maré na

região onde tradicionalmente você navega.

Nota do autor

Em que direção correm as águas quando a maré está enchendo ou vazando no local onde eu

tradicionalmente navego?

Estaperguntapode ser respondidapela observação do movimento das águas num determinado

local. Observe, em datas diferentes, a direção das águas quando a maré está enchendo ou vazando,

pois as Tábuas de Marés não informam a direção das águas nas vazantes ou enchentes.

A Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil publica anualmente a Tábua

de Marés, indicando as variações deste fenômeno natural em todos os portos brasileiros e alguns

estrangeiros naAmérica Latina. É uma fonte de consulta extraordináriapara o navegante amador.Acostume­

se a consultar a tábua de marés antes de se fazer ao mar ou, caso não a possua, os dados da maré também

podem ser obtidos no site www.dhn.mar.mil.brounos principaisjornais de sua cidade litorânea.

Na medidado possível, procure sair para o mar após o início da maré de enchente, quando ela está

quase chegando no estofo da preamar. O mesmo procedimento deve ser utilizado quando de seu regresso

ao cais, pois você terá maiores profundidades a sua disposição.

Atente para as fases da lua no tocante a observação das marés. Nas luas cheias e novas as marés

são mais fortes e significativas (maior preamar e menor baixa-mar). Nas luas minguantes e crescentes as

variações das marés (amplitudes) são menos intensas.

Ainda com relação às marés, considere que este movimento das águas afetam também os rios que

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MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

desembocam no marem várias milhas além de sua foz. Nuncapense que amaré é um fenômeno marítimo

e que não ocorre em rios pois você poderá se surpreender com a vazante de um rio. Durante as fortes

marés de enchente das luas cheias e novas, o movimento das águas do rio sofrem forte influência, invertendo

durante algumas horas o sentido das águas do rio nas proximidades de sua foz. Como exemplo mais

conhecido no Brasil, temos o efeito conhecido como "pororoca" nas proximidades da foz do RioAmazonas.

Caso sua embarcação tenha mastros altos, avalie a passagem por debaixo de pontes, preferindo

passar durante o estofo da baixa-mar, caso haja pouca diferença de altura entre os mastros e o vão da

ponte ou até mesmo de cabos elétricos cruzando por sobre as águas.

Se o local onde seu barco ficará atracado sofre forte influencia da maré, tenha muita atenção com

as espias usadas na atracação. Uma espia muito tesada ou muito folgada pode trazer sérios problemas

para o barco quando a maré subir ou vazar. Neste caso, deixe alguém no barco com a responsabilidade

de ir folgando ou tesando as espias, à medida que a maré vai enchendo ou vazando. Caso o trapiche ou

cais for flutuante, esta preocupação não será necessária, pois o trapiche também subirá ou descerá,

acompanhando o movimento das marés.

Este excelente recurso do navegante, chamado de Tábuas de Marés, publicado anualmente pela

Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha, traz as previsões de preamares e baixamares, previsão

esta merecedora de todo crédito. Mas para que você possa utilizar as Tábuas de Marés, é preciso saber

interpretar os dados ali existentes.

Assim, inicialmente vamos entender o que vem a ser a expressão Nível de Redução (NR),já

explicado anteriormente. É na realidade umamédia de marés baixas observadas durante um certo período.

Pode ser também definido como um nível tão baixo que a maré, em situações normais, não fique abaixo

dele. Cada porto ou região tem a sua média de Nível de Redução, atualizado constantemente através de

marégrafos.

Nas Tábuas de Marés, a média dos Níveis de Redução é chamado de maré 0.0 (zero). Toda maré

baixa prevista para abaixo deste nível é chamada de maré negativa e só ocorre em raras ocasiões em

algumas regiões.

A previsão de marés existentes na publicação Tábuas de Marés poderão ser alteradas, em casos

raros principalmente na região sul, em decorrência de fortes ventos.

o horário previsto na Tábua de Marés é o horário do fuso internacional daquela região. Portanto,

se a sua cidade litorânea adota o chamado "horário de verão", você precisa acrescentar uma hora ao

horário existente nas Tábuas de Marés. E antes de consultá-la, verifique na capa dapublicação para qual

ano ela se destina e não use Tábuas de Marés de anos anteriores, pois elas não se repetem e não tem

nenhumavalidade.

HORA MARE SIGNIFICADO

0344 1.2Estofo da preamar - a maré está 1,2m acima da média do nível de

Redução - vai começar a vazar

0855 0.1Estofo da baixamar - a maré está IOcm acima da média do nível de

Redução - vazou 1,1m desde o último estofo da preamar - vai começar a encher

1421 1.4Estofo da preamar - está 1,4m acima da média do nível de redução - subiu 1,3m

desde o último estofo da baixamar -Vai começar a vazar

2043 0.2Estofo da baixamar - está 20cm acima da média do nível de redução - baixou

1,2m desde o último estofo da preamar - Deve começar a encher.

Page 91: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Vejamos a seguir como aparece umaprevisão de maré nas Tábuas de Marés para um dia fictício,

em qualquer porto da região sudeste, para que você possa entender sua previsão:

Você viu anteriormente que amplitude de maré é a diferença entre os níveis de preamar e baixamar.

Observando a tabela anterior, pode-se concluir que a amplitude de maré entre 03:44 h e 08:55 h da

manhã foi de 1.1m, pois às 03:44 da manhã a maré estava em 1.2 e às 08:55 estava em 0.1. Logo,

conclui-se que neste período ela baixou 1 melOcm, ou sej a, a amplitude de maré neste período foi de

1.10m. Simples, não?

Se você desejar obter a altura da maré para um determinado momento não previsto na tábua de

marés, poderá usar a regra de 3 simples, desde que a curva de maré vazante ou enchente sejam simétricas.

Exemplo:

Baixamar às 0715 - 0.1

Preamar às 1415 - 0.9

Amplitude da maré - 0.8

Desejo saber a altura da maré para as 10 15 h.

Sabendo que a maré está subindo (enchendo), em um intervalo de 7 horas a maré subirá 0.8,

logo:

7h= 0.8

3h=?

(regra de 3 simples) 3h x 0.8 = -.-2L = 0.31

7 7

Ou seja, do horário da baixamar até o horário desejado a maré vai subir 0.31, logo conclui-se que

as 1015 h a maré estará em 0.4 ou bem próximo a este valor.

Nível/hora 06:15h 07: 15h 08:15h 09: 15h 10:15h 11:15h 12: 15h 13:15h 14:15h 15:15h

1.1 .1. -'ESTOfO-DA

1.0I

P-REAMAR

0.9 .>.......0.8 ..,/ �

0.7 HORÁRIO �0.6 DESEJADO ./'

0.5 \ ./V-

OAESTOf-O DA .....

0.3 I /'B�IXA_M�R

0.2 ......... • �0.1 ...............

O.O(NR)

-0.1

As horas das preamares e baixa-mares citadas na Tábua de Marés se referem ao local em que está

instalado o marégrafo e nem sempre coincidem com os instantes exatos em que a corrente de maré inverte

seu sentido na posição em que você se encontra, ou seja, os estofos podem demorar algum tempo até a

inversão da corrente de maré.

Durante as atracações e desatracações, atente para a corrente de maré, que vem a ser a direção

para onde estão correndo as águas por ocasião dos movimentos de enchente e vazante. Conheça a

direção das águas durante a enchente e vazante de maré, nas regiões onde normalmente você navega e

Page 92: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

antes da atracação ou desatracação, observe qualquer objeto na água (fixo ou flutuante) e veja para que

direção estão indo ás águas.

ALMANAQUE NÁUTICO

Publicação anual da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha, é destinado aos

navegantes que utilizam a navegação astronômica para determinar sua posição (assunto para Capitão

Amador). Contém também dados para calcular o exato momento do nascer e do por do sol. Quando for

adquiri-lo ou consultá-lo, lembre-se de que é uma publicação anual e serve somente para o ano em que

está indicado na capa do mesmo e não tem nenhum valor para outros anos.

CARTA 12.000

A Diretoria de Hidrografia e Navegação, da Marinha do Brasil, publicou a Carta 12.000, em

formato de livro, contendo os símbolos e abreviaturas usadas nas cartas náuticas. Os símbolos são de fácil

compreensão e estão relacionados a acidentes geográficos (pedras, baixios, montanhas, etc) e obras de

engenharia em terra ou na água (igrejas, pontes, estradas, etc). Os símbolos e abreviaturas são válidos

tanto para as cartas náuticas brasileiras ou estrangeiras, pois seus dados são baseados nas "especificações

de Cartas", da Organização Hidrográfica Internacional.

Sempre que você se deparar com símbolos ou abreviaturas nas cartas náuticas, atente para o

seguinte fato: você não precisa decorar estes símbolos, pois a carta 12.000 existe para ser consultada e

não para ser decorada. Sabe-se que todo o litoral do estado do Rio de Janeiro é formado de belas e

arenosas praias. Observe, na carta náutica em anexo no final deste livro que toda o litoral carioca do

trecho abrangido pela carta é realmente do tipo praia de areia. Tal fato pode ser confirmado consultando

os símbolos da carta 12.000.

Mantenha a bordo um exemplar da Carta 12.000 e consulte-a sempre que estiver lidando com as

cartas náuticas.

Além dos símbolos, estão citados também na carta 12.000 algumas abreviaturas que são usadas

nas cartas náuticas e que você precisa conhecer. Vejamos algumas destas abreviaturas:

A-areia

AL- fundo misto de areia e lama

ACOR- fundo misto de areia e coral

Av - areia verde.

ABRO - aerofarol

Alt- alternada

Arreb. - arrebentação

B-branca

C-cascalho

CHM-chaminé

E - encarnado (vermelho)

EE. - luz fixa encarnada

Page 93: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

IG-igreja

ISO - isofásica

L-lama

Lp-lampejo

MON-monumento

NR-Nível de Redução

Obsto - obstrução

Pesq. - pesqueiro

P-pedra

V -verde

Os símbolos não são aqui citados pois considera-se, na navegação, que a Carta 12.000 está sempre

à mão do navegador para consulta. E é exatamente isto que você deve fazer quando encontrar símbolos

na sua carta náutica: consulte a carta 12.000 que lá você encontrará o significado daquele símbolo ou

abreviatura.

Nota do autor

Sempre que você se deparar com algum símbolo na carta náutica que você desconheça,

consulte sempre a carta 12.000. Considero estapublicação de extrema importânciapara o Mestre

Amador.

AVISO AOS NAVEGANTES

Apublicação Aviso aos Navegantes é um pequeno livro publicado quinzenalmente pela Diretoria

de Hidrografia eNavegação daMarinha(DHN), trazendo informações publicadas diariamente pela intemet

e são distribuídos gratuitamente nas Capitanias dos Portos.

São avisos de perigo sobre eventos que possam comprometer a segurança da navegação e a

salvaguarda davidahumanano mar. Podem estarbaseados em informações incompletas ou não confirmadas

e os navegantes precisam levar isto emconta quando decidirem o grau de confiança atribuída a informação

que recebem.

São classificados emAvisos-Rádio,Avisos Temporários,Avisos Preliminares eAvisos Permanentes.

OsAvisos-Rádio são aqueles que contém informações que, devido à urgência que se deseja com

que cheguem aos navegantes, são transmitidos via rádio. São subdivididos emAvisos de Área, Avisos

Costeiros e Avisos locais.

Essas informações chegam aos navegantes pela transmissão deAvisos Rádio, conforme especificado

na Lista deAuxílios Rádio e pelapublicação quinzenal deAvisos aos Navegantes e também pela Internet,

no site www.dhn.mar.mil.br..

Recomenda-se aos navegantes que façam uso das publicações de auxílio à navegação em suas

Page 94: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

últimas edições corrigidas, evitando o uso de publicaçõesjá fora de vigor.

Os Avisos aos Navegantes possuem uma seção que trazem as alterações a serem inseridas nas

cartas náuticas, podendo ser alterações temporárias ou permanentes.

A DHN solicita aos navegantes que informem à Capitania dos Portos mais próxima a descoberta

ou suspeita de novos perigos ou qualquer irregularidades observadas na sinalização náutica.

CATÁLOGO DE CARTAS E PUBLICAÇÕES

Éumapublicação daDiretoria de Hidrografia eNavegação

(DHN) da Marinha do Brasil que contém todas as Cartas

Náuticas e publicações em vigor. Na primeira parte apresenta

todas as cartas náuticas, as áreas abrangidas, as escalas e outros

dados das cartas.

Nota doAutor

Na segundaparte são apresentadas as demais publicações

de Auxílio ao Navegante. Deve ser consultada sempre que se

vai adquirir cartas ou publicações de auxílio ao navegante.

Qual a carta náutica que devo comprar para

determinada área? Qual a carta que abrange, por exemplo,

a região deAngra dos Reis? Como e onde comprar as Cartas

e Publicações?

Estasperguntaspodem ser respondidas consultando o

Catálogo de Cartas e Publicações.

Uma carta náutica sepedepelo número, pois as mesmas são numeradas seqüencialmente, do

norte para o sul. Assim, a carta náutica das imediações da entrada do porto do Rio de Janeiro é a

carta n° 1500. A carta que abrange a entrada e imediações do Porto de Paranaguá é a carta 1820.

Os números de cada carta e a área abrangidapor cada uma delas você também encontrará

no Catálogo de Cartas e Publicações. A relação de pontos de vendas de cartas epublicações você

poderá encontrar no site www.dhn.mar.mil.br.

ROTEIROS

Étambém umapublicação daDHN, dividida em 4 volumes:

- Roteiro Costa Sul- de Cabo Frio (RJ) ao Arrio Chui (RS), além da Lagoa dos Patos e

Lagoa Mirim.

- Roteiro Costa Norte - da baía do Oiapoque ao Cabo Calcanhar (RN), além dos rios

Amazonas, lati, Trombetas e Rio Pará

- Roteiro Costa Leste- do cabo Calcanhar (RN) ao Cabo Frio (RJ), além das ilhas oceânicas

desta região.

Page 95: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

- Roteiro Rio Paraguai - da ilha Ita Piro a Cáceres.

É a mais completa publicação de auxílio àqueles que praticam a tradicional navegação costeira de

forma observada, pois tráz informações sobre o aspecto geral da costa, com informações sobre pontos

notáveis, características das estruturas visíveis em terra, perigos notáveis ou não, tudo para facilitar a

aproximação da embarcação em determinados canais ou portos.

Se você naveganuma só região do país, não é necessário adquirir todos os volumes deste excelente

recurso à disposição do navegante, mas sempre consulte-o em várias ocasiões, para manter-se atualizado

sobre os perigos na região onde você navega.

Nota do autor

Considero os Roteiros como a publicação mais importante para o Mestre Amador. Procure

adquirir estafabulosa publicação e analisar todos os aspectos relacionados à entrada e saída do

porto onde você pretende navegar. Você vai se encantar com a quantidade de informações ali

existente para quem vai entrar num porto.

LISTA DE FARÓIS

É uma publicação específica sobre os faróis, aerofaróis, bóias, balizas e demais sinais utilizados

na sinalização náutica. A periodicidade de publicação de cada edição é de 12 meses. No seu capítulo

inicial é fornecida completa instrução do uso desta publicação e deve ser consultado sempre que houver

qualquer dúvida sobre determinado sinal náutico. Neste documento você encontrará inclusive a foto dos

principais faróis da costa brasileira e todas as suas demais características (alcance da luz, tipo de lampejo,

freqüência de lampejas, cor do farol, área de visibilidade, etc).

Nota do autor

Localize na carta do anexo A um local chamado de Ponta Negra. Observe que ao lado do

símbolo dofarol deste local existe a seguinte abreviatura: FI(2)W.l0s21M O que será isto?

Você não tem como saber e nem precisa decorar. Para sanar esta dúvida devemos consultar

a Carta 12.000. Esta abreviatura significa: 2 grupos de lampejos curtos, de cor branca, a cada 10

segundos e visível a 21 milhas náuticas.

Comojá vimos antes, osfaróis têm lampejos ou ocultações diferentespara que o navegante,

à noite e a uma grande distância, possa identificar qualfarol ele está avistando e não confundir

com outrofarol. Por este motivo, cadafarol tem lampejos ou ocultações diferentes.

Durante o dia, para que o navegante não confunda umfarol com outro, cadafarol é construído

com um certoformato e pintado de cores também diferentes. Na Lista de Faróis você encontrará

as características das luzes de cadafarol da costa brasileira e até afoto de cadafarol, para que

você possafazer uma checagem quando avistar um deles e não se confundir.

LISTAS DE AuxíLIO RÁDIO

É amais completa publicação sobre as informações dos serviços de rádio, no tocante ao auxílio ao

navegante. É também publicado pelaDHN e cobre somente o Oceano Atlântico Sul. Trata dos seguintes

Page 96: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

aspectos: Radiogoniometria, Sinais Horários, Meteorologia, Aviso aos navegantes, Faróis, radar, perigos

à navegação e apoio aos navegantes na costa.

Nele você encontrará as freqüências rádio necessárias para acompanhamento e recepção destas

informações.

CÓDIGO INTERNACIONAL DE SINAIS

o Código Internacional de Sinais é uma Convenção internacional, que se destina a facilitar a

comunicação entre embarcações, quando houver dificuldades de não entendimento por problemas de

idiomas diferentes, pois os significados de seus sinais são os mesmos em todos os países.

Neste código existem 26 bandeiras alfabéticas, 10 galhardetes (bandeiras) numerais, três bandeiras

substitutas e um galhardete especial.

Acostume-se a chamar estas bandeiras pelo alfabeto fonético, dando a cada uma delas o seu nome

utilizado em comunicações. Assim sendo, a bandeiraA é chamada deAlfa, a bandeira B é chamada de

Bravo e as demais conforme tabela a seguir.

Nesta tabela você verá todos os verdadeiros nomes das BandeirasAlfabéticas e seus significados,

quando içadas (hasteadas) sozinhas, sem outra bandeira içada na mesma adriça. No Código Internacional

de Sinais, hámilhares de sinais compostos pelaunião de duas ou mais bandeiras, que devem ser consultados

quando necessários. Mas para você, navegante amador, basta conhecer o significado delas quando

içadas isoladamente.

NOME

Alfa

Bravo

Charlie

Delta

Echo

Foxtrot

Golf

Hotel

Índia

Juliet

Kilo

Lima

Mike

November

Oscar

SIGNIFICADO

mergulhador na água, mantenha-se afastado

transporte de produto perigoso

resposta afirmativa

mantenha-se afastado, estou manobrando com dificuldades

estou guinando para boreste

estou à matroca, comunique-se comigo

solicito prático

Tenho prático a bordo

estou guinando para bombordo

tenho incêndio a bordo

desejo me comunicar com você

pare imediatamente sua embarcação

minha embarcação está com máquinas paradas

resposta negativa aumapergunta

Homem ao mar

Page 97: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Papa

Quebec

Romeo

Sierra

Tango

Unifonn

Victor

Whiskey

Xray

Yankee

Zulu:

todos os tripulantes devem retomar para bordo

o estado sanitário de minha embarcação é bom

(sem significado)

estou com máquinas atrás

mantenha-se afastado, estou guinando em paralelo

você está se dirigindo paraum perigo

solicito auxílio

solicito assistênciamédica

pare o que está fazendo e observe meus sinais

estou arrastando meu ferro

solicito rebocador.

As bandeiras deste Código você poderá encontrar no livro APRENDENDO ANAVEGAR­

MANUAL DO ARRAIS AMADOR. Este livro pode ser encontrado no site www.aprendendo

anavegar.com.br.

CONVENÇÕES

O Brasil é signatário de várias convenções Internacionais sobre navegação, que você precisa ter

um mínimo de conhecimento. São acordos internacionais sobre navegação que foram ratificados pelo

Brasil e que, portanto, devem ser observados por quem navega em águas brasileiras.

Abaixo estão algumas destas convenções e seus significados:

- RIPEAM - Regulamento internacional para evitar abalroamento no mar.

- SOLAS-Regulamento internacional para Salvamento da vidahumana no mar.

- STCW- Convenção Internacional sobre normas de treinamento de marítimos, expedição

de certificados e serviços de quarto.

- IALA-convenção internacional sobre balizamento de águas navegáveis

- CIS - Código Internacional de sinais, para comunicações entre embarcações.

- Acordo de Viõa Dei Mar- acordo latino americano sobre o controle de navios pelo estado

do porto.

- MARPOL - Convenção Internacional sobre poluição por óleo.

OUTRAS PUBLICAÇÕES ÚTEIS ERECOMENDÁVEIS AOS NAVEGANTES AMADORES

- RIPEAM- Regulamento Internacional para evitarAbalroamento no Mar.

- Tábuas e Tabelas de navegação

- Navegação -Aciência e aArte - de Altineu Pires Miguens (que considero a melhor obra

literária em língua portuguesa sobre navegação).

Page 98: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 09••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA

NAVEGAÇÃO PORRADARE SATÉLITE (GPS)

1- RADAR

Criado pelo engenheiro alemão Christian Hulsmeyer em 1904 e posteriormente aperfeiçoado pelos

ingleses, este equipamento revolucionou a navegação e foi importante instrumento na vitória dos aliados

na 23 Guerra Mundial.

É muito utilizado e essencial na navegação, principalmente na navegação noturna e em baixa

visibilidade. O alcance depende do modelo e do tipo de antena Suaprincipal função é fornecer a distância

de outros barcos e acidentes geográficos em terra, mas também fornece marcações (verdadeiras ou

magnéticas). Podem também, em alguns aparelhos mais modernos, serem programados para soar um

alarme por ocasião da aproximação de alvos que estejam captando. Alguns modelos podem ainda

acompanhar o deslocamento de alvos móveis e informar se estão em rumo de colisão com nosso barco.

Para entender o radar:

na sua tela (monitor) aparece

uma espécie de mapa do

litoral, muito semelhante às

formações geogrdflcas

mostradas pela carta ndutica.

O centro da tela é seu barco.

Os c/rculos ao redor do barco

silo as distlincias e os

pequenos pontos isolados

podem ser navios, ilhas,

obstdculos, etc. A linha reta

(linha defé) a partir do centro

éseu rumo.

O radar estd normalmente

orientado deforma

estabilizada, com o norte

verdadeiro representado para

cima. Suas marcações silo,

conseqüentemente,

verdadeiras.

Page 99: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Emuma situação de baixa visibilidade, você poderá, com segurança, fazer uma boa navegação,

desde que possua um bom aparelho de radar, pois ele lhe fornecerá a distância e marcação de alvos em

um ângulo de 3600 ao seu redor. E como você já viu nos capítulo 3, 4 e 5, com uma marcação e uma

distância de um ponto de terrajá é possível obter sua exata localização no mar. E o radar, fornecendo

duas ou mais distâncias de pontos captados, nos forneceráuma posição muito confiável.

Por ocasião da aquisição de um radar, considere que aqueles que possuem antena aberta normalmente

têm um alcance maior do que aqueles que possuem suas antenas em casulos fechados e procure instalar

a antena emumaposição tal que as ondas emitidas pelo radar não toquem em absolutamente nada em seu

próprio barco.

o radar tem muita importância em navegação mas as vezes precisa de ajuda de quem precisa ser

captado por ele. Tal fato se explica: durante sua preparação para a prova deArrais amador você conheceu

as bóias (laterais, especiais, cardinais, etc) e constatou que quase todas possuíam no seu tope uma peça

para facilitar a captação deste bóia pelo radar. Existe inclusive um equipamento chamado de RACON,

instalado sobre diversos faróis, faroletes, bóias etc que quando excitado por um radar de navegação,

automaticamente retomaum sinal distinto que aparece na tela do radar.

E namedida do possível, instale em seu barco umapeça metálica, chamada de refletor radar, muito

útil para localização de seu barco pelos equipamentos radar de outros barcos.

TIPOS DE RADAR

Os aparelhos de radar podem ser classificados pelo tipo de modulação. Como na navegação

usamos apenas os radares de pulso, é dele que vamos tratar. Emite ondas de freqüência muito elevada

que mede o intervalo de tempo entre a transmissão do pulso e a recepção do eco, refletido no alvo (tudo

que um radar capta chamamos de alvo).Ametade do intervalo de tempo multiplicada pela velocidade de

propagação das ondas determinará a distância do alvo. Os pulsos são transmitidos pela antena giratória,

girando no sentido horário. Cada faixa de freqüência é destinada auma finalidade. Os radares de navegação

usam a chamada banda S para navegação costeira e de alto mar e a banda X para se aproximar dos

portos e locais de águas restritas, pois mostram seus dados com mais precisão mas são mais afetados por

fenômenos atmosféricos.

As freqüências usadas nos radares de navegação são classificadas por letras. Por exemplo:

Faixa P (1 OOcm) - freqüência de 225 a 390 MHZ- comprimento da onda 133 a 77 cm.

Faixa X (3cm) - freqüência de 5200 a 11900 MHZ - comprimento de onda 5,8 a 2,5cm.

Assim, pode-se dizer, com relação à freqüência e alcance para uma mesma potência que quanto

mais baixa for a freqüência, maior será o alcance.

Ao pulso enviado pelo aparelho chamamos de largura do pulso, que é na realidade a duração de

cada pulso de energia transmitido, medidaem microsegundos. Este dado também pode ser expresso em

termos de distância, sendo então denominado comprimento de pulso.Adistância mínimana qual um alvo

pode ser detectado é determinado pela sua largura de pulso.

O poder de selecionar e identificar alvos a distância é definido como a menor distância entre dois

alvos na mesmamarcação. Ocorre quando, por exemplo, duas lanchas estão muito perto uma da outra e

na tela do radar aparecem como se fosse apenas uma.

Page 100: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Empalavras simples, podemos dizer que o aparelho envia um sinal para a antena giratória que

distribui a onda eletromagnética em todas as direções. O sinal enviado é refletido no alvo e volta à antena,

onde então é direcionado ao receptor que através de seus circuitos e válvulas de raios catódicos transforma

este sinal recebido em dados para serem lidos no display.

Partes componentes:

- fonte

- modulador

- transmissor

- antena

- receptor

- mostrador (display) ou indicador.

Cada equipamento de radar possui instruções próprias, fornecidas pelo seu fabricante. No entanto,

todos possuem os seguintes controles de operação:

- brilho (ou vídeo control) - permite regular o foco daquilo que aparece na tela (display) do

radar.

- Ganho (ou gain control)-regula a sensibilidade da imagem, permitindo, a�vés de um controle,

regular a imagem de acordo com as distâncias em que são detectados. E um recurso muito

útil durante navegação com fatores atmosféricos como chuva, granizo, etc.

- Controle STC (ou anti-clutter sea) - permite regular a imagem do radar, de forma a diminuir

os ecos produzidos pelo retomo do mar nas imediações do barco ..

- Controle FTC (ou anti-clutter rain) -permite diminuir os efeitos causados pela chuva, neve,

granizo, etc.

- Controle de sintonia - permite um ajuste, após determinado tempo, da correta sintonia do

radar.

- Linha de fé -linha iluminada na tela do display, indicando a linha de proa do barco.

- VRM e EBL- controles manobrados pelo usuário durante a obtenção de marcações (EBL)

e distâncias (VRM) com mais precisão.

(Obs: dependendo do fabricante, estes controlesjápodem estar automaticamente ajustados e não

aparecerem para controle do usuário).

DISTORÇÃO DE IMAGEM

O radar, apesar de sua notória eficiência, tem também a capacidade de iludir um operador sem

muita intimidade com o seu uso. Assim, alguns acidentes geográficos e construções em terra tem

características próprias de aparecimento na tela. Vejamos alguns casos:

- Restingas, praias e áreas com pouca ou nenhuma elevação costumam apresentar erros na

definição da distância, pois normalmente não refletem as ondas transmitidas pelo aparelho.

- Dunas de areia um pouco longe da praia podem aparecer na tela como sendo a própria praia

Page 101: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

- Lagoas e lagos próximos a praia não aparecem na tela do radar

- Uma elevação montanhosa fraca tende a aparecer na tela somente quando esta elevaçãojá

está a vários metros de altura. Da mesma forma, um costão rochoso íngreme ou uma alta

montanha são ótimos indicadores de distância, pois refletem muito bem as ondas enviadas.

- Tudo que está acima da linha d'água tende a aparecer na tela do radar, de forma fraca ou

forte, dependendo de seu formato. Um formato cilíndrico, como um farol, não apresenta boa

nitidez, bem como qualquer construção redonda, como chaminés. Já as pontes, piers, cais e

molhes são ótimos para obtenção de uma boa imagem, pois ficam acima da linha d'água.

DISTÂNCIAS DE ALVOS

Tudo aquilo que o radar capta é chamado de alvo, não importa o tipo nem o tamanho. Quando ele

capta dois alvos muito próximos um do outro (- de 150mum do outro), podem ser confundidos comum

só alvo e este cuidado deve ser considerado pelo navegante quando for usá-lo para obter a distância de

um objeto, próximo a outro que ele não deseja.

Os dados abaixo, relacionados a distâncias de detecção de alvos, podem ser considerados para

qualquer modelo de radar:

- pequenos barcos de madeira ou fibra - de 1 a 4 milhas

- barcos de até 15m, de madeira - de 6 a 9 milhas

- navios de até SOm, de qualquer material - de 6 a 10 milhas

- grandes navios - de 16 a 20 milhas.

- praias e montanhas - as praias não são bem detectadas pelo radar, pois são mais baixas que as

montanhas da costa. Assim, para se certificar de que está captando a praia ao invés de uma montanha

longe dapraia, confira sua distânciade terrapelaprofundidade do local (usando o ecobatímetro) e conferindo

na carta náutica.

Quando qualquer pequeno barco, bóia, baliza ou outro alvo possuir refletor radar, as distâncias de

detecção são aumentadas consideravelmente.

COMO IDENTIFICAR FENÔMENOS DA NATUREZA

Com o radar é muito comum o operador confundir fenômenos naturais com barcos, navios, ilhas e

outros alvos. Para facilitar a identificação, vejamos como estes fenômenos naturais aparecem na tela do

radar:

- chuva- aparece como uma mancha, sem contornos definidos

- Nuvens - se forem carregadas de chuva, como cumulusnimbus, aparecem como uma ilha,

com contornos bem definidos

Page 102: Aprendendo a Navegar

MANUAL DENAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

- Neve - só aparece quando se trata de forte nevasca, provocando perda de alcance do radar.

- Nevoeiro (ou cerração) e névoa seca - não aparece na tela do radar, mas reduz o seu

alcance.

- Vento - não aparece na tela do radar, mas pode causar ondas sobre o mar, que afetarão a

imagem de alvos a curta distância.

- Gelo (iceberg) - facilmente captados pelo radar.

Radar emfuncionamento,

mostrando ao redor do barco

fenômenos da natureza

(provavelmente chuva). Observe

os circulos de distlincia e a

linha defé (seu rumo).

Quando seu barco se

movimenta, permanece no

centro da

tela e os alvos se movem em

relação a ele.

ACOMPANHAMENTO DE ALVOS NO RADAR OU NO VISUAL

o radar, comojá sabemos, tem a capacidade de fornecer distâncias e marcações de alvos fixos ou

móveis. Utilizando-se as marcações e distâncias de um alvo fornecidas pelo radar ou distâncias do radar

e marcações obtidas visualmente, podemos prever as situações a seguir e com isto saber se precisamos

guinar para evitar possíveis colisões:

Situação 1 - seu barco está parado

Distância do alvo Marcação do alvo O alvo está Provável ocorrência

constante constante parado nada

Situação improvável de

constante alterando-se em movimento acontecer - alvo está

navegando em círculo

diminuindo constanteem movimento,

colisão iminentena sua direção

Alvo colidirá com você ou

diminuindo alterando-se em movimento cruzará ao largo. Manter

acompanhamento

aumentando constanteem movimento,

nadaafastando-se

aumentando alterando-seem movimento,

nadaafastando-se

Page 103: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Situação 2 - seu barco está em movimento

Distância do alvo Marcação do alvo O alvo está Provável ocorrência

em movimento, no mesmo

constante constante rumo e velocidade nada

de seu barco

situação improvável de

Constante alterando-se parado acontecer - você está

navegando em círculo

diminuindo constanteparado, você navega na

colisão iminentedireção do alvo

Barcos se cruzarão num

diminuindo alterando-se parado ou em movimentodeterminado ponto, podendo

colidir. Manter

acompanhamento

aumentando constanteparado ou em movimento,

nadavocê está se afastando

aumentando alterando-se Parado ou em moviment()_ estão se afastando

Obs: alguns aparelhos de radarjá dispõe de recursos que avisam com antecedência, através

de alarmes, que existe perigo de colisão.

Nestas situações, principalmente à noite, guine seu barco com bastante antecedência, para evitar

colisões, mesmo que a preferência de manobra seja sua e considere nestas circunstâncias que você está

vendo o alvo, mas o alvo pode não estar lhe vendo, como também pode ser que o alvo não tenha radar

nem motores para se safar de uma colisão, ou seja, o alvo pode ser simplesmente uma ilha.

Quando adquirir um radar, certamente o vendedor, no ata de lhe venderum produto caro, dirá mil

maravilhas sobre a distância (alcance) daquele aparelho. Com relação ao alcance do radar, considere que

tudo que ele captar a mais de 15 milhas merecerá pouca confiança e pode-se afirmar que tudo que ele

captar até 12 milhas é confiável, principalmente nas embarcações de até 25m de comprimento.

Quando estiver usando uma distância obtida com o radar de um acidente geográfico em terra, tenha

atenção para o seguinte fato: o radar captará em terra uma montanha mais alta, se esta estiver próxima de

uma outra mais baixa. Entretanto, em certas situações você está querendo a distância daquela que está

mais perto e ele está fornecendo a distância daquela que está mais longe. Sendo assim, observe que a

carta náutica fornece a altura de algumas montanhas em terra para lhe facilitar na identificação daquela

montanha que realmente você deseja obter a distância.

Poderíamos aqui descrever uma enormidade de outras instruções sobre o uso e manuseio deste

excelente aparelho de auxílio à navegação. Entretanto, com o avanço obtido ultimamente e com o grande

número de modelos e fabricantes existentes, fica muito difícil criar normas válidas para todos os modelos

de aparelhos. Assim sendo, a melhor prática é adquirirumradarrecomendado por amigos ou especialistas,

obteromáximo de conhecimento através do manual de instruções do mesmo e-nuncaé demais recomendar

- freqüentarumcurso específico sobre este tema. E exija que o vendedor lhe forneçaummanual em língua

portuguesa ounuma língua que você tenha completo domínio.

Nas embarcações de lazer sabemos que normalmente existe a bordo apenas a agulha magnética,

que conseqüentemente só fornece marcações magnéticas. Assim, se você vai obter marcações com o

radar, atente para o fato de que o radar virá de fábrica programado para fornecer marcações verdadeiras.

Se isto acontecer, você deverá estar perfeitamente habilitado a transformar estas marcações e trazê-las

para a carta, onde a rosa dos ventos contém dados verdadeiros. E considere que uma marcação fornecida

Page 104: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç A O C O S T E I R A : �ebastião Fernandes.

pelo radar não tem a mesma confiança de uma marcação de um ponto, obtida visualmente.

USO DO RADAR NA NAVEGAÇÃO COSTEIRA

Vimos no capítulo 6 instruções sobre a navegação costeira, feita de modo observado. Nela

aprendemos a obter nossa posição por cruzamento de linhas de posição, obtidas através de marcações

observadas daquilo que estamos avistando.

Como vimos neste capítulo, o radar também pode fornecer marcação de pontos que você está

avistando ou não. Quando o radar fornecer uma marcação de algo que você está avistando, prefira a

marcação obtida visualmente com alidade ou agulha magnética, pois a marcação fornecida pelo radar não

consegue ter a mesma confiabilidade de uma marcação observada. Só use a marcação fornecida pelo

radar quando não for possível avistar o objeto que pretende obter marcação.

Em se tratando das distâncias de pontos em terra, infelizmente você terá que obtê-las no radar, mas

antes disto avalie bem estas distâncias, de acordo com as instruções vistas anteriormente para cada tipo

de acidente geográfico em terra.

O radar tem a capacidade de fornecer uma posição a partir de um único ponto de terra, pois além

de fornecer a marcação, fornece também a distância deste ponto. Comojá vimos no capítulo 6, uma

marcação e uma distância de um ponto fornece uma posição na carta com razoável confiança.

2 - GPS (GLOBAL POSITIONING SYSTEM)

Nota do autor

Antes de tratarmos de GPS,

convém que você entenda o seguinte: O

sistema GPS como um todo possui uma

enormidade de recursos, mas o navegante

deve fazer inicialmente, a si próprio, as

seguintes perguntas: meu receptor de

GPS tem todos os recursos do sistema?

Quais os recursos do sistema que o

fabricante do meu aparelho disponibilizou

para meu uso no modelo que eu adquiri?

Antes de adquirir um aparelho

receptor, exija que o mesmo venha com

manual de instruções em português ou numa língua que você tenha completo domínio. Ejamais

adquira um receptor de GPS usado, que nãopossua o seu respectivo manual. Você só teráproblemas.

Digo isto porque o melhor instrutor de GPS é o Manual de Instruções que o acompanha.

Nenhum instrutor de GPS e nem mesmo este livro lhe ajudarão tanto quanto o manualfornecido

pelofabricante daquele modelo. Se você domina os assuntos abordados em todos os capítulosjá

vistos até aqui, você terá grande facilidade em dominar um receptor de GPs. Basta consultar o

manual de instruções. Nenhum usuário de GPS conseguirá usá-lo se não dominar latitude, longitude,

declinação magnética, marcações, rumos, etc.

Page 105: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Nas mãos de quem desconhece rumos, marcações, latitude, longitude, etc.. o receptor de GPS

só terá uma utilidade: decorar o barco.

Também chamado de navegador eletrônico por satélites, é a última palavra em sistemas de

navegação, uma verdadeira revolução em se tratando de posicionamento na terra.

Inicialmente projetado para fIns militares pelos americanos, possui umarede de 24 satélites (21 em

operação e 3 em reserva), orbitando a 20 mil km da superficie da terra.

A precisão de suas informações, apesar de alguns metros de erro, ainda é muito superior a qualquer

posição fornecida por outros instrumentos.

Fornece posição, rumo, armazena posições por onde você passou, distância percorrida, velocidade

de avanço, rumo para um ponto desejado, etc. Conheça todos os recursos deste magnífIco aparelho de

auxílio à navegação.

Existem 3 tipos de receptores de GPS. São eles:

- Absoluto (sistema SPS - standart position system) - é o mais comum e mais usado pelo

público em geral. Apresenta erros de posição de no máximo 100 metros.

- Diferencial (DGPS) - receptor mais preciso e mais caro, precisa de estações em terra para

se orientar e apresenta erros que posição de no máximo 20 metros. É formado por 3 segmentos:segmento espacial (satélite), segmento de controle em terra e aparelho receptor (operado

pelo usuário). Seu conceito de operação é o de posicionamento relativo (com relação a

determinadas estações espalhadas pelo litoral). Requer 3 componentes principais: estação

de referência (em terra), link de comunicações (a bordo) e receptor adaptado para sistema

DGPS. Há várias estações de DGPS ao longo da costa brasileira e estas estações constam

nas cartas náuticas. No Brasil, o alcance das transmissões do DGPS é de 200 milhas náuticas.

- Militar- é o mais perfeito receptor, sem erro de posição. Usado pelos militares americanos

e de países aliados. Não está disponível para o público em geral. É utilizado para o quechamam de "ataques cirúrgicos".

Mas o único inconveniente do GPS é que ele não dispensa seu usuário de conhecer a navegação

tradicional, principalmente a navegação costeira. Conformejá mencionado antes, um leigo que adquirir

um GPS e desconhecer completamente os princípios de navegação e posicionamento na terra, terá em

suas mãos apenas mais um equipamento para decorar seu barco. Sendo assim, além de conhecer um

mínimo de navegação, o usuário do GPS precisa ter sempre a mão uma carta náutica impressa para nela

plotar as posições fornecidas pelo equipamento.

MUITOIMPORTANTE

o aparelho de GPS que você possui é um receptor de dados. Ele não envia nada, só recebe

e calcula. E recebendo dados de 3 satélites (no mínimo 2), calcula latitude, longitude e altitude.

Mas para se obter uma posição completa e totalmente confiável necessita de dados fornecidos

por quatro satélites. Com estes dados, pode também avaliar se você está em movimento,

calculando assim também sua velocidade, seu rumo verdadeiro ou magnético, sua hora de

chegada, etc...

Page 106: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

A intensidade do sinal para que um receptor do GPS adquira os satélites é maior que a

intensidade do sinal necessária para que o aparelho receptor acompanhe os satélites e leia suas

mensagens. Esta proporção é de cerca de 5 vezes.

A elevação em graus do satélite que seu aparelho está recebendo é muito importante.

Quanto maior a elevação, em graus, do satélite, melhor será o sinal recebido. Quanto mais

baixa a elevação do satélite, menor e mais fracos serão os sinais.

A antena de seu receptor de GPS deve sempre estar desobstruída de tetos e outros objetos

que impeçam que o aparelho receba os dados. Dentro de um barco procure estar com o aparelho

sempre no convés, fora de áreas fechadas. Se o receptor está numa cabine fechada, preso ao

painel do barco, mantenha a antena na área externa do barco.

Por ocasião da compra de um GPS, exija um modelo que trabalhe com coordenadas

geográficas de latitude e longitude e explique ao vendedor que pretende utilizá-lo na navegação

marítima, pois já há no mercado aparelhos preparados propositalmente para operar em

coordenadas UTM (Unidade Transversal de Medida), método este não compatível e não

recomendado para navegação marítima. Exija sempre um aparelho que forneça coordenadas de

latitude e longitude.

Alguns receptores de GPS trazem, integrados em sua tela, um pequeno mapa. Atenção:

este mapa integrado a alguns receptores de GPS não é uma carta náutica eletrônica e muitos

destes mapas contém graves falhas. Já me deparei com equipamentos de GPS que trazem mapas

que chegam a ignorar a existência de ilhas...

Quando estiver navegando em uma determinada área, verifique se a carta náutica daquela

região traz instruções para uso de GPS naquele trecho, pois algumas cartas fornecem dados de

correção de posição obtida por GPS, normalmente frações de segundos de arco.

TERMOS UTILIZADOS NO SISTEMA GPS

Nota do autor

A seguir, você verá os termos (abreviaturas) usados no sistema GPS. Entretanto, seu aparelho

receptor poderá ter todos os recursos ou não.

ANCHORWATCH - alarme para fundeio (usado quando seu barco está fundeado, a

âncora saiu do lugar e seu barco está se movimentando).

BRG- é o rumo apresentado pelo GPS. O próprio equipamento já fornece o rumo

(verdadeiro)

BTW- (bearing to waypoint) - rumo até o waypoint

CLEAR-limpar

COG (course over ground) -rumo no fundo - é a resultante da direção realmente navegada,

desde o ponto de partida até o ponto de chegada, num determinado momento, na carta. ou

seja, o rumo no fundo é a resultante entre rumo na superficie e corrente)

CROSS TRACK- erros de navegação, desvios lateral em relação à rota prevista.

CU - (course Up) - orientação da carta eletrõnica com o curso para cima

CTS - (course to steer) - rumo a seguir, considerando o abatimento de vento/corrente

DISTANCETO GO- distância para chegar (regular para milhas náuticas)

Page 107: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

DTW- (distance to waypoint) - distância até o waypoint

DOP - (Diluiton ofPrecision) - desvio de posição

ETA-hora estimada para chegada.

ETD - hora estimada de partida.

EVENTMARK-marca a posição de algo desejado (ou simplesmente MARK)

FT (feet) - altitude em pés.

GO TO - ir para

GDOP- (geometric diluition ofprecision) - desvio geométrico de posição

HEADING - direção em que a proa aponta.

HDOP- (horizontal diluition ofprecision) - desvio horizontal de precisão

HU - (Head Up) = orientação da carta eletrônica com a proa para cima

LEG - uma pernada da rota ou rumo.

MOB (man over board) - homem ao mar. Este comando (tecla) permite que em caso de

homem ao mar, imediatamente após ser acionada, o GPS insere um ponto chamado de

MOB com aposição atual e ao mesmo tempo executa a função GO TO (irpara), considerando

este ponto como destino.

NM (nautical miles) - milhanáutica.

NU - (North Up) - orientação da carta eletrônica com o norte para cima

NMEA-Nautical Maritime EletronicAssociation.

POSITION FIX- posição calculada.

RANGEI - (alcance)

ROUTE (RTE)- rota ou rumo

SETUP- ajustagem.

SOA (speed of advance) - velocidade de avanço na superfície - é aquela com a qual se

pretende progredir ao longo da derrota planejada.

SOG (speed over ground) - velocidade no fundo.

SHIP POSITION - posição do barco.

SA- disponibilidade seletiva.

TRK -Trilha ou Caminho

TRIP- distância da viagem.

TTG -tempo para chegar

TIDE-marés

UTC-Hora média de Greenwich

VDOP- (vertical diluition ofprecision) - desvio vertical de posição

VMG - velocidade no fundo (velocidade média ideal para o cumprimento do plano de

navegação)- é a velocidade ao longo da derrota, realmente seguida em relação ao fundo do

mar, desde o ponto de partida até o ponto de chegada.

WAYPOINT (WPT)- pontos do caminho ou pontos de passagem.

WGS- (Word geodesic system) - datum eletrônico

2D -posição em latitude e longitude.

Page 108: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Nota do autor

Todos os meus alunos do curso de Mestre Amador me pedem que lhes oriente sobre como

utilizar o aparelho receptor de GPS que adquiriram. E então me deparo com um grande número de

modelos, quase todos sem Manual de Instruções, pois geralmente adquiriam de segunda mão.

Sendo assim, adaptei do livro GPS, UMAABORDAGEMPRÁTICA, ]a edição, de José Antônio

M Rocha, com licença do autor, o anexo K que está no final deste livro, com instruções passo a

passo para manuseio dos 4 principais modelos de receptores GPS existentes no mercado.

INTEGRAÇÃO ENTRE EQUIPAMENTOS

Aúltima novidade em parafemálias eletrônicas para navegação é a integração entre equipamentos

já conhecidos, também chamados de chartplotter, ou seja, cartas de plotagem.

Já estão disponíveis no mercado equipamentos que permitem, num só visor, ter uma carta náutica

eletrônica, aliada a GPS e radar. Nela ficam registrados seu rumo, velocidade, posição, distâncias de

pontos em terra e nela se obtém outros dados necessários para obtenção e acompanhamento de posição.

Nestas integrações entre radar e GPS sempre será usado çomo referência o norte verdadeiro.

Mas novamente repete-se outro problemajá mencionado: também não isentam seu usuário de

conhecer os princípios da navegação e regras de posicionamento na terra por coordenadas de latitude e

longitude. E a carta eletrônica nele existente não tem a mesma eficácia nem a mesma quantidade de

informações de uma carta náutica impressa.

Exemplo de integração

entre equipamentos. No

sentido horário, a parlir

do canto superior

esquerdo: GPS, radar,

sonda (ecobatfmetro) e

carta náutica eletrônica.

Nota doAutor

A seguir, uma matéria de minha autoria sobre o GPS, publicada numjornal destinado

ao mundo náutico de lazer. Nela tentei mostrar que antes de adquirir um aparelho receptor de GPS

o interessado deveprimeiro sefamiliarizar com a navegação tradicional, feita de modo observado,

exatamente como você aprendeu nos capítulos anteriores.

Page 109: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

GPS - UM BRINQUEDINHO CARO?

Na madrugada de 30 de abril de 1994 o navio mercante NEDLLOYD RECIFE colidiu contra a

ilha da Paz, nas imediações do porto de São Francisco do SuVSC, causando enormes danos ambientais

para a região, além da perda total do navio. Aberto Inquérito para apurar as causas do acidente, chegou­

se a seguinte conclusão: excesso de automação e excesso de confiança no sistema GPS.

Este caso real bem demonstraum fato bastante preocupante que ocorre com freqüência no mundo

náutico. Após o advento e popularização do sistema GPS, os navegantes atribuem ao sistema toda a

responsabilidade pela navegação, esquecendo, porvezes, que o GPS não pode ser utilizado como principal

meio para se obter sua posição e se deslocar no mar. Ele deve ser apenas um acessório secundário para

confirmarmos a nossa posição no mar, obtida através de outros meios. O sistema GPSjamais substituirá

o conhecimento humano para localizar-se e deslocar-se sobre a superfície do planeta.

E por quais razões não podemos utilizar apenas o GPS como sistema principal de navegação,

mesmo tendo ele tanta precisão e ser merecedor de tanta confiança? Por que devemos relegá-lo a um

sistema secundário de navegação?

A princípio, as principais razões são as seguintes:

- o sistema GPS tem dono e nós o utilizamos com permissão deste dono (quem permite usar

algo de sua propriedade, a qualquer momento pode retirar esta permissão);

- o sistema precisa de fonte contínua de energia, seja ela fornecida pela corrente elétrica do

barco, por baterias ou por pilhas, todas fontes esgotáveis;

- O sistema exige que seu usuário saiba muito sobre ele. Não existe navegante que sabe um

pouco de GPS. Ou se sabe muito ou não se sabe nada;

- O perfeito manuseio do sistema GPS exige do usuário bom entendimento e compreensão

prévia dos conceitos de latitude, longitude, declinação magnética, norte magnético, norte

verdadeiro, carta náutica, etc. O não conhecimento destes assuntos inviabilizará por completo

a operação de um equipamento de GPS.

O usuário do sistemaGPS inicialmente precisa dominar as técnicas de obtenção de suas coordenadas

de latitude e longitude pela formatradicional, utilizando os recursos naturais do planeta, sejapelaobservação

de pontos em terra que está avistando ou pela observação dos astros. Após isto, aprofunde-se no sistema

GPS e aí sim poderá obter dele o máximo rendimento. Caso contrário, ele será apenas um brinquedinho

caro para decorar seu barco.

Sebastião Fernandes

Capitão Amador

Page 110: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 10••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

NOÇÕES DE ESTABILIDADE

Porque um corpo flutua? Porque meu barco flutua e porque em certas situações ele pode afundar?

Não sabe? Ejá ouviu falar na expressão grega eureka? Vamos descobrir, pois eureka significa exatamente

isto, descoberta.

Estas perguntasjá foram respondidas desde a Grécia antiga e tem uma explicação bastante simples.

Pode-se dizer que um corpo flutuaporque o peso da água que ele desloca parapenetrar naquela superficie

líquida é igual ao peso do corpo nela mergulhado. Se o corpo mergulhado for mais pesado do que a água

que ele desloca, certamente este corpo vai afundar. Mas este é apenas um conceito simples. Vamos nos

ater a conceitos universalmente aceitos sobre estabilidade e flutuabilidade. E no final deste texto, você

certamente dirá o mesmo que disse Arquimedes, ou seja, eureka (achei, descobri).

DESLOCAMENTO- é o peso da água deslocada por um navio em águas calmas, expresso em

unidades de toneladas nos países de sistemamétrico decimal. Paraque uma embarcação flutue, é necessário

que o deslocamento seja igual à força do empuxo. Cada embarcação possui o seu deslocamento quando

leve e quando carregado.

EMPUXO - em cada superfície imersa de um corpo, há uma pressão que age normalmente à

superficie. Esta pressão cresce com a profundidade do ponto abaixo da superficie da água; ela é medida

pelo produto h x p, na profundidade h abaixo do nível da água cujo peso específico é p. É também

chamada de a força resultante da soma de todas as componentes verticais das pressões exercidas pelo

líquido na superficie imersa de um navio. Age no navio de baixo para cima.

ESTABILIDADE de uma embarcação é a condição de equilíbrio, com sua carga e pesos sólidos

e líquidos bem distribuídos e com sua linha d'água respeitada. Pode-se também dizer que é a tendência

que tem um navio de resistir às causas perturbadoras tendentes a variar sua posição normal de equilíbrio.

ESTABILIDADE INTACTA - é a propriedade que tem a embarcação de retornar à sua posição

inicial de equilíbrio, depois de cessada a força perturbadora que dela a afastou, considerando-se a situação

de integridade estrutural da embarcação.

FLUTUABILIDADE - é a propriedade de um corpo permanecer na superficie da água e depende

da igualdade entre o peso do corpo e o empuxo do líquido. Como, no nosso caso, o líquido é sempre a

água, a flutuabilidade varia principalmente com o peso específico do corpo, isto é, seu peso por sua

unidade de volume.

Page 111: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

"Um corpo total ou parcialmente mergulhado num fluido é submetido a ação de uma força de

intensidade igual ao peso do volume do fluido deslocado pelo corpo, de direção vertical, do sentido de

baixo para cima, e aplicada no centro do empuxo".

ARQUEAÇÃO - é a expressão do tamanho total da embarcação, determinado em função do

volume de todos os espaços fechados.

CALADO- é a distância vertical entre o plano da linha d'água e a linha de fundo da quilha.

CENTRO DE GRAVIDADE (CG) - Pode assim ser conceituado como o ponto de aplicação

da resultante de todos os pesos de bordo e a soma dos momentos de todos os pesos em relação a

qualquer eixo que passe por ele é igual a zero.Aposição do centro de gravidade se altera com a distribuição

de carga, nos tanques, nos porões, no convés, etc. O centro de gravidade é importante para os cálculos

de flutuabilidade e estabilidade porque o peso do navio pode ser considerado como uma força nele

concentrada. CENTRO DE CARENAOUDE EMPUXO (CC) - é o centro de gravidade do volume de

água deslocada e é o ponto de aplicação da força chamada de empuxo. Diz-se também que é o centro

das obras vivas (parte do costado abaixo da linha dágua).

CENTRO DE FLUTUAÇÃO (CF) - é o centro de gravidade da área de flutuação, para uma

determinada flutuação do navio.

PESO DO NAVIO - são os pesos parciais que compõem um navio e é uma força que é aplicada

no centro de gravidade, agindo de cima para baixo.

Portanto, vistos os conceitos acima, percebe-se que um navio em repouso é submetido à ação de

duas forças verticais: o peso do navio, agindo verticalmente de cima para baixo, e o empuxo, agindo

verticalmente de baixo para cima. Como o navio não tem movimento para cima, nempara baixo, conclui­

se que o empuxo é igual ao peso do navio; como ele está em equilíbrio, os pontos de aplicação destas

forças, isto é, o CG e o CC, estão situados na mesma vertical.

RESERVADEFLUTUAÇÃO-É o volume da parte do navio acima da superfície da água e que

pode ser tomada estanque (ser totalmente fechada e impossibilitada a entrada de água).

Para um navio imergir completamente é necessário carregá-lo com o peso correspondente a uma

quantidade de água que ocupe um volume igual à reserva de flutuabilidade. Isto significa que a reserva de

flutuabilidade é a flutuabilidade em potencial que cada navio possui; a soma do empuxo e da reserva de

flutuabilidade é o poder de flutuabilidade total de um navio.

METACENTRO (M)M - metacentro (ou altura metacêntrica (GM) - é o ponto de encontro

de duas verticais da força de flutuação (ou empuxo), quando o navio se inclina transversalmente de dois

ângulos muito próximos.

RAIO METACÊNTRICO- é a distância entre o centro de carena e o metacentro

BRAÇO DE ENDIREITAMENTO - é a distância entre o centro de gravidade e a vertical da

força de flutuação perpendicularmente a esta. Tem o valor nulo quando o navio está em sua posição

normal de equilíbrio

Page 112: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

MOMENTO DE ENDIREITAMENTO - é o produto do braço de endireitamento pelo peso

do navio. É responsável por fazer o navio retomar a posição estável.

BORDA LIVRE (BL) - é a distância vertical da superfície da água ao pavimento principal

(normalmente o convés), medidaem qualquer ponto do comprimento do navio no costado. Ela mede a

altura que o navio pode imergir, a partir da flutuação atual, até que as águas tranqüilas possam molhar o

convés principal, no ponto a que se referir. O símbolo da marca de borda livre você verá logo a seguir.

METACENTRO TRANSVERSAL (M) - é o ponto de encontro da linha vertical passando

pelo centro de flutuação quando o navio está na posição direita, com a linha vertical que passa pelo CF

quando o navio está inclinado de qualquer ângulo. O metacentro deve estar sempre acima do centro de

gravidade para haver equilíbrio estável.

SUPERFÍCIE LIVRE - fenômeno que ocorre quando os tanques de uma embarcação estão

parcialmente cheios devido ao consumo de aguada e combustível. Convém, para aumento da estabilidade,

que os tanques estejam sempre cheios ou sempre vazios.

PORTE BRUTO - soma de todos os pesos móveis que se podem embarcar e desembarcar.

M- metacentro

GZ- braço de endireitamento

B - centro de carena

BM-raio metacentrico

E-empuxo

G- centro de gravidade

FATORESQUEALTERAMA ESTABILIDADEEA FLUTUABILIDADE

AÇÃOCENTRO DE CENTRO DE

ESTABILIDADEGRAVIDADE (G) CARENA(B)

Peso deslocado para cima sobe Não varia Diminui

Peso deslocadodesce Não varia Aumenta

para baixo

Peso deslocado Desloca-se para Desloca-se paraDiminui

sentido transversal BBouBE o bordo abaixado

Acréscimo de peso em G Não varia sobe Diminui

Acréscimo de pesosobe sobe Diminui

acima de G

Acréscimo de peso abaixo de G desce sobe Aumenta

Remoção de peso em G Não varia desce Aumenta

Remoção de pesodesce desce Aumenta

acima de G

Remoção de pesosobe desce Diminui

abaixo de G

Page 113: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Outras deduções:

- quando uma embarcação aderna, o centro de carena se movimenta para o bordo adernado.

- Se uma embarcação se movimenta (balança) muito rápido, sua estabilidade é muito boa. Se

ele se movimenta (balança) de forma lenta, sua estabilidade é pouca.

- Se a altura metacêntrica for igual a zero, teremos equilíbrio indiferente ou nulo.

- Quando desembarcamos pesos a bordo de um barco, o centro de gravidade se move no

sentido oposto aos pesos desembarcados.

A distribuição de peso a bordo deve ser uma constante preocupação de quem navega. Nunca

coloque mais peso do que a capacidade da embarcação e se ela tiver marca de borda-livre, deve ser

respeitada, pois ela delimita até onde pode ser carregada a embarcação. Mas atenção para a distribuição

de peso. Jamais coloque peso somente nas partes altas. Prefira sempre iniciar o carregamento pelos

porões, se houver. Se a sua embarcação tiver paus de carga, cuidado quando for içar grandes pesos, ela

também poderá virar.

�____I AD

MARCA DEBORDA LIVRE (Disco de Plinsoll)

É obrigatória para embarcações com comprimento superior a

20 metros ou Arqueação Bruta superior a 50 AB. Éposicionada

de talforma no costado, que a embarcação pode carregarpeso

até a água alcançar a linha que corta o circulo. O desenho à direita

refere-se também a Marca de Borda Livre em água doce.

E tenha cuidado também na distribuição de peso no sentido proa/popa. Se o peso for concentrado

na popa, a embarcação ficará derrabada, ou seja, com a proa alta. Quando os pesos são concentrados

na proa, a embarcação ficará abicada, ou seja, com apopa alta. Este cuidado também é extremamente

importante quando se tratar dos bordos, evite acumular peso em um dos bordos, em prejuízo dos outros.

Isto fará com que a embarcação fique com banda. Prefira distribuir os pesos começando pelas partes

mais baixas, sempre próximas à quilha e no centro da embarcação, distribuindo-os de forma uniforme

pelo barco, para evitar um efeito chamado de alquebramento (excesso de peso na proa e popa e pouco

peso a meia-nau) ou o contra-alquebramento (excesso de peso à meia-nau da embarcação e pouco

peso na proa e popa).

Tenha especial atenção quanto à concentração de pessoas num só bordo. É muito comum, durante

uma pescaria, todos correrem para um dos bordos para ver aquele "peixão" que o comandante fisgou.

Isto pode causar uma banda perigosa e virar sua embarcação, fazendo inclusive com que o peixão do

comandante volte pra água,junto com todos aqueles que foram admirar a façanha. Como Comandante

da embarcação, use de toda sua autoridade para evitar o aCÚInulo de todos num só bordo da embarcação,

principalmente nas embarcações miúdas.

Durante uma travessia qualquer, as pessoas leigas em distribuição de peso, principalmente os

navegantes de 1 a viagem, costumam sentar na borda das embarcações miúdas e de médio porte, com as

pernas para fora, principalmente na proa da embarcação, para melhor aproveitar o passeio. Evite a

Page 114: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

qualquer custo esta prática, considerada exibicionista e de altíssimo risco, principalmente quando a

embarcação pula sobre as ondas ou quando corta as esteiras deixadas por outra embarcação. Elas podem

ser ejetadas para fora e ser atropeladas pela própria embarcação que a conduz.

Se sua embarcação possuir dois conveses (duas plataformas), j amais coloque todos a bordo no

convés superior, pois sua embarcação perderá estabilidade, ficando muito propensa a virar em caso de

mau tempo. Distribua as pessoas e pesos de forma que o convés superior tenha no máximo 30% das

pessoas e pesos existentes a bordo.

Se sua embarcação vai transportar qualquer tipo de peso, este deve ser perfeitamente peado

(amarrado) na estrutura da embarcação, para que não role ou se desloque do local em que foi deixado,

pois o movimento de peso a bordo afeta sensivelmente a estabilidade. Tal preocupação também deve ser

constante quando sua embarcação estiver transportando líquidos, pois preferencialmente os tanques com

líquidos devem estar sempre cheios ou sempre vazios, para evitar um efeito de mudança de peso de local

com o balanço do barco. A este efeito chamamos de Efeito de superfície livre.

LASTRO

Colocar lastro ou lastrar uma embarcação é a arte de colocar um determinado tipo de peso no

firndo do casco para aumentar a estabilidade e melhorar sua flutuação e suas condições de navegabilidade.

O lastro pode ser permanente ou temporário. O lastro temporário, normalmente água, é mais usado nos

navios mercantes de carga. O lastro permanente normalmente é constituído de ferro, chumbo, concreto

ou areia e se destina a corrigir erros durante a construção ou alteração na destinação para a qual foi

construída a embarcação. Normalmente é colocado no fundo da embarcação, mas pode ser também

colocado num outro espaço lateral para endireitar a flutuação, caso esta tenha banda excessiva para um

dos bordos.

A colocação ou retirada de lastro numa embarcação só deve ser feita com o conhecimento e

autorização de um engenheiro naval, que avaliará a necessidade de colocação ou retirada de lastro nas

embarcações.

Page 115: Aprendendo a Navegar

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Page 116: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 11••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

RIPEAM

Nota do autor

Responda rapidamente, sem ler este capítulo, a seguinte pergunta: numapossibilidade de

colisão entre dois barcos de lazer (duas lanchas, por exemplo), quem deve desviar para evitar a

batida?

Por desconhecimento, todos respondem: a de menor comprimento. A princípio, para

iniciantes no assunto, esta resposta é perfeitamente natural, mas equivocada.

Para entendermos as manobras de desvio em navegação, faz-se necessário fazer uma

comparação com o trânsito rodoviário. Numa estrada bem estreita, quando há a possibilidade de

colisão entre dois automóveis, ambos desviam para a direita. Na navegação, nem sempre isto

ocorre, ou seja, na navegação uma só embarcação desvia (quase sempre!) e a outra embarcação

nãofaz nada e esta é aprincipal diferença entre o trânsito rodoviário e o trânsito na água.

O que vai determinar quem deve desviar nem sempre é o tamanho da embarcação, mas as

situações em que elas se encontram, conforme veremos a seguir.

Esta abreviatura significa Regulamento Internacional para EvitarAbalroamento no Mar. É

fruto de uma convenção internacional da qual o Brasil é signatário. Afrnalidade do RIPEAM é estabelecer

regras para condução de embarcações e informar através de sinais sonoros e marcas, de nossas intenções

de manobra, a fim de evitar acidentes, como colisões e abalroamentos. Estas regras têm amparo legal e

devem ser obrigatoriamente cumpridas por quem se propõe a navegar. Forampromulgadas pelo Decreto

nO 80.068, de 02/08/1977. O RIPEAMem vigor é aquele que contém as emendas de 1981,1987,1989,

1993 e 2001.

O RIPEAM em vigor possui 38 regras e algumas isenções.

Nota doAutor

Os textos que você verá a seguir são orientações sobre as normas do RIPEAM,

especialmente adaptadospara navegantes de lazer, mas não é o RIPEAMcompleto. Um navegante

caprichoso adquire seupróprio RIPEAMe o mantém constantemente a bordo de sua embarcação,

para eventuais consultas. Este documento pode ser adquirido nas boas lojas náuticas ou nas

Capitanias dos Portos. Um navegante que desconhece as regras do RIPEAM deve guardar seu

barco e conduzir outro tipo de veículo, jamais uma embarcação.

Page 117: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Inicialmente, vamos nos familiarizar com algumas expressões utilizadas pelo RIPEAM. Estas

expressões serão constantemente utilizadas de agora em diante.

• embarcação - é qualquer tipo de embarcação, inclusive sem calado, naves de vôo rasante e

hidroaviões capazes de serem utilizados como meio de transporte sobre a água.

• Embarcação de propulsão mecânica -é qualquer embarcação movimentada por meio de

máquinas ou motores.

• Embarcação à vela - qualquer barco sob vela desde que sua máquina de propulsão, caso

haja, não esteja em uso.

• Embarcação engajada na pesca - qualquer barco pescando com redes, linhas, etc, que

esteja com sua capacidade de manobra restrita.

• Hidroavião - qualquer aeronave projetada para manobras sobre a água.

• Embarcação sem governo- qualquer barco, que por algum motivo se encontra incapacitado

de manobrar (desviar, guinar) e que portanto está incapacitado de manter fora da rota de

outro barco.

• Embarcação com capacidade de manobra restrita- qualquer barco que, devido ànatureza

de seus serviços ou seu excessivo calado, se encontra com restrições e dificuldades para

manobrar (desviar de outro barco).

• Em movimento - qualquer embarcação que não se encontra fundeada, atracada ou

encalhada.

• Velocidade de Segurança - uma velocidade segura, de forma que possibilite a ação

apropriada e eficaz para evitar colisão, bem como ser parada a uma distância apropriada às

circunstâncias do momento.

Antes de qualquer outra explicação sobre estas regras, convém lhe alertar que toda embarcação

deve manter constante vigilância em suas imediações e logo que detectar apresença de outra embarcação

em movimento, deve imediatamente avaliar a possibilidade de colisão com seu barco e sempre ficar

atento nos movimentos da outra embarcação, pois a qualquer momento a outra pode mudar de rumo e

velocidade e vir a colidir com seu barco.

o melhor equipamento eletrônico para acompanhar o movimento de outro barco e avaliar o risco

de colisão é o radar. Na falta dele, seus olhos e ouvidos serão seus únicos recursos para evitar

abalroamentos.

Sempre que você avaliar que há possibilidade de colisão, adote os seguintes procedimentos:

• avalie quem deve �anobrar (desviar) para evitar a colisão, conforme regras de preferênciaque veremos a segurr;

• se seu barco deve desviar, a manobra de desvio deve ser franca e positiva, de forma que a

outra embarcação perceba claramente que você estámanobrando (desviando). Toda alteração

de rumo e/ou velocidade deve ser ampla o bastante para ser percebida pelo outro barco.

• Entre duas ou mais embarcações navegando e compossibilidade de colisão, dizemos que há

dois tipos de embarcações: a embarcação manobradora (aquela que tem a obrigação de

manobrar, desviar) e a embarcação preferenciada (aquela que tem preferência e não precisa

fazer nada). Aembarcação preferenciada não deve fazer absolutamente nada, ou seja, deve

manter seu rumo e velocidade.

• se seu barco tem a preferência e não deve desviar, mantenha rumo e velocidade constante e

fique atento para verificar se a outra embarcação realmente está desviando. Caso você avalie

que a outra não está desviando, mesmo que ela tenha esta obrigação, desvie imediatamente.

Page 118: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Nota do autor

Em alto mar, local de águas totalmente seguras, há certas circunstâncias que obrigam um

barco maior a desviar de um barco menor, quando este tem preferência. Todavia, recomendo que

nestas situações abra seus olhos: os grandes navios, mesmo não tendo preferência em algumas

situações em alto mar, costumam ignorar o menor e, neste caso, desvie imediatamente se perceber

que o grandão ignorou sua lancha!

Vejamos também outras normas previstas no RIPEAM para situações especiais. Durante uma

navegação em rios ou canais, quando há possibilidade de haver um outro barco oculto por motivo de

curva ou obstáculos, dê um apito longo antes da curva. Se ouvir um apito longo, responda com outro

apito longo.

Subindo um rio ou canal, mantenha-se navegando próximo a margem de seu boreste. Ejamais

fundeie seu barco dentro de um canal de acesso. Você estará correndo sério risco de ser abalroado por

outra embarcação.

Algumas regiões de grande fluxo de embarcações criam o que chamamos de esquemas de

separação de tráfego, ou seja, de um lado do canal se navega numa direção e no outro lado se navega

no sentido inverso. Caso você se depare com estas circunstâncias, evite cruzar uma zona de separação de

tráfego, mas se for obrigado a fazê-lo, tome o rumo mais próximo possível da perpendicular à direção

geral do fluxo do tráfego.

Na navegação, o que determina a preferência nem sempre é o tamanho da embarcação, mas a

situação em que ela se encontra. Assim, avalie cuidadosamente a outra embarcação que está em rota de

colisão com você e veja se ela se enquadra numa das seguintes situações (situações que determinam a

preferência, por ordem numérica):

1) embarcação sem governo (tempreferência sobre todas as demais)

2) embarcação com capacidade de manobra restrita por motivo de calado ou por motivo de

serviços especiais (tempreferência sobre as situações seguintes)

3) embarcação engajada na pesca (tempreferência sobre as situações a seguir)

4) embarcação à vela (tempreferência sobre a situação a seguir)

5) Demais embarcações motorizadas (entram em último lugar nesta relação depreferências).

Caso a outra embarcação que está com risco de colisão com seu barco se enquadre em qualquer

das situações anteriores, ela tem preferência sobre você, ou seja, é você que deve manobrar ( desviar)

para evitar a colisão, pois seu barco é umaembarcação que se enquadrano item 5 (embarcação motorizada)

Avalie também aáreaonde você se encontra. Se forumaáreade águas restritas (poucaprofundidade),

a embarcação maior (maior comprimento) terá preferência sobre a menor.

Caso você avalie que há possibilidade de colisão proa com proa (rumos inversos) e a outra

embarcação não está nas situações anteriores, ambas devem guinarpara boreste de forma franca e positiva

Page 119: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

(a esta situação chamamos de roda-à-roda).

Observe que nesta situação as embarcações

guinarão para boreste e se cruzarão bombordo

com bombordo.

Caso você avalie que há possibilidade de

colisão por cruzamento de rumos (diz-se rumos

cruzados), atente para a seguinte norma: na

situação de rumos cruzados, aquele que está

vendo o lado bombordo do outro deve manobrar I !

e desviar para evitar a colisão. O barco que está vendo o lado boreste do outro tem a preferência e

conseqüentemente não deve fazer nada.

----------------',,--�� :J)-

-(L D��, _

Ambos guinam á BE

Mas atenção: esta regra só vale se a outra embarcação não se encontra sem governo, com capacidade

de manobra restrita, navegando à vela ou engajada na pesca. Se numa situação de rumos cruzados você

tem a preferência mas a outra embarcação se encontra nas situações descritas, é você que deve manobrar

(desviar).

A embarcação que

vier por SE, terá o

direito de passagem o{ta J2�---\\

\

\

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\\

\

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A embarcação que

vier por SE, terá o

direito de passagem

I

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___ .... "'1

6�

Observando a seqüência de preferência citada anteriormente, você deve agora estar fazendo a

seguinte pergunta: de noite ou de dia, como eu procedo para descobrir se a outra embarcação se encontra

sem governo, com capacidade de manobra restrita, navegando à vela ou engajada na pesca?

Pararesponder esta pergunta, faz-se necessário alertar que as embarcações possuem luzes e marcas,

para serem utilizadas à noite ou de dia. Estas luzes definirão, à noite, em que situação elas se encontram.

São o que chamamos de luzes de navegação.

LUZES DE NAVEGAÇÃO

Umaembarcação com mais SOm de comprimento possui as seguintes luzes:

• Luz de mastro - cor branca, umano mastro de ré, mais alta, e outra no mastro de vante, mais

baixa;

• Luzes de bordos - verde a boreste e vermelha a bombordo.

• Luz de alcançado - cor branca, na popa.

Dependendo de certas situações, poderá ter também as seguintes luzes:

• Luz de reboque - amarela, na popa.

I

I

J

Page 120: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

• Luz circular-luz visível em 360°

• Luz intermitente -luz com lampejos em frequencia igualou superior a 120 lampejos por

minuto.

Uma embarcação menor de SOm terá as mesmas luzes, exceto a luz do mastro de vante.

Numa embarcação miúda, não existe a obrigatoriedade da existência de luzes de navegação, mas

em contrapartida ela também não poderá navegar à noite. Se desejar navegar a noite, deve instalar no

mínimo as luzes de bordo e uma luz branca, na parte mais alta, visível emum ângulo de 360°.

Cada luz possui um ângulo ou setor de visibilidade e um certo alcance, ou seja, as luzes não são

vistas de todos os ângulos. Assim, vejamos como as luzes são colocadas a bordo e por quais ângulos e

distâncias em que elas podem ser vistas (embarcações maiores que SOm de comprimento):

• Luzes de mastro - ângulo de 225° a partir da proa por ambos os bordos - alcance de 6

milhas (5 milhas para menores que SOm e 3 milhas para menores que 20m).

• Luzes de bordo - visíveis por um ângulo de 112,5° a partir da proa em direção a seu bordo

- alcance de 3 milhas (2 milhas para menores que SOm).

• Luz de alcançado - visível a partir de 135° a partir da popa, por ambos os bordos - alcance

de 3 milhas (2 milhas para menores que SOm).

Observe o desenho paramelhormemorizar estas luzes.Verifique que, ànoite, avistandoumaluzverde e

outra branca mais alta, sabe-se que você está vendo o boreste de uma embarcação menor que 50 metros e

sabe, portanto, em que direção ela está indo. As luzes verde e vermelha instaladas nos bordos (boreste e

bombordo), quando acesas, indicam que a embarcação estáem movimento. Devem ser apagadas tão logo a

embarcação párade se movimentar.

As luzes de mastro, luzes de bordos e de alcançado são setorizadas, ou seja, estratégicamente

distribuidas pelo barco para melhor indicar o movimento da embarcação, à noite.

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1350

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DO MASTRO

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LUZ DE

BOMBORDO

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BORESTE

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VISIBILIDADE

DA LUZ DE

BOMBORDO

SETOR DE VISIBILIDADE

DA LUZ DE MASTRO

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Page 121: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

As luzes citadas anteriormente são aquelas que uma embarcação exibe em situação normal, quando

está navegando. Quando atracada, não necessita usar luzes de navegação.

Além destas luzes, as embarcações possuem nos mastros outras luzes que poderão ser acesas em

certas situações. Vejamos:

• reboque inferior a 200m - luzes de bordo no rebocado e duas luzes brancas a mais no

rebocador, no tope do mastro, no sentido vertical

• reboque superior a 200m -luzes de bordo no rebocado e tres luzes brancas a mais no

rebocador, no tope do mastro, no sentido vertical

• embarcação sem governo - 2 luzes vermelhas no mastro, sentido vertical (se estiver em

movimento, exibe também luzes normais de navegação);

• embarcação com capacidade de manobra restrita pelo seu calado - 3 luzes vermelhas no

mastro, sentido vertical

• embarcação fundeada- uma luz branca em cada extremidade de proa e popa para maior de

50m ou somente uma luz branca no mastro para menores de 50m, onde melhor possa ser

vista.

• embarcação encalhada- usa-se as luzes de embarcação fundeada mais duas luzes vermelhas

no mastro, sentido vertical.

• Embarcação conduzindo carga perigosa- uma luz vermelha no alto do mastro durante a

noite (ou a bandeira Bravo durante o dia).

• Luz intemitente amarela - embarcação tipo hovercraft (colchão de ar)

• Embarcação em varredura de minas - 3 luzes circulares verdes, formando um triângulo.

As luzes devem ser acionadas à noite (do por ao nascer do sol) e também quando navegando em

baixa visibilidade (neblina, mautempo, etc).

Estão dispensadas do uso de luzes e marcas apenas as embarcações atracadas e as menores de 5

metros de comprimento (miúdas), sem propulsão mecânica, quando fundeadas, fora de canais, vias de

acesso e fundeadouros.

MARCAS

Vimos anteriormente que à noite as embarcações definem suas situações através de luzes de

navegação. Durante o dia as situações são definidas através de Marcas. As marcas são sinais em forma

de balões (esferas), cilindro ou cones, de cor preta, que quando içados nos mastros ou em outro local

visível, indicam, durante o dia, algumas situações, conforme abaixo:

• um balão - embarcação fundeada

• dois balões - embarcação sem governo

• três balões - embarcação encalhada

• um balão sobre dois cones e outro balão no sentido vertical- embarcação com capacidade

de manobra restrita

• um cilindro preto - embarcação com capacidade de manobra restrita devido seu calado

Page 122: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

• dois cones unidos pela base - embarcação rebocando.

• um cone com vértice para baixo - embarcação à vela, usando seu motor.

I EmbarcaçãoRebocando

Dois cones pretos

unidos na base

Embarcação com

capacidade de

manobra restrita

devido ao seu calado

Um cilindro preto

ULTRAPASSAGENS

I Embarcação semGoverno

Duas esferas

pratas vertical

I EmbarcaçãoEncalhada

Três esferas pretas

na vertical

I Embarcação com

capacidade de

manobra restrita

Uma esfera preta sobre

dois cones pretos unidos

pela base e outra esfera

preta abaixo destes cones,

na vertical

I EmbarcaçãoFundeada

Uma esfera preta

Por onde devo ultrapassar? Por boreste ou por bombordo?

Por qualquer bordo, desde que haja águas seguras pelo bordo desejado e desde que você indique,

por apitos, por qual bordo vai fazer a ultrapassagem.

Lembre-se, no entanto, que numa ultrapassagem toda a manobra deve ser feita pela embarcação

de maior velocidade (ultrapassador). Aembarcação mais lenta, ou seja, aquela que vai ser ultrapassada,

não deve fazer absolutamente nada. Deve manter seu rumo e velocidade constante enquanto está sendo

ultrapassada. Não diminua ou aumente sua velocidade enquanto está sendo ultrapassado e também não

altere seu rumo.

Os apitos para ultrapassagem são os seguintes:

• 2 apitos longos e 1 curto - vou ultrapassá-lo pelo seu boreste

Page 123: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

• 2 apitos longos e 2 curtos - vou ultrapassá-lo pelo seu bombordo.

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#"-----------/

C]�-//{[ D�

Ultrapassagem por BEUltrapassagem por BB

REGRAS DE MANOBRAS EM RIOS E CANAIS

Nos rios e canais, deve-se navegar próximos à margem que estiver por nosso boreste. Quando

avistarmos outra embarcação em sentido contrário, devemos passar sempre bombordo com bombordo.

Normalmente, uma embarcação que desce um rio vem pelo meio do rio aproveitando a correnteza.

Assim, quem sobe o rio deve navegar próximo a margem mais próxima de seu boreste. Se acontecer o

caso de roda a roda, manobra-se ambos para boreste, de forma franca, conformejá mencionado. Mas

num rio ou canal restrito, dê a preferência para a embarcação de maiorporte, mesmo que ela não manobre,

pois isto nem sempre é possível para a grande embarcação.

Em águas restritas, como rios e canais, mantenha sempre umaVELOCIDADEDE SEGURANÇA,

que é na realidade uma velocidade que possibilita uma ação apropriada e rápida, capaz de evitar uma

colisão e parar a embarcação a uma distância segura. Com seu bom senso, determine qual será esta

Velocidade de Segurança nas áreas restritas em que for navegar. Certamente não será uma velocidade

obtida com a máxima potência dos motores!

Num canal ou rio, quando passamos porum povoado com trapiches e barcos na água, reduzimos

a velocidade. Amarola produzida por nossa embarcação pode causar danos a outros.

À noite, numa curva acentuada de rio ou canal, nos orientamos pelas luzes de navegação, mas

convém utilizarumholofote

para iluminar a curva.

Quando navegando

num rio ou canal marítimo

com muitas curvas, sem �

balizamento e que você não

conhece, atente para o

talvegue do rio ou canal, que

vem a ser a parte mais

profunda do local e

conseqüentemente é por

onde também a corrente do

rio é mais forte. Como regra

básica considere o seguinte:

num rio ou canal com

muitas curvas, não se�, ....corta caminho. Acompanhe

o talvegue do rio ou canal,Quando navegando em canais, deve-se

reduzir a velocidade para evitar grandes marolas

Page 124: Aprendendo a Navegar

M A NUA L U t N A V E li A ç A O C O S T E I R A : Sebastião Fernandes.

mesmo que este não seja o caminho mais curto (e normalmente não é). Caso você opte por cortar

caminho nas curvas, certamente você vai encalhar sua embarcação.

Obse�equeopercuno

correto épela parte

maisprofunda, sem

cortar caminho

SINAISSONOROSEDEMANOBRAS

Os sinais sonoros são efetuados por apito ou buzina e destinam-se a indicar nossa situação, nossa

intenção de manobras, advertências e baixa visibilidade. Para isto, na navegação usamos apito, buzina ou

sino.

Os apitos podem ser curtos ou longos. Os apitos longos têm duração aproximada de 4 a 6 segundos

e os apitos curtos tem duração de um segundo. Se tiver dúvidas sobre os apitos ouvidos, dê 5 apitos

curtos ou mais. Na falta de apito podemos usar buzina ou sino.

Vejamos os significados dos apitos:

• 1 apito curto - estou guinando para boreste

• 2 apitos curtos - estou guinando para bombordo

• 3 apitos curtos - estou manobrando para ré (máquinas atrás)

• 5 apitos curtos ou mais - não entendi (não concordo) sua intenção, repita.

Quando em curvas muito acentuadas de rios ou canais, deve-se dar I apito longo, que deverá ser

respondido por outro apito longo por qualquer embarcação que o tenha ouvido. Portanto, dê um apito

longo sempre que ouvir outro apito longo, a não ser que você esteja atracado.

SINAIS SONOROSEMBAIXAVISmILIDADE

Nota do autor

Para você entender como se navega numa situação de baixa visibilidade (grande neblina,

por exemplo), imagine-se na seguinte situação: você estáfazendo uma travessia segura, mar calmo,

e eis que de repente surge uma área de grande nevoeiro, sua visibilidade se resume a alguns metros

à frente da proa de seu barco. E agora? O que farei? Como evitar as prováveis colisões e

abalroamentos? Se você tem radar a bordo, tudoficará mais simples. Mas se você não tem radar,

Page 125: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

você está literalmente "no mato sem cachorro", ou melhor, você está" no mar sem radar". Calma,

vamos aprender a navegar em baixa visibilidade. Prepare o apito de seu barco e também seus

ouvidos. A partir de agora você reduzirá sua velocidade e vaifazer sons e ouvir sons. Nós, humanos,

temos o dom de dizer a direção de onde veio um som que acabamos de ouvir e também sabemos

dizer se este som, no decorrer do tempo, está se aproximando ou se afastando de nosso barco. Pois

é exatamente isto que vamosfazer em baixa visibilidade: ouvir sons e fazer sons com o apito de

nosso barco, para indicarmos nossa situação e avaliar se outra embarcação está nas imediações.

Alguns sinais sonoros devem ser executados quando se navega em baixa visibilidade diurna ou

noturna, causada por nevoeiro, neblina, chuva, fumaça, etc, que servem para alertar outras embarcações

de nossa presença, além de acender as luzes de navegação. Vejamos quais são:

• 1 apito longo de 2 em 2 minutos - embarcação a motor em movimento

• 2 apitos longos de 2 em 2 minutos - embarcações paradas, não atracadas.

• 1 apito longo e 2 apitos curtos - embarcações sem governo, capacidade de manobra restrita,

à vela, pescando, rebocando ou empurrando

• 1 apito curto, 1 longo e 1 curto - embarcação fundeada quando outra se aproxima. Com

mais de 100m de comprimento deve também soar o sino à vante e o gongo à ré.

SINAIS DE PERIGO

Quando uma embarcação está em perigo e precisa indicar este fato à outras embarcações,

pode usar os seguintes sinais de perigo: tiro de canhão, toque continuo de qualquer aparelho sonoro,

sinal SOS em código Morse (•••--- ••• ), emitir a palavra MAYDAY, por qualquer canal de voz,

foquete luminoso com luz encarnada (à noite), fumaça alaranjada (dia), etc ..

Nota doAutor

Agora que você viu as regras do RIPEAM, pode se considerar um marinheiro, conduza seu

barco certo de que você sabe o que estáfazendo. Vai ser muito difícil memorizar para sempre

estas regras. Não se envergonhe de levar este livro para bordo e consultá-lo numa situação de

necessidade. Este livro também tem estafinalidade.

Page 126: Aprendendo a Navegar

MANUAL DENAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 12••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

METEOROLOGIA

Nota do autor

Muitos amigos navegantes têm me perguntado sobre a razão de precisarem conhecer

meteorologiaparapoder navegar com umapequena lancha. A eles respondo: a meteorologia é de

fundamental importância na segurança da navegação. Se você, navegante amador, não souber

pelo menos interpretar um barómetro, então convém guardar seu barco e ficar em casa. Esta

ciência permitirá que você se antecipe e aprenda a evitar um grande problema futuro, causado

pelas intempéries do tempo. Um navegante que não sabe nada de meteorologia é como um dentista

que nunca viu um boticão...

Meteorologia é o estudo do estado da atmosfera e de seus fenômenos. Seu principal objetivo é o

de estabelecer o tempo, isto é, o conjunto de fatores meteorológicos, tais como: a pressão atmosférica, o

vento, a temperatura, a precipitação e a umidade relativa do ar.

O ar atmosférico é composto de 78% de nitrogênio, 20,95% de oxigênio e o restante de outros

gases, mas possui também vapor d'água e impurezas. Apesar de estar contido em menor número, as

impurezas e o vapor d'águatêm muita importância para a meteorologia.

A atmosfera em redor da terra é dividida em camadas. São elas:

- Troposfera

- Estratosfera

-Mesosfera

- Termosfera

É a troposfera que nos interessa, pois nela ocorre a maioria dos fenômenos meteorológicos em

decorrência da alta concentração de vapor d'água, impurezas e grande variação de temperatura. Afaixa

que separa a troposfera da estratosfera é conhecida como tropopausa.

Page 127: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

AQUECIMENTOERESFRIAMENTO

DATERRAEDAATMOSFERA

o sol foi e continua sendo o grande criador e influenciador dos fenômenos meteorológicos sobre a

face da terra. Seus raios incidindo sobre a terra de forma direta sobre a região da linha do Equador ou de

forma bem fraca sobre os pólos, cria e recria toda a vida, diariamente.

Assim, vamos conhecer a forma como o sol aquece a terra e a atmosfera em redor dela.

AQUECIMENTOERESFRIAMENTODATERRA

l-RADIAÇÃO

Radiação solar - é o processo pelo qual a energia solar é propagada através do espaço, em

decorrência das variações em seus campos elétrico e magnético. A energia irradiada pelo sol é a maior

responsável pela formação dos fenômenos meteorológicos.

Da quantidade total de energia radiante que alcança a atmosfera terrestre, uma grande parcela é

refletida sob a forma de ondas curtas do sol para o espaço e com a outra parcela dá-se o seguinte:

a) uma parte da energia irradiada é absorvida diretamente pela atmosfera

b) a outra parte da energia irradiada passa pela atmosfera e é absorvida pela superfície terrestre,

aumentando a temperatura na terra, que reflete uma certa quantidade, da qual uma porção é novamente

absorvidapela atmosfera e encaminha-se para o espaço. No fmal da tarde, a energia acumulada pela terra

atingirá suamáxima diária, tendo-se em conseqüênciaumamaior quantidade de energia refletida por ela.

Se nessa ocasião o céu estiver encoberto por nuvens, uma parte dessa energia refletida será absorvida

pela atmosfera e a outra retomaráà terra ao invés de seguir para o espaço. Esta é a causa de serem as

noites de céu encoberto mais quentes do que as noites de céu limpo.

2-CONVECÇÃO

É o movimento vertical do ar atmosférico, tendo como conseqüência imediata a transferência de

suas principais propriedades, isto é, uma distribuição de temperatura e umidade entre"os diversos níveis

de altitude. A convecção pela radiação solar é provocada pelo maior aquecimento do ar próximo à

superficie da terra do que o ar em níveis superiores e pelo aquecimento desigual de porções da superficie

terrestre.

Dois fatores devem ser considerados muito importantes no estudo dos fenômenos meteorológicos:

- a rotação diária da terra em tomo de seu eixo

- o movimento de translação anual da terra em tomo do sol.

O aquecimento e resfriamento diário resulta da rotação da terra em tomo de seu eixo. Conforme a

terra gira, o lado voltado para o sol é aquecido. Quando chega a noite, esta parte se resfria, geralmente

alcançando a temperatura mínimaumpouco antes do nascer do sol.

Page 128: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

AQUECIMENTODAATMOSFERA

Uma vez aquecida, a terra passa a ser uma grande irradiadora de calor. O ar, que era quase

transparente às irradiações de ondas curtas do sol, absorve quase que totalmente as irradiações de ondas

longas da terra, aquecendo-se gradativamente, de cima para baixo.

A transferência de calor da terra para a atmosfera se dá por quatro maneiras:

- Radiação - transferência de ondas eletromagnéticas da terra para a atmosfera;

- Condução - a camada de ar em contato com o solo conduz calor para as camadas superiores;

- Convecção - as camadas mais baixas de ar da atmosfera, quando aquecidas, tendem a subir,

conduzindo calor para as camadas superiores;

- Advecção - transferência de calor, de região para região, através dos ventos.

A cobertura de nuvens também afeta e dificulta a entrada de energia solar na terra, diminuindo o

seu aquecimento e o aquecimento da atmosfera. Tal fato explica porque nos dias encobertos o ar tende a

ser mais frio. Um outro fator que afeta o aquecimento da atmosfera e da terra é a natureza do solo, pois

dependendo do tipo de solo a terra manterá ou perderá aquecimento.

ELEMENTOSMETEOROLÓGICOS

Para efeito de meteorologia, os fenômenos a serem estudados são os seguintes:

a) Pressão Atmosférica - é a

força exercida pelo peso da atmosfera

sobre uma área. Assim, a pressão a uma

altitude especificada é o peso, por unidade

de área, da atmosfera acima dessa altitude.

Assim, quanto mais alto você se encontra,

menor será a pressão. Ela é medida em

milibares, por um aparelho chamado de

barômetro, podendo ser barômetro de

mercúrio ou barômetro de aneróide (mais

recomendado). Diz-se que a pressão ao

nível do mar é de 1.013,25 milibares e que Barómetro aneróide Termómetro de máxima e mínima

umapressão normal é de 1.015 milibares.

No estudo e observação da pressão atmosférica usa-se tambémum altímetro, que fornecerá a altitude. As

linhas que unem pontos da terra com igual pressão atmosférica num mesmo instante são chamadas de

isóbaras. Observando-se apenas o barômetro, você pode ter umaprevisão do tempo. Veja tabela no final

deste capítulo.

b) Temperatura - medir a temperatura é de grande importância para a meteorologia. É feita

poruminstrumento chamado de termômetro, graduados emgraus centígrados (Celsius) ou graus Fahrenheit.

Ambos usam o ponto de congelamento (O°C) e ponto de ebulição (100° C ou 212°F) como referências.

Para transformar graus C em F use a seguinte fórmula:

C

5

(F-32)

9

Page 129: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Além do termômetro, podemos também usar o termógrafo, que registraráemum gráfico atendência

da temperatura num determinado ambiente e durante um certo tempo.Atemperatura da águatambém é

estudada na meteorologia e para tal existe também um termômetro específico, chamado de termômetro

para água do mar.

A temperatura, assim como a pressão atmosférica, decresce à medida que nos elevamos na

troposfera. Como o sol é o principal causador do aumento da temperatura, quanto mais nos afastamos da

linha do Equador, menor será atemperatura, pois a incidência dos raios solares sobre a superficie da terra

é menor nos pólos e maior no Equador. À noite, com a ausência dos raios solares, decresce também a

temperatura. mas tal fato não ocorre com a temperatura da água do mar. Assim como a pressão, a

temperatura do ar varia continuamente em um determinado local no decorrer do tempo e a temperatura

padrão do ar foi convencionada em 15°C ou 59°F. A temperatura da superfície do mar tem muita

importância, pois influencia de forma intensa o resfriamento do ar.

Observando o termômetro,juntamente com a observação do barômetro, pode-se também ter uma

idéia do tempo que vem por aí. Consulte tabela no final deste capítulo.

c) Umidade - é um termo geral que descreve conteúdo de vapor d'água existente no ar

atmosférico. O aquecimento ou resfriamento da água causa sua mudança deum para outro estado: sólido,

líquido e gasoso. O vapor d'água da atmosfera é proveniente da evaporação das superficies líquidas da

terra, como oceanos, rios, lagos, etc e a umidade, assim como a pressão e temperatura, também decresce

com o aumento da altitude. Acapacidade do ar atmosférico de conter umidade é diretamente proporcional

à sua temperatura. Quanto maior a temperatura do ar, maior a quantidade de vapor d'água que poderá

conter. É por este motivo que você está sempre suando nas regiões tropicais. Aumidade do ar pode ser

medida por instrumentos chamados de higrômetros ou psicrômetros e fornecida em porcentagem. Um

termo muito usado no estudo da umidade é o ponto de orvalho, que vem a ser uma parcela de ar com

pressão e conteúdo de vapor d'água constantes, por isso toma-se saturada quando resfria. Ar saturado é

aquele ar que contém a quantidade máxima de vapor d' água.

Temperatura do ponto de orvalho é umvalor de temperatura correspondente ao ponto de saturação,

ou seja, é a temperatura mínima na qual o ar atmosférico mantém-se saturado.

A umidade relativa do ar varia de modo inversamente proporcional à variação de temperatura.

Quanto maior a temperatura, menor será a umidade relativa do ar.

d) Vento - é o movimento horizontal do ar,

resultante de diferentes pressões atmosféricas em áreas

adjacentes. Quando uma região da superfície terrestre é

aquecidapelo sol, a irradiação de calor provoca o aquecimento

do ar, que menos denso e mais leve sobe para as camadas

superiores, formando umaregião de baixapressão atmosférica,

afluindo para lá o ar das áreas vizinhas, mais frias, onde a

pressão é mais elevada. Pode-se dizer que os ventos sopram

das áreas de alta pressão para as áreas de baixa pressão. A

direção do vento é direção de onde ele vem e não a direção

para onde ele vai. Aforça do vento é função da diferença de

pressão entre dois lugares e da distância entre eles. A

intensidade do vento é medido em nós (milhas náuticas por

hora) porum equipamento chamado de anemômetro. 1 nó é

igual a 1.852m. O instrumento utilizado para medir a direção

do vento é o anemoscópio. A direção das ondas e vagas é a

mesma direção do vento verdadeiro.

Anemômetro moderno, com dados

digitais. Permite a inserção do rumo e

velocidade do barco, fornecendo

assim a direção e intensidade real do

vento. Os anemômetros que forneciam

a força e direção aparente do vento

estão caindo em desuso.

Page 130: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Só o vento altera o estado do mar (excepcionalmente também os maremotos, que podem causar as

chamadas ondas gigantes ou tsunamis). Para medir o vento e avaliar o estado do mar, foi criado uma

tabela chamada de Escala Beaufort. Veja um extrato desta Escala a seguir:

Força do Designação Nós Km/h

Vento/Estado do Mar

O Calmaria Oa1 Oa1

1 Bafa!:lem 2a3 2a6

2 Ara!:lem 4a6 7 a 12

3 Vento Fraco 7 a 10 13 a 18

4 Vento moderado 11 a 16 19 a 26

5 Vento Fresco 17 a 21 27 a 35

6 Vento muito fresco 22a27 36 a44

7 Vento forte 28 a 33 45 a 54

8 Vento muito forte 34 a40 55a65

9 Vento duro 41 a 47 66 a 77

10 Vento muito duro 48a55 78 a 90

11 Vento tempestuoso 56a65 91 a 104

12 furacão + de 65 + de 104

Os ventos sopram de um centro de alta pressão para um centro de baixa pressão, não de forma

direta, mas de forma curva (força de Coriolis), em virtude do movimento de rotação da terra. No hemisfério

norte são desviados para a direita e no hemisfério sul para a esquerda (efeito de Coriolis). Assim, no

hemisfério sul os ventos giram em sentido horário em redor dos centros de baixa pressão e no sentido

anti-horário no hemisfério norte.

Disto resultou a lei de Buys-Ballot ou lei básica dos ventos, que pode ser assim enunciada:

voltando-se para a direção de onde sopra o vento verdadeiro, a baixa barométrica fica à sua direita no

hemisfério norte e à esquerda no hemisfério sul, cerca de 110° da direção de onde sopra o vento.

Ciclone são os ventos que giram em redor de um centro de baixa pressão e são acompanhados de

mau tempo e até tempestades violentas.

Anticiclone são os ventos que giram em redor de um centro de alta pressão e estão ligados a bom

tempo.

Entre os ventos mais comuns e periódicos sobre a face da terra existem aqueles chamados de

alíseos, (soprando nas regiões entre alinhado Equador e os paralelos 300S e 300N em toda terra) e as

monções, principalmente sobre o oceano Indico e Mar da China.

Os ventos locais são chamados de brisas e terra!, causados por aquecimento e resfriamento alternado

e desigual de massas terrestres e áreas marítimas. O aquecimento do ar pelo sol a partir das 09:00 h da

manhã toma a terra mais quente que o mar e faz o ar mais frio do oceano movimentar-se para a terra

criando a brisa marítima ou viração. Durante a noite ocorre movimento inverso, ou seja, o ar sobre o

continente se resfria mais rápido que o oceano, causando um fluxo de ar daterra para o oceano chamado

de terral ou brisa terrestre, que sopra à noite e pára ao nascer do sol. Tal fato é chamado de terra! ou brisa

terrestre.

e) Visibilidade- visibilidade, para a meteorologia, é a maior distânciaem que um objeto pode

ser visto e reconhecido e pode ser afetada pelas precipitações, névoa, nevoeiro, borrifos, espuma do mar,

poeira e sal. É avaliadaemkme não pode ser medidacom precisão..O principal causador damávisibilidade

é o nevoeiro e por isto precisamos conhecê-lo melhor. Forma-se nevoeiro sempre que o ar superficial é

levado à condição além da saturação, para que se condense uma quantidade de vapor d'água suficiente

para afetar a visibilidade. O ar úmido da superficie produz nevoeiro quando se resfria ou há aumento da

Page 131: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

evaporação, ou seja, o nevoeiro é umanuvem que toca a superficie. Existem vários tipos de nevoeiros.

Vejamos:

1 - nevoeiro de resfriamento: ocorre devido ao resfriamento do ar à superficie, pelo oceano ou

pelo terreno em redor e podem ser assim subdivididos:

- nevoeiro de radiação - por contato do ar com o solo resfriado durante a noite;

- nevoeiro de advecção - por contato do ar quente e úmido com uma superficie mais fria,

sobre a qual ele se desloca;

- nevoeiro orográfico - por ascensão adiabática do ar que se desloca, subindo porum terreno

elevado.

Nevoeiro e nuvem têm a mesma formação. O que os difere é que o nevoeiro forma-se junto à

superficie.

2 - Nevoeiros de evaporação - ocorrem devido ao aumento da evaporação, que tende a elevar

a umidade relativa, provocar a saturação do ar à superficie e a condensação do vapor d'água. Se

subdividem em:

- nevoeiro frontal- evaporação de uma chuva quente emum ar mais frio;

- nevoeiro de vapor- evaporação de um mar mais quente em mar mais frio.

Um outro fator que afeta a visibilidade é a névoa seca, que pode ser conceituada como uma

concentração no ar atmosférico de minúsculas partículas secas, de poeira ou de sal.

f) Precipitação - é a descida de umaparcela do ar sob a forma líquida e/ou sólida para níveis

inferiores, podendo ser em forma de chuva, chuvisco, garoa, neve, granizo, saraiva ou umamistura delas

e nem toda precipitação atinge a superfície terrestre. Aprecipitação ocorre quando o tamanho e o peso

das gotas de água, das partículas e cristais de gelo, flocos de neve, são suficientes para romperem o

equilíbrio entre a força da gravidade e as correntes de ar ascendentes.

g) Nuvens -As nuvens consistem de água em seus estados visíveis, sendo constituídas de

gotículas de água, cristais de gelo ou misturas de ambos, suspensas no ar acimada superficie da terra. Elas

resultam da condensação e/ou congelamento do vapor d'água existente no ar atmosférico provocado

pela sua subida e se formam quando o ar saturado é resfriado. As nuvens são classificadas de acordo com

sua altura, conforme veremos a seguir:

- Nuvens altas: cirrocumulus, cirrostratus e cirrus;

- Nuvens médias: altostratus e altocumulus;

- Nuvens baixas: stratus (formadas em regiões com ar estável), stratocumulus, cumulus,

nimbustratus, cumulus congestus e cumulonimbus (formadas em virtude de uma área com ar

instável).

As nuvens também podem ser classificadas quanto a sua forma:

- Estratiformes - camadas uniformes ou extensos lençóis, cobrindo grandes áreas sem muita

Page 132: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

altura;

- Cwnuliformes-possuem natureza volwnosa com bastante desenvolvimento vertical e estão

relacionadas a situações de instabilidade. Quando vistas nwna imagem por satélite, têmwn

aspecto cor branca intensa.

10.000 .

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FENÔMENOSMETEOROLÓGICOS

1 - Ciclones eAnticiclones - São sistemas de baixas (anticiclone) e altas pressões (ciclone). Um

ciclone é wna depressão barométrica, delimitada porwna série de isóbaras (linhas de igual pressão) ovais

que envolvem wna área de pressões baixas.

2 - Depressões extra tropicais - são depressões ou ciclones que se formam fora das regiões

tropicais.

3 - Massa de Ar- Massa de ar é wna grande quantidade de ar na troposfera com mesmas

características de temperatura e wnidade.

4 - Frente - é a linha na superficie terrestre que separa duas massas de ar. As frentes podem ser:

- Frias - quando a massa de ar que avança é mais fria do que aquela que se encontra em

Page 133: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

determinada região. Caracteriza-se por brusca queda de temperatura, desvio da direção do

vento e aparecimento de ventos de rajadas.

- Quentes - ocorre quando há substituição do ar frio pelo ar quente à superfície. Caracteriza­

se por desvio do vento, aumento de temperatura, melhoria da visabilidade e dissipação das

nuvens.

- üclusas - é formada quando uma frente fria alcança uma frente quente e uma das duas

frentes deixa de ter contato com o solo e se eleva sobre a superfície.

- Estacionárias - ocorre quando não se observa deslocamento da frente, que se mantém fixa,

não havendo assim substituição do ar na superfície terrestre.

5 - Tempestades e trovoadas - quando o ar se eleva, se expande e se resfria. Ao atingir

determinado nível, o ar seco pára de subir, porjá estar suficientemente frio e só continuaria a subir

se houvesse uma fonte de energia para aquecê-lo em tão grande altitude. Esta fonte de energia é o

calor armazenado no vapor d'água existente no ar, que dará origem às nuvens do tipo cumulusninbus

e conseqüentemente às trovoadas ou tempestades rápidas e passageiras.

Associadas às trovoadas podem também ocorrer os seguintes fenômenos meteorológicos:

- Relâmpagos (raios) - faísca luminosa das descargas elétricas do ar atmosférico.

- Ventos - rápidos e fortes, associados aos cumulusnimbus das trovoadas. Param quando cessa a

chuva que acompanha a trovoada.

- Precipitação - normalmente aguaceiros de chuva, granizo (grãos de água congelada, redondos ou

côncavos) ou saraiva (gelo vidrado em formato oval).

- Redução da visibilidade, alteração momentânea no estado do mar, trombas d'água ou tomados

(nuvem afunilada que quando toca a superfície capta a água violentamente) e turbulência no ar.

PREVISÃODOTEMPO

Todo navegante tem por norma consultar aprevisão do tempo antes de se fazer ao mar. Geralmente

desconhece que as previsões disponíveis para o público têm como prioridade a área terrestre, sem dar

muita importância à área marítima. Mas agora você verá que existe umaprevisão exclusiva para o mar e

também verá que é possível prever o tempo apenas com alguns instrumentos e observações. Mas atenção:

apesar de toda tecnologia disponível, a previsão do tempo ainda continua sendo uma previsão, ou seja,

prevendo uma situação que poderá vir a ocorrer ou não. Se toda previsão se confirmasse, não seriauma

Previsão do tempo, mas uma Certidão do tempo.

Prever o tempo nas próximas horas ou nos próximos dias sempre foi um sonho antigo do homem e

principalmente do navegante. É perfeitamente possível avaliar, com quase total precisão, qual vai ser o

tempo nas próximas horas ou nos próximos dias tendo-se apenas dois instrumentos (barômetro e

termômetro) ou pela simples observações de fenômenos à nossa volta.

Page 134: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Consulte as tabelas a seguir:

PREVISÃO DOTEMPO PELAANÁLISE

DO BARÔMETRO E TERMÔMETRO

Barômetro Termômetro Tempo Provável

Subindo Tempo quente e seco

Subindo Estacionário Tempo bom

Baixando Ventos do lado do pólo elevado

Subindo Mudança para bom tempo

Estacionário Estacionário Tempo incerto

Baixando Chuva provável

Subindo Tempo incerto

Baixando Estacionário Chuva provável

Baixando Chuva abundante

OUTRAS REGRAS PRÁTICAS PARA

PREVISÃODO TEMPO

o TEMPO BOM GERALMENTE PERMANECE OUANDO:

- O nevoeiro de verão dissipa-se antes do meio dia

- as bases das nuvens ao longo das montanhas aumentam em altura

- as nuvens tendem a diminuir em número

- o barômetro está constante ou subindo lentamente

- o sol poente parece uma bola de fogo e o céu está claro e avermelhado no ocaso

- há forte orvalho ou geada à noite

O TEMPO GERALMENTE MUDA PARA PIOR QUANDO:

- Nuvens cirrus transformam-se em cirrostratus, abaixam-se e tomam-se mais espessas, criando uma

aparência de céu pedrento

- nuvens Que se movem rapidamente aumentam em número e abaixam-se em altura

- nuvens movem-se em diferentes direções, desencontrando-se no céu, em diferentes alturas

- altocumulus ou altostratus escurecem o céu e o horizonte a oeste e o barômetro cai rapidamente (as

nuvens médias aparecem no horizonte, a oeste)

- o vento sopra forte de manhã cedo

- o barômetro cai rápido e continuadamente

- ocorre um aguaceiro durante a noite

- o céu fica avermelhado ao nascer do sol

- uma frente fria, Quente ou oc1usa se aproxima

- o vento N ou NE passa a soprar do S ou SE

- a temperatura está anormal para a época do ano.

O TEMPO RUIM VAI MELHORAR QUANDO:

- as bases das nuvens aumentam em altura

- um céu encoberto mostra sinais de clarear

- o vento ronda de S ou SW para NE ou N

- o barômetro sobe rapidamente

- de 3 a 6 horas depois da passagem de uma frente fria.

Outras dicas:

- Céu uniforme encoberto - chegada de calmaria

- Céu com azul muito escuro - chegada de ventos.

Page 135: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

OBSERVAÇÕES SOBREASINDICAÇÕES

DOBARÔMETRO

Estacionário nas horas de subida (04:00 às 10:00 Tempestade distante ou de pouca duração

e 16:00 às 22:00 h)

Estacionária nas horas de subida e descida Tempestade certa, porém distante ou de curta

duração

Baixando nas horas de subida Tempestade próxima e violenta

Baixando bruscamente Vento de pouca duração, tão mais violento

quanto maior e mais brusca for a baixa

Baixando rapidamente e de modo uniforme Mau tempo, probabilidade de ventos

contrariando a rondada normal, chuva provável

nas zonas temperadas.

Baixa acentuada com tempo chuvoso Ventos duros e de lonp;a duração

Baixando depois de uma alta Salto do vento - temporal do lado do Equador

Subindo com vento de leste Hemisfério sul - vento rondará para SE

Hemisfério Norte - vento rondará para nordeste

Baixando com vento de nordeste Hemisfério Norte - vento rondará para leste

Baixando com vento de sudeste Hemisfério sul - vento rondará para leste

COMOCONSULTARAPREVISÃODOTEMPO

EXCLUSIVAPARAOMAR

A Marinha, através de sua Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) possui um excelente

serviço de previsão do tempo, fornecido de várias formas. Para navegantes amadores, que projetam seus

passeios e suas viagens a partir de umamarina ou Iate Clube, a melhor forma de consultar esta previsão

é pela Internet, através do site www.dhn.mar.mil.br/serviçoslprevisãodotempo/meteoromarinha.

Esta previsão é atualizada a cada 6 horas e dá prioridade para a área marítima. Possui o nome

técnico de Boletim de Meteoromarinha, onde inclusive o navegante pode consultar a Carta Sinótica,

que trata-se de um mapa da América e Atlântico Sul com todas as isóbaras de pressão atmosférica,

direção e força dos ventos, centros de baixa e alta pressão, localização das frentes, etc. É feita a partir de

observações efetuadas por centenas de estações meteorológicas e com a colaboração de navegantes que

estão em alto mar.

Page 136: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

PREVISÃODOTEMPO FORNECIDAPELAMARINHA

• CARTA SINÓTICA

Analise cuidadosamente o mapa abaixo. Ele é conhecido como Carta Sinótica.

SEA LEVEL PRESSURE CHART CARTA DE PRESSÁO AO NíVEL DO MARReferêncla/Re'erence: 11o.000ZlM.AlJOS Prognõatlco/Prognosla:

0gO�W 080" ()70"� 060° oSO" 040" 030" 020. 010" Wf •. ,.[�_-kL_' ,.1 , .. , . '-!()�:-1ZlIo.. _ .. J.t;' 't. j<:iJô" I

!rl4ffi� ..� ; : : \ �' :1� ._._.:-��.�,)---._•.... ' .....•.. I •..••.... ,.'n... ""'.

' • � , ti• • . I

I I I,

.. ;.�º

030"

Carta sinótica das 21:00 h do dia 10/05/05

(00:00 h HMG do dia 11/05/2005)

Page 137: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Nela estão contidos os seguintes dados: centros de alta pressão (letra A), centros de baixa pressão

(letra B), indicações de frentes frias (em azul) ou frentes quentes (em vermelho), linhas de igual pressão

atmosféricas (isobáricas), força e direção dos ventos, etc. É atualizada a cada 6 horas.Apressão atmosférica

de cada linha isobárica está indicada nas extremidades das mesmas linhas.

Observe que ao longo do litoral brasileiro o mar foi dividido em áreas para efeito de previsão do

tempo (A, B, C, D, E, F, etc). Estas áreas são assim delimitadas:

• ÁreaALFA- do Arroio Chuí ao Cabo de Santa Marta

• Área BRAVO - do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (mar aberto)

• Área CHARLIE - do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (área costeira)

• Área DELTA- do Cabo Frio a Caravelas

• Área ECHO - de Caravelas a Salvador

• Área FOXTROT- de Salvador a Natal

• Área GOLF - de Natal a São Luiz

• Área HOTEL - de São Luiz ao Cabo Orange

METEOROMARINHA

Vejamos então um exemplo de um Boletim de Meteoromarinha, exatamente como é fornecido.

Observe que todos os horários do Meteoromarinha são fornecidos na hora Média de Greenwich (HMG),

apressão em milibares, as ondas em metros e o vento na escala Beaufort vista anteriormente.Aexpressão

ZCIT que aparece na previsão refere-se a Zona de Convergência Intertropical, existente nas

proximidades da linha do Equador.

Os dias e horários aparecem da seguinte forma:

121200 - significa que é dia 12, às 12:00 h (HMG- diminuir três horas

horário brasileiro ou diminuir duas horas por ocasião do horário de verão).

O Boletim de Meteoromarinha aparece dividido em três partes. Naprimeira parte é apresentada

umaprevisão de mau tempo e deve ser motivo de muita preocupação por quem navega.Aparte dois traz

uma análise geral do tempo e a parte três traz a previsão para cada área.

para se obter o

As posições aparecem em coordenadas de latitude e longitude. Os graus de longitude sempre em

três algarismos. Exemplo:

37S024W- significa 37° de latitude sul e 24° de longitude oeste.

Outras abreviaturas:

E -leste N - norte W - oeste

S-sul SE - sudeste NW - noroeste

SW - sudoeste NE - nordeste SW - sudoeste

Vento NE/NW 3/4 - vento dos quadrantes nordeste e noroeste, força 3 ou 4 na escala Beaufort.

Page 138: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

Aseguir um Boletim de Meteoromarinha, referente às 00:00 h HMGdo dia 11 de maio de

2005, exatamente como é fornecido pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha.

METEOROMARINHAREFERENTE

ANÁLISE DE 0000 - llIMAII2005\

DATA E HORAREFERENCIADAAO MERIDIANO DE GREENWICH - HMGPRESSÃO EM HPA - VENTO NA

ESCALA BEAUFORT - ONDAS EM METROS

PARTE UM -AVISOS

AVISO NR 193/2005

AVISO DE VENTO FORTE - EMITIDO As 1300 HMG - TER- 10/MAI/2005

VENTO FORTElMUITO FORTE FORÇA7/8 NElNAFETANDO ÁREASUL OCEÂNICAAO SUL DE 30S ENTRE

040W E 030W E SElE FORÇA6/7 ENTRE 26S E 20S A LESTE DE 027WA PARTIR DE 11 0600. VÁLIDOATÉ

120600.

PARTE DOIS - ANÁLISE DO TEMPO EM 110000

ALTA 1034 37S024W. FRENTE FRIA SOBRE CABO DE SAN ANTONIO ESTENDENDO-SE PARA SE E

MOVENDO-SE COM 15 NÓS PARAE/NE. CAVADO EM 25S041W, 21S045W E 17S048W.

Z C I T 06N020W, 02N030W, 03N040W E 04N050W COM FAIXA DE 3/4 GRAUS DE LARGURA COM

PANCADAS DE CHUVA MODERADA/FORTE E TROVOADAS ISOLADAS EM TODA FAIXA.

PARTE TRÊS - PREVISÃO DO TEMPO VÁLIDA DE 111200 A 121200

ÁREAALFA (DO ARROIO CHuíAO CABO DE SANTA MARTA)

PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO NE/NW 415

OCASIONALMENTE 6 COM RAJADAS. ONDAS DE EINE 0.5/1.5 JUNTO A COSTA E 1.0/2.0 NO RESTANTE

DAÁREA. VISIB BOAREDUZINDO PARA MODERADA/RESTRITA DURANTEAS PANCADAS.

ÁREA BRAVO (DO CABO DE SANTA MARTAAO CABO FRIO - OCEÂNICA)

PANCADAS NO NORDESTE DAÁREAE NO FINAL DO PERloDO NO SUL DAÁREA. VENTO NE/NW 314.

ONDAS DE SElE 1.0/2.0. VISIB BOAOCASIONALMENTE MODERADA DURANTEAS PANCADAS.

ÁREACHARLlE (DO CABO DE SANTA MARTAAO CABO FRIO - COSTEIRA)

NÉVOA ÚMIDAJUNTO A COSTA PELA PELA MADRUGADA/MANHÃ. VENTO NElNWAO SUL DE 25S E

SElNE NO RESTANTE DAÁREA3/4 COM RAJADAS OCASIONAIS, OCASIONALMENTE 2 JUNTO ACOSTA.

ONDAS DE SElE 1.0/1.5. VISIB BOA OCASIONALMENTE MODERADA.

ÁREA DELTA (DO CABO FRIO A CARAVELAS)

PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO NE/NW 415

OCASIONALMENTE 6 COM RAJADAS NO SUDESTE DAÁREA E SElNE 3/4 COM RAJADAS OCASIONAIS

NO RESTANTE DAÁREA. ONDAS DE SElE 1.0/2.0. VISIB BOAOCASIONALMENTE MODERADA/RESTRITA

DURANTEAS PANCADAS.

ÁREAECHO (DE CARAVELASA SALVADOR)

PANCADAS. VENTO SElE 3/4 JUNTO A COSTA E 4/5 COM RAJADAS NO RESTANTE DAÁREA. ONDAS

DE SElE 1.0/2.0. VISIB BOAOCASIONALMENTE MODERADA DURANTEAS PANCADAS.

Page 139: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

ÁREA FOXTROT (DE SALVADORA NATAL)

PANCADAS JUNTO A COSTA E NO NORTE DA ÁREA. VENTO SE/E 4/5 COM RAJADAS DURANTE AS

PANCADAS. ONDAS DE SE/E 1.5/2.5 PASSANDO 1.0/2.0. VISIB BOA REDUZINDO PARA MODERADA

DURANTEAS PANCADAS.

ÁREA GÓLF (DE NATALA SÃO LUIS)

PANCADAS JUNTO A COSTA E NO NORTE DAÁREA. VENTO SE/NE 4/5 COM RAJADAS OCASIONAIS.

ONDAS DE SE/NE 1.0/2.0. VISIB BOA REDUZINDO PARAMODERADA DURANTEAS PANCADAS.

ÁREA HOTEL (DE SÃO LUIS AO CABO ORANGE)

PANCADAS. VENTO SE/NE 3/4 JUNTO A COSTA E 4/5 NO RESTANTE DA ÁREA COM RAJADAS

OCASIONAIS. ONDAS DE E/NE 0.5/1.0 JUNTO A COSTA E 1.0/2.0 NO RESTANTE DAÁREA. VISIB BOA

REDUZINDO PARAMODERADADURANTEAS PANCADAS.

ÁREA SUL OCEÂNICA

SULDE30S

OESTE DE 035W

PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO N/NW 4/5 A OESTE DE

040W E NE/N 7/8 PASSANDO N/NW 4/5 COM RAJADAS A LESTE DE 040W. ONDAS DE E/NE 3.0/3.5

PASSANDO 1.5/2.5 AO SUL DE 32S A OESTE DE 040W E SE/E 1.5/2.5 NO RESTANTE DA ÁREA. VISIB

BOAREDUZINDO PARAMODERADNRESTRITADURANTEAS PANCADAS.

LESTE DE 035W

VENTO NE/NW 5/6 COM RAJADASAOESTE DE 030W E SE/NE 4/5 COM RAJADAS NO RESTANTE DA

ÁREA. ONDAS DE SW/SE 2.0/3.0 PASSANDO 1.5/2.5 NO SUDESTE DA ÁREA. VISIB BOA.

NORTEDE30S

PANCADAS OCASIONALMENTE FORTE E TROVOADAS ISOLADAS NO OESTE DAÁREA E PANCADAS

ENTRE 25S E 20S. VENTO NE/N 5/6 COM RAJADAS NO SUDOESTE DA ÁREA, SE/E 6/7 ENTRE 26S E

20SALESTE DE 027W E SE/NE 4/5 NO RESTANTE DAÁREACOM RAJADAS OCASIONAIS. ONDAS DE

S/SE 2.0/3.0 AO SUL DE 20S A LESTE DE 030W E 1.5/2.5 NO RESTANTE DA ÁREA. VISIB BOA

OCASIONALMENTE MODERADNRESTRITADURANTEAS PANCADAS.

ÁREA NORTE OCEÂNICA

PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS PRÓXIMOAZCIT E PANCADASAO

NORTE DE 10S. VENTO SE/E 4/5 AO SUL DO EQUADOR E SE/NE 3/4 NO RESTANTE DA ÁREA COM

RAJADAS DURANTE AS PANCADAS. ONDAS DE SElE 1.5/2.5 AO SUL DO EQUADOR E SE/NE 1.0/1.5

NO RESTANTE DAÁREA. VISIB BOAREDUZINDO PARAMODERADNRESTRITAOURANTEAS PANCADAS.

ORLA MARíTIMA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

MEIO ENCOBERTO/QUASE ENCOBERTO COM PANCADAS ISOLADAS DE CHUVALEVElMODERADAA

TARDE PASSANDO LIMPO/POUCO NUBLADO NO EXTREMO LITORAL NORTE E LIMPO/POUCO

NUBLADO COM NÉVOAÚMIDAPELAMADRUGADNMANHÃ NO RESTANTE DO LITORAL. VENTO SElNE

2/4 COM PERioDOS DE CALMARIA E COM BRISA DE SE DURANTE TARDE NO LITORAL SUL E NElN 3/

4 NO LITORAL NORTE. ONDAS DE SE/E 1.0/1.5. VISIB BOA OCASIONALMENTE MODERADA.

TEMPERATURA ESTÁVEL.

Page 140: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

NAVEGANDOCOMMAUTEMPO

Há certas situações, bastante raras, em que mesmo a previsão do tempo e todo o cuidado com

seus equipamentos de meteorologia não lhe livrarão de um mau tempo súbito, com ventos fortes e ondas

também altas. Se você puder prever esta situação, não saia para o mar. Mas se for pego de surpresa,

prepare seu barco para o mau tempo, amarrando (peando) todo material solto a bordo (para evitar que

eles rolem), feche todas as vigias e demais possíveis entradas de água para os compartimentos e de

imediato tente alcançar um local abrigado. Obrigue imediatamente que todos a bordo vistam o colete e

não permita o uso do piloto automático. PrefIra deixar um tripulante sempre no timão.

Entende-se por local abrigado aquele em que o vento reinante no momento não atinge aquele local.

De nada adianta buscar um local protegido do vento sul se o vento é nordeste. Às vezes, é preferível

buscar um local realmente abrigado, porém mais distante.

Considere que todas as ondas são perigosas, sem exceção, mas as ondas de proa são certamente

as mais perigosas. O grande perigo não é a altura da onda mas o cavado, que vem a ser o "buraco" entre

elas, pois entre uma onda e outra seu barco vai mergulhar e quando as ondas estão com pouco intervalo

entre elas, a onda seguinte pode se arrebentar sobre seu barco, causando sérios danos e alagamentos.

Se possível, prefIra as ondas vindas pela popa. Se isto for possível, tente navegar na mesma

velocidade das ondas, evitando que sejam mais rápidas do que seu barco. Controle no comando dos

motores a velocidade do barco, para que ele navegue na mesma velocidade das ondas vindas pela popa.

Uma outra forma de enfrentar as ondas é navegando de forma cruzada, ou seja, cortando as ondas

e formando um ângulo de cerca de 45° entre seu rumo e o rumo das ondas. Chamamos esta situação de

"correr com o tempo".

Numa tempestade os navegantes mais inexperientes costumam �ntrar em pânico, pois a situação

realmente é mais amedrontadora do que perigosa. No entanto, faça ver a todos que uma embarcação

só afunda se nela entrar água. Enquanto não entrar água, ela não vai afundar. Assim, evite a

qualquer custo que dentro dela entre água e se entrar, trate de retira-la imediatamente. Todo barco que

afimdou numatempestade foi em conseqüência do peso excessivo causado pela água que entrou a bordo.

Ejamais pense em abandonar a embarcação, achando por intuição que ela vai afimdar. Lembre-se,

numa tempestade, que seu barco ainda é o lugar mais seguro para todos seus tripulantes e

passageiros. É preferível estar a bordo de um barco balançando do que boiando na água.

Page 141: Aprendendo a Navegar

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Page 142: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 13••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

- "NOÇOESDESOBRE�NC�

NO MAR

Quem deseja desfrutar dos prazeres da navegação de lazer não pode esquecer que tudo que flutua

também afunda, dependendo das circunstâncias. Alguns estaleiros fabricantes de embarcações apregoam

que alguns modelos por eles fabricados não afundam, o que, segundo a tisica, não é verdade. Tudo que

tem peso e massapode vir a afundar. Diz o Princípio deArquimedes que um corpo total ouparcialmente

mergulhado num líquido é submetido a ação de umaforça de intensidade igual aopeso do volume

do líquido deslocado pelo corpo, de direção vertical, do sentido de baixo para cima e aplicada no

centro do empuxo. No dia em que seu barco for mais pesado do que o volume de líquido deslocado, irá

parar no fundo do mar...

Nota do autor

Somente o Comandante da embarcação sinistradapode dar ordempara abandonar o barco.

Jamais abandone um barcopor achar, por seuspróprios critérios, que ele vai afundar. Se você não

é o Comandante, só abandone o barco quando o Comandante assim determinar. E se você é o

Comandante, só determine o abandono da embarcação quando realmente não houver mais nada a

serfeitopara mantê-laflutuando e o afundamento é iminente. E sendo você o Comandante, lembre­

se de que você é o último a abandonar a embarcação, preferindo, nestes casos, que saiamprimeiro

as crianças, os idosos, as mulheres efinalmente os homens. Todos, obviamente, portando coletes

salva-vidas.

SOBREVIVÊNCIA no NÁUFRAGO

COMOABANDONARUMAEMBARCAÇÃO SINISTRADA

Como Comandante de seu barco, antes de deteminar que se abandone a embarcação que está

com risco de naufrágio, considere que o risco de naufrágio pode ser assim determinado:

- afundamento iminente - quando o afundamento ou emborcamento deve se dar nos próximos

segundos ou minutos. Neste caso, determine com todo energiaABANDONARO BARCO. Se

ainda der tempo, jogue imediatamente na água tudo que possa flutuar e todos vestindo coletes,

obviamente. O mais rápido possível cpmunique o fato portodos os meios de comunicação disponível;

- afundamento provável- há grande possibilidade de o barco vir a afundar ou emborcar. Nesta

situação haverá pouco tempo para tentar salvar o barco. Enquanto alguns tentam evitar o naufrágio

Page 143: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

(tampar as entradas de água, combater o incêndio, etc), outros iniciam o lançamento na água de

tudo que possa flutuar, acionam socorro em terra, anotam posição, etc. Todos os recursos de

comunicação neste momento devem ser utilizados. Chame na seguinte ordem: Capitania dos Portos,

estações costeiras, embarcações na área, iates clubes, marinas e por último os parentes e amigos.

Anote neste momento a marcação de qualquer ponto em terra que está avistando (capítulo 8),

apanhe todos os recursos médicos, telefones celulares, lanternas, etc. Se for possível manter o

barco flutuando, não o abandone. É melhor estar a bordo de um barco flutuando do que na água a

mercê de inúmeros fatores;

- afundamento possível- é a mesma situação acima, mas com boas chances de salvar o barco ou

mantê-lo flutuando. Mas mesmo assim, seguir os mesmos procedimentos da situação anterior.

Todas as Capitanias do litoral brasileiro mantém escuta permanente no canal 16 do VHF, 24 horas

por dia. Além disso, também mantém militares prontos para atender o telefone durante 24 horas por dia.

Nota do autor

No final deste capítulo você encontrará uma relação dos números de telefone de todas as

Capitanias, Delegacias e agências do litoral brasileiro, que devem ser acionadas em casos de

emergência no mar. Recorte esta tabela e mantenha-o afixado no painel de seu barco. Espero que

você nunca precise dela, mas cautela e caldo de galinha nuncafizeram mal a ninguém...

Quando se vai abandonar uma embarcação com perigo de afundamento imediato, algumas

providências são necessárias e não podem ser esquecidas:

- informar pelo rádio ou outro meio a exataposição do naufrágio, informando inclusive os pontos em

terra que você está avistando, a direção do vento local, direção da corrente, etc;

- vestir o colete salva-vidas;

- pular na água por barlavento (onde entra o vento), afastando-se da embarcação para não ser

puxado pelo redemoinho damesma quando afunda;

- usar o colete por cima da roupa que está vestindo, não se desfazendo das roupas, inclusive os

calçados, pois lhe servirão para proteger do frio;

- ao pular da embarcação, leva-se a mão esquerda ao nariz comprimindo-o e a mão direita sobre o

ombro esquerdo, com os pésjuntos e pernas esticadas, saltando sempre de pé, tendo o cuidado

para não cair sobre alguém quejá esteja na água;

- antes de abandonar o barco, lance ao mar tudo que possa flutuar, como madeira, bóias, assentos,

etc;

- procure levar consigo todo estoque de água e comida que for possível, inclusive seu kit de primeiros

socorros, foguetes sinalizadores, etc;

- não tente salvar seus pertences pessoais, salve primeiro sua vida;

- Se houver óleo em redor da embarcação na hora de pular na água, nade contra a correnteza e

contra o vento para mais rapidamente se afastar da mancha de óleo. Ela pode lhe causar sérios

danos.

Quando for pular de uma embarcação verifique se há combustível em chamas sobre a água. Se for

Page 144: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

este o caso, afaste-se das chamas nadando submerso e quando vier à tona para respirar faça movimentos

com os braços para afastar as chamas, respire, mergulhe novamente e afaste-se desta região.

Toda embarcação classificada para navegação de mar aberto ou costeira possui a bordo uma

balsa salva vidas auto-inflável, que é lançada ao mar e inflada por um mecanismo próprio, para onde

deverão se dirigir os náufragos. É armazenada em um casulo especial, fechado, com recursos em seu

interior destinados aos náufragos por alguns dias. Esta balsa é presa ao barco com o auxílio de uma

válvula hidrostática, que permitirá que a balsa se solte e venha à tona, caso não seja possível liberá-la

antes do naufrágio. Existem três tipos de balsas, de acordo com a área onde a embarcação vai

navegar.Vejamos:

- balsa classe 1 - para embarcações que operam a mais de 60 milhas da costa;

- balsa classe 2 - para embarcações que operam até 60 milhas da costa;

- balsa classe 3 - pra embarcações que operam em águas restritas.

As balsas, em virtude da existência de vários itens em seu interior, devem ser revisadas a cada

dezoito meses e têm vida útil de doze anos.

4

caM

Balsa salva-vidas em seu casulo Balsa salva-vidas inflada

Umabalsa possui em seu interior os seguintes equipamentos: remos, bujões, kit de primeiros socorros,

coletores de água, âncora flutuante (para evitar que a balsa saia do local onde estão os náufragos e evitar

que a balsa atravesse ao mar), ração líquida (latas de 350ml, duas lataspor diapara cada náufrago,

não usar noprimeiro dia) e sólida (constituídas basicamente de açúcar), espelho e lanterna sinalizadora,

refletor radar, faca, kit para pesca, pirotécnicos (dispositivo fumígeno para o dia e foguetes luminosos

para a noite),já foi mencionado, tesoura sem ponta, etc.

Foguetes pirotécnicos para uso noturno Dispositivosfumígenospara uso diurno

As instruções de uso estão nas próprias embalagens dosprodutos e são muitofáceis de ser utilizados.

Page 145: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Apósjogar a balsa na água e inflá-la, pula-se na água mas o cabo que prende a balsa ao barco só

deve ser cortado após o início do afundamento da embarcação. Deve-se pular do barco diretamente na

água,jamais pular diretamente dentro da balsa.

A balsa pode ser inflada puxando-se com muita força um cabo que sai de dentro dela. Este forte

puxão no cabo irá disparar um dispositivo existente na mesma, que fará com que o casulo protetor da

balsa se rompa e a ela se intle automaticamente.

Após se encontrar na águaprocure sua balsajá inflada, subindo nela pela escada de cabos existente

a seu lado. Caso a balsa vire, é possível desvirá-la puxando um cabo existente no seu lado inferior. Para

evitar que a balsa vire durante o embarque dos náufragos, é necessário que o embarque seja feito por

lados opostos ao mesmo tempo.

Um dos grandes problemas do náufrago é a água, pois ela é muito mais importante que a comida.

Nosso corpo tem cerca de 33 litros de água e esta quantidade não pode, em nenhuma hipótese, baixar

para menos de 20 litros. Aágua existente na ração da balsa não deve ser utilizada no primeiro dia e a partir

do 2° dia cada náufrago deve consumir 750ml. Damesmaforma, a comidatambém só deve ser ministrada

ao náufrago a partir do 2° dia. Aágua da chuva deve ser armazenada sempre que houver chuva e pode ser

consumida, masjamais beba a água do mar e nem misture-a com a água doce. O enjôo deve ser tratado

logo com medicamentos e a seguir deitar o mareado, pois o vômito significa grande perda de água que o

organismo tanto vai precisar nestas horas.

Com relação às rações sólidas, estas são feitas quase que totalmente de açúcar. Não deve ser

consumida no primeiro dia. No 2° dia deve-se dar metade da cota de cada um, deixando o restante para

o 3° ou 4° dias. Toda e qualquer chance de se obter comida são admissíveis, principalmente através da

pesca, do abate de aves e até de algumas algas comestíveis. Quase todos os peixes podem ser comidos,

exceto alguns venenosos como baiacu, peixe escorpião, peixe pedra, peixe zebra e peixe porco espinho.

À noite, logo que ouvir ruídos de aeronaves, barco ou avistar um outro barco no horizonte, lance

imediatamente para o alto um dos foguetes pirotécnicos existente na balsa. Se for avistado por uma

aeronave, lembre-se de que você a viu, mas ela terá grandes dificuldades para lhe enxergar na imensidão

do mar. Neste momento, lance na água o dispositivo fumígeno, que soltaráumagrande nuvem de fumaça

laranja, demarcando sua posição. O espelho existente dentro da balsa também pode refletir a luz do sol

em direção à aeronave. À noite, para que a balsa possa melhor ser detectada pelos radares,já existe no

mercado em algumas balsas um equipamento chamado de SART.

Há certas situações em que os náufragos de umabalsa precisam se revezar, ficando alguns na balsa

e outros na água. Nesta situação, sempre que houver revezamento deve-se trocar de roupa para que

aqueles que estão na balsa permaneçam com suas roupas sempre secas.

Se você comunicou sua posição para alguém em terra antes de ir para a balsa, evite sair do local

onde você se encontra, pois é ali que você será procurado. Aâncora flutuante existente na balsa vai lhe

ajudar a se manter naquela posição e evitará a velocidade de deriva, causada pelo vento. Só procure a

terra com a balsa se ela estiver próxima, você a está avistando e tem absoluta certeza de que vai chegar lá,

pois é dificil navegar comumabalsa intláveL

Se você não teve tempo nem condições de comunicar a alguém em terra que seu barco naufragou

e você está numa balsa, lembre-se de que você preencheu na saída da marina ou Iate Clube umAviso de

Saída e Plano de Navegação com a hora de regresso. Tão logo for constatado que você não retomou,

aqueles órgãos de apoio vão comunicar às Capitanias o seu desaparecimento e serão iniciadas as buscas.

Como ninguém sabe sua exata posição, avalie se vale a pena tentar remar para terra, mas para lhe orientar

nestas horas, considere que o céu vai lhe mostrar o caminho. No Brasil, principalmente na região sul e

sudeste, o sol nasce no mar e se põe em terra, ou seja, a tarde o sol está indo em direção ao continente.

Page 146: Aprendendo a Navegar

M A NUA L D E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A : Sebastião Fernandes

À noite, no hemisfério sul, amelhor constelação a ser avistada é o Cruzeiro do sul e indica a direção sul da

terra. É formadapela seguinte figura:

NORTEI

tCRUZ VERDADEIRA

INDICADO' T

x;( ,� \

�; ,..., \ \/ II \ ,1\'

J \ ,

I \ \I \ \I \ \ PONTO DIRETAMENTEI \ /SOBREO POLO

I +�\1 \.l

SUL

-t=�CRUZ

\

\,

\,

,

'fi

A direção do norte é indicada pela estrela Polar, mas ela não é visível no litoral brasileiro.

Quando você for avistado poruma aeronave ou embarcação de socorro, estes também vão sinalizar

que lhe avistaram. Neste momento, tenha muita atenção: você ainda é um náufrago, mas breve seráum

sobrevivente. Muitos náufragos morreram na hora do resgate por causa da euforia em ser resgatados.

Neste momento, colabore ao máximo e só faça aquilo que for determinado pelos salvadores.

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.-- --::;; ....;;;;;' __ - i

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�___ ,.., d,p-e- t

Como desvirar a balsa

COLETE SALVAVIDAS

Na navegação de lazer os coletes utilizados geralmente são os chamados coletes de paina, das

Page 147: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

classes I, II, III e V. Devem ser guardados a bordo de sua lancha em local de fácil acesso, jamais em

armários com chave. Existe no mercado um colete inflável de boa qualidade, com dispositivo automático

de enchimento, pouco utilizado na navegação amadora. Deve ser vestido vazio e só inflado após o náufrago

já se encontrar na água.

Numa emergência, vista-o com a parte flutuante para a frente e deve ser amarrado ao corpo.

� ,.,.,..

- ­.. I'"

Colete classe II Colete classe III Colete classe V Bóia classe II Bóia classe III

BÓIAS CIRCULARES

Excelente recurso para salvamento no mar, deve ser usada para sejogar a alguém que caiu na água.

Possuijunto a ela um cabo (retinida) flutuante com uma alça em sua extremidade. Segura-se na alça e

joga-se a bóia para aquele que se encontra na água.

Marcadorflutuante automático Rações sólidas e líquidas

OUTRASRECOMENDAÇÕESPARANÁUFRAGOS

Nunca devemos beber água do mar, ela só faz aumentar a sede. Por ocasião de chuva, beba o

máximo de água que seu estômago agüentar e armazene toda água da chuva que puder.

Não deixe seus pés na água ou molhados por muito tempo, eles podem gangrenar.

a sol é um inimigo cruel do náufrago, sendo assim, não retire suas roupas e quando houver muito

sol, molhe suas roupas, torcendo-as sobre o corpo e vestindo-as depois.

Existe no mercado um equipamento chamado de EPIRB, que quando acionado transmite dados

para as estações costeiras, que facilitam muito a localização da balsa e dos náufragos, pois fornece as

coordenadas do local em que está transmitindo. Aconselha-se a quem navega em águas costeiras ou de

alto mar a adquirir tal equipamento.

Page 148: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Evite fazer exercícios para não desperdiçar energias. Se possível, use óculos escuros ou amarre

algo sobre os olhos, pois a intensa luz do sol pode prejudicá-los. Se a água do mar estiver aquecida,

mergulhe seu rosto na água a cada fração de tempo para conservar suas energias.

Se o seu barco está classificado para navegação interior, ele não precisa ter a bordo a balsa salva­

vidas, ou seja, se ele naufragar não haverá equipamento coletivo para salvatagem. Todos estarão na água,

vestindo apenas seus coletes, que os manterão flutuando. Nestas horas, mantenham-se todosjuntos,

evitando que um deles se afaste, pois isto facilitará o resgate de todos quando forem encontrados. Se

alguém em terra tomou conhecimento de sua posição, evite sair do local e nadar para a costa, a não ser

que você esteja bem perto de terra.

Um bom modo de se evitar ser náufrago sozinho, é impedir de cair na água pela borda de uma

embarcação, sem ser visto por ninguém. Assim, evite a qualquer custo fazer suas necessidades fisiológicas

pela borda da embarcação, pois você pode cair e afaste-se de bebida alcoólica quando estiver navegando,

ela também pode lhe derrubar na água. E não permita que ninguém viaje sentado na borda da embarcação,

mesmo que esteja com os pés voltados para dentro ou para fora da embarcação.

Como Comandante de uma embarcação, saiba sempre a quantidade de pessoas existentes a bordo

e de forma sutil, sem ninguém perceber, conte as pessoas a cada hora, para certificar-se de que todas

estão a bordo. Umapessoa pode facilmente cair na água sem ser percebida por ninguém, principalmente

à noite.

Caso alguém caia na água, deve-se a qualquer custo evitar perdê-lo de vista enquanto a embarcação

manobra para recolher o náufrago. Só deve lançar-se ao mar para ajudar no recolhimento do náufrago

uma pessoa habilitada em resgate no mar e levando consigo algo flutuante para que o náufrago nele se

agarre, evitando assim que ele se agarre no socorrista. A princípio, se a pessoa que caiu no mar sabe

nadar, deve-se evitar que outra pessoa pule para auxiliar, pois o barco passará a ter dois náufragos para

recolher ao invés de um. Só se admite que uma outra pessoa pule para auxiliar, se aquela que caiu primeiro

não souber nadar e estiver se afogando, mas esta segunda pessoa deve obrigatoriamente pular de colete

ou com uma bóia, pois durante o auxílio ao primeiro náufrago, este terá grande dificuldade para auxiliar

aquele que não sabe nadar, haja vista que um náufrago que não sabe nadar tentará a qualquer custo se

agarrar ao socorrista, podendo fazer com que este também se afogue.

Enquanto se navega não é obrigatório estar portando (vestindo) o colete salva-vidas (exceto jet­

ski). Quando precisar vesti-lo, vista-o com a parte flutuante para a frente. Ele lhe daráuma ótima reserva

de flutuabilidade e o ajudará a se manter à tona da água. Com relação a bóia circular, esta também deve

estar sempre em local de fácil acesso,jamais amarrada à embarcação. Não retire da bóia o cabo flutuante

que vemjunto a ela.

Umaembarcação que teve um tripulante ou passageiro que caiu na água, deve também içar em seu

mastro principal a bandeira alfabética OSCAR, vermelha e amarela em dois triângulos, constante do

alfabeto de bandeiras existente na publicação Código Internacional de Sinais. Ela significa Homem ao

Mar.

Caso você perceba, depois de um certo tempo que está faltando alguém a bordo, verifique de

imediato o seu rumo naquele momento e retome imediatamente no rumo inverso, além de informar pelo

rádio ou outros meios a todas as embarcações na área que alguém caiu no mar. E não desista da busca ao

náufrago enquanto seu barco tiver condições de continuar navegando. Avise imediatamente a Capitania

dos Portos da área, Corpo de Bombeiros, marina ou iate clube, enfim, todos que possam lhe auxiliar na

busca ao náufrago.

Opânico é um grande inimigo do náufrago e é dificil controlá-lo. Pense enquanto está na água, que

alguémjá sabe que você é náufrago, sabe sua posição e está a sua procura. Breve você será encontrado,

Page 149: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

pode acreditar !

Nota do autor

É recomendável que antes de um passeio com muitas pessoas a bordo, você os reúna e os

oriente sobre estas instruções citadas anteriormente. Alguns até poderão se amedrontar com suas

instruções epedirparaficar em terra, mas épreferível que todos a bordo saibam que sua embarcação

dispõe de todos os recursospara salvamento e que você, como comandante, sabe como utilizá-los.

COMO PEDIR SOCORRO

o melhor modo de pedir socorro em caso de emergência é usando os canais de rádio disponíveis

para a navegação amadora, pois um grande número de estações vão receber seu pedido. Assim, utilize os

seguintes canais:

Rádio VHF marítimo - canal 16 (156,800 MHZ)

Rádio HF SSB-2182,0 KHZ ou4125,0 KHZ

Se vocêjá possui ou pretende possuir um equipamento de socorro chamado de EPIRB, este deve

ser em 406 MHZ. Este equipamento deve ser acionado logo que se configura uma real situação de

naufrágio e deve ser levado com os náufragos, pois suas emissões fornecerão a exata posição de onde se

encontram e facilitará a sua localização.

IMPROVISANDO MATERIALDE SALVATAGEM

Costuma-se dizer em navegação que um corpo humano só afunda se nele entrar água. Enquanto

todas as entradas permanecerem fechadas, este corpo não afundará. Entretanto, não confie só nesta

premissa, pois há situações muito raras em que você pode precisar improvisar algo para flutuar.

Um bom exemplo de improvisação para uso individual é com o uso de uma calça. Amarra-se as

bocas de uma calçajá molhada, desabotoa-se a braguilha e segura-se a calça pela cintura, por detrás da

cabeça. Comum rápido movimento de trás para a frente, um arco por cima da cabeça, mergulhe na sua

frente a cintura da calça. O ar aprisionado irá encher as pernas amarradas da calça. A seguir, deita-se

sobre a calça de modo que as duas bolsas de ar fiquem na altura das axilas.

Com tábuas ou até com os remos e bancos estofados de seu barco pode ser improvisado uma

jangada. Com uma faca, dois remos, algumas tiras de pano rasgadas, bancos estofados de seu barco e

bastante vontade de viver é possível improvisar uma excelentejangada...

NAUFRÁGIO EMRIOS E LAGOS

O naufrágio em rios e lagos tem procedimentos semelhantes, mas é bem mais fácil o salvamento. Os

perigos para o náufrago é que são diferentes. Um dos grandes perigos é o afogamento. Caso isto ocorra,

deite o afogado de lado para que ele vomite a água ingerida. Após estar em terra firme, tire a roupa

molhada e aqueça-o com um cobertor, dando a ele também uma bebida quente.

Cuidado com os perigos dos rios, entre eles as piranhas, as arraias, as cobras venenosas, osjacarés

e as demais cobras, por exemplo: a sucuri, maior cobra que existe no Brasil e que passa quase toda a sua

vida na água. Atente também para a existência de troncos de madeira na água, além de atenção para a

existência de pedras e bancos de areia e não deixe nas margens nada que possa ser arrastado pela

correnteza.

Page 150: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

CUIDADOS COMAEMBARCAÇÃO E

COMOMATERIALDE SALVATAGEM

Não use seu colete para outros fms, eles se destinam exclusivamente para salvamentos. Não faça

dele travesseiro, encosto ou brinquedo e jamais o retire da embarcação com medo de roubo ou algo

parecido. Aexperiência mostra que quando se retira o colete da embarcação, normalmente se esquece de

levá-lo de volta àmesma. Acostume-se a fazer demonstração de seu uso sempre que for usar a embarcação.

Verifique sempre o estado de conservação de sua embarcação, suas luzes de navegação, extintores,

salvatagem, bandeira nacional, combustível, casco, etc. Evite a colocação de peso excessivo ou colocá­

los em partes altas da embarcação.

Quando planejarumaviagem ou passeio, programe o combustível da seguinte forma: 1/3 para ida,

1/3 para volta e 1/3 de reserva.

RECOLHENDOUMNÁUFRAGO-HOMEMAOMAR

Por ocasião da queda de umapessoa na água, deve-se de imediato tomar as seguintes providências:

- em alto e bom som, gritar para todos a bordo a expressão HOMEMAO MARPORBORESTE

(ou bombordo, se for ocaso), mesmo que seja uma mulher ou criança;

- quem estiver no timão da embarcação, deve guinar a proa para o bordo por onde caiu a pessoa.

Esta iniciativa, perigosa àprimeira vista, fará com que aproa gire para o bordo onde está o náufrago,

mas afastará a popa e o perigoso hélice de atingir quem caiu na água;

- a seguir, lança-se de imediato uma bóia circular ou outro objeto que flutue bem na direção de quem

caiu na água. Caso haja a bordo um foguete fumígeno com fumaça laranja (obrigatório em todas as

embarcações exceto as miúdas), lança-se este foguete no local onde se encontra o náufrago. Esta

fumaça laranja queimará durante alguns minutos e indicará a exataposição em que caiu o náufrago.

Esta medida é extremamente importante, pois na imensidão do mar é muito fácil perder de vista

rapidamente algo pequeno que caiu na água;

- manobra-se então com todo o leme, fazendo com que sua embarcação faça um círculo completo

em redor do náufrago, para que se possa iniciar a aproximação para recolhimento do mesmo. Se

houver a bordo alguém que nade muito bem, pode pular na água, para auxiliar no resgate do

náufrago, tendo extremo cuidado para não atropelar o náufrago enquanto se manobra para recolhê­

lo;

- Se você tem GPS a bordo, alguns destes aparelhos possuem um dispositivo chamado de MOB,

que deve ser imediatamente acionado quando uma pessoa cai na água. Este recurso fornecerá as

exatas coordenadas de latitude e longitude do local da queda e facilitará a busca do náufrago,

principalmente à noite, quando pouco se enxerga sobre as águas.

Se sua procura por um náufrago for realizada a noite, ilumine seu barco o máximo possível e

mantenha alguém em escutapermanente para ouvir gritos de socorro e observar o lançamento de foguetes.

Ao avistar as luzes dos foguetes, guine seu barco para aquele ponto e aos gritos tente localizar o náufrago,

utilizando todas as luzes e lanternas possíveis. Sempre que avistar luzes de foguetes de sinalização no mar,

Page 151: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

dirija-se para aquele local, mesmo que não seja tripulante ou passageiro de seu barco, pois alguém está

precisando urgente de seu auxílio. E este auxílio é obrigatório por lei.

RELAÇÃODE CAPITANIAS,DELEGACIASEAGÊNCIAS

NOLITORALBRASILEIRO E SEUS RESPECTIVOS

NÚMEROSDETELEFONE PARACHAMADASDEEMERGÊNCIA

Órgão Cidade onde está Telefone

sediada

Capitania dos Portos do RS Rio Grande/RS 53-32336188

Delegacia da CPRS em P.Alegre Porto Alegre/RS 51-3226-1533

Agência da CPRS em Tramandaí Tramandaí/RS 51-0661-1677

Delegacia da CPSC em Laguna Laguna/SC 48-3644-0196

Capitania dos Portos de SC Florianópolis/SC 48-3248-5500

Delegacia da CPSC em Itajaí Itajaí/SC 47-3348-0129

Delegacia da CPSC em S.Fco. do Sul São Fco. do Sul/SC 47-3444-2205

Capitania dos Portos do Paraná Paranaguá/PR 41-3422-3033

Capitania dos Portos de SP Santos/SP 13-3221-3454

Delegacia da CPSP em São Sebastião São Sebastião/SP 12-3892-1555

Delegacia da CPRJ em Angra dos Reis Angra dos Reis/RJ 24-3365-0365

Agência da CPRJ em Parati Parati/RJ 24-3371-1583

Delegacia da CPRJ em Itacurussá Itacurussá/RJ 21-3680-7025

Capitania dos Portos do RJ Rio de Janeiro/RJ 21-3870-5320

Delegacia da CPRJ em Macaé Macaé/RJ 22-2772-1889

Delegacia da CPRJ EM Cabo Frio Cabo Frio/RJ 22-2645-5056

Capitania dos Portos do ES VitórialES 27-2124-6500

Delegacia da CPBA em Ilhéus Ilhéus/BA 73-3634-2912

Agência da CPBA em Porto Seguro Porto Seguro/BA 73-3288-1213

Capitania dos Portos da Bahia Salvador/BA 71-3320-3779

Capitania dos Portos de Sergipe Aracaju/SE 79-3211-7365

Capitania dos Portos de Alagoas Maceió/AL 82-32216797

Capitania dos Portos de Pernambuco Recife/PE 81-3424-7111

Capitania dos Portos da Paraíba João Pessoa/PB 83-3241-2805

Capitania dos Portos do RN Natal/RN 84-3210-9630

Agência da CPRN em Areia Branca Areia Branca/RN 84-3332-2211

Capitania dos Portos do Ceará Fortaleza/CE 85-3219-7555

Agência da CPCE em Camocim Camocim/CE 88-3621-1003

Capitania dos Portos do Piauí Parnaíba/PI 86-3321-2844

Capitania dos Portos do Maranhão São Luiz/MA 98-3231-1022

Capitania dos Portos do Pará Belém/PA 91-3242-7188

Page 152: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

MATERIALDE SALVATAGEM

Material de salvatagem é o conjunto de equipamentos que toda embarcação possui e que se destina

exclusivamente para salvamento de seus tripulantes e passageiros. Quando uma embarcação é inscrita,

seu proprietário assina um Termo de Responsabilidade, onde se compromete e se responsabilizajunto

a uma Capitania a manter a bordo todo material de salvatagem para a área de navegação para a qual sua

embarcação foi classificada.

Todos os navegantes amadores iniciantes (e alguns veteranos também!) questionam-se sobre quais

itens de salvatagem são obrigatórios a bordo de uma embarcação e há muita controvérsia sobre este tema

por absoluto desconhecimento deste assunto.Arespostapara este questionamento é muito simples: depende

da área de navegação para qual você classificou sua embarcação por ocasião da inscrição ou registro e

depende também da área de navegação em que você se encontra navegando por ocasião da uma

abordagem de uma equipe de inspeção naval das Capitanias dos Portos.

Assim, se durante a inscrição ou registro você classificou sua embarcação para navegação de alto

mar, você precisa pôr a bordo todo o material atinente à navegação de alto mar constante de uma relação

no fmal deste capítulo. Mas se você for abordado por uma equipe de inspeção naval dentro de uma área

de navegação interior, você pode ter naquele momento apenas o material de salvatagem relativo ànavegação

interior, ou sej a, as equipes de inspeção naval vão exigir que você tenha a bordo no mínimo o material de

salvatagem compatível com o local em que você foi abordado. Simples, não!

E o material de salvatagem para navegação de alto mar é muito mais completo que aquele para

navegação interior ou costeira, servindo, conseqüentemente, também para a navegação interior e costeira.

Para efeito de material de salvatagem as embarcações são classificadas da seguinte forma:

- navegação interior - águas abrigadas e parcialmente abrigadas

- navegação costeira- entre portos nacionais e estrangeiros dentro do limite de visibilidade da

costa, não ultrapassando 20 milhas

- navegação oceânica- sem restrições de área.

CLASSIFICAÇÃODOMATERIALDE SALVATAGEM

Alguns itens de salvatagem como balsas, bóias e coletes são classificados levando em consideração

as áreas de navegação descritas no item anterior. Assim sendo, os coletes recebem a seguinte classificação:

- Classe I - usados nas embarcações classificadas para navegação oceânica;

- Classe II - iguais aos acima, só que abrandados para uso da navegação costeira;

- Classe III - iguais aos da classe acima, só que abrandados para uso da navegação interior;

- Classe IV - fabricado para emprego em longos períodos para trabalhos próximos a borda

do navio ou onde haja perigo de se cair na água;

- Classe V - fabricadop�uso exclusivo em atividades esportivas tipojet-ski, banana-boat,

pesca esportiva, etc. E o tipo mais recomendado para embarcações miúdas e de médio

porte, classificadas para navegação interior.

(Veja a figura da página 138).

O material de salvatagem não necessita ser marcado com o nome da embarcação, mas necessita

possuir o n° do Certificado de Homologação pelaAutoridade Marítima (DPC). Sem este certificado, o

material de salvatagem de fabricação nacional não terá validade. Caso seja estrangeiro, é necessário ser

também certificado pela DPC ou ser classificado como material SOLAS (Convenção internacional para

Page 153: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Salvaguarda da Vida Humana no Mar).

A dotação (quantidade) de coletes de uma embarcação deve atender ao limite máximo de pessoas

permitidas a bordo (lotação) e está relacionada ao tipo de navegação que a mesma está classificada,

conforme abaixo:

- Navegação oceânica- coletes para 100% da lotação, classe I

- Navegação costeira - coletes para 100% da lotação, classe II

- Navegação Interior - para 100% da lotação, classe III ou V

- Embarcações miúdas - para 100% da lotação, classe V.

Qual a quantidade de coletes que preciso ter a bordo de meu barco?

Verifique no documento de inscrição de seu barco qual a lotação do barco

(Lotação=passageiros+tripulantes). Se a lotação é de 10 pessoas,

você deverá ter 10 coletes a bordo. Simples, não?

Quais os itens de salvatagem opcionais ou obrigatórios no meu barco?

Esta relação completa você poderá encontrar no capítulo 5 do nosso livro

Aprendendo a Navegar - Manual do Arrais Amador - 5aEdição

Page 154: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Capítulo 14••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

GLOSSÁRIO DE PALAVRAS

E TERMOS NÁUTICOS

A

Abicado - diz-se de um navio inclinado para a proa.

Aducha- forma de enrolar ou amontoarum cabo para guarda-lo ou expô-lo em trabalhos artísticos

marinheiros.

Agulheiro -pequena escotilha, circular ou elíptica, dando acesso aum compartimento.

Almanaque Náutico - publicação da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) com dados

sobre navegação astronômica, etc.

Alheta- a parte curva de uma embarcaçãojunto à popa (alheta de boreste, alheta de bombordo).

Alquebramento - efeito causado pelo excesso de peso na proa e popa e pouco peso a meia-nau.

Amarra - cabo ou corrente utilizada para fundear uma embarcação. Uma amarra padrão possui

185 metros.

Amura- o mesmo que bochecha.

Antepara- o mesmo que parede, no interior de uma embarcação

Âncora (ou ferro) - peça metálica, de vários formatos, destinada a prender (unhar) a embarcação

ao fundo, evitando que ela se mova com a ação do vento, maré, correnteza, etc.

Ancoradouro - o mesmo que fundeadouro.

Apopado - diz-se de um navio com inclinação para a popa, ou seja, com a popa mais baixa que a

proa.

Arqueação - é a expressão do tamanho total da embarcação, determinado em função do volume

de todos os espaços fechados.

Arribar- desviar o rumo da embarcação para sotavento.

Armador - aquele que arma (prepara, abastece) uma embarcação para operar. Não é

Page 155: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

necessariamente o proprietário ou o Comandante.

Atracar - ato de amarrar uma embarcação ao cais, trapiche ou outro local adequado, através

de cabos específicos chamados de espias.

B

Balizamento -conjunto de sinais náuticos compostos de faróis, faroletes, bóias, balizas, destinados

a garantir umanavegação segura.

Baliza- dispositivo metálico fixo destinado a demarcar determinadas situações num balizamento.

Balsa salva-vidas - equipamento de salvatagem coletivo armazenado em casulos, inflados por

dispositivo especial, obrigatória para embarcações classificadas para alto mar.

Balanço - movimento de oscilação de um bordo para outro.

Baleeira- embarcação a remo ou vela, com proa e popa de formatos semelhantes.

Balaustrada- espécie de cerca em redor do convés..

Balaústre - coluna de ferro ou metal que suporta os cabos que formam a balaustrada.

Barlavento -local por onde entra o vento

Banda - ademamento para boreste ou bombordo, causado por má distribuição de peso a bordo.

Banzeiro - conjunto de ondas e marolas provocadas pelo movimento do motor de umaembarcação

emmovimento.

Boreste -lado direito de uma embarcação, visto por uma pessoa posicionada na popa, olhando

para aproa.

Boca- medida de borda a borda de uma embarcação, na sua parte mais larga (a maior largura).

Bochecha - a parte curva de uma embarcaçãojunto à proa, por ambos os bordos (bochecha de

boreste, bochecha de bombordo).

Bombordo - lado esquerdo de uma embarcação, visto por uma pessoa posicionada na popa,

olhando para a proa.

Borda Livre - distância vertical da superficie da água ao convés principal

Borda- é o limite do costado, que pode terminar na altura do convés

Bóia de arinque - bóia de pequeno tamanho, normalmente cônica, destinada a assinalar onde foi

jogada a âncora.

Bóia Cega - bóia sem luz no seu tope.

Borda falsa - é o parapeito da embarcação no convés a fim de proteger as pessoas e materiais,

evitando que caiam no mar.

Page 156: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

Bússola (ou agulha) - instrumento de bordo empregado para orientar o navio (pode ser magnética

ou giroscópica).

Buzina-peça de forma elíptica presa à borda do navio, servindo de passador das espias. É também

um dispositivo sonoro para navegação.

c

Cabeceio - movimento de oscilação horizontal no sentido proa-popa.

Cabo - reunião de 3 ou mais cordões.

Cabo solteiro - é um cabo sem aplicação específica, estando à disposição para qualquer

eventualidade.

Cadaste - peça semelhante a roda de proa constituindo o extremo do navio a ré.

Calado - distância vertical entre a superficie da água e a parte mais baixa do navio no ponto em que

se mede, externamente..

Carena- é o invólucro do casco, abaixo da linha dágua.

Carta 12.000 - publicação da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha, com

instruções sobre o uso de cartas náuticas, símbolos e abreviaturas.

Cavernas - são as costelas da embarcação que permitem dar forma ao casco. Acaverna principal

é chamada de caverna Mestra.

Caturro - balanço da embarcação, no sentido proa/popa, quando enfrenta mar de proa ou de

popa.

Capuchana- espécie de redoma que cobre a agulha magnética.

Contra-alquebramento - efeito do excesso de peso à meia-nau da embarcação e pouco peso na

proa e popa.

Contrabordo -lado de boreste ou bombordo da embarcação (boreste é o contrabordo de bombordo

e vice-versa).

Costado - é o invólucro do casco acima da linha dágua ou o chapeamento que envolve toda

a embarcação.

Croque - peça de madeira tendo na extremidade um dispositivo metálico que serve tanto para

afastar como para aproximar a embarcação miúda do cais.

Comprimento da Embarcação - distância horizontal entre os pontos extremos da proa a popa.

Plataformas de mergulho, gurupés ou apêndices similares não são considerados para o cômputo

dessa medida.

Contorno - medida que vai de borda a borda, passando pela quilha

Page 157: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

D

Defensas - peças macias, normalmente de borracha ou cabos, usadas entre o costado de uma

embarcação e um cais ou entre duas embarcações, visando evitar danos ao costado da mesma.

Derrabada - o mesmo que apopada.

Deslizamento lateral- rápido movimento lateral com mar de través.

Deslizamento para vante - rápido movimento para vante no sentido proa-popa

Desatracar-ato de soltar a embarcação do cais ou trapiche, o contrário de atracar..

Disco de Plinson-marca utilizadaem embarcações de médio e grande porte identificando até onde

a embarcação pode calar quando está sendo carregada com peso.

Deslocamento- é o peso da água deslocada por um navio em águas calmas, expresso emtoneladas

de 1000 quilos nos países de sistema métrico decimal.

E

Empuxo - força que age de baixo para cima, na água, empurrando os corpos para a superfície.

Escotilha- abertura de vários formatos, para passagem de pessoal, de ar, de carga, etc.

Escovém -local onde nos navios é presa a âncora ao costado.

Espia - cabo de fibra, náilon ou aço, usado para amarrar uma embarcação ao cais ou trapiche e

também amarra-la a outra embarcação.

Espringues - são os cabos (espias) que partindo de proa dizem (dirigem-se) para ré ou que partindo

de ré da embarcação dizem (dirigem-se) para vante. Eles impedem que a embarcação atracada

caia para vante ou para ré.

Estabilidade Intacta - é a propriedade que tem a embarcação de retomar à sua posição inicial de

equilíbrio, depois de cessada a força perturbadora que dela a afastou, considerando-se a situação

de integridade estrutural da embarcação.

F

Ferro - o mesmo que âncora.

Fundear - ato de prender a embarcação ao fundodo mar usando uma âncora.

Fundeadouro -local previamente determinado pela autoridade marítima destinada a fundeio de

embarcações por oferecer boas condições de fundo e protegido de ventos, etc.

Page 158: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

I

Iate - É a embarcação de esporte e/ou recreio com comprimento igual ou superior a 24 metros.

Inspeção Naval- atividade de cunho administrativo destinadaa fiscalizar o cumprimento daLESTA

e RLESTAe demais instruções em vigor.

L

Lançantes - são os cabos (espias) que partindo de proa dizem para vante ou que partindo de popa

dizem para ré. Impedem que a embarcação caia para vante ou para ré e também auxiliam para que

a embarcação não abra do cais.

Lastro - é um certo peso colocado no fundo da embarcação para aumentar a estabilidade ou para

endireitar sua flutuação.

Leme - peça localizada na popa da embarcação, que dá a direção da embarcação quando

movimentadapelo timão.

LESTA-abreviaturado Lei 9.753/95 (Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário).

Lista de Faróis - publicação (livro) da DHN que fornece as características dos faróis

Longarina - peças colocadas de proa a popa na parte interior das cavernas, ligando-as entre si.

Luz de alcançado (ou luz de esteira) - é a luz da popa de uma embarcação.

M

Malagueta - pino metálico ou de madeira que se prende num mastro ou numa base para se dar

volta nos cabos.

MARPOL- Convenção Internacional sobre poluição por óleo no mar.

Meia nau - diz-se que aquilo que está a meio navio, na parte central de uma embarcação

Milha náutica - unidade náutica de medidade distância, correspondente a 1.852,01 metros

N

Nó (marítimo) - unidade de velocidade marítima, equivalente a 1852,01 metros.

o

Obras mortas - todas as parte de uma embarcação acima da linha da água.

Obras vivas - todas as partes que ficam abaixo da linha da água.

Page 159: Aprendendo a Navegar

• APRENDENDO A NAVEGAR

Onça- expressão tradicional marinheira para designar uma situação dificil de ser resolvida. Ex:

fulano está na onça para desatracar.

p

Pau da Bandeira- pequeno mastro na popa das embarcações destinado à Bandeira Nacional.

Pau do Jack - pequeno mastro na proa das embarcações destinado ao içamento da bandeira da

empresa ou clube ao qual é afiliado

Passadiço -local de onde se comanda a embarcação quando navegando.

Popa - a parte de trás de uma embarcação.

Pontal-medida que vai do convés até a quilha.

Poita- blocos de pedra ou concreto, muito pesados, colocados no fundo do mar, tem a finalidade

de servir de suporte para bóias, balizas, etc.

Prático -profissional aquaviário, grande conhecedor do canal que se deseja navegar, que é contratado

porumaembarcação para efetuar anavegação emum certo canal.Apraticagem pode ser obrigatória

ou não, dependendo daArqueação Bruta do navio ou seu deslocamento.Aobrigatoriedade ou não

consta na Portaria da Capitania dos Portos paraum determinado estado (NPCP).

Principais Medidas de uma embarcação - comprimento total, boca, contorno e pontal.

Proa - a parte de vante (frente) de uma embarcação.

Q

Queda Livre - rápido movimento para baixo quando a embarcação cai no cavado (intervalo entre

ondas)

Quilha-linha inferior de uma embarcação (a parte mais baixa de uma embarcação).

R

RACON- respondedor radar ativo, mostrando um sinal de uma milha náutica na tela do radar.

Retinida- cabo de pouca bitola, normalmente destinados a puxar cabos de maior bitola

RIPEAM- (Regulamento internacional para evitar abalroamento no mar) - conjunto de regras de

procedimentos, luzes e marcas, destinados a evitar acidentes como colisão, abalroamento, etc.

RLESTA- abreviatura do Decreto 2.596/98, que regulamenta a segurança do tráfego aquaviário

em águas nacionais.

Rosa de Manobras (ou rosa dos ventos) - círculo de 360°, dividido em quatro partes iguais de 90°

cada, denominados Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste

Page 160: Aprendendo a Navegar

MANUAL DE NAVEGAÇÃO COSTEIRA Sebastião Fernandes

s

Safar Onça- resolver uma situação complicada através de improvisação.

Safo - diz-se que é um problemajá resolvido ouum marinheiro muito esperto e desembaraçado

SOLAS - conjunto de normas internacionais para salvamento no mar. Obriga a todos os navios a

disporem de cartas, Listas de Faróis e demais publicações.

Sotavento -local por onde sai o vento.

Suspender - ato de arrancar a âncora do fundo do mar para iniciar nova singradura (viagem).

T

Tábua de Marés - publicação da DHN com dados sobre a maré em diversos portos nacionais e

alguns portos estrangeiros.

Tença - tipo de fundo, para efeito de fundeio.

Tijupá- comando superior, acima do passadiço.

Timão -peça utilizada pelo timoneiro para movimentar o leme e dar direção à embarcação

(é o volante da embarcação)

Través - diz-se que o mesmo que lado central da embarcação (través de boreste, través de

bombordo. Ex: avistei uma ilha pelo través de boreste, ou seja, avistei uma ilha pelo lado central

direito da embarcação). São também assim chamadas as espias que amarram a embarcação ao

cais, situadas a meia nau, e que impedem que a embarcação se afaste (abra) do cais.

Tribunal Marítimo - Tribunal especial, que tem por funçãojulgar fatos da navegação esclarecidos

por Inquérito Administrativo.

Trim - diferença entre os calados a vante e a ré, é a medida de inclinação.

Trimada- embarcação perfeitamente equilibrada.

v

Varação - encalhe proposital de uma embarcação em perigo, para evitar mal maior.

Vaus - vigas colocadas de boreste a bombordo em cada caverna, servindo para sustentar os

chapeamentos dos conveses

Vigia- pessoa destinada a vigiar o céu, o mar, o horizonte, em busca de algo. Diz-se também que

é uma abertura no costado, de forma circular, para dar passagem à luz e ar.

Page 161: Aprendendo a Navegar

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Page 162: Aprendendo a Navegar

M A NUA L O E N A V E G A ç Ã O c O S T E I R A ; Sebastião Fernandes

Aprendendo a Navegar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• CURSO PRELIMINAR DEAQUAVIÁRIOS - 33 ed - Rio de Janeiro - 1999 - Diretoria

de Portos e Costas

• Convenção Internacional para EvitarAbalroamento no Mar, 1972 - Londres, incorporando

as alterações adotadas pelas resoluçõesA-464-XII eA626-XV RIPEAM - Rio de Janeiro

- Diretoria de Portos e Costas - 1989.

• Lei Federal n° 9.537/97 - Diário Oficial da União

• Decreto nO 2.596/98 - Diário Oficial da União

• ARTENAVAL-Maurílio M. da Fonseca- 43 ed. Rio de Janeiro - Serviço de Documentação

Geral da Marinha

• NORMAM-03 -Normas daAutoridade Marítima n° 03 - publicada pela Portaria nO 0037/

2003IDPC, DE 02 DEABRILDE 2003. Diretoriade Portos e Costas

• Publicação DH-4504-3 - Diretoria de Hidrografia e Navegação - Marinha do Brasil

• Carta 12.000 - Diretoria de Hidrografia e Navegação - 23 ed. -1995

• Tábua de Marés ano 2005 - Diretoria de Hidrografia e Navegação - Marinha do Brasil.

• Navegação Eletrônica e em Condições Especiais - site da DHN

• DESENHOS -Vivian Mendes da Silva e JonasAurélio da Silva

• FOTOS - fotos do autor e arquivo da editora.

• CAPA-Arte -AnequimArte e Criação

• CONSULTATÉCNICA - ELMO PICARDO FILHO - Técnico Eletro-mecânico náutico

• Revisores e colaboradores

CMGANTONIO CARLOS FRADE CARNEIRO

CF CELSOANTONIO VIEIRASCHWENGBER

• Editoração

AnequimArte e Criação

Distribuição: Autor- Fone: (47) 3368-9104

Tiragem desta edição: 1000 exemplares

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, amb/M/. da 'ru.

I O 'UIl�1o na na da reserva e o M••mberque naa Ilhe. doAfYW8do, DN."". • GaIé.1o plDltJldoa, elIcetualloo-ao paranavios da Marinha do Il,.s/I. embarcaç""s autorlZadaa peloComando do 5° D/slrilo Nava/.

PESCA PROIBIDA

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Page 172: Aprendendo a Navegar

ANEXO I

FOLHA DE EXERCÍCIOS

Agora que já vimos todas as instruções sobre obtenção de posição na carta através de

marcações de pontos em terra, distâncias e rumos, vamos fazer um exercício, para que você

pratique as noções básicas de navegação observada, em águas costeiras.

Exercício 01

Destaque (arranque) a miniatura de carta náutica 1500 (anexoAdeste livro).

Plote nesta miniatura de carta as seguintes posições:

PontoA Ponto B

Latitude: 23°10'S Latitude: 23°20'S

Longitude: 043°1 O'W Longitude: 042°55'W

PERGUNTA-SE:

1) Qual a declinação magnética atual da área abrangida pelos pontosA e B?

2) Qual a distância do pontoApara o ponto B?

3) Qual a distância do pontoApara o Farol da ilha Rasa?

4) Quais os rumos verdadeiro e magnético do pontoApara o ponto B?

5) Qual o rumo verdadeiro inverso (do ponto B para o ponto A)?

6) Apartir do pontoA, qual a marcação verdadeira do farol das ilhas Maricás ?

7) Apartir do ponto B, qual a marcação magnética do farol da ilha Rasa?

8) Seu barco está no ponto A às 10:00 h e navega para o ponto B. A velocidade de seu

barco é de 8 nós. Qual o horário de chegada no ponto B?

9) Acaminho do ponto B, navegando no rumo verdadeiro anteriormente definido, você

avistou um outro barco pelo seu través de boreste. Este barco está:

- na marcação relativa _

- na marcação polar _

- na marcação verdadeira _

- na marcação magnética _

Exercício 02

Determine suas coordenadas eplote sua posição às 12:00 h, baseada nos seguintes dados:

vocêestáa 26milhasdaPontaNegra

você está a 24,5 milhas da Ilha do Pai.

você está a 22,5 milhas do Farol da Ilha Rasa.

Você está na marcação verdadeira 355° das Ilhas Maricás.

Boa sorte.

Page 173: Aprendendo a Navegar

ANEXO I

FOLHA DE RESPOSTAS

EXERCÍCIO 01

1- 22°W

2- 17.2 MN

3- 6.2 MN

4- Rv 1250 e Rmg 1470

5- Rv 3050

6- Mv 0570

7- Mmg 3440

8- 12:09 h

9- Marcação relativa 0900

Marcação polar BE 0900

Marcação verdadeira 2150

Marcação magnética 2370

EXERCÍCIO 02

(plotagem diretamente na carta. A posição deverá ter as seguintes coordenadas: lat

23°21'OO"S e long 042°53'30"W)

Page 174: Aprendendo a Navegar

ANEXO K

01

GUIA DE OPERAÇÃO BÁSICA PARA RECEPTORES GPS

Os dados abaixo foram extraídos, sob licença do autor, do livro GPS - Uma

Abordagem Prática, de José Antônio M. R. Rocha, 2a edição - Editora Catau - Rio de

Janeiro - 2000.

Considero, segundo minha avaliação, a melhor obra em língua portuguesa para

usuários do sistema GPS de navegação e recomendo a sua leitura para todos aqueles

que já possuem ou pretendem possuir um aparelho GPS.

Veremos a seguir, passo a passo, um guia de operação para diversos modelos

de GPS disponíveis no mercado.

Modelo GP GARMIN 12XL

1 - LIGAR - aperte a tecla da lâmpada encarnada (on/off/luz);

2 - MARCAR UM PONTO: da tela de satélites tecle PAGE 1 vez e caia na tela de posição

aperte mark uma vez

- aperte T uma vez

aperte enter

aperte • até achar a 1 a letra

aperte -+ indo para a 2a letra

aperte • até achar a 2a letra

repita até a 6a letra

tecle enter

aperte 3 vezes • até save

aperte enter

3 - COPIAR UM PONTO INFORMADO

da tela de satélites aperte várias vezes page até chegar na tela main menu

com • ou .. leve o cursor até waypoint

- tecle enter

leve o cursor para new

tecle enter

coloque um nome (6 letras/número) para o ponto usando T • < >

tecle enter

o cursor vai para as coordenadas

tecle enter

digite as novas coordenadas para o ponto usando T • < >, sobrepondo as

coordenadas mostradas

tecle enter

aperte T várias vezes até o cursor ficar em done

aperte enter

4 - RENOMEAR UM PONTO GRAVADO

- da tela de satélites vá para a tela main menu com vários page

com T ou D leve o cursor para waypoint list

tecle enter

com N ou D procure o ponto desejado, (cursor em cima dele)

aperte enter

com T • < OU >, leve o cursor para rename

Page 175: Aprendendo a Navegar

ANEXO K

02

- tecle enter

- com T • < ou > coloque o novo nome ponto

- aperte enter

- com T • leve o cursor para yes

- aperte enter

- aperte enter de novo com o cursor em cima de dane

- aperte page várias vezes até tela satélites

5 - EXCLUIR UM PONTO DO GPS

- da tela de satélites vá para a tela main menu com vários page

com T ou O leve o cursor para waypoint list

tecle enter

com T ou O procure o ponto desejado (cursor em cima dele)

aperte enter

com T • < ou > leve o cursor para delete

tecle enter

leve o cursor para yes

aperte enter

aperte page várias vezes até a tecla de satélites.

6 - NAVEGAR PARA 1 PONTO: DA TELA DE SATÉLlTESAPERTE GOTO 1 VEZ SÓ

- aparece uma lista dos pontos

aperte T • até o ponto

aperte enter

vá para a tela de navegação

aperte enter 2 vezes p/mudar de tela de navegação

mantenha-se no centro da pista

quando chegar aperte GOTO

com T vá até cancel GOTO?

Aperte enter para fim navegação.

7 - HOMEM AO MAR (MOS): DA TELA DE SATÉLITES APERTE GOTO 2 VEZESSEGUIDAS

- aparece a tela de navegação

a posição atual (MOS) é exibida

aperte enter

mantenha-se no centro da pista

navegue em círculos

sempre voltando ao ponto MOS

ao encontrar o náufrago:

aperte GOTO

com T vá até cancel GOTO?

Aperte enter para fim navegação.

8 - DESLIGAR: APERTE A TECLA DA LÂMPADA ENCARNADA E SEGURE ATÉ O GPS

DESLIGAR.

Page 176: Aprendendo a Navegar

Modelo GARMIN GPS III PlusANEXO K

03

1 - Ligar: aperte a tecla da Lâmpada encarnada (on/off/luz)

- aperte enter para passar para a tela de satélites

caso deseje mudar a posição das telas de vertical para horizontal (ou vice-versa),

aperte e segure a tecla page

- verifique o nível de energia F (cheio) E (vazio) e a precisão do GPS, por exemplo

25m

aperte page várias vezes para ir se familiarizando com as diversas telas do GPS

deixe o GPS na tela de posição atual do barco (da tela de satélite aperte page uma

vez).

2 - Marcar um ponto: da tela de satélite tecle page 1 vez e fique na tela de posição

aperte enter/mark uma vez

- aperte T ou. para levar o cursor para cima do número do waypoint (P. E. 001, ou

002, ... )

aperte enter/mark

aperte • até achar a 18 letra

aperte � indo para a 28 letra

aperte D até achar a 28 letra

repita até a 68 letra

aperte enter/mark

leve o cursor para done

aperte enter

3 - Copiar um ponto informado

da tela de satélites aperte duas vezes menu p/o main menu

com T ou. leve o cursor até waypoints

- tecle enter/mark

é exibida a lista dos pontos

aperte menu uma vez

leve o cursor para new waypoint

tecle enter

coloque um nome (6 letras/números) para o ponto usando T • < >

tecle enter

digite as novas coordenadas para o ponto usando T • < >, sobrepondo as

coordenadas mostradas

aperte enter

aperte T várias vezes até o cursor ficar em done

aperte enter

4 - Renomear um ponto gravado

- da tela de satélites vá para a tela main menu c/2 menu

com T ou. leve o cursor para waypoints

tecle enter

uma lista com todos os pontos aparecerá

com T ou. procure o ponto desejado (cursor em cima dele)

aperte enter

com T ou. < > leve o cursor para o nome do ponto

aperte enter

com T ou. leve o cursor para done

aperte enter

aperte page várias vezes até a tela satélite

Page 177: Aprendendo a Navegar

ANEXO K

04

5 - Excluir um ponto do GPS

- da tela de satélites vá para a tela min menu apertando duas vezes a tecla menu

- com T ou. leve o cursor para waypoints

- tecle enter

- aparecerá uma lista dos pontos

- com T ou. procure o ponto desejado (cursor em cima dele)

- aperte enter

- a tela do ponto surgirá

- aperte uma vez a tecla menu

com T • < > leve o cursor para delete waypoint

- tecle enter

leve o cursor para yes

- aperte enter

aperte page várias vezes até a tecla de satélites

6 - Navegar para um ponto: da tela de satélites aperte GOTO 1 vez só:

- aparece uma lista dos pontos

com T ou. escolha se quer a lista dos pontos mais recentes ou pontos mais

próximos

aperte T ou. até o ponto

aperte enter/mark

vá para a tela de navegação (aperte Quit ou page várias vezes até a tela da

estradinha)

mantenha-se no centro da pista

quando chegar aperte menu uma só vez

com T vá até cancel GOTO?

APERTE ENTER PARA FIM NAVEGAÇÃOAPERTE PAGE VÁRIAS VEZES PARA IR PARA A TELA DE POSiÇÃO ATUAL.

7 - Homem ao Mar (MOS): da tela de posição atual aperte e segure GOTO

- aperte enter para confirmar

aperte quit ou page várias vezes para ir para tela de navegação (estradinha)

mantenha-se no centro da pista

navegue em círculos

sempre voltando ao ponto MOS

ao encontrar o náufrago:

aperte menu uma única vez

com T vá até cancel GOTO?

APERTE ENTER PARA FIM NAVEGAÇÃO.

8 - Desligar: aperte a tecla da lâmpada encarnada e segure até o GPS desligar.

Page 178: Aprendendo a Navegar

Modelo MAGELLAN GPS 2000 XLANEXO K

05

1 - Ligar:

- aperte a tecla on/off até o receptor realizar um auto-teste de memória e em caso

afirmativo, passará para a tela de posição

2 - Desligar:

- aperte on/off e segure durante cinco segundos e o GPS se desligará; ou então:

- aperte on/off duas vezes seguidas para que imediatamente o receptor seja

desligado.

3 - Marcar um ponto (Iandmark):

com o GPS calculando posições (cadeado, no canto inferior da tela, fechado)

- de qualquer tela onde você esteja, tecle nav (ou pos) indo, com isto, para uma das

várias telas de navegação

aperte ent (ou enter) e surgirá um sub-menu

com as teclas "seta para cima (Â)" ou "seta p/baixo T" desloque o cursor para a

opção save pos

aperte enter

com as setas T Â < > digite um nome para este ponto (6 letras e/ou números)

após a última letra aperte enter

o cursor vai para a opção de mensagem (message)

escolha no e tecle enter

4 - Copiando um ponto informado

- de qualquer tela em que estiver, tecle nav (ou pos)

com isto você irá para uma das várias telas de navegação, incluindo, entre elas, a

tela de posição corrente

tecle enter

surgirá um sub-menu

com T ou  escolha a opção create Imk

tecle enter

com as telas T Â < > digite um nome para este novo ponto (6 letras e/ou

números)

após a última letra ou número tecle ent

o cursor terá se movido para o campo de latitude

com setas T Â < > digite os números da latitude no formato escolhido no setup

(na opção coord/system)

tecle ent

o cursor terá se movido pI o campo da longitude

com setas T Â < > digite os números da longitude no formato escolhido no setup

(na opção coord/system)

tecle ent

o cursor se moverá para o campo da altitude

com setas T Â < > digite os números da altitude, caso não esteja no nível do

mar

tecle enter

tecle enter de novo para a tela de navegação onde você estava.

5 - Navegando para um ponto (terra, mar e ar):

- de qualquer tela de navegação tecle GOTO uma única vez

- com as setas T Â < > escolha o ponto desejado e tecle enter

Page 179: Aprendendo a Navegar

ANEXO K

06

em seguida, tecle nav (ou POS) e escolha a tela de navegação mais conveniente

(ou use todas elas mudando de uma para outra com a tecla POS ou NAV

- através das informações fornecidas navegue até o ponto de destino.

6 - Função Homem ao Mar - (MOS)

- de qualquer tela de navegação tecle GOTO uma única vez

o cursor deve ficar em cima do ponto MOS (sua corrente posição)

tecle enter

em seguida, tecie NAV ou POS e escolha a tela de navegação mais conveniente

(ou use todas elas mudando de uma para outra com a tecla POS ou NAV.

Através das informações fornecidas navegue em todas as direções possíveis

sempre voltando (DST próximo de zero) para o ponto onde começou esta operação

(chamado automaticamente de MOS pelo GPS). Navegue em círculos até

encontrar o náufrago.

Page 180: Aprendendo a Navegar

GPS GARMIN ETREXANEXO K

07

1 - Ligar

aperte e segure a tecla PWR até o receptor realizar um teste de memória, e em

caso afirmativo, passará para a tela de satélite

aguarde até surgir a mensagem "ready to navugation".

2 - Desligar

aperte PWR e segure durante alguns segundos e o receptor se desligará

3 - Marcar um ponto (waypoint):

da tela satélite (18 tela) aperte page várias vezes até chegar na tela menu

apertando seta para cima/baixo leve o cursor até a opção mark

aperte enter uma vez

aperte seta para cima uma vez, levando o cursor para cima do número, sugerido

pelo gps, para este novo ponto

aperte enter uma vez para editar o nome do ponto. O cursor fica no 10 caracter do

nome

aperte enter uma vez

apertando seta para cima/baixo escolha a 18 letra/número do nome do ponto

(máximo de 6)

aperte enter - o cursor vai para a 28 letra

aperte enter uma vez

repita o processo, até no máximo a 68 letra

caso o nome tenha menos que 6 letras: após a última letra, aperte seta para baixo

levando o cursor para a opção OK

aperte enter uma vez

aperte seta para baixo uma vez para levar o cursor para a opção OK?

Aperte enter uma vez

Aperte page várias vezes voltando sempre para a tela de navegação.

4) Excluir um ponto do GPS

aperte page várias vezes até chegar na tela menu

aperte seta para cima/baixo até o cursor ficar na opção waypoints

aperte enter uma vez

aperte seta para cima/baixo até chegar na pasta que armazena os pontos que

começam as letras que lhe interessa

aperte enter uma vez para o cursor acessar os pontos desta pasta

com seta para cima/baixo procure o ponto desejado, colocando o cursor em cima

dele

aperte enter uma vez acessando o ponto

leve o cursor, com seta para cima/baixo, para a opção delete

aperte enter uma vez

leve o cursor para a opção yes com seta para cima/baixo

aperte enter uma vez confirmando a exclusão do ponto

aperte page várias vezes até chegar na tela de navegação.

5 - Navegar para um ponto

aperte page várias vezes atpe chegar na tela menu

escolha, com o cursor, a opção waypoints e aperte enter uma vez

procure o ponto desejado, na sua respectiva pasta, pelo índice da letra/número

inicial

ao achar o ponto, aperte enter uma vez

Page 181: Aprendendo a Navegar

ANEXO K

08

leve o cursor para a opção GOTO

aperte enter uma vez passando o controle para a tela de navegação

navegue até o ponto obedecendo a seta que deve ficar sempre apontando para

frente (cima)

apertando as teclas seta p/cima/baixo obtenha as informações de navegação no

campo situado na parte inferior da tela

ao chegar no ponto desejado, aperte enter uma vez

leve o cursor para a opção stop navigation

aperte enter uma vez encerrando a função de navegação.

6 - Inserir um ponto remoto:

na tela menu escolha a opção mark e aperte enter uma vez

leve o cursor para cima do número, sugerido pelo GPS, para este novo ponto

aperte enter uma vez

usando as teclas enter e setas para baixo/cima, digite o nome do ponto

leve o cursor para a opção OK e tecle enter

aperte seta para baixo/cima levando o cursor para as coordenadas exibidas na

parte inferior da tela

aperte enter para trocar estas coordenadas pela do novo ponto

para cada caracter aperte enter e para muda-lo, aperte seta para baixo/cima,

mudando-o em seguida apertando enter para efetuar a mudança do valor e passar

para o novo caracter

aperte seta para baixo levando o cursor para a opção OK?

Aperte enter uma vez concluindo a operação

7 - Renomear um ponto gravado:

acessando a tela do ponto, leve o cursor para o nome deste ponto

aperte enter para mudar o nome

para cada caracter aperte enter e para muda-lo, aperte seta para cima/baixo,

mudando-o e em seguida apertando enter para efetuar a mudança do valor e

passar para o novo caracter

aperte seta para baixo/cima levando o cursor para a opção OK

aperte enter uma vez

leve o cursor para a opção OK?

Aperte enter uma vez concluindo a operação.

Page 182: Aprendendo a Navegar

PROVA SIMULADA PARA MESTRE AMADOR

ANEXO L

01

Esta prova simulada a seguir tem a finalidade de lhe familiarizar com o tipo de questões que normalmente

aparecem nas provas para obtenção de sua carteira de Mestre Amador. No final desta prova simulada está o

gabarito com as respostas. Mas evite consultar o gabarito. Tente responder apenas com os conhecimentos

que você adquiriu durante a leitura deste livro.

1) O símbolo náutico, da carta anexa, na lat 22°55'8 e long 043°1O'W significa:

A) uma baliza cega

B) um radiofarol

C) um farol sem guarnição

D) uma bóia luminosa.

2) O que significa a abreviatura Lp na carta anexa?

A) lampejo curto

B) lampejo longo

C) grupo de lampejos

D) lampejo

3) Os diversos números espalhados pela carta anexa, na parte branca, significam:

A) altitudes

B) profundidades locais

C) profundidades médias

D) tipos de fundo.

4) Ângulo ou arco de meridiano formado no centro da terra, a partir do equador, até o paralelo dolugar:

A) longitude

B) latitude

C) apartamento

D) rumo.

5) Ângulo formado pelo cruzamento das linhas norte magnético e norte verdadeiro:A) declinação magnética

B) desvio da agulha

C) variação total

D) rumo magnético

6) Ângulo formado entre o norte verdadeiro e a linha de proa da embarcação:A) declinação magnética

B) rumo magnético

C) rumo verdadeiro

D) rumo da agulha

7) Ângulo formado entre a linha de proa de uma embarcação e a linha de visada do alvo, porboreste, de 000° a 360°

A) marcação verdadeira

B) marcação relativa

C) marcação magnética

D) marcação polar.

8) Linhas que unem pontos de mesma profundidade:

A) isobáticas

B) isodeclinogônicas

C) isobáricas

D) isogônicas

Page 183: Aprendendo a Navegar

ANEXO L

02 9) Círculo máximo da esfera terrestre, que a divide em dois hemisfériosA) paralelo terrestre

B) equador terrestre

C) meridiano terrestre

D) circulo vertical

10) Ângulo, formado no pólo, pelo meridiano do lugar e o meridiano de Greenwich

A) latitude

B) longitude

C) rumo

D) marcação.

11) Enfiamento é

A) a interseção de dois pontos

B) o alinhamento de dois pontos, bem definidos em terra.

C) o cruzamento de uma linha de posição

D) o ponto de partida e de chegada

12) Quando o norte magnético se encontra a boreste do norte verdadeiro a dmg é

A) norte

B) leste

C) oeste

D) nordeste

13) Quando o norte magnético coincidir com o norte verdadeiro (geográfico), a declmg é

A) leste

B) oeste

C) nula

D) máxima

14) Ângulo formado entre o norte verdadeiro e a linha do alvo

A) rumo verdadeiro

B) rumo da agulha

C) marcação verdadeira

D) rumo magnético.

15) O ângulo ideal entre duas marcações obtidas é de

A) 10°

B) 45°

C) 90°

D) 135°

16) No sistema radar, qual o controle que permite ter maior precisão da distância de um alvo?

A) VRM

B) UTC

C) GAIN CONTROL

D) RAIN CONTROL.

17) Sempre que usamos o ecobatímetro devemos acrescer o valor da profundidade lida com:

A) A boca da embarcação

B) O calado da embarcação

C) A linha dágua

D) O deslocamento.

Page 184: Aprendendo a Navegar

18) Instrumento que registra a velocidade do vento

A) anemômetro

B) anemoscópio

C) biruta

D) psicômetro.

ANEXO l

03

19) A parte da agulha magnética, que permite que a mesma se mantenha na horizontal,

apesar do jogo do navio é:

A) estilete

B) suspensão cardin

C) capitel

D) bitácula.

20) Quando a maré, em um intervalo de tempo, durante o dia, fica estacionária, denomina-se:

A) estofo da maré

B) preamar

C) baixa-mar

D) maré de quadratura

21) Uma arrebentação é simbolizada numa carta náutica pelas letras:

A) Arr

B) Ap

C) Arreb.

D) Ab.

22) Nas cartas náuticas as latitudes são lidas

A) na margem superior

B) na margem inferior

C) na margem lateral

D) no paralelo médio.

23) A interseção de um meridiano com um paralelo nos fornece

A) a declinação magnética

B) as coordenadas de um ponto

C) a profundidade

D) a latitude.

24) Navegando-se sobre um paralelo o rumo será

A) norte ou sul

B) leste ou oeste

C) nordeste ou sueste

D) nordeste ou sudoeste

25) Para se medir a distância, numa carta náutica, usa-se:

A) compasso e escala de latitude

B) compasso e escala de longitude

C) compasso e régua paralela

D) transferidor e compasso.

26) A direção norte sul, da rosa-dos-ventos, é paralela

A) aos paralelos de latitude

B) aos meridianos

C) ao rumo

D) aos paralelos de longitude.

Page 185: Aprendendo a Navegar

ANEXO L

0427) Na costa brasileira, navegando-se no rumo norte, as marcações de terra

(exceto ilhas) estarão sempre por

A) boreste

B) bombordo

C) través do rumo

D) través de boreste.

28) As profundidades encontradas nas cartas náuticas brasileiras são dadas em

relação ao nível médio das

A) preamares de um mês

B) baixa-mares de um mês

C) preamares de sizígia

D) baixa-mares de sizígia.

29) Navegando numa marcha média de 11 nós, quantas milhas a frente você estará

depois de 36 horas contínuas de navegação, sem mudança de rumo?

A) 640 milhas

B) 396 milhas

C) 693 milhas

D) 460 milhas.

30) Embarcações com comprimento inferior a 12m deverão ter luz de alcançado com alcance de:

A) 4 milhas

B) 3 milhas

C) 2 milhas

D) 1 milha

31) Uma embarcação navegando a vela, quando também usando seu motor deve exibir, avante,

onde melhor possa ser avistada:

A) Uma marca em forma de cone, com vértice para baixo

B) Uma marca em forma de esfera

C) Uma marca em forma de cone

D) Uma marca em forma de losango.

32) Se o movimento da balanço da embarcação é muito lento, concluímos que sua estabilidade é:

A) excessiva

B) muita

C) pouca

D) indiferente.

33) As linhas de carga são indicadas no costado a meio navio por meio de uma marca denominada:

A) Marca de seguro

B) Marca registrada

C) disco de Plinsoll

D) marca classificada

34) Quando marcamos um farol pela proa, a marcação relativa deste farol será de

A) 350°

B) igual ao rumo verdadeiro

C) igual ao rumo magnético

D) 000°.

Page 186: Aprendendo a Navegar

35) Meu rumo verdadeiro (Rv) é 100° e avistei um farol na marcação verdadeira (Mv) 055°,

então a marcação relativa (Mrel) deste farol será de:

A) 315°

B) 055°

C) 045°

D) 010°,

ANEXO L

OS

36) As altitudes numa carta náutica são medidas em:

A) pés

B) braças

C) metros

D) kilos.

37) As marcações são simultâneas quando têm:

A) Dois pontos distantes

B) Dois pontos em tempos diferentes

C) Dois pontos, no mesmo instante

D) Em enfiamento.

38) Qual a ferramenta usual do navegante para determinar a direção traçada numa carta náutica?

A) Régua de paralelas

B) compasso

C) lupa

D) estaciógrafo.

39) Usando a carta do anexo A deste livro, resolva a seguinte questão: Partindo do ponto A

na latitude 23°05'S e longitude 042°55'W rumei para o ponto B na latitude 23°01 's

e longitude 042°40'W. Sabendo-se que levei aproximadamente uma hora para

percorrer tal distância, determinar qual o rumo e velocidade.

A) 075°e 14nós

B) 090° e 20 nós

C) 060° e 10 nós

D) 080° e 15 nós.

40) Usando também a carta do anexo A deste livro, resolva a seguinte questão: Tirei uma marcação

da ilha Rasa e constatei que ela está na marcação verdadeira 310° e distância de 3 milhas. Neste

exato momento, qual minha marcação verdadeira das ilhas Maricás e qual a distância da

mesma?

A) 095° - 8 milhas

B) 085° 10 milhas

C) 065° - 11 milhas

D) 055° - 12 milhas.

BOA SORTE

Page 187: Aprendendo a Navegar

ANEXO L

06

GABARITO DA PROVA SIMULADA PARA MESTRE AMADOR

Page 188: Aprendendo a Navegar

Sebastião

Fernandes é

Suboficial da

Marinha do Brasil e

navegante Amador na

categoria de Capitão

Amador. Esteve

embarcado em 5 navios

da Marinha, durante 14

anos, sempre exercendo

função na área de

navegação. Possui 639

dias de mar e 139.000

milhas navegadas, sem

contabilizar aquelas

realizadas na navegação

de lazer.

Atualmente reside na

cidade de Itapema/SC.

Page 189: Aprendendo a Navegar

Você jamais poderá ser chamado de navegante se não

dominar as técnicas de transformação de rumos, a

posição no mar obtida por marcações, as coordenadas

de latitude longitude, a navegação estimada, a

interpretação da carta náutica. Portanto, seja

bem vindo ao verdadeiro ninho das gaivotas,

a este maravilhoso mundo da

verdadeira navegação:

a navegação costeira.