Apostila Pensamento Antropológico da Familia Sinop 2012
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O QUE É FAMÍLIA?
“A família é um modelo universal para o viver. Ela é unidade de crescimento; de experiência; de sucesso e fracasso; ela é também a unidade da saúde e da doença”
(Nathan W. Ackerman)
Para que possamos dar os primeiros passos na abordagem do
nosso objeto de estudo - a família, faz-se necessário que possamos identificá-
lo de forma mais clara . Infelizmente, por mais que tentemos, não conseguimos
chegar a uma única definição, mas a múltiplas conceitos e visões a seu
respeito. Entre eles, podemos citar: “pessoas aparentadas, que vivem em geral
na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”; “pessoas de mesmo
sangue”, ou, ainda, “ascendência, linhagem ou estirpe” (Buarque de Holanda,
1986). Desta forma, podemos antever a dificuldade de conceituação
encontrada. De maneira geral, podemos falar de uma diversidade de
composições que incluem: laços sangüíneos, relações não-formais de
parentesco, conjugalidade, família nuclear, família extensa, entre outras.
Podemos dizer, contudo, que a família é um sistema social crucial à
continuação da espécie humana. Ela assume muitos aspectos; sendo produto
do sistema social, além de refletir a cultura deste sistema. Além disso, ela
reflete ainda as condições de vida num determinado espaço e tempo.
A Antropologia e a Sociologia foram as primeiras ciências a se
interessarem efetivamente pelo estudo da família através de inúmeros estudos
e pesquisas que assumiram os povos primitivos, tribos indígenas e outros
agrupamentos como foco de análise.
A estrutura da família nuclear, isto é, o núcleo formado pelo casal e
seus filhos, residindo juntos, tal como vemos nos dias de hoje é relativamente
recente, datando aproximadamente do século XVII. As relações familiares, até
esta época eram bem diferentes. O casamento era um contrato não firmado
pelas partes interessadas; a criança não era valorizada na sociedade, não
obtendo a atenção necessária a sua idade e desenvolvimento. A educação das
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crianças era garantida pela aprendizagem junto aos adultos. Assim, o normal
era que, após o desmame que era tardio em torno dos 6 ou 7 anos as crianças
eram mandadas para outras famílias para aprenderem um ofício, ou aprender a
servir.
Até o fim da Idade Média, não havia intimidade entre os membros de
uma família, que viviam em grandes casas com parentes, criados, clientes,
etc., que freqüentavam e habitavam o mesmo espaço, em condições
promíscuas; não havendo privacidade. Nesta época a família cumpria apenas
uma função: assegurar a transmissão da vida, do nome; de bens, de glória,
honra e de garantir a linhagem, fosse esta nobre ou não.
O século XVII, marca o começo de profundas transformações na
sociedade. Podemos vislumbrar o nascimento da família moderna, que
corresponde ao surgimento das escolas, da preocupação com a educação das
crianças. Começa-se a valorizar a criança, e consequentemente há o
desenvolvimento uma relação afetiva e íntima entre pais e filhos. A família
passa a assumir uma função moral e espiritual, preparando a criança para a
vida. A nova moral burguesa marca a passagem para reorganização da casa e
dos costumes, refletindo-se na estrutura e funções da família ocidental
moderna.
Atualmente podemos entender o conceito de família de forma mais
abrangente, se referindo não apenas ao modelo patriarcal judaico-cristão (pai,
mãe, filhos e colaterais), mas também a diferentes formas de composições
familiares como é o caso das famílias constituídas independentes do
matrimônio civil; das que são formadas pela dissolução das famílias originais e
outras mais.
Essa variedade acaba promovendo a necessidade por parte dos
profissionais que trabalham na área de família de uma atualização constante e
a realização de novos estudos e pesquisas.
A FUNÇÃO DA FAMÍLIA
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Podemos enumerar algumas das funções primordiais da família
moderna:
provedora as necessidades básicas de alimentação e habitação,
ou seja, funções de sobrevivência e proteção dos perigos
externos;
matriz do desenvolvimento de vínculos afetivos e sociais;
modeladora dos papéis sexuais.
Ou seja, vemos como funções primordiais da família o
asseguramento da sobrevivência física e de socialização, possibilitando o
desenvolvimento da identidade e da individualidade de seus membros.
A família protege a criança do mundo exterior e a prepara para ele.
Cada família desenvolve sua forma particular de existência; através
do que podemos chamar de “padrões de interação”, nos quais vemos
diferentes estruturas de poder, de formas de comunicação, de resolução de
problemas, maneiras diferenciadas de responder às demandas afetivas de
seus membros, de gerenciar conflitos, perdas e mudanças. Estes padrões são
constituídos por laços, limites/fronteiras e papéis; em constante interação.
Porém, esta interação porém é resultado de negociações explícitas e implícitas
entre seus membros, em torno das questões que vão surgindo ao longo do seu
desenvolvimento e do contexto em que estes se inserem, sendo que, estes
padrões interacionais são influenciados pela bagagem histórica trazida através
das gerações na família. Assim, a identidade de cada membro, é influenciada
pelos diferentes elementos que fazem parte de cada família, de sua cultura,
assim como de suas próprias vivências no mundo.
O CICLO DE VIDA DA FAMÍLIA
O Ciclo de Vida Familiar é um processo bastante complexo
envolvendo três ou quatro gerações que se movimentam juntas ao longo do
tempo. Embora a versão mais moderna de família seja a da família nuclear,
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formada por um casal e seus filhos, morando juntos e separados de suas
famílias de origem, as famílias são subsistemas que se comportam dentro de
um sistema familiar mais amplo. Em outras palavras, nossas reações aos
relacionamentos não se limitam às interações dentro do núcleo familiar, mas se
estendem aos relacionamentos passados, presentes e antecipados da família
mais extensa. As mudanças ocorrem simultaneamente no ciclo de vida de duas
ou mais gerações e os eventos que geram perturbações em um determinado
subsistema acabam por afetar consideravelmente os demais.
Pode-se afirmar que uma família comum vive sob um fluxo constante
de ansiedade que pode ser observado tanto verticalmente como
horizontalmente. O fluxo vertical diz respeito aos padrões de relacionamento
transmitidos através de gerações, incluindo-se aí as atitudes, expectativas,
valores e regras que são levados de uma geração à seguinte, mantendo vivos
os “temas” familiares, que devem orientar as vidas dos membros daquela
família. O fluxo horizontal, por sua vez, refere-se à ansiedade provocada pelo
estresses que afetam a família ao longo do tempo e que incluem eventos
imprevisíveis que podem romper o equilíbrio e atingir o processo do ciclo vital,
como por exemplo, as situações de adoecimento crônico, o nascimento de uma
criança deficiente, dentre outros.
Qualquer família irá parecer bastante disfuncional caso haja um
excesso de estresse no eixo horizontal. Por outro lado, uma leve pressão no
eixo vertical pode ocasionar uma brusca ruptura em um sistema que já seja
sobrecarregado de estresse. Portanto, o grau de ansiedade encontrado no
ponto onde cruzam esses dois eixos determina como a família lidará com as
mudanças ao longo da vida. Quanto maior for a ansiedade gerada na família
em qualquer fase de transição, mais difícil e/ou disfuncional será o processo de
transição.
A família também terá de lidar com os fatores estressantes atuais
provocados pelo meio ambiente socioeconômico e influenciados pelo
acontecimentos históricos da época e lugar em que vivem. Embora a família
possa ser considerada um sistema em constante movimento, ela difere de
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outros sistemas pois só tem a possibilidade de incorporar novos elementos
através do nascimento, do casamento ou da adoção; a exclusão só se dá pela
morte. Não se escolhemos os relacionamentos familiares, salvo o casamento, e
não temos como alterar as relações na rede complexa de laços familiares.
Quando agimos como se as relações familiares fosse uma questão opcional,
perdemos nosso próprio sentimento de identidade e a possibilidade de
experimentar o contato afetivo e social que o convívio familiar proporciona.
Existem alguns processos a serem negociados ao longo dos
diferentes estágios do ciclo de vida familiar: a expansão, a contração e o
realinhamento do sistema de relações da família para permitir a entrada, a
saída e o desenvolvimento de seus membros de maneira funcional. O
desenvolvimento clássico do ciclo de vida de uma família, por exemplo, se
inicia no estágio do jovem adulto, quando um homem e uma mulher se casam,
formando uma nova família. Nesse momento há a necessidade de realizar a
separação e a diferenciação da família de origem, fazendo a passagem de
maneira harmônica, sem criar conflitos ou rompimentos. O sucesso ou fracasso
dessa fase influenciará como, quando e com quem o jovem adulto se casará e
cumprirá os outros estágios do ciclo vital.
O próximo estágio do ciclo vital, do recém-formado casal, exige que
uma série de questões pessoais definidas pela família de origem sejam
renegociadas. Além disso, é preciso que o casal definam as novas relações
com suas famílias de origem, como a frequência das visitas aos pais, a
distância física e emocional a ser mantida, dentre outras questões.
A chegada do primeiro filho inaugura um novo ciclo da vida familiar,
impondo novos comportamentos ao casal de pais e desafiando-os a manter a
intimidade e, ao mesmo tempo, abrir espaço para acolher um novo membro. A
chegada dos filhos à adolescência precipita a necessidade de redefinição das
relações familiares. As famílias com adolescentes precisam estabelecer novas
fronteiras, mas que sejam flexíveis o suficiente para permitir oscilações entre
os comportamentos de independência e os momentos em que o adolescente
sente necessidade de buscar a proteção e orientação dos pais.
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A saída dos filhos de casa, uma etapa do ciclo vital também
conhecida como “Síndrome do Ninho Vazio”, é o momento em que os filhos
mais velhos começam a partir e, ao mesmo tempo, inicia-se a etapa da entrada
dos cônjuges e netos. Muitas vezes, esse estágio coincide com situações de
adoecimento e morte na família e exige do casal uma renegociação do
casamento, que já não pode funcionar com base nas funções parentais.
Freqüentemente, essa fase envolve sentimentos de vazio e depressão.
A família mais velha deve enfrentar mudanças importantes e, muitas
vezes, dolorosas, como morte do cônjuge e a perda da autonomia. Em todos
os estágios, no entanto, a família enfrenta novos desafios e cada etapa do
percurso é construída sobre a precedente. A cada mudança se deparam com a
instabilidade, a tensão e o desequilíbrio. Dependendo da habilidade com que a
família mobiliza padrões alternativos de reação, nos momentos em que se
sentem pressionadas a fazer mudanças internas e externas, oriundas de seus
próprios membros ou do meio social, esse sistema será mais ou menos forte
para enfrentar as etapas seguintes do ciclo vital.
A FAMÍLIA COMO UM SISTEMA
A partir da Teoria dos Sistemas podemos conceber a família como
sistema aberto, que troca materiais, energia e informação com o meio ambiente
à sua volta. A família se constitui de um conjunto de regras de comportamento
e por funções dinâmicas que estão em constante interação e intercâmbio com
o meio externo. Embora possa ser percebida como um sistema em sí, a família
é um sub-sistema de um sistema maior: a sociedade. Como unidade, ela
também é constituída de sub-sistemas: seus membros, suas díades (pai-filho,
mãe-filha), o sexo, as gerações e interesses e funções. Cada um desses sub-
sistemas tem suas fronteiras, ou seja, as regras que definem quem e como
pode-se participar; essa é função que cada sub-sistemas tem para manter-se
diferenciado.
Além dessa função, existem outras, mais específicas, que impõem
exigências a seus membros. Portanto. É importante que as fronteiras sejam
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bem definidas para que seus membros possam exercer essas funções. Uma
boa avaliação do funcionamento familiar pode se basear na observação da
delimitação das fronteiras entre os sub-sistemas familiares. As famílias com
pouca individualidade e privacidade geralmente são aquelas cujos sub-
sistemas são pouco diferenciados e se encontram fusionados.
A estrutura familiar é moldada pelas relações dentro do sistema,
estando este permanentemente aberto a novas formulações, adaptações e
respondendo às necessidades de mudança de cada membro. Uma família
saudável é sempre dinâmica e está em constante processo de evolução e
transformação. Como qualquer outra organização social, tem regras, política e
padrões de comportamento próprios. Seu bom funcionamento depende de
uma clara separação entre as gerações e da possibilidade que é dada a cada
membro de experimentar se sentir parte de um todo seguro e acolhedor.
O mais importante, para o terapeuta de família, é o que ocorre entre
os membros, suas relações e interações. O desenvolvimento de cada membro
é percebido através dos processos interativos dos quais participa. As
mudanças nas funções de um indivíduo acarretam alterações nas funções
complementares dos outros membros da família. Uma família saudável é
aquela que, através do tempo e dos ciclos de vida familiar, permite que o
processo de crescimento e a reorganização do sistema familiar ocorram
continuamente.
TEORIA DA COMUNICAÇÃO
A Teoria da Comunicação elaborada a partir de pesquisas
desenvolvidas por Gregory Bateson, Jay Haley, Don Jackson e Weakland, na
década de 50, em Palo Alto, Califórnia; tornou-se um dos pilares da Teoria
Familiar Sistêmica. Ponciano nos fala da importância do conceito de
comunicação para o campo da terapia familiar apontando alguns aspectos
“Por ser restrito ao grupo humano; por permitir o estudo da linguagem; por incluir o ruído, caminhando para a complexidade; por não excluir a noção de sentido.”
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(Ponciano, 1999, p. 93)
Assim, a comunicação humana pode ser analisada segundo a
sintaxe, a semântica e a pragmática. A sintaxe refere-se à maneira como as
palavras são organizadas para compor as frases e sentenças; é o modo pelo
qual a informação é transmitida. Assim, a sintaxe está ligada às propriedades
estilísticas da linguagem. O significado é o reino da semântica, refere-se à
clareza da linguagem, à existência de sistemas de comunicação privados
(subsistemas) ou compartilhados (pelo sistema como um todo); assim como
também refere-se à concordância versus confusão da comunicação (Nichols e
e Schwartz, 1998).
Finalmente há o pragmatismo, ou o efeito comportamental da
comunicação, que é o aspecto mais relevante da teoria da comunicação
aplicada à Terapia de Família, é a base para compreendermos o
comportamento em qualquer sistema familiar. Para avaliar os efeitos da
comunicação, é necessário considerar o comportamento não verbal e o
contexto da comunicação, bem como as palavras empregadas.
Jackson (1968) descreve duas modalidades básicas de
comunicação: complementares e simétricas; baseando-se em uma pesquisa
sobre ciclos de interação auto-reforçadores desenvolvida anteriormente por
Bateson numa comunidade em Nova Guiné. Os ciclos complementares são
baseados em diferenças que se ajustam (dominação/submissão;
ajuda/dependência). Os ciclos simétricos são caracterizados pela minimização
das diferenças, ou seja, na busca de igualdade entre os pares(o
comportamento de uma pessoa espelha o comportamento da outra). Os dois
tipos de comunicação foram reconhecidos por Jackson, como fazendo parte
tanto de relações saudáveis, como também podendo assumir formas rígidas,
produzindo ou não distúrbios ou patologias.
O grupo de Bateson, privilegiando a observação do comportamento
e da comunicação, procurou determinar uma série de axiomas sobre as
implicações interpessoais da comunicação. Estes axiomas são um aspecto da
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metacomunicação, que significa a comunicação sobre a comunicação
(Watzlawick et al,1973).
O 1º axioma é que as pessoas estão sempre se comunicando.
Como todo comportamento é comunicativo e uma pessoa não tem como deixar
de se comportar, conclui-se que: as pessoas não podem não se comunicar.
Neste sentido, entendemos comunicação como qualquer tipo de interação
interpessoal , sem a necessidade de haver uma compreensão mútua,
consciente e com êxito.
O 2º axioma é que todas as mensagens têm um relato e uma
função de comando. O relato ou conteúdo de uma mensagem transmite
informação, enquanto o comando é uma afirmação sobre a definição do
relacionamento entre as pessoas que falam. Nas famílias, as mensagens de
comando são padronizadas como regras. A padronização regular das
interações estabiliza os relacionamentos. As regras ou regularidades da
interação familiar operam para preservar a homeostase familiar, um equilíbrio
comportamental aceitável dentro da família. O conceito de Jackson de
homeostase familiar descreve o aspecto conservado dos sistemas familiares e
é similar ao conceito de retroalimentação negativa encontrado na Teoria Geral
dos Sistemas (Nichols e Schwartz, 1998).
A Teoria da Comunicação não aceita a causalidade linear, nem
busca motivos subjacentes para o comportamento, em vez disso assume a
causalidade circular e analisa comportamentos específicos que ocorrem no
momento presente.
Os teóricos da comunicação observaram comportamentos que se
constituíam em padrões de comunicação ligados uns aos outros em cadeias de
estímulo e resposta. Este modelo de causalidade seqüencial permitia aos
terapeutas tratarem as cadeias comportamentais como movimentos retro-
alimentadores. Quando a reação ao comportamento problemático de um
membro da família exacerbava o problema, essa cadeia era vista como um
movimento retro–alimentador positivo. A vantagem clínica desta formulação é
que ela se concentrava em interações que perpetuavam problemas que
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poderiam ser mudados. Assim, o objetivo da terapia familiar baseada em
princípios da Teoria da Comunicação era realizar “uma ação intencional para
alterar padrões de interação com funcionamento deficiente.” (Watzlawick et al,
apud Nichols & Schwartz, 1998: 163).
Estas idéias à respeito da comunicação foram sendo cada vez mais
elaboradas pelo grupo de Bateson e acabaram sendo estendidas para a área
clínica. Desenvolveram uma pesquisa sobre a comunicação em famílias
constituídas com um membro esquizofrênico, especialmente jovens adultos e
seus pais. Esta pesquisa é considerada um dos marcos iniciais não só da
Terapia de Família, como da ênfase na relação, até então quase ignorada na
área, vinculada às noções de comunicação e linguagem, em contraposição à
importância dada à subjetividade e ao indivíduo isolado. Dos resultados desta
pesquisa, surge o conceito de “duplo-vínculo”, que foi a forma mais precisa de
exemplificar a nova formulação teórica que surgia para a compreender a
esquizofrenia, privilegiando a noção de interação pela comunicação. O conceito
de “duplo-vínculo”, implica na existência de uma duplicidade nos níveis de
comunicação inerente à toda mensagem. Há, portanto o nível verbal (literal) e o
metacomunicacional (metafórico) no relato. Quando há congruência entre eles,
teremos a compreensão mútua das partes envolvidas. Porém, a comunicação
torna-se patológica quando estes níveis forem incongruentes, paradoxais ou
contraditórios, levando o receptor a um estado de confusão e paralisia. Isto
acontece quando este é incapaz de discriminar a mensagem ou quando há
uma negação de um nível sobre o outro na mensagem transmitida. O duplo
vínculo pode resultar um sério distúrbio que se dá num contexto
particularmente significativo entre os membros envolvidos. Para o grupo de
Palo Alto, o esquizofrênico é fruto deste padrão de comunicação, no qual
existe um contexto relacional ameaçador e confuso, que acaba por torná-lo
incapaz de se expressar de forma saudável, por medo de atacar diretamente o
outro.
Cibernética
"A visão cibernética do mundo tem sido apontada como um salto do mundo da matéria
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para o mundo dos padrões de relações: faz os padrões passarem a ser figura, deixando os objetos como fundo."
(Vasconcellos, 1995, p. :28)
A Cibernética, nasce como disciplina científica, no final dos anos 40,
fundada pelo alemão Norbert Wiener. A Cibernética trouxe na base de seus
questionamentos, o estudo dos princípios de organização que permeiam e
constituem simultaneamente os diversos fenômenos. Desde as máquinas
artificiais aos organismos vivos e fenômenos psicológicos e sociais. Havia uma
preocupação em estabelecer uma correspondência entre estes sistemas.
Considerava-se que estes obedeciam princípios organizacionais ligados à
informação. A ênfase na analogia dos sistemas (homem/natureza) forneceu
sustentação para uma concepção ecológica dos processos de comunicação,
dando forma a epistemologia desta nova disciplina. A informação é o princípio
organizador dos sistemas em questão1.
Wiener preocupava-se em conceber máquinas que pudessem ter um
propósito em seu funcionamento e operar de forma a manter e cumprir seus
objetivos. A ligação entre objetivo e os meios utilizados para alcançá-lo,
implicava existência de um mecanismo circular de controle dos elementos
constituintes do sistema que o levasse a corrigir seu funcionamento, de forma a
atingir seu objetivo (estabilidade), otimizando seu rendimento. Assim, nasce o
conceito de retroalimentação, processo pelo qual um sistema recebe a
informação necessária para se auto-corrigir no percurso em direção ao objetivo
programado. O mecanismo de retroalimentação pode conter
1 “A teoria da informação de Shannon baseia-se em um sistema de comunicação, no qual uma mensagem
é transmitida de um emissor a um receptor, com um repertório em comum (código), através de um
canal. A mensagem é composta por signos ou sinais que podem ser decompostos em unidades de
informação (bits). Essa teoria influenciou a teoria da comunicação” (PONCIANO, 1999).
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tanto informações a respeito das influências do meio externo ao sistema,
quanto informações sobre o relacionamento entre os seus componentes,
agindo como um sistema auto-regulador. A retroalimentação pode ser positiva
ou negativa, ou seja, diz respeito ao efeito que ela produz dentro do sistema na
sua busca de estabilidade (homeostase). A retroalimentação negativa reduz o
desvio (mudança) no sistema enquanto que a retroalimentação positiva o
amplifica. Os fenômenos passam a ser vistos não mais como entidades
estanques, mas como organizações complexas regidas por princípios de
regulação e controle (Rapizo, 1996).
A partir da rede conceitual derivada da Cibernética, Rapizo (1996)
apresenta um princípio fundamental que foi trazido para o campo da Terapia
Familiar. O princípio de homeostase dos sistemas. É o mecanismo de
retroalimentação que irá garantir esta estabilidade no sistema, traduzindo-se
num modelo primitivo de circularidade dos sistemas.
Gregory Bateson, um teórico da comunicação, foi um dos principais
articuladores entre os modelos cibernéticos e sociais. Em uma pesquisa sobre
comunicação e esquizofrenia, iniciada em 1952, apoia-se em princípios
cibernéticos para compreender as relações humanas. Interessou-se
principalmente nos processos de retroalimentação destes sistemas. Seus
estudos provocaram uma importante mudança conceitual na compreensão dos
sistemas familiares - da causalidade linear para a causalidade circular.
É no contato entre as Ciências Humanas e a Cibernética que surge
a Terapia Familiar Sistêmica. Em seus primórdios buscava entender a família
como um sistema, no qual seus membros interagem circularmente
(causalidade circular), na procura de um padrão de funcionamento estável
(homeostático), e que obedecem regras relacionais. Este sistema, quando
ameaçado em seu funcionamento (crise), tende a corrigir o “desvio” através de
comportamentos compensatórios (retroalimentação negativa) para a
manutenção da homeostase familiar (auto-regulação).
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AS INTERAÇÕES FAMILIARES E SOCIAIS NAS
RELAÇÕES ESCOLARES
Os procedimentos pedagógicos, em educação especial, nem sempre
são do conhecimento das famílias. Algumas mães comentam que o professor
de seus filhos não lhes diz o que é feito para o seu desenvolvimento, em sala
de aula. As poucas que se dizem informadas a respeito do que seus filhos
fazem na classe, não sabem esclarecer bem as vantagens sobre aquelas
atividades propostas pelo professor durante o período que seus filhos
permanecem na escola.
Ferreira (1993) ao comentar sobre as propostas de seleção e
organização do conteúdo curricular nas escolas especiais, refere-se à
tendência de identificar a especificidade da educação para este aluno em três
itens que relaciona, a seguir:
habilidades do dia-a-dia, extra-acadêmicas, que o deficiente não desenvolve por si ou sem a escola;
superação de problemas de personalidade e de interação social como, por exemplo: baixa tolerância à frustração, falta de atenção, autoconceito reduzido, baixo nível de socialização;
habilidades básicas, tipicamente psicomotoras, pré- requisitos para o domínio da escrita, leitura e cálculo - a chamada "prontidão".
(Ferreira, 1993: 55)
O autor, entretanto, critica a evidente generalização dos conteúdos
selecionados em relação às necessidades educativas especiais dos deficientes
“severos e dos leves”. Em relação às atividades de vida diária, apresentadas
no primeiro e terceiro itens, questiona a eficácia dos programas de prontidão,
lembrando que é comum que as escolas criem os programas considerando
apenas a idade mental, dando a crianças com doze anos atividades
normalmente desenvolvidas pelas de seis, reduzindo suas possibilidades de
desenvolvimento, acabando por criar desinteresse nos alunos por desgostarem
das atividades impróprias para sua faixa etária ou, então, cuidam para que
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ocupem o tempo na escola em atividades puramente recreativas, levando-as a
desenvolver atitudes de desinteresse e acomodação, sem procurar incentivá-
las a avançar na construção de novos conhecimentos.
Outro equívoco nos programas escolares destinados a essas
pessoas é o de subestimar as suas potencialidades para o aprendizado da
leitura e escrita, dedicando pouco investimento pedagógico para, efetivamente,
apoiá-los na construção destes conhecimentos.
Muitas vezes o enriquecimento destes planejamentos poderia ser
obtido se os pais ou parentes próximos fossem consultados sobre as atividades
cotidianas destes alunos. Há muitos relatos de pais sobre desempenhos de
seus filhos dentro e fora da escola mostrando como a escola, em certos
momentos, é limitante deste desempenho por não considerar o potencial
destes alunos.
Laudivar (1990), ao comentar este fato, diz que, para muitos pais,
seu filho sabe muito mais do que realmente faz e demonstra saber na escola,
reconhecendo que este fato é comprovado por todos os profissionais que estão
em contato com a educação especial. Segundo este mesmo autor,
"Antes de mais nada, é necessário perceber que isto é compreensível. E, por outra, parte, antes de se julgar como supervalorização subjetiva, será necessário a comprovação minuciosa. Pois estou seguro de que uma mãe e um pai sabem de seu filho muito mais que nós".
(Laudivar, 1990, P. 31)
Neste aspecto, Paín (1981) recomenda que para evitar a
dissociação entre os conhecimentos adquiridos em classe e aqueles
incorporados pela criança em sua vida cotidiana é necessária uma
coordenação estreita entre ambos, e a inclusão mútua de aspectos que
permitam uma continuidade significativa.
As mães mais atentas aos procedimentos metodológicos da escola
em relação à educação de seus filhos, sendo ou não conhecedoras do assunto,
são capazes de detectar esta falha de elaboração do currículo. Entretanto,
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percebe-se, em seu contato com a escola, o receio de abrir essa discussão
com o professor, temendo que ele não aceite a crítica por considerá-la
infundada, já que os pais, geralmente, não possuem cursos na área
pedagógica.
Em seu trabalho sobre integração, Goffredo (1991) também faz
comentários sobre o afastamento do processo pedagógico que a escola impõe
aos pais como o seguinte:
"Acrescenta-se, ainda, a todo esse panorama um outro ponto obstaculizante a essa integração, o distanciamento que as escolas, dentro da amostragem analisada, impunham às famílias desses alunos, não sendo estimuladas ou sequer solicitadas a uma participação na dinâmica escolar".
(Godofredo, 1991, p. 51)
Sabemos que as crianças e adolescentes que possuem
necessidades educativas especiais, geralmente, respondem mais
favoravelmente aos programas de ensino ou de estimulação se os pais e
professores forem parceiros ao invés de trabalharem isoladamente.
Outro fato que merece atenção é o de que em virtude das
necessidades de apoio em fisioterapia, psicologia e fonoaudiologia, e pelo fato
desses recursos não estarem disponíveis em um só local, torna-se, muitas
vezes, cansativo e dispendioso para as mães, familiares e para o próprio
indivíduo, deslocarem-se, em um mesmo dia, para vários lugares em bairros
distantes buscando esses atendimentos. Muitas vezes, ao chegarem na escola,
já se encontram cansados e sem condições de participarem das atividades
escolares.
Essas atividades, que tomam a maior parte do tempo, interferem
intensamente na rotina da vida em família, comprometendo a criação dos
outros filhos que são impulsionados a resolverem sozinhos seus problemas
diários para os quais nem sempre estão aptos, podendo vir, também, a
apresentarem um baixo desempenho escolar, problemas psicológicos ou
abalos na saúde global. Na maioria das vezes os pais, para acompanhar o
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trabalho feito com o filho portador de deficiência ou altas habilidades, acabam
por sobrecarregarem os irmãos mais velhos, fazendo-os substituí-los em
funções dentro da família, principalmente, naquelas relacionadas aos irmãos
mais novos, privando-os, muitas vezes, dos momentos de lazer e
aprimoramento dos estudos, o que de alguma forma faz com que se sintam
enciumados e aborrecidos com o irmão portador de deficiência. Conforme
comenta Buscaglia (1993)
"Quase sempre os irmãos de um deficiente se referirão ao tratamento injusto que lhes é dado em oposição ao que é dispensado ao irmão ou irmã deficiente. 'Ele pode fazer qualquer coisa e sair impune. O que quer que aconteça, nós somos culpados, pois devíamos saber como agir certo'. Não é de se espantar que a rivalidade entre irmãos seja grande nesses lares. É muito difícil amar e aceitar alguém que, de uma forma indireta, é sempre responsável por seu sofrimento e infelicidade”.
(Buscaglia, 1993, p. 136)
Parece-nos que a expectativa de futuro, em certos momentos, torna-
se sombria para algumas dessas mães, especialmente para aquelas cujos
filhos apresentam laudos com prognósticos pessimistas, que as levam a
enxergar poucas saídas empreendendo um grande esforço na busca de
soluções, como no caso da mãe de um rapaz portador de distrofia muscular,
citado na tese de mestrado de Agarez, 1993, mostrando que diante de uma
questão tão séria, mesmo assim, ela não se dava por vencida e continuava a
procurar os recursos médicos possivelmente existentes em São Paulo na
esperança de poder ajudar o filho a vencer suas dificuldades.
Para Fromm (1969):
"A esperança é um acompanhamento psíquico da vida e do crescimento... Quando a esperança desaparece, a vida termina, na realidade ou potencialmente. A esperança é um elemento intrínseco da estrutura da vida, da dinâmica do espírito do homem. Ela está intimamente ligada a outro elemento da estrutura da vida: a fé".
(Fromm, 1969, p. 30)
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Da mesma forma que essa mãe demonstra tanta fé, na possibilidade
real de encontrar uma solução em São Paulo, também exprime o sentimento
de um outro tipo de fé, a de um milagre trazido pelas mãos de Deus.
Sabemos da preocupação que as mães têm com o futuro dos filhos.
O que poderia significar ter um futuro seguro, principalmente para o filho
portador de deficiência, torna-se uma conquista a ser perseguida pelos seus
pais e familiares já que ele não a poderia alcançar com o próprio esforço
devido às condições limitantes que a deficiência lhes impõe e pela total
desinformação a respeito das possíveis alternativas de acompanhamento.
No comentário de Buscaglia (1993), apresentado abaixo,
percebemos que o projeto de vida destas famílias poderia ser menos doído se
pudessem contar com o apoio dos profissionais com os quais dividem o
desenvolvimento dos filhos portadores de deficiência.
"em uma época de conhecimento, percepção e mudanças, o desespero paterno pode ser lentamente sustituído pela esperança racional, se o terapeuta se dispuser a dedicar algum tempo para lhes explicar o milagre ocorrido nos últimos vinte anos em termos de identificação, tratamento, serviços, programas e progresso médico".
(Buscaglia, 1993, p. 61)
Nas palavras de Augras (1981): No planejamento do próprio futuro e
no dos filhos, a mãe tece uma rede de possibilidades que possam garantir o
bem-estar e a segurança da família, mesmo sabendo que não é dona do tempo
nem tem absoluto controle dos acontecimentos futuros. Entretanto, diante da
possibilidade de morrer antes deste filho, o seu projeto parece frágil e
inconsistente.
(...) "O futuro e os possíveis dos homens esbarram no obstáculo que vem revelar uma cisão ainda mais funda talvez, seguramente mais dolorosa. Na lonjura desponta a morte. O ser do projeto é apenas, irremediavelmente, o ser para a morte. A morte que denuncia a possibilidade dos possíveis”.
(Augras, 1981, p. 22)
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As mães, geralmente, revelam-se mais preocupadas do que os pais
e outros parentes próximos, com a possibilidade, ante a morte, de deixar de
existir, deixar de estar no mundo para cuidar de seu filho. A sua morte
significaria desamparo para ele. O pensar na própria morte, aparentemente,
não as afligem a não ser pelo medo de deixarem os filhos desprotegidos.
(Agarez, 1993)
A maioria das pessoas pensa na morte como um acontecimento
distante que parece jamais vai atingi-las e, sim, aos outros. De certa forma,
pensar que se é imortal alivia a angústia de viver. As mães, em geral,
independentes de terem filhos com necessidades especiais, tendem a ignorar a
angústia da mortalidade como um mecanismo defensivo já que terão de pensar
racionalmente na própria morte como uma realidade a ser considerada para
poderem programar o futuro de seus filhos ou, então, reprimir esse sentimento,
exatamente, porque é desesperador pensar que não mais poderão proteger um
filho portador de deficiência. Negando, então, a morte.
Na visão dialógica, que o filósofo chinês Yutang (1945) traz sobre a
morte, podemos perceber a possibilidade de construir projetos mais seguros se
a encararmos de frente. Vejamos uma pequena parte de sua análise onde
grifamos o parágrafo que fundamenta nossos comentários.
"A crença na mortalidade, a sensação de que nos vamos extinguir como a chama de um círio é algo gloriosamente belo. Faz-nos sóbrios; faz-nos um tanto tristes; e a muitos nos torna poéticos. Mas, sobretudo, nos torna possível preparar nosso ânimo e regular nossa vida sensatamente, verazmente, e sempre com o senso das nossas limitações. Dá também a paz, porque a verdadeira paz de espírito provém da aceitação do pior. Psicologicamente, creio, significa uma liberação de energias (...) Privada da mortalidade, a proposição de viver torna-se uma simples proposição. É esta: que os seres humanos têm um limitado prazo para viver nesta terra, raramente mais de setenta anos, o que portanto temos de arranjar nossas vidas de maneira que vivamos o mais felizmente possível”.
(Yutang, 1945, p. 152)
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Em nossa sociedade, cuidar do filho, protegê-lo, preparar seu futuro
é função basicamente da mãe. Assim, da mesma forma que diplomar um filho é
motivo de orgulho para ela significando que cumpriu bem o seu papel, não
obter tamanha conquista pode representar um fracasso e provocar-lhe
sentimento de frustração.
Com as mães de portadores de deficiência, o processo de
preparação do futuro desses filhos é semelhante, com alguns agravantes
quando ele é dependente fisicamente ou incapaz de obter progressos
intelectuais que facilitem sua integração social e a independência econômica.
“Sendo a morte um acontecimento imprevisto, pode ser visto por elas como uma permanente ameaça aos seus projetos para o futuro do filho, mesmo que sejam de curto prazo. A consciência dessa possibilidade cria-lhes sentimento de medo e insegurança”.
(Agarez, 1993)
Percebemos, também, que em virtude da enorme dificuldade de ter
alguém que as substitua ocupando-se desse filho e por não existirem escolas
de horário integral compatíveis com suas condições econômicas, acabam por
ter uma maior preocupação, também em relação ao futuro dos outros filhos
pelo fato de que, na sua ausência, os filhos mais velhos sejam obrigados a
assumir a responsabilidade pelas necessidades especiais do irmão e em
virtude disto venham a ter dificuldades na vida profissional e afetiva, uma vez
que assumindo tais responsabilidades passam a arcar com uma nova rotina de
compromissos que, certamente, interferirão em seus projetos pessoais.
Analisando a morte de uma forma diferente da representada pela
morte física, biológica, e procurando avaliá-la em experiências de separação de
identidade entre mãe e filho, Mannoni (1988) comenta que, em certos casos, a
obtenção da independência de um filho deficiente pode vir a significar a morte
para a mãe. Isso se deveria, segundo a autora, ao fato de que algumas delas
se utilizarem da problemática do filho deficiente para manifestarem, de forma
mascarada, os seus próprios problemas.
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Esta reação seria natural, segundo a autora, por parte de algumas
mães que, ao dedicarem suas vidas a esse filho, abdicaram de seus direitos e
prazeres, normais a qualquer mulher, para melhor atendê-lo. No momento em
que ele se torna independente, vêem-se destituídas de um papel que julgavam
representar com eficiência e consideravam de maior importância. Conforme
avalia Maranhão (1984), no texto a seguir.
"O papel de mãe está entranhado na identidade da mulher, sendo vivido como parte de seu destino. Nesse papel o lar é transformado em seu reino onde a mulher, potencialmente, tem imenso poder, através da criação dos filhos”.
(Maranhão, 1984, p. 56)
Um outro aspecto do sofrimento, expresso na ansiedade ou no medo
pela própria morte, está contrariamente apresentado, em certas circunstâncias,
como um desejo de dar fim a uma situação doída e sem possibilidades de ser
solucionada, como o desejo reprimido de "Deus levar o filho para ele parar de
sofrer”.
Este desejo pela morte do filho como solução está claro na fala de
Xavier em “O Outro Lado do Arco-íris” (1984), quando comenta:
"Passei a noite inteira ao lado da cama de Ricardo, acordada, rezando. Nem sei bem o que eu pedia, acho mesmo que até pedia que Deus tivesse pena de Ricardo, que levasse o Ricardo, que não o deixasse sofrer mais. Naquelas horas difíceis, a noite sempre me pareceu muito amedrontadora por ser longa, arrastando-se quando temos problemas difíceis, os pensamentos mais variados me vinham à cabeça. Eu tentava me confortar e até lembro que conversei de certa forma com Deus. Eu tentava dizer a Ele, nosso Pai, que se a vinda de Ricardo tão doentinho era uma prova, como dizem os espíritas, era algo como uma mensagem, queria significar algo que eu não conseguia compreender, que mesmo que Ricardo morresse - eu prometia solenemente que, eu não deixaria de me interessar por crianças excepcionais, continuaria a trabalhar por elas e por seus pais, mas, por favor, não deixasse Ricardo continuar sofrendo”.
(Xavier, 1984, p. 93)
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Acredito que seja mais fácil para essa e qualquer outra mãe,
simplesmente não pensar na morte do que tê-la como uma possibilidade de
terminar com o sofrimento do filho afetado neurologicamente com gravidade,
pois a perda de um filho, em qualquer circunstância, costuma ser muito
dolorosa para as mães.
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A CO-DEPENDÊNCIA DA MÃE E FAMILIARES AOS
PROBLEMAS VIVIDOS PELO PORTADOR DE
DEFICIÊNCIA
Percebemos que essas mães, além de contarem com as próprias
limitações da vida diária, da lida com o filho portador de deficiência, são ainda
impelidas pela sociedade a negarem qualquer possibilidade de realização
pessoal, recebendo desestímulo da família e dos conhecidos, como se sua
única função social fosse a de olhar por esse filho. Uma espécie de
condenação, a qual ela estaria submetida por toda vida.
Knobel (1992), referindo-se a essa forma de anulação, diz que todo
indivíduo tem o direito de melhorar suas condições, de realizar-se em diversos
planos, considerando que a maternidade seja mesmo a máxima realização da
mulher, não há necessidade de renunciar a outros sucessos, vendo como um
sinal de capacidade humana que a mulher trabalhe, lute por condições
melhores e crie seu filho com amor: afirmando que quanto mais satisfeita,
melhor sua relação com seus filhos e muito melhor ainda seu trabalho.
Há, entretanto, aquelas mães que já formadas e em plena atuação
no mercado de trabalho acabam abandonam suas profissões para se
dedicarem integralmente aos filhos com necessidades especiais, em função da
pressão social, que numa leitura equivocada da situação, exige dessa mulher
que tenha dedicação total ao filho.
Esta exigência da sociedade, se não for atendida, acaba por gerar
sentimentos de culpa sempre que existir algum problema com a criança e
quando a escola pedir a sua presença em horários em que está trabalhando,
como comenta Maldonado (1977) a seguir.
"... se a mãe, por motivo de estudo ou
trabalho, está ausente de casa, geralmente, 'veste a carapuça' da culpa na medida em que ainda é sua tarefa de zelar pelo bem-estar físico e psíquico do filho”.
(Maldonado, 1977, p. 34)
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Sabemos que o grau de estudo, geralmente, está relacionado com a
possibilidade de interação do indivíduo com o seu grupo social. Quando
adquirimos mais informações sobre o ambiente em que vivemos, aumentamos
as condições de modificá-lo em nosso benefício. Infelizmente, o estudo, assim
como o trabalho, também não é permitido a estas mães.
Este princípio tem norteado uma conduta política cruel que ao levar
estas mães e outros familiares a se desinteressarem pelo estudo para
dedicarem-se exclusivamente aos seus filhos, automaticamente diminui sua
força de luta por melhores condições de vida, impedindo-as de se tornarem
independentes, de participarem mais ativamente dos programas escolares
oferecidos a seus filhos e de buscarem os direitos que a lei lhes reserva.
Cunha (1983), chama a atenção para esta condição de
independência feminina salientando que, através dela, é que criamos
possibilidades de cidadania plena.
"Ser independente é não só, no sentido físico, prover por si próprio suas necessidades, mas também se bastar politicamente e poder exercer, por si mesmo (e sem se submeter cegamente à razão de outros), os direitos garantidos por lei”.
(Cunha, 1983, p. 32)
Este autor considerando que a educação deve ser, antes de mais
nada, libertadora, entende que, para tal, deva ter como objetivo: Ensinar a
todos os cidadãos os conhecimentos necessários ao exercício dos direitos
comuns ao gozo da independência, que os colocarão em estado de se
conduzirem a si mesmos, sem recorrerem a nenhuma razão estranha; de
gozarem seus direitos naturais; de exercerem uma profissão remunerada, em
poucas palavras, de não dependerem senão de si mesmos nos atos ordinários
da vida econômica, intelectual, moral e social.
Para os familiares de pessoas portadoras de necessidades
educativas especiais, principalmente para as mães, conquistar a independência
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é uma necessidade básica para que possam cumprir o papel de tutores
garantindo o cumprimento dos direitos destas pessoas.
Para não correrem o risco de serem culpabilizadas por
abandonarem os filhos, "trocando-os" pelo trabalho ou escola, o trabalho
doméstico passa, segundo Maranhão (1984), a ser a única opção de sustento
para estas mulheres, justificando que:
"O trabalho doméstico é, então, vivido pela mulher como fazendo parte de um destino do qual não se pode fugir. Não é, portanto, desejado e nem buscado, constituindo-se em uma herança do feminino. A desvalorização social do trabalho doméstico está interiorizada nas próprias mulheres que se consideram menores quando se dedicam a essas tarefas. Sentem-se alienadas, insatisfeitas, não participantes e são assim consideradas pelo social”.
(Maranhão, 1984, p. 72)
Exigir que as mulheres, responsáveis por pessoas portadoras de
deficiências, saiam do emprego ou deixem de estudar para ocuparem-se
somente deles é criar uma co-dependência transformando-as em incapazes. P.
Cardoso (1981) aponta um outro tipo de violência que se constitui contra esta
mulher quando dela se exigir tudo: que engravide, sofra o parto, amamente e
eduque a criança; que trabalhe fora e dentro de casa, que seja uma excelente
profissional, boa esposa e boa mãe e que sua sexualidade esteja a serviço do
homem.
Embora essas mulheres apresentem momentos de fraqueza ou de
desânimo, é comum, talvez pelo fato de não contarem com muito apoio, que
não permaneçam neste estado por muito tempo, reagindo como se estivessem
em um campo de batalha, não podendo dela fugir. Como relata uma das mães
em entrevista concedida na tese de mestrado defendida por Agarez em 1993.
- Nós que somos mães dessas crianças precisamos lutar, por que elas confiam na gente, dependem de nós e as únicas pessoas que as amam, realmente, somos nós. Então elas só tem a nós. Como nós vamos decepcioná-las? Não dá, não dá!
(Agarez, 1993)
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É impressionante a capacidade de ir adiante que essas mulheres
possuem, apesar de não contarem muito com a ajuda de outros membros da
família. Exibem uma extraordinária capacidade de assumir suas
responsabilidades perante o filho, ultrapassando todas as dificuldades que
surgem no dia-a-dia de suas vidas, como as econômicas, o desafeto, a
desinformação, entre outras, com um forte espírito de luta.
Essa força de luta está aguçada pela natural necessidade de ter de
dar respostas imediatas às questões que surgem em decorrência de
acontecimentos imprevisíveis, como é o nascimento desse filho portador de
deficiência, a condução de seu tratamento médico e a freqüência escolar. Se
não há a menor possibilidade dessas mães passarem seus problemas adiante,
o jeito é tentar resolvê-los.
Com essa atitude, acabam por desenvolver, possivelmente, mais
que outras mulheres, a capacidade de promover transformações.
Embora pensemos ser de extrema importância abraçar esta tarefa,
não podemos perder a noção real do fato social. Cumpre ter em mente que
essas restrições, impostas à mulher, não são simples regras autoritárias
determinadas pela sociedade patriarcal , as mulheres são, ainda hoje,
educadas para aceitá-las e considerá-las apropriadas às suas vidas e com
isso acabam por ter uma atitude de recolhimento de desejos e necessidades
pessoais, inerentes ao ser humano. Este processo, atualmente, tende a ser
mudado conforme aponta Colasanti (1981)
"Somos mutantes, mulheres em
transição. Como nós, não houve outras antes. E as que vierem depois serão diferentes. Tivemos a coragem de começar um processo de mudança. E porque ainda está em curso, estamos tendo que ter a coragem de pagar por ele. Que não seja porém individualmente, em tantos sofrimentos calados. E sim em grupo, aos brados, como classe que reclama seus direitos, e cobra das outras classes aquilo que lhe faz falta”.
(Colasanti, 1981, p. 14)
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Percebemos que, atualmente, a atitude de certos maridos na relação
com as suas companheiras modifica-se em relação àquela existente em outros
momentos históricos, vividos por nossos antepassados, quando a mãe era
alguém que estaria destinada a realizar o sonho de paternidade e os desejos
fisiológicos do homem. Já observamos a divisão de tarefas domésticas entre
alguns casais e a presença de pais nas reuniões escolares como atitudes
indicadoras de um movimento de transformação das relações familiares.
Por outro lado, podemos pensar até que ponto a mulher não se
sentia premiada, nessa condição de tutelada, por ter alguém que a protegesse,
que mantendo sua dependência não exigisse que crescesse e assim não
necessitando correr riscos, assumir responsabilidades econômicas, decidir seu
destino.
Maranhão (1984) comenta este fato dizendo que no papel
acomodado essa mulher continua tendo um pai, na figura de marido
explicando:
"Nesse contexto, a maternidade, o papel de mãe de tempo integral não se constituiria em gratificação em si mesmo, mas num substitutivo, numa desculpa para manter-se dependente e protegida. Esse processo de independência envolve lutas, sofrimentos, um contato profundo com seu mundo interno, com suas defesas, com seus medos, suas limitações, ambigüidades, desejos”.
(Maranhão, 1984, p. 114)
A esse respeito, Buscaglia (1993) acrescenta o fato de que,
geralmente, a situação de um relacionamento conjugal está diretamente ligada
à capacidade de adaptação da família à existência de um membro que porte
um tipo de deficiência. Esse autor explica que o marido assume, com
freqüência, o papel do não-amado, do negligenciado. Ele tem, agora, boas
razões para se fechar em si mesmo, no trabalho, ou em atividades extra-
conjugais. “Afinal, sua mulher não liga mais para ele”. (Buscaglia, 1994: 132)
Infelizmente, esta é uma conduta comum nas famílias de portadores
de deficiência com a qual o homem se desculpa e se compensa de ser pai de
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um filho não sonhado e a mulher, por estar subjugada a ele, precisa resignar-
se a essa forma de domínio e acaba assumindo sozinha o fracasso.
Especialmente aquelas mães que já estão sofridas pelo abandono
da própria família, do marido e pela incompreensão de vizinhos e outras
pessoas têm mais dificuldade de assumir de forma plena os problemas
derivados da condição especial de vida de seus filhos portadores de deficiência
ou superdotados. Para estas mães, criar esses filhos não seria tão difícil se
contassem com o respeito da sociedade e com o cumprimento às leis que
asseguram os seus direitos.
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HEYMEYR, Ursula – LORAINE Ganem – Observação de desempenho. – SP,
Memnon, 1993;
PEETERS, Theo – Autismo: Entendimento Teórico e Intervenção
Educacional –RJ,Ed. Cultura Médica – 1998;
PEREIRA, Mary Sue – A descoberta da criança, uma introdução à
educação infantil – RJ, WAK, 2002;
SANSEVERINO, Marilda Maluf – Meu filho vai mal na escola. Por quê? – SP,
Arte e Ciência – 1998;
SCHWARZMAN, José Salomão – Autismo infantil – SP, Memnon – 1999;
SILVA, shirley – VIZIM, Marli(orgs.) Educação especial: múltiplas leituras e
diferentes significados – SP, Mercado de letras - 2001
___________. – TD (TEMAS SOBRE DESENVOLVIMENTO) – SP, Memnon
Edições Científicas. Periodicidde Bimestral.
Prof. José Olimpio dos Santos E-mail: [email protected] Cel.: (65) 8112 0482/9981 0482/8465 6201/9240 0219
AUTO-AVALIAÇÃO
Responda às questões abaixo, marcando apenas uma das alternativas.
1. O ESTIGMA DE "INCAPAZ" CARREGADO PELO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, GERALMENTE:
( A ) NÃO INTERFERE NA SUA VIDA FAMILIAR
( B ) INTERFERE NA VIDA FAMILIAR DE MODO POSITIVO
( C ) INTERFERE NA VIDA FAMILIAR DE FORMA NEGATIVA
( D ) NÃO HÁ NENHUMA RELAÇÃO ENTRE O ESTIGMA E A SUA VIDA FAMILIAR
( E ) INTERFERE APENAS NA RELAÇÃO MATERNA,
2. AS RELAÇÕES ENTRE OS IRMÃOS, A MÃE E O PAI DO INDIVÍDUO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, TENDEM A
SER:
( A ) SEMPRE DIFÍCEIS EM RESPOSTA ÀS PRESSÕES SOCIAIS
( B ) TRANQÜILAS E INDIFERENTES ÀS PRESSÕES SOCIAIS
( C ) MODIFICADAS CONTINUAMENTE EM RELAÇÃO À MAIOR OU MENOR PRESSÃO IMPOSTA PELA SOCIEDADE
( D ) INDEPENDENTES DAS PRESSÕES SOCIAIS
( E ) ESTÁVEIS MESMO QUANDO SUBMETIDAS ÀS PRESSÕES SOCIAIS
3. EM RELAÇÃO AO PROJETO DE TRABALHO ESCOLAR DESENVOLVIDO COM OS ALUNOS PORTADORES DE
NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS, PODEMOS AFIRMAR QUE:
( A ) A FAMÍLIA É SEMPRE INFORMADA
( B ) A FAMÍLIA NÃO SE INTERESSA EM SABER, JÁ QUE CONFIA TOTALMENTE NA ESCOLA
( C ) A FAMÍLIA É SEMPRE CONSULTADA E COLABORA DANDO INFORMAÇÕES SOBRE A ROTINA DIÁRIA DO
ALUNO FORA DA ESCOLA
( D ) A ESCOLA ENTENDE QUE É NECESSÁRIO SOLICITAR O APOIO DOS PAIS E FAMILIARES, EMBORA AINDA
NÃO SEJA UMA PRÁTICA ROTINEIRA
( E ) OS PAIS NÃO DEVEM SE ENVOLVER, JÁ QUE NÃO POSSUEM CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
4. O FATO DE UMA MÃE TER UM FILHO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA É MOTIVO SUFICIENTE PARA QUE ELA
MODIFIQUE SUA ROTINA DE VIDA OPTANDO POR:
( A ) LARGAR O EMPREGO E VIVER EXCLUSIVAMENTE PARA CUIDAR DESTE FILHO
( B ) SE AUTO-PUNIR POR SE SENTIR CULPADA
( C ) DESFAZER O CASAMENTO, JÁ QUE O PAI NÃO ACEITA O FILHO
( D ) REORGANIZAR SUA VIDA DE MODO A ACOMODAR OS HORÁRIOS DE TRABALHO, ESTUDO E ATENDIMENTO
A SEU FILHO
( E ) VESTIR A CARAPUÇA DE IRRESPONSÁVEL PELO FATO DE NÃO LARGAR O EMPREGO PARA FICAR COM
ESTE FILHO
5. AS CRIANÇAS PORTADORAS DE ALGUM TIPO DE DEFICIÊNCIA RESPONDEM MAIS FAVORAVELMENTE AOS
PROGRAMAS ESCOLARES SE:
( A ) OS PROFESSORES FOREM DEDICADO
( B ) FOR ESTABELECIDA UMA PARCERIA ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA
( C ) OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA SEU DESEMPENHO FOREM SELECIONADOS APENAS PELA ESCOLA
( D ) SEU CONTEÚDO CURRICULAR FOR ESTABELECIDO POR SUA FAMÍLIA
( E ) TIVER MAIS ATIVIDADES DE RECREAÇÃO
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6. AS MÃES DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS TEMEM O FUTURO PORQUE:
( A ) SENTEM-SE INSEGURAS COM A POSSIBILIDADE DE AO MORREREM, SEUS FILHOS FICAREM
DESAMPARADOS
( B ) PODEM PERDER SEUS MARIDOS EM FUNÇÃO DE NÃO LHES DAR ATENÇÃO
( C ) NÃO PODENDO TRABALHAR PODEM PASSAR POR SITUAÇÕES FINANCEIRAS DIFÍCEIS
( D ) ACREDITAM QUE NINGUÉM GOSTA DELAS E DE SEUS FILHOS
( E ) A DOENÇA DO FILHO PODE SE AGRAVAR
7. NOSSA SOCIEDADE CONSIDERA COMO FUNÇÃO MATERNAL:
( A ) CUIDAR DO FILHO, PRESERVANDO SUA INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL
( B ) PROTEGER O FILHO DOS RISCOS QUE A VIDA OFERECE
( C ) PREPARAR O FUTURO DO FILHO, ESCOLHENDO OS CAMINHOS QUE CONSIDERE MAIS ADEQUADOS À SUA
FORMAÇÃO, RESPEITANDO SEUS LIMITES E APOSTANDO NAS SUAS POTENCIALIDADES
( D ) DAR EDUCAÇÃO PARA QUE O FILHO POSSA COMPETIR E SER VENCEDOR NO MERCADO DE TRABALHO
( E ) AS OPÇÕES "A", "B" E "C" ESTÃO CORRETAS
8. PARA QUE AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA TENHAM UMA EDUCAÇÃO EFICAZ, NÃO É
NECESSÁRIO:
( A ) QUE OS PAIS E PROFESSORES FOSSEM PARCEIROS NESTE TRABALHO
( B ) QUE OS PLANOS CURRICULARES APOSTASSEM NAS SUAS POTENCIALIDADES
( C ) QUE A ESCOLA NÃO FOSSE APENAS UM LUGAR DE RECREAÇÃO
( D ) QUE AS ESCOLAS FOSSEM DE HORÁRIO INTEGRAL
( E ) QUE O CURRÍCULO PROPOSTO FOSSE ADEQUADO ÀS SUAS NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
9. OS TRATAMENTOS CLÍNICOS INTERFEREM POSITIVAMENTE NO DESEMPENHO ESCOLAR DO PORTADOR
DE DEFICIÊNCIA QUANDO:
( A ) SÃO FEITOS EM HORÁRIOS QUE SACRIFICAM O DESLOCAMENTO E A FREQÜÊNCIA DESTES ALUNOS NA
ESCOLA
( B ) QUANDO SERVEM DE PONTO DE APOIO PEDAGÓGICO, MELHORANDO AS CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM
DO ALUNO
( C ) QUANDO É INTENSO E O ALUNO CHEGA AGITADO À ESCOLA
( D ) QUANDO AS DROGAS MEDICAMENTOSAS MODIFICAM O SEU ESTADO DE ALERTA
( E ) ESTE É, AINDA, CRIANÇA
10. O GRAU DE ESTUDOS DOS FAMILIARES DE UMA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA PODE AUXILIÁ-
LOS QUANDO:
( A ) PERMITE QUE ENTENDA E LUTE PELOS SEUS DIREITOS
( B ) FACILITA O ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO COGNITIVA DESTAS PESSOAS
( C ) FACILITA A SUA INTERAÇÃO COM SEU GRUPO SOCIAL
( D ) PASSA A TER MAIS CONDIÇÕES DE MODIFICAR O AMBIENTE EM QUE VIVE
( E ) TODAS AS RESPOSTAS ESTÃO CORRETAS