Apostila Economia I

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  • Economia para Administrao Apostila

    Organizado pelo Professor MSc. George Wilson Aiub

    Aplicado ao Curso de Administrao Disciplina de Economia

  • Apostila de Economia para Administrao

    Org. George Wilson Aiub 2 2009/01

    Esta Apostila foi organizada pelo Prof. George Wilson Aiub a partir do contedo de diferentes fontes bibliogrficas referenciadas. Como em Pinho e Vasconcellos (1998) procurando formular questes que abordam diferentes impactos da economia sobre os negcios:

    Por que a expanso da moeda e do crdito pode gerar inflao?

    Por que o governo que no tem superavit fiscal apresenta dificuldade em financiar seus deficits pblicos?

    Como pode uma desvalorizao cambial conduzir a uma melhora na balana comercial d a uma reduo do salrio ?

    Ser que o sistema de indexao de salrios, cmbio e juros interfere no processo inflacionrio?

    Por que a taxa de juros de mercado e o preo esperado de venda do produto so dados importantes para as decises de

    investimento das empresas?

    At onde juros altos reduzem o consumo e estimulam a poupana?

    Por que os impostos sobre alguns produtos como cigarros, veculos e eletrodomsticos so mais elevados?

    Quais as justificativas tcnicas para a existncia de tantas empresas estatais na economia brasileira?

    Como os bancos interferem nas taxas de juros e apenas intermediam a poupana financeira do pas?

    A propaganda cria necessidades ou apenas informa sobre as caractersticas dos bens e servios?

    Por que a alta no preo do cafezinho reduz a demanda de acar?

    Porque a renda dos agricultores se eleva quando ocorre uma estiagem que reduz a produo?

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    Org. George Wilson Aiub 3 2009/01

    SUMRIO

    1. Aspectos Histricos

    1.1 A Cincia Econmica

    1.1.1. Interesse pela Economia 1.1.2. Natureza Histrica 1.1.3. Conceitos bsicos 1.1.4. Definio de Economia 1.1.5. Interrelao com outras reas 1.1.6. Leis da Economia 1.1.7. A Organizao da Atividade Econmica 1.1.8. Escolas Econmicas 1.1.9. Proposies Normativas e Positiva

    2. Fatores de Produo

    2.1. Os Problemas Econmicos Fundamentais 2.1.1. Escassez e Necessidades

    2.2. Recursos ou Fatores de Produo

    2.2.1. Trabalho 2.2.2. Capital

    2.2.3. Tecnologia 2.2.4. Capacidade Empresarial 2.2.5. Reservas Naturais 2.3. Agentes Econmicos 2.3.1. Bens Econmicos

    3. Sistema Econmico

    3.1. Conceito de Sistema Econmico

    3.1.1. Sistema de trocas 3.1.2. Fluxo real e monetrio 3.1.3. Curva de Possibilidades de Produo 3.1.4. Lei dos rendimentos decrescentes

    4. Estrutura de Mercado

    4.1. Conceitos, tipologias e estruturas

    4.1.1. Conceitos e tipologias 4.1.2.Estruturas de mercado

    4.2. Teoria da Empresa

    4.2.1. Concorrncia Perfeita 4.2.2. Monoplio 4.2.3. Oligoplio 4.2.4. Concorrncia Monopolstica 4.2.5. Monopsonio 4.2.6. Monoplio bilateral

    4.3 Anlise Microeconmica

    4.4. Teoria do Consumidor 4.4.1. A Demanda 4.4.2. A Lei da Procura

    4.5. Oferta de Mercado

    4.5.1. Deslocamentos da Curva de Procura 4.5.2. Deslocamentos da Curva de Oferta 4.5.3.Equilbrio de Mercado

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    Org. George Wilson Aiub 4 2009/01

    4.5.4. Movimento de Preos 4.6. Elasticidade

    4.6.1. Conceitos de Elasticidade 4.6.2. Elasticidade Preo-Demanda

    5. Macroeconomia e Grandes Agregados

    5.1. Agregados 5.1.1. Conceitos 5.2. Poltica Macroeconmica

    5.2.1. Poltica econmica 5.2.2. Instrumentos de Poltica Econmica

    5.3. Contabilidade Social

    5.3.1. Agregados Econmicos 5.3.2. Indicadores econmicos

    5.4. Teoria Monetria 5.4.1. Tipos e funo da moeda 5.4.2. Meios de pagamento 5.4.3. Controle da oferta monetria

    5.5. Inflao 5.5.1. Conceitos, tipo e intensidade 5.5.2. Causas e efeitos 5.5.3. Medidas de inflao

    5.6. Populao econmica ativa

    5.6.1. PEA

    5.6.2. Dinmica do mercado de trabalho

    5.7. Emprego e Desemprego

    5.7.1. Tipos do desemprego 5.7.2. Desemprego e desenvolvimento

    6. Uma Nova Economia ? 6.1 Economia Solidria

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    Org. George Wilson Aiub 5 2009/01

    1. ASPECTOS HISTRICOS

    Introduo

    O Estudo da Economia pode ser dividida em duas partes: microeconomia e macroeconomia Dallagnol (2008). A primeira cuida do comportamento dos consumidores e das empresas em seus mercados, as razes que levam os consumidores a comprar mais, ou menos, de um determinado produto e a pagar mais, ou menos, por este bem. Estuda ainda os motivos que levam empresas a produzir certa quantidade de um produto e de que forma seus preos so estabelecidos. Leva-se em conta os mercados nos quais as empresas e consumidores atuam.

    Dallagnol (2008) destaca que a macroeconomia preocupa-se com o conjunto de decises de todos os agentes econmicos, que ira se refletir em maior ou menor produo e nvel de emprego. Inflao, taxa de juros, taxa de cmbio, nvel de emprego global, crescimento econmico so objetos estudados na anlise macroeconmica, alm de cuidar das anlises sobre as decises tomadas pelo formulador de poltica econmica do pas.

    O fenmeno recente da globalizao da economia levou os governos a buscarem apoio de outras economias, formando blocos econmicos, para conseguirem melhor sustentao frente forca das novas tecnologias e da presso das multinacionais, do aumento da produtividade, do desemprego estrutural que ameaa a estabilidade social mesmo dos pases mais desenvolvidos. Isto refora a necessidade de aprofundar os conhecimentos na rea das cincias econmicas.

    1.1 A CINCIA ECONMICA

    1.1.1 Interesse pela Economia

    No mundo globalizado, quando se fala em administrao de organizaes, tem-se que pensar em administrao estratgica e, quando se fala em administrao estratgica, pensa-se em organizaes como parte de um ambiente que oferece, s organizaes nele inseridas, uma srie de ameaas e oportunidades. (DALLAGNOL, 2008).

    O objetivo principal do estudo da economia para o administrador de organizaes compreender o ambiente econmico no qual as empresas esto competindo, enquanto fator de ameaas e oportunidades para as organizaes. Entender os conceitos econmicos podem ajudar na sobrevivncia das empresas e dos cidados.

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    Org. George Wilson Aiub 6 2009/01

    O estudo sistemtico da Economia relativamente recente, embora a atividade econmica e os problemas dela decorrentes tenham sempre despertado a ateno dos povos,. Em todas as pocas da Histria as naes procuram resolver eficientemente seus problemas de natureza econmica. Mas, s a partir do sculo XVII, que a Economia apontou como cincia. (DALLAGNOL (2008)

    1.1.2 Natureza Histrica

    Possamai (2001) destaque que a expresso economia poltica apareceu somente no sculo XVII com a publicao, no ano de 1615, do Trait de Iconomie Politique, do mercantilista francs Antoine de Montchrtien (1575-1621), h autores que a atribuem a Aristteles (384-322, a.c.).

    Aristteles considerado o primeiro analista econmico embora tratasse do termo com bem menos complexidade que a realidade da cincia de hoje que se ocupa do desenvolvimento, da inflao de preos do desemprego, do nvel da renda social, das recesses e da plena utilizao dois escassos recursos do sistema econmico. Em sua poca Economia era considerada como a cincia da administrao da comunidade domstica.

    O ncleo central das Cincias Econmicas, seu campo de ao e sua definio derivaria da prpria etimologia da palavra economia (do grego oikonomia, de oikos =casa, nomos = lei). Tratavam-se, pois, de um ramo do conhecimento destinado a abranger apenas o campo da atividade econmica, em suas mais simples funes de produo e distribuio. Como a teria definido Aristteles, a Economia era a cincia do abastecimento, que se trata da arte da aquisio.

    Possamai (2001) relata que as dimenses da anlise econmica s se ampliaram no perodo ps-renascentista, quando o desenvolvimento dos novos Estados-naes da Frana, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e, em especial, a descoberta da Amrica, impuseram a necessidade de a Anlise Econmica se desligar das questes puramente ticas, s quais se mantiveram ligada durante longos sculos. Nesta poca, os escritores mercantilistas desenvolveram diversos estudos sobre a administrao dos bens e rendas do Estados, ampliando-se o campo de ao Economia.

    Nessa nova fase, devido as novas dimenses do mundo econmico e consolidao da do Estado-nao, a Economia seria definida como um ramo do conhecimento essencialmente voltado para a melhor administrao do Estado, sob o objeto central de promover o seu fortalecimento.

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    Org. George Wilson Aiub 7 2009/01

    No sculo XVII a Economia entra em sua fase cientfica. Naquele sculo, considerado como a Idade da Razo ou a poca do Iluminismo, os pensadores econmicos procurariam reformular os princpios fundamentais da Economia. Duas importantes obras foram publicadas, em 1785 e 1776:Tableau conomique, de Franois Quesnay, e Na Inquiry into the Nature and Causes of The Wealth of Nations, de Adam Smith. A partir das obras desses dois autores fundadores de duas importantes escolas econmicas na Frana e na Inglaterra os pensadores econmicos iriam dedicar-se descoberta e anlises dos princpios, das teorias e das leis que pudessem ser estabelecidas em cada um dos trs grandes compartimentos da atividade econmica: formao, distribuio e consumo de riquezas. (POSSAMAI, 2001)

    Do ponto de vista histrico, Pinho e Vasconcellos (1998) destacam que o marco inicial da etapa cientfica da Teoria Econmica coincidiu com os grandes avanos da tcnica e das cincias fsicas e biolgicas, nos sculos XVIII e XIX. Nesse perodo da evoluo do conhecimento humano, a Economia construiu seu ncleo cientfico, estabeleceu sua rea de ao e delimitou suas fronteiras com outras cincias sociais. A construo de seu ncleo cientfico fundamentou-se no enunciado de um aprecivel volume de leis econmicas, desenvolvidas a partir das concepes mecanicistas, organicistas e posteriormente humanas, atravs das quais os economistas procuraram interpretar os principais fenmenos da atividade Econmica.

    As definies baseadas na clssica trilogia formao, distribuio e consumo duraram at as ltimas dcadas do sculo XIX, quando uma nova linha conceitual seria proposta por Alfred Marshall, terico ingls, professor de Economia em Cambridge e responsvel pela chamada sntese neoclssica em seu Principles of Economics, editado em 1890, Marshall proporia uma nova definio: A Economia a cincia que examina a parte da atividade individual e social essencialmente consagrada a atingir e utilizar as condies materiais do bem-estar. As definies contemporneas eram baseadas pela dicotomia, escassos recursos e necessidades ilimitadas.

    A Economia , fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes.

    Para Pinho e Vasconcellos (1998), aps todos esses enfoques a respeito da concepo da economia sua melhor definio foi dada pelo economista americano Paul Samuelson. No qual a Economia uma cincia social que estuda a administrao dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivo, complementada pela viso do ex-ministro da fazenda Antonio Delfim Netto que dia que a Economia a arte de pensar".

    A partir do sculo XVIII a Economia como ser considerada como Cincia. Ganha grande impulso a partir do XX, com a ecloso das duas grandes guerras (1914/18 e 1939/45) e com a crise econmica que abalou o mundo ocidental na dcada de 1930 (1929 Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque).

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    Org. George Wilson Aiub 8 2009/01

    Muitos instrumentos de anlise econmica foram desenvolvidos durante as guerras, com o objetivo de conhecer a estrutura dos sistemas nacionais de produo como apoio ao esforo de guerra. Nos intervalos das guerras, as naes ocidentais, em plena depresso, se voltaram para o estudo dos elementos do equilbrio econmico, interessados no restabelecimento da normalidade e na absoro das grandes massas de desempregados. (POSSAMAI, 2001)

    A Grande Depresso e as duas Grandes Guerras desestabilizaram completamente a economia, reduzindo pela metade o Produto Nacional das economias atingidas e estas transferiram boa parte de sua capacidade industrial para a produo de armamentos. Em 1945, cerca 55% da capacidade industrial do mundo estava destinado produo de armamentos. Aps a Segunda Guerra Mundial, o mundo viu-se as voltas com um fenmeno o despertar dos povos subdesenvolvidos. As facilidades das comunicaes internacionais colocaram a mostra os contrastes do atraso e da afluncia, transformando-se numa caracterstica.

    Possamai (2001) salienta que o grande interesse despertado pela Economia vem da importncia e da profundidade dos problemas econmicos nunca antes registrados na histria da humanidade de forma to aguda. A tecnologia produzida em qualquer parte do mundo tem influncia imediata sobre os nossos meios de produo e nosso mercado. O maior grau de abertura de nossa Economia tornou esse fato ainda mais importante para a sociedade

    Ao mesmo tempo em que o mundo se apresenta dividido em pases desenvolvidos e pases subdesenvolvidos, se delineiam esboos de uma nova realidade econmica mundial com a globalizao da economia, a formao de blocos econmicos e a hegemonia dos grandes conglomerados, que tm no domnio tecnolgico e no desenvolvimento contnuo e programado de novos produtos, aliados ao acesso aos meios de comunicao de massa, poderosos instrumento de eliminao de seus concorrentes mais fracos. As empresas nacionais dos pases menos desenvolvidos encontram condies restritivas para competir dentro dessa nova ordem econmica. (POSSAMAI, 2001)

    possvel ver ainda em Possamai (2001) que algumas foras que atuam na economia so benficas e so definidas como desejo de lucros, demanda e oferta, presses sindicais etc. Entretanto, outras foras no so positivas e nem sempre aparecem claramente, como interesses dos grupos econmicos, presses de partidos polticos, interesses individuais de posio de pessoas de influncia e at mesmo a falta de tica e o autobenefcio que leva a encarecer tantas obras pblicas, ao desvio de recursos, implantao de projetos economicamente no justificveis etc.

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    Org. George Wilson Aiub 9 2009/01

    Resolver os problemas econmicos nem sempre so fceis, pois se encontram muitas vezes interdependentes e contraditrios, levando muitas vezes a atingir certos objetivos, porm com reflexo negativo em outras metas. Por exemplo, medidas de combate inflao podem ser incompatveis com crescimento econmico e que levam muitas vezes recesso. Melhoria tecnolgica e automao versus desemprego. Aumento salarial versus aumento de preos. Ganho de escala que leva ao gigantismo empresarial e reduo de custos versus domnio monopolstico.

    A busca pelo desenvolvimento econmico foi a marca fundamental da economia do ps-guerra. uma utopia pretender o bom desenvolvimento entre todos os povos e superao histrica de todos os problemas ideolgicos, alterando-se as grandes desigualdades que diferenciam profundamente o padro de vida e o bem-estar das naes. Aproximadamente 77% da populao mundial aspiram desfrutar das condies de bem-estar em que vivem os demais. Transformar gradualmente essa aspirao em realidade um desafio de nossos tempos. , portanto, no campo das Cincias Econmicas que se descobriro e revelaro os instrumentos para tornar alcanvel o grande escopo de nossa poca. (POSSAMAI, 2001)

    1.1.3. Conceitos Bsicos

    Rosseti (2002) destaca que a palavra economia de origem Grega oikos = casa e nomos= governo, administrao. Xenofontes(455 a 345 a.c.) foi o primeiro a usar o termo Economia no sentido exposto anteriormente, ou seja, abrangendo apenas o governo ou a administrao do lar.

    Economia uma cincia social, pois estuda a situao econmica da sociedade.

    A economia se ocupa das questes relativas a satisfao das necessidades dos indivduos e da sociedade.

    Necessidade Humana: a sensao de carncia de algo unida ao desejo de satisfaz-la.

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    Org. George Wilson Aiub 10 2009/01

    Tipos de necessidades:

    Necessidades do individuo - Natural: por exemplo, comer. - Social: decorrente da vida em sociedade; por exemplo, festa de casamento.

    Necessidades da sociedade Coletivas: partem do individuo e passam a ser da Sociedade; por exemplo, o transporte - Publicas: surgem da mesma sociedade; por exemplo, a ordem pblica.

    Necessidades vitais ou primarias: destas depende a conservao da vida; por exemplo, os alimentos.

    Necessidades civilizadas ou secundrias: so as que tendem a aumentar o bem-estar do indivduo e variam no tempo, segundo o meio cultural, econmicos e sociais em que se desenvolvem os indivduos; por exemplo, o turismo.

    Definio de Economia

    A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e servios e distribu-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

    Diviso do Estudo da Economia

    Micro Economia Descritiva Teoria Econmica [ ] Poltica Econmica Macro

    Economia Positiva Economia Normativa

    possvel detalhar a diviso do estudo da economia pela viso de Rossetti(2002), conforme segue:

    Economia Descritiva: trata da identificao do fato econmico. a partir dos levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes econmicos que se inicia o complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia positiva.

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    Org. George Wilson Aiub 11 2009/01

    atravs dela que a realidade comea a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido de que possam ser analisados as relaes bsicas que se estabelecem entre os diversos agentes que compem o quadro da atividade econmica.

    Teoria Econmica: a teoria econmica o compartimento central da economia. Possvel ver um ordenamento lgico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia descritiva, produzindo generalizaes que sejam capazes de ligar aos fatos entre si, desvendar cadeias de aes manifestadas e estabelecer relaes que identifiquem os graus de dependncia de um fenmeno em relao a outro. Surgiram ento em decorrncia conjunto de princpios, de teorias, de modelos e de leis fundamentadas nas descries apresentadas.

    A teoria econmica adota duas posies distintas na apresentao e anlise do fenmeno econmico, estas posies so conhecidas como microeconomia e macroeconomia.

    A microeconomia aquela parte da teoria econmica que estuda o comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indstrias e empresas, e suas inter-relaes.

    A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propsito obter uma viso simplificada da economia que, porm, ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nvel da atividade econmica de um determinado pas ou de um conjunto de pases.

    Poltica Econmica: os desenvolvimentos elaborados pela teoria econmica servem a poltica econmica. Nesse campo de estudo que sero utilizados os princpios, as teorias, os modelos e as leis. A utilizao ter a finalidade de conduzir adequadamente a ao econmica com vistas a objetivos pr-determinados. Quando se emprega a expresso poltica econmica governamental esta se referindo as aes praticas desenvolvidas pelo governo com a finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema econmico no sentido de que sejam alcanados um ou mais objetivos politicamente estabelecidos.

    1.1.5. Inter-relao com outras reas

    A cincia econmica possui relaes com diferentes reas do conhecimento humano, como possvel ser nas seguintes inter-relaes:

    Com a Biologia: quem exerce a atividade econmica gera servio, objeto das cincias biolgicas. O trabalho gera recursos econmicos para a alimentao e sobrevivncia humana.

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    Org. George Wilson Aiub 12 2009/01

    Com a Moral: a moral tem por objetivo o honesto, a economia tem por objetivo til, isto , a atividade humana em busca de prosperidade material. A honestidade com o crescimento econmico.

    Com o Direito: o direito e a economia so cincias sociais, tendo como objetivo o homem.

    Com a Contabilidade: essa traz luz economia, sobre inmeros problemas que se interferem; ambas tratam de juros, emprstimos, bancos, bolsas. A contabilidade age sobre o ponto de vista tcnico e a economia mostra as razes tericas para as suas concluses sobre determinado fato.

    Com a Geografia: essa se utiliza de matemtica, fsica e biologia, as quais fornecem a economia inmeros elementos.

    Com a Histria: a histria tambm uma cincia social. A histria econmica o prefcio da economia poltica.

    Com a Sociologia: mostra os fenmenos econmicos interdependentes com os sociais. Muitos autores consideram a economia poltica como um ramo da sociologia.

    Com a Matemtica: clculos e grficos.

    Com a Lgica: uso da razo, raciocnio.

    Com a Estatstica: classifica, analisa, critica e interpreta dados relativos aos fatos econmicos.

    Com a Administrao: a administrao o processo de tomar e colocar em prtica decises sobre objetivos e utilizao de recursos.

    Possamai(2001) apresenta outras interrelaes com reas:

    A economia e a histria

    Alm de inter-relacionadas com as estruturas polticas e sociais, os problemas econmicos, em sua maior parte, so tambm condicionados pela permanente evoluo histrica das civilizaes. Esse condicionamento confere alto grau de interdependncia entre a Histria e a Economia. A pesquisa histrica reveste-se de incontestvel utilidade para o economista, fornecendo-lhe a necessria localizao, no tempo e no espao, das atividades humanas, a natureza geral e as correlaes entre os acontecimentos, bem como a organicidade e a evoluo dos fatos.

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    Org. George Wilson Aiub 13 2009/01

    A economia e a geografia

    A inter-relao entre a Economia e a Geografia decorrem de uma constatao fundamental a de que as instituies econmicas e as prprias formas de organizao da atividade produtiva divergem de pas para pas e, dentro de um mesmo pas, entre vrias regies. A investigao dessas diferenas, conquanto decorrentes das caractersticas do meio ambiente, assunto de alada da Geografia, cujo campo de ao tem-se alargado cada vez mais, afastando-se do simples registro de acidentes geomorfolgicos e de ocorrncias climticas, para se ocupar de relevantes anlises que interessam de perto economia. Como exemplos, enquadram se em seu campo o levantamento e a anlise das condies geoeconmicas dos mercados regionais, a localizao espacial dos fatores produtivos, a distribuio e a avaliao dos mtodos regionais de produo, intercmbio, e comunicaes, a composio setorial da atividade econmica, a eficincia infra-estrutural da economia e as prprias forma de organizao das unidades produtivas.

    A economia e o direito

    Alm de condicionada s caractersticas do espao geogrfico em que se localiza, a evoluo da Histria e s alteraes das bases institucionais e sociais, a atividade econmica mantm-se ainda ligada estrutura jurdica do sistema. Existe uma interdependncia entre o Direito e a Economia, uma vez que compete lei jurdica situar o homem, a empresa e a sociedade diante do poder poltico e da natureza, definindo seus direitos e suas responsabilidades e tambm fixando as balizas dentro das quais poder ser exercida a liberdade de ao de cada um desses agentes da atividade econmica.

    A economia e os mtodos quantitativos

    Os mtodos quantitativos so de particular interesse para a Economia, no s em razo da necessidade de se quantificarem certos fenmenos, mas tambm devido extraordinrio desenvolvimento da Econometria. Os modelos macroeconmicos, a Teoria do Crescimento, a anlise das relaes intersetoriais e a previso, por indicadores antecedentes, das flutuaes conjunturais so desenvolvimentos que tm impulsionado as inter-relaes entre a anlise econmica e os mtodos quantitativos de investigao.

    1.1.6 . Leis Econmicas

    Lei a relao entre um fenmeno e sua causa, Economia poltica uma cincia e conseqentemente possui princpios, normas e leis.

  • Apostila de Economia para Administrao

    Org. George Wilson Aiub 14 2009/01

    Diviso das leis:

    Leis Naturais: so aquelas de forma global, gerias; exprimem uma relao constante entre a causa e o efeito. Ex: leis fsicas so aquelas onde cientistas podem determinar perfeitamente a causa; a gua a zero grau congela.

    Leis Sociais: exprimem a tendncia que certos fatos tem em produzir certos efeitos. Ex: fenmenos econmicos podem garantir a tendncia de acontecimento do fato, segundo as condies propostas; a escassez do produto indica um aumento do preo.

    Leis Tipicamente Econmicas: lei da oferta e da procura - essa lei diz que o preo aumenta. No pode dizer quanto (em valores), quando e como acontecera e nem em que medida poder ser produzido.

    Pinho e Vasconcellos (1998) destacam que em Economia tudo se resume a uma restrio quase que fsica - a lei da escassez, isto , produzir o mximo de bens e servios a partir dos recursos escassos disponveis a cada sociedade.

    Salientam ainda que, se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, se os desejos humanos pudessem ser completamente satisfeitos, no importaria que uma quantidade excessiva de certo bem fosse de fato produzida. Nem importaria que os recursos disponveis: trabalho, terra e capital (este deve ser entendido como mquinas, edifcios, matrias-primas etc.) fossem combinados irracionalmente para produo de bens.

    No havendo o problema da escassez, no faz sentido se falar em desperdcio ou em uso irracional dos recursos e na realidade s existiriam os "bens livres". Bastaria fazer um pedido e, pronto, um carro apareceria de graa.

    Na realidade, ocorre que a escassez dos recursos disponveis acaba por gerar a escassez dos bens - chamados "bens econmicos". Por exemplo: as jazidas de minrio de ferro so abundantes, porm, o minrio pr-usinvel, as chapas de ao e finalmente o automvel so bens econmicos escassos. Logo, o conceito de escassez econmica deve ser entendido como a situao gerada pela razo de se produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. Entretanto, somente existir escassez se houver uma procura para a aquisio do bem. Por exemplo: o hino nacional escrito na cabea de uni alfinete um bem raro, mas no escasso porque no existe uma procura para sua aquisio, conforme Pinho e Vasconcellos (1998).

    Por que so os bens procurados (desejados)?

    A resposta relativamente simples: um bem procurado porque til. Por utilidade entende-se "a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana".

  • Apostila de Economia para Administrao

    Org. George Wilson Aiub 15 2009/01

    Desta ltima definio necessrio conceituar o que so: bem e necessidade humana. Bem tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Eles podem ser: materiais - pois se pode atribuir-lhes caractersticas fsicas de peso, forma, dimenso etc. Por exemplo: automvel, moeda, borracha, caf, relgio etc.; imateriais - so os de carter abstrato, tais como: a aula ministrada, a hospedagem prestada, a vigilncia do guarda noturno etc. (em geral todos os servios prestados so bens imateriais, ou seja, se acabam quase que simultaneamente sua produo).

    O conceito de necessidade humana, conforme Pinho e Vasconcellos (1998), concreto, neutro e subjetivo, porm, para no se omitir da questo, definir-se- a "necessidade humana" como qualquer manifestao de desejo que envolva a escolha de um bem econmico capaz de contribuir para a sobrevivncia ou para a realizao social do indivduo. Assim sendo, ao economista interessa a existncia das necessidades humanas a serem satisfeitas com bens econmicos, e no a validade filosfica das necessidades.

    Para se perceber a dificuldade da questo, melhor exemplificar: para os muitos pobres, a carne seca pode ser uma necessidade e no o ser para os mais ricos; para os pobres um carro pode no ser uma necessidade, porm, para os da classe mdia j o ; para os ricos a construo de uma manso pode ser uma necessidade, ao passo que pode no o ser para os de renda mdia.

    O fato concreto que no mundo de hoje todos pensam que desejam e "necessitam" de geladeiras, esgotos, carros, televiso, rdios, educao, cinemas, livros, roupas, cigarros, relgios etc (Pinho e Vasconcellos,1998). As ilimitadas necessidades j se expandem para fora da esfera biolgica da sobrevivncia. Poder-se-ia pensar que o suprimento dos bens destinados a atender s necessidades biolgicas das sociedades modernas seja um problema solucionado e com ele tambm o problema da escassez. Todavia, numa contra-argumentao dois problemas surgem: o primeiro que essas necessidades renovam-se dia a dia e exigem contnuo suprimento dos bens a atend-las; o segundo a constante criao de novos desejos e necessidades, motivadas pela perspectiva que se abre a todos os povos, de sempre aumentarem o padro de vida. Da noo biolgica, devemos evidentemente passar noo psicolgica da necessidade, observando que a saturao das necessidades, e sobretudo dos desejos humanos, est muito longe de ser alcanada, mesmo nas economias altamente desenvolvidas de nossa poca. Conseqentemente, tambm o problema de escassez se renova.

    1.1.7 A Organizao da Atividade Econmica

    A organizao da atividade econmica encontra-se diretamente relacionada com a soluo dos problemas econmicos fundamentais o que e quanto, como e para quem

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    Org. George Wilson Aiub 16 2009/01

    produzir pois constitui um conjunto de questes da mais alta complexidade, devido no apenas devido s suas razes econmicas, como, sobretudo em decorrncia de seu envolvimento social, tico e poltico. (DALLAGNOL ,2008)

    Sempre com o objetivo de assegurar maior eficincia alocao de recursos, as naes economicamente tm se dedicado a procura do sistema econmico Ideal (Dallagnol,2008). No mbito econmico e tecnolgico descobriram que as solues dos problemas econmicas fundamentais poderiam ser facilitadas pela diviso do trabalho; contudo, se a diviso do trabalho conduziu a solues de questes relacionadas com a eficincia produtiva, talvez tenha trazido maior complexidade s questes relacionadas com a justia distributiva.

    O aumento da eficincia econmica e tecnolgica, nas primeiras dcadas do sculo XIX, quando do perodo formativo do capitalismo industrial, coincidiu com o agravamento das questes sociais atribudas aos insatisfatrios padres de repartio do produto social. medida que as atividades econmicas se especializam, torna-se mais complexa a exata medio das contribuies individuais. Da por que se impe a necessidade de desenvolver e de aplicar modelos de organizao que reduza os desequilbrios da repartio, visto que ao lado dos objetivos de disciplinar e coordenar as tarefas desenvolvidas pelos indivduos e unidades de produo que se compe o quadro da atividade produtiva.

    Dallagnol (2008) destaca que os liberais do sculo XVIII e XIX propuseram que as bases do modelo de organizao econmicas deveriam ser o individualismo, a livre iniciativa e a concorrncia empresarial, pois o funcionamento livre do sistema de preos e do mecanismo do mercado conduziria a tima alocao dos recursos disponveis, garantindo o pleno emprego e a eficincia econmica geral. Em contraste com esse modelo, os crticos do sistema liberal capitalista, atuando a partir de bases ideolgicas elaboradas por Marx, proporiam o bloqueio da liberdade empresarial, o coletivismo e o dirigismo estatal. Em lugar dos mecanismos livres antes propostos, seriam implantados sistemas centralizados de controle, capaz de coordenar as metas de produo da economia, a alocao dos recursos e a repartio do produto.

    A partir dessas duas proposies, diametralmente opostas, so ainda possveis inmeros modelos menos extremistas. Todos eles, porm, implicam julgamento de valor quanto anlise de sua eficincia, devido aos seus envolvimentos ticos e polticos.

    A validao da eficincia dos sistemas alternativos constitui uma das mais complexas questes da Anlise Econmica, e pode-se concluir que os problemas centrais da atividade econmica esto relacionados ao desajuste fundamental entre a escassez dos recursos e a ilimitao das necessidades humanas; e no h sistema econmico que tenha sido capaz de reprimir a expanso das necessidades humanas ou remover a

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    Org. George Wilson Aiub 17 2009/01

    limitao dos recursos. Por isso, independentemente de seu modelo de organizao social ou poltica, dificilmente as modernas naes conseguiro escapar trade dos problemas econmicos fundamentais. Os sistemas coletivistas e aos liberais do apenas respostas diferentes a esses problemas, mas no conseguiram e certamente jamais conseguiro elimin-los. (DALLAGNOL, 2008)

    As primitivas formas de organizao: tradio e autoridade so assim descritas por Possamai (2001).

    A tradio e a autoridade podem ser consideradas as duas principais bases das formas primitivas de organizao da atividade econmica. A tradio, como base da organizao social, poltica e econmica, dominou os sistemas que garantiam a continuidade do seu esforo produtivo, transmitindo as vrias e necessrias tarefas de gerao em gerao, segundo o costume e o hbito: o filho acompanhava o pai, e o sistema era preservado.

    Mas tambm no Egito que sero encontradas formas primitivas de organizao baseadas na autoridade. Atividades como a construo de pirmides eram desenvolvidas a partir de ordens emanadas de uma eficiente organizao central, que comandava igualmente toda a ao econmica da sociedade.

    O extremo localismo que caracterizou a sociedade feudal comeou a ser minado, nos sculos XV e XVI, pela procura de novas rotas comerciais. Paralelamente, os mercadores, arteses, manipuladores de cmbio e homens de negcios ganharam novo status perante a sociedade. Suas atividades receberam o reconhecimento geral, ao mesmo tempo em que se encorajou a acumulao de capitais valorizando-se as tarefas vinculadas promoo do progresso econmico e revigorando-se as descobertas e os novos procedimentos tecnolgicos. Logicamente, a organizao da atividade econmica sofreria o impacto de tais mudanas. Os principais da tradio e da autoridade cederiam lugar a novas concepes, desenvolvidas ento sombra dos ideais mercantilistas. (POSSAMAI, 2001)

    1.1.8 Escolas Econmicas

    ANTIGUIDADE

    Os modelos econmicos tiveram diferentes configuraes ao longo dos sculos. Na Grcia houve a predominncia do pensamento filosfico sobre o econmico, desprezavam as riquezas e pregavam a igualdade social e criaram inmeras idias polticas.

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    Org. George Wilson Aiub 18 2009/01

    Roma no deixou nenhum escrito notvel sobre economia, mas sobre justia e moral. Lei da usura, a imoralidade dos juros altos e o lucro justo.

    FEUDALISMO

    Surgiu com a desintegrao dos imprios Romanos e dos modos de produo escravocrata. O Feudalismo caracteriza-se como a organizao social e econmica da idade Mdia. Entre suas caractersticas:

    - Grandes propriedades de terras da nobreza e do clero, chamados de Feudos que eram auto-suficientes; - Servos (chamados de camponeses), trabalhavam pela subsistncia, pertenciam a terra. Eram protegidos religiosamente pelo clero e a segurana era papel dos feudalistas, pagavam seus impostos atravs do trabalho, produtos ou dinheiro.

    Pessoas que no trabalhavam com a terra pertenciam classe dos estreis, salvo o clero e os militares. Os trabalhadores das cidades, tambm pagavam impostos ao Senhor Feudal, dono das terras onde as cidades estavam erguidas;

    Durante o sculo XV ocorre o crescimento das cidades, como resultado das expanses territoriais - descobrimento de novas terras, e do progresso das atividades comerciais. O declnio do feudalismo ocorre pela expanso do comrcio e da manufatura das cidades e com a ampliao do poder da Monarquia.

    Na Rssia os camponeses foram libertados em meados de 1861, no Japo por volta da metade do sculo XIX e nos pases da frica e Arbia Saudita mantiveram-se at o sculo XX.

    MERCANTILISMO

    Fase que caracteriza o perodo histrico chamado de Revoluo Comercial. Marcado pela desintegrao do Feudalismo e pela formao dos Estados nacionais.

    Princpios bsicos:

    A riqueza dos Estados Nacionais, dependiam do aumento da populao e principalmente do volume de estoque de metais preciosos;

    O comrcio e a indstria so mais importantes que a agricultura.

    O comrcio exterior - com outros Estados Nacionais deve ser estimulado, pois atravs da balana comercial que se aumenta o volume de riqueza, que medido atravs do estoque de metais preciosos, principalmente prata e ouro;

    Intenso protecionismo estatal e ampla interveno do estado na economia.

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    Org. George Wilson Aiub 19 2009/01

    Considerava-se que o governo de um pas seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais preciosos. Com isso, o mercantilismo acabou estimulando a guerra, exacerbou o nacionalismo e manteve a poderosa e intensa presena do estado em assuntos econmicos.

    FISIOCRACIA

    Combate os ideais mercantilistas e formulao de maneira sistemtica e lgica a teoria do liberalismo econmico. Centrou sua anlise econmica na produo. Argumentava que somente a terra (natureza) possua a capacidade de gerar excedentes, riquezas. Segundo estes pensadores a indstria e o comrcio no geravam excedentes, pois somente transformavam bens em mercadorias e as distribuam os produtos gerados dos recursos naturais. Dividia a sociedade em produtores (agricultores e servos), proprietrios de terra (nobreza e clero) e os estreis (comerciantes, empresrios, manufatureiros, etc). defendiam:

    A liberdade econmica e repudiavam as barreiras feudais e o intervencionismo do estado pregado pelo mercantilismo.

    - Adoo de imposto nico que incidiria sobre a propriedade de bens. - Ao estado cabe a funo de manuteno da ordem econmica e da propriedade privada.

    Surgiu como reao ao Mercantilismo, significa "regras da natureza". Bens produzidos com a ajuda da natureza - Traduziram os ideais do liberalismo. Novos fundamentos vieram onde liberdade de empreender era o carro chefe, a livre iniciativa, a livre concorrncia e a propriedade dos meios d produo passaram a ser da iniciativa privada.

    ESCOLA CLSSICA (1723 - 1790)

    Pensadores econmicos que seguiam parcialmente as doutrinas da fisiocracia-fisiocrata, tais como o liberalismo e o individualismo. Refutam os fisiocratas na questo da riqueza, onde o trabalho o nico meio de se gerar riqueza e o fator gerador de valor a mo de obra dos agentes, demonstrada pela Teoria do Valor- Trabalho. Segundo essa escola de pensamento econmico a gerao de riqueza est diretamente relacionada com a produtividade da mo-de-obra, e esta produtividade ser constantemente crescente, decorrentes da especializao das tarefas produtivas e da diviso do trabalho.

    A Teoria Clssica elaborada em funo de uma sistemtica de equilbrio automtico da economia, onde esta se harmoniza ou se reequilibra atravs das foras naturais dos mecanismos de demanda e oferta. As crises e desequilbrios apresentados pela economia so temporrios, ou designados como desvios temporrios de equilbrio que sero sanados pela demanda e oferta.

    Entre as teorias que se destacam nesta escola, a Teoria da Renda da Terra de David Ricardo, onde o valor dos aumentos e da renda das terras com maior produtividade aumentam simultaneamente de acordo com o aumento da sociedade, que exige que seja

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    Org. George Wilson Aiub 20 2009/01

    produzida uma maior quantidade de alimentos. Neste caso existe a necessidade de utilizao de terras com menor produtividade e como resultado tem-se o aumento dos custos de produo que sero repassados aos alimentos (custos representados pelo transporte, insumos, etc), causando um aumento na renda das terras com mais produtividade.

    A Teoria de Adam Smith, considerado o pai da economia, por ser o primeiro economista a ter formulado uma viso completa da economia e com maior fundamento lgico e sistemtico. Sua teoria de maior importncia a Teoria da Mo Invisvel, onde o pensador demonstra que as pessoas so movidas por ideais individualistas, quando estes fossem livremente desenvolvidos seriam um fator natural de harmonizao que resultaria no bem estar coletivo. Os mercados livres e a concorrncia funcionariam para o emprego do capital e dos recursos naturais de forma que eles sejam empregados de maneira mais produtiva possvel, contribuindo de forma positiva ao bem-estar econmico, esta maximizao egosta do lucro para canais socialmente teis- com que fossem produzidas as mercadorias que as pessoas precisassem e mais desejassem.

    As idias de Smith tiveram maior impacto depois da publicao de suas teses que foram feitas simultaneamente com a Revoluo Industrial, e esta corroborada com as afirmaes do economista.

    A defesa do mercado como regulador das decises econmicas de uma nao traria muitos benefcios para a coletividade. O objetivo era claramente identificado e mtodo de anlise sobre a riqueza. Primeira escola de pensamento econmico onde Adam Smith lana o seu livro pioneiro sobre a Riqueza das Naes, em 1776.

    CAPITALISMO

    Baseia-se na diviso do trabalho entre os possuidores de capital, que contratam a mo-de-obra e os que vendem a mo-de-obra. Prima pela liberdade individual, o direito a propriedade privada dos meios de produo, a no interveno do estado na economia e obteno de lucro atravs da economia de mercado. COMUNISMO Baseia-se na no existncia do Estado, sendo que suas atribuies seriam absorvidas pela sociedade civil. As propriedades privadas seriam absorvidas pelas comunidades de produtores tanto agrcolas e industriais. No existncia de classes sociais. SOCIALISMO Sistema econmico e social, que possui por objetivos os interesses dos trabalhadores, uma sociedade onde no exista meios de produo privados, que estes sejam da coletividade, coordenados por um governo central, no exista diferena entre classes sociais, diferencia-se do comunismo, por ser mais moderno no que tange as relaes comerciais. A distribuio dos bens e servios que no capitalismo so determinados pelo mercado aqui so determinados pelo Estado.

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    Org. George Wilson Aiub 21 2009/01

    Surge como reao ao liberalismo. O pensamento se consolida com a obra de Karl Marx, O Capital. Onde desenvolveu uma teoria ou conceito da "mais valia". O valor das mercadorias que os trabalhadores produzem em um dado perodo de tempo e o valor da fora do trabalho vendida aos capitalistas que as contratam. Os juros, lucros e aluguis a mais valia.

    MARXISMO Escola de pensamento econmico muito semelhante com o socialismo e o comunismo, diferencia-se destas por no criar uma estrutura econmica definida. Em suas obras Marx analisava criticamente as leis do movimento da sociedade capitalista. Pregava que uma sociedade justa sem a imensa diferena entre proletrios e capitalistas ocorreria atravs de uma sociedade que no existisse classes sociais diferenciadas, sem um organismo centralizador e normatizador. Para que se chegasse a este estgio seria necessrio uma revoluo promovida pelas classes pobres da sociedade. No definiu especificamente como seria a organizao desta sociedade. Para alguns autores a economia Marxista era uma fase preparatria ao Comunismo.

    MARGINALISTA

    Escola neoclssica procurou resgatar os princpios do liberalismo, onde Keynes busca conciliar o socialismo com o liberalismo propondo a eficincia econmica, a justia social e a uberdade. Sua obra mais famosa "Teoria Geral do emprego, dos juros e da moeda" de Joahn Maynard Keynes (1883-1946). Esta obra de grande impacto foi lanada em 1936 onde consegue mostrar que as teorias adotadas j no funcionavam e aponta solues que poderiam tirar o mundo da recesso.

    O perodo recente apresenta algumas transformaes, que se fazem sentir a partir das dcadas de 70/80. O Neoliberalismo defende a liberdade individual e a livre iniciativa, o Estado mnimo e prioriza o crescimento econmico.

    A Social Democracia defende um estado politicamente forte. Aceita o capitalismo por ter este se revelado o mais eficiente. Apia o crescimento econmico, acompanhado da distribuio de renda.

    NEOLIBERALISMO

    Tentativa de adaptao do liberalismo ao capitalismo moderno. Sofre grande ataque de outras correntes diante da ineficincia ao mercado de se auto-regular diante de crises contnuas e cclicas. Argumenta que somente o sistema de preos e a concorrncia pura possuem o poder de equilibrar o mercado, porm o governo deve possuir a funo de disciplinar o mercado, agindo como rgo normativo e fiscalizador. Esse disciplinamento vai ocorrer atravs da estabilidade financeira e monetria do Estado. Segundo esta escola o Estado no deve tentar financiar o progresso econmico, pois atravs do descontrole de suas receitas, pode contribuir ou criar um processo inflacionrio que desestabiliza a economia. Os controles de mercado tais como monoplios, oligoplios, devem ser eliminados ou severamente controlados, sendo estes combatidos atravs dos mercados concorrncias do tipo Mercado Comum Regional.

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    Org. George Wilson Aiub 22 2009/01

    1.1.9 Proposies Normativas e Positivas

    Dallagnol (2008) destaca que os conceitos de senso comum, cincia e ideologia, as metodologias bsicas de construo da economia e as vinculaes entre fundamentos tericos e pressupostos ideolgicos so, em conjunto, essenciais para a compreenso dos contedos e dos significados dos principais compartimentos da economia.

    A primeira e mais importante diferenciao so entre a expresso economia positiva e economia normativa. Esta diferenciao atribuda a John Neville Keynes, filsofo e economista poltico do final do sc. XIX, pai de J. M. Keynes, um dos mais influentes economistas da primeira metade do sculo XX. Embora primeira vista parea pouco relevante, essa diferenciao fundamental para a construo cientfica.

    A economia positiva trata a realidade como ela . A economia normativa considera mudanas nessa mesma realidade, propondo como ela deve ser. Uma posio positiva pode ser refutada ou aceita, j uma posio normativa depende de juzos de valor, pessoais e subjetivos.

    A economia descritiva e a teoria econmica situam-se, preponderantemente, no campo da economia positiva. A poltica econmica , preponderantemente, normativa.

    Essa distino simples entre proposies normativas e positivas conduz a uma questo metodolgica relevante: a impossibilidade lgica de se deduzirem afirmaes positivas de juzos normativos e vice-versa. Um exemplo para compreender esta questo de mtodo. Suponha que algum afirme que:

    (1) quando as taxas de crescimento da populao so superiores s da expanso da renda nacional como um todo; a renda per capita se reduz; (2) a reduo da renda per capita implica perda do poder aquisitivo real da sociedade, mantidos os nveis vigentes de preos; e (3) logo, como desejvel a manuteno e, mesmo, a ampliao do poder aquisitivo real, devem ser adotadas polticas econmicas de conteno de crescimento populacional.

    As afirmaes (1) e (2) so factuais, positivas; a proposio (3) de carter normativo.

    No h, entre elas, relaes lgicas, formais. As duas primeiras no so condies suficientes para dar sustentao terceira. E esta pode ser at melhor justificada por outras razes, diferentes das duas primeiras consideradas. Esta ressalva metodolgica no implica a inexistncia de conexes entre os compartimentos positivo e normativo, em economia. Na realidade, a poltica econmica, desde que tecnicamente respaldada, busca sustentao na teoria econmica. E exatamente esta sustentao que lhe confere maior

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    Org. George Wilson Aiub 23 2009/01

    grau de confiabilidade, reduzindo os graus de risco e de incertezas sobre os efeitos esperados, decorrentes de cursos de ao posto em prtica.

    A teoria econmica indica polticas econmicas, que so adotadas, ou no, de acordo com os princpios ticos e morais, que orientam a ao dos polticos e das pessoas de poder decisrios e com objetivos nacionais.

    Visto sob este ngulo, os diferentes compartimentos em que usualmente se subdivide a economia positiva alimentam o processo poltico de escolha da economia normativa. O desdobramento dos diferentes segmentos da economia positiva fundamenta-se na diviso usual entre microeconomia e macroeconomia.

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    Org. George Wilson Aiub 24 2009/01

    2. FATORES DE PRODUO

    2.1 OS PROBLEMAS ECONOMICOS FUNDAMENTAIS

    Para Pinho e Vasconcellos (1998), nas bases de qualquer comunidade se encontra sempre a seguinte trade de problemas econmicos bsicos:

    O QUE produzir? - Isto significa quais os produtos devero ser produzidos (carros, cigarros, caf, vesturios etc.) e em que quantidades devero ser colocados disposio dos consumidores.

    COMO produzir? - Isto , por quem sero os bens e servios produzidos, com que recursos e de que maneira ou processo tcnico.

    PARA QUEM produzir? - Ou seja, para quem se destinar a produo, fatalmente para os que tm renda.

    QUAIS, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir no seriam problemas se os recursos utilizveis fossem ilimitados. Mas na realidade existem ilimitadas necessidades e limitados recursos disponveis e tcnicas de fabricao. Baseada nessas restries, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos tcnicos capazes de transformar os recursos escassos em produo, conforme Pinho e Vasconcellos (1998).

    Pode-se na tabela a seguir, apresentada por Dallagnol (2008) ter um resumo dos princpios fundamentais da economia.

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    Org. George Wilson Aiub 25 2009/01

    Fonte: Dallagnol (2008, p.22)

    2.1.1. Escassez e Necessidades

    O problema econmico por excelncia a escassez. Surgiu porque as necessidades humanas so virtualmente ilimitadas, e os recursos econmicos, limitados, incluindo tambm os bens. Esse no problema tecnolgico, e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponveis para satisfaz-los. A escassez um conceito relativo, pois existe desejo de adquirir uma quantidade de bens e servios maior que a disponibilidade.

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    Org. George Wilson Aiub 26 2009/01

    Portanto eficincia produtiva e eficcia alocativa so as duas questes bsicas com que defrontam todos os agentes econmicos.

    Eficincia: maximizar o emprego dos recursos.

    Eficcia: otimizar as escolhas.

    As necessidades, os bens econmicos e os servios

    O conceito de necessidade humana, isto , a sensao de carncia de algo unida ao desejo de satisfaz-la algo relativo, pois os desejos dos indivduos no so fixos. Assim, pois, o fato real que enfrenta economia que em todas essas sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivduos no podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos so aqueles que nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivduos.

    Os bens econmicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferveis.

    Os bens livres como, por exemplo, o ar - so aqueles cuja quantidade suficiente para satisfazer a todo o mundo.

    Para Pinho e Vasconcellos (1998), em Economia tudo se resume a uma restrio quase que fsica - a lei da escassez, isto , produzir o mximo de bens e servios a partir dos recursos escassos disponveis a cada sociedade.

    J Dallagnol (2008) cita Albert L. Meyer que parte de uma observao para explicar a lei da escassez. Diz que se fosse possvel dar a cada indivduo uma lmpada de Aladim, todos os problemas que se ocupam os economistas seriam resolvidos. Se tivssemos posse da lmpada, teramos todos os bens que desejssemos, e no haveria necessidade de coordenao, diviso ou procura de maior eficincia para o trabalho humano/ os problemas decorrentes da produo em massa, da expanso tecnolgica e da cincia nas atividades produtivas deixariam de existir. No haveria necessidade de pesquisa para o aumento da produtividade agropecuria. No faria mais sentido as lutas de classes, os conflitos entre os grupos sociais, as negociaes comerciais internas e externas, a repartio da renda e da riqueza, as disputas ideolgicas e os problemas de ajustamento da oferta global. E, como a Economia a cincia que cuida da melhor administrao dos escassos recursos disponveis para a satisfao das necessidades humana, no teria mais por que existir.

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    Org. George Wilson Aiub 27 2009/01

    Todavia, a realidade outra. As sociedades humanas sempre se defrontam com a necessidade de trabalhar para atender s suas necessidades fundamentais.

    Nenhum sistema econmico at hoje conseguiu satisfazer todas as necessidades da coletividade. A escassez a mais severa das leis milenares. Para explorar a natureza e extrair dela os bens, toda a sociedade defronta com as limitaes de seus recursos produtivos humanos e patrimoniais. O suprimento desses recursos sempre foi limitado, pois medida que os recursos produtivos se expandem e se aperfeioam, os desejos e as necessidades crescem mais que proporcionalmente. (DALLAGNOL, 2008)

    Considerando, nas modernas economias, a incorporao da cincia e da tecnologia na produo, poderia dizer que o problema da escassez estaria superado, pois provavelmente, o suprimento de bens destinados a atender as necessidades biofisiolgicas dos habitantes das economias mais afluentes estaria solucionado. Mas no assim, pois as necessidades primrias, de natureza biofisiolgica, renovam-se dia-a-dia e exigem contnuo suprimento de bens destinados a atend-los; e, a constante criao de novos desejos e necessidades, motivados pela perspectiva que se abre a todos os povos de sempre aumentarem o seu padro de vida e o seu bem-estar material, faz o problema da produo ser perpetuado pela contnua necessidade, e o problema da escassez torna-se mais grave que nas economias primitivas. Dallagnol (2008) salienta que a medida que todos esses bens vo alcanando elevado nvel de produo em massa, de tal forma que o volume de sua oferta possa atender satisfatoriamente sua procura, a saturao do mercado ser compensado pela criao de outros bens, perpetuando-se, assim, o problema das necessidades insatisfeitas. Conduzidos pelo despertar de novos desejos, as necessidades materiais parecem ilimitadas. Coisas ontem suprfluas so hoje imprescindveis. E no podemos imaginar onde seremos levados pela produo em massa, pelas novas necessidades que dia-a-dia so criadas e pela incapacidade de renunciarmos a posies materiais de bem-estar j conquistados.

    2.2. Recursos ou Fatores de Produo

    2.2.1 Trabalho

    A populao economicamente mobilizvel (Trabalho)

    representada por um segmento da populao total, delimitado pela faixa etria apta para o exerccio de atividades de produo, conforme descrito por Possamai (2001).

    Os limites desta faixa variam em funo do estgio de desenvolvimento da economia, sofrendo ainda a influncia de definies institucionais, geralmente expressas atravs da

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    Org. George Wilson Aiub 28 2009/01

    legislao de cunho social. Nas economias menos desenvolvidas observa-se que a idade de acesso s funes produtivas, sobretudo no meio rural, acentuadamente mais baixa do que nas economias maduras que ostentam altos padres de desenvolvimento econmico.

    De forma geral, porm, o acesso se realiza entre 15 e 25 anos e as atividades se desenvolvem ao longo de um perodo varivel que alcana, em mdia de 30 e 35 anos. A extenso da faixa de ingresso justificada pela variao dos perodos de preparao do indivduo e ainda pelas diferenas que se encontram na legislao social de cada pas quando idade mnima de acesso ao trabalho. De outro lado, o tempo de dedicao produo varia, essencialmente, em funo do tipo de atividade desenvolvida, observando-se tambm aqui variaes de natureza legal quanto ao perodo mnimo exigido para a aposentadoria espontnea ou compulsria. Alm disso, h que considerar as diferenas institucionais tambm decorrente do estgio de desenvolvimento e do meio em que se realizam as atividades de produo aplicveis mobilizao do homem e da mulher. H diferenas acentuadas no s quanto aos regimes legais de proteo, como ainda quanto s formas de organizao social, resultando diferentes perodos de vida produtiva. (POSSAMAI, 2001)

    2.2.2. Capital

    Os recursos de Capital

    Para o exerccio de suas atividades de produo, a populao ativa mobiliza um variado e complexo conjunto de instrumentos e de elementos infraestruturais que do suporte s operaes produtivas, tornado-as mais produtivas, tornado-as mais eficientes. Este conjunto constitui o estoque de capital da economia. (POSSAMAI, 2001)

    O desenvolvimento e meios de produo, associado s primeiras manifestaes de construes infra-estruturais, identifica-se claramente com processo de formao de capital. Desde as mais remotas culturas o homem foi acumulando riquezas destinadas obteno de novas riquezas destinadas obteno de novas riquezas. Com o passar do tempo com a acumulao e a transmisso de conhecimentos, o acervo de recursos aumentaria em progresso extraordinria. O processo de instrumentao do trabalho humano assumiria crescente complexidade, tornando cada vez mais eficiente o esforo social de produo, mas exigindo, em contrapartida, que uma considervel parcela desse mesmo esforo passasse a ser canalizada sistematicamente para o aperfeioamento e produo de novos e mais complexos recursos de capital.

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    Org. George Wilson Aiub 29 2009/01

    2.2.3. Tecnologia

    Para Possamai (2001) tecnologia pode ser considerada como um fator de produo de natureza qualitativa.

    Trata-se de um elo de ligao entre a populao economicamente mobilizvel e os recursos de capital. Esta capacidade acumula-se, transforma-se e evolui pela permanente transmisso de conhecimento. De gerao a gerao evoluo dos processos de produo, decorrentes do extraordinrio desenvolvimento de recursos de capital cada vez mais avanados e sofisticados, os sistemas econmicos exigem um paralelo desenvolvimento da tecnologia aplicada.

    Esta capacidade inerente qualificao dos recursos humanos. O saber fazer, imprime caractersticas extremamente variadas a dado conjunto de populao economicamente mobilizvel. As naes desenvolvidas contam no apenas com extraordinria base de recursos de capital acumulados, mas com recursos humanos preparados para operar o complexo aparelhamento de produo do sistema. J as economias subdesenvolvidas no apenas apresentam estoques de capital pouco eficazes e sub-dimensionados, como ainda recursos humanos tecnicamente despreparados. De certa forma, os processos de criao, aperfeioamento e acumulao de capital caminham paralelamente com o de formao de capacidade tecnolgica. So, por assim dizer, duas engrenagens que se ajustam. O movimento de uma delas est necessariamente vinculado ao movimento da outra.

    2.2.4. A Capacidade Empresarial

    semelhana da capacidade tecnolgica, a capacidade empresarial tambm um fator de natureza qualitativa. Trata-se do esprito empreendedor que movimenta, combina e anima os demais recursos de produo do sistema.

    Tanto empreendedorismo de carter privado ou pblico. Assume-a o Estado, ao mobilizar recursos para atividades econmicas de produo ou de formao da infra-estrutura de apoio. Assume-a, dentro das condies institucionais da livre iniciativa, o empresrio privado ou os grupos de constituio privada, quando a implantao, ampliao e operao de seus empreendimentos econmicos de produo. E, tanto, num caso como no outro, a capacidade empresarial enquadra-se no domnio dos agentes dinmicos da vida econmica.

    2.2.5. Reservas Naturais

    O elenco de recursos com que contam os sistemas econmicos para o exerccio das atividades de produo completa-se com a disponibilidade das reservas naturais. Em seu

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    Org. George Wilson Aiub 30 2009/01

    significado econmico, este recurso constitudo pelo conjunto dos elementos da natureza utilizados no processamento primrio da produo. O solo e a parte explorvel do subsolo, as terras de pastagem e de cultura, os cursos dgua, os lagos, as florestas e ainda o prprio clima e o ndice pluviomtrico incluem-se entre os recursos naturais de que toda economia deve dispor, face s necessidades de suprimento manifestadas pela sociedade. (POSSAMAI, 2001)

    A disponibilidade das reservas naturais no depende apenas das suas quantidades fsicas disponveis, mas ainda de outros fatores que viabilizam o seu efetivo aproveitamento. Para Possamai(2001), o estgio dos conhecimentos tecnolgicos, associado disponibilidade de recursos de capital, tem ligaes diretas com o volume das reservas naturais economicamente aproveitveis. As formas e a extenso da ocupao territorial tambm influenciam o nvel em que as reservas naturais disponveis sero efetivamente empregadas no processamento bsico da produo quer atravs da extrao de matrias primas, quer aproveitando os potenciais energticos existentes. Sendo assim, o prprio conhecimento de sua existncia e o pr-levantamento de suas potencialidades condicionam as disponibilidades econmicas das reservas.

    2.3 AGENTES ECONMICOS

    Os agentes econmicos - as famlias, as empresas e o setor pblico - so os responsveis pela atividade econmica. Em relao ao seu comportamento, supe-se que so coerentes quando tomam decises.

    A atividade econmica e os agentes econmicos

    Atividade econmica caracteriza-se na produo de ampla gama de bens e servios, cujo destino ltimo a satisfao das necessidades humanas. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, so os organizadores e executores da produo.

    A organizao dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das empresas, assim como a direo de suas atividades, recai sobre pessoas ou grupos de carter privado ou pblico. Na economia, os diversos papis que desempenham os agentes econmicos, isto , as famlias ou unidades familiares, as empresas e o setor pblico, podem ser agrupados em trs grandes setores.

    O setor primrio abrange as atividades que se realizam prximas s bases dos recursos naturais, isto , as atividades agrcolas, pesqueiras, pecurias e extrativas.

    O setor secundrio inclui as atividades industriais, mediante as quais so transformados os bens.

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    O setor tercirio ou de servios rene as atividades direcionadas a satisfazer as necessidades de servios produtivos que no se transformam em algo material.

    As empresas

    Na sociedade moderna, as empresas produzem e oferecem praticamente totalidade dos bens e servios.

    A empresa a unidade de produo bsica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e servios.

    As famlias ou unidades familiares

    Os diferentes agentes econmicos podem ser divididos em privados e pblicos. Os agentes privados bsicos so as famlias e as empresas.

    As funes das famlias constituem em, por um lado, consumir bens e servios; por outro, oferecer seus recursos, isto , trabalho e capital as empresas. Entretanto as famlias que pretendem maximizar a satisfao obtida no consumo so limitadas pelo oramento de que dispem.

    O setor pblico

    Entende-se por setor publico mais do que somente o Estado-Nao das organizaes polticas atuais.

    O governo destaca-se como agente econmico devido s particularidades que envolvem suas aes econmicas. O governo um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produo das empresas para proporcionar bens e servios teis sociedade como um todo. Trata-se, pois, de um centro de produo de bens e servios coletivos. Suas receitas resultam de retiradas compulsrias do poder aquisitivo das unidades familiares e das empresas, feitas por meio do sistema tributrio.

    Alm de interagir com os demais agentes econmicos, o governo um centro de gerao, execuo e julgamento de regras bsicas para a sociedade como um todo.

    2.3.1 Bens Econmicos

    Dallagnol (2008) destaca que a produo de bens e servios ou produo econmica pode ser classificada em trs categorias, de acordo com a sua destinao:

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    Bens e servios de consumo: so aqueles bens e servios que satisfazem s necessidades das pessoas quando consumidos no estado em que se encontram como alimentos, roupas, servios mdicos etc.

    Possamai (2001) afirma que os bens e servios de consumo, de uso imediatos ou durveis, so destinados ao atendimento das necessidades da populao. Nos sistemas econmicos modernos, as solicitaes de bens e servios de consumo evolvem no somente a satisfao de necessidades da biofisiolgicas, como principalmente o desejo (em grande parte dos casos artificialmente estimulados) de diversificao e sofisticado conjunto de produtos resultantes de atividades secundrias e tercirias. , exatamente em decorrncia destas ltimas solicitaes, em geral excitada por promoes desenvolvidas pelas prprias unidades de produo, que as necessidades de bens e servios de consumo so consideradas como ilimitadas.

    Bens e servios intermedirios: so os bens e servios que no atendem diretamente s necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de ao que so empregadas na produo de automveis; os servios de computao que preparam as folhas de pagamentos para empresas etc. (DALLAGNOL, 2008)

    Os bens e servios intermedirios so constitudos por insumos destinados ao reprocessamento. Esses bens reingressam no aparelho de produo da economia, para que sejam transformadas em bens capazes de atender a necessidades finais. As sementes, as fibras naturais ou sintticas, os minrios e uma multiplicidade de outros bens da mesma natureza so identificados como intermedirios. No campo dos servios, h tambm os que apenas se destinam a servir de suporte para as atividades de produo do sistema. Esses tambm so considerados intermedirios, uma vez que se destinam a atender s exigncias operacionais das empresas e no s necessidades finais da sociedade. A todos os bens e servios desta categoria, ao retornarem s unidades de produo, so adicionados novos esforos ativos, que no apenas modificaro suas caractersticas, como tambm o seu valor econmico. Em cada uma delas mobilizam-se novos recursos e combinam-se novos fatores, elevando-se em conseqncia a soma dos valores adicionados. (POSSAMAI, 2001)

    Bens de capital: tambm no atendem diretamente s necessidades dos consumidores, mas destina-se a aumentar a eficincia do trabalho humano no processo produtivo, como as mquinas, as estradas etc. (DALLAGNOL, 2008)

    Para Possamai (2001), os bens de capital so constitudos por uma categoria especial de bens filiais. So bens que, embora no destinados ao consumo, consideram-se como terminais em relao aos fluxos de produo de que se originaram. As bases infra-estruturais da economia (constitudas por ferrovias, portos hidreltricas, rodovias, entrepostos de abastecimento e outros recursos fixos de utilizao coletiva), somadas s edificaes fabris, aos implementos agrcolas, aos equipamentos industriais e a outros

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    Org. George Wilson Aiub 33 2009/01

    instrumentos de produo, so exemplos tpicos de bens desta terceira categoria. Estes bens, atravs das atividades de investimento, destinam-se a se incorporar ao estoque de capital da economia. Nesse sentido, no atendem diretamente s necessidades humanas de consumo. Todavia, ao se incorporarem ao estoque disponvel de capital, quer para sua manuteno, renovao ou ampliao, aumentam a eficincia do trabalho humano, constituindo-se numa das fontes mais significativas do processo de crescimento econmico.

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    3. SISTEMA ECONMICO

    3.1 CONCEITO DE SISTEMA ECONMICO

    Sistema econmico o conjunto de relaes tcnicas, bsicas e institucionais que caracterizam a organizao econmica de uma sociedade. Essas relaes condicionam o sentido geral das decises fundamentais que se tomam em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade.

    Para Dallagnol (2008), um sistema econmico pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica pela qual est organizada a sociedade. um particular sistema de organizao da produo, distribuio, consumo de todos os bens e servios que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padro de vida e bem-estar.

    Sistema Econmico: reunio dos diversos elementos participantes da produo e do consumo de bens e servios que satisfazem as necessidades

    da sociedade, organizados do ponto de vista econmico, social, jurdico e institucional.

    Os sistemas econmicos podem ser classificados em:

    - Sistema capitalista ou economia de mercado: regido pelas foras de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo;

    -Sistema socialista ou economia centralizada ou ainda economia planificada: Nesse sistema as questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo central de planejamento, predominando a propriedade pblica dos fatores de produo, chamados nessas economias de meios de produo, englobando os bens de capital, terra, prdios, bancos, matrias-primas.

    Os pases organizam-se segundo esses dois sistemas, ou de forma intermediria entre elas.

    Pelo menos at o incio do sculo XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrncia pura, em que no havia a interveno do Estado na atividade econmica. Era a filosofia do Liberalismo.

    Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista, no qual ainda prevaleciam as foras de mercado, mas com a atuao do Estado,

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    tanto na alocao e distribuio de recursos como na prpria produo de bens e servios, nas reas de infra-estrutura, energia, saneamento e telecomunicaes.

    Em economia de mercado, a maioria dos preos dos bens, servios e salrios so determinados predominantemente pelo mecanismo de preos, que atua por meio da oferta e da demanda dos fatores de produo. Nas economias centralizadas, essas questes so decididas por um rgo central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do pas. Ou seja, grande parte dos preos dos bens e servios, salrios, quotas de produo e de recursos calculada nos computadores desse rgo, e no pela oferta e demanda no mercado.

    Possamai (2001) apresenta ainda outra classificao clssica das economias:

    Economia Fechada Economia tpica de um pas isolado. No h importao nem exportao de produtos. O intercmbio de mercadorias no se realiza alm dos limites territoriais determinados pelos agentes econmicos locais: produtores, intermedirios e consumidores. Esse tipo de economia praticamente no existe no mundo atual. Mas til como modelo para se analisar de que forma o total das despesas de consumo, gastos governamentais, investimentos e tributos interagem para determinar os nveis do emprego e renda nacional. Ento, constitui-se num modelo em que no a intervenincia do setor externo (importao e exportao). Exemplos atuais praticamente inexistentes, sendo o mais prximo: Cuba.

    Economia Aberta Economia baseada na livre ao dos agentes econmicos, objetivando a concorrncia, ao investimento, ao comercio e ao consumo. Corresponde aos princpios do liberalismo econmico, pelo qual a nica funo do Estado seria garantir a livre concorrncia entre as empresas. Constitui-se num modelo em que h a intervenincia do setor externo (importao e exportao). Exemplo: Brasil.

    Alm destes conceitos, outros se destacam como as Funes renda, consumo, etc.

    Renda (Y)

    aquela percebida pelo indivduo em forma de salrio, lucro, juro, aluguel, arrendamento ou remunerao por servios prestados. a renda total de todos os indivduos antes que tenha pago o Imposto de Renda e os demais impostos pessoais. Inclui um volume substancial de pagamentos de transferncias do governo, que no so includos na renda nacional. Inclui tambm pagamento de transferncia feitos pelo setor privado.

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    Consumo ( C ) Utilizao, aplicao, uso ou gasto de um bem ou servio por um indivduo ou uma empresa. o objeto e a fase final do processo produtivo, precedido pelas etapas de fabricao, armazenagem, distribuio e comercializao. A funo consumo depende substancialmente da renda.

    Impostos (Tx) Taxas obrigatrias pagas ao Estado, que devem reverter coletividade sob forma de benefcios de interesse geral: transporte, educao, sade, etc...

    Subsdios ou Transferncias (Tr)

    Tecnicamente, pode ser definido de vrias formas: a) benefcios a pessoas ou a empresas, pagos pelo governo, sem contrapartida em produtos e servios; b) despesas correspondentes da transferncia de recursos de uma esfera do governo em favor de outra; c) despesas do governo visando a cobertura de prejuzos das empresas (pblicas ou privadas) ou ainda para financiamento de investimentos; d) benefcios aos consumidores, na forma de preos inferiores que, na ausncia de tal mecanismo, seriam fixados pelo mercado; e) benefcios a produtores e vendedores mediante preos mais elevados, como acontece com a tarifa aduaneira protecionista; e f) concesses de benefcios pela via do oramento pblico ou outros canais.

    Poupana (s)

    Em economia, parte da renda nacional ou individual que no utilizada em despesas, sendo guardada e aplicada depois de deduzidos os impostos.

    Investimento (I)

    Aplicao de recursos (dinheiro ou ttulos) em empreendimentos que rendero juros ou lucros, em geral em longo prazo. Num sentido amplo, o termo se aplica tanto compra de mquinas, equipamentos e imveis para a instalao de unidades produtivas, como compra de ttulos financeiros (letras de cmbio, aes, etc...).

    Exportaes (X)

    Vendas, no estrangeiro, de bens e servios de um pas. Resulta, como a importao da diviso internacional do trabalho, pela qual os pases tendem a se especializar na produo dos bens para os quais tem maior disponibilidade de fatores produtivos, garantindo um excedente exportvel.

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    Org. George Wilson Aiub 37 2009/01

    Importaes (Z) Entrada de mercadorias e servios estrangeiros num pas. Os servios, cujo valor no figura na receita comercial, constituem as chamadas importaes invisveis. Para manter a balana comercial favorvel ou menos equilibrada, os pases submetem as importaes a diversas formas de controle.

    As funes de Exportaes e Importaes pertencem nica e exclusivamente a Economias Abertas, as demais funes so passivas ocorrer nos dois tipos de economias.

    3.1 Sistemas de Trocas

    Alm da produo e do consumo, existe outra atividade que comum em qualquer sistema econmico e que tem grande importncia: as trocas. A forma de adoo das trocas diferente em cada sistema.

    Cada sujeito geralmente possui habilidades e recursos diferentes dos demais e deseja consumir bens diversificados. Por isso, a tendncia natural colocar-se em contato entre si para trocar aquilo que se possui abundncia pelo que no se tem e beneficiar-se mutuamente pelo intercmbio. O intercmbio faz possvel a especializao e a diviso de trabalho, e esta contribui para a eficincia, entendida como a obteno do maior volume de produo possvel com a menor quantidade de recursos.

    A diviso de trabalho em vrias fases permite: a) a especializao; b) maior capacidade de cada operrio; e c) a introduo de ferramentas e maquinarias especficas.

    Todos esses fatores favorecem o aumento da produo por pessoa.

    A especializao e a diviso do trabalho precisam de um sistema em que os indivduos possam vender os seus excelentes e adquirir o que necessitam. A forma primitiva de intercmbio a troca. Por meio dela, cada indivduo pode trocar um bem por outro.

    A troca significa uma transao em que dois indivduos permutam bens entre si, baseados no escambo. Eles se desfazem do produto que possuem em excesso e adquirem os produtos de que necessitam.

    A troca realizada dessa forma tem srios inconvenientes. Por um lado, levaria muito tempo, j que exige que cada indivduo encontre algum disposto a adquirir precisamente o que ele pretende trocar; ou seja, a troca requer uma coincidncia de necessidades. Outro inconveniente da troca deriva da indivisibilidade de alguns bens. Quando envolvem

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    Org. George Wilson Aiub 38 2009/01

    muitos participantes, as trocas tornam-se muito complexas e as limitaes bsicas das trocas fazem com que ela seja praticamente invivel.

    Trocas indiretas

    As mercadorias-moeda solucionaram os principais inconvenientes do escambo primitivo. Os mercados se ampliaram e o comrcio evoluiu com seu emprego. A diviso social do trabalho e a especializao foram estimuladas. Iniciava-se uma nova era, caracterizada pela crescente intensificao das trocas indiretas entre os agentes econmicos. As mercadorias-moeda possibilitavam as trocas indiretas.

    Fonte: Dallagnol (2008, p.34)

    3.1.2 Fluxo Real e Monetrio

    Para entender o funcionamento do sistema econmico, imagina-se uma economia de mercado que no tenha interferncia do governo e no tenha transaes com o exterior (econmica fechada). Os agentes econmicos so as famlias (unidades familiares) e as empresa (unidades produtoras). As famlias so proprietrias dos fatores de produo e os fornecedores s unidades de produo (empresas) no mercado dos fatores de produo. As empresas, pela combinao dos fatores de produo, produzem bens e servios e os fornecem s famlias no mercado de bens e servios.

    A esse fluxo de fatores de produo, bens e servios denominam fluxo real da economia.

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    Org. George Wilson Aiub 39 2009/01

    Fonte: Dallagnol (2008, p. 35)

    Como pode ser observadas na figura acima, famlia e empresa exercem um duplo papel. No mercado de bens e servios, as famlias demandam bens e servios, enquanto as empresa os oferecem; no mercado de fatores de produo, as famlias oferecem os servios dos fatores de produo (que so de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da economia s se torna possvel com a presena da moeda, que utilizada para remunerar os fatores de produo e para o pagamento dos bens e servios.

    Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetrio da economia.

    Fonte: Dallagnol (2008, p.36)

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    Org. George Wilson Aiub 40 2009/01

    Fonte: Dallagnol (2008,p.36)

    Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as foras da oferta e da demanda, determinando o preo. Assim, no mercado de bens e servios formam-se os preos dos bens e servios, enquanto no mercado de fatores de produo, so determinados os preos dos fatores de produo (salrios, juros, aluguis, lucros, royalties etc).

    O fluxo completo incorpora o setor pblico, adicionando-se os efeitos dos impostos e dos gastos pblicos ao fluxo anterior, bem como com o setor externo, que inclui todas as transaes com mercadorias, servios e movimento financeiro com o resto do mundo.

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    Org. George Wilson Aiub 41 2009/01

    A introduo do governo nesse modelo simplificado de fluxos reais e monetrios no modifica, quanto aos seus funcionamentos, as caractersticas e o funcionamento deste sistema. Embora exera tambm funes normativas e regulatrias, ao co-participar dos fluxos econmicos fundamentais, o governo um agente econmico como outro qualquer. Ele se apropria de uma parte da renda social e, com ela, proporciona sociedade o suprimento de bens e servios de uso coletivo que, de outra forma, no seriam disponibilizados. Para tanto, ele tambm emprega e remunera fatores de produo, interagindo assim com as unidades familiares. E adquire produtos, conectando-se com as empresas.

    Os fluxos bsicos entre as unidades familiares e as empresas so mantidos, mas com trs diferenas substanciais:

    - Reduo do poder aquisitivo e da capacidade privada de acumulao. Tanto as unidades familiares quanto as empresas sofrem reduo de seu poder aquisitivo ou em sua capacidade de acumulao. A reduo imposta pelo governo, atravs de cobrana de tributos diretos e indiretos proporcionais renda, progressivos ou regressivos.

    - Realocao de renda. Operando o sistema de previdncia social, o governo retira parte da renda da sociedade, tanto das unidades familiares quanto das empresas, realocando atravs do pagamento de transferncia (seguro desemprego e aposentadoria).

    - Reconfigurao da procura e da oferta de bens e servios. Como agente econmico, o governo, de um lado, adquiri bens e servios fornecidos pelas empresas e, de outro lado, fornece bens e servios sociedade, seja atravs da formao bruta de capital fixo (infraestrutura de interesses econmicos e sociais), seja pelo atendimento direto de necessidades atravs do suprimento de bens e servios pblicos.

    3.1.3. Curva de Possibilidades de Produo

    A curva de possibilidades de produo um recurso que os economistas utilizam para ilustrar o problema da escassez. Por ser um conhecimento abstrato, vamos fazer uma aproximao do que seria esta curva numa situao mais prxima da realidade: suponhamos que uma empresa tenha 10 mquinas e 40 trabalhadores e que tenha apenas dois produtos na sua linha de fabricao: parafuso tipo A e parafuso tipo B. adicionalmente, suponhamos que a empresa, por um determinado prazo de tempo, no possa mais comprar mquinas e nem contratar mais trabalhadores adicionais e que no haja nenhuma inovao tecnolgica no processo de fabricao do produto. (DALLAGNOL, 2008)

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    Org. George Wilson Aiub 42 2009/01

    Assim, os pressupostos so: a) os recursos produtivos so fixos ou constantes; b) o conhecimento tecnolgico constante; c) somente dois produtos so passveis de fabricao.

    O Diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsvel pelo Departamento de Produo um levantamento de quais so as possibilidades de produo da empresa utilizando-se plenamente e da forma mais eficiente possvel todos os fatores de produo da empresa (ou seja, os 40 trabalhadores e as 10 mquinas da empresa). O engenheiro, obedecendo tais ordens, faz o seguinte levantamento de produo:

    O grfico a seguir poderia ser montado para ilustrar as possibilidades de produo contidas no mapa levantado pelo engenheiro, colocando-se no eixo das abscissas a produo de A e no das ordenadas, a de B.

    Curva de Possibilidade de Produo

    Fonte: Dallagnol (2008, p. 41)

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    Org. George Wilson Aiub 43 2009/01

    Algumas constataes podem ser tiradas da anlise do grfico da empresa:

    1. A produo de parafusos B mais difcil de ser feita do que a do parafuso A;

    2. Os pontos da curva de possibilidade de produo expressam a quantidade mxima possvel da produo de um dos bens, dada a produo do outro. Por exemplo, se a empresa desejar produzir 11 unidades do bem A, ela poder fabricar no mximo, utilizando todos os fatores de produo da forma mais eficiente possvel, 3 unidades do bem B;

    3. Um ponto dentro da curva significa uma produo abaixo ou aqum das possibilidades da empresa;

    4. Um ponto fora da curva significa uma produo acima ou alm das possibilidades de produo;

    5. O fato mais importante a ser constatado de que aumentos na produo de um bem, se a empresa estiver trabalhando em pontos situados na curva de possibilidades de produo, s podero ser efetuados custa de decrscimos na produo do outro.

    A eficincia mxima e o pleno emprego so alcanados, portanto, quando se mobilizam todas as possibilidades de produo da economia; e a escolha das melhores alternativas depende das opes sociais ou polticas feitas pela prpria sociedade ou pelos seus governantes. Sejam quais forem essas opes, haver sempre um limite mximo para o seu atendimento, devido limitao dos recursos, dado que jamais ser possvel produzir quantidades infinitas de todos os bens e servios desejados. (DALLAGNOL, 2008)

    Como regra geral, o aumento da produo de dada classe de bens implica, necessariamente, a reduo da produo de uma outra classe, a no ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados.

    Por isso no tem como aumentar a produo de um bem sem sacrificar a do outro, pois qualquer combinao envolver custo de oportunidade, ou seja, a transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implica em um custo de oportunidade que igual ao sacrifcio de deixar de produzir parte do bem A para produzir mais do bem B.

    Concluindo, Dallagnol (2008) afirma que a escassez de recursos faz com que haja um custo de oportunidade, quando se opta por certo bem. O deslocamento da curva de possibilidade de produo para a direita indica que o Pas est crescendo. Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em funo do aumento da quantidade fsica de fatores de

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    Org. George Wilson Aiub 44 2009/01

    produo como em funo de melhor aproveitamento dos recursos j existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnolgico, maior eficincia produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificao da mo-de-obra. Desse modo, a expanso dos recursos de produo e os avanos tecnolgicos, que caracterizam o crescimento econmico, mudam a curva de possibilidade de produo para cima e para direita, permitindo que a economia obtenha maiores quantidades de ambos os bens.

    No deslocamento negativo, h um deslocamento da curva de possibilidade de produo para a esquerda, devido a fatores que influenciam, tais como; pestes, epidemias e guerras que devastam a populao, desarranjos institucionais e depresses econmicas que sucateiam os bens, reduo dos investimentos de formao de capital fixo, o que implica em reduo da capacidade produtiva e a prtica de exploraes extensivas que resultam em devastao de recursos naturais.

    Fatores que causam o crescimento econmico:

    - Aumento do investimento, sendo que mais bens de investimento tornam os trabalhadores mais produtivos, para investir mais, as pessoas tm que reduzir seu consumo corrente e poupar mais, de modo que sua poupana esteja disponvel para o investimento;

    - Inovaes surgem quando algum descobre uma maneira de produzir mais ou melhor a partir da mesma quantidade de insumos. As inovaes em tecnologia, gerenciamento e em tcnicas de mercadologia podem contribuir para o crescimento econmico;

    - Maior diviso do trabalho, ao longo dos ltimos dois sculos, permitiu que os trabalhadores se tornassem mais produtivos em suas reas de especializao. A maior diviso do trabalho tambm quer dizer que os trabalhadores no esto produzindo para si mesmos, mas para outras pessoas. Assim, a especializao e o comrcio caminham juntos;

    - Aumento nos insumos, por exemplo, mais trabalhadores, mais mquinas