Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

67
Colégio Anglo Brasileiro Apostila de estudo das principais discussões no mundo Aluna: Manuela Sampaio

Transcript of Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Page 1: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Colégio Anglo Brasileiro

Apostila de estudo das principais discussões no mundo

Aluna: Manuela Sampaio

Salvador, Bahia

Page 2: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O Desenvolvimento Sustentável

O Desenvolvimento Sustentável é comumente definido como aquele capaz de suprir as necessidades do presente, sem que seja comprometida a capacidade das futuras gerações de satisfação das suas necessidades. No entanto, para compreender o sentido desta expressão, tão falada atualmente no cenário político, econômico e social mundial, é preciso realizar uma investigação mais detalhada sobre o contexto do seu surgimento e as transformações que alteraram o seu conceito ao longo do tempo. UM BREVE HISTÓRICO A partir da consolidação da Revolução Industrial, as bases ideológicas e filosóficas desenvolvidas influenciaram a formação de uma postura econômica baseada no progresso, que passa a ser o norte do desenvolvimento das nações, sobretudo das capitalistas que se estruturavam àquela época. Isso implicava no estímulo ao consumo aliado à implantação de mais e mais fábricas, estruturadas no sentido de garantir o melhor aproveitamento das matérias-primas e um maior crescimento econômico como conseqüência. Os sérios danos ambientais trazidos por esta postura, como a extinção de espécies, as chuvas ácidas, o aquecimento global, etc., acarretaram o florescimento de uma consciência ambiental associada à defesa de uma atitude alternativa e pacifista que se opunha à noção de desenvolvimento a qualquer custo, trazendo as primeiras noções de sustentabilidade. No entanto, é preciso visualizar que as raízes desta discussão, além de estarem relacionadas às necessidades sociais de combate à miséria e de preservação do meio ambiente, também se relacionavam com a própria necessidade de adaptação dos mercados cuja produção dependia da matéria-prima. Aos poucos, a nova noção de desenvolvimento sustentável foi sendo incorporada às discussões realizadas nas conferências internacionais sobre o meio ambiente até ser tomada como parâmetro de conduta dentre as metas aprovadas por mais de 160 países presentes na Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. No ano de 2002, na Rio +10, Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em Johanesburgo, África do Sul, de maneira mais sistemática, foi discutido o que seria o tripé de apoio de uma empresa sustentável, que difere da simples noção de responsabilidade social, tomada apenas como um passo na direção da sustentabilidade. O TRIPÉ DE SUSTENTABILIDADE O parâmetro antigo de desenvolvimento sustentável, que se relacionava com o patrimônio e com o lucro de uma empresa, país ou estado, transforma-se na noção de um tripé de sustentabilidade que, além do aspecto econômico, preza a análise dos impactos ambientais e sociais do desenvolvimento. Este tripé constitui-se basicamente em três aspectos: Pessoas, Planeta e Lucro, reconhecidos pela sigla PPL ou, no inglês, PPP (People, Planet and Proift). Tratando-se de Pessoas, a análise se dá tanto sobre o capital humano da empresa (condições de trabalho oferecidas aos empregados, seu bem estar e saúde, adequação à legislação vigente, etc.), quanto sobre a interferência nas comunidades ao redor, que se traduzem pelo papel social da empresa. No tocante à perna Planeta do tripé, avalia-se o capital natural da empresa, que deve medir as conseqüências de sua modificação a curto, médio e longo prazo. Isto envolve além do uso consciente dos recursos naturais e a utilização de meios para a sua reposição, a adequação aos tratados ambientais como o Protocolo de Kyoto. A perna do Lucro faz referência à sustentação e crescimento econômico da empresa. Estes três pilares de sustentação apenas podem ser tomados em sua plena funcionalidade, se analisados de maneira integrada e harmônica. No entanto, estudiosos do assunto ainda destacam a importância de se avaliar o componente político das ações desta empresa ou sociedade, relacionado com uma postura efetivamente coerente com a noção de desenvolvimento esperada, e o componente cultural, que são os valores, limitações e vantagens da sociedade em que está inserida a entidade em questão.

2

Page 3: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A medição da sustentabilidade do desenvolvimento de determinado país ou sociedade, é realizada a partir da leitura de diversos índices. Dados como O PIB (Produto Interno Bruto), que aponta para a receita total de uma região, não são suficientes para demonstrar o nível de desenvolvimento sob o prisma do novo conceito. Sua análise deve ser associada à de outros índices, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para que possam ser oferecidas conclusões além do aspecto monetário. Um exemplo de índice criado para realizar esta medição é o chamado GPI, sigla americana para a expressão Indicador de Progresso Genuíno, que se aproxima do conceito contemporâneo de sustentabilidade, analisando aspectos mais detalhados como a distribuição da renda entre as camadas sociais, as perdas de recursos naturais, o nível educacional do país, a adequação das empresas às legislações ambientais e sociais vigentes, etc.. PRINCIPAIS CRÍTICAS Um guinada tão significativa no paradigma de desenvolvimento leva tempo para se amoldar às reais necessidades do nosso planeta e para ser incorporada na conduta de países com interesses tão distintos no cenário mundial. A crítica se encarrega de apontar as “falhas” e utopias envolvidas pela questão. Uma das principais críticas em torno do ideal de desenvolvimento sustentável se dá em torno da sua própria viabilidade, posto que, para muitos, não haveria sentido em se falar na sustentabilidade de sistemas isolados, já que os resultados dependeriam da integração de todos os sistemas que compõem o planeta. Sustenta-se que o ranço do conceito de desenvolvimento associado ao progresso, deixado principalmente nas culturas de modelo capitalista, impõe a análise da necessidade de mudança no próprio estilo de vida que levamos para que se possa alcançar as virtudes da sustentabilidade. Para outros, a noção de distribuição igualitária de renda seria barrada pelo próprio pilar do lucro que integra o tripé da sustentabilidade. Outras críticas são direcionadas para as brechas deixadas pelos próprios mecanismos de incentivo ao controle das ações anti-ambientais, como é o caso dos Créditos de Carbono, que acabariam por legitimar a degradação ambiental a partir da concessão do direito de poluir. O fato é que a questão é polêmica e, mesmo que diversas medidas representem progressos no caminho da sustentabilidade, muitos obstáculos irão persistir enquanto os interesses individualistas de determinadas nações se sobrepuserem à consciência holística do funcionamento global.

3

Page 4: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Combustíveis Fósseis

Combustíveis fósseis são fontes de energia criadas a partir da fossilização de animais e plantas. Este processo natural dura milhares de anos e é de grande importância para a organização energética do nosso planeta. Os combustíveis fósseis são compostos de carbono importantíssimos para o ciclo carbonífero, pois correspondem ao último modelo de armazenamento deste elemento na natureza. A ORIGEM Os combustíveis fósseis mais utilizados são: carvão mineral, petróleo e gás natural. O material orgânico decomposto por fungos e bactérias é levado pela chuva, rios e mares para as camadas profundas da crosta terrestre. Em grandes profundidades, este material organiza-se química e fisicamente na forma dos combustíveis que conhecemos: estruturas que possuem como base química o carbono. A fossilização faz parte do ciclo geológico do carbono (ou ciclo longo), responsável por estabelecer o equilíbrio energético em nosso planeta, estocando este elemento em camadas profundas da Terra, de modo que ele não atue diretamente no efeito estufa. Os combustíveis fósseis resultam da última etapa do ciclo geológico do carbono e são responsáveis por impedir que uma quantidade excessiva desse elemento permaneça na atmosfera. A UTILIDADE Os combustíveis fósseis são utilizados como fonte de energia na indústria e no transporte. Primeiramente, o combustível mais usado foi o carvão mineral, que servia como fonte de energia nas antigas fábricas, usinas termoelétricas, ferrovias e navios a vapor. Depois vieram os derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel, indispensáveis à indústria moderna e à expansão do transporte rodoviário. O gás natural é o combustível fóssil cujo uso é mais recente e representa, comparado às outras opções, a alternativa mais eficiente na relação consumo x poluição. Contudo, a utilização em larga escala dos combustíveis fósseis é uma ameaça ao equilíbrio ecológico. A importância desta matriz energética para a manutenção produtiva da sociedade moderna é inegável, já que é a mais utilizada do planeta, tanto nas indústrias como no setor de transportes. Porém, estudos recentes mostram que o dano causado pelos resíduos da combustão destes materiais (CO 2) é maior que o benefício propiciado por eles. Os combustíveis fósseis são fontes de energia não-renováveis, pois o processo de fossilização demora milhares de anos. Por estes motivos, há uma grande mobilização para substituir esta matriz energética por outras que causem menos impacto ao meio ambiente. COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E O MEIO AMBIENTE Os combustíveis fósseis são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Isto se deve à desestruturação do ciclo do carbono. O carbono contido nos combustíveis fósseis só deveria retornar à superfície através de atividades sísmicas (terremotos, erupções) ocorrentes em longos intervalos temporais, mantendo a concentração do CO2 em um nível regular na atmosfera. A partir do momento em que o homem retira o combustível do local onde ele estava armazenado e utiliza-o para a produção de energia, o CO2 originado da combustão destes materiais volta a agir diretamente na atmosfera e a absorção do calor solar aumenta, intensificando o efeito estufa. Um processo que levaria milhares de anos para ocorrer é drasticamente encurtado, acarretando uma série de problemas. A consequência mais grave é o aumento da temperatura no planeta - o que pode gerar uma série de disfunções geofísicas como maremotos, tempestades, derretimento da calota polar, aumento do nível dos mares, etc.

4

Page 5: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas correspondem a variações que ocorrem em escala global no clima da Terra. É fato que muitas alterações já ocorreram em outros tempos no clima do nosso planeta, como nos períodos glaciais, nos quais as geleiras recobriram quase toda superfície terrestre. Houve, de igual maneira, épocas de grandes secas em diversas regiões. Para a análise sistemática das variações climáticas, costumam-se fazer comparações entre fatores meteorológicos em diferentes períodos da história. Assim, analisam-se, por exemplo, as médias históricas de temperatura, ventos, umidade relativa do ar, nebulosidade, índices pluviométricos e com base nos valores obtidos podem-se mensurar as variações. CAUSAS DAS MUDANÇAS Como o clima está relacionado a diversos elementos, muitas são as razões que podem provocar mudanças em sua dinâmica. Entretanto, podemos dizer que as principais alterações são causadas tanto por fenômenos naturais, quanto pela atividade humana. Como exemplos desses fenômenos naturais, podemos citar o nível de radiação solar (que sofre variações em intervalos de bilhões de anos), o movimento das placas tectônicas (que provoca interferência na atmosfera ) ou ainda o El Niño. Este último consiste no aumento da temperatura de grande quantidade de água do Oceano Pacífico Sul. Como resultado, dão-se mudanças no regime dos ventos, fazendo com que ocorram secas em determinadas regiões e inundações em outras. A INTERFERÊNCIA HUMANA Atualmente, o nosso planeta atravessa um novo ciclo no que diz respeito à temperatura média da superfície. Trata-se do Aquecimento Global; um fenômeno cujas causas são, em grande parte, atribuídas à atividade humana. No ano de 2007, a fim de informar e discutir as implicações desse ciclo, oPainel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um relatório a respeito do que vem acontecendo com o clima da terra, ratificando ser a ação humana a principal responsável pelo aquecimento global. Basicamente, o Aquecimento Global consiste na intensificação de um fenômeno natural – o efeito estufa. A emissão de gases poluentes à atmosfera pela queima de combustíveis fósseis e pelas queimadas tem propiciado um desequilíbrio nas relações entre a energia solar e a atmosfera. Em decorrência de gases como o CO2, o N2O e o metano (CH4) terem a capacidade de reter calor na superfície terrestre, a alta concentração desses gases na atmosfera faz com que a temperatura aumente de maneira desproporcional. Como consequência do aquecimento, estima-se que, nas próximas décadas, o regime de chuvas será afetado, teremos furacões mais fortes, possivelmente trombas-d’água, intensas ondas de calor, extinção de espécies, o derretimento das geleiras, sem contar os danos que serão causados à agricultura e, consequentemente, à produção de alimentos. POSSÍVEIS SOLUÇÕES Para tratar do Aquecimento Global e reverter os seus efeitos, muitas conferências reunindo os líderes mundiais vem acontecendo. É o caso do Protocolo de Kyoto, acordo internacional desenvolvido em 1997. Hoje integram o protocolo 175 países. Dentre as principais medidas presentes no acordo, encontram-se a redução nas emissões de gás carbônico à atmosfera, sobretudo por parte dos países desenvolvidos; a diminuição das queimadas e do desmatamento, além da utilização de fontes de energia renováveis e menos poluentes, em detrimento dos combustíveis fósseis.

5

Page 6: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Aquecimento Global

O nosso planeta tem enfrentado profundas mudanças climáticas no que diz respeito ao aumento da temperatura média terrestre. Esse ciclo, chamado deAquecimento Global, é motivo de alerta à sociedade e vem sendo causado, principalmente, pela alta emissão de gases poluentes à atmosfera. No ano de 2007, a fim de informar e discutir as implicações desse ciclo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um relatório a respeito do que vem acontecendo com o clima da terra, ratificando ser a ação humana a principal responsável pelo aquecimento global. O IPCC E O RELATÓRIO 2007 Instituído em 1988 e contando com a presença de milhares de especialistas em clima, o IPCC fornece regularmente informações sobre as variações climáticas do planeta. Em 2007, o relatório do IPCC chamou atenção para um fato: a certeza de que a temperatura terrestre está aumentando. Ainda segundo o relatório, a temperatura aumentou, nos últimos 100 anos, de 13,78 graus Celsius para 14,5 graus. Estima-se que, ainda que os níveis de emissão de gás carbônico permanecessem os mesmos do ano 2000 (algo extremamente difícil), a temperatura aumentaria 0,1 graus Celsius por década. Aparentemente, parece ser uma variação termométrica pequena, porém, quando se tem em vista a fragilidade do equilíbrio dos processos naturais, essa pequena oscilação já é capaz de causar sérios problemas. PREVISÕES ALARMANTES Segundo estimativas, nas próximas décadas a temperatura média irá passar dos 15 graus Celsius. Se assim for, as consequências serão realmente catastróficas: as chuvas serão afetadas de forma significativa, teremos furacões mais fortes, possivelmente trombas-d’água, intensas ondas de calor, o derretimento das geleiras, sem contar os danos que serão causados à agricultura e, consequentemente, à produção de alimentos. Transpondo as estimativas para 2100, o quadro se tornará ainda mais caótico. Submetido à temperatura média de 16,5 graus Celsius (na pior das hipóteses 19 graus), o planeta provavelmente perderá muito da sua biodiversidade. Além disso, parte da capa de gelo do Ártico derreterá, a Floresta Amazônica virará cerrado e o nível dos oceanos subirá de 18 a 59 centímetros, podendo, com isso, deixar submersas ilhas, cidades costeiras e manguezais. O EFEITO ESTUFA – CAUSAS DO AQUECIMENTO Quando a radiação solar chega à Terra, a maior parte dela é absorvida pela superfície (ar, terras e águas) e, em seguida, emitida na forma de ondas infravermelhas (calor). Na atmosfera, alguns gases como metano (CH4), óxido nitroso (N2O), vapor d’ água e principalmente gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2) são capazes de absorver e concentrar a maioria desse calor na Terra, tornando-a mais quente. Assim, quanto maior a quantidade desses gases na atmosfera, maior será o calor retido e, por conseguinte, maior o aquecimento do planeta. Esse fenômeno é chamado de Efeito estufa, pois se assemelha ao que ocorre numa estufa de plantas, onde a temperatura interna é maior que a externa. Sem o efeito estufa, a temperatura média da terra estaria em torno de 18 graus negativos, quase toda água congelaria e provavelmente não haveria vida na terra. O problema central é que a queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural), corroborada após o desenvolvimento da industrialização, as queimadas, a decomposição de matéria orgânica presente no lixo, dentre outros fatores, alteraram profundamente esse fenômeno, causando um aquecimento fora do comum. O OUTRO LADO

6

Page 7: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Sem dúvida alguma, quaisquer previsões sobre características relacionadas ao clima não trazem consigo certezas absolutas, visto que a dinâmica climática é complexa e resultante da interligação de muitos fatores. Por razões como estas, alguns cientistas, climatólogos e estudiosos acreditam haver muito sensacionalismo nos meios de comunicação quando se aborda esse assunto, causando uma espécie de “terrorismo” na sociedade. Muitos deles se apóiam à ideia de que ocorreram muitas variações naturais na temperatura do planeta durante os últimos 150 anos. Certamente, não se pode descartar a hipótese de que esse seja mais um ciclo natural do planeta. De qualquer maneira, a influência humana contribui negativamente para que as proporções dessa fase se acentuem, seja com a poluição do meio ambiente, seja com a extração exacerbada dos recursos naturais. O QUE FAZER PARA REVERTER A SITUAÇÃO? A terceira parte do relatório do IPCC, divulgada em Bangcoc, na Tailândia, salienta alternativas necessárias para solucionar, dentro do possível, os impactos do aquecimento global. Para isso, faz-se imprescindível uma verdadeira revolução no estilo de vida mundial. Precisaremos diminuir a utilização dos combustíveis fósseis, desenvolvendo meios econômicos e tecnológicos viáveis no desenvolvimento de energias renováveis. Além disso, é essencial reestruturar a organização da agricultura, reorganizar o transporte e a coleta do lixo e, acima de tudo, reduzir substancialmente a liberação de gases poluentes. O PROTOCOLO DE KYOTO Pensando em estabelecer metas para tratar do aquecimento global, conferências diplomáticas mundiais são realizadas desde 1988. Em 1997, em Kyoto, no Japão, depois de muitas reuniões, países do mundo todo firmaram os primeiros acordos (Protocolo de Kyoto) quanto aos prazos e medidas para enfrentar o problema. As principais medidas são a redução das emissões de gás carbônico (principal causador das alterações no efeito estufa) por parte dos países desenvolvidos, entre 2008 e 2012, para 5% abaixo dos níveis emitidos em 1990 e o controle das emissões por parte dos países em desenvolvimento. Também constam no Protocolo a diminuição das queimadas e os investimentos em alternativas renováveis para a produção de energia. Embora estas metas tenham sido estabelecidas, o acordo só entrou em vigor a partir de 2005. Para que o protocolo vigorasse, era necessário que os países que lhe aderiram fossem responsáveis pela emissão de 55% dos gases liberados à atmosfera. Como os Estados Unidos, responsáveis por 35% das emissões, não ratificaram o acordo, ele só foi possível após a adesão da Rússia (somente em 2005). Hoje, o Protocolo de Kyoto é integrado por 175 países. O desafio de ordem mundial é conciliar o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente - o que põe em voga o Desenvolvimento Sustentável.

7

Page 8: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O Petróleo nas Matrizes Energéticas

Atualmente, a questão energética tem ganhado grande destaque no cenário geopolítico mundial, gerando discussões quanto às possíveis medidas para o tratamento de dois problemas preocupantes: a possível escassez do petróleo e a poluição ambiental causada por este e pelos outros combustíveis fósseis.De um lado, aponta-se o aquecimento global, fenômeno climático acentuado com a queima dos combustíveis fósseis e que pode acarretar consequências catastróficas à vida; do outro, a busca cada vez mais urgente por fontes alternativas ao petróleo, cujas reservas, num futuro próximo, segundo estimativas, serão incapazes de suprir a crescente demanda mundial. Deve-se ressaltar que o petróleo fundamentou o desenvolvimento tecnológico e econômico do século XX. Até os dias atuais, este combustível detém a maior parcela da matriz energética mundial. Representa 95% da energia utilizada no setor de transporte, tendo também um importante papel na produção de eletricidade. Outras vantagens que contribuíram para tal dependência são o seu baixo custo e a sua alta produtividade quando comparado ao carvão e ao gás natural. OS NÚMEROS DO CONSUMO O que tem sido levado em consideração, entretanto, é o fato de o consumo exacerbado do ouro negro vir crescendo de maneira assustadora. Especialistas apontam que 50% do petróleo existente na terra já tenha sido consumido. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), no ano de 2005, o mundo necessitava de 84 milhões de barris de petróleo diariamente. Estima-se que em 2030 este número subirá para 116 milhões de barris por dia. A elevação do consumo deste combustível pode ser justificada pelo intenso crescimento econômico de países como a Índia e principalmente a China. A cada ano na China, há um aumento de 3,4% do consumo do petróleo, o que equivale a quase o dobro da média mundial. O motivo principal é o desenvolvimento do mercado de automóveis chinês, que atingiu a marca de 4,1 milhões de carros vendidos em 2006. Os Estados Unidos não ficam atrás neste aspecto, sendo o país que mais consome petróleo no mundo, cerca de 20,5 milhões de barris por dia. A AMEAÇA DA ESCASSEZ Estudos apontam que a escassez do petróleo pode-se tornar realidade em algumas décadas, uma vez que a descoberta de novos reservatórios não acompanhou a necessidade do planeta. Em torno deste fato, tensões são criadas envolvendo os países que mais possuem esta riqueza, como também, aqueles que mais a consomem. Muitos conflitos já se deram em decorrência disso, como o ocorrido entre os Estados Unidos e o Iraque, em 2003. O Oriente Médio é a região mais abastada em petróleo, concentrando mais de 60% de todas as reservas do planeta. Países como Venezuela e Rússia também se destacam como grandes produtores de petróleo. Em 1973, quando produtores árabes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) interromperam a distribuição do ouro negro para nações aliadas a Israel, país com o qual eles travavam uma guerra, fez-se clara a ideia de que novas fontes precisavam ser desenvolvidas. Nesta época, a gasolina sofreu aumentos assustadores, gerando grande impacto na economia mundial. Desde lá, passaram a ser utilizados com maior representatividade nas matrizes energéticas o carvão e o gás natural, sendo construídas também usinas nucleares em diversos países. A busca por fontes renováveis de energia crescia e era impulsionada pelo seu caráter não-poluente. No Brasil, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), cuja origem se deu em 1975, fez com que o álcool da cana-de-açúcar fosse aos poucos substituindo a gasolina. Hoje, o Brasil, juntamente com os Estados Unidos, é o precursor na produção de biocombustíveis de vegetais como a cana-de-açúcar, a soja, o pinhão-manso, a mamona, o dendê, o girassol e a macaúba. Além de renováveis, eles são uma alternativa à gasolina, ao diesel e ao gás natural. Mais do que nunca, encontrar um meio de reverter a atual situação torna-se de extrema importância, tanto pelo fim da era do petróleo, quanto pela degradação ambiental, corroborada pelos combustíveis fósseis. Pode-se destacar ainda a possibilidade de haver outras guerras entre as nações em decorrência desta riqueza, cada vez mais valiosa

8

Page 9: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Os Índios Brasileiros

Composta pelos primeiros habitantes da América, a população indígena, a partir do processo de colonização do continente, sofreu um grande decréscimo. Estima-se que, na região que atualmente corresponde ao território brasileiro, à época da chegada dos europeus, existiam entre 2 e 5 milhões de índios que se distribuíam entre cerca de 1,4 mil povos que falavam 1. 300 línguas distintas. A colonização agressiva e dominadora, somada a outros males trazidos com o contato com diferentes costumes e enfermidades, causaram grande impacto social e demográfico sobre os nativos. Segundo dados da Funai (Fundação Nacional do Índio), a população indígena em 2007 somava 512 mil indivíduos, sendo identificadas apenas 180 línguas nativas. Existem 614 reservas reconhecidas pela Funai como indígenas, que são habitadas por 225 povos. OS DIREITOS CONSTITUCIONAIS INDÍGENAS A Constituição Federal do Brasil, em apreço à sua posição enquanto primeiros donos das terras brasileiras, reconhece aos índios os direitos originários sobre as àreas que ocupam tradicionalmente. São terras sob o domínio da União, que transfere aos índios o direito de usufruir dos recursos naturais nelas existentes. Conforme o texto constitucional, pertencem aos índios as terrashabitadas em caráter permanente, usadas para suas atividades produtivas e imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos e costumes. É assegurada a qualquer índio, comunidade ou organização indígena a legitimidade para reclamar seus direitos e interesses perante a justiça, com a intervenção do Ministério Público nos atos processuais realizados. O direito à educação é também garantido pela legislação brasileira, sendo conferida aos povos a escolha dos seus próprios caminhos de desenvolvimento, como a utilização das línguas maternas no ensino fundamental e aplicação de meios próprios de aprendizagem, para que sejam respeitados os seus costumes e modos de vida. COMO VIVEM OS ÍNDIOS? Estudos apontam para um significativo crescimento populacional indígena. Segundo dados da Funai, a população que em 2000 era de 328 mil indivíduos cresceu para 512 mil em 2007. No entanto, isso não significa boas condições de vida para esta parcela da população nacional. Inúmeros são os problemas enfrentados pela grande maioria da população indígena espalhada pelas diversas áreas do país, cujas condições de vida são inferiores às dos negros e brancos. Em diversas áreas do país, a proximidade das aldeias com as periferias urbanas, associada ao crescimento populacional indígena e às limitadas dimensões das reservas, força a migração de índios para as cidades em busca de empregos no agronegócio. Isso acaba por deixá-los expostos a condições de vida ainda piores. As terras ocupadas – Diversas discussões se travam em torno da demarcação das terras indígenas. Hoje, cerca de 13 % do território nacional é reservado aos índios, o que para muitos seria um exagero. No entanto, defende-se a necessidade de utilização de extensas áreas para que possam ser preservados costumes como o nomadismo e as atividades extrativistas praticados por diversos povos. A saúde – Ainda é enorme a incidência de doenças na população indígena. Isso ocorre mesmo em caso de doenças já superadas pelo país. Enfermidades como Hepatite B e C e Malária assolam uma considerável parte da população. Além disso, os índices de mortalidade infantil são gritantes: de cada mil crianças índias nascidas, 51 morrem antes do primeiro ano de vida, sendo que a taxa nacional é de 26,6 para cada mil nascidos.

9

Page 10: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A educação – Os estudos apontam para um crescimento na taxa de alfabetização dos índios, sendo que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1991, menos de 50% da população indígena era alfabetizada; no ano 2000, este índice chegou a alcançar os 73,9%. O número de anos de estudo para os indígenas de 10 anos ou mais de idade passou de 2 anos em 1991 para 3,9 anos em 2000. Para a média da população em geral, este indicador era de 5,9 anos em 2000. Atualmente, há cerca de 3 mil professores índios que lecionam nas 2.300 escolas indígenas do país. Estima-se ainda que cerca de 1.300 jovens índios cursem o nível superior. Diversas universidades reservam atualmente cotas para o ingresso de estudantes índios em seus cursos superiores. Zonas de tensão – Em geral, relacionam-se às áreas disputadas pelos interessados no desenvolvimento da agropecuária, de atividades extrativistas, como a mineração e a extração de madeira nas áreas das reservas. Conflitos também ocorrem com o avanço de pescadores e madeireiros sobre as regiões indígenas do Parque Indígena do Xingu. Sérios embates ainda foram travados diante da análise dos impactos da construção de Usina Hidrelétrica na região do Rio Xingu, que interferiria no modo de vida dos índios que habitam a região. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE INDÍGENA Em muitas regiões do país, os índios são vistos de maneira preconceituosa. Isso ocorre sobretudo em áreas em que as populações rurais disputam com eles oportunidades de sobrevivência. Muitas vezes, a própria política local, viciada por interesses de elites municipais em explorar recursos ambientais, acaba por incentivar o tratamento discriminatório e as invasões territoriais. Por outro lado, a população que vive mais afastada tende a manter uma imagem idealizada do índio. Por fim, o que se nota é uma visão frequentemente distorcida da realidade e dos valores indígenas. Vale ressaltar que o processo de transformação dos usos e costumes faz parte da dinâmica de qualquer sociedade; diferente não seria nas indígenas. A difusão da língua portuguesa e da utilização de roupas e utensílios advindos do intercâmbio cultural com os demais segmentos da sociedade não apagam a identidade étnica dos povos indígenas e não afasta a necessidade de que sejam compreendidos dentro da sua diversidade. A VOZ DO ÍNDIO Cada vez mais, os índios participam das discussões governamentais voltadas à implementação de políticas direcionadas às suas comunidades. Em 2007 foi oficializada a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), que possui 33 cadeiras das quais 20 são reservadas para representantes dos índios. Trata-se de um órgão consultivo vinculado ao Ministério da Justiça, criado no sentido de garantir a defesa dos direitos dos índios e para auxiliar na criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, até então pendente, que substituirá a comissão, destinado à atuação permanente neste sentido e com atuação deliberativa, e não apenas consultiva. O caminho para a resolução das questões aqui suscitadas perpassa pelo respeito e pela compreensão das diversidades étnicas e culturais existentes entre os povos. Particularmente na questão indígena, o grande desafio é ter uma sociedade que perceba os índios como cidadãos, sujeitos de direitos e deveres tanto quanto qualquer outro brasileiro e plenamente capazes de intervir nas decisões do país.

10

Page 11: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Energia Nuclear

Tendo em vista a provável escassez do petróleo e a poluição causada pela queima de combustíveis fósseis, a busca por fontes de energia limpas, renováveis e vantajosas economicamente, ganha destaque no cenário mundial. Neste aspecto, a energia nuclear aparece como uma alternativa viável, embora haja discussões e controvérsias em torno da sua utilização. Recentemente a energia nuclear tem sido alvo de debates e conflitos na comunidade internacional. Alguns programas nucleares, como os do Irã e Paquistão, tem sido alvo de especulações quanto às suas finalidades. Alguns países, liderados pelos EUA, acreditam que estes programas nucleares não são voltados para a constituição de uma matriz energética, mas sim para a fabricação de armas nucelares a serviço de organizações terroristas. Como funciona a Energia Nuclear Com descoberta da energia nuclear, um dos primeiros desafios da ciência foi obter meios de utilizá-la. Hoje, pode-se aproveitá-la com base nos processos de fissão e fusão nuclear. O primeiro método diz respeito à divisão do núcleo atômico de um determinado elemento químico em dois ou mais núcleos menores; o segundo, à união de no mínimo dois núcleos atômicos, a fim de gerar um único núcleo. Estas reações baseiam-se no princípio de equivalência de energia e massa, descoberto por Albert Einstein, onde ocorre a transformação de massa em energia durante as reações nucleares. A aplicação principal desta energia é baseada na fissão do urânio. Na maioria das usinas nucleares, a energia obtida com o calor originado com o rompimento dos núcleos produz energia elétrica. Um fator positivo desse processo é que ele dispensa o uso de combustíveis fósseis, não poluindo, portanto, a atmosfera. O número de usinas nucleares tem crescido bastante. No Japão, 30% da energia elétrica produzida vêm de usinas nucleares. Na França este número chega a 80%. No Brasil, há as usinas Angra I e Angra II, que juntas são responsáveis por suprir cerca de 3% do consumo de eletricidade no país. Até 2013 este percentual deve aumentar significativamente, com a finalização da construção e inícios das operações em Angra III, que terá a capacidade produtiva de aproximadamente 11 milhões de MWh por ano. Riscos da Energia Nuclear Ainda que os processos nucleares sejam eficazes na produção de energia, muitos são os riscos trazidos por eles. Ambientalistas alertam sobre os perigos trazidos pelo lixo nuclear gerado, extremamente tóxico ao meio ambiente e à saúde das pessoas em razão da radioatividade que emite. A radioatividade é perigosa aos seres humanos por desenvolver células cancerígenas. O risco de que ocorram novos acidentes também é preocupante, sobretudo em face do histórico relacionado às usinas nucleares, marcado por dois acidentes catastróficos: o deThree Mile Island (EUA) e o de Chernobil (Ucrânia), que causaram milhares de mortes e impactos ambientais profundos. É importe salientar ainda que o conhecimento das reações nucleares propiciou a implementação das bombas atômicas, responsáveis pela morte de milhares de japoneses das cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a segunda guerra mundial. Os testes atômicos realizados no Atol de Bikini tornaram a região em um grande deserto terrestre e marinho. As áreas atingidas pela radioatividade tornam-se inabitáveis por um longo período, até que naturalmente se restabeleçam as condições apropriadas para a vida.

11

Page 12: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

América Latina

A América Latina representa um dos maiores mercados consumidores do mundo e atrai o interesse das grandes potências mundiais. Em tempos de economia globalizada, as ligações entre posturas políticas e economia nunca estiveram tão intensas. O subdesenvolvimento de uma região tão rica em recursos naturais atrai principalmente os interesses de grandes multinacionais, que visualizam as possibilidades de exploração das matérias-primas, mão-de-obra barata e novos mercados consumidores. Uma das formas de interação entre as economias latinas é a criação de acordos e blocos regionais que estabeleçam as condições de comércio, como é o caso da Área de Livre Comércio das Américas – Alca. A criação da Alca permitiria a redução de barreiras alfandegárias no continente possibilitando uma maior circulação de produtos e serviços, mas as dificuldades de estabelecer um equilíbrio nas transações, em que os demais países também tivessem acesso ao mercado norte-americano acarretou o fracasso das negociações. Junto com as desavenças econômicas, fortes movimentos sociais de oposição ao acordo com os EUA também contribuíram para as dificuldades de implantação da Alca. UM POUCO DA HISTÓRIA Freqüentemente a América Latina é confundida com a América do Sul. A América Latina é formada pelos países americanos que possuem línguas oficiais derivadas do latim, como o espanhol, o português e o francês. Vinte países fazem parte da América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Portanto, a América Latina é composta por países da América do Sul, América Central e América do Norte. Além do idioma, os países latinos possuem outra característica em comum: o modelo de colonização. Ao contrário da América Anglo-saxônica, que teve uma colonização de ocupação e desenvolvimento, a América Latina foi colonizada de maneira exploratória, fundamentada principalmente em modelos extrativistas e escravistas. Este é um fator primordial para compreender o subdesenvolvimento destes países, que atualmente possuem uma indústria pouco desenvolvida e a base de sua economia no setor agrário. Este atraso no setor industrial fez com que os países latinos se tornassem dependentes das grandes economias mundiais e, principalmente, dos Estados Unidos. Pela proximidade das fronteiras, os Estados Unidos se tornaram no século XX os principais exportadores de produtos industrializados para a América Latina, exercendo grande influencia política, econômica e cultural. Entre as intervenções políticas dos EUA na América Latina, podemos citar o apoio às ditaduras militares nos países latinos, bem como o embargo político-econômico imposto a Cuba. Desde 1962, quando após a revolução socialista de Cuba terras de empresas norte-americanas foram desapropriadas para a reforma agrária, um rigoroso embargo econômico, que até hoje ainda vigora, foi decretado pelos EUA. OS ALIADOS DOS EUA Os EUA têm como principais aliados os presidentes do México, Felipe Calderón e da Colômbia, Álvaro Uribe, ambos de partidos conservadores. O maior aliado é o governo colombiano, que possui forte apoio popular, mas enfrenta atualmente uma das piores crises desde o seu início. Existem evidências de ligações entre políticos do governo e grupos paramilitares de extrema-direita. A situação de tensão entre a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e os paramilitares ligados ao governo já fez da Colômbia o país com maior número de refugiados internos depois do Iraque. O apoio americano se faz presente no combate aos grandes cartéis do narcotráfico colombiano, responsável por financiar as FARC e pela maior parte da cocaína que entra nos EUA.

12

Page 13: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O México, pela própria situação geográfica, mantém forte ligação com os EUA. Para muitos migrantes clandestinos que possuem o sonho de entrar nos EUA, o México é a porta de entrada. Por isso, o governo americano, em ações conjuntas com o governo mexicano, fiscaliza e controla a fronteira entre os países, diminuindo o número de trabalhadores mexicanos que migram para os EUA. Além disso, grandes multinacionais americanas instalam sua fábricas no México, onde a mão-de-obra e impostos são mais baratos. A OPOSIÇÃO VENEZUELANA A principal resistência à influência do governo americano vem da Venezuela, que se opõe à postura que atribui como imperialista por parte dos EUA. Liderada por Hugo Chávez, a Venezuela vive um regime de cunho social fechado, mas que não chega a ser classificado como uma ditadura. Assim como em Cuba, a presença do Estado nas atividades nacionais é muito forte, a imprensa é controlada e ideais socialistas são cultivados. O antigo presidente de Cuba, Fidel Castro, apoiava e era apoiado integralmente por Chávez. Por outro lado, na avaliação da Casa Branca americana, o venezuelano representa uma “força negativa” na América que atrai outros países para a sua política. Na Venezuela, o governo de Chávez possui grande apoio popular. A economia é marcada pelo forte controle do Estado sobre a exploração do petróleo, no entanto, grande parte das exportações do produto é feita para os EUA, que consome cerca de 40% da produção. A postura anti-americana de Chávez não é um caso à parte, diversos outros governos latino-americanos também partilham da oposição, como é o caso do presidente da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa e da Nicarágua, Daniel Ortega. O MERCOSUL O Mercosul (Mercado Comum do Sul), criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, é, assim como a Alca, uma área de comércio livre entre as nações que o integram (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai). Esta determinação não representa uma postura específica de oposição aos EUA, mas muitas vezes o bloco é apontado como um ponto de oposição ao governo americano. Além dos países membros, existem os parceiros do bloco econômico, que apesar de não participarem das tomadas de decisão, realizam transações econômicas com ele. As expectativas sobre os rumos da política entre as Américas foram aquecidas com a possibilidade de ingresso da Venezuela no Mercosul. Isso poderia trazer uma mudança de postura do bloco econômico com relação aos EUA, pois Chávez demonstra a intenção de fortalecer as relações de integração entre os membros com base no combate ao “neoliberalismo”, criando um organismo de oposição à política norte-americana. Dentre os países que integram o Mercosul, o Brasil é que possui o maior mercado consumidor e a economia mais forte. Também detém a maior parte das terras da Floresta Amazônica, a maior concentração de recursos vegetais, hídricos e minerais, o que aumenta o seu potencial produtivo. Tais razões, associadas a uma política internacional equilibrada e reconhecida pelas grandes nações mundiais, conferem uma posição de destaque ao Brasil, sobretudo no tocante às relações a serem travadas com países capitalistas.

13

Page 14: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Células-tronco

Informações sobre células-tronco têm aparecido com frequência nos diversos meios de comunicação. Isso se dá principalmente por dois motivos: a revolução que se anuncia com o uso destas células no combate a inúmeras doenças e os diferentes pontos de vista em torno desta nova tecnologia, que levanta questionamentos sobre a ética médica e o respeito à vida O que são células-tronco? As células-tronco, também chamadas de estaminais, são células primitivas capazes de gerar, durante o desenvolvimento de um ser vivo, tecidos e muitas outras células. Estas células estaminais podem estar na fase embrionária ou adulta e encontram-se em diversos locais do corpo (embrião, medula óssea, fígado, sangue...). As células embrionárias detêm alto poder de diferenciação celular, isto é, possuem a capacidade de originar todas as células do embrião, sendo, por isso, classificadas como pluripotentes. Já as células adultas têm um poder de diferenciação limitado, diferenciando-se em tecidos especializados e originando células específicas; por isso, são classificadas comomultipotentes. Aplicações das células-tronco Com base na diferenciação celular, as células-tronco trazem à tona a possibilidade de reconstituir tecidos danificados. Assim, a inserção dessas células nos tecidos prejudicados combateria inúmeras doenças, como: doenças do coração, doenças hepáticas, neurodegenerativas, o câncer, a osteoporose etc. Estudos vêm sendo realizados e os resultados são realmente promissores, embora ainda haja muito a se descobrir. Pesquisas que se destacam neste sentido estão voltadas sobretudo às áreas de Neurologia, Ortopedia e Cardiologia. Polêmica Os estudos relacionados a essas células especiais, apesar de bastante difundidos, encontram certa dificuldade quando se deparam com questões éticas e, inclusive, são proibidos em muitos países. A polêmica decorre principalmente do modo como as células-tronco são extraídas. A extração de células-tronco embrionárias, que, como já foi dito, são mais eficientes, implica, quase sempre, a morte do embrião; daí emergem discussões entre vários segmentos da sociedade: cientistas, biólogos, especialistas em ética, religiosos... Os argumentos de quem é contra o desenvolvimento das pesquisas estão ligados à conduta ética, que, neste ponto de vista, seria um desrespeito à vida a partir do momento em que embriões são sacrificados. O outro lado se defende afirmando que a maioria dos embriões inférteis ou incapazes de gerar vida pode ser fonte de células-tronco e que a morte de tais embriões se compensaria com a cura de doenças. No Brasil, é permitido o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e terapias com a condição de os embriões serem inviáveis ou congelados desde 2002, mediante a prévia autorização dos respectivos genitores.

14

Page 15: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Migrações Populacionais

As migrações populacionais ocorrem desde os tempos mais remotos da existência humana. Acredita-se, segundo evidências arqueológicas, que a humanidade tenha surgido na África há cerca de 100.000 anos.

Esses povos deram início às primeiras migrações dispersando-se por todos os continentes ao longo dos séculos. Nos dias atuais, as migrações fazem parte da dinâmica populacional, de modo que o crescimento demográfico de uma nação leva em conta o contingente de imigração (pessoas que migram para outros países) e no de emigração (pessoas que saem dos seus países).

CAUSAS DAS MIGRAÇÕES

São inúmeros os fatores que originam migrações. Entre estes, podem ser citados os políticos, como a formação de novos países e as guerras civis; os conflitos religiosos, como a perseguição de judeus no século XX; os naturais, como enchentes e terremotos e, sobretudo, os econômicos.

A estrutura econômica é um fator preponderante nos processos migratórios, visto que muitas pessoas migram a fim de obter condições de vida mais satisfatórias e oportunidades no mercado de trabalho. Nos países subdesenvolvidos, em geral, a estagnação econômica (razão estrutural) é a maior responsável pelas migrações. Por outro lado, crises políticas e econômicas, revoluções e perseguições são exemplos de razões conjunturais, que também podem acontecer nos países desenvolvidos.

TIPOS DE MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

As migrações podem ser classificadas em definitivas ou temporárias quanto ao tempo de duração. No primeiro caso, a parcela de migrantes se instala definitivamente no seu respectivo destino. No segundo, os migrantes podem se deslocar por questões de trabalho (diárias), por questões de lazer (turismo), por questões religiosas, como no caso das peregrinações (a exemplo das visitas a templos sagrados), ou por tempo indeterminado, quando pessoas ficam certo período no exterior e depois retornam ao seu país de origem. No Brasil, ocorre ainda outro tipo de migração temporária chamada de sazonal: a que estabelece relação com as estações do ano. Este é o caso dos bóias-frias, que, em épocas de colheita, locomovem-se para lugares onde há trabalho.

Quanto ao espaço de deslocamento, as migrações classificam-se em internas, quando realizadas dentro de um mesmo país, e externas, quando realizadas de um país para o outro. Vejamos algumas atividades migratórias:

MIGRAÇÃO INTERNA

Êxodo rural: Consiste no deslocamento de pessoas da área rural para a área urbana. Este importante exemplo de migração interna teve início nos países desenvolvidos no século XVIII. A Revolução Industrial, trazendo consigo um intenso crescimento urbano e tecnológico, fez com que o êxodo rural aumentasse muito, já que as cidades necessitavam de mão-de-obra. A mecanização da agricultura também contribuiu para o deslocamento de pessoas em decorrência da falta de trabalho no campo. Depois da Segunda Guerra Mundial, nos países subdesenvolvidos, o êxodo rural aumentou assustadoramente. No Brasil, por exemplo, em 1940, a população rural representava 69% de toda a população. Em 2000, este número caiu para 20%.

Transumância: Trata-se de um tipo migração interna periódica determinada por condições climáticas (sazonalidade). Um exemplo de transumância no Brasil é o caso dos nordestinos do Agreste que se deslocam, durante a estiagem, para a Zona da Mata para a colheita e moagem da cana-de-açúcar. No início do período úmido, eles voltam para as suas roças.

Nomadismo: Caracteriza-se pela constante mudança de povos ou tribos de um lugar para o outro, a fim

15

Page 16: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

de encontrar alimentos ou pastagens. Hoje em dia, este tipo de migração ocorre apenas com alguns povos, como os das estepes semi-áridas do Saara (Sahel) e alguns da Ásia central e do Oriente Médio.

MIGRAÇÃO EXTERNA

Nos séculos XVI e XVII, a colonização propiciou o surgimento de migrações externas, havendo as migrações espontâneas de povoamento, em decorrência do imperialismo colonial, e as forçadas, como a que ocorreu com os escravos africanos, comercializados para outros continentes. Durante o século XIX e na primeira metade do século XX, ocorreu um enorme movimento migratório. Em torno de 60 milhões de europeus se deslocaram por todo mundo, em especial, para a América e Oceania. Milhões de asiáticos migraram para a América e outros continentes. Assim, costuma-se dizer que neste tempo a Europa e a Ásia eram continentes emigratórios ou de repulsão populacional enquanto a América e a Oceania eram continentes imigratórios ou de atração.

Todavia, no período pós-Segunda Guerra Mundial, a Europa foi desenvolvendo condições favoráveis, o que a torna atualmente um pólo de atração populacional. Isso se deu principalmente em decorrência da recuperação do continente em relação às guerras, à fome, a epidemias, etc. Por outro lado, a estagnação e crises econômicas, em países subdesenvolvidos como o Brasil e a Argentina, fizeram com que eles se tornassem pólos de repulsão populacional.

CONSEQUÊNCIAS DAS MIGRAÇÕES

As migrações interferem diretamente na distribuição geográfica populacional do planeta, no processo de miscigenação e mistura de diferentes povos e culturas e no desenvolvimento econômico dos países.

Migrações internas como o êxodo rural acarretam fenômenos como a periferização e o inchaço do setor terciário da economia, que acolhe, em atividades informais, o excedente de mão-de-obra não comportado pelos outros setores. Os efeitos deste fenômeno podem ainda resvalar em conflitos ideológicos, políticos e étnico-raciais entre as populações, uma vez que, em geral, envolvem a competição por melhores oportunidades de vida.

16

Page 17: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Desmatamentos e Queimadas

Desmatamento ou desflorestamento é o processo de extinção de grandes áreas florestais, causado pela ação direta do homem. No Brasil, esta ação predatória está intimamente ligada ao desaparecimento da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica. Extremamente prejudicial ao equilíbrio do ambiente, o desmatamento é um dos principais responsáveis pelo agravamento do efeito estufa. O homem realiza o desmatamento, na maioria das vezes, com finalidades lucrativas. Geralmente, uma grande área é desflorestada para a extração e comercialização da madeira, para a utilização da área desmatada como pasto para pecuária ou para o emprego do solo na atividade agrícola.

Quando a área desmatada é utilizada para a criação de pasto ou atividade agrícola, outro fator danoso ao equilíbrio ecológico costuma ocorrer: a queimada. Para a preparação do solo, eliminação de pragas e vegetações indesejáveis, o agricultor ou pecuarista “limpa” o terreno através das queimadas, matando uma diversidade de animais, plantas, bactérias e fungos indispensáveis à estabilização do meio ambiente. As queimadas também provocam a infertilidade do solo, que só poderá ser utilizado para a agricultura por via de fertilização artificial. Nas margens dos rios, a retirada das árvores pode ocasionar deslizamentos de terra e, consequentemente, enchentes em comunidades ribeirinhas. DESMATAMENTOS E QUEIMADAS X EFEITO ESTUFA O efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre a milhares de anos em nosso mundo. Sem ele, seguramente a vida como conhecemos hoje não existiria. Basicamente, consiste numa relação de troca energética entre o espaço sideral e a Terra. Dentro da atmosfera terrestre, existem alguns gases que absorvem a radiação infravermelha do sol, mantendo esta radiação em nossa superfície em forma de calor e possibilitando o desenvolvimento da vida no planeta. Contudo, o aumento destes gases na atmosfera pode alterar drasticamente o clima, ocasionando um desequilíbrio ambiental nocivo a todas as formas de vida. Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e clorofluorcarboneto (CFC). Como já foi dito, desmatamentos e queimadas são fatores agravantes do efeito estufa. Estima-se que os desmatamentos sejam responsáveis por 35% das emissões anuais de dióxido de carbono na atmosfera. Através da fotossíntese, as plantas absorvem a energia solar e o CO2, produzindo glicose e expelindo oxigênio. Com os desflorestamentos, o número de plantas que absorve este CO2 diminui e a concentração deste gás na superfície amplifica o aquecimento global. As queimadas liberam direta e rapidamente uma grande quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, resultante da combustão da madeira, animais, fungos e bactérias, colaborando para o aumento do efeito estufa.

É necessário observar que todos estes fatores fazem parte de uma organização energética que, antes da interferência humana, mantinha a estruturação da matéria no nosso planeta em perfeita harmonia. O carbono é a quarta substância mais abundante no universo e está presente em todas as formas de vida conhecidas pelo homem. A forma como o carbono se apresenta no meio ambiente influencia tanto os elementos bióticos (seres vivos) como os elementos abióticos (ar, água, solo). Os estados físicos do carbono e suas transições formam o chamado Ciclo do Carbono: uma grande organização cíclica do carbono no meio ambiente. É o ciclo do carbono que possibilita a manutenção da vida na Terra.

Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa

17

Page 18: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Depois de inúmeras discussões diplomáticas entre os oito países que falam português, a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, assinada desde 1990, foi finalmente ratificada com a adesão de Portugal no ano de 2008. O seu intuito principal é a unificação da língua e as suas mudanças começaram a vigorar desde o dia 1º de janeiro de 2009. Vejamos as principais alterações. Alfabeto: foram acrescentados oficialmente ao idioma o k, o w e o y, de modo que o nosso alfabeto passa a ter 26 letras. Trema: deixa de existir nas palavras da língua portuguesa, como “conseqüência” e “seqüestro”, que serão grafadas, respectivamente, como “consequência” e “sequestro”. ACENTUAÇÃO Acento circunflexo: deixa de existir nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, ler, ver, dar e derivados. Assim, a grafia correta será creem, leem, veem e deem. Desaparece também nos hiatos “oo”, como na palavra “vôo”, que passará a ser grafada como “voo”. Acento diferencial: deixa de existir na distinção de palavras homógrafas, isto é, palavras com grafias e pronúncias semelhantes, porém com significados diferentes. Assim, “pára” (do verbo parar) será escrita igual a “para” (preposição).

OBS.: Permanece o acento diferencial na forma “pôde” (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo), verbo poder. Acento agudo: Não há mais nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras como “idéia” e “heróico”, que passarão a ser grafadas como “ideia” e “heroico”. OBS.: Permanece o acento agudo nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas, como anéis, herói e dói. HÍFEN Nos prefixos terminados em vogal, sendo a palavra posterior iniciada por r ous, não deve haver mais o uso do hífen. Em seu lugar, ocorre a duplicação dessas consoantes, como, por exemplo, “ante-sala” e “contra-regra” que se tornarão “antessala” e “contrarregra”. OBS.: O hífen continua caso o prefixo termine em r e a palavra posterior inicie por essa mesma letra. Desse modo, as palavras “inter-regional”, “inter-relação” ou “super-realista” permanecem com a mesma grafia. Também não se deve mais utilizar o hífen em vocábulos cujos prefixos terminem em vogal e cuja palavra seguinte seja iniciada por outra vogal. Assim, as palavras “auto-escola”, “auto-ajuda” e “neo-imperialista” serão grafadas, respectivamente, como “autoescola”, “autoajuda” e “neoimperialista”. OBS.: Essa nova regra não se aplica caso a palavra seguinte comece por h. Assim, permanecem com a mesma grafia os termos “anti-higiênico” e “extra-humano”, por exemplo. O hífen passa a ser utilizado em palavras formadas por um prefixo terminado em vogal mais outra palavra que seja iniciada pela mesma vogal. Assim, devem-se grafar as palavras “microorganismo”, “microondas” e “antiinflamatório” como “micro-organismo”, “micro-ondas” e “anti-inflamatório”. OBS.: Exceção feita ao prefixo “co”, caso a palavra seguinte comece por “o”.

China e Crescimento Econômico

18

Page 19: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

No cenário geopolítico atual, a China destaca-se como um dos países que mais crescem no mundo e já é considerada uma nova potência econômica. Com médias de crescimento anual de quase 10%, a China supera as outras economias em desenvolvimento do BRIC (Rússia, Índia e Brasil). Mesmo durante a Crise Econômica de 2008, as ações do governo chinês fizeram com que o país contornasse a estagnação econômica e, em 2010, obtivesse um crescimento de 10,3%.

Características Gerais

A República Popular da China (RPC), localizada no continente asiático, é o país mais populoso do mundo e está no topo da lista das nações com maior território. Segundo estimativas recentes, a China possui em torno de 1,3 bilhão de habitantes (cerca de um sétimo da população mundial) e uma área de quase 10 milhões de quilômetros quadrados. O idioma chinês oficial é o mandarim e a capital é Pequim.

O país é governado pelo Partido Comunista Chinês desde 1949 com base num regime socialista e unipartidário. Trata-se do maior partido político do mundo, com cerca de 66 milhões de filiados, e assume postura radical em relação à oposição.

Crescimento Econômico

O rápido crescimento econômico da China que se iniciou a partir da década de 70 é realmente impressionante. São muitas as razões que contribuíram para isso, como o aumento da participação da China no mundo globalizado e o seu grande mercado consumidor. Em 2001, o país se firma definitivamente na Organização Mundial do Comércio (OMC) e aumentam os investimentos estrangeiros.

Além disso, a produção de alimentos na China é altíssima e a mecanização da agricultura aumentou a produtividade. O país é o maior produtor mundial de arroz e milho. Investimentos em educação, infraestrutura, mineração, tecnologia de ponta e a recente construção da hidrelétrica de Três Gargantas são outros fatores que fizeram da China o “gigante asiático”.

Não se pode deixar de mencionar ainda que o governo chinês estabelece forte controle de salários e dita regras que desfavorecem o trabalhador – o que, entre outras coisas, é responsável pela pobreza que atinge boa parte da população. A mão de obra das empresas chinesas tem um custo baixíssimo em comparação com outros países justamente porque o salário pago aos trabalhadores é extremamente baixo. Por consequência, os produtos chineses são os mais baratos do mercado e o país desponta como grande exportador.

O baixo custo de produção também funciona como um atrativo ao capital estrangeiro. Empresas multinacionais frequentemente instalam filiais na China a fim de obter mão de obra abundante e barata e oferecer seus produtos ao enorme mercado consumidor chinês. Problemas e Desafios

Embora poucos duvidem de que a China será a maior potência mundial nas próximas décadas, muitos são os problemas existentes no país. A qualidade de vida de grande parte da população é precária, havendo milhões de chineses em pobreza extrema, sem falar que a classe trabalhadora recebe as menores remunerações do mundo. Esse quadro acaba por distanciar a China dos países centrais.

Outros problemas graves são os ambientais: as indústrias chinesas têm causado grande poluição atmosférica com a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), muitos rios e lagos sofrem com a poluição e a escassez da água já ocorre em muitas regiões.

A América de Obama

19

Page 20: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

No dia 4 de novembro de 2008, o mundo inteiro parou para acompanhar a eleição do primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América: Barack Hussein Obama. Não somente negro, Obama é filho de um queniano e possui um sobrenome árabe, que inclusive é o mesmo de um dos maiores inimigos do império americano nos últimos tempos: Saddam Hussein. Desta forma, Barack Obama aparece como um presidente representante do povo e dos excluídos, um presidente do partido democrata após oito anos de governo republicano. Superando todas as fronteiras do preconceito, Obama assume a presidência americana em um cenário conturbado da história dos EUA, em que a superpotência vê-se enfraquecida com uma crise político-econômica e com a acessão da China como nova referência da economia mundial. Obama elegeu-se em uma campanha cujo jargão era: “Yes, we can!”, traduzindo: “Sim, nós podemos!”; que se resume à tentativa de devolver a esperança do povo americano frente ao declínio do seu império. POLÍTICA INTERNACIONAL A principal medida do governo Obama na política internacional é, sem dúvida, a retirada das tropas americanas do Iraque. A ocupação do território iraquiano foi uma das principais razões para a insatisfação e rejeição do governo Bush. Milhares de famílias de soldados americanos manifestaram-se quanto ao número de baixas sofridas durante a ocupação, conseguindo mobilizar a opinião pública contra a guerra. A imprensa internacional e os altos custos de manutenção da guerra também foram decisivos para a mobilização popular. Desde a campanha, Obama afirmou que esta seria a primeira medida a ser tomada em seu governo, o que o ajudou a conquistar muitos eleitores. Apesar de ser a favor da retirada das tropas americanas do território ocupado, Obama mantém uma posição firme no combate ao terrorismo. Se, em relação ao Iraque, Obama mostrou-se favorável à paz, na questão cubana ele não demonstrou tanta diplomacia. O presidente americano afirmou que manterá o embargo econômico à ilha até o momento em que mudanças democráticas sejam realizadas no sistema de governo. Contudo, Obama tomou a decisão de suspender as restrições às viagens e envio de dinheiro a Cuba por cubanos residentes fora do país. O ex-presidente Fidel Castro afirmou que esta é uma decisão irrisória por parte de Obama e que esperava uma medida que trouxesse mais benefícios para o seu país. Na questão climática, o governo de Obama se mostra mais favorável à tendência internacional de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Apesar de simpatizarem com as medidas de redução, representantes do governo afirmam que as metas estipuladas no Protocolo de Kyoto são impossíveis de serem alcançadas, pois prejudicariam drasticamente a economia americana. Os EUA afirmam que países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia, por não possuírem grandes metas de redução na emissão de gases de efeito estufa, levariam grande vantagem competitiva em relação aos EUA, enfraquecendo a sua economia. ECONOMIA Obama assume o governo numa das fases mais delicadas na história da economia americana. A crise econômica mundial estourou em outubro de 2008, em decorrência da quebra de grandes instituições de crédito americanas. Em novembro do mesmo ano, a taxa de desemprego nos Estado Unidos atingiu o maior índice dos últimos 14 anos. A atual crise chega a ser avaliada, por muitos, como a pior desde a quebra da bolsa em 1929. Para enfrentar esta crise, Obama enfatizou a aprovação de um pacote econômico dotado com 819 bilhões de dólares. Parte deste dinheiro será destinada à amortização das dívidas em impostos de famílias americanas, outra parte aos investimentos em indústrias de base e o restante para geração de empregos. Além disso, o primeiro pacote econômico de 700 bilhões de dólares, aprovado no final do governo Bush, já teve metade de sua verba utilizada para salvar pequenas e médias empresas do país. Gigantes da economia americana como a General Motors também foram favorecidas por investimentos de dinheiro público, para evitar um maior número de demissões.

20

Page 21: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Esta medida protecionista do governo americano é de extrema importância para o cenário econômico mundial, pois mostra a fragilidade do sistema capitalista liberal, onde o mercado se regula automaticamente sem a “mão” do Estado. O alto investimento do governo americano para evitar a falência de inúmeras empresas privadas demonstra uma mudança de postura através deste posicionamento intervencionista. O outro desafio a ser enfrentado pelo governo Obama no campo econômico é a acessão da China e da Índia. Com mercados consumidores gigantes, estes dois países possuem características que contribuem para o seu grande crescimento econômico:

- Possuem as maiores populações do planeta;- Possuem mão-de-obra barata;- Atravessam um surto de desenvolvimento no setor industrial;- Possuem políticas trabalhistas e comerciais diferentes das do mundo ocidental;

Estes fatores fazem com que os produtos asiáticos possuam um custo de produção muito menor e um mercado consumidor bastante amplo. Atualmente, China e Índia possuem a maior taxa de crescimento econômico do mundo. A gestão econômica do governo de Barack Obama deve envolver a realização de firmes acordos comerciais e investimento em novos produtos, tecnologias e patentes para assegurar sua liderança nas transações internacionais.

Urbanização

21

Page 22: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A dinâmica populacional de crescimento e de ocupação dos espaços urbanos e rurais está intimamente relacionada com a geração de inúmeras mazelas sociais. Quando o crescimento da população urbana acontece de maneira rápida e desordenada, como ocorre nos países subdesenvolvidos, sem o devido planejamento e investimento em infraestrutura, saúde, educação, transportes, etc., dá-se margem a uma série de desequilíbrios sociais como a mendicância, o subemprego, o aumento da criminalidade e a favelização. ANATOMIA DA POBREZA A pobreza deve ser distinguida da desigualdade social. O conceito de pobreza está relacionado ao padrão de vida absoluto de uma parcela da população que não tem acesso à satisfação de necessidades básicas de sobrevivência. A desigualdade, por sua vez, está relacionada com a relação entre os padrões de vida dos diversos segmentos de uma sociedade. Em uma economia de mercado, como a brasileira, o critério mais utilizado para medir o grau de pobreza da população é a renda salarial de cada pessoa ou família. No entanto, outros indicadores socioeconômicos são também tomados na avaliação, como a expectativa de vida, a mortalidade infantil, a distribuição da renda e o acesso a saneamento básico. OS CENTROS DE POBREZA As cidades, enquanto pólos de poder e centros de consumo, cultura e tecnologia, atrativos para a população que sai do campo oprimida pelas péssimas condições de vida, concentram a maior parte dos problemas sociais. Tais problemas ficam ainda mais acentuados com a segregação do espaço urbano, através da ocupação de morros e encostas pela população mais carente, que necessita de moradas mais baratas, enquanto os centros são ocupados pelas parcelas mais abastadas. Desde o início do processo de urbanização, o desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo em que criou empregos na zona urbana, trouxe a mecanização do campo, acentuando a migração de pessoas para as áreas urbanas, que saíram do setor secundário da economia para ocupar o terciário. Este êxodo rural, impulsionado pelo processo de automação do trabalho no campo e pelo fascínio urbano, é ainda hoje uma realidade marcante. Na busca por melhores condições de vida e melhores oportunidades de trabalho, este movimento acaba, no entanto, por contribuir para o aumento da grande massa de excluídos dos grandes centros. Uma das consequências dos processos de industrialização, urbanização e o conseqüente desemprego é o inchaço no setor terciário da economia, que abriga os serviços e os mercados, inclusive o mercado informal e os serviços domésticos, que se apresentam como alternativas para a população de baixa escolaridade e baixa renda. Além disso, um dos fatores preponderantes na distribuição da renda das populações, o desemprego, é, em grande parte dos casos, ocasionado pelo descompasso entre o crescimento populacional e o crescimento econômico de um país. Quando isto ocorre, a demanda por empregos nas cidades supera a sua oferta, o que caracteriza o inchaço dos centros urbanos, que também implica o crescimento da exclusão social e econômica. A globalização da economia, gerando o aumento da competitividade e das exigências em torno do aumento da produção e da redução dos custos, contribui para a eliminação de postos e trabalho em razão dos investimentos na automação da produção. Ocorre aí o aumento da produtividade com a redução do número de empregos. UM PROBLEMA GLOBAL E LOCAL Ao contrário do que se pensa, a pobreza, assim como o desemprego, não é um problema apenas restrito aos países subdesenvolvidos e emergentes. Em quase todo o mundo são registradas taxas crescentes de desemprego a cada ano que passa. No Brasil, mesmo com o crescimento no número de empregos, o

22

Page 23: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

desemprego cresce assustadoramente, sobretudo entre os indivíduos jovens. A fome no mundo também atinge números alarmantes em decorrência de fatores não só populacionais, mas também econômicos envolvendo diversos países. A gama de fatores causadores da pobreza e da desigualdade social aponta para um esforço global integrado para o alcance de melhorias, no entanto, não podem ser afastadas as medidas internas que podem ser tomadas em cada país para vencer a miséria e a pobreza. Um dos principais caminhos a serem tomados é o investimento em educação para o aumento das taxas de escolaridade e a melhoria na qualidade do ensino, a fim de que a igualdade seja alcançada ao menos em termos de oportunidades.

Vazamento de petróleo no Golfo do México

O vazamento de petróleo no Golfo do México pode ser considerado um dos maiores derramamentos de

23

Page 24: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

óleo no mar em todos os tempos. O acidente ocorreu após a explosão de uma plataforma da British Petroleum, em abril de 2010. O sistema automático de controle de derramamento falhou e as manchas de óleo tomaram conta da paisagem. Dois dias depois da explosão, a plataforma afundou e o vazamento cresceu por causa da abertura do poço no fundo do mar. Cerca de um milhão de litros de petróleo eram lançados ao mar por dia. Após declarações do presidente americano Barack Obama pressionando a empresa, a British Petroleum assumiu a responsabilidade pelo acidente e pela limpeza das águas e regiões costeiras do Golfo do México. A empresa instalou barreiras na superfície da água, usou aviões pra dispersar o óleo e um robô para tentar estancar o derramamento de petróleo. Apenas em julho de 2010, os primeiros resultados concretos começaram a aparecer e a British Petroleum anunciou que tinha conseguido conter o vazamento.

Poluição AmbientalNão restam dúvidas de que a interferência humana vem alterando o espaço em que vivemos. O crescimento demográfico e o desenvolvimento da industrialização podem ser apontados como principais responsáveis pela intensa degradação do meio ambiente. Manter o delicado equilíbrio em que se sustenta a natureza exige uma consciência global consistente. Torna-se, portanto, uma questão política, econômica, social e ecológica encontrar meios de reverter o quadro atual, aliando a atividade econômica a uma política de preservação ambiental. Quando se lançam resíduos industriais, gases tóxicos ou substâncias radioativas ao ambiente, ocorrem alterações nos ecossistemas. Denominam-se poluição ambiental estas alterações causadas pelo homem, capazes de prejudicar o funcionamento da vida. A poluição pode atingir o ar, a água e o solo. Poluição Atmosférica A poluição atmosférica se dá devido à emissão de gases poluentes à atmosfera, sobretudo pela atividade industrial e pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). As mais graves consequências desta poluição são as chuvas ácidas, a intensificação do efeito estufa e a destruição da camada de ozônio. Chuvas ácidas: Apesar de toda chuva conter certo nível de acidez, são classificadas como ácidas as chuvas com a capacidade de danificar o geossistema. Nestes casos, tem-se a chuva ácida causada por derivados do enxofre, resultante da queima de carvão mineral e óleo diesel, e a chuva causada por derivados do nitrogênio, que geralmente ocorre em lugares onde relampeja ou em que há veículos com motores de explosão. Dentre os prejuízos, podem-se mencionar a perda da biodiversidade, a improdutividade do solo e problemas respiratórios na espécie humana. Efeito estufa: Alguns gases como o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o vapor d’ água e principalmente o dióxido de carbono (CO2) podem reter o calor na superfície terrestre, tornando-a mais quente. Esse fenômeno, chamado de efeito estufa, é essencial à vida na terra. O problema atual é que o aumento destes gases na atmosfera passou a intensificar esse fenômeno, implicando o aumento em demasia da temperatura média global (Aquecimento Global). Estima-se que o aquecimento global possa causar o derretimento das geleiras, a extinção de diversas espécies, escassez de alimentos, dentre outras consequências. Camada de ozônio: o ozônio é um gás presente na atmosfera que funciona como filtro de quase toda radiação ultravioleta emitida pelo sol. Caso esta camada não existisse, haveria a ação direta desses raios na terra, o que aumentaria extremamente a temperatura e possivelmente extinguiria a vida no planeta. A emissão de um grupo de gases, os CFCs, utilizados em aerossóis, refrigeradores e solventes, causa a destruição dessa proteção. Pesquisas apontam a diminuição de 3% a 4% da camada de ozônio na Antártida. Em 1987, no Protocolo de Montreal, no Canadá, um acordo, a fim de reduzir a liberação de CFC, foi assinado por 24 países desenvolvidos. Os resultados são bons e nos levam a crer na possibilidade de que, em algumas décadas, a camada seja reconstituída.

Cuba: libertação de presos políticos

Em julho de 2010, o governo cubano iniciou o processo de libertação de 75 presos políticos. Eles foram

24

Page 25: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

detidos em março de 2003 durante a Primavera Negra e enviados para a cadeia por questionarem o regime político de Cuba. Dentre os presos, estavam médicos, jornalistas, artistas, entre outros. A libertação foi resultado de diálogos e acordos entre o governo cubano, a igreja católica e o governo da Espanha. Dos detidos em 2003, 52 continuavam atrás das grades. Os outros já haviam sido libertados por problemas de saúde. Após a libertação, os presos deveriam deixar a ilha e se exilar na Espanha. O governo espanhol atuou como mediador. Porém, nem todos aceitaram o acordo e 12 deles se recusaram a deixar o país. O processo de libertação durou nove meses. Hoje, a Anistia Internacional afirma que já não há mais presos por oposição ao regime na ilha. Porém, grupos oposicionistas ao governo afirmam que ainda existem mais de 70 prisioneiros políticos em Cuba. Cuba e o Socialismo Cuba, como a maioria das ilhas da América Central, foi colonizada pelos espanhóis. Em 1898, a Espanha assinou o Tratado de Paris, após ter sido derrotada pela invasão dos EUA. A partir de então, os Estados Unidos estabeleceram um Governo Militar na ilha, onde em 1902 foi proclamada a República de Cuba. Entretanto, através da Emenda Platt, ficou estabelecido na Constituição da República que os EUA tinham o direito de intervir nas decisões internas do país, ameaçando assim a sua soberania. Neste período, as empresas americanas dominam as riquezas da ilha, mantendo o povo cubano na pobreza Em janeiro de 1959 o exército rebelde socialista, liderado pelo cubano Fidel Castro e pelo argentino revolucionário Ernesto Che Guevara, tomou o poder estabelecendo o regime socialista na ilha com o apoio da União Soviética. Empresas e propriedades privadas americanas foram estatizadas para promover o Estado de Bem-estar Social. Estas medidas do governo socialista foram determinantes para a aplicação do embargo econômico a Cuba, uma medida que isolou a ilha do mercado internacional. O embargo acarretou diversos problemas de desenvolvimento e manteve a ilha no patamar de país de terceiro mundo. Entretanto, Cuba apresenta índices de pobreza menores do que os do Brasil e um IDH superior ao brasileiro. A consolidação do Estado de Bem-estar Social é mantida através de um regime ditatorial, onde não existem eleições diretas ou liberdade de imprensa. Atualmente, com o afastamento do ex-presidente Fidel Castro e nomeação do seu irmão Raul Castro como presidente do país, Cuba adotou uma política internacional mais aberta, o que para alguns significa um fim gradativo do regime socialista na ilha.

Crise na Europa

25

Page 26: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A grande crise que começou no mercado imobiliário em 2008 nos Estados Unidos atingiu os mercados financeiros mundiais. Para tentar contorná-la, os governos injetaram trilhões de dólares na economia de seus países. No caso da Europa, a medida agravou os déficits nacionais, já muito elevados. Alguns países gastaram mais dinheiro do conseguiram arrecadar e começaram a acumular dívidas. A turbulência econômica e financeira atingiu principalmente os países do grupo denominado “PIIGS” – Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha. A Grécia chegou a ter um rombo nas contas públicas de 113% do seu Produto Interno Bruto. A situação ficou tão crítica que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional propuseram pacotes de ajuda para Grécia, Irlanda e Portugal. A crise derrubou a cotação do euro no mercado internacional e ameaça a continuidade da moeda.

União Europeia A globalização aliada à economia mundial tem como reflexo a associação dos países através de blocos econômicos. Tais blocos são alternativas criadas pelas nações com o intuito básico de ratificar políticas comuns ao passo que fortalecem as suas economias e protegem os seus mercados. No cenário atual, a União Europeia (UE), cuja formação engloba 27 países europeus democráticos, constitui o principal e mais desenvolvido exemplo de bloco econômico.

Dentre as razões que levaram à formação da UE, pode-se citar a necessidade de seus estados-membros reagirem à influência e ao crescimento das transnacionais norte-americanas e japonesas. Nesse caso, a integração econômica e política traria melhoras significativas ao panorama europeu. Breve História Para alcançar as proporções de hoje, a União Europeia passou por contínuos processos de evolução. Em 1950, ainda entre os vestígios da Segunda Guerra Mundial e os rumores da Guerra Fria, a Europa necessariamente buscava paz e fortalecimento econômico. Em tal contexto, surge, no Tratado de Paris, como o primeiro estreitamento de laços, a CECA (Comunidade Européia de Carvão e Aço), acordo firmado em 1951 pela Alemanha Ocidental, França, Itália, Países Baixos, Luxemburgo e Bélgica. A meta principal da CECA era a integração das indústrias do carvão e do aço entre estes países. Um pouco depois, em 1957, o Tratado de Roma fortalece a UE, criando a Comunidade Econômica Europeia (CEE), a qual deu aos seus integrantes, dentre outras coisas, estabilidade econômica e intercâmbios acadêmicos. A década de sessenta surge como um período de grande crescimento econômico e emergência da “cultura jovem”. Um grande passo neste período foi a criação do controle conjunto da produção alimentar, assegurando o abastecimento regular em todos os países da União.

Revolta Popular no Egito

26

Page 27: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Após quase três décadas de governo, o ditador Hosni Mubarak renunciou ao cargo de presidente do Egito em fevereiro de 2011. O país protagonizava uma grande revolta popular contra o governo de Murabak, inspirada pela queda do presidente da Tunísia. Em fevereiro, foram 18 dias seguidos de protestos na capital, Cairo, que deixaram 300 mortos e cinco mil feridos.

Hosni Mubarak assumiu a presidência do Egito em 1981, com o assassinato do presidente Sadat, de quem era vice. Governou o país com mãos de ferro, com base em uma lei de emergência que restringia vários direitos dos cidadãos. Sobreviveu a seis tentativas de assassinato. Venceu três eleições onde era candidato único. Na quarta, teve que permitir a entrada de outros candidatos. Venceu novamente mas há suspeitas de manipulação dos resultados. Após a renúncia, Mubarak entregou a responsabilidade de conduzir a nação a um alto conselho militar. Antiguidade: Império Egípcio

Na antiguidade, o continente africano era formado por amplas florestas e grandes áreas de vegetação rica. Depois de um longo período de estiagem, o centro da África foi perdendo esta rica vegetação tornando-se uma área de grandes desertos, o que dificultou o seu povoamento. Aconteceu, então, um processo de migração de inúmeras tribos em direção ao delta e ao vale do rio Nilo. Estes povos migrantes é que viriam futuramente a constituir o Império Egípcio, cuja história costuma ser dividida em duas fases: Período Pré-Dinástico e Período Dinástico. Por Dinástico, entende-se que seja o período onde existiu o sistema de dinastias dos faraós. Período Pré-Dinástico (5.000 - 3.200 a.C) Neste período o Egito era habitado por diversos povos organizados em clãs, chamados nomos. Cada nomo era governado por um “nomarca”. Mesmo com estruturas políticas independentes, estes nomos atuavam unidos quando se tratava de assuntos que envolvessem todo o Egito. Esta união era bem definida em dois reinos independentes:

- Reino do Norte (região do delta do Nilo);- Reino do Sul (região do vale do Nilo).

Por volta de 3.200 a.C, um homem chamado Menés unificou os dois reinos, formando um único império e tornando-se o primeiro faraó. Assim se inicia o período dinástico, época de grande crescimento territorial, econômico e militar do Egito.

Gripe Suína

Em 2009, o mundo ficou em estado de alerta por causa da propagação de um vírus: o Influenza A H1N1. Comumente conhecido como Gripe Suína, este vírus, que é derivado e muito similar ao da gripe comum,

27

Page 28: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

espalhou-se rapidamente por diversos países e continentes do mundo, recebendo a classificação de pandemia pela OMS. Constatada a pandemia, vários países começaram a desenvolver políticas de combate à propagação do vírus, desde a pesquisa de remédios e vacinas à fiscalização rigorosa de portos e aeroportos, para impedir o contato com pessoas que estiveram em áreas com registro da doença. Mas afinal, o que há de tão perigoso neste vírus? É realmente preciso temê-lo? O VÍRUS Apesar de ser conhecido como gripe suína, o vírus Influenza A H1N1 não é o mesmo que ataca os porcos, nem é transmitido por estes animais. O vírus que provocou a atual pandemia é um novo vírus humano, que possui como característica principal a sua grande adaptação ao ambiente e facilidade de transmissão entre indivíduos. Essa grande capacidade de adaptação facilitou a rápida e extensa propagação do vírus, que em poucos meses atingiu todos os continentes do planeta. Em sua constituição, o vírus A H1N1 possui oito segmentos de RNA, sendo cinco genes da gripe suína, dois da aviária e um da humana. Formado basicamente por proteínas e lipídios, o vírus é uma estrutura feita para armazenar o seu código genético, possibilitando sua reprodução. A classificação A do Influenza significa que ele é um vírus capaz de atacar diversos mamíferos e aves. As classificações B e C são apenas para seres humanos. A sigla H1 é referente às estruturas protéicas existentes, que são responsáveis pela invasão do vírus em células saudáveis. Já a sigla N1 refere-se às estruturas responsáveis por lançar novos vírus no organismo infectado. PERIGO REAL A Organização Mundial de Saúde classificou a Gripe Suína como uma pandemia em fase 6, o que significa que o surto do vírus eclodiu em varias e diferentes regiões do mundo. Ao chegar à fase 6 na escala da OMS, o contágio do vírus já se efetua de pessoa para pessoa, através de contato pessoal ou vias respiratórias. As pandemias de Influenza (ou gripe) são muito comuns na humanidade. Em 1510, uma pandemia de gripe teve início na África e se espalhou por toda a Europa. Em 1889, a Gripe Asiática, causada pelo vírus do subtipo H2N8 matou milhares de pessoas em diversos continentes. A maior taxa de mortalidade registrada pelo vírus da gripe foi em 1918, com a Gripe Espanhola, quando, em um curto período de seis meses, 25 milhões de pessoas morreram. Em 1957, uma nova onda de Gripe Asiática assolou os Estados Unidos matando aproximadamente 70 mil pessoas. Mesmo com alta mortalidade atribuída ao Influenza ao longo dos anos, na prática, o vírus não é tão perigoso assim. A maior taxa de mortalidade se encontra entre pessoas de 0 a 5 anos e de 64 anos ou mais, em resumo: crianças e idosos, geralmente com a imunidade corpórea baixa. O vírus apresenta os mesmos sintomas da gripe comum e o seu tratamento também é similar. No passado, este vírus era uma ameaça maior, uma vez que a indústria farmacêutica não havia desenvolvido medicamentos capazes de combater o vírus e seus sintomas, quadro bem diferente na atual conjuntura. EVOLUÇÃO DA PANDEMIA Em apenas seis meses, o vírus se espalhou por todos os continentes do planeta. Originalmente, a pandemia se desenvolveu no México, onde o governo declarou à Organização Pan-Americana de saúde que o país atravessava um surto de infecções respiratórias. A partir daí, o vírus se espalhou rapidamente pela América do Norte, devido às atividades de fronteiras, portos e aeroportos. Ainda no mês de Abril, os primeiros casos da doença são confirmados na Europa e Oceania, elevando a pandemia para a fase 4. No dia 7 de maio, o primeiro caso da doença é confirmado no Brasil, por um turista brasileiro que regressou de uma viagem ao México. Em junho, a pandemia já tinha 39.633 casos confirmados em todo o planeta, e aproximadamente 143 mortos: a OMS eleva a classificação pra fase 6, mas a maioria das vítimas ainda está na América do Norte. Estima-se que o vírus ainda se propague.

28

Page 29: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

MEDIDAS DE PREVENÇÃO E COMBATE No primeiro semestre de 2010, o governo brasileiro iniciou uma campanha de vacinação em massa para prevenção da H1N1. A intenção do governo é combater o vírus no período em que ele se torna mais perigoso: no inverno. Diversos laboratórios farmacêuticos em todo o mundo desenvolveram vacinas para o vírus, inclusive o Instituto Butantan no Brasil. O contágio da doença acontece através de vias respiratórias, contato direto ou indireto (através das mãos) com indivíduos contaminados, objetos ou alimentos. A melhor forma de prevenção durante uma epidemia é evitar ficar muito tempo em locais fechados, com alto fluxo de pessoas como: terminais de transportes e centros comerciais; lavar bem as mãos, objetos pessoais e alimentos, além de evitar o contato das mãos nas superfícies com mucosas, como nariz, olhos e boca. Gestantes, idosos, crianças e doentes crônicos são mais suscetíveis ao contagio, devido à baixa capacidade imunológica.

Dilma e o Brasil de hoje

Em 2011, uma mulher subiu pela primeira vez a rampa do palácio do planalto para se tornar presidente do Brasil. Dilma Rousseff foi eleita com mais de 55 milhões de votos. Assumiu a presidência com a meta

29

Page 30: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

principal de erradicar a pobreza no país. Recebeu do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, um país bem posicionado no cenário internacional e com a economia equilibrada. No entanto, ainda com graves problemas estruturais. No início do mandato, a presidente teve que lidar com a enchente que destruiu várias cidades da região serrana do Rio de Janeiro.

Dilma Rousseff também enfrentou uma crise com os trabalhadores por conta do novo valor do salário mínimo. O Governo Federal propôs R$ 545,00. Não era o que esperava a classe trabalhadora do país, o que gerou um impasse com a oposição no congresso. A governabilidade é outro desafio enfrentado por Dilma. Ela teve que lidar com as pressões da base aliada na distribuição dos cargos no governo e na aprovação de projetos importantes para a agenda do executivo nacional. O Brasil nos dias de hoje SocialNesta primeira década do século XXI, o Brasil retirou milhares de pessoas da linha de pobreza extrema, através de programas sociais assistencialistas, como o Bolsa Família. Estes programas deram poder de compra a milhares de famílias, aquecendo a economia e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Na educação, programas como o REUNI e o PROUNI, aliados ao sistema de cotas, revitalizaram as universidades federais e democratizaram o ensino superior no país. Em contrapartida, problemas como o tráfico de drogas e a violência continuam crescendo no Brasil.

PolíticoO Presidente Lula foi o primeiro governante popular do Brasil após a ditadura militar. Com cerca de 80% de aprovação popular, o governo Lula pode ser considerado como o mais aceito pela população em todos do regime democrático. Mesmo com todos os escândalos referentes à corrupção, a imagem do presidente não foi abalada, permitindo que ele elegesse uma sucessora, a presidente eleita Dilma Rousseff.

Política ExternaO Brasil passou a participar ativamente do Conselho da Organização das Nações Unidas, dentre outros eventos econômicos, políticos e ambientais internacionais. Assim, o país tornou-se referência na América Latina, exercendo liderança sobre o bloco do MERCOSUL. Pode-se considerar que o Brasil deu importantes passos para a consolidação da sua soberania internacional.

Indústria e EnergiaIndústria e energia são setores que funcionam integradamente. O fator mais importante destes dois segmentos foi o fortalecimento da Petrobras com a descoberta e exploração da Camada do Pré-Sal. Isto proporcionou ao país não somente a auto-suficiência como a exportação do petróleo. O desenvolvimento pioneiro dos biocombustíveis (Etanol, Biodiesel) transformou o Brasil no maior produtor mundial do segmento, favorecendo também o agronegócio, fornecedor de matéria-prima. A indústria automobilística aumentou sua produção e distribuição, beneficiada por incentivos fiscais. Estas políticas e ações do governo, integrando os setores de energia, indústria, agronegócio e transportes, proporcionaram um grande impulso na economia brasileira.

EconomiaAs políticas mencionadas no parágrafo anterior permitiram que a economia brasileira obtivesse um crescimento contínuo neste século. Por isso o Brasil faz parte do grupo de países com maiores taxas de crescimento do mundo, o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O fortalecimento econômico permitiu que o Brasil atravessasse a Crise Econômica Mundial sem maiores prejuízos. A estabilidade da economia decorre da diminuição da pobreza, aumento do poder de compra da população e, consequentemente, do mercado consumidor.

Morte de Osama Bin Laden

Após uma ação de inteligência liderada pelo exército americano, foi confirmada a morte de Osama bin Laden. Em maio de 2011, o presidente Barack Obama anunciou oficialmente a morte do terrorista - responsável pelos ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.

30

Page 31: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Osama bin Laden é o líder e fundador da rede terrorista Al-Qaeda e até então fazia parte da lista dos homens mais procurados do mundo. Além dos atentados de 11 de setembro, a rede terrorista foi responsável também pela explosão das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e por um ataque a um navio americano no Iêmen. Conflitos no Oriente Médio Uma das áreas mais conflituosas do planeta, o Oriente Médio compreende uma região sem rigorosa definição, mas que em geral engloba cerca de 18 países localizados a leste e sul do Mar Mediterrâneo: Irã, Iraque, Israel, Palestina, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Líbano, Turquia, Jordânia, Bahrein, Chipre, Egito, Iêmen, Kuwait, Omã, Qatar, Síria e Afeganistão. Ao todo são cerca de 270 milhões de habitantes que possuem uma grande diversidade cultural, religiosa e étnica, plano de fundo para os conflitos da região. Além disso, o Oriente Médio possui uma das maiores jazidas de petróleo e gás do mundo (chega a abrigar cerca de dois terços das reservas do planeta), o que há muito desperta a cobiça das grandes potências mundiais.

Terremoto e Tsunami no Japão

Em março de 2011, o Japão foi atingido pelo maior terremoto já registrado no país e o sétimo em todo o mundo. O tremor foi de 8,9 pontos na escala Richter, o mais alto desde o terremoto da Indonésia em 2004. O abalo gerou um tsunami com ondas de até 10 metros de altura que varreram o nordeste do

31

Page 32: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Japão. O epicentro, ponto de origem do terremoto, foi no meio oceano. Se tivesse sido perto da capital do país, Tóquio, os estragos poderiam ser muito maiores. Ao todo, mais de 20 mil pessoas morreram ou estão desaparecidas após a tragédia. A catástrofe também gerou um acidente nuclear na usina de Fukushima, no nordeste do país. Uma hora depois do terremoto, a usina foi atingida pelo Tsunami e o sistema de resfriamento dos reatores foi danificado. Mas o pior ainda estava por vir: um vazamento radioativo alertou as autoridades internacionais. Os níveis de radiação nos locais próximos à usina ficaram oito vezes acima do limite de segurança e a população que vivia em um raio de 20 quilômetros teve que ser retirada.

Como ocorrem estas catástrofes naturais?

As catástrofes naturais, como terremotos, estão ligadas ao movimento das placas tectônicas. A superfície terrestre está alojada sobre um conjunto de extensas rochas que “flutuam” no magma terrestre. Quando ocorre um desnivelamento ou choque entre estas placas, fatalmente ocorrerá algum desastre natural.

Os tsunamis são quase sempre consequência de terremotos. As ondas gigantes, que podem chegar, segundo estimativas, a 30 metros de altura, se formam devido ao deslocamento vertical de grandes massas de água e muitas vezes atingem a costa oceânica, provocando catástrofes, como a ocorrida no Japão. Além do movimento das placas tectônicas, podem provocar tsunamis outros distúrbios geológicos, como erupções vulcânicas, deslizamentos de terra e meteoritos. O que fazer para evitá-las?

As catástrofes naturais são fenômenos incontroláveis. Contudo, a redução da poluição, desmatamentos, represas, construções irregulares e qualquer outra prática que modifique radicalmente a estrutura do espaço natural, são medidas que ajudam a reduzir os estragos causados pelos desastres naturais.

No caso dos tsunamis e terremotos, a tecnologia é bastante eficaz: equipamentos e sondas capazes de prever estas catástrofes podem ajudar na evacuação das áreas de riscos com antecedência, atenuando os prejuízos e salvando vidas.

Globalização e Cultura

Assim como em outros aspectos, a cultura sofre a interferência do acelerado processo de globalização. Uma vez que a disseminação da cultura não ocorre de maneira igualitária no mundo globalizado, os países que controlam a produção cultural em massa acabam por instaurar um padrão comportamental e produtivo.

32

Page 33: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Desse modo há uma imposição desigual de valores específicos, coordenada por uma pequena parcela de nações. É o caso da hegemonia dos Estados Unidos, que ao se tornarem potência econômica e política, passaram a ditar modelos a serem seguidos pelo restante do mundo. Como exemplos, destacam-se o perfil do cinema de Hollywood, hábitos alimentares como o fast food, além da influência musical e da predominância do idioma inglês. A INDÚSTRIA CULTURAL Esse processo unilateral (em que não há interatividade) de produção e difusão em massa da cultura constitui a chamada Indústria Cultural. Este termo surge no início do século XX, nos Estados Unidos, durante os primeiros estudos sobre a comunicação social. Na época, o rádio despontava como o grande veículo de difusão em massa, influenciando não só em comportamentos culturais e de consumo, mas também na organização social e familiar. A indústria cultural atinge seu ápice com a invenção da televisão, que estabelece de vez a relação entre os programas exibidos, classificados pelos seus horários de exibição, e a organização das atividades familiares. Um bom exemplo disso pode ser visto nos dias atuais, quando pensamos na organização do dia através da programação televisiva. A questão cultural junto à globalização torna-se ampla, apresentando fatores positivos e negativos, dependendo da linha de análise. Logicamente, é vantajoso o acesso a culturas diferentes, o qual permite que o conhecimento de costumes, religiões, modos de vida se espalhem pelo mundo. Aponta-se, porém, que esta integração, em demasia, pode resultar na homogeneidade da cultura, ganhando aspecto unidimensional, por exemplo, em áreas como a literatura, a culinária ou a música. A TELEMÁTICA Nenhum campo de estudo foi tão importante para a consolidação da aldeia global quanto a telemática. A telemática é a junção da telecomunicação com a informática, é a interação entre estas duas tecnologias, que proporcionou à sociedade atual a quebra dos antigos padrões de tempo/ espaço. O advento que revolucionou estas duas áreas do conhecimento foi a Internet. Criada pelo exército americano durante a guerra fria, a internet foi resultado de um esforço conjunto entre o exército e universidades americanas, que tinham como objetivo criar uma rede que possibilitasse a troca de informações de forma rápida e segura, através de computadores interligados pelo sistema telefônico. Apesar de ter sido inventada na década de 60, o grande boom da internet só acontece na década de 90, quando os usuários domésticos começam a utilizá-la em larga escala, acessando sites e criando eles mesmos os conteúdos para esta nova ferramenta. O grande diferencial da internet está justamente na quebra do antigo sistema unilateral de produção e difusão em massa da indústria cultural. Extremamente segmentada e interativa, a internet permite total liberdade de navegação e construção de conteúdo para seus usuários, que passam da condição de agentes passivos na produção de conteúdo cultural, para o patamar de agentes multiplicadores e inovadores deste novo sistema.

Biocombustíveis: A Era do Etanol

Biocombustível é o termo utilizado para definir qualquer fonte de energia advinda de materiais orgânicos, como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa, dentre outros. Em virtude da escassez do petróleo e da poluição atmosférica ocasionada pelos combustíveis de natureza fóssil (gás natural, carvão e petróleo), os biocombustíveis passaram a ganhar destaque no cenário atual como uma alternativa vantajosa, uma vez que são fontes renováveis e mais limpas.

33

Page 34: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

ETANOL O etanol ou álcool etílico é uma substância orgânica originada da fermentação de diversos açúcares ou através de processos sintéticos. Ele possui diversas atuações, estando presente na indústria de bebidas, na perfumaria, em desinfetantes, em solventes industriais, além de ser usado na produção de eletricidade e de atuar como combustível. Nas últimas décadas, o álcool etílico ganhou maior representatividade no âmbito das fontes de energia. Para essa finalidade, o etanol pode ser obtido através da cana-de-açúcar, da beterraba, do milho ou da mandioca, tendo a capacidade de substituir a gasolina. O Brasil destaca-se mundialmente como pioneiro na implantação de etanol na sua matriz energética, sendo hoje o maior produtor, consumidor e exportador deste biocombustível, utilizando a cana-de-açúcar como material orgânico. Em torno de 73% dos veículos vendidos no nosso território aceitam tanto gasolina quanto álcool (automóveis bicombustíveis). UM POUCO DA HISTÓRIA Depois da crise do petróleo, em 1973, veio à tona a consciência de que era necessário buscar fontes que substituíssem o petróleo, coisa que também foi impulsionada pelos constantes apelos ambientais. Assim, surgiram novas usinas nucleares em diversas partes do mundo, bem como o aumento do consumo de carvão mineral e gás natural e do interesse pelos biocombustíveis. Em 1975, o Brasil desenvolveu o programa Pró-Álcool, que tinha como objetivo ampliar a produção e desenvolvimento do etanol. Essa tecnologia expandiu-se com base em incentivos governamentais e atingiu o seu ápice em 1986, quando a maioria dos veículos fabricados no Brasil tinha motores a álcool. No entanto, um pouco depois desse período, houve declínio constante na produção do etanol, uma vez que o açúcar enfrentou grande alta no mercado mundial, o que fazia com que os produtores perdessem o interesse pelo álcool. Esses fatores, em meio à queda do preço do petróleo, propiciaram uma estagnação do Pró-Álcool, no início da década de 1990. SITUAÇÃO ATUAL Nos últimos anos, em virtude da possível escassez do petróleo e da degradação ambiental, a utilização do álcool combustível voltou a tornar-se viável. O Brasil é destaque nesta tecnologia e possui centros de pesquisas organizados. Despertando o interesse mundial, o etanol é vantajoso em relação à gasolina, uma vez que o gás carbônico (CO2) liberado na sua queima é reabsorvido pelo canavial, diminuindo, pois, a poluição atmosférica. Entretanto, esta alternativa possui fatores negativos, pois pode induzir a monocultura da cana-de-açúcar, isto é, um vasto plantio de um único vegetal, o que implica perda de diversidade, desgaste do solo, além do risco de pragas prejudicarem intensamente a produção. Além disso, as condições de trabalho nos canaviais são muitas vezes desumanas, havendo intensa sobrecarga de atividades e péssimas remunerações. O potencial brasileiro para a produção do álcool etílico e, em geral, de outros biocombustíveis, como o biogás e o biodiesel, dá ao nosso país condição privilegiada no desenvolvimento de novas fontes de energia. Espera-se que a evolução da biotecnologia, como também dos mecanismos de produção, nas próximas décadas, ponha o etanol numa posição bastante representativa nas matrizes energéticas mundiais.

Nanotecnologia

A nanotecnologia é um ramo da ciência que abrange diversas outras áreas do conhecimento, como a medicina, a computação, as ciências naturais, a eletrônica, etc. Ela caracteriza-se pelo domínio e pela construção científica de estruturas e materiais muito pequenos, analisados na escala dos nanômetros (para se ter uma idéia, um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro).

34

Page 35: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A principal meta da nanotecnologia é dominar com precisão as técnicas de produção de equipamentos átomo por átomo, o que, como já prevêem os cientistas, anuncia uma nova revolução tecnológica.

Ao que tudo indica, as primeiras ideias voltadas à nanotecnologia foram propostas em 1959 pelo físico americano Richard Feynman. Numa palestra, o físico apresentou a possibilidade de, num futuro próximo, o homem manusear os átomos de diversas maneiras, respeitando as leis da natureza.

Outra abordagem importante sobre esse tema ocorreu nos anos 80, pelo cientista Eric Drexler, através do livro “Engines of creation” (Motores da Criação). Apesar de a obra de Drexler ter sido classificada, em alguns aspectos, como ficção científica, ela ratificou a possibilidade de construção de um mecanismo que, através de certa programação, pudesse montar, átomo por átomo, materiais e aparelhos quaisquer imaginados pelo homem.

Entretanto, considera-se, de fato, um marco para a evolução da nanociência a descoberta do microscópio de varredura por tunelamento eletrônico, em 1981, na Suíça, por pesquisadores da IBM. Esse microscópio deu ao homem a capacidade de visualizar as estruturas atômicas e o modo como o átomo se comporta

A rapidez com que essa tecnologia cresce traz à tona inúmeras perspectivas que podem transformar substancialmente a humanidade. Uma das principais atuações da nanotecnologia é na medicina; estima-se que dentro de poucos anos a produção de nanocápsulas carregadas com drogas ajudará no tratamento de doenças, direcionando essas nanoestruturas para locais determinados do corpo.

Sem dúvida alguma, os avanços obtidos com a nanotecnologia já confirmam o início de uma grande revolução tecnológica. Contudo, é importante salientar que existem riscos, como a nanopoluição, que se torna bastante nociva em decorrência das pequenas dimensões dos nanomateriais, que podem, inclusive, causar danos ainda desconhecidos.

Pré-sal

Pré-sal é a denominação das reservas petrolíferas encontradas abaixo de uma profunda camada de sal no subsolo marítimo, que também é chamada subsal. As rochas que contêm petróleo neste tipo de local normalmente são encontradas em regiões abissais, de difícil acesso e localização.

35

Page 36: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O Brasil se destaca no cenário mundial como o primeiro do mundo a encontrar petróleo na região pré-sal. Estas também são as maiores reservas conhecidas em zonas da faixa subsal. Além do Brasil, já foram identificadas outras áreas com forte potencial petrolífero em águas ultra-profundas, como Congo, Gabão, México e Cazaquistão. Confirmados, existem três campos de pré-sal: Tupi, Iara e Parque das Baleias, que vão de Santa Catarina até o Espírito Santo. Esses mais de 800 km de extensão da bacia de petrolífera já levaram a produção de 14 bilhões para 33 bilhões de barris. Ainda em prospecção, existem outras áreas, que poderão render de 50 a 100 bilhões de barris ao ano. E COMO SE FORMA O PETRÓLEO? Houve um tempo em que os continentes não tinham separação alguma entre si. África era colada na América, que era grudada na Ásia e na Europa. Quando se separaram as placas tectônicas, que formariam América do Sul e África, surgiram mares rasos, pântanos, mangues, onde se depositavam toda sorte de micro-organismos. Os espaços preenchidos por aquela matéria aquosa eram verdadeiras sopas de proteínas vivas. Com o passar dos milênios, e das Eras Glaciais, mais e mais micro-organismos se acumulavam ao longo do leito do mar, junto com sedimentos de rochas, areia, sal. Esse acúmulo formou as rochas depósito, que contém o petróleo que hoje é extraído. Milhões de anos se encarregaram de formar uma larga camada de sal — resultado de evaporação da água naqueles grandes e rasos lagos salobros —, que foi coberta pelos oceanos quando do degelo das calotas polares. Novas eras glaciais se seguiram, e os novos degelos trouxeram mais partículas para o fundo do mar, formando mais uma camada de rochas sedimentares. Estes micro-organismos sedimentados no fundo do oceano, soterrados sob pressão e com oxigenação reduzida, degradaram-se muito lentamente e com o passar do tempo, transformaram-se em petróleo, como o que hoje é encontrado no litoral do Brasil. LOCALIZAÇÃO As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil, no espaço de até 200 milhas da costa. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API. Estão localizadas nas águas territoriais brasileiras e na zona econômica exclusiva. O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre quatro e seis mil metros de profundidade no subsolo, chegando portanto a até 8000m da superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200 a 2000m de sal. Segundo Márcio Rocha Mello, geólogo e ex-funcionário da Petrobrás, a área do pré-sal poderia ser bem maior do que os 800 quilômetros, se estendendo de Santa Catarina até o Ceará. O conjunto de descobertas situado entre o Rio de Janeiro e São Paulo (Bem-te-vi, Carioca, Guará, Parati, Tupi, Iara, Caramba e Azulão ou Ogun) ficou conhecido como “Cluster Pré-Sal”, pois o termo geral “Pré-Sal” passou a ser utilizado para qualquer descoberta em reservatórios sob as camadas de sal em regiões petrolíferas do Brasil. Ocorrências semelhantes sob o sal podem ser encontradas nas Bacias do Ceará (Aptiano Superior), Sergipe-Alagoas, Camamu, Jequitinhonha, Curumuxatiba e Espírito Santo, sendo que a grande diferença deste último é que o sal é alóctone, que significa que não foi formado no local onde se encontra enquanto o brasileiro e o africano são autóctones, ou seja, se formou onde se localiza atualmente. EXTRAÇÃO E TECNOLOGIA A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de exploração do oceano, mas também de técnicas avançadas de perfuração do fundo do mar. A Petrobras afirma que já possui tecnologia eficaz na extração do óleo da camada. O escopo da empresa é desenvolver inovações tecnológicas que permitam maior rentabilidade, principalmente nas áreas abissais.

36

Page 37: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Em setembro de 2008, a Petrobras começou a explorar petróleo da camada subsal em pequena escala. Esta primeira exploração ocorre no Campo de Jubarte, também chamada de Bacia de Campos. Um problema a ser enfrentado pelo país diz respeito ao ritmo de extração de petróleo e o destino desta riqueza. Se o Brasil extrair todo o petróleo muito rapidamente, este pode se esgotar em uma geração. Se o país se tornar um grande exportador de petróleo bruto, isto pode provocar a sobrevalorização do câmbio, dificultando as exportações e facilitando as importações. Este fenômeno é conhecido como "mal holandês", que pode resultar na queda de produtividade de outros setores, como a indústria e agricultura. CURIOSIDADE Os nomes que se anunciam das áreas do Pré-Sal possivelmente não poderão ser os mesmos, pois se receberem o status de "campo de produção", os mesmos deverão ser batizados, segundo o artigo 3o da Portaria ANP nº 90, com nomes ligados à fauna marinha.

400 anos do telescópio de Galileu

Há 400 anos, a Terra passou a girar em torno do sol, e não o contrário, como se acreditava até então. Em 1609, nascia o telescópio de Galileu Galilei, astrônomo italiano e catedrático de matemática da Universidade de Pádua, que se transformou no elo entre passado e ciência moderna.

37

Page 38: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Embora não o tenha inventado, Galileu aprimorou o jogo de lentes encaixado num tubo, aumentou sua potência em 30 vezes a partir do original — comprado de um fabricante de óculos da Holanda — e foi o primeiro a utilizar o telescópio para fins científicos. Ao apontar suas lentes para o céu durante a noite, o astrônomo derrubou a teoria vigente de que a Terra era o centro do Universo. O sistema de planetas por ele observado tinha o Sol como centro dos corpos da Via Láctea, e a Terra, ao contrário do que a Igreja defendia, movia-se sim junto com os outros astros. Suas descobertas o levaram a um entrevero com a Igreja Católica, que defendia que todos os astros celestes giravam ao redor de uma Terra esférica e imóvel. Em 1616, o Tribunal do Santo Ofício declarou que a ideia de o Sol ser o centro do Universo era uma heresia e que afirmação de que a Terra movia-se era teologicamente incorreta. A Inquisição havia incluído na lista dos Livros Proibidos, o Index, os livros sobre heliocentrismo escritos pelo matemático e astrônomo polaco Nicolau Copérnico — pai da teoria contrária ao geocentrismo. Apesar de não ter nenhuma das suas publicações citadas no rol dos proibidos pela Igreja, Galilei foi chamado algumas vezes para prestar esclarecimentos sobre suas ideias, e por fim, acabou atormentado pelas ordens do inquisidor Roberto Bellarmino a abandonar sua teoria heliocêntrica, exceto para os casos onde fosse somente uma ferramenta matemática. Apesar de católico ferrenho, Galileu era também um espírito inquieto e não acatou as “sugestões” do Tribunal do Santo Ofício. Por outro lado, a Igreja Católica vivia dias conturbados, graças à recente Reforma Protestante, que tomava corpo e ganhava mais adeptos a cada dia. Nesse cenário, Galileu Galilei, apesar de bastante doente, foi novamente convocado a comparecer a Roma, dessa vez para ser julgado e condenado. Mesmo estando sob a pena de ter que negar tudo o que antes havia afirmado sobre o movimento da Terra, e tendo que cumprir um período indeterminado de prisão, Galileu saiu dos tribunais e declarou "Eppur si muove!" — “contudo, ela se move!”. Já cego, enfermo, Galileu Galilei publicou sua mais importante obra, Discorsi e Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze, em 1638, na Holanda, que abraçara o protestantismo e abolira o Index. As descobertas de Galilei não mudariam somente a visão já ultrapassada que os humanos tinham do universo, como modificaria uma significativa parcela do relacionamento da Ciência com a Igreja, e mudaria a própria história do pensamento. Em homenagem à invenção do telescópio e às descobertas de Galileu, 2009 é o Ano Internacional da Astronomia.

Crise Econômica Mundial

A ORIGEM DA CRISE

38

Page 39: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O início da crise que se deu nos EUA foi semelhante à II Guerra Mundial provocando um dos piores momentos de tensão financeira vivido pelo mundo, o que resultou na grande desvalorização da taxa de câmbio mundial, causando o famoso “efeito dominó” - se um país cai, todos acompanham. Em 2001, investidores foram orientados pelo presidente da Reserva Federal Americana a lançarem seus investimentos no setor imobiliário. Adotando uma política de taixas de juros muito baixas e de redução das despesas financeiras, o então presidente, Alan Greenspan, induziu os intermediários financeiros e imobiliários a incentivar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis para financiar casas aos mais pobres. Contando com a garantia do governo, vários bancos mundiais, acabaram emprestando dinheiro a imobiliárias que tinham autorização para captar empréstimos em qualquer lugar do mundo. Dessa maneira, foi criado um sistema conhecido como “sistema das hipotecas subprime”, cujos empréstimos hipotecários eram de alto risco, de taxa variável e concedidos às famílias "frágeis", ou seja, sem renda, sem emprego e sem patrimônio. Na realidade, eram empréstimos interligados com a aquisição de cartões de crédito, concedidos às famílias que não possuíam renda suficiente para custear suas prestações. Posteriores às hipotecas, foram criados pelos bancos os “derivativos negociáveis”, oriundos da transformação destas hipotecas em títulos livremente negociáveis e que passaram a ser vendidos para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos de pensão pelo mundo afora. Quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juros para tentar reduzir a inflação, o preço dos imóveis caiu, tornando-se impossível seu refinanciamento para os clientes menos favorecidos, que se tornaram inadimplentes em massa, e esses títulos derivativos se tornaram impossíveis de ser negociados, a qualquer preço, desencadeando um efeito dominó, fazendo balançar o sistema bancário internacional, a partir de agosto de 2007. EFEITOS DA CRISE As conseqüências da crise econômica geraram reações desesperadas. Países como os Estados Unidos e grandes potências foram os que mais sofreram. Com o aumento do dólar, criou-se uma maior dificuldade no comércio internacional e nas viagens para o exterior. Os alimentos e combustíveis como álcool, gasolina, gás e outros aumentaram de preço. A falta de dinheiro em todos os setores começou a gerar muito desemprego reduzindo o poder de compra do consumidor, e, consequentemente, houve a redução do consumo, da produção e o aumento da inflação. Países que mantêm relações mais estreitas com os EUA, ou seja, os que fazem parte da zona de livre comércio americana - México e os países da América Central - são os mais prejudicados, pois o número de exportações de produtos sofreu reduções alarmantes. OS EFEITOS DA CRISE NO BRASIL No Brasil, o efeito mais imediato foi a baixa das cotações das ações em bolsas de valores, provocada pela venda de ações de estrangeiros, que se atropelaram para repartir seus capitais a fim de cobrir suas perdas nos países de origem. Por causa disso, aconteceu também uma súbita e expressiva alta do dólar. No setor bancário, devido ao clima de quase pânico que se instaurou nos mercados financeiros, ocorreu uma paralisação quase total dos empréstimos normalmente concedidos pelos grandes bancos aos menores. Os maiores prejuízos com a crise foram das empresas. A alta do dólar elevou o preço dos produtos e consequentemente a inflação. Os setores da economia brasileira que dependem de importações de produtos industrializados obtiveram queda nas vendas internas e externas, baixando a produção, gerando desemprego e a concessão de férias coletivas em inúmeras empresas.

39

Page 40: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

MEDIDAS DE CONTROLE Para melhorar a situação deixada pela crise econômica, muitos governos optam pela reestruturação do crédito, a partir do emprego de grandes recursos. Os bancos devem voltar a realizar empréstimos e financiar o setor de produção.

Crise Econômica Mundial

O mercado mundial vivencia uma crise de grandes proporções iniciada nos EUA a partir do crescimento na especulação imobiliária, da redução na oferta de créditos e do descontrole do sistema financeiro. Em um mundo globalizado, diante da complexidade das relações estabelecidas entre os mercados financeiros, é inevitável a repercussão dos efeitos da crise nas diversas economias ao redor do mundo, inclusive na economia brasileira.

40

Page 41: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

AS CAUSAS DA CRISE Nos EUA, tudo começou em 2001, com a especulação no mercado de ações relacionadas à internet. Inúmeras instituições financeiras americanas investiram grandes quantias, apostando em um enorme aquecimento deste setor, que, com o passar dos anos, mostrou-se muito menos rentável do que o esperado. Este momento da crise foi chamado de “Bolha da Internet”, e resultou na falência de duas das maiores instituições financeiras dos EUA: o AIG (American International Group) e o Lehman Brothers. A intensificação da crise veio com o aumento da especulação imobiliária, que fez com que os preços dos imóveis subissem mais do que o devido: as pessoas passaram a pagar cada vez mais pelos imóveis, a maioria delas a partir de empréstimos bancários, imaginando que no futuro valeriam ainda mais. Quando os agentes do mercado imobiliário e de crédito resolveram estender os empréstimos para clientes de menor renda, proliferando os chamados empréstimos “subprime” (empréstimos a pessoas de baixa renda e, portanto, de maior risco), foram estabelecidas as condições que mais à frente culminariam na crise econômica. Na realidade, os empréstimos “subprime” foram concedidos porque se esperava uma queda de juros que afastaria a possibilidade de inadimplência, o que não ocorreu, acarretando prejuízos monumentais aos bancos. Este desequilíbrio gerou um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Com a onda de falências, inúmeras instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos, inclusive entre si mesmas, o que afetou diretamente o crédito em virtude da insegurança gerada aos clientes. A repercussão no crédito é um fator que propicia a transferência da crise do sistema financeiro para toda a economia. Rapidamente a crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa e trouxe inúmeras repercussões para todo o mundo. AS CONSEQUÊNCIAS DA CRISE De todas as repercussões da crise, a ausência de crédito decorrente da falta de confiança nos agentes financeiros é a mais preocupante, pois reduz os investimentos, a produção, a geração de empregos e, consequentemente, o consumo. Com a queda do consumo, a estrutura econômica se fragiliza gerando diversos transtornos, como a inflação. No mês de novembro de 2008, o corte de empregos nos EUA foi o maior desde 1974 e o número de norte-americanos desempregados já chega a 10,3 milhões. Além dos EUA, diversos países também sofrem com o desemprego, como é o caso do Canadá, que perdeu cerca de 70 mil empregos em novembro, o maior patamar desde junho de 1982. No Brasil, assim como em diversas economias periféricas, um grande número de produtos consumidos é importado, como derivados de petróleo, trigo, princípios ativos dos medicamentos, fertilizantes, etc.. Portanto, um aumento na cotação do dólar eleva o preço desses produtos e, consequentemente, a inflação. Ainda como um efeito indireto, a redução do crédito e dos investimentos reduz o crescimento econômico, o que faz com que as empresas nacionais invistam menos e reduzam a contratação de trabalhadores, diminuindo a oferta de empregos no país. Os últimos efeitos da crise no Brasil relacionam-se com a queda dos empregos na produção industrial; a queda nas vendas internas e externas pôs um freio na produção de diversas montadoras de automóveis, gerando desemprego e a concessão de férias coletivas em inúmeras empresas. OS MECANISMOS DE COMBATE As medidas de controle da crise adotadas pela maioria dos governos centram-se na reestruturação do crédito, a partir do emprego de vultosos recursos para conter maiores danos às economias. Deve-se garantir a possibilidade de os bancos realizarem empréstimos entre si e financiarem novamente o setor de produção, além de evitar que os clientes retirem o dinheiro depositado nos bancos de maneira preventiva.

41

Page 42: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

No Brasil, assim como no resto do mundo, também foi inevitável a intervenção do Estado no mercado financeiro: através da oferta de dólares, o Banco Central procura frear a subida excessiva do valor da moeda estrangeira para proteger as metas de inflação do governo traçadas previamente. NEOLIBERALISMO E CRISE FINANCEIRA Nos últimos anos, o pensamento neoliberal tem predominado no mundo, mas diante da crise, a ameaça de desaceleração das economias e de recessão evidencia a necessidade de medidas emergenciais para evitar os prejuízos, o que aponta para a tendência de revisão das balizas da economia. De acordo com a política neoliberal, baseada na intervenção mínima do Estado na economia e na consequente redução dos gastos governamentais, a própria dinâmica das forças de mercado e a iniciativa privada seriam capazes de promover a melhor organização da produção e da distribuição dos produtos no país, sem que fosse necessária a imposição de diretrizes pelo Estado. No entanto, em face de um desequilíbrio tão ameaçador como o de uma crise financeira como esta, os custos e as principais medidas de controle tomadas são arcados pelo próprio governo, a exemplo dos pacotes bilionários de auxílio e de empréstimos para suprir os déficits das empresas. Para muitos, este tipo de reação põe em questão a viabilidade da economia neoliberal com seu ideal de auto-regulação. As mudanças trazidas pela crise podem representar um marco na história do pensamento econômico, pois se recupera a ideia dos gastos governamentais como impulsionadores do desenvolvimento da economia, até mesmo por meio do incentivo ao investimento privado. Ademais, se por um lado, ao prevalecer a política neoliberal com o capital privado arcando com os riscos e perdas decorrentes da sua atuação, poderia ser estimulada uma conduta mais cautelosa por parte das empresas privadas, por outro, a crise também gera impactos desastrosos sobre a vida de muitos trabalhadores e da população em geral, o que faz necessária a interferência do Estado no problema para garantir a efetividade dos direitos sociais.

África

Terceiro maior continente do mundo e segundo mais populoso, a África apresenta os piores índices de desenvolvimento humano do planeta, um retrato da miséria e da fome que por muitos anos castiga o seu povo. Apesar de toda a riqueza natural que o continente africano possui, a maioria da população

42

Page 43: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

vive em condições sub-humanas, sem acesso às condições mínimas de alimentação, higiene, moradia, educação, etc. Mas por que existe tanta miséria em uma região tão rica? Para entendermos a atual condição do povo africano, é necessário voltar alguns anos no tempo, e pensar em questões relacionadas à colonização, etnias, religiões, culturas e territórios. A COLONIZAÇÃO EUROPEIA O continente africano foi alvo de inúmeros processos de colonização desde os tempos mais remotos da civilização. Fenícios, gregos, romanos e árabes invadiram diversas vezes o território africano, principalmente a região do vale do Nilo. Entretanto, a recente colonização europeia é a principal responsável pela consolidação da atual estrutura do continente africano. A colonização europeia tem início no século XIV, com a expansão comercial e marítima das potências europeias, principalmente Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Em busca de novos caminhos para a Ásia, a África entra na rota dos mercadores europeus. Aproveitando o enorme número de etnias distintas, a estrutura tribal predominante no continente e os conflitos entre estas tribos, os colonizadores valem-se da ganância de alguns chefes e iniciam o processo de tráfico de escravos, capturando e comercializando milhões de africanos. Esta emigração forçada de milhões de africanos é chamada de Diáspora Africana. A maioria dos negros escravizados era negociada para trabalhar na construção dos países do novo mundo, como Estados Unidos e Brasil. Os negros eram tratados como animais e não possuíam qualquer direito civil estabelecido para o resto da população. O intenso tráfico de escravos dura até o século XIX, quando ocorre a Revolução Industrial. França e Inglaterra, principalmente, começam a combater o tráfico de escravos e o modo de produção escravista, já que precisavam aumentar o seu mercado consumidor. Além do tráfico de escravos, o continente africano também despertava o interesse das grandes nações pelos seus numerosos recursos minerais, como ouro, ferro, marfim, esmeraldas e diamantes. Em 1884 as grandes potências mundiais reúnem-se na Conferência Berlim, com o objetivo de fixar a partilha da África, decidindo que um país não poderia invadir o território ocupado por outro. Apenas a Etiópia e a Libéria não foram invadidas pelos colonizadores. Durante a I Guerra Mundial, 90% do território africano estavam sob ocupação europeia. Após a II Guerra Mundial, aproveitando o enfraquecimento dos países europeus e a ocupação de alguns territórios africanos por parte da Itália e Alemanha, os países africanos iniciam o processo de independência e aos poucos vão se consolidando como pátrias livres. ETNIAS X TERRITÓRIOS X RELIGIÕES X CULTURAS O povo africano é formado por centenas de etnias distintas. Ao norte do Saara fica a chamada África Branca, formada por árabes, egípcios e berberes. No resto do território está a chamada África Negra, formada por diversas etnias diferentes, sendo as mais expressivas: sudaneses, bantos, nilóticos, pigmeus, bosquímanos e hotentotes. Antes do processo de colonização a África era constituída por diversas etnias que se organizavam em um sistema tribal. As diferentes tribos ocupavam territórios distintos, e possuíam religiões, línguas e culturas diferentes umas das outras. São os colonizadores que descaracterizam os povos e colocam-nos como um só grupo: os negros. Entretanto, quando o processo de colonização chega ao fim, os países africanos apresentam fronteiras e organizações sócio-culturais que não condizem com a história daqueles povos. Este choque de culturas e interesses passa então a desencadear uma série de confrontos e guerras civis em toda a África. Alguns dos conflitos na África se tornaram verdadeiros genocídios. Podemos citar dois casos marcantes na história recente da África:

43

Page 44: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

• Genocídio em Ruanda: Ruanda era uma colônia belga, e após adquirir sua liberdade, estruturou sua frágil economia na plantação e exportação de café. Duas etnias compunham o país, os tutsi (que assumiram o governo após a independência) e os hutus. Após a crise de alimentos enfrentada no início dos anos 90, os hutus (maioria da população) se organizam para tomar o poder e expulsar os tutsi de Ruanda. Em 1994, após a morte do presidente Juvenal Habyarimana em um atentado, começa o genocídio que, segundo estimativas, deixou aproximadamente 1 milhão de pessoas mortas, a maioria tutsis; • Genocídio em Darfur: pertencente ao Sudão, Darfur é uma região povoada pelas etnias janjawid e baggara, ambas de religião mulçumana e língua árabe. Apoiados pelo governo, entre 2003 e 2006 estes dois povos massacraram a população não-árabe da região, opositora do governo. Estima-se que o número de mortos chegue a 400 mil pessoas, e mais de 2 milhões de refugiados. MISÉRIA, FOME E AIDS O processo de colonização deixou o continente africano em uma situação de miséria e fome. O modelo extrativista impossibilitou o desenvolvimento industrial, a distribuição das riquezas, os investimentos necessários para o desenvolvimento humano, tais como: urbanismo, esgoto, educação, saúde e lazer. As intensas guerras civis só atrapalharam a consolidação de nações igualitárias e prósperas. O intenso conflito entre negros e brancos no continente também contribuiu para a perpetuação da pobreza. Os brancos, minoria descendente dos colonizadores, implantaram o regime do Apartheid, em que os negros não tinham direitos políticos e civis iguais aos dos brancos. Em 1994 o líder sul-africano Nelson Mandela, após vencer as eleições, põe abaixo o regime do Apartheid. Segundo o último relatório da ONU, 38 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome no continente africano. Além da fome, a AIDS é outra mazela que vem dizimando a população africana ao longo dos anos. Estima-se que a AIDS tenha matado 17 milhões de pessoas no continente, e em uma década matará mais 22 milhões. A falta de investimento em educação e saúde faz com que a epidemia fique fora de controle em todo território africano. O Brasil tem se mostrado atento e ativo às causas africanas. Em Angola, por exemplo, país que atravessou uma longa guerra civil e que agora começa a se re-estruturar, o Brasil possui investimentos que ultrapassam 1 bilhão de dólares, em diversos setores como: urbanismo e infra-estrutura, educação, moradia e produção de energia.

Oriente Médio: Principais Conflitos

Em linhas gerais, quatro são os principais pontos de tensão envolvendo o oriente médio e, consequentemente, toda a comunidade mundial. São eles: ISRAEL E PALESTINOS

44

Page 45: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

As tensões criadas desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, acarretam ainda hoje ameaças de cisão no território, que já está parcialmente dividido por regiões descontínuas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Atualmente, há um novo conflito na região entre os dois principais grupos palestinos. De um lado, o Fatah (favorável ao entendimento com os israelenses) e Hamas (organização mais radical que sustenta a destruição de Israel). As divergências entre as duas facções chegaram ao conflito armado, que resultou na divisão do território; atualmente, o Fatah domina a região da Cisjordânia, enquanto o Hamas controla a Faixa de Gaza. OCUPAÇÃO DO IRAQUE Desde 2003, a coalizão comandada pelos EUA e pelo Reino Unido ocupou a região, que atualmente vivencia uma situação de guerra civil entre sunitas e xiitas, com conflitos e atentados suicidas quase diariamente. Há estimativas de que, desde 2006, ocorram por mês 3 mil mortes causadas pela violência. A situação dos refugiados no Iraque, segundo dados da ONU, já representa um deslocamento de pessoas maior que o desalojamento dos palestinos quando da criação do Estado de Israel. Os xiitas, minoria entre os muçulmanos, mas maioria no Iraque, foram muito oprimidos durante o regime ditatorial de Saddam (1979-2003). No pós-guerra iraquiano, tanto os sunitas quanto xiitas tentam controlar o poder, os primeiros querem retomar o domínio sobre a região e impedir que a ocupação dos EUA reduza a influência sunita, enquanto os segundos querem revidar os tantos anos de humilhações e agressões sofridas. A derrubada do regime de Saddam Hussein pelo governo norte-americano teria a finalidade de instaurar um regime democrático na região, mas inúmeros obstáculos podem surgir, inclusive relacionados à própria cultura local que não está familiarizada com a dissociação entre Estado e Religião. Sob a alegação de que o governo Iraquiano possuía armas químicas de destruição em massa, os EUA iniciaram seu plano de ocupação. Algum tempo depois, foi constatado que a suposta fábrica de armamentos químicos não existia, alimentando a hipótese de que a invasão teria motivação econômica. IRÃ E SUSPEITAS DE AMEAÇA NUCLEAR A república islâmica do Irã sofre pressões por parte da ONU para que interrompa o seu programa de enriquecimento de urânio, processo que, se realizado com finalidade pacífica, está em conformidade com as normas e tratados internacionais. Se por um lado o governo iraniano garante que o processo é realizado para fins pacíficos, por outro, as grandes potências mundiais desconfiam e temem que a real finalidade seja a construção de armas atômicas. A Coréia do Norte, que recentemente realizou testes subterrâneos com bombas nucleares, afirma estar ajudando o Irã a realizar os mesmos testes em seu território, aumentando ainda mais a desconfiança internacional em volta do programa nuclear iraniano. Com a recente eleição do país, que a imprensa internacional considerou como “manipulada” pelo governo deMahmoud Ahmadinejad, fica ainda mais difícil a relação do Irã com a comunidade internacional. TENSÕES ENTRE SÍRIA E LÍBANO Líbano e Síria estiveram por muito tempo ligados; compunham juntos o Império Turco-Otomano, passando a pertencer à França após a Primeira Guerra mundial, quando foram administrativamente separados. A Síria dominou o Líbano por 30 anos e atualmente é acusada de sustentar oHezbollah, partido político islâmico devidamente legalizado no Líbano, como uma forma de interferir na política libanesa. Em 2006, o Líbano sofreu um ataque violento por parte de Israel, visando atingir o, Hezbollah que é visto pelos EUA e por Israel como um grupo terrorista. Para os EUA, também o Irã estaria ligado à organização terrorista apoiando o Hezbollah.

Projeto Calha Norte

Cabe ao Governo Federal voltar suas vistas para a Amazônia, traçando uma política efetiva de ação para a área, sem receio de nela investir, reativando, de logo, o Projeto Calha Norte, com a dimensão que todos os brasileiros dele esperam, a fim de livrar a Amazônia dos olhos cobiçosos dos donos do mundo.

45

Page 46: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

O Projeto Calha Norte foi instituído para proteger extensa faixa de fronteira na Amazônia, profundamente despovoada, merecendo, portanto, cuidados especiais do Governo Federal. Foi criado em 1985 pelo Governo Federal e atualmente é subordinado ao Ministério da Defesa. Visa aumentar a presença do poder público na sua área de atuação e contribuir para a Defesa Nacional.

A ideia de desenvolvimento econômico nas faixas de fronteira, especialmente na Amazônia Legal, firma-se na ocupação gradual e sistemática dessas áreas, através de políticas do Governo calcadas em projetos de colonização dos vazios existentes na região.

Nada mais indicado para a realização desse desiderato, portanto, do que o Calha Norte, de forte inspiração patriótica e de alto cunho social.

De passagem, cabe acentuar, que o patrimônio da Amazônia é gigantesco: um terço das florestas do planeta; uma bacia hidrográfica que, com seus recursos hídricos, representa um quinto da disponibilidade de água doce do mundo; biodiversidade de oito milhões de espécies; um continente geográfico que corresponde à vigésima parte da superfície terrestre; províncias minerais de ferro, manganês, cobre, cassiterita, bauxita, caulim, ouro, gás, petróleo, etc.

E por falar em biodiversidade, o pesquisador Frederico Arruda, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade do Amazonas, com base em informação contida no periódico americano Washington Insight especializado em produtos naturais e destinado a empresários da indústria farmacêutica, declarou que pelo menos 10 mil extratos vegetais continuam sendo contrabandeados da Amazônia para os EUA, Europa e Japão (a publicação é antiga).

Admite o pesquisador que o volume contrabandeado pode ser infinitamente maior e que a coleta está sendo feita com a utilização do GPS, um instrumento de localização geográfica de alta precisão.

Laboratórios dos Estados Unidos, Itália e Japão estariam envolvidos, ainda, na importação ilegal de rãs e da planta conhecida como pedra-umi-caá, coletadas no Amazonas. O pesquisador garante que as rãs estão sendo levadas para o desenvolvimento de analgésicos e drogas para o tratamento de doenças neuro-vegetativas.

A revitalização do Projeto Calha Norte é inadiável. Ele representa a salvação das áreas de fronteira, oferecendo apoio à Amazônia como um todo.

Belo Monte

Contexto: O projeto ressurge como uma obra estratégica, apresentada por meio de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de mais de 20 mil páginas, como a possível terceira maior hidrelétrica do mundo, perdendo apenas para a usina Três Gargantas (China) e para Itaipu (Brasil-Paraguai).

46

Page 47: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

A hidrelétrica de Belo Monte propõe o barramento do rio Xingu com a construção de dois canais que desviarão o leito original do rio, com escavações da ordem de grandeza comparáveis ao canal do Panamá (200 milhões m3) e área de alagamento de 516 km2, o equivalente a um terço da cidade de São Paulo.

Questão energética: A UHE de Belo Monte vai operar muito aquém dos 11.223 MW aclamados pelos dados oficiais, devendo gerar em média apenas 4.428 MW, devido ao longo período de estiagem do rio Xingu, segundo Francisco Hernandes, engenheiro elétrico e um dos coordenadores do Painel dos Especialistas, que examina a viabilidade da usina. Em adição, devido à ineficiência energética, Belo Monte não pode estar dissociada da ideia de futuros barramentos no Xingu. Belo Monte produzirá energia a quase 5.000 km distantes dos centros consumidores, com consideráveis perdas decorrentes na transmissão da energia.

Esse modelo ultrapassado de gestão e distribuição de energia a longas distâncias indica que o governo federal deveria planejar sua matriz energética de forma mais diversificada, melhor distribuindo os impactos e as oportunidades socioeconômicas (ex.: pequenas usinas hidrelétricas, energia de biomassa, eólica e solar) ao invés de sempre optar por grandes obras hidrelétricas que afetam profundamente determinados territórios ambientais e culturais, sendo que as populações locais, além de não incluídas nos projetos de desenvolvimento que se seguem, perdem as referências de sobrevivência.

Questão ambiental: A região pleiteada pela obra apresenta incrível biodiversidade de fauna e flora. No caso dos animais, o EIA aponta para 174 espécies de peixes, 387 espécies de répteis, 440 espécies de aves e 259 espécies de mamíferos, algumas espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem na região), e outras ameaçadas de extinção. O grupo de ictiólogos do Painel dos Especialistas tem alertado para o caráter irreversível dos impactos sobre a fauna aquática (peixes e quelônios) no trecho de vazão reduzida (TVR) do rio Xingu, que afeta mais de 100 km de rio, demonstrando a inviabilidade do empreendimento do ponto de vista ambiental. Segundo os pesquisadores, a bacia do Xingu apresenta significante riqueza de biodiversidade de peixes, com cerca de quatro vezes o total de espécies encontradas em toda a Europa. Essa biodiversidade é devida inclusive às barreiras geográficas das corredeiras e pedrais da Volta Grande do Xingu, no município de Altamira (PA), que isolam em duas regiões o ambiente aquático da bacia. O sistema de eclusa poderia romper esse isolamento, causando a perda irreversível de centenas de espécies.

Outro ponto conflituoso é que o EIA apresenta modelagens do processo de desmatamento passado, não projetando cenários futuros, com e sem barramento, inclusive desconsiderando os fluxos migratórios, que estão previstos nos componentes econômicos do projeto, como sendo da ordem de cerca de cem mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos.

Questão cultural e impactos da obra sobre as populações indígenas: O projeto tem desconsiderado o fato de o rio Xingu (PA) ser o ‘mais indígena’ dos rios brasileiros, com uma população de 13 mil índios e 24 grupos étnicos vivendo ao longo de sua bacia. O barramento do Xingu representa a condenação dos seus povos e das culturas milenares que lá sempre residiram.

O projeto, aprovado para licitação, embora afirme que as principais obras ficarão fora dos limites das Terras Indígenas, desconsidera e/ou subestima os reais impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais do empreendimento. Além disso, é esperado que a obra intensifique o desmatamento e incite a ocupação desordenada do território, incentivada pela chegada de migrantes em toda a bacia e que, de alguma forma, trarão impactos sobre as populações indígenas.

Como já exposto, o Trecho de Vazão Reduzida afetará mais de 100 km de rio e isso acarretará em drástica redução da oferta de água. Os impactos causados na Volta Grande do Xingu, que banha diversas comunidades ribeirinhas e duas Terras Indígenas – Juruna do Paquiçamba e Arara da Volta

47

Page 48: Apostila Dos Assuntos Mais Discutidos

Grande, ambas no Pará -, serão diretamente afetadas pela obra, além de grupos Juruna, Arara, Xypaia, Kuruaya e Kayapó, que tradicionalmente habitam as margens desse trecho de rio. Duas Terras Indígenas, Parakanã e Arara, não foram sequer demarcadas pela Funai. A presença de índios isolados na região, povos ainda não contatados, foram timidamente mencionados no parecer técnico da Funai, como um apêndice.

A noção de afetação pelas usinas hidrelétricas considera apenas áreas inundadas como “diretamente afetadas” e, por conseguinte, passíveis de compensação. Todas as principais obras ficarão no limite das Terras Indígenas que, embora sejam consideradas como “indiretamente afetadas”, ficarão igualmente sujeitas aos impactos físicos, sociais e culturais devido à proximidade do canteiro de obras, afluxo populacional, dentre outros. O EIA desconsidera ou subestima os riscos de insegurança alimentar (escassez de pescado), insegurança hídrica (diminuição da qualidade da água com prováveis problemas para o deslocamento de barcos e canoas), saúde pública (aumento na incidência de diversas epidemias, como malária, leishmaniose e outras) e a intensificação do desmatamento, com a chegada de novos migrantes, que afetarão toda a bacia.

Polêmicas: O processo de licenciamento da UHE Belo Monte tem sido cercado por polêmicas, incluindo ausência de estudos adequados para avaliar a viabilidade ambiental da obra, seu elevado custo, a incerteza dos reais impactos sobre a biodiversidade e as populações locais, a ociosidade da usina durante o período de estiagem do Xingu, e a falta de informação e de participação efetiva das populações afetadas nas audiências públicas.

No final de dezembro de 2009, os técnicos do Ibama emitiram parecer contrário à construção da usina (Parecer 114/09, não publicado no site oficial), onde afirmam que o EIA não conseguiu ser conclusivo sobre os impactos da obra: “o estudo sobre o hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade que garante a segurança alimentar e hídrica das populações do trecho de vazão reduzida (TVR) e os impactos decorrentes dos fluxos migratórios populacionais, que não foram dimensionados a contento”. A incerteza sobre o nível de estresse causado pela alternância de vazões não permite inferir com segurança sobre a manutenção dos estoques de pescado e das populações humanas que desses dependem, a médio e longo prazos. Ainda segundo o parecer técnico, para “a vazão de cheia de 4.000m3/s, a reprodução de alguns grupos de peixes é apresentada no estudo como inviável”, ou seja, o grau de incerteza denota um prognóstico extremamente frágil.

No início deste ano (01/02/10), o governo federal anunciou a liberação da licença prévia para a construção da UHE Belo Monte sob 40 condicionantes, nem todas esclarecidas. A licença foi liberada num tempo recorde e o leilão, que deveria acontecer em abril, foi adiantado para o início de março deste ano. Como a única voz dissonante, o ministro do Meio Ambiente enfatizou a concessão de R$1,5 bilhão como medidas mitigatórias ao projeto, um valor relativamente pequeno em relação ao custo estimado da obra (R$30 bilhões) e incerto para os impactos que ainda se desconhece.

Vale lembrar que uma bacia e seus povos repletos de história e diversidade social, ambiental e cultural nunca terão preço capaz de compensar tamanha riqueza.

48