Apostila de Economia II v 022011

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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA REGIÃO CENTRO-SUL (FUNDASUL) FACULDADE CAMAQUENSE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRATIVAS – (FACCCA) DISCIPLINA ECONOMIA II SEMESTRE DE 2011 Versão 022011 Professor: Júlio César Vieira da Silva Aluno:____________________________

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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA REGIÃO CENTRO-SUL

(FUNDASUL)

FACULDADE CAMAQUENSE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRATIVAS

– (FACCCA)

DISCIPLINAECONOMIA II

2º SEMESTRE DE 2011

Versão 022011

Professor: Júlio César Vieira da Silva

Aluno:____________________________

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Bibliografia Básica

- GREMAUD, Amaury Patrick. Et al Diva Benevides Pinho, Marco

Antônio Sandoval de Vasconcellos Manual de Economia. 4. Ed. São Paulo:

Saraiva. 2003.

- WESSELS, Walter J. Economia. 2. Ed. –São Paulo: Saraiva, 2003

- MCCONNELL BRUE. Microeconomia. Rio de Janeiro: LTC – Livros

Técnicos Científicos Editora S. A. , 2001.

- PINDYCK, robert S.;RUBINFELD. Microeconomia. São Paulo; Makron

Books do Brasil, 1999.

- VASCONCELLOS, Marco Antônio. Sandoval de, Economia Básica. São

Paulo: Atlas, 1998

- MONTORO FILHO, ª F. et al . l. Manual de Economia. São Paulo,1998.

- MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo:

Makron Books, 1994.

- GALBRAITH, John K. A Economia ao Alcance de Quase Todos, 4 Ed.

São Paulo: Pioneira, 1992.

- ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas,

1990.

- SAMUELSON, Paul ª , Introdução à Análise Econômica. Rio de Janeiro:

Agir, 1990.

- WONNACOTT/WONNACOTT & CRUSIUS/CRUSSIUS. Economia.

São Paulo: MCGraw-Hill, 1982.

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

1 TEORIA DA DEMANDA DO CONSUMIDOR1.1 A escolha do Consumidor e a Procura2.1 Abordagem pela Utilidade2.2 Abordagem pelas Curvas de Indiferenças2.3 Definição de Bens Normais, Substitutos e Complementares

2 TEORIA ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO2.1 Demanda Oferta e Equilíbrio 2.2 Lei da Demanda3 Demanda por um indivíduo2.3 Demanda de Mercado por uma Mercadoria

2.3.1 Oferta de uma Mercadoria por um produto Individual; Lei da Oferta2.3.2 Oferta de Mercado para uma Mercadoria2.3.3 Equilíbrio de Mercado2.3.4 Representação gráfica das curvas de Demanda e de Oferta2.3.5 Receita Total e Receita Marginal2.3.6 Aplicação Básica da Teoria de Mercado – Política de Preços Mínimos, Controle de Preços, Racionamento e Tributação sobre as Vendas

3 TEORIA DA FIRMA3.1 A Produção e a Firma3.2 A Importância da Teoria da Produção3.3 Conceitos Básicos de Produção3.4 Combinação de Recursos3.5 Custos de Produção de Longo Prazo e Curto Prazo3.6 Os Rendimentos da Firma3.7 Condições de Otimização dos Resultados: O Equilíbrio da Firma

4 ESTRUTURA BÁSICA DE MERCADO

4.1 Concorrência Perfeita e Monopólio

4.2 Importância dos Modelos

4.3 Hipóteses dos Modelos

4.4 Equilíbrio das Firmas, Curto Prazo e Longo Prazo

4.5 Efeitos das Estruturas de Mercados sobre os preços da Produção

4.6 Estrutura de Mercado mais complexa: Oligopólio, Monopsônio, Monopólio

Bilateral

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ECONOMIA I ou ANÁLISE MICROECONOMICA

São o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades

de consumo (indivíduos/famílias) ao estudo das empresas, suas respectivas produções e

custos, e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores de produção.

A Análise Microeconômica, ou simplesmente microeconomia ou ainda Teoria dos

Preços analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor

interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em

mercados específicos.

Mercado: é, pois um grupo de compradores e vendedores que por meio de suas reais

ou potenciais interações, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos.

Assim, enquanto a análise macroeconômica enfoca o comportamento da Economia

como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e

investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de

bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em

mercador específicos.

A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois

tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na

formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de

consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto

de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão

contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente

nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado.

A abordagem econômica se diferencia da contábil mesmo quando são abordados os

custos de produção, pois o economista analisa não só os custos efetivamente incorridos, mas

também aqueles decorrentes das oportunidades sacrificadas, ou seja, dos custos de

oportunidades ou implícitos. Como detalharemos mais tarde, os custos de produção do ponto

de vista econômico não são apenas os gastos ou desembolsos financeiros incorridos pela

empresa (custos explícitos), mas também quanto às empresas gastariam se tivessem de alugar

ou comprar no mercado os insumos que são de sua propriedade (custos implícitos).

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Os agentes da demanda – os consumidores – são aqueles que se dirigem ao mercado

com o intuito de adquirir um conjunto de bens e serviços que lhes maximizem sua função

utilidade. No direito utilizou-se a conceituação econômica para se definir consumidor: pessoa

natural ou jurídica que no mercado adquire bens ou contrata serviços como destinatário final,

visando atender a uma necessidade própria. Deve-se salientar que o Código Brasileiro de

Defesa do Consumidor considera o consumidor como hiposuficiente, uma vez que entre

fornecedor e consumidor a um desequilíbrio que favorece o primeiro.

A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a jurídica.

Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a combinação, pelo

empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de tal modo

organizado para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo.

Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de

direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de relações jurídicas entre o

empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito da atividade econômica, e o objeto é

constituído pelo estabelecimento, que é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos

utilizados para o processo de produção. A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações

jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica.

2 PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA

2.1 A Hipótese “Coeteris Paribus”

Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que

“TUDO O MAIS PERMANECE CONSTANTE” (em latim, coeteris paribus). O foco de

estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele

exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de

maneira absoluta.

Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado

selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos – consumidores e

produtores – nesse particular mercado, independentemente de outros fatores, que estão em

outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma

mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para

analisar o feito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris

paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores,

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supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito “puro” ou “líquido” de

cada uma dessas variáveis sobre a procura.

2.2 Papéis dos Preços Relativos

Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços

de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.

Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da soda cair

em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens (supondo que as

demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais permanecendo constante, se

apenas cair o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um

aumento na quantidade procurada de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha

havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado

como do guaraná.

2.3 Objetivos da Empresa

A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes

correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa

produtora de bens e serviços.

A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o

empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos

de que dispõe. Essa corrente enfatiza conceitos como receita marginal, custo marginal e

produtividade marginal em lugar de conceitos de média (receita média, custo médio e

produtividade média), daí ser chamada de marginalista. Como veremos, a maximização do

lucro da empresa ocorre quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal.

As correntes alternativas consideram que o móvel do empresário não seria a

maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado, ou

maximização da margem sobre os custos de produção, independem da demanda de mercado.

Geralmente, nos cursos de Economia, a abordagem marginalista compõe a Teoria

Microeconômica propriamente dita, pelo que é chamada de Teoria Tradicionalista, enquanto

as demais abordagens são usualmente analisadas nas disciplinas denominadas Teoria da

Organização Industrial ou Economia Industrial.

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3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE MICROECONÔMICA

A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica,

preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos

fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões

aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a

quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus.

Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de

técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta

útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao

nível das empresas quanto ao nível de política econômica.

Em nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes

decisões:

Política de preços da empresa

Previsões de demanda e de faturamento

Previsões de custos de produção

Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é,

da melhor combinação de fatores de produção)

Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da

compra de equipamentos, ampliação da empresa, etc)

Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores

podem afetar a procura do produto)

Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros

consumidores ou aos centros fornecedores de insumos)

Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes

mercado consumidores do mesmo produto)

Em nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise

e tomada de decisões das seguintes questões:

Efeitos de impostos sobre mercados específicos

Políticas de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de

insumos como máquinas, fertilizantes, etc)

Fixação de preços mínimos na agricultura

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Controle de preços

Política salarial

Política de tarifas públicas (água, luz, etc)

Políticas de preços públicos (petróleo, aço, etc)

Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios)

Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas

e à política e programação econômica do setor público.

Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras

disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a

Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos.

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DIVISÃO DOS TÓPICOS DE MICROECONOMIA

Os grandes tópicos abordados na análise microeconômica são os seguintes:

I – Teoria da Demanda (procura)

Teoria da Produção

II – Teoria da Oferta

Teoria dos Custos de Produção

Concorrência Perfeita

Mercado de Bens Concorrência Monopolista

Serviços Monopólio

III – Análise das Estruturas Oligopólio

Mercado de Fatores Concorrência Perfeita

de Produção Monopsônio

Oligopsônio

IV – Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar

A Teoria da Demanda ou Teoria da Procura estuda as diferentes formas que a

demanda pode assumir e os fatores que a influenciam.

A Teoria da Oferta abrange a Teoria da Produção, que estuda o processo de produção

numa perspectiva econômica, e a Teoria dos Custos de Produção, que classifica e analisa os

custos. A Teoria da Produção envolve apenas relações físicas entre o produto e fatores de

produção, enquanto a Teoria dos Custos já envolve preços dos insumos de produção

A Análise das estruturas de Mercado aborda a maneira como estão organizados os

mercados, e como é determinados o preço e quantidade de equilíbrio nesses mercados. É

dividida na análise da estrutura dos mercados e serviços e dos mercados de fatores de

produção (também chamada “Demanda Derivada”, dado que os mercados de insumos

derivam, em última análise, do mercado de bens e serviços).

A Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar estuda a interação de todos os mercados

simultaneamente e seu impacto em todos os agentes.

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1 – TEORIA DA DEMNADA DO CONSUMIDOR

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Problema

A Pillsbury Co., adquiriu uma empresa em Woodbridge, Nova Jesey, que produzia um

novo sorvete de alta qualidade e que era comercializado sob a marca HaagenDazs.

A inclusão na receita de mais creme e mais ovos tornou-o melhor e mais saboroso que

a maioria dos demais, e seu nome escandinavo sugeriam que era um produto de qualidade,

merecedor de um preço moais elevado. Porém, antes que o Haaangen-Dazs pudesse ser

comercializado em larga escala, a empresa teve de resolver um importante problema.

Qual deveria ser o preço a ser cobrado?

Independente de quão bom fosse o sorvete, sua lucratividade seria consideravelmente

influenciada pela decisão da empresa em relação ao preço a ser cobrado pelo sorvete.

Não era o suficiente saber que os consumidores pagariam mais por um sorvete de alta

qualidade; a questão era determinar.

Quanto mais pagariam

Portanto, a empresa teve de elaborar uma cuidadosa análise das preferências do

consumidor para poder determinar a demanda de sorvete e como ela estaria ligada ao preço e

à qualidade.

Este problema – envolvendo política de empresas – exemplifica a importância da

Teoria econômica referente ao comportamento do consumidor, bem como os tipos de

problemas que ela pode ajudar a resolver.

No presente capítulo, abordaremos a teoria do consumidor seguindo uma ordem

histórica, começaremos estudando essa teoria tal como ela apareceu nos trabalhos dos

primeiros economistas que trataram dela e, posteriormente, trataremos da mesma na forma

como ela aparece na moderna teoria econômica.

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____PSI_____________________________________________________________

A TEORIA DA UTILIDADE

Utilidade Total e Utilidade Marginal

Por que as pessoas demandam mercadorias? A resposta parece óbvia: as pessoas demandam

mercadorias porque eu consumo lhes traz algum tipo de prazer ou satisfação. Essa é uma condição necessária

para que uma mercadoria seja procurada pelos consumidores. Não há demanda para mercadorias indesejáveis

tais como injeção no olho ou coco de galinha para fazer crescer o bigode.

Imaginemos agora que o prazer ou a satisfação percebido por um consumidor pelo consumo de uma

mercadoria possa ser medido, e chamemos essa medida de utilidade dessa mercadoria para esse consumidor.

Mesmo que não saibamos nada acerca da medida exata da utilidade, podemos, empregando um pouco de bom

senso, predizer que ela deve ter um comportamento característico.

Apenas para que possamos ver de uma forma mais concreta qual deve ser esse comportamento,

suponhamos que a mercadoria em questão seja chocolate em barra. Se passarmos a dar uma barra de chocolate

por semana a uma criança que até então não consumia nada de chocolate, essa barra de chocolate provavelmente

trará uma satisfação muito grande a essa criança, gerando assim uma utilidade relativamente alta. Se, depois

disso, passarmos a dar uma segunda barra semanal de chocolate, essa barra será bem recebida pela criança, mas

provavelmente não com o mesmo entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. Uma terceira barra será

recebida com um entusiasmo ainda menor. Se formos aumentando o número de barras de chocolate, chegaremos

a um ponto em que uma barra adicional de chocolate representará para a nossa criança um benefício tão pequeno

que para ela será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso porque o chocolate sendo consumido

praticamente até a sociedade deixou de ser para ela um produto escasso.

Com isso, queremos dizer que a utilidade total derivada do consumo de chocolate cresce na medida em

que aumentamos o número de barras por semana. Todavia, o valor acrescentado à utilidade total pela última

barra de chocolate consumida é tão menor quanto maior for o total consumido de barras de chocolate.

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O parágrafo da Fig. 4.1. ilustra essa idéia. No eixo horizontal de tal gráfico, medimos a quantidade

consumida de chocolate. A altura de cada coluna indica a utilidade total do consumo de chocolate. A altura do

trecho em cinza escuro da coluna indica quanto for acrescentado à utilidade total pela última barra consumida.

Observe que, na medida em que aumenta a quantidade consumida, isto é, na medida em que vamos para as

colunas mais à direita, o trecho da coluna em cinza escuro é cada vez menor o que indica que a última

consumida acrescenta cada vez menos à utilidade total.

A utilidade que a última unidade consumida (no nosso exemplo, a última barra de chocolate) acrescenta

à utilidade total é chamada utilidade marginal. Assim, no gráfico a fig. 4.1., a utilidade marginal é representada

pela área em cinza escura em cada coluna. Podemos definir o termo utilidade marginal de uma maneira mais

geral da seguinte forma:

A utilidade marginal do consumo de uma mercadoria é o crescimento à utilidade total decorrente do

consumo de uma unidade adicional dessa mercadoria.

No nosso exemplo, a utilidade marginal do chocolate diminui na medida em que aumenta o seu

consumo. Comportamento semelhante deve ser esperado para a utilidade marginal de outra mercadoria qualquer.

Em outras palavras, na medida em que o consumo de uma mercadoria por parte de uma pessoa aumenta o prazer

decorrente de uma unidade adicional, isto é, a utilidade marginal dessa mercadoria, diminui. Assim, podemos

enunciar a seguinte lei, que descreve o comportamento da utilidade marginal com relação à quantidade

consumida de uma mercadoria:

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Lei da utilidade marginal decrescente: na medida em que aumenta o consumo de uma mercadoria, a

utilidade marginal dessa mercadoria diminui.

Voltando agora ao nosso exemplo, é fácil notar que a utilidade total do consumo de uma barra de

chocolate é igual à utilidade marginal da primeira barra de chocolate, que a utilidade total do consumo de duas

barras de chocolate é igual à soma da utilidade marginal da primeira barra de chocolate mais a utilidade marginal

da segunda barra, que a utilidade total do consumo de três barras de chocolate é igual a soma das utilidades

marginais das três primeiras barras consumidas, por diante. De uma maneira geral, podemos descrever a relação

entre a utilidade marginal e a utilidade total pela expressão.

Onde U(n) é a utilidade total do consumo de n unidades e Umg(i) é a utilidade marginal da i-ésima

unidade consumida. Essa expressão matemática quer dizer simplesmente que a utilidade total do consumo de n

unidades é igual a soma das utilidades marginais da primeira até a n-ésima mercadoria.

Essa relação também pode ser vista no gráfico da Fig. 4.2. O eixo horizontal desse gráfico indica o

número de unidades (barras de chocolate) consumidas. No eixo vertical mede-se a utilidade marginal do

consumo. Note que as colunas mais à direita são menores que as colunas mais à esquerda. Isso indica que a

utilidade marginal diminui na medida em que aumenta o número de barras de chocolate consumidas.

Se quisermos saber qual será a utilidade total do consumo de três barras de chocolate por semana, por

exemplo, basta que somemos o valor das três primeiras barras do gráfico da Fig. 4.2. Uma vez que as colunas

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desse gráfico são retângulos com base igual a 1, essa soma é igual à área dessas três primeiras colunas marcadas

em cinza escuro.

Até aqui, no nosso exemplo, o consumo semanal de chocolate por parte de uma criança varia de barra

de chocolate. Todavia, poderíamos ser mais precisos. Em vez de aumentar o consumo da criança de barra em

barra de chocolate, poderíamos aumentá-lo digamos, de quarto de barra em quarto de barra, ou ainda de grama

em grama de chocolate. Quando fazemos isto, isto é, quando tornamos a variação no consumo de chocolate cada

vez menor, as colunas dos gráficos das Fig. 4.1. e 4.2. ficam cada vez mais estreitas. Se concebermos variação

no consumo de chocolate suficientemente pequena, as colunas desses gráficos tornar-se-ão tão estreitas que

poderemos substituir os gráficos de barra das Fig. 4.1. e 4.2. por gráficos de linha como os das Fig. 4.3. e 4.4.

Quando representamos a relação entre a utilidade marginal e o consumo de chocolate em um gráfico de

barras, a utilidade total do consumo de três barras de chocolate era dada pela área das primeiras três barras do

gráfico. Agora que passamos a representar a utilidade marginal em função da quantidade consumida em um

gráfico de linha, a utilidade total do consumo de uma quantidade q () que será dada área sob a curva de utilidade

marginal até a quantidade q() conforme podemos ver no gráfico da fig. 4.4.

1.2. A curva de demanda individual e o equilíbrio do consumidor

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Até agora falamos de utilidade marginal sem nos preocuparmos em definir uma medida para essas

grandezas. Para acharmos uma medida, podemos pensar que uma pessoa valoriza mais aquilo que lhe traz mais

utilidade, ou, em outras palavras, ela está disposta a pagar ,mais por algo que tenha uma utilidade maior para ela.

Assim, podemos definir nossa medida de utilidade do consumo de uma mercadoria como sendo o máximo que

uma pessoa está disposta a pagar por esse consumo.

Para compreender melhor esse ponto, retornemos o exemplo da criança que consome chocolate. O

gráfico da Fig. 4.2. descreve, conforme já vimos, como varia a utilidade marginal conforme varia o consumo de

chocolate. Em outras palavras, esse gráfico descreve quanto é acrescentado à utilidade total pela última barra de

chocolate consumida pela criança. Pois bem, nesse gráfico podemos ver que a utilidade acrescentada pela

primeira barra de chocolate é maior que a utilidade acrescentada pela segunda barra, que por sua vez é maior que

a utilidade acrescentada pela terceira barra, e assim por diante. Isso reflete apenas a lei da utilidade marginal

decrescente que acabamos de ver. Agora, se a primeira barra de chocolate acrescenta mais utilidade que todas as

outras barras consideradas individualmente, então a criança está disposta a pagar um preço maior por essa barra,

digamos, R$ 4,00. Como a segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança está disposta a pagar

pela segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela primeira, e

maior que o máximo está disposta a pagar pela terceira barra, suponhamos que esse preço seja R$ 3,00. Do

mesmo modo, o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela terceira barra é menor que o preço

máximo que está disposta a pagar pela segunda barra e maior que o preço máximo que está disposta a pagar pela

quarta barra, e assim por diante.

Vamos chamar o preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional de

uma mercadoria de preço marginal de reserva. Como o preço marginal de reserva é tanto maior quanto maior

for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional da mercadoria, ou seja, quanto maior for a utilidade

marginal, podemos dizer que o preço marginal de reserva é uma medida da utilidade marginal.

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O gráfico da Fig. 4.5. ilustra o comportamento do preço marginal de reserva conforme varia a

quantidade de barras de chocolate consumidas. O fato de o preço marginal de reserva ser decrescente decorre da

lei da utilidade marginal decrescente. Imaginemos agora que a barra de chocolate seja vendida ao preço de R$

1,50. Chamemos esse preço de preço efetivo ou de preço de mercado. Se esse for o preço, a nossa criança com

certeza comprará a primeira barra, pois o preço máximo que está disposta a pagar por essa barra (R$4,00) é

superior ao seu preço efetivo. Por uma segunda e por uma terceira barra, a criança pagaria até R$ 3,00 e R$ 2,00,

respectivamente. Por isso, ela compraria também essas duas barras. Por uma quarta barra, entretanto, nossa

criança só estaria disposta a pagar R$ 1,00. Como esse preço é inferior ao preço efetivo da barra de chocolate

(R$1,50), a criança não comprará uma quarta barra. Assim, ela comprará apenas três barras de chocolate se o

preço for igual a R$ 1,50. Generalizando, ela comprará todas as barras de chocolate que tiverem seu preço

marginal de reserva superior ou igual ao preço efetivo da barra de chocolate.

Podemos agora, novamente, supor que a quantidade consumida de chocolate ou de qualquer outra

mercadoria possa sofrer variações muito pequenas, de modo que o preço marginal de reserva possa ser

representado em um gráfico de linha como o da Fig. 4.6.

Nesse caso, a quantidade adquirida pelo consumidor será aquela que iguala o preço marginal de reserva

ao preço efetivamente praticado no mercado. Por exemplo, se o preço for P o, a quantidade consumida será qo ,

pois preço marginal de reserva, isto é, o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última

unidade consumida é maior que Po para todas as unidades consumidas antes de o consumidor atingir o consumo

Po . Assim, a curva representada no gráfico da Fig. 4.6 nada mais é do que a curva de demanda do consumidor,

em outras palavras, essa curva relaciona preço e quantidade adquirida pelo consumidor.

Se o preço marginal de reserva for superior ao preço praticado no mercado, isso indica que o

consumidor pode comprar unidades adicionais da mercadoria por um preço menor do que o máximo que ele

estaria disposto a pagar por elas. Portanto, um preço marginal de reserva superior ao preço de mercado serve de 16

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estímulo para que o consumidor aumente a quantidade comprada da mercadoria. Por isso, sempre que o

consumidor estiver consumido uma quantidade inferior a q() ele estará sendo estimulado a aumentar o seu

consumo, pois para qualquer consumo inferior a conforme podemos observar no gráfico da Fig. 4.6., o preço

marginal de reserva é superior ao preço de mercado. Por outro lado, se o preço marginal de reserva for inferior

ao preço de mercado, então isso indica que o consumidor está pagando por algumas unidades consumidas mais

do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas, e portanto, que o consumidor está sendo estimulado a

reduzir o consumo da mercadoria. Assim, se o consumidor estiver consumindo uma quantidade superior ele

deverá reduzir o seu consumo, pois, para quantidades superiores o preço marginal de reserva é inferior ao preço

de mercado P() , conforme podemos observar novamente no gráfico da Fig. 4.6. Quando o preço marginal de

reserva é exatamente igual ao preço de mercado, então o consumidor não terá incentivo nem para aumentar, nem

para diminuir seu consumo, pois ele já estará comprando todas as unidades pelas quais estaria disposto a pagar

um preço maior ou igual ao preço praticado no mercado e não estará comprando nenhuma unidade com preço

superior àquele que ele estaria disposta a pagar. Assim, no gráfico da fig. 4.6., consumindo uma quantidade q () o

consumidor não teria a aumentar nem a diminuir o seu consumo. Por isso dizemos que, nesse ponto, o

consumidor atingiu o seu equilíbrio. Nossa conclusão pode ser expressa em termos mais gerais da seguinte

maneira:

O equilíbrio do consumidor é atingido quando a quantidade consumida é aquela para qual o preço

marginal de reserva é igual ao preço efetivo de mercado.

1.3 O excedente do Consumidor

Retornemos agora à fig. 4.5. Já vimos que se o preço de mercado da barra de chocolate fosse igual a R$

1,50, a nossa criança consumirá apenas três barras de chocolate por semana. Pela primeira barra estaria disposta

a pagar R$ 4,00. Mas ela só paga R$ 1,50. A diferença entre esses dois valores representa o ganho ou a vantagem

que essa criança leva ao consumir a primeira barra de chocolate. Chamamos esse ganho de excedente do

consumidor decorrente do consumo da primeira barra de chocolate.

O excedente do consumidor é a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que

ele efetivamente paga por uma mercadoria.

Na Tabela 4.1. abaixo, calculamos o excedente do consumidor decorrente do consumo da segunda e da

terceira barra de chocolate, assim como a soma dos excedentes decorrentes de cada barra consumida.

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Nessa Tabela percebemos que o consumo da primeira barra gera um excedente do consumidor de R$

2,50, que o consumo da segunda barra gera um excedente de R$ 1,50 e que o consumo da terceira barra gera um

excedente de R$ 0,50, sendo que o excedente do consumidor total, isto é, a soma dos excedentes gerados

individualmente por cada barra é igual a R$ 4,50. Esse valor mede o benefício ou a vantagem líquida que a

criança obtém ao consumir as três barras de chocolate ao preço de R$ 1,50 a barra.

Os resultados que acabamos de obter também podem ser representados graficamente. No gráfico da fig.

4.5., a área da parte da coluna acima da linha de preço (em cinza) representa o excedente do consumidor gerado

por cada barra de chocolate consumida. A medida da área de cinza escuro do gráfico representa o excedente total

do consumidor.

Quando estivermos supondo que a quantidade consumida para sofrer variações muito pequenas, isto é

quando estivermos representando a relação entre quantidade e preço marginal de reserva em um gráfico de linha

como o da Fig. 4.6., e excedente do consumidor será dado pela área do gráfico abaixo da curva de demanda e

acima da linha de preço, isto é, no caso do gráfico da fig. 4.6., pela área em cinza escura.

__________________________________________________________psi______________

2 A Teoria da Escolha

A idéia inerente à teoria da utilidade de que podemos de alguma maneira medir o nível

de satisfação ou prazer decorrente do consumo de uma mercadoria pode parecer para muito

bastante irreal. Não pretendemos aqui entrar em uma discussão filosófica sobre o realismo ou

irrealismo da teoria da utilidade. Todavia, podemos nos perguntar: é possível uma teoria do

consumidor que, sem lançar mão de tal idéia, consiga explicar a relação de demanda?

18

Page 19: Apostila de Economia II v 022011

A resposta a essa pergunta é afirmativa. Ao tentar explicar decisões de consumo

envolvendo a compra de diversas mercadorias, os economistas acabaram desenvolvendo um

instrumental que tornou a noção de utilidade supérflua. Chamaremos aqui, na ausência de

melhor nome, essa nova teoria de teoria da escolha.

Antes de começarmos, vale a pena chamar atenção para uma simplificação que

fizemos ao tratar da teoria utilidade. Quando utilizamos do exemplo de uma criança que

consome chocolate, negligenciamos o fato de que o prazer que essa criança obtém ao

consumir o chocolate não depende apenas da quantidade consumida de chocolate. Por

exemplo, se a nossa criança não tem acesso ao consumo de nenhum outro tipo de doce que

não seja o chocolate, então, nesse caso, o consumo de uma barra de chocolate vai trazer para

essa criança uma utilidade adicional muito maior do que traria caso ela já consumisse diversos

tipos de doce.

Podemos dizer que a nossa análise adotou uma hipótese coeteris paribus, pois

estudamos como varia a utilidade do consumo de chocolate desde que o consumo de todos os

outros bens permaneça constante.

Para compreender a teoria da escolha, precisaremos a hipótese coeteris paribus. Isso

porque essa teoria pretende explicar como o consumidor decide quanto vai consumir de cada

uma das diversas mercadorias. Todavia, para que uma apresentação gráfica da teoria seja

possível, lançaremos mão de uma hipótese simplificadora: vamos supor que existem apenas

duas mercadorias – alimentação e vestuário.

2.2. Cestas de Mercadorias

Um conceito fundamental para a exposição da teoria da escolha é o conceito de cesta

de mercadorias. Uma cesta de mercadorias nada mais é do que um conjunto de uma ou mais

mercadorias associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias.

A tabela 4.2. nos dá alguns exemplos de cesta de mercadorias. Assim, por exemplo, a

cesta de mercadorias I é composta de 10 unidades de alimentação e de 15 unidades de

vestuário, a cesta II é composta de 5 unidades de alimentação e 25 unidades de vestuário, e

assim por diante.

19

Page 20: Apostila de Economia II v 022011

As cestas de mercadorias descritas na Tabela 4.2. também podem ser representadas em

um gráfico como o da Fig. 4.7. O eixo horizontal representa o consumo de alimento e o eixo

vertical representa o consumo de vestuário. Cada ponto no gráfico corresponde a uma cesta de

mercadorias da Tabela 4.2.

2.2. Curvas de Indiferença

Vamos agora tentar descrever como um consumidor deveria classificar as diferentes

opções de consumo, representadas por diferentes cestas de mercadorias, segundo suas

preferências. Para tal, notemos, em primeiro lugar, que é bastante razoável supor que, seja

qual for a forma pela qual o consumidor escolhe entre diferentes cestas de mercadorias de

consumo, três condições devem ser verdadeiras.

A primeira dessas condições diz que, sempre que pegarmos quaisquer cestas de

consumo possíveis, o consumidor será capaz de dizer se prefere a primeira cesta à segunda, se

prefere a segunda cesta à primeira ou se estas duas cestas lhe são indiferentes.

A segunda condição estabelece que, se o consumidor prefere uma cesta A a uma cesta

B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então se o consumidor prefere uma cesta A a 20

Page 21: Apostila de Economia II v 022011

uma cesta B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então esse consumidor preferirá a

cesta A à cesta C. Essa condição um tanto quanto óbvia confere um aspecto de racionalidade

lógica às preferências do consumidor.

Por fim, a terceira condição estabelece que, sendo todas as mercadorias desejáveis, o

consumidor prefere sempre consumir uma quantidade maior de cada uma dessas mercadorias.

Assim, o consumidor preferirá, por exemplo, entre as cestas de consumo V e VI da Tabela 4.2

e do gráfico da Fig. 4.7., a cesta de mercadorias VI, pois esta, embora possua o mesmo

número de unidades de alimentação, possui mais unidades de vestuário que a cesta V.

Dadas essas premissas, podemos agora tratar de um instrumento de representação das

preferências do consumidor que nos será extremamente útil: a curva de indiferença. Em

termos técnicos, uma curva de indiferença é lugar geométrico dos pontos que representam

cestas de consumo indiferentes entre si. Embora essa definição técnica possa parecer um tanto

quanto difícil, compreender o que realmente sgnifica uma curva de indiferença é bem mais

fácil. Para isso, suponhamos, por exemplo, que Maria consome mensalmente uma cesta de

mercadorias composta de quatro unidades de alimentação e três unidades de vestuário. Se

pedirmos a Maria para nos dizer quais outras opções de consumo seriam tão desejáveis quanto

essa cesta de mercadorias inicial, ou, em outras palavras, quais cestas de consumo seriam

indiferentes à cesta de mercadorias inicial, ela poderia nos responder de, pelo menos, três

maneiras alternativas.

Primeiramente, ela poderia nos fornecer uma tabela com as cestas de consumo

indiferentes (ou, se preferirmos, igualmente desejáveis) à cesta de mercadorias composta por

duas unidades de vestuário, e cinco unidades de alimentação. Suponha, portanto, que ela nos

tenha fornecido a Tabela 4.3 a seguir:

Tabela 4.3. Cestas de consumo indiferentes entre si ou igualmente desejáveis segundo

Maria:

21

Page 22: Apostila de Economia II v 022011

Cesta de

mercadorias

Unidades de

alimentação

Unidades de

vestuário

A

B

C

D

E

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

12.0

6.0

4.0

3.0

2.4

Se perguntarmos agora a Maria se não apenas as cestas de consumo que são

indiferentes à cesta de mercadorias original, ela nos responderá que certamente não. Existem,

diria Maria, infinitas outras cestas, porém, sendo essas cestas infinitas, elas não poderia

representá-las em uma tabela. Desse modo, Maria, que é uma excelente matemática, nos

oferece mais duas opções: ela pode nos dizer quais são todas as cestas de consumo

indiferentes às cestas A, B, C, D e E da Tabela 4.3 através de uma equação matemática ou

através de um gráfico. Maria nos diria também que a equação matemática é uma resposta

mais elegante e rigorosa que um simples gráfico. Entretanto, como nós não temos

conhecimentos de matemática tão profundos quanto o de Maria resolveu nos contentar com a

resposta fornecida por um gráfico como o da Fig. 4.8., pois ele será suficientemente bom para

os nossos propósitos.

A curva representada nesse gráfico descreve um conjunto de cestas de consumo que

são igualmente desejáveis para Maria. Por esse motivo, esta curva é conhecida como curva de

indiferença.

Uma curva de indiferença nada mais é do que a representação gráfica de um

conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor, ou seja, cestas que

trazem a mesma satisfação.

Observe que, descrevendo as cestas que lhe são indiferentes através de uma curva de

indiferença, Maria pode nos informar de todas as cestas contidas na Tabela 4.3. e ele mais

uma infinidade de cestas intermediárias, como, por exemplo, a cesta Z. Assim, ficamos

sabendo que também o consumo de dez unidades de vestuário e de 1,2 unidade de

alimentação correspondente à cesta Z também é indiferente ao consumo das cestas A, B, C, D

e E.

22

Page 23: Apostila de Economia II v 022011

A apresentação de um conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes ou

igualmente desejáveis para Maria também nos permite verificar com facilidade como Maria

compararia as cestas de mercadorias que não pertencem a ela. Com efeito, todas as cestas de

mercadorias localizadas acima e a direita da curva de indiferença da Fig. 4.8, como, por

exemplo, a cesta de mercadorias X, é preferível às cestas de mercadorias sobre a curva de

indiferença. Para ver isso, note que a cesta X está situada acima e a direita da cesta B, que

pertence a curva de indiferença da Fig. 4.8. Isso significa que a cesta X contém mais unidades

de alimentos e mais unidades de vestuário que a cesta B. Desse modo, podemos afirmar que a

cesta X é preferida á cesta B. Como a cesta B é indiferente a todas as outras cestas sobre a

curva de indiferença representada no gráfico e como a cesta X é referida à cesta B, então a

cesta X é preferida a todas as outras cestas sobre essa curva de indiferença. Da mesma

maneira, podemos ver que as cestas de mercadorias representadas à esquerda e abaixo da

curva de indiferença. Por exemplo, a cesta Y contém menos utilidades de alimentos e de

vestuário que a cesta C. Assim, Maria prefere a cesta C à cesta Y. Do mesmo modo, ela

preferirá qualquer uma das cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença da Fig. 4.8. à

cesta Y

O gráfico da Fig. 4.9 ilustra esse resultado. A área em cinza do gráfico representa o

conjunto de cestas de mercadorias que são melhores que as cestas de mercadorias sobre a

curva de indiferença. A área em branco representa aquelas cestas de mercadorias que são

consideradas piores que as cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença.

23

Page 24: Apostila de Economia II v 022011

Evidentemente, poderíamos pedir para Maria que nos desse o conjunto de cestas de

mercadorias que são indiferentes à cesta X e o conjunto de cestas de mercadorias que são

indiferentes à cesta Y. Assim, Maria nos fornecia mais duas curvas de indiferença de um

consumidor é chamado de mapa de indiferença. Evidentemente, como são infinitas as curvas

de indiferença, não pode representar graficamente um mapa de indiferença com precisão.

Assim, para representar um mapa de indiferença, escolheremos sempre apenas algumas de

suas curvas de indiferença. A nossa representação gráfica de um mapa de indiferença será

algo semelhante a Fig. 4.10.

2.3. Propriedades das Curvas de Indiferença

Passemos agora a estudar quais devem ser as principais propriedades das curvas de

indiferença.

A primeira pode ser enunciada da seguinte maneira: curvas de indiferenças mais

distantes da origem representam cestas de mercadorias mais desejadas e curvas de

indiferença mais próximas da origem representam cestas de mercadorias menos

desejadas.

Assim, por exemplo, a curva de indiferença da Fig. 4.10. que passa sobre a cesta de

mercadoria X representa cestas de mercadorias preferidas às cestas de mercadorias

representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta B. De modo semelhante,

podemos concluir que a curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias y

representa cestas de consumo preferíveis às cestas de consumo representadas pela curva de

indiferença que passa sobre cesta de mercadorias Y representa cestas de consumo preferíveis

24

Page 25: Apostila de Economia II v 022011

às cestas de consumo representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta de

mercadorias B.

A segunda propriedade importante é a seguinte: uma curva de indiferença tem

sempre inclinação negativa, ou seja, ela inclina-se para baixo à direita.

Para ver que o contrário não pode acontecer, imagine por um momento que fosse

possível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada, isto é, uma curva

de indiferença que se inclinasse para cima à direita, como a da fig. 4.11

Tomemos duas cestas de mercadorias A e B quaisquer sobre essa suposta curva de

indiferença. A cesta de mercadorias B contém mais unidades de alimentação e mais unidades

de vestuário que a cesta de mercadorias A. Então, se as duas mercadorias (alimentação e

vestuário) são desejáveis, a cesta de mercadorias B, é preferida à cesta de mercadorias A e,

portanto, as duas cestas não podem estar sobre a mesma curva de indiferença. Assim é

impossível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada se as

mercadorias forem todas desejáveis, conforme estamos supondo.

Devemos ainda salientar uma última propriedade das curvas de indiferença. Duas

curvas de indiferença não se cruzam jamais. Para mostrar essa propriedade, basta ver que,

caso duas curvas de indiferença se cruzassem, chegaríamos a um resultado absurdo.

Suponhamos, assim, que as duas curvas de indiferença se cruzem como no caso da Fig. 4.12.

Tomemos três cestas de mercadorias: a cesta A no ponto de cruzamento entre as duas curvas

de indiferença, a cesta B sobre a curva 10 e a cesta C sobre a curva 1. A cesta C está na

mesma curva de indiferença que a cesta A. Assim, a cesta C é indiferente à cesta A. Então a

25

Page 26: Apostila de Economia II v 022011

cesta A é indiferente a cesta B. Como a cesta C é indiferente (1) que a cesta B. Então, se as

curvas de indiferença 1 e 1 se cruzam, a cesta C deve ser ao mesmo tempo preferida e

indiferente a cesta B. Como isso não é possível, também não pode ser possível que as duas

curvas de indiferença se cruzem.

2.4. Taxa Marginal de Substituição

Voltemos agora à Tabela 4.3. Comparemos às cestas de consumo A e B. A cesta B

possui uma unidade de alimentação a mais e seis unidades de vestuário a menos que a cesta

A. Segundo Maria, essas cestas de consumo lhe são indiferentes. Então, quando Maria estiver

consumida a cesta A uma troca de seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação

não lhe trará nenhum benefício e nenhuma perda, pois, com essa troca, ela passaria a

consumir a cesta B que é indiferente a cesta A. Troca mais do que seis unidades de vestuário

por uma unidade de alimentação seria desvantajoso para Maria. Trocar menos do que seis

unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria vantajoso. Assim, concluímos

que a quantidade máxima de vestuário de que Maria, ao consumir a cesta A, estaria disposta a

abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento é de seis unidades. Chamamos essa

quantidade máxima de taxa marginal de substituição de vestuário por alimento. A taxa

marginal de substituição de vestuário por alimento pode ter duas interpretações, ela representa

o máximo de vestuário de que o consumidor está disposto a abrir mão em troca de uma

unidade adicional de alimento, e ele representa de quanto devemos reduzir o consumo de

vestuário se o consumo de alimentação é aumentado de uma unidade e se desejamos manter o

consumidor sobre a mesma indiferença. Uma definição mais geral da taxa marginal de

substituição diria o seguinte:

A taxa marginal de substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria II é a

redução na quantidade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma

curva de indiferença quando há um aumento de uma unidade no consumo de

mercadoria II. Ela indica o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da

mercadoria I em troca da mercadoria II.

A Tabela 4.4 indica a taxa marginal de substituição (TMS) calculada a partir da Tabela

4.3.

26

Page 27: Apostila de Economia II v 022011

Chama atenção o fato de que a taxa marginal de substituição de vestuário por alimento

é cada vez menor na medida em que nos deslocamos para as linhas inferiores da tabela. Ao

passar da cesta de mercadorias A para a cesta de mercadorias B, Maria estava disposta a

trocar 6 unidades de vestuário por uma unidade adicional de alimentação. Porém ao passar da

cesta de mercadorias D para a cesta de mercadorias E, ela só estava disposta a abrir mão de

0,6 unidades de vestuário em troca de uma unidade adicional de alimentos. Graficamente, isso

faz com que a curva de indiferença seja convexa, isto é, que ela seja mais inclinada (menos

deitada) à esquerda e menos inclinada (mais deitada) à direita. Perguntamos a Maria o porquê

desse comportamento e ela ns respondeu da seguinte maneira:

“Quando eu consumo a cesta A, tenho uma grande quantidade de vestuário e uma

pequena quantidade de alimento. Assim, minha carência de alimento é relativamente grande.

Isso faz com que eu tenda a valorizar mais a alimentação e a valorizar menos o vestuário.

Desse modo, estou disposta a trocar uma quantidade relativamente grande daquilo que me faz

pouca falta (o vestuário) por uma quantidade relativamente pequena daquilo que me faz muita

falta (a alimentação). Todavia, na medida em que eu passo a consumir as cestas de consumo

indicadas pelas linhas mais baixas da Tabela 4.4, a quantidade consumida de alimentação

aumenta e a quantidade consumida de vestuário diminui. Isso faz com que, pouco a pouco, eu

sinta menos falta de alimentação e mais falta de vestuário. Na medida em que isso me

acontece fico disposta a trocar quantidades cada vez menores de vestuário por uma unidade

adicional de alimentação”.

Além de bastante convincente, a explicação de Maria parece ser adequada para a

maioria dos casos, quer dizer, para outros pares de mercadorias que não vestuário e

27

Page 28: Apostila de Economia II v 022011

alimentação, e para outros consumidores. Assim, vamos supor daqui para frente que as curvas

de indiferença são convexas.

2.5. A linha de Restrição Orçamentária

João, assim, como Maria, também tem as suas curvas de indiferença e, se pudesse

escolher livremente quando comprar de cada mercadoria escolheria consumir uma quantidade

infinita de cada uma. Infelizmente, isso não é possível nem para João, nem para Maria nem

para nenhum de nós. Isso porque a mercadoria tem seus preços e João tem uma renda

limitada. Essa renda limitada impossibilita João de consumir as quantidades que ele se

desejaria de cada mercadoria.

Vamos estudar um pouco mais detalhado as restrições que a renda de João impõe ao

seu consumo. Se q é a quantidade de alimentação consumida por João, q, é a quantidade de

vestuário e P e P, são, respeitosamente, os preços de uma unidade de alimentação e de uma

unidade de vestuário, então o gasto total de João em consumo será igual a

Ora, João não pode gastar mais do que ganha. Esse fato pode ser representado pela

seguinte expressão matemática:

onde R é a renda de João.

Por exemplo, suponhamos que a renda mensal (R) de João seja de R$ 500,00.

Suponhamos também que o preço de uma unidade de alimentação (P) seja igual a R$ 5,00 e

que o preço de uma unidade de vestuário (P), seja igual a R$ 10,00. Se João gastasse toda a

sua renda comprando alimento, ele compraria R/P = 500/5 = 100 unidades de alimentação. Se,

por outro lado, ele despendesse toda sua renda na aquisição de vestuário, ele poderia comprar

R/P = 500/10 = 50 unidades de vestuário. Se ele decidisse comprar 20 unidades de

alimentação, gastaria com essa 5 x 20 = 100, de modo que lhe restariam 400 para comprar

28

Page 29: Apostila de Economia II v 022011

vestuário, o que daria um máximo de 400/10 = 40 unidades. A tabela 4.5. mostra outras

combinações possíveis entre o consumo de alimento e o consumo de vestuário. Se João

escolher qualquer uma dessas combinações, ele gastará toda a sua renda para adquira-la.

As cestas de mercadorias dessa tabela estão representadas no gráfico da Fig. 4.13. Elas

aparecem como pontos particulares da reta cuja equação é Pa qa + Pv qv = R. Essa reta é

chamada linha de restrição orçamentária e representa o limite de consumo de João. Ele

pode comprar todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária

e todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária e todas as

cestas que estão abaixo e à esquerda dessa linha (na área sombreada). Se João quiser, pode

consumir, por exemplo, a cesta A ou a cesta X. Mas ele não pode consumir a cesta Y

composta por 80 unidades de alimentação e 40 unidades de vestuário, pois ela lhe custaria 5 x

80 + 10 x 40 = 800 reais, ou seja, mais do que a sua renda.

Observamos também que a linha de restrição orçamentária cruza o eixo horizontal

quando o consumo de alimentação é dado pela expressão R/P, que indica o consumo de

alimento que se obtém quando toda a renda é destinada à compra de alimentação. De maneira

semelhante, o consumo de vestuário, quando a linha de restrição orçamentária cruza o eixo

29

Page 30: Apostila de Economia II v 022011

vertical, é dado pela expressão, R/P, que indica quanto é possível consumir de vestuário se

toda a renda for gasta com a sua aquisição.

2.6. Deslocamento da Linha de Restrição Orçamentária

A posição da linha orçamentária depende de dois fatores: os preços das mercadorias e

a renda do consumidor. Vejamos o que acontece se um desses fatores varia. Comecemos

supondo que haja uma redução no preço da alimentação de R$ 5,00 para, digamos, R$ 4,17.

Nesse caso, se João destinar toda a sua renda a aquisição de alimentação, ele poderá

comprar R/Pa =500/4,17 = 120 unidades de alimentação. Esse valor a interseção da linha de

restrição orçamentária com o eixo horizontal. Como antes da redução no preço da alimentação

esse valor era igual a 100, a interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo

horizontal deve-se deslocar para a direita, conforme o gráfico (a) da Fig. 4.14.

30

Page 31: Apostila de Economia II v 022011

Uma elevação no preço da alimentação provocará um efeito inverso, ou seja, levará a

um deslocamento da interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal para

a esquerda, conforme ilustra o gráfico (b) da Fig. 4.14. Esse gráfico foi construído na hipótese

de que o preço da alimentação subiu de R$ 5,00 para R$ 6,25.

De modo semelhante, para R$ 8,333 provocará um aumento na quantidade de

vestuário suponhamos, R$ 10,00 para R$ 8,33 provocará um aumento na quantidade de

vestuário que se pode adquirir coma a renda de R$ 500,00 de 50 para 60 unidades., o que é

representado graficamente por um deslocamento para cima da interseção da linha de restrição

orçamentária com o eixo vertical conforme ilustra o gráfico (c) da Fig. 4.14. Uma elevação no

preço do vestuário provocará, por sua vez, um deslocamento para baixo da interseção da linha

de restrição orçamentária. O gráfico (d) da Fig. 4.14. indica esse deslocamento no caso de

uma variação no preço do vestuário de R$ 10,00 para R$ 12,50. Nesse caso, a quantidade de

vestuário que se obtém ao despender toda a renda nessa mercadoria é de

R = 500 = 40 unidades

P 12,50

Resta agora ver como variações na renda deslocam a linha de restrição orçamentária.

Suponhamos, de início, uma elevação na renda de João de, por exemplo, R$ 500,00 para R$

600,00. Quando isso ocorre, aumenta a quantidade que João poderia consumir de alimentação

caso gastasse toda a sua renda com esse produto e aumenta também a quantidade que ele

poderia consumir de vestuário caso dedicasse toda a sua renda à sua compra. Por exemplo, se

a renda de João crescesse de R$ 500,00 para R$ 600,00, essa nova renda possibilitar-lhe-ia

comprar

600 = 120 unidades de alimentação ou, se quisesse comprar apenas vestuário,

5

600 = 60 unidades

10

Graficamente, isso implicaria um deslocamento para cima da interseção da linha de

restrição orçamentária com o eixo vertical e um deslocamento para a direita da linha de

restrição orçamentária com o eixo horizontal. Além disso, a linha de restrição orçamentária se

desloca paralelamente à linha de restrição orçamentária inicial para cima e para a direita,

conforme podemos notar no gráfico (e) da Fig. 4.14.

31

Page 32: Apostila de Economia II v 022011

Uma redução na renda de João faria com que sua linha de restrição orçamentária se

deslocasse paralelamente para baixo e para a esquerda. O gráfico (f) da Fig. 4.14 ilustra esse

deslocamento para o caso de uma redução na renda de R$ 500,00 para R$ 400,00.

O leitor deve notar que tanto uma elevação na renda quanto uma redução no preço de

qualquer uma das mercadorias leva a um crescimento do conjunto de cestas de mercadorias

acessíveis ao consumidor, conjunto esse que é representado graficamente pela área abaixo e à

esquerda da linha de restrição orçamentária. Assim, por exemplo, a redução no preço do

vestuário representada no gráfico (c) da Fig. 4.14 tornou acessível a cesta de mercadorias L.

Do mesmo modo, a elevação na renda do gráfico (e) tornou acessível a cesta de mercadorias

M.

De outro lado, uma elevação no preço assim como uma redução na renda reduz o

conjunto de cestas de mercadorias acessíveis. Por exemplo, a elevação do preço do vestuário

representada no gráfico (d) da Fig. 4.14 fez com que a cesta de mercadorias N se tornasse

inacessível. Também a redução na renda do gráfico (d) da Fig. 4.14 tornou impossível a

compra da cesta de mercadorias O.

O Equilíbrio do Consumidor

Vejamos agora como um consumidor deve escolher entre as diversas cestas de

mercadorias que sua restrição orçamentária lhe permite consumirem. O gráfico da Fig.4.15,

mostra a linha de restrição orçamentária de João, juntamente com o seu mapa de indiferença.

Vestuário

0 20 40 60 80 100 Alimentação

Fig. 4.15. Linha de restrição orçamentária e mapa de indiferença sobreposto. O

consumidor escolhe a cesta correspondente ao ponto E.

Das quatro curvas de indiferença mostradas no gráfico, João certamente preferiria

escolher uma cesta de mercadorias sobre a curva de indiferença I3, como, por exemplo, à cesta 32

Page 33: Apostila de Economia II v 022011

de mercadorias C. Todavia, sua restrição orçamentária não permite que nenhuma cesta de

mercadorias sobre essa curva de indiferença seja acessível (lembre-se que as cestas de

mercadorias acessíveis encontram-se ou na área em cinza ou sobre a linha de restrição

orçamentária). Como João terá de escolher apenas entre as cestas de mercadorias que sua

renda permite comprar, ele procurará a cesta de mercadorias acessível que pertença à curva de

indiferença mais alta possível. Podemos ver na Fig. 4.15 que ele pode escolher uma cesta de

mercadorias sobre a curva de indiferença I0, como, por exemplo, a cesta A, ou sobre a curva I1,

digamos, a cesta B ou outra cesta de mercadorias qualquer sobre alguma curva de indiferença

que passe pelo conjunto de cestas que podem ser compradas por João, isto é, que passe pela

área em cinza ou pela linha de restrição orçamentária. A curva de indiferença mais elevada

que ainda tem uma cesta de mercadorias acessível é aquela que tangencia (toca em um único

ponto, sem cruzar) a linha de restrição orçamentária. No caso da Fig. 4.15., a linha de

restrição orçamentária é tangenciada pela curva de indiferença 12 no ponto E. Esse ponto

corresponde à cesta de mercadorias preferida por João entre todas aquelas que ele pode

comprar, pois qualquer outra cesta de mercadorias que lhe seja acessível pertencerá a uma

curva de indiferença menos elevada e, por isso mesmo, pior. Assim João deve escolher, entre

as cestas de mercadorias que ele pode comprar a cesta de mercadorias E. A escolha do ponto

“E” caracteriza aquilo que chamamos equilíbrio do consumidor. Esse equilíbrio é

caracterizado pelo fato de João ter escolhido a melhor cesta de mercadorias que ele poderia

comprar, não tendo, por isso, nenhum motivo para refazer a sua escolha.

O equilíbrio do consumidor é obtido na cesta de mercadorias correspondente ao, ponto

de tangencia entre a linha de restrição orçamentária e a curva de indiferença mais_ elevada

que toca essa linha.

2.8. Derivando a Curva de Demanda

Evidentemente, sempre que houver um deslocamento da linha de restrição

orçamentária, um novo equilíbrio será atingido, pois a nova linha de restrição orçamentária

será tangenciada por outra curva de indiferença em um ponto diferente do antigo equilíbrio. A

Fig. 4.16. ilustra uma mudança no equilíbrio do consumidor decorrente de um aumento na

renda.

33

Page 34: Apostila de Economia II v 022011

Vestuário

qa0 qa

1 - Alimentação

Fig. 4.16. Com o aumento da renda, o equilíbrio se desloca de E0 para E1.

Com um aumento na renda do consumidor a linha de restrição orçamentária se desloca

da linha contínua para a linha tracejada. O equilíbrio que antes era atingido na cesta de

mercadorias E0 passa agora para a cesta de mercadorias E0, a quantidade consumida de

alimentação passa de q°A para q1 V e a quantidade consumida de vestuário passa de q0

A. para

q1A.

Uma variação no preço de uma mercadoria, na medida em que desloca a linha de

restrição orçamentária, também leva à obtenção de um novo equilíbrio. A Fig. 4.17 ilustra um

exemplo. Com uma redução no preço da alimentação, a linha de restrição orçamentária se

desloca da linha cheia para a linha tracejada, fazendo com que o equilíbrio passe da cesta de

mercadorias E0 para a cesta de mercadorias E1,

34

Page 35: Apostila de Economia II v 022011

Vestuário

Alimentação

Fig. 4.17. Deslocamento da linha de restrição orçamentária e obtenção de um novo equilíbrio em

decorrência da redução do preço da alimentação.

Se determinarmos assim a quantidade a ser consumida de uma mercadoria para cada

um de seus possíveis preços, podemos então derivar a curva de demanda do consumidor. Isso

é feito na Fig. 4.18. Essa fig. é composta de dois gráficos. O gráfico superior é um gráfico que

combina curvas de indiferenças e diferentes linhas de restrição orçamentária.

A linha de restrição orçamentária mais à esquerda foi obtida supondo-se que o preço

da unidade de alimentação era P0A linha de restrição orçamentária do meio foi obtida para um

preço P1A por unidade de alimento menor que P0

A.

35

Page 36: Apostila de Economia II v 022011

Vestuário

Preço

Fig. 4.18. Derivação da curva de demanda a partir do mapa de indiferença.

36

Page 37: Apostila de Economia II v 022011

A linha de restrição orçamentária mais à direita foi obtida supondo-se o preço da

unidade de alimentação igual a P2A, sendo esse preço ainda menor que P1

A.

Para cada uma dessas linhas de restrição orçamentária, obtemos um ponto de

equilíbrio. Quando o preço da unidade de alimentação é P0A, obtemos o equilíbrio E0. Quando

ele é P1A

obtemos o equilíbrio E1, e, para o preço da unidade de alimentação igual a P2A,

obtemos o equilíbrio E2. Às cestas de mercadorias E0, E1 e E2 correspondem, respectivamente,

as quantidades consumidas q0A, q1

A e q2A . Assim, quando o preço de uma unidade de

alimentação é P0A, a quantidade de alimentação que o consumidor deverá comprar é q0

A,

quando esse preço passa para P1A a quantidade consumida de alimentação passa para q0

A, e

quando ele é P2A a quantidade comprada de alimentação é q2

A.

Esse resultado é apresentado no gráfico de baixo da Fig. 4.18. O eixo horizontal desse

gráfico indica a quantidade consumida de alimentação e o eixo vertical indica o preço de uma

unidade de alimentação. Assim, o ponto H0, indica apenas que, custando à alimentação P0A, a

quantidade consumida da mesma será q0A. Do mesmo modo, os pontos H1, e H2, indicam que,

se os preços da alimentação for P1A ou P2

A, a quantidade adquirida da mesma será,

respectivamente, q1A ou q2

A . Se repetirmos o mesmo exercício para todos os níveis possíveis

de preço para a alimentação, obteremos a curva d. Essa curva descreve a relação entre preço e

quantidade que o consumidor planeja adquirir, ou seja, ela é a curva de demanda do

consumidor.

37

Page 38: Apostila de Economia II v 022011

ANÁLISE DA DEMANDA DE MERCADO

Demanda (ou Procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os

consumidores desejam adquirir, nem dado período de tempo.

Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo que o consumidor

pode aspirar dada sua renda e os preços no mercado.

A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dadas várias

alternativas de preços de um bem ou serviço. Ou seja, indica que, se o preço for R$ 2,00, ele

pode consumir dada sua renda, 10 unidades; se o preço for R$ 3,00, ele pode consumir 8

unidades, e assim por diante. Nesse sentido, a demanda não representa a compra efetiva, mas

a intenção de comprar.

VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA

A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como:

Riqueza (e sua distribuição);

Renda ( e sua distribuição);

Preço dos outros bens;

Fatores climáticos e sazonais;

Propaganda;

Hábitos, gostos, preferências dos consumidores;

Expectativas sobre o futuro;

Facilidades de crédito.

Tradicionalmente, a função demanda é colocada em função das seguintes variáveis,

considerada as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas na maioria dos

mercados de bens e serviços:

qd = f (ps, ps, pc, R, G) Função Geral da Demanda

i

onde:

38

Page 39: Apostila de Economia II v 022011

qd = quantidade procurada (demandada) do bem i / t (/ t significa num dado

período de tempo).

ps = preço do bem i / t

ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes / t

pc = preço dos bens complementares / t

R = renda do consumidor / t

G = gostos, hábitos e preferências do consumidor /t

São as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de um bem ou serviço.

Agora, o mercado de cada bem tem suas particularidades, e algumas dessas varáveis podem

não afetar a demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por variáveis não incluídas nessa

relação (por exemplo, localização dos consumidores, a influência de fatores sazonais): Como

são muitas variáveis, para estuda-las isoladamente, recorremos à hipótese de coeteris paribus

(tudo o mais constante).

a) Relação entre qd e o preço do próprio bem (pi)

i

É a função convencional da demanda:

qd = f (pi) supondo ps, pc, R e G constantes

i

Sendo , que é a chamada Lei Geral da demanda: a quantidade

demandada de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus.

Por que há essa relação inversa? Ela ocorre devido aos chamados efeitos substituição

e renda, que agem conjuntamente. Suponhamos uma queda do preço do bem. Podemos dividir

o efeito dessa queda de preço sobre a quantidade demandada (efeito preço total) assim:

Efeito substituição: o bem fica barato relativamente a outros, com o que a

quantidade demandada desse bem aumenta;

39

i

Page 40: Apostila de Economia II v 022011

Efeito renda: com a queda de preço, o poder aquisitivo (ou “renda real”) do

consumidor aumenta, e a quantidade demandada do bem i deve aumentar. Isto é,

ao cair o preço de um bem, o consumidor tem mais renda para gastar.

A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente inclinada e pode

assumir quaisquer dos formatos a seguir:

Essa função indica qual a intenção de procura dos consumidores quando os preços

variam com tudo o mais permanecendo constante. Fornece a escala de procura. Ela é obtida

estatisticamente, utilizando-se dados de quantidade e preços realizados em períodos anteriores

(mensais, anuais etc).

b) Relação entre demanda de um bem e preço dos outros bens (ps e pc)

A relação entre a quantidade demandada de um bem ou serviço, com os preços de

outros bens ou serviços, dá origem a dois importantes conceitos: bens substitutos e bens

complementares.

b1) Bens Substitutos (ou Concorrentes): o consumo de um bem substitui o consumo

do outro.

qd = f (ps) supondo ps, pc, R e G constantes

i

ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo de Coca-Cola e

uma variação no preço do guaraná, coeteris paribus.

40

Page 41: Apostila de Economia II v 022011

O deslocamento da curva de demanda, supondo aumento no preço do bem substituto,

pode ser ilustrado a seguir, a partir do exemplo de como a demanda de Coca-Cola é

influenciada pelo preço do guaraná:

Ou seja, aos mesmos preços de Coca-Cola (R$ 20,00), será consumida mais Cocas-

Cola (2.000), porque o guaraná ficou mais caro.

Outros exemplos de bens substitutos entre si: carne de vaca e carne de frango, cerveja

Antarctica e cerveja Brahma, viajar de trem ou de ônibus etc.

b2) Bens Complementares: são bens consumidos conjuntamente

qd = f (pc) com ps, ps, R e G constantes

i

Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de

gasolina, coeteris paribus. Graficamente:

41

Page 42: Apostila de Economia II v 022011

Outros exemplos de bens complementares: camisa social e gravata, pneu e câmara,

pão e manteiga etc.

c) Relação entre demanda de um bem e renda do consumidor (R)

qdi = f (R) com pi, ps, pc e G constantes

Se:

: o bem normal (aumentos da renda levam ao aumento da demanda do

bem)

: bem inferior (aumentos da renda levam à queda de demanda do bem:

carne de 2ª, roupas rústicas etc.)

: bem de consumo saciado (normalmente, alimentos como arroz, sal,

açúcar: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará

significativamente a demanda desses bens).

Vamos verificar o que ocorre com a curva de procura, dado um aumento da renda dos

consumidores, nos três casos:

42

Page 43: Apostila de Economia II v 022011

d) Relação entre demanda de um bem e hábitos do consumidor (G)

qdi = f (G) com pi, ps, pc e R constantes

Os hábitos ou gostos (G) são alterados, “manipulados” por propaganda e campanhas

promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo

de bens, como nos exemplos a seguir:

As variáveis determinantes da função demanda podem ser assim resumidas:

43

Page 44: Apostila de Economia II v 022011

CURVA DE DEMANDA DE MERCADO DE UM BEM

A demanda de mercado é igual ao somatório das demandas individuais.

n

D mercado = di

i = 1

sendo i = 1 a n consumidores, e di a demanda dos consumidores individuais.

Assim, a cada preço, a demanda de mercado é a soma das demandas dos

consumidores individuais.

Preço

R$

qdguaraná

(consumidor A)

qdguaraná

(consumidor B)

qdguaraná

(consumidor C)

Demanda de mercado

de guaraná

200,00 14 10 22 46

150,00 24 15 32 71

100,00 34 20 42 96

50,00 44 25 52 121

Graficamente, teremos que a curva de demanda de mercado é a soma das curvas dos

consumidores individuais:

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE DEMANDA

a) É importante distinguir variações da demanda e variações na quantidade

demandada:

Variações da demanda - deslocamento da curva da demanda, devido a alterações

em ps, pc, R ou G (ou seja, mudanças na condição coeteris paribus).Por exemplo,

44

Page 45: Apostila de Economia II v 022011

supondo um aumento da renda do consumidor, sendo um bem normal, ocorrerá um

aumento da demanda (aos mesmos preços anteriores,o consumidor poderá comprar

mais).

Variação na quantidade demandada – movimento ao longo da própria curva de

demanda, devido a variação do preço do próprio bem ps, mantendo as demais

variáveis constantes (coeteris paribus)

(movimento do ponto A para o ponto B, na mesma curva de

demanda D0i, devido à queda de preço de p0 para p1)

ANÁLISE DA OFERTA DE MERCADO

Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores desejam

vender e determinado período de tempo.

A oferta representa os planos dos produtores ou vendedores, em função dos preços de

mercado. Considera-se que os produtores são racionais, no sentido de que estão produzindo

com o lucro máximo, dentro da restrição de custos de produção.

45

Page 46: Apostila de Economia II v 022011

Variáveis que afetam a Oferta

As principais variáveis que afetam a oferta de um dado bem ou serviço são:

sendo o sobrescrito s derivado do inglês supply (oferta).

É a chamada função geral da oferta.

qs

> 0

pi

qs

< 0

pn

46

se o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem

mais. Para produzir mais, os custos de produção serão maiores, e o

preço do bem deve ser aumentado, coeteris paribus

se, por exemplo, o preço da soja aumentar, e dado o preço do

feijão, os produtores diminuirão a produção de feijão para produzir

mais soja, coeteris paribus

Page 47: Apostila de Economia II v 022011

qs

< 0

m

qs >

< 0

O

Observações:

1. [Como na teoria da procura, devemos distinguir:]

Variação da oferta - deslocamento da curva (quando altera a condição coeteris

paribus, ou seja, quando se alteram pn, m ou O);

Variação da quantidade ofertada - movimento ao longo da curva (quando se

altera o preço do próprio bem pi, mantendo-se as demais variáveis constantes).

2. Empiricamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas funções

oferta são os preços do próprio bem (pi), e o custo dos fatores de produção m . A

variável “Objetivos da Empresa” (O) não é quantificável.

47

se, por exemplo, o preço do fator terra aumenta, diminui a oferta

de café, coeteris paribus (desloca-se devido ao aumento de

preço da terra). O mesmo vale para os demais fatores de

produção, como mão-de-obra, matérias-primas, energia etc ...

a função oferta depende dos objetivos da empresa, isto é, ou se quer

maximizar o lucro, ou aumentar sua participação no mercado. Isto é,

às vezes a empresa prefere lucrar menos em curto prazo e ganhar

participação no mercado (o que pode ocorrer com lucros menores, se

os custos aumentarem mais que as receitas), para lucrar mais em

longo prazo. Veremos mais tarde que também há situações que,

dependendo da estrutura de mercado, e do grau de reação dos

consumidores, é mais vantajoso para a empresa reduzir sua

produção.

Page 48: Apostila de Economia II v 022011

3. Muitas vezes, a oferta depende mais do preço no período anterior (pt-1), do que do

preço do próprio período, dado que a decisão de alterar a produção tem uma certa

defasagem, pois os recursos nem sempre estão imediatamente disponíveis.

CURVA DE OFERTA DE MERCADO (DE UM BEM)

É a soma das curvas de oferta das firmas individuais, que produzem um dado bem ou

serviço:

n

Qj = dj

j = 1

sendo j = 1, 2, ..., n produzindo um bem i, e qj as ofertas das firmas individuais.

O EQUILÍBRIO DE MERCADO

O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela

procura. Colocando em um único gráfico as curvas de oferta e de procura de um bem ou

serviço qualquer, a intersecção das curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o

preço p0 e a quantidade q0.

Este ponto é único, onde a quantidade que os consumidores desejam comprar é

exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender. Ou seja, não há excesso ou

escassez de oferta ou de demanda. Existe coincidência de desejos.

Tendência ao nível de equilíbrio: lei da oferta e da procura

No gráfico a seguir, para qualquer preço superior a p0, (como p’), a quantidade que os

ofertantes desejam vender é muito maior do que a que os consumidores desejam comprar.

Existe um excesso de oferta (qs’ – qd’). De outra parte, com qualquer preço inferior a p0,

48

Page 49: Apostila de Economia II v 022011

surgirá um excesso de demanda (qd” – qs”). Em qualquer dessas situações, não existe

compatibilidade de desejos.

Entretanto, supondo uma economia de mercado, concorrencial o mecanismo de preços

leva automaticamente ao equilíbrio. Quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com

estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos

consumidores: no caso de excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar

mais pelos produtos escassos.

Assim, há uma tendência normal ao equilíbrio: no ponto E (p0, q0) não existem

pressões para alterar preços. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o

plano dos vendedores.

Como se vê, é como se existisse uma “mão invisível” que fizesse com que os agentes,

sem qualquer interferência do governo, encontrassem sozinha uma posição de equilíbrio, via

mecanismo de preços.

MUDANÇAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO DEVIDO A DESLOCAMENTOS

DAS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA

Como vimos anteriormente, existem vários fatores que podem provocar deslocamento

das curvas de oferta e demanda que evidentemente provocarão mudanças do ponto de

equilíbrio. Suponhamos, por exemplo, que o mercado do bem x esteja em equilíbrio, e o bem

x seja um bem normal (não inferior). O preço de equilíbrio inicial é p0 e quantidade q0 (ponto

A no próximo gráfico).

Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda real (aumento

do poder aquisitivo). Conseqüentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, a um mesmo

preço, será maior.

49

Page 50: Apostila de Economia II v 022011

Isso significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1. Assim,

ao preço p0, teremos um excesso de demanda, que provocará gradativamente um aumento de

preços. Com os preços aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no

novo equilíbrio, ao preço p1, e a quantidade q1 (ponto B).

Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afeta a quantidade e os preços

de equilíbrio. Suponhamos, para exemplificar, uma diminuição dos preços das matérias-

primas usadas na produção do bem x. Conseqüentemente, a curva de oferta do bem x se

desloca para a direita. Por um raciocínio análogo ao anterior, podemos perceber que o preço

de equilíbrio se tornará menor e a quantidade maior.

50

Page 51: Apostila de Economia II v 022011

ELASTICIDADES

Até esta altura, sabemos apenas que, quando aumenta o preço de um bem, a

quantidade demandada deve cair, coeteris paribus. Ou seja, conhecemos apenas a direção, o

sentido, mas não a magnitude numérica: isto é, se o preço aumenta em 10%, quanto cairá a

quantidade demandada? O conceito de elasticidade fornece essa resposta numérica.

Elasticidade - em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variável,

dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus.

Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável,

em face de mudanças em outras variáveis.

Trata-se de um conceito de ampla aplicação em Economia. Vejamos alguns exemplos:

Exemplos da Microeconomia:

Elasticidade-preço da demanda - é a variação percentual na quantidade

demandada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;

Elasticidade-renda da demanda - é a variação percentual na quantidade

demandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus;

Elasticidade-preço cruzada da demanda - é a variação percentual na

quantidade demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem,

coeteris paribus;

Elasticidade-preço da oferta – é a variação percentual na quantidade

ofertada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus.

51

Page 52: Apostila de Economia II v 022011

Exemplos da Macroeconomia

Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio – é a variação

percentual nas exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio,

coeteris paribus;

Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros – é a variação

percentual da procura de moeda, dada a variação percentual da taxa de juros,

coeteris paribus.

Enfim, sempre quando tivermos uma relação de causa e efeito em economia, podemos

calcular uma elasticidade.

ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA

É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual

no preço do bem, coeteris paribus. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores,

quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço.

Epp = = = =

Como é negativa (pela lei geral da demanda), e p e q são valores positivos,

segue que Epp é sempre negativa. Por essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo

(por exemplo, Epp = 1,2, que equivale a Epp = - 1,2).

52

Page 53: Apostila de Economia II v 022011

Classificação dos bens, de acordo com a elasticidade-preço da demanda

De acordo com a elasticidade-preço da demanda, a demanda pode ser classificada

como elástica, inelástica ou de elasticidade-preço unitária.

DEMANDA ELÁSTICA EPP > 1

Exemplo: Epp = 1,5 ou Epp = - 1,5

Dada uma variação percentual, por exemplo, de 10% no preço, a quantidade

demandada varia, em sentido contrário, em 15% coeteris paribus. Isso revela que a

quantidade é bastante sensível à variação de seu preço.

DEMANDA INELÁSTICA EPP < 1

Exemplo: Epp = 0,5 ou Epp = - 0,5

Os consumidores são pouco sensíveis a variações de preço: uma variação de, por

exemplo, 10% no preço levam a uma variação na demanda desse bem de apenas 5% (em

sentido contrário).

DEMANDA DE ELÁSTICIDADE UNITÁRIA EPP = 1

Exemplo: Epp = 1 ou Epp = - 1

Se o preço aumenta em 10%, a quantidade cai também em 10%, coeteris paribus.

Por exemplo, dados os valores das elasticidades-preço da demanda dos bens A e B,

EppA = - 2 e Epp

B = - 0,8, o bem A tem demandada mais elástica que o bem B, pois um

aumento de 10% no preço de ambos levaria a uma queda de 20% na quantidade demandada

do bem A, e de apenas 8% na do bem B, coeteris paribus. Os consumidores de bem A são

relativamente mais sensíveis a variações de preços desse produto.

53

Page 54: Apostila de Economia II v 022011

Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda

Disponibilidade de bens substitutos

Quanto mais substitutos, mais elástica a demanda, pois, dado um aumento de preços.

O consumidor tem mais opções para “fugir” do consumo desse produto. Ou seja, trata-se de

um produto cujos consumidores são bastante sensíveis à variação de preços.

Como a elasticidade depende da quantidade de bens substitutos, observa-se que,

quanto mais específico o mercado, maiôs a elasticidade. Por exemplo, a elasticidade-preço da

demanda de quaraná deve ser maior que a de refrigerantes em geral, pois tem mais substitutos

para o guaraná do que para refrigerantes em geral. Na mesma linha de raciocínio, temos que:

Epp pasta de > Epp pasta de > Epp pasta de

Mentol Kolynos mentol dente

Essencialidade do bem

Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura. Esse tipo de bem não traz

muitas opções para o consumidor “fugir” do aumento de preços. Exemplos clássicos: sal e

açúcar.

Importância relativa do bem no orçamento do consumidor

A importância relativa, ou peso do bem no orçamento, é dada pela proporção de

quanto o consumidor gasta no bem, em relação à sua despesa total.

Maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. O consumidor é

muito afetado, por alterações nos preços, quanto mais gasta com o produto, dentro de sua

cesta de consumo. Por exemplo:

Carne: Epp alta

Fósforo: Epp baixa

Formas de cálculo

O cálculo do valor numérico da elasticidade dependerá do conhecimento ou não da

função demanda, e se se deseja calcula-la num ponto específico da demanda, ou em

determinado trecho da curva. Vejamos as várias alternativas.

a) Elasticidade no ponto (calculada num ponto específico da demanda)

54

Page 55: Apostila de Economia II v 022011

1. Por acréscimos finitos ( )

Epp = p . q

q p

Exemplo: Dados p0 = 15,00; p1 = 10,00; p0 = 100; q1 = 120, calcular a

elsticidade-preço da demanda, no ponto inicial (B).

Basta substituir na fórmula, assim:

Epp = p0 . q = 10 . (100 – 120) = 10 . (-20) = -1

q0 p 120 (15 – 10) 120 5 3

portanto, demanda inelástica no ponto inicial (p0, q0).

2. Por derivada (quando se tem uma estimativa estatística da função demandada).

Epp = p . dq ou Epp = p . q (com mais de duas variáveis)

q dp q p

A estimação estatística de funções demanda ( e de outras funções econômicas) é feita

aplicando-se métodos econométricos, a partir de séries de dados normalmente mensais de

preços, quantidades, e outras variáveis que afetam a demanda.

b) Elasticidade no ponto médio ( ou no arco)

55

Page 56: Apostila de Economia II v 022011

Se quisermos a elasticidade num trecho da curva da demanda, ao invés de um ponto

específico, tomamos a média dos preços e a média das quantidades.

Epp AB = .

que é igual a

Epp AB = p0 + p1 . q ou, por derivada, Epp AB = p0 + p1 . dq

q0 + q1 p q0 + q1 dq

No exemplo anterior teremos:

Epp AB = 10 + 15 . (-20) = - 0,45 (demanda inelástica nesse trecho da curva)

120 + 100 5

Exercício: Dada a função demanda qd = 10 - 2p, calcular:

a) Elasticidade no ponto onde p0 = 2, por acréscimo finito

b) Elasticidade no ponto onde p1 = 3, por acréscimo finito

c) Elasticidade no ponto onde p0 = 2, por derivada

d) Elasticidade no ponto onde p1 = 3, por derivada

e) Elasticidade no arco, entre os pontos p0 = 2 e p1 = 3 por acréscimo).

Antes de qualquer coisa, precisamos calcular os valores de q0 e q1, que não foram

dados. Para tanto, basta substituir os valores dados de p0 e p1, na equação:

qd = 10 - 2p

q0 = 10 – 2 . (2) = 6

q1 = 10 – 2 . (3) = 4

a) Epp = p . q

q p

56

Page 57: Apostila de Economia II v 022011

q = q1 – q0 = - 2 Epp = = = 0,66 < 1 (demanda inelástica

p = p1 – p0 = 1 no ponto p0 = 2)

b) Epp = = . = (demanda elástica nesse ponto) = 1,5 > 1

c) qd = 10 – 2p = - 2 Epp = (-2) = = 0,66 < 1 (demanda elástica

nesse ponto)

(Observamos que = - 2 = ; isso porque a demanda é uma reta, e, nesse caso,

tanto faz calcularmos por derivada ou por acréscimos finitos).

d) Epp = = 1,5 > 1 (demanda elástica no ponto p = 3)

e) Epp = . = . (- 2) = (-2) = - 1

Portanto, esse produto apresenta demanda de elasticidade unitária, entre os pontos p0 =

2 e p1 = 3.

57

Page 58: Apostila de Economia II v 022011

Interpretação Geométrica da Elasticidade-Preço da Demanda

Veremos que a elasticidade-preço da demanda deve variar, ao longo de uma mesma

curva de demanda. Quanto o preço do bem, maior a elasticidade.

Pode-se provar que: Epp = =

Então se:

Significa, então,

que quanto maior o preço de

um bem, coeteris paribus,

maior a elasticidade-

preço da demanda (o

ponto A fica mais acima, na

curva de demanda). É um

resultado esperado, pois o

consumidor torna-se mais

sensível (“procura

elástica”) quanto mais caro

o produto. Produtos com

preços já elevados, se aumentarem mais, provocarão diminuição muito acentuada e seu

consumo.

58

Page 59: Apostila de Economia II v 022011

Essa interpretação geométrica também vale para curvas, não apenas retas. Basta traçar

uma tangente ao ponto desejado. Por exemplo, no diagrama a seguir,a demanda é inelástica no

ponto A, porque ele se situa na parte inferior da curva (onde o “segmento de baixo” é menor

que o “segmento de cima” do ponto referido).

Exercício: No diagrama abaixo, em que ponto a elasticidade é relativamente mais

elevada?

Resposta: no ponto A, onde a relação entre o segmento abaixo dele e o segmento

acima é o maior, relativamente aos demais pontos.

Relação entre receita total do vendedor (ou dispêndio total do consumidor) e

elasticidade-preço da demanda

A receita total do vendedor (RT), que corresponde ao próprio dispêndio ou gasto total

dos consumidores, é dada por:

59

Page 60: Apostila de Economia II v 022011

RT = preço unitário x quantidade comprada do bem

RT = p . q

Seria possível conhecermos a priori o que deve acontecer com a receita total RT,

quando varia o preço de um bem? A RT aumenta, diminui ou permanece constante?

A resposta vai depender da elasticidade-preço da demanda.

a) se Epp for elástica,

variação percentual da quantidade demandada > variação percentual do preço

a RT segue o sentido da quantidade, isto é, prepondera a variação da quantidade sobre

a variação do preço;

- se p aumentar, q cairá e a RT diminuirá

- se p cair, q aumentará e a RT aumentará

b) se Epp for inelástica,

variação percentual qd < variação percentual p

prepondera o sinal do preço:

- se p aumentar, q cairá e a RT aumentará

- se p cair, q aumentará e a RT cairá

c) se Epp for unitária,

variação percentual qd = variação percentual p

tanto faz p aumentar ou cair, que RT = constante

60

Page 61: Apostila de Economia II v 022011

Podemos concluir que, com demanda inelástica, é vantajoso aumentar o preço (ou

diminuir a produção), até onde Epp = - 1. Embora a quantidade caia, o aumento de preço mais

que compensa a queda na quantidade e a RT aumenta. É o caso da maior parte dos produtos

agrícolas, que apresentam demanda inelástica. Mas isso tem um limite, pois, se o aumento de

preço for muito elevado, pode cair no ramo elástico da demanda, o que redundaria em queda

da Receita Total.

Observações Adicionais sobre Elasticidade-Preço da Demanda

1. Casos extremos de elasticidade-preço da procura

Epp = 0 demanda totalmente inelástica

Dada a variação do preço, a quantidade demandada permanece constante. Os bens

essenciais aproximam-se bastante desse caso, já que, mesmo com aumento do preço, o

consumidor continuará consumindo praticamente a mesma quantidade do produto.

Epp = demanda infinitamente elástica

Dada uma variação de preços, a quantidade demandada é indeterminada, podendo

variar de zero ao infinito. Como veremos no capítulo relativo às estruturas de mercado, isso

ocorre em mercados perfeitamente competitivos ou concorrenciais, onde a empresa defronta-

se com uma demanda infinitamente elástica, com preços dados pelo mercado.

2. Freqüentemente, os economistas utilizam a expressão “a demanda do bem x é

elástica”. Como a elasticidade assume valores diferentes, numa mesma curva de demanda, o

61

Page 62: Apostila de Economia II v 022011

mais correto seria dizer que “a demanda do bem x é elástica, entre os preços, digamos, dez e

vinte reais”.

3. Prova-se que apenas no caso de funções potência, tipo qd = a. p-b , a elasticidade-

preço da demanda é constante ao longa da curva, e é igual ao próprio coeficiente b.Assim, se

a função potência for qd = 3p-0,8 a elasticidade-preço da demanda é constante, e igual a – 0,8

(demanda inelástica). Dada uma variação de, digamos, + 10 % no preço do bem, a quantidade

demandada varia em – 8%, coeteris paribus.

ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA

É a variação percentual da quantidade demandada do bem “X”, dada uma

variação percentual no preço do bem “Y”, coeteris paribus.

Eppxy = = = .

ou, em termos de derivada,

Eppxy = (derivada simples) Epp

xy = (derivada parcial)

Se Eppxy > 0 os bens x e y são substitutos ou concorrentes (o aumento do

preço de y aumenta o consumo de x, coeteris paribus)

Se Eppxy < 0 os bens x e y são complementares (o aumento do preço de y

diminui a demanda de x, coeteris paribus)

ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA

É a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação

percentual da renda do consumidor, coeteris paribus.

62

Page 63: Apostila de Economia II v 022011

ERp = = =

ou ERp = ou ERp =

Se ERp > 1 bem superior (ou bem de luxo: dada uma variação da renda, o consumo

varia mais que proporcionalmente

ERp > 0 bem normal: o consumo aumenta, quando a renda aumenta

ERp < 0 bem inferior: a demanda cai, quando a renda aumenta

ERp = 0 bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o consumo

do bem

ELASSTICIDADE-PREÇO DA OFERTA

Mede a variação percentual ofertada, dada uma variação percentual no preço do

bem, coeteris paribus.

Eps = = =

ou

Eps > 0 pois > 0, coeteris paribus

Podemos ter as seguintes situações:

63

Page 64: Apostila de Economia II v 022011

Eps > 1 bem de oferta elástica

Eps > 1 bem de oferta inelástica

Eps = 1 elasticidade-preço da oferta unitária

Como no caso da demanda, a elasticidade-preço da oferta também pode ser calculada

no ponto ou no arco.

Conforme o valor do intercepto da curva de oferta, prova-se que:

A aplicação do conceito de elasticidade da oferta é pouco freqüente,

comparativamente à elasticidade da demanda. Uma das teses da chamada corrente

estruturalista da inflação era que a oferta de produtos agrícolas seria pouco elástica a

estímulos de preços, devido à baixa produtividade da agricultura, provocados pela estrutura

agrária.

ASPECTOS DA ATUAÇÃO DO SETOR PÚBLICO NA ESFERA

MICROECONÔMICA

Neste capítulo, preocupamo-nos mais com os principais aspectos da atuação do setor

público ao nível microeconômico; ou seja , a interferência do setor público na formação de

preços no mercado, no que se refere à incidência de impostos, fixação de preços mínimos na

agricultura e controle de preços.

2. INCIDÊNCIA DE UM IMPOSTO SOBRE VENDAS

O conhecimento da incidência de um imposto (isto é, sobre quem efetivamente recai o

ônus do imposto, se sobre consumidores ou vendedores) é importante para determinar os

aspectos econômicos e sociais da tributação. Veremos como o instrumental simples de oferta

e demanda e o conceito de elasticidade são adequados para essa análise.

64

Page 65: Apostila de Economia II v 022011

Antes, cabe observar que os impostos sobre vendas são impostos indiretos, pois

incidem sobre o preço das mercadorias, enquanto os impostos diretos incidem diretamente

sobre a renda das pessoas. Os impostos indiretos (ICMS, IPI) são regressivos em relação à

renda, pois representam uma parcela maior da renda das classes manos favorecidas,

relativamente aos mais ricos (por exemplo, na compra de um mesmo tipo de TV, ambos

pagam, por exemplo, os mesmo R$ 50 de IPI, o que onera relativamente mais o pobre). Os

impostos diretos (Imposto de Renda) são progressivos (quem ganha mais paga mais). Uma

estrutura tributária é considerada proporcional ou neutra quando todos dispendem uma

parcela (%) igual de sua renda no pagamento de impostos.

Temos dois tipos de impostos sobre vendas:

I – Imposto Específico – representa um valor R$ fixo por unidade vendida,

independente do valor da mercadoria. Por exemplo, se o imposto for R$ 1.000,00, esse será o

valor fixo cobrado sobre qualquer mercadoria, não importa se ela custe R$ 5.000,00 ou R$

500.000,00.

II – Imposto ad valorem – aplica-se uma alíquota (percentual) fixa sobre o valor em

R$ de cada unidade vendida. Ou seja, a alíquota é fixa (como no ICMS e IPI), mas o valor em

R$ do imposto aumenta, conforme aumenta o preço do bem. Assim, supondo uma alíquota de

20%, se a mercadoria custar R$ 50.000,00, o valor em R$ do imposto será R$ 10.000,00; se a

mercadoria custar R$ 100.000,00, o valor em R$ do imposto será R$ 20.000,00.

Efeito de um Imposto de Vendas sobre o Equilíbrio de Mercado

Imposto Específico

Com o estabelecimento de um imposto, podemos definir duas curvas de oferta: uma

antes da existência do imposto e outra após a aplicação do imposto:

S = f(p) antes do imposto

S’ = f(p’) após o imposto

sendo p o preço de mercado, pago pelo consumidor, e p’ o preço relevante para o

produtor (que é o preço de mercador menos o valor do imposto T ), isto é,

65

Page 66: Apostila de Economia II v 022011

p' = p – T .

Evidentemente, o estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como um

custo adicional para o produtor, o que desloca a curva de oferta para trás. Ou seja, para

oferecer a mesma quantidade que oferecia anteriormente, o produtor tem que aumentar o

preço ou, se quiser manter o preço, o produtor deve oferecer menor quantidade, pois

encareceu a mercadoria.

Vamos supor o seguinte exemplo:

curva de oferta antes do imposto: S = - 20 + 2p

valor do imposto específico: T = R$ 10,00

A curva de oferta com imposto então fica:

S’ = - 20 + 2 (p – 10)

sendo p – 10 = p’, ou seja, o produtor vende a mercadoria por $p e fica com (p - $ 10)

S’ = - 20 + 2p – 20

S’ = - 40 + 2p

Comparando a curva de oferta antes e após o imposto, observamos que a declividade é

a mesma, alterando-se apenas o intercepto, indicando um deslocamento paralelo da curva.

Graficamente

Imposto ad valorem

66

Page 67: Apostila de Economia II v 022011

Chamado ainda p = preço pago pelo consumidor (ou preço de mercado)

p' = preço relevante para o produtor

temos, no caso de um imposto ad valorem, que

p’ = p – tp, sendo t a alíquota ou percentual do imposto

Ou seja, se p = 10,00, e t = 20% ou 0,2, então:

p' = 10 – 0,2.10 = 8,00

O preço de mercado é R$ 10,00, mas o preço recebido pelo produtor é R$ 8,00. Como

alíquota do imposto é 20%, o valor do imposto é R$ 2,00, quando o preço é R$ 10,00.

Se o preço fosse p = 30,00, então:

p' = 30 – 0,2 . 30 = 24,00

a alíquota continuaria 20%, mas o valor do imposto aumentaria para R$ 6,00.

Temos, portanto:

* curva de oferta antes do imposto: S = f(p)

* curva de oferta com imposto ad valorem: S’ = f(p’),

sendo p’ = p – pt ou P’ = P (1 – T)

Exemplo

curva de oferta antes do imposto: S = - 20 + 2p

curva de oferta com imposto ad valorem , supondo t = 0,1

S’ = -20 + 2p (1 – 0,1)

S’ = -20 + 2p (0,9)

S’ = -20 + 1,8p

67

Page 68: Apostila de Economia II v 022011

Notamos que, ao contrário do imposto específico, o que se altera agora é a declividade

e não o intercepto.

Graficamente:

A distância entre S e S’, na vertical, é o valor do imposto em R$, que aumenta quando

o preço aumenta, no caso do imposto ad valorem.

Incidência do Imposto

Vejamos, agora, a questão de quem arca efetivamente com o ônus do imposto. Para

tanto, suporemos o caso de um imposto específico (a análise a seguir também vale, mutatis

mutandi, para o caso de um imposto ad valorem).

Chamemos: po = preço de equilíbrio, antes do imposto

p1 = preço pago pelo consumidor, após T

p’ = preço recebido pelo produtor, após T

e q0 e q1, as quantidades de equilíbrio, antes e depois do imposto.

Segue-se, então, que:

I – a parcela, em R$, do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga

com o imposto (p1), menos o que pagaria sem o imposto (p0) , vezes a quantidade comprada,

ou seja:

(p1 – p0) . q1

68

Page 69: Apostila de Economia II v 022011

II – a parcela, em R$, do imposto paga pelo vendedor é a diferença entre o que

receberia sem o imposto (p0),e o que recebe após o imposto (p’), vezes a quantidade

vendida, ou seja:

(p0 – p’) . q1

III – a arrecadação total do governo é a soma das duas parcelas anteriores, ou o valor

do imposto vezes a quantidade vendida, ou seja

A = T . q

Graficamente:

Parece claro que a incidência do imposto dependerá das elasticidades das curvas de

oferta e demanda da mercadoria.

Supondo uma mesma curva de oferta, podemos analisar graficamente a incidência

para curvas de demanda com diferentes elasticidades:

69

Page 70: Apostila de Economia II v 022011

Se a demanda for bastante elástica, dada a curva de oferta (gráfico a), a maior parcela

do imposto incidirá sobre os vendedores ou produtores, pois os consumidores conseguem

diminuir bastante o consumo do bem, dada uma elevação de preços provocada pelo imposto.

Se a demanda for inelástica, dada a curva de oferta (gráfico b), quem deve arcar com a maior

parcela do imposto é o consumidor, que, nesse caso, não tem muitas possibilidades de “fugir”

do aumento de preços.

FIXAÇÃO DE PREÇOS MÍNIMOS NA AGRICULTURA

A política de preços mínimos visa dar uma garantia de renda aos agricultores. O

governo anuncia, antes da época de plantio, um preço mínimo, pelo qual ele garante que

compra a safra após a colheita. Se o preço de mercado for maior que o preço mínimo, o

agricultor vende no mercado: se o preço de mercado for menor que o preço mínimo garantido,

o agricultor vende ao governo.

Supondo que o preço mínimo seja maior que o de mercado (ver gráfico a seguir), o

governo pode encetar dois tipos de política:

compra o excedente (diferença entre a quantidade produzida e a quantidade que os

consumidores desejam comprar ao preço mínimo). No gráfico, qs – qd. Isto se

chama Política de Compras;

deixa os agricultores venderem toda a produção no mercado, o que fará o preço

cair para pc. O governo paga ao agricultor a diferença entre o preço mínimo

prometido (pm) e o que o consumidor pagou no mercado (pc). Esta é a chamada

Política de Subsídios.

Estritamente do ponto de vista do governo, ele escolherá, entre essas duas políticas,

aquela na qual ele gastará menos. Nos gráficos a seguir, as regiões hachuradas representam

os gastos do governo em cada política:

70

Page 71: Apostila de Economia II v 022011

Certamente, a adoção de uma das duas políticas dependerá da elasticidade-preço da

demanda (supondo que a curva de oferta seja fixada). Podemos mostrar isso graficamente,

supondo uma mesma curva de oferta e duas demandas: uma bastante inelástica e outra

elástica:

Considerando que

os gastos do

governo, com a

política de compras é dado pela área Abqdqs, e com a política de subsídios pela área PmBCpc,

podemos notar que, quanto mais elástica a demanda de um produto agrícola, o governo

tenderá a adotar uma política de subsídios, que sairá mais barata ao cofres públicos, que uma

política de compras (quanto mais elástica e demanda, a área Abqdqs vai retornando cada vez

maior do que a área PmBCpc

Exemplo: Dadas as funções:

demanda : qd = 19.000 – 20p

oferta: qs = 10.000 + 10p

de um produto agrícola e supondo que o governo fixou um preço mínimo de R$ 400,00, qual

política que o governo deve adotar, de forma a minimizar seus gastos?

Resolução: É necessário calcular os custos de cada política. Graficamente:

71

Page 72: Apostila de Economia II v 022011

Antes de mais nada, precisamos achar o valor das três incógnitas: pc, qd e qs. As

variáveis qd e qs são obtidas substituindo o valor de pm = 400 nas funções demanda e oferta,

assim:

qd = 19.000 – 20p = 19.000 – 20(400) = 11.000

qs = 10.000 + 10p = 10.000 + 10(400) = 14.000

A diferença qd – qs = 3.000 é o excesso de oferta (excedente).

Para determinar pc, que é o preço que o consumidor pagará, se toda a produção for

colocada no mercado (que é de 14.000), substituímos esse valor (14.000) na função demanda,

assim:

qd = 19.000 – 20p

14.000 = 19.000 – 20p

Portanto, pc = 250,00

Assim, o subsídio que o governo banca para cada unidade vendida no mercado é a

diferença entre o preço que ele pagou ao agricultor (o preço mínimo pm = 400,00) e o preço

pago pelo consumidor (pc = 250,00), ou seja, R$ 150,00 por unidade.

Para sabermos qual o gasto total do governo na política de subsídios, basta multiplicar

R$ 150,00 pelas 14.000 unidades vendidas. Teremos o valor de R$ 2.100.000,00. Ou seja:

gasto com política de subsídios = (pm – pc). qd = 150,00 x 14.000 = R$ 2.100.000,00

O gasto total do governo na política de compras é obtido pela multiplicação do preço

mínimo que o governo pagou ao agricultor (400,00) pelo excedente que não foi comprado

pelo consumidor, ficando com o governo (qs – qd = 3.000), isto é, R$ 1.200.000,00, ou seja:

72

Page 73: Apostila de Economia II v 022011

gasto com política de compras = pm (qs – qd) = 400,00 x 3.000 = 1.200.000,00

Dessa forma, o governo adotará a política de compras, com a qual gastará

relativamente menos.

Cabe observar que este tópico não pretende explorar todos os aspectos relativos a tais

políticas, como custos administrativos, custo de armazenagem etc., uma vez que o objetivo

aqui é apenas ilustrar um tipo de atuação do governo na formação de preços de mercado, e

como o conceito de elasticidade pode ser útil nesse caso.

CONTROLE DE PREÇOS E RACIONAMENTO

Vejamos um tipo de política que objetiva evitar que os preços atinjam valores não

desejados pelas autoridades, seja no contexto de combate à inflação, seja no sentido de

defender os consumidores. Em certas ocasiões, o governo entende que o preço que vigoraria

no mercado seria muito alto e intervém, fixando um preço máximo pelo qual a mercadoria

poderia ser vendida.

O controle de preços foi uma prática muito utilizada no Brasil. São bastante

conhecidos a SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento, e o CIP – Conselho

Interministerial de Preços -, órgãos do Governo Federal encarregados do controle de preços.

Mais recentemente, surgiu a SEAP – Secretaria Especial de Abastecimento e Preços.

Quais serão as conseqüências deste controle de preços? Podemos analisa-los

utilizando o instrumental já desenvolvido de oferta e procura. Supondo o preço fixado (p1)

inferior ao equilíbrio )p0), surgirá um excesso de demanda. Graficamente, teremos:

Ao preço p1, haverá demanda

insatisfeita. Nem toda a quantidade desejada pelos

consumidores (qd) pode ser adquirida, pois os

ofertantes só desejam vender a quantidade qs.

73

Page 74: Apostila de Economia II v 022011

Sem o tabelamento, surgiriam pressões para os preços aumentarem até o equilíbrio

(p0), desaparecendo o excesso de demanda.

Havendo o tabelamento, os preços não podem subir. Serão necessários então

mecanismos para distribuir a quantidade racionada (qs) entre os consumidores. Temos duas

formas de distribuição da mercadoria escassa: a) mecanismos espontâneos e b) imposição de

um racionamento pelo governo.

Mecanismos Espontâneos de Distribuição

Vamos apresentá-lo por meio de um exemplo.

Suponhamos que joguem São Paulo e Corinthians decidindo o Campeonato Paulista.

Os ingressos têm seus preços tabelados. O público que deseja assistir ao jogo é maior que a

capacidade do estádio, surgindo o excesso de demanda. Como este problema pode ser

resolvido? Existem várias possibilidades de distribuição:

I – surgem filas nas bilheterias - Os primeiros que chegarem serão contemplados;

II – são feitas vendas por baixo do pano - A Federação Paulista de Futebol, em

geral, reserva um aparte dos ingressos aos clubes e estes os cedem aos seus diretores e

conselheiros. Estes elementos, por serem amigos dos dirigentes, adquirem ingressos sem que

precisem entrar em filas. Enfim, em qualquer mercado onde existe uma produção limitada de

um artigo de grande procura, o vendedor vai dar preferência a fregueses antigos, aos amigos

ou parentes. Para os demais consumidores, a mercadoria está em falta.

III – surge o mercado negro - Os cambistas comprar certa quantidade de ingressos e

os vendem a preços maiores que os fixados, daí auferindo lucros. Isso ocorre quando a

autoridade não dispõe de meios adequados para fiscalizar as vendas.

Estas três são as formas mais comuns e surgem espontaneamente no mercado.

Racionamento

O governo pode entender que as formas acima de distribuição ou alocação da

quantidade oferecida entre os consumidores não são adequadas e intervir no mercado,

determinando, além do tabelamento, um racionamento no consumo.

74

Page 75: Apostila de Economia II v 022011

Este racionamento pode ser feito de várias formas e sob diversos critérios. Pode ser

por meio de cupões de consumo: cada família recebe certo número de cupões, usando-os para

comprar as mercadorias discriminadas. Pode ser feito por meio do bem por mês, e assim por

diante. Pode-se proceder à distribuição destes cupões ou destas cotas segundo sexo e idade,

estado civil, número de filhos, etc.

TEORIA DA FIRMA

Explica o comportamento da Firma quando desenvolve a sua atividade

produtiva. Divide-se em Teoria da Produção e Teoria dos Custos de Produção.

Firma – unidade de produção que atua racionalmente, procurando maximizar

seus resultados relativos a produção e lucro.

TEORIA DA PRODUÇÃO

Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção

adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado.

Assim, a firma é uma intermediária: compra insumos (inputs, fatores de produção),

combina-os segundo um processo de produção escolhido, e vende produtos (outpus), no

mercado.

Fator de Produção – bens ou serviços transformáveis em produção.

Função Produção - relações tecnológicas, físicas, entre a quantidade produzida e as

quantidades de insumos utilizados na produção. Q = f (K, L)

Enquanto a Teoria dos Custos inclui os preços dos insumos.

Processo de Produção – técnica por meio da qual um ou mais produtos serão obtidos

pela utilização de determinadas quantidades de fatores de produção.

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Page 76: Apostila de Economia II v 022011

A Escolha do Processo de Produção - O processo de produção pode ser

mão-de-obra intensivo, capital-intensivo, ou terra-intensiva, dependendo do fator de

produção utilizado em maior quantidade, relativamente aos demais.

A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser

avaliada sob o ponto de vista tecnológico ou sob o ponto de vista econômico.

Eficiência técnica (ou tecnológica): entre dois ou mais processo de produção, é

aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor

quantidade física de fatores de produção.

Eficiência econômica: entre dois ou mais processos de produção, é aquele que

permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de

produção.

São conceitos relativos: diz-se que A é mais eficiente relativamente a B (e não que A e

B são eficientes). Esses conceitos também podem ser aplicados para comparação entre firmas

assemelhadas, ou ainda entre setores (por exemplo, diferenças de eficiência no setor têxtil

entre os vários Estados).

Observações

a) Há uma diferença entre os conceitos de TECNOLOGIA e de MÉTODO DE

PRODUÇÃO. Tecnologia é um inventário dos métodos de produção conhecidos.

É o estado das artes. Nesta análise, supõe-se tecnologia dada. Métodos ou

Processos de Produção são diferentes combinações dos fatores de produção, a um

dado nível de tecnologia.

b) Na Teoria Microeconômica, consideramos uma dada eficiência tecnológica (que

seria mais uma questão de engenharia), e preocupamo-nos mais com a questão de

eficiência econômica.

76

Page 77: Apostila de Economia II v 022011

Função de Produção

Um dos conceitos mais relevantes, dentro da Teoria da Produção, é o de função de

produção. É a relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade

física do produto em determinado período de tempo.

Quantidade produto = f (quantidade fatores)

q = f ( N , K , T )

quantidade = mão-de-obra Capital área produzida/t utilizada/t utilizado/t utilizada/t

Ela supõe eficiência técnica: é a máxima produção possível, a dados níveis de mão-de-

obra, capital e tecnologia.

Existe uma diferença entre os conceitos de função oferta e função de produção:

função oferta – conceito “econômico”, pois depende dos preços dos fatores de

produção (custos);

função de produção - conceito “físico” ou “tecnológico”, pois se refere à relação

entre quantidades físicas de produto e de fatores de produção.

Distinção entre Fatores de Produção Fixos e Variáveis, e curto e longo prazos

Em Microeconomia, a questão do prazo está ligado à existência ou não de fatores

fixos.

Os fatores de produção fixos permanecem inalterados, quando a produção varia,

enquanto, enquanto os fatores de produção variáveis se alteram, com a variação da quantidade

produzida.

São exemplos de fatores fixos: o capital físico e as instalações da empresa.

São exemplos de fatores variáveis: a mão-de-obra e as matérias-primas utilizadas.

Define-se curto prazo como período de tempo no qual existe pelo menos um fator de

produção fixo: já a longo prazo, para todos os fatores variam.

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Page 78: Apostila de Economia II v 022011

Dessa forma, por exemplo, o curto prazo para uma metalúrgica é maior do que o de

uma fábrica de biscoitos, dado que as alterações de equipamentos ou instalações de uma

metalúrgica demandam mais tempo que uma fábrica de biscoitos.

PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL E UM FIXO (Análise a curto

prazo)

Suporemos, por simplificação, apenas dois fatores de produção: mão-de-obra e capital,

sendo a mão-de-obra variável, e o capital (equipamentos e instalações) fixo. A função de

produção fica:

q = f (N) com K fixado

Ou seja, o nível do produto varia apenas em função de alterações na mão-de-obra, em

curto prazo, coeteris paribus.

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Page 79: Apostila de Economia II v 022011

Conceitos de Produto Total, produtividade Média e Produtividade Marginal

Produto Total (PT)

È a quantidade total produzida, num determinado período de tempo.

PT = q

Produtividade Média

É a relação entre o nível do produto e a quantidade do fator de produção, num

determinado período de tempo.

Produtividade Média da Mão-de-Obra: PMen = PT (é o produto por trabalhador)

N

Produtividade Média do Capital: Pmek = PT

K

Produtividade Média da Terra: Pmet = PT (sendo T a área cultivada)

T

Produtividade Marginal

É a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de

produção, num determinado período de tempo.

Produtividade Marginal da Mão-de-Obra: PMgn = PT = q ou dq

N N dN

Produtividade Marginal do Capital: PMgk = PT = q ou dq

K K dK

Produtividade Marginal da Terra: PMgt = PT = q ou dq

T T dT

sendo dq , dq e dq

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Page 80: Apostila de Economia II v 022011

dN dK dT as derivadas do produto em relação aos insumos, aplicável

quando a função de produção é contínua e diferenciável.

Observamos que o capital se mantém fixo (10 unidades), o que caracteriza uma

abordagem de curto prazo. As variações do produto são devidas exclusivamente às alterações

no fator mão-de-obra.

Colocando os dados acima em gráficos, teremos:

Supondo curvas contínuas e diferenciáveis

(isto é, sem “bicos” ou interrupções), podemos

fazer:

80

Page 81: Apostila de Economia II v 022011

Observamos que, no ponto máximo do produto total PT, a produtividade marginal da

Mão-de-obra PMgN, é igual a zero. Antes desse ponto, a produtividade marginal da Mão-de-

obra é positiva, ou seja, aumentos na absorção de mão-de-obra elevam o produto total. Após

o ponto máximo do PT (PMgN = 0), a produtividade é negativa: acréscimos de mão-de-obra

diminuirão o produto. Isso ocorre devido à lei dos rendimentos decrescentes.

Lei dos Rendimentos Decrescentes

O formato da curvas PMgN e PMeN é devido à Lei dos Rendimentos Decrescentes,

cujo enunciado é:

“Ao aumentar-se o fator variável (N), sendo dada a quantidade de um fator fixo, a

PMg do fator variável cresce até certo ponto e, a partir daí, decresce até tornar-se negativa.”

Essa lei só é válida se for mantido um fator fixo (portanto, só vale em curto

prazo).

Ex.: Consideremos a atividade agrícola, tendo como fator fixo à área cultivada, e

como fator variável a mão-de-obra. Com o aumento da produção, no início ela cresce

substancialmente porque tem poucos trabalhadores. Aumentando o número de trabalhadores,

e se a área permanece a mesma, chega-se a um ponto em que a produção continua crescendo,

mas a taxas decrescentes, devido ao excesso de trabalhadores. Teoricamente, pode-se chegar

a um ponto em que a absorção de mais um trabalhador provocará queda na produção (PMgN

negativa).

PRODUÇÃO A LONGO PRAZO

A análise da produção em longo prazo considera que todos os fatores de produção

(mão-de-obra, capital, instalações, matérias-primas) variam. Ou seja, não existem fatores

fixos de produção, como em curto prazo.

Supondo apenas dois fatores de produção, a mão-de-obra (N) e capital (K), temos a

função produção com ambos os fatores variáveis. Essa função de produção pode ser

representada por uma curva chamada Isoquanta.

81

Page 82: Apostila de Economia II v 022011

Isoquantas de Produção

Isoquanta significa igual quantidade, e pode ser definida como sendo uma linha na

qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores, que indicam a mesma

quantidade produzida.

Graficamente, a Isoquanta pode ser assim representada:

No gráfico, 1.000 unidades do produto podem ser obtidas por infinitas combinações de

insumos: 2 de K com 150 de N- 4 de K com 80 de N, 6 de K com 50 de N etc. Evidentemente,

para uma mesma quantidade produzida, se aumentar a quantidade de um fator de produção, a

quantidade de outro fator tem que ser reduzida, daí a declividade negativa da Isoquanta.

Um conjunto de Isoquantas, cada qual representando um dado nível de produção,

representa uma família de Isoquantas, ou mapa de produção. Graficamente temos:

Conceito de Rendimentos de Escala ou Economias de Escala

Em longo prazo, interessa analisar as vantagens e desvantagens de a empresa aumentar

sua dimensão, seu tamanho, o que implica demandar mais fatores de produção. Isto introduz

o conceito de rendimentos ou economias de escala.

O que acontece com a produção quando variamos igualmente todos os insumos?

(portanto, estamos falando de longo prazo). Ou seja, o que acontece, quando aumentamos o

tamanho ou escala da empresa?

82

Page 83: Apostila de Economia II v 022011

Podemos definir economias de escala tanto do ponto de vista tecnológico, como dos

custos (conceito mais “econômico”):

Economia de Escala Técnica ou Tecnológica: quando a produtividade física varia,

com a variação de todos os fatores de produção.

Economia de Escala Pecuniária: quando os custos por unidade produzida variam,

com a variação de todos os fatores de produção.

Podemos ter rendimentos crescentes, decrescentes ou constantes de escala.

Rendimentos Crescentes de Escala

Se todos os fatores de produção crescer numa mesma proporção, a produção cresce

numa proporção maior.

Exemplo: supondo um aumento 10% na quantidade de mão-de-obra e de capital, a

produção aumenta em mais de 10%. Significa que as produtividades médias dos fatores de

produção aumentaram.

Do ponto de vista tecnológico, as economias de escala são devidas as indivisibilidades

de produção e à divisão do trabalho.

As indivisibilidades na produção referem-se ao fato de que certas unidades de

produção só podem ser operadas em condições econômicas a partir de uma produção mínima.

Aumentando a escala de operações, a produção pode aumentar mais que proporcionalmente.

Empresas siderúrgicas ou do setor automobilístico são mais produtivas, quanto maior a escala

de operações. Por outro lado, à medida que a escala aumenta, surge, por exemplo, a

possibilidade de operar através de linhas de produção, aproveitando-se das vantagens de

especialização do trabalho, que não era possível com as dimensões anteriores da empresa

(divisão do trabalho).

Do ponto de vista pecuniário, certas operações de pesquisa e “marketing” só são

possíveis a partir de certo nível mínimo de produção, quando então não devem implicar

aumentos significativos de custos. Por outro lado, grandes empresas têm maiores facilidades

de obter empréstimos em condições mais vantajosas junto aos bancos e de recorrer ao

83

Page 84: Apostila de Economia II v 022011

mercado de capitais. Além disso, empresas maiores, comprando fatores de produção em maior

quantidade, podem obtê-los a preços mais baixos.

Rendimentos Decrescentes de Escala

Se todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção, a produção cresce

numa proporção menor.

Exemplo: Supondo um aumento de 10% na quantidade de mão-de-obra e de capital, a

produção aumenta em 5%. Significa que as produtividades médias dos fatores de produção

caíram.

Um provável motivo para que ocorra rendimentos decrescentes de escala reside no

fato de que a expansão da empresa pode provocar uma descentralização que pode acarretar

problemas de comunicação entre a direção e as linhas de produção.

O conceito de rendimento decrescente de escala não deve ser confundido com a lei dos

rendimentos decrescentes, vista anteriormente. Esta supõe sempre algum fator de produção

fixado no processo de produção, (portanto curto prazo), enquanto os rendimentos de escala

representam um conceito de longo prazo, onde não há fatores de produção fixos.

Rendimentos Constantes de Escala

Se todos os fatores crescem numa dada proporção, a produção cresce na mesma

proporção. As produtividades médias dos fatores de produção permanecem constantes.

CUSTOS DE PRODUÇÃO

A teoria da produção prende-se exclusivamente a questões tecnológicas, físicas, entre

insumos e produtos. Vejamos agora o lado dos custos de produção, que determinarão a

chamada curva de oferta da firma.

Observamos como a visão doe economista difere daquela do contador, em particular

no que se refere aos custos de oportunidade e custos sociais, incorporados pelos economistas

em suas curvas de custos.

84

Page 85: Apostila de Economia II v 022011

CUSTOS DE OPORTUNIDADE x CUSTOS CONTÁBEIS

Custos Contábeis: envolvem dispêndio monetário. É o explícito, considerado na

contabilidade privada.

Custos de Oportunidade: são custos implícitos, que não envolvem desembolso. Os

custos de oportunidade privados são os valores dos insumos que pertencem à empresa e são

usados no processo produtivo. Esses valores são estimados a partir do que poderia ser ganho,

no melhor uso alternativo (por isso também são chamados de custos alternativos).

Exemplos:

a) capital em caixa na empresa: o custo de oportunidade é o que a empresa poderia

estar ganhando, aplicando, por exemplo, no mercado financeiro;

b) quando a empresa tem prédio próprio, ela deve imputar um custo de oportunidade,

correspondente ao que ela recebia se alugasse o prédio.

Para o economista, as curvas de custos das firmas deveriam considerar, além dos

custos contábeis, os custos de oportunidade, pois assim estariam refletindo a verdadeira

escassez relativa (o custo para a sociedade) do recurso utilizado.

As empresas públicas, mais que as privadas, costumam utilizar o enfoque do

economista para o cálculo das tarifas e preços públicos.

AVALIAÇÃO PRIVADA E AVALIAÇÃO SOCIAL – EXTERNALIDADES

Avaliação Privada: avaliação financeira, específica da empresa.

Avaliação Social: custos (e benefícios) para a sociedade como um todo, derivado da

produção das empresas.

Por exemplo, quando aumenta a produção automobilística, além dos custos financeiros

dessa indústria, devemos considerar também o aumento dos custos sociais, derivados do

aumento da poluição sonora e ambiental, além do desgaste das ruas e estradas. Quando

aumenta a produção da indústria extrativa de madeira, há perdas ecológicas derivadas do

desmatamento.

A diferença entre a ótica privada e a social também pode ser chamada de

externalidades (ou economias externas), que podem ser definidas como as alterações de

85

Page 86: Apostila de Economia II v 022011

custos e benefícios para a sociedade, derivadas da produção das empresas, ou então como as

alterações de custos e receitas da empresa, devidas a fatores externos à empresa. Nessa linha,

por exemplo, os comerciantes de lustres têm externalidades positivas por se localizarem

próximos um do outro; uma indústria química poluidora dos rios impõe externalidades

negativas à indústria pesqueira etc.

Essa ótica é muito utilizada em avaliação de projetos de investimento, principalmente

no setor público. Tornemos como exemplo um projeto de construção de uma hidroelétrica da

Companhia Elétrica de São Paulo – CESP. Pela ótica privada (da CESP), o custo a ser

considerado é o seu desembolso financeiro no projeto. Isso inclui os gastos com impostos e

encargos trabalhistas. Sob a ótica social, impostos e encargos trabalhistas não são custo social,

e sim transferências. Deve também ser considerado o impacto negativo sobre o meio

ambiente. Comparando-se o custo social com o benefício ou retorno social do projeto

(geração de empregos, abastecimento de água), decidi-se se o mesmo deve ou não ser

implementado.

CUSTOS A CURTO PRAZO

Como vimos anteriormente, a curto prazo, alguns fatores são fixos, qualquer que seja

o nível de produção. Normalmente, consideramos como fator fixo a planta da empresa, ou

equipamentos de capital.

CF CV CT CMg CFMe CVMe CTMe

0 50 0 50 - - - -

1 50 50 100 50 50 50 100

2 50 78 128 28 25 39 64

3 50 98 148 20 16,7 32,7 49,3

4 50 112 162 14 12,5 28 40,5

5 50 130 180 18 10 26 36

6 50 150 200 20 8,3 25 33,3

7 50 175 225 25 7,1 25 32,1

8 50 204 254 29 6,3 25,5 31,8

9 50 242 292 38 5,6 26,9 32,4

10 50 300 350 58 5 30 35

11 50 385 435 85 4,5 35 39,5

86

Page 87: Apostila de Economia II v 022011

Conceitos de Custo Total, Custo Variável e Custo Fixo Total

Custo Variável Total (CVT): parcela do custo que varia, quando a produção varia

(por exemplo, salários e matérias – primas). É a parcela dos custos da empresa que depende

da quantidade produzida.

CVT = f (q)

Ou seja, são os gastos com fatores variáveis de produção, como folha de pagamentos,

despesas em matérias-primas etc.

Custo Fixo Total (CFT): parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção

varia. Ou seja, são os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, depreciação etc.

CT = CVT + CFT

Graficamente:

O custo total CT só varia com o custo variável total CVT, que depende da quantidade

produzida.

Notamos que, até certo ponto, as curvas CT e CVT crescem, mas as taxas

decrescentes, para depois crescer a taxas crescentes. Significa que, dada certa instalação, no

início, o aumento de produção dá-se a custos declinantes. Mas um aumento maior de

produção começa a “saturar” o equipamento de capital (suposto fixo a curto prazo),e os custos

começam a crescer a taxas crescentes. No fundo, é a lei dos rendimentos decrescentes do lado

dos custos (aqui mais apropriadamente chamada de lei dos custos crescentes).

Conceitos de Custo Médio Total, Custo Variável Médio e Custo Fixo Médio

Custo Médio (CM ou CTMe) = custos totais = CT (ou custo unitário)

Quant. Produzida q

Custo Variável Médio (CVMe) = CVT

87

Page 88: Apostila de Economia II v 022011

q

Custo Fixo Médio (CFMe) = CFT

q

CTMe = CVMe + CFMe

Graficamente:

O formato em U das curvas de CTMe e CVMe a curto prazo também se deve à lei dos

rendimentos decrescentes, ou lei dos custos crescentes. Inicialmente, os custos médios são

declinantes, pois tem-se pouca mão-de-obra para um relativamente grande equipamento de

capital. Até certo ponto, é vantajoso absorver mais trabalhadores e aumentar a produção, pois

o custo médio cai. Mas chega-se a certo ponto que satura a utilização de capital (que está

fixado), e a admissão de mais trabalhadores não trará aumentos proporcionais de produção

(ou seja, os custos médios começam a elevar-se).

Conceito de Custo Marginal

Custo Marginal (CMg) = variação do CT = ∆ CT (ou dCT, em termos de derivada).

variação em q ∆q dq

é o custo de se produzir uma unidade extra do produto. É a derivada 1ª da curva de custo total.

Como ∆CFT = 0, segue que

CMg = ∆CVT + ∆CFT = ∆CVT

∆q ∆q

ou seja, os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos.

88

Page 89: Apostila de Economia II v 022011

Relações Gráficas entre o Custo Marginal e os Custos Médios Totais e Variáveis

No diagrama a seguir, observamos que a curva de custo marginal corta as curvas de

custo total médio e custo variável médio no ponto de mínimo destas.

Intuitivamente, se o custo marginal (ou seja, o custo adicional) supera o médio, é

evidente que o custo médio crescerá: assim, quando o custo marginal supera o custo médio

(total ou variável), significa que o custo médio estará crescendo. Analogamente, se o custo

marginal for inferior ao médio, o médio só pode cair. Consequentemente, quando o custo

marginal for igual ao custo médio (total ou variável), o marginal estará cortando o médio no

ponto de mínimo do custo médio.

CUSTO A LONGO PRAZO

Como foi visto, o longo prazo é um período de tempo no qual os insumos são

variáveis. Não existem custos fixos: todos os custos são variáveis.

Deve ser observado que o longo prazo é um horizonte de planejamento. Na verdade, é

uma seqüência de curtos prazos: os empresários têm um elenco de situações de curto prazo,

com diferentes escalas de produção (tamanhos), que eles podem escolher. Por exemplo, antes

de fazer um investimento, a empresa está numa situação de longo prazo: o empresário pode

selecionar qualquer uma das alternativas. Depois do investimento realizado, os recursos são

convertidos em equipamentos (capital fixo) e a empresa opera em condições de curto prazo.

Portanto, um agente econômico opera a curto prazo e planeja a longo prazo.

CURVAS DE CUSTO MÉDIO DE LONGO PRAZO (CMeL)

Suponhamos três tamanhos ou escalas de produção: 10,15 ou 20 máquinas, e as

seguintes curvas de custo médio de curto prazo (CmeC):

89

Page 90: Apostila de Economia II v 022011

Se a empresa planeja produzir ao nível de produção q1, não há dúvidas: escolhe a

estrutura dada pelos custos CmeC;

Se planeja produzir q3, a melhor instalação é dada por CmeC2, pois gastaria

menos. Ele pode, se quiser, produzir com CmeC1, mas os custos seriam maiores;

Planeja-se produzir q2 ou q4, existem duas alternativas. Esses pontos ficam

justamente na intersecção das plantas. Mas, em um planejamento de longo prazo,

prevendo-se aumentos futuros de demanda, o empresário deve escolher a planta de

instalação maior (em q2, escolheria CmeC2, em q4, CmeC3).

A curva “cheia” é a curva de custo médio de longo prazo (CMeL), também chamada

“curva envoltória” e mostra o menor custo unitário (CMe) para produzir, a cada tamanho da

planta da empresa. Também é chamada de curva de planejamento de longo prazo.

Supondo um número ilimitado de possibilidades, uma curva envoltória pode ser assim

ilustrada:

FORMATO DA CURVA DE CUSTO MÉDIO DE LONGO PRAZO

Como vimos, as curvas de CMe de curto prazo têm a forma de U devido á lei dos

rendimentos decrescentes, resultante da existência de insumos fixos a curto prazo. A longo

prazo, não existem insumos fixos e a forma da curva de CMe de longo prazo (CMeL) é

determinada pelas economias ou deseconomias de escala. No início, à medida que a produção

se expande, a partir de níveis muito baixos, os rendimentos crescentes (economias) de escala

causam o declínio da curva CMeL. Mas, à medida que a produção se torna maior, as

deseconomias de escala passam a prevalecer, provocando o crescimento da curva.

O ponto A representa a combinação de custo mínimo, ou escala ótima da empresa

(tamanho ideal do ponto de vista dos seus custos, para a empresa). Até esse ponto, existem

rendimentos crescentes de escala; após o ponto A, temos rendimentos decrescentes

(deseconomias de escala). É o ponto onde o CMe de longo prazo é mínimo.

90

Page 91: Apostila de Economia II v 022011

Assim, embora as curvas de custo médio de longo e de curto prazo tenham o mesmo

formato em U, elas diferem no sentido de que o formato a curto prazo deve-se a lei dos

rendimentos decrescentes (ou custos crescentes), a uma dada planta ou tamanho, enquanto o

formato da curva de longo prazo deve-se aos rendimentos de escala, quando varia o tamanho

da empresa.

ESTRUTURAS DE MERCADO

Exploramos nos tópicos anteriores os fatores determinantes da oferta e da demanda

dos agentes individuais e do mercado. Agora, passaremos a examinar a determinação de

preços e produção, sob diferentes condições de mercado.

Fundamentalmente, as diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três

variáveis principais: número de firmas produtoras no mercado, diferenciação do produto e

existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas.

No mercado de bens e serviços, as formas de mercado são as seguintes:

a) concorrência perfeita: número infinito de firmas, produto homogêneo, e não existem

barreiras à entrada de firmas;

b) monopólio: uma única empresa, produto sem substitutos próximos, e existem

barreiras à entrada de novas firmas;

c) concorrência monopolística (ou imperfeita): inúmeras empresas, produto

diferenciado, livre acesso de firmas ao mercado;

d) oligopólio: pequeno número de empresas que dominam o mercado, produtos

homogêneos ou diferenciados, existem barreiras à entrada de novas empresas.

Similarmente, o mercado de fatores de produção, as formas de mercado são

concorrência perfeita, imperfeita, monopsônio e oligopsônio.

Objetivo da Firma

91

Page 92: Apostila de Economia II v 022011

Dentro da chamada teoria neoclássica ou marginalista, o objetivo da firma é sempre

maximizar o lucro total.

A maximização do lucro total corresponde à produção em que:

Ou ∆RT = ∆CT

∆q ∆q

Afinal, se a empresa aumenta a produção, e a receita adicional (RMg) for maior que o

custo adicional (CMg), o lucro estará aumentando (portanto, não estará em equilíbrio); se a

receita adicional for menor que o custo adicional, o lucro estará caindo (ou o prejuízo

aumentando). Parece claro que o equilíbrio então se dará apenas no ponto onde a RMg iguala

CMg.

Especificamente para o caso de oligopólios, tem surgido na literatura uma série de

modelos alternativos. Um dos mais difundidos prevê eu a firma objetiva maximizar mark up,

definido como margem sobre os custos diretos, ou seja,

Essa margem deve ser tal que cubra, além dos custos diretos (ou variáveis) os custos

fixos e a parcela desejada de lucro da empresa.

Na verdade, como os mercados oligopolizados não apresentam um padrão geral e

uniforme, têm surgido modelos mais próximos das teorias administrativas, mais adequadas

para explicar o comportamento de empresas específicas. Os oligopólios são bastante

diferentes um do outro: com produtos homogêneos ou com produtos diferenciados, com

poucas empresas, ou com muitas empresas, mas poucas liderando, formam cartéis ou então

competem nos preços e etc. Praticamente, cada caso, razão pela qual tem-se recorrido às

teorias de empresas.

A teoria neoclássica ainda preserva a vantagem de ser a teoria mais geral, com

razoável poder preditivo e formalmente rigoroso. Para estruturas de mercado concorrenciais, é

bastante adequada. Nota-se, entretanto, grande avanço nas teorias alternativas, que são bem

92

Receita Marginal (RMg) = Custo Marginal (CMg)

Mark up = Receita de Vendas – Custos Diretos

Page 93: Apostila de Economia II v 022011

mais recentes, e ainda não estão consolidadas. Os críticos dessas teorias alternativas

consideram-nas “ad hoc”, isto é, mais descritivas do que analíticas, não fornecendo

instrumentos adequados para o planejamento da empresa. Por outro lado, os críticos da teoria

neoclássica consideram-na distante do mundo real, muito abstrata.

MERCADO EM CONCORRÊNCIA PERFEITA

Hipóteses do Modelo

São hipóteses bastante conhecidas na literatura econômica. Como veremos, elas

refletem o funcionamento de um mercado completamente livre, sem barreiras e totalmente

transparente.

a) Hipótese da atomicidade (mercado atomizado). É um mercado com infinitos

vendedores e compradores (como "átomos”), de forma que um agente isolado não tem

condições de afetar o preço de mercado.

Assim, o preço de mercado é um dado fixado para empresas e consumidores (são

price-takers, isto é, tomadores de preços no mercado).

b) Hipótese da homogeneidade (produto homogêneo). Todas as firmas oferecem um

produto semelhante, homogêneo. Não há diferenças de embalagem, qualidade nesse

mercado.

c) Hipótese da mobilidade de bens (não existem custos de transporte). Existe

completa mobilidade de produtos entre regiões. Ou seja, não existem custos de

transporte; o consumidor de Matão paga a mesma coisa que o d Capital. Enfim, não

considera a localização espacial de vendedores e consumidores.

d) Hipótese da mobilidade de firmas (livre entrada e saída de firmas e compradores

de mercado). Mercado sem barreiras à entrada e saída, tanto de compradores, como de

vendedores.

e) Hipótese da racionalidade. Os empresários sempre maximizam lucro e os

consumidores maximizam satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem.

93

Page 94: Apostila de Economia II v 022011

Ou seja, os agentes agem racionalmente (é chamado Princípio da Racionalidade ou do

Homo Economicus).

f) Transparência de mercado. Consumidores e vendedores têm acesso a toda -

informação relevante sem custos, isto é, conhecem os preços, a qualidade, os custos,

receitas e lucros dos concorrentes.

g) Inexistência de externalidades. Como vimos anteriormente, externalidades (ou

economias externas) representam influências de fatores externos nos custos das firmas

e na satisfação dos consumidores. No modelo de concorrência perfeita, supõe-se que

não existam externalidades, ou seja, nenhuma firma influi no custo das demais e

nenhum consumidor afeta o consumo dos demais.

h) Hipótese de divisibilidade. É uma hipótese de trabalho, não essencial, mas que

auxilia a compreensão do funcionamento do modelo. Corresponde a trabalharmos com

curvas contínuas e diferenciáveis e com os conceitos marginalistas (Receita Marginal,

Custo Marginal, Produtividade Marginal, Utilidade Marginal).

i) Mercado de fatores de produção também em concorrência perfeita. Eqüivale a

dizer que os preços dos fatores de produção são fixados, dados. Ou seja, todas as

firmas se deparam com idênticas curvas de custos.

Todas as hipóteses anteriores, de a a h, também valem para o mercado de fatores de

produção.

Como podemos observar, são hipóteses “ideais”, refletindo um mercado sem barreiras,

sem interferências, enfim, pouco realistas. Mas essas hipóteses representam uma base, um

referencial, para a construção de modelos mais próximos da realidade.

Do ponto de vista metodológico é mais útil construir inicialmente modelos

simples e depois preencher os detalhes, do que construir diretamente modelos com todos

os detalhes da realidade, que é muito complexa, e pode encobrir algumas relações

básicas.

Funcionamento do Modelo de Concorrência Perfeita

94

Page 95: Apostila de Economia II v 022011

Curvas de Demanda de Mercado e da Firma Individual

Dada a hipótese da atomicidade, uma firma isolada não consegue alterar o preço de

mercado (a sua saída, por exemplo, traria uma alteração apenas infinitesimal na curva de

oferta de mercado Si, não afetando o preço P0).

Como P0 é preço de venda para a firma, então a curva de demanda é dada para a firma,

ou seja, é horizontal. A firma só pode vender a esse preço, pois:

- se quiser vender a um preço mais alto, não venderá nada (como os produtos são

homogêneos, os consumidores comprarão mais barato das outras empresas);

- se venderá a um preço mais baixo. Fere o princípio da racionalidade: se ao preço Po

vende quanto quer, por que vender mais barato?

Assim, ao preço Po, a firma vende quanto puder, dependendo do seu tamanho e da sua

estrutura de custos.

Dessa forma, a curva de demanda de mercado (com a qual se defrontam todas as

firmas) é negativamente inclinada, mas a curva de procura para a firma é infinitamente

elástica: se ocorrer variação de preço de mercado, a firma deve ajustar a quantidade, pois não

consegue fixar preços). A firma é uma tornadora de preços.

Curvas de Receita da Firma

Receita Total (RT): é o total de receita da firma, o faturamento total.

RT = preço unitário de venda x quantidade vendida.

RT = pq

Receita Média (RMe): receita por unidade de produto vendida, ou receita unitária

RMe = RT

q

Rme = p . q = p ...

q

95

RMe = p

Page 96: Apostila de Economia II v 022011

Portanto, a RMe é sempre igual ao preço unitário de venda. Por outro lado, como o

preço Po é a própria demanda da firma individual, a RMe é a própria curva de demanda da

firma individual (afinal, a RMe mostra o que o consumidor compra, a dados preços, ou seja, a

própria demanda).

Em concorrência perfeita, a RMe é fixa, pois P0 é constante.

Receita Marginal (RMg): é a variação da receita total, quando varia a quantidade

vendida; ou seja, a receita extra, quando se vende uma

unidade a mais.

RMg = ∆pq = dpq = p dq =1 + q dp =0 = p ...

∆q dq dq dq

( dp = o porque p é constante, e derivada de uma constante é zero)

dq

Portanto:

Em concorrência perfeita, a receita marginal é o preço recebido pela unidade adicional

vendida. Então, a RMg é igual ao preço, e é fixada (pois o que se ganha de receita adicional é

constante).

Curvas de Custos

As curvas de custos são as mesmas já vistas anteriormente, na teoria dos custos de

produção.

96

RMg = p

Page 97: Apostila de Economia II v 022011

Equilíbrio da Firma em Concorrência Perfeita (a curto prazo)

Supõe-se que o empresário racional tenha sempre por objetivo último maximizar

lucros. Vejamos, então, qual a quantidade ótima para a firma, ou seja, a quantidade que

maximiza o lucro da empresa.

Mostraremos que a regra para a firma maximizar lucros é dada por:

Corresponde ao ponto X do gráfico a seguir, ou seja, ao nível de produção qo

Sabemos que o empresário racional sempre aumentará a produção, quando isso

significa maior lucro. Então, se:

receita adicional > custo adicional, o lucro marginal aumenta e a quantidade deve

ser aumentada, pois o lucro aumentará.

receita adicional < custo adicional, a quantidade q não será aumentada, pois o

lucro cairá (ou o prejuízo aumentará).

Portanto, no equilíbrio:

RMg = CMg temos a quantidade ótima².

Entretanto, como normalmente a curva de CMg tem formato em U, existem dois

pontos onde RMg = CMg (X e Y, no gráfico):

97

RMg = CMg, sendo CMg

crescente

Page 98: Apostila de Economia II v 022011

Falta provar que a maximização, de lucros dá-se no ponto X, com CMg crescente.

Vamos mostrar isso graficamente.

q1 : RMg = 60

CMg = 80

q2 : RMg = 60

CMg = 60

q3 : RMg = 60

CMg = 30

q4 : RMg = 60

CMg = 40

q5 : RMg = 60

CMg = 60

q6 : RMg = 60

CMg = 100

98

O CMg é crescente, mas ainda é possível aumentar um

pouco mais a produção até CMg = RMg.

Na produção q5, tem-se o máximo lucro.

Não deve aumentar mais a produção, pois o CMg é

crescente (e RMg fixa), o que significaria lucros menores,

a partir de q5.

Nestes três pontos, com custo marginal

decrescente, é vantajoso aumentar a produção,

pois a RMg é constante, mas os custos são

decrescentes (então os lucros marginais são

crescentes).

Por isso, o ponto q2, embora RMg + CMg, ainda

não é o máximo lucros

Page 99: Apostila de Economia II v 022011

Portanto, a produção ótima para a firma ocorre no ponto q5 , onde RMg = CMg, com

CMg crescente.

No ponto q2, também RMg = CMg mas o CMg é decrescente. Mostraremos mais

adiante que esse é um ponto de prejuízo máximo.

Áreas de lucro total, receita total e custo total

O gráfico anterior mostra as áreas LT, RT e CT em termos de curvas médias e

marginais. Essas áreas também podem ser visualizadas em termos de curvas totais, como a

seguir.

A curva de Receita Total (RT) é uma reta que parte da origem, no modelo de

concorrência perfeita. Sua declividade é constante, e é própria receita marginal (RMg) que é o

próprio preço p0.

99

Page 100: Apostila de Economia II v 022011

Curva de oferta da firma em concorrência perfeita

Provemos que “a curva de oferta da firma em concorrência perfeita é o ramo crescente

da curva de custo marginal, a partir do ponto em que o custo marginal é maior do que o custo

variável médio mínimo”. Ou seja, a curva da oferta da firma é o CMg, a partir do ponto A, no

gráfico a seguir, onde CVMe é mínimo.

Mostraremos primeiro por que a curva de oferta é o próprio ramo crescente do CMg.

Depois, mostraremos por que ela é definida apenas após o CVMe mínimo.

Por que é a curva de CMg? A resposta é que essa curva reflete a resposta das firmas,

quando

o preço de mercado aumenta, ou seja, reflete o aumento de q, quando p varia (isso é

oferta: variação da quantidade produzida q, quando p aumenta).

quando o preço é p0 , a firma oferece q0 (que maximiza seu lucro, a p0);

quando o preço é p1 , a firma oferece q1 (que maximiza seu lucro, a p1);

quando o preço é p2 a firma oferece q2 (que maximiza seu lucro, a p2);

Como a firma maximiza lucros apenas no ramo crescente do CMg, então a curva de

oferta da firma em concorrência perfeita é o ramo crescente da curva de CMg, dado que as

reações da firma, em relação a variações de preços, dão-se nesse trecho da curva.

Por que apenas após o CVMe mínimo? Porque o preço mínimo para que a firma

produza alguma coisa ocorre quando:

100

p = CVMe mínimo

Page 101: Apostila de Economia II v 022011

Em termos totais (multiplicando ambos os membros por q), temos:

p . q = CVMe x q

RT = CVT

Abaixo desse ponto, a firma deve fechar as portas. Para provar isso, suponhamos três

situações distintas, com três preços de mercado diferentes.

a) p > CTMe (RT > CT)

É a situação normal, com lucros extraordinários (região hachurada).

b) p < CTMe, mas p > CVMe (RT < CT, mas RT > CVT).

Nesta situação, a firma apresenta um prejuízo (área hachurada), mas ela não deve

fechar as portas, pois assim teria que pagar todos os custos fixos (aluguel, parcelas de compra

do equipamento e etc). Assim, se fecha, paga todo CFT. Se continuar, ela pode pagar todos os

custos variáveis (salários, matérias-primas) e uma parte dos custos fixos. Como é uma

situação de curto prazo, a firma deve esperar por dias melhores, com preços mais vantajosos.

c) p = CVMe mínimo (RT=CVMe)

101

Page 102: Apostila de Economia II v 022011

Neste caso, o prejuízo é o mesmo, fechando a empresa ou continuando a operar. Mas

como já investiu no ramo, tem freguesia etc., deve continuar, esperando melhorar o mercado.

d) p < CVMe mínimo (RT < CVT)

Nesta situação, se continuar operando, a firma não conseguirá pagar nem os custos

variáveis. Perderá menos parando a produção. Se a previsão é que a situação perdure, a

empresa deve fechar as portas.

Assim, uma firma em concorrência perfeita só opera quando o preço de mercado

supera pelo menos os custos variáveis (principalmente salários).

Conclui-se, então que a curva de oferta da firma em concorrência perfeita é o ramo

crescente da curva de CMg, após o CVMe mínimo.

Equilíbrio de Longo Prazo de uma Firma em Concorrência Perfeita

Como sabemos, a longo prazo não existem custos fixos, ou seja, todos os custos são

variáveis (salários, aluguéis, etc.) Portanto:

CT = CVT ou CTMe = CVMe

Posto isto, cabe uma diferenciação entre lucros “extraordinários” e lucros “normais”.

Nas curvas de custos vistas até agora está embutida a remuneração do empresário.

Essa remuneração pode ser medida pelo custo de oportunidade, ou seja, o que ele receberia se

102

Page 103: Apostila de Economia II v 022011

tivesse empregado seus recursos em outra atividade. Isso é chamado de lucro normal, o que

reflete o real custo de oportunidade da atividade empresarial. É uma espécie de taxa de

rentabilidade média no mercado. O que exceder esse custo é chamado de lucro extraordinário:

o empresário recebe mais do que deveria receber, de acordo com seu custo de oportunidade.

Como os economistas consideram também os custos de oportunidade (custos

“implícitos”), as curvas de custos vistas até agora já têm embutido o lucro normal. Nesse

sentido, o lucro que vimos nos tópicos anteriores já é o lucro extraordinário (LT = RT – CT).

Em concorrência perfeita, supõe-se que os lucros extraordinários a curto prazo atraem

novas empresas para esse mercado (pelas hipóteses de transparência de mercado- todos sabem

que o mercado apresenta lucros extraordinários – e livre acesso de firmas). Dessa forma, a

longo prazo a tendência é de que os lucros extras tendem a zero, existindo apenas lucros

normais.

Graficamente:

No gráfico, a entrada de mais firmas desloca a curva de oferta gradativamente para a

direita, de S0 para S2, provocando uma queda no preço de mercado (po para p 2).

Quando o preço chega a P2, cessam os lucros extraordinários, pois no ponto (p2, q2 ), RT

= CT (RMe = CTMe) e LT = 0. Esse ponto corresponde ao mínimo da curva de custo médio

de longo prazo (escala ou tamanho ótimo da empresa).

Resumindo: a longo prazo, em concorrência perfeita, só existem lucros “normais”.

É interessante apontar nesta altura outra diferença entre o enfoque econômico e o

contábil - financeiro. Neste último não aparece o conceito de custo de oportunidade, e,

portanto de lucro normal. Quando RT=CT, o lucro contábil é zero (embora exista lucro no

103

Page 104: Apostila de Economia II v 022011

sentido econômico) e esse ponto é chamado de “break-even point”, a partir do qual a firma

passa a operar com lucro. Trata-se de um conceito mais utilizado na área contábil e financeira

de empresas, do que por economistas.

MONOPÓLIO

Hipótese do Modelo

a) Uma única empresa produz um produto sem substitutos próximos.

b) Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.

Essas barreiras podem ocorrer de várias formas:

Proteção de patentes (direito único de produzir o bem)

Exemplo: xerox;

Controle dobre o fornecimento de matérias-primas chaves

Exemplo: A ALCOA detinha quase todas as minas de bauxita nos USA (matéria-

prima do alumínio);

Tradição

Exemplo: mercado de relógios: os japoneses precisaram investir muito dinheiro,

durante muito tempo, para concorrer com a tradição dos relógios suíços.

Monopólio puro ou natural, devido à eficiência da firma. A firma já existe em

grandes dimensões, opera com baixos custos. Torna-se muito difícil alguma

empresa conseguir oferecer o produto a um preço equivalente à firma monopolista.

Uma hipótese implícita no comportamento do monopolista é que ele não acredita que

os lucros elevados que obtém a curto prazo possam atrair concorrentes, ou que os preços

elevados possam afugentar os consumidores (por isso precisa ser um produto sem substitutos

próximos).

Funcionamento do Modelo de Monopólio

Curva de demanda do monopolista

Como se trata de uma única firma tem-se que:

Demanda para a indústria = demanda para a empresa

104

Page 105: Apostila de Economia II v 022011

Portanto,

Assim, se o monopolista resolver oferecer mais, o preço cairá, se produzir menos, o

preço subirá. Nesse sentido, o monopolista tem o controle do preço de mercado, que depende

de quanto ele resolve produzir.

Curvas de Receita Média e Receita Marginal

Receita Média (RMe) = Receita Total = RT = p x q = p

Quant. Produzida q q

Ou seja, a RMe é o próprio preço de mercado: é o que o consumidor paga em cada

unidade do produto. Então, é a própria demanda de mercado.

Receita Marginal (RMg) = ∆ Receita Total = ∆RT

∆ Quant. Produzida ∆q

Em concorrência perfeita, vimos que RMg = RMe = p.

Em monopólio, a RMg é diferente da RMe. Isso porque a quantidade adicional é

vendida a um preço mais baixo que as quantidades anteriores.

Exemplo:

105

RMe = p

RMg = ∆RT

∆q

Page 106: Apostila de Economia II v 022011

Quando a quantidade vendida aumenta 10 para 11, a RMg é igual a RMg = 1.275 da

décima primeira unidade – 750 que se perdeu nas dez primeiras unidades.

(Só vende 11 unidades, se o preço for mais baixo do que para 10 unidades).

Prova-se que a RMg corta o eixo das abcissas na metade do corte da RME (ver

Apêndice Matemático).

Relação entre as curvas RMe, RMg e RT em Monopólio

Tínhamos visto anteriormente, quando discutimos elasticidade - preço da demanda,q

eu há uma relação entre a receita total (RT) e a elasticidade –preço da demanda (Epp):

* Demanda elástica: se p q RT

se p q RT

* Demanda inclástica: se p q RT

se p q RT

Sabendo-se, ainda, que:

a RMg é a derivada da RT,

no máximo da RT, RMg = 0,

RMg corta o eixo das abcissas na metade do corte da RMe,

Temos, graficamente:

106

Page 107: Apostila de Economia II v 022011

Custos de Produção do Monopolista

Podemos considerar que a estrutura de custos do monopolista não difira em essência

daquela observada no modelo de concorrência perfeita.

Equilíbrio de curto prazo de uma empresa monopolista

Também ocorre onde RMg = CMg, como em concorrência perfeita, mas não

necessariamente no ramo crescente do CMg (a receita marginal pode cortar duas vezes a

curva de custo marginal em seu ramo descendente, e mesmo assim o monopolista aufere

lucro).

Primeiro determinamos o ponto onde RMg = CMg, que é a produção que maximiza o

lucro (qo). Depois, vemos qual o custo de produção para produzir qo na curva CMe e qual a

receita quando se vende qo, na curva RMe. O lucro é igual ao retângulo CMe0, RMe0. A.B.

107

Page 108: Apostila de Economia II v 022011

Em termos de curvas totais, o diagrama fica:

Como podemos observar, nunca a posição de máximo lucro do monopolista pode estar

na faixa inelástica da demanda. Isso porque o ponto de máximo lucro ocorre quando RMg =

CMg. Como CMg é sempre positivo, a RMg que iguala o CMg também é positiva. E a RMg é

positiva apenas na faixa elástica da demanda (ver novamente o gráfico do item 4.2.3).

Curva de Oferta de uma firma monopolista

No penúltimo gráfico (em termos de curvas médias e marginais) notamos que não há

relação biunívoca entre quantidade produzida e preço de venda do produto. Para uma dada

produção, podemos Ter diferentes preços, dependendo da curva de demanda. Ou seja,

determinado q0 temos apenas um ponto em cima da curva de demanda correspondente ao

preço de venda p0,. Se a demanda fosse maior, o preço seria maior, para o mesmo q0 .

Então, a firma monopolista não tem curva de oferta. Não tem uma curva que mostre

uma relação estável entre preços de venda e quantidade produzida. A oferta é um ponto único

sobre a curva de demanda.

O gráfico a seguir deixa esse ponto mais claro. O CMg intercepta RMg no mesmo

ponto A, supondo duas curvas de demanda diferentes. Assim, temos uma quantidade q0 igual

nas duas situações, mas dois preços (p0 e p1). Então, não é possível estabelecermos uma

relação bem definida entre preços e quantidades ofertadas pelo monopolista, como em

concorrência perfeita (onde a demanda da firma é uma constante e RMe = RMg).

108

Page 109: Apostila de Economia II v 022011

Equilíbrio de longo prazo de uma firma monopolista

Como existem barreiras à entrada de novas firmas, dificilmente o monopólio será

quebrado, o que permitirá a persistência de lucros extraordinários também a longo prazo (área

hachurada).

109

Page 110: Apostila de Economia II v 022011

EXERCÍCIOS:

Trabalho I - Comportamento do Consumidor

Nome:______________________________________________

1. Suponha um estudante que está se preparando para os exames finais e

tenha somente seis horas de tempo disponível para estudar. Sua meta é obter

a maior média possível em três matérias: economia, matemática e estatística.

Ele deve decidir como alocar seu tempo entre as matéria. Desta forma, nas

melhores estimativas que ele pode fazer, sua nota em cada matéria dependerá

do tempo a ela dedicado, de acordo com a seguinte tabela:

Economia Matemática Estatística

Hrs. Estudo Nota Hrs. Estudo Nota Hrs. Estudo Nota

0

1

2

3

4

5

6

20

45

65

75

83

90

92

0

1

2

3

4

5

6

40

52

62

71

78

83

86

0

1

2

3

4

5

6

80

90

95

97

98

99

99

Como deveria o estudante alocar seu tempo? Como você obteve a resposta?

2. A tabela abaixo nos dá uma relação individual da utilidade marginal para as mercadorias X

e Y. Suponha que X e Y sejam as únicas mercadorias disponíveis (o preço de X e Y é um

real) e a renda individual seja de 8 reais por período de tempo, sendo que ele gasta toda.

Indicar como o indivíduo pode gastar sua renda maximizando sua utilidade total.

a) ( ) Qual a quantidade total de utilidade recebida pelo indivíduo quando no equilíbrio?

b) ( ) Estabeleça matematicamente a condição de equilíbrio para este consumidor?

Q

Umgx

Umgy

1

11

19

2

10

17

3

9

15

4

8

13

5

7

12

6

6

10

7

4

6

8

4

6

Total

60

100

110

Page 111: Apostila de Economia II v 022011

3. A tabela abaixo nos dá uma relação individual da utilidade marginal para as mercadorias X

e Y. Suponha que X e Y sejam as duas únicas mercadorias disponíveis e o preço de X = 2 e o

preço de Y = 1. A renda individual igual a 12 reais e é completamente gasta.

a) ( ) Indicar como o indivíduo pode gastar sua renda maximizando sua utilidade total?

b) ( ) Qual a quantidade total de utilidade recebida pelo indivíduo quando no equilíbrio?

Estabeleça matematicamente a condição de equilíbrio para este consumidor?

Q

Umgx

Umgy

1

16

11

2

14

10

3

12

9

4

10

8

5

8

7

6

6

6

7

4

5

8

2

4

Total

72

60

4. Se o consumidor está abaixo da linha orçamentária (ao invés de sobre ela), o consumidor:

a) ( ) não está gastando toda a sua renda

b) ( ) está gastando toda sua renda

c) ( ) pode estar ou não gastando toda sua renda

d) ( ) está em equilíbrio

5. No equilíbrio, a inclinação da curva de indiferença é:

a) ( ) igual à inclinação da linha orçamentária

b) ( ) maior do que a inclinação orçamentária

c) ( ) menor do que a inclinação da linha orçamentária

d) ( ) igual, maior ou menor que a inclinação da linha orçamentária.

6. A tabela abaixo dá pontos de quatro curvas de indiferenças diferentes para um consumidor.

a) ( ) Fazer, no mesmo gráfico, as curvas de indiferenças I, II, III e IV

b) ( ) O que as curvas de indiferenças mostram?

I II III IV

Qx Qy Qx Qy Qx Qy Qx Qy

2

3

4

5

6

7

13

6

4,5

3,5

3

2,7

3

4

5

6

7

8

12

8

6,3

5

4,4

4

5

5,5

6

7

8

9

12

9

8,3

7

6

5,4

7

8

9

10

11

12

12

9

7

6,3

5,7

5,3

111

Page 112: Apostila de Economia II v 022011

7. Suponha que o preço da mercadoria Y seja = 1,00 por unidade enquanto que o preço da

mercadoria X seja = 2,00 por unidade e ainda, que a renda do indivíduo, seja de 16 unidades

monetárias e sempre gastas em X e Y.

a) ( ) Desenhe a linha de restrição orçamentária para este consumidor

b) ( ) Explique a razão da forma e as propriedades desta linha

8. Se a preferência do consumidor é dada pelas curvas de indiferença do problema 6 e sua

renda e preço limitados pela linha orçamentária do problema 7.

a) ( ) Calcule geometricamente o ponto no qual o consumidor está em equilíbrio

b) ( ) Explique por que este é o ponto de equilíbrio; o que se conclui a respeito da inclinação

da curva de indiferença e da linha orçamentária no equilíbrio?

9. O que é a taxa marginal de substituição?

10. O que é Utilidade Marginal?

11. O que é excedente do consumidor?

112

Page 113: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho II - Exercícios de Demanda

Nome:______________________________________________

1. Dados: Qx = 20 = 20 – 2 Px + 2 Py + 10 R pede-se:

a) ( ) O bem Y é complementar ou substituto de X? Por quê?

b) ( ) O bem X é normal ou inferior? Por quê?

2. Dados: Qx = 200 – 2 Px – 1 Py – 5 R, pede-se

a) ( ) O bem x é normal ou inferior? Por quê?

b) ( ) O bem y é complementar ou substituto a x? Por quê?

3. Assinale a alternativa correta

a) ( ) A curva de procura mostra como variam as compras dos consumidores, quando variam

os preços.

b) ( ) Quando varia o preço de um bem, coeteris paribus, varia a demanda

c) ( ) A demanda depende basicamente do preço de mercado. As outras variáveis são menos

importantes e supostas constantes

d) ( ) A quantidade demanda varia inversamente ao preço do bem, coeteris paribus

e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

4. Assinale os fatores mais importantes que afetam as quantidades procuradas:

a) ( ) Preço e durabilidade do bem

b) ( ) Preço do bem, renda do consumidor, custos de produção

c) ( ) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferência do

consumidor.

d) ( ) Renda do consumidor, custos de produção

e) ( ) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, custos de produção,

preferência dos consumidores

5 - Dada a função demanda de x: Dx = 30 – 0,3 Px + 0,7 Py + 1,3 R

sendo Px e Py os preços dos bens X e Y, e R a renda dos consumidores, assinale a alternativa

correta:

a) ( ) O bem X é um bem inferior, e X e Y são bens complementares

b) ( ) O bem Y é um bem normal, e X e Y são bens substitutos

c) ( ) Os bens X e Y são complementares, e X é um bem normal

d) ( ) Os bens X e Y são substitutos, e X é um bem normal

e) ( ) Os bens X e Y são substitutos, e X é um bem inferior

113

Page 114: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho III - Exercícios de Oferta

Nome:______________________________________________

1. Supondo o preço do bem no eixo vertical e a quantidade ofertada no eixo horizontal,

podemos afirmar que, coeteris paribus:

a) ( ) A curva de oferta se desloca para a esquerda quando o preço do bem aumenta

b) ( ) A curva de oferta se desloca para a esquerda quando o preço do bem cai

c) ( ) A curva de oferta se desloca para a direita quando aumentam os custos de produção

d) ( ) A quantidade ofertada aumenta quando o preço do bem aumenta, coeteris paribus

e) ( ) Todas as alternativas estão corretas

2. Para fazer distinção entre oferta e quantidade ofertada, sabemos que:

a) ( ) A oferta se refere a alterações no preço do bem: e a quantidade ofertada, as alterações

nas demais variáveis que afetam a oferta.

b) ( ) A oferta se refere a variações a longo prazo; e a quantidade ofertada, a mudança de

curto prazo

c) ( ) A quantidade ofertada só varia em função de mudanças no preço do próprio bem,

enquanto a oferta varia quando ocorrer mudanças nas demais variáveis que afetam a oferta do

bem.

d) ( ) Não há diferença entre alterações na oferta e na quantidade ofertada

e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores é correta.

3. Assinale o fator que não provoca deslocamento da curva de oferta de um bem.

a) ( ) Alteração no preço do próprio bem

b) ( ) Alteração nos custos de produção

c) ( ) Alteração no preço de um bem substituto na produção

d) ( ) Alteração nos objetivos do empresário

e) ( ) Alterações na tecnologia de produção do bem

114

Page 115: Apostila de Economia II v 022011

4. A curva de oferta de uma industria

a) ( ) É obtida das curvas de oferta das firmas individuais, que estão realizando lucros e por

isso dispostas a vender seu produto

b) ( ) Será a mesma a curto e longo prazo

c) ( ) É independente das decisões das firmas individuais na industria

d) ( ) É a soma das curvas de oferta das firmas individuais na indústria

e) ( ) É provavelmente menos inclinada a curto prazo do que a longo prazo

115

Page 116: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho IV – Equilíbrio de Mercado

Nome:______________________________________________

1. Dados: Qx = 22 – 3 Px (função demanda)

Qx = 10 + 1 Px (função oferta)

a) Determinar o preço de equilíbrio e a respectiva quantidade.

b) Se o preço for R$ 4,00, existe excesso de oferta ou demanda? Qual a magnitude desse

excesso?

2. Dados: Qx = 2 – 0,2 Px + 0,03 R

Qx = 2 + 0,1 Px

e supondo a renda R = 100, pede-se:

a) Preço e quantidade de equilíbrio do bem X.

b) Supondo um aumento de 20% da renda, determinar o novo preço e quantidade de equilíbrio

do bem X.

3. Dado o diagrama abaixo, representativo no mercado do bem X, assinale a alternativa

correta.

a) ( ) Tudo o mais constante, o ingresso de empresas produtoras no mercado do bem X

provocaria elevação do preço de equilíbrio do bem X.

b) ( ) O mercado do bem X é caracterizado por concorrência perfeita.

c) ( ) Tudo o mais constante, um aumento da renda dos consumidores provocaria um aumento

no preço de equilíbrio do bem X, se este for inferior.

d) ( ) Tudo o mais constante, a diminuição do preço do bem Y, substituto do bem X, levará a

um aumento do preço de equilíbrio de X.

4- Assinale a alternativa correta, coeteris paribus:

a) ( ) Um aumento da oferta diminui o preço e aumenta a quantidade demandada do bem.

b) ( ) Uma diminuição da demanda aumenta o preço e diminui a quantidade ofertada e

demandada do bem.

c) ( ) Um aumento da demanda aumenta o preço e diminui a oferta do bem.

d) ( ) Um aumento da demanda aumenta o preço, a quantidade demandada e a oferta do bem.

e) ( ) Todas as respostas anteriores estão erradas.

116

Page 117: Apostila de Economia II v 022011

5. O que acontece com o preço e quantidade de equilíbrio quando aumentam os custos de

produção de um bem qualquer.

a) ( ) O preço sobe e a quantidade cai.

b) ( ) O preço cai e a quantidade aumenta.

c) ( ) Preço e quantidade caem.

d) ( ) Preço e quantidade sobem.

6– Diga o que acontece com a Curva de Oferta, com a Curva de Demanda, com o Preço do

bem X, com a Quantidade Demandada do Bem X.

a) Preço do Bem Concorrente?

b) Preço do Bem Complementar?

c) Renda dos Consumidores Aumenta, se Bem é Normal?

d) Preço do Próprio Bem?

e) Preço dos |Outros Bens sobe?

f) Preço da Mão de Obra diminui?

g) Preço do Próprio Bem diminui?

117

Page 118: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho V - Elasticidade

Nome:______________________________________________

1- Se a curva de procura de um tipo em que a redução de 10% no preço provoca um aumento

de 5% na quantidade de mercadoria que o público adquire, nesta região da curva, a procura,

em relação ao preço será:

a) ( ) Elástica

b) ( ) Unitariamente elástica

c) ( ) Infinitamente elástica

d) ( ) Inelástica, embora não perfeitamente

e) ( ) Totalmente inelástica ou anelástica

2 – Calcular o coeficiente de elasticidade cruzada entre a procura dos produtos A e B, em

certa localidade, sabendo-se que toda vez que há um acréscimo de 10% no preço de um, a sua

quantidade procurada diminui 8% enquanto a quantidade procurada do outro, se o preço

permanece constante, aumenta 10%. O coeficiente será igual a:

3 – Uma curva de demanda retilínea possui elasticidade- preço da procura igual a 1:

a) ( ) Em todos os pontos.

b) ( ) Na interseção com o eixo dos preços.

c) ( ) Na intersecção com o eixo das quantidades

d) ( ) No ponto médio do segmento

e) ( ) N.r.a.

4 – Uma curva de procura se exprime P = 10 – 0,2 Q. O mercado se encontra em equilíbrio ao

preço de P = 2. O preço varia P = 2,04 e tudo o mais mantido constante, a quantidade s

equilibra em Q = 39,8. Qual é a elasticidade – preço da demanda ao preço usual de mercado?

118

Page 119: Apostila de Economia II v 022011

5 – Se uma empresa quer aumentar seu faturamento e a demanda do produto é elástica, ela

deve:

a) ( ) Aumentar o preço

b) ( ) Diminuir i preço

c) ( ) Deixar o preço inalterado

d) ( ) Depende do preço do bem complementar

e) ( ) Depende do preço do bem substituto

119

Page 120: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho VI - Atuação do Setor Público na Microeconomia

Nome:______________________________________________

1 – Quando falamos em incidência de um imposto, estamos:

a) ( ) Referindo-nos no grupo que realmente paga o imposto ao governo, independentemente

de o ônus ser, ou não, transferido para outro grupo qualquer.

b) ( ) Medindo o ponto até o qual o imposto tende a reduzir os incentivos entre o grupo que

o paga.

c) ( ) Referindo-nos ao grupo que realmente paga a conta fiscal, não importando se é ele, ou

não, que recolhe o dinheiro aos cofres públicos.

d) ( ) Perguntando se o imposto em questão é progressivo ou regressivo.

e) ( ) Perguntando se o imposto em questão é direto ou indireto.

2 – Para uma indústria em concorrência perfeita, a oferta do produto é dada por Qs = 3P – 2.

Se a demanda for dada por Qd = 100 – 10P, a imposição de um tributo específico de 2,00 por

unidade transacionada fará com que o preço de equilíbrio seja:

3 – Dadas as curvas de oferta e demanda Qs = P e Qd = 300 – 2P o preço de equilíbrio, após

um imposto específico de 15 por unidade, é igual a:

4 – Com os dados da questão anterior, a arrecadação total do governo, após o imposto, é

igual a

5 – Ainda com os dados da questão 3, a parcela da arrecadação paga pelo consumidor é igual

a:

6 – Quanto maior a elasticidade – preço de demanda:

a) ( ) Maior a receita total do governo, com a fixação de um imposto ad valorem.

b) ( ) Menor a receita total do governo, com a fixação de um imposto específico.

c) ( ) Maior a parcela do imposto paga pelos consumidores

d) ( ) Os produtores transferem todo o ônus do imposto aos consumidores.

e) ( ) Maior a parcela do imposto paga pelos vendedoreEXERCÍCIO

120

Page 121: Apostila de Economia II v 022011

Trabalho VI - Concorrência Perfeita

Nome:______________________________________________

1 – Em concorrência perfeita, a curva de oferta de uma firma individual será dada:

2 – Em monopólio, a curva de oferta será dada:

3 – Em concorrência perfeita, a curto prazo, a firma não produz abaixo do ponto mínimo de

qual curva?

4 – Se o custo marginal exceder a receita marginal, no intervalo em que o custo marginal é

crescente, a firma deve:

5 – Em concorrência perfeita, uma firma estará em equilíbrio de curto prazo no nível de

produção onde:

6 – Dados CT = 1 + 2Q + 3Q2 P = 20 pede-se:

a) Qual a quantidade que maximiza o lucro;

b) Qual o valor desse lucro?

7 – Dados CT = 0,04Q3 – 0,9Q2 + 10Q + 5 pede-se:

a) Qual o ponto de equilíbrio da firma;

b) Qual o valor do lucro ou prejuízo?

c) A firma deve fechar as portas, ou continuar operando?

121

Page 122: Apostila de Economia II v 022011

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