Apostila Bibliologia Reformada 2

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    1. Introduo A maioria dos cristos concorda que a Bblia seja a nossa autoridade em algum sentido. Mas exatamente em que sentido a Bblia afirma ser nossa autoridade? E como podemos nos convencer sobre as declaraes da Escritura faz dela mesma afirmando ser a Palavra de Deus? Estas so as principais questes que iremos tratar nesta aula. 1.1 Etimologia

    a) Bblia A palavra Bblia derivada da palavra grega [biblos], que significa "livro" ou "pergaminho". O nome vem de Byblos, se referindo as plantas do papiro, que cresciam em pntanos ou s margens dos rios, principalmente ao longo do rio Nilo, e essas plantas eram utilizadas para fazer longos rolos ou pergaminhos. Os cristos de lngua latina acabaram utilizando o plural da palavra no latim [bblia]. b) Escritura A palavra Escritura derivada do grego [graphe], cognato de [graph], que significa simplesmente "escrever". A forma verbal [graph] ocorre cerca de 90 vezes, em referncia Bblia, enquanto o substantivo [graphe] usado cerca de 50 vezes para se referir Bblia. O termo [gramma], que significa letra usado acerca das escrituras (2 Tm 3.15).

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    2. Inspirao Por trs de toda inspirao existe uma autoridade que fonte dessa inspirao. A autoridade divina e infalvel das Escrituras ocorrem pelo fato de elas serem a palavra de Deus; e a palavra de Deus porque foram dadas pela inspirao do Esprito Santo A doutrina comum na Igreja que a inspirao foi uma influncia do Esprito Santo nas mentes dos homens que escreveram a Bblia, que se entregaram a Deus para comunicarem a mente e vontade do Senhor. Assim, quanto s linhas teolgicas da inspirao, podemos apontar: a) Ortodoxia A Bblia a Palavra de Deus

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    Telogos ortodoxos ao longo dos sculos vm ensinando, todos de comum acordo, que a Bblia foi inspirada verbalmente, isto , o registro escrito por inspirao de Deus. No entanto, tem havido tentativas de procurar explicao para o fato de o registro escrito ser a Palavra de Deus e ao mesmo tempo em que o Livro foi composto por autores humanos, dotados de estilos diferentes; essas tentativas conduziram os estudiosos ortodoxos a opinies divergentes. Alguns abraaram a ideia do ditado verbal, afirmando que os autores humanos da Bblia registraram apenas o que Deus lhes havia ditado, palavra por palavra. Outros estudiosos preferiam a teoria do conceito inspirado, segundo qual Deus s concedeu aos autores pensamentos inspirados, e estes tiveram liberdade de revesti-los com palavras prprias. Porm a teoria mais aceita a da Inspirao plena ou verbal, e ensina que todas as partes da Bblia so igualmente inspiradas; e afirma que homens santos escreveram a Bblia com palavras de seu vocabulrio, porm sob uma influncia to poderosa do Esprito Santo, que o que eles escreveram foi Palavra de Deus. b) Modernismo A Bblia contm a Palavra de Deus (Liberalista) Opondo-se opinio ortodoxa tradicional que a Bblia a Palavra de Deus, os modernistas ensinam que a Bblia meramente contm a Palavra de Deus. Certas partes dela so divinas, outras so obviamente humanas e apresentam erros.

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    c) Neo-Ortodoxia A Bblia torna-se a Palavra de Deus No incio do sculo XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influncia do pai dinamarqus do existencialismo, Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia europeia. Estudiosos comearam a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mo de suas opinies crticas a respeito da Bblia, comearam a levar a Bblia a srio, por ser a fonte da revelao de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que Deus fala aos homens, mediante a Bblia. semelhana das outras teorias a respeito da inspirao da Bblia, a neo-ortodoxia desenvolveu duas correntes. Na extremidade mais importante estavam os demitizadores, que negam todo e qualquer contedo religioso importante, factual ou histrico, nas pginas da Bblia, e creem penas na preocupao religiosa existencial sobre a qual desenvolve os mitos. Na utra, procuram preservar a maior parte dos dados factuais e histricos das escrituras, mas sustentam que a Bblia de modo algum revelao de Deus. 2.1 Teorias da Inspirao Bblica Como a Bblia pode ser infalvel se ela foi escrita por humanos falveis? O fato de a Bblia ter sido escrita por seres humanos falveis, no faz dela um Livro defeituoso. Afinal de contas, mesmos seres humanos imperfeitos podem fazer coisas perfeitas

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    algumas vezes, e em especial se forem supervisionados por Algum que infalvel. Os cristos no afirmam que os homens que escreveram os livros da Bblia estavam sempre certos em tudo que disseram ou fizeram. Ns simplesmente acreditamos que a Bblia est certa quando ela afirma que Deus guiou estes homens em sua tarefa de escrever as Escrituras de modo que o resultado um livro infalvel. O apstolo Pedro certamente disse muitas coisas erradas Durante sua vida, mas Deus no permitiu que ele cometesse nenhum erro quando lhe coube a tarefa de escrever suas duas epstolas. Paulo, inspirado por Deus, ao escrever sua segunda epstola a Timteo, afirmou clssica que a Bblia foi produzida por Deus e no por homens: Toda Escritura inspirada por Deus, e til para o ensino, para a repreenso, para a correo e para a educao na justia (2Tm 3:16) Podemos definir a inspirao como sendo a superviso divina sobre os autores humanos de modo que, usando suas personalidades individuais, eles compuseram e registraram sem erro a revelao de Deus ao homem nas palavras dos autgrafos originais. Ns no sabemos exatamente como Deus trabalhou para cumprir o seu propsito de nos prover com uma Bblia totalmente acurada. Mas o apstolo Pedro nos fornece algum esclarecimento: Nenhuma profecia jamais foi dada por vontade humana, mas homens santos, movidos pelo Esprito Santo, falaram de Deus (2Pe 1:21). Quanto inspirao da Bblia, h vrias teorias falsas, que no podemos simplesmente ignorar, porque se no as identificarmos, poderemos at ser influenciados por elas em alguns comentrios que lemos. Umas so muito antigas,

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    outras bem recentes, e ainda outras ainda esto surgindo. Em algumas dessas teorias, a verdade vem junto com a mentira, de maneira que muitos descuidados se deixam enganar. Ser que Deus encontrou homens excepcionais, dotados de viso espiritual e dons naturais para garantir que a Bblia fosse uma obra perfeita? Ou ser que a mente do escritor ficou vazia de suas prprias ideias enquanto Deus transferia misticamente todo o contedo do que deveriam escrever? Vejamos, ento, as principais teorias da Inspirao Bblica. 2.1.1 Teoria da Inspirao Natural Procura explicar a inspirao como sendo um discernimento superior das verdades morais e religiosas por parte do homem natural. Assim como tem havido, intelectuais, filsofos, artistas, msicos e poetas excepcionais, que produziram obras de arte e de escrita que nunca foram superadas, tambm em relao s Escrituras houve homens excepcionais com viso espiritual que, por causa de seus dons naturais, foram capazes de escrever as Escrituras. Refutao: Esta a noo mais repulsiva de inspirao, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi defendida pelos pelagianos e unitarianos. bom que se diga que os escritores da Bblia, fossem eles homens simples ou extremamente cultos, afastaram de si toda glria, confessando ser Deus o verdadeiro autor de suas palavras (2Sm.23:2; At.1:16; 28:25; Jr.1:9). Charles C. Ryrie, A Survey of Bible Doctrine (Chicago: Moody, 1972), p. 38.

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    2.1.2 Teoria da Inspirao Mstica ou Iluminao Inspirao, segundo essa teoria provm da intensificao ou elevao das percepes religiosas de um crente. Cada crente tem sua iluminao at certo ponto, dependendo do seu grau de maturidade espiritual e intimidade com Deus, e mesmo assim alguns teriam mais percepo do que outros, ainda que fossem maduros na f. Refutao: Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristo em qualquer tempo, atravs muita vida devocional, poderia estar capacitado a escrever livros e cartas no mesmo nvel de autoridade que encontramos nas Escrituras. Schleiermacher foi quem disseminou esta teoria. Para ele inspirao "um despertamento e excitamento da conscincia religiosa, diferente em grau e no em espcie da inspirao piedosa ou sentimentos intuitivos dos homens santos". 2.1.3 Teoria da Inspirao Divina Comum Compara a inspirao que atribumos aos escritores da Bblia ao que hoje entendemos como sendo uma iluminao concedida aos cristos piedosos, em momentos de orao, adorao, meditao e reflexo na Palavra, e que os capacita a escrever, ensinar, compor, etc... Refutao: De fato, existe um tipo de inspirao comum concedida pelo Esprito Santo aos que creem e se dedicam ao SENHOR, mas ela se distingue da inspirao conferida aos escritores da Bblia e, pelo menos dois sentidos:

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    -se de uma inspirao gradativa, isto , o Esprito pode conceder maior ou menor conhecimento e percepo espiritual ao crente, medida que este ora, se consagra e se santifica; ao passo que a inspirao dos escritores da Bblia no admite graus: o escritor era ou no era inspirado.

    enquanto que a inspirao concedida aos escritores da Bblia era temporria. Centenas de vezes encontramos esta expresso dos profetas "e veio a mim a palavra do Senhor...", indicando o momento em que Deus os tomava para transmitir sua mensagem. 2.1.4 Teoria da Inspirao Parcial Ensina que partes da Bblia so inspiradas e outras no. Afirma que a Bblia no a Palavra de Deus, mas que apenas contm a Palavra de Deus. Refutao: Se esta teoria fosse verdadeira, estaramos em grande confuso, porque quem poderia dizer quais as partes que so inspiradas e as que no o so? A prpria Bblia refuta essa ideia: Toda a Escritura inspirada por Deus e til para o ensino... (2Tm 3:16); e tambm ...nenhuma profecia da Escritura provm de particular elucidao; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo (1Pe 1:20,21).

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    2.1.5 Teoria do Ditado Verbal Segundo esse pensamento, a inspirao da Bblia aconteceu como um ditado literal da Palavra de Deus aos escritores, como uma espcie de transe, onde praticamente no havia lugar para a atividade intelectual, para a formao acadmica, nem mesmo para o estilo de cada escritor. Refutao: Mas esta atividade e este estilo so patentes em cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigao de fatos conhecidos (Lc 1:4). Pedro, que tinha uma maneira simplificada de escrever, fez meno ao estilo mais elaborado do apstolo Paulo: ...como igualmente o nosso amado irmo Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epstolas, nas quais h certas coisas difceis de entender, que os ignorantes e instveis deturpam, como tambm deturpam as demais Escrituras, para a prpria destruio deles (1Pe 3:15,16). Esta falsa teoria faz dos escritores verdadeiras mquinas, que anotam o que lhes ditado, sem qualquer noo do que esto fazendo. Deus no falou com os escritores como quem fala atravs de um auto-falante. Ele usou tambm as faculdades mentais dos que escreveram. A inspirao no anulou a participao do autor, nem a inteno do escritor diminuiu o poder da inspirao: Amados, quando empregava toda a diligncia em escrever-vos acerca da nossa comum salvao, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela f... (Jd 1:3).

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    2.1.6 Teoria da Inspirao das Ideias Ensina que Deus inspirou as ideias contidas na Bblia na mente dos autores, apenas as ideias, mas nenhuma Palavra. Segundo essa teoria, as palavras registradas por escrito so de responsabilidade exclusiva dos escritores, eles teriam colocado no papel, sua maneira, as ideias que lhes foram inspiradas. Refutao: Ora, qual seria a definio mais precisa de PALAVRA? Palavra a expresso do pensamento! a verbalizao daquilo que se pensa! Mas, como que uma ideia pode ser formulada sem o uso de palavras, ainda que no pensamento? E como que uma ideia pode ser exposta, em sua exatido, sem o uso das palavras que deram vida a essa ideia? Portanto, uma ideia ou pensamento inspirado s pode ser expresso por meio de palavras inspiradas. Se Deus deu ideias inspiradas, Ele as deu atravs de palavras inspiradas Ningum h que possa separar a palavra da ideia. A inspirao da Bblia no foi somente "pensada", foi tambm "falada". porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo. porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo (2Pe 1:21). Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes ltimos dias, nos falou pelo Filho... (Hb 1:1).

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    Disto tambm falamos, no em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Esprito, conferindo coisas espirituais com espirituais (1Co 2 :13). 2.1.7 A Teoria Correta da Inspirao da Bblia a chamada teoria da inspirao plena ou verbal. Ensina que todas as partes da Bblia so igualmente inspiradas; que os escritores no funcionaram quais mquinas inconscientes; que houve cooperao vital e contnua entre eles e o Esprito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bblia com palavras de seu vocabulrio, porm sob uma influncia to poderosa do Esprito Santo, que o que eles escreveram foi Palavra de Deus. Assim, a inspirao plena ou verbal o poder inexplicado do Esprito Santo orientando e conduzindo os escritores escolhidos por Deus na transcrio do registro bblico, quer seja atravs de observaes pessoais (1Jo.1:1-4)., fontes orais ou verbais (Lc.1:1-4; At.17:18; Tt.1:12; Hb.1:1), ou atravs de revelao divina direta (Ap.1:1-2; Gl.1:12), preservando-os de erros e omisses, de maneira a garantir a inerrncia das Escrituras, e dando Bblia autoridade divina. RESUMINDO: Inspirao a operao divina que influenciou os escritores bblicos, capacitando-os a receber a mensagem divina, e que os moveu a transcrev-la com exatido, impedindo-os de cometerem erros e omisses, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalvel, garantindo a exata transferncia da verdade revelada de Deus para a linguagem humana inteligvel (2Co.10:13; 2Tm.3:16; 2Pe.1:20,21).

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    2.1.8 Provas da Inspirao Bblica O Testemunho da Arqueologia Dr. Melvin Grove Kyle, um famoso arquelogo internacional, j disse que nenhuma descoberta arqueolgica nos ltimos cem anos invalidou de algum modo qualquer simples declarao da Bblia. Pelo contrrio, as descobertas tm confirmado as Sagradas Escrituras de modo admirvel.

    O Testemunho das Vidas Transformadas Sua influncia sobre o carter e a conduta de milhares de pessoas ao longo da histria.

    O Testemunho da Unidade O fato de ter sido escrita num perodo de cerca de 1600 anos por 40 autores diferentes, sem qualquer contradio, faz-nos pensar um pouco.

    O Testemunho das Profecias Bblicas Joo 10: 35. Mais de 300 profecias do Antigo Testamento convergem para a pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lucas 24: 27, 44 49). O problema dos opositores da Bblia que eles no tm nada melhor para oferecer!

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    3. Caractersticas Dentre as caractersticas da Bblia podemos citar:

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    3.1 A inerrncia das Escrituras A Bblia a inerente Palavra de Deus. Os mpios e incrdulos tm feito de tudo para encontrarem erros nos textos bblicos. Pode ser que haja falhas nas tradues, interpretaes ou na gramtica das cpias manuscritas, pois a Bblia foi escrita originalmente em linguagem antiga: hebraico, grego, e aramaico. Todavia, essas possveis incorrees, ou dificuldades, jamais podem ser consideradas "erros" quanto mensagem bblica. Menos de um por cento dessas inexatides dos manuscritos, encontram-se na transmisso da mensagem, portanto, no afetam a integridade da Palavra de Deus. 3.1.1 Conceituao Teolgica de Inerrncia

    O que "inerrncia bblica"? Significa que a Bblia totalmente isenta de erros; quer no campo lgico ou no histrico. Ela inerente nos fatos que apresenta e nas doutrinas que declara. Afirmar que a Bblia no contm erros tambm reconhecer sua inspirao, autoridade e infalibilidade divinas. Jesus afirmou categoricamente: "A Escritura no pode falhar" (Jo 10.35).

    Inerrncia e infalibilidade. O conceito de inerrncia da Bblia est intimamente associado ao de infalibilidade. Pelo fato de no conter erros, ela infalvel. Tudo o que a Bblia diz cumpre-se cabalmente: "Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre" (1 Pe 1.24,25). Essa infalibilidade consequncia de a Palavra de Deus nunca ter sido "produzida por vontade de homem

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    algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Esprito Santo" (2 Pe 1.21). 3.1.2 Razes pelas quais a Bblia Inerente

    . A autoria divina da Bblia o fundamento e a garantia de sua Inerrncia e infalibilidade. H milhes de livros espalhados pelo mundo (Ec 12.12); e todos foram escritos por autores falhos, propensos a cometerem todo tipo de erro. Porm, o Autor da Bblia, jamais falta: "Deus no homem, para que minta [...] porventura, diria ele e no o faria? Ou falaria e no o confirmaria?" O Eterno no mente, no falha e no erra (Nm 23.19; Tg 1.17). Quando ele diz, faz; quando ele promete,

    3.16; 2 Pe 1.19-21). Os livros da Bblia foram escritos sob a superviso e orientao do Esprito Santo (Mc 12.36; 1 Co 2.13). As Escrituras no so produto da perspiccia e criatividade da mente humana, mas o resultado da ao sobrenatural de Deus sobre ela: o Esprito inspirou (2 Pe 1.19-21), ensinou (1 Co 2.13) e revelou seus mistrios (Gl 1.12; Ef 3.2,3).

    . Do limiar ao fechamento do Cnon Sagrado, os escritores bblicos reproduziram exatamente o que haviam recebido da parte de Deus: "Nada acrescentareis palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando" (Dt 4.2). A Bblia a precisa Palavra do Senhor: ela correta (Sl 33.4), perfeita (Sl 19.7), pura (Sl 119.140), e eterna (Is 40.8; Lc 21.33).

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    3.1.3 O Cumprimento da Bblia demonstra sua Inerrncia

    O cumprimento das profecias. O principal fato que atesta a inerrncia das Sagradas Escrituras o cumprimento de suas profecias. Vejamos, pois, algumas das mais de 300 profecias messinicas cabalmente cumpridas: a) a concepo virginal de Jesus (Is 7.14; Mt 1.22); b) o local do nascimento de Jesus (Mq 5.2; Mt 2.6); c) mos e ps de Jesus furados e sua tnica sorteada (Sl 22.16,18; Jo 19.24,37), etc. Alm dessas, muitas outras profecias cumpriram-se literalmente na histria dos imprios antigos, das naes modernas, e na vida de muitos indivduos.

    A Histria confirma a Bblia. Centenas de fatos e eventos bblicos tm sido Confirmados pela histria secular. Entre tantos, encontramos: a) as duas deportaes, de Israel e Jud, pelos assrios e babilnicos respectivamente (2 Rs 17.6; 2 Rs 24.10-17; Jr 25.11); b) a destruio de Jerusalm, profetizada por Jesus e cumprida no ano 70 d.C. (Mt 24.2); c) a restaurao de Israel, predita em Ezequiel 36.25-27 e cumprida em Maio de 1948. 3.1.4 Os Autgrafos

    Os autgrafos. Tratam-se dos manuscritos originais da Bblia. Eles j no existem. Todavia, os originais do Antigo Testamento, por exemplo, foram meticulosamente copiados, originando os manuscritos mais antigos de que dispomos.

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    Falhas na transmisso escrita das palavras da Bblia. Se compararmos as cpias dos textos originais entre si, encontraremos algumas variaes entre elas, mesmo diante das mais rigorosas normas impostas aos escribas. Esses copistas no podiam escrever uma s palavra de memria. Antes de registrarem um vocbulo tinham de pronunci-lo bem alto e, ao escreverem o nome do Senhor, tinham de limpar a pena com muita reverncia. Cada letra e cada palavra eram contadas cuidadosamente e, caso encontrassem um nico erro, inutilizavam imediatamente aquelas folhas, ou at mesmo todo o rolo. H mais de duzentas mil variantes textuais nas cpias. Nessa quantidade, observa-se, desde a troca de uma letra por outra at a de um nome por um pronome e vice-versa. Contudo, as incorrees encontradas nas cpias dos manuscritos, e repassadas a diversas verses dos textos bblicos (variantes textuais), quando analisadas luz do contexto geral da Bblia, em nada comprometem o valor da mensagem sagrada, nem se constituem motivos para. Descrer da inerrncia da Bblia. Podemos afirmar com absoluta certeza, que os textos das Escrituras so plenamente confiveis, e que as possveis contradies so aparentes e humanas. A Bblia a inerente e infalvel Palavra de Deus. Sua correo, autoridade e infalibilidade decorrem de sua inspirao divina. Podemos, com alegria e confiana, afirmar como o salmista Davi: "Louvarei o teu nome, por causa da tua misericrdia e da tua verdade, pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra" (Sl 138.2).

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    3.2 A Autoridade das Escrituras Dizemos que a Bblia um livro que tem autoridade porque ela tem influncia, prestgio e inerrncia (quanto a pureza na transcrio ou traduo), por isso deve ser obedecida porque procede de fonte infalvel e autorizada. 3.3 Clarezas das Escrituras O princpio da clareza [da Escritura] significa simplesmente que a Bblia suficientemente clara em si e por si mesma para que os crentes a compreendam. Como disse J. Stafford Wright, o princpio implica em trs coisas:

    A Escritura clara o suficiente para que seja vivenciada por pessoas simples;

    A Escritura profunda o suficiente para que se torne mina inesgotvel para leitores da mais alta capacitao intelectual;

    de que Deus quis que toda ela fosse a revelao de si mesmo ao homem. A Escritura, em qualquer traduo fiel, suficientemente clara para mostrar nosso pecado, os fatos bsicos do evangelho, o que devemos fazer se quisermos ser parte da famlia de Deus e como viver para Cristo. Isso no significa, porm, que com a constatao (e compreenso) dessas verdades tenhamos exaurido o ensinamento da Palavra. Tambm no quer dizer que a soluo de toda a questo complexa referente Escritura ou vida seja simples, muito menos simplista. O

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    que se pretende assegurar que, a despeito das dificuldades que encontramos nas Escrituras, seu ensinamento mais do que suficientemente claro para manter bem nutridos os fiis. Uma histria atribuda a Dwight L. Moody diz que ele foi abordado certa vez por uma senhora que lhe perguntou visivelmente decepcionada: Senhor Moody, o que devo fazer em relao s coisas difceis da Bblia que no entendo? A Senhora j comeu frango alguma vez na vida? respondeu Moody. Atnita com a indagao aparentemente disparada, a mulher respondeu hesitante: Sim. E o que a senhora fez com os ossos? perguntou-lhe Moody. Coloquei-os de lado disse ela. Ento faa o mesmo o mesmo com os versculos difceis advertiu Moody. H muita comida mais do que suficiente a ser digerida no restante que pode ser compreendido. Nisso se resume o princpio da clareza. 3.4 Necessidades das Escrituras Conhecereis a verdade e a verdade vos libertar. No entanto Pilatos, num incrdulo registro, perguntou em tom de quem pretendia crer que ningum nunca pudesse responder afirmativamente a essa pergunta. A Bblia, neste e em tantos os textos, esclarece: as Sagradas Escrituras podem fazer-te sbio para a salvao, pela f que

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    h em Cristo Jesus. (2 Tm. 3.15). O homem precisa de uma revelao.

    Essa revelao desejvel. A sabedoria de Deus, um de seus perfeitos atributos nos leva certeza de que Ele criou o universo e o homem com um objetivo. Mas, que objetivo seria esse O homem no consegue descobrir esse propsito atravs de elaborados estudos mentais. A palavra chave Revelao.

    A revelao de se esperar. Raciocinemos: se Deus bom, natural crermos que ele se revele pessoalmente s criaturas. Podemos reconhecer atravs da natureza. atravs de exerccios mentais diversas manifestaes de Deus. No podemos crer que um pai se oculte para comunicar com ele. Criando o homem sua prpria imagem, absurdo pensar que o Criador permanecesse oculto criatura. A ideia de um deus misterioso s encontra eco no paganismo.

    Revelao divina em forma escrita. A forma escrita a mais razovel que existe para preservao documental. Todas as outras esto sujeitas a rpida corrupo, especialmente a tradio oral e a memria humana. razovel concluir que Deus mesmo inspiraria os portadores de sua revelao a registrarem-na em forma escrita. 3.5 Suficincias das Escrituras Podemos definir assim suficincia das Escrituras: dizer que as Escrituras so suficientes significa dizer que a Bblia contm todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada estgio da histria da redeno e que hoje contm todas

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    as palavras de Deus que precisamos para a salvao, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer. Podemos encontrar tudo o que Deus disse sobre temas especficos e tambm respostas s nossas perguntas Logicamente, temos conscincia de que jamais obedeceremos perfeitamente a todas as palavras das Escrituras nesta vida (ver Tg 3.2; 1Jo 1.8-10). Portanto, de incio pode no parecer muito significativo dizer que tudo o que temos de fazer o que Deus nos ordena na Bblia, pois de qualquer modo jamais seremos capazes de obedecer-lhe plenamente nesta vida. 3.5.1 Aplicaes prticas da suficincia das Escrituras A doutrina da suficincia da Escritura tem vrias aplicaes prticas na vida crist. A seguinte lista se pretende til, mas no exaustiva:

    -nos incentivar Ao tentar descobrir aquilo que Deus quer que pensemos (sobre uma questo doutrinria especfica) e faamos (numa dada situao). Devemos nos convencer de que tudo o que Deus quer nos dizer sobre essa questo se encontra nas Escrituras. Isso no significa que a Bblia responde a todas as dvidas que possamos conceber, pois as coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus (Dt 29.29).

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    devemos acrescentar nada Bblia nem equiparar algum outro escrito Bblia. Esse princpio violado por quase todas as seitas. Os mrmons, por exemplo, afirmam crer na Bblia, mas tambm reclamam autoridade divina para O Livro de Mrmon. Os seguidores da Cincia Crist, igualmente, afirmam crer na Bblia, mas na prtica equiparam s Escrituras o livro Science and Health With a Key to the Scriptures [Cincia e sade com uma chave para as Escrituras], de Mary Baker Eddy, ou o colocam at acima da Bblia em termos de autoridade. Como isso viola a ordem divina de nada acrescentar s suas palavras, no devemos pensar que encontraremos nessas obras mais palavras de Deus para ns.

    suficincia das Escrituras tambm nos diz que Deus no exige que creiamos em nada sobre si mesmo ou sobre sua obra redentora que no se encontre na Bblia. Entre os escritos do tempo da igreja primitiva acham-se algumas colees de Supostos dizeres de Jesus no preservados nos evangelhos. provvel que pelo menos alguns dos dizeres de Jesus encontrado nesses escritos sejam registros mais ou menos precisos de coisas que Jesus de fato falou (embora hoje nos seja impossvel determinar com um grau elevado de probabilidade quais so esses dizeres).

    revelao moderna de Deus deve ser equiparada Bblia no tocante autoridade.

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    Em vrios momentos ao longo da histria, e especialmente no moderno movimento carismtico, muitas pessoas j afirmaram que Deus transmitiu revelaes por meio delas para benefcio da igreja. Seja como for que avaliemos essas alegaes, precisamos tomar o cuidado de jamais permitir (na teoria ou na prtica) a equiparao dessas revelaes s Escrituras.

    exige de ns que no esteja determinado explcita ou implicitamente nas Escrituras. Isso nos lembra que nossa busca da vontade de Deus deve-se concentrar nas Escrituras, ou seja, no devemos buscar orientao pelas oraes que peam alterao das circunstncias ou dos sentimentos, ou ainda orientao direta do Esprito Santo fora das Escrituras. 4. Cnon da Bblia A palavra "cnon", expresso latina, deriva-se do termo grego [kann], que significa literalmente "vara reta de medir" ou "rgua de carpinteiro". Em outras palavras, este termo denota um padro de medida excelente e rigoroso. Aplicado s Escrituras o Cnon significa aquilo que serve de norma, regra de f e prtica. Deste modo, o Cnon Sagrado uma coleo de livros que foram aceitos por sua autenticidade e autoridade divinas. Isto significa que os livros que hoje formam a Bblia satisfizeram o padro, ou seja, foram dignos de serem aceitos e includos.

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    Os livros da Bblia so denominados cannicos para no serem confundidos com os apcrifos, escritos no inspirados por Deus. Glatas 6.16 E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra (kanon), paz e misericrdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. O uso mais antigo da expresso cnon carrega o sentido de um grupo de livros que funcionam como uma regra a f e a vida. Foi no Conclio de Laodicia em 363 d.C. (Herzog & Schaff, 2010). Naquele documento, l-se o seguinte: Nenhum salmo de autoria privada pode ser lido nas igrejas, nem livros no cannicos, mas apenas os livros cannicos do Antigo e Novo Testamentos. 4.1 - O cnon do antigo testamento a) A forma do cnon judaico O cnon hebraico tradicionalmente tem 24 livros, que incluem todos os nossos 39 e no mais, e estes so divididos em trs partes: Lei, Profetas e Escritos (Tanach: Tor, Nebiim, Chetuvim).

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    Assim, o cnon dos judeus comeou com Gnesis e termina com 2 Crnicas, e no (como o que temos hoje), com

    Malaquias. Nossa ordem segue a traduo grega do Antigo Testamento chamada Septuaginta, mas as primeiras testemunhas crists, bem como Josefo e Philo (que usou a LXX, mas no conferiu autoridade aos Apcrifos) mostram que os livros apcrifos includos na LXX no foram contados como cannicos. Desde Artaxerxes (c. 435 a.C.) at os nossos dias foi escrita uma histria completa, mas no foi julgada digna de crdito igual ao dos registros mais antigos, devido falta de sucesso exata dos profetas. (Flvio Josefo historiador judeu).

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    Paulo assumiu a legitimidade das Escrituras que estavam sendo ensinadas s crianas judias. ( 2Tm 3.14-15). No h registro de qualquer disputa entre Jesus e os lderes judeus de sua poca sobre qual seria a extenso das Escrituras. Ele parecia pensar que a Bblia deles era a sua Bblia, e fez afirmaes notveis sobre a sua autoridade (A Escritura no pode falhar, Joo 10.35). A diviso em trs partes que os judeus fizeram do Antigo Testamento foi assumida por Jesus. (Lc 24.44) A ordem judaica do cnon fechado assumida por Jesus: Por isso, tambm disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apstolos, e a alguns deles mataro e a outros perseguiro, para que desta gerao se peam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundao do mundo; desde o sangue de Abel at ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a casa de Deus. Sim, eu vos afirmo, contas sero pedidas a esta gerao. (Lc 11.49-51). Mas, cronologicamente o ltimo mrtir do Antigo Testamento foi Urias, o filho de Semaas, cuja morte descrita em Jeremias 26.20-23. Ele morreu durante o reinado de Jeoaquim, que reinou de 609-598 a.C. No entanto, em 2 Crnicas, o ltimo livro do cnon judaico do AT, fala que houve um Zacarias que foi morto no ptio do templo. (2Cr 24.20-21). Este um forte indcio de que Jesus estava familiarizado com o cnon judaico do AT, que inclui os livros que temos hoje.

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    b) Classificao dos escritos

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    c) Apcrifos do Antigo Testamento De acordo com a contagem feita por Roger Nicole, mais de 295 vezes o Novo Testamento cita vrias partes do Antigo Testamento como divinamente autorizada, mas no cita nenhuma vez os livros apcrifos ou quaisquer outros escritos como tendo autoridade divina. Judas 14-15 faz uma citao de 1 Enoque 60.8 e 1.9, e Paulo cita autores pagos em Atos 17.28 e Tito 1.12, mas estas citaes no so tidas como Escritura nem autorizadas por causa de suas fontes. Elas so mais para propsito de ilustrao que de prova. Deve-se observar tambm que nem 1 Enoque nem os autores citados por Paulo fazem parte dos escritos apcrifos. Nenhum livro apcrifo, portanto, mencionado no NT. certo que alguns livros do AT tambm no so citados no NT (por exemplo: Obadias). Porm, a mensagem destes livros no contradiz a mensagem do NT em nenhum momento (Obadias, por exemplo, narra como o orgulho precede o juzo e como o Senhor exalta o humilde; Mt 5.3; Lc 1.51-52).

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    J os livros apcrifos apresentam vrias contradies em relao mensagem do NT: Os livros apcrifos tambm apresentam erros histricos, cronolgicos e geogrficos (como o caso de Judite, Tobias e 1 Macabeus). O testemunho da Igreja primitiva e dos Pais da Igreja afirma o cnon judaico do AT Melito, bispo de Sardes, cerca de 170 d.C.: Quando eu vim para o leste e atingi o lugar onde estas coisas eram pregadas e vividas, e aprendi com preciso os livros do Antigo Testamento, estabeleci os fatos e os enviei a vocs. Estes so os seus nomes: cinco livros de Moiss: Gnesis, xodo, Nmeros, Levtico, Deuteronmio; Josu, filho de Num, Juzes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros das Crnicas, os Salmos de Davi, Provrbios de Salomo contendo sua sabedoria, Eclesiastes, o Cntico dos Cnticos, J, os. Profetas Isaas, Jeremias, os Doze em um nico livro, Daniel, Ezequiel e Esdras. Nenhum livro apcrifo mencionado, e o livro que falta de nosso cnon do AT Ester, que por algum tempo foi controverso e pode ter sido suprimido por motivos polticos, porque falava de um levante judaico. Esses escritos apcrifos no se encontram na Bblia Hebraica, mas foram includos na Septuaginta (a traduo do AT para o grego, usada por muitos judeus de fala grega na poca de Cristo). O fato de que estes livros foram includos por Jernimo em sua traduo da Bblia, a Vulgata Latina (completa em 404

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    d.C.), serviu de apoio sua aceitao, embora o prprio Jernimo tenha dito que eles no eram livros do Cnon, mas apenas Livros da Igreja, teis e proveitosos para os crentes em pesquisas histricas, dados lingusticos, e para leituras inspirativas, j que estes contm numerosas histrias a respeito da coragem e da f de muitos judeus durante o perodo posterior ao encerramento do AT. Grande parte dos Pais da Igreja (telogos que viveram at poucos sculos depois da era apostlica e da Igreja Primitiva) confirma a maioria dos livros do nosso presente cnon do AT, mas nenhum dos apcrifos declarado cannico. Entretanto, outros lderes da igreja antiga citam vrios desses livros como escrituras, porm, vale a pena ressaltar que nenhum dos Pais da Igreja latinos ou gregos que citaram os apcrifos como escrituras conhecia o Hebraico (lembrem-se de que a Bblia Hebraica no continha os apcrifos). Portanto, tinham acesso somente Septuaginta e Vulgata Latina, ambas, como mencionamos acima, continham os apcrifos. No foi seno em 1546, no Conclio de Trento, que a Igreja Catlica Romana (ICR) declarou oficialmente que os apcrifos fazem parte do cnon. significativo lembrar que o Conclio de Trento foi a resposta da ICR aos ensinos de Martinho Lutero e da Reforma Protestante que se espalhavam rapidamente, e os livros apcrifos contm apoio para o ensino catlico de orao pelos mortos e de justificao pela f com obras, no pela f somente. Ao declarar que os apcrifos so parte do cnon, os catlicos romanos estariam alegando que a igreja tem autoridade para designar uma obra literria como Escritura, enquanto os protestantes tm sustentado que a igreja no pode levar nada a se tornar Escritura, mas apenas reconhecer o que Deus j determinou que fosse escrito como palavra dele prprio.

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    Deve-se observar que os catlicos romanos usam o termo deuterocannico em vez de apcrifo para se referir a estes livros. Entendem que isso significa acrescentado mais tarde ao cnon (o prefixo deutero significa segundo). Para concluir, com respeito ao cnon do AT os cristos hoje no precisam ter nenhum receio de que algo necessrio tenha sido deixado do lado de fora ou que alguma coisa que no a Palavra de Deus tenha sido includa no cnon. Jeremias 36.1-4 e Jeremias 36.27-32 nos do uma demonstrao de como Deus e os profetas foram cuidadosos em manter cada palavra do cnon do AT. 4.2 O cnon do Novo Testamento O Novo Testamento assume a existncia de Escrituras cannicas. O conceito no era estranho para eles, nem foi adicionado depois. Veja em (Lc 24.27;Jo 5.39; At 17.2; Rm 15.4). Para a igreja comear a governar a sua vida e doutrina, pautada em documento autorizado, alm do cnon das Escrituras (Antigo Testamento), algo parecido em autoridade e escopo seria necessrio, ou seja, um cnon complementar. A Igreja Primitiva reconheceu que Jesus tinha autoridade igual e superior s Escrituras do Antigo Testamento. Veja em (Mt 7.29; Mt 5.38-39;Mc 13.31; Mt 12.41-42; Jo 14.6; Hb 1.1-2). Teologicamente, um cnon fechado do Novo Testamento o que esperaramos de acordo com o que Deus tem inspirado e preservado por ns no Antigo Testamento. Se aceitamos o testemunho [de Jesus] sobre a autoridade dada por Deus ao Antigo Testamento, parece intrinsecamente

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    improvvel que o evento mais estupendo da histria da humanidade vida, morte e ressurreio do SENHOR encarnado... teria sido deixado por Deus, que revelou tudo com antecedncia, sem qualquer registro oficial ou uma explicao para as geraes futuras. (Anderson, 1981) O prprio Jesus apontou nessa direo ao instigar a Igreja Primitiva a esperar que ele no s planejara um cnon contendo ensino sobre si mesmo e sua palavra, mas que ele tambm o daria atravs de apstolos autorizados e inspirados. Veja em (Lc 6.13-16; At 1.26; Jo 14.24-26; Jo 16.12-14) A Igreja Primitiva viu o ensinamento que emergiu a partir de Jesus e dos apstolos como compreendendo um corpo completo de verdade sobre a f. Paulo viu o ensino apostlico como a fundao da igreja (= Canon) e viu o seu prprio ensino como a expresso exata das palavras e dos mandamentos do SENHOR. (Ef 2.19-20; 2 Co 13.3; 1 Co 14.37; 1 Co 2.12-13). Pedro viu os escritos de Paulo como parte de um cnon ampliado das Escrituras, ao lado das Escrituras do Antigo Testamento. (2 Pe 3.15-16). Com esta trajetria em direo construo de um novo cnon que daria o registro autorizado da vida e dos ensinamentos de Jesus e os ensinamentos fundamentais de seus porta-vozes oficiais, o que restou para a Igreja Primitiva fazer foi discernir quais escritos eram o cumprimento da promessa de Jesus aos apstolos. A ascenso de doutrinas herticas e o uso de livros distorcidos (Marcio, 140 d.C.), estimulou o processo de canonizao. Mas como a igreja faz isto?

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    a) Critrios de seleo O critrio principal foi a apostolicidade. No apenas: O livro foi escrito por um apstolo?, mas tambm: O livro foi escrito na companhia de um apstolo, supostamente com a sua ajuda e apoio?. Os livros mais controversos, que levaram mais tempo para serem confirmados por toda a igreja, foram: Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 Joo e Judas. Mas no final a Igreja discerniu sua harmonia com os outros, sua antiguidade e apostolicidade essencial. A lista dos livros, parte dos livros controversos, foi conhecida, o mais tardar, no final do sculo segundo (por Irineu de Lion, cerca de 180 d.C.).

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    A primeira lista com todos os 27 livros est na Trigsima Nona Carta Pascal de Atansio, bispo de Alexandria em 367 d.C. Esta lista foi afirmada pelo Snodo de Hipona em 393 d.C. b) Classificao dos escritos

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    5. Manuscritos da Bblia A histria da Bblia e como chegou at ns, encontrada em seus manuscritos. Manuscritos so rolos ou livros da antiga literatura, escritos mo. O texto da Bblia foi preservado e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bblia, a palavra manuscritos sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs. H, em nossos dias, cerca de 5.000 MSS da Bblia, preparados entre os sculos II e XV. a) Material grfico dos MSS bblicos. H dois materiais principais: papiro e pergaminho. O linho era usado tambm, mas no tanto como os dois citados. O centro da indstria de papiro era o Egito, onde teve incio o seu emprego, cerca de 3.000 a.C. Outros materiais foram usados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor importncia, Como: Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueolgicas. Ostraco, fragmento de cermica. mencionado em J 38.14; Ezequiel 4.1. Madeira. Pedra (x 24.12; Js 8.30-32). Tbuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63). A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvo em p com uma substncia lquida semelhante a goma arbica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Corntios 3.3; 2 Joo 12; 3 Joo 13.)

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    b) O formato dos MSS Quanto ao formato, os MSS podem ser cdices ou rolos. Cdice um MS em formato de livro, feito de pergaminho. As folhas tm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este tipo de MS comeou a ser usado no Sculo II. O rolo podia ser de papiro ou pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio durante a leitura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua extenso dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente no era fcil conduzir pessoalmente os 66 livros como fazemos hoje. c) A caligrafia dos MSS H dois tipos de caligrafia ou forma grfica nos MSS bblicos, o que os divide em unciais e cursivos. Uncial o MS de letras maisculas e sem separao entre as palavras. Cursivo o de letras minsculas, tendo espao entre as palavras. Tal diferena na forma grfica deu-se no sculo X. Palimpsesto um MS reescrito, isto , a escrita primitiva era raspada e o novo texto escrito por cima. Isso ocorria devido ao alto preo do pergaminho. Inutilizava-se assim uma escrita para se usar o mesmo material. Os manuscritos originais tambm no tinham sinais de pontuao. Estes foram introduzidos na arte de escrever em poca recente. claro, pois, que a pontuao moderna no inspirada, e por isso no d, s vezes, sentido s palavras do original.

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    d) MSS originais da Bblia. MSS originais sados das mos dos escritores no h nenhum conhecido. provvel que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor. A falta de MSS originais provm do seguinte: 1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer outra coisa; isto para evitar mutilao ou interpolao espria. 2) Os reis idolatras e mpios de Israel podem ter destrudo muitos, ou contribudo para isso. (Veja o episdio de Jeremias 36.20-26.) 3) Antoco Epifnio, rei da Sria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante seu reinado. Foi extremamente cruel, sdico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu exterminar a religio judaica. Assolou Jerusalm em 168, profanou o templo e destruiu todas as cpias que achou das Sagradas Escrituras. 4) Nos dias do imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristos destruram quantas cpias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou vasculhar o Imprio para destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destrudo tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitria".

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    e) MSS do AT em hebraico. At a descoberta dos MSS do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT hebraico eram: Cdice dos primeiros e ltimos profetas. Est na Sinagoga Carata, do Cairo. Foi escrito em Tiberades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de renome. (Caratas so os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam liberdade na interpretao da Bblia.) Contm os primeiros profetas, segundo a organizao do cnon hebraico do AT: Josu, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Contm tambm os ltimos profetas: Isaas, Jeremias, Ezequiel, e os Doze. Cdice do Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, est no Museu Britnico, sob nmero 4445. Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Aro. Cdice Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contm apenas os ltimos Profetas. Veio da Crimia. Est na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome. Cdice Aleppo. Contm todo o texto do Antigo Testamento. Copiado por Shelomo Ben Bayaa. Seus sinais voclicos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C. Foi contrabandeado em anos recentes da Sria para Israel. Ser utilizado como base da nova Bblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalm. Cdice 19 A. Est na biblioteca de Leningrado (Rssia). Data: 1008 D.C. O original foi escrito por Moses Ben Asher,

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    cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cairo, por Samuel Ben Jacob. Quando a Rssia o adquiriu, o comunismo ainda no dominava ali. Este o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto , mais antigo datado.) O rolo de Isaas, mar Morto, 1947. Nos rolos descobertos, nas proximidades do mar Morto, em 1947, foi encontrado um MS de Isaas, em hebraico, do ano 100 a.C, isto , 1.000 anos mais velho que o mais antigo MS at ento existente. Uma vez que o texto de tal rolo concorda com o das nossas Bblias atuais, temos nisso uma prova singular da autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo de Isaas tem agora mais de 2.000 anos de existncia! f) MSS do Antigo e Novo Testamento em grego. digno de nota que os MSS mais antigos da Bblia esto em grego. Esses manuscritos no so originais, so cpias. Os originais sados das mos dos escritores, perderam-se. Pela ordem cronolgica, vamos citar os mais antigos MSS existentes da Bblia em grego: Cdice Vaticano ou "B". Pertence biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT cpia da Septuaginta. Contm os apcrifos em separado. Essa biblioteca foi fundada em 1488, e no seu primeiro catlogo, publicado em 1475, aparece esse MS. uncial. O Cdice Sinatico ou "lefe". Pertence ao Museu Britnico. Data: 340 d.C. Foi descoberto pelo erudito cristo Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, no sop do Monte Sinai. A histria de sua aquisio muito

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    impressionante. Foi o Czar da Rssia que o adquiriu, em 1899. O Governo ingls comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras esterlinas, equivalentes ento a 510.000 dlares. Um dos livros mais caros do mundo. uncial. Cdice Alexandrino ou "A". Pertence ao Museu Britnico. Data: 425 d.C. Tem este nome porque foi escrito em Alexandria e tambm pertenceu sua biblioteca. Em 1621, foi levado a Constantinopla por Cirilo Lcar, patriarca de Alexandria. Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que autorizou a famosa verso inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a biblioteca da famlia real nao, e assim o famoso MS chegou ao Museu Britnico. um MS uncial. O Cdice Efremi ou "C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. um palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos os Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publicou-o em 1845. bilnge: grego e latim. Cdice Bezae ou "D". Pertence biblioteca da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Data: Sculo VI. Contm os Evangelhos, Atos e parte das Epstolas. O Cdice Claromontanus ou "D2". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: Sculo VI. Contm as epstolas paulinas. Estes trs ltimos so tambm unciais.

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    6. Tradues da Bblia Era preciso a traduo da Bblia para dar cumprimento s palavras do Senhor Jesus aps ressuscitar: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Ora, o mundo est dividido em naes, tribos e povos, cada qual com suas lnguas. Hoje, quando vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700 lnguas, sabemos que Aquele que comissionou os discpulos para to grande obra, proveria tambm os meios para a sua realizao. a) Verses semticas. - O Pentateuco Samaritano. - Os Targuns. b) Verses gregas. - A Septuaginta. comumente designada por "LXX". O nome vem do latim "Septuaginta", que quer dizer "70". Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285-246 a.C, escrevendo a seu irmo Filcrates, conta que o referido monarca, por proposta de seu bibliotecrio, Demtrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma verso delas, em grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e queria uma verso delas, para enriquecer sua vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a verso em 72 dias.

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    Josefo registra o fato com detalhes que o espao no nos permite registrar. De 72 derivou-se o nome "Septuaginta." - A verso de qila - A verso de Teodocio - A verso de Smaco c) Verses siracas. A partir de agora, entra nas verses o NT. Poucos anos aps a fundao da Igreja havia igrejas espalhadas em regies remotas como sia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso devido ao zelo inflamado pelo Esprito Santo nos crentes de ento. Eles percorriam as estradas acima e abaixo contando a histria de Jesus. A disseminao das Escrituras era por meio de cpias manuscritas. Os apstolos de Jesus ainda viviam quando as primeiras verses siracas foram feitas. - A Peshito. Significa simples. Foi feita diretamente do hebraico, pela Igreja Siraca de Edessa, no Nordeste da Mesopotmia, no sculo II. - A verso Filoxnia. Traduzida por Filoxeno, em 508, bispo de Hierpolis na sia Menor. Compreende s o Novo Testamento. d) Verses latinas. O latim era a lngua falada pelos romanos. Foi lngua importantssima, especialmente considerando-se que o ltimo

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    imprio mundial foi o romano. O latim foi implantado medida que o imprio romano realizava suas conquistas. Joo, em seu Evangelho, diz-nos que o ttulo posto sobre a cruz de Jesus estava escrito tambm em latim (Jo 19.20). Foram as seguintes as verses latinas: - A Antiga Verso Latina. tambm chamada Verso Africana do Norte. - A tala. Tambm conhecida por Vetus tala (em latim). - A Reviso de Jernimo. uma reviso da Antiga Verso Latina, feita por Jernimo em 382-387 d.C. - A Vulgata. uma nova verso da Bblia por Jernimo. O AT foi traduzido diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em assuntos bblicos, foi Jernimo o homem mais sbio do seu tempo. Era tambm dotado de grande piedade e valor moral. Para realizar esta obra, ele instalou-se num mosteiro, em Belm. Baseou-se na Hxapla de Orgenes. A verso foi feita em 387-405 d.C. Tinha Jernimo 60 anos quando iniciou a tarefa. J antes, em Belm, fizera a reviso da Antiga Verso Latina. A Vulgata foi a Bblia da Igreja do Ocidente na Idade Mdia. Foi tambm ela o primeiro livro impresso aps a inveno do prelo, saindo luz em 1452, em Mogncia, Alemanha. Devido popularidade e difuso que teve, foi, no tempo de Gregrio o Grande (604 d.C), denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto , verso do povo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bblia de quase toda a Europa. Foi ela tambm a base de inmeras tradues para outras lnguas. Foi decretada como a Bblia oficial da Igreja Romana no Concilio de Trento, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cumprido em 1592 com a publicao de nova edio

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    da Vulgata pelo Papa Clemente VIII. Jernimo nasceu em 342 e faleceu em Belm, em 420. e) Outras verses orientais - As verses egpcias ou cpticas. So 3 as de primeira ordem. Foram feitas at o ano 500 d.C. - A Etope, feita em 330, abrangendo ambos os Testamentos, com base na LXX. - A Gtica, feita em 350, de ambos os Testamentos tambm, com base na LXX. - A Armnia, feita no Sculo V. Base: os LXX. - A Georgina, feita no Sculo V. Preparada por meio de cpias da verso Armnia. - A Eslavnica, feita no Sculo IX. Base: os LXX Alm destas verses orientais, h ainda as verses rabes, mas, de pouca importncia. f) Verses europeias Aps um intervalo de 300 anos, comearam no Sculo XV as tradues nas lnguas da Europa, tais como o francs (1487), o italiano (1432), o alemo (1534), o sueco (1541), o dinamarqus (1550), o holands (1560), o espanhol (1602), o finlands (1642), o portugus(1681), etc. Hoje em dia a Bblia est traduzida no s em todas as principais lnguas da Europa, como tambm em todas as principais do mundo. Em muitos dos pases acima mencionados, houve traduo das Escrituras em datas bem anteriores, mas em pores e com diminuta circulao. A base da maioria das tradues que acabamos de mencionar foi a Vulgata.

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    Das verses europeias, vamos destacar apenas trs, devido sua importncia, que so: g) Verses inglesas: A Verso Autorizada ou Verso do Rei Tiago. A Verso Revisada (English Reuised Version). A Verso Revisada Americana (American Standard Version). A Verso Padro Revisada (Revised Standard Version). h) Verso alem. Lutero preparou-a traduzindo dos originais. Concluiu-a em 1534. Houve antes outra verso derivada da Vulgata, de traduo literal. Lutero executou o trabalho em plena Reforma, publicando a verso em 1522. Esta Bblia foi de inestimvel valor para o Movimento da Reforma. Foi to bem feita que serviu de base para o alemo literrio. Na Alemanha, a Bblia considerada como o comeo da literatura alem. i) Verses em portugus. - A Verso de Almeida Joo Ferreira d'Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em Batvia, ento capital da ilha de Java, na Oceania. (Batvia agora a moderna Djakarta, capital da Indonsia) Java era ento domnio holands, conquistada aos portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670; em 1681 foi ele impresso em Amsterdam, Holanda, isto , 100 anos antes da primeira edio catlica da Bblia - a de Figueiredo, 1781. Almeida traduziu o Antigo Testamento at Ezequiel 48.21, quando ento faleceu em 1691.

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    Missionrios seus amigos completaram a traduo, especialmente Jacob Opden Akker. Almeida fez sua traduo do grego e hebraico, lnguas que estudou aps abraar o Evangelho. Utilizou tambm a verso holandesa (de 1637) e a espanhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em Amsterdam. A Sociedade Bblica Britnica e Estrangeira comeou a publicar o texto de Almeida em 1809, publicando a Bblia completa pela primeira vez, em 1819. O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bblica Brasileira (organizao batista independente) publicou a "Edio Revista e Corrigida", abreviadamente ARC. Uma comisso de especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou recentemente a "Edio Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). - A Verso de Figueiredo. - A Traduo Brasileira. - A Verso de Rhoden - A Verso de Matos Soares. Alguns outros informes sobre a Bblia em portugus. A Bblia foi impressa a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bblica Brasileira. Entre as Bblias mais populares do mundo est a em portugus. As outras so: a Vulgata, a de Lutero, e a Verso Autorizada (inglesa).

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