Aplicação da Radiologia Convencional no estudo dos
Transcript of Aplicação da Radiologia Convencional no estudo dos
Licenciatura em Radiologia
Marta Silva
Aplicação da Radiologia Convencional
no estudo dos
Seios Perinasais (SPN)
2º Ano IIº Semestre
Ano lectivo – 2011/12
Anatomia dos seios perinasais (SPN)
Funções dos SPN
Imagem radiológica – resolução de contraste tecidular
Estudo dos SPN – Radiologia Convencional (RC)
Identificar as técnicas radiológicas
Interpretar e descrever as várias técnicas
critérios de correcção
Anatomia radiológica
Patologia dos SPN
2
Introdução/Objectivos
3
Anatomia
- SPN -
4
Anatomia - SPN
Os ossos que rodeiam o nariz contêm os seios perinasais
(câmaras ocas com aberturas que permitem esvaziar o seu conteúdo na
cavidade nasal).
Tal como a cavidade nasal, os seios são revestidos por uma
membrana mucosa composta por células que segregam muco.
Pelo facto de a drenagem poder ser obstruída, os SPN são
particularmente vulneráveis às infecções e à inflamação (sinusite).
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Anatomia - SPN
Existem quatro grupos:
Frontais,
Maxilares,
Etmoidais,
Esfenoidais.
Seio frontal:
2 cavidades irregulares no osso frontal
Ocasionalmente ausentes
Maiores no homem
Desenvolvimento:
Origem: no 4º mês fetal
Nascimento: dimensões muito reduzidas,
indistinguível das células anteriores do etmóide
Visíveis no 1º ou 2º ano
Término: jovem adulto (12 anos)
Extensão no sentido posterior até à região média
do tecto das órbitas
Abertura na região anterior do meato médio
(ducto frontonasal)
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Anatomia - SPN
Seio frontal
Fig. 1
Seio frontal:
Inervação:
Ramo supraorbitário (nervo frontal)
Ramo supratroclear (nervo frontal)
Derivações do quinto nervo craniano
Suprimento sanguíneo:
Artéria supraorbitária (artérias etmoidais anteriores)
Artéria supratroclear (artérias etmoidais anteriores)
Drenagem venosa:
Veia supraorbitária
Veia superior oftalmica
Seio cavernoso
Drenagem linfática:
Nodo linfático submandibular
7
Anatomia - SPN
8
Seio maxilar:
Desenvolvimento:
Origem: feto (65 dias gestação)
Rápido crescimento entre 7 e 18 anos
(relacionado com os dentes definitivos)
Cavidades piramidais na maxila
Limites:
parede superior: base da órbita
parede média: parede lateral do nariz
inferiormente relaciona-se com arcada
dentária superior.
Anatomia - SPN
Seio
Maxilar
Fig. 2
9
Seio maxilar:
Inervação:
Ramos maxilares (nervos anterior, medio e posterior, e nervo infraorbitário)
Suprimento sanguíneo:
Ramo artéria maxilar
Artéria facial
Drenagem venosa:
Veia facial (anteriormente)
Veia maxilar (posteriomente)
Drenagem Linfática:
Nodo submandibular
Anatomia - SPN
Seio etmoidal:
Desenvolvimento:
durante a vida fetal (3º ao 4º mês)
Témino: jovem adulto (12 anos)
Divide-se em quatro partes:
Lâmina horizontal
Plano perpendicular
Duas massas laterais
composto por numerosas células:
Anteriores (células anteriores)
Médias (células anteriores)
Posteriores (células posteriores)
10
Anatomia - SPN
Seio
etmoidal
Seio
etmoidal
Fig. 3
Fig. 4
Seio etmoidal:
Localizadas:
nas paredes lateral e superior do nariz,
parede medial das órbitas.
Inervação:
Ramo oftálmico
Ramo maxilar
Suprimento sanguíneo:
Carótidas externa e interna
Ramo artéria oftálmica
Ramo nasal artéria esfenopalatina
Ramo terminal artéria maxilar interna
Ramo carótida externa
11
Anatomia - SPN
Seio etmoidal:
Drenagem venosa:
Veia nasal
Veia etmoidal
Drenagem linfática:
Nodo linfático submandibular (células anteriores e médias)
Nodo linfático retrofaringeo (células posteriores)
12
Anatomia - SPN
Seio esfenoidal:
Dentro do osso esfenoidal
Desenvolvimento:
Origem: no feto (3º mês)
Nascimento: dimensões muito
reduzidas
Desenvolvimento: primeiros anos de
vida (5 a 7 anos)
Término: puberdade
Variável: forma e tamanho
13
Anatomia - SPN
Seio esfenoidal
Fig. 5
Seio esfenoidal:
Suprimento sanguíneo:
Artérias etmoidais posteriores
Drenagem linfática:
Nodo retrofaringeo
Inervação:
Nervo etmoidal posterior
Ramo orbital pterigopalatino
14
Anatomia - SPN
SPN anteriores:
Frontais
Maxilares
Etmoidal (parte anterior e média)
Drenam para o óstio do meato médio
SPN posteriores:
Esfenoidal
Etmoidal (células posteriores)
Drenam para óstio do meato superior
15
Anatomia - SPN
16
Anatomia - SPN
Seio frontal
Seio etmoidal
Seios maxilares
Fig. 6
17
Anatomia - SPN
Seio frontal
Seio maxilar
Seio etmoidal
Célula etmoidal
Corneto Médio
Meato Médio
Corneto Inferior
Meato inferior
Septo nasal
Fig. 7
18
Anatomia - SPN
Seio etmoidal
Seio frontal Seio esfenoidal
Fig. 8
19
Funções
- SPN -
20
Funções - SPN
Estrutural:
reduzem o peso do crânio
protegem a órbita e crânio de traumas
participam no crescimento facial
Funcional:
são "caixas de ressonância" da voz
aquecimento e humidificação
contribuem para a secreção de muco
isolamento térmico do encéfalo
equilibram a pressão nasal
são coadjuvantes no olfacto
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Imagem Radiológica
- SPN -
22
Imagem radiológica – resolução contraste tecidular
Fig. 9 Radiologia Convencional Fig. 10 Ressonância Magnética
23
Imagem radiológica – resolução contraste tecidular
Fig.11 Radiologia Convencional Fig.13 Ressonância Magnética Fig. 12 Tomografia Computorizada
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Estudo radiológico
- SPN -
A área de interesse deve estar próxima do detector
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Estudo radiológico (RC) - SPN
Procedimentos gerais
reduzindo a perda de nitidez pela magnificação da imagem
Deve ser efectuada em posição ortostática
demonstrar nível líquido
Deve-se utilizar foco fino.
Incidência Caldwell
Posicionamento:
Paciente sentado em posição PA; apoio fronto-nasal.
O plano médio sagital do doente deve coincidir com o eixo vertical do potter.
O doente flecte a cabeça de modo a que a linha orbito-meatal (LOM) seja
perpendicular à película.
Verificar a equidistância dos tragus ao plano de apoio.
Raio central (rc):
Angulação do rc crânio-caudal 25º; centra-se de modo a emergir no nasion
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Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 14 Fig. 15
27
Incidência Caldwell
Objectivo:
Demarcar os rochedos das órbitas (bordo superior dos rochedos coincide com o
bordo inferior da órbita).
Boa incidência para visualizar os seios frontais e etmoidais e do pavimento
esfenoidal.
Critérios de boa realização (C.B.R.):
O bordo superior do rochedo deve confundir-se com os rebordos orbitários
inferiores;
A distância da linha inominada à abóbada craniana deve ser igual dos dois lados
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 16
28
Incidência Caldwell
Estudo radiológico (RC) - SPN
1. Fossetas de Pacchioni
2. Apófise crista galli
3. Seio frontal
4. Bordo superior da órbita
5. Impressões digitiformes
6. Pequena asa o esfenoide
7. Fenda esfenoidal
8. Seio Etmoidal
9. Grande asa do esfenoide
10. Linha inominada
11. Sela turca
12. Apófise orbitária do malar
13. Bordo superior do rochedo
14. Buraco grande redondo
15. Seio maxilar
16. Fossas nasais
17. Mastoide
18. Buraco lacero posterior
19. Apófise odontóide
Fig. 17 Fig. 18
29
Incidência Waters
Posicionamento:
Paciente sentado em posição PA com apoio mento-nasal.
O plano médio sagital coincide com o eixo longitudinal do potter.
O doente abre a boca (ver os seios esfenoidais através da janela radiológica que é
a boca).
Cabeça em extensão, de modo a que o plano orbito-meatal (POM) faça um ângulo
de 50º com o RC. Mento em contacto com o plano de apoio.
rc:
O rc é horizontal e incide de modo a emergir no acanthion.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 19 Fig. 20
30
Incidência Waters
Objectivo: estudo dos seios perinasais; desprojectar os seios maxilares dos
rochedos.
C.B.R.:
Simetria dos malares em relação à abóbada craniana do temporal.
Rochedos projectados abaixo dos seios maxilares.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 21
31
Incidência Waters
Estudo radiológico (RC) - SPN
1. Seio frontal
2. Órbita
3. Extremidade nasal
4. Linha inominada
5. Apófise orbitária do malar
6. Fossa nasal
7. Fenda esfenoidal
8. Nível líquido
9. Seio maxilar
10. Malar
11. Arcada Zigomática
12. Seios esfenoidais
13. Côndilo da mandibula
14. Buraco lacero posterior
Fig. 22 Fig. 23
32
Incidência perfil
Posicionamento:
Paciente sentado.
Cabeça em posição lateral com o canal auditivo externo (CAE) na linha média do
potter.
Ajustar a cabeça de modo a que o plano médio sagital seja paralelo ao plano do
potter (nasion e inion equidistantes).
Colocar a linha inter-pupilar perpendicular ao plano do filme. LOM 0º
rc:
O rc é horizontal, e incide no rebordo orbitário externo.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 24 Fig. 25
33
Incidência perfil
Objectivo: estudo do seio frontal e esfenoidal
C.B.R.:
Deve observar-se o seio esfenoidal.
Devem sobrepor-se os tectos das órbitas, os ramos ascendentes da mandíbula, os
CAE e as ATM.
Deve observar-se sem rotação a sela turca, as apófises clinoides anteriores e
posteriores e o dorso da sela turca
Estudo radiológico (RC) - SPN
. Fig. 26
34
Incidência perfil
Estudo radiológico (RC) - SPN
.
1. Seio Maxilar
2. Bregman
3. Seio frontal
4. Tecto das órbitas
5. Jugum
6. Apófises clinoides ateriores
7. Tuberculo
8. Apófises clinoides posteriores
9. Dorso da sela turca
10. Seio esfenoidal
11. Conduto auditivo externo
12. Apófise Odontoide
1
2
12
17 16 15
13. Fossa temporal
14. Chanfradura sigmoideia
15. Palato duro
16. Clivus
17. Côndilo da mandibula
Fig. 27 Fig. 28
35
Incidência Hirtz - Axial
Posicionamento
Paciente sentado em posição AP.
Extensão máxima da cabeça de modo a que o ângulo formado pelo POM seja
de 75º.
O plano mediano sagital deve coincidir com o eixo vertical do potter.
O doente faz apoio do vertex no plano de exame.
Equidistância dos CAE ao apoio.
rc:
Perpendicular, centra-se a meio da linha bi-auricular
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 29
36
Incidência Hirtz - Axial
Objectivo: estudo do andar posterior da base do crânio.
C.B.R.:
Simetria da projecção das ATM em relação à abóbada;
O arco anterior da mandíbula projecta-se sobre os seios frontais;
Equidistância dos condilos da mandíbula à abóbada craniana.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 30
37
Incidência Hirtz - Axial
Estudo radiológico (RC) - SPN
1. Seio frontal
2. Fossas nasais/ seio etmoidal
3. Seio maxilar
4. Parede externa do seio maxilar
5. Parede da órbita
6. Bordo esfenoidal
7. Apófise coronoide
8. Fundo da cavidade pterigomaxilar
9. Apófise pterigoideia
10. Seio esfenoidal
11. Cavum
12. Buraco oval
13. Buraco pequeno redondo
14. Côndilo da mandibula
15. Ossiculo
16. Rochedo
17. Apófise odontoide
18. Atlas
19. Timpano
Fig. 31 Fig. 32
38
Incidência Hirtz - Hiperaxial
Posicionamento:
Semelhante ao da incidência axial, mas o ângulo formado pelo POM é de
+60º.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 33
39
Incidência Hirtz - Hiperaxial
Objectivo:
Estudo dos andares anterior e médio da base do crânio – boa incidência para
estudar os seios etmoidais e frontal.
C.B.R.:
Projecção do arco anterior da mandíbula à frente do seio frontal.
Simetria da projecção das ATMs em relação à abóbada.
Estudo radiológico (RC) - SPN
Fig. 34
40
Incidência Hirtz - Hiperaxial
Estudo radiológico (RC) - SPN
1. Arcada dentária
2. Canal lacrimo-nasal
3. Seio frontal
4. Fossa nasal / células etmodais
5. Seio maxilar
6. Parede da órbita
7. Bordo externo seio maxilar
8. Seios esfenoidais / cavum
Fig. 35 Fig. 36
Aspectos a ter em conta na análise da radiografia aos SPN:
Observar modificações na mucosa (espessamento, irregularidade de
contorno, aspecto polipóide)
Observar modificações ósseas (condensação, áreas de rarefação,
destruição ósseas)
Observar transparência dos seios e comparar lado direito com esquerdo
O achado de nível hidro-aéreo sugere patologia aguda
O achado de osso espessado e esclerótico sugere patologia crónica.
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Estudo radiológico (RC) - SPN
42
Patologia
- SPN -
Variantes normal
43
Patologia dos SPN
1. Seio frontal
2. Seio maxilar
3. Células etmoidais
Fig. 37 Fig. 38 Fig. 39
4. Seio esfenoidal
5. Canal infraorbitário
6. Pequena asa do esfenoide
7. Fissura orbitária superior
8. Buraco oval
9. Osso nasal
10. Septo nasal
11.Tecido mole (palpebra)
12. Linha inominada
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Patologia dos SPN
Patologia inflamatória
Sinusite aguda
Sinais e sintomas
Congestão nasal
Febre
História prévia de drenagem sinusal
História prévia de cirurgia
Dor na região dos seios
A dor pode estar ausente
Ocorre pela manhã, melhora com o passar do dia
Localiza-se no local do seio atingido, pelo estímulo das terminações
nervosas da mucosa sinusal
Piora ao levantar ou abaixar a cabeça
45
Patologia dos SPN
Fig. 40
Patologia inflamatória
Sinusite aguda
Acompanhada de infecção viral, doença
sistémica ou alergias
Causa mais comum: infecção viral trato
respiratório superior
Em radiologia:
Espessamento da mucosa
Nível ar-líquido
Ambos
Fig. 41
46
Patologia dos SPN
Patologia inflamatória
Sinusite crónica
Definição: inflamação que dura mais de três meses mesmo com
tratamento
Origem:
Infecção bacteriana
Alergia crónica
Fibrose quística
Achados radiológicos
Espessamento da mucosa
Esclerose ossea
Fig. 42
47
Patologia dos SPN
Fig. 43
Patologia inflamatória
Sinusite – Locais de dor:
Fig. 44
48
Patologia dos SPN
Patologia inflamatória
Calcificações
Causa:
Corpos estranhos incrustados que calcificam
quando retidos por longos períodos
Endógenos
Exógenos (sementes frutos, botões, terra,
restos de algodão)
Sintomas:
Obstrução nasal
Dor local
Epistaxis (hemorragia)
Fig. 45
49
Patologia dos SPN
Patologia inflamatória
Rinite medicamentosa
Comum após um uso prolongado de descongestionantes nasais
Causa:
Dependência diária e sobredosagem do utilizador
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Patologia dos SPN
Patologia inflamatória
Mucocelo
Definição: Colecção de muco
Causa:
Inflamação
Trauma
Osteoma
Displasia fibrótica
Cirurgias repetidas
Lesão quística que produz destruição óssea
Mucocelos bilaterais – raros
Achado radiológico:
Crescimento e disturção sinusal
Defeito sobre as estruturas adjacentes
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Patologia dos SPN
Patologia Quística
Origem:
Obstrução dos canais de drenagem
Mais comum no seio maxilar
Normalmente assintomático
Causa:
Processo inflamatório
Obstrução
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Patologia dos SPN
Patologia – Polipose nasal
Massa mais comum no nariz
Protusões benignas da mucosa nasal para a cavidade nasal
Origem: multifactorial
Caracterizada por inflamações crónicas da mucosa
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Patologia dos SPN
Patologia – Carcinoma
Benigno
Osteoma: osso compacto e denso ou osso trabecular com tecido fibrotico
Papiloma: proliferação celular do epitelio nasal
Adenoma: carcinoma das células glandulares
Hemangioma: capilares ou cavernosos. Zonas vascularizadas.
Angiofibroma: localmente agressivo (grande vascularização)
Maligno
Osseo
Células escamosas: 2 vezes mais comum no homem
Glandular
Adenocarcinoma
Linfoma
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Cirurgia - indicações
1 - Rinossinusite crónica
a) rinorréia e dor persistentes
b) polipose naso-sinusal
c) mucocele
d) complicações orbitárias
e) complicações endocranianas
2 – Neoplasias
3 - Fracturas
4 – Exploração diagnóstica
5 – Acesso à órbita, base do crânio e fossa ptérigo-palatina
Patologia dos SPN
Korach, G. (1980) Manual de Técnicas Radiográficas del Cráneo.
Barcelona: Masson
Mafee, M. (2005) Imaging of the Head and Neck. Germany: Georg
Thieme Verlag
Moller, T. (2002). Anatomía Radiológica. Madrid: Marban Libros
Sarta, P. (1987) Réalisation Pratique des Incidences
Radiographiques du Squelette. Paris: Maloine Editeur
55
Bibliografia